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Ano X - Edição 121 - Dezembro 2017 Distribuição Gratuita Desejamos a todos e a to- das um Feliz Natal à todos e um próspero Ano Novo 2018. O velho 2017 está prestes a dizer adeus, agora velho, é quebrado pela chegada nova em 2018, 365 dias para desfrutar e aprender. Que a paz e a compreen- são reinem em nossos co- rações neste Natal e no Ano Novo que se aproxi- ma. Boas Festas! Trabalho escravo até quando? Parece mentira falar que existe tra- balho escravo no mundo e no Bra- sil. Mas existe. O trabalho escravo foi abolido no Brasil em 1888 pela Lei Áurea. O art. 149 do Código Pe- nal Brasileiro diz que: Reduzir alguém a condição análo- ga à de escravo, quer submetendo- o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a con- dições degradantes de trabalho, quer restringindo... Página 3 Saiba o que muda e como vai afetar a sua vida A nova lei trabalhista entra em vigor em 22 dias. A partir do dia 11 de novembro todos os contratos de trabalho, antigos e novos, passam a funcionar de acordo com as regras aprovadas e sancionadas pela presidência no dia 13 de julho passado. A maior parte das mudanças contempla principalmente os interesses dos patrões e deixa mais vulnerável a condição do trabalhador. Por isso é importante ficar atento. Página 5 A importância do Parlamento para a Sociedade O Parlamento é uma instituição po- lítica com a finalidade de criar leis representando os cidadãos e seus interesses. É composto por um conjunto de cidadãos escolhidos por outros cidadãos que se reúnem para cumprir a sua finalidade. Há várias formas de se chamar um Parlamento, entre elas, Congresso, Assembleia, Cortes, Dieta, Câmara, Casa, Conselho, Estados, Duma... essas variações ocorrem conforme as culturas dos diversos países e seus idiomas. Página 8 Editorial Página 2 10º Aniversário CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! História dos Meninos Os meninos reuniram- se para uma conversa importante. Tiago con- tou aos amigos que sua mãe andava muito pre- ocupada com uma ami- ga, Madalena, que estava passando por um período muito difícil e, grávida, preparava-se para o parto que seria em breve, no entanto... Leia mais: Página 4 ESTAMOS POR QUEM? A crise política está causando, a cada dia, a des- truição do que foi construído ao lon- go dos últimos anos. Partidos e políticos com suas narrativas estão se desfazendo diante da população... Leia mais: Página 6 A origem do samba A despeito da centrali- dade ou não do samba como gêne- ro musical nacional, sua origem (ou a história de sua origem) nos traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que atravessam a história do país. Leia mais: Página 7 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

121 - DEZ - 2017 · veículos ícones na área de comunicação. A Diretoria Aquela que matou o guarda Tratava-se de uma mulher que trabalha-va para D. João VI e se chamava Canje-brina,

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Page 1: 121 - DEZ - 2017 · veículos ícones na área de comunicação. A Diretoria Aquela que matou o guarda Tratava-se de uma mulher que trabalha-va para D. João VI e se chamava Canje-brina,

Ano X - Edição 121 - Dezembro 2017 Distribuição Gratuita

Desejamos a todos e a to-das um Feliz

Natal à todos e um próspero Ano Novo 2018.

O velho 2017 está prestes a dizer adeus, agora velho, é quebrado pela chegada nova em 2018, 365 dias para desfrutar e aprender.

Que a paz e a compreen-são reinem em nossos co-rações neste Natal e no Ano Novo que se aproxi-ma.

Boas Festas!

Trabalho escravo até quando? Parece mentira falar que existe tra-balho escravo no mundo e no Bra-sil. Mas existe. O trabalho escravo foi abolido no Brasil em 1888 pela Lei Áurea. O art. 149 do Código Pe-nal Brasileiro diz que:

Reduzir alguém a condição análo-ga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a con-dições degradantes de trabalho, quer restringindo...

Página 3

Saiba o que muda e como vai afetar a sua

vida

A nova lei trabalhista entra em vigor em 22 dias. A partir do dia 11 de novembro todos os contratos de trabalho, antigos e novos, passam a funcionar de acordo com as regras aprovadas e sancionadas pela presidência no dia 13 de julho passado.

A maior parte das mudanças contempla principalmente os interesses dos patrões e deixa mais vu lneráve l a cond ição do trabalhador. Por isso é importante ficar atento.

Página 5

A importância do Parlamento para a

Sociedade

O Parlamento é uma instituição po-lítica com a finalidade de criar leis representando os cidadãos e seus interesses. É composto por um conjunto de cidadãos escolhidos por outros cidadãos que se reúnem para cumprir a sua finalidade. Há várias formas de se chamar um Parlamento, entre elas, Congresso, Assembleia, Cortes, Dieta, Câmara, Casa, Conselho, Estados, Duma... essas variações ocorrem conforme as culturas dos diversos países e seus idiomas.

Página 8

Editorial Página 2

10º Aniversário

CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

Baixe o aplicativo IOS

NO SITE www.culturaonlinebr.org

A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

História dos

Meninos

Os meninos reuniram-se para uma conversa importante. Tiago con-tou aos amigos que sua mãe andava muito pre-ocupada com uma ami-

ga, Madalena, que estava passando por um período muito difícil e, grávida, preparava-se para o parto que seria em breve, no entanto...

Leia mais: Página 4

ESTAMOS POR QUEM?

A crise política está causando, a cada dia, a des-truição do que foi construído ao lon-

go dos últimos anos. Partidos e políticos com suas narrativas estão se desfazendo diante da população...

Leia mais: Página 6

A origem do samba

A despeito da centrali-d a d e o u n ã o do samba como gêne-ro musical nacional,

sua origem (ou a história de sua origem) nos traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que atravessam a história do país.

Leia mais: Página 7

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Ajude-nos a manter este projeto por apenas R$ 15,00 mensal

Email: [email protected]

Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da Educação e da divulgação da

CULTURA Nacional

Editorial

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

Mensagem

Chegamos ao 10º aniversário da Gazeta Valeparaibana.

São sonhos e esperanças que se renovam, como se cada mês fosse um novo renascimento. Os dez anos de edição da Gazeta Valeparaibana representam um marco importante para a história do projeto Formiguinhas do Vale. Desde janeiro de 2007, sem interrupção, com uma frequência mensal, o jornal tem procurado cumprir sua missão de transmitir conhecimento.

Renascer a cada edição é muito bom, já que, dia após dia estamos recebendo mais adesões e se denota um maior comprometimento com o exercício da cidadania e a divulgação do conhecimen-to, além da busca de informações confiáveis, pelos leitores e seguidores.

A Gazeta Valeparaibana na atualidade tem algumas colunas tradicionais; Genha Auga, Mariene Hildebrando, João Paulo Barros, Maestro Luis Gustavo Petri e Loryel Rocha, além de artigos de diversos outros autores ocasionais referentes ás principais datas comemorativas do mês. Algu-mas matérias são sazonais e outras matérias são pontuais.

O projeto “Formiguinhas do Vale” só tem a comemorar o sucesso de seus meios de comunicação “Gazeta Valeparaibana” que já alcançou a significativa marca de 5 milhão de downloads e a sua rádio Web CULTURAonline BRASIL que também já ultrapassou a marca de 160 mil ouvintes únicos e mais de 7.5 milhões de acessos.

Enfim, realizações e sonhos que se renovam junto com o compromisso de bem servir à comuni-dade escolar, á cidadania e ao nosso País.

Filipe de Sousa (Editor e Jornalista Responsável) acredita que os seus maiores desafios ao longo desses 10 anos à frente do Jornal Gazeta Valeparaibana foram assegurar a coerência e a preci-são da informação, bem como manter pontualmente o prazo de entrega do jornal ao leitor. Afir-mou também que a principal contribuição do jornal é o sentimento que todos têm de que há um veículo de comunicação, que lhes permite saber o que acontece no Brasil e no Mundo na área da Educação.

Outra contribuição é que os voluntários envolvidos no processo terminam percebendo da sua im-portância dentro da área docente, trabalhando na mesma direção, que é democratizar a informa-ção e opinar com responsabilidade além de acreditar que o conhecimento e a cultura podem con-tribuir sim para a construção da cidadania e, que neste mundo de informação e desinformação, elucidar e transmitir conhecimento de uma forma laica e apartidária neste ainda é possível.

Muito obrigado a todos pelo incentivo, leitura e apoio.

Parabéns para todos que contribuíram com as Pautas Educação e Cidadania que fizeram destes veículos ícones na área de comunicação.

A Diretoria

Aquela que matou o guarda

Tratava-se de uma mulher que trabalha-

va para D. João VI e se chamava Canje-

brina, que, como informam os dicioná-

rios, significa pinga, cachaça. Ela teria

matado um dos principais guardas da

corte do Rei. O fato não foi provado. Mas

está no livro “Inconfidências da Real Fa-

mília no Brasil”, de Alberto Campos de

Moraes.

Sangria desatada

Diz-se de qualquer coisa que requer uma

solução ou realização imediata. Esta ex-

pressão teve origem nas guerras, onde

se verificava a necessidade de cuidados

especiais com os soldados feridos. É

que, se por qualquer motivo, se despren-

desse a atadura posta sobre as feridas,

o soldado morreria, por perder muito

sangue.

Colocar panos quentes

Significa favorecer ou acobertar coisa

errada feita por outro. Em termos tera-

pêuticos, colocar panos quentes é uma

receita, embora paliativa, prescrita pela

medicina popular desde tempos remotos.

Recomenda-se sobretudo nos estados

febris, pois a temperatura muito elevada

pode levar a convulsões e a problemas

daí decorrentes. Nesses casos, com-

pressas de panos encharcados com á-

gua quente são um santo remédio. A su-

dorese resultante faz baixar a febre.

Pagar o pato

A expressão deriva de um antigo jogo

praticado em Portugal. Amarrava-se um

pato a um poste e o jogador (em um ca-

valo) deveria passar rapidamente e ar-

rancá-lo de uma só vez do poste. Quem

perdia era que pagava pelo animal sacri-

ficado. Sendo assim, passou-se a em-

pregar a expressão para representar si-

tuações onde se paga por algo sem ter

qualquer benefício em troca.

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com le-tra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identida-de, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês

Trabalho escravo até quando? Parece mentira falar que existe trabalho escravo no mundo e no Brasil. Mas existe. O traba-lho escravo foi abolido no Brasil em 1888 pela Lei Áurea. O art. 149 do Código Penal Brasilei-ro diz que:

Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restrin-gindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

Dados do Ministério do Trabalho informam que nos últimos 20 anos foram resgatados quase 50 mil trabalhadores que se encontravam em situações semelhantes às de escravidão. As condições semelhantes eram: “Submissão a trabalhos forçados; Jornada exaustiva; condi-ções degradantes de trabalho; restrição da locomoção em razão de dívida, trabalho forçado.”

O Brasil foi um dos primeiros países a admitir que o problema do trabalho escravo existia no país, e assumiu isso perante a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Pelas medidas tomadas que acrescentaram outros tipos de exploração ao trabalho escravo, viramos modelo de combate desse crime perante a comunidade internacional. Esse tipo de trabalho aparece em várias atividades econômicas desde as ligadas as atividades rurais e mais recentemente tem aparecido nas grandes cidades, nos ramos de construção civil, têxtil etc... Infelizmente ele está presente na maioria dos estados. O estado com maior percentual desse tipo de tra-balho é o Pará. A maioria dos trabalhadores são homens e são aliciados com falsas promes-sas de bons salários e trabalho digno, vão em busca de uma vida melhor, e só encontram si-tuações indignas, onde os direitos básicos são desrespeitados. Dentre os aliciados estão os estrangeiros que se encontram em situação mais vulnerável ainda, pois a maioria não se en-contra em situação regular, essa desvantagem acaba servindo de munição para aqueles que exploram e vilipendiam os direitos humanos. Somam-se a esse quadro desolador o fato de uma boa parte desses trabalhadores serem analfabetos, possuírem pouco estudo, não terem acesso à informação e a educação adequada, o que torna a manipulação por parte do explo-rador mais fácil de ser realizada.

O trabalhador não consegue se desligar daquele que o está coagindo, se vê envolvido em dívidas intermináveis, sofre pressão psicológica, moral, e não dispõe mais sobre sua vida. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz em seu Artigo 4.º Ninguém pode ser manti-do em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio de escravos, sob qualquer for-

ma, são proibidos.

O trabalho escravo fere a dignidade da pessoa humana, um direito básico e fundamental, pois a falta de dignidade também nos torna escravos, tanto quanto as condições indignas de trabalho, a falta de liberdade para ir e vir. A Declaração de Direitos Humanos diz que: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” No momento em que temos nos-sos direitos violados e desrespeitados, homens escravizando outros homens, perdemos um pouco a fé na humanidade e começamos a duvidar que o Estado possa nos proteger e ga-rantir nossos direitos.

