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1500 nº79 Ano XXVII — Março 2017 Reserva 1500 — Clube de Conhecedores HERDADE DO PESO COLHEITA 2014 LEGADO 2012: A PERSONALIDADE DAS VINHAS VELHAS INSPIRAçõES ROSé 2016 QUINTA DO MONTE D’OIRO RESERVA 2012

1500 · um capítulo da grande história do douro. pág. 68 Legado 2012 nas mesmas vinhas onde nasce ... ¤23,5 Preço unitário (c/IVA) Quinta da Falorca Reserva 2011 Ref. 750 ¤13

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1500

nº79Ano XXVII — Março 2017Reserva 1500 — Clube de Conhecedores

Herdade do Peso ColHeita 2014

Legado 2012: a personaLidade das vinhas veLhas

insPirações rosé 2016

Quinta do Monte d’oiro reserva 2012

e d i t o r i a l

1500Clube de Conhecedores

nº79 Março 2017ano XXvii

www.reserva1500.com compre no nosso website estes e outros vinhos

diretor Manuel Guedes Propriedade Grape Ideas, Apartado 3086 Aldeia Nova, 4431-801 Avintessecretariado Isabel Rocha telefone 22 785 03 00 e-mail [email protected]ção editorial Filipe Pinto Nogueira direção de arte Pedrita design gráfico vivóeusébio Fotografia Pedro Sadio ilustração Ana Gil, Hugo Oliveira impressão Multitema Publicação quadrimestral

seja resPonsável. BeBa com moderação

pág.

08Cenário ProvaThe Sandeman

Chiado

pág.

30prova nº752

Chateau los Boldossauvignon Blanc

2016

pág.

48prova nº755

Herdade do Peso Colheita 2014

pág.

66receita sazonalEspargos Verdes

pág.

78sócio nº2148

Gonçalo Veiga de Macedo

pág.

16Painel de

Provadores

pág.

34prova nº753Quinta do

Monte d’oiroreserva 2012

pág.

52vida na vinha

Prever o Tempo

pág.

68prova nº758legado 2012

pág.

82Magnuns

Porto em formato Magnum

pág.

22 prova nº750inspirações rosé 2016

pág.

38prova nº754

Quinta da Falorcareserva 2011

pág.

58prova nº756

vale d’aldeiaGrande reserva 2013

pág.

72prova nº759

Graham’s tappit Hen vintage 1977

pág.

87vinhos em stockOportunidades

pág.

26prova nº751

vértice Grandereserva 2014

pág.

42Caçadores de

iguariasEspargos Verdes

pág.

62prova nº757

Chateau los Boldosvieilles vignes

Merlot 2014

pág.

76universo 1500

Victorinox

Caros sócios,

em 2016, realizámos um conjunto de iniciativas para comemorar os 25 anos do Clube reserva 1500, como a produção de vinhos exactamente a propósito dessa comemoração e que trazem o respetivo selo, ou as

sessões de apresentação da colheita de 2008 de Barca velha que, como é habitual, foram os sócios os primeiros a conhecer.

neste momento, quase me apetecia dizer-vos que começámos a celebrar os próximos 25 anos. Bem sei que parece exagero, pois os costumes, gostos e tendências podem mudar muito depressa. Mas a verdade é que a produção de grandes vinhos continua a dar-se bem com a longa duração e, em muitos casos, não consegue mesmo viver sem ela – basta pensar na viticultura e nos ritmos da natureza ou no tempo de envelhecimento de alguns vinhos.

Para além da mudança de visual na revista, acrescentámos conteúdos que vão certamente reforçar aquilo que sempre procurámos desde o início – enriquecer o conhecimento e as experiências de verdadeiros apreciadores, selecionando e sugerindo produtos de grande qualidade e em primeira mão. e, portanto, são conteúdos cujo epicentro será sempre o vinho e o prazer que ele nos proporciona.

tudo o que, na minha opinião, constrói a relevância do Clube reserva 1500 mantém-se tal como conhecem, desde a seleção criteriosa dos vinhos, os comentários dos especialistas que formam o nosso painel de provadores, a primazia que vos damos nas novas colheitas, como as reservas da Casa Ferreirinha, os processo de encomendas ou mesmo os eventos que vamos preparar futuramente.

Poderão igualmente contar com um novo website onde, além dos conteúdos das revistas em papel, encontrarão informações adicionais e mesmo produtos que pretendemos lançar nos intervalos das revistas.

Por tudo isto, penso que reunimos as condições para começar da melhor maneira os próximos 25 anos. da minha parte, espero que os próximos tempos sejam uma oportunidade para aprendermos a desfrutar cada vez melhor de vinhos que tudo faremos para que sejam, também eles, cada vez melhores.

Manuel GuedesDirector do Clube Reserva 1500 reserva1500.com

o novo website do Clube é a extensão da revista para o mundo digital. agora o Clube está ao alcance de um clique. a partir de hoje pode fazer todas as suas compras online através de um processo simples e seguro.

a juntar aos vinhos de cada revista teremos várias oportunidades e novos conteúdos ao longo do ano.

a ‘loja online’ do Clube tem acesso restrito através de um username e password, destinando-se apenas aos sócios.

as encomendas dos produtos lançados nas revistas poderão ser feitas através do site ou utilizando, como até aqui, a ficha de encomenda publicada em cada revista.

reserva 1500 Online

e d i t o r i a l

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r e s e r v a 1 5 0 0

www.reserva1500.com

Conteúdos Universo 1500

Encomenda e compra dos vinhos e bebidas

Uma oferta diferente da revista

vinhos em destaque

Um formato invulgar para um dos grandes vintages do século XX. as últimas garrafas, em exclusivo para reserva 1500.

pág.

72graham’sTappit henvintage 1977

d e s ta q U e s

mais de 20 variedades de castas, algumas delas plantadas há mais de 100 anos, dão origem a um vinho irrepetível, que nos conta mais um capítulo da grande história do douro.

pág.

68Legado 2012

nas mesmas vinhas onde nasce a touriga nacional para o quinta dos carvalhais Único, a enóloga Beatriz cabral de almeida encontrou a inspiração para este rosé monocasta do dão.

pág.

22inspirações rosé 2016

Legado 2012

Ref. 758

¤95 Preço unitário

(c/IVA)

P a i n e l 1 5 0 0

vérticeGrande Reserva 2014

Ref. 751

¤15 Preço unitário

(c/IVA)

graham’sTappit Hen

Vintage 1977

Ref. 759

¤690 Preço unitário

(c/IVA)

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Chateau Los Boldos

Sauvignon Blanc 2016

Ref. 752

¤5 Preço unitário

(c/IVA)

Quinta do Monte d’oiro

Reserva 2012

Ref. 753

¤30 Preço unitário

(c/IVA)

herdade do peso

Colheita 2014

Ref. 755

¤7,2 Preço unitário

(c/IVA)

Chateau Los Boldos

Vieilles Vignes

Merlot 2014

Ref. 757

¤14 Preço unitário

(c/IVA)

Ref. 754

¤23,5 Preço unitário

(c/IVA)

Quinta da FalorcaReserva 2011

Ref. 750

¤13 Preço unitário

(c/IVA)

inspiraçõesRosé Touriga

Nacional 2016 vale d’aldeiaGrande Reserva 2013

Ref. 756

¤29 Preço unitário

(c/IVA)

Todos os vinhos são vendidos em caixas de 6 unidades, com excepção do Legado, que é vendido em caixas de 3 garrafas e o Graham’s 1977 que é vendido à unidade em caixa de madeira.

modo de PaGamento No site do Clube, por cheque, transferência bancária ou cartão de crédito/débito direto. Cheques deverão ser emitidos à ordem de Grape Ideas S.A e juntos ao cupão da encomenda. Transferências bancárias para conta no Banco Comercial Português: IBAN PT50 0033 0000 45436947775 05.

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The sandeman Chiado

O Porto desceu à capital

Já todos sabem que somos entusiastas do vinho do Porto. e, como bons entusiastas, temos também uma boa dose de proselitismo. Por isso mesmo, a Grape ideas, a empresa da sogrape que é também responsável pelo clube reserva 1500, inaugurou em 2016 o the sandeman Chiado, em lisboa, um winebar que traz à capital aquilo que já há muito faz no Porto, que é mostrar a riqueza dos seus produtos e das experiências que eles proporcionam, sejam vinhos do Porto ou outros, muitos deles lançados em primeira mão no clube.

Foi também este um dos locais para onde reserva 1500 convidou os sócios a virem conhecer o Barca velha 2008, em conjunto com outras colheitas anteriores.

aqui não há hora certa para apreciar um vinho. Por isso, o the sandeman Chiado está aberto entre o fim da manhã e a meia-noite, com espaços diferentes, desde o balcão aos sofás e às mesas para refeições, adequados para uma conversa acompanhada com um vinho ou um cocktail, petiscos ou uma refeição, incluindo refeições de grupos.

