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Caso Febrônio

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    O discurso mdico-psicolgico e a garantia dos efeitos salutares e elevados da defesa social: o caso Febrnio

    Hildeberto Vieira Martins*

    O ano de 1927 ficou marcado pelo intenso debate em torno de um caso considerado por muitos como exemplar, caracterizado como o caso de um indivduo com a perverso do instinto genital, conhecida pelo nome de sadismo, segundo relato de um dos muitos especialistas que se dedicaram ao seu estudo e anlise mdico-cientfico. Seu personagem principal atendia por vrios nomes ou eptetos (Jos Mattos, Bruno Ferreira Gabina, Febronio Simes de Mattos, Vira-fogo, por exemplo) mas acabou sendo mais conhecido pelo nome de Febrnio ndio do Brasil. O caso Febrnio teve como resultado mais evidente destinar seu investigado ao lugar de primeiro interno do Manicmio Judicirio do Rio de Janeiro (MJ/RJ). Sua histria interessa-nos por proporcionar compreender as vicissitudes da produo das prticas psi (psiquiatria, psicanlise, psicologia) na passagem dos sculos XIX-XX. E o incio do sculo XX parece desencadear uma nova maneira de lidar e pensar a liberdade individual e suas implicaes, derivada da virada permitida pelo emprego cada vez mais difundido de um discurso psicolgico.

    A difuso de uma srie de discursos sobre o que passa a ser definido como a natureza psicolgica (comportamento, vontade etc.) possibilitou o desenvolvimento de um novo espao de atuao de certas prticas cientficas: o campo da intimidade interiorizada. Esse novo horizonte cientfico marcou a produo de um movimento de interiorizao do eu, capaz de fomentar a produo de um discurso e de uma prtica mdico-psicolgica voltada para a anlise do indivduo (como objeto) e para as suas manifestaes ditas psicolgicas. A consolidao desse campo de debate (cientfico), nem sempre exitoso, foi em grande parte o

    * Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense; financiamento: FAPERJ

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    resultado do incansvel credo cientificista que se pretendia ordenador do espao social. Disso deriva a elaborao de uma srie de modelos de anlise do indivduo capazes de definir os limites da liberdade individual com o propsito de defender a sociedade e o progresso da nao, baseados em modelos positivistas de objetivao do espao social. O caso Febrnio tornou-se emblemtico para o campo da medicina legal, j que foi de capital importncia para a discusso de alguns de seus conceitos capitais, como o de periculosidade e temibilidade. As ideias que giram em torno desse debate se tornariam comuns em toda a discusso dos limites do controle social de uma parcela da sociedade. Se o prprio Febrnio nunca admitiu ser o executor de parte de seus crimes (Fry, 1985) isso no impediu que ele fosse objeto de investigao e disputa entre juristas, psicanalistas e mdicos com o intuito de determinar qual deveria ser o verdadeiro lugar de recluso para aqueles que a partir de agora seriam considerados tipos perigosos: a cadeia, espao do direito, ou o manicmio, campo por excelncia da medicina. Esse caso nos interessa por uma aspecto bem particular: ele foi debatido por vrios membros de um grupo de cientistas que ficou denominado por uma certa literatura cientfica como a Escola Nina Rodrigues (Corra, 1998; Ramos, 1934), o que demonstra o quanto as questes levantadas por esses especialistas foram capazes, em certas circunstncias, de vaticinar e determinar qual era o verdadeiro lugar social daqueles sujeitos considerados perigosos.

    Nossa anlise preliminar desse caso segue as indicaes e algumas concluses apresentadas nos trabalhos pioneiros de Peter Fry sobre o caso Febrnio (Fry, 1982; 1985). A sua investigao apresenta os caminhos jurdicos, mdicos e sociais que levaram Febrnio a ser considerado o primeiro interno do Manicmio Judicirio do Rio de Janeiro (MJ/RJ), falecendo nesta mesma instituio em meados da dcada de 1980. E como nos revela Peter Fry, o que esse caso tem de singular apontar para a fora que certas prticas exercem sobre a vida social pois Febrnio passou toda a sua vida encarcerado nesta instituio, sem nunca ter podido exercer seu direito liberdade, penalizao jurdica desconhecida em nosso cdigo penal (Fry, 1985).