Toda essa discussão veio à tona pelo impacto causado pela nova portaria que tornou as nor-mas referentes ao trabalho escravo, menos rígidas. Um retrocesso em uma luta que está lon-ge de acabar. A portaria viola direitos e princípios básicos da Constituição Federal, e descon-sidera compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em relação a esse assunto.

Agora, para ficar caracterizado a condição de escravo, é necessário a privação do direito de ir e vir, as demais condições por si só não bastam sem esse requisito. O trabalhador que es-tiver trabalhando em condições precárias e desumanas, em jornadas de trabalho extenuan-tes, recebendo salários indignos, se não tiver sua liberdade de locomoção cerceada, não rea-liza trabalho escravo. Toda a polêmica causada pela portaria serviu para que a discussão so-bre esse assunto tão delicado voltasse a fazer parte das conversas e debates do nosso coti-diano. Algo vai mudar, mas não para pior, estamos atentos para não deixar isso acontecer.

A fiscalização tem que ser intensificada. O Estado tem que investir em políticas públicas que gerem empregos e rendas, tem que investir em educação, pois o conhecimento é fundamen-tal. Investir na prevenção e pelo fim do trabalho escravo. Combater em todas as frentes. A dignidade da pessoa humana é um direito que tem que ser protegido pelo Estado.

Houve um pedido do Ministério Público Federal para que a portaria que modificou o que se entende por trabalho escravo fosse revogada, até o momento em que escrevi esse artigo, a ordem não tinha sido cumprida. Esperamos que esse retrocesso e falta de respeito pelos di-reitos humanos não se concretize. Esse abrandamento das regras é uma ameaça a trabalha-dores humildes e fere preceitos fundamentais da Constituição Federal.

Mariene Hildebrando

E-mail: [email protected]

Calendário

02 - Dia Nacional do Samba 03 - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência 05 - Dia Mundial do Solo 05 - Dia Internacional do Voluntário 08 - Dia da Família 10 - Dia Declaração Universal Direitos Humanos 14 - Dia Nacional do Ministério Público 15 - Dia Nacional da Economia Solidária 23 - Dia do Vizinho 24 - Dia do Órfão 25 - Natal 31 - Dia de São Silvestre

Ver mais sobre na Página 12

A melhor mensagem de Natal é aquela

que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminha-

da pela vida.

Desconhecido

----------------------------------- Para ganhar um ano novo que mereça

este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experi-mente, consciente. É dentro de você

que o Ano Novo cochila e espera des-de sempre.

Carlos Drummond de Andrade

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Contos e Lendas História dos Meninos

Os meninos reuniram-se para uma conversa impor-tante. Tiago contou aos a-

migos que sua mãe andava muito preocupada com uma amiga, Madalena, que estava pas-sando por um período muito difícil e, grávida, preparava-se para o parto que seria em bre-ve, no entanto, por encontrarem-se sem con-dições financeiras o marido tivera que partir para tentar ganhar dinheiro em um estaleiro fora das imediações e a deixou pela sorte divi-na de ter uma boa hora e de voltar com me-lhores perspectivas para a família. Para isso teve que tomar essa atitude e sua mulher ser forte para sua sina.

Ouvindo isso Tiago imaginou a criança que ao nascer precisaria alimentar-se e talvez a mãe enfraquecida pelas tarefas a realizar nem esti-vesse nutrida o suficiente para amamentá-lo. Sua mãe lhe contara que por estar acomoda-da precariamente e sem ter um berço para a criança improvisara uma cama com bastante palha para segurar um pouco o frio, além de estar passando por muitas necessidades. Sa-lomé, mãe de Tiago, preocupada com a situa-ção desabafou com o filho sua ansiedade.

Sem perceber que sua conversa com o meni-no causou uma forte emoção despertando ne-le a vontade de ajudar, o garoto resolveu tra-çar um plano com seus amigos e montar uma estratégia para tentar amenizar o que estava afligindo a pobre mulher.

Reunidos e tratando do assunto, pensaram em pedir a seus pais algum dinheiro e com-prar algumas coisas necessárias para o nasci-mento do bebê e arrecadar o que fosse preci-so para auxiliar a futura mamãe no que preci-sasse para se prover.

E assim fizeram sem contar nada a elas para fazer surpresa, saíram para essa honrosa missão.

De porta em porta, pedindo sigilo aos que aju-davam e prometendo dar retorno dos fatos e do resultado, foram à luta com muita garra e já felizes vislumbrando um futuro melhor para ela e na torcida para que o pai voltasse vitori-oso e com melhores condições para a sobre-vivência.

Combinaram de fazer visitas periódicas a Ma-dalena para distraí-la e investigarem melhor quais as necessidades básicas que eles po-deriam providenciar e priorizar na ajuda. A partir disso, desenvolveram o plano e dividi-ram-se em tarefas: Tiago iria pescar com o pai e trazer peixes, Pedro iria trabalhar com a mãe no mercado e trazer as frutas que sobra-vam no final das vendas, João trabalharia no pastoreio e pretendia com seus esforços, le-

var uma cabra para que Madalena a criasse até procriar e obter algum dinheiro e o leite serviria para sua nutrição, André providencia-ria todo final de expediente da marcenaria um tempinho para a confecção de um berço para o bebê, Mateus e Zeloto reuniam-se com as mulheres artesãs servindo a elas providenci-ando o material que necessitavam e, como pagamento, ganhavam utensílios feitos por elas que serviriam para casa, Bartolomeu e Felipe arrecadavam algumas roupinhas das tricotadeiras e bordadeiras para o neném e para Madalena, Simão e Tomé cuidariam de arrecadar com os moradores do vilarejo o que pudessem para colaborar.

Dentre todos, apenas Jesus não definira qual seria sua contribuição, quando lhe pergunta-vam se esquivava e acabava não contribuindo com nada e sempre com alguma desculpa.

Passou-se o tempo e eis que chega o grande dia. O menino nascera e Madalena contou com toda a força das mulheres do vilarejo gra-ças ao empenho dos meninos em divulgar to-da situação. Salomé, mãe de Tiago ficou im-pressionada e orgulhosa do protagonismo do filho no empenho com os amigos para essa boa ação. Marta, irmã de Madalena tratou de ficar uns tempos com a irmã e dar um apoio e Maria a melhor amiga da mamãe novata, ficou ao lado de todos para ajudar no que precisas-se.

Nasce então Judas! Um menino pequenino, mas perfeito e forte e por fim, para surpresa de todos, Jesus foi quem foi à procura de An-tônio pai do menino recém-nascido e a quem todo esse tempo levava notícias de como es-tava passando sua esposa na gravidez e con-tava a ele toda ajuda que estava recebendo para que ele ficasse tranquilo no seu trabalho e pudesse desenvolver suas tarefas sem per-der o ânimo e o foco.

Terminado seu tempo de trabalho, Antônio volta para casa com uma boa recompensa pelo serviço prestado e já com nova proposta para voltar para próxima temporada.

Toda expectativa que passaram, mas com to-da união dos moradores da região, a determi-nação de Antônio, a sensibilidade dos meni-nos e a fortaleza de Madalena, nasceu Judas.

Um menino moreno, de cabelos escuros, com traços do pai, mas com a leveza do olhar da mãe. Parecia que havia nascido com um mis-tério na alma, os pescadores que o foram visi-tar levando prendas, pressentiram algo enig-mático como se o menino tivesse vindo das profundezas do mar para trazer uma grande tempestade que avassalaria vidas, mas de-pois viria a calmaria e com segredos que só o tempo e a convivência entre os garotos se re-velariam.

E assim foi; Jesus batizou Judas nas águas do rio Jordão e dali a história inicia-se com a militância desses rapazes nessa trajetória se-guindo convencidos de que poderiam fazer muitas obras para ajudarem a humanidade e tornar o mundo melhor.

Seguiram juntos! Nunca nenhum traiu o outro e nem desistiram de suas propostas. Realiza-rem estudos e pesquisas e cada vez com mai-or devoção e sabedoria, conheceram e sou-beram lidar com atrocidades de pessoas ruins e com a certeza que o amor venceria, enfren-taram muitas atrocidades e saíram-se sempre vitoriosos.

Viveram de maneira sublime e com reconheci-mento de todos os quem ajudaram e temidos pelos homens da maldade. Foi um tempo fe-liz, de harmonia, amor e devoção ao Senhor da terra e de quem se consideravam filhos e abençoados por terem recebido a missão de fazer o bem, não importasse a quem.

A única cruz a ser carregada foi a que o pró-prio homem criou deixando-se levar pela am-bição que se abateu entre eles, perderam a fé e não souberam manter e usar a força que os meninos cultivaram em todos enquanto aqui viveram. Dos céus viram o desânimo e desa-mor instalarem-se nos habitantes e que ali-mentou as forças da ambição dos maus e es-sa, é a enorme cruz que cada um deverá car-regar.

Enquanto os Seres Humanos não entende-rem que daqui nada levarão, que nasceram com as mãos fechadas trazendo sementes divinas para serem plantadas, pois, colherão da vida o que semearem nela e, findo o tempo de sua missão, “partirão” e voltarão com elas abertas e vazias.

Judas e Jesus, abraçados como irmãos olham para nós e veem que a história deles não se repetirá porque seus seguidores fraquejaram, mas, sabem que todos partirão e novamente se encontrarão para prestar contas, terão ca-da item apontado para seu coração e cada um será recompensado com amor para quem praticou o bem, penalidades para quem cau-sou sofrimentos, perdão para os que se arre-penderam verdadeiramente...

Esse segredo eles contaram, mas, poucos ouviram e praticaram.

Como será nosso fim aqui na terra? Haverá o recomeço de tudo?

Se não sabemos, vale a pena rever nossas ações e compreender que iremos embora sem nada e sem previsão do fim.

Coisa que dinheiro nenhum pagará para nos livrar de nossas mazelas.

Genha Auga – Jornalista – MTB:15.320

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Reforma Trabalhista

Saiba o que muda e como vai afetar a sua vida

A nova lei trabalhista entra em vigor em 22 dias. A partir do dia 11 de novembro todos os contratos de trabalho, antigos e novos, passam a funcionar de acordo com as regras aprovadas e sancionadas pela presidência no dia 13 de julho passado.

O texto aprovado altera diversos pontos das regras gerais do trabalho que conhecemos hoje, entre eles, as férias, as horas extras, a jornada de trabalho, a rescisão contratual, as modalidades de contratação e o modo de contabilizar as horas trabalhadas.

A maior parte das mudanças contempla principalmente os interesses dos patrões e deixa mais vulnerável a condição do trabalhador. Por isso é importante ficar atento.

A nova legislação trabalhista se aplica a todas as categorias regidas pela CLT e também àquelas que dispõem de legislações específicas – como trabalhadores domésticos, atletas profissionais, aeronautas, artistas, advogados e médicos – no que for pertinente. “Nesse último caso, no entanto, é importante observar se a norma própria da profissão é omissa com relação ao ponto a ser aplicada a CLT; se trata-se de algo compatível; bem como se não há disposição diversa”, explica Carlos Eduardo Ambiel, advogado trabalhista e professor de Direito do Trabalho da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo.

----Tempo na empresa

Pelo texto, deixam de ser consideradas como integrantes da jornada atividades como descanso, estudo, alimentação, higiene pessoal e troca do uniforme. A CLT considera o período em que o funcionário está à disposição do empregador como serviço efetivo.

---- Sem limite para horas extras

Atualmente, quando o funcionário precisa extrapolar o limite das horas extras diárias (de 2 horas), a empresa precisa justificar a razão do empregado ter ficado tanto tempo a mais no trabalho – o que geralmente ocorre em casos urgentes por serviço inadiável ou motivo de força maior. Na nova lei, as empresas não precisam mais comunicar essa jornada extraordinária ao Ministério do Trabalho. A justificativa é de que esse tipo de situação não é recorrente e, caso a empresa

use esse tipo de artifício para fraudar a lei, o próprio empregado pode denunciar o caso de maneira anônima.

----Fim da Justiça gratuita

A pessoa que pleitear a justiça gratuita deverá comprovar a insuficiência de recursos para arcar com as custas do processo. O texto diz que os magistrados podem conceder o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, para quem recebe salário igual ou inferior a 30% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, que atualmente é de R$ 5.531,31.

----Horas In Itinere

O tempo que o trabalhador passa em trânsito entre sua residência e o trabalho, na ida e na volta da jornada, com transporte fornecido pela empresa, deixa de ser obrigatoriamente pago ao funcionário. O benefício é garantido atualmente pelo Artigo 58, parágrafo 2º da CLT, nos casos em que o local de trabalho é de difícil acesso ou não servido por transporte público.

----Fim do imposto sindical obrigatório

Todo trabalhador que é representado por um sindicato precisa pagar uma contribuição sindical obrigatória, o imposto sindical. Todo ano, é descontado do salário o valor equivalente a um dia de trabalho. Com a reforma trabalhista, essa contribuição passa a ser facultativa.

