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CAPA Áreas-foco sustentam crescimento pelo próximos anos EntrEvistA Novo Centro de Oncologia inova em atendimento multidisciplinar 118 anos cuidando da saúde no Brasil jul-agO-set/2015

118 anos cuidando da saúde no Brasil

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Page 1: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

CAPA Áreas-foco sustentam crescimento pelo próximos anos

EntrEvistA Novo Centro de Oncologia inova em atendimento multidisciplinar

118 anos cuidando da saúde no Brasil

jul-agO-set/2015

Page 2: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

02

ÍNdiCeGirO PELO HOsPitAL

COMO EU trAtO

EvEntOs EM DEstAQUE

GirO PELO HOsPitAL 06 dia do Médico

PErsOnAGEM HAOC 09 angelita gama, primeira dama da cirurgia

EntrEvistA 10 Oncologia inaugura serviço por especialidades em turnos específicos

EDUCAÇÃO E CiÊnCiA 12Cursos práticos dentro do ambiente hospitalar

EXAMEs LABOrAtOriAis 14diabetes tem novos marcadores

MAtÉriA DE CAPA 18 evoluindo com a saúde no Brasil

COMissÃO DE BiOÉtiCA 22 Bioética e a CoBi-HAOC 2015

LivrAriA 23 a capital da vertigem

QUALiDADE E ACrEDitAÇÃO 24 O paciente no centro da atenção

ArtiGO intErnACiOnAL 26 “Beyond endoscopic mucosal healing in uC: histological

remission better predicts corticosteroid use and hospitalisation over 6 years of follow-up”.

AGEnDA - OUtUBrO DE 2015 28 Reuniões Científicas do Almoço

rEsPOnsABiLiDADE jUríDiCA 31 Reprodução assistida

rELAtO DE CAsO 32 Pancreatite aguda

estreia na Feira Hospitalar

uso do Medicamento no idoso

Infecções relacionadas à região anatômica operada constituem

tema da campanha 2015

05

15

29

Page 3: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

CRESCIMENTO DENTRO DO ESPERADO

apesar de um cenário econômico de contenção e

racionalização dos recursos, continuamos registrando uma

produção clínica ascendente, no ano de comemoração

dos nossos 118 anos. Com o foco no aperfeiçoamento

contínuo de nosso atendimento e a busca permanente por

melhores desfechos para os pacientes, temos conseguido

melhorar os indicadores assistenciais e reduzir as taxas

de infecção através da implementação de protocolos de

atendimento, manutenção e monitoramento das práticas

adotadas, além de ações de conscientização para todos

os nossos profissionais. Um panorama bastante animador

considerando a perspectiva da reacreditação da jCi que

acontecerá em novembro próximo.

Neste segundo semestre, ampliamos e aprimoramos

diversos serviços. um deles é o novo Centro de Oncologia

que terá um novo espaço físico para inovar em seu

atendimento multidisciplinar, concentrando os atendimentos

por especialidade em horários específicos. A Cardiologia

também inaugura uma nova fase, com novos consultórios e

uma atuação mais abrangente para cobrir os mais variados

casos, da prevenção à alta complexidade, e a Neurologia

também será contemplada com mudanças significativas em

termos de espaço físico e qualificação da sua atuação.

Com o alvo cada vez mais direcionado para nossas áreas-foco,

continuamos a tomar decisões que nos amparam em direção

à evolução. A renovação do nosso planejamento estratégico

nos auxiliará a atingir um novo salto de crescimento. Para

isso, contamos com o apoio de todos os que vêm ajudando

a construir a nossa história. juntos faremos um hospital cada

vez melhor.

Dr. Mauro Medeiros Borges superintendente Médico

UM HOSPITAL PREPARADO

Recentemente pude, por motivos de saúde, experimentar a

sensação de adentrar em nosso Hospital pela sua sala de

emergência. Confesso que isso se constitui em experiência

impactante e que eu faço obrigatoriamente para repensar

conceitos e valores de vida, mas chamou minha atenção

alguns aspectos deste episódio que nesse momento

gostaria de dividir com nossos colegas. O tratamento da

emergência em si (PA e UTI) foi absolutamente perfeito,

claro que esse tratamento foi revestido pela preocupação

inerente e natural de ali estar o Diretor Clínico do Hospital.

Mas alguns detalhes que não são vinculados ao cargo e

o fato deste atendimento ter sido inesperado e, em uma

situação emergencial, me levam a concluir que as equipes

de emergência de nossa instituição encontram-se de uma

forma geral sintônicas e bem preparadas para o atendimento

de pacientes graves.

O atendimento de emergência é a o meu ver o ponto sensível

de um hospital de grande porte: o tempo de sua realização,

o treinamento de suas equipes, os protocolos assistenciais,

os equipamentos disponíveis, são fatores que devem estar

muito integrados, efetivos e atualizados.

tenho a convicção por essa experiência pessoal e viva e pelo

acompanhamento diário da organização de nossos serviços

de emergência que os médicos do corpo clínico podem

confiar plenamente e estar certos que ao referendar os seus

pacientes para o nosso pronto atendimento e uti, estarão

recebendo um atendimento assistencial completo, eficiente

e principalmente humano.

aproveito esta ocasião também para agradecer do fundo

do meu coração todos os profissionais desta instituição que

de forma direta e indireta participaram do meu atendimento.

Dr. Marcelo Ferraz sampaio diretor Clínico

03

EDITORIALEXPEDiEntE

a revista “Visão Médica” é

uma publicação direcionada

ao Corpo Clínico do Hospital

alemão Oswaldo Cruz.

Comitê Editorial:

dr. jefferson gomes

Fernandes (Editor-Chefe)

dr. andrea Bottoni

dr. Claudio josé C. Bresciani

dr. luis Fernando alves Mileo

dr. Marcelo Ferraz sampaio

dr. Mauro Medeiros Borges

Dr. Stefan Cunha Ujvari

dra. Valéria Cardoso de souza

dr. Vladimir Bernik

Gerência de Marketing:

Melina Beatriz gubser

Coordenação Editorial:

Michelle Barreto

jornalista responsável:

Inês Martins MTb/SP

024095

Projeto Gráfico e

Diagramação: azza.ag

Direção de Arte e Design:

Adriano Piccirillo e

jéssica Valiukevicius

Fotos: Mario Bock, Roberto

assem, lalo de almeida,

eduardo tarran, Banco de

Imagens do Hospital e

thinkstock

tiragem:

3.000 exemplares

Page 4: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

já são três as máquinas portáteis do sistema genius® que levam até o paciente acamado a

possibilidade de fazer a diálise no próprio apartamento, evitando a locomoção e o risco de

descompensação da pressão arterial ou da oxigenação, por exemplo, entre outras decorrências

do transporte. “Num complexo hospitalar tão grande como o nosso, ganhamos tempo para o

paciente e oferecemos o máximo de comodidade e segurança”, afirma o Dr. Américo Cuvello,

Coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A ideia de criar

máquinas de diálise, com amortecedores especiais, surgiu durante a guerra do golfo, em 1991

para os pacientes que não podiam sair dos hospitais de campanha para receber tratamentos.

inspirado na Clínica de Cleveland, um espaço dedicado

aos familiares dos pacientes, com atividades de

relaxamento e distração, vem conquistando adeptos

no quarto andar, da torre e. Com a prática de yoga,

oficinas do bem-estar psicológico, entre outras, o

local foi concebido para apoiar o relaxamento e aliviar

o estresse dos acompanhantes e familiares dos

pacientes.

A coordenadora de enfermagem Roberta Monge,

responsável pelo serviço, revela que qualquer

colaborador voluntário pode se candidatar para

oferecer seu tempo, lendo histórias ou ensinando

a pintar, por exemplo. e que a intenção é ampliar

o número de atividades que acontece nesta sala.

“gostaríamos de contar com a indicação dos médicos,

visto que a ciência já comprovou a eficácia e os

benefícios desse tipo de iniciativa”, afirma ela.

04

GirO PELO HOsPitAL

uNidade de ateNdiMeNtO INTEgRADO PACiEntE E FAMíLiA

DiáLisE vOLAntE OU BEIRA-LEITO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Page 5: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi uma das cinco

instituições de excelência selecionadas pela Prefeitura

Municipal de São Paulo para participar de um combate

emergencial à dengue, diante do crescente número de

casos da doença. a instituição realizou o atendimento

na tenda instalada na uBs Vila Nova Manchester, na

Zona Leste de São Paulo, durante um mês, com uma

equipe composta por 18 pessoas entre, médicos,

enfermeiros, técnicos de enfermagem, seguranças e

auxiliares administrativos.

A estreia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na Feira Hospitalar 2015, em maio desse ano, foi marcada pelo

destaque dado à medicina preventiva, no Circuito de Saúde, que ofereceu exames de aferição de pressão,

avaliação de bioimpedância e medição de glicemia capilar, realizados por colaboradores voluntários. durante

o evento, os visitantes ainda concorreram à check-ups, ofertados pela Unidade do Campo Belo e puderam

conhecer o novo Serviço Premium. O estande de 60 m², contou com localização privilegiada no espaço

Hospitais Lounge, reservado às maiores instituições brasileiras de saúde.

Médicos de todas as especialidades

que realizam cuidado direto aos

pacientes e demais profissionais de

saúde devem fazer o treinamento

de Ressuscitação Cardiorrespiratória

(suporte Básico de Vida ou Bls -

Basic Life Support). Já os profissionais

que atuam fora da unidade Bela

Vista ou que atuam em unidades

que atendem pacientes críticos (uti,

PA) precisam fazer o treinamento

de nível intermediário - emergências

cardiovasculares.

O treinamento, que vale por dois anos,

deverá ser refeito pela grande maioria

dos profissionais ainda em 2015. Os

novos profissionais da Instituição,

somente serão cadastrados após

terem passado pelo treinamento,

fundamental para aumento da

segurança dos pacientes e melhor

desfecho após PCR, informa a gerente

de Relacionamento Médico, Dra.

Fabiane Cardia salman.

05

HOSPITAL É CONVOCADO PARA COMBAtEr A DEnGUE Na Cidade

trEinAMEntO EM SUPORTE BÁsiCO de Vida É OBRIgATóRIO

EstrEiA NA FEIRA HOSPITALAR

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Page 6: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

06

GirO PELO HOsPitAL

DirEtOr DA FECs INTEgRA ADVISORy BOARD DO UPTODATE

dia dO MÉDiCO

O diretor geral da Faculdade de educação e Ciências

da Saúde (FECS) do Hospital Alemão Oswaldo

Cruz, Prof. Dr. Jefferson gomes Fernandes, foi

recentemente convidado a fazer parte do advisory

Board para a américa latina do UptoDate, líder

mundial de tecnologia para informações baseadas em

evidências em apoio às decisões clínicas. Publicações

científicas mostram que entre os resultados do uso

Para homenagear o nosso Corpo Clínico, o hospital realizou um jantar comemorativo no dia 16 de outubro

na Casa Fasano. O encontro reuniu cerca de 500 convidados. “trata-se de um momento importante em

que médicos e a direção do hospital têm a oportunidade de comemorar juntos o histórico de compromisso e

parceria recíprocos”, observa o Superintendente Médico, Dr. Mauro Medeiros Borges. Ele explica que o jantar

deu continuidade as comemorações do Dia do Médico, que tiveram início com o tradicional almoço realizado no

restaurante dos médicos, no quinto andar da torre B.