    Mas como sinalizar a importncia do caso Febrnio? Porque tom-lo como analizador de certas prticas de assujeitamento presentes em nossa sociedade? E como inseri-la dentro do

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    debate tnico-racial brasileiro? Para facilitar um melhor entendimento dos meandros das relaes de poder e dominao que atravessam a construo desse discurso sobre o sujeito perigoso, consideramos ser pertinente apresentar uma breve descrio desse caso. Febrnio ndio do Brasil foi acusado de uma srie de delitos (ele tinha dezenas de passagens pela polcia por fraude, suborno, vadiagem, roubo; acusaes de exerccio ilegal da medicina e da odontologia sob o pseudnimo de Bruno Ferreira Gabina, inclusive sendo acusado do assassinato do mesmo pelos jornais da poca, como o Correio da Manh; acusao da tentativa de estupro e da morte de Djalma Rosa; a acusao do vcio da pederastia, entre outras infraes), mas tendo sido preso pelo o assassinato do menor Alamiro Jos Ribeiro em 13 de agosto de 1927. O crime foi noticiado em vrios jornais da poca e analisado por juristas e mdicos com o intuito de determinar qual deveria ser o verdadeiro lugar de recluso desse delinquente: a cadeia ou o manicmio. O caso foi debatido inicialmente por Heitor Carrilho, considerado discpulo de Juliano Moreira e do prprio Nina Rodrigues (Sales, 1988), e que ser o primeiro diretor do Manicmio Judicirio do Rio de Janeiro, e por Murillo de Campos e Leondio Ribeiro, sendo que este ltimo se considerava discpulo de Afrnio Peixoto, escrevendo inclusive sua biografia (Ribeiro, 1950). Ambos os discpulos vo usar de concepes consideradas por eles de modernas e retiradas do campo da psiquiatria, psicanlise e do direito positivo para estabelecer qual o encaminhamento adequado para os crimes cometidos por Febrnio.

    Os principais debatedores no campo da cincia foram Heitor Carrilho e de Leondio Ribeiro e suas anlises tm muitos pontos em comum, j que Leondio ao publicar um trabalho intitulado Homossexualismo e Endocrinologia (1938) usa parte das descries realizadas por Carrilho sobre esse caso com o propsito de sustentar alguns de seus prprios argumentos a respeito do problema da homossexualidade. Para Leondio Ribeiro, o caso de Febrnio era mpar, dado o seu ineditismo no Brasil. Essa raridade devia-se, segundo ele, por se tratar de um caso de sadismo (homossexualismo) e de ser o seu representante um mestio (Ribeiro, 1938: 119). Ao que parece a questo da mestiagem ainda no havia perdido a sua importncia cientfica como veculo sinalizador de certas deficincias ou patologias que acometiam uma parcela da

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    populao brasileira. Limitar a liberdade desses indivduos perigosos passou a ser um dos objetivos desses cientistas.

    Para corroborar as suas ideias, Leondio Ribeiro apresenta uma srie de medies somticas, que so misturadas a algumas passagens da vida de Febrnio (Anamnese) para com isso produzir certa inteligibilidade cientfica. A esse material produzido com os recursos da cincia somam-se ainda dados do livro escrito por Febrnio intitulado Revelaes do Prncipe do Fogo, publicado por ele em 1926, e posteriormente recolhido e queimado pela polcia, ao que parece em decorrncia de seu risco social. A vida e a sorte de Febrnio se ligam a essa publicao, a ponto de se tornar um imperativo para ele a sua impresso, o que realizou de maneira gradativa a partir de suas economias.

    Ao acmulo de idias extravagantes, tecidas do mais puro e detestvel misticismo supersticioso, segundo as palavras de Heitor Carrilho, juntam-se as caractersticas da sua psicologia. A preocupao com uma descrio psicolgica um trao revelador dessa nova visada do olhar mdico sobre a produo desse indivduo perigoso, j que so as manifestaes de fatores e caractersticas psicolgicas aquilo que estaria por traz do aparecimento e da explicao das patolgicas de Febrnio, feitas tanto por Leondio Ribeiro quanto por Heitor Carrilho:

    Para ns, que com maior preocupao de bem penetrar na psicologia de Febrnio, procuramos sondar os ntimos recantos da sua mentalidade, para de l extrairmos, num apuro de psicoscopia, os traos que a definem, as suas convices e idias msticas merecem um cuidado todo especial. que a elas poderiam estar, de certo modo, ligadas as sua crueldades homicidas, armado-lhe o brao assassino no estrangulamento de menores e crianas, numa possvel inteno de holocausto ao seu estranho Deus (CARRILHO, 1930: 87).

    Mas na obra de Leondio Ribeiro que vemos o quanto essa investigao psicolgica das causas que levaram Febrnio ao seu comportamento criminoso parece se tornar o caminho profcuo. Valendo-se de explicaes psicanalticas, ele e Murillo de Campos, na parte intitulada Febrnio luz da psicanlise, tentam desvendar a mente de Febrnio e o motivo

