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www.cers.com.br ADVOCACIA PÚBLICA Direito Constitucional Flavia Bahia 1 Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI Art. 58, § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Pressupostos Materiais: a) Fato determinado b) Prazo certo (para alguns autores, pressuposto temporal) 1. EMENTA: CONSTITUCIONAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO: FATO DETERMINADO E PRAZO CERTO. C.F., ARTIGO 58, § 3º. LEI 1.579/52. ADVOGADO. TESTEMUNHA. OBRIGAÇÃO DE ATENDER À CONVOCAÇÃO DA CPI PARA DEPOR COMO TESTEMUNHA. C.F., ARTIGO 133; CPP, ART. 207; CPP, ART. 406; CÓD. PENAL, ART. 154; LEI 4.215, DE 1963, ARTIGOS 87 E 89. I. - A Comissão Parlamentar de Inquérito deve apurar fato determinado. C.F., art. 58, § 3º. Todavia, não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal. II. - Prazo certo: o Supremo Tribunal Federal, julgando o HC nº 71.193-SP, decidiu que a locução "prazo certo", inscrita no § do artigo 58 da Constituição, não impede prorrogações sucessivas dentro da legislatura, nos termos da Lei 1.579/52 (...) HC 71231 / RJ - RIO DE JANEIRO, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Julgamento: 05/05/1994 Lei 1.579/52. Art. 5º. As Comissões Parlamentares de Inquérito apresentarão relatório de seus trabalhos à respectiva Câmara, concluindo por projeto de resolução. § 1º. Se forem diversos os fatos objeto de inquérito, a comissão dirá, em separado, sobre cada um, podendo fazê-lo antes mesmo de finda a investigação dos demais. § - A incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito termina com a sessão legislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva Câmara, prorrogando-a dentro da Legislatura em curso. 2. "É claro que fatos conexos aos inicialmente apurados podem, também eles, passar a constituir alvo de investigação da Comissão Parlamentar em causa. Contudo, para que isso aconteça, torna-se necessária a aprovação de aditamento." (HC 86.431-MC, rel. min. Ayres Britto, decisão monocrática, julgamento em 8-8-2005, DJ de 19-8-2005.) 3. (...) Imputa-se, por outro lado, ao mencionado Requerimento subscrito pela minoria parlamentar, uma falha consistente na ausência de indicação do prazo de funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito. Um dos requisitos constitucionais subjacentes à criação de uma CPI refere-se à temporariedade de sua duração, pois esse órgão de investigação legislativa não pode funcionar por prazo indeterminado. Ao contrário, exige-se a indicação de “prazo certo” para duração de qualquer CPI (CF, art. 58, § 3º). Cabe observar, no entanto, que o Regimento Interno da Câmara dos Deputados determina, ele próprio, o prazo de vigência das Comissões Parlamentares de Inquérito que deverão atuar no âmbito dessa Casa do Congresso Nacional. O estatuto regimental em questão dispõe, em seu art. 35, § 3º, que: A Comissão (...) terá o prazo de cento e vinte dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação do Plenário, para conclusão de seus trabalhos. Isso significa, portanto, que eventual omissão do requerimento de criação de CPI será suprida, de pleno direito, pelo que prescreve a norma regimental em causa, pois esta dando concreção à finalidade da regra inscrita no § 3º do art. 58 da Constituição estabelece, desde logo, o prazo de duração

148507021115 Advocacia Publica d Constitucional Aula 12

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    Comisso Parlamentar de Inqurito - CPI Art. 58, 3 - As comisses parlamentares de inqurito, que tero poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, alm de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, sero criadas pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um tero de seus membros, para a apurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas ao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Pressupostos Materiais: a) Fato determinado b) Prazo certo (para alguns autores, pressuposto temporal) 1. EMENTA: CONSTITUCIONAL. COMISSO PARLAMENTAR DE INQURITO: FATO DETERMINADO E PRAZO CERTO. C.F., ARTIGO 58, 3. LEI 1.579/52. ADVOGADO. TESTEMUNHA. OBRIGAO DE ATENDER CONVOCAO DA CPI PARA DEPOR COMO TESTEMUNHA. C.F., ARTIGO 133; CPP, ART. 207; CPP, ART. 406; CD. PENAL, ART. 154; LEI 4.215, DE 1963, ARTIGOS 87 E 89. I. - A Comisso Parlamentar de Inqurito deve apurar fato determinado. C.F., art. 58, 3. Todavia, no est impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal. II. - Prazo certo: o Supremo Tribunal Federal, julgando o HC n 71.193-SP, decidiu que a locuo "prazo certo", inscrita no 3 do artigo 58 da Constituio, no impede prorrogaes sucessivas dentro da legislatura, nos termos da Lei 1.579/52 (...) HC 71231 / RJ - RIO DE JANEIRO, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Julgamento: 05/05/1994 Lei 1.579/52. Art. 5. As Comisses Parlamentares de Inqurito apresentaro relatrio de seus

