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Segurança de barragens
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PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Planejar um plano de instrumentação de barragens é similar ao
realizado em outros projetos de engenharia. Um projeto típico de
engenharia começa com a definição de um objetivo e se
processa através de uma série de passos lógicos até a
preparação dos desenhos, especificações e listas de materiais.
Franklin (1977) indica que um programa de monitoração é
uma corrente com vários elos potencialmente fracos, que
podem se romper com certa facilidade e freqüência.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Planejamento Sistemático requer especial empenho e
dedicação da equipe responsável. Deve ser feito por um
grupo, com um especialista em instrumentação geotécnica.
Reconhecendo que a instrumentação é apenas uma
ferramenta e não uma solução, esse grupo deve ser capaz de
trabalhar em íntima colaboração com a equipe de projeto.
O autor teve a oportunidade de trabalhar durante mais de 20
anos com a equipe de projeto de barragens da Promon
Engenharia, em São Paulo, tendo sido o responsável pelo
projeto de instrumentação de várias barragens no Brasil, Equador
e Argélia.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Nestes projetos foi de relevante importância o entrosamento
com as equipes de geologia e de geotecnia, na
instrumentação da fundação, e da equipe de estruturas, na
instrumentação das barragens.
O planejamento deve ser feito segundo os itens a seguir
apresentados. Todas estas etapas devem, se possível, ser
completadas, antes que os trabalhos de instrumentação sejam
iniciados no campo, conforme assinalado por Dunnicliff/93.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
O PLANEJAMENTO
1. Definição das Questões Geotécnicas e Objetivos da
Instrumentação
Todo instrumento em um empreendimento deve ser selecionado
e instalado para responder a alguma questão específica: se não
houver questionamento, não deve haver instrumentação.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
2. Seleção dos Parâmetros a Serem Monitorados
Os parâmetros a serem medidos incluem a pressão da água nos
poros, a pressão da água na rocha de fundação, a pressão total
no solo, os recalques, os deslocamentos horizontais, as cargas
e tensões nos elementos estruturais, a temperatura, as vazões
de drenagem, os materiais sólidos carreados, etc..
A questão a ser respondida é: quais parâmetros são os
mais importantes?
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
3. Previsão do Campo de Variação das Medidas
Previsões são necessárias para que o tipo de instrumento
requerido e sua sensibilidade ou a precisão requerida possam ser
bem selecionados. Uma estimativa do valor máximo a ser medido
conduz à seleção de uma determinada categoria de instrumento.
Essa estimativa normalmente requer um bom julgamento e
experiência do engenheiro.
● Seleção dos parâmetros a serem observados e cálculo dos
seus valores antecipados, com base nas hipóteses de
projeto;
● Cálculo dos valores dos mesmos parâmetros, submetidas
às condições mais desfavoráveis de carregamento.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Tabela 1 - Exemplo de Níveis de Advertência de Risco (Franklin/77)
Nível de
AdvertênciaCritério Ação
1Movimentação maior que
em qualquer estação
topográfica
Informar ao gerente da
mineração
2
Movimentação maior que
em duas unidades
adjacentes; ou velocidade
superior a por mês em
qualquer unidade
Contato verbal e reunião no
canteiro, seguidos de
relatório impresso com
recomendações
3Movimentação maior que
mais aceleração em
qualquer das unidades
Inspeção imediata do local
pelo engenheiro consultor,
reunião local e
implementação medidas
corretivas (segundo plano
de contingências)
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
4.O Planejamento de Ações Corretivas
Inerente ao uso da instrumentação para propósitos construtivos
está a absoluta necessidade de decidir, antecipadamente, por um
método para solucionar problemas em potencial, que possam ser
revelados pelas observações (Peck, 1973).
Na fase de enchimento do reservatório, por exemplo, deve-se
prever em toda barragem de porte a disponibilidade, no
canteiro de obras, de equipamentos para a execução de
sondagens à percussão e para a execução de injeções de
cimento na fundação, no caso da necessidade de reforço da
cortina de drenagem ou injeção, tendo por base as
informações transmitidas pela piezometria. Instrumentos
sobressalentes são úteis nesta fase.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
5. Atribuição de Tarefas nas Fases de Projeto, Construção
e Operação
Quando da atribuição das tarefas em um plano de auscultação, a
parte com o maior interesse nos dados deve receber a
responsabilidade de supervisioná-los, no sentido de que os
mesmos sejam obtidos com a maior precisão possível. Enfatiza-
se aqui a importância em se manter a empresa Projetista em
íntima colaboração com a equipe de instrumentação de campo.
As várias tarefas envolvidas em concluir com sucesso um
programa de monitoração, são:
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Tabela 2 - Tabela utilizada para Atribuição de Tarefas (Dunnicliff/93)
Tarefa
Parte Responsável
ProprietárioConsultor do
projeto
Especialista em
instrumentaçãoEmpreiteiro
Planejamento do plano de
auscultação
Aquisição dos instrumentos e
calibrações de fábrica
Instalação dos instrumentos
Manutenção e calibração periódica
dos instrumentos
Estabelecer e atualizar o programa
de aquisição dos dados
Aquisição dos dados
Processamento e apresentação dos
dados
Análise e elaboração de relatórios
periódicos
Decidir pela implementação das
recomendações e das medidas
corretivas
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
6. Seleção dos Instrumentos de Auscultação
As seis etapas precedentes devem ser finalizadas antes
que os instrumentos estejam selecionados.
●Ópticos
●Mecânicos
●Magnéticos
●Hidráulicos
●Pneumáticos
●Corda vibrante
●Fibra ótica
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
O baixo custo de um instrumento nunca deve dominar o processo
de seleção, e é improvável que um instrumento de baixo custo
resulte em um custo total menor.
