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ENFERMAGEM

Enfermagem - Cuidando em Emergência - UNIP.br

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ENFERMAGEM

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ENFERMAGEM:

CUIDANDO EM EMERGêNCIA

OrganizadoraNébia Maria Almeida de Figueiredo

2a edição revisada

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Copyright © 2006 Yendis Editora Ltda.Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora.

Editor: Maxwell M. Fernandes Coordenação editorial: Anna Yue e Juliana SimionatoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Francisco LavoriniRevisão de português: Rafael Faber FernandesCapa: Lizandra Maluf Pichinini

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Enfermagem : cuidando em emergência / organizadora Nébia Maria Almeida de Figueiredo. – 2. ed. rev. – São Caetano do Sul, SP : Yendis Editora, 2006.

BibliografiaISBN 85-98859-86-9

1. Enfermagem em emergências I. Figueiredo, Nébia Maria Almeida de.

06-8273 CDD-610.7361

Índices para catálogo sistemático: 1. Cuidados de enfermagem : Emergências médicas : Ciências médicas 610.73612. Emergências médicas : Cuidados de enfermagem : Ciências médicas 610.7361

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

Yendis Editora Ltda.Av. Guido Aliberti, 3069 – São Caetano do Sul – SPTel./Fax: (11) [email protected]

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Organizadora

Nébia Maria Almeida de FigueiredoPró-reitora de extensão e assuntos comunitários. Livre-docente em Administração de Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRio). Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora do cur-so de pós-graduação (mestrado) e Professora Titular em Fundamentos de Enfermagem da UNiRio. Área de atuação/produção: Cuidados de Enfermagem, Fundamentos de Enfermagem e Administração de Enfermagem.

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Álvaro Alberto de Bittencourt VieiraDoutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Mestre em Enfermagem pela UNiRio. Área de atuação: Enfermagem de Emergência, Saber de Enfermagem Hospitalar, Cuidado de Enfermagem Hospitalar, Administração Hospitalar e Direito Médico.

Carlos Roberto Lyra da SilvaDoutorando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Mestre em Enfermagem pela UNiRio. Professor Assistente da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNiRio). Área de atuação/produção: Fundamentos de Enfermagem, Cuidado de Enfermagem.

Colaboradores

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

iraci dos SantosDoutora em Enfermagem pela UFRJ. Livre-docente/Professora Titular em Pesquisa de Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Área de atuação/produção: Administração de Enfermagem e Pesquisa Sociopoética.

Joséte Luzia LeiteLivre-docente pela UNiRio. Professora Visitante da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Professora Emérita pela UNiRio.

Maria Aparecida de Luca NascimentoDoutora em Enfermagem pela UFRJ. Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNiRio). Área de atuação/produção: Enfermagem Pediátrica.

Maria José CoelhoDoutora em Enfermagem pela UFRJ. Pesquisadora do CNPq. Áreas de atuação: Enfermagem Médico-cirúrgica, Enfermagem de Doenças Contagiosas, Ensino–Aprendizagem e Administração de Unidades Educativas.

Marluci Andrade Conceição StippDoutora em Enfermagem pela UFRJ. Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Área de atuação/produção: Enfermagem Cardiovascular, Gerência, Cuidados de Enfermagem.

Nalva Pereira CaldasLivre-docente e Doutora em Administração de Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Mestre em Administração Pública e Especialista em Administração de Pessoal e organização e Métodos pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV). Professora Emérita pela UERJ. Área de atuação: orientação de pesquisas de iniciação científica e de extensão, e responsável pelo Centro de Memória da Faculdade de Enfermagem da UERJ.

Roberto Carlos Lyra da SilvaEnfermeiro. Doutorando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Mestre em Enfermagem pela UERJ. Professor Assistente da Disciplina de

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Colaboradores

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Semiologia, nos cursos de graduação e pós-graduação lato sensu do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNiRio).

