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CONSUMO ECOLÓGICO 18 19 AS COMPRAS Parte dos resíduos que produzimos é, assim, composta por produtos nunca utilizados, nunca consumidos… Para evitar desperdícios, o melhor é pensar se precisa mesmo desses produtos e, não menos importante, se vai consumi-los ou usá-los no curto prazo. No nosso país, cerca de 36 por cento dos caixotes de lixo são compostos por restos de comida (alimentos estragados, sobras, etc.) ou produtos fora de prazo. Ora, se estes resíduos não forem usados para composta- gem, irão para aterros (muitos dos quais estão próximo da sua capaci- dade máxima ou mesmo esgotados) ou serão incinerados sem que daí venha qualquer benefício em termos de recuperação de energia. Assim, procure comprar só produtos que vá realmente consumir e verifi- que sempre a data de validade, optando pelos que tiverem a mais alar- gada. Preste atenção aos produtos perecíveis, para evitar qualquer des- perdício. E aprenda a quantificar as suas necessidades e as da sua família, de modo a não ceder às tentações. A este propósito, porque não voltar aos hábitos de antigamente e redigir, de forma sistemática, uma lista de compras? Evitará gastos compulsivos e descontrolados em produtos de que, na realidade, não precisa. Assim, fará economias consideráveis e estará a reduzir o impacto ambiental. Na altura de fazer a sua lista, verifique o que resta no frigorífico e nos armários e aquilo que falta. Gastará cinco minutos mais antes de sair de casa, mas conseguirá gerir melhor as suas reservas e evitar gastar dinheiro em compras em duplicado! É uma característica comum a todos os países desenvolvidos (e a muitos dos que para lá caminham): vivemos numa sociedade de consumo ou mesmo de consumismo exacerbado. Ainda que muitas vezes tentemos, não podemos ficar indiferentes aos anúncios de televisão e de rádio, nos jornais e nas revistas, nas nossas caixas de correio e em outdoors espalhados pela cidade que nos incitam a comprar, cada vez mais, um sem-número de produtos todos os dias e todos os anos, mesmo quando os que possuímos ainda estão aptos a um uso funcional. Neste capítulo mostramos porque é importante pensar bem antes de comprar este ou aquele produto de olhos fechados. Além de economizar dinheiro, poupa-se em recursos naturais. Assim, o ambiente agradece... e a sua carteira também. Moderar o impulso Entre os produtos anunciados, as bugigangas que “não pode” deixar de ter e todas as “novidades” que invadem as prateleiras das lojas, por vezes, torna-se difícil resistir a uma promoção ou ao último grito publicitado. Mas será que precisa mesmo, ou até quer mesmo, adquirir esses produtos? Ou, pelo contrário, está a ficar “escravo” da sociedade de consumo, que cria novas necessidades artificialmente para o levar a comprar sem parar e sem pensar? Qualquer que seja a resposta, uma coisa é certa: muitos destes produtos são caros, e a sua renovação frequente tem impactos evidentes a vários níveis, tais como a gestão de recursos naturais, o uso de substâncias perigosas ou preocupantes ou a produção excessiva de resíduos. Resistir à tentação Nunca se sentiu tentado a comprar um produto em destaque numa pra- teleira do supermercado, mesmo sem ter pensado que precisava dele de antemão? Pois é: por vezes, é difícil resistir ao apelo da promoção, da embalagem ou ao puro prazer de comprar. Resultado: ao longo de todo o ano, acabamos por comprar alimen- tos, bebidas e objetos que por vezes não consumimos nem utilizamos. Alguns vão parar ao lixo antes que os tenhamos consumido, ou porque deixámos passar o prazo de validade ou devido a problemas de conser- vação. Outros ainda são deitados fora naquela altura do ano em viramos a casa do avesso para a limpar. SABIA QUE…? Segundo o Projeto do Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar (PERDA), desenvolvido pelo Centro de Estudos e Estratégias para a Sustentabilidade, Portugal perde ou desperdiça cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano, 32 mil dos quais em casa. IDEIA PARA POUPAR Antes de sair de casa, faça uma lista do que precisa e restrinja-se a ela. Preste atenção à validade dos produtos que adquirir.