----Negociado x Legislado

A nova legislação dá mais força para as convenções coletivas, os acordos feitos entre sindicatos de trabalhadores e empregadores. Pela proposta, o que é negociado e fixado em convenção coletiva passa a valer mais que a lei para 16 itens, como intervalo intrajornada e plano de cargos e salários. De outro lado, a proposta aponta 29 itens que não podem ser mudados pelos acordos entre patrões e empregados, como o salário mínimo, férias e licença-maternidade. ---Trabalho intermitente

A lei formaliza e inaugura modalidade de trabalho em que o empregado deixa de ter a garantia de uma remuneração digna e mínima ao final de cada mês. O contrato “zero hora” pressupõe que o trabalhador seja

convocado conforme a demanda e remunerado com base nessas horas que efetivamente trabalhar.

-----Descanso

Atualmente, o trabalhador tem direito a um intervalo para descanso ou alimentação de uma a duas horas para a jornada padrão de oito horas diárias. Pela nova regra, o intervalo deve ter, no mínimo, meia hora, mas pode ser negociado entre empregado e empresa. Se esse intervalo mínimo não for concedido, ou for concedido parcialmente, o funcionário terá direito a indenização no valor de 50% da hora normal de trabalho sobre o tempo não concedido.

-----Rescisão

A rescisão do contrato de trabalho de mais de um ano só é considerada válida, segundo a CLT, se homologada pelo sindicato ou autoridade do Ministério do Trabalho. A nova r e g r a r e v o g a e s s a c o n d i ç ã o . -----Rescisão por acordo

Passa a ser permitida a rescisão de contrato de trabalho quando há “comum acordo” entre a empresa e o funcionário. Nesse caso, o trabalhador tem direito a receber metade do valor do aviso prévio, de acordo com o montante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), até o máximo de 80%, mas não recebe o seguro-desemprego. -----Danos morais

A indenização a ser paga em caso de acidente, por exemplo, passa a ser calculada de acordo com o valor do salário do funcionário. Aquele com salário maior terá direito a uma indenização maior, por exemplo. Em caso de reincidência (quando o mesmo funcionário sofre novamente o dano), a indenização passa ser cobrada em dobro da empresa.

-----Quitação anual

O novo texto cria um termo anual, a ser assinado pelo trabalhador na presença de um representante do sindicato, que declara o recebimento de todas as parcelas das obrigações trabalhistas, com as horas extras e adicionais devidas.

Fontes: EBC e Portal Vermelho

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Contos e Poemas da Genha

Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

ESTAMOS POR QUEM?

A crise política está causando, a cada dia, a destruição do que foi construído ao longo dos últimos anos. Partidos e políticos com suas nar-rativas estão se desfazendo diante da popula-ção que está concluindo que todos “são farinha do mesmo saco”. Isso é péssimo, pois se todos são iguais, o jeito é escolher o menos pior, mas, quem assim escolhe, continua escolhendo o ruim.

Fazendo uma comparação: aqueles quem tem devoção quase que religiosa às propagandas e marcas de mercadorias, escolhem pelo que de-sejariam ser do que propriamente pelo o que produto é.

A mídia define todos os políticos e partidos co-mo iguais assim como por interesse mostras-sem Coca-Cola e Pepsi como iguais e então, ninguém se lembraria de que existem outras opções como a soda, água ou suco.

Consumimos o que as propagandas nos ex-põem para no final escolhermos o que mais nos atinge pela estratégia do marketing a que so-mos expostos e da mesma forma, as excessi-vas propagandas dos políticos e partidos com suas estratégias nos fazem concluir que todos são ruins, então, significa que está na hora de mudarmos para “água ou suco”.

Mas, se o que é bom para você pode não ser para mim, o valor moral de cada um merece respeito e não simplesmente querer descartar os valores do outro. Escolhas devem ser feitas por cada um e de acordo com seus princípios e pela compreensão do que é certo ou errado.

Viver nossos próprios valores atualmente é a-gonizante e nossas vidas estão sob o medo da liberdade de escolha e dos ataques pessoais, o que explica o Brasil de hoje.

Conviver com quem pensa diferente é um gran-

de teste, pois as pessoas se irritam a ponto de querer livrar-se de quem pensa diferente, con-cordam para evitar conflitos ou deletam qual-quer possibilidade de pensar no assunto porque veem tudo igual influenciados pelo que ouvem sem pensar e a beleza da democracia é discutir com tolerância o que é ou será o melhor para todos.

Assim, você impede a liberdade do outro, em seguida alguém impede a sua e o azar de toda essa história, é nosso.

Deveríamos levar mais a sério o mais importan-te momento de nossas vidas e do país, através do pensamento consciente, refletindo através da liberdade de expressão e de escolhas, deba-tendo ideias que nos levem a conclusões me-lhores do que as que nos oferecem e fazendo mais opções políticas e que determinará nosso futuro, pois, hoje em dia, parece que as opções sexuais são mais relevantes do que as opções que destinarão os rumos do Brasil.

Chegamos ao ponto em que não se discute o que foi feito, mas quem fez. Se for da sua “tribo” ou a que você “curte”, está tudo certo e, não importa se roubam, ofendem, agridem, te enganam. E isso é pra se pensar e preocupar-se.

Estamos vivendo uma época em que aquele que grita mais, ou tem maior espaço e relacio-namento nas redes sociais te rodeia para te convencer do que é melhor para você. Ninguém é o dono da verdade e nem tudo deve ser tole-rado, pois, fazer campanha a favor da tolerân-cia não significa que temos que permitir e acei-tar tudo. As pessoas estão reconhecendo o que é certo com o objetivo de satisfazer seu de-sejo individual e por ego.

Cada vez mais sem possibilidades de estudar, pesquisar, fazer arte inteligente e, com a falên-cia da educação, viramos abutres da cultura, como então, seremos capazes de fazer boas escolhas, como poderemos lutar para manter nossos direitos e garantir os frutos do nosso trabalho. Tudo à nossa volta “fala”, nós é que perdemos a capacidade de ouvir atentamente e refletir.

Os brasileiros tiveram um grande sonho, mas não deram vida a ele, faltou fazer valer a pena, faltou sacrificar-se por ele.

Agora é preciso coragem e força para ver se ainda dá tempo de assumir o comando.

Genha Auga – jornalista MTB: 15320

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NATAL DIFERENTE Genha Auga

Na guerra não há Natal, Vivamos então mais em paz.

E ao invés do ódio, Caibam mais preces em nós.

Aos que magoam em vão,

Que tenham uma noite de perdão. Aos desesperançados,

Uma noite de compaixão.

Que a magia do Natal, Abrande o sofrimento da solidão,

O frio dos desabrigados, E para a criança um exemplo bom!

Deveria ser assim o ano inteiro

E todos os dias de nossas vidas. Cristo deveria ser lembrado com fervor

E não assassinado pelo desamor.

Que nesse Natal paire o silêncio, Que cada um ajude o outro

A carregar sua cruz. É hora de ser diferente.

Que o Natal seja reluzente

E o amor renovado para sempre. Que não seja, mais um Natal perdido.

Nesse, sejamos decentes!

Que não seja apenas O anseio de ter,

Não seja o percurso vazio E desnorte.

Que essa noite,

Não seja ausente de estrelas, E não rume, mais uma vez,

Ao caminho da morte!

A política exige almas e não nomes; renovar a política não se trata de enter-rar, ressuscitar ou mesmo dar a luz a sujeitos, mas sim, enterrar velhas idei-

as, ressuscitar valores, dar a luz a nova esperança e, inovar com práticas honrosas sob a luz da ética.

Jean Carlos Sestrem

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Cultura Musical

A origem do samba

A despeito da centralidade ou não do samba como gênero musical nacional, su-a origem (ou a história de sua origem) nos traz o registro de uma imensa mistura de rit-mos e tradições que atravessam a história do país. O samba originou-se dos antigos batu-ques trazidos pelos africanos que vieram co-mo escravos para o Brasil.

Samba de roda baiano é considerado uma das fontes do samba carioca, símbolo do Car-naval e da brasilidade.

De origem afro-baiana, o samba descende do lundu usado nas festas dos terreiros entre umbigadas e pernadas de capoeira.

Característica marcante do Brasil, o samba cresce e se reinventa. Samba-canção, samba de breque, samba de roda, samba-enredo, samba rock são alguns de seus derivados.

O samba de roda do recôncavo baiano foi re-gistrado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-co Nacional (Iphan) em 2004 e proclamado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005.

Os primeiros registros do samba de roda, já com esse nome e com muitas das caracterís-ticas que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860. Historiadores da música popular consideram o samba de roda baiano como uma das fontes do samba carioca que veio a tornar-se, no decorrer do século XX, um sím-bolo de brasilidade.

A origem do samba carioca remete à migra-ção de negros baianos para o Rio de Janeiro ao final do século XIX, que teriam buscado reproduzir seu ambiente cultural de origem, onde a religião, a culinária, as festas e o sam-ba eram partes destacadas.

As famosas tias baianas, como tia Amélia, tia Perciliana e sobretudo tia Ciata e seus filhos, Donga e João da Baiana, tiveram papel im-portante na fase pioneira do samba no Rio de Janeiro, sobretudo até meados dos anos 1920.

Em 1917, foi gravado em disco o primeiro samba, “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro

de Almeida. Aos poucos o ritmo chegava ao mercado fonográfico, até se popularizar com o surgimento do rádio e ser aceito pela classe média.

No início do século XX, foi adotado por com-positores como Ernesto Nazareth, Noel Rosa e Cartola, que o retiraram da obscuridade e o legitimaram na cultura oficial.

Depois disso, o samba de Roda baiano conti-nuou sendo uma das referências do samba nacional, presente nas obras de Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso, as-sim como na ala das baianas das escolas de samba e nas letras de inúmeros compositores de todo o País.

Samba-enredo

Característica do Carnaval Brasileiro, o sam-ba-enredo foi criado a partir da estruturação progressiva das escolas de samba, no final da década de 1920.

No ritmo, o compositor elabora os seus versos para apresentação no desfile. Ao longo do tempo, ele adquiriu características próprias, como a capacidade narrativa de descrever de maneira melódica e poética uma “história”, que se desenrola durante o desfile.

Dia do Samba

O Dia do Samba é comemorado nacionalmen-te em 2 de dezembro e foi criado em homena-gem a Ary Barroso, pela composição da músi-ca “Na Baixa do Sapateiro”, que marcou sua primeira visita à Salvador. Inicialmente, a data era festejada apenas na capital baiana, mas acabou se tornando nacional.

Escolas de samba

As escolas de samba contam com entidades que as representam, mas para funcionarem é necessário que seus estatutos sociais sejam registrados em cartório, ter uma sede admi-nistrativa, uma quadra para a realização dos ensaios, uma diretoria formada, licença de funcionamento na polícia e ser filiada a uma dessas entidades

Da festa agrária do Egito antigo, passando pela celebração a Dionísio na Grécia, a Baco em Roma, pelos bailes de rua da Veneza re-nascentista e pela coroação dos Rei e Rainha do Congo no século 18, a festa da carne ga-nhou novo contexto no Rio de Janeiro do sé-culo 20, com a popularização das escolas de samba.

Festa universal com origem nos rituais agrá-rios primitivos, o carnaval reuniu em um único conceito brincadeiras e fenômenos sociais de origens diversas, que ocorriam em datas dis-tintas, mas mantinham características em co-mum.

Para o historiador Hiram Araújo, o carnaval é a válvula de escape que libera as tensões so-ciais e permite a convivência nas sociedades divididas por classes. Nas festas dionisíacas da Grécia, celebrava-se a primavera com pro-cissão e concurso de beberrões. Já nas satur-nálias romanas, os tribunais e escolas fica-vam fechados e os escravos podiam dizer verdades a seus senhores e ridicularizá-los, além de sair às ruas para cantar e se divertir sem ordem nenhuma.

A Igreja Católica oficializou o carnaval no ano de 590 d.C como um momento festivo para anteceder o período de privações da quares-ma. A festa tomou formas mais parecidas com as atuais no período Renascentista do início do século 17 e chegou ao Brasil com os pri-meiros bailes nos anos 1840. A organização das primeiras sociedades carnavalescas ocor-reu a partir de 1855.

Os blocos e cordões que surgiram reuniam elementos de batuques do candomblé e cor-tejos religiosos como o da Senhora do Rosá-rio e o dos afoxés.

Em seguida, foi a vez do surgimento dos ran-chos carnavalescos, no fim do século 19. Em 1909, é realizado o primeiro concurso de des-file de ranchos, organizado pelo Jornal do Brasil. Na competição, era obrigatório o de-senvolvimento de um tema com abre-alas, co-missão de frente, alegorias, mestre de canto, mestre-sala e porta-estandarte e orquestra, com coreografias rígidas.

As bases das escolas de samba surgiram nos anos 1920 com os sambistas do Estácio, en-tre eles Ismael Silva, que organizaram a esco-la Deixa Falar e o primeiro concurso de sam-bas, em 1929, que contou com a participação da Mangueira. O vencedor foi o Conjunto Os-waldo Cruz.

