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1962 1962-2012 2012 50 anos do Concílio Vaticano II 50 anos do Concílio Vaticano II

1962--20122012 50 anos do Concílio Vaticano II · veemência sobre o ‘amar a Deus sobre todas as coisas’. ... que fala o nome de Deus é o senhor! ... intensificou a leitura

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19621962--2012201250 anos do Concílio Vaticano II50 anos do Concílio Vaticano II

Temos um passado nublado em relação ao uso e à leitura da Palavra de Deus.

A Reforma Protestante e o Concílio de Trento (1545) evitaram que a Bíblia chegasse ao povo na sua própria língua (foi exigido o uso da tradução

latina, a Vulgata, para evitar abusos nas traduções e interpretações). traduções e interpretações).

A Igreja viveu quase 500 anos

sem Bíblia.

O Concílio de Trento havia inibido o acesso dos cristãos ao

texto bíblico, enfatizando a recepção dos sacramentos.

Naquele contexto, fazer pastoral significava sacramentalizar, significava sacramentalizar, normalmente, pessoas não

evangelizadas, sem processo de iniciação cristã e conversão

pessoal.

apareceram os catecismos e manuais de doutrinaSubstituindo o texto bíblico

E, para sacramentalizar, em lugar da Bíblia, se usava o catecismo,

pois catequese consistia em conhecer a doutrina cristã.

“Um missionário indigenista contou-me que no começo dasua vida na aldeia dos índios Xerente, um padre de muitaidade gostava de relatar seus primeiros anos na missão.Tinham que catequizar aos índios com o catecismo emmãos. O missionário lembrava que ao tentar ensinar osMandamentos da Lei de Deus, falou com muitaveemência sobre o ‘amar a Deus sobre todas as coisas’.Os índios escutavam atentos e calados. Mas, ao ponderaro ‘não tomar o nome de Deus em vão’, um índioo ‘não tomar o nome de Deus em vão’, um índiointerrompeu e perguntou: que quer dizer não tomar onome de Deus em vão? O padre tentou explicar que eranecessário muito respeito para falar o nome de Deus, atéreverencia. Logo, uma jovem índia interrompeu de novo,dizendo: Não há problema para nós, Padre, aqui o únicoque fala o nome de Deus é o senhor!

(BUDALLES DIEZ, Mercedes. “Memórias de uma missão”. )

O uso da Sagrada Escritura na América Latina

preparou a acolhida das

orientaçõesorientaçõesdo ConcílioVaticano II.

Anos antes do Concílio, existiauma preocupação e prática deaproximação aos textos bíblicos naevangelização como eram oApostolado Bíblico e o MovimentoBíblico .OO VaticanoVaticano II,II, comcom aa ConstituiçãoConstituiçãoDeiDei VerbumVerbum ,, foifoi oo kairóskairós (tempo(tempo dedegraça)graça) dodo movimentomovimento bíblicobíblico ememtodotodo oo PovoPovo dede DeusDeus..

Este movimento começou bem antes de se falarem Concílio .-A renovação litúrgica, através do uso da Bíbliana língua vernácula, trouxe uma aproximaçãomaior da Bíblia com o povo .-O trabalho pioneiro do biblista frei João JoséPedreira de Castro, OFM . Naqueles anos 50, elecaptou os “sinais dos tempos” e sentiu acaptou os “sinais dos tempos” e sentiu anecessidade de facilitar uma aproximação maiorentre a Bíblia e o povo . Em vista disso, eletraduziu a Bíblia para o português: Ave Maria.-O avanço das igrejas evangélicas de missão noBrasil na primeira metade do século XX, vindassobretudo dos Estados Unidos, divulgou eintensificou a leitura da Bíblia.

Com a desumanidade das ditaduras militares(década de 60 e 70), surge uma leitura maislibertadora e mais ecumênica da Bíblia,impedindo que a Palavra de Deus fossemanipulada para legitimar a opressão e aexploração do povo . Vários setores da AçãoCatólica participavam ativamente nesteCatólica participavam ativamente nestetrabalho de conscientização . Os grupos deestudo bíblico começam a desenvolver entãoa metodologia que origina o que hojechamamos de Leitura Popular da Bíblia (ver-julgar-agir).

A Pastoral Bíblica na AL,depois do Concílio, ajudou para“terminar“terminarcom o exílio da Palavra”.

No contexto da renovação conciliar do Vaticano II, Evangelii Nuntiandi

afirma que antes de sacramentalizar é preciso evangelizar, isto é, levar os interlocutores a se conectarem com

Jesus de Nazaré e a Boa Nova do Jesus de Nazaré e a Boa Nova do Reino de Deus, inaugurado e

anunciado por Ele. E que “desconhecer a Escritura é

desconhecer a Cristo” (DV 25).

“Toda a vida e ação da Igreja precisa

alimentar-se e reger-se com a

Sagrada Escritura”(DV 21). (DV 21).

Lembra a Dei Verbum que a Palavra deDeus “precisa animar as três vertentes davida e ação eclesial: a profecia, a liturgiae a diaconia” (DV 21).

A Constituição dogmática Dei Verbum , manifestou oprimado da Palavra de Deus na Igreja. Reafirmou quea Igreja não é apenas intérprete e muito menossenhora da Palavra, mas é, sobretudo, “serva daPalavra”. Uma nova maneira de se ver a revelação deDeus e a Bíblia:

-Capítulo I – A REVELAÇÃO-Capítulo II - A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA-Capítulo II - A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA-Capítulo III–A INSPIRAÇÃO DIVINA E A INTERPRETAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURA-Capítulo IV – O ANTIGO TESTAMENTO-Capítulo V – O NOVO TESTAMENTO-Capítulo VI –A SAGRADA ESCRITURA NA VIDA DA IGREJA

A chamada “Pastoral Bíblica” renasceu depois do Concílio Vaticano II. Sua função principal foi cumprir o que

pedia o Concílio através da Constituição Dogmática sobre a

Palavra de Deus, aPalavra de Deus, aDei Verbum : que

todos os fiéis tenham acesso às

Sagradas Escrituras.

Leitura Leitura OranteOrante

Liturgia e Liturgia e Catequese Catequese renovadarenovada

CEBICEBI

Alguns avanços que nasceram depois doConcílio:

-Uma nova estima pela "Palavra de Deus naCelebração Eucarística" com a equiparação evalorização das duas mesas: A ‘Mesa da Palavra deDeus’ e a ‘Mesa do Corpo de Cristo o Pão da Vida’(DV 21).-A preocupação com o uso de traduções adequadas e corretas inclusive as dos irmãos separados ( DV 22), recomendando os métodos modernos de estudo para uma correta interpretação da Sagrada Escritura (DV 12) incentivando a pesquisa já iniciada ( DV 23).

-O reconhecimento da importância da SagradaEscritura para a Teologia, a Catequese e asHomilias ( DV, 24 e 25) que chegou até nosso povomais simples.

-A tão valorizada Leitura Orante da Bíblia noContinente tem fundamento nas palavras da DeiVerbum “a Ele falamos quando rezamos, a EleVerbum “a Ele falamos quando rezamos, a Eleouvimos quando lemos os divinos oráculos”retomando os escritos de S. Ambrósio ( DV, 25).

Alguns estudiosos afirmam que emnenhum outro Continente conseguiu -se umatão rápida e dinâmica resposta ao Concílio,como na América Latina. Para entender estegrande avanço da Pastoral Bíblica na AméricaLatina é bom lembrar as etapas no caminho,que recolhiam as iniciativas já existentes e asimpulsionavam . De fato, depois do Concilioimpulsionavam . De fato, depois do ConcilioVaticano II, no nosso Continente, foramdecisivas as Conferências Gerais doEpiscopado Latino Americano em Medellin,Puebla, Santo Domingo e em Aparecida parafecundar e deixar crescer as sementesbíblicas na nossa terra.

Medellin (1968). Missões populares

Medellin (1968)

A Sagrada Escritura deve impregnar as devoções

populares.

Medellin (1968). Missões populares

Puebla (1979)

Santo

Domingo (1992). visão

A Sagrada Escritura é “alma da

evangelização” e “a fonte da

catequese”.

Santo Domingo (1992)

Visão cristocêntricaMétodo de leitura: Lucas 24,13-35,

Lucas 4,16-22

Aparecida (2007)

...” Pastoral bíblica entendida como animação bíblica da pastoral”

De Aparecida ao Sínodo dos Bispos

sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja

(2008)(2008)

No documento pós-sinodal AVERBUM DOMINI, o Papa insiste: devemos assumir “a animação bíblica da pastoral inteira” (VD 76)inteira” (VD 76)

A Bíblia não é uma rama a mais da árvore da A Bíblia não é uma rama a mais da árvore da Igreja, mas a seiva que corre por seu tronco Igreja, mas a seiva que corre por seu tronco

e por todas as suas ramas.e por todas as suas ramas.

Não se quer uma Pastoral Bíblica ao lado de outras pastorais, mas uma pastoral permeada integralmente pela Palavra de Deu s na Bíblia.

O Sínodo afirmou que a Palavra de Deus precisa estar em tudo o que a Igreja faz. Assim, a Verbum Domini enumera os diversos campos de ação: catequese (VD 74); formação bíblica dos cristãos (VD 75); insiste que deve ser primordial o uso da palavra em Congressos e Jornadas Mundiais (VD 76); na animação vocacional (VD 78 -84) sobretudo na formação vocacional (VD 78 -84) sobretudo na formação sacerdotal, dos religiosos e dos fiéis leigos.

O Papa sublinhou a relação da Palavra com as famílias (VD 85); e ainda repetiu insistentemente “a exigência de uma abordagem orante do texto sagrado como elemento fundamental da vida espiritual... com particular referência à lectio divina” (VD 86-87).

Desde a DEI VERBUM até a VERBUM DOMINI, épossível perceber o esforço criativo na Igreja do Brasilpara acentuar a Palavra de Deus em sua vida e missãoevangelizadora.Graças às mudanças, tanto no âmbito eclesial comosócio-cultural, a Igreja Católica pode repensar suaprática eclesial e buscar na Bíblia, respostas para osdesafios emergentes.

Com certeza, a Bíblia Com certeza, a Bíblia sendo assumida pelas Dioceses, paróquias e comunidades, como a

FONTE e ALMA de toda PASTORAL, será uma das mediações privilegiadas na promoção da pastoral

de conjunto.

IGREJA: IGREJA: lugar de animação bíblica da vida e da pastorallugar de animação bíblica da vida e da pastoral

“Estamos num tempo de muitas falas, muitos ruídos, jeito barulho, incertezas e crise de referências.O mundo fala, mas tem sede de palavra que guia, tranquiliza, palavra que guia, tranquiliza, impulsiona, envolve, ajuda a

discernir. O mundo tem sede,portanto, da palavra de Deus.Nosso tempo carece de conhecer verdadeiramente a

Palavra, deixar-se apaixonar por ela e, com ela, caminhar pelas sendas

do Reino”. (DGAE 48)

“Com a passagem dos anos, os documentos conciliares não tem perdido sua atualidade: ao

contrário, os seus ensinamentos revelam-se particularmente

pertinentes diante dos novos pertinentes diante dos novos apelos da Igreja e da sociedade

atual globalizada”.

Papa Bento XVI. Primeira mensagem (20/04/05)