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13/11/2015 Publicacao [37425201288906Acórdãos10/11/2015Acórdãos] http://www.trt9.jus.br/internet_base/publicacaoman.do?evento=Editar&chPlc=6839283&procR=AAAS5SAFCAAL6d8AAU&ctl=3870 1/13 Consulta Processual PJeJT INSTITUCIONAL Quem Somos Agenda da Presidência Agenda da Corregedoria Atos da 9ª Região Biblioteca Centro de Memória Composição Comissão de Acessibilidade Comissão Socioambiental Corregedoria Escola Judicial Gestão Documental Ouvidoria Planejamento Estratégico PROCESSOS Bases jurídicas Consulta de códigos Pautas Pesquisa Processual Plantão Judiciário Precatórios Processo Eletrônico PJeJT Push Sustentação oral INFORMATIVOS Assessoria de Comunicação Boletim econômico Calendário Endereços e jurisdição Estatística Nona Recurso de revista Revista Eletrônica Uniformização de Jurisprudência OUTRAS INFORMAÇÕES Certidão Negativa Certidão CNDT Concursos / Remoções / Estágio Guias / Valores Intranet Contas públicas / Licitações Programa Trabalho Seguro Links Consulta numeração CNJ Número Dígito Ano 5 09 Ir TRT Número Ano V

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Consulta Processual PJe­JT

INSTITUCIONAL Quem Somos Agenda da Presidência Agenda da Corregedoria Atos da 9ª Região Biblioteca Centro de Memória Composição Comissão de Acessibilidade Comissão Socioambiental Corregedoria Escola Judicial Gestão Documental Ouvidoria Planejamento Estratégico

PROCESSOS Bases jurídicas Consulta de códigos Pautas Pesquisa Processual Plantão Judiciário Precatórios Processo Eletrônico PJe­JT Push Sustentação oral

INFORMATIVOS Assessoria de Comunicação Boletim econômico Calendário Endereços e jurisdição Estatística Nona Recurso de revista Revista Eletrônica Uniformização deJurisprudência

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CNJ: 0001646­81.2012.5.09.0088TRT: 37425­2012­088­09­00­6 (RO)

PUBLICAÇÃO

brasaoPODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO"Conciliar também é realizar justiça"

3ª TURMA

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO. AUSÊNCIA DE SETOR DE ISOLAMENTO DEFINIDO. O anexo 14 da NR 15 determina o pagamento doadicional de insalubridade em grau máximo em caso de contato permanente em setor de isolamento. No caso, ficou evidenciado pela prova pericial, quehavia contato permanente com doenças infectocontagiosas, porque não havia um Setor de Isolamento, como um local definido fisicamente. O local deisolamento variava conforme o paciente que precisava ser isolado. Essa situação fazia com que os trabalhadores envolvidos com pacientes isoladospassassem a ter contato direto com agentes insalubres potenciais. Nega­se provimento ao recurso da ré.

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS ORDINÁRIOS, provenientes da 23ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBArecorrentes FUNDAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIENCIA, TECNOLOGIA E DA CULTURA,CARINA DE SOUZA OLIVEIRA e MUNICÍPIO DE CURITIBA e recorridos OS MESMOS.

I ­ RELATÓRIO

Inconformadas com a sentença de fls. 626­652, complementada pela decisão resolutiva de embargos de fls. 669­671, ambas proferidas pelo Exmo. Juizdo Trabalho José Alexandre Barra Valente, que acolheu parcialmente os pedidos, recorrem as partes.A primeira ré postula a reforma da sentença quanto aos seguintes itens: enquadramento sindical, horas extras ­ validade do regime pactuado, horasextras ­ pela eventualidade empregada horista, intervalos ­ ônus da prova, adicional de insalubridade, validade do aviso prévio e justiça gratuita (fls. 675­711)Custas recolhidas à fl. 712. Depósito recursal efetuado à fl. 713­714.Contrarrazões apresentadas pela autora às fls. 772­790.A autora postula a reforma da sentença quanto aos seguintes itens: isonomia/diferenças salariais, isonomia salarial, base de cálculo do adicional deinsalubridade, horas excedentes da quarta e pedidos sucessivos, enquadramento sindical, intervalo do artigo 71 da CLT, salário maternidade, multa doartigo 467 da CLT e honorários advocatícios (fls. 715­736).Contrarrazões apresentadas pelo segundo réu às fls. 742­747.Contrarrazões apresentadas pela primeira ré às fls. 755­771.O segundo réu, através do recurso ordinário de fls. 748­754, postula a reforma da sentença quanto à responsabilidade subsidiária.Contrarrazões apresentadas pela autora às fls. 772­790.O Ministério Público do Trabalho em parecer da lavra do/da Exmo/Exma. Andréa Ehlke manifestou­se pelo improvimento do recurso interposto peloMunicípio de Curitiba, bem como pelo prosseguimento dos demais apelos (fls. 798­800).

II ­ FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos ordinários interpostos, assim como das respectivas contrarrazões.

MÉRITO

RECURSO ORDINÁRIO DE FUNDAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PARA O DESENVOLVIMENTO DACIENCIA, TECNOLOGIA E DA CULTURA

1. Enquadramento sindical (análise conjunta)

A autora foi contratada pela primeira ré (FUNPAR) em 08/03/2010 para trabalhar como médica plantonista.A controvérsia discutida neste ponto é com relação às normas coletivas aplicáveis à hipótese dos autos. A autora juntou com a inicial a CCT firmada entreos sindicatos SINDIPAR (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná) e SIMEPAR (Sindicato dos Médicos no Estado doParaná, fls. 40 e seguintes). A ré juntou os ACTs que firmou com o SENALBA , tratando especificamente de seus empregados lotados emAdministração/Convênios/Contratos (fls. 448 e seguintes).O MM Juízo de origem entendeu que nenhuma das normas coletivas juntadas aos autos podem ser aplicadas ao caso porque "[1º] pela parte reclamante foram firmadas por uma categoria econômica que não representa a 1ª reclamada; e, [2º] as normas coletivas juntadas pela 1ªreclamada não foram firmadas pelo sindicato que representa a categoria diferenciada dos médicos" (fl. 643)A reclamada defende a aplicação das normas coletivas firmadas com o SENALBA porque são específicas aos empregados da reclamada lotados nasUnidades de Saúde, como é o caso da autora. Explica que é uma Fundação que desenvolve atividades técnicas, de consultoria, científicas eadministrativas, a instituições públicas ou privadas, pelo que não se caracteriza como hospital ou estabelecimento de serviço de saúde. Destaca que emação coletiva movida pelo SIMEPAR em face da FUNPAR foi decidido pela aplicação da categoria preponderante da FUNPAR. Pede a reforma da decisãopara que seja reconhecida a aplicação das normas coletivas que firmou por meio dos sindicatos representativos da categoria preponderante (fl. 677­683).A autora insiste que o sindicato representativo de sua categoria profissional é o SIMEPAR porque era integrante de categoria profissional diferenciada, poisfoi registrada pela FUNPAR, mas sempre laborou dentro de CMUM (Centro Municipal de Atendimento de Emergências Médicas), cuja atividadepreponderante é o serviço médico. Aduz que a reclamada reconheceu tacitamente o enquadramento sindical da autora com o SIMEPAR porque o TRCT foihomologado perante esse sindicato, o que entende afastar a incidência da Súmula 374 do TST. Alega que a decisão afronta o parágrafo 3º do artigo 511da CLT. Postula a reforma a decisão para que sejam reconhecidos como válidos os instrumentos coletivos juntados com a exordial (fl. 726­728).Analiso.A definição do enquadramento sindical ocorre na forma das disposições contidas no título V, capítulo II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De

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A definição do enquadramento sindical ocorre na forma das disposições contidas no título V, capítulo II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Deacordo com o artigo 570 e seguintes, a categoria profissional é definida segundo o ramo da atividade preponderante da empresa, salvo para as categoriasdiferenciadas (CLT, art. 511, parágrafo 3.º), que são definidas pela própria profissão ou função exercida pelo empregado, independentemente daatividade do empregador, sistema esse que foi preservado na integralidade pela atual Constituição da República de 1988 (art. 8.º, I a VIII).Entretanto, ainda que a reclamante faça parte de categoria diferenciada, para a aplicação das convenções coletivas destas categorias, é essencial que oempregador tenha participado das negociações coletivas, o que não ocorreu no caso ora em análise, pois as normas coletivas juntadas aos autos revelamque o Sindicato representante da categoria econômica preponderante da primeira ré (SENALBA) não firmou convenção coletiva com o SIMEPAR (fls. 40­50e 448­495).O local de homologação do TRCT e a destinação das contribuições sindicais não afastam essa conclusão, nem mesmo importam em reconhecimento tácitoda aplicação das normas firmadas pelo SIMEPAR, pois estes não são requisitos legais para o enquadramento sindical (art. 570, da CLT e seguintes).Não há afronta ao disposto no §3º do artigo 511, da CLT, pois embora a reclamante pertença à categoria profissional diferenciada, não tem direito àsvantagens previstas no instrumento normativo da categoria dos empregados e estabelecimentos de serviços de saúde, porque a reclamada não foirepresentada por órgão de classe de sua categoria, quando da elaboração do referido instrumento normativo.Não é outro o entendimento estampado na jurisprudência cristalizada do C. TST, conforme Súmula nº 374, in verbis: "NORMA COLETIVA. CATEGORIADIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA. Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagensprevistas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria".Conclusivo, pois, que nos termos da Súmula mencionada, o empregado não se beneficia de normas coletivas que não foram objeto de pactuação porentidade de classe representativa da empresa, decorrendo daí a impossibilidade de se considerá­la obrigada por algo com que não se comprometeu.Nesse passo, a respeito da Súmula 374 do TST, acompanho os argumentos da Exma. Desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, proferidos nos autos21471­2012­007­09­00­9, publicado em 25/11/2014, em caso envolvendo as mesmas normas coletivas questionadas nestes autos:"Saliente­se a mens legis da Súmula 374 do C. TST, na medida em que pretende assegurar a participação de todos os envolvidos no entabulamento denorma coletiva, não apenas visa a assegurar a segurança jurídica, mas sobretudo convoca os sindicatos de categorias diferenciadas a suscitarinstrumentos coletivos específicos nas hipóteses em que o objeto da reclamada envolve mais de uma categoria.Assim, conquanto a reclamada preste, em grande maioria, serviços na área da saúde, cumprirá ao Sindicato das categorias diferenciadas buscar aempresa para negociar eventuais condições distintas e peculiares que lhes tocam, ante a restrição sumular apontada.(...)"Dessa forma, resta afastada a aplicação das normas coletivas juntadas com a inicial (SIMEPAR). Nesse sentido já se posicionou esta E. 3ª Turma nosautos 32626­2012­003­09­00­7, publicado em 29/08/2014 e 21471­2012­007­09­00­9, publicado em 25/11/2014, ambos da lavra da ExmaDesembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão; 14037­2012­651­09­00­0, de lavra da Exma. Relatora Fátima T. L. Ledra Machado, publicado em22/01/2014; e, 25.270­2012­014­09­00­9; e, de lavra da Exmo. Relator Archimedes Castro Campos Júnior, publicado em 09/09/2014, todos envolvendoa mesma ré.Com relação à aplicação das normas coletivas firmadas com o SENALBA, adoto os fundamentos expostos da decisão proferida pela 1ª Turma, na açãocoletiva ajuizada pelo SEMEPAR em face da FUNPAR, na qual se decidiu pela aplicação das normas coletivas da categoria preponderante da FUNPAR"(...) Não se nega que os substituídos integram categoria profissional diferenciada (médicos). Contudo, não há prova de que a recorrida participou, sejadiretamente, seja por meio de sua entidade sindical, de qualquer negociação coletiva com a categoria diferenciada. Aliás, sequer há pedido de aplicaçãode norma coletiva supostamente assinada pelo sindicato autor.Nesse contexto, ou se considera aplicável aos substituídos a norma coletiva da atividade preponderante do empregador ou se entende que aossubstituídos não incide qualquer norma coletiva. De plano, vê­se que essa última conclusão deve ser afastada.Isso porque a autorização legal para a formação de sindicatos de empregados pertencentes a categorias profissionais diferenciadas objetiva a melhoria dacondição social de tais trabalhadores, consideradas as especificidades da profissão.Contudo, como já ressaltado, não houve pedido de aplicação da norma coletiva firmada pelo sindicato autor, representante da categoria diferenciada.Também não há prova de que a ré tenha se furtado à negociação coletiva com o recorrente. Ao contrário, como bem ponderou o Juízo a quo, a ré juntouos documentos de fl. 840/843, em que o SIMEPAR concordou com a exclusão da FUNPAR do Dissídio Coletivo por aquele suscitado.Nesse quadro, mesmo integrando os substituídos categoria diferenciada, a eles são aplicáveis as normas coletivas do sindicato representativo do conjuntode trabalhadores da empresa, já que se presume que estabelecem condições de trabalho melhores que as normas gerias de proteção ao trabalhador. Eis oprincípio da adequação setorial negociada.Entendo, outrossim, que o atendimento médico em Centros de Urgência e Emergência (CMUM's) e Hospital faz sim parte do objeto social da ré, já quedentre os objetivos desta insere­se genericamente "promover e apoiar a execução de programas e eventos, de ensino, de pesquisa, de extensão, dedesenvolvimento institucional, científico e tecnológico, de assistencial social e de saúde (...) (fl. 43, art. 2º, 'a'). Nesse passo, reconheço a aplicação das normas coletivas firmadas entre a primeira reclamada e o SENALBA­PR, porque tratam especificamente dosempregados lotados em Administração/Convênios/Contratos, no que se inclui a reclamante.Por todo o exposto, dou provimento ao recurso da primeira reclamada e nego provimento ao recurso da autora.