Teresa ToniniDoutoranda em Medicina Social pela UERJ. Mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela UERJ. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNiRio). Especialista em Administração dos Serviços de Saúde. Área de atuação/produção: Fundamentos de Enfermagem e Saúde Coletiva, Administração e Cuidados de Enfermagem, Gestão em Saúde.

Terezinha Feliciano

Vilma de CarvalhoEnfermeira pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Pós-graduação em Teaching Medical – Surgical Nursing pela Wayne State University, Detroit (Michigan, EUA). Bacharela e licenciada em Filosofia pela UERJ. Livre-docente/Professora Titular em Enfermagem de Saúde Pública da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Professora emérita pela UFRJ.

Wiliam César Alves MachadoDoutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNiRio). Professor Titular da Faculdade de Ciências da Saúde de Juiz de Fora da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNiPAC). Pesquisador da Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (FUNADESP). Área de atuação/produção: Enfermagem Fundamental, Cuidados de Enfermagem, História da Enfermagem, Reabilitação, inclusão Social das Pessoas com Deficiência.

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

Coordenadora Fotográfica e Revisão Técnica

Dirce Laplaca VianaMestre em Ciências pelo Departamento de Enfermagem da UNiFESP-EPM. Especialista em Pediatria pelo instituto da Criança – Hospital das Clínicas/FMUSP. Docente no cur-so de Especialização em Enfermagem Hospitalar à Criança e ao Adolescente e no cur-so de Especialização em Enfermagem em Cuidados intensivos e Emergência à Criança e ao Adolescente no instituto da Criança – Hospital das Clínicas/FMUSP. Enfermeira na Educação Continuada do instituto da Criança – Hospital das Clínicas/FMUSP.

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Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . XV

1. o Corpo em Emergências Básicas . . . . . . . . . . 1Anatomia Humana . . . . . . . . . . . . . . . 13Sistema Musculoesquelético . . . . . . . . . . . . 9

2. o Atendimento de Emergência no Brasil . . . . . . . 13Cuidando do Cliente no Hospital e na Emergência . . . . 19

3. Cuidando em Acidentes. . . . . . . . . . . . . . 31Riscos Concretos . . . . . . . . . . . . . . . . 32Riscos Subjetivos . . . . . . . . . . . . . . . . 61

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

4. o Atendimento Pré-hospitalar . . . . . . . . . . . 63Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Recursos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . 66Veículos de Pré-hospitalar. . . . . . . . . . . . . 68Equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Material para Liberação das Vias Aéreas . . . . . . . 78Triagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87Simple Triage and Rapid Treatment (Start – Triagem Simples e Tratamento Rápido). . . . . 91Parâmetros Normais dos Sinais Vitais . . . . . . . . 95Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) . . . . . . . . 100Elaboração de um Relatório de Emergência . . . . . . 110

5. Conceitos em Emergência Hospitalar . . . . . . . . . 115o Cuidado de Enfermagem . . . . . . . . . . . . 116organização. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117Apoio Legal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117Condições de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . 118Unidade de Emergência . . . . . . . . . . . . . 118o Trabalho de Enfermagem . . . . . . . . . . . . 123

6. Cuidando em Emergência Hospitalar . . . . . . . . . 127introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127Procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 129Triagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134Doenças mais Comuns na Emergência . . . . . . . . 137Cuidados Domiciliares . . . . . . . . . . . . . . 165

7. Tipos de Cuidado em Emergência . . . . . . . . . . 167Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . 168Funções da Enfermagem na Emergência . . . . . . . 169os Cuidados de Emergência em Enfermagem . . . . . 170Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . 178

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Sumário

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8. Ética no Atendimento de Pronto-socorro . . . . . . . 181Ética em Emergência . . . . . . . . . . . . . . 183o Cliente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188A Legislação. . . . . . . . . . . . . . . . . . 191

9. Emergências em Cardiologia . . . . . . . . . . . . 195Dor Torácica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196Exame Físico . . . . . . . . . . . . . . . . . 205Avaliação dos Clientes . . . . . . . . . . . . . . 207

