10 - DCNEM -Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - 2012

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  • MINISTRIO DA EDUCAOCONSELHO NACIONAL DE EDUCAO

    CMARA DE EDUCAO BSICA

    RESOLUO N 2, DE 30 DE JANEIRO 2012 (*)

    Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio.

    O Presidente da Cmara de Educao Bsica do Conselho Nacional de Educao, em conformidade com o disposto no artigo 9, 1, alnea "c" da Lei n 4.024/61, de 20 de dezembro de 1961, com a redao dada pela Lei n 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos artigos 22, 23, 24, 25, 26, 26-A, 27, 35, 36,36-A, 36-B e 36-C da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e tendo em vista o Parecer CEB/CNE n 5/2011, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educao, publicado no DOU de 24 de janeiro de 2011, resolve:

    TTULO IObjeto e referencial

    Captulo IObjeto

    Art. 1 A presente Resoluo define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio, a serem observadas na organizao curricular pelos sistemas de ensino e suas unidades escolares.

    Pargrafo nico Estas Diretrizes aplicam-se a todas as formas e modalidades de Ensino Mdio, complementadas, quando necessrio, por Diretrizes prprias.

    Art. 2 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educao Bsica e renem princpios, fundamentos e procedimentos, definidos pelo Conselho Nacional de Educao, para orientar as polticas pblicas educacionais da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios na elaborao, planejamento, implementao e avaliao das propostas curriculares das unidades escolares pblicas e particulares que oferecem o Ensino Mdio.

    Captulo IIReferencial legal e conceitual

    Art. 3 O Ensino Mdio um direito social de cada pessoa, e dever do Estado na sua oferta pblica e gratuita a todos.

    Art. 4 As unidades escolares que ministram esta etapa da Educao Bsica devem estruturar seus projetos poltico-pedaggicos considerando as finalidades previstas na Lei n 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional):

    I - a consolidao e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

    II - a preparao bsica para o trabalho e a cidadania do educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar a novas condies de ocupao ou aperfeioamento posteriors;

    (*) Resoluo CNE/CEB 2/2012. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 31 de janeiro de 2012, Seo 1, p. 20.

  • III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formao tica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crtico;

    IV - a compreenso dos fundamentos cientfico-tecnolgicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prtica.

    Art. 5o O Ensino Mdio em todas as suas formas de oferta e organizao, baseia-se em:

    I - formao integral do estudante;II - trabalho e pesquisa como princpios educativos e pedaggicos, respectivamente;III - educao em direitos humanos como princpio nacional norteador;IV - sustentabilidade ambiental como meta universal;V - indissociabilidade entre educao e prtica social, considerando-se a historicidade

    dos conhecimentos e dos sujeitos do processo educativo, bem como entre teoria e prtica no processo de ensino-aprendizagem;

    VI - integrao de conhecimentos gerais e, quando for o caso, tcnico-profissionais realizada na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualizao;

    VII - reconhecimento e aceitao da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produo, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes;

    VIII - integrao entre educao e as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular.

    1 O trabalho conceituado na sua perspectiva ontolgica de transformao da natureza, como realizao inerente ao ser humano e como mediao no processo de produo da sua existncia.

    2 A cincia conceituada como o conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da histria, na busca da compreenso e transformao da natureza e da sociedade.

    3 A tecnologia conceituada como a transformao da cincia em fora produtiva ou mediao do conhecimento cientfico e a produo, marcada, desde sua origem, pelas relaes sociais que a levaram a ser produzida.

    4 A cultura conceituada como o processo de produo de expresses materiais, smbolos, representaes e significados que correspondem a valores ticos, polticos e estticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade.

    Art. 6 O currculo conceituado como a proposta de ao educativa constituda pela seleo de conhecimentos construdos pela sociedade, expressando-se por prticas escolares que se desdobram em torno de conhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas relaes sociais, articulando vivncias e saberes dos estudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades e condies cognitivas e scio-afetivas.

    TTULO IIOrganizao curricular e formas de oferta

    Captulo IOrganizao curricular

    Art. 7 A organizao curricular do Ensino Mdio tem uma base nacional comum e uma parte diversificada que no devem constituir blocos distintos, mas um todo integrado, de modo a garantir tanto conhecimentos e saberes comuns necessrios a todos os estudantes, quanto uma formao que considere a diversidade e as caractersticas locais e especificidades regionais.