18 M ECOLÓGICO M - deco.proteste.pt · a produção e a venda de produtos cujo impacto ambiental é menor e faci - litar a sua fácil identificação. Contudo, o consumidor deve

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Parte dos resíduos que produzimos é, assim, composta por produtos nunca utilizados, nunca consumidos… Para evitar desperdícios, o melhor é pensar se precisa mesmo desses produtos e, não menos importante, se vai consumi-los ou usá-los no curto prazo.

No nosso país, cerca de 36 por cento dos caixotes de lixo são compostos por restos de comida (alimentos estragados, sobras, etc.) ou produtos fora de prazo. Ora, se estes resíduos não forem usados para composta-gem, irão para aterros (muitos dos quais estão próximo da sua capaci-dade máxima ou mesmo esgotados) ou serão incinerados sem que daí venha qualquer benefício em termos de recuperação de energia.

Assim, procure comprar só produtos que vá realmente consumir e verifi-que sempre a data de validade, optando pelos que tiverem a mais alar-gada. Preste atenção aos produtos perecíveis, para evitar qualquer des-perdício. E aprenda a quantificar as suas necessidades e as da sua família, de modo a não ceder às tentações.

A este propósito, porque não voltar aos hábitos de antigamente e redigir, de forma sistemática, uma lista de compras? Evitará gastos compulsivos e descontrolados em produtos de que, na realidade, não precisa. Assim, fará economias consideráveis e estará a reduzir o impacto ambiental.

Na altura de fazer a sua lista, verifique o que resta no frigorífico e nos armários e aquilo que falta. Gastará cinco minutos mais antes de sair de casa, mas conseguirá gerir melhor as suas reservas e evitar gastar dinheiro em compras em duplicado!

É uma característica comum a todos os países desenvolvidos (e a muitos dos que para lá caminham): vivemos numa sociedade de consumo ou mesmo de consumismo exacerbado. Ainda que muitas vezes tentemos, não podemos ficar indiferentes aos anúncios de televisão e de rádio, nos jornais e nas revistas, nas nossas caixas de correio e em outdoors espalhados pela cidade que nos incitam a comprar, cada vez mais, um sem-número de produtos todos os dias e todos os anos, mesmo quando os que possuímos ainda estão aptos a um uso funcional.

Neste capítulo mostramos porque é importante pensar bem antes de comprar este ou aquele produto de olhos fechados. Além de economizar dinheiro, poupa-se em recursos naturais. Assim, o ambiente agradece... e a sua carteira também.

Moderar o impulsoEntre os produtos anunciados, as bugigangas que “não pode” deixar de ter e todas as “novidades” que invadem as prateleiras das lojas, por vezes, torna-se difícil resistir a uma promoção ou ao último grito publicitado. Mas será que precisa mesmo, ou até quer mesmo, adquirir esses produtos? Ou, pelo contrário, está a ficar “escravo” da sociedade de consumo, que cria novas necessidades artificialmente para o levar a comprar sem parar e sem pensar? Qualquer que seja a resposta, uma coisa é certa: muitos destes produtos são caros, e a sua renovação frequente tem impactos evidentes a vários níveis, tais como a gestão de recursos naturais, o uso de substâncias perigosas ou preocupantes ou a produção excessiva de resíduos.

Resistir à tentação

Nunca se sentiu tentado a comprar um produto em destaque numa pra-teleira do supermercado, mesmo sem ter pensado que precisava dele de antemão? Pois é: por vezes, é difícil resistir ao apelo da promoção, da embalagem ou ao puro prazer de comprar.

Resultado: ao longo de todo o ano, acabamos por comprar alimen-tos, bebidas e objetos que por vezes não consumimos nem utilizamos. Alguns vão parar ao lixo antes que os tenhamos consumido, ou porque deixámos passar o prazo de validade ou devido a problemas de conser-vação. Outros ainda são deitados fora naquela altura do ano em viramos a casa do avesso para a limpar.