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    de suas aes: Antes da doutrina psicanaltica seria difcil compreender os casos mrbidos como o de Febrnio. Teriam de ir forosamente para os agrupamentos vagos e transitrios das psicopatias, estados mrbidos originrios, degeneraes, etc. Combatendo essas concepes relativas s perverses sexuais, Freud partiu do fato de que todos os desvios do fim sexual, de que todas as atitudes perversas a respeito do objeto sexual (homossexualismo, auto-erotismo, fetichismo, necrofilia, sadismo, masoquismo, etc., com as suas tendncias caractersticas, isoladas ou associadas, procurando satisfao na realidade ou contentando-se com a simples representao mental desta satisfao), existiram em todos os tempos, desde os primitivos at os mais civilizados (RIBEIRO, 1938: 128)

    Contudo, nem Heitor Carrilho escapa de utilizar essa nova ferramenta para tentar dar conta das manifestaes psicolgicas de Febrnio. O caso Febrnio, visto luz dos conceitos psicanalticos, no poderia se revelar de outra maneira: um caso patolgico, que deveria sofrer um tratamento radical que produzisse a cura ou, para a defesa da sociedade, garantisse a produo do recurso da tutela como forma de controle social. Ao final de todo o processo de anlise, o magnfico relatrio de Heitor Carrilho (Ribeiro, 1938) vaticina o destino de Febrnio. Considerado, a partir da elaborao da classificao brasileira das doenas mentais, feita pela Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal, como um caso de estado atpico de degenerao (Carrilho, 1930: 92) no resta dvida que ele deve ser mandado ao manicmio judicirio. Curiosamente, esta classificao nunca chegou a ser finalizada, segundo Portocarrero (2002).

    As causas desencadeantes do mal de Febrnio, provocadoras de sua tendncias psico-sexuais mrbidas e de sua mentalidade degenerada seriam a sua loucura moral, o seu sadismo e amoralidade constitucional e seu delrio mstico, fatores que o tornaria um anmalo moral, um anmalo sexual e um delirante mstico supersticioso. Essas caractersticas seriam a cabal evidncia da ligao ntima e estreita entre a degenerao e criminalidade (Carrilho, 1930: 96-97; Ribeiro, 1938: 140-141). Ambos os autores ainda citam a discusso de Afrnio Peixoto sobre a responsabilidade dos atos desse indivduos, presente em sua obra Psicopatologia forense. Para este ltimo, esse tipo de indivduo degenerado no

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    tem conscincia clara sobre os seus direitos e deveres devido as suas malformaes no campo da inteligncia, vontade e emoes.

    Limitar a liberdade desses indivduos perigosos passou a ser um dos projetos desses cientistas do social. Munidos de um repertrio cada vez mais psicologizante, esses mdicos acreditavam que a melhor maneira de proteger a sociedade era pela via da segregao, mesmo que ad vitam. A imputao da pena passava pela certeza produzida atravs da cincia. Para o bem da sociedade, para a sua defesa social era necessrio dar uma soluo a esse indivduo perigoso.

    Ao que parece no estamos muito longe do que dcadas antes sugeria Raimundo Nina Rodrigues, mas s que agora no estamos falando mais s do negro recm-sado do processo provocado pela Abolio. O elemento a ser tutelado, excludo, objeto da cincia para o bem da sociedade se amplia, mesmo que a mira desses cientistas e das instituies de represso social se faam quase que frequentemente sobre os sujeitos que sero definidos cultural e socialmente como negros (pobres, favelados, analfabetos etc.).

    Esse indivduo um elemento temvel, e como tal deve receber tratamento que garanta a sua correo. Foi por isso que a idia de temibilidade passou a fazer parte, insistentemente, do discurso de Heitor Carrilho como um argumento necessrio para demostrar os riscos inerentes ao ato irresponsvel do Estado e da sociedade se deixassem esses sujeitos livres e sem tratamento. Heitor Carrilho utiliza o conceito de Ernesto Garzon Valds para definir o que seria a temibilidade. Para Garzon o indivduo temvel aquele indivduo que se pode presumir que cometer aes suscetveis de perturbar a ordem pblica (Carrilho, 1930: 143).

    As obras, prticas e falas dos mdicos que aqui foram apresentados parecem no deixar dvidas do alcance que o saber cientfico pde estabelecer. A histria de Febrnio s mais uma de muitas histrias, mas nem por isso ela perde a fora de demonstrar como as estratgias de dominao continuam sendo produzidas e reproduzidas em vrios espaos de atuao dos saberes ditos psicolgicos, e de como elas s vo se tornando cada vez mais sutis e sofisticadas. Se Febrnio era um sujeito que aspirava cuidados pois perigoso e anti-social, porque sua pena foi o esquecimento provocador de uma inexistncia social? Quais so as razes de Estado que favorecem cada vez mais, em nossa sociedade, e que conta com o

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    auxlio desses saberes cientficos, a produo das restries dos espaos de atuao social daqueles que sero rotulados como temveis ou perigosos por conta de uma suposta interioridade insidiosa. Por que a suspeio se abate sobre todo aquele que pode ser visto como contrrio ordem social preconizada por alguns homens de cincia?

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