    trabalhos respectiva Cmara, concluindo por projeto de resoluo. 1. Se forem diversos os fatos objeto de inqurito, a comisso dir, em separado, sobre cada um, podendo faz-lo antes mesmo de finda a investigao dos demais. 2 - A incumbncia da Comisso Parlamentar de Inqurito termina com a sesso legislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberao da respectiva Cmara, prorrogando-a dentro da Legislatura em curso. 2. " claro que fatos conexos aos inicialmente apurados podem, tambm eles, passar a constituir alvo de investigao da Comisso Parlamentar em causa. Contudo, para que isso acontea, torna-se necessria a aprovao de aditamento." (HC 86.431-MC, rel. min. Ayres Britto, deciso monocrtica, julgamento em 8-8-2005, DJ de 19-8-2005.) 3. (...) Imputa-se, por outro lado, ao mencionado Requerimento subscrito pela minoria parlamentar, uma falha consistente na ausncia de indicao do prazo de funcionamento da Comisso Parlamentar de Inqurito. Um dos requisitos constitucionais subjacentes criao de uma CPI refere-se temporariedade de sua durao, pois esse rgo de investigao legislativa no pode funcionar por prazo indeterminado. Ao contrrio, exige-se a indicao de prazo certo para durao de qualquer CPI (CF, art. 58, 3). Cabe observar, no entanto, que o Regimento Interno da Cmara dos Deputados determina, ele prprio, o prazo de vigncia das Comisses Parlamentares de Inqurito que devero atuar no mbito dessa Casa do Congresso Nacional. O estatuto regimental em questo dispe, em seu art. 35, 3, que: A Comisso (...) ter o prazo de cento e vinte dias, prorrogvel por at metade, mediante deliberao do Plenrio, para concluso de seus trabalhos. Isso significa, portanto, que eventual omisso do requerimento de criao de CPI ser suprida, de pleno direito, pelo que prescreve a norma regimental em causa, pois esta dando concreo finalidade da regra inscrita no 3 do art. 58 da Constituio estabelece, desde logo, o prazo de durao

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    dos trabalhos da Comisso encarregada da investigao parlamentar. No caso ora em exame, a CPI em questo no foi instituda por prazo indeterminado (o que vedado pela Constituio da Repblica), mas, ao contrrio, reconheceu-se por efeito da incidncia da norma regimental mencionada que a investigao parlamentar teria a durao de 120 dias, como expressamente afirmou o eminente Presidente da Cmara dos Deputados, ao indeferir a questo de ordem suscitada pelo Senhor Lder do PT (...). V-se, desse modo, em face do prprio carter supletivo que qualifica a norma regimental mencionada (art. 35, 3), que no se est, na espcie, diante de uma CPI sem prazo certo, pois insista-se , tal como expressamente o reconheceu o Senhor Presidente da Cmara dos Deputados (fls. 27/27v.), foi ela criada pelo prazo de cento e vinte dias (...), ajustando-se, desse modo, exigncia constitucional de temporariedade, que se impe a qualquer Comisso Parlamentar de Inqurito." (MS 26.441-MC, rel. min. Celso de Mello, deciso monocrtica, julgamento em 29-3-2007, DJ de 9-4-2007.) 4. "A durao do inqurito parlamentar com o poder coercitivo sobre particulares, inerente sua atividade instrutria e a exposio da honra e da imagem das pessoas a desconfianas e conjecturas injuriosas um dos pontos de tenso dialtica entre a CPI e os direitos individuais, cuja soluo, pela limitao temporal do funcionamento do rgo, antes se deve entender matria apropriada lei do que aos regimentos: donde a recepo do art. 5, 2, da Lei 1.579/52, que situa, no termo final de legislatura em que constituda, o limite intransponvel de durao, ao qual, com ou sem prorrogao do prazo inicialmente fixado, se h de restringir a atividade de qualquer comisso parlamentar de inqurito. A disciplina da mesma matria pelo regimento interno diz apenas com as convenincias de administrao parlamentar, das quais cada cmara o juiz exclusivo, e da qual, por isso desde que respeitado o limite mximo

    fixado em lei, o fim da legislatura em curso , no decorrem direitos para terceiros, nem a legitimao para questionar em juzo sobre a interpretao que lhe d a Casa do Congresso Nacional." (HC 71.261, rel. min. Seplveda Pertence, julgamento em 11-5-1994, Plenrio, DJ de 24-6-1994.) No mesmo sentido: Rcl 4.966, rel. min. Menezes Direito, deciso monocrtica, julgamento em 3-8-2009, DJE de 18-8-2009. 5. "Prazo certo: o Supremo Tribunal Federal, julgando o HC 71.193-SP, decidiu que a locuo prazo certo, inscrita no 3 do artigo 58 da Constituio, no impede prorrogaes sucessivas dentro da legislatura, nos termos da Lei 1.579/52." (HC 71.231, rel. min. Carlos Velloso, julgamento em 5-5-1994, Plenrio, DJ de 31-10-1996.) Requisitos Formais: a) Assinatura de 1/3 dos membros b) Encaminhamento ao Ministrio Pblico 6. E M E N T A: COMISSO PARLAMENTAR DE INQURITO - DIREITO DE OPOSIO - PRERROGATIVA DAS MINORIAS PARLAMENTARES - EXPRESSO DO POSTULADO DEMOCRTICO - DIREITO IMPREGNADO DE ESTATURA CONSTITUCIONAL - INSTAURAO DE INQURITO PARLAMENTAR E COMPOSIO DA RESPECTIVA CPI - TEMA QUE EXTRAVASA OS LIMITES "INTERNA CORPORIS" DAS CASAS LEGISLATIVAS - VIABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL - IMPOSSIBILIDADE DE A MAIORIA PARLAMENTAR FRUSTRAR, NO MBITO DO CONGRESSO NACIONAL, O EXERCCIO, PELAS MINORIAS LEGISLATIVAS, DO DIREITO CONSTITUCIONAL INVESTIGAO PARLAMENTAR (CF, ART. 58, 3) - MANDADO DE SEGURANA CONCEDIDO. CRIAO DE COMISSO PARLAMENTAR DE INQURITO: REQUISITOS CONSTITUCIONAIS. -

