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1986: 247 índios rumam para a extinção 2007: 723 Parakanã resgatam sua etnia ANO XXX - Nº 217 - OUTUBRO/NOVEMBRO - 2007 A REVISTA DA ELETRONORTE

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1986: 247 índios

rumam para a extinção

2007: 723 Parakanã

resgatam sua etnia

ANO XXX - Nº 217 - OUTUBRO/NOVEMBRO - 2007 A REVISTA DA ELETRONORTE

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ConselhoEditorial: Diretor-Presidente, Carlos Raimundo Nascimento - Diretor de Planejamento e Engenharia, Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comerciali-zação, Wady Charone - Diretor Econômico-Financeiro, Astrogildo Fraguglia Quental - Diretor de Gestão Corporativa, Manoel Ribeiro Gerentes Regionais Coordenação de Comunicação e Relacionamento Empresarial: Zenon Pereira Leitão - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - Edição e Reportagem: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Bernardo (DRT 1462-PA) - Michele Silveira (DRT 11298-RS) - Núcleos de Comunicação das unidades regionais - Foto da capa: Rony Ramos - Fotografi a: Rony Ramos, Roberto Francisco, Alexandre Mourão, Núcleos de Comunicação das unidades regionais - Tiragem: 10 mil exemplares

(Prêmios 1998/2001/2003)

TECNOLOGIAPágina 3

ENERGIA ATIVA Páginas 16 e 20

MEIO AMBIENTEO caminho das árvoresPágina 23

CORRENTE ALTERNADAPáginas 11 e 13

FOTOLEGENDAPágina 47

RESPONSABILIDADESOCIALCampus universitário de Tucuruí começa a construir um pólo de engenharia em plena AmazôniaPágina 30

CIRCUITO INTERNOPágina 42

AMAZÔNIA E NÓSPágina 44

CORREIO CONTÍNUOPágina 46

SUM

ÀR

IO

TRANSMISSÃOSNPTEE reúne a inteligência do Setor ElétricoPágina 36

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Byron de Quevedo

Está fazendo o maior sucesso nas para-das dos postos de combustíveis uma nova dupla que há pouco tempo era apenas uma promessa: Brasil & biodiesel. Ambos tiveram histórias de vida difícil. Brasil é muito criativo e com muitos recursos, mas sempre subdesenvolvido. Já o biodiesel veio de baixo, suas raízes estão nos cam-pos, fl orestas, várzeas e lixões. Foi trazido para os grandes centros por investidores que acreditavam na força do interior. Então o Brasil resolveu produzir o biodiesel. E não deu outra: agora o mundo todo quer essa dupla sertaneja que é pura energia. O Brasil, todos já conhecem, mas o bio-diesel é que é “o cara”. É um elemento oleaginoso que pode substituir o diesel integralmente, mas vem fazendo mais su-cesso nas suas performances tipo fusion, nas concepções B2%, B5% e B20%, que misturado ao diesel, proporciona economia de divisas e de combustíveis fósseis, melhora o meio ambiente, gera milhares de empregos e emociona multidões.

TEC

NO

LOG

IA Brasil & biodiesel

“A bioenergia” é cantiga de sucesso da dupla. Ela surge num momento que a huma-nidade se alarma com uma possível crise, ao se exaurir as reservas mundiais de petróleo nos próximos quarenta anos. A catástrofe não ocorrerá, pois outras fontes renováveis pinta-ram nas paradas: eólica, solar, hidráulicas e oceânicas, a originada da gordura animal e a proveniente do esmagamento de sementes oleaginosas e outras biomassas. “A bioener-gia” é uma melodia muito bonita para os nossos tempos, porque fala de esperanças.

There´s no bussiness like agrobusiness - Alguns países da Europa já usam o biodiesel 100%, enquanto no Brasil, a Petrobras tra-balha com a obrigatoriedade da inserção de 2% de biodiesel no diesel, a partir de janeiro de 2008. O chamado agrobusiness já per-cebeu as possibilidades de lucros do setor. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o Brasil deverá manter a liderança entre os países emergen-tes na produção de energias renováveis pelos próximos 25 anos, mas o setor já representa 45% da nossa matriz energética.

Uma dupla sertaneja de sucesso que é pura energia

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A bioeletricidade retirada da produção de resíduos da cana-de-açúcar e álcool, por exemplo, poderá chegar a 15% da matriz energética brasileira, até 2020. Mas é um nicho ainda sem tradição na produção de energia e sua participação atual é de apenas 3%. Paralelamente à substituição da árvore de subprodutos do petróleo pelos novos alcoóis vegetais e biocombustíveis, está a necessidade de se reduzir as emissões de gases para minimizar o efeito estufa na atmosfera. E nesse sentido o biodiesel também é uma solução promissora.

Fã-clubes - Teme-se, entretanto, que com a destinação de sementes oleaginosas e ou-tras biomassas para a produção de energia, os produtos alimentícios possam encarecer, pela escassez. Quem rebateu a colocação foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 62ª Assembléia Geral das Nações Unidas, quando do lançamento da cúpula sobre biocombustível, em defesa do etanol derivado da cana-de-açúcar e do bio-combustível. Lula tem se tornado um cava-leiro das bem-aventuranças desse combus-tível. Aproveita seus encontros internacionais para “cantar” as possibilidades de negócios no setor a investidores internacionais. E tem sido bem recebido. Nesse mesmo palco, ele falou a representantes de 192 países enfa-tizando ser a produção de biocombustível compatível com a produção de alimentos e

com a preservação ambiental, principalmente sendo o Brasil um País de dimensões conti-nentais onde, ainda, as terras destinadas a vegetais com fi na-lidades energéticas chegam a apenas a 1% das áreas agricul-táveis. O entusiasmo de Lula é compreensível: ele é o maior fã da dupla Brasil & biodiesel.

Ó o biodiesel aí, gente! - O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia,

Ricardo de Gusmão Dorneles (foto ao lado), afi rma que o programa de biocombustíveis foi generalista, mas que já existe intenção de se aumentar os percentuais e de antecipar os prazos para inserção do biodiesel no diesel, principalmente para motores estacionários, como dragas e geradores. “O foco do pro-grama foi para atender o setor de transportes

como um todo. A Lei Federal 11.097, de 2005, estabeleceu o percentual míni-mo de 2% a partir de janeiro de 2008 e de 5% a partir de 2013, data já ante-cipada para 2010. Passamos dois anos fazendo leilões e or-ganizando as ca-deias produtivas. O Decreto 5.448 per-mitiu usos específi -cos para o biodiesel: transporte fluvial, geração de energia elétrica, frotas de ônibus, entre ou-tros. Há vinte auto-rizações para esses usos. A Eletronorte, por exemplo, já usa o biodiesel nos seus parques térmicos de Rondônia, Acre e Amapá. Em São Paulo, 1.800 ôni-bus rodam com o B20% e a Vale do Rio Doce o usa nas suas locomotivas. O Proálcool levou vinte anos para baixar os custos de produção de US$ 0,80 para US$ 0,20 o litro. Se investirmos em tec-nologia, processos e na qualidade genéti-ca da cana e oleaginosas, isto deverá reduzir os custos do biodiesel também, sem perda de sua efi ciência”, cantou a pedra certa, o Dornelles.

O custo do diesel para distribuidora na refi naria é de R$ 1,40 ou R$ 1,50, dependendo da região. O biodiesel custa em torno de R$ 1,80 até R$ 2,00, quase 30% de diferença. Quando se coloca 2% neste produto, o preço fi nal ao consumi-dor aumenta pouco. Só que no mundo dos combustíveis, a margem de lucro por litro é em torno de R$ 0,05. O consumo de diesel no mercado agrícola corresponde a 15% do mercado total de diesel. Há

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fábricas de tratores que dão garantias para uso de B20% nos seus motores. Ca-minha-se para o uso geral de 5%, acima disso haverá percentagens maiores para determinados nichos de mercado.

Carreira internacional - O cenário interna-cional impõe barreiras. A especifi cação do biodiesel europeu inibe o uso do biodiesel de soja, por exemplo. Porém, vários fabricantes brasileiros já têm interesse no exterior e se preparam para a exportação. O sucesso in-ternacional para a dupla Brasil & biodiesel é só uma questão de tempo. “Creio que essas barreiras vão cair mais rápido que as coloca-

das para o álcool. Só há três anos passamos dos 800 milhões de litros para 3,5 bilhões de litros. O potencial do biodiesel é enorme. A glicerina tinha uma participação maior. Foi expulsa do mercado por causa dos baixos preços do petróleo. Agora ela voltará ao cenário, pelo aumento da oferta mundial do produto. A mesma coisa acontecerá na alco-olquímica, fertilizantes e outros subprodutos dos óleos vegetais. Mas não há um programa de desoneração de tributos para os subpro-dutos do biodiesel. O que há é a aplicação de recursos para desenvolver a tecnologia que facilite a introdução desses subprodutos no mercado”, comenta Dorneles.

A força que vem do campo

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Pirataria - Com tanto sucesso será difícil controlar o mercado informal dos biocombustíveis. A Agência Nacional do Petróleo - ANP é o órgão responsável pela fi scalização, por meio do Programa de Monitoramento da Qualidade de Com-bustível. Segundo Ricardo Dorneles, nos

últimos quatro anos caíram os índices de não-conformidade. “Empresas já foram autuadas pelo uso do óleo de soja puro. A ANP fez campanhas publici-tárias, mas a conscientização da população leva algum tem-po. A tecnologia dos motores evoluiu. Usar um óleo vegetal qualquer, pode ser mais eco-nômico, mas poderá danifi car os motores”.

Entre 1983 e 1993 o Brasil andou consumindo uma mistura de álcool de cana, gasolina e

metanol, importado. Dizem que o País de-gustou quase um bilhão de litros desse álcool tóxico, mas diminuiu os efeitos da sua crise de abstinência. Na época apareceu frentista de posto usando máscara, muita gente fi cou cega e alguns morreram, pela nocividade do produto.

De acordo com Dorneles, o metanol requer cuidados especiais, mas não houve uma catástrofe. “Hoje a indústria consome metanol e não há notícias de grandes aciden-tes. Precisa-se de álcool no biodiesel, para fazer a reação e retirar a glicerina do produto. Usando o metanol, a reação é quimicamente mais fácil e mais barata que fazê-la usando o etanol (de cana). O metanol requer cuidado no recebimento, armazenamento e utiliza-ção, mas o biodiesel distribuído hoje é menos tóxico que o diesel normal. A população pode fi car tranqüila”.

Produção independente - Em princípio, não há impedimento para que empresas fabri-quem o seu próprio biodiesel. Inclusive elas não precisarão recolher PIS/Cofi ns, porque não há operação de venda e nem fatura-mento. Mas é necessária a autorização para produzí-lo e deve-se ter o registro especial da Receita Federal. Empresas diferentes e de um mesmo grupo econômico não são tidas como autoprodutoras.

Segundo Dorneles, na Região Norte exis-tem apenas duas unidades de biodiesel, uma em Belém, a Agropalma, e outra em

Rondônia, a Rolin de Moura. “Portanto, o trabalho da Eletronorte incentivando a produ-ção em locais distantes dos grandes centros é importante, pois ajuda na disseminação do programa de biodiesel. Já existem 42 unidades autorizadas no País. A logística na Região Norte é complicada e as distâncias difi cultam o acesso a esses mercados me-nores”, comenta.

O gerente de Desenvolvimento Energético de Comunidades Isoladas, da Eletronorte, Ércio Muniz Lima (foto ao lado, à esquer-

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da), explica que há uma dependência de políticas públicas (como transporte, saúde, entre outros) para viabilizar as fontes alter-nativas. A Eletronorte foi pioneira na instala-ção de sistemas fotovoltaicos, em execução conjunta com o programa Luz Para Todos, levando essas fontes a trinta mil escolas na Região Norte, por meio da construção de hortas comunitárias (irrigadas com o uso de energia solar), que - juntamente com o Ins-tituto Mandalla - fornecem também alimento para a escola e para as famílias dos alunos. “Além da energia solar, há aquela gerada por resíduos de madeira no Acre e Amazonas; álcool de batata doce no Tocantins; usinas movidas a castanha e amendoim em Mato Grosso; gaseifi cador com a semente do açaí no Pará e o fogãozinho, que gera até 100 kW de energia, capaz de alimentar seis lâmpa-das e uma televisão simultaneamente.

Segundo Ércio, o grande diferencial do Brasil é o biocombustível. “Temos não só o álcool, mas também o querosene das ole-aginosas. O petróleo formou-se dos fósseis vegetais e animais, que foram confi nados durante milhões de anos, sob altas pressão e temperatura. Ele e o biodiesel se abrem em vários subprodutos similares porque têm a mesma origem vegetal ou animal. Só que não há novas reservas de petróleo em forma-ção. O motor diesel foi desenvolvido para ser movido a óleos vegetais. Temos que incluir

nesse tema o biogás retirado da decompo-sição de matérias orgânicas. Da queima da madeira podem-se obter vários gases. Os combustíveis originários de petróleo contêm enxofre, chumbo e monóxido de carbono. Já os combustíveis oriundos de plantas oleagi-nosas têm emissões menos nocivas”.

Na onda do microondas - Transesterifi ca-ção é o processo químico mais usado no Bra-sil para a produção do biodiesel. O método trabalha com óleos vegetais mais um álcool metanol ou etanol, e mais um catalisador básico ou ácido. A forma tradicional usa o metanol em 20%, que se mistura ao óleo vegetal e retira a glicerina, por meio de uma reação química auxiliada por um catalisador. Quando se usa o etanol, o processo leva 48 horas e gasta muito álcool para fazer a lavagem, normalmente na ordem de 60 %, para lavar 20% de glicerina. Porém, a Ele-tronorte e a Universidade Federal de Mato Grosso desenvolveram a tecnologia da rota ácida, com um catalisador ácido, como o etanol, e usando um microondas, que faz a reação acontecer em 15 minutos. Por esse processo, o volume do etanol passa de 60% para a 20%, o álcool se transforma em glicerina e depois da lavagem o óleo vegetal se transforma em biodiesel.

Outro vegetal importante para a pro-dução de biodiesel é a mamona (contém 43% de óleo) que também é polímero; ou seja, contém cadeias moleculares do car-bono e hidrogênio e podem gerar outros derivados: plásticos gabinetes de compu-

Mamona, o que era mato virou ouro

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tadores, telefones ou eletrodomésticos, peças de automóveis, isopor e silicones. Além da mamona há varias oleaginosas de origem de palmas: andiroba, babaçu, dendê, murumuru, buriti, carnaúba, jaci, com percentuais de óleo em suas semen-tes de até 45% do seu volume total. “Há ainda uma grande massa vegetal que podemos colocar em gaseifi cadores para gerar energia. Podemos usar os resíduos para geração de energia. O valor do óleo nobre da castanha chega a R$ 30,00 e o da mamona R$ 4,80 por litro. Então o indicado é fazer o biodiesel com os resí-duos e deixar a parte nobre para outras fi nalidades: cosméticos, fármacos, tintas e vernizes”, explica Ércio.

Boca no trombone - Além dos benefícios gerados pelo biodiesel, deve-se alardear aos quatro cantos a possibilidade de empresas do Setor Elétrico virem a obter recursos oriundos dos créditos de carbono, regulamentados pelo Protocolo de Kyoto. Há uma série de obras que evitarão o consumo de diesel e as emissões de gases na atmosfera, como a construção da linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus, em 500 kV, e as usinas hidrelétricas da bacia amazônica. Entretanto, o especialista em energia e mudanças cli-máticas do Banco Mundial, Augusto Jucá, recomenda que se examine a questão ur-gentemente, antes que a decisão de construir essas obras seja pública e irrevogável.

Por exemplo: não se pode pedir créditos de carbono do Programa Proálcool porque a decisão de fazê-lo foi anterior ao Pro-tocolo de Kyoto. Segundo Jucá, a substituição de par-ques térmicos por sistemas hidroenergéticos promoverá reduções, mas não há uma metodologia para que isto seja aceito pelo Protocolo. Entretanto, pode-se propor uma nova alternativa para esse tipo de ação. “O Pro-tocolo de Kyoto, dentro da Convenção do Clima, quer reduzir os gases de efeito estufa e baixar a taxa de aumento da temperatura média do globo. As reduções de emissões são certifi cadas e carimbadas como um certifi cado. Para isso existe um mercado em que as na-ções ricas compram esses certifi cados por meio de in-termediários. Portanto, esses créditos se tornam dinheiro vivo e já na casa dos bilhões de dólares. Uma tonelada de carbono não emitida pode ser vendida por até 18 euros. A desativação do parque tér-mico de Manaus, por exem-plo, poderá gerar devoluções de créditos de carbono que poderão, inclusive, abater parte dos recursos investidos no sistema de transmissão”, esclarece Jucá.

