A dimenso ambiental na educao profissional e tecnolgica

Graciane Regina Pereira IF-SC - Campus Gaspar

Temtica: Educao, Trabalho, Cincia e Tecnologia

Introduo

Os institutos federais enquanto instituio de ensino precisam ir alm da formao profissional, precisam proporcionar uma formao integral atrelada busca de solues para os problemas contemporneos, onde cada jovem cidado sinta que o exercer de sua profisso possa melhorar a qualidade de vida do planeta e no apenas gerar riquezas para ele e para a sociedade. O jovem tem de entender as profundas e complexas relaes existentes entre o trabalho e os recursos naturais, isso implica desenvolver um senso crtico que v muito alm da simples criticidade, mas que se concretize em atos responsveis. Passamos por um momento onde os seres humanos sentem-se, apesar de viverem em comunidade, isolados, autnomos. Como se fssemos auto-suficientes dentro de nossas redomas, no h entendimento da complexidade e da interdependncia das relaes econmicas, sociais e ambientais, ou, estas so banalizadas. tempo de rever conhecimentos, valores e atitudes. A formao de valores que se d nos espaos sociais (famlia, igreja, comunidade...) precisa acontecer de forma intensa e crtica na escola para que este cidado seja um agente ativo do seu contexto, especialmente em se tratando da educao profissional e tecnolgica. Sendo assim, cidadania e profisso so inseparveis, a instituio deve preparar para ambos. A educao profissional e tecnolgica, atravs das atividades de ensino, pesquisa e extenso auxilia na formao integral dos cidados, ou seja, alm de formar profissionais para o trabalho, forma profissionais cidados para a sociedade complexa na qual todos esto inseridos. Para Cortina (2003, p.102) um modelo de formao de cidadania deve ter as seguintes caractersticas: autonomia pessoal (o cidado no nem vassalo nem sdito); conscincia de direitos que devem ser respeitados; sentimento de vnculo com os concidados com os quais so compartilhados projetos comuns; participao responsvel no desenvolvimento desses projetos, com responsabilidades; e sentimento de vnculo com todos os outros seres humanos com busca por mudanas positivas na aldeia global. As caractersticas acima apontadas so condizentes com os princpios de educao ambiental, tema transversal, obrigatrio em todos os nveis e modalidades de ensino no Brasil. Apesar das diversas polticas pblicas h algumas dcadas indicarem que a prtica pedaggica em todos os nveis e modalidades de ensino devam ser permeadas pela educao ambiental, basta olharmos para o crescimento dos problemas socioambientais para entendermos que: ou essa insero no est sendo feita ou ela incipiente, pois a mobilizao social esperada no acontece. Este artigo pretende chamar reflexo os educadores sobre a importncia da incorporao da dimenso ambiental na educao profissional e tecnolgica na contribuio da formao de cidados profissionais responsveis e crticos com relao s temticas socioambientais.

Polticas pblicas e educao ambiental

Se a educao sozinha no transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Paulo Freire

A educao ambiental (EA) foi pela primeira vez reconhecida como essencial para solucionar a crise ambiental internacional, na Conferncia de Estocolmo (1972), Sucia. O plano de ao desta conferncia recomendava a capacitao de professores e o desenvolvimento de novos mtodos instrucionais para a Educao Ambiental. A UNESCO promoveu outros trs eventos internacionais marcantes para a educao ambiental: Conferncia de Belgrado (1975), Conferncia de Tbilisi (1977) e Conferncia de Moscou (1987). Cada uma enfocou pontos importantes para consolidar a educao ambiental:

- Estmulo para criao do Programa Internacional de Educao Ambiental (PIEA) da UNESCO. A EA deve ser contnua, multidisciplinar e integrada s diferenas regionais (Belgrado).

- Definio de objetivos, funes, estratgias, caractersticas, princpios e recomendaes para a EA. Unio da EA formal e no-formal, despertando a sensibilizao de cada indivduo e da coletividade (Tbilisi).