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c e n á r i o P r o v a

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A Sandeman foi a primeira casa de Vinho do Porto a gravar com marca de fogo a sua identidade nas pipas. De facto, é mesmo essa a origem da palavra ‘marca’, no sentido de transmitir uma identidade a um produto. Para além da afirmação da própria identidade, era uma forma de controlar o percurso das pipas, assegurando também a sua qualidade.

c e n á r i o P r o v a

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As gravuras que William Prater executou no século XIX ilustram o percurso do vinho do Porto, desde o Douro até aos armazéns em Gaia.

c e n á r i o P r o v ar e s e r v a 1 5 0 0

na década de 70 do século XiX, o escritor inglês Henry vizetelly visitou o Porto e o vale do douro, onde esteve a convite da sandeman para procurar material com o qual publicou em 1880 o livro Facts about Porto and Madeira. Muitas das gravuras que ilustram o livro são da autoria de William Prater, artista que colaborou com vizetelly noutras obras sobre Jerez e Champagne. a colecção de 44 gravuras originais de William Prater é hoje propriedade da sandeman e algumas cópias decoram o the sandeman Chiado.

o douro nas gravuras de William prater

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o Chef José Castela

Em cima, rosbife, rábano, rúcula e queijo da Ilha de S. Jorge; em baixo, rabo de boi com puré de aipo.

José Castela, o Chef do the sandeman Chiado, tem uma formação que encaixa perfeitamente no perfil técnico e científico que se exige hoje na profissão. estudou Gestão e Produção de Cozinha na escola de Hotelaria e turismo de Coimbra mas, antes disso e na mesma cidade, licenciou-se em Biologia pela Faculdade de Ciências e tecnologia, onde tirou também um mestrado em ecologia animal.Começou a carreira no restaurante do Holiday inn de nápoles e no via veneto, em Barcelona, restaurante com uma estrela Michelin. antes de chegar ao the sandeman Chiado, foi Chef no Páteo de alfama e sub-chef no lisboète e no Belcanto.

para todas as horas do diaPara além dos vinhos, também o restante menu está adequado à flexibilidade do the sandeman Chiado. os petiscos vão desde as tábuas de queijos, presunto ou enchidos, passando por tostas de salmão e rosbife, até chegar ao prato principal, como o já famoso arroz de pregado e camarão. a carta estende-se a todos os gostos sempre com a preocupação de adaptar o melhor vinho à melhor proposta gastronómica. e como estamos no reino do vinho do Porto, os mais exigentes poderão experimentar uma torta de laranja com espuma de tawnie e hortelã.

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c e n á r i o P r o v a

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antónio Bragalicenciou-se em engenharia alimentar, especializando-se em enologia e viticultura

e, quase no fim do curso, durante uma visita de estudo teve a certeza de que queria ser enólogo no douro. Hoje

é enólogo da sogrape e, depois de ter feito vindimas no alentejo, na Califórnia, na argentina, no Chile e na nova Zelândia, é enólogo na Quinta da leda, no douro superior.

pedro FigueiredoPertence à quinta geração

a cuidar das vinhas da família, situadas no dão. depois de se licenciar no instituto superior

de Gestão, trabalhou em várias empresas nacionais e internacionais. em 1999, abraçou o projeto familiar

ligado à vitivinicultura, dando início à produção e engarrafamento das

marcas Quinta da Falorca, t-nac e noblesse oblige.

painel de provadores

um painel de produtores e enólogos vieram ao the sandeman Chiado experimentar e comentar os vinhos desta edição de reserva 1500: Charles symington, que trouxe uma edição especial de um Porto da Graham’s, Francisco Bento dos santos, da Quinta do Monte d’oiro, Celso Pereira, enólogo do vértice, Pedros Barros Figueiredo, produtor do Quinta da Falorca, José Conceição, enólogo do vale d’aldeia, e os enólogos da sogrape Beatriz Cabral de almeida, luís sottomayor, luís Cabral de almeida e antónio Braga. este Painel contou também com a presença de Gonçalo veiga de Macedo, sócio que aqui esteve a convite do Clube, uma iniciativa que reserva 1500 vai manter a partir deste ano.

Luís Cabral de almeida

estudou engenharia agrónoma na universidade de trás-os-Montes e alto

douro, com uma pós-graduação em enologia

pela universidade Charles stuart na austrália e outras formações

técnicas em Bordéus.dirigiu durante 10 anos a

produção da Finca Flichman, na argentina. de volta

a Portugal, é responsável desde 2012 pela enologia

na Herdade do Peso.

P r o v a d o r e s

Francisco Bento dos santos

licenciado em engenharia Biológica pelo instituto superior técnico em

lisboa. desde os estudos que acompanha de perto o projecto vitivinícola da Quinta do Monte d’oiro,

primeiro como responsável de comunicação, imagem e relações públicas e depois

coordenando a área comercial e de marketing. desde

2012 que se dedica a tempo inteiro à Quinta, assumindo a direção geral da empresa.

Charles symingtonFormou-se em engenharia

alimentar pelo Kings College, a que se seguiu um mestrado em enologia e viticultura na

universidade de la rioja e um MBa na universidade Católica do Porto. trabalhou na África

do sul, londres e no Chile, antes de se juntar à equipa da symington em Portugal onde é diretor de produção e membro no Conselho de

administração da symington Family estates. Foi distinguido

como enólogo do ano pelo international Wine Challenge,

revista de vinhos e Wine.

gonçalo veiga de Macedo

Gonçalo veiga de Macedo é sócio de reserva 1500 há cerca de 4 anos e foi nessa

qualidade que o Clube o convidou para fazer parte do painel de provadores que

esteve no the sandeman Chiado. exerce advocacia na área do direito financeiro e é, naturalmente, um apreciador

curioso e apaixonado pelo vinho e pelas suas histórias.

Luís sottomayorestudou enologia na

universidade de dijon, na Borgonha, na universidade Charles stuart, na austrália,

e na escola superior de Biotecnologia do Porto.

é enólogo da sogrape desde 1989 e dirige desde 2003

a equipa de enologia da Casa Ferreirinha e de todas as

marcas de vinho do Porto da sogrape, sendo o responsável por marcas como Barca velha.

José Conceiçãonasceu numa família que

esteve desde sempre ligada à vinha e ao vinho. estudou

enologia na universidade de trás-os-Montes e alto douro,

sempre com o objetivo de trabalhar nos vinhos. ao longo

da carreira profissional, já trabalhou na real Companhia

velha, symington e Quinta da sequeira. é atualmente

enólogo e diretor comercial da Quinta vale d’aldeia.

Beatriz Cabral de almeida

iniciou o percurso académico na área da Microbiologia, licenciando-se em 2003

pela universidade Católica Portuguesa. tem um

mestrado em viticultura e enologia. é enóloga da

sogrape desde 2007, onde foi até 2011 responsável

pela área técnica de enologia na Herdade do Peso. Hoje é responsável pela produção dos vinhos da Quinta dos Carvalhais.

Celso pereiralicenciado pela escola

superior agrária de Coimbra, com uma pós-graduação em

marketing de vinhos na escola superior de Biotecnologia da universidade Católica. estagiou na austrália e na Califórnia. Produziu vários estudos sobre compostos fenólicos, maturações e

temperaturas e caracterização de terroirs especialmente

dedicados às castas brancas. Foi enólogo nas Caves

riba tua, actividade que exerce desde 1992 nas Caves transmontanas.

1716

a provaP r o v a d o r e s

Os provadores reuniram-se em Fevereiro para comentar todos os vinhos deste Painel do Clube

o the sandeman Chiado foi o local onde se reuniu o painel de provadores que comentaram os vinhos que estão à venda nesta edição da revista.

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Será que os provadores também sentem, como os escritores, o stress da ‘folha em branco’?

Almoço no The Sandeman Chiado, após a prova dos vinhos do Painel

a P r o v a

nspiraçõesrosé Touriga naCionaL 2016

P r o v a n º 7 5 0

virada para a serra da estrela, existe uma vinha específica na Quinta dos Carvalhais, no dão, onde, em anos também especiais, tem origem o ‘Único’. Foi nesta vinha que, em 2016, se colheram as uvas touriga nacional para a produção de um rosé monocasta.

os dois tipos de solo desta vinha induzem nuances quer na maturação quer no perfil das uvas, apesar da se tratar da mesma casta. Por isso, a vindima destas duas zonas decorreu em momentos diferentes, sendo os respetivos vinhos vinificados também em separado. só depois da fermentação e do estágio em inox é que os dois vinhos se conheceram, no momento em que foi feito o lote final, antes do engarrafamento.

é um vinho que mostra bem a elegância da touriga nacional e a sua frescura natural, bem expressa pelo seu pH. Por isso mesmo, e apesar da cor muito clara sugerir o contrário, é um vinho que nos leva imediatamente para a mesa.