    Art. 8 O currculo organizado em reas de conhecimento, a saber: I - Linguagens;

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  • II - Matemtica;III - Cincias da Natureza;IV - Cincias Humanas. 1 O currculo deve contemplar as quatro reas do conhecimento, com tratamento

    metodolgico que evidencie a contextualizao e a interdisciplinaridade ou outras formas de interao e articulao entre diferentes campos de saberes especficos.

    2 A organizao por reas de conhecimento no dilui nem exclui componentes curriculares com especificidades e saberes prprios construdos e sistematizados, mas implica no fortalecimento das relaes entre eles e a sua contextualizao para apreenso e interveno na realidade, requerendo planejamento e execuo conjugados e cooperativos dos seus professores.

    Art. 9 A legislao nacional determina componentes obrigatrios que devem ser tratados em uma ou mais das reas de conhecimento para compor o currculo:

    I - so definidos pela LDB: a) o estudo da Lngua Portuguesa e da Matemtica, o conhecimento do mundo fsico e

    natural e da realidade social e poltica, especialmente do Brasil;a) o ensino da Arte, especialmente em suas expresses regionais, de forma a promover

    o desenvolvimento cultural dos estudantes, com a Msica como seu contedo obrigatrio, mas no exclusivo;

    b) a Educao Fsica, integrada proposta pedaggica da instituio de ensino, sendo sua prtica facultativa ao estudante nos casos previstos em Lei;

    c) o ensino da Histria do Brasil, que leva em conta as contribuies das diferentes culturas e etnias para a formao do povo brasileiro, especialmente das matrizes indgena, africana e europeia;

    d) o estudo da Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena, no mbito de todo o currculo escolar, em especial nas reas de Educao Artstica e de Literatura e Histria brasileiras;

    e) a Filosofia e a Sociologia em todos os anos do curso;f) uma lngua estrangeira moderna na parte diversificada, escolhida pela comunidade

    escolar, e uma segunda, em carter optativo, dentro das disponibilidades da instituio.Pargrafo nico. Em termos operacionais, os componentes curriculares obrigatrios

    decorrentes da LDB que integram as reas de conhecimento so os referentes a:I - Linguagens:

    a) Lngua Portuguesa;b) Lngua Materna, para populaes indgenas;c) Lngua Estrangeira moderna;d) Arte, em suas diferentes linguagens: cnicas, plsticas e, obrigatoriamente, a musical;e) Educao Fsica.

    II - Matemtica.III - Cincias da Natureza:

    a) Biologia;b) Fsica;c) Qumica.

    IV - Cincias Humanas:a) Histria;b) Geografia;c) Filosofia;d) Sociologia.

    Art. 10. Em decorrncia de legislao especfica, so obrigatrios:

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  • I - Lngua Espanhola, de oferta obrigatria pelas unidades escolares, embora facultativa para o estudante (Lei n 11.161/2005);

    II - Com tratamento transversal e integradamente, permeando todo o currculo, no mbito dos demais componentes curriculares:

    educao alimentar e nutricional (Lei n 11.947/2009, que dispe sobre o atendimento da alimentao escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educao Bsica);

    processo de envelhecimento, respeito e valorizao do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matria (Lei n 10.741/2003, que dispe sobre o Estatuto do Idoso);

    Educao Ambiental (Lei n 9.795/99, que dispe sobre a Poltica Nacional de Educao Ambiental);

    Educao para o Trnsito (Lei n 9.503/97, que institui o Cdigo de Trnsito Brasileiro);

    Educao em Direitos Humanos (Decreto n 7.037/2009, que institui o Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH 3).

    Art. 11. Outros componentes curriculares, a critrio dos sistemas de ensino e das unidades escolares e definidos em seus projetos poltico-pedaggicos, podem ser includos no currculo, sendo tratados ou como disciplina ou com outro formato, preferencialmente, de forma transversal e integradora.