2. Horas extras

Analiso neste tópico os itens 3 e 4 do recurso do réu (horas extras­ validade do regime de compensação e horas extras ­ empregada horista)O Juízo de origem argumentou que o regime de plantões de 12 horas somente pode ser reconhecido em caso ter um acordo ou convenção coletiva detrabalho permitindo essa forma extraordinária de trabalho. Julgou parcialmente procedente o pedido de horas extras, para condenar a 1ª reclamada aopagamento de horas excedentes da 8ª diária, especificamente nos dias em que houve plantão de 12 horas, porque entendeu que nenhuma das normascoletivas juntadas aos autos pode ser aplicada para dirimir as controvérsias relativas a jornada de trabalho. Constou da r. sentença: (fl. 644)"Inicialmente, observo que não houve impugnação específica quanto a veracidade dos controles de ponto (horários de entrada e saída dos documentosjuntados às fls. 404­430) na manifestação da parte reclamante (fls. 499503), que ateve­se a indicar, erroneamente, "a falta de anotação do intervalointrajornada". A lei permite que o intervalo intrajornada seja pré­assinalado (CLT, artigo 74, § 2º), motivo pelo qual a falta de registro do período dedescanso não significa, de plano, que ele não foi gozado pelo trabalhador.Válidos, assim, os controles de ponto juntados pela 1ª reclamada.Discute­se, agora, qual seria a jornada laboral da parte reclamante.A súmula nº 370 do TST afasta, de plano, a tese da inicial, no sentido de que a jornada seria de 4h diárias e 20h semanais. Improcede o pedido nesseaspecto.Todavia, permanece o pedido sucessivo de horas extras pela jornada de 8h diárias e 44h semanais (CRFB, artigo 7 º, XIII c.c. CLT, artigo 58).Pois bem. Ainda que a Lei nº 3.999/1961 não garanta uma jornada reduzida para os médicos, mas apenas o piso salarial para um trabalho de 4 horasdiárias (inteligência da súmula nº 370 do Colendo TST), não se pode admitir que a categoria diferenciada desses profissionais esteja alijada daregulamentação trabalhista no que pertine ao tema duração do trabalho, como parece ser a linha de interpretação da 1ª reclamada ao dispor que a partereclamante foi contratada "em regime de horista de plantões".Ora, é um pouco mais do que óbvio nesta quadra da história do ordenamento jurídico pátrio ­ pautado sob o paradigma do Estado Democrático de Direito­, que não se poderá admitir que uma parcela dos trabalhadores fique afastada da limitação de jornada disposta no texto constitucional (CRFB, artigo 7º,XIII), pelo simples fato de que "recebia o seu salário por hora laborada"!Ainda que o cálculo do salário obedeça ao número de horas laboradas em determinado lapso temporal, a jornada não poderá ultrapassar os limitesdispostos na legislação ­ 8h diárias e 44h semanais, motivo pelo qual são constitucionalmente inadequadas as decisões citadas na defesa da 1ª reclamadaque afastam o direito às horas extras "pelo simples fato de o médico ser horista". Para entender essa falácia, basta ver que o próprio TST só admite avalidade da jornada 12x36 dos vigilantes quando firmada mediante acordo coletivo (súmula nº 444). Ora, nessa linha, poderia ser diferente com osmédicos ou outros trabalhadores que passem a cumprir uma jornada de 12 horas de trabalho? Evidente que não! Enfim, se a 1ª reclamada possui a necessidade de dispor dos médicos numa jornada variável de 4h, 6h, 8h, 10h, 12h ou 24h, deverá: [1º] organizar otrabalho para que, no dia e na semana, não sejam ultrapassados os limites da legislação ­ 8h diárias e 44h semanais ­, sob pena de ter que pagar horasextras; e, [2º] no caso dos plantões de 10h, 12h ou 24h (no caso dos autos os plantões eram de, no máximo, 12 horas), ter um acordo ou convençãocoletiva de trabalho permitindo essa forma extraordinária de trabalho, pois é para isso que o texto constitucional instituiu o "reconhecimento das

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coletiva de trabalho permitindo essa forma extraordinária de trabalho, pois é para isso que o texto constitucional instituiu o "reconhecimento dasconvenções e acordos coletivos de trabalho" (CRFB, artigo 7º, XXVI), ou seja, a norma constitucional alçou o sindicato ao posto de protagonista dasrelações de trabalho para que pudesse, em democrática negociação coletiva com os empregadores ou outros sindicatos, instituir regras específicas sobrecondições laborais não abarcadas na legislação ordinária (como ocorre na hipótese dos autos).Do contrário, pergunta­se, para quê servem os sindicatos? Será que é possível afastar a jornada disposta na Lei Magna mediante negociação individualentre o trabalhador e o empregador?Registre­se (de novo!) que, no caso dos autos, nenhuma norma coletiva apresentada pelos litigantes pode ser aplicada para dirimir as controvérsiasenvolvendo o tema jornada de trabalho por que: [1º] as normas juntadas pela parte reclamante foram firmadas por uma categoria econômica que nãorepresenta a 1ª reclamada; e, [2º] as normas coletivas juntadas pela 1ª reclamada não foram firmadas pelo sindicato que representa a categoriadiferenciada dos médicos.Os controles de ponto juntados às fls. 404 indicam que, no geral, a jornada de trabalho da reclamante nunca ultrapassou a média de 44 horas semanais(com exceção dos períodos laborados nos cartão de ponto de fls. 406, 409 e 411 como explicarei abaixo).Todavia, em algumas oportunidades houve trabalho em plantões de 12 horas [a questão do intervalo intrajornada será tratada em tópico específico] enesses casos (vide, por amostragem, os controles de ponto de fls. 405 [quatro plantões] e 407 [sete plantões]), deveria ter sido pago o adicional de horasextras, pois ultrapassado o módulo diário de 8 horas [isso sem falar no cartão de ponto de fl. 406, onde fica provado o cumprimento de cinco plantões de12 horas e dois dias laborados com mais de doze horas, um dia com 21h de trabalho e outro com 17h54min], não sendo possível falar em "compensação"pela "folga" em outros dias da semana, uma vez que nada foi entabulado entre as partes nesse sentido.Tal constatação torna despiciendo analisar qualquer "demonstrativo de horas extras", pois o labor extraordinário sem o devido pagamento é evidente.Portanto, julgo parcialmente procedente o pedido de horas extras, para condenar a 1ª reclamada ao pagamento de horas excedentes da 8ª diária,especificamente nos dias em que houve plantão de 12 horas, as quais devem ser apuradas com base nos seguintes parâmetros: [a] aplicação dosadicionais normativos, ou na ausência deste, o que está previsto na legislação nacional; [b] observar o contador do Juízo o valor da hora trabalhada peloscontroles de ponto e holerites, uma vez que se tratava de horista, sendo desnecessária, agora, a definição imediata de um divisor; [c] a base de cálculo éo salário pago a parte reclamante, conforme dispõe a súmula nº 264 do TST, inclusive o adicional de insalubridade (OJ nº 47 da SDI1 do TST); [d] naapuração das horas extras devem ser considerados apenas os dias efetivamente laborados, excluídos os afastamentos e as faltas, tudo com base noscontroles de ponto, devendo o contador do Juízo observar o parâmetro de apuração da parte reclamada, bem como a disposição contida no artigo 58 § 1ºda CLT c.c. súmula nº 366 do C. TST, além dos termos dos itens VIII e IX da OJ nº 33 da Seção Especializada de Execução deste Egrégio TRT; [e] naausência de algum controle de ponto deve ser aplicada a regra jurisprudencial contida no item VI da OJ nº 33 da Seção Especializada de Execução desteEgrégio Regional ("Silente o título executivo quanto ao critério a ser adotado para a apuração de horas extras nos meses em que não foram apresentadosos registros, deve­se adotar a média física apurada com base nos controles juntados aos autos dos meses efetivamente trabalhados"); [f] inaplicável odisposto na súmula nº 85, itens III e IV, do TST, face a inexistência de um regime de compensação de jornada; [g] cabem as repercussões sobre repousosemanal remunerado (domingos e feriados), férias + 1/3, décimo terceiro salário e depósitos de FGTS + indenização compensatória de 40%, observadosos termos da OJ nº 394 da SDI1 do C. TST; [h] o adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no horário noturno, na forma daOJ nº 97 da SDI1 do Colendo TST e da súmula nº 60, item I do mesmo Tribunal, devendo o contador do Juízo observar a existência de pagamento daparcela ao longo do contrato, para fins de evitar o bis in idem; [i] o trabalho em domingos e feriados, sem a devida folga na semana respectiva, gera opagamento em dobro das horas trabalhadas nesses dias, na forma da súmula nº 146 do Colendo TST; e, por fim, [j] não há o que compensar ou deduzir,uma vez que a reclamante nunca recebeu horas extras ao longo do pacto laboral. O aviso prévio foi laborado, motivo pelo qual não há repercussão alguma.Ficam desde já expressamente rejeitados todos os outros parâmetros de apuração postulados pelas partes litigantes ao longo do processo que nãotenham sido expressamente indicados acima."A reclamada sustenta que os ACTs juntados às fls. 645/734 permitem a adoção dos regimes de plantões e trazem jornada de trabalho benéfica aotrabalhador, pelo que deve ser afastada a condenação em horas extras, pois a autora cumpria jornada semanal de 44 horas e recebeu a integralidadedelas. Sucessivamente, alega que trabalhou em plantões de apenas seis horas ou 12 horas, em média 03 vezes na semana, e que havia umacompensação semanal válida, tanto que constou na sentença que "no geral a jornada de trabalho da reclamada nunca ultrapassou a média de 44 horassemanais". Pede a reforma da decisão a quo para excluir a condenação em horas extras superiores à oitava diária e 44h semanais, reconhecendo­se avalidade do regime adotado. Postula também a exclusão dos reflexos salariais da condenação e que incida apenas o adicional sobre as horas deferidas emsentença, por aplicação analógica à Súmula 340 do TST. (fls. 684­690)Analiso.De início, destaco que se aplicam ao caso as normas coletivas juntadas pela ré (fls. 448 e seguintes), conforme exposto no item 1, ao qual remeto porbrevidade. Com relação à jornada, esses instrumentos normativos trazem a seguinte previsão (por exemplo ACT 2009/2010, fl. 451)CLÁUSULA NONA ­ INTEGRAÇÃO DE HORAS EXTRASAs horas extras, habituais ou não, deverão ser computadas pela média mensal no cálculo de férias, inclusive o que trata o artigo 7º inciso XVII, daConstituição Federal ­ CF, 13º salário, aviso prévio, indenização por tempo de serviço, descanso semanal remunerado ­ DSR, gratificações e Fundo deGarantia por Tempo de Serviço ­ FGTS.(...)Parágrafo quarto: Faculta­se a adoção das seguintes jornadas de trabalho em regime de plantões:a ­ 12x36b ­ 12x48c ­ 12x60"Muito embora a 1ª ré suscite a incidência dos acordos de compensação de jornada previstos em norma coletiva, não houve, na prática, a efetivação dequalquer um deles. Ou seja, apesar da previsão para regime de plantões em escalas 12x36, 12x48 e 12x60, não há elemento nos autos que permitadefinir o regime de plantão adotado no contrato de trabalho da autora. O contrato de trabalho não especifica a jornada de plantão que seria aplicada àautora, conforme se observa na transcrição a seguir: (fl. 373)"O empregado prestará serviços em plantões de 06 ou 12 horas conforme escala de trabalho, sendo que a carga horária mínima prevista será de 66(sessenta e seis) horas mensais, sendo pelo menos 12 (doze) delas em plantões de finais d da semana ou feriados, Para os médicos que optarem portrabalhar exclusivamente em plantões de finais de semana e feriados, a carga horária mínima prevista será de 36 (trinta e seis) horas mensais, dividiasem plantões de 06 ou 12 horas."Os cartões ponto não informam no cabeçalho a jornada contratual, nem mesmo apresentam uma constância dos dias de plantões. Neles se observa que aautora trabalhava em plantões de 06 e de 12 horas, em dias variados. Por exemplo, trabalhou 06:12 na segunda, 11:20 na terça e 06:00 na quarta feira(dias 22, 23 e 24 de maio), na semana seguinte trabalhou 06:00 na segunda, 06:00 na terça e 05:35 na quarta e 12:00 no sábado (dias 29, 30 e 31 demaio, fl. 410); no período entre agosto/setembro trabalhou 04:27 na quarta, 05:47 no sábado, 05:17 na segunda, 05:10 na segunda, 04:52 na quarta,05:16 na segunda e 05:09 na quarta (dias 18, 21, 23, 25 e 30 de agosto , e 01, 06, e 08 de setembro). Desse modo, observa­se que a autora não seativava em nenhum dos regimes previstos no ACT, pois realizava geralmente plantões de 12 horas mas não seguia nenhum parâmetro na jornada detrabalho e dias de descanso.Ademais, laborava em plantões que ultrapassavam o limite de 12 horas previsto na norma coletiva, servindo de exemplo o dia 06/10/2010 (fl. 411),quando trabalhou por mais de 17 horas, e 24/11/2010 quando trabalhou por mais de 18 horas (fl. 413).Assim, ainda que se falasse em aplicação dos acordos coletivos juntados pela 1ª ré, a autora não foi submetida aos regimes de compensação neleprevistos (12x36, 12x48 ou 12x60). A reclamante não se submeteu a qualquer regime de compensação, mas apenas laborava sem dias fixos, às vezestrabalhando em dias seguidos, às vezes com considerável espaço de tempo entre eles.A prova oral também não permite estabelecer a frequência da escala para a qual a autora foi contratada: (depoimentos gravados pelo sistema FIDELIS etranscritos a seguir)Depoimento da autora: perguntada se ela tinha dois tipos de plantões um de 6 e um de 12 disse que sim. Perguntada sobre qual período ela fazia oplantão de 6 horas disse que a maioria era de tarde, na terça de tarde. Houve um período que ela fez 6 horas de manhã. Perguntada nesse intervalo de 6horas à tarde se ela fazia intervalo para lanche disse que não fazia. Também quando fez os plantões pela manhã trabalhando 6 horas não fez intervalo