Segundo o historiador Luiz Antonio Simas, coautor do livro Pra Tudo Começar na Quinta-Feira – o enredo dos enredos, o surgimento das escolas coincide com a luta dos negros por aceitação na sociedade urbana, ao mes-mo tempo em que o Estado tentava disciplinar as manifestações culturais dos descendentes de pessoas escravizadas. As escolas de sam-ba aparecem, nesse contexto, como uma so-lução negociada para o conflito.

“Ali há uma instância de negociação com o Estado para quem é interessante, pelo me-nos, disciplinar as manifestações das cama-das populares, sobretudo aquelas de descen-dentes de escravos. E para os sambistas, evi-dentemente, era importante buscar uma legiti-mação. Então, desse encontro entre o Estado que quer disciplinar e certos segmentos da população que querem legitimar suas mani-festações é que surgem as escolas de sam-ba”, argumenta Simas.

Fontes: EBC e brasil.gov.br

Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

OPINIÃO

A importância do Parlamento para a sociedade

O Parlamento é uma instituição política com a finalidade de criar leis representando os cidadãos e seus interesses. É composto por um conjunto de cidadãos escolhidos por ou-tros cidadãos que se reúnem para cumprir a sua finalidade. Há várias formas de se cha-mar um Parlamento, entre elas, Congresso, Assembleia, Cortes, Dieta, Câmara, Casa, Conselho, Estados, Duma... essas variações ocorrem conforme as culturas dos diversos países e seus idiomas. Mas a instituição é a mesma e tem basicamente as mesmas fun-ções em nações diferentes. Pode ser bica-meral ou unicameral. As origens da institui-ção são antigas, como os conselhos dos an-ciões na Mesopotâmia antiga, a quem os reis consultavam antes de tomar decisões difí-ceis. Na Idade Média, os reis também tinham a suas cortes de nobres para consultas.

Mesmo no sistema presidencialista, para o bem da sociedade civil, é necessário que os eleitores tenham foco no Parlamento, come-çando pela Câmara Municipal que é a mais próxima do cidadão, mas sem deixar de dar atenção à Assembleia Legislativa Estadual e ao Congresso Nacional. Se a sociedade for apática, interesses corporativistas da parcela financeiramente mais poderosa vão tomar conta do país em detrimento da parcela fi-nanceiramente mais fraca da população. É necessário ao povo procurar interagir mais com os seus representantes legisladores. Nós brasileiros temos um agravante, o siste-ma de voto proporcional com os quocientes eleitoral e partidário, o que reduz a represen-tatividade da população, daí ser tão necessá-ria a Reforma Política, o povo brasileiro ne-cessita do sistema de voto distrital para ele-ger vereadores e deputados para melhorar a representatividade.

Apesar da tecnologia da nossa época já per-mitir um sistema de processo legislativo dire-to feito por plebiscitos e referendos, a maioria das pessoas não está preparada para tama-nha responsabilidade. Daí o Poder Legislati-vo representativo ainda ser necessário. Tam-bém não deixa de ser interessante uma Câ-mara Alta (Senado) com capacidade de influ-enciar as políticas públicas moderando possí-veis excessos da Câmara Baixa (Deputados) ao legislar desde que a Câmara Alta não seja um Parlamento de aristocracia ou oligarquia, e sim de moderação. Assim como também um Tribunal Constitucional para proteger a constitucionalidade das leis. A instituição Par-

lamento também necessita ter alguém que a modere em defesa dos cidadãos comuns. Ter membros demais no Parlamento atrapa-lha a boa governabilidade de um país, então convém ter um número razoável de mem-bros. Por exemplo, 513 Deputados Federais é muita gente para o contexto do Brasil. Ou-tra razão que faz necessária a Reforma Polí-tica.

Outro problema que prejudica a governabili-dade, excesso de partidos. No Brasil há trinta e cinco partidos. É verdade que o Parlamento existe para proteger os cidadãos de abusos do Governo, entretanto, não existe para im-pedir a governabilidade. O Parlamento deve se empenhar em garantir que o Governo go-verne em benefício da população, é essa a razão da existência do Poder Legislativo re-presentativo separado do Executivo e do Ju-diciário.

É necessário prestar atenção que pessoas diferentes têm opiniões diferentes. Há pesso-as que têm orientação ideológica liberal, ou-tras têm conservadora, outras trabalhistas, outras ecologistas, outras progressistas, ori-entação ideológica é muito variável conforme o local onde cresceu, a classe social, a famí-lia, os professores e os amigos, as experiên-cias vividas, e uma mesma pessoa pode ter posição conservadora quanto ao comporta-mento em sociedade e posição trabalhista ou socialista quanto à economia, ou uma mes-ma pessoa pode ter posição liberal ou pro-gressista quanto ao comportamento em soci-edade e posição conservadora ou elitista quanto a economia, nem todas as pessoas são absolutamente direitistas ou absoluta-mente esquerdistas e nem absolutamente centristas. E as pessoas podem mudar de opinião no decorrer de suas vidas. O Parla-mento é para representar todas as orienta-ções ideológicas que naturalmente divergem entre si, mas não é para nenhum membro do Parlamento impor os seus ideais pela força, de forma autoritária. Ninguém é dono absolu-to da razão e da verdade. É por isso que no Parlamento há debates, os representantes eleitos conversam, dialogam, e há uma vota-ção para se criar uma lei ou para extinguir uma lei. Contudo, a sociedade civil, o conjun-to de eleitores, necessita se aproximar mais dos vereadores, deputados estaduais, depu-tados federais e senadores, interagir mais com eles, para que no Brasil haja melhora da situação.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política Popular no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para administrar

o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem su-cesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

Design Inteligente

O Design Inteligente é uma teoria que recorre a metodologia científica para defender que um ser inteligente superior a humanidade criou a vida na Terra, devido à complexidade dos or-ganismos biológicos, ou seja, que existe um criador que equivale ao que a humanidade en-tende como Deus.

O Design Inteligente é uma teoria alternativa à Teoria da Evolução. Então, será a vida um aci-dente da natureza ou algo projetado por uma mente consciente e inteligente? Ou várias mentes conscientes e inteligentes? Será a Te-oria do Design Inteligente, religião disfarçada de ciência? Ou uma percepção mais clara e evidente da natureza como realmente é? O método das ciências naturais é experimento, observação, descrição e hipóteses, não se ba-seia em livros como a Bíblia, ou o Alcorão ou os Vedas ou outra literatura sacra e nem na metafísica. Os cientistas não provaram a exis-tência de Deus ou de mais de um, no entanto, também não provaram a sua não existência, oficialmente. Mas se a natureza é resultado de um design, então é necessário que haja um designer, ou mais de um. Jamais um projeto matematicamente ou geometricamente perfei-to poderia ser obra do acaso.

O Design Inteligente também observa a locali-zação da Terra no espaço, a sua órbita, no princípio antrópico. Se a Terra fosse mais pró-xima do Sol, por exemplo, não haveria condi-ções para a vida existir aqui. Da mesma for-ma, a atmosfera da Terra é precisa para a e-xistência da vida. Também é incontestável a complexidade das formas de vida, das molé-culas de DNA e RNA, das células, dos órgãos, de tudo o que faz os seres vivos funcionarem. A diversidade de espécies na Biosfera funcio-nando com três tipos de organismos, produto-res, consumidores e decomponedores, a Bios-fera funciona harmonicamente como se fosse uma indústria, e cada organismo como se fos-se uma máquina. A vida funciona com a har-monia de uma máquina.

Daí vem a reflexão, os questionamentos. Esta-mos sós no universo? A vida tem um criador ou é consequência do acaso. Pode tamanha perfeição funcional, tal harmonia, ser realmen-te consequência do acaso? Ou a vida é obra de um Deus ou de mais de um? A Teoria do Design Inteligente é interessante, digna de in-vestigação.

João Paulo E. Barros

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9 Sociedade

A geração “floco de neve”: pessoas sensíveis que se ofendem por tudo

Quando imaginamos um floco de neve, nós o associamos à beleza e singularidade, mas também à sua enorme vulnerabilidade e fragi-lidade. Estas são precisamente duas das ca-racterísticas que definem as pessoas que atin-giram a idade adulta na década de 2010. Afir-ma-se que a geração “floco de neve” seja for-mada por pessoas extremamente sensíveis aos pontos de vista que desafiam sua visão do mundo e que respondem com uma suscetibili-dade excessiva às menores queixas, com pouca resiliência.

A voz de alarme, por assim dizer, foi dada por alguns professores de universidades como Yale, Oxford e Cambridge, que notaram que a nova geração de alunos que frequentavam su-as aulas era particularmente suscetível, não tolerante à frustração e, particularmente incli-nados fazerem uma tempestade em um copo de água.

Cada geração reflete a sociedade que eles viveram

Dizem que as crianças saem mais ao padrão da sua geração que aos pais. Não há dúvida de que, para entender a personalidade e o comportamento de alguém, é impossível abs-trair do relacionamento que estabeleceu com seus pais durante a infância e a adolescência, mas também é verdade que os padrões e ex-pectativas sociais também desempenham um papel importante no estilo educacional e mol-dam algumas características de personalida-de. Em resumo, podemos dizer que a socieda-de é a terra onde a semente é plantada e crescida e os pais são os jardineiros que são responsáveis por fazer crescer.

Isso não significa que todas as pessoas de uma geração respondam ao mesmo padrão, felizmente há sempre diferenças individuais. No entanto, não se pode negar que as diferen-tes gerações têm metas, sonhos e formas de comportamento característico que são o resul-tado das circunstâncias que tiveram que viver e, em alguns casos, tornam-se inimagináveis em outras gerações.

Claro, o mais importante é não colocar rótulos, mas analisemos para entender o que está na base desse fenômeno, para não repetir os er-ros e para que possamos dar a devida impor-tância a habilidades de vida tão importantes quanto a Inteligência Emocional e a resiliên-cia.

3 erros educacionais colossais que criaram a geração “floco de neve”

1 - Sobreprotecção.

A extrema vulnerabilidade e escassa resiliên-cia desta geração têm suas origens na educa-ção. Estes são, geralmente, crianças que fo-ram criadas por pais superprotetores, dispos-tos a pavimentar o caminho e resolver o me-nor problema. Como resultado, essas crianças não tiveram a oportunidade de enfrentar as dificuldades e conflitos do mundo real e de-senvolver tolerância à frustração, ou resiliên-cia. Não devemos esquecer que uma dose de proteção é necessária para que as crianças cresçam em um ambiente seguro, mas quan-do impede que explorem o mundo e limite seu potencial, essa proteção se torna prejudicial.

2. Sentido exagerado de “eu”.

Outra característica que define a educação recebida pelas pessoas da geração “floco de neve” é que seus pais os fizeram sentir muito especiais e únicos. Claro, somos todos únicos, e não é ruim estar ciente disso, mas também devemos lembrar que essa singularidade não nos dá direitos especiais sobre os outros, já que somos todos tão únicos quanto os outros. O sentido exagerado de “eu” pode dar origem ao egocentrismo e à crença de que não é ne-cessário tentar muito, uma vez que, afinal, so-mos especiais e garantimos o sucesso. Quan-do percebemos que este não é o caso e que temos que trabalhar muito para conseguir o que queremos, perdemos os pontos de refe-rência que nos guiaram até esse momento. Então começamos a ver o mundo hostil e a-meaçador, assumindo uma atitude de vitimiza-ção.

3. Insegurança e catástrofe.

Uma das características mais distintivas da geração do floco de neve é que eles exigem a criação de “espaços seguros”. No entanto, é curioso que essas pessoas tenham crescido em um ambiente social particularmente está-vel e seguro, em comparação com seus pais e avós, mas em vez de se sentir confiante e confiante, temem. Esse medo é causado pela falta de habilidades para enfrentar o mundo, pela educação excessivamente superprotetiva que receberam e que os ensinou a ver possí-veis abusos em qualquer ação e a superesti-

mar eventos negativos transformando-os em catástrofes. Isso os leva a desejarem se blo-quear em uma bolha de vidro, para criar uma zona de conforto limitado onde eles se sintam seguros.

Para entender melhor como a educação rece-bida afeta uma criança, é importante ter em mente que as crianças procuram pontos de referência em adultos para processar muitas das experiências que experimentam. Isso sig-nifica que uma cultura paranoica, que vê abu-sos e traumas por trás de qualquer ato e res-ponde com sobreproteção, gerará efetivamen-te crianças traumatizadas. A forma como os adultos enfrentam uma situação particular-mente delicada para a criança, como um caso de abuso escolar, pode fazer a diferença, le-vando a uma criança que consegue superar e se torna resiliente ou uma criança que fica com medo e torna-se uma criança vítima

Qual é o resultado?

O resultado de um estilo de parentesco super-protetivo, que vê o perigo em todos os lugares e promove um sentido exagerado de “eu”, são pessoas que não possuem as habilidades ne-cessárias para enfrentar o mundo real.

