2- Carvalho Et Al Perspectivas Dos Jovens Rurais Campo Versus Cidade Garanunhs

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    Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

    Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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    PERSPECTIVAS DOS JOVENS RURAIS: CAMPO VERSUS [email protected] 

     Apresentação Oral-Agricultura Familiar e Ruralidade DANIELA MOREIRA CARVALHO1; ALYSON BRAYNER SANTOS2; JALMIR

    PINHEIRO SOUZA JÚNIOR3; MOISES TENORIO FERRER4.1.UFRGS, PORTO ALEGRE - RS - BRASIL; 2,4.UFRPE - UAG, GARANHUNS - PE -

     BRASIL; 3.UFRPE- UAG, GARANHUNS - PE - BRASIL. 

    Perspectivas dos jovens rurais: campo versus cidade

    Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade 

    ResumoA agricultura familiar tem grande importância na redução do êxodo rural e no potencial decriar condições e oportunidades de trabalho e sobrevivência no campo. Esta estruturaprodutiva contribui para o desenvolvimento de municípios de pequeno e médio porte emtodas as regiões Brasileiras. Em Pernambuco mais de 80% das propriedades ruraisfuncionam com base no controle e participação do trabalho dos membros da família, ouseja, com base na produção familiar. Essa estrutura social e de produção contempla o

     jovem como uma garantia de continuidade da pequena produção no campo. Nesse sentido

    o objetivo deste trabalho foi de realizar uma análise sobre as perspectivas dos jovensquanto ao interesse na permanência no campo. A metodologia utilizada foi de entrevistasestruturadas realizadas com 335 jovens rurais, todos, alunos de uma escola rural nomunicípio de Garanhuns, Pernambuco. Aos técnicos de extensão rural e lideranças locaisforam realizadas entrevistas semi-estruturadas para um diagnóstico mais amplo e profundo.Questionários foram respondidos pelos funcionários da escola (professores, secretaria eapoio didático). Entre os resultados encontrados observou-se que a maioria dos jovensgosta de morar no campo, por ser tranquilo e eles terem certa liberdade, além de, na visãodos mesmos, garantir o sustento familiar. Porém, diversos pontos foram citados comomotivadores para o êxodo rural, tais como a busca pela formação profissional, atividadesde lazer, as dificuldades que eles encontram para ter acesso a terra e crédito, entre outros.

    Diante dos dados apresentados, é notória a urgência na elaboração de políticas públicasmais eficazes. Especialmente nas áreas formação profissional direcionada ao campo,assistência técnica e infra-estrutura para lazer e cultura. Essas ações promoveriam amelhoria da qualidade de vida no campo e, conseqüentemente, ampliariam as perspectivasdos jovens em darem continuidade a produção familiar.

    Palavras-chaves: Jovens rurais, agricultura familiar, sucessão familiar no campo eGaranhuns.

    Abstract

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    Subsistence farming is very important to reduce rural exodus and potentially generatebetter working conditions and employment opportunities in rural areas. Subsistence

    farming contributes to the development of small and moderate-sized cities in all regions ofBrazil. In Pernambuco more than 80% of all rural work falls under the control andparticipation of family members; in other words, family production. This social structureoffers the local youth a warranty of work in the small rural production system. With this inmind, this paper’s goal is to examine the youth’s opinions about remaining in rural areas.The methodology was based on interviews conducted with 335 young rural residents. Allof them are students at a rural school in Garanhuns, Pernambuco. Teachers and professorsworking in rural extension projects were interviewed in more depth, as well as localleaders. Instead of a list of closed questions, they were asked semi-open questions, so amore detailed view of the situation could be produced. Questionnaires were also answeredby the school’s personnel. Among the results, it was found that the majority of youth like

    to live in the country. They said the countryside is calm, and they have a way to help theirfamily financially (by working in the land). However, they mentioned many factors thatmotivate rural exodus, such as: lack of professional training, entertainment, and difficultyaccessing land and credit, among other problems. In face of the data, the urgency toelaborate more efficient public policies is obvious, especially in the areas of professionaltraining related to rural activities, improved infra-structure, more opportunities for cultureand entertainment, and access to credit. By taking care of these problems, the chances forthe diminishment of rural exodus will increase, and consequentially, more young peoplewill remain in rural areas and carry on family farming activities.

    Keywords: young rural, familiar agriculture, familiar succession in the field e Garanhuns. 

