Upload
osvaldo-gabriel
View
1.336
Download
4
Embed Size (px)
Citation preview
FACULDADE DE MEDICINADEPARTAMENTO DE
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
TEMA: MALÁRIA E GRAVIDEZ
DOCENTE: Prof. Dr. Paulo Campos
DISCENTES: Alunos do 5.º ano de Medicina
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 2
Objectivos Educacionais
No final desta aula os estudantes serão capazes de:
1. Descrever os aspectos fisiopatológicosgerais ligados à gravidez;
2. Enumerar as influências da gravidez sobre o curso da malária;
3. Enumerar as influências da malária sobre a gravidez, parto e Puerpério;
Objectivos Educacionais
4. Descrever o quadro clínico da malária na gravidez;
5. Citar outras complicações;
6. Descrever as condutas adoptadas em Angola.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 3
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 4
INTRODUÇÃO
Malária é uma das patologias mais comuns da humanidade;
África e Ásia com milhões de indivíduos infectados;
Em Angola é um grave problema de saúde pública. Tem um peso enorme na morbi-mortalidade materna M.L.P.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 5
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 6
INTRODUÇÃO
Só em África atinge cerca de 350 –400 milhões de pessoas;
A mortalidade em menores de cinco anos é estimada em cerca de um milhão.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 7
INTRODUÇÃO
Em Angola, no contexto das grandes endemias a malária é sem dúvida, a principal causa de morbilidade e mortalidade;
A doença é endémica em todo o país.
Afecta sobretudo crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas;
Estima-se em 3 milhões de casos clínicos/ano.
As notificações de óbitos rondam os 8 mil/ano.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 8
INTRODUÇÃO
Perfil epidemiológico, a transmissão é perene em todo o país com o pico das chuvas a decorrer entre Fevereiro a Maio;
Há uma grande diversidade de vegetação: savana, floresta, estepe.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 9
INTRODUÇÃO
Os vectores predominantessão:
A. Gambiae;
A. Funestus;
A. Melas;
A. Arabiensis
As espécies predominantessão:
P. Falciparum 92%
P. Vivax 7%
P. Malariae 1%
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 10
INTRODUÇÃO
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 11
INTRODUÇÃO
Áreas hiperendémicas: Cabinda; Uíge;K. Norte;
Malange; Lunda – Norte e Lunda – Sul;
Áreas mesoendémicas estáveis: Zaire; Luanda; Bengo, Benguela;
Kuanza – Sul, Huambo e Bié;
Áreas mesoendémicas instáveis: Moxico; Kuando – Kubango;
Cunene; Huíla e Namibe
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 12
CONSIDERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS GERAIS
Influência da malária na reprodução humana depende do padrão de imunidade para a doença.
Nas áreas de alta transmissão:
Alto grau de imunidade;
As mulheres são mais susceptíveis durante a primeira gravidez.
Os síndromas severos, como a malária cerebral, são menos comuns.
São mais frequentes a anemia materna severa e o baixo peso ao nascer que contribuem para perdas de muitas vidas
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 13
CONSIDERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS GERAIS
Nas áreas de baixa transmissão:
Imunidade pobremente desenvolvida;
Todas as paridades estão em risco.
Epidemias dramáticas. Síndromas severos, como a malária cerebral.
Mortalidade materna e fetal são altas.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 14
CONSIDERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS GERAIS
A imunidade passiva:
Transmitida da placenta ao feto;
É transitória e vai até ao 1.º mês de vida.
A imunidade activa:
Adquire-se lentamente;
Resposta à parasitémia;
Aumenta com a idade e com a paridade.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 15
Patologia da Malária na Gravidez
Logo que os parasitas do P. falciparumentram nos glóbulos vermelhos, estes envolvem-se de uma camada rígida, tornando-se menos flexíveis.