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    O Parlamento recebeu dos cidados, no s o poder de representao poltica e a competncia para legislar, mas, tambm, o mandato para fiscalizar os rgos e agentes do Estado, respeitados, nesse processo de fiscalizao, os limites materiais e as exigncias formais estabelecidas pela Constituio Federal. - O direito de investigar - que a Constituio da Repblica atribuiu ao Congresso Nacional e s Casas que o compem (art. 58, 3) - tem, no inqurito parlamentar, o instrumento mais expressivo de concretizao desse relevantssimo encargo constitucional, que traduz atribuio inerente prpria essncia da instituio parlamentar. - A instaurao do inqurito parlamentar, para viabilizar-se no mbito das Casas legislativas, est vinculada, unicamente, satisfao de trs (03) exigncias definidas, de modo taxativo, no texto da Carta Poltica: (1) subscrio do requerimento de constituio da CPI por, no mnimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicao de fato determinado a ser objeto de apurao e (3) temporariedade da comisso parlamentar de inqurito. - Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, 3), impe-se a criao da Comisso Parlamentar de Inqurito, que no depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigncias (CF, art. 58, 3) cumpre, ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subsequentes e necessrios efetiva instalao da CPI, no lhe cabendo qualquer apreciao de mrito sobre o objeto da investigao parlamentar, que se revela possvel, dado o seu carter autnomo (RTJ 177/229 - RTJ 180/191-193), ainda que j instaurados, em torno dos mesmos fatos, inquritos policiais ou processos judiciais. MS 24831 / DF - DISTRITO FEDERAL, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 22/06/2005

    7. O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Diretrio Nacional do Partido dos Trabalhadores para declarar inconstitucionais o trecho s ser submetido discusso e votao decorridas 24 horas de sua apresentao, e, constante do 1 do art. 34, e o inciso I do art. 170, ambos da XII Consolidao do Regimento Interno da Assemblia Legislativa do Estado de So Paulo que estabelecem, como requisito criao de Comisso Parlamentar de Inqurito, a aprovao do respectivo requerimento em Plenrio (Art. 34... 1 - O requerimento propondo a constituio de Comisso Parlamentar de Inqurito s ser submetido discusso e votao decorridas 24 horas de sua apresentao, e dever indicar, desde logo:...; Art. 170 - Ser escrito, depender de deliberao do Plenrio e sofrer discusso o requerimento que solicite: I - constituio de Comisso Parlamentar de Inqurito; ). Inicialmente, rejeitou-se a preliminar de no-conhecimento da ao, suscitada pela Assemblia Legislativa do aludido Estado-membro, no sentido de que os dispositivos impugnados comporiam texto normativo pr-constitucional. Entendeu-se que, embora regras semelhantes aos preceitos contestados tenham sido originalmente veiculadas em Resolues anteriores ao advento da CF/88, estas foram consolidadas em texto nico por ato normativo posterior vigente Constituio, possuindo, assim, autonomia suficiente para ser submetido ao controle concentrado de constitucionalidade. ADI 3619/SP, rel. Min. Eros Grau, 1.8.2006. (ADI-3619) 8. O terceiro (e ltimo) fundamento em que se apoiou a impugnao ao Ato de criao da CPI do trfego areo consiste na afirmao de que o Requerimento subscrito pela minoria parlamentar no indicou a composio numrica desse rgo de investigao legislativa. Embora no se trate de exigncia constitucional (MS 24.847/DF, rel. min. Celso de Mello, v.g.), cumpre assinalar que o Ato da Presidncia da Cmara dos Deputados expressamente indicou que a CPI em causa