Essas pessoas não desenvolveram tolerância suficiente à frustração, então o menor obstá-culo os desencoraja. Nem desenvolveu uma Inteligência emocional adequada, então eles não sabem como lidar com as emoções nega-tivas que certas situações suscitam.

Como resultado, eles se tornam mais rígidos, se sentem ofendidos por diferentes opiniões e preferem criar “espaços seguros”, onde tudo coincide com suas expectativas. Essas pesso-as são hipersensíveis à crítica e, em geral, a todas as coisas que não se encaixam na visão do mundo.

Também são mais propensos a adotar o papel das vítimas, considerando que estão todos contra ou equivocados. Desta forma, eles de-senvolvem um local de controle externo, colo-cando a responsabilidade sobre os outros, em vez de se encarregar de suas vidas e mudar o que podem mudar.

O resultado também é que essas pessoas são muito mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, do estresse pós-traumático à ansiedade e à depressão. Na verdade, não é estranho que o número de transtornos de humor aumente ano após ano.

Fonte: Mistler, BJ et. Al. (2012) The Associati-on for University and College Counseling Cen-ter Directors Annual Survey Reporting. Pesqui-sa do AUCCCD ; 1-188

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Nesse Planeta existe a história de uma menina chamada Branca de Neve e outra chamada Bela Adormecida. Ambas conheceram um príncipe e se apaixo-naram profundamente, mas foram enfeitiçadas e caíram num sono profundo e eterno. O feitiço só poderia ser quebrado com um beijo de amor verdadeiro.

Então o príncipe a encontra, lhe dá um beijo de amor apaixonado e o feitiço é quebrado! Eles vão para o reino e vivem felizes para sempre! Esta história é criticada e anulada pelos atuais intelectuais mi mi mi, esses que hoje são os tais flocos de neve.

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Nossa casa comum Os direitos da Mãe Terra

e sua dignidade

Anteriormente escrevemos sobre os direitos dos animais. Agora cabe discorrer sobre os direitos da Mãe Terra e de sua alta dignidade. O tema é relativamente novo, pois dignidade e direitos eram reservados somente aos seres humanos, portadores de consciência e de inteligência como o fez Kant em sua ética. Predominava ainda a visão antropocêntrica como se nós exclusivamente fôssemos portadores de dignidade. Esquecemos que somos parte de um todo maior. Como dizem renomados cosmólogos, se o espírito está em nós é sinal que ele estava antes no universo do qual somos fruto e parte.

Há uma tradição da mais alta ancetralidade que sempre entendeu a Terra com a Grande Mãe que gerou todos os seres que nela existem. As ciências da Terra e da vida, por via científica, nos confirmaram esta visão. A Terra é um superorganismo vivo, Gaia (Lovelock), que se autoregula para ser sempre apta para manter a vida no planeta.

A própria biosfera é um produto biológico pois se origina da sinergia dos organismos vivos com todos os demais elementos da Terra e do cosmos. Criaram o habitat adequado para a vida, a biosfera. Ela como tal não pre-existia. Foi criada pelo próprio sistema-vida para poder sobreviver e se reproduzir. Portanto, não há apenas vida sobre a Terra. A Terra mesma é viva e como tal possui um valor intrínseco e deve ser respeitada e cuidada como todo ser vivo. Este é um dos títulos de sua dignidade e a base real de seu direito de existir e de ser respeitada.

Os astronautas nos deixaram este legado: vista de fora, Terra e Humanidade fundam uma única entidade; não podem ser separadas. A Terra é um momento da evolução do cosmos; a vida é um momento da evolução da Terra; e a vida humana, um momento da evolução da vida. Por isso podemos, com razão dizer, o ser humano é

aquela porção da Terra em que ela começou a tomar consciência, a sentir, a pensar e a amar. Somos sua porção consciente e inteligente.

Se os seres humanos possuem dignidade e direitos, como é consenso dos povos, e se Terra e seres humanos constituem uma unidade indivisível, então podemos dizer que a Terra participa da dignidade e dos direitos dos seres humanos e vice-versa.

Por isso, não pode sofrer sistemática agressão, exploração e depredação por um projeto de civilização que apenas a vê como algo sem inteligência e por isso a trata sem qualquer respeito, negando-lhe valor intrínseco em função da acumulação de bens materiais.

É uma ofensa à sua dignidade e uma violação de seus direitos de poder continuar íntegra, limpa e com capacidade de reprodução e de regeneração. Por isso, está em discussão um projeto na ONU de um Tribunal da Terra que pune quem viola sua dignidade, desfloresta e contamina seus oceanos e destrói seus ecossistemas, vitais para a manutenção dos climas e do ciclo da vida.

Por fim, há um último argumento que se deriva de uma visão quântica da realidade. Esta constata, seguindo Einstein, Bohr e Heisenberg, que tudo, no fundo, é energia em distintos graus de densidade. A própria matéria é energia altamente interativa. A matéria, desde os hádrions e os topquarks, não possui apenas massa e energia. Todos os seres são portadores também de informação, fruto da interação entre eles,

Cada ser se relaciona com os outros do seu jeito de tal forma que se pode falar que surge níveis de subjetividade e de história. A Terra na sua longa história de 4,5 bilhões de anos guarda esta memória ancestral de sua trajetória evolucionária. Ela tem sujetividade e história. Logicamente ela é diferente da subjetividade e da história humana. Mas a diferença não é de princípio (todos estão

conectados entre si) mas de grau (cada um à sua maneira).

Uma razão a mais para entender, com os dados da ciência cosmológica mais avançada, que a Terra possui dignidade e por isso é portadora de direitos, o que corresponde de nossa parte, deveres de cuidá-la, amá-la e mantê-la saudável para continuar a nos gerar e nos oferecer os bens e serviços que nos presta.

Essa é uma das mensagens centrais da encíclica do Papa Francisco “sobre o cuidado da Casa Comum”(2015). Na mesma linha vai a Carta da Terra, um dos documentos axiais da nova visão da realidade (2000) e dos valores que importa assumir para garantir sua vitalidade. O sonho coletivo que propõe não é o “desenvolvimento sustentável”, fruto da economia política dominante, anti-ecológica. Mas “um modo de vida sustentável” que resulta do cuidado para com a vida e com a Terra. Este sonho supõe entender “a humanidade como parte de um vasto universo em evolução” e a “Terra como nosso lar e viva”; implica também “viver o espírito de parentesco com toda a vida”, “com reverência o mistério da existência, com gratidão, o dom da vida e com humildade, nosso lugar na natureza”(Preâmbulo).

A Carta da Terra propõe uma ética do cuidado que utiliza racionalmente os bens escassos para não prejudicar o capital natural nem as gerações futuras; elas também têm direito a um Planeta sustentável e com boa qualidade de vida. Isso somente ocorrerá se respeitarmos a dignidade da Terra e os direitos que ela tem de ser cuidada e guardada para todos os seres, também os futuros.

Agora pode começar o tempo de uma biocivilização, na qual Terra e Humanidade, dignas e com direitos, reconhecem a recíproca pertença, de origem e de destino comum.

Leonardo Boff

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A Carta Encíclica “LAUDATO SI” - Louvado Seja - foi inspirada em São Francisco de Assis. Afirma Papa Francisco: Não quero prosseguir esta encíclica sem invocar um modelo belo e motivador. Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento da mi-nha eleição para Bispo de Roma. Acho que Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vi-vida com alegria e autenticidade. É o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos. Manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal. Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilho-sa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo. Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior.

Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados sectores da atividade humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo.

Feliz Natal e um responsável e feliz 2018

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

Intersecções entre intolerância, alterações legislativas e a greve

de fome nas prisões. Quando comecei a frequentar prisões, em 1995, a reação mais comum das pessoas que me conheciam era um misto de curiosidade com receio:– “Mas é seguro lá? Você não tem medo”? Também haviam algumas perguntas estranhas:– “Como você conversa com os presos”?– “Você anda no meio deles”? Essas questões revelavam não só o quão distante essa realidade era do meu contexto social, mas também quão incipiente era a reflexão sobre o humano e a nossa existência nesse mundinho.

Ora, as pessoas se constroem na relação, são repletas de contradições, desejos e frus-trações. Em qualquer espaço, pessoas são pessoas que irão reagir conforme as suas ne-cessidades e as possibilidades dadas, especi-almente numa instituição total como é prisão. A questão é conhecer esse ambiente e lidar com os seus códigos.

Sempre bom lembrar que as circunstâncias que levaram as pessoas à cadeia são condi-cionadas por muitas variáveis para além da acusação de um crime. Passam pela defini-ção do que é ou não considerado delito em cada época (registre-se que até a capoeira já foi tipificada), a possibilidade ou não da pes-soa se defender no processo, as característi-cas sociais e raciais da acusada ou acusado, entre outras.

E, supondo que de fato a pessoa acusada foi autora de uma infração, a motivação, os en-volvidos, o estado emocional, nunca são i-guais no momento do crime e durante a priva-ção da liberdade. Ou seja, imaginar que al-guém que cometeu um assalto com violência vai sempre ter o mesmo comportamento é uma generalização grosseira. É como dizer que não há contingências para uma atitude ou que quem é bom, sempre é bom e quem é mau, sempre é mau, seja lá o que isso signifi-que.

Imaginariamente, a prisão fornece uma sepa-ração, uma etiqueta, uma identificação. Entre todos, localiza-se um grupo de culpados, não só por delitos, mas pelos sofrimentos mais doídos que insistimos em depositar nos ou-tros. Porém, racionalmente, há mais crimino-sos fora dela do que dentro. Basta mencionar que a elucidação de autoria do crime mais grave, o homicídio, não chega a dez por cen-to. Tropeçamos na rua, no shopping, no aero-porto, no clube com noventa por cento dos assassinos brasileiros.

A maioria dos encarcerados nacionais são acusados de infrações contra o patrimônio ou

de comercializar alguma substância não per-mitida. Por essas e outras, o risco que corri ao visitar e trabalhar na prisão é menor que fora dela.

Passados vinte anos de convívio com a cadei-a, parece que a visibilidade midiática sobre o assunto e cinco vezes mais pessoas encarce-radas deixaram a prisão mais familiar. Até a-ritmeticamente é muito mais comum ter um conhecido que está ou esteve preso. O cárce-re está mais perto de todos, porém não me-nos distorcido. A curiosidade e o receio deram lugar às certezas e ao desprezo. Como se fôssemos cavaleiros numa corrida com saltos de obstáculos, foram deixadas as reflexões necessárias para trás e alcançadas muitas convicções sobre quem são as pessoas pre-sas, o que fazer com elas e o como colocar cada vez mais gente para dentro do muro po-de ser a solução para a criminalidade. Atual-mente, ter opinião sem aprofundar a compre-ensão é a regra.

Nesse cenário, sou eu que me intrigo com al-guns fatos. Por exemplo, a naturalidade com que muitos juízes, promotores, agentes peni-tenciários e, por vezes, até defensores, médi-cos, psicólogos e outros, assumiram o mantra da tal “periculosidade do preso”, que interdita as obrigações que esses profissionais têm para garantir a legalidade e os direitos das pessoas privadas de liberdade. Isso aparece despudoradamente em conversas cotidianas.

Em tom solene, dia desses, um deles me dis-se: – “A gente precisa tomar muito cuidado, porque lá tem presos muito perigosos. Pro-gressão de regime, visitas, acesso a notícias, tudo muito delicado”. O que está por trás de uma afirmação como essa? É a flexibilização de direitos em função do estereótipo que se atribui à pessoa e a despreocupação com o objetivo da Lei de Execução Penal. Simples assim.

Alguns pressupostos estão presentes nesse contexto. A não visualização do processo de criminalização e seletividade penal; conceber o preso provisório como condenado; conside-rar o preso condenado como sujeito passível de qualquer restrição; adotar a pena para a-lém da pessoa presa; ignorar os efeitos insti-tucionais do cárcere; não enxergar a pessoa, apenas o crime atribuído a ela. Não é pouca coisa!

E não poderia ser, pois,quando se admite a possibilidade de incrementar restrições ao di-reito da progressão de pena, mesmo que pas-sado o lapso temporal e a inexistência de fal-tas graves; quando se restringe o contato com a família, dificultando ainda mais a manuten-ção do laço social e afetivo; quando se impe-de o acesso a informações, ampliando a alie-

nação e inadequação do sujeito com o meio, além de deixa-lo em ostracismo existencial e emocional… Para rebolar em procedimentos e teses que afrontam o básico é porque muito já se distorceu antes. Estamos mirando só a ponta do iceberg.

Mas esse contrassenso não é exclusividade do Judiciário. Na última semana, a Câmara de Deputados, sem apego a dados sobre as saí-das temporárias, aprovou regras que restrin-gem essa medida. A proposta prevê uma saí-da por ano, sendo que antes eram até quatro; reduziu o número de dias de sete para quatro; ampliou o tempo de cumprimento de pena pa-ra ter direito à concessão, no caso de crimes hediondos.