Patologia da Malária na Gravidez
Os GVP adererem às paredes dos
capilares dos órgãos major, tais como o
cérebro, o fígado e, na mulher grávida,
a placenta.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 16
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 17
Patologia da Malária na
Gravidez
A placenta humana é um local ideal
para a acumulação do Plasmodium
falciparum, levando a problemas sérios
para a mãe, feto e RN.
Brabin BJ et.al. Placenta 2004; 25:
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 18
Patologia da Malária na
Gravidez
Com a malária placentária
Alojamento de um grande número de glóbulos vermelhos parasitados (GVP) na microcirculação da placenta
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 19
Patologia da Malária na
Gravidez
A microcirculação da placenta que é rica em capilares, e devido ao seu isolamento relativo do resto do sistema circulatório torna-se num local ideal para que os parasitas se multipliquem
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 20
Patologia da Malária na
Gravidez
Os GVP eventualmente são libertados e
atacam mais glóbulos vermelhos,
pondo a mãe e o feto em grande risco
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 21
Patologia da Malária na
Gravidez
O bloqueio dos capilares da placenta
congestão da microcirculação,
o que leva à hipoxia e bolqueio dos
nutrientes para o feto.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 22
Patologia da Malária na Gravidez
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 23
Citoaderência e placenta
Ficou demonstrado in vitro a união dos
glóbulos vermelhos infectados obtidos
de placentas de pacientes com malária
ao Sulfato de Condroitina A (CSA) e a
adesão é inibida pela condroitinase A
Beeson JG, et. Al.Trends in Parasitology. 2001; 17(7):331-33712-06-2013 PAC/TE/SET/2004 24
Citoadêrencias e Alterações morfológicas
na placenta
concentracões de macrófagos nos espaços intervilositários
depósito fibrinoide interviloso
alterações isquémicas no sinciotrofoblasto; e
engrossamento da lâmina basal do trofoblasto.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 25
Citoquinas e placenta
Nas mulheres gávidas, o sequestro
placentário dos parasitas estimula a
acumulação de macrófagos activados
nos espaço intervilositário onde
segregam grandes quantidades de
TNF.
Suguitan AJL Jr, et al. 2003 J Infect Dis 188: 1074
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 26
Citoquinas e placenta
O sequestro do P. falciparum no espaço
intervilositário da placenta também
estimula a produção de citoquinas Th1,
incluindo o interferon- (IFN-) e o factor
de necrose tumoral (TNF-).
Fried M., et al. 1998. J Immunol 160: 2523–2530
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 27
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 28
DADOS CLÍNICOS
Febre :
A paciente tem diferentes padrões de febre– de afebril à febre contínua de baixo grau, à hiperpirexia.
Na 2ª metade da gravidez, os paroxismospodem ser mais frequentes devidos àimunosupressão
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 29
DADOS CLÍNICOS
Anemia :
Nos países em vias de desenvolvimento, onde a malária é muito comum, a anemiaé um aspecto comum da gravidez.
A malnutrição e as parasitoses são as causas mais comuns de anemia
Nestas situações, a malária vai-se juntar aoproblema.
Complicações da Malária naGravidez
• edema agudo do pulmão,
• hipoglicémia
• anemia :
• icterícia,
• convulsões
• alteração da
• sensibilidade,
• coma,
• vómito/diarreia
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 30
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 31
Complicações da Malária naGravidez
Anemia aumenta:
mortalidade perinatal
morbilidade e mortalidade maternas
o risco de edema pulmonar.
o risco de hemorragia pós parto
necessidade de transfusão de sangue (Hb < 7-8 g/dL).
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 32
Complicações da Malária naGravidez
Edema Agudo do Pulmão (EAP)
complicação mais comum da malária na gravidez, quando comparada com a população não grávida.
