10
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA E INUNDAÇÕES DO MUNICÍPIO DE GRAJAÚ-MA Gilberto Lima 1 ; Heródoto Góes² Resumo Este trabalho descreve os procedimentos seguidos para validação dos pré-mapas referentes a carta geotécnica de suscetibilidade a inundações e movimentos gravitacionais de massa do município de Grajaú-MA - obtidos por modelagem matemática - e implicações quanto a representação cartográfica dos resultados obtidos a partir das observações de campo. São abordados, detalhadamente, os procedimentos seguidos para verificação e análise dos dados de campo utilizados na validação dos graus de suscetibilidade. Abstract This paper presents procedures to validate the geotechnical maps of suscetibility to inundaction and movements mass of municipality Grajau MA that were obtained through by geoprocessing utilizing modeling mathematic. The paper discuss implications to cartographic representation of obtained results by field observations. Describes in details procedures followed to verification and review of the field data that were utilized in to validate the degrees of suscetibility. Palavras-Chave suscetibilidade; representação cartográfica; validação. 1 Geógrafo, Serviço Geológico do Brasil, (11) 3775-5191, [email protected] 2 Geólogo, Serviço Geológico do Brasil, (31) 3878-0312, [email protected]

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambientalcbge2015.hospedagemdesites.ws/trabalhos/trabalhos/144.pdf · 2.2. Caracterização da geologia e geomorfologia O contexto

  • Upload
    lamnga

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE

MASSA E INUNDAÇÕES DO MUNICÍPIO DE GRAJAÚ-MA

Gilberto Lima1; Heródoto Góes²

Resumo – Este trabalho descreve os procedimentos seguidos para validação dos pré-mapas referentes a carta geotécnica de suscetibilidade a inundações e movimentos gravitacionais de massa do município de Grajaú-MA - obtidos por modelagem matemática - e implicações quanto a representação cartográfica dos resultados obtidos a partir das observações de campo. São abordados, detalhadamente, os procedimentos seguidos para verificação e análise dos dados de campo utilizados na validação dos graus de suscetibilidade.

Abstract – This paper presents procedures to validate the geotechnical maps of suscetibility to inundaction and movements mass of municipality Grajau – MA that were obtained through by geoprocessing utilizing modeling mathematic. The paper discuss implications to cartographic representation of obtained results by field observations. Describes in details procedures followed to verification and review of the field data that were utilized in to validate the degrees of suscetibility.

Palavras-Chave – suscetibilidade; representação cartográfica; validação.

1 Geógrafo, Serviço Geológico do Brasil, (11) 3775-5191, [email protected]

2 Geólogo, Serviço Geológico do Brasil, (31) 3878-0312, [email protected]

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2

1. INTRODUÇÃO

As cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações são documentos geotécnicos, produzidos na escala 1:25.000, elaborados pelo Serviço Geológico do Brasil, no âmbito do projeto “CARTAS MUNICIPAIS A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA E INUNDAÇÕES” em atendimento as diretrizes especificas da Lei 12.608/2012 e dirigida aos municípios sujeitos a desastres naturais – deslizamentos, inundações, corridas de massa, enxurradas e outros processo correlatos. As cartas de suscetibilidade constituem instrumentos importantes nas ações de prevenção integradas às políticas de ordenamento territoriais, desenvolvimento urbano e meio ambiente. Contém dados importantes que auxiliam no planejamento adequado da expansão urbana como, por exemplo, a hierarquização dos graus de suscetibilidade (alta, média e baixa) definindo assim, de maneira geral, de acordo com a escala, os terrenos mais favoráveis à ocupação em função da possibilidade baixa de serem atingidos por tais desastres. Os dados nela contidos são importantes, também, para prover informações necessárias à subsidiar a execução de cartas geotécnicas de detalhe e a execução de mapeamento de riscos. Os municípios a serem mapeados são aqueles considerados prioritários pelo governo federal e foram escolhidos a partir de critérios específicos, como recorrência de inundação, enxurradas e deslizamentos, número de óbitos, desabrigados e desalojados, registrados nos últimos 20 anos. Dentro deste escopo o município de Grajaú-MA, enquadrado como prioritário, foi mapeado em novembro de 2014 pela equipe da CPRM.