    Art. 12. O currculo do Ensino Mdio deve: I - garantir aes que promovam:a) a educao tecnolgica bsica, a compreenso do significado da cincia, das letras e

    das artes; b) o processo histrico de transformao da sociedade e da cultura; c) a lngua portuguesa como instrumento de comunicao, acesso ao conhecimento e

    exerccio da cidadania;II - adotar metodologias de ensino e de avaliao de aprendizagem que estimulem a

    iniciativa dos estudantes;III - organizar os contedos, as metodologias e as formas de avaliao de tal forma que

    ao final do Ensino Mdio o estudante demonstre:a) domnio dos princpios cientficos e tecnolgicos que presidem a produo moder-

    na;b) conhecimento das formas contemporneas de linguagem.Art. 13. As unidades escolares devem orientar a definio de toda proposio

    curricular, fundamentada na seleo dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaos, arranjos alternativos e formas de avaliao, tendo presente:

    I - as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura como eixo integra-dor entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimenso his-trica e em relao ao contexto social contemporneo;

    II - o trabalho como princpio educativo, para a compreenso do processo histrico de produo cientfica e tecnolgica, desenvolvida e apropriada socialmente para a transforma-o das condies naturais da vida e a ampliao das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos;

    III - a pesquisa como princpio pedaggico, possibilitando que o estudante possa ser protagonista na investigao e na busca de respostas em um processo autnomo de (re)cons-truo de conhecimentos.

    IV - os direitos humanos como princpio norteador, desenvolvendo-se sua educao de forma integrada, permeando todo o currculo, para promover o respeito a esses direitos e convivncia humana.

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  • V - a sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como prtica educativa integrada, contnua e permanente, e baseada na compreenso do necessrio equil-brio e respeito nas relaes do ser humano com seu ambiente.

    Captulo IIFormas de oferta e organizao

    Art. 14. O Ensino Mdio, etapa final da Educao Bsica, concebida como conjunto orgnico, sequencial e articulado, deve assegurar sua funo formativa para todos os estudantes, sejam adolescentes, jovens ou adultos, atendendo, mediante diferentes formas de oferta e organizao:

    I - o Ensino Mdio pode organizar-se em tempos escolares no formato de sries anuais, perodos semestrais, ciclos, mdulos, alternncia regular de perodos de estudos, gru-pos no seriados, com base na idade, na competncia e em outros critrios, ou por forma di-versa de organizao, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomen-dar;

    II - no Ensino Mdio regular, a durao mnima de 3 (trs) anos, com carga horria mnima total de 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, tendo como referncia uma carga hor-ria anual de 800 (oitocentas) horas, distribudas em pelo menos 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar;

    III - o Ensino Mdio regular diurno, quando adequado aos seus estudantes, pode se or-ganizar em regime de tempo integral com, no mnimo, 7 (sete) horas dirias;

    IV - no Ensino Mdio regular noturno, adequado s condies de trabalhadores, res-peitados os mnimos de durao e de carga horria, o projeto poltico-pedaggico deve aten-der, com qualidade, a sua singularidade, especificando uma organizao curricular e metodo-lgica diferenciada, e pode, para garantir a permanncia e o sucesso destes estudantes:

    a) ampliar a durao do curso para mais de 3 (trs) anos, com menor carga horria di-ria e anual, garantido o mnimo total de 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas;

    V - na modalidade de Educao de Jovens e Adultos, observadas suas Diretrizes especficas, com durao mnima de 1.200 (mil e duzentas) horas, deve ser especificada uma organizao curricular e metodolgica diferenciada para os estudantes trabalhadores, que pode:

    a) ampliar seus tempos de organizao escolar, com menor carga horria diria e anual, garantida sua durao mnima;

    VI - atendida a formao geral, incluindo a preparao bsica para o trabalho, o Ensino Mdio pode preparar para o exerccio de profisses tcnicas, por integrao com a Educao Profissional e Tecnolgica, observadas as Diretrizes especficas, com as cargas horrias mnimas de:

    a) 3.200 (trs mil e duzentas) horas, no Ensino Mdio regular integrado com a Educa-o Profissional Tcnica de Nvel Mdio;

    b) 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, na Educao de Jovens e Adultos integrada com a Educao Profissional Tcnica de Nvel Mdio, respeitado o mnimo de 1.200 (mil e duzentas) horas de educao geral;

    c) 1.400 (mil e quatrocentas) horas, na Educao de Jovens e Adultos integrada com a formao inicial e continuada ou qualificao profissional, respeitado o mnimo de 1.200 (mil e duzentas) horas de educao geral;

    VII - na Educao Especial, na Educao do Campo, na Educao Escolar Indgena, na Educao Escolar Quilombola, de pessoas em regime de acolhimento ou internao e em regime de privao de liberdade, e na Educao a Distncia, devem ser observadas as respec-tivas Diretrizes e normas nacionais;