10. Emergências Pediátricas . . . . . . . . . . . . . 215Principais Emergências Respiratórias . . . . . . . . 217Principais Emergências Neurológicas. . . . . . . . . 218Principais Emergências Ginecológicas . . . . . . . . 220Cuidados de Enfermagem . . . . . . . . . . . . . 220o Ambiente no Pronto-socorro ou Unidade de Emergência . . . . . . . . . . . . . . . . . 230

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 323

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XV

Apresentação

Acidentes são eventos que não escolhem vítimas. Podem acometer crian-ças, adultos e idosos. Acontecem, na grande maioria das vezes, inesperada-mente, embora em alguns casos sejam perfeitamente previsíveis, mas que, por alguma falha, geralmente inobservância de medidas de segurança, acabam acontecendo. Acidentes podem acontecer em casa, na rua ou no trabalho, exigindo intervenção imediata na tentativa de minimizar os danos que pode-rão pôr em risco a vida de suas vítimas.

Essas intervenções são freqüentemente denominadas intervenções de emergência ou de urgência. Elas podem ser clínicas ou cirúrgicas, dependen-do da gravidade do comprometimento orgânico.

A presente obra é ousada, pois ensina não somente a enfermeiros, técni-cos, auxiliares e acadêmicos de enfermagem, mas também a leitores leigos, que serão capazes de cuidar de pessoas em situações de emergência, vitima-

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

das por acidentes domésticos, urbanos e de trabalho. De posse dos conhe-cimentos e ensinamentos deste livro, poderão prestar cuidados básicos e serão capazes de garantir uma sobrevida, até que medidas mais avançadas sejam tomadas, pois esta obra não pretende, em hipótese alguma, apresen-tar cuidados relacionados ao suporte avançado de vida.

Neste livro, consideramos oportuno abordar, entre outros assuntos, os aspectos relacionados ao corpo em situação de emergência, bem como apre-sentar um breve contexto histórico do atendimento de emergência no Brasil, por considerá-los temas pouco explorados nas literaturas especializadas.

Como não poderia deixar de ser, reservamos um capítulo para tratar dos cuidados de enfermagem em situações de emergências pediátricas, pois acre-ditamos tratar-se de uma clientela que necessita de intervenções e cuidados altamente especializados.

Desejamos que nossos leitores aproveitem ao máximo os ensinamentos presentes neste livro, produto da experiência profissional de cada um de nós. Tenham todos uma boa leitura.

Professor Roberto Carlos Lyra da Silva

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Capítulo 7

Tipos de Cuidado em Emergência

Este capítulo é mais que atual e traz para conhecimento de estudantes de graduação e de nível técnico resultados de um estudo de tese de doutorado sobre a morfologia do cuidar em emergência, realizado pela Dra. Maria José Coelho.

Nesse estudo, foram encontrados 14 tipos de cuidados, identificados em diversas situações de emergência em meio à ordem e à desordem que se cria para se manter e salvar uma vida.

São tipos de cuidados com diversas variações, mas comportando a mesma essência, todos descritos pela enfermagem de nível superior e técnico.

As ações de cuidar também são carregadas de silêncio na imensa confusão e tensão em que o cuidado acontece. Essas ações são desenvolvidas na relação cliente/enfermagem, numa convivência interdisciplinar e multiprofissional, em que todos percebem e vêem o que a enfermagem faz. Porém, em nível

Maria José Coelho

Nébia Maria Almeida de Figueiredo

Vilma de Carvalho

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

macrossocial, poucas pessoas conseguem apreender a complexidade e a es-pecificidade de suas ações.

Considerações

Os cuidados de enfermagem fazem parte de um mundo silencioso, res-trito geralmente à unidade, setor ou local conhecidos como cenário de cuidar. Para o público em geral, em seu imaginário popular, a função da enfermagem restringe-se a fazer curativos e ministrar medicação. Daí sa-ber que a enfermagem trabalha num mundo próprio que, na emergência, é mais diferenciado, pois é nele que circulam as possibilidades de vida e morte. É nessa fronteira que a enfermagem se faz presente.

