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LITERATURA EM LINGUA ÁRABE- LEITURA AS MIL E UMA NOITES Larissa G. Balbino da Costa, Leonardo R. Lima, Lívia M. Moreira, Matheus A. Ayala. INTRODUÇÃO A literatura é uma manifestação de arte imprescindível para a sociedade. Não poderia ser diferente com os árabes cujas obras apresentam-se como preciosas joias no ocidente, o que instiga o maior conhecimento sobre o tema. A mais divulgada e presente no senso-comum é o livro As Mil e Uma noites. Iremos expor as principais características dessa história analisando sua importância no Ocidente e nos tempos atuais, com a finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre a obra, pois apesar de ser conhecida, a maior parte da sociedade tem uma noção superficial da história. Definição de Literatura Árabe Literatura árabe são todas as formas de expressões culturais escritas em língua árabe. O árabe utilizado para a literatura é chamado de adab, termo derivado de uma palavra que pode ser traduzida como "convidar alguém para uma refeição", e implica polidez, cultura e enriquecimento. Época Medieval:

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LITERATURA EM LINGUA RABE- LEITURA AS MIL E UMA NOITES Larissa G. Balbino da Costa, Leonardo R. Lima, Lvia M. Moreira, Matheus A. Ayala.

INTRODUO

A literatura uma manifestao de arte imprescindvel para a sociedade. No poderia ser diferente com os rabes cujas obras apresentam-se como preciosas joias no ocidente, o que instiga o maior conhecimento sobre o tema. A mais divulgada e presente no senso-comum o livro As Mil e Uma noites. Iremos expor as principais caractersticas dessa histria analisando sua importncia no Ocidente e nos tempos atuais, com a finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre a obra, pois apesar de ser conhecida, a maior parte da sociedade tem uma noo superficial da histria.

Definio de Literatura rabe

Literatura rabe so todas as formas de expresses culturais escritas em lngua rabe. O rabe utilizado para a literatura chamado deadab, termo derivado de uma palavra que pode ser traduzida como "convidar algum para uma refeio", e implica polidez, cultura e enriquecimento.

poca Medieval:Os primitivos rabes viviam no deserto, num ambiente mais inspito para a espcie humana, por causa da escassez da gua. Ento em universo como esse natural que as relaes estejam fundadas na violncia. A poesia pr-islmica o retrato desse mundo, cujos valores so completamente diferentes do nosso. Essas poesias comearam a ser transmitidas oralmente e os primeiros registros literrios so do sculo V. Seu estilo um problema, a aluso e a descrio, feitos de uma forma to concisa, to compacta que se torna necessrio um conhecimento muito amplo do universo retratado para interpretar um verso, alm de ter o uso exagerado de metforas.(MUSSA,1999,pag.33)

Assim como a Bblia no Ocidente, no Oriente um dos livros mais lidos e publicados o Alcoro, o livro sagrado do Isl, que possui um enorme valor simblico. Os mulumanos creem que nele esto s palavras de Deus (Al) reveladas ao profeta Maom atravs do Arcanjo Gabriel. Ele organizado em 114 suras (captulos), divididos em livros, sees, partes e versculos.Outro grande exemplo da literatura rabe o livro As mil e uma noites que se tornou conhecida no ocidente a partir de 1704, graas ao orientalista francs Antoine Galland.

poca Moderna:Assim como escritores ocidentais onde o ndice de prmios Nobel so maiores, Naguib Mahfouz foi um grande escritor egpcio, foi autor de romances e roteiros de cinema. considerado o primeiro escritor contemporneo da literatura rabe que conquistou o prmio Nobel de Literatura em 1988, seus romances mais conhecidos so Miramar e A Trilogia do Cairo. Outro grande nome da literatura de Kalil Gibran. Escritor, filsofo e pintor que contribuiu com sua grandiosa obra O Profeta. Neste livro, O Profeta, apresenta reflexes, a partir de questionamentos que so feitos ao profeta, no livro representado por mestre. Este livro tornou-se um dos mais conceituados trabalhos sobre misticismo j lanados. adorado particularmente por pessoas mais jovens que tristemente perderam seu objetivo e ainda buscam seu conhecimento interior atravs de outros gurus e lderes. Uma leitura fcil e confortante.http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_%C3%A1rabehttp://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00303

Origens e manuscritos - As Mil e Uma Noites.