Ficha técnicaCastas: 100% Touriga NacionalÁlcool: 12,2%; acidez total: 7,49 g/l (ácido tartárico); açúcares redutores: 0,9 g/l; pH:3,01

iRef. 750

¤13 Preço unitário

(c/IVA)

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A cor é rosa pálido, cristalino, limpo e brilhante. É muito subtil nos aromas, fresco, mineral e com notas florais, mas com alguma contenção. Na boca, o ataque revela uma acidez muito firme, o que lhe dá frescura e um perfil gastronómico. E por falar nisso, bebia-o com ostras, pois faria um contraponto interessante.

António Braga

Está muito limpo e brilhante no aspeto. Além dos aromas dos frutos vermelhos da Touriga Nacional, tem mineralidade e frescura, que são atributos muito importantes neste tipo de vinhos, sobretudo quando o bebermos daqui a algum tempo. Nessa altura, acompanhava-o com umas sardinhas, pois este vinho é excelente para cortar a gordura.

Pedro Figueiredo

A cor é pálida e muito atraente. Os aromas são contidos, mas com predominância da frescura e da mineralidade, características que depois confirmamos na boca. É muito longo e gastronómico e eu bebia-o no início da refeição com uns pimentos padrón.

Luís Cabral de Almeida

inspiraçõesrosé

Touriga naCionaL 2016

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érTiCegrande reserva 2014

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Cada vez é mais importante fazer uma zonagem detalhada da origem dos vinhos, sobretudo quando se pretende identificar e dar a entender as suas características específicas. a natureza dotou Portugal de uma grande riqueza no que toca à diversidade de terroirs e felizmente os produtores aproveitam-na para criar vinhos diferentes e com grande identidade. é o caso deste vértice, produzido por Celso Pereira, com uvas Gouveio e viosinho que nascem todas no planalto duriense de alijó, uma região granítica de transição, com as vinhas plantadas a cerca de 600 metros de altitude.as uvas são desengaçadas e esmagadas, seguindo-se uma maceração pelicular durante 3 dias a zero graus. o vinho fermenta em barricas de carvalho francês de 3 ou 4 anos, com batonnage durante um ano. a produção é muito reduzida, estando limitada a pouco mais de 3 mil garrafas. Foi engarrafado em julho de 2016.

Ficha técnicaCastas: 50% Gouveio, 50% ViosinhoÁlcool: 12,80 %; acidez: 6,32 g/l (ácido tartárico); pH: 3,17

Ref. 751

¤15 Preço unitário

(c/IVA)

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vérTiCegrande reserva 2014

Está com uma cor amarelo brilhante, caraterística da idade que tem e da maceração. É um vinho muito complexo, a revelar a integração perfeita da madeira das barricas onde fermentou e estagiou. Tem aromas citrinos, vegetais e nuances minerais. É muito guloso, com um volume e uma acidez a pedir um peixe ao sal.

Beatriz Cabral de Almeida

A cor ainda tem traços citrinos, mas já a caminho do dourado. É um vinho aromaticamente muito complexo, sem ser muito intenso. Encontro os frutos brancos, flores e um aroma pedregoso, que me sugere o granito onde nascem estas vinhas. A madeira está presente, mas de grande qualidade e bem integrada. Na boca, é muito volumoso, cheio e vibrante, com uma acidez intensa que equilibra toda a sua untuosidade. Volto a encontrar na boca os aromas do nariz. Termina muito bem. Um vinho intenso precisa de um prato também intenso e por isso também o bebia com um robalo ao sal.

Luís Sottomayor

O amarelo da cor está ainda vivo. Não se nota que é um vinho já de 2014. O aroma é um pouco enigmático, ligeiramente fechado, o que acho interessante. Noto alguma madeira no nariz, mas não a encontro na boca. Tem bom volume de boca, com gordura, sem o peso da madeira. É denso e muito fresco, fruto de uma belíssima acidez. Penso que ficaria muito bem ao lado de uma cataplana de peixe.

Francisco Bento dos Santos

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P r o v a n º 7 5 2

haTeau Los BoLdossauvignon BLanC 2016a cerca de 100 quilómetros a sul de santiago do Chile, o rio Cachapoal atua como agente moderador das condições climáticas que aqui são fortemente condicionadas pela proximidade da cordilheira dos andes. as temperaturas permitem maturações equilibradas e a luz intensa favorece a fotossíntese das plantas. é no vale deste rio que se situam as vinhas que dão origem a este sauvignon Blanc, produzidos pela viña los Boldos, a operação que a sogrape conduz desde 2008 no Chile. este sauvignon Blanc retira das condições geoclimáticas todo o potencial para a produção de brancos, sendo um vinho que procura o prazer proporcionado pela casta, com a sua frescura e intensidade aromática.

CFicha técnicaCastas: 100% Sauvignon Blanc; Álcool: 12,5%; acidez total: 4,68 g/l (ácido sulfúrico); açúcar residual: 2,32 g/l; pH: 3,00

Ref. 752

¤5 Preço unitário

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Está com uma cor límpida, esverdeada e apelativa. É muito exuberante do ponto de vista aromático, com doçura e notas florais interessantes. Na boca, tem uma acidez equilibrada e bastante volume. Penso que um robalo grelhado com pimentos acompanharia na perfeição este vinho.

José Conceição

A cor é pálida e esverdeada. Os aromas mostram o perfil típico da Sauvignon Blanc, com líchias, relva cortada e alguma mineralidade, tudo muito atrativo. A acidez está muito boa. É um vinho longo e fresco. Acompanha muito bem pratos de peixe mas seria também um excelente vinho de aperitivo, para beber com entradas.

Charles Symington

Tem um aspeto citrino, limpo e cristalino. Encontro aqui algo de que gosto muito nos vinhos brancos que são os aromas vegetais. Tem também frutos brancos, uma componente terpénica e ainda alguns aromas tropicais. Na boca, é redondo e equilibrado, com uma excelente acidez, terminando longo e seco. Quanto a acompanhamentos, fiquei a pensar na Nazaré e numa caldeirada de peixe.

Celso Pereira

aa

‘ter

penos’: ver léxic

o p

ág 85

ChaTeau Los BoLdossauvignon BLanC 2016

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uinTa do MonTe d’oiroreserva 2012

Qse fossem obras musicais, boa parte dos vinhos da Quinta do Monte d’oiro seriam variações sobre um tema, neste caso a casta syrah, explorando as suas nuances e potencialidades. este projeto de José Bento dos santos é hoje também dirigido pelo seu filho Francisco, e foi ele que trouxe até esta prova o vinho onde podemos apreciar esse ‘génio musical’.

num total de 20 hectares de vinhas, a quinta conta com 10 parcelas de syrah, todas elas distintas, dependendo dos solos e exposição. esta colheita de 2012 é um lote de quatro das melhores dessas parcelas. as uvas de cada uma são trabalhadas em separado, fermentadas em conjunto com 4% de viognier, uma casta branca aqui utilizada para procurar maior equilíbrio na ressonância final do conjunto. os vinhos estagiam entre 15 e 20 meses em barricas de carvalho francês de diferentes origens, 40% novas, encontrando-se apenas quando é feito o lote final.

a Quinta do Monte d’oiro situa-se 50 quilómetros a norte de lisboa e, em linha reta, apenas a 20 do oceano atlântico, de onde retira grande influência climática. em 2006, iniciou o processo de reconversão da agricultura para o modo biológico, atualmente já certificada. desde esse ano que não utilizam pesticidas, herbicidas ou qualquer outro químico na vinha.

Ficha técnicaCastas: 96% Syrah, 4% Viognier;Álcool: 14%; acidez total 5,1 g/l; pH 3,52

Ref. 753

¤30 Preço unitário

(c/IVA)

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QuinTa do MonTe d’oiroreserva 2012

Cor rubi, com ligeiras nuances atijoladas, normais para um vinho de 2012. O aroma é complexo e relativamente discreto, com notas de trufas e de sous-bois, frutos vermelhos, pimenta e uma madeira muito discreta e bem casada. Na boca, além de pedregoso, tem uma frescura que faz pensar na influência atlântica. Encontramos de novo as trufas e uns taninos bem envolvidos, com um final muito longo. Acompanharia bem um assado no forno.

Luís Sottomayor

A cor está entre o granada e o rubi, com orla vermelha, jovem se tivermos em conta a idade do vinho. Gostei muito do perfil clássico do aroma, fresco, contido, com uma fruta outonal, menos exuberante, e ainda casca de árvore, chão de floresta e notas balsâmicas. É sem dúvida um vinho complexo, com muitas dimensões. Na boca, tem um ataque com pimenta preta e, mais surpreendentemente ainda, revelou grande amplitude. Tem uma estrutura firme e um final sério, a manter o estilo clássico. Lembrei-me de um arroz de costelinhas, de preferência muito caldoso.

António Braga

Está jovem na cor, com um grenat que não revela que já é de 2012. É um vinho para se beber quando não há pressa. Tem de se ir contemplando durante uma refeição calma e demorada. Talvez a acompanhar uma vitela assada.

