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13
HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO
NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS
ECOTOXICOLÓGICOS
WANESSA KALINE DE ARAÚJO MOURA
2010
Natal – RN
Brasil
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA
14
Wanessa Kaline de Araújo Moura
HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO
NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS
ECOTOXICOLÓGICOS
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de
Mestre.
Orientador: Profª. Dra. Raquel Franco de Souza
Co-Orientador: Profª. Dra. Cimone Rozendo de Souza
2010
Natal – RN
Brasil
16
Wanessa Kaline de Araújo Moura
Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN),
como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profª. Dra. Raquel Franco de Souza
(Presidente - Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)
______________________________________________
Profº. Dra. Maria Cristina Basílio Crispim da Silva
(Examinador Externo – PRODEMA/UFPB)
Universidade Federal da Paraíba
_______________________________________________
Prof(a). Dr(a).Eliane Marinho Soriano
(Examinador Interno - PRODEMA/UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
17
Dedico este trabalho a minha mãe Edna,
minha avó Maria, aos meus irmãos e a Marcelo
Correia que compartilharam dos meus ideais,
incentivando-me a prosseguir quaisquer que
fossem os obstáculos.
Minha eterna gratidão e reconhecimento
de que nos méritos desta conquista há muito da
presença de todos vocês.
DEDICO
18
AGRADECIMENTOS
A Deus, que esteve sempre ao meu lado, dando-me forças e sabedoria nos momentos
de alegria e desânimo.
À minha orientadora, professora Dra Raquel Franco de Souza Lima, por toda
dedicação, ensinamento, paciência e companheirismo. Minha eterna gratidão!!!
À minha co-orientadora, professora Dra Cimone Rozendo de Souza, por todos os
conselhos e apoio.
Ao professor Dr. Guilherme Fulgêncio de Medeiros (Seu Guila), grande colaborador
deste trabalho, por ter aberto as portas do seu laboratório para a realização dos ensaios
ecotoxicológicos.
À CAPES pela bolsa concedida, que possibilitou minha dedicação total durante a
realização deste estudo.
À minha turma de mestrado – PRODEMA 2009.1, pelos momentos de alegria e
realizações compartilhados, especialmente a Priscila Daniele Fernandes Bezerra, amiga de
todas as horas. Valeu amiguinha!!!!
À equipe do LAB-ECOTOX, pelo apoio e parceria, especialmente a Jaísa Marília dos
Santos Mendonça que me ensinou os primeiros passos na área da ecotoxicologia e aos demais
“marujos de água doce” – Mycarla, Samanta, Moriana, Alexandre, Aline e Richely. Obrigada
por tudo!
Aos colegas de orientação, Josiel de Alencar Guedes e Rejane Batista Lopes, por toda
ajuda e companheirismo durante as coletas de água em Gramorezinho.
A Marcelo Correia da Silva pela dedicação e carinho incondicional durante todos esses
anos.
A todos os meus familiares, mãe, avó, irmão e irmãs, por todo apoio e torcida.
Ao meu sobrinho Victor Hugo Moura de Souza e a minha prima Ulana Cristina de
Araújo Tavares pelo apoio de todas as horas.
À amiga Daniele Bezerra dos Santos e ao Professor Francisco de Assis Maia Lima,
Coordenador do curso de Ciências Biológicas - FACEX, pela compreensão e ajuda quando
precisei me afastar do trabalho para as atividades do mestrado, antes de ser contemplada com
a bolsa. Obrigada!
E por fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste
trabalho.
19
RESUMO
HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO
NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS
ECOTOXICOLÓGICOS
O trabalho de pesquisa objeto deste projeto é desenvolvido em áreas de horticultura
no município de Natal, nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce,
limite com o município de Extremoz, Rio Grande do Norte. A região da planície fluvial do
Rio Doce localiza-se em Zona de Proteção Ambiental (ZPA-9). Esta ZPA é uma das que
ainda não estão regulamentadas e nela são observados diversos problemas ambientais
decorrentes do uso e ocupação do solo, caracterizando um flagrante desrespeito à legislação
ambiental e cuja proteção é dificultada devido à inexistência de mecanismos legais
específicos. Este trabalho tem por objetivos apresentar um panorama sobre o uso de
agrotóxicos na região do baixo curso do Rio Doce, em Natal, Rio Grande do Norte, bem como
avaliar a degradação ambiental na área por meio de testes de toxicidade crônicos, utilizando o
microcrustáceo Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo
teste. Foram realizadas visitas à área em 2009 e 2010. Para obtenção de informações foi feito
um diagnóstico da situação local baseado em observação pessoal não participativa e registro
fotográfico, com o intuito de averiguar as características do ambiente, diversidade
populacional e processo de trabalho dos horticultores. Durante as visitas foram escolhidos
quatro pontos distintos do Rio Doce para a coleta de água para ensaios ecotoxicológicos e
para o levantamento de parâmetros físico – químicos (Oxigênio Dissolvido, pH, cloreto,
turbidez, condutividade e temperatura), que foram medidos em campo utilizando Sonda
Multi-paramétrica (TROLL 9500). Os efeitos adversos da utilização dos agrotóxicos na região
do baixo curso do Rio Doce constituem um problema tanto para o meio ambiente quanto para
a saúde humana, uma vez que muitas das substâncias e princípios ativos que compõem os
produtos são moléculas sintetizadas, cujos efeitos somente poderão ser avaliados a partir de
estudos variados sobre as suas atuações e o seu comportamento, de curto, médio ou longo
período.
Palavras-chave: Zona de proteção ambiental. Agrotóxicos. Ceriodaphnia dubia
20
ABSTRACT
HORTICULTURE IN THE LOWER COURSE OF THE DOCE RIVER, THE
NORTHERN NATAL / RN: EVALUATION OF WATER QUALITY THROUGH
TESTING ECOTOXICOLOGICAL
The research is developed in areas of horticulture in the city of Natal, in the neighborhoods of
Lagoa Azul, Pajuçara and Redinha, along the Doce River, border area with Extremoz city,
Rio Grande do Norte State. The region of the fluvial plain of Doce River is located in an
Environmental Protection Zone (ZPA-9). This is one of the ZPA which is not under the
regulatory marks and there are several environmental problems caused by use and land
occupation, featuring an evident disregard of environmental laws and whose protection is
hindered by the lack of specific legal mechanisms. This study aims to provide an overview of
the use of pesticides in the lower course of the Doce River, in Natal, Rio Grande do Norte,
and to assess environmental degradation in the area through chronic toxicity tests using the
microcrustaceous Ceriodaphnia dubia Richard 1894 (Cladocera, Crustacea) as test organism.
Visits were made to the area in 2009 and 2010. To obtain information a diagnosis of the local
situation was accomplished based on personal observation and non-participatory photographic
record, with the aim of assessing the environmental characteristics, population diversity and
work processes of horticulturists. During the visits four different points of the Doce River
were chosen to collect water for ecotoxicological tests and survey of physico-chemical
parameters (dissolved oxygen, pH, chloride, turbidity, conductivity and temperature), which
were measured in the field using Multiparameter Probe (TROLL 9500). The adverse effects
of pesticide use in the lower course of the Doce River is a major problem for both the
environmental and human health, since many of the substances and active principles that enter
in the composition of the products are synthesized molecules whose effects can only be
evaluated through different studies on their actions and behavior at short, medium or long
term.
Keywords: Environmental Proctection Zone. Pesticides. Ceriodaphnia dubia
21
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ceriodaphnia dubia, Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) .................. 30
Figura 1.1 – Zonas de Proteção Ambiental, Natal/RN ............................................ 49
Figura 1.2 – Pontos de amostragem no Rio Doce ..................................................... 52
Figura 1.3 – Representação gráfica dos parâmetros físico-químicos ...................... 54
Figura 1.4 A e B – Cultivo de plantas medicinais em leiras .................................... 57
Figura 1.4 C – Agricultor com pulverizador e sem uso de EPI ............................... 57
Figura 1.4 D – Embalagens diversas ........................................................................ 57
Figura 1.4 E – Embalagem de fertilizante ................................................................ 57
Figura 1.4 F – Caixa vazia de formicida pó ............................................................. 57
Figura 2.1 – Pontos de amostragem ......................................................................... 72
Figura 2.2 – Parâmetros físico-químicos da água – representação gráfica............. 78
22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resumo das condições de cultivo da Ceriodaphnia dubia ...................... 33
Tabela 1.1 – Agrotóxicos mais utilizados na região do Rio Doce, Natal/RN ........... 60
Tabela 2.1 – Lista dos componentes analisados pelo Instituto Técnico de
Pernambuco - ITEP. ................................................................................................. 73
Tabela 2.2 – Resultado dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço (P1) e do
Rio Doce (P3 – P6)..................................................................................................... 74
Tabela 2.3 A - Parâmetros físico-químicos da água do poço, ponto P1 .................. 76
Tabela 2.3 B - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P3 .......... 76
Tabela 2.3 C - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, ponto P4 ........... 76
Tabela 2.3 D - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P5 .......... 77
Tabela 2.3 E - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P6 .......... 77
23
LISTA DE SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGED/MA - Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão
ANDEF – Associação Nacional de Defensivos Agrícolas
ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
CE50 – Concentração Efetiva Média
CENO – Concentração de Efeito Não Observado
CEO – Concentração de Efeito Observado
CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo
CL50 – Concentração Letal Média
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPA - Environmental Protection Agency
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FAO - Food and Agriculture Organization
FECEAGRO – Fórum Estadual de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos na Saúde do
Trabalhador, no Meio Ambiente e na Sociedade
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDIARN - Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte
MAPA - Ministério da Agricultura e Abastecimento
MS - Ministério da Saúde
OD - Oxigênio Dissolvido
PAHO - Pan American Health Organization
PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
PPA - Potencial de Periculosidade Ambiental
pH - Potencial Hidrogeniônico
SEMURB - Secretaria Municipal de Urbanismo
SERHID - Secretaria Estadual de Recursos Hídricos
SINITOX - Sistema Nacional de Informações Toxico - Farmacológicas
USEPA - United States Environmental Protection Agency
WRI - World Resources Institute
WSLH - Wisconsin State Laboratory of Hygiene
ZPA - Zona de Proteção Ambiental
ZTE – Zona Especial de Interesse Turístico
24
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 16
2.1 AGROTÓXICOS ................................................................................................ 16
2.2 ECOTOXICOLOGIA AQUÁTICA ................................................................... 20
2.2.1 Efeito dos agrotóxicos para o ecossistema aquático ........................................ 24
2.2.2 Cladocera .......................................................................................................... 28
2.2.3 Organismo teste – Ceriodaphnia dubia ............................................................ 30
2.2.3.1 Controle de sensibilidade do organismo-teste .............................................. 31
3. METODOLOGIA GERAL .................................................................................. 32
3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................ 32
3.2 O USO DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO DO BAIXO CURSO DO RIO
DOCE ........................................................................................................................ 32
3.3 ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS .................................................................. 33
3.3.1 Cultivo do organismos-teste ............................................................................ 33
3.3.2 Realização dos ensaios ecotoxicológicos .......................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 34
CAPÍTULO 1. Algumas implicações ambientais da horticultura na região do
baixo curso do Rio Doce, ZPA-9, zona norte do Natal/RN ...................................... 45
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 47
2 METODOLOGIA .................................................................................................. 50
2.1 Caracterização da área de estudo ....................................................................... 50
2.2 Parâmetros físico-químicos ................................................................................. 51
2.3 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos..............................................52
3 RESULTADOS ...................................................................................................... 53
3.1 Parâmetros físico-químicos da água ................................................................... 53
3.2 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos ................................................ 55
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 58
4.1 O que é possível afirmar a partir dos resultados das análises dos parâmetros
físico-químicos da água do Rio Doce?Quais os agrotóxicos utilizados? .................. 58
4.2 Quais os agrotóxicos utilizados na área e as implicações para a saúde? ........... 59
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 62
25
CAPÍTULO 2. Avaliação da degradação ambiental por meio de testes de
toxicidade em águas tropicais do Nordeste do Brasil utilizando o cladócero
Ceriodaphnia dubia como organismo teste. .............................................................. 66
RESUMO .................................................................................................................. 67
ABSTRACT ............................................................................................................. 68
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 69
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 70
Área de estudo .......................................................................................................... 70
Amostragem .............................................................................................................. 71
Testes de Toxicidade crônicos .................................................................................. 72
Parâmetros Físico-químicos da água ........................................................................ 73
Análise de resíduos de agrotóxicos ........................................................................... 73
RESULTADOS ........................................................................................................ 74
Testes de toxicidade crônico .................................................................................... 74
Parâmetros físico-químicos da água ........................................................................ 75
Análise de resíduos de agrotóxicos .......................................................................... 78
DISCUSSÃO ............................................................................................................. 78
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 83
CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO................................................. 87
APÊNDICE A – Tabela com os dados dos testes ecotoxicológicos, precipitação e
média e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos ........................................... 88
ANEXO 1 – Normas para publicação – Livro temático do PRODEMA: Meio
Ambiente e Saúde Humana ...................................................................................... 91
ANEXO 2 – Normas para publicação – Revista Acta Limnológica Brasiliensia .... 95
ANEXO 3 - Resultado da Análise de Resíduos de Agrotóxicos – ITEP .................. 98
13
1- INTRODUÇÃO GERAL
A relação entre saúde e meio ambiente tornou-se um assunto cada vez mais
importante, não somente para os profissionais que lidam diretamente com este tema, mas para
toda a humanidade, pois a degradação ambiental significa uma ameaça aos sistemas de
suporte à vida, que se referem aos serviços dos ecossistemas dos quais derivam a viabilidade
da vida de todos os seres e sistemas vivos, incluindo os seres humanos (FREITAS e PORTO,
2006).
Conforme a Declaração de Sundsvall (1991), os temas de saúde, ambiente e
desenvolvimento humano não podem ser tratados separadamente, pois o desenvolvimento
implica melhoria da qualidade de vida e da saúde e, ao mesmo tempo, envolve a conservação,
a proteção e a sustentabilidade.
O impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana e o meio ambiente é um
problema que tem merecido atenção da comunidade científica em todo o mundo desde há
muito tempo. Este problema é ainda maior nos países em desenvolvimento, onde, sem os
devidos cuidados, estes compostos são amplamente utilizados. Os países em desenvolvimento
são responsáveis por 20% do mercado mundial de agrotóxicos, dentre os quais o Brasil
destaca-se como o maior mercado individual, representando 25% deste montante
(correspondente a 1,1 bilhão de dólares americanos ou 150.000 t/ano) (FAO, 2003).
Segundo a Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão, o Brasil teve
crescimento de 30% no consumo de agrotóxicos em 2008, assumindo a liderança mundial e
superando inclusive os Estados Unidos (AGED-MA, 2009). Somente no ano de 2006, foram
notificados no Brasil cerca de seis mil casos de intoxicação por agrotóxicos, sendo a região
nordeste responsável por aproximadamente mil notificações, respondendo por 17% dos casos
de intoxicação registrados no país naquele ano (SINITOX, 2006).
De acordo com as estimativas do Ministério da Saúde, para cada caso de intoxicação
por agrotóxico notificado, têm-se outros 50 não notificados, o que elevaria o número de
contaminação/ano por estes agentes para algo em torno de 400.000 casos (BRASIL, 2003).
Segundo Peres et al., (2005), estima-se que dois terços da população do país estão
expostos, em diferentes níveis, aos efeitos nocivos desses agentes químicos, seja em função
do consumo de alimentos contaminados, do uso de agrotóxicos para o combate de vetores de
doenças infecto-contagiosas ou pela atividade laboral. Mas nenhum grupo populacional
brasileiro é tão vulnerável a esses produtos quanto os trabalhadores rurais.
14
Ainda, segundo o mesmo autor, este elevado consumo, associado a costumes
peculiares de áreas rurais brasileiras, facilita além da contaminação humana, a ambiental, que
por sua vez, caracteriza-se pela dispersão/distribuição dos agrotóxicos ao longo dos diversos
componentes do meio ambiente: a contaminação das águas, através da migração de resíduos
de agrotóxicos para lençóis freáticos, leitos de rios, córregos, lagos e lagunas próximos; a
contaminação atmosférica resultante da dispersão de partículas durante o processo de
pulverização ou de manipulação de produtos finamente granulados e evaporação de produtos
mal estocados; e a contaminação dos solos.
A contaminação ambiental por agrotóxicos representa a principal fonte de poluição da
água em diversos países e uma ameaça constante à biodiversidade e equilíbrio dos
ecossistemas afetados. O uso indiscriminado de agrotóxicos é um dos principais fatores que
afeta os corpos de água, não só rios, reservatórios e lagos, mas também lençóis freáticos,
causando eutrofização e contaminação desses ambientes, estuários e águas costeiras. A
irrigação agrícola, responsável pela demanda de 70% da água consumida mundialmente
incluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, torna-se uma das fontes de
contaminação e poluição mais agressivas aos corpos de água (TUNDISI e BARBOSA, 1995).
Segundo Zebarth (1999) a degradação da qualidade de águas subterrâneas e
superficiais tem sido identificada como a principal preocupação no que diz respeito ao
impacto da agricultura no ambiente. Esta degradação pode ocorrer como resultado do
lançamento de produtos químicos agrícolas, ou organismos biológicos, nas águas superficiais
e a sua movimentação em direção às águas subterrâneas.
Outro impacto causado por alguns agrotóxicos em coleções de água diz respeito à
modificação da biota com a seleção das espécies mais resistentes e à contaminação de peixes,
crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos (WRI, 1999).
Para Egler (2002) o problema ainda é agravado dada a grande extensão de terras
ocupadas para atividades agrícolas, o que amplia consideravelmente as chances de espécies
não-alvo (inclusive as populações humanas) serem afetadas.
A contaminação dos recursos hídricos é uma preocupação constante das agências
ambientais e de saúde pública, já que corresponde à principal fonte ampliada de riscos
resultantes do uso de agrotóxicos na agricultura (PERES, 1999).
É, portanto, de extrema relevância que este problema seja alvo de um olhar cuidadoso
e de políticas e estratégias que aproximem a população rural e o conhecimento dos riscos
ambientais e da saúde causados pela má utilização dos agrotóxicos. A contribuição da rota
ambiental é de fundamental importância para o entendimento da contaminação humana por
15
agrotóxicos. Acredita-se que um maior número de pessoas esteja exposta através do ambiente,
em relação à via ocupacional (MOREIRA et al., 2002).
O trabalho de pesquisa objeto deste projeto é desenvolvido em áreas de horticultura no
município de Natal, nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce,
limite com o município de Extremoz, Rio Grande do Norte. O local encontra-se próximo à
praia de Jenipabu, ponto turístico conhecido, principalmente, pelas imensas dunas que a
cercam.
A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de
Proteção Ambiental (ZPA-9). Segundo Soares (2006) a ZPA em questão foi criada com o
objetivo de assegurar a perenização do rio e a recarga do aqüífero e de manter o grande
potencial paisagístico e turístico. Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas e
nela são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e ocupação do solo,
caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental e cuja proteção é dificultada
devido à inexistência de mecanismos legais específicos.
Destaque-se nesta paisagem a descaracterização da cobertura vegetal nativa, a qual aos
poucos vai cedendo espaço para o plantio de hortaliças e fruticultura, irrigadas com a água do
Rio Doce - principal atividade entre os moradores da comunidade de Gramorezinho
(AMÉRICO et al., 2007; SOARES, 2006).