    1. INTRODUÇÃO 

    Atualmente a agricultura familiar vem sendo o centro das atenções por ser um meioalternativo de desenvolvimento para a zona rural, a qual tem capacidade de diminuir amiséria, as desigualdades sociais e econômicas e o mau uso dos recursos naturaisdisponíveis a sociedade rural, bem como, torná-la mais resistente aos grandes mercados etorná-la mais eficiente quanto a sua produtividade. Destaca-se também a intenção daredução do êxodo rural já que o Brasil tem um histórico de carência de políticas públicasvoltadas à área rural, ao fortalecimento da agricultura familiar, e a falta deincentivo/atrativo à permanência de homens/mulheres sejam jovens, adultos, crianças eidosos no campo, o que vem contribuindo para que a população urbana cresça a cada anoem um ritmo acelerado (SILVA et. al. 2006).

    Esse foco para a agricultura familiar visa, além de melhorar a qualidade de vida nazona rural (diminuindo a pobreza, gerando desenvolvimento local, etc.), aumentar aprodução de alimentos no país fazendo com que a economia se torne mais concreta, já quea agricultura é um dos principais setores da economia e a população cresce cada vez mais,tornando o país um pouco mais independente e cada vez mais forte no cenário mundial.

    Cerca de 1/3 do agronegócio brasileiro é sucedido da atividade agropecuáriadesempenhada pelos agricultores familiares, ficando evidente a importância que a mesma

    traz para a geração de riqueza do país. Só que a influência da agricultura familiar reduziu-

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    se muito ao longo dos séculos devido, não somente ao alto desenvolvimento tecnológicodo próprio setor agropecuário, mas também dos outros setores produtivos da economia. A

    incapacidade de acompanhar esse desenvolvimento fez com que o termo familiar sejaassociado a atraso, pouca significância e de subsistência, ou seja, incapaz de produzir emlarga escala e de adotar tecnologias para seu desenvolvimento (GUILHOTO et. al. 2006).

    A agricultura familiar tem grande importância na redução do êxodo rural e nopotencial de criar condições e oportunidades de trabalho e sobrevivência através dediversificados sistemas de produção e utilização dos recursos naturais. Assim esta estruturaprodutiva contribui para o desenvolvimento de municípios de pequeno e médio porte. Demaneira geral, o objetivo da maioria dos negócios familiares – incluindo osempreendimentos rurais – é crescer de forma sustentável, aumentando sua viabilidade epreparando sua transição para a próxima geração (LOURENZANI, 2006).

    Em Pernambuco a maior parte das propriedades rurais funciona com base nocontrole e participação no trabalho dos membros da família, ou seja, com base na produçãofamiliar e convivendo com diversas dificuldades.

    A agricultura familiar pernambucana representa mais de 83% dosestabelecimentos rurais do Estado, fortemente concentrada nasmesorregiões do Sertão e Agreste, sendo, também, a principal fonte deemprego rural. Excetuando-se algumas poucas áreas, notadamente aspróximas a Petrolina e Itaparica, a agricultura utiliza tecnologiasexcessivamente tradicionais, além de sofrer com a escassez de chuvas,característica do semi-árido nordestino. Ao lado dessa séria limitação, aagricultura familiar estadual enfrenta dificuldades relacionadas à

    insuficiência de terras para a manutenção de toda a família, ao baixo níveleducacional da população, baixa renda, precariedade da distribuição deenergia elétrica e de obras hídricas sustentáveis e à falta de acesso aocrédito e à assistência técnica e extensão rural (PRONAF, 2005).

    Para que a agricultura familiar continue exercendo o papel importante para o país énecessário que estudos sobre a juventude rural sejam realizados, pois são eles osresponsáveis pelo o futuro do setor e as eventuais mudanças que venham acontecer.

    Os jovens rurais, geralmente, começam a participar das atividades realizadas napropriedade rural muito cedo, nesse período acontece também um estreitamento dasrelações dos jovens com sua família onde eles começam a se interar da parte econômica e

    produtiva da propriedade, assim como, passam a participar das dificuldades que existemnas atividades, muitas vezes, por eles realizadas. Com isso, eles precisam aprender a lidarcom as responsabilidades e também criar conceitos ou idéias que venham a melhorar aprodução, ou ainda, tentar achar respostas ou ações que venham a minimizar ou resolvereventuais problemas existentes na propriedade.