- Criao de diretrizes metodolgicas para EA. A EA deve modificar comportamentos (Moscou). A Conferncia das naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio -92), produziu entre outros, dois importantes documentos para a EA: a Agenda 211 e o Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global. Ambos so referncias para a EA do mundo. Estamos vivendo a dcada da educao para o Desenvolvimento Sustentvel (2005-2014), no mbito na UNESCO, que objetiva ajudar as pessoas a desenvolver atitudes, habilidades e conhecimentos para tomar decises em benefcio de si e dos outros, agora e no futuro, e agir de acordo com estas decises (www.unesco.org/en/esd). No Brasil, temos a EA abordada na Constituio Federal de 1988, que deixa clara a necessidade da educao ambiental nos trs nveis governamentais: federal, estadual e municipal. Tambm a Agenda 21 Brasileira que traz a EA de forma transversal nas suas aes prioritrias. A Poltica Nacional de Educao Ambiental (a qual complementa a LDB) foi promulgada em 1999 (Lei 9.795), e no artigo 6 (pargrafo 2), h referncia capacitao de recursos humanos, que deve se dar atravs

da incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao dos educadores de todos os nveis e modalidades de ensino; da incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao dos profissionais de todas as reas; da preparao de profissionais orientados para as atividades de gesto ambiental; da formao, especializao e atualizao de profissionais na rea de meio ambiente; do atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito problemtica ambiental.

1 Captulo 36 - promover a educao, a conscincia pblica e a formao . rea programtica reorientar a educao para o

desenvolvimento sustentvel.

Fica claro que os institutos federais que trabalham com cursos tcnicos, graduao, ps-graduao e qualificao profissional precisam inserir a dimenso ambiental no ensino, como tambm na pesquisa e na extenso conforme abordado no pargrafo terceiro (artigo 6) da mesma lei2. O Programa Nacional de Educao Ambiental (PRONEA), fruto de muitas discusses, aponta alguns princpios norteadores para as prticas educativas: Concepo de ambiente em sua totalidade, considerando a interdependncia sistmica entre o meio natural e o construdo, o socioeconmico e o cultural, o fsico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade. Abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais, transfronteirias e globais. Respeito liberdade e equidade de gnero. Reconhecimento da diversidade cultural, tnica, racial, gentica, de espcies e de ecossistemas. Enfoque humanista, histrico, crtico, poltico, democrtico, participativo, inclusivo, dialgico, cooperativo e emancipatrio. Compromisso com a cidadania ambiental. Vinculao entre as diferentes dimenses do conhecimento; entre os valores ticos e estticos; entre a educao, o trabalho, a cultura e as prticas sociais. Democratizao na produo e divulgao do conhecimento e fomento interatividade na informao. Pluralismo de idias e concepes pedaggicas. Garantia de continuidade e permanncia do processo educativo. Permanente avaliao crtica e construtiva do processo educativo. Coerncia entre o pensar, o falar, o sentir e o fazer. Transparncia. Apesar da EA estar bem embasada pelas polticas pblicas, na prtica h desconhecimento, despreparo e at indiferena por parte de docentes e gestores da educao, isto observado em todos os nveis de ensino. A educao fundamental talvez tenha maior entendimento dos princpios e diretrizes da EA e da sua incorporao em suas prticas pedaggicas. A educao profissional e tecnolgica exige avanos nesse campo.

A temtica ambiental e a educao profissional e tecnolgica (inclusive as licenciaturas)

No podemos vencer a batalha para salvar espcies animais e os ambientes, se no conseguirmos forjar um lao emocional entre ns e a natureza. Stephen Jay Gould

Quando o aluno chega a nossas instituies ele j tem suas experincias, as quais so demonstradas pelas suas atitudes e posturas frente ao que discutido em sala de aula e pelos seus comportamentos. Os docentes por sua vez tambm tm as suas experincias, as quais norteiam sua conduta pedaggica. Ambos encontram-se

2 ...desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporao da dimenso ambiental, de forma interdisciplinar,

nos diferentes nveis e modalidades de ensino; a difuso de conhecimentos, tecnologias e informaes sobre a questo ambiental; o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participao dos interessados na formulao e execuo de pesquisas relacionadas problemtica ambiental; a busca de alternativas curriculares e metodolgicas de capacitao na rea ambiental; o apoio a iniciativas e experincias locais e regionais, incluindo a produo de material educativo; a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio s aes.