Gramorezinho destaca-se como uma das maiores comunidades, possuindo o maior
número de unidades produtoras, de área plantada e conseqüentemente o maior número de
trabalhadores (ALMEIDA, 2001; AMÉRICO, 2006). Esta comunidade é composta
aproximadamente por 800 famílias-de acordo com dados da Secretaria Municipal de
Urbanismo (SEMURB) - provenientes do êxodo rural e que se instalaram há mais de 50 anos
no litoral norte da cidade de Natal. O surgimento da cultura de hortaliças, que até hoje é o
principal recurso econômico para a sobrevivência da comunidade, originou-se devido à
experiência dos agricultores no manuseio com a terra, aliada à necessidade de sobrevivência
"na cidade grande" e, também, à existência de duas lagoas perenes próximas à comunidade
(FREIRE, 2009).
Este trabalho tem por objetivos apresentar um panorama sobre o uso de agrotóxicos na
região do baixo curso do Rio Doce, em Natal, Rio Grande do Norte, bem como avaliar a
degradação ambiental na área por meio de testes de toxicidade crônicos, utilizando o
microcrustáceo Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo
teste.
16
O cladócero Ceriodaphnia dubia foi escolhido como organismo teste no presente
estudo por pertencer a um grupo taxonômico representativo dos ecossistemas aquáticos;
apresentar facilidade de cultivo e manipulação em laboratório; por apresentar sensibilidade a
uma diversidade de agentes químicos e por ser bastante apropriado para avaliações
ecotoxicológicas da qualidade de águas superficiais (CETESB, 1988).
Diante do exposto, a hipótese levantada neste trabalho é que o uso de agrotóxicos na
região continua intenso e acarretando uma série de implicações para o meio ambiente. No que
diz respeito aos ensaios ecotoxicológicos utilizando amostras de água do Rio Doce espera-se
obter respostas que evidenciem toxicidade para o organismo teste utilizado, visto que a
presença de toxicidade indica a existência de algum tipo de poluição no ambiente aquático.
Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa
Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, esta Dissertação
encontra-se composta por esta Introdução geral, uma Metodologia geral e por dois capítulos
que serão submetidos a publicação. O Capítulo 1 intitulado O uso de agrotóxicos em região
hortigranjeira no baixo curso do Rio Doce, zona norte do Natal/RN, foi preparado para
compor um capítulo do livro temático “Meio Ambiente e Saúde Humana”, ora em
organização pelo PRODEMA/UFRN. O Capítulo 2, intitulado Avaliação da degradação
ambiental por meio de testes de toxicidade em águas tropicais do nordeste do Brasil,
utilizando o cladócero Ceriodaphnia dubia como organismo teste, será submetido ao
periódico “Acta Limnologica Brasiliensia”. Ambos os capítulos estão formatados conforme as
normas dos veículos de divulgação científica aos quais serão submetidos (Anexo 1 e 2). Ao
final apresenta-se a conclusão seguida de algumas recomendações.
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - AGROTÓXICOS
Os agrotóxicos são produtos químicos destinados a prevenir ou controlar pragas,
incluindo vetores de doenças que causem prejuízo na produção, armazenamento, transporte e
comercialização dos alimentos (OVIEDO et al., 2002).
Tais produtos recebem denominação diferente conforme a espécie sobre a qual atuam
fundamentalmente. Assim os inseticidas agem sobre os insetos, os fungicidas sobre os fungos,
acaricida sobre os ácaros, herbicidas sobre as ervas, etc. São formulados de uma maneira geral
em duas formas: líquida, compreendendo as soluções e concentrados emulsionáveis e sólida,
compreendendo pó simples, concentrados e granulados (SCHVASTSMAN, 1985). A escolha
17
dos mesmos, para aplicação em determinada cultura vai depender do tipo de praga ou doença
prévia a combater, dos seus meios de ação, da temperatura e ocasião da florada (BIGGI,
1977).
A utilização de agrotóxicos na agricultura teve início no século XX, com os avanços
tecnológicos agrícolas, como resposta à escassez crônica de alimentos ocorrida na Europa
Ocidental, na transição do feudalismo para o capitalismo, proporcionando desta maneira a
superação de dificuldades. Os produtos químicos foram introduzidos no período pós-guerra
(1939), pela descoberta de propriedades inseticidas do Dicloro Difenil Tricloroetano (DDT) e
conseqüentemente a introdução dos inseticidas organofosforados e em seguida do carbamato.
No Brasil, as primeiras amostras de DDT chegaram em 1943, e em 1991 o país participou
como o quinto maior consumidor de agrotóxicos no mundo (MÍDIO e MARTINS, 2000;
OVIEDO et al., 2002).
Estudos revelam que mais da metade da produção mundial de agrotóxicos é
consumida nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, regiões que abrigam cerca de 25% das
terras globais ocupadas com culturas. Por outro lado cerca de 20% dos agroquímicos são
consumidos nos países em desenvolvimento que contam com 55% das terras cultivadas do
mundo (ALVES FILHO, 2004). Segundo o mesmo autor nos países em desenvolvimento, as
estimativas de consumo mundial de agrotóxicos são crescentes, conforme apontado em estudo
realizado pela Organização Mundial de Saúde, através da Divisão de Saúde e Meio Ambiente
da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO). O uso generalizado dos agrotóxicos
aumentou de 1,5 milhões de toneladas no ano de 1970 para cerca de 3 milhões em 1985. Após
10 anos, isto é, em 1995, estimava-se que este uso deveria dobrar, especialmente nos países
em desenvolvimento.
A intensificação do uso de agrotóxicos nas ultimas décadas e os efeitos danosos desses
agentes químicos ao homem e ao ambiente fizeram com que vários países regulamentassem
seu uso e sua produção, com o objetivo de minimizar as conseqüências danosas nos
ecossistemas (ZAGATTO, 2006).
A política de incentivo à agricultura, ocorrida nas décadas de 70 e 80, contribuiu para
a consolidação de pacote tecnológico, onde a clientela preferencial eram os produtores
modernizados. Assim, desde a década de noventa, apesar de reduzido o poder de regulação do
Estado sobre a agricultura, este modelo agrícola, baseado na aplicação de agrotóxicos e
mecanização, manteve-se como forma de garantir a produção e o retorno do capital investido
(REIS FILHO, 2002).
18
O Brasil é o 3.º maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo e o primeiro no
âmbito da América Latina e, embora tenha logrado avanços consideráveis no controle da
produção e consumo desses produtos nos últimos tempos, ainda apresenta condições
sociossanitárias compatíveis àquelas de países em desenvolvimento (ANVISA, 2003).
Segundo dados da Associação Nacional de Defensivos Agrícolas (ANDEF, 2003) o país
representa o quinto maior consumidor mundial de pesticidas, constituindo-se o maior produtor
e consumidor de agrotóxico do terceiro mundo.
O modelo agrícola atual no Brasil, com a modernização da agricultura induzida
tecnologicamente pela indústria, determinou uma prática agrícola predominante, caracterizada
pelo uso abusivo de agrotóxicos associado a uma assistência técnica deficiente, onde nem
sempre se seguem as recomendações dos receituários agronômicos, que contêm informações a
respeito do emprego de agrotóxicos autorizados por lei em determinadas culturas e de sua
aplicação adequada, sendo inevitável além de outras conseqüências a presença de resíduos
tóxicos nos alimentos (REIS FILHO, 2002; NAKANO, 1999).
Segundo os novos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,
2010) os agrotóxicos que apresentam alto risco para a saúde da população são utilizados, no
Brasil, sem levar em consideração a existência ou não de autorização do Governo Federal
para o seu uso em determinado alimento.
Rangel (2010) destaca que um dos problemas é o desvio de uso de agrotóxicos, como
no caso de produtos específicos para soja e cana-de-açúcar, que podem ser usados de forma
segura nessas lavouras, mas são desviados para culturas menores, como de hortaliças. Neste
caso, o risco é maior. Para coibir esses desvios, o Ministério incentiva os estados a intensificar
a fiscalização. Ainda segundo o autor nos últimos cinco a dez anos, a agricultura brasileira
ampliou de maneira considerável a produção. Como se trata de uma agricultura tropical há
necessidade de utilização de defensivo para controle de pragas. O uso de agrotóxicos no
Brasil é similar ao de países com o mesmo porte de agricultura, como os Estados Unidos e a
Austrália. Em termos de valor, os dados disponíveis referentes a 2008 mostram que o
mercado brasileiro de agrotóxicos atingiu US$ 7 bilhões, valor praticamente igual ao dos
Estados Unidos.
Os números impressionam, principalmente quando leva-se em consideração a forte
pressão exercida pela indústria internacional (multinacional), responsável pela
produção/distribuição de agrotóxicos, sobre o mercado consumidor (destes produtos)
brasileiro. Tal fato, aliado às dificuldades na assistência do homem do campo, por parte do
19
Poder Público, vem a construir uma situação problemática e até mesmo calamitosa, onde a
principal fonte de informação sobre os perigos da utilização de agrotóxicos, bem como o
treinamento para o seu uso, está nas mãos de técnicos/vendedores ligados à indústria
fabricante e às chamadas “Casas do Produtor” (estabelecimentos comerciais responsáveis pela
distribuição/ comercialização de insumos agropecuários, agrotóxicos inclusive, com forte
ligação com a indústria) (PERES, 1999).
No Brasil, a Lei Federal n.° 7 802, de 11 de julho de 1989 (BRASIL, 1989) e o decreto
nº 4074/02 (BRASIL, 2002), relativos a produtos fitossanitários e outros produtos, instituíram
a exigência de que os mesmos sejam previamente registrados para fins de produção,
importação, exportação, comercialização e utilização, atendidas as diretrizes e exigências dos
órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, da agricultura e do meio ambiente
(ANVISA, 2003).
A Portaria Normativa n° 84, de 15 de Outubro de 1996 do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA fica responsável em estabelecer
procedimentos a serem adotados para efeito de registro e avaliação do potencial de
periculosidade ambiental (PPA) de agrotóxicos, seus componentes e afins, segundo definições
do Decreto n° 98.816. Nesta Portaria, estabelece-se que a avaliação dos riscos ambientais tem
que ser feita continuamente e não apenas para fins de registro de produto. A classificação
quanto ao potencial de periculosidade ambiental baseia-se nos parâmetros de bioacumulação,
persistência, transporte, toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico,
carcinogênico, obedecendo a seguinte graduação: Classe I - Produto Altamente Perigoso;
Classe II - Produto Muito Perigoso; Classe III - Produto Perigoso; Classe IV - Produto Pouco
Perigoso.
Atualmente, o Brasil alinha-se às melhores legislações quanto ao uso de agroquímicos
no que se refere aos testes solicitados para a sua utilização. Os processos iniciam-se com
protocolos dos dados, simultaneamente, nos três órgãos envolvidos: Ministérios da
Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente (IBAMA). Após análises simultâneas a ANVISA envia ao Ministério da
Agricultura e Abastecimento (MAPA) documento sobre a classificação e análise toxicológica
do produto, e o IBAMA envia ao mesmo órgão a avaliação ambiental contendo informações
sobre o Potencial de Periculosidade Ambiental, e a classificação ambiental do produto. O
MAPA aprova o rótulo, a bula e emite o Certificado de Registro para comercialização nos
diversos estados federativos, devendo-se obter cadastro em todos eles (STUTZER e
GUIMARÃES, 2000).
20
Com relação às águas superficiais o parágrafo 4º, artigo 8º, da Resolução CONAMA
nº 357/05 (BRASIL, 2005), requer que as possíveis interações entre as substâncias e a
presença de contaminantes não listados na Resolução vigente, passíveis de causar danos aos
seres vivos, sejam investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos (BERTOLETTI E
ZAGATTO, 2006).
Contudo, é importante que as análises periódicas de caráter geral sobre os agrotóxicos
registrados sejam realizadas com freqüência por entidades de pesquisa e pelos próprios órgãos
de controle, o que forneceria subsídios para o aprimoramento da legislação e para o
desenvolvimento de uma política de registro e de controle dessas substâncias que visasse
atender aos anseios da sociedade por maior controle dos agentes e das condições que
degradam a saúde e o ambiente (GARCIA GARCIA et al., 2005).
2.2- ECOTOXICOLOGIA AQUÁTICA
O ambiente aquático é altamente complexo e diverso. Ele compreende vários tipos de
ecossistemas dentre os quais encontram-se os rios, lagos, estuários, mares e oceanos. Todos
esses ecossistemas são produtos dinâmicos de interações complexas entre os componentes
bióticos e abióticos característicos de cada um deles (RAND et al., 1995). Ainda para o autor,
as propriedades físicas e químicas dos ecossistemas aquáticos podem afetar
significativamente a atividade biológica e o impacto dos agentes químicos e outros
xenobióticos.
As substâncias potencialmente tóxicas podem ser degradadas por processos abióticos e
bióticos que ocorrem na natureza. No entanto, algumas delas resistem aos processos de
degradação e por isso são capazes de persistirem no ambiente por longos períodos de tempo.
O descarte contínuo no ambiente de uma substância persistente pode levar à sua acumulação
em níveis ambientais suficientes para resultar em toxicidade (LEBLANC, 2004).
A toxicidade é uma propriedade que reflete o potencial de uma substância em causar
um efeito danoso a um organismo vivo. Ela depende da concentração e das propriedades da
substância química à qual o organismo é exposto e também do tempo de exposição (RAND et
al., 1995).
Nas ultimas décadas, para se adquirir conhecimentos sobre os efeitos dos agentes
químicos na biota aquática têm sido utilizados testes com organismos de águas continentais,
estuarinas e marinhas, sob condições de campo e laboratório, a fim de se verificar a
toxicidades dos compostos (ARAÚJO, 2000).
21
Tradicionalmente, os testes de toxicidade aquática são utilizados para medir os efeitos
tóxicos de substâncias particulares e de águas contaminadas. Os testes com substâncias
específicas são realizados com o propósito de obter informações para registros químicos,
enquanto que os testes com águas contaminadas são utilizados para verificar se há
concordância dos valores obtidos com os padrões permitidos. Neste último caso, as águas
podem ser coletadas em pontos de descarga de efluentes ou no próprio corpo de água receptor
(KENDALL et al., 2001).
Testes de toxicidade aquática, ou ecotoxicológicos, são um procedimento no qual as
respostas dos organismos aquáticos são usadas para detectar e medir os efeitos de uma ou
mais substâncias, resíduos ou fatores ambientais, sozinhos ou em combinação, durante um
determinado tempo (CÉSAR et al., 1997). Para o autor, com estas respostas pode-se estimar,
através de métodos estatísticos, a concentração dessas substâncias, que certamente poderão
causar toxicidade aos organismos representantes dos corpos receptores, assim, a toxicidade
característica inerente de uma substância ou mistura de substâncias químicas evidencia-se
sobre os organismos vivos e torna-se a única variável a ser controlada.
A qualidade da água dos ecossistemas, em geral, pode ser controlada de duas formas
distintas, embora complementares: uma direcionada para a análise química, que busca
identificar e quantificar as substâncias; a outra para a análise biológica que abrange a
Microbiologia, a Limnologia e a Ecotoxicologia, e serve para qualificar os efeitos causados
pelas substâncias (KNEI e LOPES, 2004).
Segundo Zagatto e Bertoletti (2006) a Ecotoxicologia através da caracterização física,
química e toxicológica de efluentes líquidos pode além de detectar os danos ocorridos nos
diversos ecossistemas após contaminação, prever impactos futuros, quando da
comercialização de produtos químicos e/ou lançamento de despejos num determinado
ambiente. Para os autores o objetivo final dessa caracterização é estabelecer limites máximos
permissíveis para a vida aquática, conhecidos como critérios e/ou padrões de emissão de
efluentes líquidos e de qualidade de águas, sendo então utilizados mundialmente como valores
de referência para o monitoramento ambiental. Ainda, segundo os autores, nessa última
década intensificou-se a implementação do uso dos testes ecotoxicológicos no monitoramento
da qualidade das águas, na avaliação de nível de periculosidade e de riscos de substâncias
químicas e no estabelecimento de limites máximos permissíveis de lançamento de efluentes
líquidos nos corpos hídricos.
Diversos autores (ZAGATTO e GHERARDI-GOLDSTEIN (1991); ABEL (1998))
salientam a importância de testes de toxicidade com organismos aquáticos, de análises a partir
22
de material biológico e de complementação dos dados através de projetos de
biomonitoramento no campo, considerando-os como um instrumento de alerta para um
possível problema ambiental. Para Chapman (1990) a execução simultânea de tais
procedimentos pode auxiliar a detecção de agentes tóxicos na água, que por sua vez,
desempenham efeitos, mesmo que sutis, sobre espécies não aquáticas, incluindo os seres
humanos, seja por meio do consumo de água ou através da cadeia alimentar. Neste sentido,
uma atenção especial deve ser dada para alimentos consumidos pelo homem que sejam
provenientes de águas contaminadas, pelos efeitos tóxicos que estes possam causar.
A Constituição Federal e a Lei no 6.938, de 31 de Agosto de 1981 visam controlar o
lançamento de poluentes no meio ambiente, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou
perigosos para os seres humanos e outras formas de vida; a Ecotoxicologia é uma das formas
de se avaliar estes impactos ambientais, analisando qualitativa e quantitativamente os
efluentes líquidos que são lançados nas bacias hidrográficas, com o intuito de garantir e
alertar para a questão da saúde do homem e da preservação da biota e do meio ambiente
(MOREIRA, 2007).
De acordo com a resolução do CONAMA de número 357, de 17 de Março de 2005, as
águas da União (doces, salobras e salinas) requerem níveis de qualidade e avaliações
realizadas em condições e padrões específicos para garantir seus usos preponderantes e
estabelece, a cada classe, a verificação do possível efeito tóxico (agudo ou crônico) a
organismos aquáticos, demonstrando uma preocupação e um controle crescente com o
despejo de efluentes (BRASIL, 2005).
A Resolução CONAMA 357/05 ainda possui alguns padrões descritivos referentes aos
ensaios ecotoxicológicos. O artigo 8º, § 4º, indica que as possíveis interações entre
substâncias e a presença de contaminantes não listados na Resolução, passíveis de causar
danos aos seres vivos, possam ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos
(BRASIL, 2005).
Segundo Ronco et al., (2004) e Rand (1995) as espécies utilizadas nos testes
ecotoxicológicos devem apresentar algumas características específicas como: seletividade
constante e elevada aos contaminantes, elevadas disponibilidade e abundância, uniformidade
e estabilidade genética nas populações, representatividade de seu nível trófico, significado
ambiental em relação à área de estudo, ampla distribuição e importância comercial, e
facilidade de cultivo e de adaptação às condições de laboratório. Além disso, devem ser
utilizadas espécies cuja fisiologia, genética e comportamento sejam bem conhecidos, o que
pode facilitar a interpretação dos resultados.
23
Nos testes de toxicidade, os organismos são expostos durante um determinado período
a uma série de concentrações do efluente e do próprio corpo de água receptor, segundo
condições estabelecidas por métodos padronizados, sendo o principal deles no Brasil descrito
pela ABNT (2005).
Este instrumento torna-se de suma importância na busca de generalizações sobre o
grau de toxicidade em vários tipos de corpos hídricos e para a determinação da influência
direta de elementos vindos das atividades antrópicas e/ou naturais (ZAGATTO e
GHERARDI-GOLDSTEIN 1991).