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  • VIII - os componentes curriculares que integram as reas de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas, sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos, m-dulos, atividades, prticas e projetos contextualizados e interdisciplinares ou diversamente ar-ticuladores de saberes, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de organiza-o;

    IX - os componentes curriculares devem propiciar a apropriao de conceitos e catego-rias bsicas, e no o acmulo de informaes e conhecimentos, estabelecendo um conjunto necessrio de saberes integrados e significativos;

    X - alm de seleo criteriosa de saberes, em termos de quantidade, pertinncia e rele-vncia, deve ser equilibrada sua distribuio ao longo do curso, para evitar fragmentao e congestionamento com nmero excessivo de componentes em cada tempo da organizao es-colar;

    XI - a organizao curricular do Ensino Mdio deve oferecer tempos e espaos prprios para estudos e atividades que permitam itinerrios formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder heterogeneidade e pluralidade de condies, mltiplos interesses e aspiraes dos estudantes, com suas especificidades etrias, sociais e culturais, bem como sua fase de desenvolvimento;

    XII - formas diversificadas de itinerrios podem ser organizadas, desde que garantida a simultaneidade entre as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura, e definidas pelo projeto poltico-pedaggico, atendendo necessidades, anseios e aspiraes dos sujeitos e a realidade da escola e do seu meio;

    XIII - a interdisciplinaridade e a contextualizao devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes componentes curriculares, propiciando a interlocuo entre os saberes e os diferentes campos do conhecimento.

    TTULO IIIDo projeto poltico-pedaggico e dos sistemas de ensino

    Captulo IDo projeto poltico-pedaggico

    Art. 15. Com fundamento no princpio do pluralismo de ideias e de concepes pedaggicas, no exerccio de sua autonomia e na gesto democrtica, o projeto poltico-pedaggico das unidades escolares, deve traduzir a proposta educativa construda coletivamente, garantida a participao efetiva da comunidade escolar e local, bem como a permanente construo da identidade entre a escola e o territrio no qual est inserida.

    1 Cabe a cada unidade de ensino a elaborao do seu projeto poltico-pedaggico, com a proposio de alternativas para a formao integral e acesso aos conhecimentos e saberes necessrios, definido a partir de aprofundado processo de diagnstico, anlise e estabelecimento de prioridades, delimitao de formas de implementao e sistemtica de seu acompanhamento e avaliao.

    2 O projeto poltico-pedaggico, na sua concepo e implementao, deve considerar os estudantes e os professores como sujeitos histricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade.

    3 A instituio de ensino deve atualizar, periodicamente, seu projeto poltico-pedaggico e dar-lhe publicidade comunidade escolar e s famlias.

    Art. 16. O projeto poltico-pedaggico das unidades escolares que ofertam o Ensino Mdio deve considerar:

    I - atividades integradoras artstico-culturais, tecnolgicas e de iniciao cientfica, vinculadas ao trabalho, ao meio ambiente e prtica social;

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  • II - problematizao como instrumento de incentivo pesquisa, curiosidade pelo inu-sitado e ao desenvolvimento do esprito inventivo;

    III - a aprendizagem como processo de apropriao significativa dos conhecimentos, superando a aprendizagem limitada memorizao;

    IV - valorizao da leitura e da produo escrita em todos os campos do saber;V - comportamento tico, como ponto de partida para o reconhecimento dos direitos

    humanos e da cidadania, e para a prtica de um humanismo contemporneo expresso pelo re-conhecimento, respeito e acolhimento da identidade do outro e pela incorporao da solidarie-dade;

    VI - articulao entre teoria e prtica, vinculando o trabalho intelectual s atividades prticas ou experimentais;

    VII - integrao com o mundo do trabalho por meio de estgios de estudantes do Ensi-no Mdio, conforme legislao especfica;

    VIII - utilizao de diferentes mdias como processo de dinamizao dos ambientes de aprendizagem e construo de novos saberes;