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    ser composta de 23 membros titulares e de igual nmero de suplentes (fls. 26), o que significa, portanto, que foi atendida, no caso, at mesmo essa simples prescrio regimental." (MS 26.441-MC, rel. min. Celso de Mello, deciso monocrtica, julgamento em 29-3-2007, DJ de 9-4-2007.) 9. "A Constituio Federal, no 3 do seu artigo 58, dispe que as concluses da CPI, se for o caso, sero encaminhadas ao Ministrio Pblico para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores. Ora, somente a comisso poder decidir se se verifica, ou no, a hiptese do referido encaminhamento das concluses, o que no implica, necessariamente, que sejam elas acompanhadas dos documentos sigilosos." (MS 23.970-MC, rel. min. Maurcio Corra, deciso monocrtica, julgamento em 29-5-2001, DJ de 5-6-2001) 10. preciso esclarecer, porm, que apenas o relatrio conclusivo dos trabalhos da CPMI enviado ao Ministrio Pblico e Advocacia-Geral da Unio para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por infraes apuradas (art. 37 do Regimento Interno da Cmara dos Deputados)." (MS 25.707, rel. min. Gilmar Mendes, deciso monocrtica, julgamento em 1-12-2005, DJ de 13-12-2005.) Poderes da CPI: Quebra de Sigilos Bancrio, Fiscal e Telefnico 11. A norma inscrita no art. 58, 3, da CF, permite a qualquer Comisso Parlamentar de Inqurito o poder de decretar a quebra do sigilo inerente aos registros bancrios, fiscais e telefnicos, desde que o faa em ato adequadamente fundamentado (CF: Art. 58. ... 3 - As comisses parlamentares de inqurito, que tero poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, alm de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, sero criadas pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um tero de seus membros, para a apurao de fato

    determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas ao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.). Com base nesse entendimento, o Tribunal concedeu mandado de segurana impetrado por corretora de seguros contra o Presidente da Comisso Parlamentar Mista de Inqurito (CPMI/Correios) e o Relator da Subcomisso de Sindicncia do IRB Brasil Resseguros S/A, pelo fato de esse rgo de investigao legislativa haver aprovado a transferncia dos sigilos bancrio, fiscal e telefnico da impetrante. No caso concreto, a CPMI dos Correios, ao motivar a quebra de sigilo, acolhera a alegao feita, em requerimento, de que a impetrante estaria envolvida, direta ou indiretamente, em caso de possvel favorecimento a Brokers. Salientando-se que os poderes de investigao das Comisses Parlamentares de Inqurito se submetem s mesmas limitaes que se aplicam aos rgos do Poder Judicirio, considerou-se que, na espcie, a quebra determinada se dera mediante fundamentao genrica e insuficiente, em ofensa ao comando contido no art. 93, IX, da CF (todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade,...). MS concedido para invalidar o ato impugnado. MS 25668/DF, rel. Min. Celso de Mello, 23.3.2006. (MS-25668) 12. Utilizao, por CPI, de documentos oriundos de inqurito sigiloso. Possibilidade. (HC 100.341, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-11-2010, Plenrio, DJE de 2-12-2010.) Vedaes: Princpio da Reserva Constitucional de Jurisdio 13. "Comisso Parlamentar de Inqurito. Interceptao telefnica. Sigilo judicial. Segredo de justia. Quebra. Impossibilidade jurdica. Requisio de cpias das ordens judiciais e dos mandados. Liminar concedida.

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    Admissibilidade de submisso da liminar ao Plenrio, pelo Relator, para referendo. Precedentes (MS n. 24.832-MC, MS n. 26.307- MS e MS n. 26.900-MC). Voto vencido. Pode o Relator de mandado de segurana 43 submeter ao Plenrio, para efeito de referendo, a liminar que haja deferido. Comisso Parlamentar de Inqurito - CPI. Prova. Interceptao telefnica. Deciso judicial. Sigilo judicial. Segredo de justia. Quebra. Requisio, s operadoras, de cpias das ordens judiciais e dos mandados de interceptao. Inadmissibilidade. Poder que no tem carter instrutrio ou de investigao. Competncia exclusiva do juzo que ordenou o sigilo. Aparncia de ofensa a direito lquido e certo. Liminar concedida e referendada. Voto vencido. Inteligncia dos arts. 5, X e LX, e 58, 3, da CF, art. 325 do CP, e art. 10, cc. art. 1 da Lei federal n. 9.296/96. Comisso Parlamentar de Inqurito no tem poder jurdico de, mediante requisio, a operadoras de telefonia, de cpias de deciso nem de mandado judicial de interceptao telefnica, quebrar sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justia. Este oponvel a Comisso Parlamentar de Inqurito, representando expressiva limitao aos seus poderes constitucionais." (MS 27.483-REF-MC, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 14-8-2008, Plenrio, DJE de 10-10-2008.) 14. "Incompetncia da Comisso Parlamentar de Inqurito para expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular, que no medida de instruo a cujo mbito se restringem os poderes de autoridade judicial a ela conferidos no art. 58, 3 , mas de provimento cautelar de eventual sentena futura, que s pode caber ao juiz competente para proferi-la." (MS 23.480, rel. min. Seplveda Pertence, julgamento 4-5-2000, Plenrio, DJ de 15-9-2000.) No mesmo sentido: MS 23.446, rel. p/ o ac. min. Nelson Jobim, julgamento em 18-8-1999, Plenrio, DJ de 9-11-2007; MS 23.471, rel. min. Octavio Gallotti, julgamento em 10-11-1999, Plenrio, DJ de 10-8-2000. 15. "Entendimento do STF segundo o qual as CPI'S no podem decretar bloqueios de bens, prises preventivas e buscas e apreenses