SABIA QUE…?

Segundo o Projeto do Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar (PERDA), desenvolvido pelo Centro de Estudos e Estratégias para a Sustentabilidade, Portugal perde ou desperdiça cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano, 32 mil dos quais em casa.

IDEIA PARA POUPAR

Antes de sair de casa, faça uma lista do que precisa e restrinja-se a ela. Preste atenção à validade dos produtos que adquirir.

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Compre produtos mais “limpos”Ser um consumidor responsável é mais fácil do que parece e muitas vezes ajuda-o a poupar. Deixamos-lhe algumas dicas, não só para as compras que faz, mas para a generalidade dos seus atos de consumo.

A rotulagem ecológicaPara se certificar de que o produto que está a adquirir tem um bom desempenho ambiental, o consumidor pode guiar-se pelos símbolos ecológicos. A rotulagem ecológica tem dois grandes objetivos: promover a produção e a venda de produtos cujo impacto ambiental é menor e faci-litar a sua fácil identificação. Contudo, o consumidor deve ter consciência de que nem todos os rótulos são cem por cento fiáveis e de que o facto de os produtos apresentarem imagens com a natureza por cenário não é de todo garantia da sua sustentabilidade ambiental (veja as páginas 24 a 26).

Muitas alegações “verdes” correspondem a uma prática conhecida como greenwashing (“lavagem verde”): a promoção, de forma enganadora, de uma imagem amiga do ambiente para conseguir a aprovação do con-sumidor. Por este motivo, o Código de Conduta do Instituto Civil da Auto-disciplina da Comunicação Comercial (ICAP) em Matéria de Publicidade e outras formas de Comunicação Comercial, que entrou em vigor a 31 de março de 2010 e é de adesão voluntária, apresenta propostas específicas sobre alegações ambientais na publicidade (saiba mais em www.icap.pt).

A nível de normas, e para tentar regular o aumento descontrolado de sím-bolos e de declarações ambientais e evitar que as empresas os utilizem como promoção, a International Organization for Standardization elaborou três sistemas de rotulagem ecológica, que apresentamos de seguida.

• Tipo I (norma ISO 14024) – traduz-se num programa voluntário de cer-tificação, por uma entidade independente, que concede o rótulo eco-lógico aos produtos que trazem vantagens ambientais face a outros concorrentes. É considerado todo o ciclo de vida do produto, desde a recolha de matéria-prima até à deposição. Se forem cumpridos os crité-rios ecológicos estipulados para a categoria de produtos em questão, é concedido um rótulo ecológico válido por três anos, durante os quais o produto é controlado.

• Tipo II (norma ISO 14021) – refere-se às autodeclarações ambientais que apelam a um aspeto do produto, de um componente ou da embalagem. Não existe processo de certificação, e o fabricante é o único responsável pelos fundamentos e pela exatidão das declarações.

Não se deixe enganar pela estratégia dos distribuidores, que espalham os produtos de primeira necessidade pela loja, para expor o consumidor a uma série de tentações: concentre-se na sua lista de compras e exija um motivo de força maior para não ficar por aí.

Prefira fazer compras regularmente, exceto se tal obrigar a percorrer lon-gos percursos de carro. Desta forma, evitará a compra de quantidades em excesso com base nas suas previsões para as semanas seguintes. Na verdade, é difícil prever o consumo com exatidão. Quanto mais se compra, maior é o risco de desperdício. No que diz respeito aos bens não perecíveis (como o papel higiénico e alguns detergentes), pode comprar quantidades maiores (que originam menos resíduos de embalagem do que as versões individuais ou de pequena capacidade), mas certifique-se de que os consome no período indicado.

Resumindo, compre só aquilo que for estritamente necessário, não só em matéria de alimentação, mas para qualquer tipo de produto. E faça--o na quantidade que corresponde às necessidades reais e no imediato (por exemplo, para uma semana).