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horas à tarde se ela fazia intervalo para lanche disse que não fazia. Também quando fez os plantões pela manhã trabalhando 6 horas não fez intervalopara lanche. O plantão de 12 horas era das 7 da manhã às 19 horas"Depoimento da testemunha indicada pela autora, Andreia Mycheli Lima Arcega: ": perguntada sobre que plantões ela fazia disse que de pediatra comcarga horária de 6 ou 12 horas. Perguntada se fez algum plantão de 6 horas junto com a autora disse que sim, e que nesses intervalos não faziamintervalo para lanche. Plantão de 12 horas ela não fez junto com a autora"Logo, por mais que houvesse previsão normativa para adotar plantões em escalas, não é possível validar a compensação semanal alegada pela ré porquenão estipulado previamente com a autora. O acordo de compensação deve ser cumprido em seus estritos termos, justamente para que se proteja a saúdedo trabalhador que já estará em situação mais gravosa do que a normal. O acordo de compensação semanal deve ser feito por escrito e deve conter oshorários destinados à prorrogação e à compensação das jornadas, pois do contrário o trabalhador ficaria ao arbítrio do empregador no que se refere àdefinição do seu tempo livre.Também não existe razão a se acatar a tese de que apenas o labor que exceder a 44ª hora semanal deve ser considerado como extra. Embora a Súmula370 do TST não tenha reconhecido que a Lei 3.999/61 limite a jornada diária do médico a 04 horas, traz expressamente em seu texto que "falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que seja respeitado o salário mínimo/horário das categorias". O enunciado é decorrência dagarantia constitucional do empregado à jornada de 08 horas diárias, prevista no art. 7º, XIII da Carta Política.A previsão contratual de pagamento por hora trabalhada e de plantões de 6 ou 12 horas não autoriza o cumprimento de jornada diária com duraçãosuperior ao limite legal de 8 horas, sem o pagamento do labor extraordinário, quando ausente a prática de compensação. Assim, aplica­se ao caso o limitegeral de 8 horas de trabalho, por mais que a autora fosse contratada para laborar em plantões, pois tal sistemática não lhe retira o direito de recebercomo extras as horas que ultrapassam a jornada ordinária.No mesmo sentido já se posicionou esta E. 3ª Turma nos autos 4555­2014­005­09­00­7, publicado em 24/04/2015, da lavra do Exmo DesembargadorAramis de Souza Silveira. Por outro lado, como bem observou o Exmo Desembargador Revisor, Dr. Aramis de Souza Silveira, tendo em vista que a remuneração da autora eracalculada por hora trabalhada (conforme dispõe o contrato de trabalho ­ fl. 373), é devido apenas o adicional de horas extras nas ocasiões emque laborou além da jornada de 8 horas, pois nas "horas normais" pagas estão incluídas todas as horas trabalhadas. Logo, sendo incontroverso querecebeu pelas horas trabalhadas, é devido apenas o adicional de horas extras em relação a todos os elastecimentos da jornada normal.Nesse sentido, os precedentes desta E. 3ª turma: 14741­2011­004­09­00­5, publicado em 25/02/2014, Relator Exmo. Desembargador Ney FernandoOlivé Malhadas e 35432­2012­003­09­00­3, publicado em 10/10/2014, de minha relatoria.Rejeito o pedido sucessivo para exclusão dos reflexos salariais da condenação, tendo em vista o disposto na Súmula 20 deste E. TRT: "A integração dashoras extras habituais nos repousos semanais remunerados não repercute em férias, 13º salário, aviso prévio e FGTS".Como se compreende, os termos da Súmula transcrita estão em consonância com a OJ 394 da SDI­1 do c. TST; "A majoração do valor do repousosemanal remunerado, em razão da integração das horas extras habitualmente prestadas, não repercute no cálculo das férias, da gratificação natalina, doaviso prévio e do FGTS, sob pena de caracterização de 'bis in idem'". Por todo o exposto, reformo parcialmente a sentença para restringir a condenação ao pagamento apenas do adicional de horas extras, em razãodo trabalho prestado além dos limites normais.

3. Intervalos ­ ônus da prova

Com base na prova oral, o Juízo de origem condenou a reclamada ao pagamento das horas extras pela supressão dos intervalos intrajornada (de 1h),quando cumpridas as jornadas de 12h (ou 8h, se houver) diárias, especificamente, com o respectivo adicional de 50%. Constou da r. sentença: (fl. 647)"(...) Pelos cartões de ponto de fls. 404­430, a parte reclamante cumpria, normalmente, jornada de doze horas, mas, em alguns dias laborava apenas seishoras, e, segundo o depoimento da testemunha Andrei Mycheli Lima Arcega não era possível gozar o intervalo intrajornada. Ela também afirmou quequando trabalhava nos turnos de 12 horas não era possível cumprir o intervalo de 1 hora. Ou seja, embora não laborasse junto com a reclamante nessesturnos, sua condição era parecida, pois as duas eram pediatras e atuavam no mesmo ambiente, mas em turnos diferentes, razão pela qual as condiçõeslaborais eram idênticas, o que permite concluir por analogia que a reclamante também não tinha o intervalo de 1 hora determinado por lei quandocumpria o turno de 12 horas" (destaquei).A reclamada se insurge contra a decisão porque a testemunha não laborou no mesmo turno que a autora. Aduz que a decisão afronta o devido processolegal e a busca da verdade real. Alega também que a condenação deve se limitar "somente ao intervalo", posto que a hora já foi integralmenteremunerada (fl. 691).Sem razão. Não há ofensa aos princípios constitucionais aventados pela ré, pois ficou evidente que testemunha e autora tinham condições idênticas de trabalho, oque levou à conclusão de que a autora, assim como a testemunha, não usufruía integralmente de seu intervalo intrajornada. Ao contrário do que sustentaa ré, houve prova robusta de que os intervalos não eram respeitados integralmente.Ademais, apesar de o Juízo de origem ter declarado que é possível haver pré­assinalação do intervalo intrajornada (vide transcrição da sentença no item2), os cartões ponto não informam que havia essa prática na ré, nem mesmo informam o horário em que o intervalo seria usufruído. Assim, incumbia àré a prova no sentido de que a autora efetivamente usufruía do período de descanso previsto no art. 71 da CLT, ônus do qual não se desincumbiu, pois aúnica testemunha ouvida no caso (indicada pelo autor) relatou a fruição parcial do intervalo, conforme constatado na sentença.Também não merece prosperar a tese de que a condenação deve restringir­se "somente ao intervalo, posto que a hora já fora integralmente remuneradae não havia desconto do período de intervalo da jornada". As normas concernentes ao intervalo intrajornada constituem matéria de ordem pública queobjetivam preservar a saúde e higiene do empregado (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988). Por isso, a não concessão ou a concessão parcial dointervalo mínimo de uma hora implica o pagamento total do valor relativo ao período correspondente, com acréscimo de cinquenta por cento sobre o valorda remuneração da hora normal de trabalho, conforme entendimento predominante, ao qual me filio.Assim dispõe a Súmula 437 do C. TST, in verbis:SÚM 437 INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI­1) ­ Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012I ­ Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, aempregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo,50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito deremuneração.(...)III ­ Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando nãoconcedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelassalariais.Dessa forma, nos dias em que houve supressão (total ou parcial) do intervalo intrajornada, o recorrente faz jus ao pagamento integral do períodocorrespondente (uma hora), acrescido do adicional de horas extras, nos termos do art. 71, § 4º, da CLT e Súmula 437 do TST. Adotar entendimentodiverso, data vênia, seria possibilitar a flexibilização de norma afeta à saúde e segurança do trabalhador, o que não se admite.Assim, faz jus a parte autora ao pagamento integral do intervalo intrajornada, ainda que parcialmente suprimido, e não apenas o tempo faltante oumesmo apenas o adicional.Mantenho a sentença.