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

dr. jefferson gomes Fernandes

do UptoDate – que oferece integração ao prontuário

eletrônico e acesso remoto – estão a redução do

tempo de permanência hospitalar, redução da taxa

de complicações e da mortalidade hospitalar; ou seja,

a melhoria dos desfechos dos pacientes. a reunião

deste conselho foi realizada em Miami, nos estados

unidos, em agosto deste ano.

Page 7: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

07VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Luciana Mendes Berlofi

tese sobre gestão de pessoas enfoca a organização dos profissionais de Enfermagem na década de 1940

Praticamente “formada” dentro do Hospital Alemão

Oswaldo Cruz, onde está desde o período de estágio,

a enfermeira e gerente de unidades de internação,

Luciana Mendes Berlofi, decidiu aprender mais sobre

o hospital durante os dois anos em que cursou seu

mestrado na Universidade Federal de São Paulo

(Unifesp). O resultado é a tese “Caracterização e

organização da força de trabalho de enfermagem

do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, no contexto da II

guerra Mundial”.

O trabalho é o primeiro a se debruçar sobre a

importância destes pioneiros da enfermagem do

HAOC em uma época crítica como a da II guerra

Mundial. segundo luciana, um dos fatores que

contribuiu para que o hospital se transformasse

em uma instituição Modelo de Referência em

assistência foi justamente a vinda, desde o início, de

enfermeiras alemãs. Na maioria religiosas e ligadas à

Cruz Vermelha, elas literalmente viveram dentro do

hospital, onde tinham seus alojamentos.

“Nesse período inicial buscou-se profissionais com

experiência, que conhecessem a cultura alemã,

ocupassem postos-chave na área assistencial e que

pudessem atender às necessidades da comunidade.

Reconhecemos a relevância da prática profissional

destas enfermeiras que, com suas experiências

pregressas, destacaram a qualidade assistencial e

de organização do HAOC, atributos estes, que foram

sustentados com muito orgulho pelas gerações que

seguiram", observa ela.

Luciana afirma que neste período o ensino superior

em enfermagem ainda estava em fase inicial no país

A IMPORTâNCIA DA EnFErMAGEM DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

e coexistiam dentro dos hospitais três perfis distintos

de enfermeiros: os diplomados, os práticos e as irmãs

de caridade. e o hospital inovou ao oferecer um curso

prático em enfermagem. acredita-se que o curso,

voltado para ajudantes e enfermeiros, ajudava a fixar

e padronizar processos.

Entre as conclusões do estudo feito por Luciana,

estão a de que sempre houve a intencionalidade em

organizar os agentes de enfermagem de forma a

atender não só às demandas internas, mas também

à reconfiguração da Enfermagem no cenário nacional.

além da expertise europeia trazida pelas irmãs alemãs

da Cruz Vermelha, a pró-atividade na formação de

profissionais e implantação de plano de carreira são

alguns dos fatores que transformaram o hospital em

referência como uma das melhores assistências do

país. a tese está disponível na biblioteca do hospital

para consulta.

Page 8: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Em tempos de aperto financeiro, o assunto da organização do fluxo de caixa volta a ser pauta na

rotina de muitos profissionais da saúde, quer seja no contexto pessoal, profissional ou empresarial.

Hoje, ainda encontramos profissionais que não possuem nenhum mecanismo de controle de seus

rendimentos e gastos, muito menos de planejamento para guardar uma reserva em tempos de crise.

Para ajudar a reverter este quadro, preparamos algumas dicas práticas para quem quer sair do atoleiro:

1) Registre todo movimento financeiro: a recomendação aqui é anotar ou guardar os

comprovantes de toda entrada e saída do caixa, quer tenha sido feita em espécie, depósitos,

créditos, cheques, débitos, ou cartão de crédito.

2) Separe os gastos pessoais dos profissionais e dos empresariais: cada finalidade precisa

ter o seu fluxo financeiro. Desta forma, saberemos a situação de cada contexto assim como de

onde vêem os recursos e onde estão sendo aplicados.

3) Crie contas separadas para cada contexto: tenha, no mínimo, uma conta para contexto,

uma para as questões pessoais, uma para as questões profissionais e outra para as questões

empresariais.

4) Defina um processo para organizar os comprovantes e as informações: defina um

local/bandeja para a chegada e outra para a saída de comprovantes e informações. Desta forma, é

possível visualizar o volume de itens a serem processados no seu controle.

5) Escolha uma ferramenta de organização financeira: a ferramenta mais utilizada

atualmente para colocar em ordem os controles é a planilha Excel. Para os mais sofisticados,

existem ferramentas web que também fazem as mesmas tarefas. O importante nesta etapa é

definir o tipo de informação que se deseja obter da ferramenta e planejá-la sua obtenção através

da definição do plano financeiro.

Ficou com dúvidas? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudá-lo.

08

GirO PELO HOsPitAL

dia a dia dO MÉDiCO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Celso Hideo Fujisawa | [email protected]

Caso relatado pelos drs. jaime diógenes, Flávio Pimentel, Cristiane Ohta, Serli Ueda e Ruy galves Jr.

Paciente do sexo feminino, 46 anos, com história de transplante renal, portador de hepatite C, com quadro de febre e adinamia há 12 dias. ao exame físico, apresenta pápulas eritematosas na mão, hepatoesplenomegalia e linfonodomegalia cervical esquerda. Relata contato com gato doméstico.

QUAL A sUA OPiniÃO?

Page 9: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Em 50 anos de profissão, ela tornou-se uma das profissionais mais respeitadas do mundo

A lista de qualificações, feitos e méritos da Profª. Dra. Angelita

Habr-gama é extensa e impressionante. Numa época em

que mulheres sequer costumavam estudar Medicina, ela foi a

primeira professora de cirurgia e a primeira mulher a chefiar o

Departamento de Cirurgia da Universidade de São Paulo, além

de ter criado a disciplina de Coloproctologia na instituição.

Está entre os maiores profissionais em sua especialidade no

mundo e integra sociedades restritas como a american surgical

Association, dos Estados Unidos, e o Royal College of Surgeons,

na inglaterra.

Nada mal para um dos sete filhos de um casal de imigrantes

libaneses que chegaram a São Paulo na década de 40, vindos

da Ilha de Marajó - local onde Angelita nasceu e viveu até os

sete anos. Na capital paulista, sempre estudando em escolas

públicas, a jovem entrou para a Faculdade de Medicina da USP,

uma das mais conceituadas do país, em sua primeira tentativa.

tornou-se docente na instituição, galgou todos os degraus

dentro da estrutura acadêmica da universidade até aposentar-

se em 2001, como professora emérita. Mas a cirurgiã está longe

de aposentar-se da profissão. Atende mais de 20 pacientes por

dia no instituto que mantém com o marido (o também cirurgião

Joaquim gama) na região do Ibirapuera, em São Paulo, e realiza

cerca de 40 cirurgias por mês no Hospital Alemão Oswaldo Cruz,

onde é acompanhada por uma equipe de renomados cirurgiões.

Também é presidente da Associação Brasileira de Prevenção

do Câncer de Intestino (Abrapreci), entidade responsável, entre

outras ações, pela criação, do “Setembro Verde”, mês dedicado a

ações de prevenção do câncer de intestino.

angelita possui um raro equilíbrio: ao mesmo tempo em que tem

plena consciência da sua importância no mundo da Medicina e

não é adepta da falsa modéstia, vive plenamente o hoje, sem

apego ao passado ou ansiedade com o futuro.

A senhora tem muitos anos de carreira. O que considera

mais importante ao longo de todo esse tempo em que

se dedica à medicina?

O primeiro passo importante foi entrar na Faculdade de Medicina

da USP, tudo foi consequência disso, foi decisivo. Entrei em

8º lugar, e naquele ano, 1952, entraram apenas 11 mulheres

entre 80 alunos. tive excelentes professores tanto da área

clinica como cirúrgica, destacando-se na cirurgia a influência

09

personagem haoc

AnGELitA GAMA, PRIMEIRA DAMA DA CIRURgIA

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

do Professor Alípio Correa Netto a Arrigo Raia, ambos nossos

padrinhos de casamento. Foi com o Professor Arrigo Raia,

exímio cirurgião, que aprimorei a arte de operar e com quem iria

iniciar minhas atividades no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A

ele renderei sempre minha homenagem. O segundo marco foi

a residência em cirurgia no Hospital das Clínicas. E o terceiro,

foi a ida para a Inglaterra em 1962 onde fiz especialização em

Coloproctologia e voltei com outra visão do mundo científico.

Tive uma longa carreira na Faculdade de Medicina da USP, até

me aposentar como professora emérita, em 2001. dentre os

inúmeros cargos e atividades que ocupei e exerci orgulha-me a

de ter presidido a Comissão de Restauro da Faculdade há cerca

de 5 anos.

Houve alguma ocasião em que a senhora se emocionou

com o seu trabalho?

Foram muitos momentos. O mais emocionante ocorreu,

quando no sexto ano no Hospital das Clínicas, descobri que

tinha vocação para operar. eu soube quando na sala de

cirurgia utilizei uma agulha para fechar o abdome do doente.

Costurar era o meu forte. Você para ser cirurgião precisa gostar,

ter disposição para trabalhar, ter energia e paciência, tem que

tomar decisão rápida, ser organizado, tanto mentalmente quanto

na vida pessoal. Quando no campo cirúrgico, você precisa estar

absolutamente concentrado e tranquilo.

A senhora ainda opera?

Opero muito, e opero muito bem. Muitas vezes opero o dia

inteiro no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Que tipo de cirurgia a senhora faz?

Fiz residência em cirurgia geral e cirurgia do aparelho digestivo.

Depois da minha ida à Inglaterra, passei a dedicar-me

exclusivamente ao estudo e cirurgia das doenças intestinais,

incluindo delgado, colon, reto e anus. talvez meu destaque

internacional tenha advindo dos trabalhos mais recentes sobre

câncer do reto. desde 1991 eu me dedico ao tratamento do

câncer do reto baixo, usando radioterapia e quimioterapia.,

Depois de 8 semanas verificamos o tipo de resposta do

tumor ao tratamento. se tiver desaparecido não operamos de

imediato e orientamos observação e seguimento rigoroso. Hoje,

cerca de 50% dos pacientes que passam por esse tratamento

não precisam operar. esse método deu origem a um protocolo

internacional chamado “Watch & Wait” (observar e esperar), que

vem sendo progressivamente adotado em vários países.

dra. angelita gama

Page 10: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

OnCOLOGiA: ateNdiMeNtO iNteligeNte REúNE PROFISSIONAIS DE UMA MESMA ESPECIALIDADE EM UM úNICO CORREDOR DE CONSULTóRIOS

O modelo é inédito em hospitais gerais de alta

complexidade como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

a partir de outubro, um novo Centro de Oncologia,

com oito consultórios e 19 áreas de aplicação de

quimioterapia, passa a oferecer maior comodidade

para os pacientes que precisam passar por consultas

com diversos profissionais. Multidisciplinar, o centro

terá períodos de atendimento específicos para uma

mesma especialidade, num só corredor da torre a.

“Vamos ganhar tempo nos tratamentos e assegurar

um maior conforto aos nossos pacientes”, afirma

o dr. jacques tabacof.

graças a esse novo formato de atendimento, uma

paciente que busca auxílio para o tratamento de

câncer de mama poderá contar com um oncologista

clínico, um radioterapeuta e, se for o caso, realizar no

mesmo dia uma punção, além de usufruir dos serviços

adjacentes, como o de infusão de quimioterapia,

a psico-oncologia, entre outros. essa praticidade,

na opinião do dr. tabacof, irá facilitar, sobretudo, as

primeiras consultas que embasam o diagnóstico.

“estamos dando um passo fundamental para o

avanço da oncologia dentro do Hospital Alemão

Oswaldo Cruz”, complementa.

10VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Page 11: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

11

EntrEvistA

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

“ComPEtênCia PaRa tRataR, sEnsiBiLiDADE PArA CUiDAr”

O acolhimento também se expande na medida em que

existe suporte tecnológico e casuística comprovada.

daí tem origem o novo conceito do Centro de

Oncologia, que será divulgado numa campanha de

sensibilização junto aos pacientes. “O conceito visou

integrar essa harmonia existente entre esses nossos

dois pontos fortes: a competência e o acolhimento”,

resume o oncologista.

O dr. tabacof lembra que no Brasil o atendimento

oncológico costuma ser fragmentado e que há

muita perda de informação e retrabalho. Com essa

nova forma de atendimento, predominantemente

ambulatorial, a intenção é intensificar a mensuração

dos desfechos dos pacientes e trabalhar com os

indicadores que vão auxiliar as pesquisas clínicas e os

estudos da área. Nesse sentido, ele conta que a nova

infraestrutura vai possibilitar também a inclusão de

pacientes em protocolos de pesquisas e que deverão

ser realizados cerca de seis estudos anuais.

Responsável pela movimentação de importantes

serviços da instituição como a uti, área de exames,

banco de sangue, entre outras, a Oncologia

vinha sendo preparada há mais de três anos para

esta virada. “já contávamos com uma cultura de

multidisciplinaridade e times completos montados

em função dessa demanda”, observa o dr. tabacof.

“Faltava apenas um local próprio para explorar melhor

nossa expertise”.

MúLtiPLOs rECUrsOs HUMAnOs E tECnOLóGiCOs

Além do INTRABEAM®, equipamento dirigido ao

tratamento dos cânceres de mama, entre outros

tipos, que consiste numa única dose de radiação,

durante a cirurgia, a Oncologia dispõe dos mais

modernos equipamentos e técnicas de tratamento.

Recentemente, a quimioterapia intraoperatória

passou a integrar os diversos procedimentos

realizados pelo Centro de Oncologia, em caráter

permanente. O método é utilizado para o tratamento

da carcinomatose peritoneal, um tipo de tumor

habitualmente raro, e em alguns tipos de tumor

de cólon e ovário. A HIPEC – sigla em inglês para

Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica –,

consiste em associar o uso de drogas quimioterápicas

à cirurgia para a ressecção da carcinomatose visível

(citorredução), e a um banho quente na máquina de

circulação extracorpórea, que pode atingir até 42°.

O centro está amparado por um time de especialistas

de primeira que costuma reunir-se com frequência

para discutir os casos de maneira individualizada,

mas explorando a perspectiva de vários profissionais.

“temos crescido também em complexidade e

resolução”, ressalta o dr. tabacof.

Page 12: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

12

EDUCAÇÃO E CiÊnCiAs

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

AMBIENTE HOSPITALAR FAvOrECE PrátiCA DOs CUrsOs DE Pós-GrADUAÇÃO latO seNsuVoltados para uma prática cirúrgica, os cursos de Pós-graduação em Cirurgia Robótica em Urologia e o de

Cirurgias Bariátrica e Metabólica da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS), oferecem um

aprendizado contextualizado que suscita uma série de discussões em cima de questões concretas. A prática é

ainda a tônica dos outros dois cursos de pós-graduação Lato Sensu, voltados para os profissionais à procura de

especializações, Ecocardiografia e Endoscopia Digestiva, e que atraem médicos do todo o Brasil.

“Continuamos a todo o vapor, exatamente porque conseguimos contar com esse diferencial dos cursos

contextualizados em nosso próprio hospital”, explica o Prof. Dr. Andrea Bottoni, Diretor Acadêmico da FECS.

Os cursos permitem que os alunos adquiram uma experiência importante para a carreira. “O profissional pode

vivenciar uma rotina de um Serviço de Ecocardiografia Hospitalar como o nosso que realiza inúmeros exames

mensalmente distribuídos, sobretudo, entre os ecocardiogramas transtorácicos ambulatoriais e de internados,

além dos exames complexos como os ecocardiogramas transesofágico, com estresse, tridimensionais,

intraoperatórios e nas intervenções cardíacas percutâneas”, comenta o Dr. Pedro graziosi, Médico Coordenador

do Centro Diagnóstico de Cardiologia Não Invasiva do HAOC e também responsável pelo curso de pós-

graduação.

a oportunidade de acompanhar, discutir e ter um incremento gradativo prático e teórico conforme aponta o dr.

graziosi, também acontece com o treinamento em endoscopia digestiva. além de credenciado pela sociedade

Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), o curso já conta com o aval da Comissão Nacional de Residência

Médica do Ministério da Educação para se tornar Residência Médica em 2016. “Isso é consequência da excelente

formação teórica e prática através do corpo docente altamente qualificado e com vocação acadêmica”, avalia o

Prof. Dr. Paulo Sakai, Coordenador da pós-graduação em Endoscopia e do Centro de Especialidade em questão,

do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

dr. andrea Bottoni

Page 13: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

13VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

EsPECiALizAÇõEs DiFErEnCiADAs

A especialização em Cirurgia Robótica em Urologia é a única em todo o país. Inaugurado em

2010, esse tipo de curso, existente em países avançados no mundo, conta sempre com esse

formato. “ O objetivo é fazer com que a especialização do profissional ocorra, de fato, enquanto

ele pratica. Por isso, o curso tem um foco muito mais prático do que teórico”, explica o Dr. Carlo

Passerotti, Coordenador do Centro de Cirurgia Robótica do hospital e responsável por esse

curso inspirado nos moldes dos cursos norte-americanos chamados de ‘fellow’, palavra que

designa companheiro em inglês.

este é também o espírito da pós-graduação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica. segundo o

seu Coordenador, e responsável pelo Centro de Obesidade e Diabetes, o Dr. Ricardo Cohen,

os alunos têm uma formação que privilegia ainda o acompanhamento das atividades clínicas

e do pós-operatório das cirurgias. O centro foi o primeiro no País, a ganhar uma importante

certificação de excelência, com relação às cirurgias bariátricas e metabólicas realizadas no

Hospital. Trata-se de um reconhecimento dado pela entidade norte-americana Surgical Review

Corporation, que atesta a qualidade e a segurança dos procedimentos que os profissionais têm

participado no dia a dia das aulas.

Page 14: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Recentemente, dois marcadores passaram a integrar a

lista de exames no arsenal diagnóstico e de controle do

diabetes – a dosagem plasmática do anticorpo contra

o transportador de zinco 8 (anti-Znt8) e a dosagem de

1,5 anidroglucitol (1,5-Ag), também conhecido como

1-deoxiglicose.

O anti-Znt8, uma proteína encontrada na membrana

dos grânulos secretores de insulina das células beta,

produzida pelo gene SLC30A8, figura atualmente

como um novo marcador do diabetes tipo 1 (DM1),

sendo observado em 60% a 80% dos pacientes

recentemente diagnosticados. O acréscimo da

14

EXAMEs LABOrAtOriAis

NOVOS MARCADORES PARA DiABEtEs

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Assessoria MédicaDra. Milena Gurgel Teles Bezerra | [email protected]. Maria Izabel Chiamolera | [email protected]. Rosa Paula Mello Biscolla | [email protected]

determinação do anti-Znt8 ao painel que inclui

outros anticorpos reconhecidamente envolvidos na

patogênese do dM1, como anti-gad, anti-insulina e

antitirosinafosfatase 512, aumenta a sensibilidade

da detecção de autoimunidade para 98%. além disso,

é possível considerá-lo um marcador independente

da doença, uma vez que estudos mostram que de

14% a 26% dos diabéticos tipo 1 negativos para os

anticorpos tradicionais apresentam positividade para

o anti-Znt8. O fato é que, quando presente, o novo

marcador geralmente precede o dM1 em alguns anos,

e, portanto, não apenas corrobora o diagnóstico, como

pode predizer o risco de progressão para a doença em

indivíduos assintomáticos com história familiar positiva.

já a dosagem de 1,5-ag, um monossacarídeo de

origem natural, análogo à glicose, não metabolizado e

proveniente da dieta, constitui um novo instrumento

para o controle glicêmico, proposto como alternativa

à medida de frutosamina e hemoglobina glicada

(HbA1c). Embora seja excretado pelas vias urinárias, os

rins o reabsorvem em sua quase totalidade. Contudo,

esse processo é inibido de modo competitivo pela

glicose. Dessa forma, à medida que ocorre aumento

da glicemia plasmática e consequente elevação da

reabsorção tubular de glicose, o 1,5-ag passa a ser

menos reabsorvido, o que leva à redução da sua

concentração no sangue. logo, níveis séricos baixos de

1,5-ag estão associados a níveis elevados de glicemia.

Apesar de haver variações no limiar de excreção renal

da glicose, não se observa influência desse fato nas

medidas de 1,5-Ag. Da mesma maneira, as refeições ou

a atividade física não afetam significativamente seus

teores plasmáticos. Na prática, os valores de 1,5-ag

refletem elevações transitórias da glicemia de poucos

dias, permitindo um controle glicêmico mais precoce –

das últimas 24 a 72 horas – do que a frutosamina ou

a HbA1c. Ademais, estudos demonstraram que o teste

apresenta boa correlação com a hiperglicemia pós-

prandial, mesmo em indivíduos com HbA1c dentro do

alvo (de 6% a 8%).

Page 15: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Nos pacientes idosos, das alterações próprias do

envelhecimento, observam-se processos patológicos

crônicos e, eventualmente, afecções agudas. Por isso

não é surpreendente que, quanto mais avançada

a idade, maior o consumo de medicamentos.

a análise da medicação utilizada por 600 pacientes

ambulatoriais do Serviço de geriatria do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade

de São Paulo evidenciou que, durante seis meses,

eles haviam tomado de 0 a 11 medicamentos (média

de 4,35) e, no momento da entrevista, tomavam de

0 a 10 medicamentos (média de 2,78). As drogas

mais utilizadas pelos idosos são as de ação anti-

hipertensiva, cardiovascular, analgésica, sedativa,

laxativa e anti-infecciosa.

As alterações anatômicas e funcionais que ocorrem

no envelhecimento determinam o comprometimento

da absorção, distribuição, metabolismo e eliminação

dos medicamentos. Por outro lado, as modificações

que se verificam nos idosos tornam os tecidos

e órgãos mais sensíveis a ação das drogas.

É evidente que a administração conjunta de diversos

medicamentos aumenta os problemas relacionados

a sua administração e, também, a probabilidade de

interações entre drogas, com consequências, não

raramente, adversas.

ABsOrÇÃO

dependendo da via de administração da droga,

pode haver variação da ação farmacológica. a via

oral constitui o meio mais simples e conveniente de

administração de medicamentos. a absorção das

drogas no tubo digestivo depende de diversos fatores,

como: pH gástrico, velocidades do esvaziamento

gástrico e do trânsito intestinal, fluxo sanguíneo

mesentérico e capacidade de absorção do epitélio

intestinal, que podem alterar-se no envelhecimento.

O prejuízo da absorção nos idosos ocasiona menor

nível sanguíneo dos medicamentos e, portanto,

menor ação farmacológica.

usO dO MEDiCAMEntO nO iDOsO

15

COMO EU trAtO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Dr. Eurico Thomaz de Carvalho Filho (CRM 8719)

Page 16: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

16VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

DistriBUiÇÃO

A transferência das moléculas das drogas da corrente sanguínea para os vários tecidos é influenciada por diversos fatores que se alteram no envelhecimento. assim, no idoso observa-se redução da água total, principalmente a custa do compartimento intracelular, redução da massa tecidual e aumento da gordura total. A alteração desses fatores determina modificações dos volumes de distribuição, ou seja, dos compartimentos corpóreos que são ocupados por uma determinada droga. Assim, a intoxicação do idoso com doses baixas de digoxina pode ser parcialmente relacionada a redução da massa muscular esquelética, onde a droga também se distribui, além do miocárdio. a redução da albumina plasmática, especialmente em portadores de afecções consumptivas, determina a presença de maior quantidade de droga livre no plasma. este fato pode ocorrer com anticoagulantes, antidiabéticos orais, salicilatos e anticonvulsivantes, e se evidencia de forma mais intensa quando duas ou mais drogas são administradas conjuntamente, determinando o deslocamento de uma delas da ligação protéica.

MEtABOLisMO

as drogas são metabolizadas em vários órgãos, mas o fígado e o principal responsável por esse processo; com o envelhecimento, observa-se redução do seu peso, redução do fluxo sanguíneo e alterações histológicas nos hepatocitos. Experiências em animais têm demonstrado redução da atividade enzimática microssomal, fazendo com que, no idoso, as drogas não sejam metabolizadas tão rápida e eficientemente quanto no jovem. Além disso, a associação de hepatopatias e de insuficiência cardíaca, frequentes nessa faixa etária, pode comprometer ainda mais a função hepática. Por esses motivos, ha tendência ao acúmulo das drogas em sua forma original

ELiMinAÇÃO

O processo de eliminação das drogas ou de seus metabolitos, na maioria dos casos, efetua-se pelos rins, que apresentam diversas alterações anatômicas e funcionais no envelhecimento. Diminuição do seu peso, redução do número de nefrons, hialinização dos glomérulos, redução do fluxo plasmático renal e da filtração glomerular, alteração da capacidade de absorção e excreção tubulares são algumas delas. Diversas drogas bastante utilizadas, como antiinflamatórios não hormonais, aminoglicosideos e contrastes radiológicos, podem determinar lesão renal por diversos mecanismos, comprometendo ainda mais a função renal do idoso. Portanto, drogas que são eliminadas íntegras ou como metabolitos ativos pelos rins, como digoxina, procainamida, aminoglicosideos, sulfas, clorpropamida, alopurinol e etambutol devem ser administradas com cautela aos idosos. Por esses motivos, e importante determinar o verdadeiro estado da função renal no paciente idoso. Como as determinações da uréia e creatinina plasmáticas são insuficientes para avaliar a função renal e a avaliação da depuração da creatinina apresenta dificuldades inerentes ao método, tem sido propostas fórmulas para avaliação da função renal, das quais a mais utilizada e a proposta por Cockroft e gault: (140 – idade) x peso (kg). Depuração de creatinina (ml/min.) =72 x creatininemia (mg/dL). Nesta fórmula, o peso deverá ser o da massa corpórea magra e o resultado deverá ser ajustado para mulheres, multiplicando-se o resultado por 0,85.

MAiOr sEnsiBiLiDADE DO órGÃO EFEtOr

O envelhecimento modifica a resposta do organismo as drogas devido a alteração da sensibilidade dos tecidos e órgãos as mesmas. Pesquisas têm sido realizadas comparando-se as correlações entre doses de medicamentos e seus efeitos em pacientes idosos e jovens. Através desses métodos foi possível demonstrar maior sensibilidade do sistema nervoso central ao nitrazepan e diazepan, maior sensibilidade do coração aos digitálicos e menor sensibilidade dos receptores beta-adrenergicos as drogas beta-agonistas e beta-antagonistas.

COMO EU trAtO

nOrMAs PArA tErAPÊUtiCA FArMACOLóGiCA

devido ao fato de o idoso apresentar, com frequência, múltiplas queixas relacionadas a vários órgãos e sistemas, o médico tende a prescrever maior número de medicamentos. assim, há maior probabilidade de incidência de reações adversas causadas por cada uma das drogas, bem como pela interação entre elas. ao prescrever para um paciente idoso, é sempre conveniente levar em consideração algumas normas fundamentais:

1. Diagnóstico correto das afecções, para que sejam prescritos apenas os medicamentos necessários.

2. Avaliação das funções hepática e renal.

3. iniciar a terapêutica com doses menores que as utilizadas em adultos jovens e aumentar, se necessário, observando a ação terapêutica e os efeitos colaterais.

4. utilizar o menor número possível de drogas, pois o idoso confunde, com frequência, quando deve tomar cada medicamento.

5. Rever a prescrição periodicamente, suspendendo os medicamentos desnecessários.

6. Considerar sempre a possibilidade de que uma nova manifestação clínica possa ser consequência do efeito adverso de um medicamento.

BiBLiOGrAFiA

1. Cusak BJ. Pharmacokinetics in older persons. Am J geriatr Pharmacother 2004; 2: 4.

2. Edwards JR, Aronson J. Adverse drug reactions: definitions, diagnosis, management. Lancet 2000; 356: 1255

3. juurlink dN, Mandeni M, Kopp a. drug-drug interactions among elderly patients hospitalized for drug toxicity. JAMA 2003; 289: 1652.

4. Olyaei AJ, Bennett WM. Drug dosing in the elderly patients with chronic kidney disease. Clin geriatr Med 2009; 25: 459.

5. Papaléo Netto M, Carvalho Filho ET, Pasini U. Farmacocinética e Farmacodinâmica. In Carvalho Filho ET, Papaléo Netto M.

6. geriatria. Fundamentos, Clínica e Terapêutica (2ª Ed). Atheneu, São Paulo; 2005: 619.

Page 17: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

17VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZVISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

O MODELO ExEMPLAR de CLEvELAnD

Inspiração para muitas instituições ao redor do mundo,

segundo o presidente do Conselho deliberativo do

Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Marcelo Lacerda, a

Clínica de Cleveland também serviu de exemplo por

aqui. lá, como no próprio hospital, têm ganhado força

junto aos pacientes, os novos centros de especialidade

que são multidisciplinares e buscam abranger todos

os sintomas que afetam um determinado órgão

do sistema, na busca de aprimorar ainda mais um

atendimento de excelência.

“Buscamos a cada dia aprimorar a nossa forma de

acolher os nossos pacientes, tornando tangível a

todos nossa vocação para cuidar. assim caminhamos

para proporcionar os melhores resultados para

os pacientes, possibilitando que eles voltem à

vida normal com o máximo de rapidez, conforto e

segurança”, afirma Lacerda.

Melhorar a experiência dos pacientes. esse foi o

grande desafio do CEO Delos “Toby” Crosgrove,

quando assumiu a Clínica de Cleveland, em 2009.

Considerada excelente do ponto de vista dos

procedimentos médicos, mas situada numa posição

medíocre perante os seus concorrentes, a instituição

carregava uma bandeira negativa apontada por

pesquisas, depois que o parecer dos pacientes foi

ouvido. “eles não gostavam de nós”, resumiu Cosgrove.

Para reverter a situação, o CEO entregou a James

Merlino, um proeminente cirurgião proctologista,

a tarefa de liderar o esforço, criando o escritório

da Experiência do Paciente – EPP. O objetivo era

envolver médicos, administradores e até faxineiros

nessa empreitada que deveria transformar a cultura

da organização, a partir do desenvolvimento de

um profundo conhecimento das necessidades dos

pacientes.

Sua intenção era clara: ajudar a clínica a alcançar um

tratamento impecável. Para motivar funcionários e

fazer com que todos pensassem da mesma forma,

sobretudo os médicos “superstars”, que atraíam

os pacientes para a clínica, ele colocou os 43 mil

colaboradores em treinamento de meio período.

Depois de um ano, todos incorporaram ações

importantes de acolhimento, como sorrir, chamar o

paciente pelo nome, construindo um relacionamento

mais pessoal. Os funcionários passaram a interagir

de forma mais efetiva com os médicos e também se

sentiram cuidadores. já os pacientes, puderam ser

verdadeiramente acolhidos, pela primeira vez.

O case, publicado pela revista Harvard Business

Review, enfocou a transformação da Clínica de

Cleveland, mostrando como ela subiu ao topo

das instituições entre 4.600 hospitais norte-

americanos, em cerca de três anos. atualmente, a sua

performance é mantida por uma estreita vigilância

com relação à identificação das queixas dos pacientes

e pelo permanente engajamento e motivação

dos funcionários.

Page 18: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

18

MAtÉriA DE CAPA

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

áreas-foco embasam novo salto de crescimento

O acolhimento e a vanguarda no atendimento ao paciente

sempre acompanharam o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

desde quando abriu as suas portas em 1897, registrando

uma procura que o obrigou a rapidamente aumentar o

seu número de leitos, a instituição sempre demonstrou

seu compromisso com a evolução da saúde no Brasil.

118 AnOs CuidaNdO da SAúDE NO BRASIL

Ao longo do tempo, o hospital esteve à frente das

grandes transformações da medicina, ocorridas

em território nacional, tendo registrado a tradição

assistencial da enfermagem alemã e o suporte da

comunidade germânica, aqui presente, enquanto

marcos da sua expansão. a instituição foi pioneira

ao estabelecer uma parceria entre a administração

e a equipe médica, instituindo a figura do diretor

clínico, ainda em 1928.

Page 19: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

19VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Hoje, passados 118 anos, o Hospital Alemão

Oswaldo Cruz prepara-se para uma nova fase em sua

história. Com um desenvolvimento baseado em seus

três pilares de atuação: a Saúde Privada, a Educação

e a Pesquisa e a Responsabilidade Social, além dos

constantes investimentos em tecnologia, e uma

forte ampliação da sua assistência, a perspectiva é

a de um movimento ascendente. Até o final do ano, a

revisitação do nosso planejamento estratégico, deve

trazer novos rumos de expansão.

O cenário atual traz a oportunidade de o hospital

otimizar a sua capacidade produtiva, assegurando

os níveis de excelência em atendimento integral

à saúde, conquistados em mais de um século, na

opinião do presidente do Conselho deliberativo do

Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Marcelo Lacerda.

exemplos disso são a reformulação do centro cirúrgico,

que veio aperfeiçoar a infraestrutura tecnológica do

hospital, e a ampliação dos centros de especialidade

que passam a contar com novos espaços, amparados

pelo conceito da multidisciplinaridade, para oferecer

um atendimento ainda mais especializado e

confortável para os pacientes.

OnCOLOGiA

uma das áreas estratégicas para a instituição,

a Oncologia inaugura um corredor de novos

consultórios e pontos de aplicação de

quimioterapia, dando prosseguimento a uma

atuação preponderantemente ambulatorial. Como

o tratamento oncológico é integrado, os novos

consultórios vão atender diferentes especialidades

em períodos únicos. Ou seja, a paciente que vai

se tratar de um câncer de mama, por exemplo,

poderá contar com um oncologista clínico ou um

radioterapeuta e ainda fazer uma punção antes de

ir para casa, se necessário, em apenas um turno.

“É a primeira iniciativa desse gênero dentro de um

hospital geral não especializado em câncer”, afirma

o dr. jacques tabacof, ressaltando a praticidade dos

novos tratamentos.

Além disso, o centro conta com o INTRABEAM®,

equipamento voltado para o tratamento dos tumores

da mama. a tecnologia, que se utiliza da radioterapia

intra-operatória, consiste numa única dose de

radiação durante a cirurgia, para evitar a exposição

desnecessária à radiação e limitar o tratamento ao

local exato onde o tumor primário estava presente. É

o único equipamento na região sudeste.

CArDiOLOGiA

Desde julho, a Cardiologia também dispõe de uma

nova configuração para atender a uma demanda

de tratamentos cardiológicos que abrangem um

número maior de subespecialidades. O Coordenador

da Cardiologia, dr. Marco aurélio de Magalhães

Pereira, explica que os pacientes vão encontrar

todo o atendimento que necessitam num só local,

o que facilita o seguimento longitudinal. a sua

“a nova legislação acena com a possibilidade de

investimentos estrangeiros na área da saúde,

o que abre uma série de oportunidades. além

disso, estamos revisitando o nosso planejamento

estratégico, com o apoio de uma consultoria externa

que nos auxiliará a alcançar novos objetivos de

mercado e a delinear diretrizes para os próximos

cinco anos”, diz ele.

No momento de revisitação de seu planejamento

estratégico, o hospital também elegeu novos

conselheiros, que atuam em importantes segmentos

da economia e vão contribuir com a instituição para

atuar com mais eficiência e galgar novos espaços em

parceria com os atuais e experientes conselheiros.

“estamos abrindo um novo patamar de qualidade e

de crescimento”, afirma Lacerda.

árEAs-FOCO vÃO AMPArAr UM CrEsCiMEntO sUstEntávEL

Para possibilitar ao corpo clínico acesso ao que há de

mais avançado no mundo, a instituição vem realizando

constantes investimentos, que terão continuidade

ao longo deste ano e do ano que vem. “desse modo,

poderemos continuar praticando uma medicina de

ponta com tratamentos equivalentes aos oferecidos

nos melhores centros de saúde internacionais”, afirma

o superintendente Médico, dr. Mauro Medeiros Borges.

Page 20: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

MAtÉriA DE CAPA

20VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

missão será de unificar o serviço para que haja

uma ampla interação entre a cardiologia geral e as

subespecialidades, com o intuito de enriquecer as

discussões clínicas acerca dos casos institucionais.

Por fim, com este modelo será exequível implementar

a coleta e publicação dos indicadores em perspectiva,

com resultados de centros internacionais.

OBEsiDADE E DiABEtEs

inaugurado há cerca de um ano, o Centro de Obesidade

e diabetes vem registrando um número ascendente de

consultas dos pacientes que também podem usufruir

de um atendimento multidisplinar simultâneo e integral,

ganhando tempo e comodidade. “esse atrativo vem

demonstrando ser um diferencial num grande centro

como São Paulo e tem agradado muito aos pacientes

pela sua agilidade e expertise”, observa o Coordenador

do centro, o Dr. Ricardo Cohen. O centro foi o primeiro a

receber uma certificação de excelência, com relação às

cirurgias bariátricas e metabólicas realizadas no Hospital

alemão Oswaldo Cruz. trata-se de um reconhecimento

dado pela Surgical Review Corporation, entidade norte-

americana pioneira em certificações desse gênero, que

atestam a qualidade e segurança dos procedimentos.

HÉrniA

Com mais de 30 anos de experiência em cirurgia de hérnias na região abdominal, o Dr. Sergio Roll é o responsável por oferecer todas as técnicas e tecnologias disponíveis para o tratamento cirúrgico dos vários tipos de hérnia no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Serão realizadas cirurgias abertas, laparoscópicas e cirurgias robóticas, com o objetivo de estabelecer um protocolo que melhore a resolução dos casos, evitando recidivas e

permitindo o rápido restabelecimento dos pacientes.

1905É adquirido terreno

de 23.550 m², na

região da Avenida

Paulista onde

foi construído o

Hospital e hoje

se encontra todo

o complexo do

Hospital Alemão

Oswaldo Cruz.

1922A construção do

Hospital tem início.

1941Por exigência do

governo brasileiro, a

Associação Hospital

Allemão teve de

trocar de nome e

passou a se chamar

Associação Hospital

Rudolf Virchow.

1914As obras de

construção do

Hospital são adiadas

por causa da

eclosão da I Guerra

Mundial.

1897Em 26 de setembro

é fundada a

Associação Hospital

Allemão.

1923As obras da

construção do

Hospital são

concluídas, a

Instituição começa

a funcionar com 50

leitos. No mesmo

ano, o número de

leitos é duplicado,

devido à grande

procura. Começa

a construção do

pavilhão do Jardim

(a outra parte da

Torre A).

1942Também por ordem

do governo, a

Instituição teve

de trocar de nome

novamente e

passou a se chamar

Hospital Oswaldo

Cruz.

1930192019101900 19401890

Page 21: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

21VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

nEUrOLOGiA E nEUrOCirUrGiA

Equipada com o que existe de melhor, a exemplo do Neuronavegador Curve e do microscópio OPMI Pentero com

Flow 800, em breve, haverá também um novo espaço para melhor acolher esta área-foco e suas subespecialidades..

OrtOPEDiA

Com 35 anos de tradição, a Ortopedia tornou-se muito conhecida pela sua especialização em traumatologia,

e mais recentemente pelas intervenções minimamente invasivas que vêm fazendo com que o hospital ganhe

prestígio e seja lembrado pelas artroscopias de joelho, quadril e ombro, além das substituições articulares por

prótese totais de ombro, quadril e joelho. A Medicina do Esporte também vem crescendo em importância junto

aos pacientes.

1970 20101960 20001950 19901980

1980Começa uma década

da história do

Hospital marcada

pelos grandes

investimentos em

modernização,

instalação de

sistemas de

controle eletrônico

e a conclusão do

então avançado

Centro Cirúrgico.

1991A Instituição

adotou sua atual

denominação,

Hospital Alemão

Oswaldo Cruz.

2002É inaugurado a

Torre B, com 14

andares e heliponto.

2006É inaugurado a

Torre D, edifício

com restaurante

e área de lazer e

convivência para os

colaboradores.

1960A partir desse ano,

começam a surgir

as empresas de

convênio médico,

que se tornam

cada vez mais

as principais

responsáveis pela

maior parte das

internações.

1997Em 26 de setembro,

comemora-se o

centenário do

Hospital. São

concluídos o novo

hall de entrada

e a garagem de

três pavimentos,

localizada em frente

a Torre A.

2009O Hospital conquista

a certi cação da

Joint Commission

International (JCI).

2012É inaugurada a

moderna Torre E,

com 25 pavimentos.

2013Inauguração da

ETES, Escola Técnica

de Educação

em Saúde do

Hospital Alemão

Oswaldo Cruz.

2014Inauguração do

Centro de Obesidade

e Diabetes e

também da FECS,

Faculdade de

Educação em

Ciências da Saúde

do Hospital Alemão

Oswaldo Cruz, com

o primeiro curso

de Tecnologia em

Gestão Hospitalar.

2015Centro de

Oncologia, Centro

de Neurologia e

Serviço Premium.

Page 22: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

22

COMissÃO DE BiOÉtiCA

BIOÉTICA E A COBI-HAOC 2015O que é Bioética: É o estudo sistemático da conduta

humana na área das ciências da vida e dos cuidados da

saúde, à luz dos valores e princípios morais, devendo-

se considerar e respeitar as características culturais,

filosóficas e religiosas, fincando-se em quatro pilares

básicos: beneficência, não maleficência, autonomia e

justiça.

motivos para uma reflexão Bioética: junto dos

notáveis avanços biotecnológicos, surgem, também,

questionamentos éticos, morais, legais, econômicos, a

eles diretamente relacionados.

Comissão de Bioética do HAOC (CoBi): foi

composta por equipe transdisciplinar desde 2007,

obedecendo a regimento específico, definido em

maio de 2008, com o intuito de dar suporte a dilemas

bioéticos, à Diretoria Clínica, a todos os profissionais da

saúde que aqui trabalham, aos pacientes, familiares e

comunidade leiga, principalmente a que frequenta o

hospital.

Programação educativa: Dadas as dificuldades e

delicadeza dos temas envolvidos, entendemos que

não poderemos caminhar apenas com consultas e

que devemos levar à comunidade hospitalar os meios

para que cada colaborador esteja preparado para as

reflexões e decisões e que também saiba, quando

necessário, lançar mão dos mecanismos de apoio

disponíveis a ideia de abranger a comunidade externa

diz respeito à sensibilização da mesma a esses

temas, quebrando paradigmas pré-estabelecidos ou

facilitando sua compreensão de assuntos complexos.

Consultas: podem ser solicitadas a qualquer momento

à secretária da DC ou a qualquer membro da Cobi:

Membros da CoBi -2015: janice Nazareth,

cardiologista e presidente da CoBi; Mariângela

Occhiuso, geriatra e vice-presidente da CoBi; Adriana

Abdala, enfermeira; Alessandra gurgel, farmacêutica

e representante da Administração.; Danilo Borelli,

psiquiatra; Danilo Faleiros, psicólogo; Débora Brito,

assistente social; Fabiana Mancusi, enfermeira;

Fabrizia Leão, fisioterapeuta; Ingrid Esslinger, psicóloga;

Juliana Dominato, bióloga e representante do IEC;

Luis Edmundo Fonseca, hepatologista e intensivista;

Marcos Felipe Dias, cardiologista; M. Lucia Pedras,

enfermeira; M. José Femenias, cirurgiã; Mariana Oliveira,

oncologista; Neusa Tetzner, pastora ; Regina Paredes,

enfermeira; Rosana Banzato, fisioterapeuta; Rosilene

Duarte, enfermeira; Sérgio Pittelli, médico e advogado;

Valdinéia L. da Cunha, representante da comunidade;

yoram Weissberger, oncologista.

Atividades 2015:

1- Projeto sobre” Espiritualidade, saúde e fé”, iniciado em agosto de 2014, trouxe palestras das seguintes tradições religiosas: Budista- Monge Ryozan; Judaica- Rabino Michel Schlesinger; Espírita- Sr. Celso Heleno gonçalves de Oliveira; Messiânica- Prof. Andrea Tomita; Adventista do sétimo dia- Dra. Maria José Vieira; Católica- Pe. Anísio Baldessin; Islâmica- Sheikh Armando Saleh.

2- Desenvolvimento do projeto para avaliação do doador de transplante intervivos: Com avaliação de 5 casos durante 2015.

3- Desenvolvimento de orientações sobre transfusões de hemoderivados em testemunhas de jeová na nossa instituição: Avaliação de caso específico; Reunião de discussão sobre todos os aspectos; elaboração de protocolo institucional e carta de orientação aos médicos.

4- Palestra sobre “Bioética da beira do leito”- Dr. max Grinberg- 26/8/15, 12 h.

5- Participação nas atividades da “Campanha de doação de órgãos” do HAOC no Conjunto nacional em 23/09/15, com palestras relâmpagos.