    IX - capacidade de aprender permanente, desenvolvendo a autonomia dos estudantes;X - atividades sociais que estimulem o convvio humano;XI - avaliao da aprendizagem, com diagnstico preliminar, e entendida como pro-

    cesso de carter formativo, permanente e cumulativo; XII - acompanhamento da vida escolar dos estudantes, promovendo o seguimento do

    desempenho, anlise de resultados e comunicao com a famlia;XIII - atividades complementares e de superao das dificuldades de aprendizagem

    para que o estudante tenha sucesso em seus estudos;XIV - reconhecimento e atendimento da diversidade e diferentes nuances da desigual-

    dade e da excluso na sociedade brasileira; XV - valorizao e promoo dos direitos humanos mediante temas relativos a gnero,

    identidade de gnero, raa e etnia, religio, orientao sexual, pessoas com deficincia, entre outros, bem como prticas que contribuam para a igualdade e para o enfrentamento de todas as formas de preconceito, discriminao e violncia sob todas as formas;

    XVI - anlise e reflexo crtica da realidade brasileira, de sua organizao social e pro-dutiva na relao de complementaridade entre espaos urbanos e do campo;

    XVII - estudo e desenvolvimento de atividades socioambientais, conduzindo a Educa-o Ambiental como uma prtica educativa integrada, contnua e permanente;

    XVIII - prticas desportivas e de expresso corporal, que contribuam para a sade, a sociabilidade e a cooperao;

    XIX - atividades intersetoriais, entre outras, de promoo da sade fsica e mental, sa-de sexual e sade reprodutiva, e preveno do uso de drogas;

    XX - produo de mdias nas escolas a partir da promoo de atividades que favore-am as habilidades de leitura e anlise do papel cultural, poltico e econmico dos meios de comunicao na sociedade;

    XXI - participao social e protagonismo dos estudantes, como agentes de transforma-o de suas unidades de ensino e de suas comunidades;

    XXII - condies materiais, funcionais e didtico-pedaggicas, para que os profissio-nais da escola efetivem as proposies do projeto.

    Pargrafo nico. O projeto poltico-pedaggico deve, ainda, orientar:a) dispositivos, medidas e atos de organizao do trabalho escolar;b) mecanismos de promoo e fortalecimento da autonomia escolar, mediante a

    alocao de recursos financeiros, administrativos e de suporte tcnico necessrios sua realizao;

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  • c) adequao dos recursos fsicos, inclusive organizao dos espaos, equipamentos, biblioteca, laboratrios e outros ambientes educacionais.

    Captulo IIDos sistemas de ensino

    Art. 17. Os sistemas de ensino, de acordo com a legislao e a normatizao nacional e estadual, e na busca da melhor adequao possvel s necessidades dos estudantes e do meio social, devem:

    I - criar mecanismos que garantam liberdade, autonomia e responsabilidade s unida-des escolares, fortalecendo sua capacidade de concepo, formulao e execuo de suas pro-postas poltico-pedaggicas;

    II - promover, mediante a institucionalizao de mecanismos de participao da comu-nidade, alternativas de organizao institucional que possibilitem:

    a) identidade prpria das unidades escolares de adolescentes, jovens e adultos, respei-tadas as suas condies e necessidades de espao e tempo para a aprendizagem;

    b) vrias alternativas pedaggicas, incluindo aes, situaes e tempos diversos, bem como diferentes espaos intraescolares ou de outras unidades escolares e da comunidade para atividades educacionais e socioculturais favorecedoras de iniciativa, autonomia e prota-gonismo social dos estudantes;

    c) articulaes institucionais e comunitrias necessrias ao cumprimento dos planos dos sistemas de ensino e dos projetos poltico-pedaggicos das unidades escolares;

    d) realizao, inclusive pelos colegiados escolares e rgos de representao estudan-til, de aes fundamentadas nos direitos humanos e nos princpios ticos, de convivncia e de participao democrtica visando a construir unidades escolares e sociedade livres de precon-ceitos, discriminaes e das diversas formas de violncia.

    III - fomentar alternativas de diversificao e flexibilizao, pelas unidades escolares, de formatos, componentes curriculares ou formas de estudo e de atividades, estimulando a construo de itinerrios formativos que atendam s caractersticas, interesses e necessidades dos estudantes e s demandas do meio social, privilegiando propostas com opes pelos estu-dantes.