Segundo Rand et al. (1995) esses ensaios permitem avaliar a ação de poluentes a
organismos aquáticos medindo tanto a proporção de organismos afetados, como o grau de
efeito observado sobre as variáveis biológicas como sobrevivência, crescimento,
comportamento e reprodução. Essas variáveis biológicas dependem da espécie e do tipo de
teste utilizado.
Os estudos em toxicologia aquática são qualitativos e quantitativos em relação aos
efeitos tóxicos sobre os organismos aquáticos. Os efeitos tóxicos podem incluir tanto a
letalidade (mortalidade) e efeitos sub-letais, com alterações no crescimento, desenvolvimento,
reprodução, patologia, bioquímica, fisiologia e comportamento. Para os autores, os efeitos
podem ser expressos através de critérios mensuráveis como o número de organismos mortos,
porcentagem de ovos chocos, alterações no tamanho e peso, porcentagem de inibição de
enzima, incidência de tumor, dentre outros (Rand e Petrocelli, 1985).
De acordo com a duração da exposição, ou em função da fase do ciclo vital, os testes
são divididos em agudos e crônicos. Os testes de toxicidade aguda caracterizam-se pelo curto
tempo de exposição (24 a 96 horas) a concentrações geralmente elevadas de uma substância
química; os critérios avaliados são mortalidade, imobilidade ou crescimento, utilizando-se
geralmente a Concentração Letal Média (CL50), a Concentração Efetiva Média (CE50), ou a
Concentração de Inibição Média (CI50). Já os testes de toxicidade crônica permitem avaliar
os possíveis efeitos adversos resultantes de uma exposição prolongada a concentrações sub-
letais de um agente tóxico, abrangendo parte ou todo o ciclo de vida do organismo; os
critérios avaliados são reprodução, crescimento e maturação, utilizando-se, geralmente, a
Concentração de Efeito Não Observado (CENO) e a Concentração de Efeito Observado
(CEO) (RAND et al., 1995).
Estes estudos são realizados utilizando organismos de diferentes níveis da cadeia
trófica, especialmente aqueles cultiváveis em laboratório, tais como microalgas
(Pseudokirchneriella subcapitata), microcrustáceos cladóceros (Daphnia similis ou
24
Ceriodaphnia dubia) e peixes (Danio rerio), sendo que a escolha dos organismos-teste para a
realização destes ensaios deve considerar diversos critérios baseados na resposta que se
pretende obter (LOMBARDI, 2004).
Para Dodson e Frey (1991) os invertebrados constituem os organismos-teste mais
frequentemente utilizados, sobressaindo-se os cladóceros, principalmente por constituírem um
grupo amplamente distribuído em habitats dulcícolas; por ocuparem uma posição estratégica
nas cadeias alimentares, comportando-se como herbívoros através da ingestão de algas e
bactérias e constituindo uma fração significativa da dieta de numerosas espécies de peixes e
outros predadores.
Segundo Moreira (2007) as análises ecotoxicológicas são bastante eficientes para
detectar os efeitos de vários poluentes, comumente lançados no meio aquático, tais como
nutrientes orgânicos, inseticidas, herbicidas, hormônios e antibióticos. É muito importante
para a qualidade ambiental do país a inclusão de novos parâmetros que hoje não são
contemplados em nossa legislação e que são prioritários na legislação internacional, como
também novos métodos, que permitirão um melhor entendimento dos efeitos ecotoxicológicos
nos ecossistemas aquáticos, fornecendo subsídios para estudos de avaliações de risco.
2.2.1 – Efeito dos agrotóxicos para o ecossistema aquático
Os agrotóxicos estão entre os principais instrumentos do atual modelo de
desenvolvimento da agricultura brasileira, mas devido aos efeitos adversos que podem causar
à exposição humana e ao meio ambiente, é crescente a preocupação com esses produtos na
contaminação das águas superficiais e subterrâneas (MARQUES et al., 2007). Com isso,
levantou-se a hipótese de que a utilização de agrotóxicos, em certos casos, poderia gerar
impactos muito maiores do que os benefícios associados aos seus ganhos de produtividade
(TOMITA e BEYRUTH, 2002).
Segundo Veiga et al., (2006) até o final da década de 70, os sistemas hídricos
subterrâneos eram considerados imunes à contaminação por agrotóxicos, pois se acreditava
que os agrotóxicos se degradariam em partículas inofensivas ou ficariam retidos no ambiente
natural antes de contaminá-los. Entretanto, existem diversos estudos que determinam a
presença de agrotóxicos em águas superficiais e subterrâneas (BARCELÓ et al., 1996) assim
como os efeitos de herbicidas sobre organismos aquáticos (TUNDISI, 1990;
RODRIGUES,1993). Estes estudos muitas vezes envolvem compostos que já são apontados
como problemas em potencial para o meio ambiente e saúde. Outros estudos ainda
25
comprovaram (RAMALHO et al., 2000; DORES e DE-LAMONICA-FREIRE, 2001; LIND,
2002) que a presença de agrotóxicos nos sistemas hídricos seria mais comum do que se
imaginava, principalmente nos sistemas hídricos próximos de regiões agrícolas intensivas na
utilização de agrotóxicos.
Dentre os inúmeros casos de problemas ambientais já relatados pela literatura
internacional, destaca-se o caso do DDT, inseticida organoclorado, o primeiro usado em larga
escala a partir de 1945. Após 27 anos, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
(U.S.E.P.A.) baniu seu uso (METCALF, 1974), por apresentar alta persistência no ambiente e
ser bioacumulado e biomagnificado.
Nimmo (1985) relata inúmeros casos de problemas ambientais com agrotóxicos e
outras substâncias químicas como os polibifenil clorados (PCB’s) que também são compostos
organoclorados, com estrutura química muito similar aos agrotóxicos DDT, dieldrin e aldrin.
Os relatos incluem casos de contaminação da água e de organismos.
Inúmeros outros compostos já foram detectados em águas superficiais, subterrâneas e
de abastecimento (PEREIRA et al., 1996) relacionando atividades urbanas e agrícolas com os
casos de contaminação ambiental. De acordo com Tekel e Kovacicová (1993), na maioria dos
países europeus e nos Estados Unidos, os herbicidas representam mais de 50% de todos os
agrotóxicos usados e, portanto, não é de surpreender que esta classe de composto contribua de
maneira tão significativa para a contaminação do ambiente, particularmente solo, águas
superficiais e subterrâneas. Além do alto volume de uso, muitos dos herbicidas são aplicados
em áreas próximas aos corpos de água e são, portanto, comumente encontrados em águas
superficiais, o que faz com que alcancem águas subterrâneas em função de sua mobilidade em
solo que permite sua migração. Segundo Nimmo (1985) uma vez na água, dependendo das
características físico-químicas o resíduo do agrotóxico pode tanto se ligar ao material
particulado em suspensão, como se depositar no sedimento do fundo ou ser absorvido por
organismos. Eles podem ser transportados através do sistema aquático por difusão nas
correntes de água ou nos corpos dos organismos aquáticos. Para o autor, alguns agrotóxicos
e/ou metabólitos podem também retornar à atmosfera por volatilização. Assim, fica
evidenciado que há uma interação contínua dos agrotóxicos entre sedimento e água,
influenciada pelo movimento da água, turbulência e temperatura. Desta interação, pode
resultar inclusive maior tempo de exposição dos organismos aquáticos aos compostos tóxicos.
Apesar do avanço de tecnologias onde foi possível detectar-se a contaminação por
agrotóxicos em sistemas hídricos, ainda existe muita dificuldade de se avaliar a contaminação
ambiental por agrotóxicos, principalmente em se tratando de organofosforados e carbamatos,
26
que possuem um ciclo de vida pequeno (degradabilidade) quando comparados com
organoclorados (IBGE, 2002; BUTTLER et al., 1998).
Segundo Spacie e Hamelink (1985) os agrotóxicos presentes em corpos de água
podem penetrar nos organismos aquáticos através de diversas portas de entrada e seu grau de
acumulação depende do tipo de cadeia alimentar, da disponibilidade e persistência do
contaminante na água e especialmente de suas características físicas e químicas. Para Nimmo
(1985), os peixes e invertebrados podem acumular os agrotóxicos em concentrações muito
acima daquelas encontradas nas águas nas quais eles vivem, pois estes compostos podem se
ligar ao material particulado em suspensão e ser ingeridos pelos organismos aquáticos, dentre
outros processos.
Dependendo do tipo de exposição à toxicidade serão afetados, por exemplo, os
compostos hidrossolúveis (organofosforados) que estão mais prontamente disponíveis aos
organismos do que aqueles mais lipofílicos (organoclorados) que estarão mais fortemente
adsorvidos ou de alguma maneira ligados às partículas em suspensão, matéria orgânica ou
sistemas biológicos (RAND e PETROCELLI, 1985).
As características do composto químico também influenciam grandemente na
toxicidade, como por exemplo, a sua composição ou grau de pureza, pois as impurezas ou
contaminantes que são consideravelmente mais tóxicos do que o agente propriamente dito
podem estar presentes. Assim, a identidade e a pureza dos compostos químicos são
importantes nos testes de toxicidade. As propriedades físicas e químicas como solubilidade,
pressão de vapor e pH afetam a biodisponibilidade, persistência, transformação, e o destino do
agente químico no ambiente, e também são fatores importantes nos testes de toxicidade
(SILVA e SANTOS, 2007).
De acordo com Filizola et al. (2002), as avaliações preliminares da possibilidade de
contaminação das águas superficiais e subterrâneas por pesticidas de uma dada área agrícola,
podem se constituir em instrumentos importantes para a avaliação de risco ambiental, sendo
vantajoso inclusive devido ao alto custo das análises químicas de resíduo de pesticidas.
Chaim et al. (1999), citam que entre os componentes ambientais de especial risco
estão as nascentes, poços, açudes, lagos, rios, fauna e flora silvestres, solos explorados ou não
para cultivo, a atmosfera e o homem. Onde um produto fitossanitário estiver em uso, existe a
possibilidade de ocorrer contaminação ambiental, seja ela por acidente, descuido, negligência
ou falta de conhecimento, podendo as causas de contaminações ambientais serem devidas a:
1-Manuseio de produtos fitossanitários em locais inadequados; 2- Derramamento e
escorrimento; 3- Deriva (favorecida pelos dias de vento forte e temperatura alta); 4- Perdas na
27
aplicação (regulagem inadequada do pulverizador); 5- Não uso de equipamentos de proteção
individual (EPIs); 6- Não observância do período de carência; 7- Descarte incorreto de águas
usadas para lavagem de equipamentos de aplicação e de proteção individual e 8- Abandono de
embalagens vazias.
De acordo com Garcia, citado por Luna et al. (2004), um levantamento nacional
realizado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) concluiu que
aproximadamente 10,4% dos 94.600 reservatórios comunitários de água e 4,2% dos
10.500.000 poços domésticos da zona rural apresentam presença de resíduos de agrotóxicos,
sendo que 0,6% acima dos limites permitidos.
No Brasil, praticamente não há vigilância dos sistemas aquáticos, nem monitoramento
ou tratamento de águas de consumo para detectar e/ou eliminar agrotóxicos (LUNA et al.,
2004). De acordo com Wisconsin State Laboratory of Hygiene - WSLH (2005) o uso de
agrotóxicos e seus possíveis efeitos à saúde humana e ambiental tornaram-se uma grande
preocupação, principalmente quando o recurso hídrico potencialmente contaminado é
utilizado para consumo o humano.
Segundo Machado Neto (1991) se a água estiver contaminada por agrotóxicos, pode-
se considerar que todos os demais elementos bióticos e abióticos do ecossistema também
estão ou ficarão contaminados, pois a água está presente em todas as partes. A poluição das
águas constitui um dos mais sérios problemas ecológicos da atualidade.
Mesmo em concentrações baixas, os agrotóxicos representam riscos para algumas
espécies de organismos aquáticos que podem concentrar estes produtos até 1000 vezes,
transferindo os efeitos tóxicos para outros organismos da cadeia alimentar (DORES e DE-
LAMONICA-FREIRE, 2001; VLAMING et al., 2004).
Estudos desenvolvidos em várias regiões do mundo têm mostrado que a porcentagem
dos produtos utilizados na agricultura que atinge os ambientes aquáticos é geralmente baixa
em parte devido ao efeito de diluição. Mas não exclui a possibilidade de que concentrações
muito altas venham a ocorrer após chuvas, especialmente quando as áreas próximas a
córregos foram recentemente tratadas com altas quantidades de agrotóxicos (DORES e DE-
LAMONICA-FREIRE, 2001).
De acordo com Farré et al. (2002), é de extrema importância aliar testes toxicológicos
com organismos e as formas químicas quantitativas e qualitativas, permitindo assim o
levantamento de dados químicos como a concentração e a dose real, juntamente com a
verificação dos efeitos toxicológicos para os organismos, de forma a embasar as avaliações de
forma ampla.
28
2.2.2 – Cladocera
Muitos organismos podem ser utilizados como indicadores de problemas ambientais,
porém uma espécie ou grupo de organismos somente é adotado como organismo-teste se
apresentarem algumas peculiaridades (LAMEIRA, 2008). De acordo com a EPA (2002), os
organismos-testes devem ser de fácil coleta e manutenção no laboratório e devem ser
disponíveis ao longo do ano. Além disso, é de extrema importância o conhecimento do ciclo
de vida e da sensibilidade destes organismos às substâncias de referência, como também a
escolha de organismos autóctones.
Os cladóceros são largamente utilizados como organismos-testes em ensaios de
ecotoxicologia devido à rápida reprodução assexuada e extrema sensibilidade aos tóxicos no
ambiente (SHURIN e DODSON, 1997). As espécies de cladocera mais utilizadas são as
exóticas como Daphnia similis, Daphnia magna e a cosmopolita, Ceriodaphnia dubia.
A utilização de espécies nativas vem se tornando uma prática em diversos Centros de
Pesquisa no Brasil. Autores como Meleti (2003), Silva (2005) e Jaconetti (2005) realizaram
estudos para a introdução de espécies nativas em ensaios ecotoxicológicos com relevância
ecológica em ecossistemas tropicais e subtropicais.
Crustáceos de água doce da ordem Cladocera e do gênero Daphnia, os quais são
vulgarmente conhecidos como pulgas de água, são bastante utilizados em testes de toxicidade
porque são amplamente distribuídos nos corpos de água doce, são importantes em muitas
cadeias alimentares e fonte significativa de alimento para peixes, possuem um ciclo de vida
relativamente curto, são facilmente cultivados em laboratório, são sensíveis a vários
contaminantes do ambiente aquático e porque, devido ao seu pequeno tamanho, necessitam de
menores volumes de amostras-teste e água de diluição do que os testes realizados com algas e
peixes (SHAW e CHADWICK, 1998; COONEY, 1995). Estimativas conservadoras apontam
cerca de 600 espécies ocorrendo em todo o mundo, sendo cerca de 150 as espécies que
ocorrem no Brasil (KOROVCHINSKY, 1996).
Os Cladocera caracterizam-se pela segmentação reduzida do corpo, por apresentarem
tórax e abdômen fundidos em um tronco, no qual estão inseridos quatro a seis pares de
apêndices na porção anterior e que termina em estrutura denominada pós-abdomen, que
contém uma garra terminal (ROCHA e GÜNTZEL, 1999). Apresentam carapaça única,
dobrada na porção dorsal, dando impressão de estrutura bivalve, a qual encerra todo o tronco,
mas usualmente não a parte cefálica. A cabeça é uma peça compacta, na qual a estrutura mais
proeminente é o olho composto, formado por numerosas lentes hialinas circundadas por uma
29
massa de pigmentos granulares; um ocelo, em geral pequeno, situa-se posteriormente ao olho
(BROOKS, 1959).
Os Cladocera são abundantes em água doce, apresentam alta produtividade secundária
e representam, juntamente com outros grupos que compõem o zooplâncton, o elo
intermediário da cadeia alimentar, através do qual a energia armazenada na matéria orgânica
produzida pelos produtores secundários flui para os níveis tróficos superiores, chegando até
peixes, aves aquáticas e o homem, entre outros. Seja via herbivoria direta, seja através do elo
microbiano, os invertebrados são importantes componentes na rede trófica dos sistemas
aquáticos de água doce (ROCHA e GÜNTZEL, 1999).
O ciclo de vida dos Cladocera abrange tanto reprodução assexuada por partenogênese
quanto reprodução sexuada. Na reprodução sexuada, a fertilização geralmente ocorre na
câmara incubadora. Na maioria das famílias, os ovos fertilizados são liberados na água, mas
entre os Daphnidae são mantidos dentro da carapaça, em uma estrutura modificada,
denominada efípio, a qual é liberada durante a muda. Os machos são geralmente produzidos
sob condições adversas, tais quais superpopulação, baixas temperaturas, redução drástica do
nível de água ou escassez de alimento (BRUSCA e BRUSCA, 1990). Devido à formação de
ovos efipiais ou ovos de resistência, na reprodução sexuada, os Cladocera apresentam ampla
distribuição geográfica, alguns sendo realmente cosmopolitas (KOROVCHINSKY, 1992).
Para Maltby e Calow (1989) a reprodução assexuada do tipo partenogenética, permite
a maximização da taxa de crescimento populacional, uma vez que todos os descendentes são
fêmeas, além da preservação das combinações genéticas, obtendo-se populações homogêneas
e com sensibilidade constante; por apresentarem ciclos vitais relativamente curtos e pequena
dimensão corpórea, requerendo pequenos volumes de água, o que facilita o seu cultivo e
manutenção em laboratório; e finalmente por possuírem sensibilidade a um amplo espectro de
substâncias. Esse tipo de reprodução é a ideal durante a realização de ensaios
ecotoxicológicos.
Muitos Cladocera sofrem mudanças sazonais na morfologia do corpo, através de
sucessivas gerações produzidas partenogeneticamente, fenômeno este denominado
ciclomorfose e que é comum entre algumas espécies do gênero Daphnia. Entre as espécies
brasileiras, a ciclomorfose é mais notável em Daphnia gessneri, embora ocorra também em
D. laevis. Os indivíduos gradualmente mudam a forma da cabeça de uma geração para outra,
de arredondada para um capacete pontudo. Os fatores associados a esta variação morfológica
são vários, mas os mais aceitos são o efeito da temperatura e o da predação (ROCHA e
GÜNTZEL, 1999).
30
2.2.3 – Organismo teste – Ceriodaphnia dubia
Diversas espécies de Cladocera são organismos sensíveis e foram mundialmente
padronizados como organismos-teste nos estudos de ecotoxicologia. As espécies Daphnia
magna, Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia são exemplos de organismos
internacionalmente padronizados (ROCHA e GÜNTZEL, 1999).
O gênero Ceriodaphnia é um comum representante dos Cladocera, que constitui um
grupo chave em sistemas de água doce capaz de responder aos efeitos tóxicos, motivo que
torna este organismo bastante apropriado para avaliações ecotoxicológicas da qualidade das
águas superficiais (CETESB, 1988)
C. dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera), é um microcrustáceo zooplanctônico
de 0,8 mm a 0,9 mm de comprimento, de corpo ovalado e com 8 a 10 espinhos anais, que atua
como consumidor primário na cadeia alimentar aquática e alimenta-se por filtração de
material orgânico particulado (Figura 1). Estes organismos são encontrados na Europa e na
América do Norte (ABNT, 2005).