4. Adicional de insalubridade

A autora alegou na inicial que a reclamada pagava de forma incorreta o adicional de insalubridade, porque não levava em conta as particularidades doadicional previsto para a categoria médica. Requereu a aplicação do adicional de insalubridade em grau máximo incidente sobre a remuneração, levando­se em conta o salário mínimo estipulado no art. 5º da Lei 3.999/61. (fls. 13 e 14).A primeira ré (FUNPAR) afirmou que o adicional de insalubridade foi pago em cumprimento às normas coletivas aplicáveis (cláusulas 9ª e 10ª, dos ACTs

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A primeira ré (FUNPAR) afirmou que o adicional de insalubridade foi pago em cumprimento às normas coletivas aplicáveis (cláusulas 9ª e 10ª, dos ACTsjuntados). Disse que a autora não matinha contato direito com sangue e secreções, pelo que não se enquadrava em nenhuma das hipóteses autorizadorasdo recebimento de adicional de insalubridade em grau máximo. Sucessivamente, defende que a insalubridade que deve ser em grau mínimo, sua base decálculo deve ser o salário mínimo e não poderá incidir sobre horas extras (fl.325).O r. julgador de origem entendeu que (fls. 637­639):"(...) A prova oral (depoimento pessoal da reclamante e da testemunha Andreia Mycheli Lima Arcega) indicou que havia contato diário com pacientes comsuspeita ou diagnóstico de doenças infectocontagiosas, considerando que a reclamante atendia de forma cotidiana crianças com essas enfermidades emseu consultório [os pacientes passavam pela reclamante antes de adentrar numa área específica, onde permaneciam sem um isolamento estruturalpróprio] ou adentrava em área reservada onde ficavam com pacientes com essas mesmas características, mas sem um isolamento específico (videgravação via Fidelis). Definidas as condições fáticas do trabalho desempenhado pela reclamante, o Juízo determinou a realização de perícia técnica no local de trabalho paraaferir se existe ou não condições insalubres para o grau máximo (adicional de 40%), como postulado na inicial. Em laudo apresentado às fls. fls. 543­557,a conclusão do perito se deu nos seguintes termos: "Analisando as atividades exercidas e as condições ambientais de trabalho da autora, conclui­se queas atividades são consideradas insalubres em grau máximo conforme Anexo 14 da NR15 da Portaria Ministerial 3.214/78 durante todo o períodotrabalhado" (fl. 551).Para chegar nessa conclusão o perito verificou que: "(...) Não existe na Reclamada o 'Setor de Isolamento' como um local definido graficamente dentro da área física. Existe o 'Isolamento Circunstancial', ouseja, diante da necessidade de um paciente ser isolado, seu quarto passa a ser o 'Isolamento'. Desta forma o isolamento é muito mais 'funcional' do que'estrutural'.Portanto os trabalhadores envolvidos com tais pacientes ou com objetos de seu uso (pratos, talheres, copos, medicação, seringas, toalhas, cobertas,lençóis, etc.) passam a ter íntimo contato com agentes insalubres potenciais.Os pacientes não são diretamente isolados sem antes passarem por exames médicos e/ou laboratoriais, desta forma, o contato com pacientes passíveisde isolamento ocorre mesmo antes de tecnicamente existir o 'isolamento'.Também os riscos de contágio decorrentes dos acidentes com material perfurocortante são elevados principalmente em doenças como AIDS, tuberculose,hepatites, etc., independente muitas vezes do uso de EPIs (...)" (fls. 549­551).A perícia constatou exatamente a realidade apresentada pela prova oral, tendo o perito enquadrado a situação fática dentro das hipóteses deinsalubridade em grau máximo definidas na NR15.As duas reclamadas impugnaram o laudo pericial (2ª reclamada ­ fls. 562564; e, 1ª reclamada ­ fls. 565576), porém, suas insurgências sãoimpertinentes, pois partem da equivocada ideia de que o perito não considerou as condições específicas do atendimento em postos de emergência.Ora, totalmente infundada essa alegação, porque o perito se baseou não só no que viu durante a visita ao local de trabalho da reclamante, masespecialmente nas informações prestadas pela testemunha ouvida em audiência ­ Sr.ª Andreia Mycheli Lima Arcega, também médica pediatra, queconfirmou o trabalho cotidiano em contato com pacientes com doenças infectocontagiosas, não apenas as crianças atendidas diariamente, mas tambémoutros pacientes adultos. E todo esse conjunto probatório contraria essa alegação das reclamadas, que não passam de uma vã tentativa de desconstituir olaudo pericial mediante alegações infundadas, pois sem embasamento técnico específico, além de não terem sustentação fática (só lembrando, asdemandadas não produziram contraprova em face das alegações da testemunha).Enfim, a prova pericial atestou que a reclamante trabalhava em contato permanente com pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas,confirmando os termos da inicial e garantindo a caracterização da insalubridade pelo grau máximo ­ 40%. O trabalho pericial foi suficientemente exaustivona investigação dos fatos relatados na inicial, pois confeccionado através da visita ao local de trabalho e mediante as informações prestadas pelas partesque estavam presentes no momento da perícia.Diante disso, entendo que as impugnações feitas pelas reclamadas não trouxeram aos autos nenhum elemento capaz de afastar a conclusão pericial.Quanto à base de cálculo do adicional de insalubridade, a despeito de meu entendimento pessoal sobre a matéria, o C. TST acabou concluindo que na faltade outra norma jurídica fixando o valor da parcela, deve prevalecer o salário mínimo. Para tanto, cito abaixo a ementa da decisão tomada pela C. CorteSuperior: (...)Inclusive, o TRT 9ª Região vem aceitando tal tese, conforme se evidencia pela recente súmula nº 24 editada por nosso regional, que assim dispõe: "Apósa edição da Súmula Vinculante 4, do STF, até que se edite norma legal ou convencional, a base de cálculo do adicional de insalubridade deve ser o saláriomínimo nacional".Enfim, seguindo os entendimentos citados acima, considero que o pagamento do adicional de insalubridade deve ocorrer com base no salário mínimonacional, sendo totalmente equivocada a ideia aduzida na inicial de que o adicional deve ser pago com base na Lei nº 3.999/61, pois não há essaespecificação em favor da classe médica.Os demonstrativos de pagamento (fls. 377­403) apontam o pagamento de adicional de insalubridade ao reclamante no importe de 20%. Considerandoque a reclamante estava exposta a insalubridade em grau máximo, evidencia­se diferenças do respectivo adicional em favor da trabalhadora.Assim, acolho em parte o pedido, para condenar a 1ª reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade, no percentual de 40% sobre o saláriomínimo, com reflexos em 13º salário, férias acrescidas de 1/3 e FGTS.A parcela é devida inclusive no período da licença maternidade, pois considerada a média dos últimos doze meses, na forma da legislação previdenciária(Lei nº 8.213/1991, artigo 73, inciso III).Deverão ser deduzidos os valores pagos a igual título, sob pena de enriquecimento sem causa e bis in idem, o que é vedado por lei (CC, artigo 884)." A reclamada alega que não foram considerados os limites do pedido para deferir o adicional em grau máximo, pois o autor formulou sua pretensão emrazão da categoria profissional. Requer "a reforma da sentença atacada, para que outro julgamento seja proferido, adequando­se aos pedidos da açãoCaso não se entenda que seja a hipótese de sentença extra/ultra petita, pede a reforma da sentença pela aplicação indevida norma regulamentar.Assevera que o contato com pacientes com doenças infectocontagionas, mesmo que possa ser considerado permanente, não era realizado em setor deisolamento, pelo que a decisão violou os termos da NR 15­ ANEXO 14, que determina o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximosomente em caso de contato permanente em setor de isolamento. Alega que a perita extrapolou suas atribuições porque concedeu aplicação extensiva danorma ao entender pela aplicação do grau máximo do adicional de insalubridade.Ressalta que as funções da reclamante eram tipicamente de clínica médica, tanto que confessou em seu depoimento pessoal que não permanecia na áreade isolamento e que após a triagem realizada pela enfermagem, os pacientes já eram encaminhados para a consulta médica com máscara bico­de­pato.Acrescenta que a autora admitiu o uso de EPIs adequados e completos e que a perícia foi realizada dois anos depois de encerrado o convênio dasreclamadas, o que impede conclusões a respeito da entrega e uso dos EPIs. Sucessivamente requer a exclusão do período de licença­maternidade, porque estando a autora afastada do trabalho, não há insalubridade a serremunerada. Acrescenta que "quem paga o salário­maternidade é o INSS, não o empregador" (fls. 692­705).Analiso.O pedido inicial foi para a aplicação do adicional de insalubridade em grau máximo incidente sobre a remuneração. Logo, ao deferir o adicional de 40%sobre o salário mínimo o Juízo julgou dentro dos limites da lide. Afasto a alegação de decisão extra/ultra petita. Passo à análise do mérito. De acordo com a NR­15, enquadra­se como atividade insalubre em grau máximo o trabalho ou operações em contato permanente com isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados", ao passo que a insalubridade ocorre em graumédio quando há contato permanente com pacientes, animais ou material infectocontagiante "em hospitais, serviços de emergência, enfermarias,ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica­se unicamente ao pessoal que tenhacontato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados)".Por ocasião da perícia que investigou a insalubridade, constatou­se que a autora fazia atendimento como médica plantonista desempenhando as seguintestarefas: a) atender e examinar pacientes infantis em consultas médicas; b) Requisitar e analisar exames laboratoriais; c) Prescrever receitas médicas; d)Emitir atestados e pareceres; e) Acompanhar pacientes que permanecem na enfermaria em observação; f) Acompanhar pacientes em situação deisolamento.Constou ainda do laudo pericial: (fl. 546)"A triagem para definir a prioridade de atendimento era realizada pela equipe de enfermagem e posteriormente o atendimento era realizado pelo médico