6- Cine debate sobre “Para sempre alice” em 9/10/15, 18 h- com Dr. Fábio Porto (neurologista especialista na área da cognição) e Letícia Andrade (assistente social e gerontóloga da geriatria do HCFMUsP)

7- Semana de Bioética- de 9 a 13/11/15, com o tema ”Como quero morrer: Diretivas antecipadas da vontade”.

Page 23: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

A CAPITAL DA vErtiGEM

23

LivrAriA

livro: A capital da vertigem

Autor : Roberto Pompeu de Toledo

Editora Objetiva – 2015

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

uma obra de arte aos interessados na história de

São Paulo. Assim podemos descrever, de maneira

sucinta, o livro do jornalista Roberto Pompeu de

toledo. a capital da vertigem descreve, em detalhes

surpreendentes, o crescimento urbano de São Paulo

entre os anos de 1900 e 1954. Uma biografia urbana

rica em curiosidades que nos estimula a visitar o

centro da cidade com outro olhar.

O início já é surpreendente. Toledo descreve o perfil

do primeiro prefeito paulista, que, como não poderia

ser diferente, foi eleito pela câmara dos vereadores

e pertencente a uma das famílias mais aristocráticas:

filho de Dona Veridiana Prado.

A modernidade urbana já emerge nos primeiros

capítulos, em 1900, com as três primeiras linhas de

bonde elétrico inauguradas pela antiga light and

Power Company. Porém, Toledo esmiúça como essa

companhia canadense impôs seu império na cidade.

descreve quais estratégias lançou para esmagar

os bondes puxados a cavalo e o fornecimento de

iluminação a gás. a modernidade exigiu as primeiras

hidroelétricas, primeiro em Santana do Parnaíba,

e, logo em seguida, no guarapiranga. Novamente

os tentáculos da Light desalojaram empresas e

moradores paulistas. Por falar em guarapiranga,

quando começamos a utilizar sua água para abastecer

nossas caixas de água? O que isso teria a ver com

o surgimento do bonde camarão? as respostas

aparecem nas páginas de toledo.

A história de São Paulo não poderia deixar de contar

a trajetória dos principais industriais. Toledo descreve

as empresas embrionárias das famílias Matarazzo,

Crespi, scarpa, gamba, Calfat, jafet, siciliano e outros.

Descreve os projetos imobiliários de seus redutos

luxuosos. assim, descobrimos quem foi joaquim

eugenio de lima. enquanto muitos privilegiados

buscavam diversão no Balneário do guarujá, a

população operária se rebelava em 1917, com

descrição detalhada no livro.

Parte da vida cotidiana paulista atual tem raízes nos

primeiros anos do século XX. toledo explica quando

e como surgem as nossas feiras de rua. Por que

encontramos um pavilhão japonês perdido no interior

do parque do ibirapuera? Quais riachos se ocultam sob

as avenidas Nove de Julho e Vinte e Três de Maio? Por

que o aeroporto de Congonhas tão distante do centro

da cidade? a resposta a muitas outras perguntas vem

da biografia paulista de Toledo.

a obra dedica capítulos especiais para descrever a

biografia da famosa Semana de Arte Moderna, bem

como os bastidores de tal empreitada. descreve as

relações, às vezes tumultuadas, de Mario de Andrade

e Oswald de andrade. O famoso arranha-céu Martinelli

não foi apenas uma obra da engenharia moderna

à época, mas também uma empreitada repleta

de intempéries, mudança de planos e problemas

emergidos durante sua obra, que, até mesmo foi

embargada temporariamente pela prefeitura.

O livro aborda a história paulistana de maneira

cronológica e prazerosa. a cada página aprendemos

a história de algo já oculto pelo concreto atual. O

término da leitura enriquece nosso conhecimento de

São Paulo e altera nosso olhar paulistano.

Page 24: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

24

QUALiDADE E ACrEDitAÇÃO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

em uma instituição que atende centenas ou mesmo milhares de pacientes por dia em procedimentos como

consultas, exames, internações e cirurgias, todo cuidado e atenção são necessários para evitar erros e falhas

no atendimento. Por isso, as Metas Internacionais de Segurança do Paciente (IPSg) envolvem procedimentos-

chave para médicos, enfermeiros, farmacêuticos e todos os profissionais que atuam no ambiente hospitalar.

“As metas são aplicáveis à prática médica na sua totalidade, pois o cuidado é multidisciplinar e integrado, sendo

fundamental que estejam incorporadas na cultura de qualidade e segurança de todos os profissionais que

atuam no hospital, inclusive os médicos”, comenta a Dra. Fabiane Cardia Salman, gerente de Relacionamento

Médico, acrescentando que elas também estão em sintonia com os processos da joint Commission international

– JCI e da Organização Mundial de Saúde (OMS/ WHO).

O PACiEntE NO CENTRO da ateNçãO

Page 25: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

25VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

MEtAs:

1. identificar corretamente os pacientes

todos os pacientes devem permanecer com pulseira

de identificação, nas quais são utilizados dois

identificadores: nome completo e data de nascimento.

Médicos e enfermeiros devem realizar a confirmação

e conferência da identificação do paciente, seja

ele ambulatorial ou internado, antes de consultas,

administração de medicamentos ou realização de

cirurgias e procedimentos.

2. melhorar a eficácia da comunicação

O objetivo é alcançar uma comunicação efetiva,

sem ambiguidade, sem erros e compreendida por

todos. Entre as ações implementadas para garantir a

segurança do paciente está o “read back”, que nada

mais é do que o cuidado, por parte do profissional que

está recebendo orientações ou resultados de exames

críticos do médico por telefone, de anotá-las e em

seguida relê-las em voz alta, checando com o médico

se as informações estão corretas. Todas as ligações

também são gravadas, o que permite a checagem e

melhoria dos processos.

3. Melhorar a segurança dos medicamentos

de alta vigilância

existem medicamentos que, se administrados em

dose errada ou de forma errada causam danos

graves aos pacientes, como, por exemplo, as soluções

de eletrólitos de alta concentração. Por isso, são

sinalizados de forma diferenciada (cor vermelha) e armazenados em local próprio.

4. Garantir o local correto, o procedimento

correto e a cirurgia no paciente correto.

É o chamado “time-out”, que começa com a

demarcação do paciente para os procedimentos

a serem realizados. No Hospital Alemão Oswaldo

Cruz, esta é feita sempre pelo médico ou pela equipe

de cirurgiões, que utiliza a forma de um alvo, para

evitar ambiguidade e minimizar o risco de cirurgias e

procedimentos invasivos em local errado em órgãos

com dupla lateralidade, por exemplo. a checagem

da identificação do paciente e dos equipamentos

e processos necessários também são etapas

importantes desta meta.

5. Reduzir o risco de infecções associadas a

cuidados médicos

todo o time deve dar o máximo de atenção

a procedimentos simples e ao mesmo tempo

essenciais determinados pela SCIH. Entre eles está a

higienização das mãos com álcool gel, com o objetivo

de evitar a proliferação de bactérias que podem

provocar infecções graves nos pacientes.

6. reduzir o risco de danos resultantes de quedas

Envolve ações relacionadas à prevenção de quedas

no ambiente hospitalar. No Hospital Alemão Oswaldo

Cruz, todos os pacientes são avaliados nesse sentido,

e aqueles considerados em risco, ganham uma

identificação específica (pulseira laranja), que serve

como referencial para os cuidados e restrições que

receberão por parte da equipe.

Apartamento do Serviço Premium

Page 26: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

Paula Vianna, Médica Patologista, Sócia do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo CruzVenancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, Sócio-Diretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz

26

ArtiGO intErnACiOnAL

COMENTáRIOS SOBRE O ARTIgO: “BEyOnD EnDOsCOPiC MUCOsAL HEALinG in UC: HistOLOGiCAL rEMissiOn BEttEr PrEDiCts COrtiCOstErOiD UsE AnD HOsPitALisAtiOn OvEr 6 yEArs OF FOLLOw-UP”. BRyant RV, Et al. Gut 2015;0:1–7.

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

A atual definição de remissão da doença pós-tratamento

da retocolite ulcerativa (RCU) requer, além da resolução

clínica, a normalização dos achados endoscópicos.

Quando tais objetivos são alcançados, observa-se maior

período de remissão clínica da doença, menores taxas de

hospitalização e de colectomia. a questão é se biópsias

da mucosa cólica para avaliação da remissão histológica

da doença agregariam valor terapêutico para constituir

um novo alvo de “remissão completa”.

ainda que alguns estudos observacionais valorizem

a persistência de inflamação histológica, a remissão

histológica ainda não foi recomendada como um objetivo

terapêutico na RCU possivelmente devido à falta de

padronização de critérios nos estudos disponíveis.

O objetivo do estudo de Bryant e cols, recém-publicado

no gut, foi analisar prospectivamente o valor da remissão

histológica em comparação com a remissão endoscópica

para prever a necessidade de uso de corticosteróides, de

hospitalização e de colectomia em pacientes com RCU.

Para isso, foi feita a avaliação da atividade da doença

endoscópica (índice de Baron ≤ 1) e histológica (índice

de ”Truelove e Richards”) por um especialista de cada

área, sem o conhecimento do escore clínico do paciente

(SCCAI - Simple Clinical Colitis Activity Index). Os 91

pacientes incluídos foram acompanhados clinicamente

por um período mediano de 6 anos.

O índice de graduação histológica de “truelove e

Richards” classifica a inflamação na seguinte escala:

1 = mucosa sem inflamação; 2 = mucosa leve a

moderadamente inflamada ; 3 = inflamação acentuada.

Desta forma, a remissão histológica fica claramente

definida como ausência plena de atividade inflamatória.

a análise de concordância entre as três medidas de

atividade da doença baseou-se no cálculo do Kappa de

Fleiss. a análise uni e multivariada da sobrevivência com

regressão de Cox foi utilizada para examinar como as

avaliações da remissão endoscópica e histológica foram

associadas com o uso de corticoide, hospitalização e

realização de colectomia.

a concordância global entre as três medidas foi

moderada (κ = 0,43, IC de 95% 0,31-0,55). Apenas 29%

dos pacientes estavam em remissão em todas elas.

a concordância entre as medidas endoscópicas e

histológicas de remissão foi moderada [κ = 0,56, 95%

iC 0,36-0,77]. No cenário de remissão endoscópica,

75% dos pacientes também estavam em remissão

histológica e 11% tinham atividade endoscópica apesar

da remissão histológica.

a concordância entre a avaliação clínica e a remissão

histológica foi moderada (κ = 0,47, 95%, IC:27-,68) ,

sendo baixa entre os achados clínicos e endoscópicos (κ

= 0,29, 95% IC: 0,10-0,49)

Na análise multivariada, menor necessidade de

corticosteróides foi predita pela remissão histológica

[RR 0,42, (0,2 a 0,9), p = 0,02], o que não ocorreu com

a remissão endoscópica [RR 0,86 (0,5 a 1,7), p = 0,65].

A “remissão completa”, definida como remissão

histológica e endoscópica, previu menor necessidade

futura de uso de corticosteróides [RR 0,38, (0,2 a 0,9),

p = 0,02]. Entre os pacientes inicialmente em “remissão

completa”, 43% necessitaram de corticosteroides,

em oposição a 78% daqueles com apenas remissão

endoscópica (p = 0,02).

Foram hospitalizados com colite aguda grave 22% dos

pacientes. a extensão da doença e a remissão histológica

previram a redução das taxas de hospitalização [ RR

0,21 (0,1 a 0,7), p = 0,02], o que não ocorreu com a remissão endoscópica [RR 0,83 (0,3-2,4). p = 0,74].

a “remissão completa” também previu menores taxas

de hospitalização [HR 0,24 (0,1 a 0,9), p = 0,04]. Entre

Page 27: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

27VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

A Ultrassonografia (USg) demonstra imagens

nodulares hipoecogênicas no baço (fig. 1).

Tomografia Computadoriza (TC) mostra

hepatoesplenomegalia (fig. 2). Na Ressonância

Nuclear Magnética (RNM), evidenciam-se algumas

imagens nodulares esplênicas com alto sinal em t2

e restrição à difusão (figs. 3, 4 e 5). A USg cervical

caracteriza linfonodomegalias, uma com centro

liquefeito (fig. 6).

testes sorológicos para Bartonella henselae

resultaram positivo (IgM e Igg). Demais sorologias

negativas.

a punção aspirativa percutânea guiada por

ultrassonografia do linfonodo cervical excluiu

processo linfoproliferativo ou outras infecções.

a doença da arranhadura do gato é uma entidade

infecciosa caracterizada por adenopatia regional

autolimitada, sendo possível, em pacientes

imunocomprometidos, o acometimento sistêmico

visceral – fígado e baço notadamente -, neurológico

e oftalmológico. acomete principalmente indivíduos

jovens (< 21 anos), com uma incidência aproximada

de 9 a 10 casos / 100.000 pessoas por ano

nos eua, decorrendo, na maioria das vezes, da

QUAL A sUA OPiniÃO - rEsPOstA

arranhadura ou mordida de gatos, sendo possível

também a transmissão pela picada de pulga ou,

raramente, por cachorros.

a primeira evidência consistente de uma etiologia

infecciosa para o quadro clínico descrito surgiu

em 1983, quando, utilizando uma técnica de

coloração pela prata (Warthin-Starry), conseguiu-se

isolar os organismos que viriam a ser confirmados

posteriormente, a partir de testes sorológicos

e culturas, como bactérias gram negativas

denominadas de Bartonella henselae.

O quadro clínico típico é representado por pápulas

eritematosas no local de inoculação do agente

infeccioso, adenopatia regional e febre, sendo o

acometimento visceral hepatoesplênico relatado

em menor frequência e representado por lesões

nodulares hipoecogênicas ao USg, hipodensas à TC

e com alto sinal em T2 à RNM, em correspondência

a granulomas / microabscessos.

O diagnóstico final é firmado a partir da confirmação

por testes sorológicos, cultura (de difícil realização),

PCR ou identificação dos bacilos pela técnica de

Warthin-Starry em amostra tecidual.

aqueles em “remissão completa” desde o início, 12%

foram hospitalizados, em comparação a 36% dos com

apenas remissão endoscópica (p = 0,04).

a colectomia foi necessária em 12% dos pacientes.

somente a extensão da doença foi um fator preditor

significativo de colectomia [RR 4,06 (1,3-16,2), p =

0,02].

Bryant e cols discutem ainda que a histologia

reflete melhor a inflamação do que a endoscopia,

particularmente nas situações de inflamação mínima

ou leve à endoscopia. A melhor concordância entre elas

ocorreu na doença inativa ou gravemente ativa. além

disso, a ausência de lesão histológica na presença de

atividade endoscópica pode decorrer da descontinuidade

do processo e a avaliação histológica ajuda a evitar

a supervalorização de alterações endoscópicas

decorrentes de fatores tais como o preparo do cólon.

a principal limitação do estudo foi o número reduzido

de pacientes incluídos, mas o fato de serem do mesmo

centro e de terem sido acompanhados por uma média de

6 anos atenua tal limitação. Os autores reconhecem que

a inexistência de um índice de atividade endoscópica

validado e o próprio índice de graduação de atividade

histológica utilizado podem estar sujeitos a variabilidade

interobservador.

este estudo demonstrou a importância da avaliação por

biópsia da área mais afetada da mucosa pela doença.

Mostrou que a remissão histológica é um alvo distinto

da remissão endoscópica na RCU, uma vez que a

inflamação à histologia melhor prevê a necessidade de

uso de corticosteróides e de internações hospitalares por

colite aguda grave. Como bem ressaltam Bryant e cols,

mesmo nos tempos atuais de busca por biomarcadores

que possam prever padrões de evolução de doenças,

métodos clássicos como a histopatologia ainda são de

grande valor.

Page 28: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

28VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

AGEnDA - OUTUBRO/2015

EvEntOs EM DEstAQUE

EVENTOS MÉDICOS do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

OUTUBRO/2015Promoção: Instituto de Educação e Ciências em Saúde e Diretoria Clínica

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação:Data:

Horário:Local:

Coordenação:Data:

Horário:Local:

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação:Tema:

Palestrante: Data:

Horário: Local:

REUNIÕES CIENTÍFICASReunião de OncologiaCentro de Oncologia07 – Oncologia Gastrointestinal14 – Oncologia Mamária21 – Oncologia Torácica28 – Uro-oncologia12h às 13h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Discussão de casos de Câncer ColorretalAngelita Habr-Gama e Rodrigo Perez237h30 às 9h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Reunião Cientí ca de Medicina Perioperatória - AnestesiologiaCássio Campello de Menezes1912h às 13hSala 5 – Torre D (Térreo Superior)

Reunião Mensal do CDI - FleuryEquipe Fleury Diagnóstico19 - Ortopedia26 - CDI19h às 21h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

I Reunião Conjunta Cardiologia - Neurorradiologia Intervencionista HAOC Paulo Puglia Júnior e Marco Aurelio de Magalhães Update no tratamento endovascular do AVC isquêmico agudoPaulo Puglia Júnior1411h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo)

INFORMA ES Instituto de Educação e Ciências em Saúde:(11) 3549 0585 / 0577 ou [email protected]

Reunião Cientí ca da Clínica MédicaPedro Renato Chocair13Angiografi a renal com CO2 em paciente com Insufi ciência renal crônicaAmérico Cuvello Neto e Alexandre Batillana13h às 14hSala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Cath Conference ashington Hospital Center- HAOCMarco Aurélio de Magalhães Pereira07, 14, 21 e 288h30 às 10h30Sala A – Torre D – 1º andar (IECS - Sala A)

Reunião Cientí ca Melhores Pr ticas em Terapia IntensivaFernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M. AndradeGisele Chagas de Medeiros - FonoaudiólogaDisfagia após Intubação Traqueal2919h30 às 21h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Reunião Cientí ca Patologias de Coluna OrtopediaMarcelo Risso e Paulo Cavali06, 13, 20 e 2717h30 às 18h30Sala 5 – Torre D (Térreo Superior)

Reunião Cientí ca de UrologiaLuciano João Nesrrallah2112h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo) Reunião Cientí ca de Cirurgia Bucoma ilofacial - OdontologiaDaniel Falbo Martins de Souza, Fernando Melhem Elias, Gabriel Pas-tore e Luciano Del SantoPrevenção de acidentes e complicações em Osteotomia Sagital do Ramo Mandibular.Destacar os principais acidentes e complicações nesse tipo de oste-otomia e como preveni-losLuciano Del Santo0119hSala 5 – Torre D (Térreo Superior)

Coordenação:Data:

Tema:

Palestrantes:Horário:

Local:

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação:Palestrante:

Tema:Data:

Horário:Local:

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação: Data:

Horário: Local:

Coordenação:

Tema:

Objetivo

Palestrante:Data:

Horário: Local:

EVENTOS CIENTÍFICOS

CURSO IPC ACESSOS ANTERIORES COLUNA LOMBAR - CIRURGIAS AO VIVOLuiz Pimenta22 e 23 de Outubro8h às 17hAuditório - Torre E (1º Subsolo)

III JORNADA DE PREVEN O E CONTROLE DE IRASÍcaro Boszczowski24 de Outubro8h15 às 16h20Auditório - Torre E (1º Subsolo)

I JORNADA INTERNACIONAL DE INOVA ES T CNICAS E SIMU-LA O VIRTUAL D EM CIRURGIA ORTOGN TICA E NO TRAMA DE FACEFernando Melhem Elias29, 30 e 31 8h às 18hAuditório - Torre E (1º Subsolo)

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação:Data:

Horário:Local:

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

INSTITUTO DE EDUCAÇÃOE CIÊNCIAS EM SAÚDE

REUNIÕES CIENTÍFICAS DO ALMOÇOGratuitoInstituto de Educação e Ciências em Saúde e Diretoria ClínicaTorre B – 5° andar – Restaurante dos Médicos 12h às 13h

01 - Suporte do serviço de hemoterapia ao paciente oncológicoJoselito Brandão

08 - nefrotoxicidade pelos contrastes radiográfi cosAmerico Lourenço Cuvello NetoPedro Renato Chocair

15 - Imunoterapia e câncerCarlos TeixeiraMarcelo Santos

22 - Política do HAOC para transfusões de sangue e seus derivados em Testemunhas de Jeová – desenvolvimento e apresentação. Bases jurídicas – Sergio Pittelli, advogado da CoBi.Relato do fórum ocorrido em 26/05/15 e Apresentação da Política Janice Caron Nazareth, presidente da CoBiJanice CaronSergio Pittelli

29 -Atualização em Câncer da PróstataLuciano J. NesrrallahJoão Carlos Campagnari

Estes eventos científi cos pontuam no Programa de Desenvolvimento Médico do HAOC

Coordenação:Local:

Horário:

Data e Tema:Palestrante:

Data e Tema:Palestrante:Moderador

Data e Tema:Palestrante:Moderador

Data e Tema:

Palestrante:Moderador

Data e Tema:Palestrante:Moderador

Page 29: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

29VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

INFECçõES RELACIONADAS à REgIÃO ANATôMICA OPERADA CONSTITUEM teMa da CAMPAnHA 2015

Mais de 70 médicos e enfermeiros participaram com entusiasmo da palestra do Dr. Emerson Kioshi Honda, no lançamento da campanha anual de combate à infecção hospitalar, cujo tema é a “Prevenção de infecção do sítio cirúrgico”. Com vasta experiência no assunto, o Dr. Honda apresentou casos de infecções relacionadas a próteses ortopédicas e suas graves consequências, defendendo a antibioticoprofilaxia como uma das principais maneiras de prevenir este tipo de contaminação.

Infecções de sítio cirúrgico dizem respeito às infecções ocasionadas por feridas operatórias superficiais ou que envolvem camadas mais profundas da pele e músculos e ainda aquelas que envolvem órgão-espaço, como exemplo, a articulação do quadril envolvendo a prótese.

“entre as novidades para este ano teremos a opção de preparo das mãos da equipe cirúrgica com produto alcoólico substituindo a escovação”, informa o Coordenador serviço de Controle de Infecção Hospitalar, o médico infectologista

Dr. Ícaro Boszczowski. Segundo ele, esta prática já é bem difundida na europa e nos estados unidos e é tão segura quanto a escovação tradicional – em termos de taxas de infecção –, além de ser bem mais confortável para a equipe.

“Vamos ainda ampliar a vigilância das infecções relacionadas à prótese de quadril e joelho para um período de três meses por meio de contato pós-alta com os pacientes”, acrescenta a Coordenadora de enfermagem do serviço de Controle de infecção Hospitalar e da campanha anual de prevenção e controle de infecção de 2015, a enfermeira Cristiane schmitt. a campanha será realizada até abril de 2016.

CUriOsiDADE

Os maiores avanços recentes em relação à prevenção de infecção estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da videolaparoscopia, cirurgia robótica e outras técnicas minimamente invasivas. estas técnicas reduzem o risco de infecção pelo fato de exporem por menos tempo e em menor extensão, os tecidos estéreis. em relação aos novos insumos, a novidade são os campos adesivos impregnados com clorexidina, “retractors” (protetores impermeáveis que isolam o campo operatório) e esponjas impregnadas com gentamicina para uso intracavitário em cirurgias torácicas e de colon, em breve, disponíveis no mercado brasileiro.

Page 30: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

30VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

APLICATIVO vUE MOtiOn

DiCAs DO tAsy

O aplicativo Vue Motion é uma visualização das imagens de exames mais amigável que a anterior. Os médicos que acessam as imagens dos exames diagnósticos como Ressonância, Raio-x e Tomografia, via o Tasy, irão vê-las mais rapidamente, por meio de uma aplicação com interface simples e intuitiva. a velocidade no acesso é cerca de 40% mais rápida que a versão anterior.

Descrição Descrição

1 Área de imagem 2 Barra de ferramentas de manipulação de imagem

3 Barra de ferramentas cine 4 seletor de séries5 Painel de relatórios 6 Painel de notas7 Painel de estudos do histórico do paciente 8 Dados demográficos do paciente9 Funções adicionais 10 Nome do paciente selecionado

Barra de ferramentas de manipulação de imagens

use a barra de ferramentas de manipulação de imagens na parte inferior do estudo do paciente para aplicar zoom, panorâmica, girar e inverter imagens, executar funções de janelas e medição de linha e restaurar todas as ações.

de linha para ocultar anotações e gráficos ou excluir gráficos marcados.

• Use a roda do mouse ou a barra de rolagem para rolar pelas imagens.

substituindo uma série

use o ícone seletor de séries para substituir a série exibida. a caixa de diálogo seletor de séries exibe as séries incluídas no estudo selecionado. Clique na série que deseja exibir.

Clique nos ícones de seta para navegar para a série seguinte ou anterior.

• Janelas invertidas e predefinições de janelas (para CT e MR) estão disponíveis pelo ícone Janelas. Passe o cursor do mouse sobre o ícone para exibir as predefinições na caixa de listagem suspensa.

• Use a caixa de listagem suspensa no ícone Medição

Page 31: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

rEsPOnsABiLiDADE jUríDiCA

31VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

já a segunda medida é de tal amplitude que é difícil imaginar que médicos consigam produzir tal informação com presteza e exatidão que doem sentido à medida.

a terceira medida, por sua vez, constitui caso único na medicina brasileira, em que o médico é obrigado a informar os resultados de sua série.

uma quarta exigência, muito pertinente, é a realização de contrato entre as partes (pais genéticos e doadora) estabelecendo claramente a questão da filiação da criança, incluindo a anuência do esposo ou parceiro da doadora.

Por último, há algumas exigências que, ou se enquadram no conjunto de temas que integram o esclarecimento informado (riscos inerentes à maternidade e impossibilidade de interrupção da gravidez) ou são de difícil consecução pela amplitude, além de serem de difícil entendimento (aspectos biopsicossociais envolvidos no ciclo gravídico puerperal), ou dispensáveis, pelo menos sob forma escrita (garantia de tratamento e acompanhamento médico) ou ainda por ser obrigação legal (garantia de registro civil da criança).

Sergio Pittelli [email protected]

rEPrODUÇÃO AssistiDA

Neste texto retomaremos o tema, já abordado nos números de agosto e novembro de 2014. Analisaremos agora a parte VII da Res. CFM 2013/13.

esta parte regulamenta o uso da reprodução assistida no âmbito da chamada “gestação de substituição” ou “doação temporária do útero”.

O dispositivo autoriza o uso conjunto das duas medidas nos casos em que exista impedimento ou contraindicação de natureza médica para a gestação na mãe biológica ou ainda em caso de relação entre homossexuais.

uma primeira determinação é que a doadora do útero tenha uma relação de parentesco com um dos parceiros que seja até o quarto grau. Importante frisar que a definição dos graus de parentesco é a que consta do Código Civil e que não é a mesma praticada pelos leigos. a título de exemplo, o que o leigo considera “primo em primeiro grau” vem a ser parente em quarto grau, segundo a norma.

Atendendo princípio geral do ordenamento jurídico e dos costumes, já apontado nos textos anteriores, é vedado o caráter remuneratório.

ainda, reproduzindo medida incomum presente na parte ii, a norma determina a produção de documentação detalhada, começando por termo de consentimento informado, assinado pelos pais genéticos e pela doadora, e relatório médico atestando adequação clínica e emocional da doadora do útero; o texto não especifica qual médico pode ou deve fazer este relatório.

a terceira exigência é complexa, constituída de vários subitens, alguns dos quais, num certo sentido, difícil de serem cumpridos em termos estritos. deve o médico assistente descrever pormenorizadamente os “aspectos médicos envolvendo todas as circunstâncias da aplicação de uma técnica de RA” e ainda mais, “com dados de caráter biológico, jurídico, ético e econômico”, além de informar “os resultados obtidos naquela unidade de tratamento com a técnica proposta”.

Quanto à primeira medida, entendemos que se trata de matéria de consentimento informado.

Page 32: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

32

rELAtO DE CAsO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

apresentamos a evolução de uma paciente diabética

com dislipidemia familiar que desenvolveu pancreatite

aguda associada a triglicérides de 11291 mg/dl.

rELAtO DO CAsO:

Paciente de 25 anos, feminina, soube ser diabética

na internação atual. já possuía o diagnóstico de

dislipidemia familiar, porém não fazia tratamento.

Vários familiares do lado paterno são dislipidêmicos

e estão sob tratamento clínico. desconhece casos de

pancreatite na família.

Ao ser internada foi confirmado o diagnóstico

de pancreatite aguda e iniciado o tratamento

convencional. O tratamento medicamentoso incluiu

genfibrozila (1800 mg/dia), substituída após duas

semanas por Fenofibrato (250 mg/dia), Rosuvastatina

40 mg/dia, Metformina 1700 mg/dia, esomeprazol 40

mg/dia, glicazida MR 30 mg/dia e Linagliptina 5 mg/

dia. a melhora clínica foi observada desde o início da

internação o que nos levou a manter o tratamento

convencional.

a evolução laboratorial pode ser observada nos gráficos abaixo.

PAnCrEAtitE AGUDA INDUZIDA POR ExTREMA HIPERTRIgLICERIDEMIA RAPIDAMENTE REVERSÍVEL COM TRATAMENTO CONVENCIONAL.

sUMáriO:

Os autores relatam a evolução de uma paciente de 25

anos portadora de dislipidemia familiar que desenvolveu

pancreatite aguda associada a triglicérides de 11.291

mg/dl. O tratamento foi o convencional e constou

inicialmente de jejum, posteriormente dieta leve e pobre

em triglicérides, hidratação parenteral, correção dos

distúrbios eletrolíticos, analgésicos, fibrato, estatina,

heparina e insulina. Pela boa e pronta evolução clínica

não foi indicada plasmaférese. Os autores enfatizam

que a prevenção da hipertrigliceridemia, sobretudo

as graves com triglicérides acima de 500 mg/dl,

representa a melhor conduta para esses pacientes.

intrODUÇÃO:

a associação de pancreatite aguda e

hipertrigliceridemia é bem conhecida, seja ela de

origem genética ou adquirida, e é relativamente

frequente, ficando atrás da pancreatite alcoólica e biliar.

Considera-se hipertrigliceridemia acentuada ou severa,

particularmente de risco para causar pancreatite,

aquela com níveis séricos acima de 1000 mg/dl, embora ela possa também ocorrer com níveis menores. Nós

Erico S. de Oliveira¹, Roger B. Coser², Claudio J. C. Bresciani², Américo C. Neto¹, Leonardo V.P. Barbosa¹, Victor Sato¹, Sara Morhbacher¹, Lilian P. Paiva¹, Pedro R. Chocair¹

¹Médicos do Serviço de Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo.

²Médicos cirurgiões do Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo

gráfico 1: evolução laboratorial (Colesterol, lipase e PCR)

Page 33: 118 anos cuidando da saúde no Brasil

33VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

teve alta hospitalar após 20 dias de internação em

bom estado, com colesterol total de 147 mg/dL ( HDL

29 mg/dL, LDL 55 mg/dL), Amilase 35 mmol/L e Lipase

53 u/l.

Hipertrigliceridemia é a terceira causa mais comum de

pancreatite aguda responsável por 1 a 4% de todos os

casos de pancreatite aguda e de 56% dos casos de

pancreatite aguda que ocorrem durante as gestações.

No japão, a frequência de pancreatite aguda é de

27 casos por 100000 habitantes, que incluem 1.4%

de pancreatite induzida por hipertrigliceridemia.

Admite-se que a pancreatite aguda associada à

hipertrigliceridemia seja devida a altos níveis de ácidos

graxos liberados de triglicérides séricos pela ação da

lípase pancreática dentro dos capilares pancreáticos.

A prevenção é a medida mais eficaz e se faz com

dieta e medicamentos apropriados, visando manter

níveis de triglicérides dentro da faixa da normalidade.

dessa maneira, com triglicérides abaixo de 200 mg/dl,

elimina-se o risco da pancreatite.

Por outro lado, uma vez instalada, o tratamento da

pancreatite aguda induzida por hipertrigliceridemia

deve ser iniciado do modo convencional, como se faz

nos casos de outras etiologias, que inclui analgésicos,

antieméticos, jejum, até melhora da dor e vômitos,

hidratação parenteral e correção das alterações

eletrolíticas, além do uso de hipolipemiantes. tão

logo os sintomas sejam aliviados recomenda-se a

reintrodução progressiva de dieta, inicialmente pastosa,

pobre em triglicérides e observação da evolução clínica.

Outras opções terapêuticas incluem plasmaférese,

heparina e insulina. Na maioria dos casos a

hipertrigliceridemia é transitória, como se observou na

evolução apresentada, mas pode ter evolução clínica

complicada. Nessas condições e com níveis muito

elevados de lípase, hipertrigliceridemia persistente,

distúrbios eletrolíticos acentuados indica-se algumas

sessões de plasmaférese, medida que costuma ser

eficaz. Os autores recomendam também que, na

impossibilidade de se realizar plasmaférese ou em

associação com ela, o uso de heparina e, caso haja

hiperglicemia, insulina.

a insulina venosa, sobretudo nos pacientes com

hiperglicemia acentuada, parece ser mais eficaz

que subcutânea e ela age reduzindo os níveis

de triglicérides potencializando a ação da lipase

lipoproteica que acelera o metabolismo de quilomicrons

e Vldl a glicerol e ácidos graxos livres.

A heparina parece também ser benéfica por estimular a

liberação de lipase lipoproteica endotelial na circulação.

Para pacientes com pancreatite aguda relacionada à

hipertrigliceridemia sem hiperglicemia ela pode e deve

ser utilizada sem insulina.

a evolução clínica da paciente que apresentamos foi

bastante favorável com o tratamento convencional

e mantém em ambulatório níveis adequados de

colesterol, triglicérides e glicemia com a medicação

habitual que inclui hipoglicemiante oral, fibrato e

estatina.

gráfico 2: evolução laboratorial: triglicérides

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