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1 Entre símbolos e cores: dinâmicas internacionais dos Congressos de Geologia MARIA MARGARET LOPES * Introdução: “L’armature de l’organisation internationale” das ciências Em “La Synthèse Géologique de 1775 à 1918” publicada em um dos primeiros volumes da ISIS, de 1919, George Sarton destacou a centralidade dos Congressos internacionais para o avanço dessa área de conhecimentos e o seu papel na sustentação da organização internacional das ciências. Listou desde o 1º Congresso Internacional de Geologia que se realizou em Paris (1878), até todos que se seguiram à época da publicação de seu artigo: Bolonha (2º, 1881), Berlim (3º, 1885), Londres (4º, 1888), Washington (5º, 1891), Zurique (6º, 1894), São Petersburgo (7º, 1897), Paris (8º, 1900), Viena (9º, 1903), Cidade do México (10º, 1906), Estocolmo (11º, 1910) e Toronto (12º, 1913). Não deixou de mencionar os Congressos Internacionais de Minas, Metalurgia, Mecânica Aplicada e Geologia Aplicada, bem como as Conferências Agrogeológicas Internacionais. Tais eventos já eram identificados então, por Sarton, como “l’armature de l’organisation internationale” das ciências (SARTON, 1919: 379). Fundamentais também, para o sucesso dos congressos, ressaltava Sarton, eram sem dúvida, as organizações nacionais como as Sociedades Geológicas e os Serviços Geológicos. Estes últimos foram, em geral, encarregados da exploração dos recursos minerais dos respectivos territórios (FIGUEIRÔA, 2007) e, para tanto, da realização do conjunto dos trabalhos necessários para a elaboração de mapas, um dos maiores objetivos dos Congressos Geológicos Internacionais desde 1878. Os Congressos científicos são uma das mais evidentes expressões da internacionalização e profissionalização das ciências desde meados do século XIX. Os congressos constituem ‘loci’ especiais para se compreender e acompanhar a circulação de pessoas, idéias e práticas científicas e tecnológicas, bem como mapear as relações assimétricas que marcaram tais encontros. Embora o internacionalismo tenha se tornado um dos centros das atenções dos historiadores das ciências há alguns anos (FORMAN, 1973), cabe destacar que os inúmeros congressos internacionais das diferentes áreas científicas, com suas séries de sessões continuadas não receberam ainda as atenções que merecem enquanto tópicos independentes de investigação. E, os congressos científicos assumem uma dimensão peculiar entre as práticas globalizadas que resultaram da profissionalização e da * Museu de Astronomia e Ciências Afins MAST-MCTI. Professora Livre-Docente/Pesquisadora do CPNq.

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    Entre smbolos e cores: dinmicas internacionais dos Congressos de Geologia MARIA MARGARET LOPES

    Introduo: Larmature de lorganisation internationale das cincias

    Em La Synthse Gologique de 1775 1918 publicada em um dos primeiros volumes da ISIS, de 1919, George Sarton destacou a centralidade dos Congressos internacionais para o avano dessa rea de conhecimentos e o seu papel na sustentao da organizao internacional das cincias. Listou desde o 1 Congresso Internacional de Geologia que se realizou em Paris (1878), at todos que se seguiram poca da publicao de seu artigo: Bolonha (2, 1881), Berlim (3, 1885), Londres (4, 1888), Washington (5, 1891), Zurique (6, 1894), So Petersburgo (7, 1897), Paris (8, 1900), Viena (9, 1903), Cidade do Mxico (10, 1906), Estocolmo (11, 1910) e Toronto (12, 1913). No deixou de mencionar os Congressos Internacionais de Minas, Metalurgia, Mecnica Aplicada e Geologia Aplicada, bem como as Conferncias Agrogeolgicas Internacionais.