    de documentos de pessoas fsicas ou jurdicas, sem ordem judicial." (MS 23.455, rel. min. Nri da Silveira, julgamento em 24-11-1999, Plenrio, DJ de 7-12-2000.) 16. Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao princpio da separao dos Poderes, a convocao de magistrado a fim de que preste depoimento em razo de decises de contedo jurisdicional atinentes ao fato investigado pela Comisso Parlamentar de Inqurito. (HC 80.539, rel. min. Maurcio Corra, julgamento em 21-3-2001, Plenrio, DJ de 1-8-2003. PODER EXECUTIVO 1. FORMAS DE GOVERNO MONARQUIA REPBLICA 2. SISTEMAS DE GOVERNO PARLAMENTARISMO PRESIDENCIALISMO 3. VISO GERAL DO PODER EXECUTIVO 4. IMUNIDADES E RESPONSABILIDADES A- IMUNIDADES FORMAIS: PRISO. Art. 86, 3 PROCESSO. Art. 86, caput. B- PRERROGATIVA DE FORO FUNCIONAL. Art. 86, caput. CRIME COMUM CRIME DE RESPONSABILIDADE C. O IMPEACHMENT. Art. 52, pargrafo nico. D. CLUSULA DE IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA. Art. 86, 4 E. IMUNIDADES GOVERNADORES E PREFEITOS

    JURISPRUDNCIA DO STF PODER EXECUTIVO

    PODER EXECUTIVO O Estado-membro dispe de competncia para disciplinar o processo de escolha, por sua Assembleia Legislativa, do Governador e do Vice-Governador do Estado, nas hipteses em que se verificar a dupla vacncia desses cargos nos ltimos dois anos do perodo

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    governamental. Essa competncia legislativa do Estado-membro decorre da capacidade de autogoverno que lhe outorgou a prpria Constituio da Repblica. As condies de elegibilidade (CF, art. 14, 4 a 8) e as hipteses de inelegibilidade (CF, art. 14, 4 a 8), inclusive aquelas decorrentes de legislao complementar (CF, art. 14, 9), aplicam-se de pleno direito, independentemente de sua expressa previso na lei local, eleio indireta para Governador e Vice-Governador do Estado, realizada pela Assembleia Legislativa em caso de dupla vacncia desses cargos executivos no ltimo binio do perodo de governo. (ADI 1.057-MC, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 20-4-1994, Plenrio, DJ de 6-4-2001.) No mesmo sentido:Rcl 7.759-MC, Rel. Min. Celso de Mello, deciso monocrtica, julgamento em 26-2-2009, DJE de 4-3-2009. So da competncia legislativa da Unio a definio dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento." (Smula 722) A definio das condutas tpicas configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e julgamento das agentes polticos federais, estaduais ou municipais envolvidos so da competncia legislativa privativa da Unio e devem ser tratados em lei nacional especial (art. 85 da CR). (ADI 2.220, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 16-11-2011, Plenrio, DJE de 7-12-2011.) Oferecimento de denncia por qualquer cidado imputando crime de responsabilidade ao presidente da Repblica (...). Impossibilidade de interposio de recurso contra deciso que negou seguimento denncia. Ausncia de previso legal (Lei 1.079/1950). A interpretao e a aplicao do Regimento Interno da Cmara dos Deputados constituem matria interna corporis, insuscetvel de apreciao pelo Poder Judicirio. (MS 26.062-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10-3-2008, Plenrio, DJE de 4-4-2008.)

    "A Corte, no julgamento de cautelar na ADI 1.628-SC, j adotou posio quanto aplicabilidade do quorum de 2/3 previsto na CF como o a ser observado, pela Assembleia Legislativa, na deliberao sobre a procedncia da acusao contra o governador do Estado." (ADI 1.634-MC, Rel. Min. Nri da Silveira, julgamento em 17-9-1997, Plenrio, DJ de 8-9-2000.) "Orientao desta Corte, no que concerne ao art. 86, 3 e 4, da Constituio, na ADI 1.028, de referncia imunidade priso cautelar como prerrogativa exclusiva do presidente da Repblica, insuscetvel de estender-se aos governadores dos Estados, que institucionalmente, no a possuem." (ADI 1.634-MC, Rel. Min. Nri da Silveira, julgamento em 17-9-1997, Plenrio, DJ de 8-9-2000.) PROCESSO LEGISLATIVO Processo legislativo: Iniciativa geral ou concorrente A iniciativa geral encontra-se no art. 61, caput da CRFB/88. Vale lembrar que no processo de elaborao das Emendas Constitucionais tambm h previso de iniciativa concorrente (art. 60, I, II e III da CRFB/88). Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinrias cabe a qualquer membro ou Comisso da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Repblica, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da Repblica e aos cidados, na forma e nos casos previstos nesta Constituio. 1. A anlise dos autos evidencia que o acrdo mencionado diverge da diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na matria em referncia. Com efeito, no mais assiste, ao chefe do Poder Executivo, a prerrogativa constitucional de fazer instaurar, com exclusividade, em matria tributria, o concernente processo legislativo.

