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Lizandra Garcia Lupi Vergara
AVALIAO DO ENSINO DE ERGONOMIA PARA O DESIGN APLICANDO A
TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM (TRI)
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obteno do grau de doutor em
Engenharia de Produo
Orientadora: Leila Amaral Gontijo, Dra. Co-orientador: Dalton Francisco de Andrade, Ph. D.
Florianpolis 2005
Lizandra Garcia Lupi Vergara
AVALIAO DO ENSINO DE ERGONOMIA PARA O DESIGN APLICANDO A
TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM (TRI)
Esta tese foi julgada e aprovada para a obteno do grau de Doutor em
Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianpolis, 12 de dezembro de 2005.
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr. Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
_________________________________ Profa. Leila Amaral Gontijo, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina
Orientadora
_____________________________ _________________________________ Prof. Luiz Carlos de Freitas, Dr. Prof.Dalton Francisco de Andrade, Ph. D. Universidade de Campinas Universidade Federal de Santa Catarina
Co-orientador
______________________________ _________________________________ Profa. Virgnia Borges Kistmann, Dra. Profa. Silvana Bernardes Rosa, Dra. Universidade Federal do Paran Universidade do Estado de Santa Catarina
Dedico este trabalho s pessoas que mais amo :
Meu marido Felipe Vergara
Meu filho Felipe Bruno
Meus pais Nelci e Luiz Lupi
Obrigada por preencherem minha vida de alegria ...
Agradecimentos Meus sinceros agradecimentos vo a todos os colegas, amigos e familiares que
acompanharam esta longa trajetria, contribuindo em todos os sentidos, para a
concretizao desta tese de Doutorado, em especial:
orientadora, professora e amiga Leila Amaral Gontijo pela incansvel disposio e
indiscutvel competncia na conduo deste trabalho, o que possibilitou o efetivo
cumprimento das metas.
Ao co-orientador Prof. Dalton Francisco de Andrade pelo apoio e incentivo
aplicao da ferramenta estatstica minha admirao pela brilhante habilidade em
ensinar.
s Instituies de Design de Produto participantes da pesquisa, pela abertura e toda
ateno dispendida, sem as quais no seria possvel o desenvolvimento deste
trabalho.
Aos mais de 500 alunos de Design de Produto atores da pesquisa, que com
participao voluntria, contriburam de forma efetiva na confirmao das hipteses
da presente tese de Doutorado.
Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo PEPS/UFSC, pela
confiana e suporte necessrios para a realizao do Doutorado, e principalmente
aos professores, por toda experincia transmitida e apoio incondicional
indispensveis ao aprendizado.
Aos meus queridos pais Nelci e Luiz meu maior orgulho, pelo amor e dedicao
presentes em todas as etapas importantes de minha vida.
Aos meus dois grandes amores Felipe e Bruno por toda a compreenso e
pacincia dispendidas durante todo este perodo que, inevitavelmente, me tomou
boa parte da ateno como esposa e me.
O Designer do futuro projeta sistemas, no objetos.
Cria entornos para o usurio, no aparatos.
Desenha um servio efetivo, no uma cosmtica superficial.
Integra todas as funes de um sistema em um conceito global .
Lengert
RESUMO VERGARA, Lizandra Garcia Lupi. Avaliao do Ensino de Ergonomia para o Design aplicando a Teoria da Resposta ao Item (TRI). 2005. 186f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo e Sistemas, UFSC, Florianpolis.
A partir da avaliao do desempenho de alunos de Design em Ergonomia, o
presente trabalho de pesquisa prope modificaes no processo de ensino-
aprendizagem, que possam vir a contribuir com a melhor aplicao dos conceitos
ergonmicos durante o processo de desenvolvimento de produtos industriais. Para
tanto, so levantadas informaes de caracterizao e estruturao curricular das
Instituies de Ensino Superior da rea de Design existentes no pas, assim como
so comparadas as particularidades de uma amostra de cursos de Design de
Produto, especificamente na Regio Sul, para o conhecimento das condies gerais
de ensino e avaliao do desempenho dos alunos. A metodologia adotada pela
pesquisa utiliza uma ferramenta estatstica de anlise de itens a Teoria de
Resposta ao Item (TRI), normalmente aplicada em avaliaes educacionais na
anlise do nvel de aprendizagem dos alunos. A partir da associao entre as
condies de ensino das Instituies e o desempenho em Ergonomia apresentado
pelos alunos em diferentes etapas do processo de ensino-aprendizagem, foi
possvel identificar aspectos significativos relacionados aos contedos programticos
da disciplina de Ergonomia, assim como estabelecer um modelo de recomendao
mnima de estruturao curricular dos cursos de Design de Produto. Foram
sugeridas ainda mudanas no processo pedaggico utilizado, principalmente no que
diz respeito aplicao dos princpios da interdisciplinaridade, que prope maior
interao entre as disciplinas do curso. A inteno permitir que a Relao Design-
Ergonomia possa ocorrer desde o incio do processo de desenvolvimento projetual,
melhorando a qualidade de ensino-aprendizagem dos alunos dos cursos de Design
de Produto.
Palavras-chave: Ergonomia, Design de Produto, Avaliao Educacional, TRI.
ABSTRACT VERGARA, Lizandra Garcia Lupi. Avaliao do Ensino de Ergonomia para o Design aplicando a Teoria da Resposta ao Item (TRI). 2005. 186f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo e Sistemas, UFSC, Florianpolis.
Through the evaluation of the Design students' proficiency in Ergonomics, the
present research work proposes changes in the teaching-learning process that can
contribute to the best application of the ergonomic concepts during the process of
development of industrial products. So that, characterization information and
curricular structure were collected from the Institutions of Higher Education in the
area of Design in the country. Also the particularities of a sample of courses of
Product Design were compared, specifically in the South Region, for the knowledge
of the general conditions of teaching and evaluation of the students' acting. The
methodology adopted by the research uses a statistical tool for the analysis of items
Item Response Theory (IRT), usually applied in educational assessment to analise
the level of the students' learning. From the association among the conditions of
teaching of the Institutions and the students' acting in Ergonomics in different stages
of the teaching-learning process, it was possible to identify significant aspects related
to the programming contents of the discipline of Ergonomics, as well as establishing
a model of minimum recommendation to the curricular structure of the courses of
Product Design. It is also suggested changes in the pedagogic process used, mainly
in respect to the application of the principles of the interdisciplinary system, that
proposes larger interaction among the disciplines of the course. The intention is
permits that the relation Design-Ergonomics can happens since the beginning of the
process of project development, improving the quality of the students' teaching-
learning of the courses of Product Design.
Key-words: Ergonomics, Product Design, Educational Assessment, IRT.
SUMRIO
p.10 p.12
Lista de Figuras...........................................................................................Lista de Tabelas...........................................................................................Lista de Siglas e Smbolos......................................................................... p.14
Captulo 1 Introduo 1.1 Delimitao da questo da pesquisa......................................... p.16 1.2 Justificativa do tema e motivao............................................. p.21 1.3 Delimitao da pesquisa............................................................. p.24 1.4 Hipteses da pesquisa................................................................ p.25 1.5 Objetivos...................................................................................... p.25 1.6 Estruturao da tese................................................................... p.26
Captulo 2 Reviso Bibliogrfica PARTE 1 RELAO DESIGN-ERGONOMIA 2.1 Desdobramento da questo da pesquisa................................. p.28 2.1.1 Problemas ergonmicos em produtos........................................... p.32 2.2 Design e Ergonomia Conceituao........................................ p.33 2.3 Design e Ergonomia Metodologias......................................... p.36 2.3.1 Metodologias ergonmicas para o Design.................................... p.37 2.4 Ensino de Ergonomia para o Design......................................... p.39 PARTE 2 AVALIAO EDUCACIONAL 2.5 Sistemas de avaliao educacional........................................... p.42 2.5.1 Avaliao educacional Aplicaes............................................. p.45 2.6 Ferramentas de anlise............................................................... p.50 2.6.1 Teoria da Resposta ao Item (TRI) Fundamentao................... p.51 2.6.1.1 Modelos matemticos envolvidos.................................................. p.52 2.6.1.2 Estimao dos parmetros............................................................ p.55 2.6.1.3 Aplicao de recursos computacionais......................................... p.57 2.6.1.4 Escala de habilidade..................................................................... p.58 2.6.1.5 Validade dos instrumentos de medio......................................... p.61 2.6.2 Teoria da Resposta ao Item (TRI) Aplicaes............................ p.65 2.7 Consideraes finais.................................................................. p.67
Captulo 3 METODOLOGIA E APLICAO DO MODELO PROPOSTO
3.1 Metodologia proposta................................................................. p.68 3.1.1 Populao de amostra................................................................... p.70 3.1.2 Instrumento de medio Questionrios...................................... p.71 3.1.3 Instrumento de medio Provas................................................. p.72 3.1.4 Modelo da TRI............................................................................... p.73
3.2 Aplicao do modelo proposto.................................................. p.74 3.2.1 Etapa 1 Caracterizao dos cursos de Design.......................... p.74 3.2.2 Etapa 2 Estruturao curricular dos cursos de Design de
Produto.......................................................................................... p.81
3.2.3 Etapa 3 Identificao do desempenho em Ergonomia dos alunos de Design...........................................................................