é mais comum no 2º e 3º trimestres e pós partoimediato
Complicações da Malária naGravidez
Hipoglicémia: Complicação peculiar da malária
gravidez.
factores contribuintes:
1. aumento das demandas do estado
hipercatabólico e dos parasitas
infectantes
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 33
Complicações da Malária naGravidez
2. Resposta hipoglicémica devida à fome.
3. A resposta aumentada das ilhotas
pancreáticas aos estímulos secretórios
(quinino).
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 34
Complicações da Malária naGravidez
Imunosupressão:
torna a malária mais comum e maissevera.
e a própria malária suprime a respostaimune.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 35
Riscos para o feto
A MIP é deprimente para o feto devido à:
hiperpirexia insuficiência placentária
hipoglicémia
anemia e outras complicações
malária congénita
A mortalidade prenatal e neonatal podem variarde 15 a 70%.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 36
O diagnóstico diferencial damalária congénita
Incompatibilidade Rh.
Infecções por C.M.V.
Herpes,
Rubéola,
Toxoplasmose,
sífilis.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 37
Diagnóstico
Alto nível de vigilância
Esfregaço do sangue periférico
Técnicas de detecção do Antigénio : (PfHPR-2)
Imunofluorescência
Estudos do PCR
Teste dos Anticorpos
Esfregaço do sangue placentar12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 38
Indicadores de mauprognóstico
Hiperparasitémia: - 5% de eritrócitos infectados.
Esquizontémia periférica.
Leucocitose 12,000/ mm³.
Hb 7.1 gm/dL.
PVC 20 %.
Urémia 60 mg / dL
Creatinina 3 mg / dL.,
Glicémia 40 mg / dL.
Lactato elevado e açúcar baixo no CSF(LCE)
Nível baixo da antitrombina III
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 39
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 40
ESTRATÉGIA GLOBAL PARA O CONTROLO DA MALÁRIA NA GRÁVIDA EM ANGOLA
Manejo de Casos
Uso de Rede Mosquiteira
IEC
Tratamento Intermitente e Preventivo (TIP)
MANEJO ADEQUADO DE CASOS
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 41
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 42
USO DE REDE MOSQUITEIRA TRATADA COM INSECTICIDA
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 43
1. Conduta da Malária naGravidez
A conduta da MIP envolve os trêsaspectos seguintes:
1. Tratamento da malária
2. Manejo das complicações
3. Manejo do trabalho de parto
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 44
O QUE É O TIP?...
Tratamento – Administrar a Sulfadoxina-Pirimetamina (FANSIDAR ®) em doses de supressão do parasita da circulação e da placenta
Intermitente – em intervalos específicos, entre o 4º - 7º mês, (20ª - 32 ª semana) de gestação
Preventivo – prevenir a grávida da Malária.
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 45
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 46
Tratamento Intermitente e Preventivo
Semanas de Gravidez
Concepção Parto
20 3010 1ºs movimentos fetais
TIP1 TIP2
Doses do TIP com SP
OBJECTIVOS DO TIP NA GRÁVIDA
Reduzir a Morbilidade
Reduzir a infecção placentar
Reduzir a mortalidade
12-06-2013 PAC/TE/SET/2004 47
12-06-2013 Prof. Dr. Paulo Campos 48
TRATAMENTO
I TRIMESTRE II TRIMESTRE III TRIMESTRE
QUININO
ORAL-300 mg
(2 comp de
8/8h /7 dias)
Amodiaquina
+
Artesunato
(ARSUCAM)
(8comp/diax3dias)
Ou
Lumefantrina
+
Artemeter
(Coartem)
(2doses/diax3dias)
Ou
Quinino oral – 300mg
(2comp de 8/8hx7dias)
Amodiaquina
+
Artesunato
(ARSUCAM)
(8comp/diax3dias)
Ou
Lumefantrina
+
Artemeter
(Coartem)
(2doses/diax3dias)
Ou
Quinino oral – 300mg
(2comp de 8/8hx7dias)
FIM DE APRESENTAÇÃO.
MUITO OBRIGADO!