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"A triagem para definir a prioridade de atendimento era realizada pela equipe de enfermagem e posteriormente o atendimento era realizado pelo médiconos consultórios da unidade. Após atendimento, o médico fazia o encaminhamento do paciente, tais como, solicitações de exames, encaminhamento paraoutro médico especialista, solicitação para internamento, inclusive isolamento.As enfermidades infantis mais comumente atendidas eram: gripes, resfriados, infecções de vias aéreas superiores, viroses, vômitos, diarreias,tuberculose, meningite, varicela, caxumba, gastroenterite, escarlatina e demais situações de um Pronto Atendimento (urgências e emergências). Eracomum o contato do médico com espirros, vômitos, catarros e saliva dos pacientes."O médico podia diagnosticar uma doença infecto­contagiosa, a qualnecessitava isolamento do paciente. Neste caso, o médico realizava a consulta e os exames clínicos necessários, e fazia o diagnóstico ou a suspeita dodiagnóstico e depois encaminhava o paciente para a área de isolamento.O Centro não possui uma área específica para isolamento, mas quando há necessidade, um ou mais quartos são destinados para este tipo detratamento. Quando estes quartos estão ocupados o próprio consultório médico torna­se local de isolamento. "Diante das funções realizadas pela autora e das condições do seu local de trabalho a perita constatou que a autora estava exposta a agentes biológicos econcluiu que as atividades por ela realizada durante todo o período laboral realizada são insalubres em grau máximo, nos termos do Anexo 14 da NR 15.Cita­se a exposição que fundamentou essa conclusão da perícia: (fl. 550)"Nas atividades realizadas pela reclamante houve contato com agentes biológicos nocivos à saúde. A caracterização da insalubridade por meio de agentesbiológicos é dada através de avaliação qualitativa, com a identificação de um ou mais agentes causadores de risco biológico, de acordo com o anexo 14 daNR­15 da Portaria n.º 3.214/78 do Ministério do Trabalho.Segundo a NR­9 consideram­se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.Para haver a transmissão de doenças por contágio, de acordo com o Dr. Walter Leser, é indispensável um estreito relacionamento entre a fonte deinfecção e o novo hospedeiro vertebrado, para que possa ocorrer a transferência direta ou praticamente direta do material infectante, recentementeeliminado ou não alterado pelas condições do meio. Com tal relacionamento dizemos que a transmissão ocorre por contágio, devendo ser distinguidasduas modalidades:a)Contágio Imediato: implica na justaposição de superfícies, reduzindo a zero o tempo de exposição do agente ao meio exterior; esta condição se verificana transferência do agente durante relações sexuais, por beijo na boca, por mordedura e nas infecções congênitas.b)Contágio Mediato: sem justaposição de superfícies, mas sempre ocorre com o relacionamento que assegura tempo de permanência do agente no meioexterior suficientemente curto para que o material infectante não se altere. Três formas de transmissão por contágio mediato devem ser referidas:b.1­ Por Gotículas: composta por um núcleo infectante envolto em massa líquida, são projetadas pela fonte de infecção ao respirar, falar, tossir ouespirrar; podem flutuar no ar por tempo que depende do seu peso e tamanho, mais deste do que daquele; com o progressivo dessecamento aumenta apossibilidade de permanecerem em flutuação no ar.b.2­ Por Fômites: entende­se por fômite um objeto qualquer (talheres, copos, brinquedos, chupetas, por exemplo) contaminado; a transmissão porfômites será incluída, no contágio mediato quando satisfeita as especificações de definição.b.3­ Pelo Mecanismo Mão/Boca: a mão do novo hospedeiro se contamina com material infectante recentemente eliminado pela fonte de infecção, sendo oagente por ela conduzido para a boca ou mesmo para outra porta de entrada possível como as mucosas nasal ou conjuntivas, por exemplo. Este tipo detransmissão é importante porque pode, também, estar envolvido na transmissão de agentes eliminados por excretas.Impossível uma rigorosa definição de limites de tempo para ocorrência do contágiomediato, interessando para tanto uma avaliação do grau de relacionamento entre a fonte de infecção e o novo hospedeiro.Nos termos da NR­15, Anexo 14, é considerado grau máximo os "trabalhos ou operações em contato permanente com pacientes em isolamento pordoenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso não previamente esterilizados", entenda­se contato permanente como o trabalho resultante daprestação de serviço contínuo e obrigatório, decorrente de exigência firmada no próprio contrato de trabalho, com exposição permanente aos agentesinsalubres.Não existe na Reclamada o "Setor de Isolamento" como um local definido graficamente dentro da área física. Existe o "Isolamento Circunstancial", ou sejadiante da necessidade de um paciente ser isolado, seu quarto passa a ser o "Isolamento". Desta forma o isolamento é muito mais "funcional" do que"estrutural". Portanto os trabalhadores envolvidos com tais pacientes ou com objetos de seu uso (pratos, talheres, copos, medicação, seringas, toalhas,cobertas, lençóis, etc.) passam a ter íntimo contato com agentes insalubres potenciais.Os pacientes não são diretamente isolados sem antes passarem por exames médicos e/ou laboratoriais, desta forma, o contato com pacientes passíveisde isolamento ocorre mesmo antes de tecnicamente existir o "isolamento".Também os riscos de contágio decorrentes dos acidentes com material perfurocortante são elevados principalmente em doenças como AIDS, tuberculose,hepatites, etc., independente muitas vezes do uso de EPIs. Diante da apresentação de quesitos complementares pela ré, a perícia foi complementada: (fl. 586)"01) A autora trabalhava permanentemente em área de isolamento?Conforme descrito no item 6.13 do laudo, entenda­se contato permanente como o trabalho resultante da prestação de serviço contínuo e obrigatório,decorrente de exigência firmada no próprio contrato de trabalho, com exposição permanente aos agentes insalubres. É importante lembrar que ospacientes não são diretamente isolados sem antes passarem por exames médicos e/ou laboratoriais, desta forma, o contato com pacientes passíveis deisolamento ocorre mesmo antes de tecnicamente existir o "isolamento", conforme descrito nos itens 5 e 6.13 do laudo.Portanto, durante o seu período laboral a autora mantinha contato permanente com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas passíveis deisolamento ou não. 02) Qual a diferença entre o trabalho previsto no ANEXO 14 da NR 15 (Insalubridade de grau médio ­ Trabalhos e operações em contato permanente compacientes, animais ou com material infectocontagiante, em: ­ hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outrosestabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana) e o trabalho da autora?A autora laborava em estabelecimento destinado aos cuidados da saúde em contato com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas e comobjetos de seu uso, além disso, laborava também em contato com pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas,Não existe na Reclamada o "Setor de Isolamento" como um local definido graficamente dentro da área física. Existe o "Isolamento Circunstancial", ou sejadiante da necessidade de um paciente ser isolado, seu quarto passa a ser o "Isolamento". Desta forma o isolamento é muito mais "funcional" do que"estrutural". Portanto os trabalhadores envolvidos com tais pacientes ou com objetos de seu uso (pratos, talheres, copos, medicação, seringas, toalhas,cobertas, lençóis, etc.) passam a ter íntimo contato com agentes insalubres potenciais.Os pacientes não são diretamente isolados sem antes passarem por exames médicos e/ou laboratoriais, desta forma, o contato com pacientes passíveisde isolamento ocorre mesmo antes de tecnicamente existir o "isolamento", conforme descrito nos itens 5 e 6.13 do laudo."Afasto a alegação de que perita extrapolou suas atribuições ao entender pela aplicação do grau máximo do adicional de insalubridade, pois o laudo pericialapresenta detalhes da rotina de trabalho da autora que levaram à conclusão de que ela estava exposta permanentemente aos agentes biológicos. Aperícia no local de trabalho foi imprescindível para se constatar que não havia uma área de isolamento específica na ré, pois variava conforme o pacienteque precisava ser isolado, pelo que os trabalhadores envolvidos com pacientes isolados passam a ter contato direto com agentes insalubrespotenciais. Nos termos do art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nosautos. Contudo, o juiz não possui conhecimentos técnicos para avaliar pessoalmente a existência de condições de insalubridade, razão pela qual se valede perito especialista e imparcial.Havendo laudo de profissional especialista constatando a existência de insalubridade em grau máximo pela exposição permanente a agentes biológicos, talconclusão seria passível de ser afastada somente mediante prova robusta em sentido contrário às conclusões do perito, o que não é o caso dos autos.A prova oral consistiu nos depoimentos da autora e de uma testemunha, gravados no sistema FIDELIS e transcritos a seguir:Depoimento da autora: ": perguntada qual era a área de atuação disse que era a pediatria. Perguntada se existia algum espaço de isolamento parapediatria disse que existia um espaço em uma sala de isolamento pediátrico, mas que às vezes a maior demanda de adultos esse isolamento fica ocupadopor crianças, às vezes uma suspeita de meningite, ou de varicela contaminada ficava isolada no próprio consultório da autora, saia, ia para outroconsultório e deixava aquela sala para criança, às vezes fica em algum consultório sobrando. Perguntada se o paciente ia para o isolamento antes oudepois da consulta disse que só vai para o isolamento depois da consulta. A autora fazia a primeira avaliação e na suspeita isola, pede exames vai avaliarperiodicamente, vai reavaliar o paciente daí libera ou interna. Perguntas pela ré: perguntada quantos casos ela atendia por plantão disse que depende daépoca, como por exemplo, na época de varicela chega a atender 20 varicelas por dia, ou na época da gripe A, devido ao fato das pessoas estarem mais

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época, como por exemplo, na época de varicela chega a atender 20 varicelas por dia, ou na época da gripe A, devido ao fato das pessoas estarem maisesclarecidas, até por um viés de seleção tem muito mais ali então ela acaba atendendo muito mais, depende muito da tecnologia. Perguntada se ela tinhaum trabalho permanente na área de isolamento disse que ficava no consultório e ia na área de isolamento para atender os pacientes e não ficava o tempotodo lá. Disse que nem existe essa função, um médico específico para avaliar o isolamento era ela mesma.Depoimento da indicada pela autora, Sra. Andreia Mycheli Lima Arcega: "perguntada sobre a existência de uma área de isolamento infantil disse queexiste uma área. Perguntada se as crianças iam para área de isolamento antes ou depois da consulta disse que primeiro se fazia o primeiro atendimentodepois que é desocupado o isolamento que eles vão para lá, antes eles ficam no consultório com o médico. Perguntada se ela atendia alguém na área deisolamento disse que também, todos que vão para o isolamento são de responsabilidade dela. Mas não fica só no isolamento. Perguntada quais são asdoenças infecto contagiosas mais comuns disse varicela, meningite, um dia ela atendeu uma menina com coccemia em que ela tinha atendido a criança às9 da manhã e às duas da tarde ela tinha entrado em óbito, que é uma doença bem grave, demais isso. A frequência dia com que essas doenças aparecemdepende da época, como por exemplo, na primavera e outono se tem por dia pelo menos um caso, meningite é mais raro acontecer, acontece a cada 2 a3 meses, é uma frequência mais esporádica. Por dia chaga a atender umas 2 ou 3 pessoas com doença infecto contagiosa."É certo que a autora relatou que primeiro realizava a consulta e depois encaminhava o paciente para o isolamento (quando necessário). Contudo, essadeclaração não afasta a conclusão de que ela estava exposta ao agente insalubre de forma permanente, pois embora não trabalhasse no setor deisolamento, ficou evidenciado pela prova pericial que havia contato permanente com doenças infectocontagiosas porque não havia um Setor deIsolamento, como um local definido fisicamente, o que fazia com que trabalhadores envolvidos com pacientes com doenças infectocontagiosas ou comobjetos de seu uso passam a ter contato com agentes insalubres potenciais.Ademais, a declaração da testemunha de que "os pacientes ficam no consultório com o médico antes de irem para o isolamento" confirma a conclusãoexposta no laudo pericial de que o "contato com pacientes passíveis de isolamento ocorre mesmo antes de tecnicamente existir o isolamento".Neste caso, a utilização de EPIs não elimina totalmente o risco, porque o adicional de insalubridade é inerente ao labor em área de isolamento. Nomesmo sentido já julguei nos autos 08464­2012­673­09­00­6 (RO 5006/2014), publicado em 27­06­2014.Ainda, mesmo que fosse eventual o contato com a área de isolamento, não impediria o pagamento de referido adicional no grau máximo. Isto porque oconjunto probatório demonstra que a autora estava em contato permanente com os agentes infectocontagiosos como parte de sua rotina normal, sendosua atribuição diagnosticá­los e encaminhá­los ao isolamento, conforme afirmou a testemunha indicada pela reclamante.Nesse passo, o C. TST tem entendido que, mesmo em caso de falta de contato com paciente em área de isolamento, pode­se deferir o adicional de 40%,se comprovado o risco de contágio no caso concreto, como no caso:"(...) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMADO. CONTATO COM PACIENTE PORTADOR DE DOENÇA INFECTO­CONTAGIOSO. PACIENTES QUENÃO SE ENCONTRAM EM ISOLAMENTO. GRAU MÁXIMO DEVIDO. O grau da insalubridade por exposição de empregado, em contato rotineiro e habitualcom pacientes portadores de moléstias infectocontagiosas, deve ser o máximo, na medida em que a ausência de área de isolamento aos pacientes queingressam no hospital não retira o fato de que a exposição a que se refere a NR­15 está ocorrendo. Isso porque o risco de contaminação e a realidade dotrabalho em hospitais, em regra, expõe a saúde do trabalhador, ainda que o paciente não esteja em área própria de isolamento, quando se depreendeque das atividades exercidas há efetivamente o risco à insalubridade, em razão da natureza das doenças, ainda que assintomáticas. Recurso de revistaconhecido e desprovido (...)" (ARR­1253­75.2010.5.04.0021, Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga. Data de Julgamento: 3/10/2012, 6ª Turma. Datade Publicação: 05/10/2012)Assim, correto o deferimento de adicional de insalubridade em grau máximo para a autora. A decisão não afronta o disposto na NR 15, pois o fato de aNR 15, em seu anexo 14, mencionar a expressão "contato permanente" não significa que se exige exposição todo o tempo laborado, sendo suficiente ocontato constatado na hipótese.É devido o pagamento de diferenças do valor pago na rescisão a título de licença maternidade em face do adicional de insalubridade não ter integrado oseu pagamento. Não prospera a alegação da ré de que não houve trabalho nesse período de forma a ensejar o pagamento do adicional. Aplica­se ao caso,por analogia, o disposto no artigo 142, §5º da CLT, que determina o cômputo do adicional de insalubridade no salário que servirá de base de cálculo dasférias.Logo, NEGO PROVIMENTO ao recurso da ré.