Os ensaios com C. dubia geralmente permitem duas leituras de resultado; toxicidade
aguda e crônica, sendo, portanto, empregado internacionalmente pelas agências ambientais,
especialmente da Comunidade Européia, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália, para o
controle das inúmeras descargas de efluentes líquidos industriais e municipais em ambientes
aquáticos (NASCIMENTO et al., 2002).
Figura 1 – Ceriodaphnia dubia, Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera)
Fonte: www.mblaquaculture.com/.../daphnids.php
31
Segundo Sasson-Brickson e Burton (1991), o microcrustáceo C. dubia (Crustácea,
Cladocera) tem-se mostrado uma espécie com aplicabilidade em avaliações de toxicidade da
água e também do sedimento. De acordo com Munawar et al. (1999), embora não sejam
bentônicos, os microcrustáceos apresentam propensão para habitar a interface água-
sedimento, alimentando-se na superfície do sedimento e com isso aumentando a possibilidade
de contato dos organismos com as partículas tóxicas do sedimento.
2.2.3.1 - Controle de sensibilidade dos organismos-teste
Na realização de testes de toxicidade, a garantia da qualidade dos resultados envolve
práticas de rotina já normalizadas, dentre as quais encontram-se a realização de testes agudos
ou crônicos com substâncias de referência. A utilização destas substâncias permite avaliar a
condição fisiológica dos organismos que serão submetidos a testes. Vários fatores, que são
fundamentais para a manutenção dos organismos-teste, podem afetar a variabilidade dos
resultados dos testes de toxicidade, como a qualidade da água de cultivo, qualidade e
quantidade de alimento, temperatura e oxigênio (SILVA, 2005).
Entre as substâncias de referência mais utilizadas encontram-se o Dicromato de
Potássio (K2Cr207), o Cloreto de Potássio (KCl) e o Cloreto de Sódio (NaCl) (LEE, 1980). A
partir da determinação da faixa de sensibilidade para uma espécie, a sensibilidade da espécie
deverá ser avaliada periodicamente para o controle de qualidade dos cultivos e dos resultados
dos testes. Caso o valor da sensibilidade se encontre fora da faixa estabelecida, o teste será
invalidado, como também o lote de organismos utilizados, havendo a necessidade de ser
novamente realizado com um novo conjunto de organismos (EPA, 2002).
Espécies de cladóceros de água doce como Ceriodaphnia reticulata, C. dubia e
Bosmina longirostris realizam o controle osmótico conservando a sua hemolinfa
hiperosmótica em relação ao meio externo e reabsorvendo sais ingeridos com alimento pela
glândula maxilar. Quando expostos a uma salinidade alta, morrem por não conseguirem
manter o mecanismo osmótico (SILVA, 2005).
Os dados da sensibilidade natural do organismo-teste (C. dubia) são avaliados pelo
Laboratório de Ecotoxicologia – ECOTOX-Lab no Departamento de Oceanografia e
Limnologia – DOL/UFRN, através da carta – controle construída sobre resultados de testes
com a substância de referência NaCl.
Todavia, a carta controle disponível no laboratório diz respeito a dados de toxicidade
aguda; como os ensaios realizados nesta pesquisa são apenas para testes crônicos tais dados
32
não foram utilizados no presente estudo, pois no momento da sua realização, a carta –
controle para testes crônicos ainda não havia sido finalizada.
Mc Nulty et al. (1999) afirmam que os laboratórios devem fazer os testes com
substâncias de referência para avaliar a sensibilidade dos organismos testes; porém, acreditam
que o uso de outros critérios de aceitabilidade de testes, como sobrevivência mínima,
crescimento ou reprodução de organismos no controle experimental ao final do teste,
fornecem informações mais úteis sobre a condição dos organismos-teste do que os dados
gerados por testes de sensibilidade com substâncias de referência.
Sendo assim, os ensaios foram validados no presente estudo quando o grupo controle
apresentou taxa de sobrevivência igual ou superior a 80% nas réplicas.
3- METODOLOGIA GERAL
3.1 ÁREA DE ESTUDO
O presente estudo foi desenvolvido em áreas de horticultura no município de Natal,
nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce, limite com o
município de Extremoz, Rio Grande do Norte. O local encontra-se próximo a praia de
Jenipabu, ponto turístico conhecido, principalmente, pelas imensas dunas que a cercam.
A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de
Proteção Ambiental (ZPA-9). Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas e nela
são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e ocupação do solo,
caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental e cuja proteção é dificultada
devido à inexistência de mecanismos legais específicos.
3.2 – O USO DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO DO BAIXO CURSO DO RIO DOCE
Foram realizadas visitas à área em 2009 e 2010. Para a obtenção de informações foi
feito um diagnóstico da situação local, baseado em observação pessoal não participativa e
registro fotográfico, com o intuito de averiguar as características do ambiente, diversidade
populacional e processo de trabalho dos horticultores.
Durante as visitas foram escolhidos quatro pontos distintos do Rio Doce para
levantamento de parâmetros físico – químicos (Oxigênio Dissolvido (OD), pH, cloreto,
turbidez, condutividade e temperatura), que foram medidos em campo utilizando Sonda
Multi-paramétrica (TROLL 9500).
33
O levantamento dos parâmetros físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro
de 2010. A sonda é composta de sensores respectivos a cada parâmetro, portanto o dia que
antecedia a ida ao campo era feita a calibração dos sensores no laboratório de
geoquímica/UFRN, utilizando as soluções de calibração individual para cada sensor.
A sonda foi programada para fazer amostragem Linear, onde todos os parâmetros
selecionados foram medidos no mesmo intervalo de medição (a cada minuto), assim em cada
ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro, dessas leituras foram descartada as
duas primeiras leituras e considerada apenas as demais para análise. Através desse
procedimento de descartar as duas primeiras leituras procuramos eliminar possíveis alterações
que podem ocorrer no momento que a medição em campo é iniciada.
3.3 - ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS
3.3.1 - Cultivo do organismo-teste
As culturas de C. dubia foram fornecidas pelo Laboratório de Ecotoxicologia da
Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil e mantidas no Laboratório de
Ecotoxicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com controle de
temperatura, fotoperíodo, utilização de água reconstituída e alimentação diária com uma
suspensão algal de Pseudokirchneriella subcapitata e alimento composto (ração de peixe)
(ABNT, 2005).
As condições técnicas adotadas para a realização do cultivo destes organismos seguem
as recomendações da NBR 13373 (ABNT, 2005) e encontram-se registradas na Tabela 1.
Tabela 1 - Resumo das condições de cultivo da Ceriodaphnia dubia (ABNT, 2005)
Requisitos Condições
Tipo de ensaio Semi-estático
Água de diluição Água reconstituída
Recipiente de cultivo Becker
Volume água reconstituída 600 ml
Idade do organismo-teste 24h a 21 dias
Renovação da água de cultivo A cada dois dias
Número mínimo de organismos por
recipiente
45 a 50 organismos
Alimentação Alimentação diária com ração de peixe* e microalgas (Pseudokirchneriella subcapitata)
Temperatura 23ºC a 27ºC
Fotoperíodo 16h de luz
Efeito observado Sobrevivência e reprodução
Aeração** Não necessária
*A ração de peixe passa 7 dias aerando, para favorecer o crescimento de microorganismos; **A água de cultivo é aerada por aproximadamente 12h antes de sua utilização, para solubilização total dos sais,
saturação do oxigênio dissolvido e estabilização do pH.
34
A água utilizada na manutenção do cultivo assim como nas diluições das amostras nos
ensaios, é a água reconstituída, preparada de acordo com a NBR 13373 (ABNT, 2005), aerada
por 12 horas antes de sua utilização para a solubilização total dos sais, saturação do oxigênio
dissolvido e estabilização do pH, que deve estar entre 7.0 e 7.6 e dureza total de 40mg
CaCO3/L a 48 mg CaCO3/L.
3.3.2 - Realização dos ensaios ecotoxicológicos
Os ensaios ecotoxicológicos foram desenvolvidos no Laboratório de Ecotoxicologia –
ECOTOX-Lab, localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia – DOL/UFRN, a
fim de caracterizar a toxicidade da água do Rio Doce, através de ensaios crônicos, com
filhotes de C. dubia (Crustacea, Cladocera) e seguem as recomendações internacionais para a
padronização de ensaios ecotoxicológicos, cujas orientações encontram-se descritas na NBR
13373 (ABNT, 2005).
Para a realização dos testes crônicos, foram utilizados neonatos de C. dubia com 24h
de vida. Os filhotes foram coletados dos recipientes de cultivo e introduzidos,
individualmente, em tubos de ensaio contendo uma alíquota de 10 ml da amostra teste, cada
tratamento com dez réplicas. Ao longo de sete dias, período que compreende o teste crônico, a
sobrevivência das fêmeas adultas e o nascimento de neonatos foram quantificados. O grupo
controle foi exposto à água reconstituída, a mesma utilizada no seu cultivo.
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Figura 2.2 – Pontos de amostragem
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45
CAPÍTULO 1 – CAPÍTULO DE LIVRO
ALGUMAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA HORTICULTURA NA REGIÃO DO
BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZPA-9, ZONA NORTE DO NATAL/RN.
Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura; Raquel Franco de Souza.
Submetido ao livro temático “Meio Ambiente e Saúde Humana”, ora em organização pelo
PRODEMA/UFRN e, portanto, está formatado de acordo com as recomendações deste livro
(Anexo 1)
46
ALGUMAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA HORTICULTURA NA REGIÃO DO
BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZPA-9, ZONA NORTE DO NATAL/RN.
Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura1; Raquel Franco de Souza
2.
1Mestre do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – PRODEMA/UFRN. Rua Abílio Deodato do Nascimento, 2756, Nossa Senhora de Nazaré,
NATAL/RN / CEP: 59062-390, Fones: (0xx84) 3205-5006 / Celular: 9154-6279, E-mail:
2Professora do Departamento de Geologia/UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de
Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Geologia, Campus Universitário - Lagoa Nova - Caixa Postal –
1639, NATAL – RN / CEP 59072-970, Fones: (0xx84) 3215-3812 / 3215-3808 - Ramal 206, FAX: (0xx84)
3215-3806 / Celular: 9136-8464, E-mail: [email protected].
47
1. INTRODUÇÃO
O movimento expansionista em direção à periferia da cidade de Natal, capital do Rio
Grande do Norte, iniciado através da construção de conjuntos residenciais, tem ocorrido de
forma acelerada e desordenada, muitas vezes com a ocupação de áreas que apresentam certa
fragilidade ambiental, gerando, como consequência, a intensificação dos processos de
degradação ambiental, dentre os quais podem ser destacados a diminuição da qualidade das
águas superficiais, assoreamento dos corpos d’água, processos erosivos, enchentes e outros
(SOARES, 2006).
Em busca da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental foram
criadas em Natal dez Zonas de Proteção Ambiental – ZPAs (Figura 1), sendo estas definidas
como áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo
urbano, visando à proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos,
arqueológicos e científicos (SEMURB, 2008).
Cada uma destas ZPAs tem o objetivo de preservar determinados aspectos físicos em
vários bairros da cidade. Apesar de terem sido instituídas desde 1992, algumas ainda não
foram regulamentadas, o que de fato dificulta a proteção dessas zonas.
O baixo curso da Bacia do Rio Doce em Natal inclui uma planície fluvial cujo leito
ativo do rio é naturalmente perenizado pelas contribuições das águas subterrâneas do sistema
aquífero Dunas-Barreiras, cujas efluências no vale mantém o fluxo de base do rio. Destaca-se
também um complexo de lagoas e dunas fixas e móveis, as quais favorecem a recarga do
aquífero Dunas/Barreiras, controlam as interações águas subterrâneas-águas superficiais, além
de compreender um ambiente de elevado potencial paisagístico e turístico. É considerada uma
região de ocupação emergente, a qual já apresenta um quadro que pode e deve ser
considerado preocupante, tomando-se por base o comprometimento dos padrões de qualidade
da água deste rio e de parte do cordão dunar que o envolve, a aglomeração desordenada da
população ribeirinha, a precariedade de serviços e equipamentos urbanos básicos, dentre
outros aspectos (AMÉRICO, 2006; SOARES, 2006; AMÉRICO et al., 2007).
A bacia hidrográfica do Rio Doce é uma das 14 bacias principais do Estado do Rio
Grande do Norte ocupando uma área de 387,8 km2 (Figura 2) Os afluentes que lhe dão origem
são o rio Guajiru, rio Mudo, rio Doce e a Lagoa de Extremoz (SERHID, 2006), sendo a trama
da drenagem estabelecida pela chegada dos rios do Mudo e Guajiru desaguando na Lagoa de
Extremoz, e esta desaguando no Rio Doce, à jusante. O Rio Doce e o complexo de lagoas a
ele associado formam o sistema flúvio-lacustre que localiza-se na zona limítrofe entre os
48
municípios de Natal e Extremoz, sendo o Rio Doce o principal curso dágua da referida bacia
hidrográfica, a qual recebe o seu nome.
A ZPA-9 (Figura 1) abrange áreas de três bairros adjacentes ao rio Doce (Lagoa Azul,
Pajuçara e Redinha). Esta ZPA foi criada com o objetivo de assegurar a perenização do rio e a
recarga do aquífero além de manter o grande potencial paisagístico e turístico, e dar suporte às
atividades agrícolas. Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas (PLANO
DIRETOR, 2007) e nela são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e
ocupação do solo, caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental, e cuja
proteção é dificultada devido à inexistência de mecanismos legais específicos.
O bairro Lagoa Azul teve os seus limites definidos em 1993 pela Lei nº 4.328, de 05
de abril de 1993. A ocupação desta região foi intensificada a partir da década de 1980 com a
construção dos conjuntos habitacionais Nova Natal, Gramoré, Cidade Praia e Eldorado. Além
dos conjuntos habitacionais, este bairro é formado por diversos loteamentos e pela
comunidade de Gramorezinho. A ocupação do bairro de Pajuçara ocorreu principalmente a
partir da década de 1990, quando aconteceu a construção de diversos conjuntos habitacionais
(NATAL, 2009). O bairro da Redinha foi incorporado ao território da Cidade de Natal pela
Lei nº 603, de 31 de outubro de 1938 (NATAL 2008). Antes, era uma estância balneária no
subúrbio da cidade, e o primeiro registro de sua existência data do ano de 1603, como terra
cedida ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço; a
Redinha, registrada oficialmente como praia, já existe há mais de 400 anos (GURGEL, 2003).
Diversos trabalhos de pesquisa realizados na área do Rio Doce em Natal evidenciam a
preocupação com a situação desse sistema flúvio-lacustre, oferecendo contribuições para um
diagnóstico preciso acerca de diversos aspectos relevantes como o uso e ocupação do solo
(CHAGAS, 1997; LIMA, 2005; AZEVEDO, 2005; DIODATO, 2005), aspectos sócio-
econômicos e ambientais (AMÉRICO, 2006; AMÉRICO et al., 2007; SOARES, 2006),
qualidade das águas e recursos hídricos (CASTRO, 2000; SOARES, 2006), a relação entre
ZPAs e distribuição de doenças (PELAGIO, 2008; PELAGIO E LIMA, 2008; PELAGIO E
LIMA, 2009) e o uso de agrotóxicos (ADISSI E ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001;
ANJOS, 2009).
49
Apesar da fragilidade sócio-econômico-ambiental evidenciada nos estudos citados, a
região da planície fluvial do Rio Doce, em 1998, era responsável por cerca de 80% das
verduras fornecidas para abastecimento do comércio do Município do Natal (ADISSI;
ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001), realidade que se mantém até hoje. Uma parcela
significativa (cerca de 30%) dos moradores das comunidades Pajussara Sítio, Gramoré Sítio e
Gramoré Povoado, adjacentes ao Rio Doce, tem como ocupação o cultivo de hortas
Figura 1.1 – Zonas de Proteção Ambiental, Natal/RN – Fonte: SEMURB (2008)
ZPA – 1: Campos Dunares Pitimbu, Candelária e Cidade Nova
ZPA – 2: Parque Estadual Dunas de Natal e área de tabuleiro
Litorâneo
ZPA – 3: Área entre o Rio Pitimbu e Av. dos Caiapós
(Conjunto Habitacional Cidade Satélite)
ZPA – 4: Campo Dunar dos Guarapes
ZPA – 5: Associação de Dunas e Lagoas do Bairro de Ponta
Negra (Região de Lagoinha)
ZPA – 6: Morro do Careca e Dunas Associadas
ZPA – 7: Forte dos Reis Magos e seu entorno
ZPA – 8: Estuário do Rio Potengi
ZPA – 9: Complexo de Lagoas e Dunas ao longo do Rio Doce
ZPA – 10: Encostas dunares adjacentes ao Farol de Mãe Luíza
50
(AMÉRICO et al., 2007). A produção nas hortas ocorre em pequenas propriedades que
variam de menos de um até seis hectares; a prática cultural empregada é a do plantio de leiras
baixas ou suspensas (balcões) e há a predominância de agricultura familiar. Na maioria das
situações os trabalhadores vestem-se apenas com bermudas, camisas de manga comprida ou
curta e sandálias abertas. As principais culturas são coentro, alface, cebolinha, e as mais
sazonais como pimentão e couve dentre outras. Para irrigar é utilizada a água do rio, sendo de
uso comum os adubos e agrotóxicos (ADISSI; ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001). Dentre
os produtos utilizados para o cultivo das hortaliças, os moradores da área utilizam adubo
orgânico (1.5%), adubo bovino (7%) e de galinha (54%), agrotóxicos (27.5%) e outros (10%)
(AMÉRICO et al., 2007).
No que se refere ao uso de agrotóxicos, os produtos são adquiridos no comércio do
bairro do Alecrim e adjacências, diretamente em lojas de produtos agropecuários, sendo
indicados pelo vendedor ou pelos vizinhos, sem cumprir o dispositivo legal do receituário
agronômico (ANJOS, 2009). As lavagens dos equipamentos utilizados nas atividades de
horticultura, quando realizadas, ocorrem, na maior parte das vezes, junto às leiras e aos corpos
d’água. As sobras de caldas costumam servir para reaplicações, fato que pode acarretar
elevação da resistência das pragas o que, por si só, representa um agravante ambiental. No
que diz respeito ao armazenamento das embalagens de agrotóxicos, tal prática costuma
ocorrer em áreas externas das habitações, próximas aos locais do plantio, havendo exceções
de maior risco, para aqueles que utilizam os espaços da própria residência familiar (ADISSI;
ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001).
Este trabalho apresenta um panorama atual acerca das implicações da atividade de
horticultura sobre a degradação da qualidade das águas superficiais na região do baixo curso
do Rio Doce, mediante levantamento e avaliações de dados relativos a parâmetros físico-
químicos de água obtidos em diversos pontos de amostragem ao longo do Rio Doce, entre os
meses de julho a dezembro de 2010, complementados por relatos de visitas e observações. O
objetivo é mostrar que a situação da atividade de horticultura descrita em estudos anteriores
permanece inalterada e que os reflexos negativos já são evidentes no corpo hídrico de maior
expressão na área, o Rio Doce.
