36
Modernismo: fase “LEITOR: ESTÁ FUNDADO O DESVAIRISMO.” (Mário de Andrade)

1a Fase Modernismo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

primeira fase do modernismo

Citation preview

Modernismo: 1ª fase

“LEITOR: ESTÁ FUNDADO O DESVAIRISMO.”

(Mário de Andrade)

Momento Histórico• Surto de industrialização e transformação das principais cidades

• Aumento no número de imigrantes

• Fortalecimento dos barões do café com a chamada política do Café-com-leite.

• Surgimento do movimento operário, as primeiras greves em São Paulo e os

ideais anarquistas

• Integralismo

• Tenentismo

• Revolução de 1930

Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições.

Período rico em manifestos e revistas de vida efêmera.

É a fase mais radical justamente em consequência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado.

Caráter anárquico e forte sentido destruidor.Principais autores desta fase: Mário de Andrade,

Oswald de Andrade, Manuel Bandeira.

• O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:

"(...) se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e idéias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. (...)Mas esta destruição não apenas continha todos os germes da atualidade, como era uma convulsão profundíssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que o movimento modernista impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios fundamentais: o direito permanente a pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional.“ MÁRIO DE ANDRADE

Características gerais• busca do moderno, original e polêmico• volta às origens e valorização do índio verdadeiramente

brasileiro• “língua brasileira” - falada pelo povo nas ruas• paródias - tentativa de repensar a história e a literatura

brasileiras• A postura nacionalista apresenta-se em duas vertentes:

– nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade, identificado politicamente com as esquerdas.

– nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes de extrema direita.

Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.

Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das idéias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.

MANIFESTOS• O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia

primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.

• Verde Amarelismo e Anta: Reação ao nacionalismo de Oswald. Defende o nacionalismo ufanista inclinando-se para o nazi-fascismo. Tomam como símbolos a Anta e o índio Tupi.

• A Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu sem com isso perder a nossa identidade cultural.

• O momento esteticamente mais radical do Modernismo foi a Antropofagia. Invocando a cultura e os costumes primitivos do Brasil, este movimento afirma a necessidade de sermos um povo antropófago, para não nos atrofiarmos culturalmente. Deve-se filtrar as contribuições estrangeiras para alcançar uma síntese transformadora.

Principais Revistas :1. Klaxon – Mensário de Arte Moderna: Primeiro periódico modernista. Inovadora desde a

capa até a publicidade: sérias (Lacta) e satíricas (fábrica de sonetos). “Klaxon (...)não se preocupara de ser novo, mas atual. (...) Klaxon é klaxista”.

2. A Revista: Revista que divulgou o movimento em Minas Gerais. Teve apenas 3 números e contou com a participação de Carlos Drummond de Andrade. “Será preciso dizer que temos um ideal? Ele se apóia no mais franco e decidido nacionalismo.”

3. Revista da Antropofagia: Inspirada no Abaporu de Tarsila do Amaral. Possui 16 números divididos em 2 momentos. A sua primeira “Dentição” abre-se com o “Movimento Antropófago”. É mais uma miscelânea ideológica trazendo artigos de várias correntes modernistas. Já a segunda dentição é mais definida ideologicamente trazendo “mordidas” para ex-antropófagos como Mario de Andrade.

4. Outras Revistas: “Festa”, “Terra Roxa e Outras Terras” e “Estética”.

Abaporu – Tarsila do Amaral

• Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época.

• Tarsila e Oswald batizaram-no de Abaporu (o homem que come).

• Oswald, inspirado na ideologia representada pelo quadro, escreveu o Manifesto Antropófago e criou o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura europeia e transformá-la em algo bem brasileiro.

• Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro.

MANUEL BANDEIRA

• É uma das figuras mais importantes da poesia brasileira e um dos iniciadores do Modernismo.

• Sua poesia destaca-se pela consciência técnica com que manipulou o verso livre.