p.86
3.2.3.1 Gerao dos itens das provas....................................................... p.87 3.2.3.2 Construo da escala de habilidade............................................. p.92 3.2.3.3 Coleta de dados............................................................................ p.94 3.2.3.4 Seleo dos itens.......................................................................... p.100 3.3 Consideraes finais.................................................................. p.102
Captulo 4 ANLISE DOS RESULTADOS DA TRI 4.1 Avaliao do desempenho em Ergonomia............................... p.103 4.1.1 Interpretao dos parmetros dos itens ....................................... p.103 4.1.2 Identificao dos itens ncora na escala de proficincia.............. p.108 4.1.2.1 Anlise dos nveis de desempenho dos alunos............................ p.114 4.1.2.2 Desempenho dos alunos por Estado da Regio Sul..................... p.117 4.1.2.3 Desempenho dos alunos por Instituio de Design...................... p.122 4.2 Relao entre as condies de ensino e o desempenho em
Ergonomia.................................................................................... p.131
4.2.1 Interpretao do contedo programtico de Ergonomia............... p.132 4.2.1.1 Tpico de Ergonomia Conceituao.......................................... p.133 4.2.1.2 Tpico de Ergonomia Caractersticas do Usurio...................... p.134 4.2.1.3 Tpico de Ergonomia Metodologia Projetual.............................. p.135 4.2.1.4 Tpico de Ergonomia Aplicao em Produtos........................... p.136 4.2.2 Anlise da caracterizao dos cursos de Design de Produto....... p.138
Captulo 5 CONCLUSES E SUGESTES
5.1 Concluses da pesquisa............................................................ p.140 5.1.1 Cursos de Design de Produto....................................................... p.141 5.1.2 Contedos programticos da disciplina de Ergonomia................. p.143 5.2 Recomendaes gerais e sugestes para trabalhos futuros. p.145
REFERNCIAS.......................................................................................... p.148 APNDICES.......................................................................................................... p.155 Apndice A Modelo do Questionrio: Instituio........................................ p.156 Apndice B Modelo do Questionrio: Coordenao................................. p.158 Apndice C Modelo do Questionrio: Professor......................................... p.160 Apndice D Modelo do Questionrio: Curso de Design............................ p.164 Apndice E Modelo da Prova 1..................................................................... p.165 Apndice F Modelo da Prova 2...................................................................... p.170 Apndice G Dados complementares da Etapa 1 da pesquisa................. p.175 Apndice H Dados coletados atravs do questionrio on-line................. p.178 Apndice I Curvas Caractersticas dos 42 Itens analisados..................... p.181
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Comparao entre estratgias de Design tradicional e Design de interface..................................................................
p.31
Figura 02: Processo metodolgico de Design e Ergonomia, para a ergonomia de concepo.........................................................
p.37
Figura 03: Exemplo de uma curva caracterstica do item, do modelo da TRI...........................................................................................
p.53
Figura 04: Exemplos de estimao quanto ao nmero de grupos e tipos de provas.................................................................................
p.56
Figura 05: Distribuio, em %, dos cursos de Design de Produto, por regio geogrfica.....................................................................
p.75
Figura 06: Classificao, em %, das nfases mais freqentes no curso de Design de Produto..............................................................
p.81
Figura 07: Distribuio, em %, de aulas tericas e prticas de Ergonomia oferecidas pelas Instituies de Design de Produto.....................................................................................
p.84
Figura 08: Distribuio, em %, dos itens das provas por processo cognitivo...................................................................................
p.89
Figura 09: Distribuio, em %, de alunos de Design de Produto quanto idade.........................................................................
p.100
Figura 10: Curva caracterstica do item 01............................................... p.104 Figura 11: Curva caracterstica do item 02............................................... p.105 Figura 12: Curva caracterstica do item 03............................................... p.105 Figura 13: Curva caracterstica do item 19............................................... p.107 Figura 14: Curva caracterstica do item 44............................................... p.107 Figura 15: Histograma da freqncia de alunos iniciantes, por nvel de
proficincia............................................................................... p.115
Figura 16: Histograma da freqncia de alunos avanados, por nvel de proficincia...............................................................................
p.115
Figura 17: Porcentagem de alunos iniciantes e avanados que atingiram o nvel.......................................................................
p.116
Figura 18: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes s Instituies do Paran......................................................................................
p.120
Figura 19: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes s Instituies de Santa Catarina....................................................................................
p.120
Figura 20: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes s Instituies do Rio Grande do Sul...........................................................................................
p.122
Figura 21: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em
Ergonomia, pertencentes Instituio PR01........................... p.123 Figura 22: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em
Ergonomia, pertencentes Instituio PR02........................... p.124
Figura 23: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes Instituio PR03...........................
p.124
Figura 24: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes Instituio PR04...........................
p.125
Figura 25: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes Instituio PR05...........................
p.126
Figura 26: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes Instituio SC01...........................
p.127
Figura 27: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos emErgonomia, pertencentes Instituio SC02...........................
p.128
Figura 28: Histograma, em %, do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, pertencentes Instituio SC03...........................
p.129
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Exemplo de especificao de teste de desempenho..........................................................................
p.64
Tabela 02: Instituies de Design classificadas: Desenho Industrial e Design de Produto, por regio geogrfica.............................
p.74
Tabela 03: Instituies de Design de Produto e demais habilitaes, por regio geogrfica.............................................................
p.75
Tabela 04: Quantidade de cursos de Design de Produto existentes no pas em 2002 e 2004, por regio geogrfica.........................
p.76
Tabela 05: Surgimento dos cursos de Design de Produto, por regio geogrfica..............................................................................
p.77
Tabela 06: Caracterizao dos cursos de Design de Produto da Regio Norte.........................................................................
p.77
Tabela 07: Caracterizao dos cursos de Design de Produto da Regio Nordeste....................................................................
p.77
Tabela 08: Caracterizao dos cursos de Design de Produto da Regio Centro-Oeste.............................................................
p.78
Tabela 09: Caracterizao dos cursos de Design de Produto da Regio Sudeste.....................................................................
p.78
Tabela 10: Caracterizao dos cursos de Design de Produto da Regio Sul.............................................................................
p.79
Tabela 11: Caractersticas gerais dos cursos de Design de Produto analisados.............................................................................
p.82
Tabela 12: Caractersticas da disciplina de Ergonomia ministrada nos cursos de Design de Produto analisados..............................
p.83
Tabela 13: Relao de interdisciplinaridade entre a Ergonomia e as demais disciplinas dos cursos de Design de Produto analisados.............................................................................
p.85
Tabela 14: Levantamento da existncia ou perspectiva de instalao do Laboratrio de Ergonomia nos cursos de Design de Produto analisados................................................................
p.86
Tabela 15: Relao entre as questes analisadas e o nmero de itens das provas de Ergonomia......................................................
p.87
Tabela 16: Classificao das questes analisadas pelas provas de Ergonomia, por processos cognitivos....................................
p.88
Tabela 17: Classificao dos itens das provas de Ergonomia segundo nvel de processo cognitivo...................................................
p.89
Tabela 18: Descrio do contedo programtico de Ergonomia E1, de acordo com os itens e processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.90
Tabela 19: Descrio do contedo programtico de Ergonomia E2,
de acordo com os itens e processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.90
Tabela 20: Descrio do contedo programtico de Ergonomia E3, de acordo com os itens e processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.91
Tabela 21: Descrio do contedo programtico de Ergonomia E4, de acordo com os itens e processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.92
Tabela 22: Descrio do contedo programtico de Ergonomia E5, de acordo com os itens e processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.92
Tabela 23: Transformao dos nveis de desempenho dos alunos da escala (0;1) para a escala (50;15), utilizada pela presente pesquisa................................................................................
p.93
Tabela 24: Nmero de alunos iniciantes e avanados, por Instituio de Design de Produto............................................................
p.98
Tabela 25: Estimativa dos parmetros dos itens..................................... p.101 Tabela 26: Classificao dos itens ncora de acordo com os itens das
provas e grupos de alunos correspondentes........................ p.109
Tabela 27: Classificao dos itens ncora de nvel 20 de desempenho dos alunos, de acordo com os processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.110
Tabela 28: Classificao dos itens ncora de nvel 35 de desempenho dos alunos, de acordo com os processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.110
Tabela 29: Classificao dos itens ncora de nvel 50 de desempenho dos alunos, de acordo com os processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.111
Tabela 30: Classificao dos itens ncora de nvel 65 de desempenho dos alunos, de acordo com os processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.112
Tabela 31: Classificao dos itens ncora de nvel 80 de desempenho dos alunos, de acordo com os processos cognitivos correspondentes....................................................................
p.113
Tabela 32: Desempenho mnimo, mximo e mdio dos alunos iniciantes, pertencentes s Instituies do Paran...............
p.117
Tabela 33: Desempenho mnimo, mximo e mdio dos alunos iniciantes, pertencentes s Instituies de SantaCatarina.................................................................................
p.118
Tabela 34: Desempenho mnimo, mximo e mdio dos alunos avanados, pertencentes s Instituies do Paran.............
p.118
Tabela 35: Desempenho mnimo, mximo e mdio dos alunos avanados, pertencentes s Instituies de Santa Catarina.................................................................................
p.119
Tabela 36: Desempenho, em %, dos alunos iniciantes e avanados com nveis abaixo e acima da mdia (50) da escala de proficincia............................................................................
p.130
LISTA DE SIGLAS E SMBOLOS
SIGLAS
CCI Curva Caracterstica do Item CNI Confederao Nacional da Indstria COMPI Unidade de Competitividade Industrial DINAMEP Direccin Nacional de Mejoramiento Profesional DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados com o Trabalho GQT Gesto pela Qualidade Total IDEC Instituto Defesa do Consumidor INEP Instituito Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INMETRO Instituito Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade IndustrialISO International Standards Organization LER Leses por Esforos Repetitivos MEC Ministrio de Educao e Cultura OCDE Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico OEI Organizao Ibero-americana de Educao OREALC Oficina Regional de Educacin para Amrica Latina y el Caribe PIMA Programa de intercmbio e Mobilidade Acadmica PISA Programa Internacional de Avaliao de Alunos Saeb Sistema Nacional de Avaliao da Educao Bsica SARESP Sistema de Avaliao de Rendimento Escolar do Estado de So
Paulo SAIP School Achievement Indicators Program SEE/SP Secretaria de Estado da Educao de So Paulo SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SIES Sistema de Ingreso a la Educacin Superior SIMCE Sistema de Medicin de la Calidad de la Educacin TRI Teoria da Resposta ao Item UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a
Cultura
SMBOLOS
= valor mdio
= desvio padro
ai = parmetro de discriminao do item i
bi = parmetro de dificuldade, ou de posio do item i
ci = parmetro que representa as respostas acertadas ao acaso de um item i
D = fator de escala, constante e igual a 1.