em um momento de construo de conhecimento, embasados na cincia, nas experincias e no contexto onde se situam. Esta construo ser mais ou menos crtica dependendo da bagagem experiencial de cada um, mas o professor por ser formador de opinio tem um papel central influenciador, portanto, as instituies precisam que seus docentes sejam preparados para formar para a transformao, preparar para a busca constante e coletiva da qualidade de vida, em todos os aspectos possveis: sociais, ambientais, econmicos, culturais. Gutirrez-Prez (2005) fala que os mediadores ecolgicos no tm s a obrigao de desvendar os segredos dos problemas ambientais como tambm torn-los visveis aos interlocutores que os rodeiam e diante dos destinatrios de suas aes, por isso no podem ser neutros. A insero da dimenso ambiental na educao profissional e tecnolgica necessria para estimular posturas reflexivas frente s contradies entre desenvolvimento e a proteo do meio ambiente. Esse entendimento tem de ser integral. As atividades humanas e profissionais podem ser compatveis com um desenvolvimento mais sustentvel, ou pelo menos, no to impactante. Um cuidado todo especial deve ser dado para fugir da lgica capitalista do desenvolvimento sustentvel,

onde essa expresso se converteu em um tipo de cola multiuso que ps em contato ambientalistas e imobilirias, empresrios e conservacionistas, polticos e gestores, sem que pelo simples uso comum do termo tenha-se resolvido nada; muito pelo contrrio, com a confuso gerada, quem mais saiu ganhando foram os defensores do neoliberalismo, pois o termo desenvolvimento pode significar qualquer coisa, dependendo como se olhe e com que fins se empregue (GUTIRREZ-PREZ, 2005).

O autor cita, por exemplo, o PIB, considerado para o crescimento econmico, e que no considera o capital social e natural. Os seres humanos e demais seres vivos, como tambm os recursos naturais no so considerados nos sistemas produtivos, ento o desenvolvimento apresentado uma falcia, e isso nos acenado o tempo todo pelas catstrofes, acidentes, desigualdades, doenas, etc. Ns educadores precisamos nos antecipar aos problemas e no us-los meramente como contedos de aula. Precisamos chegar mais cedo! A educao profissional e tecnolgica (formao inicial e continuada em qualificao profissional, tcnicos de nvel mdio, educao profissional de graduao e ps-graduao) precisa ser revista, seus currculos precisam incorporar os potenciais impactos ambientais relacionados a cada formao profissional. E, alm disso, precisam familiarizar todos os estudantes com os problemas complexos existentes ao seu redor em todas as suas facetas, provocando constantemente reflexo e posteriormente a to necessria ao. Percebe-se uma defasagem de cultura ambiental dos educadores e dos gestores que atuam nos institutos, ou seja, no receberam uma formao mais integral, e nem tampouco sob a tica da sustentabilidade ou de valores mais coletivos. Por isso, concomitante insero da temtica ambiental nos cursos, h a necessidade da formao continuada dos atuais docentes e gestores em temas transversais, no caso, meio ambiente. Essa constatao foi abordada no trabalho de Verdi e Pereira (2006) quando professores responderam que no possuem conhecimentos cientficos suficientes para trabalharem com as questes ambientais porque no tiveram formao nesta rea nem na graduao, ps-graduao ou em alguma formao continuada.

