Upload
farkasvoelgyi-arquitetura
View
179
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
141216_Finestra Ed.89 Nov-Dez14
Citation preview
i/ '
ARQUITETURA Retrofit do hotel Golden Tulip I Farkasvolgyi Arquitetura I Belo Horizonte
--UM NOVO EDIFICIO f1/IIJ A f1/IIJ
APOS T RES DECADAS
Abandonada na fase final da construcão, a torre de 37 andares, famosa em Belo '
Horizonte por abrigar o primeiro heliponto da cidade, ganhou novo projeto arquitetônico,
que manteve sua vocação hoteleira e promoveu mudanças para atender às exigências
atuais de inf raestrutura predial , sustentabilidade e normas de segurança.
, A HISTORIA do edifício que
abrigará o hotel Golden Tulip Belo Horizonte começa em 1984 com um projeto con·cebido para o hotel Beira-Rio, nome dado em alusão ao ribeirão Arrudas , vizinho do local. Mas, com a morte de seu ideal izador, a obra foi para lisada
por falta de recursos e assim ficou por mais de duas décadas. Até que um novo investidor decidiu terminar a construção e manter seu programa. ··o prédio estava semiacabado, mas um dos pontos positivos era que o esqueleto tinha uma estrutura pronta para hotel
com quartos de 42 metros quadraaos. Pouca coisa foi alterada no layout interno das unidades .. , diz o arquiteto
Bernardo Farkasvolgyi, do escritório Farkasvolgyi Arquitetura, responsável pelo projeto de retrofit.
Depois de concluído - a previsão é para o pr imeiro semestre de 2015 -,o novo hotel terá 403 apartamentos,
quatro suítes presidenciais de 90 metros quadrados cada e uma suíte real de 230 metros quadrados. Entre os principais fatores que levaram à decisão pelo retrofit estão a localização privilegiada e a
possibilidade de aprovei tar um potencial construtivo muit<? superior ao que nela seria permitido atualmente, caso a obra comecasse do zero.
'
··Desde a construção original, muitas foram as
mudanças de parâmetros urbanísticos das leis que regem a construção civil em Belo Horizonte e no Brasil. Quando a antiga edificação foi projetada,
FINESTRII 2014 I nov-dez
em 1984·, o potencial construtivo alcançado foi de
11 vezes o taman ho do terreno. Atualmente, o mesmo projeto seria aprovado com, no máximo, cinco vezes. No projeto de retrofit apresentado, considerando a
adequação aos padrões atuais de hotelar ia, o potencial construtivo final foi de 14,16 .. , explica Farkasvolgyi.
Mesmo assim, o arquiteto considera que os desafios enfrentados no retrofit são maiores do que os de um
projeto que começa do zero. A área construída, de 36.566 metros quadrados, distribui-se em uma torre
de 37 andares composta por tér reo, cinco andar es no embasamento, 26 pavimentos e cinco pisos técnicos, envolvendo áreas de refúgio, cobertur~ e heliponto. Para chegar a essa configuração, foram muitos os
percalços a superar. O térreo e os sete últimos pisos super iores estavam inacabados, foi necessário conclui- los in loco; trechos da alvenaria foram quebrados, executou-se um novo coroamento com uma estrutura mista !metálica e concreto! e a cerâmica da fachada foi reti r ada.
Para atender às exigências do Corpo de Bombeiros [duas
escadas! foi necessário encaixa r mais uma escada no projeto e aumentar o número de elevadores de quatro para nove. Farkasvolgyi observa que .. a elaboração do projeto
de retrofit só foi possível com o auxílio da ferramenta BIM [Building lnformation Modeling], que permite trabalhar
com modelos tr idimensionais parametrizados nos quais os edifícios, antes mesmo de construídos, já são reais em todas as suas complexidades e exigências ...
••••••
•••••
O projeto original foi mudado em função das novas demandas do local. Assim como o edifício, a área em que ele está localizado - perto do ribeirão Arrud-as, às margens das avenidas do Contorno e Rio de Janeiro -faz parte das obras de revitalização da região conhecida como bulevar Arrudas. De acordo com o arquiteto, proporcionalmente, o prédio não estava bem distribuído: havia uma bandeja na base, um corpo largo e um coroamento com heliponto de base circular e comprida.
Como não era possível mexer no embasamento, a solução arquitetônica foi criar planos inclinados nas fachadas para melhorar a relação entre o corpo e o coroamento. Criada para atender à estética, a empena entra na fachada principal, abraça o heliponto e desce na face posterior. Ela é revestida com painéis de alumínio composto na cor branca , que auxiliam na composição arquitetônica do volume e na fachada. No fundo do heliponto, outra empena inclinada se integra com o restante da proposta.
Outro desafio foi aumentar o térreo, que estava enterrado 1,20 metro em relação à via pública. A solução foi criar uma laje nivelada com a cota da rua e quebrar a do piso superior, que seria o segundo pavimento no projeto original. O embasamento passou a ter seis andares: térreo, primeiro andar para serviços de hotelaria, três pavimentos destinados a área de eventos e convenções (totalizando 4,5 mil metros quadrados! e o sexto com a recepção do hotel, lobby, restaurante e terraço.
A partir do sétimo andar, começa a se desenvolver a torre do hotel com 26 pavimentos. Os cinco últimos não contam como parte da torre por serem pisos técnicos, casa de máquinas, área de cobertura e heliponto. A partir do 32° pavimento, a pele de vidro continua , porém nesse trecho a estrutura é mista , metálica com concreto. No coroamento, além do heliponto, foram criados volumes na cobertura revestidos com painéis de alumínio composto.»
A ESTRUTURA INACABADA PERMITIU P R OJETAR
UM HOTEL DE QUARTOS AMPLOS, COM M ETRAGENS
SUPERIORES ÀS ENCONTRADAS HOJE N O M E RCADO
<( (! :J 1-w 1--:J a (! <(
ARQUITETURA Retrofit do hotel Golden Tulip I Farkasvolgyi Arquitetura I Belo Horizonte
ELEVAÇÃO FRONTAL ELEVAÇÃO POSTERIOR
TRANSICÃO • De acordo com Farkasvo lgyi, os marcantes cortes
diagona is das novas fachadas faz-em a transição entre
espaços abertos e fechados, respectivas áreas de
lazer e restaurante, e equalizam a relação indesejada
do volume in icial, que se dividia em três blocos:
o longo "pescoço" representado pelo heliponto, o
"tronco" do prédio e a base mais larga. "Com a nova
proporção já definida, as fachadas surgem como
uma solução limpa e contemporânea que dota a
edif icação de equilíbr io harmônico", diz o arqu iteto.
A estrutura de alvenaria foi mantida e a cerâmica
da fachada, retirada; criou - se uma fachada
ventilada util izando estrutura metálica em todas
as faces, para receber os vidros. Devido ao vão
de cerca de 20 centímetros que se formou entre
a estrutura de alvenaria e a da nova fachada,
foi necessário aumentar peitoris e vergas para
a implantação da envoltória em pele de vidro,
instalada diretamente na estrutura metálica .
FINESTRII 2014 I nov-dez
ELEVAÇÃO DIREITA ELEVAÇÃO ESQUERDA
Para dar ritmo às fachadas foram especificados vidros
laminados de dez e 12 milímetros nas cores azul, cinza
e incolor. Este último foi la minado com PVB branco
para ser instalado na frente de laje e marcar a fachada
horizontalmente. O vidro azul possui transmissão luminosa
de 20%, coefic iente de sombreamento de 0,34 e fator
solar de 0,29; já o cinza tem transmissão de luz de 22%,
coef iciente de sombreamento de 0,37 e fator solar de 0,32.
No to~al serão fornecidos 12 mil metros quadrados de vidros.
No embasamento, a envoltória que compreende cinco
andat'es terá pele de vidro e brises produzidos com
painéis de alumínio composto portantes. Segundo
Farkasvolgyi, esses brises são escamas com desenhos
diferenciados para produzir um movimento aos olhos
dos transeuntes. Também terão a funcão de criar '
um travamento na estrutura do vidro, ajudando na
estruturacão da fachada aerada desse trecho. Trata -se '
de uma peça única com cerca de 13 metros de altura,
com um núcleo do tipo colmeia que origina uma
estrutura rígida, composto por material antichamas. »
••••••
CORTE
•
••••••
DETALHE ENTRE PAVIMENTOS
. . ". " ... ~ .. . . -~ .. . . .. .. . " .. .... .. . ... . ... . .. ... ..... . . .. .. .. . " ._ .. ... . . ...
A CERÂMICA FOI RETIRADA
DA FACHADA, QUE TERÁ
UMA PELE DE VIDRO
ARQUITETURA Retrofit do hotel Golden Tulip I Farkasvolgyi Arquitetura I Belo Horizonte
EST UDOS COM SIM IDENTIFICAM ÁREAS DE DEMOLICÁO •
(À ESQUERDA) E DE A CRÉSCIMO (À D I REITA)
"'---CÁLCULO DE DEMOLIÇÃO TOTAL DO EDIFÍCIO
Volume de entulho Caminhões necessários
25.230 M 3
CÁLCULO DE DEMOLIÇÃO NO RETROFIT
Volume de entulho Caminhões necessários
1.486 M 3 123
COMPARATIVO DE DEMOLIÇÃO E VOLUME DE ENTULHO
FINESTR/1 2014 I nov-dez ••••••
T E CNOLOG IA BI M
Segundo o arquiteto, o uso do BIM foi essencial tanto na elaboração do projeto quanto na execução
da obra. A partir do desenvolvimento de um edi.fício .. . .
virtual parametrizado do antigo hotel Beira-Rio, foi possível compreender a fundo a estrutura completa da edificação que seria usada como base para o retrofit. Também foi possível visualizar com precisão quais as intervencões imediatas de áreas a serem demolidas.
'
Isso foi primordial no ganho de tempo de execução, pois permitiu dar início ao trabalho na obra, enquanto
se defin iam as soluções de projeto seguintes, como o que seria mantido e construído dentro do edifício, explica Farkasvolgyi. O BIM também se revelou
fundamental no canteiro. "Sem ele, mesmo com farta documentação e pranchas detalhadas, a complexidade desse retrofi t significaria uma imensa dificuldade de leitura na fase construtiva", ele complementa.
REOUCÃ O DO IMPACT O AMBIENTAL • Quando o hotel original foi projetado, há mais de duas
décadas, questões relacionadas à sustentabilidade não eram consideradas. Para reduzir o impacto ambiental do retrofit, buscou-se minimizar as demolicões,
' levando a uma reduzida produção de resíduos sólidos e poluição sonora . Na aplicação da pele de vidro, por
segurança o revestimento foi ret irado, mas evitou-se a raspagem da superfície das fachadas, o que provocaria
a dispersão de partículas na atmosfera e geração de novos resíduos. Visando a economia de energia, foram especificados vidros de alto desempenho para as fachadas e lâmpadas Led com sistema de automação para controle de demanda. Além disso, utilizaram-se
materia is de menor impacto ambiental, como mad~ira de demolição, carpete reciclável, manta de garrafas
pet, para o revest imento acústico, e móveis de madeira certif.icada. Nos andares superiores, que abrigam as áreas de Lazer e gastronomia, uma grande parede verde diminui o efeito ilha de calor. [Por Gilmara Gelinski) •
o VE..JA MAIS CONTEÚDO
••••••
' • Area técnica
. --/
,... /
/
Estacionamento
Circulação
Circulacão vertical •
Lojas
10 PAVIMENTO
FICHA TÉCN ICA
Obra I hotel Golden Tulip Local I Belo Horizonte, MG
Projeto I setembro de 2011 Conclusão I 2015
Área do terreno 12.172,18 m2
Área construída I 36.566,10 m2
EQUIPE TÉCNICA
Arquitetura I Farkasvolgyi Arquitetura - Bernardo Farkasvolgyi e Mariana Rodrigues !autores); Vinícius Lima e
Guilherme Faria !colaboradores) Construção e gerenciamento I M. Roscoe Incorporação I RFM e Pacific Realty Estrutura metálica I Techneaco
'
Vidros I Cebrace Painéis de alumínio composto I Projetoal
-
~ r:r ::J 1-w 1--::J a r:r ~