Pedro Figueiredo

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uinTa da FaLorCareserva 2011

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Qa forma de fazer vinho na Quinta da Falorca, situada em silgueiros, no dão, necessita de tempo para que ele atinja a sua forma plena e, por isso, é normal que este tinto de 2011 seja a colheita mais jovem atualmente no mercado. o projeto da Quinta da Falorca nasceu em 1999, embora a tradição vitivinícola da família dos atuais proprietários venha já de algumas gerações atrás e sempre ligada ao dão.

o reserva 2011 é produzido com uvas próprias das castas touriga nacional, tinta roriz e alfrocheiro, esmagadas em lagar mecânico. estagiou 18 meses em barrica de carvalho e, antes de ir para o mercado, ainda repousou quase um ano já na garrafa.

Quem gostou deste vinho foi robert Parker, que lhe atribuiu 95 pontos quando o provou.

Ficha técnicaCastas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro Preto;Álcool: 14%; acidez total: 5,63 g/l; açúcar residual: 1,2 g/l; pH: 3,65

Ref. 754

¤23,5 Preço unitário

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QuinTa da FaLorCareserva 2011

É um vinho aromaticamente muito complexo, com uma fruta vermelha bastante madura, notas da bergamota da Touriga Nacional e ligeiras nuances de madeira, que está muito bem integrada. Na boca, nota-se que o tempo favoreceu este vinho, que mostra taninos polidos e suaves mas persistentes. Tem ainda uma boa acidez. Casaria muito bem com um arroz de lebre.

José Conceição

A cor está muito atrativa, com alguma evolução. O aroma é complexo, com flores de eucalipto, casca de pinheiro e um sous-bois muito interessante. Na boca, o ataque é cremoso, com forte presença dos taninos, mas que são muito finos, e uma acidez equilibrada que o tornam muito gastronómico. Bebia-o com um arroz de míscaros.

Luís Cabral de Almeida

A componente floral da Touriga Nacional está bem presente neste vinho. Encontro também a caruma, framboesa, especiarias e algum vegetal muito interessante. É sem dúvida um Dão. Está com os taninos muito firmes, é longo e equilibrado e vai certamente envelhecer muito bem. Também o beberia com um arroz de míscaros.

Celso PereiroCaça aos míscarosQuem quiser fazer planos já para o próximo Outono, guarde umas garrafas deste vinho e siga o conselho de Luís Cabral de Almeida e de Celso Pereira. Nessa altura, quando começar a chover, aparecem os míscaros a pedir preparações culinárias. A alternativa à aventura no meio dos pinhais neste passeio ao Dão, é procurar um dos muitos restaurantes que os confeccionam pelo inverno dentro nesta região.

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Caçadores de iguarias

Espargos Verdes

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a expressão latina asparagus foi importada do grego (foneticamente semelhante e a significar algo parecido com ‘rebentos’). Gregos e romanos consumiam-nos em abundância e conheciam as propriedades benéficas para a saúde, sobretudo problemas urinários e algumas espécies de reumatismo. Mas conheciam sobretudo as suas propriedades afrodisíacas. Hoje conhecemos também o seu teor em glutationa, um poderoso anti-oxidante que fortalece o sistema imunitário. Como acontece com outras espécies vegetais que também são criadas em estufas, podemos encontrá-los durante todo o ano, mas se queremos colhê-los em estado selvagem,

é agora na primavera que devemos procurá-los. Podem aparecer mais cedo, logo a partir de janeiro se chover, mas as geadas tratam de atrasar o ciclo e fazê-los despontar a partir de Março. Fomos procurá-los junto a santa Margarida do sado, num montado de sobro e azinho, uma região onde toda a gente conhece os espargos selvagens, sabendo quando procurá-los e como prepará-los. os espargos selvagens gostam de nascer junto às árvores, em pequenas comunidades vegetais que juntam giestas, espargueiros e outras espécies, no equilíbrio entre o sol e a sombra nestes pedaços de terra menos mexida, protegida

c a ç a d o r e s d e i G U a r i a s

Os espargos selvagens gostam de nascer junto às árvores, em pequenas comunidades de giestas, espargueiros e outras espécies.

asparagus officinalis

o sabor dos espargos é o de um passeio no campo num dia de chuva. têm uma alma vegetal e arbustiva, mas com aromas ligeiramente animais, sugeridos por alguma untuosidade amanteigada, doce e sulfurosa.

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da passagem de tratores e gado. Brotam da mesma raiz dos anos anteriores e, se não foram colhidos, espigam formando as espargueiras, que nos ajudam a reconhecer o local. a riqueza aromática e táctil dos espargos sugere uma enorme quantidade de preparações. algumas são muito simples, apenas cozidos com manteiga, ou grelhados de modo a caramelizar os açúcares naturais da planta. outros são mais complexos. nigel slater sugere um prato — que poderia ser alentejano mas não é — em que junta espargos e carne de borrego num guisado engrossado com farinha e vinho branco. se fosse no alentejo, isto terminava com coentros; ele termina com cerefólio. david Waltuck, que foi chef e proprietário do restaurante Chanterelle em nova iorque, tinha na carta um flan de espargos com cogumelos salteados num molho de ostras e vinho da Madeira. Heston Blumenthal grelha espargos verdes para depois os enrolar em fatias muito finas de salmão fumado em chá lapsang souchong, ele próprio um chá fumado; a ideia é comê-los à mão, mergulhando-os num ovo quente. rené redzepi, chef e um dos proprietários do noma, prende com fio de sisal os espargos

brancos a pequenos ramos de abeto antes de levar tudo isto a uma grelha, onde o calor liberta os óleos da árvore. estes espargos são temperados com sal de abeto, servidos com a pequena caruma do abeto, que sugerem eucalipto e alecrim, e acompanhados com um molho de espargos verdes grelhados e liquidificados, temperados com óleo e vinagre que faz também a partir das agulhas dos pinheiros. e agora a parte mais fácil: isto termina com uma pequena colher de natas.

voltamos ao alentejo e à caçada a santa Margarida do sado. ali ao lado, em Grândola, ana Martins, cozinheira do restaurante espaço Garrett, prepara os espargos de forma tradicional: primeiro, ferve-os durante 5 minutos para lhes retirar o amargo; depois, corta-os em pedaços, sem utilizar as partes mais lenhosas junto aos pés, que leva ao lume, em azeite, antes de juntar ovos batidos. Conforme os pedidos, pode ou não juntar chouriço ou outro enchido. Preparações tão diversas sugerem também diversos tipos de vinho. na página 66 José Castela, Chef do the sandeman Chiado, sugere uma receita com espargos verdes para acompanhar o Herdade do Peso Colheita 2014.

Ana Martins é cozinheira no restaurante Espaço Garrett, em Grândola e deu-nos a receita tradicional dos espargos verdes com ovos

ver Prova nº755

pág

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erdade do pesoCoLheiTa 2014

P r o v a n º 7 5 5

ao contrário da generalidade do alentejo e de quase todo o país, o ano de 2014 não trouxe chuva à vidigueira na altura da vindima. Foi, além disso, um ano fresco, com maturações muito equilibradas e com noites mais frias do que é habitual. Por tudo isto, 2014 foi um dos melhores anos dos últimos tempos nesta sub-região. o Colheita é um clássico da Herdade do Peso, com 45% de syrah, 35% alicante Bouschet e 20% de touriga nacional, já com origem na nova plantação e que é utilizada com o objetivo de procurar um sentido gastronómico ainda mais apurado para os vinhos da Herdade do Peso. depois de feito o lote, o vinho estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e do Cáucaso, todas elas usadas. Para além do vinho, a garrafa vestiu-se para as refeições e tem agora uma nova indumentária em tons de azul.

Ficha técnicaCastas: 45% Syrah, 35% Alicante Bouschet, 20% Touriga Nacional;Álcool: 14%; acidez total: 5,2 g/l (ácido tartárico); açúcar: 2,8 g/l; pH: 3,55

hRef. 755

¤7,2 Preço unitário

(c/IVA)

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herdade do pesoCoLheiTa 2014

O que mais gostei neste vinho foi da frescura e da jovialidade que encontrei no seu aroma e que mostra algo muito distante dos vinhos pesados e com muita extração que ainda se produzem no Alentejo. Em prova cega, não diria que estava a beber um vinho alentejano. Encontrei aromas de frutos vermelhos e pretos, algum tabaco e especiarias. Na boca, é equilibrado, longo, com os taninos finos e elegantes. Gostava de fazer uma provocação regional e sugerir beber este vinho com uma alheira de Mirandela.

Celso Pereira

Tem uma cor profunda. No nariz encontro frutos maduros e sinto a presença da casta Alicante Bouschet, que dá muita estrutura ao lote. A madeira está equilibrada e penso que o vinho ganhará se for guardado algum tempo. É sem dúvida um vinho para acompanhar carne, talvez pratos de caça.