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA

2.1. Localização

A área de estudo corresponde ao município de Grajaú-MA compreendendo uma área de 8.831 km², inserido na mesorregião Centro maranhense, na microrregião Alto Mearim e Grajaú e pertencente a bacia do Rio Mearim. A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas 5º48’36” de latitude Sul e 46º07’48” de longitude Oeste de Greenwich. Limita-se ao Norte com os municípios de Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do Grajaú e Arame; ao Sul com Formosa da Serra Negra; a Leste com Barra do Corda e Jenipapo dos Vieiras e, a Oeste, com Amarante do Maranhão e Sítio Novo (Figura 1).

Figura 1 – Mapa de localização do município de Grajaú.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3

2.2. Caracterização da geologia e geomorfologia

O contexto geológico da área de estudo (Figura 2) reflete o desenvolvimento dos processos de origem endógena registrados ao longo do tempo geológico. Em termos geológico-estruturais uma macro-estrutura representada pela Bacia Sedimentar do Parnaíba compõe a grande plataforma onde se localiza o Estado do Maranhão. Nesta plataforma - levemente inclinada em direção ao atlântico no sentido sul-norte - estão presentes o Grupo Balsas representado pela formação Sambaíba, Triássico; o Grupo Mearim, representado pelas formações Mosquito e Corda, Jurássico; as formações Grajaú, Codó e Itapecuru, Cretáceo; os Depósitos Detrito-Lateríticos, Paleogeno, conforme Tabela 1.

NOME HIERARQUIA LITOLOGIA/CARACTERÍSTICAS AMBIENTE

DEPOSICIONAL

DISTRIBUIÇÃO NO

MUNICIPIO

Itapecuru Grupo arenitos, argilitos, siltitos, folhelhos

intercalados com arenitos fluvial, deltaico e

lagunar

aflora, praticamente, em todos os quadrantes do

município de Grajaú

Sambaíba Formação

arenitos avermelhados e esbranquiçados,predominantemente finos

a médios e grãos subangulares à subarredondados

ambiente desértico com contribuição

fluvial extremo sudeste

Mosquito formação derrames basálticos com uma

intercalação sedimentar, descontínua e restrita

amb. continental

árido e quente contribuição lacustre interdunas e fluvial

sul/sudoeste

Corda formação arenitos

ambiente desértico com contribuição

lacustre interdunas e fluvial

sul do município junto ao vale do Rio Mearim

intercalada aos basaltos da Formação Mosquito

Codó Formação folhelhos negros, argilitos calcíferos, pelitos, calcário e arenito com gipso

ambiente lagunar noroeste do município

Grajaú Formação arenitos e conglomerados (tanto friáveis

como silicificados) ambiente fluvial, deltaico e eólico

área a sul estendendo-se para sudeste e

sudoeste do, expondo-se amplamente na sede

municipal

Depósitos

Detrito-

lateríticos

Depósitos de coberturas

sedimentos semi-consolidados ou incoerentes, mal classificados, de matriz areno-argilosa, com seixos de quartzo,

caulim e limonita dispersos

Depósitos de coberturas podem

atingir até 30 metros de espessura

norte e centro

Fonte: Compilado a partir de CPRM, 2011

Tabela 1 – Geologia do município de Grajaú.

