11° CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA/2015 GOIANIA

MADEL T. LUZ

Observação inicial: as reflexões trazidas a este debate são fruto de observações pessoais não sistemáticas (leituras de periódicos, experiências sobre sociabilidade e relações sociais em centros urbanos), bem como de projetos desenvolvidos há mais de uma década, por mim e pesquisadores colaboradores, além de orientandos de mestrado e doutorado em S.C.

Incluem primeiramente a questão do trabalho e suas conseqüências sobre a saúde coletiva: o endurecimento das relações de e no trabalho, a precariedade dos laços contratuais, a perda de poder aquisitivo de setores crescentes de assalariados, a aceleração do ritmo das atividades em função da virtualidade da informação e o aumento da carga de trabalho sem compensação.

Em seguida cremos ser necessário acentuar a fragilização dos laços sociais pelos valores dominantes: individualismo e competição. Isolados embora conectados, os seres humanos deste país vem-se

perdidos e sem iniciativa de participação civil coletiva: o brasileiro é o povo que se mantém mais tempo “ligado”

1- ÉTICA E POLÍTICA SÃO DUAS DIMENSÕES INSEPARÁVEIS DA VIDA SOCIAL: Verso e reverso da mesma moeda .Conforme a reflexão grega desde o tempo inicial da democracia, há 25 séculos, são parte essencial do viver coletivo. Sem participação ética na política morre a democracia.

2 -No mundo contemporâneo capitalista, inclusive em nosso país, essas dimensões se dissiparam nas instâncias institucionais constituídas, gerando desorganização social, instabilidade e incerteza do futuro. Grande sofrimento coletivo é imposto, perplexidade e paralisia social.

3- um adoecer social se revela, através de reações coletivas de insegurança, desconfiança e agressividade mútua dos cidadãos: patologias ligadas a situações de estresse, como medo, ansiedade e angústia aumentam, assim como condutas reativas ligadas ao comportamento privado, em família, e publico, agravando a violência característica de centros urbanos, e hiperdimensionando valores anti sociais já presentes, como as discriminações de raça gênero, crenças, classe social e em relação a migrantes, inclusive no brasil.

Agravam-se também numerosas condutas face ao comer, ao consumir, ao trabalhar, ao dirigir, gerando novas patologias, ou adoecimentos já presentes.

Como para numerosas outras espécies animais, o “estar juntos”, isto é, o reconhecimento do outro e a solidariedade são fundamentais para sobreviver.

É possível para a espécie humana destruir ao mesmo tempo o ambiente e o viver saudável na terra por adotar valores sociais incompatíveis com a vida coletiva?

VALORES INDIVIDUALISTAS VALORES SOLIDÁRIOS

1- Meu amigo (a), meu colegas ( de estudo ou trabalho), meu irmão (ã) meu cônjuge são meus rivais, conscientes ou não. Necessito superá-los, provar que valho mais. Preciso “vencer” para não perecer. Estado de estresse constante

2-Os meus semelhantes são aqueles que partilham meu universo de vida: educação, raça escolha de gênero, família, classe, crença. Os outros são os “de fora”, adversários em potencial, a quem devo me opor. Estado de raiva constante. A alteridade é perigosa. Estado de ansiedade constante.

1- Pertencemos a uma sociedade atualmente diversa e múltipla sob muitos aspectos, físicos e sociais; reconhecemos e respeitamos estas características. Acolhimento do outro. Estado de “simpatia social”

2- Os meus semelhantes são todos aqueles que partilham a condição de ser humano, sob todos os diversos aspectos mencionados, físicos ou sociais. Os que não são meus semelhantes em espécie (animais, plantas) merecem o cuidado e o respeito que minha espécie deve merecer. Estado de empatia, sensação de harmonia vital. Busca de partilha da vida.

Edward Snowden

Aléxis Tsípras

Madel Luzmadelluz@uol.com.br