A batata-doce também vira biocombustível

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A Eletronorte vive uma situação contra-ditória no mercado brasileiro de bioenergia. Ela pesquisou novas tecnologias e tem seus próprios métodos de fabricação do biodiesel; incentivou a formação de cooperativas de produtores de oleaginosas; é pró-ativa em relação ao Programa de Agricultura Familiar; e tem construído fábricas de biodiesel e óleos vegetais. Entretanto, um lapso na legislação não permite que ela, uma das maiores con-sumidoras de diesel do País, consuma o seu próprio combustível. Segundo o coordenador- geral de Biocombustíveis do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Jânio Luís Rosa, notadamente no caso da fábrica de biodiesel de Guariba (MT), a saída para o problema é organizar a base produtiva: ter a garantia de qualidade e quantidade na oferta de produ-ção e estabelecer um processo sustentável. “No segundo momento, já que existe uma cooperativa, é saber onde esse processo está inserido. Trabalhar as capacitações de meto-dologias de gestão dos processos de extração, o processo produtivo e o armazenamento. E trabalhar as competências dos cooperados e gestores para absorver a tecnologia da gestão. E o terceiro ponto é ter o domínio da tecnolo-gia ou da transferência do conhecimento, gera-do na universidade ou na própria Eletronorte, para a apropriação da agricultura familiar, no processo de cooperativa, pois eles serão ao mesmo tempo produtores de oleaginosas e industriais do ramo de biodiesel”.

Legião urbana - Tão importante quanto a limpeza atmosférica gerada pela bioenergia, é a nova opção de vida para muitos expulsos de suas terras que superlotavam as cidades, como uma legião de desesperançados, em busca de trabalho, e que agora retornam à sua verdadeira vocação agrícola, produzindo oleaginosas para 21 empresas privadas com o Selo de Combustível Social já concedido. Hoje são cem mil agricultores familiares com contrato com essas empresas, com um 1,4 bilhão de litros de capacidade instalada e em torno de 860 milhões de litros em produção. E com uma área superior a 550 mil hectares de oleaginosas plantadas.

Jânio Luís Rosa comenta que percebe no modelo Guariba um início idêntico a outros que buscam a organização da base produtiva da agricultura familiar e caminham no sentido de

uma verticalização; ou seja, a agricultura familiar se inserindo em um mercado produtivo de geração de energia. “Me parece que o problema é o custeio e não o investimento. A questão é como organizar a base produtiva e fi nanciar a atividade e a aquisição do material disponível no mercado, para que a coope-rativa se transforme num mercado de óleo e de biodiesel”.

Capital inicial - No município de Guariba, a Eletronorte instalou uma usina de biodiesel com o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso, que transformou o local num campus avançado. A fábrica produz dois mil litros de óleo por dia, com tecnologia inovadora, utilizando o etanol para a produção do biodiesel, em vez do metanol, importado. A Empresa desen-volveu também uma nova tecnologia usando o álcool de cana ou de batata doce. “Como há controvérsia sobre o plantio da cana no Amazonas, desenvolvemos com a Universidade Fe-deral de Tocantins uma fábrica de álcool de batata doce, em Palmas, já em pleno funcionamento. O diferencial da cana para a batata doce é que, enquanto a cana só se viabiliza em grandes plantações, a batata doce usa áreas menores. Uma família que possua dois hectares de terra pode fazer o seu plantio para uma pequena usina, e ter a sua independência

Só pra contrariar

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energética, saindo da agricultura de subsistência para entrar num mercado de tecnologia. Ela tem ainda a torta protéica para alimentação animal. Enquanto a cana produz noventa litros de álcool por tonelada plantada, o álcool de batata doce gera até 170 litros. Isto faz com que o lucro líquido por hectare seja de R$ 11 mil, enquanto o da cana é de apenas R$ 3 mil”, ressalta Ércio Muniz.

A parceria entre a Eletronorte e a Universidade Federal do Tocantins já está melhorando as condições de vida e trazendo alegria para muitas famílias. O maranhense Se-bastião Moreira Nascimento (foto abaixo), 55 anos, é um dos que estão felizes com a nova realidade proporcionada com o projeto. Ele é chefe de uma família de sete pessoas e trabalha no plantio da batata doce, no Campus da UFT, em Palmas. “Está sendo uma maravilha, pois sempre gostei do cultivo da batata”, diz Sebastião.

Já o projeto de Guariba é composto por quatro módulos temáticos: tecnológico, agronômico, economia e de educação ambiental. Até então a comunidade vivia em situação de alta precariedade, isola-da do resto do País, contando com pou-quíssima ou quase nenhuma proteção do governo. O grande desafi o a ser venci-do está relacionado a fazer com que a usina funcione em processo de auto-gestão pela comu-nidade e que esta tenha amplo domínio da cadeia produtiva do biodiesel.

Estudos de cunho

social, econômico e político foram efetua-dos sob a responsabilidade do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical do Departamento de Economia da Univer-sidade Federal de Mato Grosso, visando à valoração da fonte alternativa de energia e à identifi cação de espécies oleaginosas, bem como aspectos da vida das famílias de agricultores.

Paralamas do sucesso - A produção de bio-

diesel, no entanto, não se esgota apenas com a implantação de uma usina. Há toda uma cadeia produtiva que deve ser implementada, desde o plantio/extrativismo de oleaginosas, a extração e purifi cação de óleos, o plantio da cana-de-açúcar/batata doce e a produção de etanol, além de todo um sistema de gestão que deve ser implementado de forma a que o projeto tenha sustentabilidade econômica e ambiental e contribua de fato para a melhoria da qualidade de vida e inclusão social da população

A usina implantada em Guariba, por produzir biodiesel em pequena escala (1.500 litros/dia), apresenta um custo de produção que chega a ser o dobro do custo das usinas que produzem biodiesel em média escala (30.000 litros/dia). Esse custo de produção maior é, de fato, ainda compensador quando se trata de Guariba, considerando-se a falta de opções da co-munidade. Entretanto, há que se explorar ao máximo as inúmeras possibilidades de aproveitamento econômico de todos os elos da cadeia produtiva do biodiesel, não apenas pelo potencial em reduzir dessa forma os custos de produção do combus-tível, mas também pela possibilidade de incluir maiores parcelas da população no processo, além de evitar danos ao meio ambiente, pelo não aproveitamento dos co-produtos da cadeia do biodiesel. É fun-damental frisar que a variedade de óleos presentes na região deve ser levada em conta, diversifi cando a cadeia produtiva do biodiesel e possibilitando a produção de uma série de outros produtos, geradores de emprego e renda.

A Comunidade de Guariba está situada na divisa de Mato Grosso com o Amazonas, no município de Colniza, distante 150 km da sede do município e 1.600 km de Cuiabá, onde vivem 4.500 habitantes. A partir de agora eles também estão nas paradas de sucesso da dupla Brasil & biodiesel.

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Érica Bernardo

No cenário atual de discussões sobre o aquecimento global e a necessidade urgente de mitigar os efeitos nocivos da ação huma-na, três setores têm papel fundamental no País no combate à redução da emissão de gases dióxido de carbono (CO²) e metano na atmosfera: o social, que deve evitar os desmatamentos; o agropecuário e o energé-tico. A importância do Setor Elétrico nesse contexto está ligada principalmente à produ-ção de energias alternativas, assunto do IV Workshop de Química e Meio Ambiente pro-movido pela Eletronorte, em Belém (PA), que reuniu importantes pesquisadores brasileiros e apresentou ao público diversas inovações.

Há algumas décadas, seria impensável enxergar um caminho alternativo para o pro-blema das mudanças climáticas e a produção de energia elétrica, principalmente quando o assunto era geração térmica. Mas a situação começou a mudar a partir de estudos pionei-ros feitos por um grupo de pesquisadores do Jardim Botânico de São Paulo e do Departa-mento de Botânica da Universidade de São Paulo - USP, que se dedicam, atualmente, à análise do comportamento das plantas diante do aquecimento global e seu potencial uso na produção de bioenergia por meio da biomassa (ver matéria na página 3).

O estudo partiu do conhecimento, já com-provado, de que as plantas da zona tempera-da, crescidas em atmosfera de CO² elevado, apresentam um aumento de biomassa em conseqüência de maiores taxas de fotossín-tese. Contudo, restava saber se as plantas

tropicais se comportavam da mesma forma. Assim começaram, em 2000, as investiga-ções sobre as respostas fi siológicas do jatobá (Hymenaea courbaril) às altas concentrações de gás carbônico.

Viva o jatobá - “Escolhemos o jatobá (foto

acima) porque é uma espécie da família das leguminosas, muito representativa na região neotropical. No Brasil tem muito jatobá. É inte-ressante porque permite que extrapolemos os dados para outras espécies. Fizemos estudos profundos com essa planta e demonstramos que, em condições boas de água e nutrien-tes, ela seqüestra (armazena) carbono; e faz mais celulose quando está em um meio de alto gás carbônico. Mas ainda não sabemos o que vai acontecer quando a gente aumentar a temperatura e diminuir a água, que é o que eu chamo de tripé das mudanças climáticas. Estamos fazendo esse experimento agora”, explica o coordenador da pesquisa, professor Marcos Buckeridge.

regenerar fl orestas e produzir energia alternativa

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Em seu laboratório, o pesquisador simula a concentração de carbono no ano de 2050. O mapeamento é feito com mudas de uma mes-ma espécie em câmaras especiais (ao lado) de topo aberto, separadas, com diferentes níveis de CO². Numa delas, a quantidade de gás carbônico injetado é semelhante às condições atuais de concentração, 370 ppm (partes por milhão). Na outra, as plantas se desenvolvem com 720 ppm de carbono, que é condição prevista para daqui a 43 anos.

Segundo Buckeridge (foto ao lado), o jatobá vem respon-dendo às concentrações de CO² desde o início do século, o que signifi ca que, além de fazer mais fotossíntese, a planta também seqüestra mais carbono e faz mais açúcar. “Uma plantação de jatobá tem bom seqüestro de carbono entre vinte e trinta anos. Então, vamos ter bastante carbono armazenado. Contudo, é mais vantagem regenerarmos a fl oresta do que ter uma mo-nocultura de uma árvore que

seqüestre muito carbono”, esclarece.Depois de aprofundar as análises sobre

o jatobá, os pesquisadores ampliaram as investigações e incluíram mais seis espécies, entre elas a cana-de-açúcar (Saccharum offi cinarum) e o mata-pasto (Senna alata); esta última, cujo estudo está sendo feito em parceria com Laboratório de Química e Meio Ambiente (ENQA) do Centro de Tecnologia da Eletronorte, com recursos iniciais de R$ 650 mil do Programa de Pesquisa e Desenvolvi-mento (P&D) da Empresa.

Mata-pasto - Facilmente encontrado no Nor-te do Brasil, o mata-pasto apresentou cerca de 60% a mais de biomassa quando submetido a níveis altos de CO² do que em concentrações normais de gás carbônico. O mesmo ocorreu com a cana-de-açúcar. Portanto, ambas as plantas podem ser usadas na geração de energia alternativa, como assegura o químico e líder do ENQA, Augusto Saraiva.

“O mata-pasto é uma leguminosa lenhosa que tem poder calorífi co e muitas vantagens: já foi testado em gaseifi cador e é viável técni-ca e economicamente. Além disso, se adapta a qualquer região. Podem ser produzidos gaseifi cadores de pequeno porte, como os de um kVA, que serve para duas famílias de comunidades isoladas, com pequenos

agrupamentos, não sendo necessária linha de transmissão ou de distribuição. O tamanho dos galhos também é ótimo para queimar em gaseifi cadores”, diz. Além de gerar energia, a Eletronorte já estuda, em parceria com a Uni-versidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, formas de produzir uma espécie de mata-pasto menor para ser plantado embaixo das linhas de transmissão, o que reduziria os custos da Empresa com roços.

Embora as pesquisas sejam animadoras do ponto de vista da geração de energia alterna-tiva, surge um dilema: preservar e recuperar fl orestas ou plantar para produzir biocombus-tível? O questionamento acontece facilmente quando consideramos o histórico do País. “O Brasil já emitiu cerca de três bilhões de tone-ladas de carbono na atmosfera somente com o que queimou da fl oresta amazônica. Se cal-cularmos os estoques de carbono, dobrando a produção de cana, por exemplo, nos próximos cem anos não chegaríamos nem a 10% do total de fl orestas que já foram queimadas”, sinaliza Buckeridge.

A solução, para o botânico é, portanto, o que ele chama de “o caminho do meio”. “É melhorar a nossa tecnologia para produção de biocombustível com cana e outras plantas e regenerar a fl oresta, principalmente as matas ciliares. Isso ajudaria a seqüestrar o carbono, traria a biodiversidade de volta e nos daria áre-as a serem exploradas de forma sustentável. Um país que deseja ser potência ambiental, como é o caso do Brasil, não pode destruir suas fl orestas para colocar cana no lugar”, fi naliza Bukeridge.

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A Eletronorte, por meio da sua Regional de Produção e Comercialização de Tucuruí, está entre as 150 Melhores Empresas Para Você Trabalhar - Revista Exame e Você S/A, Ciclo 2007. O gerente da Regional, Antônio Augusto Pardauil, expressa o sentimento de todos os empregados neste depoimento:

“Nós participamos todo ano do ciclo de avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ. Essa prática de ter uma avaliação externa do nosso processo de gestão nos encorajou a participar da 11ª edição do Guia Melhores Empresas Para Você Tra-balhar - Revista Exame e Você S/A, uma pesquisa consagrada no Brasil que mede o clima organizacional. Nós costumamos ter o conceito de que a nossa Empresa é boa, mas ainda não sabíamos se essa premissa era verdade também aos olhos externos. Para a grata surpresa nossa, logo em nos-sa primeira participação fomos escolhidos entre as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. E o que é melhor, se olhar a pesquisa por segmento, no ramo de energia elétrica a Eletronorte é a primeira colocada e nós disputamos com empresas tradicionais, privadas, que também têm um programa de gestão avançado. A pesquisa nos comprovou que temos uma política de gestão de pessoas fantástica, fora de série, e que a prática de que nosso bem mais importante é o ser humano, nosso colabo-rador, tem dado certo, nos enchendo de orgulho. Ficamos entre as dez melhores do País. Ser Eletronorte já é um desafi o; e um orgulho muito grande é ser da Eletronorte em Tucuruí, um desafi o que nos encoraja a fazer uma gestão cada vez melhor, encoraja a quem trabalha aqui fazer um trabalho cada vez melhor, e o que é mais importante, os empregados que estão chegando agora na Empresa, o time que vai ser o futuro da Eletronorte e o futuro de Tucuruí está en-gajado nesse processo. Com o trabalho que estamos fazendo aqui, somos um exemplo não só para a Empresa, mas para o Brasil, porque temos um patrimônio público do tamanho de Tucuruí, administrado de uma forma participativa, envolvente e com gran-de responsabilidade”.

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Processo - O processo de seleção passa por três etapas. Primeiro a Regional de Tucuruí respondeu a um questionário que mede o grau de satisfação dos colaboradores, com a participação de 144 dos 192 empregados. Em seguida foi respondido um outro questionário com informações gerais sobre a Empresa. E, fi nalmente, houve a visita às 220 empresas, entre as 491 que participaram do certame e que tiveram um número mínimo de questioná-rios respondidos. No dia 27 de julho a Empresa recebeu a confi rmação que estava entre as 150 e, no dia 12 de setembro, aconteceu a premiação em São Paulo.

Vale ressaltar algumas posições con-quistadas: Entre as melhores por setor, a Eletronorte fi gurou com o primeiro lugar das

energéticas, à frente da CPFL e AES; entre aquelas cujos empregados têm mais orgu-lho de trabalhar, fi cou à frente de sete das dez melhores; entre os empregados mais satisfeitos e motivados, fi cou à frente da nona entre as dez melhores; em relação aos que acreditam ter desenvolvimento, fi cou à frente da segunda, sexta e sétima; já entre as que aprovam seus líderes, fi cou à frente da segunda, sexta, sétima e nona; quanto ao fator Cidadania Empresarial, à frente da oitava e nona melhores; em Políticas e Práticas, à frente da décima melhor; e nos subfatores Desenvolvimento, Remuneração e Benefícios, e Saúde, fi cou à frente da quinta, sexta, sétima oitava, nona e décima melhores.

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Avaliada em uma unidade regional, a Ele-tronorte foi selecionada na categoria Empresas Pequenas, com uma nota fi nal de 79,6 pontos. A primeira colocada, bicampeã do Guia, a Masa, obteve 92,1 pontos.

PNQ - Pardauil já adianta que a Regional pode ser consagrada com outra premiação, desta vez do PNQ. “A avaliação do PNQ é extremamente rigorosa e teve os critérios mo-difi cados este ano, tornando-a mais rigorosa ainda, e já fomos para a etapa fi nal, de visita técnica. O processo começou com 58 em-presas e hoje 24 estão passando pela etapa da visita. Independentemente da premiação acontecer ou não, já conseguimos ter a força

de trabalho envolvida na rotina de gestão, produtivo, administrativo e ambiental, todos conhecem os fundamentos de excelência, o que queremos como Empresa, qual o nosso foco, o que precisamos fazer para levar energia para o Brasil todo. Esse grande envolvimento já conseguimos. O processo de busca da excelência de 2007 capacitou internamente cinqüenta pessoas nos critérios da excelência, houve disseminação dos critérios para mais de 150 empregados e essa alegria, esse orgulho, tenho certeza que os avaliadores também estão sentindo, vêm coroar diversos outros eventos, como o Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho na categoria Grandes Empresas, no Estado do Pará”.

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O XIX Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica - SNP-TEE, realizado no período de 14 a 17 de outubro no Rio de Janeiro, promovido pelo Cigré-Brasil e organizado por Furnas, terminou com um saldo bastante produtivo: focados no modelo atual do Setor Elétrico, com ênfase para o uso de alta tecnologia para diminuir custos e aumentar a confi abilidade de equipamen-tos, os 510 trabalhos apresentados nos 16 grupos temáticos possibilitaram ampla troca de conhecimentos entre os cerca de dois mil participantes. Considerado o maior evento do Setor Elétrico, o SNPTEE retomou o caráter técnico que sempre dominou o evento, com a apresentação de muita inovação e técnicos altamente especializados, que abordaram os aspectos técnicos, regulatórios e geren-ciais que envolvem a indústria de energia elétrica.

De acordo com José Henrique Machado Fernandes, presidente do Cigré-Brasil e assistente da Diretoria de Planejamento e En-genharia da Eletronorte, (foto abaixo) ao lado do coordenador- geral do SNPTEE, Mário Lima Rocha, ao centro, e do diretor de Operação e

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VA SNPTEE reúne a

inteligência do Setor ElétricoComercialização de Energia, Fábio Machado Resende, à direita) “a participação no SNPTEE possibilita o contato e a troca de experiência com colegas de todas as empresas do Setor Elétrico que realizam o mesmo trabalho que o nos-

so, permitindo assim uma rápida atualização sobre o que está sendo praticado, as principais tendências e sobre o que há de mais moderno em nosso ramo”.

Para José Henrique, participar da Comis-são Organizadora foi motivo de satisfação, a despeito do grande volume de trabalho que envolve um evento dessa magnitude. “Sinto-me gratifi cado pelos excelentes resultados obtidos. Proporcionar meios para que o inter-câmbio de conhecimentos possa acontecer em um ambiente adequado e propício ao debate é algo que sempre me fascinou. Assim, trazemos idéias e procedimentos que podem ser aplicados de imediato pela Eletronorte, gerando grande economia, bem como apre-sentamos os principais desenvolvimentos de nossa Empresa, colocando-a em destaque no cenário técnico nacional, como a torre estaiada monomastro com feixe expandido, em 500 kV, que está estreando na Interligação Norte-Sul III e sem dúvida será um marco na engenharia de linhas de transmissão, como foram as tor-res raquete e cross-rope, todas lançadas pela Eletronorte e hoje de larga utilização pelo Setor Elétrico brasileiro. O SNPTEE é, portanto, um evento de excelente nível técnico e de ótima relação custo-benefício”.

José Henrique também atuou como um dos relatores do Grupo de Estudo de Linhas de Transmissão. Nesse grupo foram apre-sentados 32 informes técnicos que enfoca-ram o estágio atual do desenvolvimento das linhas de transmissão, abordando aspectos como novas concepções e tecnologias, acidentes e vandalismo, metodologias para projeto, os requisitos ambientais e seus impactos nas práticas das empresas e o mo-nitoramento em tempo real visando a maior segurança, confi abilidade e disponibilidade dos sistemas elétricos.

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Comissão Técnica - A Comissão Técnica do XIX SNPTEE, composta de nove mem-bros efetivos e 48 relatores, iniciou seus trabalhos no mês de junho de 2006, com o objetivo de defi nir o nome, o escopo e o tema preferencial dos 16 grupos de estu-dos. Em agosto daquele ano a Comissão já iniciava as “chamadas de trabalhos”. Quem conta a experiência é o coordenador da Co-missão Técnica e engenheiro de Operação da Eletronorte, Antonio Simões Pires (foto abaixo). “Os interessados em propor traba-lhos para o Seminário apresentaram resumos

do que seria tratado. Essa etapa encerrou em início de novembro. Fo-ram apresentados 1.630 resumos, analisados pe-los relatores. Desses, 36 foram escolhidos para cada grupo, totali-zando 576 resumos. A divulgação dos resumos aprovados e não aprova-dos foi realizada em de-zembro de 2006. Após a divulgação, os autores prepararam os informes

técnicos e os submeteram à avaliação da Comissão. Esse processo foi encerrado em abril de 2007, com aprovação de 510 infor-mes para serem apresentados nas sessões técnicas do XIX SNPTEE”

Durante a realização do Seminário, os membros da Comissão Técnica deram todo o suporte necessário para que as sessões fos-sem realizadas sem problemas. Na sessão de encerramento, o Coordenador apresentou aos presentes as principais constatações técnicas e homenageou dois membros da Comissão pelos inúmeros serviços prestados ao SNPTEE. Agora, a Comissão prepara, em conjunto com o Cigré-Brasil, os anais do evento, fi nalizando a sua missão. “Como podemos constatar, o trabalho dos mem-bros da Comissão Técnica e dos relatores é de grande importância para o sucesso do Seminário. São dois anos de trabalhos ininterruptos para que seja atingido este sucesso durante a realização das sessões técnicas”, relata Pires.

Classifi cação - A Eletronorte apresentou

trinta trabalhos no XIX SNPTEE, dos quais dois foram classifi cados em seus respecti-vos grupos entre os melhores. “Benefícios

Obtidos pelo Sistema Interligado Nacional com o Deslocamento da Geração Térmica proporcionado pela Motorização Adicional de Usinas Hidrelétricas” foi apresentado e premiado na segunda colocação no Grupo de Estudo de Planejamento de Sistemas Elétricos. Os autores são Mário Gardino, Paulo Cesar Magalhães Domingues, Admir Martins Conti e Luiz Fernando Rufato.

“O trabalho que apresentamos propõe o aprimoramento e dimensionamento de usinas hidrelétricas, a fi m de se levar em conta não apenas o benefício por elas acarretado do acréscimo da energia assegurada, como é hoje praticado”, explica Mário Gardino, tam-bém membro do Cigré-Brasil e assistente da Presidência da Eletronorte.

Segundo ele, com as restrições am-bientais ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos, a capacidade dos reservatórios de guardar água tem sido reduzida. Em conseqüência, não é mais possível fazer a regularização das vazões afl uentes às usinas hidrelétricas, o que acarreta mais vertimentos (a água passa pelo vertedouro das usinas e não é gerada energia elétri-ca). Assim, paradoxalmente, as restrições ambientais às usinas hidrelétricas têm contribuído, na prática, para o aumento da instalação de usinas térmicas, que utilizam combustíveis fósseis; portanto, muito mais poluidoras do meio ambiente, pois suas emissões atmosféricas contribuem para o aumento do efeito estufa.

“O trabalho premiado no SNPTEE propõe que o benefício da redução do consumo de combustíveis fósseis seja computado no dimensionamento da potência instalada das usinas hidrelétricas, levando-se em conta a contribuição propiciada pela energia secun-dária (energia temporária, produzida durante o período de vazões altas), que seria apro-veitada pela geração elétrica em unidades geradoras adicionais e não desperdiçada pelo vertedouro”, reforça Gardino.

Mas ele mesmo adverte que, para isso acontecer, deverá haver um aprimoramento do atual modelo setorial. As novas usinas hidrelétricas já incorporariam no dimen-sionamento da sua capacidade instalada a quantifi cação desse benefício, sem aumentar seu reservatório. Algumas usinas existentes, já consolidadas ambientalmente, poderiam ter a sua capacidade instalada ampliada, usando o mesmo reservatório, como o trabalho demons-trou no caso da Usina Hidrelétrica Tucuruí.

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Inspeções acústicas - “A Medição Acús-tica para Avaliação de Transformadores e Reatores com mais de 20 Anos na Regional de Transmissão de Mato Grosso”, acabou na terceira colocação no Grupo de Estudos de Subestações e Equipamentos Elétricos. Os autores são Sérgio Luis Zaghetto, Mauro Barbosa Trindade, Roberto Campos de Menezes, Dorival Secato, Ivan Jesus da Silva, João Antônio Ferrreira Leite e João Silva dos Santos

“Os ensaios de medições acústicas, técnica preditiva que estamos implantan-do na Eletronorte, iniciaram-se como um trabalho que desenvolvemos na Regional de Transmissão de Mato Grosso, onde foi constatado que alguns equipamentos te-riam que ser inspecionados internamente. O problema era quando e onde intervir. Em parceria com o Cepel realizamos as medi-ções nos equipamentos, nas subestações Rondonópolis e Barra do Peixe, quando foi possível inspecionar os equipamentos internamente, identifi cando os defeitos lo-calizados pelos ensaios e bloquear futuras falhas”, explica Zagheto.

Segundo ele, o ensaio de emissão acús-tica vem em conjunto com nossas técnicas

preditivas já consolidadas, apóia na tomada da decisão de detecção de problemas in-ternos nos equipamentos e contribui para evitar que o equipamento venha a falhar. “Após ensaiar mais de 45 equipamentos e validar a técnica, adquirimos o equipamento e atualmente estamos na fase de consoli-dação da análise, para que possamos ter diagnósticos confi áveis, em conjunto com o Centro de Tecnologia da Eletronorte, que fi -cará responsável para executar os ensaios”, adianta Zagheto. Para ele, “a participação no SNPTEE foi bastante importante, pois pudemos constatar que outras empresas já estão utilizando a técnica para detecção de defeitos em outros equipamentos e que poderemos iniciar uma excelente troca de experiências, após consolidarmos a técnica e empregá-la em comutadores”.

A XX edição do SNPTEE acontecerá em outubro de 2009 na cidade de Recife, ten-do a Chesf como empresa anfi triã. “Vamos começar a trabalhar com o Cigré-Brasil e Furnas para avaliarmos o que pode ser aprimorado para a próxima edição”, dis-se Dilton da Conti, presidente da Chesf. Confi ra os depoimentos de alguns partici-pantes do XIX SNPTEE.

O SNPTEE realizado a cada dois anos verdadeiramente é o maior evento do Se-tor Elétrico brasileiro. Como responsável pelo processo educação corporativa na Eletronorte, estou muito orgulhosa por constatar que nossa Empresa, além de investir no aprimoramento, investe tam-bém no zelo e no bem-estar das pessoas quando aprova a participação de 44 profi ssionais entre autores de trabalhos, comissão técnica e aprendizes. Esse é mais um quesito que faz a diferença para todos nós, empregados. A Eletronorte foi uma das empresas que mais apresentou trabalhos em diferentes áreas de conhe-cimento, o que muito contribuiu para o intercâmbio técnico e maior aproximação entre os profi ssionais do setor. O SNP-TEE, com sua abrangência e importância também é um evento que atende aos dois pilares da Universidade Corporativa Eletronorte: educação continuada e gestão do conhecimento .

Eden Brasília - superintendente de Desenvolvimento e Educação Empresarial da Eletronorte.

“ O SNPTEE é considerado o evento mais signifi cativo do Setor Elétrico brasileiro, conseguindo reunir os agentes de geração, transmissão e comercialização de energia elétrica de maneira muito produtiva. É um evento realiza-do a cada dois anos que exige logística e infra-estrutura adequadas. Ao concluir uma edição do Seminário, já estamos começando a organizar o próximo evento. Para 2009, a anfi triã será a Chesf. A partir deste instante ela assume a estrutura do evento e trabalha para garantir sua tradição e continuidade do evento. Isso exige uma estru-tura administrativa forte. Por exemplo, este ano o Comitê Financeiro trabalhou com uma receita de R$ 4 milhões frente a um custo total da ordem de R$ 3 milhões. A di-ferença fi ca para o Cigré-Brasil investir em intercâmbios e projetos de P&D. O que fi ca desta edição do SNPTEE, considerando o modelo atual do Setor Elétrico, é a apre-sentação de novas tecnologias que estão servindo tanto para aumentar receitas e minimizar custos com operação e manutenção, quanto para evitar falhas e desligamentos nos sistemas .

Josias Matos de Araújo - diretor Financeiro do Cigré-Brasil e Superintendente de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão da Eletronorte.

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No SNPTEE, o maior seminário do setor no Brasil, a experiência é inesquecível e as oportunidades de envolvimento técnico com um número diversifi cado de profi ssionais, empresas, universidades, órgãos regula-tórios, é inigualável. Como relator do Grupo de Estudos de Subestações e Equipamentos Elétricos, tivemos a oportunidade de contribuir para a realização do grande evento. No Grupo, os temas foram relacionados a moni-toramento, diagnóstico, manutenção de equipamentos, aplicação de novas tecnologias, transformadores e reatores de potência, subestações e ensaios em equi-pamentos elétricos de alta tensão. Foi observado que a infl uência do novo modelo do Setor Elétrico tem levado as empresas a buscarem novas formas de manter seus equipamentos em operação por mais tempo e com con-fi abilidade. A utilização de novas tecnologias, tanto de equipamentos quanto de metodologias para avaliações de equipamentos no sistema foram alguns dos temas apresentados. O nível dos trabalhos apresentados foi muito bom e a Eletronorte teve um de seus trabalhos premiado em terceiro lugar neste grupo .

Eber Hávila Rose - gerente de Estudos de Sistemas e Especifi cação de Equipamentos da Superintendência de Planejamento da Expansão, da Eletronorte.

A Alusa é uma empresa de engenharia que está conquis-tando espaço no Setor Elétrico brasileiro e não podíamos fi car de fora de um evento como o SNPTEE. Aqui estão todas as empresas e personalidades da área, o que é um privilégio. O novo marco regulatório do setor está dando uma oportunidade para empresas privadas investirem na expansão dos sistemas elétricos, nas áreas de engenharia e infra-estrutura e temos sabido aproveitar essa oportunidade, investindo e participando dos leilões de transmissão e geração. Para nós é fundamental seguir o modelo e estabelecer parcerias com as empresas estatais. É muito importante conseguir esse equilíbrio entre o empreendedor privado, e o conhecimento e a tecnologia esta-tal. Com a Eletronorte já fi zemos parceria para vários projetos, inclusive agora para o leilão de Santo Antônio, no Rio Madeira, que esperamos sair vencedores .

José Lázaro Alves Rodrigues - diretor de Engenharia da Alusa.

O SNPTEE já é consagrado como o melhor e mais esperado evento do Setor Elétrico, que reúne os principais players e as principais tecnologias. A Alstom, como fornecedor de primeira linha e líder absoluto na área de geração, tanto hidráulica quan-to térmica, não podia fi car de fora de um evento desse porte. Ele é prioritário e já está em nossa programação para os próximos dez anos como patrocinador. A Alstom tem participado dos principais projetos no Brasil - nossa parceria com a Eletronorte em Tucu-ruí já dura 30 anos - e já construímos uma história no País, na construção do seu futuro. O mercado está crescendo, a demanda de energia está aumentando e a Alstom tem trabalhado para garantir tecnologias mais avançadas, custos melhorados e serviços aprimorados para atender a essa demanda para o País crescer, o que é também a nossa ambição social .

Márcia Coelho - gerente de Comunicação e Marketing da Alstom.

Furnas trabalhou neste evento um ano e meio. Não é fácil organizá-lo, pelo tamanho do Seminário, que recebe duas mil pessoas. Foi difícil, por exem-plo, conseguir um local adequado que suportasse esse contingente, com au-ditórios e salas de trabalho para abrigar cerca de 200 pessoas em cada um dos 16 grupos temáticos. Chegamos a visi-tar outras cidades, como Brasília, por exemplo, mas encontramos o Riocentro, no Rio de Janeiro, totalmente reformado por causa dos Jogos Pan-Americanos e vimos que aqui era mesmo o melhor local. É uma verdadeira maratona em três dias de trabalho, mas o importante é a troca de experiências e as inova-ções apresentadas, muitas soluções criativas que terminarão por refletir na excelência do Setor Elétrico e num melhor serviço prestado à sociedade. Já passamos o bastão para a Chesf para quem desejamos boa sorte no evento de 2009. Este ano conseguimos o apoio de 51 patrocinadores. Que no próximo es-tejam todos juntos conosco novamente para que consigamos manter o elevado nível do SNPTE .

Mário Lima Rocha - coordenador Geral do XIX SNPTEE.

A Camargo Corrêa veio prestigiar o XIX SNPTEE acredi-tando no futuro do potencial hidráulico brasileiro. Hoje existe uma demanda muito grande na área de energia e o modelo setorial que está sendo implementado é muito efetivo, pos-sibilitando a nossa participação nos grandes investimentos de geração. Sem dúvida, o SNPTEE apresenta os maiores e melhores estudos nessa área, transformando-se num grande aprendizado e ampla troca de informações. Além disso, é uma ótima oportunidade para se rever os amigos nos vários grupos de trabalho .

Carlos Almeida Prado - gerente Comercial da Camargo Corrêa Equipamentos e Sistemas S/A.

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As palavras do título foram proferidas em emocionado discurso pelo jovem Maxa Parakanã. Com 21 anos de idade ele é o retrato do Programa Parakanã, desenvolvido pela Eletronorte, em parceria com a Funai, na área de infl uência da Usina Hidrelétrica Tucuruí, no Pará.

Maxa discursou durante a festa que a comunidade promoveu no fi nal de setembro deste ano, na aldeia Ina-xyganga, na Terra Indígena Parakanã, para comemorar o nascimento do 700º (septingentésimo) Awaete Parakanã do Tocantins. Filha de Xawaria Parakanã e Moete Parakanã, Morona é uma linda menina, nascida em 17 de dezembro de 2006, que vive bem e saudável.

Os Awaete Parakanã do Tocantins, que hoje habitam a Terra Indígena Parakanã, somavam apenas 247 pessoas antes da implantação do Programa, em 1988. No último dia 9 de outubro de 2007 eles já contavam 723 pessoas, vivendo bem, de acordo com o sistema tribal e as ex-pectativas da sua própria cultura. A ação da Eletronorte nasceu pelos impactos causados aos Awaete Parakanã do Tocantins, pela inundação de suas terras em função do reservatório de Tucuruí. Antes, eles se encontravam em situação precária, com muitas doenças transmiti-das por não-índios, que chegaram na região na fase da construção da estrada Transamazônica e mais tarde na ocupação das terras ao longo da estrada e nos assenta-mentos do Incra. Além disso, estavam com sua estrutura tribal afetada pelos contatos indiscriminados com os não-índios que chegavam e circulavam na região.

Em 1986, uma comissão do PNUD/ONU, em visita à aldeia Paranatinga, devido à situação de doenças

“Podemos dizer que estamos no mundo! E dizemos: existimos como Awaete Parakanã”

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em que se encontravam os Awaete Parakanã e a falta de assistência e esperanças, declarou, comparando ao que se passava na Biafra, África, que eles estavam caminhando para o processo de extinção como etnia.

Recomeço - As ações desenvolvidas pelo Programa Parakanã conseguiram reverter a situação de um povo a caminho da extinção para um povo com uma taxa média de crescimento de 5% ao ano e vivendo de acordo com sua cultura, com a auto-estima recuperada e com dig-nidade. A sua terra demarcada e fi scalizada foi mantida sem desmatamentos, sem predadores, sem madeireiros, sem garimpeiros, enfi m, encontra-se na região como uma verdadeira ilha da biodiversidade natural.

“A comemoração do nascimento do septingentési-mo Awaete Parakanã do Tocantins foi uma solenidade muito importante para eles e particularmente para todos que fazem o Programa Parakanã”, afi rma José

Porfírio Carvalho (foto ao alto), indigenista da Eletronorte, responsável pelos programas Parakanã e Waimiri Atroari (AM). Aliás, os Waimiri Atroari são parentes que foram con-vidados para as comemorações. Carvalho conta que “os Awaete Parakanã, nas suas manifestações durante a festa, fi zeram questão de destacar a importância do Programa Parakanã na vida deles e o papel da Eletronorte, que apóia e fi nancia as atividades desenvolvidas pela ação indigenista em andamento. Foi uma festa muito interessante, quando buscavam os funcionários do Programa para juntos divi-direm a alegria e participarem de suas danças e cantos tradicionais”.

Ao comemorar o nascimento do septingentésimo Awaete Parakanã do Tocantins, fi cou a expectativa das novas come-morações pelos nascimentos seguintes e pela meta de atingir o que já aconteceu com os índios Waimiri Atroari, quando a população chegou ao milésimo. Maxa Parakanã acredita nesse futuro. Confi ra a íntegra do discurso dele na página 22.

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Nossa terra Parakanã“Sem dúvidas neste dia em que completamos os setecentos Awaete¹ é

um momento muito especial para o povo Parakanã. É neste instante que po-demos nos perguntar: por que estamos crescendo? Qual era a nossa expec-tativa após o contato com a civilização? Quem contribuiu para que possamos crescer tanto assim? E atualmente, qual o futuro do povo Parakanã?

É, meu povo! Não é tão difícil responder a essas perguntas.Hoje podemos relembrar aqueles Awaete towymina², que foram os primei-

ros Parakanã. Que nos deixaram conselhos, heranças e conhecimentos que nos permite permanecermos fi rmes na luta de repassar esses ensinamentos às gerações futuras.

Podemos dizer que estamos no mundo! E dizemos: “existimos como Awaete Parakanã”.

O verdadeiro Awaete representa as raízes, símbolo da sua identidade, direito cultural, tradicional, social e regional da sua tribo Parakanã. Temos

que comemorar o aumento da nossa população, em conjunto com os toria³, obviamente com a equipe do Programa, mas lembrando sempre do passado, do presente e do futuro do nosso povo.

Depois de muitas difi culdades, o índice de nossa população surpreendeu bastante, superando as nossas esperanças. Mas esse resultado se deve à política particular feita pelo nosso grande e generoso towa4, Porfírio Carvalho, a quem chamamos de verdadeiro xenerowa5 , porque nos deu a existência, a vida e o futuro para nós Parakanã e também aos nossos irmãos Waimiri Atroari da Amazônia. Ele lutou com dedicação, com empenho, com amor, com credibilidade, seriedade, com honestidade, com muita garra e desejo de ver o Awaete prosperar.

Deixou sua família e passou toda a sua vida conosco cuidando de ambas as etnias, e a cada dia que passa temos que agradecer de coração o trabalho do nosso towa.

O Programa que nós temos, fi nanciado pela Eletronorte, é um bom exemplo para o nosso País, pois no início do trabalho éramos 247 Awaete Parakanã xoporemo6 e atualmente nos traz felicidade e imensa emoção ver que a missão do Programa está katoete7 .

Finalmente gostaria de expressar a todos aqui presentes, o que parece difícil dizer... ‘Conquistamos a nossa independência’, mas isso já é possível porque existe algo muito importante para nós sermos inde-pendentes, que é o nosso estudo, nossa educação. Com isso é possível solucionar as necessidades de nossa comunidade e nossa independência, alcançando, assim, todos os nossos sonhos.

Nossa Terra é uma beleza, atraente e rica, onde a mãe natureza ainda é a mais brasileira.Dotada de mil primores, o seu verde é um diamante, onde o amarelo das fl ores contrasta com o azul do céu.Riquezas inexploradas, solo fértil e dadivoso, ela é predestinada a um futuro grandioso.Seu folclore e seus costumes necessitam ser conservados, pois é neles que se resumem os nossos

antepassados.Terra é mãe, de terno e imenso coração, que nela se acumula todas as forças de um povo Parakanã.A natureza aqui é tão farta e generosa como em qualquer parte desse imenso Brasil, se esmerou em

fazer rica e ditosa terra de sonhos e encantos mil. Que o nosso amor conserve suas belezas, delas usufruindo sem ferir e prejudicar o meio ambiente. E,

usando bem suas riquezas, nosso patrimônio, saibamos preservar. Mostra a todos ser bem brasileira e com orgulho feliz, Nossa Terra Parakanã”.

Maxa Parakanã (no alto, sobre foto de Morona a 700ª)

1 Autodenominação Pakanã que signifi ca gente de verdade2 Os mais velhos, que guardam o conhecimento de tribo3 Aquele que não éa índio4 Pai5 Nosso pai (aquele que nos ensina e nos protege)6 Todo mundo, todos, toda a população Parakanã7 muito bom

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Por aqui passa o DNA da AmazôniaMichele Silveira

Esta é uma história que poderia começar pelo fi nal. Aliás, seria o correto sob as len-tes do jornalismo que defende que o mais importante deve estar no começo. E o mais importante aqui é dizer que vai se falar de onde está guardada boa parte do DNA da Amazônia. Isso mesmo. Esse lugar existe e, enganando um pouquinho as regras de reda-ção, é preciso antes disso falar do caminho e

do tempo que levam à Ilha de Germoplasma de Tucuruí.

Pra quem chega pelo céu, a massa verde até confunde. Mas lá embaixo, uma das 1.600 ilhas que formam o Mosaico de Tucuruí é especial. E essa diferença começou a ser construída em 1980, quando uma parceria entre a Eletronorte e o Instituto Nacional de Pesqui-sas da Amazônia - Inpa, com a participação de outras instituições de pesquisa, deu início ao processo de resgate do material genético

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O caminho das árvores

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das principais espécies fl orestais existentes na área de inundação e de plantio em local específi co. Era sabido que, depois do enchi-mento do reservatório da Hidrelétrica Tucuruí, algumas milhares de ilhas seriam formadas, em razão das diferenças no relevo. A do Germoplasma foi uma delas. Começou então um trabalho de resgate, espécie por espécie. O plantio aconteceu numa área dividida em quadras e a Ilha passou a abrigar a parte nativa (in situ) e a plantada (ex situ).

Naquela época, seu Expedito ainda não pensava em sair do Maranhão e tampouco imaginava o que era esse tal Germoplasma, cuja defi nição é admitidamente complexa pelos próprios especialistas. Hoje ele dá aula de encantamento pela Ilha e, com a sabedoria concedida pelo tempo, defi ne um pouco do que representa a Ilha e do que é o germoplasma: “É muito bom estar aqui, ajudando a cuidar da fl oresta, pegando as sementes, fazendo as mudas, recebendo o pessoal que vem pesquisar e guardando tudo isso aqui pro futuro, né?”.

É, seu Expedito, o senhor tem razão. Ele trabalhou na obra, ficou no enchi-mento do Lago e participou da Operação Curupira (ação de resgate da fauna na região e liberação nas chamadas áreas de

soltura, criadas em 1984 e que passaram a abrigar animais como o jabuti , macaco-guariba, macaco-prego, veado-mateiro, cutia e preguiça). Há oito anos, Expedito Pereira Sobri-nho (foto ao lado) ajuda a cuidar da Ilha. “Quando a gente chegou aqui não ti-

nha nada, e hoje vocês tão vendo tudo isso aí, organizado, com as sementes indo pra laboratório; mas não é por causa de mim, é porque a Eletronorte tá evoluindo cada vez mais as coisas”. Modéstia, seu Expe-dito. A Empresa e qualquer um sabem que pra fazer todo esse trabalho dar certo é preciso ter pessoas como o senhor.

Banco genético - A área da Ilha é de 129 hectares. O banco de conservação in situ compre-ende 32 ha de fl oresta nativa, com a identifi cação e marca-ção de 100% das árvores com diâmetro igual ou superior a 25

cm. Foram identifi cados e mapeados 2.914 indivíduos adultos, pertencentes a 221 espécies botânicas distribu-ídas em cinqüenta famílias. No banco ex situ estão representadas 28 famílias botânicas e 82 espécies. Para esse fi m, foram plan-tadas aproximadamente 15 mil mudas distribuídas em 29 quadras, com área total de 22,6 ha. A definição está na apresentação do livro Ilha de Germoplasma de Tucuruí - uma reserva de biodiversidade para o futuro, de autoria dos pes-quisadores Ima Célia Vieira, diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi; Noemi Vianna Martins Leão, coordenadora do Laboratório de Sementes da Embrapa da Amazô-nia Oriental; Selma Toyoko Ohashi, da Universidade Federal Rural da Amazônia e Rubens Ghilardi Jr., ana-lista ambiental da Eletronor-te. A edição, lançada em dezembro de 2005, reúne os resultados de pesquisas de campo e da experiência de conservação de material genético que já duram mais de vinte anos na Ilha de Germoplasma.

Vinte anos. Tempo que José do Carmo Leal (foto abaixo) e o seu Expedito partilham na região e, juram eles, sem nenhuma briga. Seu Zé já perdeu as contas, mas lembra que entre oito e dez anos é o tempo que está na Ilha. Com olhar atento ao que é gravado e fotografado, ele caminha e mostra

as espécies com o talento nato da vida. Provoca o jovem ana-lista ambiental João Marcelo de Rezende, engenheiro fl orestal recém-concursado da Eletronor-te, sobre os nomes das espécies que cata no chão. Mas o jovem é rápido e responde ao desafi o. O olhar de aprovação do seu Zé do Carmo é uma pista de porque João Marcelo fi ca tão feliz ao passar dias na Ilha. A troca de

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conhecimento é marca do lugar. “Muitos pesquisadores vêm fazer os seus trabalhos aqui e é muito bom saber que todos estão preocupados em preservar e ampliar isso tudo”, diz seu Zé.

Ampliar? Essa parte quem explica é o co-ordenador do Programa, Francisco Neto (foto ao lado, à direita), engenheiro ambiental da Regional de Produção e Comercialização de Tucuruí. Segundo ele, em 2001 foram implantadas áreas de coleta de sementes na fl oresta nativa e no banco ex situ localizados na Ilha de Germoplasma. Em 2003 foi implan-tada uma nova área de coleta, na Base 4 (área protegida localizada na Zona de Preservação de Vida Silvestre da Área de Preservação Ambiental - APA do Lago de Tucuruí), com du-zentos hectares de fl oresta nativa inteiramente conservada e mantida pela Empresa.

Em 2005 a Eletronorte criou uma nova área de coleta em fl oresta ombrófi la, localizada em outra área protegida pela Empresa, a Base 3. “A proposta é produzir sementes e mudas de material genético de qualidade para recomposição de áreas alteradas e para programas de refl orestamento e sistemas agrofl orestais”, explica Francisco. O Laboratório de Se-mentes da Eletronorte já está com a estrutura pronta para receber o produto das coletas, dependendo apenas de tramitações adminis-trativas e jurídicas para começar o processo.

Coleta de sementes - O projeto faz parte do Programa de Germoplasma de Tucuruí. Nessas áreas estão sendo realiza-dos estudos de dinâmica de populações e fenologia, entre outros. As espécies alvo de coleta e estudo incluem aquelas de valor ecológico e econômico, como a castanha-do-pará, açaí, bacaba, bacuri, cedro, ange-lim-vermelho, jutaí-açu, andiroba e copaíba. Hoje o Programa é um dos condicionantes de licenciamento da Usina Hidrelétrica Tucuruí. “Até 2000 havia apenas o plantio e manutenção das quadras. Em 2001, contratados os pesquisadores, o resultado foi a idéia de revitalização do banco. Eles pensaram: temos a Ilha, temos um banco genético plantado em 1984, vamos tentar tirar produtos, produzir mudas para recu-perar áreas alteradas na Amazônia e gerar conhecimento científi co”, explica.

E foi mesmo essa a idéia. O orgulho de falar do Programa denuncia: desde muito cedo Noemi Vianna Martins Leão está en-volvida com o tema. “Um dia desses achei um certifi cado do meu primeiro estágio, que foi num levantamento aerofotogramétrico da região do Lago, isso lá por volta de 1976. Logo depois, me formei em 1978, entrei na Embrapa e já participei do resgate do material em 1984; agora, vinte anos de-pois, do Programa de Germoplasma; acho que perderam meu umbigo no Lago”, diz brincando a pesquisadora da Embrapa, que é também vice-coordenadora da Rede de Sementes da Amazônia.

Ciente dos desafi os do Programa, ela elo-gia a atuação da Eletronorte e alerta que as próximas ações devem ser as de interação com o Serviço Florestal Brasileiro, especial-mente em relação à criação dos distritos

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fl orestais - que prevêem refl orestamento com espécies nativas; com o Ministério da Agricultura, especialmente no que diz respeito à nova Lei de Sementes; e com a Rede de Sementes da Amazônia. “No geral, o que existe são programas de mi-tigação simplesmente. O diferencial desse

programa é a possibilidade real de desenvolvimento científi co e tecnológico. Criamos a Rede de Sementes - são sete redes e mais a Rede Brasil - para per-mitir que os técnicos conversem entre si e, a partir daí, possamos estabelecer o refl orestamento com espécies nativas. Já temos os parceiros e esperamos que o banco de sementes de Tucuruí seja um desses parceiros”, afi r-ma Noemi (foto ao lado).

Parakanã - De acordo com a pesquisadora, é preciso estar atento para a realidade da indústria madeireira, por exemplo. “Uma indústria de compensado e laminado precisa plantar espécies que proporcionem isso. A extração da castanha, por exemplo, logo precisará de plantio. E daí a importância desse Banco. Em oito anos, a castanheira já pode começar a produzir sementes. O mogno é outro exemplo: a gen-te pensa que é muito tempo, mas sabemos que é possível, em dez anos, ter um mogno produzindo. Há pesquisas que mostram que um plantio de mogno bem adubado, bem conduzido, em 12 anos já pode ser cortado para o laminado e a partir de 18 anos, para serralheiro. É uma madeira nobre e muito abundante na terra Parakanã”.

Em 1999 os Parakanã (veja matéria na página 20) começaram a receber treina-mento para coleta de sementes fl orestais e estabeleceram contatos para comercia-lização junto à Embrapa. Um ano depois eles começaram as coletas de mogno e nos anos seguintes, diversifi caram a coleta para copaíba, favão, paricá, tatajuba e castanha. Os números mostram a quantidade de se-mentes coletadas e, conseqüentemente, o incremento na produção extrativista: em 2000 os Parakanã coletaram 27,33 quilos de sementes de mogno; em 2003 esse número foi para 194,29 quilos e, em 2006, chegou a 333,97 quilos.

Hoje a reserva dos Parakanã inclui uma área de coleta de sementes, demarcada e

com levantamento botânico das espécies existentes, que faz parte do Programa de Germoplasma Florestal de Tucuruí.

A rainha da fl oresta - Quando o assunto é

castanheira os braços são pequenos para o abraço. Conhecida como a rainha da Floresta Amazônica, pode atingir cerca de 45 metros de altura e até mil anos. Mas o tamanho não assusta Adilson Pereira Gonçalves, técnico em coleta da Ilha. Orgulhoso, conta que participou do curso de rapel para coletar sementes como a da castanheira. “Foram seis anos. Uma vez por ano a equipe de instrutores contratada pela Eletronorte vinha para a Ilha nos treinar. Alguns acabaram se especializando nisso”, conta de forma modesta o jovem que hoje é considerado um dos melhores técnicos em coleta da Região Norte.

Ele nunca tinha praticado o rapel e hoje domina a teoria e a prática: “É melhor pegar a semente no momento certo e antes que ela caia no chão. No caso da castanheira, por exemplo, é melhor pegar antes que o ouriço caia no chão, pois aí teremos a semente em perfeitas condições”, explica.

É hora de sair da trilha e descer um pouco para dentro da mata fechada. É lá que está a rainha. Adilson vai à frente. É hora de mos-trar que lá no meio da Amazônia tem gente simples fazendo a diferença na preservação da fl oresta. Mais alguns metros ouvindo o farfalhar das folhas no chão e pronto. Mas é preciso olhar pra cima. E é à medida que os olhos vão fazendo um ângulo vertical que chega a hora de fazer reverência. Ali está ela. O sol entre as folhas sequer permite que se veja onde elas terminam; parece que no céu. Adilson pega um estilingue. É preciso misturar o velho e o novo: “Primeiro jogamos o fi o de nylon para poder jogar a corda mais forte. Com isso conseguimos alcançar qualquer copa de árvore. Juntamos peças modernas de rapel com um simples estilingue”.

O barulho do metal dos ganchos avisa que a preparação para a escalada está pronta. Adilson começa a pegar o impulso e, com uma cordinha auxiliar que pode lhe alcançar a água e até o lanche, vai subindo orgulhoso, certo de que só divide os olhares atentos com a própria rainha. Aos poucos vai sumin-do na contra-luz das folhas que tocam o sol. A silhueta mostra que o rapel é diferença no cotidiano de quem faz a coleta.

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Ele conta que, antes, a coleta era feita com a técnica da peconha, que consiste na utilização da folha da palmeira atracada nos pés para escalada na árvores. “Só que esse processo não oferece segurança nenhuma para o coletor. O rapel fez diferença na qualidade e no tempo de coleta, além de proporcionar mais segurança para quem faz o trabalho”. Outra técnica utilizada é a chamada espora, que implica na utilização de um estribo específi co que vai sendo cravado na árvore à medida que se sobe a árvore.

O jovem entrou no programa em 2001, como cozinheiro. Encabulado com a piada de que cozinhava tão mal que virou técnico, foi rápido ao encher o peito de reconheci-mento diante da justiça feita por seu Zé Leal do Carmo: “O diferencial dele foi mesmo a coragem, a habilidade e a dedicação”. E a declaração parece ser mesmo justa. Perguntado sobre qual espécie tem a coleta mais difícil, ele responde com simplicida-de: “Sinceramente, ainda não achei esse obstáculo”.

Zé do Carmo agora trabalha no novo labo-ratório de sementes criado pela Eletronorte. Mas não consegue fi car muito longe da Ilha. Foi a experiência nela que o levou para o laboratório e é ela mesma que o mantém por perto. Seu Zé era morador de uma cidade submersa pelo reservatório. Com sorriso sereno, diz “que os tempos são outros e que, se era bom antes porque não tinham muito progresso, hoje a tecnologia permite que eles tenham luz, televisão, que as pessoas estudem e que tenham trabalho”. O que pre-ocupa na Ilha? Segundo ele os invasores que tentam caçar nas áreas proibidas. “Muitas vezes já vimos gente tentando caçar nas vis-torias que fazemos à noite em vários pontos das áreas de proteção do Lago. Só não é pior porque sabem que sempre tem alguém de olho. E quando são pegos são registradas ocorrências, apreendidas as armas ou outro material”, explica. Dessa preocupação com os animais quem mais gosta é Bia, um fi lhote de anta que há cinco meses virou xodó de todos na Ilha. Dócil, entra no alojamento e faz bagunça nas coisas de seu Expedito. Mas tem o perdão de todos e a saudade prévia de quem sabe que ela terá de ir embora para um lugar defi nido pelo Ibama, onde tenha outros da mesma espécie.

No Laboratório, seu Zé vai receber o material que já conhece. Lá estão estufas

e equipamentos específi cos para o benefi -ciamento de cada espécie que o Adilson vai coletar. Em Belém, a pesquisadora Noemi espera pelas sementes que serão utiliza-das em projetos de refl orestamento com espécies nativas. É o DNA da Amazônia percorrendo caminhos na fl oresta.

E sobre a história começar pelo início ou fi m, o mais importante fi cou mesmo pelo caminho. Tal qual o processo de propagação que passa pelo seu Expedito, pelo seu Zé, pelo Adilson, pelo laboratório, pelo canteiro, mas, sobretudo, que começa na terra; e é nela que termina.

Antes de partir, uma pergunta sobre o comentário de Adilson que, no pé da cas-tanheira, se diz um privilegiado. Por quê? “Por colaborar com um projeto importante como esse, por ajudar uma etnia como os Parakanã, que apoiamos com a coleta mas, principalmente, porque só eu vejo a beleza dessa Ilha lá de cima; a não ser, claro, vocês que chegam de avião, eu acho”. Tenha cer-teza, Adilson, visão privilegiada é a sua.

Adilson, sempre a melhor visão

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No cotidiano, a explicação do seu Expedito. E não é que é bem próxima da científi ca? Germoplasma é qualquer parte da planta que permita a reprodução - seja uma folha, uma célula, uma estaca - enfi m, o necessário é que ela permita a propagação. Ou seja, a garantia de futuro. A professora Noemi explica que é possível fazer outros tipos de propagação. “Mas para isso é preciso ter a mãe, o material genético. E é isso que estamos preservando lá na Ilha”.

Para o analista am-biental da Eletronorte, Rubens Ghilardi Junior (foto ao lado), as espé-cies de árvores mantidas nas áreas de coleta de sementes florestais da Ilha de Germoplasma, das áreas de soltura e da Terra Indígena Parakanã, garantem a perpetuação dos recursos da fl oresta em seu estado natural. “Esta é uma conservação

consciente, pois por meio dos inventários fl orestais e do monitoramento fenológico das matrizes de sementes, é possível conhecer cada uma das ‘árvores-mães’ que geram sementes saudáveis e que estão sendo utilizadas para refl orestamentos com objetivos ecológicos, sociais e comerciais. Os bancos de germoplasma mantidos pela Eletronorte permitirão que a região de Tucuruí e outras regiões recuperem sua vocação natural de uso sustentável de fl orestas nativas”, afi rma.

Segundo ele, as sementes fl orestais existentes nos bancos poderão suprir grande parte da demanda iden-tifi cada, também de forma inédita, no Estado do Pará. A Empresa já encomendou um estudo específi co para mapear essa demanda. As sementes poderão ser distri-buídas para recuperação de áreas alteradas e desmatadas - margens de rios, igarapés e lagos, projetos de agro-silvicultura para pequenos produtores e até para projetos de refl orestamentos em larga escala.

O Programa de Germo-plasma Florestal, em 2004 e 2005, coletou aproxima-damente 227.354 sementes em suas áreas de atuação. As sementes foram des-t inadas a doações para

instituições de pesquisa e organizações civis. Em 2006 foram produzidas 21.514 mudas e 198.831 sementes. Um percentual dessas sementes coleta-das foi destinado à interface com outros programas ambientais de Tucuruí, tais como Programa de Recuperação de Áreas Degradas - Prad e Programa de Educação Ambiental - PEA, para doação em campanhas, como o Dia da Árvore e Semana do Meio Ambiente.

E a opinião não é só de quem faz parte da Em-presa: “Eu imagino que seja muito difícil para um engenheiro, no caso da área elétrica, falar da impor-tância de uma sementinha, que é pouco palpável; mas o grupo que trabalhou conosco, e a Eletronorte, acreditaram no programa e passaram a olhar o Banco de Germoplasma de forma diferente. Hoje podemos mostrar esse Programa, em qualquer lugar do mundo como exemplo do que pode e deve ser feito. Como engenheira fl orestal, mas muito mais como cidadã do Pará, tenho orgulho de ser dessa terra e participar de uma proposta como essa; e ainda mais: de ver agora a possibilidade real de uso”, afi rma a pesquisadora Noemi Leão.

De acordo com Rubens, o Programa de Germoplas-ma Florestal da Eletronorte está entre as principais iniciativas dessa natureza no Brasil. “A possibilidade de preservar, conhecer e poder utilizar de forma sus-tentável o potencial da fl oresta é um motivo de espe-rança para o futuro da região amazônica. Os desafi os e o trabalho ainda são árduos, mas seguramente a Empresa e seus colaboradores poderão se orgulhar de ter compensado um dos principais impactos ambientais causados por Tucuruí com efetividade e criatividade, em consonância com sua missão de atuar com responsabilidade socioambiental, contribuindo para o desenvolvimento do País”.

E o que é, afi nal, o Germoplasma?

Veridiano, Zé Leal, Expedito e Adilson: tem gente cuidando da fl ora amazônica

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Espécie: Bertholletia excelsaNome vulgar: CastanheiraUtilidade: alimentícia e madeireiraEcologia e características da

espécie: ocorre em toda a Ama-zônia nas matas de terra fi rma. Árvore de grande porte, poden-do atingir até 50 metros de al tura, com tronco cilín-drico e ereto. As sementes ou castanhas s ã o m u i t o consumidas e apreciadas. Floresce entre no-vembro-fevereiro.

Espécie: Carapa guianensisNome vulgar: AndirobaUtilidade: medicinalEcologia e características da

espécie: ocorrência em toda a Amazônia. Porte de 20-30 metros com tronco de até 120 cm de circunferência. Sementes com alto percentual de óleo inse-tífugo e medicinal. Floresce duas vezes ao ano: agosto-setembro e janeiro-fevereiro.

Espécie: Theobroma grandifl orumNome vulgar: CupuaçuUtilidade: alimentícioEcologia e características da

espécie: ocorre nas terras altas do estado do Pará. Freqüente-mente cultivado na Amazônia brasileira e estrangeira. Árvore de médio porte, até 15 metros em estado silvestre. Floresce na estação chuvosa.

Espécie: Dipteryx odorata Nome vulgar: CumaruUtilidade: madeireira. Ma-

deira muito resistente, dura e pesada de textura fi na. Muito bonita. Assemelha-se à madeira de Ipê.

Ecologia e características da espécie: árvore de ocorrência em toda a Amazônia nas fl o-restas de terra fi rme e várzea. Pode atingir até 30 metros de altura. Floresce entre agosto-setembro.

Espécie: Euterpe oleraceaNome vulgar: AçaíUtilidade: alimentíciaEcologia e características da

espécie: planta típica da Amazô-nia, de ocorrência em ambientes bastante úmidos. Polpa externa dos frutos comestível, de colo-ração vermelho-vinho. Pode ser facilmente cultivado na Região Norte. Pode atingir mais de 20 metros de altura. Floresce prin-cipalmente em abril.

Espécie: Platonia insignisNome vulgar: BacuriUtilidade: alimentíciaEcologia e características da

espécie: ocorrência em toda a Amazônia. Porte de 15-20 me-tros. Frutos comestíveis e muito saborosos. Pode ser cultivado em pomares na Região Norte. Floresce entre julho-setembro. Maturação do fruto entre dezem-bro-março.

Espécie: Swietenia macrophyllaNome vulgar: MognoUtilidade: madeireiraEcologia e características

da espécie: árvore de ocorrên-cia em toda a Amazônia nas fl orestas de terra fi rme, sendo mais abundante no sul do Pará. Madeira muito valiosa, modera-damente pesada, dura e pouco durável para usos externos. Ótima para mobiliário. Atinge até 30 metros. Floresce entre novembro-janeiro.

Espécie: Stryphnodendron barbadetimanNome vulgar: Fava de pacaUtilidade: medicinalEcologia e características da

espécie: ocorre em toda a Ama-zônia. Porte alto.

Fotos: Árvores Brasileiras (Harry Lorenzi); Ilustrações: Ilha de Geoplasma de Tucuruí

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Bruna Maria Netto A sala de aula equipada com ar-condi-

cionado acomoda trinta alunos do curso de Engenharia Civil. Esta é a primeira das três turmas do curso, que assiste à aula ora no quadro branco, escrito à caneta, ora no po-wer point apresentado pelo professor. Para ingressar nesta faculdade, que é pública e gratuita, o candidato tem de enfrentar uma concorrência de cinco concorrentes por vaga, o que é comum na Universidade Fede-ral do Pará - UFPA. O incomum fi ca por conta da localização desse campus avançado da UFPA - a 350 quilômetros de Belém, aos pés da maior usina hidrelétrica genuinamente brasileira - e desses alunos que serão em breve os engenheiros mais capacitados a trabalhar com as engenharias Civil, Elétrica e Mecânica na Amazônia.

Trata-se do Núcleo Universitário de Tu-curuí, localizado na Vila Permanente da Eletronorte, constituído graças ao convênio fi rmado entre a Empresa e a UFPA, e criado com o intuito de difundir o conhecimento e melhorar as condições de educação na Ama-zônia, onde paraenses de todos os cantos do estado e, principalmente de Tucuruí, têm à disposição os cursos diferenciados por conta do centro de prática bem ao lado, na própria Usina Hidrelétrica Tucuruí.

A Universidade Federal do Pará é a instituição de ensino superior mais inte-riorizada do Brasil. Possui nove campi no interior (Abaetetuba, Altamira, Bragança, Breves, Cametá, Castanhal, Marabá, San-tarém e Soure), que também atendem às cidades localizadas no entorno des-ses municípios. Há dez anos essa rede qualifi ca profi ssionais para as cadeias produtivas locais e forma professores para a rede pública. Aos cinqüenta anos, a UFPA hoje é a maior universidade federal do País em número de alunos, abrigando uma comunidade composta por mais de cinqüenta mil pessoas, com mais de 120 cursos de graduação e 53 programas de pós-graduação.

Naquela manhã de terça-feira as tur-mas trabalhavam a todo vapor. Quem nos levou a conhecer esse centro de pesquisa em meio da Amazônia foi o professor An-tônio Malaquias Pereira (foto na página ao lado), diretor do Núcleo. No primeiro prédio construído, as salas de aula cheias tinham o silêncio quebrado apenas com as perguntas dos alunos sobre a matéria ministrada. A cantina estava vazia, sem qualquer estudan-te passando o tempo por lá. No laboratório de informática, uns quatro ou cinco alunos de outro turno estão fazendo trabalhos na própria faculdade. “Tem aluno que fi ca aqui até à meia-noite estudando, todos os dias”, conta Malaquias.

Pioneirismo - Todo esse contexto é vivido há dois anos, quando o convênio com a UFPA foi firmado por iniciativa da Eletronorte. Pioneiro no setor - inclusive já recebeu um pedido da Ce-mig e de Furnas para fazer algo semelhante -, é resul-tado dos anseios do diretor de Gestão Corporativa da Eletronorte, Manoel Ribeiro (foto ao lado). Segundo ele, “a implantação do campus faz parte da estratégia de esta-belecer parcerias que fomentem a implan-tação de cursos de engenharia na área de atuação da Eletronorte. Esse projeto é muito importante para a região de Tucuruí e reforça o compromisso da Eletronorte com o desen-volvimento tecnológico das instituições da Região Amazônica. Quando nós idealizamos esse projeto de criar o Núcleo Universitário de Tucuruí, o fi zemos exatamente com o intuito de atender, principalmente, uma questão social dos nossos empregados, já que eles, em certa época de suas vi-das, vêem seus fi lhos crescendo e, após terminarem o ensino médio, precisam ir à faculdade. Evidentemente que isso obriga as famílias a se distanciarem. Mas fi zemos um projeto que acarreta também uma

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Tucuruí começa a construir um pólo de engenharia em plena Amazônia

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melhoria da qualidade de vida de toda população da cidade”.

Antes do Diretor, o engenheiro Francisco Roberto Reis França, do Centro de Tecno-logia da Eletronorte, com o apoio de Luís Cláudio Silva Frade, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Eletronorte, vislumbrou logo de início o potencial daqueles laboratórios construídos nas usinas, que serviriam de ambiente de pesquisa para os futuros engenheiros. “A Usina Hidrelétrica Tucuruí está sendo desmobilizada, e lá foram construídos labo-ratórios muito sofi sticados. Seria uma pena fechar aquilo e perder todo o investimento. Ao fazer um levantamento, logo vislumbrei que os laboratórios poderiam servir a cursos de Engenharia. São poucos os laboratórios do Brasil que têm a estrutura dos nossos em Tucuruí”, lembra França.

Andando entre os prédios do campus e o alojamento para os alunos, o requisitado Malaquias - por onde se passava havia al-guém que o chamava: “professor, preciso falar com você!” - também lembra do início

do Núcleo e de sua expansão. “O primeiro vestibular foi em 2005. A Universidade já tinha funcionado aqui, mas de forma temporária, com cursos de licenciatura em Física, Matemática e Química”. O Diretor viu nos cursos de Engenharia um momento tanto para inovar o meio acadêmico, com a formação de profi ssionais na própria Ama-zônia, quanto para voltar os olhos a uma população com tanta vontade de apren-der, mas ao mesmo tempo tão longe dos grandes centros de ensino: “Viemos para Tucuruí porque percebemos que, além do trabalho pioneiro em levar os cursos de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica para o interior do estado, vislumbramos a possi-bilidade de se começar uma Universidade com diferencial em relação à capital do Es-tado, principalmente pelo apoio que estava sendo dado pela Eletronorte. É um imenso prazer saber que todo esse esforço para implantar esses cursos aqui nos leva a ter a maioria dos alunos estudantes da própria região. Estamos começando com o desejo de nos tornarmos uma referência, forman-

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do engenheiros preparados para o mercado de trabalho e para a pesquisa”.

Números animadores - Cerca de 70% dos 210 alu-nos da UFPA são de Tucuruí, e a concorrência por uma das trinta vagas ofertadas por curso é grande. “Quan-do analisamos a Universida-de do Estado do Pará, com 15 núcleos, vemos que a maioria dos estudantes é de fora das cidades onde estão instalados, e aqui temos um número expressivo de alunos moradores de Tucuruí, o que é um orgulho para todos nós”, afi rma Malaquias. E completa: “A população daqui está tão

envolvida com o Núcleo que o primeiro lugar no vestibular de Engenharia Civil de 2006 é de Tucuruí, e ele estudou a vida inteira em escola pública, mostrando que somos altamen-te capacitados para, no futuro, competirmos com engenheiros de qualquer canto do País”.

O professor Augusto Lima Barreiros (foto ao lado) é diretor do Instituto de Tecnologia da UFPA e foi o coordenador-geral da Comissão de Implantação do Núcleo em Tucuruí. Falando

em Belém, mas com o coração em Tucuruí, o professor Barreiros lembra com carinho da acolhida que a Universidade recebeu na cidade: “Desde 2004, quando a comuni-dade de Tucuruí soube da implantação dos cursos de Engenharia, recebemos convites para entrevistas na rádio e em jornais locais. Nas entrevistas ao vivo, ouvintes da cidade telefonavam agradecendo à Universidade Federal do Pará e à Eletronorte por essa grande ação em benefício dos municípios da região. Nós notamos a alegria e satis-fação por terem a oportunidade de contar com cursos superiores de alto nível em seu próprio município, o que todas as regiões do Pará também almejam, mas poucas podem conseguir devido à limitação de verbas. Nós da UFPA temos orgulho em promover a for-mação de recursos humanos de alto nível em Tucuruí e nos municípios de infl uência da Hidrelétrica.”.

O apoio da Eletronorte foi muito além da infra-estrutura obtida por conta dos laborató-rios e alojamentos da Usina. Malaquias Pereira sempre ressalta que o convênio orçado em R$ 12 milhões proporcionou não somente a infra-estrutura necessária para a instalação dos cursos e dos laboratórios (acima, labo-ratório de informática), como também para as residências para professores e alunos ca-rentes, além de arcar com outras despesas, como viagens de professores deslocados de outros campi da UFPA para ministrar aulas em Tucuruí; equipamentos para laboratórios e bibliotecas, e manutenção e vigilância das instalações. “Olha essa casa aqui”, aponta para a casa em frente à faculdade, na vila. “Conseguimos há pouco tempo, a Eletronorte nos cedeu para os professores fi carem em sua estadia. Aqui é o único local onde há essa assistência para a Faculdade”, ressalta.

Oportunidade única - Antônio Augusto

Bechara Pardauil , gerente da Regional Produção e Comercialização de Tucuruí, esteve presente à inauguração do Núcleo e hoje vê de perto o êxito alcançado por conta do investimento da Eletronorte. “Podemos verifi car o sucesso dos cursos da UFPA em Tucuruí pela relação de candidatos por vaga, que é tão grande quanto em Belém. Estamos implementando cursos de alta qualidade, formando um grande campus de alta tec-nologia na Amazônia. Aqui os alunos têm o conjunto de instrumentos que precisam para aprender: a sala de aula, o professor, o alo-jamento, o refeitório e o principal, um labo-ratório gigantesco, em escala natural, que é a própria Usina. Vamos formar mão-de-obra regional totalmente capacitada a participar

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ônibus daqui, sendo este apoio da Eletro-norte fundamental. Não pagamos nada para morar aqui. Como nasci em Parauapebas, sempre tive vontade de trabalhar naquela área de mineração, de automação industrial, potência, e por isso tenho vontade de ir mo-rar lá quando me formar e trabalhar naquela região mesmo, e de forma alguma eu quero sair daqui do Pará. As grandes empresas trazem os engenheiros de fora, e criar esses cursos aqui é uma excelente oportunidade para os novos engenheiros”.

Apesar das difi culdades enfrentadas, os alunos valorizam muito a oportunidade que receberam. Quem explica me-lhor essa situação é o professor Aarão Lima Neto (foto ao lado). Um dos oito professores residen-tes, Aarão está em Tucuruí des-de o começo do ano, quando foi aprovado pelo concurso público para professor. Graduado na UFPA, quando fez mestrado na Universidade de Brasília, já fazia planos para voltar ao estado em que nasceu e teve as primeiras oportunidades: “Os alunos daqui são mais compromissados e muito mais esforçados, se interessam pelos assuntos e sempre procuram estudar. Desde o tempo que já lecionei, certamente são as

da expansão da oferta de energia elétrica na Ama-zônia e no Brasil, sabendo construir e operar barragens hidrelétricas e seus sistemas de transmissão. Com certeza é uma formação acadêmi-ca diferenciada, inédita no País. Trata-se de mais uma colaboração e um trabalho fantástico de responsabili-dade social da Eletronorte, fomentando desenvolvimen-to e educação”.

A ação da Eletronorte ajudou também aqueles que tanto sonhavam em cursar uma faculdade boa e perto de casa. A três quilôme-tros de distância do Núcleo Universitário, o professor Malaquias nos leva ao alo-jamento dos alunos cuja renda é menor do que meio salário-mínimo por membro familiar. Logo no primeiro vestibular, quem viesse de fora tinha espaço no alojamento. “Com o aumento da demanda, o alojamen-to foi direcionado para o aluno carente, e quem faz essa triagem é o serviço social da Eletronorte”, explica. Atualmente vivem no alojamento 18 alunos.

Às oito da manhã a reforma de um prédio em frente acorda os moradores. Um deles é Nadson Welkson Pereira, 20 anos (foto acima), estudante do 4º semestre de Enge-nharia Elétrica. Nadson saiu de Parauapebas, no sudeste do Pará - a 400 km de Tucuruí - e viu na criação da nova faculdade uma oportunidade para seu futuro. “Eu já tinha feito um curso profi ssionalizante na área de elétrica e quando o campus abriu, eu fi quei muito entusiasmado, e vim para cá logo em seguida. Em 2006 fi z o vestibular da UFPA, e graças a Deus fui aprovado. Sendo o campus no interior, eu vim perdido e nem imaginava que existia Tucuruí, e quando cheguei aqui fi quei maravilhado com a grandiosidade da Usina. Hoje estou muito feliz com a minha escolha”.

Nadson fala também sobre o apoio da Eletronorte, fundamental para sua mudança, e já faz planos para o futuro. “Para o aluno que mora longe há o problema fi nanceiro, pois por vezes há quem não tenha nem alguns centavos para pagar a passagem de

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processo de modifi cação. Ainda há outros obstáculos, como o retorno do pessoal qualifi cado para a região de origem após quatro anos trabalhando nas localidades; a difi culdade de atender as demandas legais de dispo-nibilidade fi nanceira dos fundos setoriais e o número pequeno de alunos em mestrado e doutorado devido a escassez de bolsas.

Com a Race será possível reduzir o défi cit de infra-estrutura física e de pessoal capacitado para pesquisas, estudos elétricos e energéticos na Amazônia. Além disso, pretende-se estruturar uma rede de pesquisas com objetivos estratégicos de gerar soluções ou aplicações tecnológicas regionais; criar e capacitar os laboratórios das instituições de ensino e pesquisa da Amazônia; criar competências na área de conhecimento de energia elétrica regionalmente distribuídas; apoiar o desenvol-vimento científi co e tecnológico na região; eliminar as

Por que importar engenheiros de outros estados quando se pode formar pessoas capacitadas na própria região? Foi com essa indagação que nasceu a Race - Rede Amazônica de Conhecimento Energético. De acordo com Luís Frade, “a Race visa à implantação dos cursos de Engenharia Elétrica na Amazônia, onde eles não existiam ou ainda não existem. Em 2003 identifi camos que não recebíamos projetos de P&D das instituições da Amazônia. Intensifi camos a busca da causa e identifi camos que os estados do Acre, Roraima, Rondônia, Roraima e Tocantins não possuem o curso de Engenharia Elétrica ou Mecânica”.

Na Amazônia, essa carência de recursos humanos na área de ciência e tecnologia é um fator histórico que está em

Rede Amazônica de Conhecimento Energético

turmas que mais se mostraram motivadas em querer aprender mais”, afi rma.

O quadro de professores será completado em 2008, quando mais dez professores serão contratados para residirem em Tucuruí. Mas há também os pro-fessores que vão à cidade para lecionar e voltam para Belém. Paulo Marco Silva Aranha (foto ao lado), professor há mais de vinte anos, é um deles. Ele mi-nistra as disciplinas engenharia de custos, tecnologia da constru-ção civil 1 e 2, construção civil e patologia das construções, e viaja a cada 15 dias para Tucuruí, onde fi ca uma semana inteira dando aulas. “Aqui é bem diferente se compararmos a Belém. Durante uma semana nos dedicamos exclu-sivamente a Tucuruí, e isso benefi cia muito os alunos, que, ao contrário daqueles de outras instituições públicas, não sofrem com a falta de professor, suas aulas começam pontualmente, além de terem todo o apoio necessário. Abrir uma faculdade aqui foi excelente, garantiu um mercado para essas pessoas que tinham poucas expectativas, ou que tinham muitas mas saberiam que o esforço seria muito maior. A estrutura física no núcleo de Tucuruí é muito boa. O novo laboratório de informática, em fase de im-plantação, será um ganho substancial nas atividades. A biblioteca ainda é o ponto mais frágil da estrutura do núcleo, no entanto,

estamos preparando a relação para que seja efetuada compra de novos volumes e títulos”, vibra o professor.

Reconstruindo a vida - Lucianna Bomfi m (foto na página ao lado) poderia ser mais uma menina da pequena cidade que se tornou grande por conta da maior usina hidrelétrica genuinamente brasileira. Tímida, mas sem-pre sorridente, ela conta como mudou sua história, ao fazer vestibular para Engenharia em vez de Medicina. Seu pai trabalha com transportes, enquanto sua mãe é dona-de-casa. Ela tem dois irmãos mais jovens, e sempre morou em Tucuruí, onde estudou em escola pública por toda vida. Conheceu Belém pelos vestibulares que fez. Por conta de um teste vocacional, Lucianna deixa de ser uma menina comum quando resolve fazer o

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barreiras tecnológicas na região em aspectos elétricos e energéticos em face do mercado competitivo, e au-mentar a formação e fi xação de recursos humanos na área de energia.

No Brasil, historicamente uma parcela muito peque-na dos recursos para a pesquisa tem sido investida na Amazônia, com média de 2,4% nos últimos quatro anos. Na área energética esses recursos são ainda menores justamente por conta da carência de infra-estrutura laboratorial e tecnológica na região e falta de pessoal para pesquisa nessa área, havendo universidades fe-derais que não possuem o curso de Engenharia Elétrica implantado, apesar de terem sido criados, sendo isso conseqüência, principalmente, dos custos para a mon-tagem da infra-estrutura de laboratórios, equipamentos, instrumentos e salas de aula, além da contratação e formação de professores.

A Race se destina à implantação de infra-estrutura básica inicial dos cursos de engenharia elétrica nas uni-versidades federais do Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins para a formação e fi xação de recursos huma-nos na região, de tal modo que essas instituições possam formar uma rede de conhecimento, contribuindo para a formação de especialistas, o aprofundamento dos estudos e pesquisas relacionados à energia e áreas correlatas e o desenvolvimento tecnológico da região.

É importante ressaltar que o futuro da área energética no Brasil passa necessariamente pela Amazônia, que ainda possui recursos naturais não utilizados. A Eletronorte tem grande interesse nessa parceria com as instituições amazô-nicas, pois ao mesmo tempo em que trabalhará em conjunto com os pesquisadores da área energética, precisará de profi ssionais formados na Amazônia, que certamente terão interesse em residir e trabalhar na região.

curso de Engenharia Mecânica na Universi-dade Federal do Pará, no Núcleo da cidade em que nasceu e foi criada. Na sua casa, Lu-cianna é a primeira a cursar faculdade. O que ela não esperava era, ao passar no vestibular, ter a primeira colocação no curso, e hoje está feliz com a escolha feita, e se surpreendendo a cada dia. “A faculdade é ótima, a estrutura que temos aqui é excelente, além de estar próxima a uma grandiosa obra como Tucuruí. O papel da Eletronorte é importantíssimo, pois com esse auxílio proporciona toda a infra-estrutura e conhecimento”.

Os cursos de engenharia começaram com dois turnos - manhã e tarde, mas já foi aberta uma opção noturna para um grupo especial

que também trabalha na Eletronorte. Um dos que freqüentam o turno noturno é Elton Figueiredo Cunha (foto acima). Quando ado-lescente, o jovem Elton foi a Tucuruí passar férias. Anos depois, se mudou de Belém para lá, com a esposa e dois fi lhos. Os dois traba-lham na Eletronorte e ele está no 4º semestre de Engenharia Elétrica. “A minha expectativa de vida mudou de forma extraordinária, pois vim para Tucuruí acompanhando minha famí-lia e, ao chegar aqui, surgiu a oportunidade de prestar o vestibular e conquistei a vaga. Pouco tempo depois ingressei na Eletronorte. A oportunidade que tenho hoje de concluir o curso e trabalhar na Eletronorte é espetacular, me sinto gratifi cado por poder aliar a prática à teoria, pois fi ca mais fácil absorver o conheci-mento”. Além de Elton, há mais 33 estudantes que trabalham na Eletronorte.

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César Fechine

“Para progredir é preciso energia”, afi rma o empresário João Francisco Salomão (foto abaixo), 51 anos, paulista, há quatro à frente da presidência da Federação das Indústrias do Estado do Acre - Fieac, e iniciando o segundo mandato. Engenheiro, ele imigrou para o Acre há 22 anos e, após trabalhar para uma empreiteira, logo abriu sua primei-

ra empresa. Hoje, possui uma fábrica de transformadores em Rio Branco, uma empresa de consultoria na área de enge-nharia, uma fábrica de galpões, pré-moldados e postes, além de uma loja de materiais elétricos em Porto Velho.

“No Estado do Acre tem muito para ser feito e também muitas oportunidades. Toda a parte de infra-estrutura é muito carente, bem como nos estados vizinhos de Rondônia e Amazonas”, opina

o empresário. Mas que ninguém pense que o progresso é incondicional. “O respeito à legislação ambiental é um princípio funda-mental da Federação e do governo estadual”, reconhece Salomão.

Hoje, o setor industrial é o que mais cresce no Acre. As principais atividades são a indús-tria de construção e de transformação em geral. A indústria de construção representa cerca de 40% do faturamento no estado, porque há muitos investimentos em obras públicas. Depois vêm as indústrias madeireira, de exploração de castanha e de móveis, que contam com toda uma legislação para regu-lamentar o manejo e a exploração de forma sustentável.

Certifi cação - Várias ações buscam garantir o desenvolvimento sustentável no estado. Recentemente, por exemplo, foi realizada a 1ª Conferência Internacional de Manejo Florestal Comunitário para mostrar as experi-ências de manejo desenvolvidas no Acre. Os conferencistas puderam conhecer o Seringal Cachoeira, onde vivem 85 famílias de extrati-vistas das quais a metade atua diretamente com o manejo de produtos madeireiros e não-madeireiros, como castanha e borracha.

Os grupos puderam conhecer a Fábrica de Pisos e a Preservativos Natex implantadas pelo governo estadual em Xapuri, geridas por uma parceria que envolve o setor públi-co, a iniciativa privada e organizações das comunidades.

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Acre e Rondônia preparados para a interligação nacional

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O Seringal Cachoeira é o local onde viveu e trabalhou o ecologista Chico Mendes. A área tornou-se o primeiro manejo comunitário a receber Selo Verde da Forest Stewardship Council (FSC), organização internacional para a certifi cação madeireira. São 24 mil hectares usados para a produção de madeira, além de outras atividades fl orestais.

A área é administrada pela Associação de Moradores da Reserva Chico Mendes. Os ex-tratores vendem o líquido da seringueira para a fábrica de preservativos (foto ao lado) e a madeira para a fábrica de pisos. Com o látex, estão faturando cerca de R$ 25,00 ao dia, extraindo entre 15 e vinte litros diários.

Boas práticas - Outra experiência que vem do Acre é a estruturação do Arranjo Produtivo Local - APL do setor madeireiro na região do ‘Baixo Acre’. Essa ação faz parte de um dos projetos aprovados pela Fieac junto ao Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias - Procompi, através de uma parceria da Confederação Nacional da Indústria - CNI com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa - Sebrae.

Entre os principais objetivos do Procompi estão a estruturação institucional do APL do setor madeireiro e a implementação de boas práticas e de programas sistematizados que garantam processos e produtos com qualida-de, focados na origem da matéria-prima.

Três projetos foram aprovados junto ao Procompi relativos a segmentos industriais estratégicos do estado: madeireiro, constru-ção civil e cerâmico. “O governo é um grande parceiro, que baseia seu plano de trabalho no potencial do qual o Acre dispõe, intensifi can-do as atividades econômicas e adequando a estrutura produtiva às novas necessidades”, diz Jorge Luiz Araújo Vila Nova, superinten-dente da Fieac e gestor do Procompi.

Todo esse trabalho está dando resultados, pois a madeira é retirada apenas de áreas catalogadas e o Acre tem hoje mais de 90% de suas fl orestas preservadas. Segundo a Fieac, o estado que exportava há dez anos pouco mais de US$ 2 milhões, hoje exporta US$ 17 milhões.

Energia de qualidade - Os dados da Fieac mostram que o consumo de energia do setor industrial cresceu 79,5% de 1998 a 2005. “E para garantir a expansão de todos esses pro-jetos, é preciso ter mais energia. Nós sempre

defendemos a interligação energética do Acre e Rondônia com o Sistema Nacional, porque vamos ter energia de qualidade, em quantida-de e com menor custo”, declara Salomão.

A interligação de que fala Salomão é hoje um projeto estratégico para o País. A inte-gração dos estados do Acre e Rondônia ao Sistema Interligado Nacional - SIN vai garantir o fornecimento de energia confi ável e maior segurança ao atendimento.

O Sistema Acre-Rondônia funciona hoje predominantemente à base da queima de óleo diesel e essas usinas termelétricas fi carão de stand by para o caso de emergência. “Com a integração ao Sistema Interligado Nacional, os estados do Acre e Rondônia vão deixar de queimar 1,2 milhão de óleo diesel, ao custo de R$ 2,00 por litro, e a geração a diesel cessa. Trata-se de uma economia de R$ 2,4 milhões por dia, totalizando R$ 72 milhões por mês e R$ 864 milhões por ano. E além do fator socioeconômico, há também a redução de vários impactos ambientais”, explica Carlos Alberto Pires Rayol, superintendente de Ex-pansão da Transmissão da Eletronorte.

A grande vantagem do SIN é a confi abili-dade. “É você ter, fazendo uma analogia com rodovias, muitas possibilidades de trânsito”, complementa Rayol. A interligação ao SIN também vai possibilitar a redução dos custos da Conta de Consumo de Combustíveis - CCC, que subsidia o fornecimento de energia aos sistemas isolados e que é paga por toda a sociedade brasileira.

Atualmente, a Eletronorte gerencia 84 empreendimentos na expansão dos seus

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sistemas de transmissão, com o objetivo de melhorar o fornecimento de energia elétrica. Até o fi nal do ano, a Empresa deve conso-lidar um orçamento de R$ 423 milhões na transmissão.

Para que haja a interligação do Sistema Acre-Rondônia, a Eletronorte obteve autoriza-ção da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel e está construindo a linha de trans-missão Ji-Paraná-Pimenta Bueno-Vilhena, em Rondônia, com 278 quilômetros de extensão, bem como a implantação das subestações Pimenta Bueno e Vilhena, além da ampliação da subestação Ji-Paraná.

O trecho Ji-Paraná-Pimenta Bueno tem data prevista de energização para dezembro deste ano, enquanto o trecho de Pimenta Bueno a Vilhena deve fi car pronto em abril de 2008. Esses investimentos somam cerca de R$ 167 milhões.

A integração do Acre e Rondônia ao SIN será feita por intermédio do sistema de Mato Grosso. A interligação em 230 kV de Jauru (MT) até Vilhena (RO) está sendo feita por um consórcio privado que obteve a concessão por meio de leilão público. A obra fi ca pronta em meados do próximo ano.

Também em fase de implantação a su-bestação Tiradentes, em Porto Velho, com data de energização prevista para maio de 2008. Os equipamentos estão contratados e em fabricação, assim como já foram ini-ciadas as obras de construção e montagem. Os investimentos alcançam a cifra de R$ 17 milhões.

Acre - No Acre, a Eletronorte está implan-tando duas novas linhas de transmissão e respectivas subestações associadas. As obras de implantação da linha de transmissão Rio Branco-Epitaciolândia em 138 kV, com 195 quilômetros de extensão está concluída e as obras da subestação Epitaciolândia estão em fase fi nal de conclusão, com previsão de energização em dezembro próximo.

Também estão em andamento as obras da linha Rio Branco-Sena Madureira em 69 kV, com 148 quilômetros, e a subestação Sena Madureira, com conclusão prevista para fevereiro de 2008.

Hoje, os municípios de Epitaciolândia e Sena Madureira contam com o abastecimento de energia a partir da onerosa geração a base de óleo diesel. Com a construção das linhas de transmissão e subestações associadas, junta-mente com a interligação do Acre e Rondônia ao Sistema Interligado Nacional, a geração a diesel deverá ser substituída pela energia lim-pa, confi ável e econômica de origem hidráulica, com benefícios para toda a região. O volume de investimentos da Eletronorte no Estado do Acre alcança a cifra de R$ 101 milhões.

Mato Grosso - A energização do empreen-dimento relativo à ampliação da subestação Sinop é um dos principais empreendimentos da Eletronorte no Estado de Mato Grosso. O empreendimento atenderá ao mercado consumidor do município de Sinop e toda a região de sua infl uência, benefi ciando uma população estimada em mais de 100 mil

habitantes. Os investi-mentos somam R$ 39 milhões. Para melhorar a qualidade da energia disponibilizada, a Em-presa também vai ins-talar um controlador de tensão na subestação.

Em Barra do Peixe está sendo implemen-tado um circuito tipo compensações em sé-rie, no valor de R$ 54 milhões, que permitirá aumentar o fluxo de energia. Já em Nova Mutum, a fi nalidade é ampliar a subestação para adequar o pátio de 230 kV à confi guração de barra dupla com qua-

Modernas subestações estão sendo concluídas

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tro chaves preconizadas nos procedimentos de rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, instalar um novo transfor-mador de 30 MVA e permitir a conexão de novas linhas.

Amapá - A construção da subestação Santa Rita em 69/13,8 kV acaba de ser fi nalizada para garantir o suprimento de energia à ci-dade de Macapá, em substituição à antiga subestação Macapá I. Os investimentos são de R$ 16 milhões.

Outro empreendimento importante para o estado é a implantação da linha de transmis-são em 138 kV, com 204 quilômetros de com-primento, que levará energia fi rme e confi ável até o Oiapoque, no extremo norte do Brasil. Até o momento, foram concluídos os estudos que estabeleceram o traçado da linha, sondagem de terreno e locação de torres.

O empreendimento compreende a cons-trução das subestações Carnot e Oiapoque e

a ampliação da subestação Calçoene. A data prevista para entrada em operação é setem-bro de 2009 e os investimentos alcançarão a cifra de R$ 89 milhões.

Pará - Em Marabá, no Pará, a instalação de dois novos reatores em 500 kV nesse ano concluiu mais um item do planejamento de manutenção da Eletronorte. Esses equipa-mentos já estão permitindo controlar o nível de tensão na subestação e garantir o fornecimento de energia na região.

Os trabalhos de troca do reator, que pesa quase cem toneladas, duraram dois dias. Com a instalação do reator reserva, será devolvido à subestação de Colinas (TO) o reator que estava funcionando anteriormente sob empréstimo.

Já em Tucuruí, a substituição do transfor-mador TVTF4-01 da Subestação Vila, com investimento de R$ 2,5 milhões, garantirá maior estabilidade ao fornecimento da ener-gia gerada pela Usina Hidrelétrica Tucuruí.

Caminhosabertospara a energia

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Maranhão - No Maranhão, a energia for-necida pela Eletronorte atende a cerca de 99% da população. O sistema conta com várias subestações em tensão de 230 kV e 500 kV, todas necessitando de uma maior capacidade de transformação (rebaixamen-to da tensão) para atender a população.

A energia que atende ao estado é gerada em Tucuruí e passa por uma longa cadeia de transformação até chegar aos consumidores. “Os transformadores das subestações do Ma-ranhão estavam operando no limite, devido ao aumento do consumo de energia e à diminui-ção de investimentos”, esclarece Rayol.

A Eletronorte está investindo na instala-ção de transformadores nas subestações de São Luís I, Imperatriz, Porto Franco, Presidente Dutra, Peritoró e Miranda II. As novas unidades estão compradas e os em-preiteiros trabalhando nas obras, de modo que, até o fi nal do primeiro semestre do próximo ano, esses investimentos devem ser concluídos.

A ampliação da subestação Miranda II também é prioridade, pois ela supre de energia a estação bombeadora de água da cidade de São Luís. Uma eventual perda

dessa subestação poderia ocasionar a falta de água na capital. Em Imperatriz, a ener-gização do banco de reatores em 500 kV passou a permitir a operação mais fl exível da linha proveniente de Tucuruí que, antes, precisava ser manobrada diariamente.

Com a fi nalidade de reforçar a rede bá-sica, também foi autorizada a implantação de um banco de capacitores em Peritoró, com orçamento previsto de R$ 25,6 mi-lhões. Outro importante investimento é a instalação de um compensador estático na subestação São Luís II com custo de R$ 42 milhões. Esse equipamento permite suprir o aumento da demanda de energia por parte da indústria da Alumar e, conseqüen-temente, ampliar a produção. A Alumar é uma das maiores plantas de alumínio do mundo e consome, sozinha, o equivalente a quase três vezes o consumo do estado inteiro.

O conjunto dessas obras implica inves-timentos de R$ 120 milhões. São vários os empreendimentos, enfi m, que estão sendo feitos para reforço e ampliação dos sistemas elétricos e para a melhoria das condições de vida da população da Amazônia.

Equipamentose tecnologia de última geração

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A responsabilidade pela coordenação e controle da geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional - SIN cabe ao Ope-rador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, uma entidade de direito privado, sem fi ns lucrativos, criada em 26 de agosto de 1998, sob a fi scaliza-ção e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel.

Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um siste-ma hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétri-cas e com múltiplos proprietários. Apenas 3,4% da capacidade de produção de ele-tricidade do País en-contra-se fora do SIN, em sistemas isolados localizados na região amazônica.

O Brasil conta hoje com mais de 86.000 km de linhas de trans-missão, com tensão igual ou superior a 230 kV e capacida-de de transformação superior a 250.000 MVA, estendendo-se do Rio Grande do Sul ao Pará.

Por intermédio do SIN, faz-se a opera-ção de troca energé-tica entre os subsis-temas Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, segundo os critérios de otimização e a gestão do nível dos reservatórios com base nas características dos regimes hidrológicos das bacias, em espe-cial a diversidade de períodos secos e períodos úmidos.

Além disso, essa troca energética permite ganhos econômicos ao se substituir a geração térmica, mais cara, pela geração hidrelétrica,

Como funciona o Sistema Interligado Nacionalmais barata, na busca de garantir a segurança do Sistema. Com a participação dos agentes associados, o Sistema Interligado Nacional tem operado dentro dos padrões estabelecidos nos Procedimentos de Rede, garantindo a continui-dade do atendimento energético, a segurança da operação elétrica e a minimização dos custos de operação.

Dessa forma, todos os critérios de continuidade, segurança elétrica, confi abilidade e qualidade de suprimento têm sido atendidos, o que pode ser

comprovado pelos indicadores de desempenho do SIN. O indicador de robustez de 2006, por exemplo, mostra que 83,5% das perturbações registradas não resultaram em cortes de carga. Esse número foi praticamente igual ao do ano anterior (84,1%), apesar do aumento no número de elementos da rede de transmissão, à qual foram agregados cerca de 3.200 km de extensão.

(Fonte: ONS)

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A Eletronorte tem sua história totalmente ligada ao fato de ser uma Empresa que procura planejar estrategicamente a curto, médio e longo prazos. Neste momento, por exemplo, está sendo disseminado e trabalhado o Plano Estratégico - Ciclo 2007/2010, cujo mapa contém dez objetivos, com seus respectivos fatores críticos de sucesso, iniciativas estratégicas e indicadores.

Segundo o assessor de Planejamento Empresarial, Marcos Barbosa, “a necessidade de se ampliar o hori-zonte e de se agregar maior consistência metodológica às atividades de formulação, desdobramento e esta-belecimento de mecanismos para o gerenciamento estratégico deu origem ao processo de planejamento para o ciclo 2007 a 2010 que envolveu, em um tra-balho harmonioso e profícuo, a alta direção, gerentes e diversos especialistas da Eletronorte”.

Barbosa explica que o atual Plano cria maior vin-culação entre a visão de longo prazo e o alinhamento das pessoas no desenvolvimento das atividades do dia-a-dia. As pequenas alterações realizadas no Mapa Estratégico anterior permitiram a inclusão de novos objetivos estratégicos que são fundamentais para o posicionamento mais competitivo e sustentável da Eletronorte, de forma a possibilitar maior participação no setor e no mercado em geral.

“É importante que todos os gestores promovam o desdobramento, em suas áreas de responsabilidade, de todo o conteúdo da formulação estratégica, bem como apliquem os mecanismos metodológicos que deram su-porte ao desenvolvimento do processo de planejamento de longo prazo. Os gestores precisam desdobrar o mapa estratégico e o elenco de indicadores-chave construídos nas suas unidades, e, principal-mente, serem os vetores da disseminação do processo junto aos gerentes executivos e colaboradores de suas áreas, pois o pro-cesso de comunicação é fundamental e o papel do gerente nessa comunica-ção é essencial”, conclama Marcos Barbosa.

Orientações estratégicas

- Entre as orientações estraté-gicas para o Clico 2007/2010, destacamos: aplicar um pro-grama radical de melhorias de gestão por diretoria e nas subsidiárias que leve à obtenção de lucro em-

presarial, de forma a transformar a Eletronorte e suas controladas em empresas rentáveis; expandir o negócio de compra e venda de energia e direcionar os inves-timentos aos empreendimentos rentáveis; ampliar o mercado, participando dos leilões de concessão de geração e de transmissão; buscar efi ciência e conscien-tização empresarial quanto ao impacto nos resultados em todas as atividades e processos da Empresa e de suas controladas; propor soluções para os sistemas iso-lados que abranjam alternativas como a prioridade da interligação de todos os sistemas isolados; direcionar o foco dos programas de P&D e do PIQ para a redução de custos e para as inovações tecnológicas estratégicas; propor à Eletrobrás e ao governo caminhos que tenham suporte legal para a solução do problema da dívida da Eletronorte; avaliar e propor soluções para cada um dos grandes grupos de causas que geram contenciosos; implementar melhorias nos processos de contratação de empreendimentos, adequar a estrutura organizacio-nal ao modelo do setor e às práticas recomendadas de governança corporativa e sustentabilidade empresarial, e promover a gestão de pessoas com foco nos resultados.

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desenham a Amazônia de 2025

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Projeções - É verdade que a Amazônia de hoje não é a mesma de vinte anos atrás. E é fato também que a atual não é igual a que se terá nos próximos 20. O que vai defi nir como ela mudou é a forma que se encara sua diversidade hoje. Se uma lupa fosse posicionada sobre a Amazônia, dois caminhos seriam essenciais: o do planejamento e o da sustentabilidade.

Na Eletronorte esse processo tem nome e sobre-nome: Cenários Macroeconômicos para a Amazônia 2005-2025. Num trabalho inédito, a Empresa tem promovido um amplo estudo de cenários macroeco-nômicos e energéticos da Amazônia para embasar suas projeções de demanda de energia elétrica e suas decisões estratégicas e de investimentos.

Foi por meio da Superintendência de Planejamento da Expansão e da Gerência de Estudos e Projeção de Mercado, e de acordo com o novo formato institucional do Setor Elétrico Brasileiro, que a Eletronorte realizou os estudos Cenários Macroeconômicos para a Amazônia (2005-2025), e Cenários Macroeconômicos para os es-tados do Amazonas (2006-2026) e Pará (2006-2026).

“Esses estudos subsidiam as projeções de demanda de energia elétrica e o planejamento de longo prazo da Empresa, que está empenhada em cumprir com efi ciên-

cia sua responsabilidade pública e seu com-promisso com a região amazônica”,

explica o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte,

Adhemar Palocci. Segundo ele,

em 2007,

a Empresa deu continuidade aos estudos de cenários mantendo foco nos estados da Amazônia Legal.

De acordo com o gerente de Estudos e Projeção de Mercado, José Sarto Souza, a elaboração dos Cenários tem a participação de instituições representativas do Governo Federal, governos estaduais, empresas do Grupo Eletrobrás, concessionárias estaduais, grandes consumidores industriais, universidades e órgãos de classe. “É um trabalho amplo, que exige uma inte-ratividade entre os diversos atores do cenário local e nacional”, explica.

Para Adhemar Palocci, “todos os processos de planejamento da Eletronorte pautam-se nas projeções do mercado de energia elétrica que, por sua vez, têm por base os estudos de cenários alternativos. Um dos aspectos mais relevantes é caracterizado pelas condi-ções de oferta de energia elétrica, tanto no que tange à geração, quanto no que diz respeito à transmissão de energia elétrica”.

Construindo cenários - “A construção de cenários consiste no desenho de imagens de futuros, cena por cena, e dos movimentos que ocorrem de uma cena para outra, a partir da combinação coerente de hipóteses sobre o comportamento do objeto de estudo. É uma ferramenta que ajuda a explorar o futuro em um mundo de grandes incertezas, estabelecendo a sucessão lógica de eventos de modo que, partindo-se do quadro presente, se visualize como chegar, passo a passo, a uma situação futura”.

A defi nição da Eletronorte segue metodologia espe-cífi ca, envolvendo pesquisa primária e secundária, a re-alização de ofi cinas de trabalho e a análise da realidade em estudo. As tarefas tiveram início com a realização de ampla pesquisa de campo contemplando mais de cem entrevistas, em visitas técnicas a todas as nove

unidades da Amazônia Legal, além de instituições governamentais, em Brasília.

Na opinião do diretor de Planejamento e Engenharia, “com esse processo a Eletro-

norte busca a otimização permanente dos serviços oferecidos para que a qualidade

desse insumo seja fator de susten-tação ao desenvolvimento regional

e nacional e, também, condição efetiva de inclusão social, pela

universalização do acesso a esse bem comum”.

O estudo Cenários Macroe-conômicos para a Amazônia 2005-20025 está disponível na página da Eletronorte na internet, www.eln.gov.br, no link Conhecimento.

Ilustração:

Sandro Santana

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GERAÇÃOA energia elétrica

consumida em Tocan-tins é gerada princi-palmente pela Usina Hidrelétrica Tucuruí (PA), mas como o es-tado é o centro da interligação entre os sistemas elétricos bra-sileiros também rece-be energia gerada em outras regiões.

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S TOCANTINSHISTÓRIAA Eletronorte chegou ao

Tocantins em 1998, quando iniciou a construção da In-terligação Norte-Sul. Antes, porém, ainda na década de 70, a Empresa já atuava no antigo norte goiano, realizan-do os estudos de inventário da bacia Araguaia/Tocantins.No Tocantins, a Eletronorte é representada pelas uni-dades regionais de Trans-missão e de Planejamento e Engenharia. A força de trabalho é formada por pro-fi ssionais das mais diversas áreas de conhecimento, que trabalham para melhorar a qualidade de vida dos to-cantinenses.

Esse trabalho tem sido reconhecido ao longo dos anos, tanto pela satisfação dos clientes e consumidores quanto pelas diversas pre-miações recebidas, devido à excelência da gestão em-presarial. Essas conquistas são fruto da prática cons-tante dos valores do Credo da Eletronorte: excelência na gestão, valorização das pessoas, comprometimen-to, aprendizado contínuo, empreendedorismo e ética e transparência.

TRANSMISSÃOA Interligação Norte-Sul está em operação desde o dia 1º de março de

1999. O Linhão, como fi cou conhecida, é um dos maiores e mais modernos sistemas de fornecimento de energia do mundo. A linha começa em Impe-ratriz (MA) e vai até Samambaia (DF), com um total de 1.277 quilômetros de rede e 3.015 torres. Cada torre tem 30 metros de altura, e a distância média entre elas é de 400 metros. O Linhão foi construído para promover o intercâmbio energético entre os sistemas Norte-Nordeste e Sul- Sudeste, na tensão 500 kV, com capacidade de transmissão de 1.100 MW. A Eletronorte opera o trecho de Imperatriz (MA) até Miracema (TO), numa extensão de 517 quilômetros e 1.232 torres. Em solo tocantinense são 392 quilômetros de rede e 930 torres.

O traçado do Linhão passa próximo a Palmas, capital do Estado, e à Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, em Lajeado. No Tocantins, a Eletronorte montou subestações em Colinas e Miracema, ambas com transformadores de 500 kV. Em Miracema a energia é rebaixada para 138 kV e entregue à Rede Celtins, empresa responsável pela distribuição no Estado.

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MEIO AMBIENTEEntre as principais ações ambientais desenvolvidas, estão

a campanha contra queimadas sob linhas de transmissão, a implantação de hortas comunitárias nas subestações de Colinas e Miracema, cuja produção é distribuída em creches das duas cidades, e a participação no projeto de criação da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis, em Palmas. No Tocantins, a Eletronorte também conquistou o Boto-Cor-de-Rosa, prêmio concedido por uma ONG estadual às empresas que mais se destacam no trabalho de preser-vação ambiental.

RESPONSABILIDADE SOCIALEm Tocantins, a Eletronorte de-senvolve um amplo trabalho de responsabilidade social. Entre as ações empreendidas destacam-se as de educação, como o Procel nas Escolas, realizado em parceria com as secretarias de Educação do Esta-do e dos municípios de Miracema, Palmas e Colinas, para promover o uso racional de energia. O Programa Luz para Todos já levou o benefício da energia elétrica a milhares de famílias tocantinenses, e o Prodeem vem promovendo a cidadania e a inclusão social com a instalação de kits de energia em várias co-munidades distantes das linhas de transmissão, inclusive indígenas, que vêm se benefi ciando com a melhoria da qualidade de vida trazida pelo acesso à energia. Ações de incentivo à cultura e ao esporte, com apoio à realização de torneios entre jovens, e ações assistenciais também são desenvolvidas voluntariamente pelos empregados.

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“Em nome da diretora da Biblioteca Central da UFPA, bibliote-cária Sílvia Maria Bitar de Lima Moreira, acusamos o recebimento da revista Corrente Contínua. Nesta oportunidade, apresentamos nossos agradecimentos pela doação que enriquecerá, sobrema-neira, nosso acervo e proporcionará aos nossos usuários uma informação histórica valiosa para suas pesquisas”.

Maria Hilda de Medeiros Gondim - diretora da Divisão de Desenvolvimento de Coleções da Biblioteca Central/UFPA - Belém- PA

“Parabéns pelo belo poema produzido por Alexandre Accioly na contracapa da edição 216 da revista Corrente Contínua”.

Marília Noleto Bezerra de Paula - Superintendência de Gestão de Material e Patrimônio Imobiliário - Brasília - DF “Parabenizo a equipe de imprensa pelo brilhante trabalho - edição

da Corrente Contínua nº 212. Gostei muito de todas as matérias e principalmente do ‘antes e depois’, onde pessoas importantes da nossa Empresa apresentam os seus depoimentos, homenageiam a revista e ao mesmo tempo são homenageadas, uma vez que ali estão representando todos os colaboradores que contribuíram e continuam contribuindo para a construção da nossa querida Eletronorte; e são os principais protagonistas dos acontecimentos que marcaram esses 30 anos de Corrente Contínua”.

Eliomar da Silva Ferreira - Assessoria de Relações Trabalhistas e Sindicais - Brasília - DF

“Meus parabéns pela edição comemorativa aos 30 anos da Corrente Contínua. Trabalho de profi ssional”.

José Luiz Loureiro Neves - Regional de Produção e Comercialização do Acre- Rio Branco - AC

“Gostaria de dar os parabéns pelo excelente trabalho que vocês vêm realizando, em especial nesta edição de 30 Anos, a entrevista com o Ziraldo, as matérias, a capa. Perfeito, demonstra o nível de profi ssionalismo dessa brilhante equipe e diria mais: na matéria ‘Corrente Contínua, pedra fundamental da comunicação institucional da Eletronorte’ eu acrescentaria pedra fundamenta da cultura e da comunicação. Um depoimento: li de uma só vez do início ao fi m essa edição, sem parar, com muito prazer e gosto e não só revivi alguns momentos do passado como também acrescentou muita coisa ao meu conhecimento”.

Nelson Antonio do Amaral Santos - Gerência de Administração de Material - Brasília - DF “Adorei a revista Corrente Contínua 216!. Atrai pela qualidade das

fotos, informa pela qualidade das matérias”.Sônia Edlene Silva - assistente de Comunicação do Programa Luz para Todos no Pará - Belém - PA

“Primeiramente apresento sinceros parabéns à equipe de im-prensa pela excelência da revista Corrente Contínua, em especial a edição 216 (trinta anos). Nas páginas de 18 a 23, relembrando os primeiros ‘boletins’ pelas fotos antigas me lembrei do Almendra ainda lá no ‘Paredão’, na administração da então ORAP. Vi o Zenon lá no Palácio do Rádio, o Bolina lá em Manaus e tantas outras lembranças. Gostei muito dos demais artigos. Na oportunidade, considerando as mudanças do Setor Elétrico, sugiro publicar artigos de eventos interessantes ou importantes para preservar a memória da Empresa. Existem muitos fatos que não saíram nos ‘boletins’ ao longo do tempo que merecem um espaço. Muitos desses eventos ainda estão bem vivos na memória de muitos colaboradores antigos (da década de 70 e 80)”.

Mário Eustáquio Gontijo - Gerência de Engenharia de Manutenção da Transmissão - Brasília - DF “Recebemos e agradecemos a revista Corrente Contínua, Ano

XXX, Nº 216, de ago./set. de 2007”.Rozangela Zelenski de Lara Pinto - Gerência de Documentação e Programas Especiais da Universidade Federal de Mato Grosso/Biblioteca Central - Cuiabá - MT

“Gostaria de lhes dar os parabéns pela excelente e esclarecedora reportagem sobre segurança de barragens, publicada na edição 216 da revista da Eletronorte, Corrente Contínua”.

Gilson Machado da Luz - Brasília - DF

“Sinceramente fi quei sensibilizado quando li a entrevista feita com o Ziraldo, ‘Aquela noite em Altamira’. Não conhecia o Ziraldo pessoalmente e, honestamente, não o admirava. Conheci-o através de ‘O Pasquim’, nos idos de 68, e julgava-o apenas um panfl etário de protestos e um caricaturista de charges de gozações e humor negro. Enganei-me. Não conhecia sua sensibilidade, sua dedicação pela Vilma, e depois dela pela Márcia, sua vivência em família e sua criatividade. Julgava-o um caricaturista vulgar. Disso me penitencio. Hoje sou fã do Ziraldo. Parabenizo-o pela excelente entrevista e faço votos para que a Corrente Contínua continue a correr com sua notória erudição e atualidade e que vocês conti-nuem a colher os louros da vitória em sua brilhante trajetória. Li a revista de cabo a rabo”.

José de Andrade - Brasília - DF

“De ordem do deputado Paulo Rocha, agradeço o envio da publicação Corrente Contínua”.

Raquel Paz - assessora parlamentar do deputado Federal Paulo Rocha - PT/PA

“A edição foi simplesmente demais!! Parabéns à equipe”! Érica Bernardo - Núcleo de Comunicação da Regional de Transmissão do Pará- Belém- PA

“A edição comemorativa dos 30 anos de Corrente Contínuaestá realmente primorosa, a ponto de me dar um nó na garganta, de saudade dos dias que vivi em nossa querida Eletronorte. Um dos motivos dessa saudade é poder relembrar alguns ‘antigos da casa’. Por isso, gostaria de sugerir que, aproveitando o ‘gancho’, se pro-gramasse para uma próxima comemoração, uma reportagem con-tendo algumas entrevistas espertas, com muitos dos que ajudaram a escrever a história da Empresa e que ainda estão vivos. Havia a idéia de organizar um museu de imagem e de som, que perenizasse, para os mais novos e para o povo da região amazônica, os tempos pioneiros dessa grande organização, que deve continuar a ser bem cuidada para que possa continuar presente no desenvolvimento desse imenso e estratégico espaço de nosso País”.

Álvaro Labuto Filho - Brasília - DF

“Inicialmente gostaria de parabenizar por mais esta bela edição da Corrente Contínua. Aproveito a oportunidade para sugerir, caso ainda não seja feito, que a revista seja enviada para as residências dos empregados aposentados e, também, dos empregados que estão cedidos”.

José Antonio Corrêa Coimbra - Ministério de Minas e Energia - Brasília - DF

“O secretário de estado de Obras Públicas do Pará, Francisco Melo (Chicão), confi rma e agradece o envio da edição de nº 216 da revista Corrente Contínua, da Eletronorte. Na oportunidade, o titular da Seop reforça os votos de sucesso à administração dessa importante Empresa”.

Clayton Matos - Assessoria de Comunicação da Seop - Belém - PA

“Parabéns à equipe de imprensa da Eletronorte! A revista está o máximo: entre o Ziraldo e a caldeirada de tucunaré não se sabe qual é melhor”.

Miguel Paladino - São Paulo - SP

“Recebemos e agradecemos pelo envio da publicação Corrente Contínua, de excelente qualidade gráfi ca e editorial. Informamos que é de grande valia para o acervo da Biblioteca do Iesam - Instituto de Estudos Superiores da Amazônia continuar a ser receptora de tão valiosa publicação”.

Clarice Silva Neta - bibliotecária do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia - Iesam.

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Ele nem se vê,Encantado que está com o que chega pelas águasEssas mesmas que o levamE que me fazemTambém não vejo, mas nem precisaSei o que me faz, e é de um azul que sufocaUm grito de paz pra quebrar a calmariaNem issoDali só saem os suspiros e a vontadeNão vês de quê?De me quebrar, de cortar o desenho das águasJogar pedrinhas não bastaEntrar nele como de pronto um riso de molequeDaqui ouço os mugidos E até o silêncio de quem esperaPassar o rastro que me atravessaSó pra refazer o azulDo céu e da águaDo riso e da almaE tu? Porque não te vês?És terra fi rme demais para perceber?Que estás aí, atônito diante do que te ponho a sentir

Texto: Michele SilveiraFoto: Marconde Oliveira

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