A prática da enfermagem é composta por uma multiplicidade de téc-nicas e táticas bem articuladas. Os cuidados acontecem em momentos rá-pidos e muitas vezes aparentemente descoordenados. Portanto, apreender tudo isso às vezes pode ser uma tarefa difícil ou até mesmo impossível. No entanto, o profissional nunca deve desanimar, pois é o desejo de manter uma vida que o faz presente com seus cuidados.

Durante o desenvolvimento de sua tese em especial na fase de coleta de dados em uma unidade de emergência, Coelho (1997) questionava como um recurso tecnológico poderia apreender a especificidade e a distinção do cuidado em toda a sua dinâmica e sequência de ações que, num primeiro momento, parecem o caos, mas que contém, em seu núcleo, uma ordem e uma sequência lógica. No cotidiano, nos serviços de emergência, tudo se desarmoniza no ambiente. É a desordem buscando uma ordem: a vida.

A equipe de saúde e de enfermagem que faz a emergência funcionar atua como peça fundamental para que toda a máquina funcione. Se a en-fermagem pára ou não faz com competência e compromisso o seu traba-lho, o atendimento pára e isso pode colocar tudo em risco.

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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Observando a enfermagem trabalhar é que se dá conta do quanto é importante seu trabalho, que não se trata apenas de parceria, mas também de apoio, articulação e provisão de condições e materiais para que o cuidado de todos seja realizado de forma satisfatória.

Funções da Enfermagem na Emergência

Durante todo o processo do cuidar não se pode esquecer que esta ação é sócio-histórica. No cotidiano da emergência surgem situações que exi-gem do profissional competência, intuição e ação; estética e ambiência; criatividade para criar habilidades motoras e sensibilidade para moldar o cuidado.

Esse processo de cuidar que envolve saber- fazer acontece em diversos momentos, caracterizados como:

• diagnóstico: trata-se do histórico e da evolução da situação. Durante essa fase são observados:– comportamento, sinais e signos objetivos e subjetivos;– emoções que se apresentam nas relações e interações;

• intervenção: são consideradas todas as dimensões: biológica, psicológica, sociológica e espiritual.

Cuidar em emergência é um ritual específico e distinto, que compreen-de basicamente vigiar e vigilância:

• cuidadocomoambiente;• cuidadocomaspessoasqueatuamnaemergência.

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

AtençãoVigiar e vigilância exigem também, além da ação racional fundamental, que os profis-sionais sejam intuitivos; criativos; solidários; sensíveis e que considerem o conheci-mento do senso comum de sua equipe.

Cuidados de Emergência em Enfermagem

Cuidado de alerta

O que é relevante aqui, é a idéia de intensidade dos cuidados, bem como os equipamentos, material e pessoal especializado, obedecendo-se a princípios de interação e funcionalidade. Tudo deve estar preparado nos mínimos detalhes técnicos. Não pode faltar o necessário para o estabele-cimento do diagnóstico e a implementação terapêutica para a prestação de cuidados necessários para salvar vidas. Tais cuidados exigem, predo-minantemente, atividades cognitivas psicomotoras. O cuidado de alerta não segue a rotina dos outros setores. Tudo é imediato; uma expectativa constante pelo que poderá chegar ou acontecer.

Cuidado de guerra

Emerge do confronto entre a vida e a morte. A todo momento chegam clientes com os mais diversos tipos de queixas e há também as enormes filas. No cuidado de guerra, destacam-se as ações de triar, diagnosticar e atender à fase aguda, além da de manter em observação aqueles clientes sem condições de serem liberados. Tudo isso requer uma semiótica por

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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parte da equipe de enfermagem, que deve saber identificar sinais e sinto-mas indicadores de gravidade. A leitura e a interpretação dos sinais, sen-sações e sintomas corporais, da evolução da doença ou das circunstâncias que envolvem o cliente e sua perspectiva de cura e de morte são pontos básicos para o cuidado de guerra. Trata-se de um confronto entre a vida e a morte, numa utilização de todos os recursos que a enfermagem dispõe para utilizar.