O costume de narrar histrias prprio da cultura oriental e impossvel de ser datado, mas foi graas a ele que de habitante a habitante contos chegassem aos ouvidos de pessoas que se interessavam em eternizar as histrias com a escrita. Impossvel no sofrer modificaes neste caminho, mas isso que faz com que o que antes foi fruto de uma s viso, tenha ainda mais riqueza cultural. Isso foi o que se acredita ter acontecido com As Mil e Uma Noites. A maior parte dos orientalistas que estudam a origem do livro acreditam que o comeo da obra talvez tenha sido um manuscrito chamado Hazar Afsanah (Mil Noites em Persa) de origem persa que contava a histria de um rei Shariar e sua esposa Sherazade, narradora por extinto de sobrevivncia. O escrito teria sido traduzido para o rabe e deste modo valores islmicos atriburam-se a obra, o principal deles a superstio rabe com nmeros redondos.Desta forma, o nome modificou-se para As Mil e Uma Noites e atravs da tradio oral novos contos, em geral rabes, foram sendo atribudos. H ainda aqueles que acreditam que o escrito de origem exclusiva rabe e outros que de origem indianistas-sancritistas, isso devido anlise de elementos como nome de personagem, localizao geogrfica dos contos e semelhana com os demais contos da regio. Acredita-se avaliando a escrita que o livro seja do sculo XIII d.C/VII H. e XVI d.C/ VIII H. e devido ao tempo saber sua origem exata ainda mais difcil. uma obra cheia de mistrios, mas que no perde o seu valor de forma alguma. Antoine Galland foi o tradutor que difundiu a obra no sculo XIV para o ocidente do manuscrito original em rabe e ele prprio ressalta ignora-se o autor de to grande obra-prima; mas, provavelmente, no fruto de uma s mo, pois como se poderia crer que um homem apenas tivesse imaginao suficientemente frtil para suprir tanta fico?. (GIORDANO, 2009, pag.15)

Tradues As Mil e uma Noites

O livro As Mil e Uma Noites umas das obras Orientais mais conhecidas Ocidente. A obra foi traduzida do rabe para quase todas, seno todas, as lnguas faladas no Ocidente. Por haver tantas tradues, que foram escritas em momentos histricos diferentes, muitas verses apresentam divergncias em suas narrativas e no numero de contos contados por Sherazade, pois muitos tradutores alteraram a obra como lhes convinha. Pelo numero extenso de verses avaliaremos somente duas delas; a primeira escrita por Antoine Galland que alem de ser a primeira verso traduzida a mais conhecida e a segunda escrita por Mamede Jarouche verso a qual foi feita diretamente dos manuscritos em rabe para o portugus sem alteraes ou omisses do contedo original.O pudor no me permite contar tudo o que se passou entre as mulheres e os negros; alm do mais, trata-se de um pormenor dispensvel. Basta dizer que Chahzen viu o suficiente para julgar que o seu irmo no era menos lastimvel do que ele. (GALLAND, 2004, pag.31)

Ento um escravo negro pulou de cima da arvore ao cho e imediatamente achegou-se a ela; abriu-lhe as pernas, penetrou entre suas coxas e caiu por cima dela. (...) tudo o que ocorreu foi presenciado pelo rei Sahzamn. (Jarouche, 2005, pag.42)

A traduo de Galland foi produzida da forma belle infidle um estilo de traduo em que os tradutores no mantm o compromisso com original, mas buscam agradar o gosto dos leitores. Na poca em que essa traduo foi feita a sociedade europeia ainda era muito conservadora com isso Galland adaptou e omitiu todos os momentos em que julgou a narrativa imprpria. A obra apresenta inmeras partes obsenas entre os personagens, partes essas que foram omitidas por Galland que utilizou do argumento de que o pudor no o permitia contar tudo o que se havia passado. Jarouche utilizou os manuscritos originais para criar a sua traduo que literal a obra original mantendo todos os detalhes e o modo da narrativa, ele tambm mantm a diviso em noites o que havia sido modificado anteriormente por Galland.

Resumo e analise da narrativa As Mil e Uma Noites

A obra narra a histria de um poderoso rei chamado Shariar que depois de passar por situaes em que se deparou com a traio feminina, inclusive da sua prpria esposa, deixou de confiar nas mulheres. Com medo de sofrer mais uma decepo, teve um plano: casaria com uma mulher, passaria a noite com ela e no raiar do dia seguinte mandaria mata-la. Fez isso durante dias, causando espanto entre as mulheres do reino. Sherazade, filha do Xarir (espcie de ministro do rei), ofereceu-se a Shariar contrariando seu pai, porm conseguiu o convencer. Antes de ir ao palcio, conversou com sua irm e a orientou: voc vai dormir no quarto ao lado dos aposentos do rei. Antes que os raios solares invadam o quarto pea para que eu lhe conte uma histria. Com isso, Sherazade passou a noite com o rei e antes do raiar do dia sua irm gritou do quarto ao lado Irm, conte-me mais uma de suas histrias antes de morrer e Sherazade implorou ao rei que concedesse o desejo da irm. Shariar aceitou e ouviu a histria junto de Dinazade e os raios solares invadiram o quarto antes que Sherazade pudesse terminar sua histria. Envolvido o suficiente com o enredo da historia, o rei concedeu mais uma noite a Sherazade, para que ela pudesse terminar a histria. Sherazade ento usa como arma suas historias, com a estratgia de interromp-las no clmax, deixando o ouvinte curioso, mas como j tarde Sherazade promete terminar na noite seguinte se o Sulto Shariar a permitir viver. Assim ela vai emendando e tecendo uma histria na outra deixando a parte mais interessante para a prxima noite conseguindo assim mais um dia de vida. Existem diversas verses do final da histria, as principais so: Sherazade diz ao rei que no possui mais histrias e apresenta os filhos que tiveram e deste modo perdoada por Shariar e a verso onde o rei declara seu amor e necessidade por Sherazade deixando-a viver.Pode-se perceber que a histria possui incio e fim, de modo linear, porm os contos contados por Sherazade possuem muitas divagaes, o que torna o tempo da narrativa psicolgico, onde possvel voltar ao passado e retornar ao futuro como a narradora faz.Alm disso, a estrutura da histria cclica, pois, a introduo e concluso da histria tm as ideias sintetizadas ao final da narrao apesar de haver contos com enredos paralelos histria principal.

Os principais contos As Mil e Uma Noites

Nos manuscritos h um grande numero de contos contados por Sherazade porem h quem acredite que Galland acrescentou novos contos tais como: Ali Bab e os Quarenta Ladres: Pobre lenhador, ao caminhar pela floresta avista uma gruta e quando entra descobre o tesouro dos quarenta ladres, a partir da comea sua aventura para esconder o tesouro que roubou e se esconder dos quarenta ladres. Aladim: Um jovem despreocupado com a vida, que ao encontrar com um mago e saber da existncia de uma lmpada mgica comea sua jornada para encontra-la. As Viagens de Simb: Marinheiro e heri, originrio de Bagd. Muito conhecido por suas sete viagens, onde nelas vive aventuras extraordinrias como encontros inusitados com monstros e fenmenos sobrenaturais.

A primeira histria no foi contada por Sherazade e sim por seu pai, com o objetivo de sua filha pensar melhor no se entregar ao suldo, o gro-vizir pai de Sherazade contou-lhe a histria do burro do boi e do lavrador, que tem o seguinte provrbio: Tudo isso aconteceu pela burrice de minha conduta. O provrbio est certo: 'Se eu tivesse ficado quieto em meu canto, nenhum indiscreto teria vindo perturbar minha paz. (GALLAND, 2007)

Em todas as histrias do livro percebemos que se trata de histrias contadas por outras pessoas, onde o objetivo salvar a vida de algum ou de si mesmo.Da mesma forma que o sulto, ns que lemos o livro, ficamos igualmente interessados para saber o fim das histrias com a tamanha habilidade de Sherazade de nos fascina a cada relato.

O valor da obra para o estudo da narrativa contempornea.