    Tais eventos j eram identificados ento, por Sarton, como larmature de lorganisation internationale das cincias (SARTON, 1919: 379). Fundamentais tambm, para o sucesso dos congressos, ressaltava Sarton, eram sem dvida, as organizaes nacionais como as Sociedades Geolgicas e os Servios Geolgicos. Estes ltimos foram, em geral, encarregados da explorao dos recursos minerais dos respectivos territrios (FIGUEIRA, 2007) e, para tanto, da realizao do conjunto dos trabalhos necessrios para a elaborao de mapas, um dos maiores objetivos dos Congressos Geolgicos Internacionais desde 1878.

    Os Congressos cientficos so uma das mais evidentes expresses da internacionalizao e profissionalizao das cincias desde meados do sculo XIX. Os congressos constituem loci especiais para se compreender e acompanhar a circulao de pessoas, idias e prticas cientficas e tecnolgicas, bem como mapear as relaes assimtricas que marcaram tais encontros. Embora o internacionalismo tenha se tornado um dos centros das atenes dos historiadores das cincias h alguns anos (FORMAN, 1973), cabe destacar que os inmeros congressos internacionais das diferentes reas cientficas, com suas sries de sesses continuadas no receberam ainda as atenes que merecem enquanto tpicos independentes de investigao. E, os congressos cientficos assumem uma dimenso peculiar entre as prticas globalizadas que resultaram da profissionalizao e da

    Museu de Astronomia e Cincias Afins MAST-MCTI. Professora Livre-Docente/Pesquisadora do CPNq.

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    internacionalizao da vida cientfica, das facilidades cada vez maiores dos meios de transporte e comunicaes, desde meados do sculo XIX.

    Neste artigo, so mencionadas algumas das temticas gerais que marcaram as primeiras sesses dos Congressos Internacionais de Geologia, inseridos na dinmica das redes globais, que em ltima anlise, foram responsveis pela estandartizao dos cdigos cientficos e disciplinares, das linguagens e prticas que comearam progressivamente, atravs de negociaes e consensos, homogeneizar as prticas das comunidades tcnico - cientficas internacionais (CORSI, 2007). Para discutir tais dinmicas, entendemos tambm os congressos, como espcies de zonas de fronteiras emprestando os conceitos de GIERYN (1999) e KOHLER (2002), entre outros autores. Nas proposies sobre a urgncia em se construir cartografias culturais das cincias, para compreenses mais amplas sobre seus processos de globalizao, os espaos fronteirios, entre os quais inclumos os congressos, assumem feies cruciais. A se organiza o trabalho de fronteira, isto , o esforo dos cientistas para delimitar o que passar a ser ou no cientfico; para ampliar territrios disciplinares a custa de outros, ocupar novos territrios, estabelecer os limites entre o que se passou a chamar cincias puras e aplicadas, hierarquizar os trabalho de campo e de laboratrio, construir imagens pblicas das cincias que justifiquem a posse por um grupo de cientistas e no por outro, de importantes territrios culturais.

    Nesses eventos internacionais, (regionais e nacionais, tambm) conjuntos de fenmenos pouco conhecidos, dispersos ou locais - transformados em comunicaes cientficas, em mapas e imagens - geraram novas questes tericas e empricas de reas especficas, mas tambm da histria moderna, da cultura, da tecnologia. Considerando que os Congressos permitem visualizar e acompanhar os estados da arte, as polticas, a construo de culturas cientficas, este artigo parte de um projeto de pesquisa que se inicia. Pretende investigar as temticas centrais, as proposies prticas, as polticas cientficas discutidas nos congressos internacionais, regionais e nacionais relacionados s cincias geolgicas, realizados na transio para o sculo XX (LOPES, 2012-2015).

    Foi nessa altura que, em profuso e diversidade internacional, apareceram os gelogos (SARAMAGO, A Jangada de Pedra, 2008: 20).

    A historiografia sobre a organizao dos Congressos Geolgicos destaca em suas origens a persona de Giovanni Capellini (1883-1922), professor de Geologia da Universidade de Bolonha. Graduado em Pisa, homem de Museu, darwinista convicto, amigo de reis e

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    polticos de quase todos os pases europeus, com uma correspondncia impressionante (mais de 30.000 cartas), especializado em Arqueologia e Paleontologia, organizador do 1 Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pr-Histrica, Capellini era sobretudo um construtor de mapas (CACIAGLI and FERRARI, 2009). Em sua troca de correspondncias sobre a elaborao do Mapa geolgico da Itlia com o Ministro italiano da Agricultura, Industria e Comrcio, entre fevereiro e maro de 1874, Capellini insistia que muitos gelogos concordavam com sua afirmao de que o progresso da Geologia estava sendo prejudicado pela nomenclatura, frequentemente estranha e arbitrria adotada em diferentes pases, o que dificultava o trabalho de correlaes, de identificao precisa das formaes geolgicas, e evidentemente da elaborao dos mapas. A soluo proposta era exatamente a realizao de um Congresso Internacional em Roma, apresentado como a oportunidade de busca de um primeiro acordo com os gelogos de diferentes pases sobre nomenclatura, subdiviso sistemtica das diferentes formaes identificadores dos perodos geolgicos e acima de tudo, o Congresso seria a a oportunidade para que o Mapa geolgico da Itlia ganhasse aceitao universal, se tornasse modelar para mapas geolgicos de larga escala. Assim, Capellini tentava convencer o Ministro: a Itlia escreveria uma linda pgina na histria da Geologia, como j havia feito no passado (VAI, 2002: 252)

    Apesar do desejo e influncia de Capellini, a primeira Sesso dos Congressos Internacionais de Geologia se realizaria em Paris e no em Roma, e os mapas elaborados nos Estados Unidos e seriam o destaque dessa primeira reunio que se realizou no contexto da Exposio Universal de 1878, entre os dias 29 de agosto e 4 de setembro. Alm do que, Berlim, e no Roma, acabou por ser o local escolhido para a preparao do mapa da Europa a ser apresentado no 2 Congresso de Bolonha.

    O 1 Congresso foi o resultado das articulaes iniciadas no 25th Meeting of the American Association for the Advancement of Science, realizado em Bufalo, nos Estados Unidos, em 1876. Aos gelogos estadosunidenses e canadenses promotores da iniciativa William B. Rogers, James Hall, John William Dawson, J.S.Newberry, T. Sterry Hunt, C.H. Hitchcock e R. Pumpelly -, foram incorporados T. H. Huxley pela Inglaterra, Otto Torel da Sucia e E.H. von Baumhauer da Holanda, convidados do evento americano e encarregados das negociaes com a comunidade geolgica europia. A proposta do Congresso incorporava os mesmos objetivos que mobilizavam Capellini: for the purpose of getting together comparative collections, maps and sections, and for the settling of many obscure points relating to geological classification and nomenclature (Am. J. Sci, 1876, v. XII: 463). A urgncia da estandartizao da terminologia geolgica e dos esquemas de cores dos mapas

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    tambm estivera na base das proposies do espanhol Juan Vilanova y Piera (1821-1893) (PELAYO, 1995), que desde 1867 e novamente em 1876, tambm negociava com a Socit Gologique de France, da qual fora eleito membro, a organizao de um Congresso Internacional (ELLENBERGER,1978).

    E de fato, a grande articuladora do primeiro Congresso seria a Socit Gologique de France. Um comit de organizao local se organizou na Frana, em julho de 1877, e para uma reunio da Associao Americana para o Progresso das Cincias de setembro de 1877, que discutiu o assunto, Capellini enviou e foram divulgadas suas primeiras tentativas de organizao de um Congresso junto ao governo italiano, o que lhe facilitaria o acordo unnime no congresso de Paris, para a realizao da Segunda Sesso do Congresso em Bolonha (COMPTE RENDU...1882).

    Entre as principais resolues do 1 Congresso estavam a organizao de duas comisses internacionais voltadas para a unificao dos smbolos geolgicos e da nomenclatura geolgica. Estes seriam os temas centrais da 2 sesso em Bolonha. Uma terceira comisso foi proposta para estudar a tambm a questo de estabelecimento de regras para nomenclatura em mineralogia e paleontologia.

    E essas discusses sobre os conceitos adotados na nomenclatura geolgica, evidentemente envolvendo aquela dos idiomas nacionais e suas tradues, gerariam inmeros debates polticos. Em Bolonha, votaes estabeleceram um a um os significados dos termos das classificaes e nomenclaturas cronoestratigrficas e cronolgicas, sua hierarquia enquanto unidades estratigrficas, como no caso dos termos groupe e terrain que no tinham o mesmo significado em diferentes pases. (Os anais dos Congressos adotavam a lngua francesa). A substituio do termo terrain por systme por exemplo, foi proposta com o argumento de que para se adotar uma linguagem internacional, era necessrio adotar palavras mais fceis de traduo em todas as lnguas. Beyrich da Alemanha o coordenador da Comisso do mapa da Europa - declarava que o termo terrains jamais poderia figurar na nomenclatura geolgica na Inglaterra e na Alemanha. Zittel um dos mais proeminentes paleontlogos de sua poca - reconhecendo a dificuldade que o Congresso traria para os gelogos franceses, se impusesse um novo termo/conceito para a palavra terrain, propunha

    conservar os termos terrain e systme com o mesmo significado (COMPTE RENDU, 1882: 95). O que no impediu que o termo systme fosse aprovado por ampla maioria.

    A disputa pela linguagem geolgica e idiomas a serem adotados internacionalmente esteve presente nesses congressos cientficos, particularmente para limitar a diversidade lingstica que caracterizava os congressos geolgicos. Na Europa, os anos anteriores a 1914

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    testemunharam inclusive, o aparecimento de um argumento de que a diversidade lingstica poderia se tornar uma ameaa comunicao cientfica internacional. E o lugar retrico da denncia dessa ameaa correspondeu exatamente ao lugar material dos congressos internacionais lugares emblemticos da oralidade. A especializao cientfica, a multiplicao e sub-diviso das disciplinas, associadas diversidade lingstica pareciam contribuir para adiar para sempre essas pretendidas snteses e fomentar a idia da perda da unidade da cincia (RASMUSSEN, 1996).

    As solicitaes de incluso de novas lnguas oficiais, representando a fora poltica dos pases que sediavam os congressos, ou a presso das maiores delegaes presentes a esses eventos, foram temas recorrentes, geradores de protestos e discusses, tanto quanto aqueles que se davam nas comisses de nomenclatura, em que neologismos, criados para uma disciplina, obedecendo tradies locais, eram analisados e alterados antes de serem adotados em outras lnguas (RASMUSSEN, 1996, PODGORNY, 2001). Com o aumento sucessivo da participao internacional, a necessidade de uma lngua unitria para a cincia era apresentada como um imperativo para a comunicao e a sociabilidade. E mais do que isso, a diversidade lingstica poderia vir a por em causa a prpria realizao dos congressos, considerados at ento, os cenrios privilegiados para a validao das grandes snteses cientficas, a que Sarton (1919) se referia.