Cuidado contingencial

Delineia-se pelo investimento de todos os recursos de que a enfermei-ra e sua equipe dispõem. São os esforços coletivos para salvar o cliente numa atitude de vigilância, uma espécie de “radar” para detectar qualquer anormalidade ou sintoma alarmante. A sua principal característica são os modos e a tecnologia do cuidar como ato concreto, além de uma atenção especial aos aspectos subjetivos que se encontram no ambiente e nos clien-tes, já que estes necessitam de uma observação detalhada. É importante que o profissional fique vigilante para detectar qualquer anormalidade ou aparecimento de sintomas intensos.

Cuidado contínuo

É o momento em que ocorrem a manutenção e a seqüência do cui-dar diário. Envolve os rituais diários, como a higiene por exemplo. Tem a função de prevenção, manutenção da vida e impedimento do surgimento de seqüelas que possam agravar o quadro do cliente. Fundamenta-se nas necessidades universais do ser humano e exige cuidados básicos de enfer-magem, é o cuidar do corpo em seqüência, numa sistematização contínua

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

que determina regras e modos de proceder. Visa inicialmente a correção de situações que ameaçam a vida do cliente ou ao atendimento de uma série de desvios clínicos agudizados.

Cuidado dinâmico

Engloba os cuidados feitos num contato relativamente curto e rápido. Os clientes são atendidos de forma simultânea: enquanto alguns estão sen-do cuidados, outros chegam, somando-se àqueles. Uma das características do cuidado dinâmico é a intensidade com que são realizados os cuidados (devido a concentração numérica de clientes graves sujeitos a possíveis mu-danças abruptas em suas condições orgânicas).

Cuidado expressivo

Assume a forma de encorajamento, com o intuito de incentivar o clien-te a lutar e reagir. O profissional se utiliza dos sentidos, através de uma rela-ção interpessoal, que contém a linguagem verbal e não verbal para ampliar suas ações de cuidar. O corpo expressivo do enfermeiro traduz sentimento e é o seu instrumento de trabalho e atuação, estando em sintonia com os corpos expressivos dos clientes, no contexto do cuidar expressivo.

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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Cuidado anônimo

Existem quadros que só são vistos na unidade de emergência, e um de-les é o cuidado anônimo. O cliente que não porta nenhum documento de identidade e está inconsciente é inicialmente registrado como “desconhe-cido”. No espaço reservado para o seu nome, no prontuário, esse cliente é descrito por meio de expressões com as seguintes: “um homem”, “uma mulher”, “uma criança”, assim como ocorre com a cor: branca, negra ou parda e a idade aparente.

Alguns cuidados são fundamentais, tais como: fazer a pulseira do clien-te, acompanhar as alterações do seu nível de consciência, registrar suas decrições no boletim de atendimento e prendê-lo na maca-leito, sem dei-xar que escape. Todas essas ações caracterizam o cuidado de preservação nominal, que tem o intuito de resgatar a identidade do cliente, situando-o no tempo e no espaço. No caso de morte violenta, evidente ou suspeita, o corpo deverá ser encaminhado ao IML, com informações registradas em uma guia especial, muitas vezes sem a identificação nominal.

Cuidado multifaces

É aquele que tem muitas outras faces interligando-o, tornando-o sin-gular e múltiplo. Trata-se de uma intersecção entre várias áreas de conheci-mento de saúde, aliadas a outros conhecimentos. Sua construção tem suas bases nas áreas de antropologia, sociologia, economia, política e diploma-cia (nos limites nacional e internacional), no caso de cuidados prestados a estrangeiros, e envolvendo sua nacionalidade, cultura, idioma, símbolos e vivências. É comum o cuidado a clientes portadores de mais de um mal,

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

como por exemplo, um acidentado com uma doença infecto-parasitária ou crônica ou simplesmente com um quadro agudizado de tuberculose, meningite, hepatite, tétano, escabiose, a pediculose, entre outras enfer-midades. O profissional deve escutar o cliente e demonstrar interesse em conhecer a história de cada uma das pessoas que estão sendo cuidadas fa-zendo as devidas conexões.

