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História do Cerco de Lisboa História do Cerco de Lisboa José Saramago José Saramago

11 História do Cerco de Lisboa

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História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa

José SaramagoJosé Saramago

José Saramago José Saramago (16/11/1922-18/06/2010)(16/11/1922-18/06/2010)

Narrador > terceira pessoa > onisciente > Raimundo Silva

Digressões / discussões acerca do processo de criação > metanarrativa

Linguagem diferenciada: ausência de pontos finais (. / ? / ! > ,) / travessão

Esquema:

HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA – J.S.

H. C. L.

AUTOR?

H. C. L.

RAIMUNDO

3ª p

São três as histórias:

a do autor que tem seu texto alterado por Raimundo;

a do próprio Raimundo, que aceita o desafio de Maria Sara;

e a do narrador do livro, que é, na verdade, a única das três histórias a que temos acesso.

História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa

O texto de Saramago não tem pretensões de ser um novo texto histórico.

O Cerco deu-se de 1º de julho a 25 de outubro de 1147.

Foi o processo de Reconquista cristã da península ibérica, com o auxílio dos cruzados em trânsito para o Oriente Médio.

Efetivamente, o único sucesso da Segunda Cruzada.

A história A história realreal

O Início*Diálogo entre Revisor e “Senhor Doutor”.

*Deleatur

*Revisor cético, amargurado, entristecido, subalterno intelectualmente – profissão

*Autor – História X Revisor – literatura (anterior)

*Discurso – História e Literatura – representações – tudo é literatura.

* Autor não quis ver as provas – confiança no revisor.

A cabeça de Raimundo Silva

*Raimundo divaga sobre o acontecimento histórico: Rico em detalhes, o pensamento do revisor mostra várias situações que o livro Real não contém e que contribuiriam para um melhor entendimento do fato histórico. Revisão atrasada.

*Raimundo culto, detalhista, metódico e crítico – apesar de não ter instrução superior.

*Raimundo – parte alta, solitário, solteiro, velho

*Erros o irritam – arma, bandeira, discurso – disparates - NÃO poderia ter escrito pela verdade histórica.

“com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra NÃO, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente, o que chamamos falso prevaleceu sobre o que chamamos verdadeiro, tomou o seu lugar”

• No outro dia, Costa vai buscar as provas – não há mais possibilidade de mudanças.

• Raimundo passeia pela cidade – pensa no ato – poderia correr até a tipografia.

• Observa a cidade que já fora dos Mouros - + de 300

• Identifica-se mais com os Mouros.

• Filosofia: ler ou vivenciar.

A descoberta da fraude Passaram-se 3 dias

Raimundo é chamado para um reunião na editora

“Sente-se cercado”.

Não foi demitido, mas terá de escrever cartas de desculpas e ficar submetido a uma supervisora.

Livro - ERRATA

Volta para casa e pensa: ódio e Mulher

No livro, dentro do livro, o revisor insere um NÃONÃO:

os cruzados NÃONÃO ajudaram Afonso Henrique.

Isso tudo acontece num tipo de preâmbulo, pois a obra de Saramago não possui as divisões clássicas: introdução, capítulo I, índice, etc.

Raimundo Silva – propositadamente e sem explicação lógica – introduz o NÃO na obra que será impressa.

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O Encontro

Escreve a carta de desculpas.

Recebe um telefonema : Reunião com a chefe – Maria Sara.

Na Reunião percebe Maria Sara

O Livro “Dele” – sem errata

Proposta - NÃO aceita

O Novo LivroCausa e consequência

Mudança de hábitos – tinta, casaco, almoço

Por que houve a recusa dos Cruzados

O discurso do rei e a conversa com os cruzados

NÃO aceitam fazer gratuitamente e partem

Alguns ficam

A História paralela

Raimundo Silva procura Maria Sara e após o encontro – na editora – ela lhe oferece carona.

Raimundo passa a se interessar por Maria Sara.

Mouros fazem festa com a partida dos cruzados

Almuadem cego fica receoso.

Raimundo Cria Mogueime para representar o bravo português. Ele conta a tomada de santarém.

Raimundo pensa nas dificuldades do romance e vai espairecer – compra uma rosa branca

Portugueses tentam diálogo para que LISBOA fosse devolvida sem a necessidade de luta.

Problemas: Maria Sara doente O cerco da cidade Ligar para ela Mogueime e Ouroana

Ele pega o telefone dela > não liga = vergonha X Maria liga para Raimundo: “Então, ouça, telefonei-lhe porque me sentia só, porque tive curiosidade de saber se estava a trabalhar, porque queria que me desejasse as melhoras, porque, Maria Sara, Não digas o meu nome assim, Maria Sara, eu gosto de si, pausa longa, Isso é verdade, É verdade, Levou tempo a dizer-mo, E talvez nunca o dissesse, Por quê, Somos diferentes, pertencemos a mundos diferentes, (...) Posso dizer-lhe que a amo, Não, diga só que gosta de mim, Já o disse, Então guarde o resto para o dia em que for verdade, se esse dia chegar, Chegara, Não juremos sobre o futuro,”

- Maria Sara > sobre as rosas que recebe: “Não o devia ter feito, Por quê?, perguntou ele, desconcertado, Porque a partir de hoje não poderei não receber rosas todos os dias, Nunca lhe faltarei com elas, Não me refiro a rosas rosas, , Então, Ninguém deveria poder dar menos do que deu alguma vez, não se dão rosas hoje para dar um deserto amanhã, Não haverá deserto, É só uma promessa, não o sabemos,”

- Raimundo x Maria Sara- RAIMUNDO MARIA SARA

- Narrador: (sobre o casal) “Estão felizes, ambos, e a um ponto tal que será grande injustiça separar-nos de um para ficar a falar do outro, como mais ou menos seremos obrigados a fazer, porquanto, conforme ficou demonstrado num outros mais fantasioso relato, é física e mentalmente impossível descrever os atos simultâneos de duas personagens.”

maduro X Comportamento juvenil

mais jovem Xmadura

- Primeiro encontro > Raimundo: “agora gostaria que a vida me desse o que nunca me lembro de ter tido, o sabor que ela certamente tem.”