Figura 2 – Geologia do município de Grajaú.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4

Sobre este cenário geológico de base ocorreram as transformações proporcionadas pelas forças exógenas ao esculpir o relevo e, que, frequentemente resultam em superfícies planas, como formas residuais de topos tabulares ou subtabulares, ou ainda aqueles resultantes de longos ciclos erosivos, ou sua retomada, originando depósitos detrito-lateríticos que sustentam superfícies muito planas. Foi elaborado um mapa de padrões de formas do relevo, a partir de fotointerpretação, pois o relevo constitui um dos fatores que estão diretamente relacionados aos graus de suscetibilidade (Figura 3).

Figura 3 – Padrões de relevo do município de Grajaú.

3. PROCEDIMENTOS PARA VALIDAÇÃO DOS PRÉ-MAPAS DE SUSCETIBILIDADE

As cartas de suscetibilidade são geradas utilizando-se softwares de geoprocessamento

(ArCGIS10.0, HAND) para modelagem estatística dos processos de inundação e movimentos gravitacionais de massa. Estes processos são classificados em graus, seja: baixo, médio ou alto nas áreas de ocorrência.

As cartas geradas constituem pré-mapas a serem validados por meio da utilização de dados obtidos em campo.

A avaliação “in loco” dos graus de suscetibilidade, pela equipe de campo, teve o objetivo de detectar possíveis inconsistências nos resultados obtidos nos modelos gerados e a realidade de campo, subsidiar o aperfeiçoamento do modelo matemático gerador dos pré-mapas de suscetibilidade por meio da alteração, quando procedente, das faixas de limites dos parâmetros e disponibilizar as cartas de suscetibilidade finais já corrigidas.

3.1. Etapas

As cartas de suscetibilidade (pré-mapas) são validadas seguindo etapas pré-estabelecidas que incluem por parte da equipe de campo:

Recebimento dos pré-mapas digitais que indicam as classes potenciais de suscetibilidade (baixa, média e alta), obtidos por meio de modelagem matemática baseada em tratamento estatístico do processo.

Definição de pontos de interesse a serem verificados, em campo, visando sanar possíveis falhas associadas aos produtos subsidiários à modelagem.

Em campo, verificação da pertinência dos graus de suscetibilidade para as áreas indicadas no pré-mapa, com paradas nos pontos previamente estabelecidos , além de

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5

outros julgados de interesse durante o caminhamento e necessários a cobertura dos atributos geológicos, geomorfológicos, hidrólogicos, etc referentes a área do município. Descrição detalhada dos pontos de verificação por meio do registro escrito dos atributos observados, captação de imagens fotográficas, etc.

Procedimentos seguidos para movimentos de massa: verificação/correção, especialmente, das cicatrizes de deslizamento - observando as áreas cadastradas como cicatrizes, áreas com potencial para sua ocorrência e demais dúvidas como a origem da cicatriz (natural ou antrópica) quando não distinguida na etapa de fotointerpretação, áreas identificadas anteriormente ainda em gabinete e que apresentem dúvidas como, por exemplo, áreas de relevo semelhante (declividade, amplitude) porém constando no pré-mapa com indicação de diferentes graus de suscetibilidades. Concomitantemente, verificação das demais feições importantes como paredões, campos de blocos, etc.

Procedimentos seguidos para inundação: verificação/correção a partir de pontos de dúvida gerados em trabalho de gabinete, onde foram marcadas possíveis falhas associadas aos produtos subsidiários à modelagem, áreas especiais de suscetibilidade à inundação quando houver e assim tiver sido considerado pela equipe de geomorfologia, entrevistas dos moradores locais e observação de indícios (marcas d’água em paredes, por exemplo).

Foram, ainda, consideradas as condições locais com participação importante na reavaliação de um grau de suscetibilidade local como:

análise do grau de fraturamento das rochas (pouco fraturada, moderadamente fraturada, intensamente fraturada) dentro de um mesmo contexto litológico

variação da morfologia das vertentes (côncava, convexa, retilínea) e topos (plano, aguçado, etc) contidas num mesmo padrão de formas de relevo.

verificação, quando possível, dos atributos do solo local, importantes para sua estabilidade: textura, estrutura, etc.