Charles Symington

A cor está vermelha rubi opaca. Mostra bem os resultados do investimento feito pela Sogrape no Alentejo, com a plantação da nova vinha em 2008. Tem fruta vermelha e preta, sem qualquer traço de sobrematuração. Tem algumas especiarias sobre um fundo de barrica, que está presente apenas para tornar o vinho mais complexo. O volume é médio, com acidez fresca e um final longo e equilibrado. Bebia-o com costeletas de borrego.

Beatriz Cabral de Almeida

ver receita pág

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v i d a n a v i n h a

prever o tempo O Abrolhamento

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52

v i d a n a v i n h av i d a n a v i n h a

o princípio de um novo ciclo o final do inverno é a altura do abrolhamento. todos os anos, a videira rebenta de novo e dá início ao desenvolvimento vegetativo que culmina na vindima. o momento do abrolhamento depende diretamente da quantidade de calor que a planta recebe após o período invernal e pode ser previsto em função da evolução das temperaturas médias diárias. Cada casta de videira possui, pelas suas características genéticas, uma carga térmica mínima necessária para iniciar os processos fisiológicos que desencadeiam o abrolhamento: o ‘subir’ da seiva na planta originando as típicas ‘choras’, termo popular que descreve o gotejar pelos cortes da poda de inverno e que assinalam o retorno da planta à atividade; o aumento de volume dos gomos (rebentos) nas varas apresentando a certa altura, um aspecto fofo, designado de ‘gomo de algodão’; e finalmente a aparição das primeiras folhas que eclodem do gomo e que iniciam a actividade de fotossíntese que vai nutrir a planta durante todo o ciclo vegetativo. a carga térmica necessária para cada casta foi determinada em trabalhos científicos e é relativamente estável. a data do abrolhamento, no entanto, é altamente variável em função do local onde se encontram as plantas e, de ano para ano, em função da evolução meteorológica.

vinhos verdes e alentejo a Quinta de azevedo, localizada próximo de Barcelos, na região dos vinhos verdes, e a Herdade do Peso, na vidigueira, alentejo, estão naturalmente expostas a diferentes condições climáticas. a Herdade do Peso, por estar mais a sul do que a Quinta de azevedo, tem condições para que o abrolhamento ocorra mais cedo, devido ao aumento mais precoce das temperaturas. em 2016, o final do inverno foi relativamente mais quente do que se está a verificar este ano. Já em 2017, exatamente para a mesma altura do ano (semana 8) registaram-se cerca de menos 120 graus por dia do que em 2016. esta análise faz prever um arranque do ciclo vegetativo mais tardio para este ano. assim, em duas castas com cargas térmicas comparáveis, o loureiro dos vinhos verdes e o Chardonnay no alentejo, o momento do abrolhamento é muito diferente em função do local do país onde se encontram.

Nesta página, em cima, uma ‘chora’; em baixo, um ‘gomo de algodão’.

v i d a n a v i n h ar e s e r v a 1 5 0 0

Controlar o tempoa capacidade de prever o momento em que, cada ano, a videira começa a ‘rebentar’ é de grande importância para a gestão dos trabalhos na vinha, pois permite planear atempadamente as intervenções e, com isso, reduzir ao mínimo indispensável as aplicações de proteção da videira, um requisito fundamental para uma viticultura responsável e sustentável.

sabemos como o clima, nomeadamente a temperatura do ar, condiciona o ciclo vegetativo das vinhas e, como tal, a qualidade e a composição dos seus frutos. não controlamos o clima, mas as metodologias de monitorização de temperaturas permitem fazer previsões com reflexos positivos em todo o ciclo de produção do vinho.

Vinha e casa na Quinta de Azevedo, no Minho.

5554

EvolUção da tEmpEratUra Em 2016 E 2017

No eixo horizontal, o número de semanas; no eixo vertical, o acumulado da temperatura em graus

A Herdade do Peso, no Alentejo, e a Quinta de Azevedo, na região dos Vinhos Verdes, estão expostas a diferentes condições climáticas, que influenciam o ciclo vegetativo das videiras.

Quinta do Azevedo

Herdade do Peso

Loureiro

Chardonnay

Dois terroirs, duas castas e dois anos: os dois gráficos comparam as temperaturas acumuladas e o momento expectável do abrolhamento da videira

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semanas

DT3,5

2017R2= 0.9243 R2= 0.8896

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56 57Fotografias Sogrape

aLe d’aLdeiagrande reserva 2013

P r o v a n º 7 5 6

encontramos a Quinta vale d’aldeia na região da Meda, no douro superior, com a adega, que foi construída de raiz em 2009, parcialmente escondida no interior da encosta, rodeada de amendoeiras. as vinhas estão plantadas entre os 380m e os 600m, com as castas distribuídas em altitude de acordo com a maturação que se pretende.

o Grande reserva 2013 é um lote com 50% de touriga nacional e, em menores quantidades, tinta roriz, touriga Franca e sousão, contando ainda com uma percentagem residual de tinta amarela. Para a sua produção foram selecionadas as melhores parcelas situadas a maior altitude, com uma parte da touriga nacional a ser colhida na zona do Pocinho, junto ao rio e a uma cota inferior. antes de ser engarrafado, estagiou durante 2 anos em barricas novas de carvalho francês.

este vinho faz-nos lembrar o peito de um campeão olímpico, pois conquistou recentemente 3 medalhas de ouro em concursos internacionais, designadamente no China Wine & spirits awards, no Mundus vini 2016, alemanha, e no decanter asia Wine awards.

Ficha técnicaCastas: 50% Touriga Nacional, 30% Touriga Franca,10% Tinta Roriz, 10% Sousão;Álcool: 15%; acidez total: 5,4 g/l (ácido tartárico); pH: 3,64

v

Ref. 756

¤29 Preço unitário

(c/IVA)

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vaLe d’aLdeiagrande reserva 2013

Gostei muito. Está com uma cor excelente e, com estes aromas, é um vinho que só podia ser do Douro. Tem frutos vermelhos, esteva, alguma resina. Gostei ainda mais na boca, por causa da sua concentração e volume, sendo ao mesmo tempo sedoso e fresco. É um excelente vinho de um ano que não foi fácil. Vinhos como este merecem algum tempo. É certamente ideal para acompanhar pratos mais pesados de carnes vermelhas.

Charles Symington

A cor é de grande intensidade, assim como o aroma, onde sobressaem as notas de barrica e de fruta vermelha e preta. Encontrei também as flores entre os seus aromas. Apesar de ser de 2013, está jovem, fresco e guloso. Na boca, tem volume, com taninos a dar estrutura e uma grande frescura. Temos de lhe dar tempo para se mostrar ainda melhor. Bebia-o com um cabrito assado em forno de lenha.

Beatriz Cabral de Almeida

Cor rubi profunda e intensa, a mostrar a grande capacidade de evolução do vinho. No aroma estão bem evidentes as notas florais da Touriga Nacional, além das frutas vermelhas e pretas, especiarias e uma madeira muito discreta. Na boca, revela que é um vinho de altitude, pois tem uma excelente acidez, além do grande volume dos bons vinhos do Douro. Um coelho à caçador seria o prato ideal para este vinho.

Luís Sottomayor

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haTeau Los BoLdosvieiLLes vignes MerLoT 2014

P r o v a n º 7 5 7

os últimos anos foram de concretização prática a vários níveis do projeto chileno da sogrape, que entra na sua fase de maturidade, com reflexos diretos nos vinhos que aqui são produzidos. depois da construção de uma nova área de vinificação e de uma sala de barricas, o processo de reconversão das vinhas começa a atingir a plenitude, com o objetivo claro quer da qualidade quer da produção ser feita apenas com recurso a uvas próprias. em 2016, foi também altura de lançar uma nova imagem para os vinhos da viña los Boldos.

este vieilles vignes 2014 é um dos topos de gama entre os varietais desta adega, neste caso com o recurso à Merlot, especialmente bem adaptada aos solos chilenos do vale do Cachapoal. o vinho tem origem em vinhas com uma produção relativamente baixa por hectare e, antes de ser engarrafado, estagia 12 meses em barricas de carvalho francês.

Ficha técnicaCastas: 100% Merlot;Álcool: 14%; acidez total: 3,55 g/l (ácido sulfúrico); açúcar residual: 2,69 g/l; pH: 3,61

Ref. 757

¤14 Preço unitário

(c/IVA)

C63

É um vinho quente, talvez fruto do seu poder alcoólico, com taninos muito marcantes, redondo e a deixar sentir a fruta. Beberia este vinho a acompanhar uma chanfana.

Pedro Figueiredo

Tem uma cor vermelha, atrativa, com ligeira evolução. Os aromas são nitidamente de Merlot, com fruta vermelha e traços ligeiros de folha de tabaco. Na boca, mostra taninos maduros e suaves e uma acidez fresca e muito gastronómica. E por isso fiquei a pensar numa posta de carne de vaca assada na brasa só com sal.

Luís Cabral de Almeida

A cor é vermelha com intensidade média e sinais da evolução. É frutado no aroma, com realce para as frutas vermelhas, a que se juntam as especiarias e o tabaco. Tem um paladar elegante, polido e com boa acidez, com taninos suaves e saborosos. Para o acompanhar também pensei numa posta mirandesa com batata a murro e azeite.