5. Validade do aviso prévio

O MM Juízo de origem acolheu o pedido sucessivo da autora para condenar a reclamada ao pagamento de três dias restantes do aviso prévio proporcional,pelo descumprimento parcial da Lei 12.506/2011. Constou da r. sentença: (fl. 628­629)"(...) Primeiramente, destaco que a eventual contagem equivocada dos dias de aviso prévio proporcional não gera sua nulidade, mas apenas o pagamentodos dias restantes e suas repercussões, considerando que é incontroverso nos autos a concessão e o pagamento do aviso proporcional de 33 dias (fls.431432), tratando­ se de mera irregularidade e não de um ato nulo, como faz crer a inicial. Por isso, o pedido formulado na alínea a da fl. 14 da inicial émanifestamente indevido.Rejeito.Resta o pedido sucessivo.Pois bem. A prova dos autos aponta para a opção da reclamante em ter a jornada reduzida em duas horas nos 33 dias de aviso prévio, encerrados nadata de 30/04/2012 (fl. 431). Mas essa redução não foi observada pelo ex­empregador, pois os controles de ponto de fls. 429­430 apontam para ocumprimento normal dos seus horários de trabalho, sem redução alguma durante os trinta e três dias do aviso prévio.Além disso, a Nota Técnica nº 184/2012 da Secretaria das Relações de Trabalho do MTE em nada altera o efetivo cumprimento da legislação peloempregador, considerando que em nosso ordenamento jurídico pátrio, "salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cincodias depois de oficialmente publicada", bem como "a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e acoisa julgada" (Decreto lei nº 4.657/1942 [LINDB], artigos 1º e 6º, respectivamente). Ou seja, uma vez publicada a Lei nº 12.506 de 11 de outubro de2011, o que ocorreu em 13/10/2011 (prevendo em seu artigo 2º a determinação expressa de entrar em vigor na data de sua publicação), caberia ao ex­empregador ora reclamado observá­la integralmente e no caso de despedida imotivada de algum empregado a partir de 13/10/2011, realizar a contagemcorreta do aviso prévio proporcional, pouco importando a existência ou inexistência de nota técnica de algum órgão público.Nessa linha, verificando que a reclamante foi contratada em 08/03/2010 e à época do aviso prévio ­ 29/03/2012 ­, tinha mais de dois anos de contrato,evidente que ela tem direito aos 36 dias de aviso prévio proporcional postulados na inicial, ante os termos da legislação vigente no período de suadespedida imotivada.A 1ª reclamada só concedeu trinta e três dias, descumprindo em parte a Lei nº 12.506/2011, razão pela qual acolho o pedido sucessivo formulado à fl. 14da petição inicial para condenar a 1ª reclamada a pagar a reclamante os três dias restantes do aviso prévio proporcional.Observe­se nesses estritos termos."A reclamada defende a validade do aviso prévio concedido e pago porque a autora constava com dois anos de contrato de trabalho, pelo que são devidosapenas 33 dias de aviso prévio, já que o primeiro ano garante o direito ao aviso prévio integral de 30 dias, e a cada ano trabalhado, são acrescidos maistrês dias. Sustenta que essa sistemática respeita o disposto nos artigos 7º XXI da CF, art 487 da CLT e Lei 12.506/2011.Examino.Dispõe a Lei 12.506/2011:Art 1º. O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho ­ CLT, aprovada pelo Decreto­Lei no 5.452, de 1° demaio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60(sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias".Art. 2º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.O contrato de trabalho perdurou de 08/03/2010 a 30/04/2012, conforme TRCT de fl. 432, por um período de 2 anos, 1 mês e 22 dias. Assim, nos termosda Lei 12.506/2011, a reclamante faz jus a 36 dias de aviso prévio (3 por ano completo de trabalho), tal como determinado em sentença.Mantenho.

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6. Justiça gratuita

A reclamada discorda da concessão dos benefícios da justiça gratuita à autora, porque ela é medica atuante em Curitiba, com remuneração superior aodobro do mínimo legal e não postulou a gratuidade de justiça. Pede a reforma da decisão neste ponto (fl. 708).Analiso.A concessão dos benefícios da justiça gratuita tem cabimento nas hipóteses em que o empregado, pessoalmente ou por meio de procurador, declarar quenão tem condições de pagar as custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio ou da família (Lei n.º 5.584/1970 e Lei n.º1.060/1950), conforme autorização da Lei n.º 7.115/1983, cabendo à parte contrária fazer prova capaz de elidir a presunção que emana dessadeclaração. A assistência sindical, como visto, não é pressuposto para a concessão do benefício em apreço, não merecendo acolhida esse argumento.Ao contrário do que sustenta a reclamada, a autora declarou que não possui condições de arcar com o ônus processual, pelo que postulou a concessãodos benefícios da gratuidade processual (item X da petição inicial, fl. 18).Ausente prova em sentido contrário, prevalece a presunção de veracidade da alegação de impossibilidade material de demandar em juízo. Nem mesmo ofato de auferir remuneração superior a dois salários mínimos não configuraria óbice para a obtenção do benefício. Nesse sentido, a OJ nº 304, da SDI­1,do TST:HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO. DJ 11.08.03 Atendidos os requisitos da Lei nº5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, parase considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50). Destaco que "Com o advento da Constituição da República de 1988, a assistência jurídica ganhou novos contornos, ante a incorporação ao sistemajurídico brasileiro não somente dos direitos do cidadão mas também de meios assecuratórios da sua efetividade. Nesse rol encontram­se o direito deacesso à justiça, consagrado no artigo 5º, inciso XXXV, da Lei Maior, e a garantia constitucional da ampla defesa, erigida no inciso LV do mesmodispositivo constitucional. Objetivando assegurar acesso universal e máxima efetividade aos direitos fundamentais antes enunciados, consagrou o textoconstitucional, em seu inciso LXXIV, o direito à assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Encontra­se aassistência jurídica, dessa forma, ancorada nos princípios constitucionais imanentes ao estado de direito, dentre os quais se destacam os princípios daigualdade, do amplo acesso à justiça e do devido processo legal. A fim de que a fruição de tais direitos reste plenamente assegurada ao cidadãohipossuficiente, em sede de processo judicial, impõe­se garantir­lhe o direito de produzir todas as provas admitidas na defesa de seus interesses, semembargo de sua condição econômico­financeira. A concessão dos benefícios da justiça gratuita pressupõe apenas o reconhecimento do estado deinsuficiência econômica da parte, a partir da percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal ou mediante declaração do autor de que não é capazde litigar sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família. (...) ( RR ­ 157000­83.2003.5.02.0032 , Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data deJulgamento: 24/03/2010, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/05/2010)".Logo, mantenho a sentença.

RECURSO ORDINÁRIO DE CARINA DE SOUZA OLIVEIRA

1. Isonomia/diferenças salariais

A autora requereu diferenças salariais advindas do ajuste formalizado entre o Município e a primeira ré para pagamento dos médicos. Argumentou que ovalor da hora médica corresponderia a importe superior ao efetivamente recebido no período de novembro de 2009 a outubro de 2011, considerando oslapsos de vigência dos convênios e seus reajustes, entendendo como devido a título de hora trabalhada (R$ 68,71 de nov/2009 a out/2010 e R$ 74,07 denov/2010 a out/2011). Sucessivamente, pelo princípio da isonomia salarial, a reclamante postulou o pagamento das diferenças salariais com base novalor da hora médica paga aos médicos que laboravam nos CEMUMs mediante convênio com a Cruz Vermelha (fls.05­10).A primeira ré sustentou que durante todo contrato de trabalho, a autora teve todos os seus direitos trabalhistas e previdenciários respeitados bem comorecebeu o salário de acordo com o ajustado com o sindicato (SENALBA/PR). Ressaltou que é uma Fundação que atua no desenvolvimento de atividadestécnicas, de consultoria, científicas e administrativas, a instituições públicas ou privadas (estatuto, art. 2.º, "e"), de forma que não se caracteriza comohospital ou estabelecimento de serviço de saúde. Alegou que o valor repassado para pessoal inclui despesas com outros profissionais do apoio eadministrativo e deve suprir as despesas de inúmeras responsabilidades atribuídas ao contratado pelo Município. Relatou que cada CMUM tem sua própriarealidade administrativa e seu contrato com o ente público, não cabendo isonomia entre seus profissionais (fls. 312­316)..O Juízo rejeitou o pedido porque concluiu que não há quebra da isonomia salarial. Constou da r. sentença: (fl. 636)(...) Não há quebra da isonomia salarial pela simples razão de que os convênios apresentados nos autos (seja os firmados entre as reclamadas, seja osoutros firmados entre a 2ª reclamada e outros hospitais estranhos à lide ora analisada) não estipulam um piso salarial para os médicos, mas, sim, umvalor total de repasse às instituições para cobrir as despesas com o pessoal envolvido no atendimento médico, o que, por óbvio, não abarca apenas osmédicos. É por isso, inclusive, que os valores repassados são diferenciados, pois, por certo, os outros hospitais disponibilizam um número maior depessoal do que a 1ª reclamada para atender no convênio. E tudo observando as peculiaridades de cada negociação durante a preparação dos convênios.Portanto, uma vez que não existe quebra de isonomia salarial, considerando a possibilidade de cada profissional médico ter um salário hora diferenciado,dependendo da negociação com empregadores diversos, rejeito o pedido sucessivo e suas repercussões."A autora afirma que é incontroverso que o trabalho de todos os todos os médicos que laboraram nos oito CMUMs era o mesmo, mas a remuneraçãoera diversa, porque dependia do que fora pactuado com o tomador dos serviços (o Município de Curitiba). Alega que o valor total do contrato entre as résdeve ser considerado como exclusivo para repasse aos profissionais, mas que a empregadora não os repassava Insiste que "basta dividirmos o valor dosrepasses no convênio pelo número de horas contratadas (ambos valores expressamente identificados nos juntados) para chegarmos ao valor da hora quedeveria ter sido paga aos médicos." Postula diferenças salariais referentes ao "(...) valor efetivamente pago e o valor devido, segundo o convênio firmado.Requer, ainda, a integração à remuneração para todos os efeitos e gerando reflexos em repouso semanal remunerado (Súmula 172 do C. TST), horasextras e adicional noturno, e com estes, em 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional, aviso prévio e FGTS com a multa de 40%."Sucessivamente, requer isonomia com os médicos do CMUM da Cruz Vermelha (fl. 719).Examino.A autora foi contratada pela primeira ré (FUNPAR) para prestar serviços no Centros Municipal de Urgências Médicas do Boqueirão, de responsabilidadedo segundo réu (Município de Curitiba), em virtude do convênio de 01/10/2007 (fl. 330), de termos aditivos e planos de trabalho de fls. 337 e seguintes.Os contratos de direito público para serviços de saúde entabulado entre as rés estão previstos nos arts. 197 e 199 da CF:Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.§ 1º ­ As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato dedireito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.Não prospera o pedido de diferenças salariais baseados em valores do contrato das rés com despesas de pessoal, como o citado importe estipuladono plano de aplicação CMUM. A conta não é simples como quer fazer crer a recorrente. O Município repassou estes valores atrelados ao pagamento dosprofissionais, mas não se demonstra em nenhum momento que houvesse patamar mínimo do valor remuneratório dos médicos. Não cabe a esteJuízo dividir o valor previsto para pagamento de pessoal com as horas médicas contratadas pelo Município (fl. 103), pois isto implicaria em ingerênciaindevida no contrato público entabulado, considerando que o ajuste é abrangente e prevê não só a remuneração, mas toda a administração do serviço desaúde, o que inclui, por exemplo, entre outros: "(...) viabilizar meios (recursos humanos e materiais) para o pleno funcionamento das unidades móveispré­hospitalares, que integra mo SAMU" (fl. 331), reposição de enxoval (rouparia), manutenção de um coordenador médico em regime presencial;responsabilização pelas obrigações cíveis e patronais e dos serviços de nutrição, garantir a educação permanente dos profissionais envolvidos noatendimento às urgências, em especial da sua equipe médica (fls. 345).Competia à autora, como fato constitutivo de seu direito, demonstrar que a remuneração auferida não corresponde à base contratada, ônus do qual nãose desvencilhou a contento, pois, repise­se, o convênio ajustado entre as rés não estipula remuneração individual dos profissionais médicos contratados.

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se desvencilhou a contento, pois, repise­se, o convênio ajustado entre as rés não estipula remuneração individual dos profissionais médicos contratados.Quanto ao pedido sucessivo, não merece provimento o apelo.A isonomia não alcança empregados sujeitos a contratos de trabalho em empregadores diversos, pois ausente a igualdade de condições prevista no art.5º da CF. Ainda, não há provas dos valores efetivamente recebidos pelos demais médicos, não podendo uma condenação de isonomia salarial basear­seem comparação de valores totais repassados pelo segundo réu, fruto dos diferentes convênios realizados para funcionamento dos Centros de Saúde doMunicípio, os quais abrangem uma série de atividades médicas e administrativas, o que também inviabilizaria uma possível condenação.Esclareço que não se cogita de identidade de funções entre todos os médicos plantonistas em virtude de o beneficiário do serviço ser comum (oMunicípio), como alegado no recurso. O fato de a tomadora entabular convênios com diversas prestadoras de serviço para organização do atendimento àsaúde destinando valores diversos a cada um deles não fere, por si só, o princípio da isonomia com relação aos profissionais contratados. Para assegurá­la, existe o instituto da equiparação salarial, cujos requisitos não foram demonstrados ou sequer alegados pela autora.Portanto, também não prospera o pagamento de diferenças com base no princípio da isonomia em relação aos profissionais de outros CMUMs porque setrata de empregados de prestadora de serviços diversa, estranha à presente lide.No mesmo sentido já decidiu esta e. 3ª Turma nos autos 25670­2012­041­09­00­7, publicado em 13/04/2015, de minha relatoria.Ante o exposto, mantenho a r. sentença.