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    Esse entendimento que encontra apoio na jurisprudncia que o STF firmou no tema ora em anlise (RTJ 133/1044 RTJ 176/1066-1067) consagra a orientao de que, sob a gide da Constituio republicana de 1988, tambm o membro do Poder Legislativo dispe de legitimidade ativa para iniciar o processo de formao das leis, quando se tratar de matria de ndole tributria, no mais subsistindo, em consequncia, a restrio que prevaleceu ao longo da Carta Federal de 1969 (art. 57, I) (...). (RE 328.896, Rel. Min. Celso de Mello, deciso monocrtica, julgamento em 9-10-2009, DJE de 5-11-2009.) No mesmo sentido: ADI 352-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento 29-8-1990, Plenrio, DJE de 8-3-1991 2. "O constituinte estadual no pode estabelecer hipteses nas quais seja vedada a apresentao de projeto de lei pelo chefe do Executivo sem que isso represente ofensa harmonia entre os Poderes." (ADI 572, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 28-6-2006, Plenrio, DJ de 9-2-2007.) 3. Processo legislativo dos Estados-membros: absoro compulsria das linhas bsicas do modelo constitucional federal entre elas, as decorrentes das normas de reserva de iniciativa das leis, dada a implicao com o princpio fundamental da separao e independncia dos poderes: jurisprudncia consolidada do Supremo Tribunal. (ADI 637, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 25-8-2004, Plenrio, DJ de 1-10-2004.) 4. "A atribuio, exclusivamente ao chefe do Poder Executivo estadual, da iniciativa do projeto de Lei Orgnica do Ministrio Pblico, por sua vez, configura violao ao art.128, 5, da CF, que faculta tal prerrogativa aos procuradores-gerais de Justia." (ADI 852, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 28-8-2002, Plenrio, DJ de 18-10-2002.) 5. O diploma normativo em causa, que estabelece iseno do pagamento de taxa de concurso pblico, no versa sobre matria relativa a servidores pblicos ( 1 do art. 61 da CF/88). Dispe, isto sim, sobre condio para se chegar investidura em cargo pblico, que um momento anterior ao da caracterizao do candidato como servidor pblico. Inconstitucionalidade formal no configurada. (ADI 2672, Relator(a): Min.

    ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acrdo: Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 22/06/2006) Iniciativa Popular. Lei 9709/98 Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentao de projeto de lei Cmara dos Deputados, subscrito por, no mnimo, um por cento do eleitorado nacional, distribudo pelo menos por cinco Estados, com no menos de trs dcimos por cento dos eleitores de cada um deles. 1o O projeto de lei de iniciativa popular dever circunscrever-se a um s assunto. 2o O projeto de lei de iniciativa popular no poder ser rejeitado por vcio de forma, cabendo Cmara dos Deputados, por seu rgo competente, providenciar a correo de eventuais impropriedades de tcnica legislativa ou de redao. O Regimento Interno da Cmara dos Deputados tambm discorre sobre a iniciativa popular de leis, em seu art. 252, e estabelece outras condies dentre as quais pode-se destacar: a assinatura de cada eleitor deve ser acompanhada de seu nome completo e legvel, endereo e dados identificadores de seu ttulo eleitoral; as listas de assinaturas devem ser organizadas por Municpio e por Estado, Territrio e Distrito Federal, em formulrio padronizado pela Mesa da Cmara; O projeto ser protocolizado na Secretaria-Geral da Mesa, que verificar se foram cumpridas as exigncias constitucionais para sua apresentao Processo legislativo: Iniciativa reservada Iniciativa reservada ao Presidente da Repblica: art. 61, 1 da CRFB/88. Obs.: Segundo a jurisprudncia da Corte, pelo princpio da simetria, no mbito estadual, distrital e municipal as matrias elencadas no art. 61, 1 da CRFB/88 so de iniciativa, tambm reservada, dos seus respectivos Chefes do poder executivo. Iniciativa reservada Tribunais

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    Iniciativa reservada Tribunal de Contas 6. Tribunal de Contas: Lei Orgnica e Vcio Formal Por considerar usurpado, em princpio, o poder de iniciativa reservado constitucionalmente aos Tribunais de Contas para instaurar processo legislativo que visa alterar sua organizao e seu funcionamento, o Tribunal deferiu, com efeitos ex tunc, pedido de medida cautelar em duas aes diretas de inconstitucionalidade propostas, respectivamente, pela Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil - ATRICON e pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, para suspender a eficcia da Lei 2.351/2010, do Estado de Tocantins. A norma impugnada, de origem parlamentar, alterou e revogou diversos dispositivos da Lei Orgnica do Tribunal de Contas daquele ente federativo. Preliminarmente, na linha de precedentes firmados pela Corte, assentou-se a legitimidade ativa ad causam da ATRICON, bem como se entendeu configurada a pertinncia temtica. Em seguida, sem adentrar o exame de cada artigo do diploma adversado, reputou-se configurado o aparente vcio de iniciativa, porquanto no caberia ao Poder Legislativo estadual, mediante projeto de lei de iniciativa parlamentar, propor modificaes em dispositivos da Lei Orgnica do Tribunal de Contas estadual. Enfatizou-se que apenas a prpria Corte de Contas teria a prerrogativa de fazer instaurar processo legislativo concernente alterao desse diploma normativo, sob pena de se neutralizar sua atuao independente. Consignou-se, por fim, que a lei em questo, alm de acarretar conflitos institucionais entre o Tribunal de Contas e a Assemblia Legislativa, subtrairia daquele competncias fiscalizatrias e interferiria em sua autonomia administrativa e financeira. Vencido o Min. Marco Aurlio que deferia a medida cautelar com eficcia ex nunc por considerar que a natureza do pronunciamento do Supremo