José Conceiçãoraça mirandesaO Merlot de Los Boldos fez soar as memórias da carne grelhada, em especial da posta Mirandesa. A carne Mirandesa é produzida no nordeste transmontano, a partir da raça bovina do mesmo nome que se alimenta nos pastos naturais situados acima dos 500 m de altitude. É um produto que está hoje protegido por enquadramento legal e por uma associação que zela pela sua qualidade e autenticidade, recorrendo ainda a parcerias de âmbito político e científico.

ChaTeau Los BoLdos

vieiLLes vignes MerLoT 2014

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e s pa r g o sv e r d e s

para um vinho tinto

Comece por remover a pele dos espargos, colocando-as numa pequena caçarola. Junte-lhe 300 ml de água

e leve a lume brando. Quando levantar fervura, retire do fogo e tape, durante meia hora, escorrendo depois o caldo, reservando o líquido e descartando as peles dos espargos. arrefeça o caldo antes de o usar.

retire o miolo do pão alentejano e junte-lhe o ovo batido e a quantidade suficiente de caldo de espargos até obter uma mistura homogénea e maleável. é preferível adicionar o caldo pouco a pouco até a textura estar correta. reserve esta pasta numa taça grande.

Para o refogado será necessário picar os espargos, o chouriço, o alho e a cebola.Coloque um tacho sobre o fogão e aqueça um pouco de azeite em lume brando.

Pegue no louro e queime a ponta da folha. isto vai ajudar a libertar os óleos essenciais. Ponha no tacho e junte também o chouriço. Cozinhe-o durante dois minutos ou até começar a libertar gordura. Junte o alho e refogue uns segundos, adicionando então a cebola. deixe-a cozinhar lentamente e sem ganhar cor, até que fique esbranquiçada. Junte os espargos e vá mexendo até que fiquem tenros, o que deve demorar dois a três minutos, dependendo do tamanho do picado.

Para os amantes de espargos verdes que queiram aventurar-se nas lides culinárias, aqui fica uma receita do Chef do the sandeman Chiado.receita do Chef José CasTela

ver Prova nº755 p

ág

. 4

8

neste momento, está na altura de abrir a garrafa de vinho que vai acompanhar esta receita.

transfira o refogado para a taça do pão, polvilhe com as folhas de tomilho e misture bem até ficar uniforme.

tempere com sal fino, junte a pimenta-caiena e adicione umas gotas de sumo de lima. o equilíbrio entre o ácido da lima e a pimenta vai potenciar o sabor dos espargos. volte a misturar tudo e reserve no frio, tapado, durante meia hora ou até ser possível moldar o preparado.

de seguida, com duas colheres faça bolinhos do género dos de bacalhau. reserve-os no frigorífico ou faça-os na hora. se optar por os cozinhar de seguida, ponha uma frigideira com um dedo de azeite a aquecer. Como devem ser cozinhados devagar de modo a criar uma crosta que proteja um interior fofo e sedoso, não será necessária uma temperatura muito elevada. Quando colocar os bolinhos no azeite, estes devem começar a fritar gentilmente até criarem a tal crosta dourada. repete-se o processo para as restantes duas faces do bolinho e, quando estiverem prontos, mude-os para um tabuleiro com papel absorvente para remover o excesso de gordura. Coma-os enquanto estão quentes.

inGredientes[Para 2 Pessoas]

espargos verdespão alentejano envelhecidocaldo de espargoschouriço de carnedentes de alhocebola médiaovo médio inteirofolha de louro pequenafolhas de tomilhopimenta-caienasumo de limasal

400g400g

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q.b.q.b.

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Há expressões da atividade humana – seja na arte, na literatura ou música – que achamos que são perfeitas. e depois há aquelas que são inesquecíveis. e estas são as que, podendo não ser perfeitas, mostram um carácter e uma personalidade tão vincada que sabemos logo que são inconfundíveis e inimitáveis. se a mesma distinção se puder aplicar aos vinhos, o legado faz parte desta segunda categoria. este vinho nasce em 8 hectares da Quinta do Caêdo, situada nas encostas da ribeira do mesmo nome, sensivelmente a meio caminho entre o Pinhão e, mais a montante, a foz do tua. nesta vinha, com solos de xisto, já foram identificadas mais de 20 variedades de castas, muitas delas plantadas há mais de cem anos. Por isso, tal como o nome nos diz, o legado representa também uma herança de várias gerações que se dedicam ao vinho há muitas décadas. Com este magnífico terroir como pano de fundo, o legado é produzido para mostrar o seu carácter da forma mais inalterada possível e a única intervenção realizada no sentido de equilibrar os diversos temperamentos desta enorme variedade de castas é fazer mais do que uma vindima, de acordo com a maturação de cada uma. a produção é muito reduzida, rondando as 12 a 14 toneladas por ano, com alguns pés a produzirem um único cacho. o vinho estagia 30 meses em barricas de carvalho, na sua maioria novas, antes de ser engarrafado.

Ficha técnicaCastas: 35% Touriga Franca,

15% Touriga Nacional, 10% Donzelinho, 10% Tinta Roriz,

5% Tinta da Barca, 5% Rufete, 5% Tinta Amarela, 5% Tinta

Barroca, 10% outras;Álcool: 14%; acidez total: 5,8 g/l (ácido tartárico); açúcar: < 2 g/l; pH: 3,43

egado2012

LRef. 758

¤95 Preço unitário

(c/IVA)

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Legado2012

Começo já pela conclusão: é um grande vinho, denso e profundo em todas as dimensões. Está com uma cor retinta e intensa entre o rubi e o granada. Tem um perfil clássico, sem se notar a barrica, apesar do tempo que esteve na madeira. Percebe-se perfeitamente que a idade das vinhas é aqui o factor decisivo. Tem um final muito longo. É ideal para acompanhar pratos muito ricos, como caça. Mas pode ser bebido por si próprio, apenas pelo prazer de o apreciar.

Francisco Bento dos Santos

A cor não mostra a idade. É um vinho contido e complexo, guloso, com a barrica bem integrada e que nos deixa a pensar. E por isso acompanhava-o com os meus pensamentos ou com uma boa conversa.

Pedro Figueiredo

Cor rubi, opaca e concentrada. Tem aromas de fruta vermelha bastante madura, com uma componente floral e uma madeira muito bem integrada a dar-lhe ainda mais complexidade. Mostra grande volume na boca, com acidez e taninos persistentes. Bebia-o com muita calma e um bom charuto. É tão genuíno e tem um carácter tão invulgar que não precisa de mais nada.

José Conceição

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rahaM’sTappiT hen vinTage 1977

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entre os vários vintages memoráveis do século XX, o ano de 1977 destaca-se como um dos mais consensuais em relação à qualidade dos vinhos que produziu. na colheita desse ano, a Graham’s engarrafou o vintage em garrafas pouco convencionais de 2,1 litros – é esse o signifcado de tappit Hen. Por isso mesmo, teve alguma relutância em colocá-lo no mercado, apesar desta dimensão avantajada favorecer especialmente o envelhecimento prolongado na garrafa. nas décadas que se seguiram, este vinho foi sendo consumido pela família dos produtores, enquanto as restantes garrafas permaneciam nas caves, evoluindo tranquilamente como só os grandes vintages sabem fazer. Hoje restam apenas 60 garrafas, que a symington decidiu comercializar em edição limitada e em exclusivo para os sócios de reserva 1500. é pois uma raridade e um privilégio podermos contar no Clube com um vinho que exprime também um dos melhores capítulos da história do vinho do Porto do século passado. este vinho é também um exemplo de como algumas práticas estão a mudar, nomeadamente devido às alterações climáticas: nesse ano de 1977, um ano que ficou registado como bastante fresco, a vindima na zona do Pinhão começou em 29 de setembro e terminou em 29 de outubro, o que hoje seria impensável. a marca Graham’s pertence ao portefolio da symington, uma família com ascendência escocesa, inglesa e portuguesa, presente no douro desde 1882, embora se encontrem antepassados da família nesta região já em meados do século Xvii.

Ficha técnicaÁlcool: 21%; acidez total: 4,05 g/l (ácido tartárico); baumé: 2,9

gRef. 759

¤690 Preço unitário

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grahaM’sTappiT hen

vinTage 1977É sempre muito difícil falar de um vinho e de um ano clássico como 1977 quando tudo parece perfeito, pois é muito difícil falar sobre a perfeição. É imensamente complexo, com aromas de chocolate, frutos secos, mentol e caramelo. Na boca, varre todas as dimensões, terminando muito longo. Ainda pode envelhecer mais anos na garrafa. Acompanhava-o com algo à base de chocolate preto.