    IV - orientar as unidades escolares para promoverem:a) classificao do estudante, mediante avaliao pela instituio, para insero em

    etapa adequada ao seu grau de desenvolvimento e experincia; b) aproveitamento de estudos realizados e de conhecimentos constitudos tanto no en-

    sino formal como no informal e na experincia extraescolar;V - estabelecer normas complementares e polticas educacionais para execuo e cum-

    primento das disposies destas Diretrizes, considerando as peculiaridades regionais ou lo-cais;

    VI - instituir sistemas de avaliao e utilizar os sistemas de avaliao operados pelo Ministrio da Educao, a fim de acompanhar resultados, tendo como referncia as expectati-vas de aprendizagem dos conhecimentos e saberes a serem alcanados, a legislao e as nor-mas, estas Diretrizes, e os projetos poltico-pedaggicos das unidades escolares.

    Art. 18. Para a implementao destas Diretrizes, cabe aos sistemas de ensino prover: I - os recursos financeiros e materiais necessrios ampliao dos tempos e espaos

    dedicados ao trabalho educativo nas unidades escolares;II - aquisio, produo e/ou distribuio de materiais didticos e escolares adequados;III - professores com jornada de trabalho e formao, inclusive continuada, adequadas

    para o desenvolvimento do currculo, bem como dos gestores e demais profissionais das uni-dades escolares;

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  • IV - instrumentos de incentivo e valorizao dos profissionais da educao, com base em planos de carreira e outros dispositivos voltados para esse fim;

    V - acompanhamento e avaliao dos programas e aes educativas nas respectivas re-des e unidades escolares.

    Art. 19. Em regime de colaborao com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, e na perspectiva de um sistema nacional de educao, cabe ao Ministrio da Educao oferecer subsdios e apoio para a implementao destas Diretrizes.

    Art. 20. Visando a alcanar unidade nacional, respeitadas as diversidades, o Ministrio da Educao, em articulao e colaborao com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, deve elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educao, precedida de consulta pblica nacional, proposta de expectativas de aprendizagem dos conhecimentos escolares e saberes que devem ser atingidos pelos estudantes em diferentes tempos de organizao do curso de Ensino Mdio.

    Art. 21. O Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM) deve, progressivamente, compor o Sistema de Avaliao da Educao Bsica (SAEB), assumindo as funes de:

    I - avaliao sistmica, que tem como objetivo subsidiar as polticas pblicas para a Educao Bsica;

    II - avaliao certificadora, que proporciona queles que esto fora da escola aferir seus conhecimentos construdos em processo de escolarizao, assim como os conhecimentos tcitos adquiridos ao longo da vida;

    III - avaliao classificatria, que contribui para o acesso democrtico Educao Su-perior.

    Art. 22. Estas Diretrizes devem nortear a elaborao da proposta de expectativas de aprendizagem, a formao de professores, os investimentos em materiais didticos e os sistemas e exames nacionais de avaliao.

    Art. 23. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao, revogando-se as disposies em contrrio, em especial a Resoluo CNE/CEB n 3, de 26 de junho de 1998.

    FRANCISCO APARECIDO CORDO

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    III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formao tica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crtico;IV - a compreenso dos fundamentos cientfico-tecnolgicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prtica.Art. 5o O Ensino Mdio em todas as suas formas de oferta e organizao, baseia-se em: I - formao integral do estudante;II - trabalho e pesquisa como princpios educativos e pedaggicos, respectivamente;III - educao em direitos humanos como princpio nacional norteador;IV - sustentabilidade ambiental como meta universal;V - indissociabilidade entre educao e prtica social, considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos do processo educativo, bem como entre teoria e prtica no processo de ensino-aprendizagem;VI - integrao de conhecimentos gerais e, quando for o caso, tcnico-profissionais realizada na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualizao;VII - reconhecimento e aceitao da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produo, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes;VIII - integrao entre educao e as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular.I - Linguagens;II - Matemtica;III - Cincias da Natureza;IV - Cincias Humanas.I - so definidos pela LDB: educao alimentar e nutricional (Lei n 11.947/2009, que dispe sobre o atendimento da alimentao escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educao Bsica); processo de envelhecimento, respeito e valorizao do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matria (Lei n 10.741/2003, que dispe sobre o Estatuto do Idoso);Educao Ambiental (Lei n 9.795/99, que dispe sobre a Poltica Nacional de Educao Ambiental);Educao para o Trnsito (Lei n 9.503/97, que institui o Cdigo de Trnsito Brasileiro);Educao em Direitos Humanos (Decreto n 7.037/2009, que institui o Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH 3).