ATENÇÃO!

Antes de comprar, questione-se, sistematicamente, se precisará real-mente deste ou daquele produto. Evite precipitar-se na compra de objetos “da moda”, rapidamente obsoletos e que muitas vezes são perfeitamente dispensáveis. Para melhor se informar, confie nos testes apresentados regu-larmente nas revistas proteste e teste saúde e no nosso sítio da Internet (www.deco.proteste.pt). As chamadas ecobolas, por exemplo, são vendidas como um produto ecológico que dispensa a utilização de detergente na lava-gem à máquina, e os nossos testes provaram que não servem para nada!

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• Tipo III (norma ISO 14025) – enquadra a declaração ambiental sobre o produto com base num determinado indicador (por exemplo, emissões de dióxido de carbono). Também aqui se tem em conta o ciclo de vida do produto, mas o resultado da informação não permite comparar artigos da mesma família – é como se de uma informação nutricional se tratasse, por exemplo.

Detergentes e produtos químicosOs detergentes para a loiça e para a roupa são indispensáveis no nosso lar. No entanto, e porque são usados diariamente, em muito contri-buem para a degradação do meio aquático. Isto deve-se ao facto de conterem, muitas vezes, agentes que a natureza não consegue “digerir”, degradar ou decompor totalmente, perturbando consideravelmente o equilíbrio ecológico. Este problema é particularmente importante quando as águas residuais não são submetidas a um tratamento com-pleto, situação muito frequente no nosso país. É, então, importante escolher produtos com menor impacto na saúde e no ambiente, por exemplo, sem fosfatos, BHT (butil-hidroxitolueno), metilisotiazolinona ou coumarina. Por isso, sempre que possível, opte pelos que ostentem o Rótulo Ecológico Europeu (veja a página 24).

• Não hesite em escolher produtos simples, multiusos, sem características específicas e que possam ser usados muito tempo. Geralmente, são mais baratos, e a maioria é tão ou mais eficaz e quase sempre menos nociva para o ambiente. Por exemplo, há muito tempo que se sabe que o vina-gre é eficaz contra as manchas de calcário na casa de banho. Pode, por isso, recorrer a este produto complementarmente ao detergente lava--tudo e, assim, descartar o uso daquele produto “especial”, com uma embalagem atrativa e vendido através de técnicas de marketing que o levam a pensar que sem ele não pode conseguir uma limpeza eficaz. Incentive também os membros da família a passarem o esfregão pela

banheira e pelo lavatório depois de cada utiliza-ção, pois a ação mecânica é o principal contributo para um bom resultado, evitando também a for-mação de depósitos de calcário.

• Leia atentamente os rótulos e respeite as indicações do fabricante sobre a dose a utilizar: esta é a única forma de reduzir a compra e a utilização de produ-tos nocivos. Aumentar a dose de produto utilizada não se traduz em melhor eficácia, mas apenas num maior impacto ambiental. Pelo contrário: muitas vezes a roupa que lavamos não tem nódoas nem sujidade entranhada, precisando apenas de uma lavagem simples; nestes casos, poderá reduzir a dose recomendada sem que isso prejudique a eficácia.

• Para lavar e tratar a roupa, prefira produtos concentrados. Nos deter-gentes líquidos clássicos, por exemplo, cerca de 80 por cento do conte-údo é água! Escolha sabonetes líquidos em embalagens recarregáveis. Se está hesitante entre um produto em pó ou líquido, consulte os testes a este tipo de produtos que publicamos regularmente nas nossas revis-tas proteste e teste saúde.

• Os aerossóis são práticos, é certo, mas projetam para o ar pequenas partículas que respiramos e absorvemos. Além disso, incluem gases propulsores, alguns dos quais com efeito de estufa. Para desodorizar o interior da casa, o ideal é… arejá-la simplesmente. Pode, também, fer-ver pedaços de casca de laranja ou de limão e passar com a panela a fumegar pelos aposentos. Assim poderá aromatizá-la de forma simples e económica.

• Para se proteger das picadas dos insetos, privilegie as soluções simples e duradouras: eliminar recipientes com água, como os pratos dos vasos, e instalar redes mosquiteiras nas janelas. Os inseticidas são muito nocivos para o ambiente e alteram a qualidade do ar que respiramos.

ATENÇÃO!

Alguns produtos de limpeza reclamam-se biodegradáveis e apontam esta característica como um fator importante na proteção ambiental. O argumento é verdadeiro, mas a biodegradabilidade mínima é exigida por lei há muitos anos. Sem o seu cumprimento, não poderiam ser vendidos! A melhor forma de proteger o ambiente, a sua saúde e a sua carteira é usar os produtos de limpeza com conta, peso e medida.

Não use produtos tóxicos para os organismos aquáticos. Procure alternativas e faça uma escolha consciente

IDEIA PARA POUPAR

Experimente reduzir a dose de detergente recomendada para metade quando efetua a lavagem de roupa sem nódoas. A eficácia da lavagem não é prejudicada, e assim consegue fazer economias, além de que está a proteger o ambiente.

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Mobius

Indica que a embalagem ou o produto são recicláveis. Se acompanhado de um número, significa que foi usada uma percentagem de material reciclado. Encontra-se, sobretudo, nas embalagens de papel/cartão e de plástico

SÍMBOLOS ECOLÓGICOS… OU TALVEZ NÃO

Rótulo Ecológico Europeu

Esta etiqueta oficial é atribuída a produtos que, comparados com outros similares, têm um impacto reduzido no ambiente durante todo o ciclo de vida

MSC

O produto (peixe ou marisco) provém de pesca sustentável. Não é usado em produtos de aquicultura. Este símbolo foi criado pela Marine Stewardship Council, uma organização não governamental e sem fins lucrativos

Ef ic iênc ia h ídr ica

Aplica-se a autoclismos, chuveiros e torneiras, classificando-os numa escala de eficiência: de A++ (o mais eficiente) a E (o menos eficiente). Existe em Portugal desde 2008 e é gerido pela Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP)

FSC/PEFC

Os rótulos do Forest Stewardship Council (FSC) e do Programa para o Reconhecimento da Certificação Florestal (PEFC) garantem que os produtos de madeira ou de papel certificados provêm essencialmente de florestas geridas de forma sustentável, segundo normas internacionais

Alguns símbolos correspondem, de facto, a uma certificação ecológica conferida por entidades independentes, que comprovam o baixo impacto do produto (ou serviço) no meio ambiente em todo o ciclo de vida. No entanto, outros são meras alegações

Fair Trade

O produto cumpre os requisitos internacionais de comércio justo, como preços adequados, boas condições de trabalho ou condições de negociação justas para agricultores e trabalhadores de países em vias de desenvolvimento

Símbolos com ut i l idade reconhec ida e comprovada

REEE (Res íduos de Equipamento E létr ico e E letrónico)

O produto contém substâncias perigosas. Não deve ser deitado no lixo indiferenciado, mas em contentores como o pilhão, o ponto-eletrão, o depositrão ou ecocentros

Cisne Branco

O produto (ou serviço) cumpre requisitos ambientais exigentes durante todo o ciclo de vida. O Nordic Swan é o rótulo ecológico oficial dos países escandinavos

Energy Star

O produto foi concebido de forma a ter baixo consumo elétrico. Trata-se da certificação energética oficial europeia para equipamentos de escritório como computadores, impressoras e scanners

Öko-Tex Standard 100

Certifica têxteis sem substâncias nocivas para a saúde e o ambiente. Os produtos são avaliados por entidades independentes que colaboram com a associação Öko-Tex, atuando ao longo de toda a cadeia de produção

Cotton Bio

Roupa com algodão cem por cento orgânico, sem pesticidas nem substâncias prejudiciais para o ambiente

ambientais, sem necessidade de verificação por entidades externas, e que frequentemente nada mais fazem que publicitar uma característica intrínseca do produto (como é o caso das embalagens que indicam ser recicláveis ou do papel que é biodegradável…).

Eurofolha

Permite identificar facilmente os produtos de agricultura biológica

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Roupa com menor impacto ambientalEmbora não salte tanto à vista como, por exemplo, o fabrico de auto-móveis ou de computadores, a produção de vestuário tem um grande impacto ambiental. E, mais uma vez, o consumidor pode desempenhar um papel importante a este nível.

• Verifique a origem do algodão das roupas que compra. Tal como a lã ou o linho, trata-se de uma fibra natural. Contudo, muitas práticas aplica-das à cultura intensiva de algodão, como a rega e o uso de pesticidas, tornam-na numa atividade com grande impacto. Também a transforma-ção do algodão constitui uma importante fonte de poluição. De facto, o tratamento dos têxteis (branqueamento, coloração, lavagens, aditi-vos para determinados acabamentos, etc.) gera uma série de poluentes como cloro, formaldeído e/ou metais pesados. Além disso, muitos destes produtos químicos podem desencadear alergias e irritações na pele e no sistema respiratório. Alguns são, até, potencialmente cancerígenos, afetam o sistema neurológico e reprodutor ou são mutagénicos, ou seja, podem interferir no sistema genético de todas as espécies vivas.

• Quando escolher roupa de algodão, opte por peças com a etiqueta “Cotton Bio” (veja o símbolo na página 25), um certificado de que foi produzido com algodão biológico. Isto significa que aquela peça é pro-veniente de agricultura biológica, ou seja, responde aos mesmos critérios

Papele ira ( T idyman)

Relembra a deposição de resíduos no lixo e não no chão. É apenas um conselho, sem caráter obrigatório

Nossa Casa, Nosso Planeta

Iniciativa do grupo Reckitt Benckiser, para reduzir o efeito que os seus produtos possam ter sobre o ambiente. Engloba diversos projetos como o "Carbono 20", que visa a redução das emissões de gases com efeito de estufa

Ponto Verde

Significa que a empresa que coloca a embalagem no mercado paga um valor à Sociedade Ponto Verde para fazer a sua gestão em fim de vida: recolha seletiva, triagem e reciclagem. Esta última não é garantida; também não implica o uso de materiais reciclados na composição do produto

Proteção da camada de ozono

Os produtos com este símbolo não contêm CFC (clorofluorcarbonos), substâncias que danificam a camada do ozono. Como o uso de CFC foi já proibido, o símbolo não faz sentido

Susta inable Cleaning

Significa que o fabricante do produto toma em consideração princípios de sustentabilidade e de segurança no fabrico dos produtos. Foi criado pela AISE, associação que representa a indústria europeia de sabões, detergentes e produtos de limpeza

Pegada de carbono

Símbolo não sujeito a controlo independente e sem modo de cálculo harmonizado, procura criar um compromisso para reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa. Foi desenvolvido por fabricantes, distribuidores e organizações não governamentais

Símbolos sem va lor ambienta l

Autodec larações ambienta is dos fabr icantes sobre os própr ios produtos

SABIA QUE…?

Detergentes que aleguem “desinfetar”, “higienizar”, “eliminar micróbios e bactérias”, por vezes contendo lixívia, só são necessários em situações muito específicas: limpeza de superfícies com fungos, loiças sanitárias ou objetos que tenham de ser alvo de uma lavagem complementar para evitar a transmis-são de uma doença contagiosa, por exemplo.

IDEIA PARA POUPAR

Para saber quais os detergentes com melhor relação qualidade/preço e os que são menos nocivos para o ambiente, siga os resultados dos testes que publicamos regularmente na revista proteste ou no nosso sítio na Internet (www.deco.proteste.pt).

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de alta pureza na sua produção. A extração e a transformação têm um alto custo ambiental. Neste caso, manter o aparelho tanto tempo quanto possível é a melhor opção ambiental.