No ocidente desde os folhetins dos jornais dosculo XIX s novelas e series de hoje, todos utilizam a mesma estratgia de Sherazade, a de desvendar o mistrio e matar a curiosidade no prximo capitulo j comeando outra no mesmo dia.Na traduo de Ren Khawam, Sherazade chamada de a tecel das noites. A personagem tem uma ligao direta com Penlope, personagem da Odisseia, que costurava um manto que ao conclu-lo teria que se casar com um dos seus pretendentes. Apaixonada por seu marido Ulisses, e na esperana que ele voltasse da Guerra de Tria, Penlope descosturava o manto noite, a fim de adiar o novo casamento eminente.No livro As mil e uma noites, no h narrao em primeira pessoa e sim em terceira pessoa que nem sempre corresponde a voz de Sherazade.Ela utiliza a tcnica de introduzir novos narradores a cada conto, como na Histria do mercador e do gnio, em que um mercador encontra um gnio que o acusa do falecimento de seu filho, ameaando-o de morte. Para dissuadi-lo, outras personagens, que so introduzidas no conto, narram-lhe as suas histrias. Esse recurso marca o entrelaamento entre os textos e as vozes que os proferem, fazendo de As mil e uma noites uma metfora da criao literria, constituda sempre em relao ao j dito e ao j escrito.(Cinara Ferreira Pavani Doutora em Literatura Comparada (UFRGS) e professora do Instituto de Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.)

O livro nos mostra o poder de uma pessoa inteligente e confiante, que ao colocar sua prpria vida em risco mudou o rumo de todas as mulheres de sua aldeia. ntido o poder de seduo por oratria de Sherazade.A cada histria contada h uma lio de moral, das quais foram transformando o ponto de vista Shariar sobre as mulheres, e sobre o perdo. Uma verdadeira terapia oracional foi feita com o poderoso sulto sem ao menos que ele percebesse.

Decidiu, ento, conceder-lhe o direito vida. - Querida Sheherazade disse-lhe -, vejo que sabeis maravilhosas histrias, e h muito que com elas me distras. Foi-se a minha clera, e com prazer que a partir de hoje retiro a cruel lei a mim mesmo imposta. Tendes a minha proteo, e sereis considerada libertadora de todas as jovens que ainda seriam imoladas ao meu rancor. Sheherazade se atirou aos seus ps, numa prova de reconhecimento. O gro-vizir foi o primeiro a receber a notcia, e do prprio sulto. Esta espalhou-se imediatamente pela cidade e pelas vrias provncias, e bnos vieram de toda parte sobre o sulto e a sultana (As mil e uma noites, 2000, pag. 538-9).

Concluso

Percebe-se que a vasta literatura rabe apesar de ser construda com idioma e cultura to diferentes da ocidental, conseguiu ocupar espao de reconhecimento mundial. Um exemplo claro disso, o livro As Mil e Uma Noites, que possui enredo complexo, cujos valores agregaram a arte como um todo e a histria de sua formao e divulgao acompanham intrinsecamente a prpria histria da sociedade. O conhecimento da literatura rabe e mais especificamente da obra em questo so obrigatrios queles que anseiam por ampliao do conhecimento.

Bibliografia:

(REVISTA LITTERIS ISSN 1983-7429 Nmero 4, edio quadrimestral maro de 2010 Dossi Estudos rabes & Islmicos. ARRUDA,Michele Fonseca. Erotismo e literatura em As Mil e Uma Noites) (SOUZA, Rosane. A influncia das concepes tericas sobre as tradues das Mil e uma noites, 2011)(Da SILVA, Ruth Carvalho. Aspectos gerais da literatura rabe na lrica medieval, 2010) (CAVALCANTE, Aline Morales Moreti.Fico e histria:Sherazade representada por uma mulher,2010) (VILELA, Maria Graciete. Sobre o ensino da literatura: os ensinamentos de Xerazade)(DA CRUZ, Llian Rodrigues. A salvao pela palavra narrada: o caso das mil e uma noites,2009) (CARNEIRO, Jlia Dias. Sherazade e as mil e uma noites, 2009)http://www.record.com.br/autor_entrevista.asp?id_autor=31&id_entrevista=23http://exhibitions.slv.vic.gov.au/love-and-devotion/explore/1001-nightshttp://mundoestranho.abril.com.br/materia/quem-escreveu-as-mil-e-uma-noiteshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_Gallandhttp://soniasalernoforjaz.blogspot.com.br/2011/02/historia-por-tras-das-historias-as-mil.html http://www.hottopos.com/collat6/jamyl.htm super.abril.com.br/cotidiano/livro-mil-noites-445941.shtmlmundoestranho.abril.com.br/.../quem-escreveu-as-mil-e-uma-noiteshttp://falsafa.dominiotemporario.com/doc/chris_resenha_de_1001_noites.pdfhttp://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/dossie10/RevLitAut_art02.pdf