2. METODOLOGIA
2.1 Caracterização da área de estudo
51
A área de estudo encontra-se inserida na ZPA-9 (Figura 1). Está situada na zona
limítrofe entre os municípios de Natal-RN e Extremoz-RN, abrangendo o rio Doce, desde a
lagoa de Extremoz, situada à montante, entendendo-se à jusante por 14 quilômetros, até a sua
desembocadura, no estuário do Potengi/Jundiaí – RN.
A ZPA-9 apresenta cobertura vegetal dos tipos vegetação de tabuleiros e vegetação de
dunas. A mata ciliar do Rio Doce é composta por espécies herbáceas, principalmente, nos
trechos situados às margens do rio Doce e espécies arbustivas e arbóreas, situadas nas
encostas e nos topos das dunas fixas, apresentando, nestas últimas, uma vegetação mais densa
(SOARES, 2006). O clima da região é definido como clima tropical chuvoso quente com
verão seco. O regime climático caracteriza-se por duas estações bem definidas: uma seca
(meses com menos de 60 mm), de setembro a fevereiro ou março, e uma chuvosa, nos meses
de março a julho ou agosto. De acordo com os registros da Estação Climatológica da UFRN, a
precipitação média anual, em 2010, foi de 1.186,1 mm, com a maior precipitação no mês de
Maio (média de 262,6 mm) e a menor precipitação no mês de Novembro (média de 4,2 mm).
A temperatura média anual está em torno de 26,5ºC. As maiores temperaturas concentram-se
de dezembro a março, sendo fevereiro o mês que apresenta a maior temperatura média para o
período, 27,5ºC.
2.2 Parâmetros físico-químicos
O levantamento dos parâmetros físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro de
2010. Os locais de amostragem da água do Rio Doce foram denominados pontos P3, P4, P5 e
P6. As amostras P3, P4 e P5 localizam-se nos bairros Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha (Figura
2). O P6 (ponto 6) localiza-se na saída da Lagoa de Extremoz, sendo utilizado como controle
em campo, por ser o ponto mais afastado do cultivo das hortas. O P5 (ponto 5) localiza-se no
encontro do rio Doce com a Avenida Dr. João Medeiros Filho, no Bairro da Redinha, em local
com eventual influência de maré. Os pontos P3 e P4 encontram-se em área de cultivo de
hortaliças, respectivamente nos bairros de Lagoa Azul e Pajuçara.
As visitas de campo mensais foram realizadas em um único dia, de cada mês, sendo
todas as medidas realizadas no período da manhã entre 8h e 12h. Foram escolhidos quatro
pontos distintos do Rio Doce para levantamento dos parâmetros físico – químicos de campo
medidos em águas superficiais (Oxigênio Dissolvido-OD, pH, cloreto, turbidez,
condutividade e temperatura), medidos em campo utilizando uma Sonda Multi-paramétrica
(TROLL 9500). A sonda utilizada é composta de sensores para cada parâmetro, calibrados no
52
dia da ida ao campo, utilizando-se as soluções de calibração individual para cada sensor. Em
cada ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro; dessas leituras foram
descartadas as duas primeiras, considerando-se as demais para análise. Esse procedimento
objetiva eliminar possíveis interferências que possam ocorrer no momento do início da
medição em campo.
2.3 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos
Para a obtenção de informações sobre a atividade de horticultura foi feito um
diagnóstico da situação local baseado em observação pessoal não participativa e registro
fotográfico, realizados durante visitas à área em 2009 e 2010.
Figura 1.2 – Pontos de amostragem no Rio Doce, para análise da qualidade de água. P6: saída da Lagoa de Extremoz; P3: Lagoa Azul; P4: Pajuçara; P5: Redinha, na confluência do Rio Doce com a área de mangue, na
Avenida João Medeiros Filho. P3 e P4 encontram-se em região com atividade de horticultura.
53
3. RESULTADOS
3.1 Parâmetros físico-químicos da água
A Figura 3 (A, B, C, D, E, F) demonstra o comportamento dos diversos
parâmetros analisados em água em cada ponto de amostragem, no período de julho a
dezembro de 2010, sendo os mesmos ordenados de acordo com a distribuição dos pontos.
Para fins de comparação, na mesma Figura 3 (G, H) são apresentados os dados de
precipitação pluviométrica e temperatura média mensal em Natal, de acordo com os registros
da Estação Climatológica da UFRN. O mês de Julho apresentou a maior precipitação, com
média de 151,5mm, e a menor precipitação observada ocorreu no mês de Novembro, com
média de 4,2 mm. A temperatura média variou de 24ºC no mês de julho a 28ºC no mês de
dezembro.
No período de seis meses a temperatura da água variou de 27,6ºC no mês de julho a
31ºC no mês de dezembro em P6 (Figura 3A). A variação das temperaturas não é significativa
para medidas realizadas em um mesmo mês, mas há uma tendência geral de aumento de
temperatura da água entre os meses de julho e dezembro, fato provavelmente relacionado ao
incremento da temperatura ambiente e à diminuição da precipitação, observados entre julho e
dezembro; deve ser considerado que a velocidade das águas do rio deve decrescer
progressivamente ao longo do período de estiagem, em função da menor contribuição
subterrânea do aquífero freático para o fluxo de base do rio. Observa-se ainda que os pontos
localizados nas áreas que têm hortas (P3 e P4) apresentam, em geral, temperaturas menores
que as registradas nos pontos P5 e P6, provavelmente devido a uma maior utilização pontual
das águas para essas atividades, permitindo maior renovação local do corpo dágua.
Os valores de pH variaram de um mínimo de 5,6 em P3 no mês de novembro a um
máximo de 7,4 em P6 no mês de agosto (Figura 3B). Este parâmetro apresentou poucos
valores inferiores ao limite estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA para a classe 1
e 2 (6 a 9). As águas do rio Doce nas áreas de hortas (P3 e P4) apresentaram, em geral, pH
menor que os valores registrados em P5 (Redinha) e P6 (saída da Lagoa de Extremoz). Há
uma tendência geral de diminuição do pH da água entre os meses de julho a novembro,
quando há também diminuição da precipitação e aumento da temperatura ambiente. O leve
incremento no pH observado em todos os pontos provavelmente está relacionado ao aumento
da precipitação no mês de dezembro (Figura 3G) .
54
Os níveis de oxigênio dissolvido (OD) (Figura 3C) apresentaram-se abaixo do limite
mínimo recomendado para a Classe 1, de acordo com a Resolução 357/05 do CONAMA
A B
C D
E F
G H
Figura 1.3 – Representação gráfica dos parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce (A, B, C, D, E, F), da precipitação média mensal (G) e da temperatura média (H) em Natal, no período de julho a dezembro de 2010. *UNF – Unidades Nefelométricas de Formazina (unidade da turbidez, sonda TROLL 9500).
55
(Classe 1: OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2) nos pontos P3 (Setembro a
dezembro) e P4 (julho, setembro, outubro, novembro e dezembro); os valores que se
encontram abaixo de 6 mg/L O2, apresentaram mínimo de 1,6 mg/L O2 (novembro/P3) e
máximo de 5,5 mg/L O2 (setembro/P3). Para um mesmo mês, os valores de OD sempre foram
menores em P3 e P4 quando comparados a P6 e a P5. Ao longo do período de seis meses
estudados observa-se uma tendência geral de diminuição do oxigênio dissolvido na água.
Neste caso, a menor precipitação pluviométrica ao longo do período seco, aliada à menor
recarga do aquífero freático, e menor contribuição subterrânea deste para o fluxo de base,
devem reduzir a velocidade e renovação das águas do rio, que por sua vez é impactado pelo
lançamento de poluentes que promovem o consumo de OD da água.
Os valores do cloreto (Figura 3D) apresentaram-se dentro do limite estabelecido pela
Resolução 357/05 do CONAMA para águas doces de classe 1 que é de 250 mg/L em todos os
pontos de analisados, com valor mínimo de 17 mg/L e máximo de 191,1 mg/L. Este é outro
parâmetro que, acompanha as variações de temperatura, pH e OD ao longo do rio: para um
mesmo mês, em geral, observa-se diminuição nos valores obtidos nas áreas das hortas (pontos
P3 e P4), especialmente nos meses de agosto e outubro. Não há um padrão de aumento ou
diminuição dos teores de cloreto na água ao longo dos meses, no período entre julho e
dezembro.
A condutividade (Figura 3E) apresentou um valor mínimo de 216,17μs/cm, no ponto
P3 no mês de novembro e valor máximo de 512,5 μs/cm, no ponto P6, em agosto. A
condutividade da água é maior no mês de agosto em relação a julho em todos os pontos, mas
decresce gradativamente de setembro até novembro. Em dezembro os valores da
condutividade aumentam, denotando uma relação aparente entre este parâmetro e os dados de
precipitação para o período analisado (Julho-Dezembro; figura 3G). A tendência de aumento
da condutividade elétrica da água, com a respectiva diminuição das chuvas, provavelmente
indica um sensível aumento da salinização condicionado à menor renovação do corpo hídrico
pelas chuvas menos intensas.
A turbidez (Figura 3F) encontra-se na faixa de 0,3 UNF (valor mínimo) no ponto P4
(julho) e máximo de 64,8 UNF no ponto P5 (outubro); este último valor é maior que o
estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA, para águas doces de classe 1 que é de até
40 unidades nefelométricas de turbidez (UNT).
3.2 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos
56
Durante as visitas à área no ano de 2010, foi possível observar que a situação
apresentada na introdução deste capítulo, conforme descrita por Adissi e Almeida (1999) e
Almeida (2001), pouco se alterou em um período de cerca de dez anos. O Rio Doce recebe
influência antrópica em seu percurso, desde o seu encontro com a Lagoa de Extremoz até o
Bairro da Redinha. As águas do rio continuam sendo utilizadas para suprir as necessidades da
população de diversas formas, tais como lavagem de roupas, carros e animais, atividades
agrícolas e de criação de animais, retirada de areia do leito do rio e como recreação.
Observou-se na localidade que o cultivo de hortaliças continua intenso e crescente,
sendo notável, também, a presença de núcleos familiares envolvidos no trabalho. Em conversa
informal com agricultores no bairro Lagoa Azul, percebe-se essa relação. Um dos agricultores
relatou que chegou na região na década de 1960, “começou a plantar feijão, macaxeira e
frutas; criou os filhos e hoje cada um possui uma parte de terra onde planta e retira o seu
sustento”.
A maioria das hortaliças nesta área é cultivada em balcões; segundo relatos de
agricultores:
“A terra não é boa, e é muito seca, necessitando irrigação várias vezes ao dia”. (Julho, 2009)
O cultivo realizado nos balcões, alguns de alvenaria, outros de madeira, é mais
viável, pois assim pode-se preparar melhor a terra para o plantio além de diminuir a
quantidade de água utilizada. Entre as variedades cultivadas em balcões encontram-se alface,
couve, coentro, cebolinha e até flores. Em área próxima observam-se leiras (no próprio chão)
com plantas medicinais como hortelã, alecrim, mastruz, arruda, quebra-pedra, capim cidreira,
manjericão da folha miúda e da folha grande, entre outras variedades (Figuras 4 A e B).
Apesar de a região contar com abastecimento de água encanada, há locais que não
dispõem com tanta facilidade do serviço; por este motivo utiliza-se a água de poços artesanais
de grande diâmetro (poços amazonas ou cacimbões) para a irrigação das hortaliças e para
consumo dos próprios moradores, sendo esta água captada por bombas elétricas. Deve-se
salientar que esses poços artesanais estão vulneráveis a receberem poluentes pela entrada
direta de materiais, insetos, animais, etc. dentro do poço, podendo acarretar o aparecimento de
doenças. O comprometimento da água do rio já é percebido pelos moradores e usuários:
“A água do Rio Doce está poluída, não oferecendo mais condições para regar os cultivos”.
(Agricultor, Gramoré Sítio - Julho, 2009)
57
A presença de agricultores com pulverizadores, sem qualquer equipamento de
proteção individual, evidencia a utilização de agrotóxicos na área, bem como a falta de
cuidados pessoais (Figura 4 C). Dentre os balcões foram encontradas várias embalagens de
garrafas pet, água sanitária, desinfetante e amaciante. Segundo os agricultores, as embalagens
seriam cortadas e utilizadas para levar mudas de uma área para outra dentro da própria área,
ou para transporte de mudas comercializadas (Figura 4 D). Além dessas embalagens foram
encontrados também sacos de fertilizantes e até caixas de formicida em pó (Figura 4 E e F).
Figura 1.4 - Cultivo de plantas medicinais em leiras (A) e (B); agricultor com pulverizador e sem uso de EPI (C – centro da foto); embalagens diversas (D), embalagem de fertilizante (E) e formicida em pó (F) na área de cultivo
entre os balcões (CORREIA e LIMA, 2009).
A B
C D
E F
58
Fica evidente que o cultivo de hortaliças na região é uma atividade expressiva, o que
constitui um motivo de preocupação, pois quanto mais intensa a prática da agricultura, mais
intensa a utilização de agrotóxicos. A infiltração destes produtos no solo arenoso pode ter
como consequência provável o comprometimento da qualidade da água do rio, com
possibilidade de atingir inclusive o lençol freático pela infiltração através da zona não
saturada até a saturada.
4. DISCUSSÃO
4.1 O que é possível afirmar a partir dos resultados das análises dos parâmetros físico-
químicos da água do Rio Doce?
Verificou-se durante os seis meses de amostragem que as águas do Rio Doce, ao
drenarem a área onde são cultivadas as hortaliças (P3 e P4), de maneira geral, apresentam
características físico-químicas diferenciadas, com valores mais baixos de temperatura, pH,
OD e cloreto, em relação aos pontos mais distantes das hortas (P5 e P6), os quais mostram
valores mais elevados para os mesmos parâmetros. Observou-se ainda uma relação aparente
entre os valores dos parâmetros analisados, principalmente condutividade, pH e OD e os
dados de precipitação para o período analisado (Julho-Dezembro de 2010, Figura 3 G). Entre
os meses de julho e novembro, a diminuição na precipitação pluviométrica foi acompanhada
por diminuição nos valores de pH, OD e condutividade (Figura 3 B, C e E). De maneira
análoga, o aumento na precipitação no mês de dezembro refletiu no aumento dos mesmos
parâmetros (pH, OD e condutividade). Com relação à temperatura, verificou-se que não há
relação entre a variação deste parâmetro na água (Figura 3 A) e a temperatura média mensal
(Figura 3 H).
Segundo Esteves (1998) a condutividade da água tende a aumentar com a elevação da
temperatura e com a maior concentração de íons dissolvidos, que pode ocorrer a partir da
entrada de matéria orgânica no corpo hídrico. Por outro lado a decomposição desta matéria
orgânica reduz o pH. Na área de estudo a matéria orgânica encontrada é proveniente da
retirada da vegetação local dos terrenos que serão utilizados para o plantio das hortas, da
limpeza das leiras e balcões onde são cultivadas as hortaliças, de esgotos clandestinos e ainda
dos resíduos de embalagens de fertilizantes e agrotóxicos e descarte das sobras das caldas
destes produtos.
59
O OD é uma das variáveis ambientais mais importantes na dinâmica e caracterização
dos corpos hídricos. Segundo Rodgher et al (2005) esta variável é influenciada por alterações
sazonais na precipitação e temperatura. Os baixos níveis de OD podem ser resultantes da
intensa decomposição de matéria orgânica nos rios e reservatórios. Para Thomaz et al (1997)
e Esteves (1998) os baixos níveis de oxigênio são um fator negativo na qualidade da água,
porque, em tais condições, os compostos químicos nos sedimentos, tendem a ser liberados
para a água, contribuindo inclusive para a eutrofização de rios e reservatórios, e podendo
provocar a eliminação da fauna aquática, principalmente os peixes.
O monitoramento de parâmetros de qualidade da água revela muito sobre a presença
de componentes bióticos e abióticos neste ecossistema. As alterações desses parâmetros
alertam para a possibilidade de vários fatores que possam estar afetando a qualidade dos
recursos hídricos de maneira adversa. Segundo Townsend e Riley (1999) as características
físicas, químicas e biológicas da água, resultam da interação entre o uso e a ocupação do solo,
nas bacias hidrográficas.
Ao longo do Rio Doce os resultados dos parâmetros físico-químicos, apresentaram em
geral valores mais baixos (temperatura, pH, OD e cloreto) ao atravessarem a área onde são
cultivadas as hortaliças, indicando que a atividade de horticultura pode ser um dos fatores que
altera a qualidade do corpo hídrico.
Ao longo dos meses, a inexistência de esgotamento sanitário, a implantação de
esgotamento in situ em fossas, e a atividade contínua da horticultura contribuem para o aporte
contínuo de matéria orgânica. Com a diminuição da precipitação entre julho e novembro e a
consequente diminuição no volume de água, do fluxo de base e da velocidade do rio, ocorre
um provável aumento do teor de matéria orgânica, o que explicaria os menores valores de pH,
OD e condutividade nos meses em que chove menos.
4.2 Quais os agrotóxicos utilizados na área e as implicações para a saúde?
A tabela 1 apresenta uma lista dos agrotóxicos mais utilizados na região do baixo
curso do Rio Doce, de acordo com os estudos realizados por Adissi e Almeida (1999) e Anjos
(2009). Além dos nomes comerciais encontrados na primeira coluna, são listados a classe de
uso, grupo químico, classificação toxicológica (CT) e classificação ambiental (CA). As siglas
referentes às classificações toxicológica e ambiental são detalhadas na porção inferior da
tabela.
60
Verifica-se que dentre os agrotóxicos utilizados, poucos são recomendados para as
culturas e a maioria deles faz parte do grupo químico dos organofosforados, cuja maioria se
enquadra na classe toxicológica I, II e III – medianamente a extremamente tóxicos, como o
Folidol e o Malathion. No levantamento mais recente (ANJOS, 2009) verifica-se que novos
agrotóxicos passaram a ser usados nas hortas, como Barrage (piretróide) e Folisuper
(organofosforado).
Tabela 1.1 - Agrotóxicos mais utilizados na região do Rio Doce, Natal/RN.
Nome
Comercial Classe de uso Grupo químico CT
1 CA2
Agridion* Inseticida organofosforado IV - PT SC
Azodrin* Acaricida - inseticida organofosforado II - AT I - PAP
Barrage** Carrapaticida - inseticida Piretróide IV - PT III - PP
Decis*/** Inseticida Piretróide III - MT I - PAP
Dithane* Acaricida - fungicida ditiocarbamatos III - MT II - PMP
Folidol* Inseticida organofosforado I - ET III - PP
Folisuper**
Acaricida – inseticida organofosforado I - ET SC
Malathion* Inseticida organofosforado III - MT III - PP
Manzate*
Fungicida ditiocarbamatos III - MT SC Tamaron
*/** Acaricida - inseticida organofosforado II - AT II - PMP
*(Adissi e Almeida, 1999), **(Anjos, 2009); 1CT = classificação toxicológica. 2CA = classificação ambiental
Almeida (2001) em sua pesquisa já destacava o fato de o manuseio dos agrotóxicos na
região da planície fluvial do Rio Doce ser feito tanto para a preparação como para as
aplicações, sem nenhum tipo de equipamento de proteção individual. Na maioria das
situações descritas pela autora, os trabalhadores vestiam-se apenas com bermudas, camisas de
manga comprida ou curta e sandálias abertas. Esta situação também foi constatada na presente
pesquisa. Almeida (2001) ainda enfatizava que para as preparações das caldas eram utilizadas
medidas que costumam acompanhar as embalagens de agrotóxicos, em geral, são copos
plásticos de 50 ml com indicações de 5 em 5 ml. No entanto, os agricultores preferiam adotar
medidas bastante distintas das indicadas. E a maioria das formulações empregadas não era
indicada para a cultura tratada, resultando, em superconcentrações. Tal comportamento, além
de causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores também pode favorecer
as pragas, aumentando a sua resistência a determinados agrotóxicos, levando o agricultor a
procurar produtos cada vez mais fortes.