• Participa indiretamente da Semana de Arte Moderna, quando Ronald de Carvalho declama seu poema Os Sapos

• Segundo Alfredo Bosi, “a biografia Manuel Bandeira é a história de seus livros. Viveu para as letras.”. Assim, a morte de sua família aos quatro anos e a luta contra a tuberculose marcam, tem vislumbres significativo em sua obra.

• Inicia a sua obra poética antes do modernismo com a publicação de A cinza das horas. Possui grande influencia parnasiana e simbolista. Sua poesia aproveita-se do momento de transição para demonstrar o gosto pelas formas livres.

• O poeta não adere amplamente ao Modernismo da primeira fase.

Sempre pensando que morreria cedo por conta da tuberculose, acabou vivendo muito e marcando a literatura brasileira.

Morte e infância são as molas propulsoras de sua obra. Ironizava o desânimo provocado pela doença, mas em Cinza das Horas apresenta melancolia e sofrimento por causa da “dama branca”.

Além de ser um poeta fabuloso, também foi ensaísta, cronista e tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do "gosto humilde da tristeza".

Beijo pouco, falo menos aindaMas invento palavras

Que traduzem a ternura mais fundaE mais cotidiana

Inventei, por exemplo, o verdo teadorarIntransitivo: Teadoro, Teodora

Irene no Céu

Irene pretaIrene boaIrene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:- Licença, meu branco!E São Pedro bonachão:- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma

lagarta listrada?A moça se lembrava:

-A gente fica olhando...A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:-Antônia, você parece uma lagarta listrada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.O rapaz concluiu:

-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

Satélite

Fim de tarde.No céu plúmbeoA Lua baçaPairaMuito cosmograficamenteSatélite.

Desmetaforizada,Desmetificada,Despojada do velho segredo de melancolia,Não é agora o golfão de cismas,O astro dos loucos e dos enamoradosMas tão-somenteSatélite.

Ah Lua deste fim de tarde,Desmissionária de atribuições românticas,Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais valia,Gosto de ti assim:Coisa em si,Satélite. (Estrela da Tarde, 1960)

O Bicho

Vi ontem um bicho Na imundície do pátioCatando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,Não era um gato,Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem

(O Bicho, 1947)

Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.Viveram três anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontra-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico: - Diga trinta e três. - Trinta e três... trinta e três... trinta e três... - Respire.

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Mário de Andrade

• Foi poeta, narrador, ensaísta, musicólogo e folclorista.

• Um dos organizadores do Modernismo e da Semana de Arte Moderna, foi o que apresentou projeto mais consistente de renovação.

• Começou escrevendo críticas de arte e poesia (ainda parnasiana) com o pseudônimo de Mário Sobral.

• Rompeu com o Parnasianismo e o passado com Paulicéia Desvairada e a Semana, da qual participou ativamente.

• Injetou em tudo que fez um senso de problemático brasileirismo, daí sua investida no folclore.

• De jeito simples, sua coloquialidade desarticulou o espírito nacional de uma montanha de preconceitos arcaicos.

• Lutou sempre por uma literatura brasileira e com temas brasileiros.

• Escreve inspirado numa língua falada e nos modismos populares. Não hesita em usar formas consideradas incorretas, desde que legitimadas pelo uso brasileiro. Chamado de demolidor da “pureza vernácula” e do “culto da forma”.

• Seu primeiro romance é Amar, Verbo Intransitivo que penetra na estrutura familiar da burguesia paulistana, sua moral e seus preconceitos. Aborda, ao mesmo tempo, os sonhos e a adaptação dos imigrantes na agitada Paulicéia.

• Já em Macunaíma, Herói sem nenhum caráter, cria um anti-herói com um perfil indolente, brigão, covarde, sincero, mentiroso, trabalhador, preguiçoso, malandro, otário- multifacetado. Inspirando-se no folclore indígena da Amazônia, mesclando a lendas e tradições das mais variadas regiões do Brasil, constrói-se um herói que encarna o homem latino-americano. Macunaíma é uma figura totalmente fora dos esquemas tradicionais da prosa de ficção, uma aglutinação de alguns possíveis tipos brasileiros.