Uma das funções do enfermeiro é discernir não só a gravidade do caso, mas também o perigo de transmissão da doença básica para os outros clien-tes e para a equipe de enfermagem, assim como os casos extremos de agi-tação psicomotora. Nos casos dos clientes psiquiátricos ou com quadro de desorientação psíquica causada por descompensação orgânica, deve-se conquistar a sua confiança, penetrando de uma maneira positiva e terapêu-tica no seu mundo interior, para que o cuidado ocorra satisfatóriamente.

Cuidado ao que se encontra à margem social

Trata-se do aspecto jurídico-policial das situações surgidas, quando o cliente é levado à unidade de emergência por policiais, na maioria das vezes ferido durante uma troca de tiros com as autoridades e em outras circuns-tâncias similares. É preciso bom senso para se lidar com tal situação. No caso de posse ou ingestão de drogas, o enfermeiro deve recolher, contar e descrever o material na presença de uma testemunha, encaminhando-o ao policial de plantão. Isso também deve ser feito com os projéteis e corpos estranhos retirados das lesões, que deverão ser identificados, relacionados e entregues à administração do hospital, para encaminhamento às autori-dades competentes.

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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Cuidado à população de rua

É o cuidado prestado a crianças e idosos abandonados ou não pelos familiares: crianças de rua, mendigos, pessoas sem residência fixa, que bus-cam abrigo e comida na unidade de emergência. Representa a prescrição de um corpo debilitado que precisa de alimentos e abrigo como forma terapêutica.

O cuidado fundamental é confortar, proporcionar um espaço para abri-gar o cliente na sala de atendimento, e comida para saciar a sua fome. Trata-se também de uma questão social, de educação e de saúde pública. Os cuidados desenvolvidos ultrapassam a terapêutica medicamentosa pre-conizada pelo modelo biomédico.

Um dos incômodos é a ausência de higiene, com a qual se precisa convi-ver, respeitando “a diferença”. Os cuidados tomam um sentido de propor-cionar um conforto temporário, mas com dedicação, respeito e a expressão da arte de unir ciência e humanidade.

Cuidado mural

O objetivo é o de advertência e de direção. Sua criação é fundamenta-da na prevenção, na vigilância e na situação-limite, proporcionando um esquema de ação ágil e seguro, num encadeamento lógico e coerente de raciocínio. Trata-se da descrição de cuidados estratégicos, afixada nas pare-des do posto de enfermagem, em local de destaque e de fácil visualização; proporcionando uma ação rápida, como um mapa. Como exemplo têm-se a escala de Glasgow e a classificação para afogados de Szpilman.

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

Cuidado perto/distante

Envolve os órgãos dos sentidos dos enfermeiros, acionados pela situação de alerta, pelos instrumentos e equipamentos, ampliando a capacidade na-tural de sentir, ouvir o ruído do respirador, a respiração estertorosa, gemi-dos, silêncios prolongados, entre outros ruídos apreendidos pelos sentidos e compostos de dados intuitivos, dos quais, mesmo distante, o enfermeiro continua cuidando, captando e identificando, com os seus sentidos, uma situação de risco para o cliente. Utiliza-se dos sentidos perceptivos como olfato, tato, audição, visão, paladar e percepção como instrumentos de ma-nutenção dos cuidados. Todos os sentidos estão presentes, impregnando os cuidados dos enfermeiros e/ou dos técnicos de enfermagem.

Muitos clientes necessitam desse tipo de cuidado por conta da dificulda-de de comunicação por meio da expressão verbal e de direção espaciotem-poral. Essa dificuldade é causada por circunstâncias clínicas ou traumáticas, impossibilitando a comunicação e a expressão. São situações que envolvem a fala; deficiências auditivas, como o traumatismo bucofacial, traqueostomia, surdo-mudez; deficiências visuais; deformidades congênitas ou adquiridas; ausência de percepção tátil, entre outras. Às vezes, a própria circunstância de sua admissão no setor de emergência requer tais cuidados.