2. Base de cálculo do adicional de insalubridade

A autora insurge­se contra a fixação do salário mínimo como base de cálculo para o adicional de insalubridade. Requer seja observado o salário mínimoestipulado no artigo 5º da Lei 3999/91 como base de cálculo do adicional de insalubridade.Analiso.Alterando posicionamento anterior, esta E. 3ª Turma passou a considerar o salário mínimo na base de cálculo do adicional de insalubridade, desde quenão haja norma legal ou convencional que estabeleça outra referência, conforme Súmula 24 deste Regional:"ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. Após a edição da Súmula Vinculante 4, do STF, até que se edite norma legal ou convencional, abase de cálculo do adicional de insalubridade deve ser o salário mínimo nacional".Conforme analisado no item 1 do recurso da autora (enquadramento sindical), as normas coletivas aplicadas ao caso são aquelas juntadas pela reclamadaas fls. 448 e seguintes, as quais mantem o salário mínimo como base de cálculo para o adicional de insalubridade (por exemplo ACT 2009/2010, fl. 452),in verbis:"CLÁUSULA DÉCIMA ­ ADICIONAL DE INSALUBRIDADEO adicional de insalubridade a ser pago à categoria abrangida pelo presente ACORDO COLETIVO DE TRABALHO ­ ACT obedecerá ao escalonamento legal eterá como base o salário­mínimo."Diante da o exposto, o salário mínimo deve ser o parâmetro.No mesmo sentido, decidiu esta E. 3ª Turma nos autos 21471­2012­007­09­009, publicado em 13­03­2015, da lavra da Exma DesembargadoraRosemarie Diedrichs Pimpão, em processo envolvendo a mesma reclamada.Mantenho.

3. Horas excedentes da quarta e pedidos sucessivos

A autora pretende que seja ré condenada ao pagamento, como extra, da quarta diária e vigésima semanal com base na Lei 3999/61 e, sucessivamente,as excedentes da sexta diária e trigésima sexta semanal. Requer, ainda, a condenação ao pagamento das horas excedentes ao limite máximo, e nãoapenas o adicional (fl. 726).Sem razão.A Lei n. 3.999/1961 não estabelece jornada reduzida para os médicos, mas apenas estipula um salário mínimo para o labor de 4 horas por dia. A questão,inclusive, está consolidada na súmula n. 370 do C. TST, que assim dispõe:"Nº 370 ­ MÉDICO E ENGENHEIRO. JORNADA DE TRABALHO. LEIS Nº 3.999/1961 E 4.950/1966. (CONVERSÃO DAS ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAISNºS 39 E 53 DA SDI­1)Tendo em vista que as Leis nº 3999/1961 e 4950/1966 não estipulam a jornada reduzida, mas apenas estabelecem o salário mínimo da categoria parauma jornada de 4 horas para os médicos e de 6 horas para os engenheiros, não há que se falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde queseja respeitado o salário mínimo/horário das categorias. (ex­OJs nºs 39 e 53 ­ Inseridas respectivamente em 07.11.1994 e 29.04.1994)."Da mesma forma, não há respaldo para reconhecer como extras as excedentes da sexta diária porque não houve qualquer pactuação nesse sentido nocontrato de trabalho, aplicando­se à autora o limite geral de oito horas por dia.O Juízo de origem não deferiu apenas o adicional de horas extras. Conforme transcrição parcial da sentença no item 2 do recurso do réu (mantida por estadecisão) foram consideradas extraordinárias as horas laboradas após a jornada de 8 horas diária e 44ª semanal, devendo ser paga a hora normalacrescida do adicional extraordinário, de forma integral. Dessa forma, a autora carece de interesse recursal ao pedir a condenação ao pagamento dashoras excedentes ao limite máximo, e não apenas o adicional.Rejeito.

4. Enquadramento sindical

Este item foi analisado juntamente com o recurso do réu, sendo indeferido o pedido do autor e acolhido o pedido da reclamada, pelo que são aplicáveis aocaso as normas coletivas juntadas com a defesa (firmadas com o SENALBA).

5. Intervalo do artigo 71 da CLT

Constou da r. sentença: (fl. 647)"(...) A parte reclamante relata que não usufruía intervalo intrajornada quando laborava em plantões de 12 horas e ordinariamente o volume de trabalhosó lhe permitia um intervalo mínimo de 15 minutos.Pelos cartões de ponto de fls. 404­430, a parte reclamante cumpria, normalmente, jornada de doze horas, mas, em alguns dias laborava apenas seishoras, e, segundo o depoimento da testemunha Andrei Mycheli Lima Arcega não era possível gozar o intervalo intrajornada. Ela também afirmou quequando trabalhava nos turnos de 12 horas não era possível cumprir o intervalo de 1 hora. Ou seja, embora não laborasse junto com a reclamante nessesturnos, sua condição era parecida, pois as duas eram pediatras e atuavam no mesmo ambiente, mas em turnos diferentes, razão pela qual as condiçõeslaborais eram idênticas, o que permite concluir por analogia que a reclamante também não tinha o intervalo de 1 hora determinado por lei quandocumpria o turno de 12 horas.Provado, assim, que a 1ª reclamada não cumpria o disposto em lei (CLT, artigo 71).Pois bem. Pela nova súmula nº 437 do TST [item I] "a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso ealimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de,no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor paraefeito de remuneração". Significa dizer, assim, que a não concessão do intervalo gera, de plano, o pagamento do tempo suprimido como hora extra, emque pese a integração desse tempo suprimido [15 minutos ou 1 hora] na jornada laborada não ultrapassar o limite diário de 8h00min. Isso me parece umpouco sem lógica, não é mesmo? Como é possível falar em horas extras se, na hipótese dos autos (a maioria dos dias laborados a jornada é de06h00min), o módulo mínimo de 8h não foi ultrapassado? A súmula não pode ser interpretada desta forma, sob pena de gerar uma inconstitucionalidade.Dito de outro modo, agora com exemplo nos controles de ponto. Na semana de 21/03/2010 a 27/03/2010 (fl. 405), a parte reclamante trabalhou apenasem apenas três dias ­ segunda­feira (06h12min), terçafeira (11h20min) e quarta­feira (06h00min), na média de 23h32min. Não trabalhou nos outros diasda referida semana e só voltou a laborar na segunda­feira da semana seguinte. Aplicando o disposto no item I da súmula nº 437 do TST, na referidasemana a parte reclamante teve suprimidos três intervalos intrajornada, um de uma hora e dois de 15 minutos (1h30min no total). O problema é que

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semana a parte reclamante teve suprimidos três intervalos intrajornada, um de uma hora e dois de 15 minutos (1h30min no total). O problema é quemesmo acrescentando esses períodos (horas ou minutos) de descanso suprimidos nos horários laborados, nós teremos os seguintes números: 06h27minna segunda­feira, 12h20min na terça­feira e 06h15min na quarta­feira.Ou seja, apenas no plantão de 12 horas haverá "labor" para além de 8h00min (considerando o que já foi decidido acerca das horas extras no subitem a),pois na semana não haverá o extrapolamento da jornada de 44h. O total de horas na semana com o acréscimo dos intervalos suprimidos seria de25h02min. Para evitar essas incongruências e, especialmente, tentando manter a integridade do entendimento sumular à luz do texto constitucional, entendo que sóse pode falar em horas extras pela supressão do intervalo intrajornada quando o período suprimido, uma vez incluído no dia de trabalho, ultrapasse olimite contratual ou legal da jornada (seja diário, seja semanal). Melhor dizendo, a parte reclamante só vai ter direito de receber horas extras pelosintervalos suprimidos nos dias em que laborou em turnos de 8h ou 12h ou quando, na semana, a soma de todos os intervalos suprimidos ultrapassar olimite de 44 horas (é claro que neste último ponto as horas extras só poderão ser pagas a partir da 45ª hora).Registre­se, para evitar contradições e dúvidas, que na hipótese dos autos não há extrapolamento das 44h semanais, mesmo acrescentando todos osintervalos suprimidos ao longo das semanas de trabalho, uma vez que quase sempre a reclamante tinha duas ou três folgas na semana (vide, poramostragem, os controles de ponto de fls. 405 e 420­421). Portanto, acolho em parte o pedido, condenando a 1ª reclamada no pagamento das horas extras pela supressão dos intervalos intrajornada (de 1h),quando cumpridas as jornadas de 12h (ou 8h, se houver) diárias, especificamente, com o respectivo adicional de 50%. Devidas as repercussões emrepouso semanal remunerado e, juntamente com este, nas demais parcelas de férias + 1/3, décimo terceiro salário e depósitos de FGTS + indenização de40%.Acolho nesses termos, observando­se todos os demais parâmetros do subitem 'a'."A autora insurge­se contra a limitação aos dias em que laborou em turnos de 8h ou 12 h. Defende seu direito ao intervalo quando trabalhou em turnos de6 horas. Pretende a reforma da decisão com a condenação ao pagamento total do período (15 minutos) devido pelos dias laborados em plantões de 6horas em que houve supressão do intervalo intrajornada, com reflexos nas demais verbas de direito, além das horas extras devidas pelos intervalossuprimidos em turnos de 8 h ou 12 h (fl. 733).Analiso.A autora era médica e se ativava em plantões de 6 ou 12 horas.Conforme analisado no item 2 do recurso do réu, foi reconhecido judicialmente o direito da autora à jornada legal de 8 horas diárias e 44semanais, diante da ausência de previsão normativa que amparasse a escala de trabalho aplicada à autora (de 6 e 12 horas).O artigo 71, §1º da CLT dispõe que "não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutosquando a duração não ultrapassar 4 (quatro) horas."Os cartões de ponto foram acolhidos. Neles se observa que a autora trabalhou por 6 horas em várias oportunidades. Logo, deveria usufruir do intervalo de15 minutos nessas ocasiões. Contudo, a testemunha Andreia declarou que ela e a autora não faziam intervalo quando trabalhavam nos plantões de 6horas.A condenação em horas extras pela fruição parcial do intervalo intrajornada é decorrente da construção jurisprudencial firmada com o item I da Súmula437 do TST, in verbis: "I ­ Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não­concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso ealimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de,no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor paraefeito de remuneração".Como não foi concedido o tempo mínimo de descanso quando a autora trabalhou em jornada diária de 6 horas, é devido o pagamento total do períodocorrespondente, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.Portanto, a recorrente faz jus ao pagamento integral do período correspondente ao intervalo de 15 minutos previsto para as ocasiões em que labor nãoexcedeu 6 horas diárias, acrescido do adicional de horas extras, nos termos do art. 71, § 4º, da CLT e Súmula 437 do TST. Adotar entendimento diverso,data vênia, seria possibilitar a flexibilização de norma afeta à saúde e segurança do trabalhador, o que não se admite.No mais, as horas extras devidas pelo intervalo suprimido em turnos de 8 ou 12 horas foram deferidas pelo Juízo de origem, pelo que a autora carece deinteresse recursal neste ponto.Reformo para ampliar a condenação ao intervalo intrajornada determinando­se o pagamento total do período (15 minutos) devido pelos dias laborados emplantões de 6 horas (com base nos cartões ponto), com os mesmos adicionais e reflexos determinados para as horas extras.