    Destarte o objetivo do trabalho foi analisar as perspectivas dos jovens rurais deMiracica-PE. Procurou-se identificar os maiores anseios desses jovens e entender aspercepções que eles têm sobre a vida no campo e na cidade. Este diagnóstico inicialpretende obter subsídios para posteriormente, ser realizada uma capacitação gerencial aos

     jovens agricultores rurais da região visando promover a sustentabilidade e

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    desenvolvimento econômico da agricultura familiar local, e a melhoria da qualidade devida no campo.

    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    Quando o jovem passa a ter maiores responsabilidades dentro da propriedade rural,em relação aos deveres como agricultor seja ele produtivo, econômico ou social, ele passaa visualizar e sentir as dificuldades que a agricultura familiar tem encontrado ao longo dosanos, em relação à dificuldade de crédito, assistência técnica, etc. A partir do momento queele se envolve com esses problemas o seu desenvolvimento pessoal se torna mais difícil,pois é nessa fase da vida que eles estão planejando a realização de seus projetos pessoaisque muitas vezes são interrompidos pelas as condições que o núcleo familiar se encontra(SPANEVELLO e VELA, 2003).

    Os jovens brasileiros na faixa etária de 15 a 24 anos, somam 34,1 milhões depessoas, correspondendo a 20,1% do total da população; em áreas rurais vivem 5,9 milhõesde jovens, (IBGE, 2000). Esses dados mostram que apenas 17,3% dos jovens brasileirosmoram na zona rural. Há indicadores que mostra que cada vez mais eles trocam o campopela cidade, este fato evidencia um problema, assim como uma preocupação que começa ase fazer presente no meio acadêmico em relação ao futuro da juventude rural, tais como, asobrecarga do mercado de trabalho na zona urbana, o desaparecimento da agriculturafamiliar, a falta de mão-de-obra no campo, entre outras.

    Os dados demográficos sobre a população brasileira demonstram a continuidade do

    processo migratório campo-cidade nas últimas décadas, na década de 70 a população ruraldo Brasil tinha aproximadamente 41 milhões de habitantes, já na década de 80 essapopulação passou para 38,5 milhões, na década de 90 essa população rural chegou a atingir33,8 milhões de habitantes, isso corresponde a uma participação de 44,1%, 32,4% e 22%da população total do país, respectivamente (IBGE, vários censos).

    Os fatores motivantes para a emigração rural estão divididos entre os atrativos davida rural (que são fatores de atração) e as dificuldades da vida no meio rural e daatividade agrícola (que são fatores de expulsão) (BRUMER, 2007). Ainda, de acordo comBrumer (2007: p.3):

    Apesar do peso dos fatores estruturais, as decisões sobre a migração sãotomadas por indivíduos, que variam na avaliação de fatores de atração ou

    de expulsão. Ademais, na decisão de migrar, provavelmente os fatores deexpulsão são anteriores aos de atração, na medida em que os indivíduosfazem um balanço entre a situação vivida e a expectativa sobre a novasituação. Dependendo de como se examina a questão, os estudos sobre amigração de jovens focalizam ora os atrativos no novo ambiente ora osaspectos vistos como negativos no local de origem. Entre os ‘ruralistas’predominam as análises que apontam antes os fatores de expulsão do queos de atração, como causas da migração.

    O histórico de ausência de políticas públicas no Brasil, da dificuldade einsuficiência aos serviços de saúde e educação de boa qualidade, bem como o acesso aolazer tem reduzido a vontade dos jovens permanecerem vivendo na zona rural. A falta de

    apoio para a criação de alternativas de trabalho e meios diversificados para a composição

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    da renda aumenta ainda mais essa tendência dos jovens em deixarem o campo, que muitasvezes são incentivados até pelos próprios pais por acreditarem que na cidade terão todas as

    oportunidades para a concretização dos seus sonhos (SILVA et. al. 2006).Com as dificuldades que os jovens encontram no acesso a terra há um desestimulo

    para a continuidade da vida no campo, pois existe uma ansiedade em busca daindependência financeira através do trabalho remunerado o que, na maioria dos casos, nãoacontece quando ele trabalha na propriedade com seus pais. Em alguns casos os paisdisponibilizam uma parte da propriedade para o filho “colocar o roçado” e tentar obteralgum lucro naquela terra. Em outros casos a terra é muito pequena e qualquer concessãodo pai para o filho compromete a subsistência da família. Acrescenta a dificuldade deobtenção da terra à falta de conhecimento técnico, existem poucas escolas agropecuárias,para muitos sair de casa para estudar não é permitido, e, muitas vezes, todo seu

    conhecimento advém do que aprendeu com seus pais. O conteúdo da escola, em geral, édirecionado apenas para a realidade urbana, além disso, a falta de assistência técnica paraorientação dos mesmos, falta de crédito para ele iniciar alguma atividade, entre outrosfatores interferem fortemente no interesse em permanecer no campo. Já as filhas aindasofrem um pouco mais na dependência dos pais e acabam emigrando para a cidade embusca de trabalho remunerado e sua independência.

    Deste modo a baixa educação e a insuficiência de políticas públicas têm geradovários problemas, entre os quais se pode fazer referência ao analfabetismo; grande númerode crianças e jovens fora da escola; a carência de ensino médio rural; não valorização eformação de docentes; docentes alheios à realidade rural; abandono da escola rural;ausência de infra-estrutura adequada; carência de renovação pedagógica; currículo e

    calendário escolar alheios à realidade rural; escolas deslocadas das necessidades e dasquestões do mundo rural e alheia aos interesses dos trabalhadores rurais, de seusmovimentos e organizações, e assim estimuladora do abandono do campo (QUEIROZ,2001).

    É importante ressaltar que para cursar o ensino médio, em geral, o jovem ruralprecisa ir para as sedes dos seus municípios regularmente, onde terão acesso à outra formade vida e diferentes modos de relacionamento social ao qual começarão a confrontar osvalores da vida no campo e na cidade e despertarão o desejo de viver tal modo de vidadiferente do qual foram criados (SIQUEIRA, 2004). No entanto, há uma visão positivanessa circulação entre o campo e a cidade, pois os jovens poderão tirar suas próprias

    conclusões quanto ao melhor modo de vida, terão uma maior visão quanto a diferentesculturas e aprenderão a se socializar em outros grupos.

    Num diagnóstico também feito deste assunto Wanderley (2004) analisou a visão deparceiros de um assentamento situado na Região Metropolitana de Recife, sobre a vidaurbana e rural. Embora a cidade seja vista de forma negativa por causa da violência, dasdrogas e da miséria, assim como a dificuldade de constituir relações de confiança, elatambém é vista positivamente por oferecer uma gama de serviços (como lazer, saúde eeducação) e possibilidades de desenvolvimento, como complemento indispensável à vidano meio rural. Nesse assentamento as pessoas dão muito valor a questões como atranqüilidade e a liberdade da vida no campo, a solidariedade das pessoas e as relações de

    amizade que são construídas (WANDERLEY, 2004).

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    A zona rural também é vista positivamente pelos moradores por ser uma atividadede caráter autônomo e por lhes garantir o alimento, já que os mesmos são desfavorecidos

    pela situação da economia de interesses a qual nós vivemos (WANDERLEY, 2004). Outro aspecto apontado pelas pesquisas sobre os jovens rurais é a predominância de

    homens no campo, pois a maior parte dos emigrantes são moças, levando à respectivamasculinização do campo. A situação mais delicada das mulheres deriva da desvalorizaçãodas atividades realizadas por elas, por serem trabalhos mais leves que são consideradoscomo uma “ajuda”, isso as torna pouco visíveis (PAULILO, 2004) e também pelo poucoespaço a elas reservado na atividade agrícola, onde atuam apenas como auxiliares(BRUMER, 2004). Essas situações fazem com que ocorra o desinteresse por parte dasmoças da continuidade da vida no campo, que acabam buscando os centros urbanos embusca de trabalho remunerado e reconhecimento, bem como uma melhoria de vida. Muitas

    vezes são até mesmo incentivadas pelos próprios pais a procurarem os centros urbanos poracreditarem que terão mais oportunidades de trabalho e não precisarão trabalhar no“pesado”. Essa predominância de mulheres migrando para cidade não está ligada acondições favoráveis para esse gênero no mercado de trabalho urbano, mas sim adesvalorização do seu trabalho no campo e a falta de perspectivas que elas encontram (ABRAMOVAY, 1998). 

    Um aspecto que vem sendo muito abordado ultimamente como sendo um fator parao êxodo rural é a falta de espaços que tragam cultura e lazer para o campo, pois são fatoresde descontração e socialização que aliviam o estresse causado pelo desgaste do dia-a-diade trabalho no campo, assim como a ansiedade e a depressão. Assim, os jovens ruraisprocuram na cidade a realização dessas atividades de cultura e lazer (festas, prática de

    esportes, cinema, etc.), já que o campo é tido como um lugar de tranqüilidade e descanso,ao contrário disto, os citadinos que querem deixar um pouco de lado o estresse do dia-a-diada cidade acabam procurando o campo justamente por ser um lugar descanso(CARNEIRO, 1998). Segundo Carneiro (1998: p.257), “a ausência de espaços de lazer éresponsável, entre outros fatores, pela avaliação negativa do campo em relação à cidade epelo desejo de migração”.