Outros dois projetos também foram aprova-dos, a extinção de progressão de regime para condenados por homicídios a policiais e a im-possibilidade de atenuante de pena para au-tores de crimes menores que 21 anos. Retro-cessos que fazem da cadeia mais do mesmo, como se isso fizesse frente à insegurança.

Em reação a essas alterações legislativas, à longa permanência de presos em penitenciá-rias federais e para reivindicar atendimento médico e odontológico, entre outras questões, na semana passada, presos de quatro esta-dos, fizeram uma greve de fome e se recusa-ram a sair das suas celas para algumas ativi-dades cotidianas, como audiências. A isso chamam de ato inicialmente pacífico contra a opressão no sistema prisional. Mas estamos pouco preocupados.

Pouco se noticiou, nenhuma correlação mais elaborada sobre o que esses fatores que mo-tivaram a manifestação realmente represen-tam na dinâmica da violência, apenas as cor-riqueiras associações de que isso aconteceu por iniciativa de uma facção, o Comando Ver-melho. Aliás, já aprendemos, mencionar “facção” em qualquer discurso tem efeitos fantásticos, pode-se explicar complexidades, justificar absurdos ou desqualificar a mais re-tumbante evidência.

E assim seguimos com nossa ambiguidade. Transitamos entre a proximidade com a pri-são quando a desejamos para os outros ou quando ela transborda algum terror, e o dis-tanciamento quando ela nos exige pensar so-bre o humano que ali habita e a necessidade de coerência de medidas para reduzir a crimi-nalidade.

Valdirene Daufemback é psicóloga, doutora em Direito. Foi Ouvidora e Diretora do Departa-mento Penitenciário Nacional. Acredita na promo-ção de políticas públicas e numa visão interdisci-plinar e comunitária para termos um mundo me-lhor para todos.

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Direitos humanos

Ressocializar

Sair da cadeia e continuar fora dela não é uma tarefa fácil para muitos ex-detentos. Embora o trabalho e o estudo sejam algumas das chaves da ressoci-alização bem-sucedida, apenas 20% dos cerca de 574 mil presos no país trabalham e 8,6% estudam.

Trabalhando, estudando e tendo oportunidades de voltar a colaborar com a sociedade. Embora muitas vezes ignorados, esses são elementos essenciais da própria pena cumprida pelo condenado, de acordo com o juiz da 1ª Vara de Execução Penal de Pernambuco, Luiz Gomes Neto. “É parte de um pro-cesso de ressocialização que vem associado justamente com a punição, com a pena. Porque a pena, o acúmulo de seres humanos dentro de uma unida-de prisional, por si só, não resolve. Não ressocializa, não reeduca e nem prepara o cidadão para se reinserir no seio da sociedade”.

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

Algumas datas comemorativas

02 - Dia Nacional do Samba

15 - Dia Nacional da Economia Solidária

O Brasil é conhecido internacionalmente pelo samba, um estilo musi-cal e de dança típico do país. O Carnaval é a festividade em que o samba se torna ainda mais popular, virando o ritmo oficial da festa.

O samba é apreciado pelos brasileiros em todas as regiões do Brasil, porém, tradicionalmente, o ritmo se tornou “marca registrada” do Rio de Janeiro e da Bahia, principalmente.

Origem do Dia do Samba

De acordo com a lenda popular, o Dia do Samba foi criado em home-nagem ao sambista Ary Barroso, compositor da música "Na Baixa do Sapateiro", uma ode à Salvador, capital da Bahia.

Ary Barroso também é conhecido por ser o autor de uma das músi-cas brasileiras mais populares de sempre: “Aquarela do Brasil”, com-posta em 1939 e regravada por inúmeros artistas, inclusive Carmen Miranda, Elis Regina, Caetano Velono, Frank Sinatra, entre outros.

O vereador baiano Luís Monteiro da Costa foi quem instituiu a data, marcando o dia em que Ary Barroso visitou a Bahia pela primeira vez, em 1940.

Desde então, o Dia do Samba é comemorado principalmente em Sal-vador e no Rio de Janeiro, onde organizam-se festas e shows em ho-menagem ao ritmo.

Atualmente, existem variações do samba com outros estilos músicas. Entre eles, o que se destaca é o Samba Rock, o Samba enredo, o Samba pagode, o Samba carnavalesco, o Samba de gafieira e etc.

Este dia foi criado em 2002 pela União Internacional de Ciências do Solo (IUSS) para celebrar a importância crítica do solo para a huma-nidade.

O Dia Mundial do Solo é uma oportunidade única para refletir sobre o tratamento humano que este recurso natural finito recebe. A Organi-zação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) tam-bém impulsiona a comemoração deste dia.

Funções do solo:

- Proporcionar a alimentação humana

- Conservar a biodiversidade

- Possibilitar o ciclo hidrológico

- Reduzir o impacto das mudanças climatéricas

- Criar agroenergia

- Proteger as águas subterrâneas e superficiais

- Sustentar construções

Neste dia realizam-se debates e outras iniciativas para conscienciali-zar a população sobre o estado dos solos e a necessidade de os pro-teger. Os eventos podem ser encontrados ou registrados no site da FAO.

A data serve para homenagear e lembrar a importância da presença da "instituição" familiar na vida de uma pessoa, ajudando na forma-ção da educação, cultura, da moral e da ética comum a todos.

Família não é apenas mamãe e papai, mas também todos aqueles que cuidam e protegem. Uma família pode ser formada apenas pelos avós/avôs, mãe solteira, pai solteiro, mamãe e mamãe ou papai e pa-pai. O que importa é quem cuida e educa o ser humano e não ape-nas quem "põe no mundo", como se diz popularmente.

Origem do Dia Nacional da Família

O Decreto de Lei nº 52.748, de 24 de outubro de 1963, intitula 8 de dezembro como sendo o Dia Nacional da Família. A data foi escolhi-da por coincidir com o Dia de Nossa Senhora da Imaculada Concei-ção. Por este motivo, a data era considerada um feriado religioso an-tigamente, porém, hoje em dia é facultativo.

A data visa homenagear o empenho e dedicação de todos os cida-dãos defensores dos direitos humanos e colocar um ponto final a to-dos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos.

Comemoração do Dia dos Direitos Humanos

A celebração da data foi escolhida para honrar o dia em que a As-sembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Esta declaração foi assinada por 58 estados e teve como objetivo promover a paz e a preservação da humanidade após os conflitos da 2ª Guerra Mundial que vitimaram milhões de pessoas.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem enumera os direitos humanos básicos que devem assistir a todos os cidadãos.

Este dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, de-correndo várias iniciativas a nível mundial de promoção e defesa dos direitos do homem.

O dia 10 de dezembro é também marcado pelo entrega do Prémio Nobel da Paz.

Comemoração do Dia dos Direitos Humanos em Portugal

Em Portugal, a Assembleia da República reconheceu a grande im-portância da Declaração Universal dos Direitos do Homem ao apro-var, em 1998, a Resolução que vigora até hoje, na qual deixou insti-tuído que o dia 10 de dezembro deveria ser considerado o Dia Nacio-nal dos Direitos Humanos..

A data tem o objetivo de incentivar a defesa do trabalho associado e voluntário, a partir do desenvolvimento sustentável, respeito à vida e com justiça social.

O principal intuito do Movimento de Economia Solidária do Brasil é fomentar a criação de políticas públicas nacionais de economia soli-dária.

Muitas empresas brasileiras já trabalham com os princípios da eco-nomia solidária, ou seja, utilizam técnicas e modelos de produção que garantem o bem-estar dos seus funcionários, a preservação do meio ambiente e a organização autogestionária da empresa.

Origem do Dia Nacional da Economia Solidária

O Dia Nacional da Economia Solidária foi criado em homenagem ao ambientalista Chico Mendes, que nasceu em 15 de dezembro de 1944. Chico Mendes ficou conhecido pela luta em defesa dos serin-gueiros da Bacia Amazônica, através da conscientização das empre-sas em preservar a floresta nativa.

O ativismo ecológico de Chico Mentes ganhou dimensões internacio-nais. O Movimento de Economia Solidária do Brasil decidiu que o dia 15 de dezembro deveria ser dedicado à nobre causa que representou a vida de Chico Mendes: o Dia Nacional da Economia Solidária.

A data homenageia a preciosa relação de "amor e ódio" entre os "companheiros de porta"; os companheiros que compartilham a mes-ma rua ou o mesmo prédio.

Nas grandes metrópoles o sentido "clássico" de vinhança foi perdido, devido ao medo e a insegurança que ronda nas cidades grandes. Muitas famílias ou indivíduos, quando se mudam, passam vários me-ses ou anos até conhecer e começar a manter algum tipo de relação com o seu vizinho.

Porém, nas cidades pequenas ou bairros do subúrbio, por exemplo, as relações com a vizinhança são normalmente mais comuns. Os vi-zinhos acabam fazendo parte do dia-a-dia do indivíduo.

Fonte:

10 - Dia da Declaração Universal Direitos Humanos

23 - Dia do Vizinho

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05 - Dia Mundial do Solo

08 - Dia da Família

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Atualidades

Capitalismo e democracia na Europa

EEK, Partido Revolucionário dos Trabalhadores, na rua.

FINAL

É necessário tirar as conclusões políticas e his-tóricas dessa e de outras análises semelhantes. A grega não é só uma “crise da dívida”, ou me-lhor, a dívida é a expressão da crise e do para-sitismo extremo atingido pelo sistema mundial de produção capitalista. Em Grécia, as contradi-ções atuais do capitalismo foram levadas até o paroxismo. Grécia não é uma exceção ou um caso particular isolado, é a expressão concen-trada do abismo social e a decomposição eco-nômica a que conduz o capitalismo “global”. O retorno a um ilusório, e historicamente inexis-tente, “capitalismo nacional autárquico”, que só poderia se realizar em condições de barbárie, é defendido principalmente por correntes políticas de extrema direita e até neonazistas. A crise eu-ropeia e suas consequências sociais e políticas repõem a revolução socialista na agenda políti-ca continental e mundial. Uma nova situação política e histórica se abriu. Grécia é a ponta avançada da crise europeia, o centro da luta de classes no Velho Continente. Europa, por sua vez, está cada vez mais no centro da luta de classes mundial. O divisor de águas está to-mando forma. Todos os partidos, organizações e até simples militantes, do mundo todo, serão obrigados tomar partido. Não cabe responder à pergunta “por quem soam os sinos da Grécia”, pois a resposta é óbvia.

Yanis Varoufakis justificou essa estratégia com o velho adágio de “dos males, o menor”, reedi-ção de esquerda do menos velho TINA (there is no alternative): “Uma saída de Grécia ou de Portugal ou da Itália da Eurozona logo se des-dobrará numa fragmentação do capitalismo eu-ropeu, o que gerará uma região a mais de grave superávit recessivo no leste do Reno e no norte dos Alpes, enquanto o resto da Europa vê-se nas garras de uma viciosa estagflação. Quem vocês imaginam que se beneficiaria desse de-senvolvimento? Alguma esquerda progressista, que nasceria feito fênix das cinzas das institui-ções públicas europeias? Ou os nazistas da Al-vorada Dourada, os neofascistas de várias ori-gens, os xenófobos, ou especuladores? Não tenho absolutamente dúvida alguma sobre qual desses dois grupos se beneficiaria da desinte-gração da Eurozona. Eu, de minha parte, não estou interessado em soprar ventos novos nas velas dessa versão pós-moderna dos anos 1930”.

Por: Michael Löwy

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As pílulas ‘inteligentes’ que querem revolucionar o atendimento médico

Imagine receber no celular uma mensagem com o diagnóstico de que você está sob o risco iminente de sofrer um ataque do cora-ção. E que essa notificação não vem de seu médico, mas de um microequipamento que percorre o seu organismo em busca de pos-síveis sinais de alerta para a sua saúde. É o que podem fazer as chamadas pílulas inteli-gentes (smart pills), cápsulas que embutem sensores ingeríveis capazes de diagnosticar e tratar doenças dentro do corpo humano e que prometem fazer uma revolução na medi-cina wireless. Pois essa tecnologia já existe e pode ser consumida, literalmente, com todos os benefícios médicos que proporciona.

"Esses equipamentos são capazes de diag-nosticar desde doenças benignas, como um inchaço ou uma dor intestinal, até diferentes tipos de câncer", afirma ao EL PAÍS Kourosh Kalantar-zadeh, engenheiro em nanotecnolo-gia e catedrático da Universidade RMIT, na Austrália. O cientista criou cápsulas ingerí-veis (do tamanho de uma cápsula de vitami-na) com sensores que viajam pelo trato gas-trointestinal para medir os níveis de gás e i-dentificar possíveis transtornos. Neste ano, o invento foi aprovado nos primeiros testes em humanos e demonstrou realizar medições de gases mais precisas do que outras técnicas, como os testes de hálito.