Retorno ao gabinete e elaboração dos arquivos digitais definitivos, referentes aos temas/graus de suscetibilidade, a partir da análise/avaliação dos dados obtidos em campo (Figura 4).

Figura 4 – Graus de suscetibilidade aos movimentos de massa e inundação.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6

A etapa de campo ocorreu em outubro de 2014 e foram descritos setenta e três pontos distribuídos pela área do município (Figura 5). A localização dos pontos esteve subordinada às condições momentâneas de mobilidade e acessibilidade durante o período de campo.

Figura 5 – Distribuição dos pontos de campo.

A Tabela 2 , abaixo, contêm os dados obtidos nos pontos de verificação.

PONTO COORDENADAS UTM ALTITUDE PADRÃO DE RELEVO HIERARQUIA GEOLÓGICA SOLOS

1 345123 9341684 186 Baixos Platôs Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 2 361683 935074 264 Baixos Platôs Formação Grajaú Latossolo Amarelo 3 381216 9362093 207 Baixos Platôs Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 4 390393 9366675 230 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 5 405858 9373997 216 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 6 409954 9375976 195 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 7 419972 9381556 269 Baixos Platôs Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 8 368980 9369022 160 Baixos Platôs Formação Grajaú Latossolo Amarelo 9 367052 9369468 137 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Formação Codó Latossolo Amarelo 10 367367 9373199 174 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Formação Grajaú Vertissolo 11 365634 9384311 141 Superfícies aplainadas degradadas Formação Codó Latossolo Amarelo 12 362530 9381448 115 Planícies e Terraços Fluviais Depósitos Aluvionares Latossolo Amarelo 13 363506 9384311 145 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Formação Codó Latossolo Amarelo 14 366630 9408293 186 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 15 365530 9398991 176 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 16 358640 9397719 227 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 17 379253 9354595 245 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 18 383122 9342720 315 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 19 378205 9334609 269 Baixos Platôs Dissecados Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 20 371546 9324744 274 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo 21 368716 9315380 283 Baixos Platôs Dissecados Formação Corda Nitossolo Vermelho

(Terra Roxa Estruturada) 22 359937 9331260 203 Superfícies aplainadas degradadas Formação Mosquito Vertissolo 23 358402 9330454 194 Superfícies aplainadas degradadas Formação Mosquito Vertissolo 24 356822 9336779 290 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo 25 370996 9386906 94 Planícies e Terraços Fluviais Depósitos Aluvionares Neossolo Quartzarênico 26 366765 9393843 128 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 27 374926 9395964 109 Planícies e Terraços Fluviais Grupo Itapecuru Neossolo Quartzarênico 28 377272 9397003 133 Superfícies aplainadas degradadas Depósitos Aluvionares Neossolo Quartzarênico 29 386800 9408694 128 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 30 383959 9410788 165 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 31 384234 9404510 128 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 32 391604 9410563 104 Planícies e Terraços Fluviais Depósitos Aluvionares Neossolo Flúvico 33 396798 9399138 155 Superfícies aplainadas degradadas Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 34 397751 9396966 148 Superfícies aplainadas degradadas Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7

35 396113 9389023 180 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 36 389480 9376264 222 Baixos Platôs Dissecados Coberturas Lateríticas Maturas Argissolo Vermelho-Amarelo 37 393840 9379984 251 Baixos Platôs Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 38 382804 9396481 213 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 39 386334 9392905 134 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 40 384947 9387041 170 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 41 405413 9379927 195 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 42 409693 9391220 190 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 43 408539 9398119 249 Baixos Platôs Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 44 406548 9397734 271 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Argissolo Vermelho-Amarelo 45 402117 9397100 199 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 46 360493 9356234 208 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Latossolo Amarelo 47 352104 9358594 242 Baixos Platôs Dissecados Formação Codó Latossolo Amarelo 48 345829 9368891 140 Superfícies aplainadas degradadas Grupo Itapecuru Neossolo Quartzarênico 49 346452 9368717 145 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Neossolo Quartzarênico 50 354176 9366105 172 Baixos Platôs Dissecados Grupo Itapecuru Neossolo Quartzarênico 51 355558 9366704 216 Superfícies aplainadas degradadas Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 52 356905 9363862 294 Baixos Platôs Coberturas Lateríticas Maturas Latossolo Amarelo 53 365741 9363205 249 Superfícies aplainadas degradadas Grupo Itapecuru Argissolo Vermelho-Amarelo 54 391479 9362601 179 Planícies e Terraços Fluviais Formação Grajaú Latossolo Amarelo 55 347679 9328557 225 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Vertissolo 56 346079 9326197 270 Baixos Platôs Dissecados Formação Mosquito Argissolo Vermelho-Amarelo 57 345356 9322915 264 Superfícies aplainadas degradadas Formação Mosquito Vertissolo 58 342715 9319977 253 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo 59 345936 9318452 256 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Argissolo Vermelho-Amarelo 60 340676 9310827 209 Baixos Platôs Dissecados Formação Mosquito Latossolo Amarelo 61 435873 9350054 206 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Argissolo Vermelho-Amarelo 62 427478 9340381 223 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo 63 404749 9330112 330 Baixos Platôs Dissecados Formação Sambaíba Latossolo Amarelo 64 389669 9339882 199 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo 65 375059 9357364 168 Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos Coberturas Lateríticas Maturas Vertissolo 66 353806 9399689 213 Baixos Platôs Dissecados Baixos Platôs Dissecados Argissolo Vermelho-Amarelo 67 364554 9319531 315 Baixos Platôs Dissecados Formação Corda Nitossolo Vermelho

(Terra Roxa Estruturada) 68 353990 9323661 204 Superfícies aplainadas degradadas Formação Mosquito Vertissolo 69 358977 9321041 242 Baixos Platôs Dissecados Formação Mosquito Vertissolo 70 381415 9312028 225 Baixos Platôs Dissecados Formação Sambaíba Argissolo Vermelho-Amarelo 71 381217 9318284 246 Baixos Platôs Dissecados Formação Sambaíba Latossolo Amarelo 72 381352 9323146 241 Baixos Platôs Dissecados Formação Sambaíba Latossolo Amarelo 73 380907 9327536 268 Baixos Platôs Dissecados Formação Grajaú Latossolo Amarelo

Tabela 2 – Tabela indicando para cada ponto descrito: coordenadas, altitude, padrões de relevo, hierarquia geológica e tipos de solos.

3.2. Considerações sobre uso da escala, suas implicações na representação

cartográfica da suscetibilidade e recomendações

De maneira geral, foi constatada no município uma preponderância de processos pedogenéticos sobre os processos morfogenéticos. Isto, em parte, devido à existência de superfícies de aplainamento e baixos platôs de maior ou menor dissecação, ambas as formas de relevo apresentando modestas amplitudes topográficas. Neste cenário, a suscetibilidade a processos geodinâmicos na tipologia inundações ganha importância frente aos movimentos gravitacionais de massa, especialmente em áreas urbanas, onde correspondem à grande maioria dos eventos registrados relacionados aos desastres naturais. Considerando-se o período de 1985 a 2014, a bibliografia e registros oficiais apontam: enxurradas nos anos de 1985 e 2009, e uma grande inundação em 2000. Segundo registro oficial, o evento ocorrido em 2009 atingiu mais de

12 mil pessoas (S2ID), cerca de 19 % da população do município. Também segundo, registros oficiais, o desastre com maior número de atingidos foi o de novembro de 2000, onde mais de 36 mil pessoas foram afetadas, na época o município tinha 47.155 habitantes, aproximadamente

67% dos munícipes foram atingidos considerando os danos humanos (SECID, 2014). No entanto, após análise de campo verificou-se necessário apontar que nem todas as áreas comunicadas como eventos de enxurrada necessariamento o são. Algumas áreas urbanas, em alguns casos muito planas, distantes dos cursos d’água e separadas do mesmo por áreas tampão, são descritas como atingidas pelo fenômeno. Isto leva a hipótese de tratar-se de áreas onde os eventos foram motivados pela deficiência/inadequação da drenagem urbana causando rápida elevação do nível d’água bem como escoamento temporário concentrado em momentos de maior pico do evento. Em outros casos, locais onde os dados disponíveis não apontavam comunicação de eventos (trechos rurais) apresentavam indício de enxurradas como árvores tombadas, acúmulo de seixos e calhaus, lixo preso aos galhos das árvores em altura (pontos 22, 23, 60 e 65 - Figura 6), todos junto a drenagem do Rio Grajaú.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8

Figura 6 – Indícios de enxurrada: árvores tombadas, abundante depósito de seixos e calhaus.

As áreas geradas, no pré-mapa de suscetibilidade aos movimentos de massa, referentes

ao grau alto, geralmente, ocorrem sobre feições morfológicas locais como pequenos vales encaixados, bordas de formas residuais de relevo com encostas de grande declividade ou pequenas elevações residuais, íngremes, de topo plano/tabular todas presentes nas unidades dos

Baixos Platôs e/ou Baixos Platôs Dissecados. Observou-se nos trabalhos de campo, nas bordas de formas residuais de relevo com encostas de grande declividade a ocorrência de planares rasos em consonância com o modelamento de alta suscetibilidade aos movimentos de massa contidos no pré-mapa (Figura 7) . Foram observados também, muitos locais com extensas áreas sob paredões e encostas mais íngremes com presença de blocos caídos e/ou rolados, formando uma espécie de colúvio com blocos de centimétricos até métricos, relacionadas normalmente aos arenitos do Grupo Itapecuru e Sambaíba ou a presença das Coberturas Lateríticas Maturas (Figura 8). Além de mostrarem alguma instabilidade local, com suscetibilidade alta ao movimento de massa, também indicam que há uma possível faixa de atingimento pela queda e rolamento de blocos a partir das encostas mais íngremes e dos paredões rochosos. Essas faixas dificilmente ultrapassam 50 m de largura com valores mais comuns ao redor de 20 a 30 m.

Figura 7 - Encosta íngreme voltada para SE apresenta enorme cicatriz formada por diversos planares

distintos bem como respectivo depósito coluvial.Degrau de abatimento à montante da cicatriz : processo ativo.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 9

Figura 8 – A esquerda: pequenas elevações residuais, íngremes, de topo plano/tabular. A direita: sob

paredões e encostas íngremes presença de blocos caídos e/ou rolados ( blocos de centimétricos até métricos), relacionadas normalmente aos arenitos do Grupo Itapecuru e Sambaíba ou a presença das Coberturas Lateríticas Maturas.

Não foi possível a identificação e demarcação de todas essas áreas em função da dificuldade de acesso e da vegetação fechada na maior parte desses locais. No entanto, fica claro que elas devem aparecer bordejando as bases de praticamente todas as encostas rochosas mais íngremes e principalmente abaixo dos paredões rochosos. Cabe ressaltar que o modelo não abarca essa faixa estreita. Além disso, em função da escala usada e a dimensão dessas faixas, a representação no mapa seria apenas pontual, visto que estas feições corresponderiam na representação cartográfica a dimensões entre 0,5 e 1cm, sendo mais adequado a utilização de outra escala maior, diferente da proposta para esse projeto. Ante as limitações e objetivos do trabalho, para utilização correta das cartas deve ser observada a rigorosa leitura prévia do

documento: Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações,

1:25.000 - Nota Técnica Explicativa (CPRM, 2014). Importante destacar que, em virtude da escala adotada (1:25.000), o trabalho de campo foi

fundamental para validar os pré-mapas gerados por geoprocessamento já que a suscetibilidade referente a estas feições supracitadas, somente foi constatada em campo. Também, pelo mesmo motivo, estas feições que não foram passíveis de representação na carta foram incluídos como nota técnica no corpo da carta de suscetibilidade dada a importância da constatação. Para seu mapeamento adequado cartas geotécnicas de detalhe, como as cartas de aptidão, deverão ser geradas.

4. CONCLUSÕES

A interpretação dos graus de suscetibilidade, pela equipe de campo, teve o objetivo de detectar possíveis inconsistências e, subsidiar o aperfeiçoamento do modelo matemático gerador dos pré-mapas de suscetibilidade. Deve ficar registrado a inexistência de cartas temáticas de geologia e solos em escalas desejáveis (1:50.000 ou maiores) para a execução deste trabalho. Devido a isto foram utilizadas para o tema geologia a escala de 1:750.000 e solos 1: 600.000. Também os dados oriundos de geoprocessamento a partir de imagens como: declividades, amplitudes, curvas de nível, etc., gerados a partir a partir do MDE TOPODATA, estão limitados às características intrínsecas das imagens. As curvas de nível com equidistância de 20 metros geradas a partir deste produto devem ser interpretados com cuidado ao se fazer inferências, impondo maior peso às análises de campo. Dentro dessa perspectiva, pequenas áreas referentes ao grau baixo de suscetibilidade à inundação foram suprimidas, após seguidos os procedimentos mencionados anteriormente, pois verificou-se tratar provavelmente de valores espúrios não expurgados pela modelagem. Também foi elaborado um arquivo digital, referente a feição representativa de enxurradas, que não havia sido gerado em função dos parâmetros inicialmente considerados para modelagem, porém tiveram sua existência verificada em campo. Quanto aos movimentos gravitacionais de massa foi adotado o pré-mapa na íntegra devido a impossibilidade de se realizar a modificação necessária em função da escala adotada porém, uma nota técnica foi acrescentada diretamente na apresentação da carta e deve ser consultada para utilização correta do mapa.

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 10

Os resultados obtidos na representação cartográfica da carta de suscetibilidade fornecem um instrumento para subsidiar o planejamento/gestão territorial, desde que rigorosamente observada a conformidade das análises e ações com a escala adotada.

Como resultado final, após a validação de campo dos pré-mapas de suscetibilidade – tanto inundação como movimentos gravitacionais de massa, constatou-se:

A impossibilidade de representar, na carta, importante situação de suscetibilidade referente aos movimentos de massa em função da escala adotada (1:25.000) e destinação geral desta carta, sendo portanto necessário prosseguir com o mapeamento geotécnico em escala de detalhe visando subsidiar o planejamento de ocupação de novas áreas do município, especialmente quando destinadas ao uso urbano.

A exclusão de áreas de inundação e a inclusão do arquivo digital referente a tipologia enxurrada, mostra a importância da avaliação de campo em trabalhos das cartas geotécnicas nesta escala, bem como a necessidade de aperfeiçoamento constante dos modelos.

REFERÊNCIAS

CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA E INUNDAÇÕES, 1:25.000 - Nota Técnica Explicativa (CPRM, 2014)

FILHO, Francisco Lages Correia. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, estado do Maranhão: relatório diagnóstico do município de Grajaú / Francisco Lages Correia Filho, Érico Rodrigues Gomes, Ossian Otávio Nunes, José Barbosa Lopes Filho. Teresina: CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2011. 31 p.: il.

SECRETARIA DE ESTADO DAS CIDADES E DESENVOLVIMENTO URBANO – SECID Plano Diretor da Bacia Hidrografica do Mearim – Fase diagnóstico da Bacia. Resumo do diagnóstico, volume II. Outubro, 2014