1Classificação Toxicológica (CT):
I - Extremamente Tóxico (ET)
II - Altamente Tóxico (AT)
III - Medianamente Tóxico (MT)
IV - Pouco Tóxico (PT)
2Classificação Ambiental (CA):
PAP - Produto Altamente Perigoso
PMP - Produto Muito Perigoso PP - Produto Perigoso
PPP - Produto Pouco Perigoso
SC - Sem classificação até o momento.
61
Os inseticidas organofosforados atuam inibindo as colinesterases, principalmente a
acetilcolinesterase, uma enzima que atua como mediador químico (neurotransmissor). Em
mamíferos, estes efeitos caracterizam-se principalmente por lacrimejamento, salivação,
sudorese, diarréia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios. Estes últimos são decorrentes de
broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia, bem como de depressão
do sistema nervoso central, sendo as principais causas de morbidade e mortalidade por tais
produtos (ECOBICHON; JOY, 1991).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram aproximadamente três
milhões de envenenamentos humanos por pesticidas em todo o mundo ao longo de um ano,
com mais de 220.000 mortes relatadas. No Brasil, a ocorrência de intoxicações por pesticidas
do grupo dos organofosforados continua sendo alta, apesar da diminuição no seu uso em
relação à década dos anos oitenta (CAVALIERE et al, 1996).
Esses inseticidas são absorvidos pelo organismo humano através de todas as vias
possíveis, incluindo a via dérmica, o trato gastrointestinal, a via respiratória e as membranas
mucosas. A absorção dérmica é a via principal de penetração nos envenenamentos
ocupacionais, naqueles indivíduos que aplicam produtos sob a forma de pulverização ou
naqueles que lidam nas plantações após a aplicação de produtos organofosforados, para fazer
colheita, catações, poda, dentre outros (LIMA et al., 2001).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os reflexos da atividade de horticultura na água do Rio Doce ficam evidenciados
através dos resultados dos parâmetros físico-químicos, medidos ao longo de seu percurso e
que apresentaram em geral valores mais baixos (temperatura, pH, OD e cloreto) na passagem
das águas do rio ao longo da área onde são cultivadas as hortaliças. Por outro lado, as
variações na precipitação pluviométrica mensal apresentam relação com a variação dos
parâmetros físico-químicos pH, OD e condutividade: precipitações decrescentes entre os
meses de julho a novembro acarretam aumento nos teores de matéria orgânica, com
consequente diminuição de pH, OD e condutividade.
Os problemas mais graves que afetam a qualidade da água do corpo hídrico são
decorrentes da ação antropogênica. Apesar da estreita relação entre valores menores de
temperatura, pH, OD e cloreto nos pontos com atividade de horticultura, quando comparados
aos valores mais elevados dos mesmo parâmetros nos outros pontos investigados, é precoce
afirmar que estas alterações sejam exclusivamente devidas às práticas agrícolas deficientes.
62
Considerando a ausência de atividade industrial, pode-se afirmar que a degradação encontrada
talvez esteja relacionada também à falta de saneamento básico e ao lançamento de esgotos no
rio, dentre outros fatores.
Os efeitos adversos da atividade de horticultura na região do baixo curso do Rio Doce
constituem um problema tanto para o meio ambiente quanto para saúde humana e seus efeitos
somente poderão ser avaliados a partir de estudos sistemáticos e de caráter multidisciplinar,
que contemplem aspectos sócio-econômicos-ambientais e sua relação com a saúde humana, a
curto, médio e longo prazo.
Agradecimento: A CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado à primeira autora.
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1999.
66
CAPÍTULO 2 – ARTIGO CIENTÍFICO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE
TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL
UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO
TESTE
Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura; Raquel Franco de Souza Lima;
Este artigo será submetido ao Acta Limnologica Brasiliensia e, portanto, está formatado de
acordo com as recomendações desta revista (Anexo 2)
67
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE
TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL
UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO
TESTE
RESUMO
A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de Proteção
Ambiental (ZPA-9) não regulamentada. A principal atividade na maioria das comunidades
existentes na região do Rio Doce é o cultivo de hortaliças, baseado nos preceitos modernos de
produção, o que acarreta a utilização de agrotóxicos de forma intensiva, e consequentemente
infiltração desses produtos químicos no solo comprometendo a qualidade da água aí
disponível. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água do Rio Doce e de um poço
para captação de água subterrânea por meio de testes de toxicidade utilizando Ceriodaphnia
dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo teste e da análise de parâmetros
físico-químicos. As amostragens foram realizadas mensalmente de Janeiro a Dezembro de
2010, compreendendo um período chuvoso e outro seco Os locais de amostragem foram
denominados Ponto 1 (P1), amostra de água de poço, e os demais pontos (P3, P4, P5 e P6),
amostras da água do Rio Doce, localizados ao longo da ZPA – 9, nos bairros Lagoa Azul,
Pajuçara e Redinha. Nos mesmos pontos de amostragem, um levantamento dos parâmetros
físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro de 2010. Parâmetros como Oxigênio
Dissolvido (OD), pH, cloreto, turbidez, condutividade e temperatura foram medidos em
campo utilizando Sonda Multiparâmetro TROLL 9500. Os ensaios dos testes de toxicidade
crônica indicaram a existência de toxicidade, para o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, em
todos os pontos amostrados. A área onde são cultivadas as hortaliças, de maneira geral,
apresentaram valores mais baixos de OD e pH, enquanto que nos pontos mais afastados das
hortas os valores de OD e pH eram mais elevados. Estes dados demonstram que as atividades
de horticultura e o uso de agrotóxicos podem estar contribuindo para as variações observadas
nos parâmetros medidos.
Palavras-chave: Zona de Proteção Ambiental. Rio Doce. Cultivo de hortaliças.
68
EVALUATION OF ENVIRONMENTAL DEGRADATION THROUGH TOXICITY
TESTS IN TROPICAL WATERS OF NORTHEASTERN BRAZIL USING
CLADOCERAN CERIODAPHNIA DUBIA AS TEST ORGANISM
ABSTRACT
The region of the fluvial plain of the Doce River in Natal / RN is located in an Environmental
Protection Zone (ZPA-9) which is not under the regulatory marks. The main activity in most
communities in the region of the Doce River is the culture of vegetables, based on the
precepts of modern production, which entails the intensive use of pesticides and the
consequent infiltration of these chemicals in the soil, affecting the quality of the available
water. The aim of this study was to evaluate the water quality of the Doce River and a well to
obtain groundwater, through toxicity tests using Ceriodaphnia dubia Richard 1894
(Cladocera, Crustacea) as test organism and the analysis of physico-chemical parameters.
Samples were collected monthly from January to December 2010, comprising a rainy and a
dry season. Sampling sites were designated Point 1 (P1), sample of well water; the remaining
points (P3, P4, P5 and P6), water samples of the Doce River, located along the ZPA - 9, on
the Lagoa Azul, Pajuçara and Redinha neighborhoods. In the same sampling points, a survey
of physico-chemical parameters was carried out from July to December 2010. Parameters
such as Dissolved Oxygen (DO), pH, chloride, turbidity, conductivity and temperature were
measured in the field by using TROLL 9500 Multiparameter Probe. The tests on chronic
toxicity tests indicated the existence of toxicity to the microcrustaceous Ceriodaphnia dubia
in all the sampled points. The area where vegetables are grown, generally displayed lower
values of DO and pH, whereas points further away from the horticulture area showed higher
values of DO and pH. These data demonstrate that the culture activities and the use of
pesticides may be contributing to the observed variations on the measured parameters.
Keywords: Environmental Protection Zone. Rio Doce. Cultivation of vegetables.
69
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE
TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL
UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO
TESTE
INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica do Rio Doce é uma das 14 bacias principais do Rio Grande do
Norte, sendo o Rio Doce o principal desta bacia que recebe o seu nome. (Serhid, 2006). A
principal atividade na maioria das comunidades existentes na região do Rio Doce é o cultivo
de hortaliças, baseado nos preceitos modernos de produção, o que acarreta na utilização de
agrotóxicos de forma intensiva (Adissi e Almeida, 1999).
Verifica-se que dentre os agrotóxicos utilizados, poucos são recomendados para as
culturas e a maioria deles faz parte do grupo químico dos organofosforados que tem classe
toxicológica I, II e III – medianamente a extremamente tóxicos, como o Tamaron, o Folidol e
o Malathion. O levantamento mais recente (Anjos, 2009) relata que, em comparação com as
informações de cerca de uma década atrás (Adissi e Almeida, 1999) novos agrotóxicos
passaram a ser de uso nas hortas, como Barrage e Folisuper.
Agroecossistemas aquáticos em regiões tropicais são relatados como áreas que
representam especial risco aos efeitos dos agrotóxicos, devido à grande quantidade de
pesticidas que escoam durante a irrigação e também da precipitação (Castillo et al. 1997; Van
Den Brink et al. 2003). Além disso, os pesticidas são aplicados nas proximidades dos corpos
de água, resultando em níveis relativamente altos, em função do processo de pulverização.
Devido à importância econômica da disponibilidade de águas superficiais de boa
qualidade nas bacias hidrográficas, o destino dos pesticidas aplicados nos campos agrícolas é
de grande interesse (Cooman, et al, 2005).
Segundo Moses et al. (1993), cerca de 90% de pesticidas aplicados na agricultura
nunca atinge apenas as pragas que prejudicam o cultivo; ao invés disso são dispersos através
do ar, solo e água, pelo processo de pulverização, afetando uma série de outros seres vivos,
inclusive o homem.
Para Kreuger (1995), riachos dentro de uma bacia hidrográfica agrícola são bastante
susceptíveis aos riscos do uso de pesticidas, principalmente após períodos de chuva. Outros
problemas freqüentemente observados são o armazenamento destes produtos de forma
inadequada, aplicações desnecessárias e de maneiras excessivas e lavagem dos equipamentos
70
de aplicação próximos aos corpos de água, o que demonstra, muitas vezes a falta de
compreensão dos agricultores com relação às informações apresentadas nos rótulos dos
pesticidas (Satapornvanit, 2004).
Segundo estudos na região do Rio Doce (Adissi e Almeida, 1999; Almeida, 2001) as
lavagens dos equipamentos, ocorrem, na maior parte das vezes, próximo a área de cultivo. Já
as sobras de caldas, costumam servir para reaplicações, que acarretam a elevação da
resistência das pragas o que, por si só, representa um agravante ambiental. No que diz respeito
ao armazenamento das embalagens de agrotóxicos, tal prática costuma ocorrer em áreas
externas das habitações, próximas aos locais do plantio, havendo exceções de maior risco,
para aqueles que utilizam os espaços da própria residência familiar.
A Resolução CONAMA nº 357/05 no parágrafo 4º, artigo 8º, com relação às águas
superficiais (Brasil, 2005), requer que as possíveis interações entre as substâncias e a presença
de contaminantes não listados na Resolução vigente, passíveis de causar danos aos seres
vivos, sejam investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos (Bertoletti e Zagatto, 2006).
Assim o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água do Rio Doce e de um
poço para captação de água subterrânea por meio de testes de toxicidade utilizando
Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo teste e da análise
de parâmetros físico-químicos.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O presente estudo foi desenvolvido na região da planície fluvial do Rio Doce em
Natal/RN que localiza-se em Zona de Proteção Ambiental (ZPA-9) não regulamentada; esta
área faz parte de um complexo de lagoas e dunas que serve como recarga do aqüífero
Dunas/Barreiras e compreende um ambiente de potencial paisagístico e turístico. A principal
atividade na maioria das comunidades existentes na região do Rio Doce é o cultivo de
hortaliças, com uso de agrotóxicos de forma intensiva, o que acarreta a infiltração desses
produtos químicos no solo, com possibilidade do comprometimento da qualidade da água aí
disponível.
Apesar da região contar com abastecimento de água encanada, há locais que não
dispõem com tanta facilidade do serviço, e que por este motivo utilizam a água de poços
artesanais para regar as hortaliças e para consumo dos próprios moradores, sendo a água
captada por bombas elétricas.
71
Amostragem
As amostragens foram realizadas mensalmente de Janeiro a Dezembro de 2010,
compreendendo um período chuvoso e outro seco.
Os locais de amostragem foram denominados Ponto 1 (P1) amostra de água de poço, e
os demais pontos (P3, P4, P5 e P6) amostras da água do Rio Doce, localizados ao longo da
ZPA – 9, nos bairros Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha (Figura 2.1); o ponto 6 (P6) é o único
que não faz parte da ZPA – 9 e localiza-se na saída da Lagoa de Extremoz, sendo utilizado
como controle em campo, por ser o ponto mais afastado do cultivo das hortas. O ponto 5 (P5)
localiza-se na confluência do Rio Doce com a Avenida Dr. João Medeiros Filho, no Bairro da
Redinha.
Nos mesmos pontos de amostragem, um levantamento dos parâmetros físico-químicos
foi realizado de Julho a Dezembro de 2010. Parâmetros como Oxigênio Dissolvido (OD), pH,
cloreto, turbidez, condutividade e temperatura foram medidos em campo utilizando Sonda
Multiparâmetro TROLL 9500.
As amostras coletadas para os ensaios ecotoxicológicos foram acondicionadas em
garrafas plásticas (2 litros de capacidade), previamente descontaminadas ABNT (2005). O
transporte ao laboratório foi realizado em caixas isotérmicas refrigeradas. As amostras foram
colocadas em freezer, conforme protocolo recomendado pela NBR 13373 ABNT (2005), visto
que não há diferença nos resultados do ensaio quando a amostra é refrigerada ou congelada
(Aragão e Bertoletti, 2006). Antes de iniciar o ensaio, as amostras são descongeladas e
permanecem refrigeradas para posterior aclimatação durante o período do ensaio.
72
Testes de Toxicidade crônicos
Para a realização dos testes crônicos foram utilizados neonatos de Ceriodaphnia.
dubia com 24h de vida. Por se tratar de uma amostra ambiental, as soluções – teste nos
ensaios foram compostas de 100% de amostras de água do rio Doce e da água de poço.
Os filhotes foram coletados dos recipientes de cultivo e introduzidos, individualmente,
em tubos de ensaio contendo uma alíquota de 15 ml da solução-teste, cada tratamento com
dez réplicas. Ao longo de sete dias, período que compreende o teste crônico, a sobrevivência
das fêmeas adultas e o nascimento dos neonatos em cada amostra foram comparados ao total
Figura 2.1 – Pontos de amostragem, para análise da qualidade de água. O ponto 6 localiza-se na saída
da Lagoa de Extremoz; P1,P3 e P4 encontram-se em região com intensa atividade de horticultura e o
ponto 5 localizado na Avenida João Medeiros Filho.
73
produzido pelo grupo controle. Foi considerada tóxica a amostra cuja sobrevivência e o
número de neonatos produzidos apresentou-se estatisticamente inferior ao observado no grupo
controle.
Parâmetros Físico-químicos da água
A sonda utilizada é composta de sensores respectivos para cada parâmetro, que eram
calibrados no dia que antecedia a ida ao campo, utilizando-se as soluções de calibração
individual para cada sensor. A amostragem programa na sonda foi a Linear, onde todos os
parâmetros selecionados foram medidos no mesmo intervalo de medição (a cada minuto).
Assim, em cada ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro; dessas leituras
foram descartadas as duas primeiras, considerando-se as demais para análise. Esse
procedimento objetiva eliminar possíveis interferências que possam ocorrer no momento do
início da medição em campo.
Análise de resíduos de agrotóxicos
Amostras de água do Rio e do poço foram coletadas nos mesmos pontos de
amostragem para os testes ecotoxicológicos e parâmetros físico-químicos, durante o mês de
dezembro, e posteriormente enviadas para análise de resíduos de agrotóxicos. A análise foi
realizada pelo Instituto Técnico de Pernambuco, através do método Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater, com Limite de quantificação do método de 0,03 μg/L
e procedimento analítico utilizando cromatógrafo a líquido de alto desempenho LC-MS/MS.
A tabela 2.1 apresenta a lista com os compostos analisados.
Tabela 2.1 – Lista dos compostos analisados pelo Instituto Técnico de Pernambuco - ITEP
GRUPO QUÍMICO INGREDIENTE ATIVO
ORGANOFOSFORADOS
Acephate, Fenitrothion, malaoxona, Acetamiprid, Esfenvarelate, Methidathion
Azinphos-ethyl, Fenpropathrin, Malathion, Azinphos-methyl, clorfenvinfós, Methamidophos, Carbofenothion, Ethoprophos, Monocrotophos
Cypermethrin, Disulfoton, Fenthion, Diazinone, Ethion, Mevinphos
Dichlorvos, Etrimfos, Pyridaphenthion, Dimethoate, Fenamiphos, Pyrifenox
Etiofencarbe, Fosthiazate, Omethoate, Chlorpyrifos-methyl, Heptachlor
Heptachlor epoxide, Paraoxona metílica, Parathion-ethyl, Parathion-methyl
Paraoxona etílica, Pyrazophos, Pirimiphos-ethyl, Pirimiphos-methyl
Profenofos, Phosalone, Terbufos, Triazophos, Trichlorfon
ORGANOCLORADO
Aldrin, DDT total, Dicofol, Chlordane, Dieldrin Endrin, Lindane, HCl, Iprovalicarb
PIRETRÓIDE
Binfenthrin , Carbaryl, Deltamethrin, Cyfluthrin
Etofenprox, Lambda-cyhalothrin, Fenvarelate
Permethrin, Triazophos, Vamidotiona, Vinclozolin
74
RESULTADOS
Testes de Toxicidade crônica
Os resultados dos testes crônicos neste estudo indicaram a existência de toxicidade em
todos os pontos amostrados.
A Tabela 2.2 apresenta os resultados dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço
(P1) e do Rio Doce (P3 – P6). Os dados demonstram variação na toxicidade com oscilações
no decorrer dos meses.
O ponto P1 apresentou toxicidade em todos os meses de coleta; o ponto P3 apresentou
toxicidade para a maioria dos meses, com exceção dos meses de abril, outubro novembro e
dezembro. Nos meses de outubro e dezembro, os quais compreendem período seco, os pontos
de amostragem não demonstraram toxicidade nas amostras de água do Rio Doce, exceto o
ponto P1 (água do poço).
Pontos de
amostragem
Meses de coleta
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
P1 T T T T T T T T T T T T
P3 T T T NT T T T T T NT NT NT
P4 T T T T T T NT T T NT T NT
P5 T T NT T T T NT NT T NT T NT
P6 - - - - - - NT NT T NT T NT
*Precipitação 70.9 81,4 69,9 191,0 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
T= Tóxico; NT= Não Tóxico; *Precipitação mensal em Natal no período de janeiro a dezembro de 2010. Fonte:
Estação climatológica da UFRN.
O ponto P4 não apresentou toxicidade nos meses de julho, outubro e dezembro e o P5
nos meses de março, julho, agosto outubro e dezembro. O ponto P6 apresentou toxicidade
apenas nos meses de setembro e novembro. Os dados apresentados na tabela 2.2 foram
classificados como tóxico e não tóxico de acordo com os dados da taxa de sobrevivência e da
média de reprodução obtidos através dos ensaios ecotoxicológicos (Apêndice A).
Foi possível observar que os meses com menor precipitação (outubro e dezembro) não
apresentaram toxicidade para os pontos P3, P4, P5 e P6; enquanto que os meses com maior
precipitação (maio e junho) apresentaram toxicidade em todos os pontos amostrados do Rio
Doce. Os meses de janeiro e fevereiro, os quais são característicos pelas chuvas de verão,
também apresentaram toxicidade em todos os pontos do Rio Doce.
CARBAMATO
Aldicarbe (sulfona, sufóxido), Carbofuran, Methomyl, Pirimicarb-desmethyl
Propoxur, Carbosulfan, 3-hidroxi-carbofurano, l-naftol, Thiodicarb
Tabela 2.2 – Resultado dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço (P1) e do Rio Doce (P3 – P6).
75
Parâmetros físico-químicos da água
Os valores encontrados para os diversos parâmetros analisados em água no período de
julho a dezembro de 2010 estão expressos nas tabelas 2.3 (A, B, C, D e E). Na primeira
coluna encontram-se os parâmetros físico-químicos, na segunda os valores máximos
permitidos pela Resolução 357/05 do CONAMA e as demais colunas representam os valores
nos pontos de amostragem e os respectivos meses nos quais esta foi realizada.
A figura 2.2 demonstra as alterações dos diversos parâmetros analisados em água em
cada ponto de amostragem, no período de julho a dezembro de 2010, sendo os mesmos
ordenados de acordo com a distribuição dos pontos.
Os parâmetros foram medidos no período da manhã entre 8h e 12h. Neste período a
temperatura da água variou de 27,6ºC no mês de julho, para todos os pontos a 31ºC no mês
de dezembro (P6). Observa-se que as temperaturas permanecem relativamente constantes
entre os pontos analisados, mas há uma tendência geral de aumento de temperatura da água de
julho a dezembro.
Os valores de pH variaram de um mínimo de 4,7 (P1), abaixo do recomendado pela
Resolução 357/05 do CONAMA, a um máximo de 7,4 (P6). O gráfico do pH (Figura 2.2)
apresenta a variação desse parâmetro, o qual teve valores próximos ao limite estabelecido
pelo CONAMA nos pontos P3 (outubro a dezembro) e P4(outubro e novembro); no ponto P1,
que corresponde a água do poço, o nível de pH apresentou-se ácido variando de 4,7 a 4,9
(agosto a dezembro), com exceção do mês de julho com valor 7,4.
Os níveis de oxigênio dissolvido apresentaram-se abaixo do limite mínimo
recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA nos pontos P3 (Setembro a dezembro), P4
(Julho, Outubro a dezembro) e (P1) (novembro); esses valores apresentaram valor mínimo de
1,6 mg/L O2 (novembro/P3) e máximo de 5,5 mg/L O2 (setembro/P3) . Nos demais pontos
(P5 e P6) apresentaram valores de acordo com o estabelecido pelo CONAMA, com valor
mínimo de 6,6 mg/L O2 (julho) e máximo de 9,5 mg/L O2 (dezembro).
Os valores do cloreto apresentaram-se dentro do limite estabelecido pela Resolução
357/05 do CONAMA em todos os pontos de analisados, com valor mínimo de 17 mg/L e
máximo de 191,1 mg/L.
A condutividade apresentou um valor mínimo de 197,4 μs/cm, no ponto 1 no mês de
setembro e valor máximo de 512,5 μs/cm, no ponto 6, em agosto.
Os valores da turbidez estiveram na faixa de 0,3 FNU (valor mínimo) nos pontos
P1(Agosto e novembro) e P4 (julho) e 16,2 FNU (valor máximo) no p4 (outubro). O ponto P5
76
(outubro) apresentou valor de turbidez maior (64,8 FNU) que o estabelecido pelo CONAMA
que é ate 40 unidades nefelometrica de turbidez (UNT).
Tabela 2.3 A - Parâmetros físico-químicos da água do poço, ponto P1.
Parâmetros CONAMA
357/05
Classes 1 e 2
P1
Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ----- 27,6 ± 0,1 28,8 ± 0, 011 28,9 ± 0,03 29,7 ± 0,1 29,6 ± 0,1 29,3 ± 0,04
pH 6 a 9 7,4 ± 0,50 4,7* ± 0, 018 4,6* ± 0,21 4,9* ± 0,05 4,8* ± 0,01 4,9* ± 0,12
OD >6 e >5 mg/L 9,2 ± 0,15 7,9 ± 0,41 8,7 ± 0,19 8,4 ± 0,57 4,4* ± 0,17 6,9 ± 0,7
Cloreto 250 mg/L 34,7 ± 4,02 69,2 ± 2,92 43,8 ± 7,6 62,8 ± 0,2 37,9 ± 0,93 28,4 ± 1,3
Condutividade ----- 462,9 ± 4,2 332,2 ± 0,40 197,4 ± 0,4 288,5 ±10,5 295,7 ± 4,1 297,6 ± 0,9
Turbidez 40 UNT 1,02 ± 0,2 0,3 ± 0,40 8,7 ± 0,1 1,3 ± 0,8 0,3 ± 0,2 0,2 ± 0,1
*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a
dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.
Tabela 2.3 B – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P3.
*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a
dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.
Tabela 2.3 C – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P4.
*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a
dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.
Parâmetros CONAMA
357/05
Classes 1 e 2
P3
Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ----- 27,2 ± 0,01 27,2 ± 0,03 27,3 ± 0,01 27,8 ± 0, 009 27,8 ± 0,02 28,5 ± 0,05
pH 6 a 9 6,3 ± 0,04 6,4 ± 0,09 6 ± 0,07 5,6* ± 0,09 5,5* ± 0,02 5,7* ± 0,2
OD >6 e >5 mg/L 8,6 ± 0,52 6,9 ± 0,68 5,5* ± 0,05 1,8* ± 0,75 1,6* ± 0,11 2,1* ± 0,2
Cloreto 250 mg/L 25,9 ± 1,34 111,9 ± 7,94 51,7 ± 3,29 59,4 ± 7,51 25,02 ± 1,1 20,6 ± 0,3
Condutividade ----- 385,7 ± 1,86 401,9 ± 37,1 303,3 ± 3,48 230,3 ±1,34 216,1 ± 1,06 262,9 ± 2,6
Turbidez 40 UNT 3,1 ± 1,2 1,1 ± 0,56 3,1 ± 0,05 2,3 ± 0,15 2,8 ± 0,4 1,6 ± 0,4
*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Parâmetros CONAMA
357/05
Classes 1 e 2
P4
Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ----- 27,0 ± 0,20 26,9 ± 0,02 27,1 ± 0,02 27,7 ± 0,02 27,8 ± 0,01 28,6 ± 0,04
pH 6 a 9 6,3 ± 0,17 6,3 ± 0,06 6,0 ± 0,03 5,8* ± 0,05 5,8* ± 0,03 6,0 ± 0,1
OD >6 e >5 mg/L 4,4* ± 0,21 6,4 ± 1,4 6,0 ± 0,14 5,4* ± 0,20 5,1* ± 0,04 4,9* ± 0,1
Cloreto 250 mg/L 22,6 ± 1,23 117,0 ± 9,95 52,1 ± 1,95 65,1 ± 9,7 25,3 ±1,84 22,5 ± 2,8
Condutividade ----- 386,8 ± 0,34 420,4 ± 0,88 316,4 ± 0,40 329,4 ± 1,4 333,3 ± 0,5 383,7 ± 0,9
Turbidez 40 UNT 0,3 ± 0,22 1,5 ± 1,3 3,4 ± 0,36 16,2 ± 0,82 1,04 ± 0,2 1,3 ± 0,3
*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
77
Tabela 2.3 D – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P5.
Parâmetros CONAMA
357/05
Classes 1 e 2
P5
Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ----- 27,07 ± 0,12 27,2 ± 0,04 27,8 ± 0,41 27,8 ± 0,05 28,4 ± 0,04 29,5 ± 0,06
pH 6 a 9 6,4 ± 0,33 6,48 ± 0,15 6,4 ± 0,61 6,3 ± 0,46 6,01 ± 0,04 6,1 ± 0,08
OD >6 e >5 mg/L 6,6 ± 0,16 7,9 ± 0,68 8,3 ± 0,82 6,9 ± 0,18 7,5 ± 0,1 7,3 ± 1,2
Cloreto 250 mg/L 24,9 ± 1,31 191,1 ± 84,7 56,4 ± 9,12 100,3 ±12,5 26,4 ± 1,7 17,0 ± 1,1
Condutividade ----- 389,7 ± 0,49 469,5 ± 48,2 311,2 ± 30,2 386,6 ± 5,66 387,3 ± 0,7 426,4 ± 1,1
Turbidez 40 UNT 1,6 ± 0,24 1,6 ± 1,83 1,6 ± 0,66 64,8** ± 2,69 7,7 ± 1,27 11,4 ± 3,9
*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
** Valores acima do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a
dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.
Tabela 2.3 E – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P6.
Parâmetros CONAMA
357/05
Classes 1 e 2
P6
Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ----- 27,6 ± 0,1 27,6 ± 0,06 28,2 ± 0,15 30,8 ± 0,26 30,6±0,05 31,7 ± 0,1
pH 6 a 9 7,4 ± 0,50 7,3 ± 0,44 7 ± 0,80 6,4 ± 0,06 6,3 ± 0,05 6,3 ± 0,1
OD >6 e >5 mg/L 9,2 ± 0,15 9,2 ± 0,11 9,3 ± 0,1 8,6 ± 0,29 9,4 ± 0,1 9,5 ± 1,1
Cloreto 250 mg/L 34,7 ± 4,02 173,4 ± 25,7 83,0 ± 10,3 75,2 ± 1,72 37,3 ± 1,5 34,3 ±1, 008
Condutividade ----- 462,9 ± 4,23 512,5 ± 0,75 390,3 ± 51,5 307,1 ±3,88 371,2 ± 0,86 368,9 ± 3,2
Turbidez 40 UNT 1,02 ± 0,2 0,92 ± 0,20 4,9 ± 0,91 3,0 ± 0,49 7,6 ± 1,01 5,0 ± 1,05
*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
*Precipitação média mensal em Natal no período de julho a dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.
78
Análise de resíduos de agrotóxicos
Dentre os compostos analisados pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco, nenhum
deles foi encontrado nas amostras de água do Rio Doce nem do poço (Tabela 2.1 e Anexo 3).
DISCUSSÃO
Atualmente, a qualidade ambiental dos corpos hídricos é um tema central em função
do aumento das atividades agrícolas e industriais, o uso e derramamento intensivo de
Figura 2.2 - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce e de um poço para água de captação subterrâena – representação gráfica. *UNF – Unidades Nefelométricas de Formazina (unidade da turbidez, sonda TROLL 9500)
79
agrotóxicos e substâncias tóxicas no meio aquático, que acabam por contribuir para a
contaminação de rios, lagos, lagoas e represas (Straskraba e Tundisi, 1999).
Segundo Rodgher et al. (2003) a avaliação de um ambiente necessita de algo mais
complexo e o melhor caminho seria a utilização de uma abordagem que integra dados físicos,
químicos e biológicos, isso porque os ecossistemas tendem a ser muito complexos e essa
complexidade afeta o destino, os efeitos dos poluentes e sua toxicidade para os organismos.
Resultados de ensaios crônicos com presença de toxicidade indicam a existência de algum
tipo de poluição no ambiente aquático. Os resultados dos testes de toxicidade crônica
indicaram a existência de toxicidade em todos os pontos amostrados, apresentando, entretanto
oscilações de acordo com os meses e com a precipitação.
A toxicidade de um rio cuja bacia é fortemente industrializada e urbanizada pode ser
causada por vários fatores; além disso, os componentes tóxicos presentes podem se concentrar
e se dispersar em diferentes períodos durante o ano (Viganó et al.,1996).
Segundo Magallona (1994) dentre os elementos básicos responsáveis pela dissipação
de agrotóxicos e outros compostos químicos, a chuva é um dos principais por ser a
responsável pela lavagem do solo carreando partículas e diversos compostos para dentro dos
corpos de água.
Segundo Nimmo (1985) uma vez na água, dependendo das características físico-
químicas o resíduo do agrotóxico pode tanto se ligar ao material particulado em suspensão,
como se depositar no sedimento do fundo ou ser absorvido por organismos. Eles podem ser
transportados através do sistema aquático por difusão nas correntes de água ou nos corpos dos
organismos aquáticos. Para o autor, alguns agrotóxicos e/ou metabólitos podem também
retornar à atmosfera por volatilização. Assim, fica evidenciado que há uma interação contínua
dos agrotóxicos entre sedimento e água, influenciada pelo movimento da água, turbulência e
temperatura. Desta interação, pode resultar inclusive maior tempo de exposição dos
organismos aquáticos aos compostos tóxicos.
Para Burton e Macpherson (1995) os agentes tóxicos não afetam as mesmas variáveis
biológicas e podem resultar em diferentes efeitos. Assim é importante escolher as variáveis
adequadas de avaliação (sobrevivência, reprodução, crescimento, mobilidade). Além disso, a
toxicidade de amostras ambientais nem sempre depende de um composto químico simples; a
interação entre os diferentes compostos e substâncias podem resultar na redução ou aumento
dos efeitos tóxicos (Branco, 1999).
Efeitos de toxicidade crônica podem ser causados por agentes físicos ou químicos
afetando uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como sobrevivência,
80
reprodução, crescimento e/ou comportamento, em um período de exposição que pode
abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou parte dele (BRASIL, 2005).
Com relação aos parâmetros físico-químicos analisados neste estudo o oxigênio
dissolvido (OD) e o pH foram os que apresentaram valores próximos (P3 e P4) e abaixo (P1)
do limite recomendado pela Resolução 357 do CONAMA (Tabela 2.3 – B, C e A). A NBR
13373 ABNT (2005) recomenda que o pH da água de cultivo da Ceriodaphnia dubia deve
estar entre 7,0 e 7,6. Portanto um dos fatores que podem ter levado à toxicidade no ponto P1
deve estar relacionado com os baixos valores de pH encontrado.
Os valores de oxigênio dissolvido estiveram entre 1,6 (novembro) e 5,5 (setembro)
para o ponto P3 e entre 4,9 (dezembro) e 5,4 (outubro) para o ponto P4. O ponto 6 (P6) está
localizado na saída da Lagoa de Extremoz; os pontos seguintes P3 e P4 encontram-se em
região com atividade de horticultura, enquanto que o ponto extremo a jusante P5 localiza-se
na Av. João Medeiros Filho, próximo ao local onde o Rio Doce deságua no estuário do Rio
Potengi. Os parâmetros que mais se destacam na figura 1.2 são OD (oxigênio dissolvido) e
pH (potencial hidrogeniônico). Verificou-se que as águas que abastecem o Rio Doce na saída
da Lagoa de Extremoz apresentam valores de OD acima de 8 e pH entre 6 e 8 durante todos
os meses amostrados. Estas águas, ao atravessarem a área onde são cultivadas as hortaliças
(P3 e P4), de maneira geral, tendem a apresentar valores mais baixos de OD e pH. Em P5,
após o trecho do rio onde são cultivadas as hortas, OD e pH são mais elevados. Isto significa
que as atividades de horticultura e o uso de agrotóxicos podem estar contribuindo para as
variações observadas.
A concentração de oxigênio dissolvido é uma das variáveis ambientais mais
importantes na dinâmica e caracterização dos ecossistemas aquáticos. Segundo Rodgher et al.
(2005), esta variável é influenciada por alterações sazonais na precipitação, temperatura e
vazão de água; os baixos níveis de OD podem ser resultantes da intensa decomposição de
matéria orgânica nos rios e reservatórios.
Para Viswanathan e Krishna Murti (1989) a solubilidade do oxigênio dissolvido
diminui com o aumento da temperatura, podendo causar efeito direto sobre os organismos de
forma que pode influenciar a resposta dos organismos aos componentes tóxicos,
principalmente as espécies tropicais. A solubilidade de muitos componentes químicos
depende do pH. Em determinadas condições este parâmetro, contribui para a precipitação de
elementos químicos tóxicos como metais pesados (Eaton et al., 1995). Este também é um
aspecto que pode influenciar na resposta dos organismos aos componentes tóxicos.
Segundo Esteves (1988) os ecossistemas aquáticos com baixo pH podem apresentar
81
altas concentrações de ácidos orgânicos; o autor ainda enfatiza que o pH pode sofrer
influência sazonal e apresentar baixos valores nos períodos de chuva, isso devido a água da
chuva ser normalmente ácida com pH entre 5 e 6. Outros fatores como descarte de restos de
mineração e a decomposição plantas também podem causar acidez das águas superficiais.
Os efeitos de toxicidade apresentados nesse estudo podem estar relacionados com uma
série de fatores; no entanto devido à atividade de horticultura com intensa utilização de
agrotóxicos na região do Rio Doce, um dos fatores que possivelmente poderiam comprometer
a qualidade da água deste rio e do poço para captação de água subterrânea estaria relacionado
dentre várias substâncias químicas oriundas da presença de resíduos de agrotóxicos. No
entanto, amostras de água do Rio e do poço coletadas nos mesmos pontos de amostragem para
os testes ecotoxicológicos e parâmetros físico-químicos foram enviadas para análise de
resíduos de agrotóxicos. Dentre os compostos analisados (tabela 2.1 e anexo 3), nenhum foi
encontrado nas amostras submetidas a análise.
Apesar do avanço de tecnologias onde é possível detectar se há contaminação por
agrotóxicos em sistemas hídricos, ainda existe muita dificuldade de se avaliar a contaminação
ambiental por agrotóxicos, principalmente em se tratando de organofosforados e carbamatos,
que possuem um ciclo de vida pequeno (degradabilidade) quando comparado com
organoclorados (IBGE, 2002; Buttler et al., 1998).
Estudos desenvolvidos em várias regiões do mundo têm mostrado que a porcentagem
dos produtos utilizados na agricultura que atinge os ambientes aquáticos é geralmente baixa
em parte devido ao efeito de diluição. Mas não exclui a possibilidade de que concentrações
muito altas venham a ocorrer após chuvas, especialmente quando as áreas próximas a
córregos foram recentemente tratadas com altas quantidades de agrotóxicos (Dores e De-
Lamonica-Freire, 2001).
CONCLUSÃO
Os ensaios dos testes de toxicidade crônica indicaram a existência de toxicidade, para
o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, em todos os pontos amostrados, apresentando,
entretanto oscilações de acordo com os meses de coleta.
A atividade de horticultura é ininterrupta na área de estudo no decorrer do ano.
Associa-se ao fenômeno de escoamento subterrâneo, mas principalmente ao escoamento
superficial, a presença de toxicidade nos meses de maior precipitação. Os diversos compostos
químicos que compõe os agrotóxicos e as partículas de sedimento que são carreados para a
82
drenagem podem contribuir para o comprometimento da qualidade da água do Rio Doce nos
meses em que ocorre precipitação. Analogamente, os meses de menor precipitação geralmente
denotam ausência de toxicidade para o organismo teste.