As cápsulas com sensores são capazes de medir pH, enzimas, temperatura, nível de a-çúcar e pressão arterial. "São dados que nos permitem ter uma imagem pluridimensional do corpo humano", comenta Kalantar-zadeh. Uma das empresas que já operam nessa di-reção é a Scripps Health, que produz nano-sensores capazes de percorrer a corrente sanguínea e enviar mensagens para o celular do usuário com informações sobre sinais de infecção ou outros problemas cardiovascula-res.

Um dos achados fundamentais dos primeiros testes diz respeito à segurança comprovada desse tipo de tecnologia. "As pílulas inteli-gentes são inofensivas e não há risco de re-tenção das cápsulas", acrescenta o especia-lista. Nos Estados Unidos, a Agência de Ad-ministração de Alimentação e Medicamentos (FDA na sigla em inglês) já aprovou a inges-tão de um tipo de pílula equipada com uma microcâmera como alternativa à colonoscopi-a. A PillCam COLON, criada por uma empre-sa israelense, foi concebida para pacientes com dificuldade para se submeter a procedi-mentos invasivos, seja por problemas de a-natomia, seja por causa de alguma cirurgia prévia ou por alguma doença. Nesses casos, a pílula pode ser usada para se visualizar de forma remota o trato gastrointestinal e o có-lon, detectando, assim, possíveis pólipos e identificando os primeiros sinais de um even-tual câncer colorretal.

As pílulas inteligentes também podem signifi-car novas formas de administrar medicamen-

tos. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e do Brigham and Women's Hospital de Boston desenvolveram uma pastilha que, uma vez ingerida, adere ao revestimento do trato gastrointestinal e libera seu conteúdo aos poucos, ao longo de duas semanas. A pílula foi concebida de modo que um lado (feito com polímero muco-adesivo) se cola ao tecido, enquanto o outro, que pos-sui um encapsulamento especial, repele os alimentos e líquidos que, não fosse assim, o deslocariam do local onde foi fixado. Os cien-tistas afirmam que essas pílulas de liberação prolongada poderiam ser usadas para dimi-nuir a frequência das doses no uso de certas drogas, como os antibióticos, por exemplo. "Isso poderia ser adaptado para muitas dro-gas. Qualquer medicamento que é dosificado com frequência poderia ser compatível com esse sistema", diz Giovanni Traverso, cientis-ta ligado ao Instituto Koch de Pesquisa Inte-grada do Câncer do MIT. Traverso acrescen-ta que a equipe centra agora os seus esfor-ços no desenvolvimento da administração de fármacos em longo prazo para o tratamento da malária, HIV, tuberculose e várias doen-ças tropicais que não são tratadas.

Flotilhas de equipamentos no corpo humano

Os especialistas acreditam que essa tecnolo-gia "proporcionará a mudança mais significa-tiva em nossas vidas" dentro dos próximos cinco anos. É o tempo que eles estimam que levará para essas pílulas se popularizarem. A recente solução encontrada para um dos obstáculos que havia para as smart pills – ou seja, a transmissão de sua localização exata dentro do corpo para o usuário e a equipe médica -poderá acelerar o fenômeno. Uma equipe de engenheiros do Instituto de Tecno-logia da Califórnia (Caltech) criou um micro-chip de silicone de 1,4 milímetro quadrado que pode ser acoplado aos nano-equipamentos a fim de determinar em que parte do corpo eles se encontram. Denomi-nado ATOMS, esse microchip opera com ba-se nos mesmos princípios da ressonância magnética. "Um princípio essencial desse conceito é que um gradiente de campo mag-nético faz com que os átomos de dois luga-res diferentes ressoem em duas frequências diferentes, o que facilita para saber onde eles estão. Nosso equipamento imita esse com-portamento", explica o engenheiro elétrico Manuel Monge, principal responsável pela pesquisa.

O ATOMS ainda está em fase inicial de de-senvolvimento, mas seus criadores já tem um novo objetivo em mente: produzi-lo menor ainda, para que consiga chegar a órgãos de difícil acesso, como o cérebro ou o coração. "Isso nos possibilitará criar novas formas de diagnóstico e novas terapias para doenças graves", diz Monge. Ele os outros pesquisa-dores imaginam no futuro a existência de u-ma flotilha de nano-equipamentos inteligen-tes circulando dentro dos nossos corpos e nos informando sobre o que acontece em nossos órgãos internos para então lhes indi-carmos o que fazer.

Joana Oliveira

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Educando

O futuro desfeito em pó

O ofício obriga-me, permanentemente, a an-dar pelo Ceará inteiro. Suas estradas são companheiras com as quais partilho a dureza da sobrevivência e a capacidade, ainda exis-tente, de sonhar. Mas as estradas do meu sertão dizem também, muitas vezes, da luta do povo para viver em meio à aridez da seca e ao descaso crescente pela pobreza, marca do governo ilegítimo que ora dá plantão no Planalto.

Na BR-222, a cerca de oitenta quilômetros de Fortaleza, rumo ao norte, numa localidade por nome Cipó, há uma obra que se arrasta lenta-mente, com longos períodos de interrupção. A construção de um viaduto sobre a linha férrea já se aproxima de uma década e, por conta disso, há um pequeno desvio no chão batido. Um trecho pequeno, de menos de quinhentos metros, mas perigoso, pois ali os grandes ca-minhões, pesadíssimos, procuram lugar me-lhor para passar e oscilam em câmera lenta entre um buraco e outro.

No meio da poeira, há alguns meses, duas figurinhas magras, enxadas nas mãos, jogam inutilmente terra dentro dos buracos e esten-dem as mãozinhas pedintes, na esperança de uma moeda jogada por um motorista de cora-ção menos endurecido.

São meninos ainda, o mais velho em torno dos doze anos e o mais novo não chegou ain-da aos dez. Apenas de calção, tostados pelo

sol da caatinga, equilibram-se nos finos cam-bitos e correm de um lado para o outro, entre os carros, confundindo-se à poeira quente do chão de novembro.

A curiosidade obriga-me ao paradeiro, à con-versa fiada com os meninos. Estão matricula-dos, mas perdem aula para ficar ali, arriscan-do juntar alguns trocados ao final do dia. Em feira boa, segundo eles, juntam de dois a três reais.

− Uma vez um homem deu uma nota de dois reais.

O olho do mais novo brilha, mais curioso do que eu, a mirar o homem perguntador. O olho brilha de curiosidade ou talvez pensando na-queles dois reais, verdadeira fortuna. Pergun-to pela escola e o mais velho desconversa, enrola uma desculpa que não tem aula na-quele dia, que a professora está doente.

A sinceridade desconcertante do mais novo entrega o jogo.

− A gente precisa pedir na estrada, pai tá sem trabalhar.

Diz e corre, que lá vêm três carros em sentido contrário e ele precisa mostrar serviço, cavar um buraco para entupir o outro a tempo de estender a mão e esperar a caridade dos mo-toristas. Os dois primeiros passam direto, mas o terceiro diminui e uma mulher joga alguma coisa, que o pequenino corre, apanha e volta para a nossa conversa.

− Cinquenta centavos!

O olho brilha novamente. Alguns dias, segun-do o mais velho, passam a manhã inteira e não conseguem nada. Moram ali perto, e vêm quase todos os dias. Não têm nenhuma pres-sa em que a obra termine. Por eles ficaria as-sim para sempre, o trecho de terra a lhes ga-rantir aquelas moedas ralas, o trecho de terra a lhes lembrar da condição de miseráveis.

Preciso seguir, pois a minha própria sobrevi-vência depende de continuar a viagem. Largo uma cédula de pouco valor nas mãos dos dois. O mais velho articula um muito obrigado. O mais novo arregala os olhos, meio descren-ça e meio contentamento.

As carretas balançam perigosamente, de um buraco a outro. Pelo retrovisor ainda enxergo os meninos correndo entre os carros, desafi-ando o perigo, brincando de pega-pega com a moça Caetana, naquele trecho que muitos chamam de “curva da morte”.

Pelo retrovisor, apenas sombras na poeira quente de novembro, os meninos movem-se rápido, mal equilibrados nos cambitos das pernas, o olho brilhante a desafiar a miséria.

Pelo retrovisor, o que enxergo é o futuro da pátria desfeito em pó.

Joan Edesson de Oliveira é educador, Mes-tre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará.

Favelas no Primeiro Mundo?

Na reportagem do jornal El País, de 26 de no-vembro de 2017, na seção internacional, são mencionadas favelas na cidade de Paris, França, chamadas de “bidonvilles”, e que são mais de 500 após três décadas de terem sido erradicadas.

Uma favela é um conjunto de habitações po-pulares precárias, sem infraestrutura adequa-da. Esse tipo de moradia é a mais clara expo-sição das desigualdades sociais, da marginali-zação e exclusão social das grandes cidades na parte subdesenvolvida ou em desenvolvi-mento do mundo. Os países classificados co-mo de primeiro mundo ou desenvolvidos são caracterizados por terem IDH elevado e renda

per capta também elevada. Países que supe-raram os graves problemas sociais que ainda persistem nos países classificados como de terceiro mundo ou subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Ao invés dos países do ter-ceiro mundo reduzirem progressivamente o número de favelas através de programas go-vernamentais de habitação de forma a ajudar a população desfavorecida a ter moradia em locais com infraestrutura realmente adequa-das para o ser humano, países do primeiro mundo é que regridem, voltam a ter habita-ções precárias. No caso do Brasil, internautas comentam nas redes sociais demonstrando indignação por uma turista espanhola ir à uma favela no Rio de Janeiro mas não demons-tram indignação de seres humanos terem que viver nesse tipo de local e ainda em meio ao tiroteio entre polícia e criminosos.

O ser humano, devido ao seu instinto de so-brevivência, tem tendência a se preocupar com o seu próprio bem-estar, com o seu con-sumismo pessoal e familiar, e não se importar com o bem-estar de desconhecidos, de “anônimos”, de ignorar o sofrimento de quem não faz parte do seu círculo de convivência. Ou, a dificuldade de convivência sem atritos,

sem conflitos e disputas, também enfraquece a sensibilidade de muita gente. Só que o ser humano difere das outras espécies pela capa-cidade do raciocínio, da criatividade, da inteli-gência, não é certo o ser humano seguir so-mente instintos. Há a necessidade de “humanizar a humanidade”. O ser humano ne-cessita despertar para a realidade e se cons-cientizar de que a humanidade é uma espécie interdependente e social. Não há nada de er-rado em uma pessoa ser próspera, ter bens diversos, vida confortável. Mas é errado sim, uma pessoa ser obrigada a viver em situação de penúria, de miséria, de forma precária e insalubre. No caso do Brasil, as pessoas pre-cisam de melhor educação escolar, de melhor educação cívica e também financeira, para que possam prosperar e viver com dignidade. É necessário abandonar essa mentalidade de exclusão socioeconômica. É necessário um plano de governo em conjunto dos governos federal, estaduais e municipais para solucio-nar os problemas sociais e melhorar a quali-dade de vida da população menos favorecida.

João Paulo E. Barros

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Dezembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

Vida animal Cinco coisas que os cães podem prever, e isso inclui a gravidez

Os cães, nossos melhores amigos, são animais incrivelmente intuitivos e parecem ter

uma grande vantagem por estar conectados e perceber o entorno. Muitas vezes eles

têm reações inexplicáveis e na verdade estão percebendo algo que nós não estamos.

Além disso, são suscetíveis ao nosso estresse, preocupação e tristeza.

Há muitas coisas que os cães podem perceber e outras que podem reagir muito antes

dos seres humanos. Estas são as cinco mais impressionantes:

1. Terremotos

Desde a Grécia Antiga já existe histórias de cães que fugiam de uma área antes de

que chegassem terríveis terremotos que acabaram com cidades completas. Também

na China, muitos afirmam que os cães agem com desespero antes da atividade

sísmica. Os cientistas não estão muito certos do motivo por trás de tão elevada

percepção, embora acreditem que tem a ver com o ouvido muito mais desenvolvido.

Por outro lado, outros cientistas afirmam que os cães sentem mais ainda o movimento

sísmico nas suas patas quando as placas estão se mexendo muito longe. O

comportamento que assumem é incrível e os cães costumam se refugiar debaixo de

algo que sabem que os protegerá ou correr para um lugar aberto.

2. Tormentas

Exatamente como os terremotos, os cães podem perceber algo a distância. As

tormentas criam uma força eletromagnética que os cães podem sentir antes de chegar

ao local. Nossos melhores amigos utilizam seu sentido da audição

surpreendentemente desenvolvido para escutar trovões a muitos quilômetros de

distância. E também o olfato, que é cem vezes mais potente que o humano, para

perceber a mudança dos odores no ar que antecedem uma tormenta.

3. Doenças, inclusive o câncer.

Algumas doenças como o câncer ou a diabete geram certo tipo de aroma nos

humanos. Estes odores são muito sutis e não podem ser reconhecidos por outros

humanos, mas não escapam ao impressionante olfato canino. Se um cão cheira de

maneira obsessiva uma área do seu corpo, seria melhor procurar um médico.