Já no que diz respeito a produtos que utilizam matérias-primas bási-cas no fabrico e cuja utilização diária tem um impacto ambiental con-siderável (como máquinas de lavar roupa e loiça, secadoras, frigoríficos ou fornos), deve ponderar a troca: além de consumirem muita eletrici-dade, as máquinas de lavar com mais de dez anos também consomem muita água. O seu uso provoca muitas vezes mais danos no ambiente do que o fabrico, o transporte ou o tratamento em fim de vida juntos! Nestas situações, há vantagens ambientais e, muitas vezes, económicas, em substituir o aparelho velho por um mais eficiente (veja a infografia da página seguinte).

Claro que fazer a manutenção dos aparelhos elétricos, das máquinas, computadores, etc., permite obviamente prolongar o seu tempo de vida. Antes de os substituir por novos, considere a sua eficiência energética e informe-se junto de um técnico sobre a viabilidade em termos de custo de reparação. Caso contrário, poderá recorrer às organizações que aceitam aparelhos avariados e tentam repará-los para, depois, os encaminhar para associações de apoio social. Em Portugal, por exemplo, pode contactar o Banco de Bens Doados, que pertence à associação Entreajuda (consulte o endereço www.entrajuda.pt/rs-9-Banco_de_Bens_Doados.html).

No que diz respeito ao vestuário, poderá dar o que já não lhe serve e alugar roupas para ocasiões especiais (para uma cerimónia, uma saída à noite, uma festa de carnaval, etc.).

No caso de equipamento elétrico para trabalhos de bricolagem ou de jardinagem ou outros aparelhos que não prevê utilizar muito, considere a possibilidade de alugar ou pedir emprestado a um vizinho ou a um amigo, em vez de comprar.

aplicados aos legumes e à fruta biológica (veja também o título Produtos biológicos?, na página 39).

Prefira produtos reciclados

Mesmo que nem sempre sejam os mais baratos, se quer ter uma conduta mais amiga do ambiente deve privilegiar a compra de produtos recicla-dos, quando disponíveis. Desta forma, evitará a utilização de matérias--primas virgens, que, na maior parte dos casos, não são de origem reno-vável. Esta escolha é particularmente importante nos artigos de curta duração, como envelopes, papel higiénico e de limpeza, até porque não necessitam de um elevado grau de branqueamento e, assim, apresentam--se com uma pegada ecológica bastante satisfatória (leia sobre este conceito na página 11).

Na verdade, cada vez mais produtos são, parcial ou totalmente, fabrica-dos a partir de materiais reciclados, tal como poderá verificar na emba-lagem ou no respetivo rótulo. Além do papel, muitos sacos de lixo são também produzidos com este tipo de materiais, e o mesmo acontece com muitos recipientes de vidro (copos, garrafas, jarros, etc.) e a esma-gadora maioria dos têxteis de poliéster.

Tente reparar ou alugue

A decisão de continuar a utilizar determinado aparelho elétrico ou ele-trónico, ainda que exista um modelo mais sofisticado que advogue um menor consumo energético, reside na seguinte pergunta: fica mais caro para o ambiente fabricar um novo ou manter o antigo em uso? E para si: a mudança compensa em termos financeiros?

A fase de produção de alguns produtos, como os equipamentos eletró-nicos, tem hoje um impacto ambiental muito maior do que o decorrente do uso, ainda que com um consumo energético inferior ao que tinham há alguns anos. Computadores, televisores e telemóveis de última geração incluem metais preciosos e raros na sua composição e utilizam requisitos

SABIA QUE…?

Estima-se que cerca de dez por cento dos pesticidas usados na agricultura mundial sejam pulverizados nos campos de algodão.

IDEIA PARA POUPAR

Se os tecidos ainda estiverem em boas condições, mande arranjar a sua roupa. Apertar uma saia mais larga ou fazer pequenas modificações e melhoramentos poderá ser o suficiente para continuar a usar as peças. Além disso, explore os usos alternativos: por exemplo, as T-shirts de algodão, apesar de desbotadas, são bastante eficazes a limpar o pó ou os vidros.