Com a oferta das licenciaturas pelos institutos vem a responsabilidade de no deixar esta lacuna na formao dos docentes. Que esta formao seja mais conectada com os problemas atuais. Nossos egressos professores precisam ser agentes de provocao de mudanas sociais, precisam preparar-se para fazer EA formal e no-formal. Pensar no meio ambiente e manej-lo de forma adequada assunto novo, h poucas dcadas vm sendo assimilado pelas instituies de ensino: ambientalizao3 transformadora dos currculos e oferta de cursos relacionados a rea ambiental; pesquisas que geram conhecimento para subsidiar construo de polticas pblicas e tecnologias limpas; e, extenso que aproxima as instituies da sociedade levando conhecimentos e aplicando-os, so pontos que precisam estar presentes no cotidiano institucional. A dimenso ambiental precisa ser incorporada tambm administrativamente, com procedimentos sistematizados para gerenciar os diversos aspectos ambientais de cada instituio, um exemplo especfico disso a adoo da Agenda Ambiental na administrao pblica o A3P4 (www.mma.gov.br). Existe a necessidade em curto, mdio e longo prazo de solues tecnolgicas para reverter o quadro de degradao ambiental presente, mas mais que isso, precisa de pessoas preparadas para tomar decises acertadas. Assim, os institutos tm no ensino, na pesquisa, na extenso e na administrao oportunidades de contribuir para a soluo de problemas crticos. dessa maneira que as instituies se relacionam com a sociedade e deveriam se esforar ao mximo para satisfazer suas necessidades, atravs de um processo de cooperao e dilogo. Definir uma postura institucional perante o desenvolvimento que se busca essencial, questionar-se permanentemente sobre o atendimento das necessidades bsicas da sociedade, o uso racional dos recursos naturais, a participao e autonomia social, o respeito s culturas, os valores humanos, a qualidade de vida, a qualidade ambiental, entre outros fatores, fazem a diferena entre uma instituio verdadeiramente comprometida com a transformao de outra meramente maquiada, onde a instituio tenta demonstrar uma imagem positiva, mas possui relaes negativas ou duvidosas relacionadas ao meio ambiente. Desde a dcada de 90 j existe um movimento mundial em torno da incorporao da dimenso ambiental em universidades ou instituies de ensino superior, prova disso so os vrios documentos j pactuados entre elas: Declarao de Talloires - 1990, Declarao de Halifax - 1991, Declarao de Swansea - 1993, Declarao de Kyoto - 1993 e a Carta Copernicus - 2003 (KRAEMER, 2010). Cada documento traz diretrizes e objetivos a serem implementados pelas instituies signatrias, no que tange ao meio ambiente. Como coloca Kraemer (2010), as universidades, ou no nosso caso, os institutos federais, so chamados a desempenhar um papel preponderante no desenvolvimento de uma forma de educao multidisciplinar e eticamente orientada, de forma a encontrar solues para os problemas ligados ao desenvolvimento sustentvel. Para isso devem assumir um compromisso com um processo contnuo de informao, educao e mobilizao de todas as partes relevantes da sociedade

3 muito mais do que colocar contedos ambientais nas vrias disciplinas, passa por uma profunda reviso do exercer

pedaggico e da formao esperada. 4 O Programa Agenda Ambiental na Administrao Pblica (A3P) uma iniciativa do Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e seu

objetivo promover a internalizao dos princpios de sustentabilidade socioambiental nas organizaes pblicas.

com relao s conseqncias da degradao ecolgica, incluindo o seu impacto sobre o ambiente global e as condies que garantem um mundo sustentvel e justo.

Consideraes finais

A capacidade de convergncia demonstrou ser o ponto forte do desenvolvimento sustentvel e a ambigidade semntica um ponto fraco. Ignacy Sachs

Apesar de todos os indicadores ambientais mostrarem o avano das doenas da Terra, ainda estamos longe, coletivamente falando, de tratar e recuperar a enferma. So os poucos para a tarefa, e esses poucos ainda no tm consenso sobre uma srie de concepes, por isso a necessidade das instituies de ensino entrarem na discusso e agirem. Para um processo de ensino aprendizagem ser eficaz, o professor, um dos protagonistas principais dessa discusso, precisa ter total cincia de seu papel. Ele que acena para as possibilidades existentes e mais adequadas para a construo de uma sociedade melhor, explicitando todas as dificuldades e contradies possveis. Para isso ele prprio tem de ser um exemplo, para os colegas, para os alunos, para todos nos contextos por ele influenciados. Esse processo um tambm um processo educativo, auto-educativo que se d ao longo da vida. o no acomodar-se, o aprender e o reaprender constantemente. A EA desenvolvida no espao do ensino no a soluo para problemas ambientais, mas um elemento para preparar as pessoas para que elas prprias procurem as solues para estes problemas. E esse processo no se limita apenas a uma reviso dos currculos como vimos, mas passa por toda uma nova postura da instituio frente s problemticas socioambientais, de forma permanente, acompanhando as transformaes que se do no contexto do mundo, do pas e da regio. Os institutos federais podem contribuir de sobremaneira para a formao da cidadania ambiental, abaixo alguns pontos a serem considerados nesta reflexo por nossas instituies para atender as polticas pblicas existentes ou estimular a criao de outras necessrias, e assim consolidarmos nosso compromisso socioambiental:

Criar e manter procedimentos de gerenciamento dos aspectos ambientais de cada instituio em um processo que envolva toda a comunidade escolar (coleta seletiva, uso racional de insumos e matrias-primas, sensibilizao, projetos, pesquisas, etc.). Para isso o compromisso dos gestores essencial.

Buscar um trabalho inter5 e multidisciplinar. Apesar da resistncia de alguns docentes necessrio para temas transversais e enriquecedor para o processo de aprendizagem. Isso tende a ser mais difcil na medida em que a instituio vai se compartimentando. Uma boa estratgia para isso trabalhar com projetos onde as vrias disciplinas tm um objetivo comum e as relaes so entendidas, as reas e pessoas se aproximam. Assim um determinado tema no visto de forma fragmentada e sim de forma sistmica.

5 a EA no uma matria suplementar que se soma aos programas existentes, exige a interdisciplinaridade, uma cooperao

entre as disciplinas tradicionais, indispensvel para poder perceber a complexidade dos problemas do meio ambiente e formular sua soluo. Prefcio da Conferncia de Tbilisi citado por Gonzles-Gaudiano (2005).

Investir na formao continuada de docentes, tanto os servidores da rede federal, quanto os demais das outras redes (estadual e municipal) que anseiam por formao na rea ambiental e no encontram em outras instituies possibilidades de acesso. Os servidores devem estar permanentemente atualizados sobre os problemas atuais e possibilidades de interveno para minimizao ou soluo dos mesmos. Sem informao no h opo para uma deciso mais acertada.

Desenvolver materiais especficos para nossas instituies, para nossos cursos, porque no tem ou so inadequados. Os temas tambm devem ser selecionados de acordo com o contexto e curso, alguns so mais gerais (consumismo, proteo dos recursos naturais, preservao da biodiversidade biolgica, etc) outros mais especficos (licenciamento ambiental, conforto ambiental, preveno de catstrofes, recuperao de reas degradadas, etc.). Isso tambm vale para metodologias diferenciadas. Um bom exemplo a educomunicao6, onde os jovens so os protagonistas da construo do conhecimento; ou ainda as aulas a campo que colocam o educando direto com o objeto de estudo.

Criar grupos de pesquisa, grupos de estudos, comisses e demais formas de manter a comunidade envolvida, aprendendo, desenvolvendo e fortalecendo relaes mais sustentveis. Se possvel, sempre buscar parcerias com outras instituies que tenham objetivos comuns7.

Formar profissionais especficos para lidar com problemas especficos. Ser especializado, mas no desconectado. Como por exemplo, cursos tcnicos, tecnlogos ou ps-graduao, alm de cursos de qualificao profissional, conforme demanda ambiental apontada.

Politizar a ao formativa frente complexidade dos problemas e contextos existentes. Perceber os danos desse desenvolvimento e delimitar a capacidade ecolgica e humana aceitvel e justa.

Conhecer e se aproximar das instituies de ensino que desenvolvem aes ambientais no Brasil8 e pelo mundo. Bem como de rgos representativos de cada profisso, onde j se observa alguma inclinao para uma discusso mais sria.

Precisa-se entender que a resoluo dos problemas socioambientais no envolve somente tcnica, mas valores sociais, econmicos, ticos e culturais, isso s possvel com uma formao mais integral, onde os jovens saibam tomar decises autnomas, trabalhar de forma colaborativa, compreender as interligaes de uma situao, comprometer-se com responsabilidade e tica, identificar as fragilidades e potencialidades e agir. O papel dos institutos estimular esses jovens a compreender a complexidade da interao entre desenvolvimento e o meio ambiente e torn-los capazes de entender o impacto das atividades humanas no ambiente, para que possam contribuir efetivamente para implementao de uma forma de desenvolvimento capaz de

6 A Educomunicao aproxima o campo da Educao Ambiental perspectiva de uma comunicao popular educadora,

autonomista e democrtica (Brasil, 2008) 7 Em Maio deste, realizou-se em Camboriu-SC o I Seminrio de Pesquisa: A questo ambiental na formao profissional

promovido pelo IFC Campus Camboriu em parceria com outras instituies. Eventos com este precisam ser freqentes. 8 Um exemplo a Rede Universitria de Programas de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis (RUPEA) que tem

como misso reunir, articular e fortalecer instituies universitrias e seus sujeitos sociais, promotores de iniciativas e programas de educao ambiental comprometidos com a construo de sociedades sustentveis (www2.uefs.br/rupea).

reverter os danos existentes e manter um mnimo de equilbrio ambiental para a sustentao da vida. Formar para uma ao transformadora e consciente.

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