    Para o caso das cincias geolgicas, no incio do sculo XX, as tentativas internacionais de snteses se voltavam para a busca de mecanismos globais explicativos para a origem dos continentes e oceanos. Nesse quadro, a obra clssica de Eduard Suess (1831-1914) - Das Antliz der Erde - gozou de uma aceitao quase unnime entre os especialistas (ZITTEL, 1900). A Face da Terra - foi redigida de 1883 a 1909 e a traduo francesa - que Sarton resenhou em seu artigo La Synthse Gologique de 1775 1918 havia sido iniciada em 1897 e foi completada em 1918. Diferentemente do que estabelece hoje a teoria da tectnica de placas, Suess - defendendo a expanso secular e aprofundamento das bacias ocenicas s custas da crosta continental e, no, a mobilidade dos continentes - entendia as montanhas como testemunhos exuberantes da ao de foras compressivas geradas pelo processo de contrao termal gradual da Terra (GREENE, 1982). Alfred Wegener (1880-1930) apresentou sua teoria da Deriva continental pela primeira vez em uma conferncia em 1912, e publicou diversas verses at 1929 (LOPES, 2011, 2012). Mas, ao longo da dcadas de 1920 e 1930, a noo de mobilidade dos continentes foi amplamente rejeitada pela maioria dos gelogos, particularmente norte-americanos. Segundo alguns autores, somente na 13 Sesso do Congresso Internacional de Geologia de Bruxelas, em 1922, que teria sido

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    proposta uma sntese da tectnica global e discutida a evoluo crustal no mbito das teorias mobilistas, refernciadas nas hipteses de Wegener. Abordando essas questes centrais entre outros temas, alguns autores consideraram que os Congressos Geolgicos Internacionais no foram mecanismos para confrontos metodolgicos sobre os problemas com os quais se defrontava a comunidade geolgica, at as primeiras dcadas do sculo XX (ELLENBERGER, 1978; AYALA-CACERDO, 2005). Trata-se ainda de entender melhor at que ponto novas teorias, desafios a paradigmas vigentes, formas de negociaes de interesses, circulao de informaes, implementao de polticas, se constituram e ou se amplificaram nos espaos desses Congressos internacionais.

    tempo de explicar que quanto aqui se diz ou venha a dizer verdade pura e pode ser comprovado em qualquer mapa (SARAMAGO, A Jangada de Pedra, 2008: 20).

    Mas de fato, os primeiros congressos se constituram nas principais instncias para as diversas tentativas operacionais e conceituais para coordenar nomenclaturas, smbolos, cores e escalas. No perodo em anlise, a estandartizao das prticas cientficas foi comum a diferentes reas disciplinares. A ttulo de exemplo, no VI Congresso Internacional de Geografia, realizado em Londres em 1895, havia sido firmada a proposta de elaborao de um mapa de toda a terra, na escala de 1:1.000.000. Uma comisso com representantes das diferentes naes foi formada e discutiu os smbolos cartogrficos convencionais para hidrografia, relevo, etc. Entre as diversas resolues aprovadas pelo Congresso de Genebra, em 1908, constava novamente a necessidade de se re-ativar os esforos e as comisses para a realizao da cartografia mundial na escala de 1:1.000.000 e de se unificar as escalas dos mapas.

    De h muito que Rupke (2001) chama a ateno para que ao longo do sculo XIX, os mapas de distribuio global de fenmenos naturais foram se constituindo em novas estruturas de conhecimentos cientficos que auxiliaram tanto a explicar o mundo natural, como contriburam para a validao das aspiraes scio-polticas daqueles cientistas construtores de mapas (LOPES, 2007).

    Os mapas geolgicos foram um dos maiores e mais persistentes objetivos dos congressos geolgicos. As construes dos mapas envolveram um conjunto de negociaes entre poderosas escolas nacionais de Geologia e tradies cartogrficas (CORSI, 2007) e foram sistematicamente acompanhadas nos congressos. Nas reunies preparatrias para Bolonha foi proposta a realizao de um concurso para premiao para as melhores propostas

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    de estabelecimento de uma gama internacional de cores e smbolos convencionais para a representao grfica dos terrenos nos mapas e perfis geolgicos. Papers muito bem elaborados sobre propostas de estandartizao dos esquemas de smbolos e cores para os mapas geolgicos foram apresetnadas (FOX, 1938) e Albert Hein de Zurique, Alexander Karpinsky de So Petersburgo e M. Maillard de Lausane foram premiados em Bolonha, embora nenhum tenha respondido o conjunto dos desafios colocados.

    O mapa da Europa que havia sido proposto em Paris, para a Comisso internacional coordenada pela Alemanha foi aprovado pelo Congresso de Bolonha e publicado pela primeira vez na escala de 1:50000 em Berlim em 1894. Participaram da comisso: Beyrich, Hauchecorne, Beyschlag pela Alemanha, que iniciaram a edio; Karpinsky, Tschernyschew, Sederholm pela Russia; Daubre, Michel-Lvy pela Frana; Capellini, Giordano e Pellati pela Itlia; Mojsisovics, Tietze, Lczy pela Austria-Hungria; A. Geikie pela Gr Bretanha e Renevier e Schmidt pela Suia.

    Papers e mapas concretizavam as iniciativas de cooperaes e disputas internacionais em torno das necessrias homogeneizaes de linguagens, mtodos de trabalho para representao das feies geolgicas, esquemas de classificaes geolgicas, princpios e regras de nomenclatura. Tais questes preparadas nas comisses do mapa da Europa e depois do mapa do mundo foram debatidas em quase todos os congressos internacionais realizados at o Congresso de Pretria (1929) em que finalmente um mapa global foi aprovado. Os mapas geolgicos nacionais, regionais e globais eram fundamentais, quer para as comprovaes ou no das teorias mobilistas (deslocamentos ou no dos continentes), quer para a localizao e explorao mundial de depsitos de carvo, ferro, cobre, entre inmeros outros recursos minerais, temticas sempre presentes em todos os Comptes Rendu desses congressos.

    A construo de mapas geolgicos identificada aqui com as prticas normalizadoras essenciais da objetividade comunitria conceito historicamente datado -, com que Lorraine Daston (1999), uma das referncias recorrentes em nossos trabalhos (LOPES, 2007, 2010), analisou a elaborao dos mapas globais. Tais prticas internacionalmente negociadas, sacrificando paroquialismos e tradies de escolas nacionais consolidaram os processos de profissionalizao e internacionalizao das cincias.

    Mas, como muitos dos problemas com os quais se defrontavam e ainda se defrontam os gelogos, paleontlogos, mineradores so e foram especficos de regies ou localidades particulares e diversas feies geolgicas so nicas de uma dada localidade, as excurses geolgicas foram e continuam sendo outras das prticas essenciais dos Congressos

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    geolgicos. H um conjunto de questes relacionadas s articulaes e disputas em torno das contradies e complexidades das prticas de campo (KOHLER, 2002) que marcaram tambm as cincias geolgicas no perodo.

    As propostas de excurses podiam influenciar a escolha do pas ou cidade do prximo evento e eram mencionadas explicitamente como um dos critrios de avaliao do sucesso dos Congressos, como destacou o representante de Portugal, mencionando as excurses ao Harz ou s minas de sal gema de Stassfurt, em seu relatrio sobre o Congresso de Berlim (1885) (CHOFFAT, 1887). Tambm o representante do Servio Geolgico da ndia relembrou a importncia das excurses do 7 Congresso de So Petersburgo de 1897, s famosas ocorrncias de malaquita, platina, ouro ou s minas de limonita em Bakal (FOX, 1938). As excurses foram os principais argumentos utilizados pelo diretor da direo Geral de Minas, Geologia e Hidrologia da Argentina, para justificar a proposta de organizao de um prximo congresso em seu pas, apresentada ao Congresso Geolgico do Canad. Permitindo-nos acompanhar conceitos geolgicos em voga no perodo, Hermitte argumentava sobre a importncia cientfica de que a comunidade internacional realizasse excurses para estudo dos sedimentos mesozicos do geossinclinal andino, e das diferentes regies geolgicas do sul da Amrica (HERMITTE, 1914). As excurses foram tambm o grande diferencial do Congresso do Mxico, em que foram organizados 31 roteiros geolgicos, atravessando todo o pas. Estas excurses, quase sempre descritas como inesquecveis, muito bem planejadas, guiadas pelos especialistas de cada campo disciplinar, possibilitavam aos congressistas estarem frente a frente com os mais significativos fenmenos geolgicos de cada local e estudarem in situ feies imveis (RUDWICK, 1996) mobilizadas somente atravs dos artigos cientficos, dos livros, mapas, perfis, ou fotografias.