Celso Pereira

As nuances vermelhas que estão presentes na cor atijolada do vinho mostram bem a sua capacidade de envelhecimento. Nos aromas, mais do que intenso, é insinuante. Começa por mostrar as notas trufadas de sous-bois e aromas balsâmicos. Depois encontramos as especiarias, a pimenta e o gengibre e ainda notas iodadas. Tudo isto, em conjunto, dá ao vinho uma complexidade aromática extraordinária. Na boca, tem um grande equilíbrio, com a acidez bem presente e com taninos. Voltamos a encontrar a pimenta em grande destaque. Estou a pensar que seria ideal para acompanhar um queijo Manchego velho.

Luís Sottomayor

Está muito bem preservado na cor, com a orla ainda vermelha. O aroma mostra bem a solidez do vinho, com fruta vermelha, sous-bois, folha de tabaco e notas balsâmicas. Encontro ainda uma sugestão de dióspiro maduro e frutos secos, como os figos. Na boca, representa o expoente máximo do vinho do Porto, com a sua grande doçura muito bem equilibrada por uma acidez viva e taninos firmes. Também o bebia com um queijo, talvez com um queijo da Ilha de São Jorge, bastante velho e maturado.

António Braga

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em 1891, seis anos depois de ter criado uma cutelaria em ibach, na região central da suíça, Karl elsener fazia o primeiro fornecimento de canivetes destinados aos soldados do exército. o negócio teve desde o início o apoio imprescindível da sua mãe, victoria, e Karl honrou-a após a sua morte, dando o seu nome à companhia em 1909, ao mesmo tempo que registava a imagem do escudo e da cruz como marca.

o nome pelo qual conhecemos hoje a companhia, e que é actualmente conduzida pela quarta geração da família, formou-se definitivamente em 1921, após a descoberta do aço inoxidável, um facto importante demais para não ter uma referência nas lâminas produzidas pela família elsener. nesse ano, foi criada a marca victorinox, que hoje está registada em mais de 120 países.

depois da segunda Grande Guerra ter internacionalizado os canivetes victorinox, sobretudo através dos soldados americanos estacionados na europa, a imagem de funcionalidade e a garantia de qualidade fizeram desta marca um caso de sucesso. a combinação entre os dois atributos estendeu-se depois a outros produtos, tais como relógios, equipamentos para viagem, vestuário e aquilo que hoje nos interessa – as facas de cozinha.

Victoria, pelo lado da mãe, Inox, por causa da ciência

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aço martensíticoEsta microestrutura de grande resistência é característica dos aços martensíticos que, pela elevada dureza, são utilizados em instrumentos cirúrgicos, como bisturis, e nas melhores facas de cozinha.

aço forjadoO aço forjado obtém-se submetendo uma peça de aço a altas temperaturas e grandes pressões mecânicas, até chegar ao formato final que se pretende. Esta pressão obriga os grãos de aço a alinharem-se todos na mesma direcção, dando origem a um material mais resistente.

inoxO aço inoxidável apareceu no início do século XX, quando os fabricantes de armas pediram a Harry Brearley, que produzia aço na sua terra natal, Sheffield, que investigasse uma forma do interior dos canos das espingardas resistirem ao desgaste causado pelos disparos. Entre as diversas ligas que experimentou, Harry Brearley pode não ter cumprido inteiramente o seu objectivo, mas percebeu que os aços com teores mais elevados de crómio não eram afectados pelo ácido nítrico, resistindo muito melhor à corrosão. A descoberta deste material ‘inoxidável’ teve efeito imediato na produção de talheres que até então eram facilmente atacados pelos ácidos presentes nos alimentos.

X50crmov15O código que encontramos nestas facas Victorinox traduz os elementos que formam a liga: o teor de carbono moderadamente elevado desenvolve uma microestrutura de alta dureza; a maior adição de crómio e de molibdénio oferece uma resistência superior à corrosão; o vanádio permite que a têmpera seja efectuada a temperaturas mais elevadas, dando origem a maior dureza.

a sugestão que trazemos aos sócios é um conjunto da gama mais alta da victorinox, fabricado em aço forjado e inclui garfo e faca com lâmina de 20 centímetros. o preço deste conjunto é de €180,00 (iva incluído), mais os portes de correio, já que não serão enviadas em conjunto com os vinhos. a encomenda poderá ser feita em conjunto com os vinhos.

Ref. U01

¤180 Preço unitário

(c/IVA)

r e s e r v a 1 5 0 0

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para os mais curiosos

o que mais valoriza no

clube reserva 1500?

são vários os aspectos que valorizo no Clube, desde logo a possibilidade de conhecer com alguma antecedência produtos novos que aparecem no mercado. Mas também considero importante ter acesso a produções mais pequenas que seria difícil encontrar fora do Clube. além disso, os formatos magnum são também uma boa notícia para os meus hábitos de consumo.

as magnum e os

momentos especiais

Para além do lado prático das garrafas magnum, valorizo o seu simbolismo, pois normalmente associo uma garrafa magnum a um momento especial, seja uma festa ou uma comemoração, em minha casa ou em casa de amigos. lembro-me de algumas magnuns de colheitas mais antigas que estiveram à venda no Clube e que

sócio nº2148

gonçalo veiga de Macedo

s ó c i o

Gonçalo veiga de Macedo, advogado na área do direito financeiro, é sócio de reserva 1500 há cerca de 4 anos, altura em que juntou a curiosidade pelos vinhos ao conselho de um amigo, que lhe apresentou o clube. Falámos sobre o que mais valoriza no clube, a sua relação com os vinhos, as suas expectativas e sobre a curiosa e saudável relação com uma revista em papel.

provavelmente já não existem. na altura, considerei que eram excelentes oportunidades de ter esses vinhos.

o que realmente

atrai num vinho

a minha relação com os vinhos que são apresentados passa sobretudo por algumas curiosidades e histórias dos produtores, sobretudo se são menos conhecidos, ou pelas associações que são apresentadas com a comida. não sei se isso influencia a minha decisão de compra, mas muitas vezes as sugestões de wine pairing põem-me a imaginar porque é que aquele vinho, que não conheço, ficará bem exactamente com aquele prato. e muitas vezes acho graça quando as sugestões são até bastante invulgares.

e sobre o vocabulário

da prova?

Percebo que o léxico da prova é uma tentativa de tornar objectivo um conjunto

79

há vinhos que nos oferecem experiências culturais

sócio nº2148

gonçalo veiga de Macedo

Reserva 1500 vai convidar os sócios a participar no Painel de Provadores das revistas do clube

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uma das coisa que mais valorizo no Clube é aquele momento em que descubro a revista na caixa do correio; sei que vou ter um momento especial em que vou ver vinhos que não conheço, os seus preços e as suas histórias.

de dados sensoriais, mas por vezes sinto que ainda não tenho o vocabulário suficientemente apurado para perceber totalmente as notas de prova e, portanto, para as poder utilizar quando quero referir-me a um vinho. nesse momento, é mais fácil para mim dizer que um determinado branco é excelente para beber a acompanhar um pregado ou um peixe ao sal. além disso, quando avaliamos um vinho também contam os nossos preconceitos em relação a marcas ou produtores;

por vezes até pode ser injusto, mas é inevitável.Mas como consumidor, sinto que as notas de prova que me são apresentadas dão um acréscimo de credibilidade aos vinhos, uma credibilidade que talvez não existisse sem as notas de prova.

a importância de uma

revista em papel

uma das coisa que mais valorizo no Clube é aquele momento em que descubro a revista na caixa do correio; sei que vou ter um momento especial em que vou ver vinhos que não conheço, os seus preços e

as suas histórias. é de facto uma experiência de que gosto muito e para o qual é importante tratar-se de um objecto em papel.

canal digital poderá

facilitar a aquisição

em termos de operacionalidade das aquisições, o futuro próximo passará certamente pelo digital. Há um primeiro momento de contacto com os vinhos em que a revista é fundamental, com o lado táctil do papel. Mas para a aquisição penso que poderia funcionar

melhor um suporte digital, no sentido em que tornaria mais ágil e expedito todo o processo. se entro na página, já sei que estão registados os meus dados de utilizador e os dados de pagamento. Basta fazer a encomenda.

em que sentido pode

o clube evoluir?

são muito importantes as oca-siões em que percebemos que estamos num momento único, como foi o caso dos 25 anos do Clube e das provas de Barca velha. este tipo de momentos, para além do prazer sensorial, é uma experiência cultural. a prova das várias colheitas

de Barca velha é um momento inesquecível e que só este Clube pode-ria proporcionar. este tipo de eventos não podem, por natureza, estar sempre a acon-tecer. Mas talvez pudessem existir outros momentos deste género. Quando participei, por exemplo, na apresentação dos Barca velha fiquei de facto impressionado com o nível da organização e sei que facilmente iria aderir a outros eventos deste género.

e que serviço poderia o

clube incluir no futuro?