    seria acautelador e no reparador. ADI 4418 MC/TO,rel. Min. Dias Toffoli, 6.10.2010. 7. A iniciativa de lei que disponha sobre o regime jurdico dos servidores pblicos reservada ao Chefe do Poder Executivo local por fora do artigo 61, 1, II, c, da Constituio Federal. (ADI 4154, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 26/05/2010) 8. Lei estadual que concede "anistia" administrativa a servidores pblicos estaduais que interromperam suas atividades - paralisao da prestao de servios pblicos. A jurisprudncia desta Corte firme no sentido de que cabe ao Chefe do Poder Executivo deflagrar o processo legislativo referente a lei de criao de cargos, funes ou empregos pblicos na administrao direta e autrquica ou aumento de sua remunerao, bem assim disponha sobre regime jurdico e provimento de cargos dos servidores pblicos. Aplica-se aos Estados-membros o disposto no artigo 61, 1, inciso II, da Constituio do Brasil. Precedentes. Invivel o projeto de lei de iniciativa do Poder Legislativo que disponha a propsito servidores pblicos - "anistia" administrativa, nesta hiptese - implicando aumento de despesas para o Poder Executivo. ( ADI 341, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-4-2010, Plenrio, DJE de 11-6-2010). 9. Incorre em vcio de inconstitucionalidade formal (CF, arts. 61, 1, II, a e c e 63, I) a norma jurdica decorrente de emenda parlamentar em projeto de lei de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, de que resulte aumento de despesa. Parmetro de observncia cogente pelos Estados da Federao, luz do princpio da simetria. (ADI 2.079, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 29-4-2004, Plenrio,DJ de 18-6-2004.) No mesmo sentido: ADI 2.113, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 4-3-2009, Plenrio, DJE de 21-8-2009. 10. A reserva de lei de iniciativa do Chefe do Executivo, prevista no art. 61, 1, II, b, da Constituio somente se aplica aos Territrios

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    federais. (ADI 2.447, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-3-2009, Plenrio, DJE de 4-12-2009). 11. "Por tratar-se de evidente matria de organizao administrativa, a iniciativa do processo legislativo est reservada ao chefe do Poder Executivo local. Os Estados-membros e o Distrito Federal devem obedincia s regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente, sob pena de violao do modelo de harmnica tripartio de poderes, consagrado pelo constituinte originrio." (ADI 1.182, Rel. Min.Eros Grau, julgamento em 24-11-2005, Plenrio, DJ de 10-3-2006.) No mesmo sentido: RE 508.827-AgR, rel. min. Crmen Lcia, julgamento em 25-9-2012, Segunda Turma, DJE de 19-10-2012. 12."Lei estadual que dispe sobre a situao funcional de servidores pblicos: iniciativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, 1, II, a e c, CR/1988). Princpio da simetria." (ADI 2.029, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-6-2007, Plenrio, DJde 24-8-2007.) 13. "Processo legislativo. Iniciativa privativa do Poder Executivo. Emenda pelo Poder Legislativo. Aumento de despesa. Norma municipal que confere aos servidores inativos o recebimento de proventos integrais correspondente ao vencimento de seu cargo. Lei posterior que condiciona o recebimento deste benefcio, pelos ocupantes de cargo em comisso, ao exerccio do servio pblico por, no mnimo, doze anos. Norma que rege o regime jurdico de servidor pblico. Iniciativa privativa do chefe do Executivo. Alegao de inconstitucionalidade desta regra, ante a emenda da Cmara de Vereadores, que reduziu o tempo mnimo de exerccio de quinze para doze anos. Entendimento consolidado desta Corte no sentido de ser permitido a parlamentares apresentar emendas a projeto de iniciativa privativa do Executivo, desde que no causem aumento de despesas (art. 61, 1, a e c c/c art. 63, I, todos da CF/1988). Inaplicabilidade ao caso concreto." (RE 274.383, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento

    em 29-3-2005, Segunda Turma, DJ de 22-4-2005.) 14. " luz do princpio da simetria, de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo estadual as leis que disciplinem o regime jurdico dos militares (art. 61, 1, II, f, da CF/1988). Matria restrita iniciativa do Poder Executivo no pode ser regulada por emenda constitucional de origem parlamentar." (ADI 2.966, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2005, Plenrio, DJ de 6-5-2005.) No mesmo sentido:ADI 858, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 13-2-2008, Plenrio, DJEde 28-3-2008. Vide: ADI 2.102, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 15-4-2009, Plenrio, DJE de 21-8-2009. 15. inconstitucional a Lei 4.525/2005 do Estado do Rio de Janeiro, a qual torna obrigatria a gratuidade do servio de teleatendimento realizado por entidades pblicas e privadas ao consumidor no mbito da respectiva unidade federativa e d outras providncias. Com base nesse entendimento, a 1 Turma, por maioria, aps converter embargos de declarao em agravo regimental e desprov-lo, manteve deciso monocrtica do Min. Dias Toffoli, que negara seguimento a agravo de instrumento, do qual relator, ao assentar vcio de iniciativa do diploma normativo adversado. Na espcie, a deciso singular entendera que, nos termos de jurisprudncia da Corte, padeceria de inconstitucionalidade formal a lei resultante de iniciativa parlamentar que dispusesse sobre atribuies de rgos pblicos, matria afeta ao Chefe do Poder Executivo. Vencido o Min. Marco Aurlio, que apontava a necessidade de submisso da questo ao Plenrio, tendo em vista que somente este rgo poderia examinar processos que tratassem de conflito de lei com a Constituio. AI 643926 ED/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 13.3.2012. (AI-643926) 16. ADI e aumento de despesa O Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao direta, ajuizada pelo Governador do Estado do Esprito Santo, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 22

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    e 25 da Lei Complementar capixaba 176/2000, resultantes de emenda parlamentar. A norma refutada, ao reorganizar a estrutura da Secretaria de Estado da Educao, criou 2 cargos de procurador para atuarem junto ao referido rgo, bem como mais outros 2 cargos em comisso de assessor tcnico. Asseverou-se que a mencionada emenda, alm de no ter pertinncia com o projeto do Executivo, implicaria, ainda, aumento de despesa (CF, art. 63, I). ADI 2305/ES, rel. Min. Cezar Peluso, 30.6.2011. (ADI-2305) Processo Legislativo Sano A sano ato exclusivo do Chefe do Poder Executivo, podendo ser expressa ou tcita. Importante destacar que a sano do Chefe do Poder Executivo no capaz de convalidar vcio de iniciativa, estando a Smula n 5 do STF superada pela jurisprudncia da prpria Corte. 17. A sano do Governador do Estado proposio legislativa no afasta o vcio de inconstitucionalidade formal. Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI 2113, Relator(a): Min. CRMEN LCIA, Tribunal Pleno, julgado em 04/03/2009) 18. MATRIA SUJEITA RESERVA DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. PROCESSO LEGISLATIVO. INSTAURAO DEPENDENTE DE INICIATIVA CONSTITUCIONALMENTE RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. DIPLOMA LEGISLATIVO MUNICIPAL QUE RESULTOU DE INICIATIVA PARLAMENTAR. USURPAO DO PODER DE INICIATIVA. SANO DO PROJETO DE LEI. IRRELEVNCIA. INSUBSISTNCIA DA SMULA N 5/STF. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. (AI 348800, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 05/10/2009, publicado em DJe-197 DIVULG 19/10/2009 PUBLIC 20/10/2009). 16. "A sano do projeto de lei no convalida o vcio de inconstitucionalidade resultante da usurpao do poder de iniciativa. A ulterior aquiescncia do chefe do Poder Executivo,

    mediante sano do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, no tem o condo de sanar o vcio radical da inconstitucionalidade. Insubsistncia da Smula 5/STF. Doutrina. Precedentes." (ADI 2.867, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-12-2003, Plenrio, DJ de 9-2-2007.) Processo legislativo: Veto Assim como a sano, o veto tambm ato exclusivo do Chefe do Poder Executivo, devendo ser sempre expresso. 17. Se para a apreciao do veto exigido o voto da maioria absoluta (CF, art. 66, 4) e o seu exame ocorreu na vigncia da atual ordem constitucional, no poderia a Assembleia Legislativa valer-se daquele fixado na anterior Carta estadual para determin-lo como sendo o de dois teros. O modelo federal de observncia cogente pelos Estados-membros desde a data da promulgao da Carta de 1988. (Rcl 1.206, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 22-8-2002, Plenrio, DJ de 18-10-2002.) 18. No caso, o que se pretende, na impetrao, provimento que iniba o Congresso Nacional de apreciar o Veto Parcial n. 38/2012, aposto pela Presidente da Repblica ao Projeto de Lei n. 2.565/2011, antes da votao de todos os demais vetos anteriormente apresentados (mais de 3.000 trs mil), alguns com prazo vencido h mais de 13 treze anos. A medida liminar, que tem natureza antecipatria, no pode ir alm nem deferir providncia diversa da que deriva da sentena definitiva. Assim, no entender majoritrio da Corte, no h como manter a determinao liminar ordenando ao Congresso Nacional que se abstenha de deliberar acerca do Veto Parcial n 38/2012 antes que proceda anlise de todos os vetos pendentes com prazo de anlise expirado at a presente data, em ordem cronolgica de recebimento da respectiva comunicao. (MS 31816 MC-AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acrdo: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2013)