6. Salário maternidade

Constou da r. sentença: (fl. 648)A parte reclamante afirma que o benefício previdenciário lhe foi pago em apenas três meses, sendo devido o pagamento dos demais meses não indicadosnos holerites. Postula ainda a diferença entre o valor do benefício e o salário contratual para os meses em que o benefício foi pago (inicial ­ fl. 15).A 1ª reclamada afirma que os recibos de pagamento comprovariam o pagamento do benefício entre os meses de setembro, outubro, novembro edezembro/2011, conforme códigos 489, 493, 494, 487 e 488 nos holerites juntados com a contestação (fl. 326).Analisa­se.Inicialmente, destaco que o que a reclamante postula é o pagamento do salário maternidade, embora na inicial em momento algum mencioneexpressamente o nome do benefício previdenciário decorrente da licença remunerada concedida nos casos de parto, adoção ou aborto.Pela legislação previdenciária vigente o benefício é pago diretamente pelo empregador nos casos de parto, permitindo­lhe a compensação quando dorecolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhepreste serviços (Lei nº 8.213/1991, artigos 71 e 72).A lei previdenciária não garante ao segurado a manutenção do valor do salário pago ao longo de todo o contrato de trabalho, prevalecendo nesse caso aregra específica disposta no artigo 71 da legislação previdenciária (Lei nº 8.213/1991, artigo 73, inciso III), a saber: "em um doze avos da soma dos dozeúltimos salários­de­contribuição, apurados em um período não superior a quinze meses, para as demais seguradas".Pois bem. No caso dos autos, a reclamante recebeu o salário maternidade no período da licença remunerada, conforme demonstram os holerites de fls.396399, que foi pago nos exatos termos da legislação previdenciária, inexistindo as diferenças mencionadas.Rejeito o pedido." A autora busca a reforma da decisão com base no artigo 72 da lei 8.213/1991, para receber o salário maternidade em montante equivalente ao total dasverbas remuneratórias recebidas mensalmente. Defende que a previsão legal que fundamentou a sentença não trata de seguradas empregadas (fl. 733).Analiso.Dispõem os artigos 71 e 72 da Lei 8.213/1991:Art. 71. O salário­maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito)dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade. Art. 72. O salário­maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua remuneração integral".Com efeito, por disposição legal, o salário maternidade da autora deve corresponder a uma renda mensal igual a sua remuneração integral. Contudo, nãose constata que os valores indicados nos holerites tenham sido inferiores à remuneração integral da autora (fls. 396­390). Por exemplo, o holeriterelativo ao mês de outubro/2011 traz rubricas o total de R$ 6.658,51 relativo às parcelas DSR aux. mater. insal US 24 h, DSR aux. mater. diurno US 24h,DSR aux. mater. noturno US 24h, aux. mater. adic. not. US 24h, , aux, maternid. diurno US 24h, aux, maternid. Noturno US 24, Insalub. aux. mater US24h.O fato de a autora ser horista e realizar plantões em escalas diversas altera sua remuneração mensal, pelo que o salário maternidade também não seráidêntico aos demais meses. No entanto, isso não torna incorreto o pagamento demonstrado nos holerites, porque relacionadas todas as parcelas quecompõem a remuneração da autora.Mantenho a sentença, por fundamento diverso.

7. Multa do artigo 467 da CLT

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7. Multa do artigo 467 da CLT

O Juízo de origem rejeitou o pedido para pagamento da multa prevista no artigo 467 da CLT, "porque não havia qualquer parcela rescisória incontroversaa ser quitada na primeira audiência" (fl. 648).A autora aduz que o pagamento de 36 dias de aviso prévio era incontroverso, tendo em vista que a Lei n. 12.506/2011 estabelece a quantidade de diasque deveria ter sido paga. Requer seja incluído na condenação o pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT (fl. 754). Sem razão.A ré apresentou contestação específica quanto aos pedidos formulados pela autora, inclusive quanto à contagem do aviso prévio (fls. 326­327),inexistindo, portanto, qualquer verba rescisória incontroversa que justifique a aplicação da multa pretendida.Nada a deferir.

8. Honorários advocatícios

A autora entende que faz jus ao pagamento de honorários advocatícios (fl. 754).Sem razão.Na Justiça do Trabalho os honorários não são devidos às partes pelo princípio da sucumbência, não se encontrando revogado o "jus postulandi". Talsituação resta inalterada mesmo com a edição da súmula 425 do E. TST, na medida em que tal dispositivo apenas limitou o "jus postulandi" , não o tendoextirpado, sendo ainda possível às partes litigar desacompanhadas de advogado.A Lei 5.584/1970, recepcionada pelo artigo 133 da Constituição Federal de 1988, prevê o pagamento apenas de honorários assistenciais, os quais sãodevidos à entidade sindical que assiste o empregado em juízo, e desde que preenchidos os seguintes requisitos: assistência sindical e comprovação deque o empregado recebe salário igual ou inferior a dois salários mínimos ou, então, demonstrar, através de uma declaração, que não tem condições dedemandar em juízo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família (artigo 4º da Lei 1.060/1950). Inteligência das Súmulas 219 e 329 do TST, bemcomo da Orientação Jurisprudencial nº 305, da SDI­1, do C. TST.No caso em tela, a autora é beneficiária da justiça gratuita (fl. 718), mas não está assistida pelo sindicato de sua categoria, razão pela qual a condenaçãono pagamento dos honorários advocatícios é indevida.Mantenho.

RECURSO ORDINÁRIO DE MUNICÍPIO DE CURITIBA

1. Responsabilidade subsidiária

Com fundamento na Súmula 331, do TST, o MM Juízo de origem declarou a responsabilidade subsidiária do segundo reclamado (Município de Curitiba)pelos direitos reconhecidos à reclamante em face da primeira reclamada, ao longo de todo o período laboral. Argumentou que a responsabilidadesubsidiária declarada no caso "decorre da materialização de culpa in eligendo e in vigilando por parte da tomadora de serviço que contratou empresainidônea (1ª reclamada), pouco importando, assim, a previsão contratual em sentido contrário, a qual deve ser desconsiderada ante o que dispõe a lei(CLT, art. 9º)" ­ (fl. 649­650).O Município de Curitiba se insurge contra a declaração de responsabilidade subsidiária. Alega que após a prolação da decisão proferida pelo STF no ADC16, restou assente a necessidade de caracterização da culpa in vigilando para a responsabilização da Administração Pública, não decorrendo esta do meroinadimplemento das obrigações por parte da primeira Ré. Sustenta que "A presunção de culpa pelo mero inadimplemento das obrigações por parte da 1ªReclamada, não pode ser fundamento para responsabilização do ora peticionário de forma subsidiária" e que "Não constam nos autos quaisquerdocumentos que comprovem que não houve a efetiva fiscalização do contrato, por parte do Município, ônus da prova que cabia ao Autor Analiso. Restou incontroverso que a autora foi contratada como médica plantonista, pela primeira reclamada (FUNPAR), em decorrência do contrato firmado entreo Município de Curitiba e a FUNPAR, conforme afirmado na contestação da recorrente (fl. 294). O convênio firmado entre os réus (número 16985) tinha como objeto: (fl. 331) " (...)formalizar a cooperação técnica e financeira entre as partes, na área de assistência à saúde, para execução do PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DAATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA ­ CMUM BOA VISTA e do SAMU, a ser desenvolvido mediante ação conjunta entre o MUNICÍPIO,através da secretária municipal de saúde e a Universidade Federal do Paraná, através do HOSPITAL DE CLÍNICAS e FUNPAR, conforme plano de trabalho(anexo I), previamente definido entre os celebrantes visando a consecução dos seguintes objetivos (...) "Dentre as obrigações do Município, encontrava­se "repassar ao FUNPAR, a título de despesas com Recursos Humanos, o valor total de atéR$6.012.000,00(seis milhões e doze mil reais) dividido em 12 (doze) parcelas (...) sendo as parcelas subsequentes repassadas até o 3º (terceiro) dia útilde cada mês condicionadas à apresentação da prestação de contas da penúltima parcela e assim sucessivamente" (alínea "q", fl. 333). Havia ainda outrasprevisões, como a que condicionava o repasse dos recursos à aprovação da prestação de contas e ao atingimento das metas consideradas básicas(cláusula 4ª, fl. 335). Foram trazidos aos autos diversos termos aditivos ao mencionado convênio, sempre mantendo em linhas gerais ostermos conveniados (fls. 337 e seguintes).Diante dos convênios firmados, verifica­se, inicialmente, que a contratação entre os réus não se deu sob a égide da Lei 8.666/93, revelando­se inaplicávelseu artigo 71. Apenas o fato de o contrato ter natureza administrativa não atrai a aplicação do artigo 71 da referida lei, pois não se tratou de contratofirmado em decorrência de processo licitatório.A responsabilidade do ente público na hipótese envolve questão ainda mais delicada que a de simples tomador de serviços, na medida em que o repassede verbas ao primeiro réu envolvia a prestação de serviços de saúde, os quais, por imposição constitucional (artigo 30, VII), devem ser prestados peloMunicípio. A partir do momento em que o Município de Curitiba optou por subvencionar as atividades da primeira ré referentes à saúde (os quais seriamprestados em favor da própria prefeitura, no Centro Municipal de Urgências Médicas ­ CUMUM BOA VISTA), passa a ser responsável direto pela prestaçãodesses serviços e, por consequência, pelos direitos trabalhistas dos empregados que exercem essas atividades. A FUNPAR atuou como mera intermediáriado município na execução dos serviços.Em tal hipótese é incontestável a responsabilidade solidária do ente municipal pelos direitos trabalhistas do autor, por mais que não se possa reconhecer ovínculo diretamente com a administração.Semelhante questão já foi apreciada por esta C. Turma, decidindo­se que o Município deve ser solidariamente responsabilizado, visto que a situaçãoimporta transferência da execução de serviço de responsabilidade do ente público (serviços de atendimento à saúde da população), conforme acórdãoproferido nos autos 02548­2012­664­09­00­5 (RO 430/2013), publicado em 12.11.13, de lavra da Exma. Desembargadora Fatima Teresinha Loro LedraMachado. No mesmo sentido foi o julgamento relativo ao processo 32364­2012­028­09­00­7 (RO 801/2014, publicado em 23/05/2014) de lavra do Exmo.Juiz Convocado Ney Fernando Olivé Malhadas.Para não incidir em "reformatio in pejus", analisa­se a questão apenas sob o prisma de responsabilidade subsidiária.Mesmo nas situações em que a contratação do prestador de serviços se dá mediante regular processo licitatório, tal circunstância não afasta por si só aresponsabilidade do ente público, mormente quando se constata a ocorrência de culpa "in vigilando", como no caso concreto.Competia ao segundo réu controlar e avaliar a execução do convênio celebrado. Porém o município não comprovou que houve qualquer tipo defiscalização, não tendo trazido qualquer prova neste sentido, deixando de atentar para os descumprimentos da legislação trabalhistas ocorridos, razãopela qual caracterizada sua culpa "in vigilando". Os únicos documentos que constam nos autos dizem respeito aos convênios firmados, bem comomateriais e pessoal utilizados na prestação dos serviços, além de valores repassados. Assim, entendo que não provam qualquer fiscalização do entepúblico.Nesse sentido, seria cabível a responsabilização subsidiária também com base no entendimento cristalizado na nova redação da Súmula 331, V, do E.TST:"Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a suaconduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigaçõescontratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigaçõestrabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada".

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trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada".Diante do exposto, mantenho a decisão do juízo de origem.

III ­ CONCLUSÃO

Pelo que,ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DOS RECURSOS ORDINÁRIOSDAS PARTES, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO ORDINÁRIO DAPRIMEIRA RECLAMADA para, nos termos da fundamentação: a) reconhecer a aplicação das normas coletivas firmadas entre a primeira reclamada e oSENALBA­PR; e b) restringir a condenação ao pagamento apenas do adicional de horas extras, pelo labor excedente aos limites normais; PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA para, nos termos da fundamentação: ampliar a condenação ao intervalointrajornada determinando­se o pagamento total do período (15 minutos) devido pelos dias laborados em plantões de 6 horas (com base nos cartõesponto), com os mesmos adicionais e reflexos determinados para as horas extras; e NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DO SEGUNDORÉU (MUNICÍPIO DE CURITIBA), nos termos da fundamentação.Custas inalteradas.Intimem­se.Curitiba, 28 de outubro de 2015.THEREZA CRISTINA GOSDALRELATORA

Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região ­ [email protected] Dr. Carlos de Carvalho, 528, Centro ­ Telefone (41) 3310­7000 ­ CEP 80430­180 ­ Curitiba­PR