Há vários vinhos que compro e que não faço questão de os ter em casa, porque não os vou beber no dia seguinte. Compro porque não quero perder a oportunidade de os ter antes que desapareçam. Penso que talvez o Clube pudesse criar esse tipo de serviço, ou seja, guardar garrafas que os sócios adquirem, até porque tenho a certeza de que as condições de guarda seriam muito melhores. é um tipo de serviço a que facilmente eu aderia.

há vinhos inesquecíveis?

um dos vinhos inesquecíveis leva-me de novo à prova de Barca velha. nunca tinha provado o de 1965 e é um vinho extraordinário e inesquecível. outro exemplo é o trilogia da José Maria da Fonseca, um vinho que gostaria que o meu filho, quando tiver idade para isso, pudesse também beber. são vinhos que além das sensações que nos proporcionam, são também identitários porque fazem parte da nossa história.

a minha relação com os vinhos que são apresentados passa sobretudo por algumas curiosidades e histórias dos produtores, sobretudo se são menos conhecidos, ou pelas associações que são apresentadas com a comida.

s ó c i or e s e r v a 1 5 0 0

8180

8282

r e s e r v a 1 5 0 0 m a G n U n s

porto em formato magnum

Mais uma oportunidade para os sócios poderem adquirir vinhos em grandes formato – 1,5 litros e 3 litros. são três vinhos do Porto e as notas de prova são de nuno oliveira Garcia, jornalista da revista de vinhos. as encomendas destes vinhos deverão ser feitas na mesma ficha utilizada para os restantes vinhos do Painel.

Dégradé de topázio a amarelo escuro. Muita intensidade aromática, fruto em calda, especiado (canela e cravinho), fruto seco, figo maduro e casca de laranja. Muito complexo. Grande complexidade também na boca, macio e untuoso, ligeira vertente floral muito bonita, num conjunto doce e imponente, cremoso e com enorme sabor. A garrafa magnum conserva a complexi-dade deste magnífico Porto e adiciona-lhe alguma frescura e precisão típica dos grandes formatos. A não perder.

Ficha técnica Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão; álcool: 20%; acidez total: 5,54 g/l (ácido tartárico); açúcar: 118 g/l; pH: 3,18

Ferreira duque de Bragança 20 anos

quantidade mínima de aquisição 1 unidade

1,5 l¤110

Preço unitário (c/IVA) 3 l

¤220 Preço unitário

(c/IVA)

83

l é X i c o

Terpenosos terpenos são compostos químicos produzidos na uva e que têm ação aromática.

nas uvas e no mosto, os terpenos estão presentes na forma livre e já com propriedades aromáticas, ou ainda inodoros por estarem ainda ligados à glucose. depois de iniciado o processo de fermentação, as atividades enzimáticas da levedura libertam os terpenos do açúcar, permitindo a libertação dos aromas.

além da polpa, as películas das uvas contêm uma boa parte dos terpenos. Por isso, a maceração pelicular favorece a transmissão destes aromas ao vinho.

85

r e s e r v a 1 5 0 0

84

r e s e r v a 1 5 0 0

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Encarnado brilhante com laivos rubi. Boa complexidade aromática, bagas doces, morango maduro mas também algum fruto seco. Compacto e elegante. Muito seguro de si. Na boca é macio e cheio, doce e intenso, com confit de laranja e avelã, e bela cremosidade. Pronto a beber, pede doçaria a condizer e companhia.

Ficha técnicaCastas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Amarela; Álcool: 20%; acidez total: 4,28 g/l (ácido tartárico); açúcar: 109,9 g/l; pH: 3,33

Ferreira dona antónia reserva Tawny

1,5 l¤35

Preço unitário (c/IVA)

3 l¤85

Preço unitário (c/IVA)

quantidade mínima de aquisição 1 unidade

Rubi muito vivo. Fruto muito puro no aroma, elegante e fresco, morango e framboesa, muito focado e preciso, fresco e tentador. Fruto maduro na prova de boca, mantém-se focado e muito vivo. Perfil muito interessante, assente no equilíbrio e com alguma leveza de conjunto. Versátil e muito apetecível, está pronto a beber mas sem qualquer pressa.

Ficha técnicaCastas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinto Cão, Tinta Amarela; álcool: 20%; acidez total: 4,64 g/l (ácido tartárico); açúcar: 104 g/l; pH: 3,33

Ferreira Quinta do porto 10 anos

1,5 l¤55

Preço unitário (c/IVA) 3 l

¤110 Preço unitário

(c/IVA)

quantidade mínima de aquisição 1 unidade

Fotografias de sérgio Ferreira

oportunidades

EstatUtos do ClUbE

1 O Clube Reserva 1500 tem como missão proporcionar aos sócios a constituição de uma garrafeira composta por bebidas nacionais e estrangeiras, representativas das várias regiões produtoras do mundo.

2 O Clube Reserva 1500 possibilita aos seus sócios o acesso privilegiado a vinhos da Sogrape, como por exemplo Casa Ferreirinha, Quinta dos Carvalhais e Herdade do Peso, bem como aos seus Vinhos do Porto e aguardentes. Os sócios têm também oportunidade de adquirir, a preços vantajosos, outros produtos de elevada qualidade, de proveniência nacional e estrangeira, geralmente de difícil aquisição através dos canais normais de distribuição ou mesmo inexistentes no mercado nacional.

3 A garantia de qualidade é dada pela Sogrape. Em cada edição da revista um painel de provadores avaliará todos os produtos que são postos à disposição dos sócios.

4 O número de sócios é limitado, garantindo deste modo um serviço de excelência, assim como o acesso a pequenas produções (como, por exemplo, no caso do Barca Velha).

5 O Clube lança anualmente 3 edições da revista que envia aos seus sócios por correio, disponibilizando um painel de vinhos. Além deste painel, os sócios terão acesso a vinhos em stock, anunciados em cada revista.

6 Através do website www.reserva1500.pt, o Clube disponibiliza, além dos vinhos do painel, outros produtos nos intervalos da publicação das revistas.

7 Tal como no caso das revistas, os produtos lançados através do website são um exclusivo para os sócios do Clube.

8 As encomendas serão entregues em local escolhido pelo sócio no ato da encomenda, exclusivamente em território nacional.

9 Os sócios são pessoas individuais.

Compromisso dos sócios

I No ato da inscrição, pagamento de jóia no valor de 650 euros. Após a inscrição, o Clube Reserva 1500 enviará ao novo sócio uma caixa de 3 garrafas de Barca Velha 2008.

II Compromisso de compra regular (quadrimestral) de produtos em campanha ou, como alternativa ou em complemento, de produtos em stock. Não é estabelecido qualquer valor mínimo.

III As encomendas serão liquidadas através de cartão de crédito, de domiciliação bancária, ou através de cheque enviado juntamente com a ordem de encomenda. O sócio terá sempre conhecimento prévio do montante e da data de desconto da fatura.

IV Os produtos adquiridos online serão liquidados através de pagamento via Paypal ou cartão de crédito.

V Os produtos adquiridos não poderão ser usados para fins comerciais.

Todos os vinhos são vendidos em caixas de 6 unidades, com excepção da Aguardente Velha Conde de Amarante e do Whisky The Glenrothes que são vendidos à unidade.

// ASSINATURA PARA ENDOSSOS (VERSÃO EMPRESAS/UNIDADES DE NEGÓCIO) :: POSITIVO :: VERTICAL

reserva 1500

modo de PaGamento No site do Clube, por cheque, transferência bancária ou cartão de crédito/débito direto. Cheques deverão ser emitidos à ordem de Grape Ideas S.A e juntos ao cupão da encomenda. Transferências bancárias para conta no Banco Comercial Português: IBAN PT50 0033 0000 45436947775 05.

r e s e r v a 1 5 0 0

8786

v i n h o s e m s t o c k

santiago ruiz

Branco 2013

Ref. ST013

¤69 Preço caixa

(c/IVA)

porto Ferreira

Branco 10 anos

Ref. ST009

¤78 Preço caixa

(c/IVA)

Lan vina Lanciano rioja

Reserva Tinto 2010

Ref. ST015

¤84 Preço caixa

(c/IVA)

Ref. ST002

¤96 Preço caixa

(c/IVA)

Tributo Tinto

2004

Morde Tinto 12

Ref. ST017

¤144 Preço caixa

(c/IVA)

Chanson Beaujolais

villagesTinto 2014

Ref. ST019

¤70.5 Preço caixa

(c/IVA)

Ref. ST016

¤200 Preço unitário

(c/IVA)

aguardente velha Conde de amarante1ªedição-raridade

Ref. ST018

¤84.6 Preço caixa

(c/IVA)

Loimer Langenlois

gruner Branco 2015

Para adquirir alguns produtos apresentados em revistas anteriores que se encontram ainda disponíveis, os

sócios deverão preencher o mesmo cupão queutilizam para os vinhos que fazem parte do Painel.

Lan a ManoTinto 2011

Ref. ST021

¤192 Preço caixa

(c/IVA)

Ref. ST020

¤90 Preço caixa

(c/IVA)

nelson neves reserva

Tinto 2011

glenrothes2001

Ref. 704

¤45 Preço unitário

(c/IVA)