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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Cuidado ao corpo (semi)morto

Esta é uma temática delicada, pois apresenta múltiplos aspectos, tanto na unidade de emergência, quanto na forma geral. Na unidade de emer-gência, existe a questão da responsabilidade, tanto no aspecto moral e éti-co, como no jurídico-policial, principalmente no caso de mortes de origem suspeita, as chamadas “C.P.” (caso policial). Na unidade de emergência são muitas as polêmicas e poucas as respostas aos questionamentos surgidos no enfrentamento do dilema vida/morte no cotidiano do cuidar.

De um lado, há a filosofia que norteia o cuidado de emergência para salvar vidas e a valorização do desempenho técnico altamente qualificado; do outro lado, há o momento de parar, sem incorrer na questão polêmica da imprudência, imperícia, negligência ou eutanásia.

O direito de morrer em paz, com dignidade e sem sofrimento é algo que não pode ser esquecido, pois implica o respeito ao ser humano. A linha tênue entre salvar a vida e permitir a morte digna, no cuidado de emergên-cia, é um desafio para o enfermeiro. A morte na emergência engloba uma série de etapas, envolvendo recursos técnicos e podendo levar várias horas, dias, meses ou anos. A morte de todo o corpo ou de uma de suas partes faz parte do cotidiano do cuidar nas salas de atendimento de emergência.

Outro aspecto é o corpo semimorto, isto é, quando há constatação da morte biológica (cerebral) por meios diagnósticos. É considerado fora de possibilidade terapêutica, em morte cerebral. Os transplantes, implantes e

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Enfermagem: Cuidando em Emergência

a biotecnologia, atualmente, fazem parte dos recursos terapêuticos, assim como o óbito parcial.

Cuidado aos profissionais do cuidado

Pouco se fala do cuidado aos enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-fermagem, em que o primeiro cuida do segundo e assim por diante, numa inter-relação entre a construção do cuidado à clientela e os seus medos e sentimentos, que afloram em silêncio durante o cuidado. Nas salas de atendimento de emergência, o inesperado constitui rotina, pois trata-se de um local estressante, que leva à angústia, apreensão e ao sentimento de medo. Esses sentimentos costumam envolver os enfermeiros e sua equi-pe.

Cooperação e negociação configuram esse cotidiano de cuidados tão es-peciais, distintos e específicos. As situações vivenciadas expressam momen-tos de valorização e apoio para a equipe de enfermagem realizadas pelas enfermeiras e, ao mesmo tempo, um ônus a mais ao polivalente exercício profissional.

Considerações Finais

No cuidado de enfermagem em emergência, o senso comum faz parte do conhecimento dos enfermeiros e envolve conhecimentos sobre política, economia etc, além de obrigá-los a saber que os clientes são sócio-his-tóricos e têm direitos humanos a serem assegurados, inclusive em nível internacional.

O cuidado de enfermagem em emergência, quando operacionalizado, dá origem aos cuidados entendidos como específicos encontrados em situa-ções do cotidiano como as que foram descritas anteriormente. Os cuidados

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Capítulo 7 – Tipos de Cuidado em Emergência

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de enfermagem, em sua totalidade, resumem a terapêutica de responsabi-lidade do enfermeiro. O importante é que o profissional de enferma gem conheça o cotidiano de sua arte e saiba que o cuidado envolve questões sociais, políticas, econômicas, de saúde pública e de educação, articuladas a uma questão jurídico-penal e policial, englobando e articulando conhe-cimentos que não pertencem à área de enfermagem.

As abordagens nessa área de conhecimento de enfermagem – a de emer-gência – são peculiares e vitais, pois são ações que têm a função de man-ter o cliente vivo. O cuidado de enfermagem em emergência articula-se através de uma rede com várias linhas imaginárias, que partem de quatro princípios: agilidade, criatividade, humanismo e tecnologia.