A análise dos parâmetros físico-químicos evidenciou, durante os seis meses de
amostragem, que as águas do Rio Doce, ao atravessarem a área onde são cultivadas as
hortaliças, de maneira geral, apresentaram valores mais baixos de OD e pH. E nos pontos
mais afastados das hortas os valores de OD e pH eram mais elevados.
Os resultados sugerem que as atividades de horticultura e o uso de agrotóxicos podem
estar contribuindo para as variações observadas, mesmo não sendo possível, neste estudo,
confirmar a presença de agrotóxicos na água do Rio Doce e do poço.
83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Toxicidade crônica – Método de ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustácea, Cladocera), São
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87
CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO
Sabe-se que o processo de crescimento de uma região ocorre a partir de seu
crescimento econômico e de sua capacidade de organização social aliada à preservação dos
recursos naturais. Assim a situação na região do Rio Doce merece total atenção da
comunidade científica, dos gestores dos setores público e privado, e da população, de forma
possam ser desenvolvidas ações planejadas que minimizem os danos ao meio ambiente e a
saúde humana; estas ações devem contemplar por exemplo, a proteção das fontes de água
subterrânea e superficiais, a gestão e o manuseio correto dos agrotóxicos em áreas de
produção das hortaliças e programas de educação ambiental que priorizem a preservação da
biodiversidade e dos recursos naturais.
Há necessidade também da realização de um monitoramento a longo prazo, com a
realização de análises dos parâmetros físico-químicos em água, conjugadas com ensaios de
toxicidade e análise de metais, tanto no compartimento água, quanto no sedimento. Sugere-se
também a realização de testes de toxicidade crônica com organismos aquáticos de outras
espécies, inclusive espécies nativas, a fim de fornecer resultados complementares a respeito
do impacto sofrido por este ecossistema.
88
APÊNDICE A - Tabela com os dados dos testes ecotoxicológicos (taxa de sobrevivência e média de filhotes), precipitação (janeiro a dezembro
de 2010) e média e o desvio padrão dos parâmetros físico-químicos (julho a dezembro de 2010).
P1 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Taxa de sobrevivência 80 70 90 70 60 70 0 0 30 70 0 80
Média de filhotes 0,4 0,1 0 0 0 0 0 0 0 0,9 0 0,2
Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Temperatura 27,6 ± 0,01 28,8 ± 0, 011 28,9 ± 0,03 29,7 ± 0,1 29,6 ± 0,1 29,3 ± 0,04
pH 7,4 ± 0,50 4,7 ± 0, 018 4,6 ± 0,21 4,9 ± 0,05 4,8 ± 0,01 4,9 ± 0,12
OD 9,2 ± 0,15 7,9 ± 0,41 8,7 ± 0,19 8,4 ± 0,57 4,4 ± 0,17 6,9 ± 0,7
Cloreto 34,7± 4,02 69,2 ± 2,92 43,8 ± 7,6 62,8 ± 0,2 37,9 ± 0,93 28,4 ± 1,3
Condutividade 462,9± 4,23 332,2 ± 0,40 197,4 ± 0,4 288,5 ± 10,5 295,7 ± 4,1 297,6 ± 0,9
Turbidez 1,02 ± 0,28 0,3 ± 0,40 8,7 ± 0,1 1,3 ± 0,8 0,3 ± 0,2 0,2 ± 0,1
P3 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Taxa de sobrevivência 30 50 50 60 50 50 40 100 40 90 60 90
Média de filhotes 0,3 1,2 0,4 0 1,2 0,3 0 0,4 0 2,5 0,8 0,7
Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Temperatura 27,2 ± 0,01 27,2 ± 0,03 27,3 ± 0,01 27,8 ± 0, 009 27,8 ± 0,02 28,5 ± 0,05
pH 6,3 ± 0,04 6,4 ± 0,09 6 ± 0,07 5,6 ± 0,09 5,5 ± 0,02 5,7 ± 0,2
OD 8,6 ± 0,52 6,9 ± 0,68 5,5 ± 0,05 1,8 ± 0,75 1,6 ± 0,11 2,1 ± 0,2
Cloreto 25,9 ± 1,34 111,9 ± 7,94 51,7 ± 3,29 59,4 ± 7,51 25,02 ± 1,1 20,6 ± 0,3
Condutividade 385,7 ± 1,86 401,9 ± 37,1 303,3 ± 3,48 230,3 ±1,34 216,1 ± 1,06 262,9 ± 2,6
Turbidez 3,1 ± 1,2 1,1 ± 0,56 3,1 ± 0,05 2,3 ± 0,15 2,8 ± 0,4 1,6 ± 0,4
89
P4 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Taxa de sobrevivência 40 50 20 50 50 30 80 40 0 100 20 100
Média de filhotes 0,1 0,5 0,1 0,2 0 0 0,5 0 0 2,4 0,2 2,2
Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Temperatura 27,0 ± 0,20 26,9 ± 0,02 27,1 ± 0,02 27,7 ± 0,02 27,8 ± 0,01 28,6 ± 0,04
pH 6,3 ± 0,17 6,3 ± 0,06 6,0 ± 0,03 5,8 ± 0,05 5,8 ± 0,03 6,0 ± 0,1
OD 4,4 ± 0,21 6,4 ± 1,4 6,0 ± 0,14 5,4 ± 0,20 5,1 ± 0,04 4,9 ± 0,1
Cloreto 22,6 ± 1,23 117,0 ± 9,95 52,1 ± 1,95 65,1 ± 9,7 25,3 ±1,84 22,5 ± 2,8
Condutividade 386,8 ± 0,34 420,4 ± 0,88 316,4 ± 0,40 329,4 ± 1,4 333,3 ± 0,5 383,7 ± 0,9
Turbidez 0,3 ± 0,22 1,5 ± 1,3 3,4 ± 0,36 16,2 ± 0,82 1,04 ± 0,2 1,3 ± 0,3
P5 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Taxa de sobrevivência 50 0 60 40 50 50 100 60 30 90 20 90
Média de filhotes 0,3 0 0,2 0,2 0 0 2,5 0 0 2,8 0,3 0,8
Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Temperatura 27,07 ± 0,12 27,2 ± 0,04 27,8 ± 0,41 27,8 ± 0,05 28,4 ± 0,04 29,5 ± 0,06
pH 6,4 ± 0,33 6,48 ± 0,15 6,4 ± 0,61 6,3 ± 0,46 6,01 ± 0,04 6,1 ± 0,08
OD 6,6 ± 0,16 7,9 ± 0,68 8,3 ± 0,82 6,9 ± 0,18 7,5 ± 0,1 7,3 ± 1,2
Cloreto 24,9 ± 1,31 191,1 ± 84,7 56,4 ± 9,12 100,3 ±12,5 26,4 ± 1,7 17,0 ± 1,1
Condutividade 389,7 ± 0,49 469,5 ± 48,2 311,2 ± 30,2 386,6 ± 5,66 387,3 ± 0,7 426,4 ± 1,1
Turbidez 1,6 ± 0,24 1,6 ± 1,83 1,6 ± 0,66 64,8 ± 2,69 7,7 ± 1,27 11,4 ± 3,9
90
P6 Jul Ago Set Out Nov Dez
Taxa de sobrevivência 10 10 0 9 30 100
Média de filhotes 1,5 0,2 0 0,4 0,1 2
Precipitação 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4
Temperatura 27,6 ± 0,1 27,6 ± 0,06 28,2 ± 0,15 30,8 ± 0,26 30,6 ± 0,05 31,7 ± 0,1
pH 7,4 ± 0,50 7,3 ± 0,44 7 ± 0,80 6,4 ± 0,06 6,3 ± 0,05 6,3 ± 0,1
OD 9,2 ± 0,15 9,2 ± 0,11 9,3 ± 0,1 8,6 ± 0,29 9,4 ± 0,1 9,5 ± 1,1
Cloreto 34,7 ± 4,02 173,4 ± 25,7 83,0 ± 10,3 75,2 ± 1,72 37,3 ± 1,5 34,3 ±1, 008
Condutividade 462,9 ± 4,23 512,5 ± 0,75 390,3 ± 51,5 307,1 ±3,88 371,2 ± 0,86 368,9 ± 3,2
Turbidez 1,02 ± 0,2 0,92 ± 0,20 4,9 ± 0,91 3,0 ± 0,49 7,6 ± 1,01 5,0 ± 1,05
91
ANEXO 1 – Normas para publicação - Capítulo de livro
LIVRO TEMÁTICO DO PRODEMA: MEIO AMBIENTE E SAÚDE HUMANA
(ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA: RIO GRANDE DO NORTE)
INFORMAÇÕES GERAIS:
O LIVRO: o objetivo da obra é apresentar à comunidade questões voltadas à compreensão da
relação entre o meio ambiente e a saúde humana em nível local, considerando as dimensões
sócio-econômica e do desenvolvimento. O conteúdo deve ser de caráter técnico, mas
apresentado em linguagem relativamente compreensível, em uma perspectiva de abordagem
multidisciplinar.
SUBMISSÃO DO TÍTULO: 24 de janeiro de 2011
PRAZO DE ENVIO: 28 de fevereiro de 2011
- O texto deverá ser digitado em tamanho de papel A4, fonte arial, tamanho da fonte 12,
espaço 1,5 linha, coluna simples e alinhamento justificado. As margens esquerda e direita
deverão ser de 3 cm, e as superior e inferior de 2,5 cm.
- Cada capítulo deve conter o mínimo de 15 (quinze) e o máximo de 20 (vinte) páginas; -
Deve ser enviado em meio digital para o endereço [email protected], com aviso de envio
para [email protected], em formato Word, incluindo as figuras e tabelas,
conforme formatação descrita a seguir.
FORMATAÇÃO DOS TEXTOS/CAPÍTULOS
A PÁGINA DE ROSTO DEVE CONTER, NESTA ORDEM:
1) Título do capítulo: escrito com letras maiúsculas, centralizado e em negrito;
2) Nome(s) do(s) autor(es): escrito com maiúsculas, centralizado e com respectivos
algarismos arábicos indicativos de respectivos vínculo(s) institucional(is) ou acadêmicos e de
seu(s) endereço(s) completo(s), incluindo o eletrônico;
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
O capítulo pode ter a estrutura de um artigo científico (Introdução; metodologia; resultados;
discussão; conclusão; referências) ou artigo de revisão (Introdução; delimitação do
problema; revisão bibliográfica sobre o tema; conclusões/considerações finais; referências).
92
As estruturas sugeridas são flexíveis, ou seja, os autores podem subdividir em itens ou não; no
entanto, os organizadores do livro reservam-se o direito de devolver o manuscrito para
eventual reestruturação. Recomenda-se que os capítulos contenham (na introdução ou revisão
bibliográfica) uma contextualização consistente do problema, sendo o assunto apresentado a
partir de aspectos gerais, no âmbito global ou nacional, para os aspectos locais específicos.
ILUSTRAÇÕES (FIGURAS)
- Deverá ser utilizada a denominação de “Figura” para designar fotografias, desenhos,
gráficos, mapas e esquemas no corpo do texto;
- As legendas das figuras devem estar numeradas com algarismos arábicos, como as
chamadas das mesmas no corpo do texto. As legendas deverão ser feitas com fonte arial,
tamanho da fonte 10, espaço 1,0 linha, justificadas e inferiores à figura, obedecendo aos
limites da área de impressão previamente estabelecidos;
- Quando da existência de figuras em mais de uma folha do texto, as mesmas deverão ser
chamadas no corpo do texto e agregadas no final do trabalho em uma prancha. O(s) autor(es)
poderá(ão) incluir 3 pranchas por capítulo, (correspondendo a 3 folhas do máximo de 20
permitidas por capítulo); serão aceitas figuras coloridas.
- As Fotografias devem ser nítidas, com bom contraste e com suas respectivas escalas gráficas
(vertical ou horizontal) na própria figura, quando necessário. No momento da digitalização
utilizar as seguintes definições mínimas de resolução: 300 ppp para fotos preto e branco; 600
ppp para desenhos a traço.
TABELAS
- As Tabelas devem ser geradas a partir dos recursos de tabela do editor de texto utilizado;
- As legendas das tabelas devem estar numeradas com algarismos arábicos, assim como as
chamadas das mesmas no corpo do texto. As legendas deverão ser colocadas acima das
tabelas, com fonte arial, tamanho da fonte 10, espaçamento entre linhas 1,0 e justificadas,
obedecendo os limites da área de impressão previamente estabelecidos.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos e indicações de financiamento devem ser relacionados antes do item
Referências, e deve ser restrito a pessoas e instituições financiadoras que apresentaram
estreita relação com o trabalho. O espaço destinado a este item será contabilizado para análise
do tamanho do manuscrito.
93
REFERÊNCIAS
- Citações bibliográficas devem ser feitas das seguintes formas: Smith (1990), Lent e Jurberg
(1965), Guimarães et al. (1983), (Smith 1990), (Lent e Jurberg 1965) e (Guimarães et al.
1983).
- Artigos de um mesmo autor (primeiro autor) devem ser arrolados primariamente em ordem
crescente do número de autores e secundariamente em ordem cronológica. Não incluir
referências de artigos não publicados (p. ex., relatório técnico, boletim de divulgação, texto
em jornal, e similares); monografias de conclusão de curso do CEFET e da UFRN podem ser
citadas.
As Referências mencionadas no texto devem ser arroladas no final do trabalho, obedecendo as
seguintes normas:
1) Periódicos
Carneiro, A.P.S.; Campos, L.O.; Gomes, M.F.C.F.; Assunção, A.A. 2001 Perfil de 300
trabalhadores expostos a sílica atendidos no ambulatorialmente em Belo Horizonte. Jornal de
Pneumologia, São Paulo, 28(6): 329 a 334.
Carneiro, A.P.S; Santos, M.A.M.; Maia, P.V. 2002 Lung cancer in workers exposed to silica.
Jornal de Pneumologia, São Paulo, 28: 233-236.
2) Livros
T.F. Glick. 1974.. The comparative reception of Darwinism. Austin, University of Texas,
505p.
3) Capítulo de livro
Hull, D.L. 1974. Darwinism and historiography, p. 388-402. In: T.F. Glick (Ed.). The
comparative reception of Darwinism. Austin, University of Texas, 505p.
4) Publicações eletrônicas
ILO 1999. Social and labour issues in small-scale mines - Report for discussion at the
Tripartite Meeting on Social and Labour Issues in Small-scale Mines. Geneva, 17-22 May.
Disponível na World Wide Web em:
http://www.ilo.org/public/english/dialogue/sector/techmeet/tmssm99/tmssmr.htm#N_1_
(05/06/2008)
94
RESPONSABILIDADE
A veracidade é de inteira responsabilidade do(s) autor(es); o teor gramatical,
independentemente de idioma, e científico dos artigos, passará por revisão, bem como a
formatação.
ATENÇÃO
Trabalhos enviados fora do prazo ou que não atendam às normas de formatação estabelecidas
terão a submissão desconsiderada.
95
ANEXO 2 – Normas para publicação – Artigo científico
Acta Limnologica Brasiliensia
Chief Editor Antonio Fernando Monteiro Camargo - [email protected]
Dept. Zoology, Institute of Biosciences, UNESP, P.O.
Box 510, ZIP Code:18618-000 Botucatu, SP, Brazil
Instructions to Authors
Preparing the Manuscript: Manuscripts submitted to ACTA LIMNOLOGICA
BRASILIENSIA should be original and not being considered for publication elsewhere. An
electronic version (in Word for Windows) of the manuscript, including tables and .figures
should be sent in one file to the Chief Editor. Manuscripts should be submitted in English and
an abstract in Portuguese must also be included. Authors whose native language is not
English are strongly advised to have their manuscript checked by an English-speaking
colleague prior to submission. Manuscripts must be typed in A4 paper, 17 x 23 cm, double-
spaced with wide margins. All the pages should be numbered; the same should be made for
all the lines of each page. Manuscripts should be examined by two peer reviewers.
Text: The following order must be used. First page: title in English (in bold type) and
Portuguese, authors, addresses (including e-mail addresses). All the authors should be
identified by a superscript number. Second page: Abstract (in English and Portuguese) and
keywords. Third and following pages: text of the article (Introduction, Material and Methods,
Results, Discussion, Acknowledgements and References). The following information should
accompany all species cited in the text: a) for zoology, the author name and the publication
date of the original description should be given the .first time that species is cited in the
article; and b) for botany, only the name of the author who made the description should be
given the first time that species is cited in the article.
Abstract: A concise abstract (250-300 words) should include the objectives, methods, major
results and conclusions. Four to .five keywords should be supplied. The same must be done
for the abstract in Portuguese.
Tables and Figures: Tables should be numbered consecutively with the Arabic numeration.
Each table must be typed on a separate sheet (using .doc extension for Word for Windows,
separated of the text). Figures should be numbered consecutively using the Arabic numeration
96
and typed on separate sheets ( using original version extension files, separated of the text).
Photographs in color can be used, but will be subjected to payment of charges. Tables and
figures must be mentioned in the text.
Units, Symbols: For decimal numbers use commas "," when the article is in Portuguese (10,5
m) and point "." when the article is in English (10.5 m). Use the International System Units
(SI), separating the units from the value with a space (except in the case of percentages); use
abbreviations always when possible. For compost units use exponentials and not bars (Ex.:
mg.day-1
instead of mg/day, Xmol.min-1
instead of Xmol/min). Do not add spaces to change
the line if a unit does not fit in the line.
References: Citation in the text:
Use the name and year system:
Silva(1989);
(Silva, 1980);
(Silva and Cardoso, 1994).
For more three authors use "et al."
Citations from the list of references in line with ISO 690/1987: All references cited in the
text should be listed alphabetically in capital letters according to the first authors, References
should start on a separate sheet.
Examples:
Journal:
The academic paper references must be presented in the correct established way: name of the
author abbreviated (surname, given name), title of work, journal title abbreviated according to
CCN - Catálogo Coletivo Nacional (http://ccn.ibict.br/ busca.jsf ), publishing date, issue
number, and page numbers without the omission of any relevant information. TERRA, NR.,
FEIDEN, IR., FACHEL, JMG., LEMOS, CT. and NUNES, EA. Ecotoxicological evaluation
of sediment and water samples from Sinos River, Rio Grande do Sul, Brazil, using Daphnia
magna and V79 cells. Acta Limnol.Bras., 2008, vol. 20, no. 1, p. 63-72.
Chapter or Section in Book:
YUNES, J., MATTHIESEN, A., CARNEIRO, C., BECKER, V. and CARVALHO, MC.
Florações de cianobactérias tóxicas : Mãos à obra ao problema. In: Roland, F., César, D. and
Marinho, M. (eds.). Lições de limnologia. São Carlos:RimaEditora, 2005. p. 299-323.
97
Book:
ESTEVES, FA. Fundamentos de Limnologia. 1a ed. Rio de Janeiro: Interciência - FINEP,
1988; 545 p.
Thesis:
MARINHO, M. Dinâmica da comunidade fitoplanctônica de um pequeno reservatório
densamente colonizado por macrófitas aquáticas submersas (açude do Jacaré, Mogi-Guaçu,
São Paulo, Brasil). Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, 1994. [Master thesis in
Botany]
Offprints:
One complimentary copy of the issue and thirty o. prints will be sent to the first author of the
article. In case the Brazilian Society of Limnology have no available funds for the
publication, a payment of page cost will be charged from authors of the article.