Os instrumentos devem ter uma prova de seu bom
desempenho no passado e devem sempre assegurar a
máxima durabilidade, no ambiente em que forem instalados.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Tabela 3 - Ambientes dos Instrumentos (Dunnicliff/93)
1. Grandes deformações – normalmente deformações cisalhantes
2. Altas pressões – tanto sólidas como fluidas
3. Corrosivo – químico (umidade, argamassas, aditivos do concreto,
bactérias) e eletrolítico (eletrólise de materiais não similares, correntes
elétricas de dispersão)
4. Temperaturas extremas – abaixo da temperatura de congelamente até
+60ºC no sol
5. Choques – detonações, atividades construtivas, transporte em
rodovias precárias
6. Vandalismo, destruição por equipamentos construtivos, queda de
blocos de rocha
7. Poeira, sujeira, lama, chuva, precipitados químicos
8. Alta umidade, infiltração ou água estagnada
9. Fornecimento errático de energia (instrumentos elétricos)
10. Perda da acessibilidade dos instrumentos, quando cobertos por
rocha, solo, concreto projetado ou outros suportes, em taludes e obras
subterrâneas
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
7.Localização dos Instrumentos
A seleção da localização dos instrumentos deve refletir os
comportamentos previsíveis da barragem e de sua fundação,
devendo ser compatível com os métodos de análise que,
posteriormente, serão utilizados no exame dos dados obtidos.
Na instrumentação da barragem de terra para contenção de
rejeitos do Morro do Ouro, da Rio Paracatu Mineração S.A.,
localizada em Paracatu, M.G., optou-se pela instalação dos
piezômetros de maciço, nas juntas longitudinais de
construção (Fig.1), resultante das diferentes etapas em que o
projeto foi executado, conforme pode-se depreender do
trabalho de Borges et al./96.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Locação dos piezômetros na seção da Est. 63+00 na barragem
Morro do Ouro
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Ao longo da seção longitudinal da barragem, a seção de maior
altura é importante de ser instrumentada, em função das maiores
tensões reinantes internamente à barragem, assim como da
maior pressão hidrostática a montante. Outras seções, com
anomalias geológicas na fundação devem ser instrumentadas.
Na BEFC de Xingó, por exemplo, onde em uma mesma seção
transversal dispunha-se de células de recalque instaladas
horizontalmente ao longo de três cotas, assim como de
medidores magnéticos de recalque instalados verticalmente.
Foram observadas diferenças de recalque de 155 mm, para a
célula mais a montante, e de 390 mm, para a célula de
jusante, na região mais deformável do enrocamento,
conforme se pode observar na Figura a seguir.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
Comparação entre os recalques medidos pelas células de
recalque e medidores magnéticos na BEFC de Xingó
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
8. Registro dos Fatores que Podem Influenciar os Dados
Medidos
As medições apenas são raramente suficientes para fornecer
conclusões úteis. O uso da instrumentação envolve normalmente
a relação das medições com suas causas e, portanto,
documentação e diários completos devem ser mantidos dos fatores
que possam afetar os parâmetros medidos.
9.Estabelecimento dos Procedimentos Básicos para
Assegurar a Precisão das Leituras
A equipe responsável pela instrumentação deve ser capacitada a
responder a questão: O instrumento está funcionado
corretamente? A habilidade em responder depende da
disponibilidade de boas evidências, para as quais o
planejamento é importante.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
10.Preparo do Orçamento
Mesmo que o planejamento das tarefas da instrumentação não
esteja completo, um orçamento deve ser preparado nessa
etapa, para todas as tarefas listadas na Tabela 1, para
assegurar que os recursos estejam realmente disponíveis.
11 .Preparo das Especificações e Lista de Materiais Para a
Aquisição
Tentativas de usuários em projetar e fabricar instrumentos
geralmente não tem sido bem sucedidas. Os instrumentos devem,
portanto, ser adquiridos de produtores reconhecidos, para os
quais as especificações de compra são, normalmente, requeridas,
conforme experiência dos países mais desenvolvidos.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
12. Planejamento da Instalação
Os procedimentos escritos devem incluir uma lista detalhada
de materiais e equipamentos requeridos, e folhas de
documentação da instalação devem ser preparadas, para
documentar todos os fatores que podem influenciar os
dados medidos.
13.Manutenção Periódica e Eventual Calibração
A calibração consiste na aplicação de pressões, cargas,
deslocamentos, temperaturas conhecidas a um instrumento, sob
condições ambientais controladas, medindo-se a resposta nas
medições realizadas. Dunnicliff/93 destaca que a calibração de
um instrumento é exigida em três etapas: antes do envio do
instrumento para a obra (teste de fábrica), quando o instrumento
é recebido (teste de aceitação), e durante a vida útil do
instrumento.
PLANEJAMENTO DO PLANO DE
INSTRUMENTAÇÃO
14.Planejamento da Aquisição, Processamento, Análise,
Elaboração de Relatórios e Implementação das
Recomendações
Procedimentos escritos para a coleta, processamento,
apresentação adequada e interpretação dos dados devem ser
elaborados. O empenho requerido para essas tarefas não deve
ser subestimado.
Muitas empresas proprietárias de barragens têm arquivos
repletos de grande quantidade de dados, parcialmente
processados ou não, porque não houve tempo ou fundos
suficientes para tais tarefas.
Módulo 2 - QUESTÕES
• Assinalar 3 aspectos importantes no Planejamento da Instrumentação de uma barragem.
• Qual a Entidade no Brasil que deveria estudar as causas dos acidentes e cadastrar a ruptura de barragens?