P = probabilidade de resposta correta
Uijk = varivel dicotmica de valores 1, quando o aluno j da populao k responde corretamente ao item i, ou 0 quando o aluno j da populao k no responde corretamente ao item i
jk = nvel de desempenho do aluno j da populao k
Captulo 1 Introduo
16
1 INTRODUO
A introduo deste trabalho apresenta, atravs de uma breve explorao das
questes relacionadas ao tema em estudo, a delimitao da questo da pesquisa,
que aborda a relao Design-Ergonomia e a anlise das condies de ensino-
aprendizagem de Ergonomia aplicada ao Design, fazendo uso de uma ferramenta
estatstica de anlise de itens a Teoria da Resposta ao Item (TRI), na avaliao do
desempenho em Ergonomia dos alunos dos cursos de Design de Produto.
Ainda so descritas a justificativa do tema proposto e a motivao para seu
desenvolvimento, baseando-se em problemas relacionados inadequao
ergonmica de produtos de uso encontrados no mercado, avaliados a partir do
ensino da disciplina de Ergonomia. Ao final deste captulo so expostas: a
delimitao, hipteses e os objetivos da pesquisa, seguidos da estruturao
proposta para a tese.
1.1 Delimitao da questo da pesquisa
Durante muito tempo os homens tm sabido dominar a criao de objetos. A
concepo de ferramentas de diferentes profisses demonstra a gama de opes
formais derivadas diretamente de aspectos funcionais e de preciso.
A relao homem-mquina vem-se desenvolvendo progressivamente ao longo da
histria da humanidade, com o aparecimento de mquinas cada vez mais
complexas, sendo que somente com a Segunda Guerra Mundial toma-se
conscincia da necessidade de aumentar a eficcia e segurana desta relao.
quando surge a cincia denominada Ergonomia, palavra de origem grega ergo
(trabalho) e nomos (leis, regras), significando estudo das leis do trabalho, definida na
prtica como o conjunto de disciplinas cientficas aplicadas ao homem em atividade
com o objetivo de melhorar as situaes de trabalho.
Desde ento o campo do conhecimento da ergonomia evolui em funo do
desenvolvimento de inmeras experincias e aplicaes prticas realizadas pelo
mundo. Segundo Gomes Filho (2003) os avanos dos estudos ergonmicos esto
ligados em grande parte aos avanos tecnolgicos dos sistemas de produo
Captulo 1 Introduo
17
industrial, ao desenvolvimento de novos materiais e processos manufatureiros, mas
principalmente aos recursos humanos mais preparados. Estas mudanas esto
bastante presentes na rea de Design, ao passo que produtos ganham novas
configuraes, padres de qualidade de uso, desempenho funcional e perceptivo, de
conforto e segurana, em busca da eficcia global.
O produto deve atender s necessidades do indivduo, e conforme afirma
Guillermo (2002), a sociedade industrial adotou o design como forma de
aproximao do produto ao usurio. Deste modo, a Ergonomia se torna uma
ferramenta indispensvel como tecnologia de auxlio metodologia projetual do
Design.
Assim, o papel fundamental da ergonomia garantir satisfao aos usurios,
propiciando facilidade de uso, conforto, segurana e adaptabilidade aos produtos,
que so requisitos ergonmicos utilizados como elementos que acrescentam
qualidade aos produtos, indispensveis ao atendimento das necessidades dos
usurios.
Sabe-se que a ergonomia distingue-se basicamente em ergonomia de
concepo, correo e conscientizao, sendo que a de concepo a mais
indicada durante o processo de design, pois permite definir recomendaes teis e
prvias para a concepo de produtos em desenvolvimento.
Mas no existe frmula de aplicao universal da ergonomia para concepo de
um produto. Conforme Quarante (1992), no decorrer do processo projetual que so
empregados determinados mtodos, sendo alguns clssicos como as medies
fsicas, outros mais recentes como a anlise de mecanismos cognitivos ou o uso da
sociolingstica.
Percebe-se que os conceitos relacionados ergonomia esto cada vez mais
sendo incorporados no processo de design de produtos. Os usurios so vistos
como fatores importantes na avaliao da usabilidade dos produtos, considerados
por Jordan (1998) como componentes cognitivos e fsicos do sistema homem-
produto. Pode-se entender por usabilidade o quo fcil de usar um produto deve ser.
A International Standards Organization (ISO) a define como a efetividade, eficincia
e satisfao com o qual usurios especficos alcanam metas especificadas em
ambientes particulares.
A considerao da usabilidade deve estar presente desde o incio da atividade
projetual, pois sua aplicao implica a utilizao de mtodos e tcnicas da
Captulo 1 Introduo
18
ergonomia e a nfase na comunicao humana com os sistemas tecnolgicos, a
partir da anlise das tarefas e atividades envolvidas na interao com os produtos.
Porm, conforme Moraes e Frisoni (2001), a preocupao com as questes
ergonmicas, de maneira geral, s ocorre no final do ciclo de design, durante a
avaliao do produto j finalizado, tendo como conseqncia que poucas
modificaes so implementadas e quando o so, implicam em custos elevados.
Ainda, de forma freqente, o Design reduz a Ergonomia a simples dados
antropomtricos, fazendo com que o estudo ergonmico se limite ao emprego de
modelos antropomtricos que, em um determinado momento do processo
avaliado. Em concordncia com esta citao de Quarante (1992), seguem outros
autores como Bach (1993), Wilson (2000), Kaminsky (2000), Lima (2000), Teles
(2000), Dias (2000) e Moraes e Frisoni (2001), os quais chegam a um consenso, de
que para melhorar a qualidade de um produto industrial essencial a relao de
interdisciplinaridade desde o momento de sua concepo.
A partir de participaes e publicaes em Congressos Nacionais e
Internacionais na rea de Design e Ergonomia Vergara et al (2003), Vergara e
Batiz (2003), Vergara et al (2003), Lunelli et al (2003), Corra et al (2004), observou-
se o grande nmero de problemas ergonmicos oriundos da inadaptao de
produtos aos usurios, alm das diferentes abordagens e metodologias aplicadas
especificamente para a ergonomia de correo, ou seja, para resolver problemas
existentes em situaes reais. O que retrata a importncia de se discutir entre
profissionais e educadores da rea, conceitos e principalmente a aplicao em
produtos da ergonomia de concepo, visando considerar a ergonomia desde o
incio do processo de desenvolvimento projetual.
Em uma pesquisa desenvolvida em 30 empresas localizadas nos Estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil (1997) analisa as metodologias de
desenvolvimento de produtos aplicadas pelos profissionais da rea de projeto, na
qual conclui que, na prtica, as metodologias so:
pouco conhecidas;
difceis de aplicar;
pouco utilizadas, por resistncia dos profissionais.
Captulo 1 Introduo
19
Para o autor, no se pode desconsiderar que existe um problema de
transferncia de informaes, ou seja, os conhecimentos gerados no chegaram aos
usurios potenciais, devido deficincia dos meios de transmisso, tais como:
cursos de graduao e ps-graduao, cursos promovidos por instituies no
universitrias e bibliografia em geral. Entendendo-se por usurios potenciais, os
profissionais que atuam em atividades ligadas ao processo de desenvolvimento de
produtos, sendo os usurios futuros, alunos de cursos ligados rea de projeto.
Este trabalho pretende avaliar os meios de transmisso de conhecimentos
classificados por Brasil (1997) como usurios futuros, procurando conhecer a
formao acadmica do futuro profissional da rea de Design.
Baseando-se nos fatores apresentados, e considerando que os usurios
potenciais (profissionais atuais) em geral no conhecem as metodologias
projetuais, no sabem utiliz-las, quando tomam conhecimento delas, e no
possuem domnio sobre os meios que as tornam disponveis ao uso, Cobo (1994)
confirma a hiptese de que as dificuldades para incorporao de uma metodologia
de projeto ergonmico esto ligadas formao incompleta que os designers
industriais tm em aspectos de Ergonomia, alm do desconhecimento desta cincia
por parte dos engenheiros.
Portanto, pode-se chegar a concluso de que h deficincias no ensino recebido
durante a graduao, com reflexos na vida profissional, tema explorado no presente
trabalho, atravs do qual foi possvel delimitar a seguinte questo de pesquisa:
Qual o resultado de desempenho dos alunos em termos de aprendizagem de Ergonomia nos cursos de Design de Produto?
E a partir desta questo que a pesquisa se desenvolve, com foco especfico na
avaliao do desempenho em Ergonomia dos alunos de Design, visando a melhoria
da qualidade de ensino-aprendizagem da disciplina de Ergonomia aplicada ao
Design para os alunos futuros designers.
Portanto, para o desenvolvimento deste trabalho, pretende-se analisar o
processo de ensino-aprendizagem em Ergonomia, como disciplina voltada ao Design
de Produto, com o propsito de compreender de que forma so abordados os
conceitos e mtodos da ergonomia utilizados como auxlio concepo de produtos,
Captulo 1 Introduo
20
na busca ao atendimento mnimo dos requisitos de eficincia, conforto e satisfao
aos usurios, contribuindo assim, na melhor formao dos designers.
Neste sentido, tomou-se como referncia os exemplos de iniciativas, tanto no
Brasil como fora do pas, de sistemas de avaliaes educacionais aplicados desde o
ensino bsico ao superior, para acompanhar os resultados de desempenho dos
alunos, tendo como objetivo oferecer indicadores de qualidade das condies de
ensino. Para tanto, so levantadas informaes gerais sobre as Instituies de
Ensino Superior da rea de Design existentes no pas, assim como so comparadas
as particularidades de uma amostra de Instituies selecionadas, no que diz respeito
aplicao dos conceitos ergonmicos atravs das disciplinas de Ergonomia
constantes nos cursos de Design de Produto.
E, baseando-se no fato de que a qualidade na educao, conforme afirma
Estrada (1999), deve construir-se em cada ambiente analisado, dependendo do
momento e do contexto em que est inserido, a pesquisa referente avaliao do
ensino de Ergonomia para o Design utilizou procedimentos de medio, junto aos
cursos de Design de Produto da Regio Sul, para a obteno de:
Medidas Contextuais para identificar as condies em que os alunos estudam, que esto relacionadas ao modelo de Estrada (1999) de
Avaliao da Qualidade do Ensino Superior;
Medidas Cognitivas para captar o que os alunos aprenderam na disciplina de Ergonomia, avaliado a partir da aplicao de uma ferramenta
estatstica a Teoria da Resposta ao Item (TRI).
Em um sistema de avaliao educacional, os resultados de anlise das medidas
cognitivas, obtidos atravs da aplicao do modelo da Teoria da Resposta ao Item
(TRI), permitem aos professores e Instituio, acompanhar a construo do
conhecimento do aluno, desde o incio ao final do processo, diagnosticando os
assuntos de maior dificuldade dos alunos em relao disciplina de Ergonomia,
subsidiando o professor a planejar atividades de ensino mais adequadas
aprendizagem nos cursos de Design de Produto.
Captulo 1 Introduo
21
1.2 Justificativa do tema e motivao
Historicamente, a ergonomia tem se preocupado com a adaptao do design de
produtos e equipamentos s capacidades e limitaes fsicas do homem, tendo
como objetivo principal, influenciar na concepo do design de novos produtos,
garantindo, sobretudo, que seu uso no resulte em dano fsico ao usurio.
Apesar de a ergonomia fazer parte do processo de design, atuando em vrias
fases do desenvolvimento de produtos, inmeras pesquisas apontam a existncia de
produtos lanados no mercado sem a devida preocupao com os aspectos
ergonmicos relacionados. Em uma pesquisa apresentada por Dias (2000), pode-se
constatar que so muitos os casos encontrados na literatura descrevendo a
insatisfao dos clientes (usurios) com os produtos adquiridos, principalmente no
aspecto tocante ergonomia.
Para Wisner (1994), algumas contribuies ergonmicas, mesmo modestas, tm
efeito muito positivo, relatando que basta pensar nos enormes erros dimensionais
na concepo das mquinas e dos produtos, quando o simples conhecimento das
normas antropomtricas bastaria para evitar a maioria deles.
Um clssico exemplo a incompatibilidade existente entre o objeto-cadeira e os
requisitos de adequao ergonmica exigidos pelo corpo humano no ato de sentar-
se. Segundo Soares (2001), durante toda a fase de desenvolvimento fsico do ser
humano, algumas horas dirias so passadas em carteiras escolares, que em sua
maioria so desconfortveis, incompatveis com o desenvolvimento das atividades
da tarefa e causadoras de patologias. A utilizao da cadeira com design apropriado
realizao da tarefa, no caso mobilirio escolar, fundamental para a manuteno
de uma alta produtividade, ou rendimento escolar.
O autor acrescenta ainda que a origem de problemas de inadequao dos
mobilirios s pessoas, no se limita falta de dados antropomtricos brasileiros,
mas conseqente tambm da falcia do homem mdio. O que significa que se
utiliza como referncia no mercado brasileiro uma mesa e uma cadeira, com uma
larga tolerncia, o que se deduz que os projetistas de produtos do pas no
consideram critrios ergonmicos no desenvolvimento de seus projetos.
A utilizao de normas ergonmicas deveria contribuir no processo de
desenvolvimento de produtos, porm conforme cita Iida (1992): muitas normas
esto desatualizadas, possuindo termos genricos e ambguos, com a necessidade
Captulo 1 Introduo
22
de muitas transcries verbais por desenhos ilustrativos. Deve-se levar em conta a
adequao do produto realidade para a qual ser projetado, j que existem
diferentes caractersticas entre populaes, principalmente em produtos destinados
exportao, no que diz respeito aos aspectos antropomtricos, econmicos,
culturais e de legislaes prprias, de influncia no uso desses produtos.
Existe todo um contexto determinante de um ambiente inadequado, como as
condies de trabalho, mobilirio e equipamentos, ambiente fsico e espacial,
organizao do trabalho, mas a no considerao de critrios ergonmicos simples
como a existncia de mobilirios com dimenses inadequadas, falta ou deficincia
de ajustes e flexibilidade, influenciam para o aparecimento de lombalgias, leses por
esforos repetitivos (LER/DORT), como por exemplo as tenossinovites e a fadiga
fsica.
As siglas LER (Leses por Esforos Repetitivos) ou como mais recentemente
classificada DORT (Distrbios Osteomusculares Relacionados com o Trabalho)
constituem-se, segundo Couto (2002), no principal problema de natureza
ergonmica dos tempos atuais em todo o mundo, resultando em dores fortes
associada incapacidade temporria para o trabalho at aposentadoria por
invalidez.
Os motivos que levam a ocorrncia de problemas em muitos equipamentos
utilizados pelo homem, conforme Dias (2000), no se restringem ao uso inapropriado
de tabelas e dimenses, mas falta de gerenciamento ergonmico adequado
durante o processo de desenvolvimento do projeto, que desconsidera os usurios
em potencial e suas caractersticas fisiolgicas e psicolgicas.
A aplicao eficiente destes requisitos pressupe, conforme Sell (1997), a
integrao de dados, informaes e conhecimentos disponveis sobre o homem em
metodologia de projeto, para que sejam usados durante todo o processo de
planejamento e desenvolvimento de produtos.
interessante destacar ainda que segundo pesquisas da Goldstein (2002), o
impacto da ergonomia sobre o design de produto cresceu muito nos ltimos dez
anos. Pode-se atribuir tal crescimento em "design ergonmico" a vrios fatores,
incluindo:
aumento da conscincia pblica sobre o propsito e benefcio do design
ergonmico, e a natureza dos princpios envolvidos;
Captulo 1 Introduo
23
grande crescimento das reas cientficas e aplicadas em ergonomia, assim
como um grande nmero de publicaes na rea;
aumento da conscientizao entre industriais e designers, como tambm o
pblico em geral, da importncia de design centrado no usurio.
Mas, mesmo existindo todo um repertrio de informaes ergonmicas no Brasil
que dizem respeito aos produtos de uso, conforme aponta a pesquisa acima, a
aplicao dos conhecimentos ergonmicos na busca de uma correta adequao
entre usurio-objeto ainda deixa muito a desejar. Gomes Filho (2003) justifica esta
afirmao devido a vrias razes:
falta de conhecimento na rea, j que a insero da disciplina de Ergonomia
nos programas curriculares dos cursos ainda muito recente;
falta de uma maior conscientizao da importncia da ergonomia por parte
dos profissionais da rea e dos educadores das Instituies de Ensino
Superior.
Muitas vezes, como declara Mijksenaar (2001), so os prprios professores que
deixam para segundo plano conhecimentos indispensveis para o desenvolvimento
de um produto. Assim, percebe-se a necessidade de maior conscientizao sobre o
papel da ergonomia, para que se tenha equilbrio entre forma e contedo, com
espao suficiente para a funcionalidade.
Entretanto, atravs de experincias em sala de aula, como professora de
Ergonomia em cursos de Design, pode-se constatar que o problema parte da falta de
interdisciplinaridade entre as disciplinas de Ergonomia e as de Projeto de Produto,
que aplicam a metodologia projetual de forma que, na teoria consideram-se todos os
fatores relevantes concepo de um produto, o que inclui os requisitos
ergonmicos, mas que na prtica, o grau de importncia dado a eles, depende de
vrios fatores, tais como:
tipo de produto a ser desenvolvido;
circunstncias oferecidas (tempo, mtodo)
familiaridade do professor de Projeto de Produto com a rea de Ergonomia.
Captulo 1 Introduo
24
Entre as trs reas do conhecimento, de interface com o Design, de maior
relevncia para a formao do designer, conforme pesquisa aplicada entre docentes
e profissionais por Freitas apud Dias (2004), destacam-se: em primeiro lugar a
Metodologia, Solues de problemas e Criatividade, seguidas pela Ergonomia e
suas relaes de usabilidade, e em terceiro lugar as tcnicas de Representao bi e
tridimensionais. O que ressalta a importncia da disciplina de Ergonomia, por
assumir o carter terico-prtico para a aplicao de tcnicas especficas destes
conhecimentos em exerccios prticos, sendo considerada pela autora como
interdisciplinar em relao disciplina de Projeto de Produto.
1.3 Delimitao da pesquisa Um produto mal projetado em relao s questes ergonmicas, pode ter como
conseqncias: a desaprovao e no aceitao no mercado, at danos fsicos ao
usurio. Assim, a anlise dos motivos pelo qual so fabricados produtos
considerados no ergonmicos envolveria a verificao do processo de design em
todas as fases do ciclo de vida do produto - desde sua concepo, fabricao e
venda, at o seu descarte, o que se tornaria invivel devido a vrios fatores:
a infinidade de tipos de produtos oferecidos no mercado, somados ao nmero
de empresas de um mesmo ramo de atividade;
as especificidades de cada ramo de atividade e de cada empresa (de
pequeno, mdio ou grande porte) em relao ao processo de design;
a dificuldade de acesso s informaes por parte das empresas para a
anlise de seus produtos principalmente na etapa de concepo.
Esta pesquisa pretende concentrar-se em analisar as condies de ensino de
Ergonomia para o curso de Design Industrial, por se tratar da fase inicial de todo
processo a aprendizagem do processo de design desde a Faculdade, para
aplicao a posteriori no Mercado de trabalho.
Busca-se ainda, avaliar a aplicabilidade da ferramenta metodolgica proposta em
apenas uma habilitao Projeto de Produto, para que seja possvel identificar
Captulo 1 Introduo
25
particularidades da rea em estudo, garantindo a fidelidade dos resultados
encontrados.
importante destacar que so analisadas Instituies na rea de Design em
nvel nacional, apenas na primeira etapa da pesquisa, concentrando-se na segunda
etapa, avaliao da estruturao de cursos de Design de Produto nas Regies
Sudeste e Sul, por compreender a maioria cerca de 82% dos cursos do pas. Na
terceira etapa, avaliado o ensino de Ergonomia em cursos de Design distribudos
na Regio Sul exclusivamente, por maior acessibilidade coleta das informaes e
aplicao do modelo proposto para esta tese.
1.4 Hipteses da pesquisa
A hiptese da presente pesquisa a de que h deficincias de ensino-
aprendizagem da disciplina de Ergonomia ministrada nos cursos de Design de
Produto. Sendo assim, pressupe-se que atravs da avaliao do desempenho dos
alunos em Ergonomia, possvel propor melhorias na qualidade do ensino-
aprendizagem, que possam vir a contribuir para a melhor aplicao dos conceitos
ergonmicos durante o processo de desenvolvimento de produtos industriais, pelos
alunos futuros profissionais.
Acredita-se ainda que a aplicao da ferramenta estatstica Teoria da Resposta
ao Item (TRI), de fundamental contribuio na anlise das condies de ensino
das Instituies de Ensino Superior, considerando que a partir da avaliao do
desempenho de alunos em diferentes etapas do processo de ensino-aprendizagem,
seja possvel identificar aspectos significativos, tanto positivos como negativos, que
conduza a uma melhor estruturao dos currculos dos cursos de Design de
Produto.
1.5 Objetivos
Pretende-se avaliar o desempenho de alunos de Design em Ergonomia, com o
objetivo de propor modificaes no processo de ensino-aprendizagem, que possam
Captulo 1 Introduo
26
vir a contribuir para a melhor aplicao dos conceitos ergonmicos em projetos de
produto. Para tanto, define-se como objetivos especficos:
Levantar informaes relacionadas caracterizao e estruturao
curricular dos cursos de Design, especificamente no que diz respeito ao
processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Ergonomia constante nos
currculos dos cursos de Design de Produto;
Identificar, entre as Instituies de Ensino Superior na rea de Design
pesquisadas, condies gerais de ensino que influenciam a qualidade de
ensino-aprendizagem em Ergonomia;
Avaliar o desempenho de alunos em Ergonomia, classificados em dois
grupos (iniciantes e avanados), atravs da aplicao da Teoria da Resposta
ao Item (TRI);
Oferecer dados e indicadores que possibilitem maior compreenso dos
fatores que influenciam o desempenho dos alunos, relacionado disciplina de
Ergonomia;
Proporcionar aos cursos de Design, uma viso clara e concreta das
formas de abordagem do contedo da disciplina de Ergonomia, consideradas
essenciais ao ensino-aprendizagem de ergonomia aplicada ao
desenvolvimento de produtos industriais.
1.6 Estruturao da tese
A estruturao da presente tese de doutorado apresentada a seguir, conforme
descrio de cada captulo.
No Captulo 1, de Introduo, so apresentadas a delimitao da questo da
pesquisa, considerando a relao Design-Ergonomia e as condies de ensino-
aprendizagem da disciplina de Ergonomia para o curso de Design, assim como so
descritas as justificativas e delimitao do tema proposto. So traadas ainda as
Captulo 1 Introduo
27
hipteses da pesquisa, os objetivos geral e especficos, e a estruturao propostas
para este trabalho.
A Reviso Bibliogrfica abordada no Captulo 2, atravs de duas partes: a
primeira Relao Design-Ergonomia, apresenta questes relacionadas
conceituao, metodologias e problemas ergonmicos em produtos; e a segunda
parte Avaliao Educacional, apresenta os sistemas de avaliao educacional
existentes em nvel nacional e internacional, assim como as ferramentas de anlise
utilizadas, com exemplos de aplicaes na rea da educao, com foco na
fundamentao da ferramenta estatstica Teoria da Resposta ao Item (TRI),
utilizada para a avaliao do desempenho de alunos de Ergonomia nos cursos de
Design, tema da presente pesquisa.
O Captulo 3 descreve a Metodologia e aplicao do modelo proposto para a
tese, atravs da identificao da populao de amostra e do instrumento de
medio, que se divide em trs etapas de coleta de dados, quais sejam:
Caracterizao dos cursos de Design do pas, Estruturao curricular dos cursos de
Design de Produto, e Identificao do desempenho em Ergonomia dos alunos de
Design, atravs da aplicao da TRI.
A anlise dos resultados da pesquisa, realizada entre as Instituies de Ensino
Superior na rea de Design de Produto, encontra-se no Captulo 4, atravs da
avaliao do nvel de desempenho dos alunos em Ergonomia, alm da relao entre
as condies de ensino dos cursos de Design e o desempenho em Ergonomia, para
a interpretao do contedo programtico de Ergonomia e anlise da caracterizao
dos cursos de Design de Produto, na busca de uma melhor estruturao curricular
do curso, no que se refere aprendizagem dos conceitos ergonmicos para o
desenvolvimento de produtos.
E, no Captulo 5 so apresentadas as consideraes finais, as concluses da
presente tese de doutorado e as sugestes para o desenvolvimento de futuros
trabalhos.
Captulo 2 Reviso de Literatura
28
2 REVISO DE LITERATURA
A fundamentao terica relacionada aos temas de maior relevncia deste
trabalho abordada neste captulo, que se divide em duas partes: a Relao
Design-Ergonomia e a Avaliao Educacional. O desdobramento da questo da
pesquisa, destacando os problemas ergonmicos em produtos apresentado na
primeira parte, que aborda ainda a conceituao de Ergonomia e Design, a relao
existente entre as reas, assim como as metodologias aplicadas, a fim de ressaltar o
papel fundamental da ergonomia no processo de desenvolvimento de produtos
industriais, como tecnologia de auxlio metodologia projetual do Design.
E como foco principal da pesquisa, a reviso bibliogrfica apresenta as formas de
abordagem da Ergonomia enquanto disciplina do curso de Design, o que
compreende o ensino da Ergonomia at a avaliao do processo de ensino-
aprendizagem atravs do levantamento dos sistemas educacionais mais utilizados e
suas aplicaes, os quais compem a segunda parte, juntamente com os conceitos
e mtodos de aplicao da Teoria da Resposta ao Item (TRI), ferramenta estatstica
utilizada para a avaliao do desempenho em Ergonomia de alunos de cursos de
Design de Produto, selecionados para o presente estudo.
PARTE 1: RELAO DESIGN ERGONOMIA
Durante a era da indstria
a funcionalidade era o ponto determinante;
hoje em dia, na era da informao
a funo simplesmente se pressupe .
Gnter Horntrich
2.1 Desdobramento da questo da pesquisa
A partir da citao de Horntrich, acima, Brdek (1999) sugere que os problemas
relacionados ao design de produtos em um processo projetual no se restringem
unicamente anlise da forma, mas cada vez mais se d importncia criao e
Captulo 2 Reviso de Literatura
29
incorporao do contexto ao projeto, de forma interpretativa. Podendo-se entender
por contexto, no apenas as exigncias prticas que o designer deve levar em
considerao na hora de projetar, mas todas as condicionantes scio-culturais
determinantes para o projeto.
Em adaptao famosa frase de Louis Sullivan de 1896 a forma segue a
funo, Mijksenaar (2001) afirma que a funo pode adotar qualquer forma,
levando em considerao que as discusses sobre os conceitos funcionalistas e
estticos no so nada recentes, assim como a emoo e as necessidades sociais e
culturais tambm contribuem na determinao da funo.
Segundo informaes fornecidas pela Confederao Nacional da Indstria (CNI),
juntamente com a Unidade de Competitividade Industrial (COMPI), SENAI/DR-RJ e
Bahiana (1998), em um mercado cada vez mais aberto e integrado, a rea de
Design deixou de ser uma questo de esttica, se tornando questo estratgica de
promoo da competitividade entre as empresas, devido a sua importncia como
fator de diferenciao e agregao de valor aos produtos, alm da qualidade e
preo. Pode-se citar como exemplo a garrafa de Coca-Cola, projetada em 1915,
assumindo uma caracterstica inovadora para poca: diferente, bonita, confortvel de
segurar; sendo que at hoje apresenta uma forma inconfundvel.
Em face da globalizao dos mercados, o design torna-se imprescindvel na
busca de produtos de boa qualidade a preos competitivos, visto que quanto maior a
demanda, maior a exigncia dos consumidores, que possuem como aliados rgos
reguladores e fiscalizadores, como o Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao
e Qualidade Industrial (INMETRO) e o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC).
E para satisfazer os desejos e necessidades dos usurios, a ergonomia aplicada
concepo dos produtos estabelece papel fundamental, na busca de formas
inovadoras que proporcionem maior conforto, reduo de pesos, melhoria no
manuseio, na aplicao de novos materiais, tecnologias e facilidade de uso, entre
outros. (CNI et al, 1998)
O projeto ergonmico de produtos, conforme Cobo (1994), tem influncia sobre o
grau de usabilidade do produto, sendo percebido pelo usurio de diversas formas
que dependem principalmente, da complexidade das funes oferecidas e do tipo de
interao entre a pessoa e o produto.
Conceitualmente, a usabilidade trata da adequao entre o produto e as tarefas a
cujo desempenho ele se destina, da adequao com o usurio que o utilizar, e ao
Captulo 2 Reviso de Literatura
30
contexto em que ser usado. Conforme Moraes e Frisoni (2001), o termo usabilidade
utilizado de vrias maneiras: amigabilidade, projetado ergonomicamente, design
centrado no usurio, desenvolvimento orientado para o consumidor, mas apesar de
se conhecer seu significado, fica difcil conseguir uma definio consensual e
coerente que possibilite propor recomendaes sobre como fazer coisas mais
usveis.
Para que uma tarefa possa ser realizada com um grau razovel de eficincia e
dentro de nveis aceitveis de conforto, o produto deve ser ajustado ao usurio.
Segundo Jordan (1998): as pessoas so mais que processadores meramente
fsicos e cognitivos. Elas tm esperanas, medos, sonhos, valores e aspiraes, que
so as mesmas coisas que nos fazem seres humanos.
E dentro deste novo contexto, que em sentido amplo pode ser classificado como
Design de Interface, o processo de design requer novas estratgias de projeto,
onde se planeja em primeiro lugar as perguntas, ou seja, identifica-se como, por
quem, em que contexto, etc., o produto ser utilizado. A Figura 01 abaixo apresenta
um grfico comparativo entre estratgias de Design tradicional e Design de interface,
que passa a considerar desde a forma exterior at os entornos especficos do
usurio, segundo conceitos de Brdek (1999).
Captulo 2 Reviso de Literatura
31
Figura 01: Comparao entre estratgias de Design tradicional e Design de interface.
Fonte: Adaptado de Brdek (1999)
Segundo Goldstein (2002), atualmente os princpios ergonmicos denominados
design centrado no usurio, ou design de interface conforme exposto acima,
esto sendo empregados atravs de tecnologias para desenvolver sistemas de
computao, visando otimizar a produtividade e o conforto do usurio. Esta
preocupao com o design de novas tecnologias enfatiza o principal papel da
ergonomia de ter a utilidade e conforto como fatores determinantes do xito de um
design moderno.
Para o Centro Portugus de Design (1997), o design precisa ter seu lugar no
processo de desenvolvimento de novos produtos, sendo necessria a colaborao
de outros especialistas, dentro de uma viso de gesto de design em uma empresa.
Helander (1997) acredita que sendo a Ergonomia uma cincia aplicada ao
Design, necessria a colaborao de ergonomistas na proposio de medidas, o
que requer um aumento de interao com outras reas para resolver problemas
atravs da interdisciplinaridade. Mas normalmente os profissionais da rea de
projeto, segundo Cobo (1994), mostram-se relutantes em adquirir e incorporar no
projeto novas informaes, como a metodologia de projeto ergonmico, o que
dificulta o trabalho interdisciplinar.
Como resultado de uma pesquisa sobre o ensino do Design, Dias (2004) aponta
o importante papel da interdisciplinaridade na produo e construo dos projetos
FUNES TCNICAS
CONCEPO FORMAL
DESENVOLVIMENTO
PRODUTO
DESIGN TRADICIONAL
FUNES TCNICAS
DESIGN DE INTERFACE
DESENVOLVIMENTO CONCEPO FORMAL
PRODUTO
DESIGN DE INTERFACE
Captulo 2 Reviso de Literatura
32
educacionais voltados para a rea do Design, devido aos problemas verificados na
prtica tradicional da disciplina de Projeto em Design, enfatizando as inter-relaes
disciplinares encontradas, na qual a Ergonomia se encontra entre as trs reas de
maior relevncia para o Design, conforme citado anteriormente.
2.1.1 Problemas ergonmicos em produtos
Existem diversas formas de abordagem da ergonomia durante o processo de
design, que so utilizadas conforme processo metodolgico aplicado por cada
empresa ou grupo de profissionais envolvidos com desenvolvimento de produtos
industriais. A seguir so apresentados problemas ergonmicos em produtos,
apontados por pesquisadores da rea, relacionados s metodologias de aplicao
da ergonomia durante o processo de design.
Como resultado de vrias pesquisas, Campbell (1996) apresenta, em sntese, os
possveis motivos da no utilizao pelos designers de um guia ergonmico como
auxlio ao processo de design:
existncia de metodologias inadequadas;
dificuldade de aplicao e interpretao imediata dos dados ergonmicos;
escassez de informaes da rea, alm de pouco interesse em obt-las;
dificuldades em transformar os resultados das pesquisas ergonmicas em
informaes aplicveis para o Design.
O que quer dizer que os guias ergonmicos existentes, quando aplicveis ao
processo de design, so difceis de usar e de serem compreendidos pelos designers.
Helander (1999) destaca sete razes para a no implementao da ergonomia
em um processo de design, resgatados atravs de comentrios de leigos na rea,
como forma de criticar a pouca importncia dada aos conceitos bsicos da
Ergonomia, conforme exposto a seguir:
1. Ergonomia especfica para o design de cadeiras;
2. Ergonomia apenas uma questo de bom senso;
3. As pesquisas em Ergonomia so muito abstratas para serem usadas;
Captulo 2 Reviso de Literatura
33
4. As pessoas so adaptveis, portanto a Ergonomia no necessria;
5. As informaes de livros da rea no podem ser utilizadas para o Design;
6. Laboratrios e experimentos em campo so demorados e muito caros;
7. No Design, considera-se primeiro as tecnologias, depois as questes
ergonmicas.
2.2 Design e Ergonomia Conceituao
A Ergonomia surge no mbito industrial, aps a dcada de 50, como um fator de
grande importncia em todas as fases do processo de design, j que o produto
resultante est inteiramente relacionado ao homem e seu trabalho, seja como
usurio (cliente), operador (trabalhador) ou fabricante do produto. (Kaminsky, 2000)
Segundo Larica (2003), desde que a Ergonomia se estabeleceu como cincia,
tem se preocupado com o homem em seu trabalho, ocupando-se primeiramente do
trabalho em ambientes de fbricas e escritrios, passando para o design de
mquinas, equipamentos, instrumentos e dispositivos afins.
O conceito de Design compreende a concretizao de uma idia em forma de
projetos ou modelos que tem por finalidade a resoluo de problemas resultantes
das necessidades humanas. Tambm pode ser definido como uma ferramenta
responsvel pela melhoria do padro de qualidade dos objetos em geral, que
possibilita a concepo, inovao, desenvolvimento tecnolgico e elaborao de
objetos que, conforme Gomes Filho (2003), dentro de um enfoque sistmico
possvel integrar, reunir e harmonizar diversos fatores relativos sua metodologia
projetual.
J Design Industrial refere-se ao projeto de artefatos produzidos em volume por
processos industriais. Lbach (2001) o classifica como um processo de adaptao
dos produtos de uso, fabricados industrialmente, s necessidades fsicas e psquicas
dos usurios. Para Lindbeck (1995), representa o processo pelo qual uma
necessidade transformada em realidade. Mas, em qualquer que seja a definio, a
atividade do designer implica gerar solues aos problemas de ordem visual e
esttica. E, para que se possa dar solues de projeto, preciso analisar os
problemas durante as fases do processo de design, conforme demonstrado a seguir.
Captulo 2 Reviso de Literatura
34
Em um processo de design, primeiramente deve-se considerar as necessidades
do usurio, levantando os aspectos funcionais, materiais e visuais relacionados ao
problema (Back, 1983). Na anlise, a identificao do problema o primeiro passo,
seguido do levantamento de informaes sobre o contedo e qualidade de
concepo do produto para o fornecimento de solues alternativas. O objetivo a
seleo da melhor soluo de projeto. Para tanto, necessrio utilizar princpios
cientficos, informaes tcnicas, criatividade, mxima economia e eficincia. Ainda
so considerados elementos fundamentais, aspectos relacionados com o custo, a
esttica e a interface com o homem e o ambiente conceitos bsicos da ergonomia.
Se considerarmos o Design Industrial como um processo de comunicao, entre
o designer, o empresrio e o produto, podemos dizer que a partir do processo de
design que se representa a idia da satisfao de uma necessidade na forma de um
produto industrial.
Basicamente, conforme citado anteriormente, o estudo ergonmico se torna
necessrio em trs situaes que se distribuem em diferentes etapas do
desenvolvimento projetual: a ergonomia de concepo que ocorre durante a fase
inicial do processo de desenvolvimento de produtos, a ergonomia de correo
aplicada em situaes reais para resolver problemas existentes, e a ergonomia de
conscientizao utilizada quando os problemas no foram totalmente solucionados
nas fases anteriores, ou para reforar conceitos, tais como fatores de risco
envolvidos.
Para a rea de Design, a ergonomia aparece como apoio ao processo de design.
Segundo Pedroso (1998), boas qualidades ergonmicas so alcanadas quando
introduzidas desde o incio do processo do projeto de produto. Sendo assim, em um
processo de design a abordagem est voltada para a ergonomia de concepo, o
que indica que em cada etapa de vida do produto existe uma relao com o homem,
desde a fabricao at o seu descarte, ou seja, a ergonomia est presente em todo
o ciclo de vida do produto.
E para que o produto seja bem aceito no mercado, conforme Kaminsky (2000),
ele deve possuir qualidades classificadas como: tcnicas, ergonmicas e estticas.
A qualidade tcnica diz respeito eficincia com que o produto realizar a funo
que lhe foi destinado e a esttica tem por finalidade atrair o consumidor, a partir de
um produto que apresente formas, cores, texturas agradveis. J a qualidade
Captulo 2 Reviso de Literatura
35
ergonmica refere-se a vrios aspectos relacionados ao ciclo de vida do produto,
tais como:
fcil fabricao e montagem;
fcil manuseio;
boa adaptao s medidas antropomtricas;
fcil manuteno;
eficientes dispositivos de informao;
ndices de rudo, vibrao, luminosidades adequados;
funcionamento que no permita leses corporais, emisso de substncias
prejudiciais ou qualquer ato que venha a afetar o usurio fisicamente.
O uso dos conhecimentos da Ergonomia atrelados metodologia do Design,
segundo Gomes Filho (2003), encontra-se hoje no Brasil mais difundido e com
exemplos de aplicao em vrias reas ligadas organizao e racionalizao do
trabalho, segurana, preveno de acidentes de trabalho, nas pesquisas
antropomtricas, na Psicologia e Medicina do trabalho, no avano da Engenharia
cognitiva, entre outras.
Para Cmara e Vaz (2003), a Ergonomia aliada ao Design torna-se uma
ferramenta eficaz na deteco e soluo de problemas relacionados ao trabalho. A
no considerao da atividade real do trabalhador na concepo de um produto
constitui-se em um grave problema, alm de caracterizar-se como um desrespeito
sade e satisfao dos trabalhadores.
A partir do exposto, pode-se concluir que em nenhum processo de design, por
menor que aparente ser o problema, deve-se desconsiderar o suporte da anlise
ergonmica. O que retrata a colocao de que, conforme citado por Lengert apud
Brdek (1999):
O designer do futuro projeta sistemas, no objetos.
Cria entornos para o usurio, no aparatos.
Desenha um servio efetivo, no uma cosmtica superficial.
Integra todas as funes de um sistema em um conceito global.
Lengert
Captulo 2 Reviso de Literatura
36
2.3 Design e Ergonomia Metodologias
Os objetivos prticos da ergonomia so proporcionar segurana, satisfao e
bem-estar aos trabalhadores e clientes, na relao existente com processos
produtivos e com os produtos propriamente ditos (Kaminsky, 2000). Tais objetivos j
fazem parte do processo de desenvolvimento de produtos, sendo que a ergonomia
por se tratar de uma cincia centrada no homem, prope diversas metodologias de
abordagem para a soluo de tudo o que diz respeito ao homem e o ambiente ao
seu redor.
Existe uma srie de pesquisas desenvolvidas com o propsito de analisar a
incorporao dos aspectos ergonmicos no processo de desenvolvimento de
produtos em empresas, dentre elas: Cobo (1994), Brasil (1997), Besora (1998),
Bruseberg e McDonagh-Philp (2002), Pedroso (1998), Dias (2000). Enquanto
algumas abordam a questo metodolgica, outras se concentram na avaliao do
profissional da rea de projeto, mas em geral todas tm a mesma inteno, a de
demonstrar a importncia de se aplicar a ergonomia durante o processo de
desenvolvimento de produtos.
No passado, poucas pesquisas foram realizadas sobre metodologias e
procedimentos associados ao desenvolvimento de um instrumento-guia relacionando
Design e Ergonomia. Somente durante a ltima dcada que critrios de avaliao
ergonmica passaram a serem considerados como requisitos bsicos do processo
de design.
Basicamente, na aplicao da ergonomia concepo de produtos, as
metodologias de anlise ergonmica e de processo de design so bastante
semelhantes, visto que em ambas a principal etapa a de anlise da situao ou
anlise do problema, tendo como meta melhorar as relaes homem-mquina e
usurio-produto.
Para que se possa visualizar e compreender os elementos de inter-relao entre
Ergonomia e Design, a Figura 02 definida por Quarante (1992), apresenta a
comparao entre as duas reas durante o processo metodolgico para uma
ergonomia de concepo, destacando a fase de transio das informaes.
Captulo 2 Reviso de Literatura
37
RELAOERGONOMIA DESIGN
DEFINIO DO PROBLEMA
MAQUETE ERGONMICA PROTTIPO / MODELO
DESENVOLVIMENTO
ANLISE DA DEMANDA
LEVANTAMENTO DE INFORMAES
ANLISE DAS ATIVIDADES DIAGNSTICO
RECOMENDAES ERGONMICAS
CONCEPO
FASE DE TRANSIO ERGONOMIA DESIGN
VALIDAO VERIFICAO
Figura 02: Processo metodolgico de Design e Ergonomia, para a ergonomia de concepo. Fonte: Adaptado de Quarante (1992)
2.3.1 Metodologias ergonmicas para o Design
A partir da experincia na rea de ensino de Ergonomia para os designers,
pesquisadores apresentam propostas de metodologias ergonmicas desenvolvidas
especificamente para a aplicao em produtos, durante o processo de design,
expostas na seqncia.
Baseado no reflexo da complexa interao da ergonomia com as novas
tecnologias e os ambientes construdos, Wilson (2000) apresenta uma nova
abordagem da Ergonomia, na qual aponta a importncia da unio da teoria e prtica
ergonmica. Para o autor, deve-se estudar as interaes de um sistema no apenas
para projetar produtos adequados ao usurio, mas para compreender as mltiplas
interaes deste sistema com as influncias do homem, dentro do contexto cultural e
social em que est inserido, o que s seria possvel atravs da aplicao da
ergonomia na prtica.
Captulo 2 Reviso de Literatura
38
Cmara e Vaz (2003) propem uma metodologia que aborda a Ergonomia como
disciplina til, prtica e aplicada, com o objetivo de elucidar aos estudantes de
Design a importncia do conhecimento e da aplicao prtica dos conceitos desta
disciplina, com a inteno de aproximar os futuros profissionais a situaes reais,
vivenciando possibilidades de interfaces dos contedos estudados e a aplicao
direta no mercado. Em uma pesquisa realizada pelos autores, em instituies de
Design de Produto de diversos pases, observou-se como abordada a questo da
interface Design-Ergonomia, conforme descrito abaixo.
Algumas Instituies de Design oferecem Ergonomia dentro do quadro de
disciplinas bsicas, dando alta nfase a antropometria aplicada, como o caso do
Instituto Europeu de Design, disponibilizada no quarto perodo do curso de
graduao e o Royal College of Arts, em Londres, que inclui a Ergonomia j no
primeiro perodo do curso. No Canad se pode observar algumas diferenas entre
Instituies. Por exemplo, na cole de Design Industriel da Universit de Montreal, a
Ergonomia se divide em duas disciplinas opcionais, intituladas Usurios, percepo
e cognio e Sade, segurana e design industrial, j no Pratt Institute a disciplina
oferecida tanto na graduao como na ps-graduao, com enfoque nos fatores
humanos.
Em Paris, a disciplina Ergonomia abordada em nvel de ps-graduao na
cole Superiure dArts et Mtiers, dando maior nfase a situaes do trabalho. E
no Brasil, a Ergonomia faz parte da grade curricular da maioria dos cursos de
graduao em Design Industrial, com nfase e disponibilidades bastante distintas,
definidas segundo critrios estabelecidos por cada Instituio de Ensino.
Com o objetivo de propor uma metodologia eficaz, coerente e til para os
estudantes e profissionais de projeto como auxlio metodologia projetual do
Design, Gomes Filho (2003) concebeu o sistema tcnico de leitura ergonmica do
objeto, composto pelos itens: fatores ergonmicos bsicos (requisitos de projeto,
aes de manejo e de percepo), signos visuais e cdigos visuais, definindo como
requisitos do projeto, as qualidades desejadas para a materializao de um produto
final, abrangendo sua concepo, as fases de desenvolvimento do projeto at a sua
fabricao.
J Cerqueira (1993), baseando-se na premissa de que a metodologia surge da
necessidade de criar-se nexos entre conhecimentos prticos e cientficos, para
resolver uma situao problema, prope a interdisciplinaridade entre as disciplinas
Captulo 2 Reviso de Literatura
39
de prtica projetual do curso de Design Industrial, envolvendo aulas tericas e
explorao em campo, com o intuito de relacionar teoria e prtica como auxlio para
o desenvolvimento do processo projetual.
2.4 Ensino de Ergonomia para o Design
A interface Design-Ergonomia torna-se imprescindvel no desenvolvimento de
produtos, para que se possa garantir conforto e segurana ao usurio, visto que a
Ergonomia busca sempre o benefcio do homem e o Design, ligado aos aspectos
tcnicos, visam qualidade do produto para um mercado e cliente cada vez mais
exigentes.
Considerando que o design tem a ver com a relao entre o usurio e o produto,
Brdek (1999) define um conceito de linguagem do produto segundo relao
homem-objeto. Atravs desta teoria de linguagem, o design de um produto
determinado mediante trs funes bsicas: funo prtica (indicativa), funo
simblica (contexto histrico-social) e funo esttica (esttico-formal).
Para aplicao destas funes, o autor indica a utilizao de princpios cientficos
filosficos definidos por Siegfried Maser, em 1972, caractersticos da teoria do
design: finalidade, objeto e mtodo. A finalidade refere-se ao desenvolvimento de
uma linguagem especfica do design, ou seja, formulao de conceitos e propostas
vlidas universalmente. O objeto seria o elemento nas quais se definem as questes
de forma e significado, relacionadas com a idia de linguagem do produto, enquanto
que o mtodo seria a linguagem comunicativa do produto, descrito atravs das trs
funes do produto expostas acima.
Convencido de que as falhas de produo ou de uso dos produtos no so
atribudas incapacidade humana, e sim a um design insuficiente, Norman apud
Brdek (1999) prope algumas dicas teis para se aplicar em um processo de
design, conforme seqncia apresentada a seguir:
evidenciar as alternativas de uso que o produto oferece;
propor um modelo conceitual coerente com a descrio do procedimento de
uso do produto;
Captulo 2 Reviso de Literatura
40
garantir uma boa manipulao do produto, atravs da definio das relaes
entre os dispositivos de manejos e o resultados e efeitos almejados;
obter um feedback satisfatrio, fazendo com que o usurio possa receber
informaes contnuas e completas dos resultados de suas aes.
Tais dicas demonstram a importncia dada s funes prticas ou indicativas, no
papel de acentuar o valor de uso dos produtos para o usurio (cliente).
A Ergonomia como disciplina voltada ao Design tem como caracterstica principal,
a capacidade de proporcionar a compreenso inter e multidisciplinar de qualquer
sistema de interao homemtecnologia, para a aplicao na concepo de
produtos. Em um Processo de Design, pode-se perceber a contribuio da
ergonomia em dois momentos: na compreenso das interaes entre o produto a ser
projetado e o usurio, e na concepo e desenvolvimento do produto, buscando a
maximizao das capacidades e minimizao das limitaes, satisfazendo da melhor
forma possvel, as necessidades e desejos do usurio.
E para que a interao Design-Ergonomia se efetue adequadamente durante o
desenvolvimento do projeto, Quarante (1992) ressalta a necessidade de se
estabelecer previamente um planejamento, permitindo que as informaes e
diretrizes se transmitam em tempo oportuno, fazendo com que os dados
ergonmicos se constituam em recomendaes e estudos prvios indispensveis
para dar forma correta a solues corretas.
Existe uma grande diferena entre a teoria de metodologia de projeto ergonmico
e a prtica de desenvolvimento de projeto, conforme observa Cobo (1994). O projeto
a atividade central do curso de Design, sendo que seu ensino deve ser conduzido
de forma interdisciplinar e integrado. Este foco participativo na atividade projetual
apresentado por Abramovitz (1993), e implica que se defina o produto como um
sistema homem-tarefa-mquina que tem uma meta a desempenhar, atravs da
implementao de requisitos e do desempenho de funes que se relacionam,
atravs de interfaces com outras reas, como a Ergonomia; Engenharias
Mecnica, de Produo e de Produto; Tecnologia dos Materiais; Esttica; Arquitetura
e Ecologia.
Bruseberg e McDonagh-Philp (2002) afirmam que o conhecimento das
necessidades e desejos dos usurios so essenciais durante o processo de design,
sendo que o levantamento de tais informaes deve ser discutido de maneira
Captulo 2 Reviso de Literatura
41
interdisciplinar, o que inclui profissionais da rea de design e ergonomia. Baxter
(1998) acrescenta que a atividade de desenvolvimento de um novo produto no
simples e nem direta, pois requer pesquisa, planejamento, controle e principalmente
o uso de mtodos sistemticos, o que exige uma abordagem interdisciplinar.
A Interdisciplinaridade deve ser entendida como uma forma de conscientizao e
no apenas uma atitude diante da vida. Conforme Fontoura (2002), sua discusso
envolve todas as reas do conhecimento, incluindo as produtoras de saber por
excelncia e aquelas que aplicam esses saberes, como o Design, por constituir-se
em uma atividade humana que produz e aplica saberes.
As estruturas metodolgicas utilizadas em projetos de design prevem, conforme
Oliveira (2000), estudos sobre o usurio, suas especificidades fsicas e psquicas,
carter social e cultural, alm das relaes com os produtos, analisando as
tipologias de uso e os processos de comunicao. Estes aspectos devem ser
considerados no currculo dos cursos de Design de Produto, incluindo as formas
especficas de abordagem da Ergonomia, alm de peculiaridades de cada segmento
ou empresa.
PARTE 2: AVALIAO EDUCACIONAL
Seus bons sentimentos, o que significam,
se no aparecem?
E seu saber, de que adianta,
se fica sem conseqncias?
Bertolt Brecht
2.5 Sistemas de avaliao educacional
Atualmente, com o avano tecnolgico e a conseqente facilidade de acesso s
informaes, percebe-se a necessidade de uma reflexo sobre as prticas
educacionais e sobre os modelos que as fundamentam. o que demonstra Gurin
et al (2001), a partir da citao de Brecht acima.
O papel essencial da educao o de conferir a todos os seres humanos a
liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginao de que
Captulo 2 Reviso de Literatura
42
necessitam para desenvolver seus talentos e permanecerem, tanto quanto possvel,
donos do seu prprio destino. Conforme relatrio da UNESCO sobre os quatro
pilares da educao apresentado por Borges et al (2001), deve-se organizar a
educao em torno de quatro aprendizagens fundamentais que constituiro os
pilares do conhecimento adquiridos por cada indivduo durante toda a vida, quais
sejam:
1. Aprender a conhecer adquirir os instrumentos da compreenso; 2. Aprender a fazer para poder agir sobre o meio envolvente; 3. Aprender a viver junto a fim de participar e cooperar com os outros; 4. Aprender a ser via essencial que integra as trs precedentes.
A Comisso Internacional sobre Educao para o Sculo XXI acredita que cada
um dos quatro pilares do conhecimento deva ser objeto de ateno igual por parte
do ensino estruturado, a fim de que a educao aparea como uma experincia
global a levar durante toda a vida, no plano cognitivo como no prtico, para o
indivduo enquanto pessoa e membro da sociedade. Esta perspectiva demostrada
por Borges et al (2001), deve inspirar e orientar as reformas educativas tanto em
nvel da elaborao de programas como no desenvolvimento de novas polticas
pedaggicas.
Segundo Silva (2002), a aprendizagem na prtica convencional escolar se
concretiza de acordo com as teorias e as tendncias pedaggicas, baseadas em
elementos psicossociopolticos que configuram concepes, inteligncia e
conhecimento do homem e da sociedade. Estes elementos influenciam e orientam a
didtica utilizada a partir de diferentes pressupostos sobre o papel da escola, a
aprendizagem, as relaes professor-aluno, os recursos de ensino, as estratgias e
o mtodo pedaggico.
Um dos grandes desafios da educao sem dvidas, conforme afirma Estrada
(1999), a qualidade dos sistemas educacionais. E como os sistemas educativos
formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento em detrimento de outras
formas de aprendizagem, o importante conceber a educao como um todo.
Por qualidade pode-se entender de forma genrica, a adaptao ao uso,
conforme definio de Juran, ou o princpio de ao realizada a partir da
congruncia entre uma oferta e uma demanda percebida. Agora, a qualidade na
Captulo 2 Reviso de Literatura
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educao, para Estrada (1999), por estar histrica e culturalmente especificada de
acordo com o contexto apresentado, deve construir-se em cada espao ou ambiente
analisado.
Para Gonalves e Fidelis (1998), a qualidade deve ser definida segundo a
percepo do cliente. Assim, o cliente a pessoa mais adequada para definir a
qualidade de um produto ou servio que ele utiliza. J a qualidade na educao tem
o propsito de obter melhorias sobre este produto ou servio adquirido, atravs da
avaliao, que se define como ferramenta metodolgica responsvel pelo juzo
crtico e propostas para tais melhorias.
E para validar modelos de estrutura curricular ou de avaliao que sejam
compatveis com os propsitos e caractersticas dos contextos, e da populao
considerada, a Organizao Ibero-americana de Educao (OEI, 2002b) destaca a
importncia de se gerar, sistematizar, avaliar e socializar inovaes de qualidade
que respondam s necessidades e desenvolvimento humano e social. Portanto, o
alcance da qualidade na educao implicaria em um processo sistemtico e
contnuo de melhoria sobre todos e cada um de seus elementos, o que requer
necessariamente uma avaliao.
Para Silva (2002), o aspecto avaliao possui o mesmo grau de importncia em
qualquer sistema educativo, sendo realizada em diversos momentos do processo
ensino-aprendizagem, seja nas modalidades diagnstica, de controle ou de
classificao, as quais so apresentadas a seguir:
Avaliao Diagnstica tem por funo detectar as condies em que os alunos se encontram entre os semestres iniciais do curso, unidade ou tema
de estudo, procurando verificar a presena ou ausncia de habilidades,
interesses, possibilidades e necessidades de cada aluno ou grupo;
Avaliao de Controle funo formativa que procura detectar falhas ou insucessos no decorrer da aprendizagem, indicando como os alunos esto se
modificando em direo aos objetivos pretendidos. Contribui ainda para o
aperfeioamento da prtica docente, adequando os procedimentos de ensino
s necessidades dos alunos;
Avaliao de Classificao funo somativa que permite verificar ao final de um processo se os comportamentos foram alcanados e em que nvel,
Captulo 2 Reviso de Literatura
44
classificando em resultados quantitativos e qualitativos obtidos pelos alunos,
baseando-se na comparao dos nveis de aproveitamento preestabelecidos.
Conforme Inep (2002), a questo da qualidade nos l