4. Convulsões

Há alguns cães que até são treinados para alertar as convulsões antes de que

cheguem. Eles não só avisam seus donos como se colocam sobre eles no caso de

convulsão e pedem ajuda. Ninguém sabe como eles são capazes de fazer isso, mas

salvaram centenas de vidas graças ao seu instinto.

5. Gravidez e parto

Há muitas histórias de cães que mudam sua atitude de forma radical no dia que suas

donas vão dar à luz. Além disso, há cães que percebem a gravidez e agem de forma

mais protetora e atenta. Imagina-se que os cães são capazes de detectar as

alterações hormonais através do olfato.

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As 5 raças de cães mais inteligentes do mundo

1. Border Collie

O Border collie é considerado o cão mais inteligen-te no mundo segundo a lista de Stanley Coren. Por gerações, o border collie foi considerado um cão vigilante e de terapia. Felizmente, hoje, muitas pes-soas desfrutam da companhia deste cão adorável, oferecendo uma educação atraente, pois esta raça obedece as mais variadas ordens.

É um cão de porte médio, muito inquieto, que preci-sa de um proprietário pró-ativo e atleta, capaz de combinar com a energia que esta raça oferece. É um fantástico companheiro em caminhadas, corri-das ou camping. Ele também requer atenção, afeto e estimulação mental através de diferentes jogos intelectuais.

2. Poodle

O segundo cão mais inteligente no mundo é o Poo-dle, um dos cães mais famosos da terra. No início, o poodle era um excelente cão de caça, mas sua popularidade logo fez que ele tornar-se um dos fa-voritos cães de tribunais franceses e britânicos.

Além de ser um cão muito sociável que está sempre ansioso para agradar seu proprietário. O poodle se comporta perfeitamente com crianças pequenas e desfrutam executar truques em troca de mimos.

3 - Pastor alemão

O terceiro é o Pastor Alemão, um cão sensível, inte-ligente e intuitivo. Esta raça se destaca pelos enor-mes atributos mentais, físicos e cognitivos. O cão pastor alemão, além de ser um dos mais inteligen-tes no mundo, tem uma beleza extraordinária. É a-preciado como cão de guarda na maioria dos paí-ses ao redor do mundo.

É uma raça que precisa de muito carinho, jogos de inteligência, prática obediência e exercício modera-do. É recomendado para pessoas experientes em cães de educação e formação, uma vez que podem desenvolver problemas comportamentais.

4. Golden Retriever

O Golden Retriever destaca-se, não só por ser o quarto cão mais inteligente no mundo, mas também por sua beleza e bom humor. É um cão energético que aprecia a água, é resultante do cruzamento com Spainels de água, e por isso carrega nos seus genes a habilidade de nadar. Eles necessitam gas-tar muita energia para viver bem, e a natação é um ótimo exercício pra eles.

É uma das raças mais populares no mundo e é mui-to fácil de perceber o porquê: é um excelente cão, bem educado, ele se adapta bem com crianças e adultos. Talvez por essa razão, o cão de ouro tor-nou-se popular como terapia para crianças autistas.

5. Dobermann Pinscher

Doberman pinscher é um dos cães mais rápidos no quesito automatizar ordens. É um cão de guarda inteligente, sempre alerta e pronto para proteger su-a família e sua casa. Um companheiro leal e aven-tureiro. Gosta de desafios mentais, sensível e muito receptivo aos desejos da família, embora, alguns possam ser dominadores. Geralmente é desconfia-do com estranhos.

SOBRE GATOS Os apaixonados por gatos ficarão felizes em saber que um novo estudo científico a-pontou que os bichanos gostam mais de pessoas do que de comida. É verdade! Se-gundo a pesquisa publicada pela revista Behavioral Processes, os gatos tendem a buscar mais a atenção humana do que os alimentos em seu dia a dia.

Apesar da fama ingrata de serem distantes e indiferentes em relação aos seus donos, os gatos são, na verdade, muito apegados às pessoas. Sendo assim, a comparação que conhecemos entre gato e cachorro, que afirma que os bichamos não demonstram amor por seus donos e que os cães são os animais domésticos mais fiéis, não é 100% verdadeira. Os gatos têm apenas uma forma própria de demonstrar carinho e apego. De acordo com o estudo da Behavioral Processes, os gatos são mais sociais do que possamos imaginar. Eles gostam de receber a atenção das pessoas.

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O que é isso?

A tecnologia e a mecanização foram, em parte respon-sáveis pelo fato de encarar o ser humano em algo im-pessoal, despido de protagonismo.

No século curto, o XX, assim denominado, porque trans-corrido entre duas Guerras Mundiais, o nazismo de Hi-tler pôs por terra os Direitos Humanos insculpidos na Declaração de Direitos de 1789.

As consequências das duas guerras mundiais foram impressionantes: a par do desenvolvimento técnico cien-tífico indiscutível, ficou estabelecido o caos mundial, a miséria, a deterioração dos mores e da dignidade huma-na.

O mundo conheceu, estarrecido, as atrocidades cometi-das nos campos de concentração nazistas. Nada obs-tante submetidos ao Juramento de Hipócrates, valeram-se da perfeita legalidade erigida pelo arcabouço jurídico do III Reich para justificar suas condutas pavorosas!

De 1933 a 1945, mais de 300 médicos participaram de atrozes pesquisas nos campos de concentração. Estas pesquisas envolviam grávidas, idosos, crianças, gê-meos, submetidos à remoção e transplantes de ossos, órgãos, músculos, inoculação de vírus, bactérias, leva-dos a frio insuportável, até o limite da vida, até o anseio pela morte!

Levados ao Tribunal Internacional de Nuremberg, uma das consequências do julgamento destes médicos, em 1947, foi a elaboração do Código de Nuremberg, que representa o marco fundante da Bioética, ao determinar a conduta dos médicos e de todos os envolvidos nas pesquisas científicas envolvendo seres humanos.

Seus princípios irradiam, até hoje, em documentos jurí-dicos e éticos modernos, como Declaração de Helsin-que, de 1964 (modificada em Tóquio 1975, Veneza 1983, Hong Kong 1989, Somerset West 1996, Edimbur-go 2000, Washington 2002, Tóquio 2004 e Seoul, 2008); Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, adotada pela Conferência Geral da UNESCO, 1997, a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos de 2005.

São eles: a autonomia, exercida pelo consentimento/assentimento livre e esclarecido; a beneficência, que é o comprometimento com o máximo benefício e o mínimo risco; a não maleficência, que significa evitar danos e a justiça, na seleção dos participantes da pesquisa cientí-fica envolvendo seres humanos e na igual consideração de seus interesses, direitos e respeito.

Num certo momento da História, em 1927, Fritz JAHR cria a Bioética como sendo a ética das relações dos hu-manos com os seres vivos.

Posterior e precisamente em 1971, o Prof. Van Rensse-laer Potter, americano, bioquímico, nascido em 27 de agosto de 1911 e falecido em 6 de setembro de 2001, pesquisador na área de oncologia, propôs um conceito interdisciplinar, que relaciona ética e ciência da sobrevi-

vência da vida na Terra, ao qual denominou Bioética. Estava muito preocupado com as consequências do desenvolvimento científico e tecnológico da década de 60, do Século XX.

A Bioética, neste estágio inicial, tinha o sentido de ser uma Ponte para o Futuro, que visava sobretudo ques-tões de saúde, restrita às áreas médica e da ética das pesquisas científicas em seres humanos.

Posteriormente, em 1988, Potter passa a perceber a Bioética como Bioética Global, que abraça todos os as-pectos relativos ao viver, isto é, a saúde e a questão ecológica. Finalmente, a Bioética passa adquirir um mol-de mais humanista, abrangendo a vida, a saúde e o am-biente, agora chamada de Bioética Profunda.

Um movimento forte promoveu o encontro da Bioética com os Direitos Humanos, transformando-a em batalha-dora pela dignidade humana em seus diversos vieses, dos quais se destacam a autonomia, a não discrimina-ção de qualquer tipo, a proteção aos vulneráveis, pesso-as ou grupos, a não estigmatização, a intimidade, a pri-vacidade. Além da luta pelo meio ambiente, pela ecolo-gia profunda, a preocupação com as futuras gerações, com a política e a economia.

Há quem enxergue uma macrobioética preocupada com as responsabilidades frente à vida planetária ameaçada, o crescimento da população mundial, a crise do meio ambiente global e o patrimônio comum da humanidade, as tecnologias emergentes, a guerra e as injustiças, en-tre tantos outros temas. Que convive com a microbioéti-ca das situações individuais de cada ser em sua vida, integridade, saúde e bem-estar, e os direitos devem pre-servar estes valores individuais ao mesmo tempo que os valores sociais.

A Bioética, cuja característica e natureza consistem na multidisciplinaridade e na interconexão com todos os saberes, sem alterar-lhes a autonomia, indica, outros-sim, forte propensão a tornar-se a filosofia do século XXI.

Um alerta merece ser feito: os dois fenômenos realmen-te formidáveis, deslumbrantes e assustadores de nossa era são a genética, que das ervilhas de Gregor Mendel, em 1865, salta para a descoberta do genoma humano ( 2001) e a comunicação, que nos aprisiona em redes, ao mesmo tempo libertadoras!

Novas realidades nos desafiam: vida projetada, vida utilitária, vida em potência, vida oriunda de vários ato-res. A morte assume possibilidades de ser boa, de ser retardada, de não sê-lo, de ser congelada. O morto tem utilidade e serviência, à perpetuação da vida e da saú-de!

Outras interpretações do ser humano como identidade de gênero, as diversas composições familiares, o nascer de um por intermédio de vários, o nascer projetado, pos-tergado, o nascer suspenso e condicionado.

A tecnologia e a mecanização foram, em parte respon-sáveis pelo fato de encarar o ser humano em algo im-pessoal, despido de protagonismo.

Evidencia-se um clamor ético, pelo retorno da honesti-

dade, pela humanidade e humanização do humano, pe-la realização do higth touch nos relacionamentos em geral e em especial na área profissional, tão low touch atualmente! O Direito busca impregnar-se de afeto!

A realizadora destas utopias, destas realidades de hu-manização e de condução à dignidade e à autonomia do ser humano é a Bioética, na interface com todos os ra-mos do conhecimento humano.

Mas o ser humano bom por natureza, de Jean Jacques Rousseau, está amedrontado pelo monstro Leviatã mo-derno, que emerge perpetuando o terrorismo, as drogas, o consumo insano, a violência contra a mulher, a mani-pulação da cidadania pela política predadora, pela eco-nomia maquiada de verde, pelos meios de comunicação massivos, pela invasão da privacidade e da intimidade de todos nós, pelo descaso do Estado em fornecer saú-de, cada vez mais privatizada, pela medicalização da vida, pela criação de novas enfermidades, pela terceiri-zação da pesquisa científica, cujos resultados, progra-mados e adredemente conhecidos, são projetados pela indústria farmacêutica estrangeira, que usa o participan-te de pesquisa de países pobrezinhos como o nosso e põe no mercado remédios caríssimos, de pouca eficácia e segurança!

Esta situação fez emergirem novas e nocivas Bioéticas, que espelham o retrocesso ao qual assistimos.

Como bem apreendido pelo professor Dr. Victor Pensz-chasadh (1) , cujas palavras copio como fecho e que consiste em outra resposta à indagação inaugural Bioé-tica, o que é isso?

''Existem versões da Bioética que são extremamente negativas, como a Bioética anglo saxônica, dos USA, que contemporizam os interesses da indústria e grandes corporações, e o sistema econômico depredador impe-rante.

Esta Bioética convalida por omissão a ordem imperante e opera como instrumento de dominação cultural.

Sua retórica individualista contrasta com sua visão be-nevolente dos abusos éticos da indústria farmacêutica e da falta de vigência do direito da saúde.

Por sua vez, as Bioéticas baseadas em preceitos con-fessionais pretendem influir indevidamente nas normas bioéticas destinadas à população, formada por crentes e não crentes.

As correntes bioéticas confessionais baseadas em dogmatis-mos religiosos e em verdade revelada não são aptas ao diá-logo pluralista. São os mesmos preceitos que apoiaram, há 500 anos, a invasão colonial e o genocídio de povos originá-rios e em épocas mais recentes os terrorismos de Estado que assolaram nossos países''.

(1) Ex-professor de Genética, Bioética e Saúde Públi-ca da Universidade De Colúmbia, NY e Presidente da Rede Latino Americana e do Caribe de Bioética da U-NESCO, em palestra proferida na cidade de Córdoba, IX Encuentro Abierto de Ex Alumnos del Programa de Educación Permanente en Bioética da Redbioética U-NESCO.

Autora: Livia Maria Amentano Koenigstein Zago inte-gra a Rede de Educação Permanente em Bioética – RedBioética UNESCO, como docente em Bioética.

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