- Raimundo inicia sua H.C. L.: D. Afonso Henriques + religiosos + nobres > cercam

Lisboa > vivia sob o domínio mouro

Proposta de D. Afonso: “a bem dizer, a nós o que nos convinha era uma ajuda assim para o gratuito, isto é, vocês ficavam aqui a um tempo, a ajudar, quando isto acabasse contentavam-se com uma remuneração simbólica e seguiam para os Santos Lugares, que lá, sim, seriam pagos e repagos,”

Os cruzados vão embora (alguns permanecem) > os mouros em Lisboa comemoram

O cerco dura meses > não conseguem invadir a cidade

Ataque / torres móveis > primeira > infrutífera

D. Afonso Henriques > soldo atrasado

Soldadesca > levante > exigem o mesmo prêmio que seria dado aos cruzados > saque à cidade de Lisboa

Fome > melhor arma > cães / gatos / ratazanas são comidas

Amor em meio ao cerco:• Mogueime > soldado de baixa patente / mentia sobre a sua participação

no cerco de Santarém > Raimundo não poderia condená-lo, pois pintava

os cabelos

• Ouroana > mulher raptada de sua família / vivia como concubina de

Henrique > este morre

- Raimundo x Maria Sara / Mogueime x Ouroana > “opostos”

- Revisão histórica

- Raimundo x Maria Sara (realidade)

- Mogueime x Ouroana (ficção)

seguem suas paixões

1. O deleaturdeleatur (em latim, destrua-sedestrua-se) é um sinal de revisão usado para indicar que a letra ou a palavra deve ser suprimida.2. O revisor nunca havia feito uma ato dessa natureza; inverte a lógica do seu trabalho - corrigir os erros. 3. O revisor se espanta com sua ação(‘Nem eu próprio saberia dizer hoje por que o fiz’, admite o revisor.”), mas não desfaz o erro.

O que observarO que observar

História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaPersonagens da editora:Personagens da editora:

Raimundo Benvindo SilvaRaimundo Benvindo Silva: É o revisor de texto e protagonista do romance;

O Historiador: É quem escreve o livro sobre a História do Cerco de Lisboa. O Costa: É o responsável de receber as cópias revisadas dos revisores e encaminhá-las à produção.Maria SaraMaria Sara: É a profissional contratada para ser a chefe dos revisores.O Diretor Literário: É quem recebe Raimundo e o chama à responsabilidade de responder pela alteração feita na obra.

História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaHistóricosHistóricos:

El-rei Dom Afonso HenriquesEl-rei Dom Afonso Henriques: É quem lidera os soldados católicos rumo ao cerco de Lisboa.

Mem Ramires: É um dos capitães do cerco.

Frei Rogeiro: Interlocutor entre os mouros e el-rei.

Representa a Igreja.

História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaIdealizadosIdealizados::

MogueimeMogueime: um dos soldados que lutam no cerco de Lisboa.OuroanaOuroana: uma barregã (concubina), que chega ao cerco acompanhando seu senhor, um cruzado alemão de nome Henrique.AlmuademAlmuadem: crente que, do alto do minarete, anuncia a hora das preces.HurisHuris: mulheres do paraíso, virgens do paraíso maometano.MuezimMuezim = almuadem.

Na nova versão dos fatos, MogueimeMogueime

destaca-se nas lutas, devido ao seu valor heroico e à sua habilidade de reinterpretar as ações:

Torna-se narrador da história que Raimundo escreve.

e apaixona por OuroanaOuroana.

Assim, as duas narrativas, a do personagem criado por Raimundo Silva e a de Saramago, terminam com o romance dos dois casais:

Raimundo Silva e Mara Sara; Mogueime e Ouroana.

Saramago, no livro, repete várias vezes as expressões:

“Se esse era serviço de Deus serviço menor seria

e cavaleiros tão principais tinham obrigação de acudir aonde

mais trabalhosa fosse a obra, não neste cu de mundo”.

(livrar a Terra Santa)

(livrar Lisboa)

(cruzados)

(Terra Santa)

(Lisboa)

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Dificuldades do livroDificuldades do livro:

a linguagem e a técnica de Saramagoa linguagem e a técnica de Saramago: • uso inusitado da pontuação nos diálogos, • pelos vários planos em que se desenrola o livro.

Saramago não usa muito o ponto final Saramago não usa muito o ponto final para encerrar as frasespara encerrar as frases;

os diálogos não são demarcados de os diálogos não são demarcados de forma clássicaforma clássica.

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Raimundo Silva comete dupla traição:

como historiadorcomo historiador, porque se torna autor e escreve um fato incorreto, e

como revisorcomo revisor, porque não corrigiu o erro.

Então,

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ConclusãoConclusão

Raimundo Benvindo Silva, na incumbência de rever um livro sobre a História de Portugal (baseado na de Alexandre Herculano), resolve cometer propositadamente um erro, acrescentando um NãoNão... «Os cruzados Não auxiliaram os portugueses

a conquistar Lisboa».

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ConclusãoConclusão