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doi: 10.5102/un.gti.v2i1. 1425 Maurício Serra Viana Bezerra de Souza 1 Gilberto Gomes Guedes 2 * Artigo recebido em 13/04/2011 Aprovado em 02/04/2012 1 Maurício Serra Viana Bezerra de Souza (autor) é graduado em Administração pelo UniCEUB. Atua como consultor empresarial. 2 Gilberto Gomes Guedes (co-autor) é Mestre em Engenharia de Produção pela UFRGS. Atua como professor e orientador do curso de Admi- nistração no UniCEUB. A fenomenologia como método de pesquisa em administração* Phenomenology as a method of management research Resumo Este artigo trata do método fenomenológico e da sua possibilidade de aplicação nas áreas gerenciais e nas áreas de pesquisa em Administração. Uti- lizaram-se pesquisas bibliográficas e análise delas. O artigo é exploratório por ser um método pouco conhecido e desenvolvido e a sua aplicação é restrita em comparação a outros métodos. Como consequência, os pesquisadores em geral, incluindo os da área de Administração, deixam de explorar temas de pesquisa por um ângulo diferente daqueles propostos pelos métodos tradi- cionais, logo, restringindo o campo geral de conhecimento. Há dificuldades inerentes ao uso desse método, principalmente no que tange à sua concretiza- ção teórica e à sua adaptação à área de pesquisa, já que se trata de um método de pesquisa filosófico. O seu foco na experiência fenomenológica promove uma mudança de perspectiva quanto a temas de pesquisa, em que a experi- ência do ser (humano, ou qualquer outro que possua consciência, no sentido fenomenológico) é em si a fonte de informações básica diante de qualquer fenômeno. O ser é visto como o agente central da ciência, no sentido de cons- ciência de mundo. O foco no indivíduo integra-se com a visão humanista da Administração. Uma vez desenvolvido o método fenomenológico, a sua aplicação gerencial e em pesquisas é possível, ampliando os horizontes de percepção da ciência geral e administrativa em relação ao universo em que está inserida e dos seus principais agentes: os seres. Palavras-chave: Fenomenologia. Administração. Percepção. Ser. Experiên- cia. Método de pesquisa. Abstract is article concerns the phenomenological method and the possibility of it’s application as a research tool in Administration. e article has an ex- ploratory character, for the method is little known and developed in Adminis- tration and for it’s restrict application outside the philosophical scope, in com- parative with other methods. As a consequence, the researchers in general, in- cluding those dedicated to Administration, lose the opportunity of exploring research topics by a different angle of those proposed by traditional methods, and so, restricting the overall knowledge range. ere are inherent difficulties concerning the use of the method, mainly on it’s theoretical crystallizing and the adaptation to the research scope, once it’s a research method initially deve- loped in the ambit of philosophy. It’s focus on the phenomenological experien- ce promotes a perspective shiſt in research topics, where the experience of the being (human, or any other who possess conscience, in a phenomenological

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A fenomenologia como método depesquisa em administração

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doi: 10.5102/un.gti.v2i1. 1425Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza1Gilberto Gomes Guedes2*Artigo recebido em 13/04/2011Aprovado em 02/04/20121Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza (autor) graduado em Administrao pelo UniCEUB. Atua como consultor empresarial.2GilbertoGomesGuedes(co-autor)Mestre em Engenharia de Produo pela UFRGS. Atua como professor e orientador do curso de Admi-nistrao no UniCEUB.A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administrao*Phenomenology as a method of management researchResumoEste artigo trata do mtodo fenomenolgico e da sua possibilidade de aplicao nas reas gerenciais e nas reas de pesquisa em Administrao. Uti-lizaram-se pesquisas bibliogrfcas e anlise delas. O artigo exploratrio por ser um mtodo pouco conhecido e desenvolvido e a sua aplicao restrita em comparao a outros mtodos. Como consequncia, os pesquisadores em geral,incluindoosdareadeAdministrao,deixamdeexplorartemasde pesquisaporumngulodiferentedaquelespropostospelosmtodostradi-cionais, logo, restringindo o campo geral de conhecimento. H difculdades inerentes ao uso desse mtodo, principalmente no que tange sua concretiza-o terica e sua adaptao rea de pesquisa, j que se trata de um mtodo depesquisaflosfco.Oseufoconaexperinciafenomenolgicapromove uma mudana de perspectiva quanto a temas de pesquisa, em que a experi-ncia do ser (humano, ou qualquer outro que possua conscincia, no sentido fenomenolgico)emsiafontedeinformaesbsicadiantedequalquer fenmeno. O ser visto como o agente central da cincia, no sentido de cons-cinciademundo.Ofoconoindivduointegra-secomavisohumanista daAdministrao.Umavezdesenvolvidoomtodofenomenolgico,asua aplicaogerencialeempesquisaspossvel,ampliandooshorizontesde percepodacinciageraleadministrativaemrelaoaouniversoemque est inserida e dos seus principais agentes: os seres.Palavras-chave:Fenomenologia.Administrao.Percepo.Ser.Experin-cia. Mtodo de pesquisa.AbstractTis article concerns the phenomenological method and the possibility of its application as a research tool in Administration. Te article has an ex-ploratory character, for the method is little known and developed in Adminis-tration and for its restrict application outside the philosophical scope, in com-parative with other methods. As a consequence, the researchers in general, in-cluding those dedicated to Administration, lose the opportunity of exploring research topics by a diferent angle of those proposed by traditional methods, and so, restricting the overall knowledge range. Tere are inherent dif culties concerning the use of the method, mainly on its theoretical crystallizing and the adaptation to the research scope, once its a research method initially deve-loped in the ambit of philosophy. Its focus on the phenomenological experien-ce promotes a perspective shif in research topics, where the experience of the being (human, or any other who possess conscience, in a phenomenological Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201248 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedesmeaning) is, by itself, the basic information source towar-ds any phenomenon. Te being becomes the main agent in science. Te focus on the individual integrates with the humanist perspective of Administration. Once developed thephenomenologicalmethod,itsapplicationinadmi-nistrativeresearchesispossible,amplifyingthehorizons of scientifc perception at large, relating to the universe in which its inserted, and its main agent, the being.Keywords: Phenomenology; Administration; Perception; Being; Experience, Research Method.1 IntroduoNosculoXIX,emdecorrnciadoressurgimen-to do questionamento da existncia do homem no meio flosfco,surgiuomovimentodenominadoExistencia-lismo. A infuncia desse pensamento pode ser percebida at hoje, no s na Filosofa, mas na cultura em geral, in-cluindo as artes e as cincias.Omtodocientfco,considerando-setodasas idealizaes, do passado e do presente, de um mtodo de investigao que proporcione conhecimento ao homem, algo que est em constante devir. o contnuo questio-namento que promove a evoluo do mtodo. Tendo em vista as bases de pensamento constru-das pelo Existencialismo, Edmund Husserl props aquilo que seria o mtodo investigativo do prprio homem e da sua viso do mundo onde vive: o mtodo fenomenolgico. A questo que se deseja responder com o presente artigo a possibilidade de aplicar o mtodo fenomenol-gicoempesquisasecomoferramentagerencialnarea de Administrao. Paraalcanartalobjetivogeral,objetivossecun-driosforamcumpridos.Primeiramente,contextualiza-ram-se a Fenomenologia e a Administrao. A Adminis-trao somente tratada at o ponto em que o ser huma-nopassaaserumtemarelevante,demodoaentrarem alinhamentocomapropostafenomenolgica.Umavez explanadosambososassuntos,realizou-seumaanlise da Fenomenologia em si, a ttulo de explorao lgica do tema e construo de ligaes entre ele e o campo terico passvel de aplicao. Isso contribuiu para criar um uni-verso temtico diverso, em que ser mais fcil encontrar vrioselosentreaFenomenologiaeasuaaplicaona Administrao, tanto no campo de pesquisa como no de ferramentas gerenciais.Quantoaosobjetivos,apesquisatemcarterex-ploratrio (GIL, 1999), apoiada em pesquisa bibliogrf-ca. Quanto ao mtodo de abordagem, a pesquisa foi qua-litativa.Amotivaoparaescreverumartigocomeste temaadvmdaescassezdediscussonacomunidade acadmica acerca do mtodo fenomenolgico, o que re-sultounoseuatrofamentocomomtodoemrelao aosdemais.Acarnciadebasesslidasdifcultaasua aplicao e com isso, a cincia deixa de analisar questes de pesquisa sob um ngulo diferente daqueles propostos pelosmtodosmaispopulares.ParaaAdministrao,a disponibilidadedenovasferramentaseconceitospode contribuir para a expanso da cincia.2 FenomenologiaAs seguintes discusses tm a inteno de agregar conceitospara,posteriormente,seremutilizadosnode-senvolvimento de ideias.Kockelmans(1994,p.11apudMOREIRA,2002) afrma que:Husserlnemsempredescreveuoobjetivoda Fenomenologiadamesmamaneira.Nocome-o,omtodofenomenolgicodeviafazeruma contribuio aos fundamentos das cincias for-mais. Numa segunda fase, Husserl descreveu o objetivodaFenomenologiacomopertencente atodacinciaetodaformadeconhecimento. []Nofnaldasuavida,Husserlcomeoua acrescentaraesteatarefafundamentaldaFi-losofa fenomenolgica com respeito a todas as formas de vida humana. Zilles (1994 apud Moreira, 2002) afrma que o au-tor citado prope as principais caractersticas do mtodo fenomenolgico. De acordo com a sua viso:a) um mtodo derivado de uma atitude que pre-sumeserabsolutamentesempressupostos,tendocomo objetivo proporcionar ao conhecimento flosfco as bases slidas de uma cincia de rigor, com evidncia apodtica. b)Analisadadosinerentesconscinciaeno especula sobre cosmovises, isto , funda-se na essncia dos fenmenos e na subjetividade transcendental, pois as essncias s existem na conscincia. Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201249 A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administraoc)descritivo,conduzindoaresultadosespecf-cos e cumulativos, como no caso de investigaes cientf-cas; no faz inferncias nem conduz a teorias metafsicas. d)Comoconhecimentofundadonasessncias, um saber absolutamente necessrio, em oposio ao co-nhecimentofundadonaexperinciaempricadosfatos contingentes.e) Conduz certeza e, por conseguinte, uma dis-ciplina a priori. f) uma atividade cientfca no melhor sentido da palavra, sem ser, ao mesmo tempo, esmagada pelas pres-suposies da cincia e sofrer suas limitaes.Mesmodepoisdetantotempodesdeamortede Husserl(1859-1938)atosdiasdehoje,aindaexistem muitas controvrsias e discusses acerca do que o m-todofenomenolgico.Tudoissoporquenemmesmoo prprio Husserl deixou claro do que se tratava, por conta do seu hbito, adquirido por meio da sua formao como matemtico, de ser muito rigoroso e preciso em seus pen-samentos. E isso inclua o constante aperfeioamento de suas ideias, o que as colocava em um estado de mudan-a constante, e, portanto, nunca estando completamente formuladas.AambiodeHusserleraelevaraFilosofaao statusdecinciarigorosa,comummtodoestruturado efundamentoslgicosbemdefnidos.Paraele,flosofar era a investigao da essncia das coisas. Essncia aqui-loquefundamentalmenteconstituialgo,ouseja,aquilo quesemomesmonopodeexistir.Portanto,omtodo flosfco de investigao deveria entrar em contato com os princpios fundamentais das coisas, nos quais apenas a experincia seria vlida. Experienciar estar consciente, por meio da percepo de algum fenmeno.Omtodopropostoporele,portanto,teriao objetivodechegaressnciadosfenmenos,pormeio daconscinciadoserqueosinvestiga.Considerandoa conscincia como a principal ferramenta de investigao naFenomenologia,necessriaumamelhorexplicao das suas interaes com as outras partes do ser.3 Conscincia, percepo e fenmenosKockelmans(1994)abordaqueaFenomenolo-gia,comootermosugere,giraemtornodapercepo dosfenmenosemsuanaturezafundamental,ouseja, domodocomosopercebidospelaconscinciadoser. Estar consciente de algum fenmeno implica estar ciente de sua presena, suas caractersticas e seus efeitos em um dado universo de experincia. O universo de experin-ciaconstitui-sedetudoaquiloqueexteriorprpria conscincia, prpria percepo dos fenmenos. Os sentidos, portanto, so ferramentas que coletam informaes acerca de um fenmeno, e essas informaes sopercebidaspelaconscincia.Noentanto,noapenas por meio dos sentidos podemos estar cientes de algo. Sanders(1982)elucidaqueseosfenmenosso tudoaquiloexteriorconscinciaequepodeserper-cebidoporela,pensamentoseemoestambmfazem partedouniversodeexperincia.Aemoodaalegria, por exemplo, gera uma srie de reaes fsicas e estados dehumorqueacaracterizam.Essascaractersticasso ascaractersticasdeumfenmenoquepercebidopela conscincia. Quando se imagina algo, como um objeto ou alguma emoo, a imagem formada desse algo preenche uma inteno da conscincia a esse algo. Intenes, por-tanto,soideiaspurasdealgumfenmeno,equandoa conscincia preenche essas intenes com imagens, pen-samentos e emoes, est em processo de intuio.Husserl se ope atitude natural, na qual o ser que experiencia um fenmeno o coloca como exterior e real, a atitude flosfca, no importando se aquilo ou no real,poistudooqueexperienciadopelaconscincia um fenmeno. Trata-se de uma posio radical perante o universo de experincia, em que tanto uma manifestao fsica quanto uma emocional de um fenmeno so igual-mente vlidas.3.1 ReduesSanders(1982)aindaexpequeomtodofeno-menolgico,paraHusserl,nodevequestionaropor-qu do fenmeno, quais as suas consequncias, mas to somente estar focado em perceb-lo e descrev-lo da for-ma como se apresenta conscincia. Dessa forma, a sua propostaadeformularoconhecimentofundamental, que a prpria experincia anterior a qualquer especula-o racional. Para alcanar o estado de conscincia pura, livre de qualquer julgamento que possa interferir na ex-perincia do fenmeno em si, por parte daquele que ex-periencia, a reduo do ser, ou epoqu, necessria. Esse o processo em que o ser como um todo, menos a cons-Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201250 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedescincia, suspenso. Assim, os conhecimentos, conceitos ejulgamentosdoserqueexperienciasomomentanea-mente eliminados, de modo que reste apenas a experin-cia do fenmeno. Oobjetivodomtodoalcanaraessnciadas coisas.Aexperinciadealgo,pormeiodapercepo transmite o fenmeno em uma de suas formas, porm, provvel que ele no esteja se manifestando em sua forma pura, mas sim envolto em uma srie de vus de ideias que encobrem a sua verdadeira natureza. Para se chegar aoseuprincpiofundamental,umfenmenodeveser submetido ao processo de variao mental. Desse modo, omesmofenmenopostoemumasriedesituaes diferentes, nas quais, por meio da imaginao, possvel observar as suas diferentes manifestaes e perceber ne-las qual aspecto (ou aspectos) se manteve imutvel, sendo eles a sua natureza fundamental, ou eidos.3.2 A transferncia do mtodo rea de pesquisaSegundoMoreira(2002),KarlJaspersfoi,pro-vavelmente,oprimeiroausaralgoprximoaomtodo fenomenolgiconareadepesquisa,emsuaobraPsi-copatologiaGeral.Nessaobra,Jaspersconsiderouque osfenmenosvivenciadospelospacientesdeveriamser interpretadospormeiodesuasprpriasexperincias. AindadeacordocomMoreira,otransportedomto-do fenomenolgico ao campo de pesquisa difcultoso, jquesetratadeummtodoflosfcodepesquisa,e fcoudurantemuitotempoapenasnocampoabstrato. Por isso, vrias adaptaes so necessrias para que sua aplicabilidadesejapossvel(jquenoeraintenode Husserldesenvolverummtododepesquisaforado contexto flosfco). Em sua totalidade, algumas caractersticas da Fe-nomenologiaforammantidasnosmtodosadaptados pesquisacientfca,emespecialasredues(tantofeno-menolgica, para se achar o eidos e a epoqu). Em geral, o mtodo de coleta de dados nessas adaptaes por meio deentrevista(estruturada,semiestruturadaouaberta), acercadaexperinciaquesequerrelatar.Asprincipais diferenasentreosmtodospropostosencontram-sena compilao dessas informaes e na anlise dos dados. Dentre todas as adaptaes, a mais relevante dis-cussodesteartigoomtodofenomenolgicodeSan-ders(1982),porterforescidonocontextodapesquisa organizacional.3.3 O mtodo de sandersParaSanders(1982apudMoreira,2002),apes-quisa fenomenolgica se divide em trs etapas: delimita-o do tema fenomenolgico a ser pesquisado e os sujei-tos submetidos pesquisa; a coleta de dados (por meio depesquisaestruturadaouparcialmenteestruturada); e, por fm, a anlise fenomenolgica dos dados.Sanders(1982)propequeostemasnopass-veisdequantifcaosocandidatospesquisafeno-menolgica.Quandosedelimitamossujeitosaserem entrevistados, deve-se escolher aqueles que possam for-necer informaes sobre o fenmeno por meio de suas experincias.Deve-setomarprecaues,noentanto, quanto quantidade de pessoas entrevistadas, uma vez que,paraSanders(1982),prefervelainvestigaoa fundo de poucos sujeitos do que uma coleta superfcial de muitos. Aetapadeanlisefenomenolgicaconsisteno estudodetalhadodasinformaesassimcomoforam dadaspelossujeitospesquisados,pois,naformaenas palavrasusadas,estocontidasascaractersticastanto daexperinciaquantodaconscinciaindividual.Uma vezcoletadososdados,agrupam-seostemasdeacor-docomasuacentralidadeerelevnciadentrodoque foi coletado. Sanders (1982) prope ainda que a epoqu sejaaplicadaaopesquisadorparafnsdenodistorcer osdadosobtidosdosujeitoentrevistadopormeiodas prprias convices do entrevistador.Moreira (2002) ainda cita que existem os mtodos deVanKaam(1959),Colaizzi(1978)eGiorgi(1985). EmcomparaocomomtododeSanders(1982),tais mtodos diferem principalmente na etapa de anlise dos dados, em que cada autor considerou passos diferentes aseremseguidos,pormcomomesmofmdeserem encontradas as essncias dos temas pesquisados.4 Uma breve histria da administraoSegundoMaximiano(2004),apartirde1884,o engenheiro Frederick Winslow Taylor comeou a obser-varasdefcinciasdoprocessofabril.Apartirdeseus estudos,eledesenvolveuoquefoichamadodeadmi-nistrao cientfca. Aps identifcar todos os problemas queimpediamqueoprocessodefabricaonasem-presas fosse efciente, ele desenvolveu o que chamou de Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201251 A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administraoshop management (gerncia de ofcina), focando princi-palmente no estudo de efcincia trabalhador-mquina. Entre as tcnicas de efcincia desenvolvidas, como pa-dronizao de ferramentas, cartes de instrues e cl-culo de custos, a sua contribuio mais conhecida o es-tudo de tempos e movimentos, ou seja, a otimizao da produo por meio da mensura do tempo levado para se executar uma tarefa e desenvolvimento de solues para minimiz-lo. A partir de 1911, o grande pblico tomou conhecimentodessateoria,oqueproporcionouasua rpida popularidade e aplicao em empresas at hoje.AindasegundoMaximiano(2004),asempresas industriaismodernasusamumacombinaodaad-ministraocientfcacomasteoriasdelinhademon-tagemdeHenryFord.Suateoriaenfocaoaspectoda produoemmassa(nodiferenciveis)easmelhores prticas para aperfeio-la. Basicamente, Ford idealizou dois princpios: diviso do trabalho, em que cada pessoa no processo produtivo tem uma tarefa fxa e a fabricao depeaspadronizadas.Porm,HenriFayol,em1916, percebeu que a administrao deveria ser uma funo parte da empresa, ou seja, separada das operaes tcni-cas. Foi ele quem introduziu as funes administrativas: previso, organizao, comando, coordenao e contro-le, alm de defnir o papel dos dirigentes na organizao e os princpios administrativos.Maximiano (2004) aponta que esses trs precur-sores da administrao moderna negligenciavam o fator humano nas organizaes. Os trabalhadores eram con-siderados como peas do processo produtivo, e tratados comotal.Foinosanosde1927e1933quefoidesen-volvidooestudodeHawthorneporpesquisadoresda Universidade de Harvard na Western Electric Company. Aconclusodoestudo,aprincpio,foiquenohavia correlao direta entre as condies de trabalho e a pro-dutividadedosfuncionrios.Porm,Maximianocita queEltonMayo,aoanalisaremmaisprofundidadeo processo e os resultados obtidos com o estudo, concluiu queossistemassociaistinhamimpactonodesempe-nho, e por isso, os resultados obtidos no estavam dire-tamenterelacionadosapenasscondiesdetrabalho, mas tambm aos grupos sociais formados para executar o trabalho e o impacto que o grupo tinha nos indivdu-os. A partir disso, a administrao comeou a focar nas relaeshumanasecomportamentaiscomosendoum fator determinante nas organizaes.5 DesenvolvimentoApartirdosconceitosagregadosnasdiscusses anteriores, o desenvolvimento a seguir segue uma lgica de corrente de pensamentos, ou seja, por meio de concei-tos iniciais, derivam-se outros conceitos mediante indu-es.Trata-sedeumaconstruodeconceitosfundada em conceitos bsicos previamente estabelecidos.Comoexplanadoanteriormente,oconceitoin-vestigativodaFenomenologianotratadaconscincia como reservatrio de pensamentos, de complexos ou ex-perinciasinconscientes,massimcomoumaferramen-ta que percebe os fenmenos que ocorrem ao seu redor. Todo fenmeno, portanto, exterior conscincia, uma vez que na Fenomenologia o sujeito consciente focaliza a sua percepo nela. Tudo aquilo exterior conscincia considerado um fenmeno, inclusive o prprio corpo do sujeito. Quando algum se coloca nessa postura de inves-tigao,osersereduzaosimplesexperienciareperce-ber.Seapercepodealgumfenmenosedpormeio sensorial, intuitivo, se de natureza emocional ou fsica, o porqu desse fenmeno ocorrer e as consequncias do fenmenonofuturosoirrelevantes.Amerapercepo dealgoseapresentaconscinciaoqueimporta,e nesse ponto que a Fenomenologia se torna o mtodo pri-mordial de investigao do mundo, pois no o produto de processo lgico, mas sim a gnese de todas as cincias: a percepo de que algo existe. A simples documentao precisadosmodoscomoessefenmenoseapresenta constitui a unidade bsica do conhecimento, o ponto de partida para qualquer investigao ou deduo lgica. Para que esse processo de percepo pura aconte-a, absolutamente necessrio que aquele que experiencia ponha-senoestadodeepoqu,ouseja,suspendatodos osseusconhecimentos,todososseusconceitoseexpe-rinciasanterioresquepossamatrapalharnapercepo pura de um fenmeno. Desse modo, o mtodo primeiro da Fenomenologia em si a suspenso do ser racional e a sua reduo ao ser consciente (ou seja, parte do ser que apenas experiencia, est consciente dos fenmenos).Noentanto,areduototaldoser(nocasohu-mano) unidade consciente impraticvel. Fazendo um paralelo com Senge (2008), os seres humanos acumulam emsuasmentesoqueelechamadeimagensmentais. Essasimagenssoformadaspelaexperinciahumana comsituaesaolongodavida,queformamnamente Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201252 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedesasintenesdascoisas.Essasintuies,nasuagrande maioria, esto carregadas no s com imagens, mas com cargas emocionais e lembranas de experincias fsicas s quaisforamacrescentadasoutrasinformaespormeio doexercciodoraciocnioedacomparaocomoutras experincias relacionadas. As palavras tm o propsito de transmitir um con-junto de conceitos, ideias e emoes que experienciamos e agregamos a elas. As ideias relacionadas s palavras que queremospassarsfazemsentidoparaoutrapessoase ela tambm estiver agregada a conceitos semelhantes aos de quem as transmite. Se, por exemplo, um indivduo fa-lar a palavra cadeira para algum, imaginando um obje-to feito para se sentar, com quatro bases que a sustentam e um encosto para as costas, a algum com um vocabul-rio em que a palavra cadeira est associada a um objeto usadoparaapoiarospsparaseremlimpos,haverum problema de comunicao.A imaginao tem um papel importante nas intui-es, pois ela quem constri, a partir de uma inteno, as imagens mentais acerca de alguma coisa, a no ser que algumaoutraexperinciasesobreponhaimagemfor-mada e mude-a. Quando se considera o cotidiano huma-no, estamos constantemente experienciando vrios fen-menosnossavolta,emedidaqueelesocorrem,evo-camos imagens mentais com caractersticas que remetem aofenmeno.Ocotidianorepletodeexperinciasque reforam, acrescentam e modifcam imagens mentais.Seconsiderarmosumcidadoadultoquetem uma fonte de sustento, provvel que boa parte das horas do seu do seu dia seja ocupada pelo trabalho (a quantida-de de horas varia a cada caso em particular). Dentro do ambientedetrabalho,ainteraocomoutraspessoase com o ambiente transforma um simples escritrio em um lugar onde o indivduo fca consciente de vrias experin-cias. O cheiro do caf e do papel recm-impresso, o som dos passos e da fala do gerente de rea, a cor do terno do empregadoaolado,osentimentodemedoeofriona barriga antes de apresentar um relatrio, enfm, so in-meros os fenmenos a que um indivduo fca consciente quando est em um ambiente de trabalho. Se remontar-mossorigensdacinciaadministrativa,percebemos que ela derivou de observaes e esforos de engenheiros. Ostrabalhadoreseramtratadoscomopeasmecnicas que se complementavam a fm de se fabricar algo e eram tratadoscomotal.FoirecentementequeaAdministra-o comeou a focar a sua ateno s pessoas como base nas quais as empresas se sustentam, afnal, uma empresa s existe porque pessoas dedicam o seu tempo e energia para que ela continue funcionando e alcance os seus ob-jetivos. Tendocadaindivduoumapercepodiferente acercadosfenmenosaoseuredore,consequentemen-te,imagensmentaisdiferentessendoformadasemcada um, uma viso restrita pensar nos trabalhadores como iguais.Ora,asimagensmentaisconstituemaidentida-dedealgum.Osconceitosformadosapartirdessas imagens o que determina como o indivduo entende o mundo ao seu redor. Esse entendimento o que direciona uma pessoa a seus objetivos pessoais, desejos, necessida-des, enfm, todos os aspectos da vida. Secadapessoatemexperinciasdiversasacerca dosfenmenossuavolta,ento,podeserchamadade indivduo, com o sentido de que cada um tem uma indi-vidualidade em relao a todos os outros seres humanos, poisacombinaodeexperincias,apercepodelas,a imaginao, o raciocnio, as imagens mentais associveis percepo de algo criam possibilidades infnitas de ima-gens mentais. Para ilustrar melhor o que foi dito necessrio um exemplo. Novamente imaginemos dois indivduos hipo-tticos. Eles so trabalhadores em uma empresa, exercem as mesmas funes, ocupam o mesmo cargo, chegam no mesmo horrio, nasceram na mesma cidade, em famlias com a renda similar. Ambos desejam ocupar o cargo de diretor.Quandoanalisamosessacenaformulada,eles aparentam ser pessoas iguais, porm, por conta das ima-gens mentais formadas por cada um, fruto de suas dife-rentespercepesdomundosuavolta,omotivopelo qual cada um quer chegar ao cargo de diretor diferente. O primeiro indivduo quer ocupar o cargo de di-retor porque esse cargo ganha muito mais do que aquele que ocupa atualmente. O segundo deseja ocupar o cargo de diretor pelo status decorrente da posio. A pergunta que se deve fazer o que est por trs dessas motivaes todiferentesadvindasdeindivduostosemelhantes aparentemente. A resposta est nas experincias de cada um.Oprimeiro,aolongodesuavida,percebeuqueas pessoas,comasquaisasuafamliaserelacionava,que tinham mais dinheiro, eram respeitadas, e ele ouvia que comodinheiroerapossvelcomprarobjetosquetodos Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201253 A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administraoinvejariam e, consequentemente, todos o respeitariam. O indivduo logo concluiu, por meio do raciocnio associa-tivo,queanicamotivaoparaaqualalgumdeveria viver e trabalhar em uma empresa era acumular dinheiro paracomprarbens,epormeiodessesbens,afelicida-de seria alcanada. J o segundo indivduo passou a vida vendo como as pessoas que ocupavam cargos importan-tes eram respeitadas, enquanto que aqueles que exerciam trabalhosbraaisouposiesconsideradasinferiores pelaculturaerammenosprezadas,sendoelasmotivode chacotaeexcludasdoconvviosocialpelasoutraspes-soas. Ele, no querendo isso para si, logo concluiu que o motivo pelo qual se trabalha a busca por reconhecimen-to social por meio da posio que se ocupa na sociedade.Ambos os empregados, dos quais se deu o exem-plo, primeira vista, pareciam iguais, porm, aps uma anlise mais profunda das suas experincias, descobriu--se que, apesar das aparncias, tratava-se de indivduos muito diferentes. Se o responsvel pelo setor em que eles trabalham decidir motivar esses dois funcionrios, aps essaanliseindividual,fcaevidentequenosepode oferecer coisas iguais a ambos. Ao indivduo que busca o dinheiro, a posio na empresa no importante, e sim o quanto se ganha pelo trabalho. Ao segundo, o dinheiro que ganha no to importante, mas sim a posio que se ocupa na empresa. Logo, a essncia da motivao de cadaindivduoeraarealizaodaimagemmentaldo smbolofelicidade,quepossuaumsignifcadodife-rente a cada um.Sendo a individualidade de uma pessoa constru-da por meio da percepo/experincia de fenmenos e a consequente construo de imagens mentais, existe ainda ainteraoentreindividualidades.Quandoumindiv-duo interage com outro, a prpria interao, do ponto de vista individual, trata-se de um fenmeno experienciado, em que o outro o fenmeno em si. Quando h esta inte-rao entre indivduos, seja por meio de palavras, gestos, ou outra forma de comunicao, expressam-se, na forma de smbolos, as imagens mentais de cada um. Como dito antes, uma palavra dita tem o seu real sentidoapenasparaoindivduo,sendoqueexpressam uma imagem mental de algo. Expandindo-se esse concei-to, todos os pensamentos traduzidos na forma de smbo-los s possuem a totalidade do seu sentido para o indivi-duo que simboliza, uma vez que expressam um conjunto de modelos.Uma vez que a interao ocorre, a comunicao de smbolos, com o intuito de comunicar algo, toma o car-ter de fenmeno na medida em que, logicamente, o outro se trata de algo externo conscincia. Sendo o outro um fenmenoqueseexperiencia,logoumaimagemmen-taldooutroformadaapartirdainterao,combase nascaractersticaspercebidas.Apercepo,nessecaso, noestemfunoapenasdaquiloqueexperienciado pelos sentidos, mas h tambm a experincia da prpria individualidade transmitida por meio de smbolos, que decodifcada com base nos modelos mentais daquele que experiencia. Antesmesmodequalquercomunicaoativa (aquela em que h a participao ativa de quem comuni-ca, por meio de uma ao que transmite smbolos), h a comunicao passiva de smbolos, transmitidos pela ex-perinciavisualquecadaindivduotemdooutroesua consequenteinterpretaocombasenosmodelosmen-tais previamente construdos. A decodifcao da simbo-logiapassivaacarretanoagregamentodessessmbolos entendidos individualidade percebida da outra pessoa. Aindividualidadepercebidasempreumentendimen-toincompletoedistorcidodaindividualidaderealde algum, pois os smbolos transmitidos, como antes dito, tm o seu sentido real apenas pessoa que os transmite, assimcomoosmbolopercebidotemumsentidoparti-cular a cada um, de acordo com a interpretao dada por meio dos modelos mentais. Quandoacomunicaoativaocorre,nocaso anterior,jaconteceuantesacomunicaopassiva,e, portanto,umentendimentoprviojfoiformado.Esse entendimento da parte de cada um pode provocar diver-sas posturas em relao ao outro, dependendo do tipo de modelos individuais que foram gerados. No s as palavras, mas gestos, expresses faciais e vrios outros elementos so utilizados para se transmitir umaideiaecadaumdessessmbolos,damesmaforma como ocorre com a fala, assume sentidos diferentes para cada um. Eventualmente, podem surgir ideias que tentam ser transmitidas por meio de algum smbolo que no faz parte do vocabulrio simblico do outro, o que provocar uma falha na comunicao. Existem,apesardosmodelosindividuais,pontos em comum no entendimento de fenmenos pelas pesso-as.Todaasortedesmboloscontmumentendimento Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201254 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedesindividual, porm, provvel que existam pontos em co-mum desse entendimento a um grupo de pessoas, ou seja, queumsmbolotenhaomesmosignifcadoparacertos indivduos.A questo da aceitao de um indivduo por parte de um grupo tem, em sua essncia, portanto, a aceitao daquilo que o indivduo representa ao grupo. Nesse pon-to,oindivduotorna-seoprpriosmboloqueaceito ou rejeitado por outros indivduos. Esse comportamento ocorre, por exemplo, no ambiente de trabalho, onde o in-divduo interage com uma cultura organizacional previa-mente estabelecida (ROBBINS, 1999). Se entendermos o termo cultura como sendo o conjunto de smbolos que um grupo de indivduos toma como aceitvel, todo aque-le que simbolizar algo diferente cultura ser hostilizado. Emumasituaohipotticaderecrutamentoeseleo decandidatosaumcargoemumaempresa,oprocesso feitodemodoaatrairpessoascomcaractersticasin-dividuaisdesejveisempresaeaocargoaserassumi-do. No processo seletivo, a anlise de currculo, os testes aplicados e as entrevistas tm o propsito de fltrar esses candidatosparaseacharomaisaptoadesempenharo determinado papel dentro da empresa. Uma vez inserido noambientedetrabalho(ouemqualqueroutrogrupo social),aindividualidadeentraemcontatocomosmo-delosmentaisaliaceitos.Osconfitosgeradosnessain-terao podem ocorrer se houver resistncia de ambas as partes na aceitao ou absoro de smbolos (a absoro quesecitaaintegraodosignifcadodeumsmbolo a outro; a aceitao trata da convivncia pacfca com al-gum smbolo alheio).A comunicao de um smbolo no precisa neces-sariamentetransmitirfrancamenteaindividualidadede algum, mas sim pode emular um comportamento dese-jado, mesmo que esteja em total desacordo com as ima-gensmentaisinternas.Pode-seemularumasimbologia (linguagem, expresses, vestimenta etc.) que transmite a ideia de que certo indivduo , por exemplo, uma pessoa que se encaixa no perfl desejado pela organizao.Umadasquestesenfrentadaspelopesquisador quesededicaFenomenologiaatransposiodesse ideal de cincia ao mbito de pesquisa propriamente dito. Asdifculdadesvodesdeaadaptaorealidadecien-tfca, quanto formulao de um mtodo que alcance o ideal cientfco desejado. Vrios modelos foram propostos natentativadeadaptao,porm,umobstculo,muitas vezes ignorado, mantm-se persistente: como explorar a experincia de outra pessoa? Se a experincia individual ,logicamente,percebidaporaquelequeaexperiencia, logo, o seu signifcado sempre verdadeiro para esse in-divduo (sendo verdadeiro assumido no como modelos aceitosporumamaioria,mascomoverdadesinternasa algum, a verdade da percepo de um fenmeno, a pr-pria experincia pura de algo que, em si, uma verdade, pois existe no mbito perceptivo do indivduo, a verdade daconscincia.Asimagensmentaisdecorrentesdaper-cepo pura de algo, portanto, so tentativas de se simbo-lizaralgumaexperinciadefenmeno.Dessemodo,no universodeumindivduo,noexistemfalsidades,mas apenas percepes incompletas acerca de um fenmeno). Hduasformaslgicasdeessaexploraoda experinciaalheiaacontecer:ouoexploradortomaa posiodaconscinciadoindivduo(pormeiodeum processodeempatia),assumeosseusmodelosmentais e experiencia diretamente um fenmeno (o que dema-siadotrabalhoso,eaindahdeseassumiroperigode seintegraraosmodelosmentaisassumidos,osmodelos mentais do prprio explorador, em vez da difculdade de cessar completamente os modelos mentais, como ideali-zado),ouaexperinciadeumfenmenotransmitida por meio de smbolos ao explorador pelo ser explorado. Nesse ponto, surge o obstculo de como comuni-carexperinciasdeumindivduoaoutrominimizando as falhas de comunicao e as interferncias dos prprios modelosmentaisnorelatodaexperinciapura.Alguns pesquisadores,comoSanders(1986),VanKaam(1959), Colaizzi(1978)eGiorgi(1985),idealizaramentrevistas nas quais perguntas acerca de um fenmeno so dirigidas a um indivduo. Anotam-se os smbolos transmitidos (no caso,alinguagem)daformaexatacomoforamditados, sem qualquer modifcao por parte do investigador. De acordocomSanders(1986),umaentrevistasemiestru-turadalevaarespostasporpartedoinvestigadoe,con-sequentemente,revelasmbolosqueacompreensos podersedarnomomentoemqueseaprofundaremos seussignifcadospormeiodeoutrasperguntas.Porm, essacompreensodosmbolotransmitidosemprein-completa. H de se considerar que a linguagem pode no sercapazdetraduzirtodaaexperincia.Algunstermos podem no contemplar a totalidade daquilo que se quer comunicar.Assim,alinguagemumatransmissode uma percepo incompleta de algo por meio de um sm-Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201255 A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administraobolo com signifcado incompleto, agravavando com isso a situao da parcialidade da experincia.Os registros obtidos com a entrevista de um indi-vduo revelam uma parcialidade de uma percepo par-cial. No entanto, mesmo sendo registros parciais, contm informaesrelevantesacercadaexperinciadealgum fenmenoporpartedeumindivduo.Porumaquesto deexperinciadofenmeno,eseforpossvelaoexplo-rador,umaalternativadeexploraotalvezsejaasoma de mtodos investigativos, para, deste modo, formar uma viso mais ampla de um fenmeno. Por exemplo, alm da entrevistaedoregistrodossmbolostransmitidospelo explorado,oexploradorpodetambmreduziroseuser ao mximo at o ponto de conscincia pura (livre de mo-delos mentais) e experienciar diretamente um fenmeno nas mesmas condies do explorado. Desse modo, as im-presses geradas pelas percepes do explorador possam somar-se s transmitidas pelo entrevistado e a parcialida-dedatransmissodeumaexperinciapodeserameni-zada, uma vez que o mesmo fenmeno foi experienciado poroutrapessoa.Nessecaso,atraduodeumaexpe-rinciacomoutrossmbolospodeajudaracomporum quadro maior acerca do fenmeno.A anlise dos dados obtidos tambm um ponto crtico nos mtodos at agora propostos por pesquisado-res. Trata-se da interpretao do pesquisador daquilo que foiregistradonaentrevista.Nessaetapa,opesquisador decodifca os smbolos transmitidos, atribuindo-lhes im-portncia e relacionando-os dentro do contexto da expe-rincia.Esseprocessoagravaaindamaisaparcialidade da experincia transmitida. Ainda assim, mesmo dentro dessa cadeia de consecutivas vises parciais acerca de um fenmeno,dadospodemserextradosetransformados em informaes (mesmo que o processo tenha subtrado valor e fora delas).5.1 O indivduo nas organizaesUma organizao depende de seus colaboradores. Decises gerenciais so tomadas de modo a maximizar a efcinciaeaefcciadotrabalhodessescolaboradores. Um dos fatores de maximizao a motivao deles, ou seja, o quanto eles esto dispostos a se dedicar organi-zaoemquesto.Amotivaodeumindivduo,como demonstrado anteriormente, est diretamente relaciona-da com o objetivo pelo qual ele em primeiro lugar cogitou trabalhar naquele lugar. Vrias tcnicas motivacionais fo-ram desenvolvidas com o intuito de elevar a satisfao do colaborador em trabalhar na organizao, levando-se em conta diferentes teorias comportamentais. O behavioris-mo, por exemplo, analisa o comportamento humano ten-do como base o comportamento dos animais, de que um reforopositivoincentivaumaaodesejada,enquanto que um reforo negativo desincentiva um comportamen-to indesejado; e a teoria da Pirmide das necessidades de Maslowpropequeossereshumanostmnecessidades inatasquedevemseratendidasemordemascendente, desde as mais bsicas, como alimentao, at as mais ele-vadas, como a autorrealizao (MAXIMIANO, 2004). As inmeras teorias existentes acerca do compor-tamento humano foram (e so) usadas para a criao de mtodos que, espera-se, aumentem a motivao e, logo, a efcincia e efccia dos colaboradores.Noentanto,valeressaltarque,comotodateoria, trata-se de uma viso, de uma percepo de algum fen-menoquandopostaluzdoqueatagorafoiexposto. Sendo uma viso parcial, o objeto de ponderao que, no caso, o comportamento humano, teorizado com base em uma viso incompleta do que realmente . Seguindo essalinhaderaciocnio,asteoriascomportamentaisat agora expostas contemplam apenas uma parcela distorci-da daquilo que o comportamento humano. No entanto, h uma evoluo perceptvel quanto viso do compor-tamento. Percebe-se que uma teoria comportamental su-cessora abarca a viso das teorias anteriores e acrescenta mais percepes prprias, aumentando assim a composi-o percebida do fenmeno (o prprio comportamento).6 ConclusoDo ponto de vista acadmico, a aplicao do m-todo fenomenolgico est sujeita a uma maior discusso acercadasuaprpriadefniocomomtodo,ouseja, defnir os seus processos investigativos com maior clare-za. A discusso apresentada de maneira alguma tocou em todos os aspectos relativos discusso do mtodo, pois a fundamentao da sua complexidade no est embasada na difculdade de discusso de um tema isolado, mas sim na abrangncia que temas a que o desencadeamento lgi-co de ideias leva o investigador. A riqueza de possibilida-des associativas de temas internos e externos ao mtodo ampla. Isso se d pela prpria natureza do mtodo, pois, eleinvestiganoapenasoserhumanocomoprincpio Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201256 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedesbsico de toda investigao e produo de conhecimento, mas tambm contempla o prprio processo de experien-ciamento do mundo e, consequentemente, de toda a ex-perincia humana. A discusso do mtodo fenomenolgico no foca a imagem mental de cincia que os pesquisadores moder-nos possuem, mas sim a prpria essncia da cincia, a sua unidade bsica, que a prpria conscincia do ser, afnal, o conhecimento, antes de qualquer mtodo, est em fun-odapercepodomundoedasuacristalizaopor meio dos modelos. A principal contribuio que essa dis-cusso pode trazer s cincias , usando termos prprios do mtodo, ampliar a percepo do que o conhecimen-to,ouseja,questionaromodelo,oparadigmaatualdo que a cincia e o que o conhecimento. Ampliando-se a percepo do modelo, amplia-se, na verdade, o univer-so de possibilidades. Antes, o que seria descartado como dado investigativo, uma vez tendo em vista a validade da experincia da percepo de mundo por meio do ser, po-der ser considerado vlido. Os diferentes mtodos, no fm, investigam aspec-tosdiferentesdarealidade.Foipercebidonadiscusso que no se trata de um mtodo cientfco ser melhor ou mais completo que o outro, mas a pergunta como esse mtodocolaboraparaacomposiodoquadroaque chamamosderealidade?.Omtodonooconheci-mento, ele um meio pelo qual se adquirem dados, para, posteriormente, haver a produo de conhecimento. Des-se modo, o quadro geral da realidade conhecida pelo ser humano est fundamentado apenas na amplitude da sua percepo dos fenmenos ao seu redor. Os mtodos so modosdiferentesdesecontemplarasvriasmanifesta-es desta realidade. Quando se rejeita um desses modos, no se est rejeitando um modo errado de se fazer ci-ncia,massimrejeita-seumaferramentadepercepo que contempla um espectro de fenmenos particulares a ela. Sendo a percepo acerca de algo o fator determinan-te para a construo de uma imagem mental (no caso, o conhecimento acerca de algo), limita-se o conhecimento quando se restringe o mundo a umas poucas ferramentas perceptivas. Limitam-se, enfm, as possibilidades de com-posio da realidade.Emquestesprticas,apesardacarnciadefun-damentaesslidas,omtodoaindaassimtempossi-bilidadedeaplicao,noquetangesinvestigaesde seres capazes de simbolizar experincias e transmitir tais smbolos. A investigao do ser humano facilitada nes-secaso,pois,apesardehaverdifculdadenadecodifca-o e falta de profundidade na percepo de um smbolo alheio, o contato entre investigador e objeto de estudo facilitado, permitindo uma aproximao maior e, conse-quentemente,umacompreensomaiordoseredoque pretende transmitir. Osmtodosdeinvestigaoaseremusadospelo investigador, nesse caso, devem ser cuidadosamente esco-lhidos e adaptados para cada caso em particular, uma vez que, dependendo da escolha, a qualidade, a quantidade e a natureza dos dados coletados e decodifcados no estudo podemsermuitodistorcidas(almdadistoronatural do processo de transferncia e decodifcao). Tendo isso em vista, as cincias que investigam os seres humanos e suas relaes, como a Psicologia, Medicina, Enfermagem, Sociologia,Filosofa(embuscadeessnciashumanas) eAdministrao,entreoutras,podemsebenefciardos mtodospropostosFenomenologiaoucomomeioem sidebuscadedadosoucomofontedeinspiraointe-lectualparaaelaboraoeaprimoramentodeoutros mtodos. Em particular para a Administrao, h muitas possibilidadesparaousodessemtodo.Comosetrata de uma cincia que lida diretamente com o ser humano, aFenomenologiapodecontribuirparaumacompreen-so maior de uma empresa acerca dos seus funcionrios: suasnecessidades,seuspensamentos,suasmotivaese os modelos mentais que esto cristalizados. Em relao ao ser humano e aos modelos deriva-dosdeexperincia,aFenomenologiatilcomoferra-mentainvestigativaparatodasasreasdaAdministra-o.ParaafunoMarketing,porexemplo,podemser investigados os modelos mentais referentes a uma marca emumgrupodepessoas:qualoconjuntodeemoes, caractersticas,valorespercebidos,sentidosquecons-tituemaimagemdeumprodutonamentedosconsu-midores? Qual a necessidade que o consumidor procura sanar quando adquire certo produto? Qual a origem des-sanecessidade?possvelsanaranecessidadefocando diretamentenasuaessncia?ParaosRecursosHuma-nos,pode-seutiliz-loparaentendermelhoroquemo-tiva os funcionrios a trabalharem em uma determinada empresae,apartirdisso,tomardecisescomointuito detrazermaissatisfaoaeles.Pode-seaveriguarqual omodelomentalqueosfuncionriostmdaempresae tomar aes especfcas para modifc-lo (assim tambm Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201257 A fenomenologia como mtodo de pesquisa em administraocomo no Marketing em relao a algum produto). Enfm, as possibilidades de aplicao desse mtodo na Adminis-traosoinmeras,trazendoumanovapercepode fenmenos (funcionrios e consumidores) que por meio de outros mtodos no possvel. Essaampliaodapercepodossereshumanos trarnovosdadosquepodemserutilizadosnaresoluo de problemas, confitos, aprimoramento de modelos admi-nistrativos,anlisedemercadoeaplicaodesoluesf-nanceiras, dentre muitas outras possibilidades de aplicao.No entanto, o produto da aplicao desse mtodo est sujeito a maiores distores, mau uso e m interpre-taoquandooinvestigado,ouinvestigador,noreali-zamdeformaadequadaainvestigaoouaanlisedos dadosobtidos.Noprimeirocaso,oserexploradopode nosesentirvontadeparatransmitirsmbolosaoin-vestigador,ocasionandoemdadosdistorcidosoufalsos. No segundo caso, o responsvel por analisar os dados co-letadospodeserparcialedecodifcarosdadosobtidos espelhandonelesassuasprpriasimagensmentaisou induzir o entrevistado, o que tiraria todo o teor simblico prprio do investigado e reproduziria apenas os modelos prprios do investigador. Essas complicaes hipotticas tm como fonte uma falha no processo de reduo do ser simples conscincia. No caso, o funcionrio que trans-mitecdigosfalsoseoinvestigadorqueosanalisaou coleta de forma dirigida, desviam-se da proposta do m-todo,distorcendoosdadosdeformaaconcretizaruma inteno que no a de pura transmisso de experincia. Desse ponto de vista, torna-se um desafo aplicar omtodoemambientesdetrabalhoondeosfuncion-rioscarregamemseusmodelosmentaisomedo,ades-confanaquantoempresaeseuscolaboradores,uma vez que, no processo de transmisso de smbolos, aquele que transmite revela as constituies do seu ser ao inves-tigador. Se houver algum tipo de receio em relao a essa transmisso,ossmbolosdistorcidosquantorealidade dosmodelospoderosertransmitidosemumprocesso de autodefesa. Portanto, cabe aos responsveis pela apli-cao desse mtodo em um ambiente de trabalho julgar se possvel conseguir dados confveis acerca dos mode-los mentais, e qual a melhor forma de se obt-los.H,portanto,vriostemasinerentesdiscusso sobreomtodofenomenolgicoqueoutrospesquisa-dorespoderoabordar,tantoemrelaoaomtodoem siquantoaoseuimpactoemoutros.Aaplicaodesse mtodoestcondicionadaaumestudocuidadosodas condies ambientais e humanas, alm da prpria adap-taodomtodoaoobjetodeestudoeaodadoquese quer obter. Uma vez observados esses critrios, o mtodo fenomenolgico , em teoria, aplicvel tanto em ambiente acadmico quanto em ambiente gerencial. Oobjetivogeral,portanto,foialcanadoempar-tes.Apesardesetertentadotecerumencadeamento lgicoquederivasseotemadaaplicaodomtodo Administrao, no foi possvel chegar a concluses deci-sivas, mas apenas a especulaes tericas, que podem ser desenvolvidas futuramente a ttulo de solidifcao.O artigo teve como prioridade focar nos aspectos analticosdosdados,eporisso,aconstruodasbases tericas foi a mais sucinta e sinttica possvel. Dessa ma-neira,foipriorizadoapenasoentendimentoconsidera-do imprescindvel compreenso do segmento lgico da anlise e isso proporcionou mais espao para a discusso do tema em si, sem se ater apenas a seus aspectos tericos desconexos um ao outro. Como Sanders (1982), preferiu--se trabalhar em profundidade com um volume menor de dadosdoquesuperfcialmentecomumvolumegrande de dados.Algumasbarreirasapareceramduranteodesen-volvimento do artigo. O primeiro foi em relao ao pr-priomtodofenomenolgico.Porsetratardeumm-todoflosfcodepesquisa,omaterialdisponvelacerca doassuntoestemsuamaioriaconcentradoemlivros voltadosaoseuestudoterico-flosfco,enoemseu estudo prtico. A praticidade do mtodo est concentra-daemsuaaplicaonasreasdesadeenaprpriaFi-losofa,quaseinexistindomaterialreferenteaplicao emoutrasreas.Porm,porsuanaturezauniversalde investigao, no foi difcultoso encontrar possibilidades de aplicao em outras reas do conhecimento, apesar do escasso material disponvel e da complexidade das impli-caes e correlaes que o tema implica em seu desenvol-vimentolgico.Porserumtemaabrangente,oformato de artigo no favorece o forescimento da discusso pro-posta, por conta do limitado espao disponvel. Por conta disso, a discusso fcou incompleta, carente de bases te-ricas mais slidas. Comopropostaparafuturosestudos,,antesde tudo,aconselhadaareformulaodopresenteartigo Universitas Gesto e TI, v. 2, n. 1, p. 47-???, jan./jun. 201258 Maurcio Serra Viana Bezerra de Souza, Gilberto Gomes Guedesparaoformatodemonografa,noqualpoderserdis-cutidoemmaiorprofundidade.Feitoisso,vriosramos de estudo so possveis, todos eles necessrios ao integral desenvolvimento do assunto. Surgem duas grandes rami-fcaes de pesquisa: o estudo e desenvolvimento do m-todo em si, e o transporte e uso prtico do mtodo nas ci-ncias. Em particular, antes dos estudos da sua aplicao em Administrao, ou em qualquer cincia em particular, o desenvolvimento do mtodo em si se faz necessrio. possvel que futuros pesquisadores sintam-se encorajados a, ou recomear as discusses a partir das bases fenome-nolgicasdeHusserl(oumesmoalterandoessasbases), ou desenvolvendo as teorias e mtodos j formulados por outros pesquisadores. aconselhado o estudo da natureza do ser quanto conscincia, natureza fenomenolgica do universo de experincia,reformulaodequestesflosfcasluz do novo mtodo e das implicaes da mudana de para-digmas flosfcos na Filosofa em si e no universo prtico. Aps a solidifcao desses temas, e de outros que podem ser relevantes ao assunto, o transporte para as cincias possvel. Dessa maneira, retendo-se cincia administra-tiva, aconselhado o estudo do ser humano como agente do ambiente laboral, a experincia do trabalho (do ponto de vista humano), as implicaes do trabalho na experi-ncia de vida do ser humano (experincia de vida no sen-tido da experincia de se estar vivo) e quais os benefcios que tais estudos podem trazer s empresas, entre outros temas, tanto derivados quanto complementares a eles.Referncias COLAIZZI,PaulF.Psychologicalresearchasthe phenomenologistviewsit.In:VALLE,RonaldS.; KING,Mark.Existentialphenomenologyalternativesfor psychology.NewYork:OxfordUniversityPress,1978.p. 16-29.GIL,AntonioCarlos.Mtodosetcnicasdepesquisa social. 5. ed. So Paulo: Atlas, 1999.GIORGI, Amedeo (Ed.). Phenomenology and psychological research. 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