    Como o jovem rural começa a trabalhar no campo, geralmente, por volta dos 10 a12 anos, realizando algumas atividades mais simples e por volta dos 16 ou 17 anos muitasvezes já assume o papel de adulto na propriedade, eles acabam perdendo um pouco davivência da adolescência no que diz respeito a atividades como lazer e recreação para

    assumir as responsabilidades a eles transferidas. Já que as atividades de lazer se fazem tãoimportantes para atender as necessidades dos jovens rurais, é imprescindível que haja porparte do poder público uma maior atenção na elaboração das políticas públicas que visematender essa carência que o jovem rural encontra em relação ao lazer (OLIVEIRA, 2006).

    Conhecendo-se as tendências migratórias, as visões e perspectivas dos jovensquanto à atividade agrícola, surge a necessidade de inverter a questão e procurar pesquisaraspectos positivos que favoreçam a sua permanência. Desse modo, tornam-seindispensáveis os estudos que analisam o modo de vida, as relações sociais, as condiçõesestruturais, as oportunidades de lazer e acesso a atividades agrícolas e não agrícolas, para

     jovens de ambos os sexos (BRUMER, 2004). O estudo dos jovens rurais também apresenta

    sua importância para a criação e desenvolvimento das políticas públicas, a fim de torná-las

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    mais eficientes. Nos estudos que abordam essa temática, Carneiro (2005: p.247) mostraque “uma das questões que tem recebido atenção especial é o desejo dos jovens de

    permanecerem ou não no campo e as condições de realização desses desejos e de suasaspirações profissionais”.

    3. MATERIAL E MÉTODOS

    O trabalho está sendo realizado na Escola Municipal Salomão Rodrigues Vilela,localizada na vila de Miracica, zona rural do município de Garanhuns, localizada noAgreste Meridional de Pernambuco, a aproximadamente 250 km do Recife. Inicialmentefoi realizado um diagnóstico para conhecer melhor a comunidade como um todo, foramfeitas entrevistas com os jovens produtores rurais da região e alunos da escola já referida,com professores da escola, além de técnicos e lideranças locais. Também foram obtidosdados secundários em fontes tais como o IBGE e a Secretaria da Agricultura do Município.

    O projeto do qual este artigo é fruto prevê, a posteriori, a capacitação gerencial aosalunos (selecionados a partir deste diagnóstico) da escola rural da comunidade de Miracica.A seleção dos alunos levará em conta especialmente envolvimento com a propriedade einteresse nos cursos. Este diagnóstico se justifica não somente para selecionar os alunos,

    mas também para o melhor conhecimento da comunidade, uma fotografia maisaprofundada da realidade local. Esse maior conhecimento contribuirá para elaboração deum material didático mais adequado as particularidades da comunidade bem como osanseios e perspectivas dos jovens locais.

    Portanto essa pesquisa é de caráter descritivo, nesse primeiro momento buscou-seconhecer a comunidade, descrever suas características principais para posteriormente (emoutro momento) aprofundar em pontos que emergiram como importantes.

    Para os alunos foram realizadas entrevistas estruturadas, para os técnicos,lideranças locais as entrevistas foram semi-estruturadas, permitindo maior aprofundamentonas questões a partir do conhecimento que eles tinham da comunidade. Para os professores

    da escola foram entregues questionários para serem respondidos.As entrevistas aos alunos abordavam assuntos pessoais, econômicos, familiares,

    perspectiva futura, trabalho atual dos mesmos. Já o questionário dos técnicos e autoridadeslocais trazia questões relacionadas às principais culturas na comunidade, área média daspropriedades, renda, estrutura familiar, estrutura patrimonial, acesso a recursos (assistênciatécnica, crédito, etc.); acesso a canais de comercialização e compras e suprimentos,inserção nos mercados locais e regionais e utilização de crédito PRONAF. No questionáriodos professores e da diretora da escola foram abordados assuntos com relação ao perfil dosalunos (interesses, dificuldades, comportamento) na percepção deles.

    Foram realizadas as entrevistas com um número total de 335 alunos, 10 professores,

    a diretora da escola, dois técnicos e uma liderança local. O programa utilizado para a

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    tabulação dos dados obtidos e para o cruzamento dos mesmos foi o Access 2003, daMicrosoft Office.

    Dos 335 alunos entrevistados, foram selecionados 115 para posteriormenteparticipar de cursos que serão promovidos pela Universidade Federal Rural de Pernambucoatravés da sua Unidade Acadêmica de Garanhuns e com o Financiamento pelo CNPq(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). 

    Dos 115 alunos selecionados para a participação futura nos cursos, a oito deles foirealizada uma visita da equipe na propriedade em que eles moram. Nessas visitas os paisdos jovens foram entrevistados, o próprio jovem foi entrevistado novamente numaprofundamento das questões, foi realizada uma caminhada na propriedade a fim deverificar in loco as dificuldades técnicas de produção, os sistemas produtivos existentes, oconhecimento do jovem sobre a propriedade, o tamanho etc.

    A seguir serão feitas análises do diagnóstico realizado a todos os jovensentrevistados (335), serão incluídas também informações obtidas com os outros atoressociais envolvidos na comunidade e conhecedores da dinâmica local.

    4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

    As famílias são relativamente grandes 58% dos entrevistados afirmaram ter atécinco pessoas residindo na mesma casa, 38% têm de seis a dez pessoas na mesma casa e4% tem mais de dez pessoas morando na mesma casa. A maior parte das famílias, 77%,

    reside na propriedade rural já os outros 23% residem na vila de Miracica. Dos queafirmaram não morar na propriedade rural, 26% afirmaram estabelecer algum tipo devínculo com propriedades rurais através de trabalho. Portanto, do total de entrevistados,83% (278 jovens) deles mantêm relação direta com atividades rurais morando ou não napropriedade.

    Dos que residem na propriedade rural 84% afirmaram ser donos da propriedade eos outros 16% são “moradores” da propriedade, alguns são funcionários e outros sãofamiliares (irmãos, sobrinhos, netos etc.).

    As entrevistas foram mais direcionadas aos alunos que moram em propriedadesrurais, ou que tem grande vínculo com alguma (83% dos jovens). Este vínculo foi definido

    a partir da freqüência do jovem às propriedades, alguns moram na vila de Miracica, masfreqüentam diariamente ou várias vezes na semana, uma propriedade rural, em geral issoacontece com a propriedade dos avós, tios e familiares, e normalmente, o jovem contribuicom sua força de trabalho. A partir de agora as análises se pautarão de maneira geral nos

     jovens que moram ou tem grande relação com as propriedades rurais, quando a análiseconsiderar a totalidade dos jovens será esclarecido no texto.

    Com relação ao tamanho das propriedades rurais da região, apesar de 55% dosentrevistados não saberem informar, percebe-se uma predominância de propriedades muitopequenas. Os que souberam informar 36,5% afirmaram que a propriedade tem de um aquatro hectares e apenas 8,5% dizem ter mais de quatro hectares. O fato das propriedades

    serem relativamente pequenas ocorre devido a divisão das terras, pois como os núcleos

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    familiares são grandes, quando acontece a partilha pelos herdeiros a tendência é cada vezmais essas propriedades diminuírem, o que torna muito difícil manter uma produção que

    atenda as necessidades das famílias e ainda haja um excedente para a comercialização.Esse é um dos fatos que pode explicar a baixa produção da região.

    A renda das famílias da região advém da comercialização dos produtos dasatividades agrícolas por eles realizadas, 77% dos jovens afirmam comercializar aprodução, porém muito deles disseram que essa comercialização só acontece quando háexcedente na produção sem que haja um planejamento produtivo nesse sentido e esseexcedente é esporádico. As principais culturas observadas foram o feijão, milho emandioca, no entanto diversas outras atividades são citadas como a bovinocultura de leite,a fruticultura entre outras. Como as propriedades da região são, na grande maioria,pequenas e os produtores não recebem assistência técnica, o que explica a baixa

    produtividade na região, acontece muitos casos do excedente ser muito pouco ou atéinexistente, o que acarreta uma renda muito baixa ou inexistente para o produtor por partedessas atividades.

    Em grande parte, a renda da produção rural é complementada com auxílios dogoverno, aposentadorias ou benefícios do INSS, trabalho em outras propriedades etemporários. Dos 335 jovens entrevistados, 239 afirmaram receber auxílio do governocomo o “bolsa família”, sessenta e nove disseram ter alguém na família beneficiário doINSS, cento e três disseram trabalhar também em outras propriedades e vinte quatrorealizam algum tipo de trabalho temporário como pedreiro, diarista, entre outros. Ou seja,algumas famílias têm a composição da renda bem diversificada e outras são muitodependentes de auxílio do governo, seja previdenciário, seja de programas sociais.

    Outro fator importante é a carência de assistência técnica na região, onde 92% dosalunos afirmaram não recebê-la. Isso se torna um agravante principalmente por causa donível educacional da população, apesar da tentativa de ajuste os próprios alunos abordaramque os assuntos vistos na escola são voltados para as necessidades urbanas e isso acabadesestimulando os alunos a freqüentarem a escola, além do mais não contribuir muito paraa realização de suas atividades no campo. Com isso, é notória a necessidade de seaumentar o acesso dos jovens rurais a assistência técnica, pois além de orientá-los, aospoucos eles vão se tornando capacitados para exercer atividades com maior produtividade.Esse dado mostra também a necessidade da criação de escolas técnicas agrícolas para queos jovens rurais sejam capacitados e tenham uma formação profissional sem a necessidade

    de migrar para a cidade, e a melhoria dos currículos das escolas rurais concomitantes aformação adequada por parte dos professores relativos às particularidades da vida nocampo. Segundo entrevista realizada a um agrônomo conhecedor da região o problema dadeficiência da assistência técnica deve-se ao pequeno número de profissionais quetrabalham na área, inviabilizando o atendimento adequado.

    Dos 335 alunos entrevistados 190 são do sexo masculino e 145 do sexo feminino,ou seja, 57% dos alunos são homens o que mostra que já há uma tendência amasculinização do meio rural, pois quando perguntados se pretendem continuar cuidandodo sítio 60,5% dos garotos responderam que sim, que pretendem continuar cuidando osítio, já as garotas o interesse de permanecer foi de 50,3%, esse dado revela que a

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    tendência em alguns anos é que o campo esteja com o número de homens bem superior queo número de mulheres.

    A maioria dos jovens entrevistados afirmou gostar de morar na zona rural, 71%(240 jovens) deles, onde alegavam ser um lugar sossegado, que permitia eles tirarem opróprio sustento, onde eles têm liberdade, porém quando perguntados se pretendiampermanecer “cuidando” da propriedade 22,5% (54 jovens) deles afirmaram não querercontinuar, alegando motivos diversos como a necessidade da formação profissional, aviolência aumentando na zona rural, entre outros. Dos 5% (16 jovens) que afirmaram nãogostar de morar na zona rural alegando “não ter nada pra fazer”, o trabalho ser pesadodemais, entre outros motivos, dos quais quatorze jovens responderam também nãopretender permanecer na propriedade e apenas dois disseram pretender ficar, pois mesmocom alguns pontos negativos a vida é mais fácil no campo do que na cidade. E 24% (79

     jovens) dos entrevistados não afirmaram gostar ou não de morar na zona rural e também dapretensão de ficar cuidando da propriedade. 

    Quando perguntados sobre o que gostariam de estar fazendo no futuro próximo, ouseja, quando terminarem o ensino médio, oitenta e nove deles responderam que queriamestar estudando, 184 queriam estar trabalhando, vinte quatro responderam outros e trinta esete responderam que não sabe ou ainda não pararam pra pensar, ver Gráfico 1.

    Gráfico 1- Perspectiva futura dos alunos.

    Fonte: dados da pesquisa.

    Visando aprofundar melhor essa questão da perspectiva para o futuro os alunosforam questionados sobre que tipo de profissão eles planejavam exercer na sua vida e asrespostas foram bastante variadas. A profissão mais interessada pelos alunos foi a de

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    “professor” com quase 23%, seguido de “agricultor” com 8%, em terceiro ficou a de“médico” e “médico veterinário” ambas com aproximadamente 6%. Doze por cento,

    equivalente a 40 alunos afirmaram “não saber” que tipo de profissão pretende seguir (verTabela 1).

    Foi possível verificar com essa abordagem que os alunos têm certa dificuldade emrelação à escolha da profissão por falta de informação. Não apenas da profissãoespecificamente, mas também dos caminhos a serem seguidos para alcançar tal profissão.Por exemplo, muitos deles não sabem que para se tornar Agrônomo é preciso fazerfaculdade e que a faculdade pública para tal formação está ao alcance de todos, no própriomunicípio de Garanhuns, esse desconhecimento muitas vezes é um fator que reduz aimportância do estudo formal, já que muitas vezes não se vê aplicabilidade para o que seaprende na escola, nem no momento atual, nem numa perspectiva futura.

    Ou seja, muitos jovens não sabem os caminhos que devem ser percorridos para queseja alcançada a formação da sua profissão de interesse. Por isso, em alguns casos, quandoos jovens conhecem esses caminhos e esbarram nessas dificuldades muitos acabamdesistindo do seu “sonho” e perdendo as perspectivas de se formarem profissionalmente.

    Tabela 1- Profissão de interesse dos jovens.

    PROFISSÃO FUTURA Nº DE ALUNOS %Professor (a) 76 22,7%

    Não sabe 40 11,9%Agricultor (a) 28 8,4%

    Médico (a) 21 6,3%Médico veterinário (a) 19 5,7%

    Policial 17 5,1%Advogado (a) 15 4,5%Vendedor (a) 11 3,3%

    Motorista 10 3,0%Dançarino (a) 9 2,7%Agrônomo (a) 7 2,1%

    Cantor (a) 6 1,8%

    Jogador de futebol 5 1,5%Pedreiro 5 1,5%

    Administrador (a) 4 1,2%Empr. Doméstico (a) 4 1,2%

    Soldado 4 1,2%Vaqueiro (a) 4 1,2%Biólogo (a) 3 0,9%

    Padeiro 3 0,9%Outros 44 12,9%

    TOTAL 335 100,0%

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    Fonte: dados da pesquisa.

    Podemos observar na tabela 1 que algumas profissões, como, vendedor, motorista,dançarina, cantor e jogador de futebol também são procurados pelos jovens, muitas vezespor não necessitarem de uma formação formal e alguns se destacarem na mídia, ou seja,muitos conseguem viver a carreira profissional sem que seja necessário aprofundar-se nosestudos. Por exemplo, ser cantora ou dançarina de bandas locais como foi citado pelasgarotas e ser jogador de futebol em algum clube da região como foi citado pelos garotos.

    Com relação ao êxodo rural na região um fator muito abordado pelos jovens e porlideranças locais foi a violência que está cada vez mais evidenciada, pois muitos jovensafirmaram que sua família deixou de morar na propriedade por causa de roubos queaconteciam freqüentemente na região. Segundo a liderança local entrevistada, ele afirmaque a violência fez com que muita gente fosse embora da zona rural, em um trecho da

    entrevista ele diz que:Lá é muito habitado, nós chegamos a contar trinta e cinco casas fechadaspor causa disso, aí conseguimos, através da FADIME (Federação dasAssociações de Miracica) fazer uma parceria com a policia militar e aprefeitura, aí tão mantendo dois policiais por dia lá em Miracica commoto. Diminuiu a violência só que o pessoal, muita gente foi morar emMiracica e trabalhar no sítio, aí no sítio ninguém quer morar mais não.

    5. CONCLUSÃO

    Grande parte dos jovens rurais de Miracica gosta de morar na zona rural epretendem dar continuidade a atividade agrícola, mesmo se formarem profissionalmenteem outras áreas querem continuar mantendo relações com o campo. Essa preferência sedeve ao fato do campo permitir a eles realizar atividades para o seu desenvolvimentopessoal, profissional e econômico, bem como garantir moradia e alimentação. Aproveitaresse sentimento de identidade e envolvimento com o campo, nesse momento da vidadesses jovens, é fundamental para garantir a permanência dos mesmos no meio rural aliadoa todos os benefícios associados a tal ação

    As análises confirmam muito do que é citado pela literatura da área, as pessoas nãorecebem capacitação adequada para realizar a atividade rural de maneira eficiente e que

    garanta perspectivas promissoras. É muito grande a carência de assistência técnica naregião, os jovens encontram muita dificuldade no acesso ao crédito e a novas tecnologias,falta de educação ajustada à realidade local e saúde de boa qualidade. Além do impacto daviolência que aumentou muito na região fazendo com que o êxodo rural tenha aumentadocada vez mais.

    Diante dos dados apresentados, é notória a necessidade de elaboração de políticaspúblicas mais eficazes que garantam aos jovens acesso à saúde e educação de boaqualidade, melhores condições de trabalho no campo (acesso a terra, crédito, tecnologia eassistência técnica), instituições de formação profissional direcionada ao campo (porexemplo, escolas agrotécnicas) e infra-estrutura para lazer e cultura, essas ações poderão

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    melhor a qualidade de vida no campo, e conseqüentemente, aumentam as perspectivas dos jovens em permanecerem vivendo no campo.

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