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SANTOS FILHO, José Camilo; SÁNCHEZ GAMBOA, Silvio Ancízar. Pesquisa educacional: quantidade - qualidade. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
O presente livro, pertencente à coleção “Questões de Nossa Época”, colabora
significativamente com o debate concernente as abordagens quantitativa e qualitativa na
pesquisa educacional, uma vez que os autores tomam como ponto de partida para suas
reflexões, a “denúncia do falso conflito quantidade-qualidade” (SANTOS FILHO;
SÁNCHEZ GAMBOA, 2013, p. 9), sendo que este engendra a formação de dualismos,
dicotomias, reducionismos e preconceitos ideológicos. Desse modo, o objetivo dos
autores é arquitetar questões a serem refletidas, intentando recuperar os fundamentos
lógicos e epistemológicos no âmbito da pesquisa nas ciências sociais.
Para tanto, o livro é dividido em três capítulos, sendo o primeiro de autoria de
José Camilo dos Santos Filho e intitulado de “Pesquisa quantitativa versus pesquisa
qualitativa: o desafio paradigmático”. Neste capítulo, contendo dez seções (subtítulos),
o autor supracitado tem dois objetivos fundamentais. O primeiro é analisar as dimensões
históricas do desenvolvimento dos dois paradigmas: “quantitativo-realista” e
“qualitativo-idealista”. Santos Filho (2013) ressalta que no cerne deste problema estão
as diferenças entre duas perspectivas de mundo, no qual, hodiernamente, predominam
na pesquisa, a visão realista-objetivista e a visão idealista-subjetivista. O segundo
objetivo é aludir três teses sobre estes dois paradigmas, sendo a tese da
incompatibilidade, a tesa da complementaridade e a tese da unidade nas ciências
humanas e da educação. Além disso, o autor ainda indica um terceiro paradigma,
inspirado na perspectiva da dialética materialista. Este paradigma, por sua vez, emerge a
partir da década de 1970, desafiando a hegemonia dos outros dois.
Referente à base histórica dos dois paradigmas em questão, Santos Filho (2013)
vai esclarecer que o paradigma “quantitativo-realista” tem sua base teórica sustentada
em Comte, Mill e Durkheim, no século XIX. Este grupo se baseou no empirismo de
Locke, Newton e Hume, defendendo a defesa da unidade das ciências, reproduzindo os
passos das ciências naturais. De modo resumido, a teoria positivista de Comte se
fundamenta na defesa da unidade de todas as ciências, na lei dos três estágios, em que o
terceiro é o positivo (conhecimento fundado na ciência e no método científico). Esta
teoria baseia-se também na hierarquia entre as ciências com base em critérios de
abstração, de complexidade e de relevância prática. Com isso, objetos sociais deveriam
ser tratados como objetos físicos provenientes das ciências físicas.
Contribuindo com o paradigma “quantitativo-realista”, o inglês Stuart Mill vai
defender duas leis: a lei da uniformidade da natureza e a lei da causação. A contribuição
deste filósofo, para o paradigma em discussão, foi desenvolver uma série de regras
lógicas à qual podiam isolar a causa de um fenômeno ou descobrir regularidades.
Durkheim, por sua vez, vai apresentar as regras do método sociológico, no qual abarcam
os fatos sociais como coisas, o pesquisador como um cientista livre de vieses,
pressupostos e crenças do senso comum, assumindo uma postura neutra e objetiva, não
dizendo como a sociedade deveria funcionar. Portanto, defende que “a ciência se limita
ao que é e não ao que deve ser” (SANTOS FILHO, 2013, p. 21).
Santos Filho (2013) finda esta seção, sintetizando que o método científico das
ciências naturais aplicado à sociologia, à psicologia e/ou à educação, apresenta três
características básicas: primeiro, defende o dualismo epistemológico, quer dizer, a
separação radical entre o sujeito e o objeto do conhecimento; segundo, concebe a
ciência social como neutra ou livre de valores; terceiro, considera que o objetivo da
ciência social é encontrar regularidades e relações entre os fenômenos sociais.
No que concerne ao paradigma “interpretativo-idealista”, o autor supracitado vai
aludir que este surge como uma reação crítica ao pensamento positivista, na segunda
metade do século XIX, enfatizando que o positivismo esquecia a dimensão da liberdade
e da individualidade do ser humano. Entre os pensadores que contribuíram para este
paradigma, pode-se mencionar Dilthey, Rickert, Weber e Husserl. Em síntese, estes
pensadores sugeriram novas perspectivas correspondentes ao objeto das ciências
humanas, asseverando sua vinculação com subjetividades, emoções e valores e a
incoerência do distanciamento entre sujeito e objeto. Dilthey, a título de exemplo, vai
defender que o objetivo do pesquisador nas ciências sociais não é descobrir leis, pelo
contrário, é buscar depreender de modo interpretativo a mente dos participantes da
pesquisa.
Rickert, por outro lado, contribuiu significativamente para a distinção entre a
preocupação das ciências sociais e as naturais, ao alvitrar que as primeiras deviam se
focar em eventos individuais e não na busca por generalizações. Versou ainda a
propósito dos critérios para a escolha dos eventos para a pesquisa e de seus valores.
Weber, terceiro autor a ser analisado nesse grupo, determinou as ações sociais
significativas como objetos de estudo das ciências sociais. Ademais, corroborou com a
afirmação relativa à relação íntima entre o pesquisador e o objeto de sua investigação.
Para Weber, os pesquisadores são conjuntamente sujeito e objeto de suas próprias
pesquisas. Assim sendo, ele contrapõe diretamente a visão dualista de sujeito-objeto da
ciência social positivista. Em linhas gerais, Weber trabalhou com o método
compreensivo ligado à ideia de interpretação da causalidade, a partir de um instrumento
conceitual designado tipo ideal. Este instrumento é usado para “fazer comparações com
a realidade ou para avaliar a realidade” (SANTOS FILHO, 2013, p. 34).
O autor vai mencionar que outras vertentes de crítica aos positivistas surgiram,
tais como a Fenomenologia de Husserl e a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. A
filosofia fenomenológica, a título de exemplo, é holística e vai defender a compreensão
“dos seres humanos como indivíduos em sua totalidade e em seu próprio contexto”
(SANTOS FILHO, 2013, p. 35), evitando, destarte, a fragmentação causada pelo
positivismo. A Escola de Frankfurt, por sua vez, criticou tanto os positivistas quanto a
abordagem fenomenológica. Adorno e Horkheimer denunciam o caráter alienado da
ciência e da técnica positivista, no qual seu substrato comum é a razão instrumental.
Na sexta seção (subtítulo) do primeiro capítulo, o autor explica que a partir da
década de 1970, devido às críticas ao paradigma positivista, abordagens alternativas
para as ciências humanas e da educação foram adotadas. Essa nova postura foi
engendrada em razão à publicação da obra de Thomas Khun. Assim, vários teóricos
tentaram sistematizar os paradigmas de pesquisa nas ciências sociais e da educação.
Essas classificações geraram outro debate, sendo este atinente à compatibilidade ou não
entre esses paradigmas. Em vista disso, Santos Filho (2013) expõe uma breve síntese
acerca das teses organizadas a respeito da incompatibilidade, da complementaridade e
da unidade dos diferentes paradigmas.
Conforme o autor, a “tese da diversidade incompatível” foi defendida por
autores como Kerlinger, Lincoln e Guba, Smith, dentre outros. Esta tese tem como
fundamentação, a ideia de que o realismo quantitativista e o interpretativismo idealista
são radicalmente opostos, portanto, incompatíveis. Santos Filho (2013) apresenta, de
modo bem esclarecido, as diferenças entre estas duas concepções, a partir dos seguintes
aspectos: a visão de mundo e as premissas subjacentes; as relações entre pesquisador e
objeto; entre fatos e valores; objetivo da pesquisa; abordagem; foco; método; papel do
pesquisador; e, por último, o principal critério de pesquisa.
Subsequentemente a tese referida anteriormente, o autor apresenta a “tese da
diversidade complementar”, sendo esta defendida ou convalidada por Goergen, Cambi,
Cook e Campbell, dentre outros pesquisadores. Segundo esta tese, “a
complementaridade deve ser reconhecida tendo em vista os vários e distintos
desideratos da pesquisa educacional cujos propósitos não podem ser alcançados por um
único paradigma” (SANTOS FILHO, 2013, p. 46). Em suma, os defensores desta tese
alvitram a ‘desepistemologização’ do debate, ou ainda, que se ignore as diferenças
paradigmáticas.
Relativa à “tese da unidade”, o autor explana que esta é defendida por filósofos
pós-positivistas e teóricos críticos, tais como Howe e Walker e Evers. Estes
pesquisadores defendem um holismo epistemológico (epistemologia da coerência), no
qual sugerem que “não há um modo logicamente consistente de dividir o domínio do
conhecimento em formas de conhecimento radicalmente distintas (SANTOS FILHO,
2013, p. 49). Em linhas gerais, a “tese da unidade” rechaça a distinção entre quantidade
e qualidade, propondo que os métodos estão intimamente atrelados, com isso, podem
ser empregados pelos pesquisadores sem propenderem a uma contradição
epistemológica.
Por fim, Santos Filho (2013) finda seu capítulo afirmando que a “tese da unidade
dos paradigmas” é a mais defensável, na superação da dicotomia qualidade-quantidade
em pesquisa nas ciências humanas e da educação.
O segundo capítulo do livro, intitulado de “Tendências epistemológicas: dos
tecnicismos e outros “ismos” aos paradigmas científicos”, de autoria de Silvio Sánchez
Gamboa, está dividido em quatro seções (Introdução; Técnicas, métodos e
epistemologias; A análise paradigmática: uma proposta, algumas experiências; e,
Algumas conclusões). De modo geral, o presente capítulo versa sobre os modismos e as
controvérsias acerca dos paradigmas da pesquisa em educação. Ademais, defende que a
abordagem epistemológica aplicada na pesquisa, possibilita analisar de modo articulado
“os aspectos instrumentais relacionados com os níveis teóricos e epistemológicos e com
os pressupostos gnosiológicos e ontológicos” atinente a realidade implícita em cada
pesquisa.
Deve-se destacar que este capítulo é imprescindível para poder analisar
criteriosamente as questões pertinentes aos métodos e técnicas usados nas pesquisas,
bem como, depreender o “esquema paradigmático” como um meio de contribuir
epistemologicamente para a pesquisa.
Na seção “Técnicas, métodos e epistemologias”, o autor alude que métodos e
técnicas não estão separados. Portanto, necessita-se “remeter a questão das técnicas da
pesquisa ao problema dos métodos” (SÁNCHEZ GAMBOA, 2013, p. 64). Nesse
contexto, para aprimorar a pesquisa é necessário enfrentar a reflexão sobre os métodos e
suas relações com as técnicas, no âmbito das epistemologias que as sustentam.
De modo resumido, o Sánchez Gamboa (2013) busca esclarecer a inerente
relação entre técnicas, métodos e epistemologias. Com isso, o autor propõe que as
técnicas estão atreladas ao método elegido, e, por sua vez, estes procedimentos se
fundamentam nas concepções de mundo, de homem, de realidade, de conhecimento.
Procurando elucidar as ‘tipificações’, em forma de paradigmas, que identificam os
modos de articulação citados anteriormente, ele indica autores como Goergen, Demo,
dentre outros, sendo estes, em especial, utilizados em pesquisas do autor.
Na seção “A análise paradigmática: uma proposta, algumas experiências”,
Sánchez Gamboa (2013) coloca em primeiro lugar, a discussão sobre as tendências
epistemológicas em que estão presentes na pesquisa. Assim sendo, o autor supracitado
propõe uma análise epistemológica, voltada para o questionamento dos fundamentos
das ciências, os procedimentos de produção do conhecimento e os parâmetros de
confiabilidade e de veracidade da pesquisa científica.
A partir disso, o autor se sustenta teoricamente por intermédio de um esquema
conceitual designado de “esquema paradigmático”. É preciso aludir que este
instrumento é uma proposta para o “estudo das articulações entre os elementos
constitutivos da pesquisa (técnicas, métodos, teorias, modelos científicos e pressupostos
filosóficos)” (SÁNCHEZ GAMBOA, 2013, p. 69).
Defendendo uma totalidade concreta na pesquisa por meio do “esquema
paradigmático”, o autor organiza os níveis de articulação da seguinte maneira: técnico-
instrumentais, metodológicos, teóricos e epistemológicos. Consequentemente,
baseando-se nos níveis mencionados, pode-se procurar os pressupostos gnosiológicos e
ontológicos.
Em linhas gerais, o esquema, apesar de suas restrições, serve como mediação
para articular os vários elementos implícitos nos textos das pesquisas e como meio de
confirmar a necessidade de localização das técnicas no interior dos métodos, superando
os “ismos”. Todavia, também é preciso analisar os fatos e as condições históricas da
produção da pesquisa, visto que, se esta análise for preterida, o trabalho epistemológico
ficaria inacabado.
Após apresentar sistematicamente seu “esquema paradigmático”, Sánchez
Gamboa (2013) utiliza suas pesquisas de mestrado em educação na UnB (Universidade
de Brasília) e doutorado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
respectivamente, como exemplo elucidativo sobre os modos como o “esquema
paradigmático” pode ser aplicado na prática. É necessário destacar que, o autor
compreende que alguns métodos que aparentemente são distintos, possuem pressupostos
epistemológicos e filosóficos comuns e que as condições históricas e de
desenvolvimento da pesquisa precisam ser levadas em consideração.
Finalizando o capítulo, Sánchez Gamboa (2013) levanta as seguintes conclusões:
primeira, os pesquisadores devem estar cientes da diversidade de paradigmas
científicos, reconhecendo a presença de critérios de ‘cientificidade’ e de
autojustificativa. Além disso, eles devem se atentar aos debates sobre a evolução das
tendências da pesquisa.
Segunda, os paradigmas científicos podem ser compreendidos como lógicas
reconstituídas que possuem pressupostos e implicações, a qual devem ser analisados
criteriosamente, recuperando suas partes constitutivas. O autor alude o “esquema
paradigmático” como um meio para realizar esta análise.
Terceira, o estudo referente aos diversos paradigmas científicos, proporciona ao
pesquisador a possibilidade de conhecer e interpretar as diferentes opções de pesquisa.
Além de auxiliar a depreender seus limites e implicações filosóficas e ideológicas.
Enfim, a quarta e última conclusão concerne aos estudos epistemológicos, em
que, segundo o autor, não podem ser exclusivamente mais uma disciplina nos currículos
universitários. Assim, é necessário exercitar a vigilância epistemológica (conceito
atribuído a Gaston Bachelard) como um modo de questionar os métodos tradicionais e
propor novas alternativas. Resumidamente, este capítulo é essencial para se refletir
sobre métodos, técnicas e epistemologias na pesquisa educacional, dando excelentes
sugestões a pesquisadores.
O terceiro capítulo do presente livro, intitulado de “Quantidade-qualidade: para
além de um dualismo técnico e uma dicotomia epistemológica”, de autoria de Silvio
Sánchez Gamboa, está subdividido em cinco seções (Introdução, As técnicas como
parte de um conjunto maior, A falsa dicotomia e o princípio do terceiro excluído, A
procura de sínteses possíveis e Conclusões). Este capítulo aborda, precisamente, a
discussão a respeito das técnicas quantitativas e qualitativas, “na preocupação de
articulá-las com outros níveis da pesquisa e inseri-las no contexto mais amplo das
opções metodológicas da investigação” (SÁNCHEZ GAMBOA, 2013, p. 87).
Visando superar o falso dualismo técnico, o autor propõe-se a discutir três
questões: a técnica dentro dos enfoques epistemológicos da pesquisa; as dicotomias
epistemológicas que desqualificam a possibilidade de ‘terceiras opções’; e, as algumas
alternativas de sínteses quantidade-qualidade em um mesmo processo.
A primeira questão a ser debatida concerne à técnica, sendo esta concebida como
algo que por si não se torna uma alternativa para a pesquisa, portanto, as técnicas só
possuem sentido dentro de um enfoque epistemológico. Destarte, para superar o falso
dualismo quantidade-qualidade, é preciso, conforme o autor, relativizar a dimensão
técnica, incutindo-a em um todo maior que lhe dê sentido.
Sánchez Gamboa (2013) também apresenta a ideia de uma passagem do
dualismo técnico para a dicotomia epistemológica, à qual não acarretaria uma superação
dos problemas de investigação, visto que excluiria uma terceira opção. Nesse sentido, a
ênfase é na segregação das abordagens em empírico-analítico e etnográfico e
fenomenológico.
O autor supramencionado alvitra que as principais diferenças entre estes dois
enfoques se localizam nos pressupostos gnosiológicos e epistemológicos, relativos à
concepção de objeto, de sujeito e às formas ou caminhos da relação cognitiva. Ademais,
critica a redução das alternativas da pesquisa a duas abordagens epistemológicas, uma
vez que isso engendra alguns riscos, tais como, pode-se simplesmente acabar por
estabelecer tendências diferentes de ciência num mesmo campo, ou ainda, excluir as
terceiras opções.
A partir disso, Sánchez Gamboa (2013) vai se apoiar na lógica do “terceiro
excluído”. Em outras palavras, em um debate entre duas abordagens, cada um se
considera a mais válida e verdadeira, assim sendo, afirmando que a outra, por oposição,
seja falsa. Nessa perspectiva, não há chances para uma terceira opção. Tal processo
funda a dicotomia epistemológica que, seguindo a lógica citada, parece recusar a
possibilidade de outras abordagens, como o materialismo histórico.
Dessa forma, um outro problema emerge, respeitante a tentativa, dos
pesquisadores, de superação dos falsos dualismos. O autor elucida que isto tem
apresentado três reações. A primeira reação é de uma postura radical, em que qualquer
conciliação entre o quantitativo e qualitativo é ilidida. A segunda reação corresponde à
aceitação de diferentes modalidades de trabalho e de tolerância em relação à
coexistência de diferentes modelos. A terceira reação se caracteriza por uma posição em
busca de uma síntese que ultrapasse os falsos dualismos e dicotomias epistemológicas.
Nesse contexto, o autor defende que o pesquisador necessita levar em consideração as
condições materiais, sociais e históricas que permitem o trabalho de pesquisa. Portanto,
a pesquisa é o resultado dessas condições, levando em conta que a pesquisa é um
produto social histórico.
Assim, o materialismo histórico é concebido por Sánchez Gamboa (2013) como
uma síntese possível que ultrapassa as contradições, pelas próprias características da
dialética materialista. Ademais, o autor supracitado deixa duas maneiras possíveis de se
entender a síntese, uma que objetiva a conciliação entre os enfoques qualitativo e
quantitativo (noção de equilíbrio entre as polarizações) e, uma segunda, que reconhece e
aceita a contradição em diferentes níveis do processo, visando a superação deles.
Sánchez Gamboa (2013) finda o capítulo afirmando que as propostas de síntese
não são as únicas saídas. Com isso, a experiência e a reflexão permanente é que
contribuem para a riqueza desse debate.
É necessário justificar que nos três capítulos do livro, os autores buscaram uma
superação acerca da dicotomia epistemológica entre quantidade-qualidade. Nesse
sentido, a leitura deste livro torna-se obrigatória para pesquisadores que querem superar
o dualismo técnico e a dicotomia qualidade-quantidade.