    Temtica que emerge de pronto dos Compte Rendu desses primeiros Congressos a atuao dos cientistas locais organizadores de cada um desses eventos, para avanarem suas prprias agendas e aproveitarem tais congressos internacionais para fortalecerem um ou outro setor, disciplina ou regio no interior de suas prprias comunidades cientficas. Por exemplo, a 10 Sesso do Congresso de Internacional de Geologia do Mxico foi apresentada pela literatura mexicana contempornea ao evento, como um triunfo completo, pois outras naes - como o Canad - tambm reividicavam atrair o Congresso de 1906 para seus respectivos pases (BOLETIN...1907). Jos Guadalupe Aguilera (1857-1941) o articulador desse Congresso, engenheiro gelogo, com uma impressionante obra sobre os mais diversos aspectos da Geologia mexicana foi entre os latino-americanos, o que mais participou sistematicamente dos Congressos Geolgicos Internacionais (de Washington, So

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    Petersburgo, Paris, Viena, Mxico e Estocolmo, de 1891 a 1910), alm de congressos afins como o de Hidrologia, Climatologia e Geologia de Lige, em 1896 (MORN-ZENTENO y LOMNITZ, 2000). Para o caso mexicano, alguns autores consideram inclusive, a organizao do Congresso de 1906, um dos elementos indicativos do dinamismo das cincias geolgicas no pas (URIBE SALASS y CORTS ZAVALA, 2006).

    exceo do Mxico, que sediou o Congresso Internacional de Geologia em 1906, Argentina e Chile foram os pases latino-americanos que mais enviaram representantes oficiais ou cientistas para tais eventos, alm do Peru, Cuba, Venezuela, Bolvia, Brasil e Guatemala. A presena ou adeso da Repblica Argentina mencionada desde o 2 Congresso Internacional de Bolonha (COMPTE RENDU1882). Florentino Ameghino, o conhecido paleontlogo, consta da lista geral de membros deste 2 Congresso, como professor em Mercedes, Argentina. A Argentina inclusive se props para sediar o 13 Congresso Internacional, mas esse Congresso, adiado em funo da Primeira Guerra, acabou por ser realizado em 1922, na Blgica.

    Para um trabalho realizado por recomendao do Congresso de Estocolmo (1910), embora representantes do Brasil no tenham participado, teria sido enviado um relatrio detalhado, da autoria de Orvile Derby (1851-1915), sobre os depsitos e jazidas mapeados pelo Servio Geolgico e Mineralgico do Brasil e as condies de infra-estrutura para suas exploraes (FIGUEIRA, 1997). Este Congresso discutiu as possibilidades concretas de esgotamento das reservas mundiais de ferro, dedicando especial ateno aos recursos mundiais de minrios de ferro, tema introduzido pela conferncia de abertura sobre a influncia da Geologia Aplicada e da Indstria Mineira no desenvolvimento econmico do mundo (COMPTE RENDU1912). Mesmo sem uma presena mais marcante do Brasil nesses eventos, as resolues dos Congressos repercutiam no pas, a exemplo do que afiramava Alpheu Diniz Gonsalves (1883-1973) organizador da Bibliographia da Geologia, Mineralogia e Paleontologia do Brasil. Alpheu Diniz Gonsalves inicia o prefcio da obra, citando as pginas do Compte Rendu do 5 Congresso Geolgico Internacional de Washington, de 1891, para afirmar estar seguindo uma das determinaes do Congresso, que organizara uma comisso permanente, para incentivar que todos os pases preparassem catlogos detalhados, relativos as obras sobre Geologia de seus territrios (GONSALVES, 1928).

    Nossas anlises partem do pressuposto de que esses eventos internacionais, regionais e mesmo nacionais nos permitem identificar como os cientistas dos diferentes pases, cidades e ou instituies disputaram a organizao desses congressos, estabeleceram suas temticas e

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    comisses, construram suas listas de participantes, negociaram os programas, as conferncias inaugurais, os convidados, os roteiros das excurses, como estabeleceram os regulamentos definidores de quem podia ou no participar desses circuitos privilegiados de informaes (DOEL et al. 2005; ALMEIDA, 2006). As redes pessoais, scio-poltico-cientficas que sustentaram econmica e institucionalmente tais eventos, as autoridades cientficas e polticas presentes, instituies patrocinadoras e convidadas esto sendo analisadas para considerarmos os papis que exerceram no controle das fronteiras, da validao de prioridades e mtodos de pesquisa e na visibilidade que concederam a algumas especialidades e a seus praticantes. Em termos de geopoltica das cincias, as situaes de sociabilidade tornadas tradies nos congressos, implicavam em toda a organizao de uma logstica de recepo, incluindo agencias de viagens, hotis, meios de transporte e comunicao, temas que vm cada vez mais atraindo a ateno dos historiadores das cincias tambm no pas e na Amrica Latina (PODGORNY et al. 2008).

    As Comisses de trabalho a exemplo das comisses de Nomenclatura e do Mapa da Europa, posteriormente Mapa do Mundo foram comisses notveis por sua permanncia (e ou alterao) e constantes relatos na sucesso dos congressos, permitindo mapear a participao dos cientistas nesses espaos e considerar as tenses entre prticas locais envolvendo cdigos, denominaes, smbolos, cores, escalas, linguagens, identificao de lugares e as tentativas de snteses globalizantes e modelos tericos. Estes temas, ao lado dos estudos mineralgicos, petrogrficos (YOUNG, 2009) e paleontolgicos especficos, eram algumas das questes centrais nas agendas internacionais da rea, alm das comisses que foram sendo agregadas, como de Paleontologia Universal; comisso para o estudo do homem fssil; comisses para constituio de um instituto internacional de vulcanologia; do grau geotrmico; alteraes climticas e regies glaciais; e comisses para cooperao internacional para o

    desenvolvimento de pesquisas gelogicas, dadas as dimenses dos prprios fenmenos, que no respeitavam fronteiras polticas.

    Circulao: consideraes finais

    Circulao talvez permanea ainda como uma das melhores expresses para termos em mente para o incio dessa investigao sobre as prticas e polticas cientficas que caracterizavam os Congressos relacionados s cincias geolgicas. Perspectivas no to recentes em histria das cincias tm chamado a ateno sobre a importncia de tambm se entender as cincias como poderosas formas de comunicao. Nessas abordagens a

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    centralidade dos processos de movimento, translao e transmisso de conhecimentos, de prticas, de objetos oferece oportunidades para ultrapassar fronteiras e limites estreitos de naes, perodos ou disciplinas (SECORD, 2004). Como resultado, circulao um termo que ganhou aceitao tanto no mbito da histria global, como da histria das cincias (ROBERTS, 2009) e que nesse caso, emerge claramente mesmo das primeiras leituras e anlises dessas sries de congressos internacionais. A cada nova Sesso dos Congressos Internacionais de Geologia estavam sendo negociadas, nesses persistentes espaos fronteirios de circulao, novas conjunes de publicaes, de objetos, de pesquisas, de pblicos, de polticas e de profissionais. Trata-se portanto, de adensar nossos conhecimentos sobre os mecanismos de articulao, circulao de informaes, personagens, objetos, teorias, tecnologias, em um desses mltiplos espaos de fronteira e pontos de intercmbios e contatos, que foram os Congressos Geolgicos Internacionais.

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