Batizado de Macunaíma – Tarsila do Amaral

Prefácio InteressantíssimoLeitor:  Está fundado o Desvairismo.  Este prefácio, apesar de interessante, inútil. (...)Um pouco de teoria? Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada. (...)Belo da arte: arbitrário, convencional, transitório - questão de moda. Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a eternidade que a natureza tiver. Arte não consegue reproduzir a natureza, nem este é seu fim. (...)E está acabada a escola poética "Desvairismo". Próximo livro fundarei outra. E não quero discípulos. Em arte: escola=imbecilidade de muitos para vaidade dum só. 

Ode ao BurguêsEu insulto o burguês! O burguês-níquelo burguês-burguês!A digestão bem-feita de São Paulo!O homem-curva! O homem-nádegas!O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!Que vivem dentro de muros sem pulos,e gemem sangue de alguns mil-réis fracospara dizerem que as filhas da senhora falam o francêse tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!Fora os que algarismam os amanhãs!Olha a vida dos nossos setembros!Fará Sol? Choverá? Arlequinal!Mas à chuva dos rosaiso êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!Morte às adiposidades cerebrais!Morte ao burguês-mensal!Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?— Um colar... — Conto e quinhentos!!!Más nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!Oh! purée de batatas morais!Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!Ódio aos temperamentos regulares!Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!Ódio à soma! Ódio aos secos e molhadosÓdio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,sempiternamente as mesmices convencionais!De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!Dois a dois! Primeira posição! Marcha!Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!Morte ao burguês de giolhos,cheirando religião e que não crê em Deus!Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São PauloNa minha casa da rua Lopes ChavesDe supetão senti um friúme por dentro.Fiquei trêmulo, muito comovidoCom o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!muito longe de mimNa escuridão ativa da noite que caiuUm homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.

Oswald de

Andrade

• Foi poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo. • Entra em contato com as vanguardas européias

em 1912 de onde traz as suas influências do Futurismo

• Amigo de Mário de Andrade, era seu oposto: milionário, extrovertido, mulherengo (casou-se 5 vezes, as mais célebres sendo as duas primeiras esposas: Tarsila do Amaral e Patrícia "Pagu" Galvão).

• Fazendeiro de café, perdeu tudo e foi à falência em 1929 com o crash da Bolsa de Valores.

• Militante esquerdista, passou a divulgar o Comunismo junto com Pagu em 1931, mas desligou-se do Partido em 1945.

• Foi um dos principais artistas da Semana de Arte Moderna e lançou o Movimento Pau-Brasil e a Antropofagia, corrente que pretendia devorar a cultura européia e brasileira da época e criar uma verdadeira cultura brasileira.

• Sua obra é marcada por irreverência, coloquialismo, nacionalismo, exercício de demolição e crítica.

• Incomodar os acomodados, estimular o leitor através de palavras de coragem eram constantes preocupações desse autor.

• É fiel aos ideais da primeira fase modernista até a sua morte. Defende um nacionalismo que busca as origens e traz um retrato crítico da realidade brasileira.

• A parodização como forma de repensar a literatura nacional é uma de suas marcas.

• Propõe uma interpretação da cultura brasileira como “assimilação destruidora e recriadora da cultura européia”. Essa visão é claramente observada no “Manifesto Antropófago” (1928) e vários escritos da combativa Revista de Antropofagia (1928-1929), que ele fundou e orientou.

• Revoluciona o aspecto visual dos poemas através de seu “poema-pílula”.

• O autor rompe com a estruturação tradicional dos romances: capítulos curtíssimos, misto prosa e poesia.

Erro de português

Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português

Pronominais Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nação BrasileiraDizem todos os diasMe dá um cigarro

Canto de regresso à pátria  Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de láMinha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terraOuro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para láNão permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo.

A descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longoAté a oitava da PáscoaTopamos avesE houvemos vista de terraos selvagensMostraram-lhes uma galinhaQuase haviam medo delaE não queriam por a mãoE depois a tomaram como espantadosprimeiro cháDepois de dançaremDiogo DiasFez o salto realas meninas da gareEram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nós as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha.