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INTER EX Março/20072

Diretoria ExecutivaPresidente:João Cardoso .......................... (l9)344l-6483Vice-Pres:Rosalimbo Augusto Paese ........ (l9)3236-0079Secretário:João Baptista Gomes ...............(l1)4604-3787Tesoureiro:Rubens Dias Maia .................. (l6)3322-3l83Dir. Espir:Pe. Cortez ............................. ..(11)3228-9988

Conselho FiscalDaniel R Billerbeck Nery ...... (11)6976-5240Olivo Bedin ............................ (19)3869-8649

RegionaisIbicaréAndré Mardula .........................(49)522-0840ItajubáJosé Luiz Augusto ..................(35)3622-4746São PauloMarcos de Souza ..................... (11)228-5967CampinasJercy Maccari ........................ (19)3871-4906PirassunungaRenato Pavão ............................ (19)56l-605lBauruGino Crês ............................... (14)3203-3577ItapetiningaSílvio Munhoz Pires ................(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos ...(l2)3931-4589

CoordenadoriasBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes ............. (11)4604-3787 (Cel)9976-1145

CaravanasMoacyr Peinado Martin ......... (11)6421-4460

Eventos ReligiososLásaro A P dos Santos ........... (11)3228-9988Daniel R Billerbeck Nery ...... (11)6976-5240Edgard Parada ....................... (16)3242-2406

EXPEDIENTEASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSC

Rua Luiz Zovico, 194 Jd. ColonialCEP: 13482-489 – Limeira-SP

Tel: -0xx19-3441.6483Redação: E-Mail: [email protected]

Diretoria: E-mail: [email protected]

AniversariantesMarço

02- José Murad (19) 3561-206703- Ricardo José Rosim (19) 3561-648008- Pe Joaquim José dos Santos (19) 3272-535311- Antônio Aparecido Marquetti (19) 3571-651113- José Claret da Silva (35) 3623-766014- Pe Ildefonso Sigrist (19) 3226-868117- Pe Sírio José Motter (19) 471-136720- Gaspar Ribeiro Rebelo (12) 262-485521- Olivo Bedin (19) 3869-864921- Pe Manoel F. dos Santos Jr (11) 6211-044822- Domingos Luiz Meneguzzi (19) 3238-680424- Helias Dezen (65) 461-128426- Gutemberg Rodrigues de Lima (11) 3022-718131- Dom Ricardo Pedro Paglia (98) 381-1268

Abril

01- Delfim Pinto Carneiro (19) 3881-236901- Marcos Aparecido Crepaldi (14) 232-684502- Pe Domingos H. Cruz Martins (85) 227- 249703- Isaias José de carvalho (35) 3645-127604- Renato Pereira Leite (11) 5584-794305- José Irineu Baptistela (19) 3561-376707- Raimundo José Santana (11) 6979-330308- Pe Air José Mendonça (39) 6862-206110- Oswaldo Reno Campos (35) 3662-132110- Marcos de Jesus Travagin (19) 3571-555411- José Aparecido de Godoy (19) 3563-012612- Pe Godofredo Scheepers (19) 3272-535312- Carlos Hermano Cardoso (19) 3239-119012- José Roberto P. Carneiro (11) 3872-010317- Berje Luiz Raphaelian (11) 4612-659118- Joao Corrêa Filho (35) 3622-492521- Ivo Bottega (67) 321-646422- Pe Ednei Antônio B. Rodrigues (14) 3236-491123- Antônio Altafin (19) 3434-759724- Jorge Ferreira da Rosa25- Pe Walter Licklederer (85) 377-123426- Ângelo Garbozza Neto (41) 367-429226- José Carlos Ferreira (19) 3541-074430- Adelino Gouveia da Rocha (11) 6973-6046

Maio

04- Alexandre Araújo Pereira (19) 3232-661905- Amilcar Monteiro Varanda (11) 287-371909- Sílvio Munhoz Pires (15) 3272-214509- Delfim Pinto Carneiro Jr (11) 6916-728316- Joaquim Rodrigues F Cortez (35) 3624-147219- Pe Romeo Bortolotto (19) 3561-177519- Mario Ferrarezi (19) 3561-544319- Francisco Levandowski (46) 523-200919- Romeu Dias da Silva (35) 423-430920- Pe Jorge de O Gonçalves (97) 471-130921- Edgard Parada (16) 3242-240624- Moacyr Peinado Martin (11) 6421-446025- Pe José Maria Pinto (35) 3621-1522

Junho

02- Raul Carraro (19) 3421-203306- Pe Edvaldo Rosa de Mendonça (35) 622-074906- Pe Nelson Ribeiro de Andrade (35) 3624-110407- Pe Samuel Brandão de Oliveira (11) 6674-355908- Paulo Barbosa Mendonça (19) 3542-853209- Dimas Begalli de Figueiredo (35) 3212-898110- Mauro Pavão (19) 9829-851611- Pe Amadeu Rodrigues Gusmão (11) 271-044814- José Barbosa Ribeiro (35) 3465-476121- Pe Alex Sandro Sudre (85) 227-249722- Pe Humberto Capobianco (19) 3561-891424- João Negri Sobrinho (11) 4612-406425- Pe Ivo Trevisol (92) 471-136729- Edyr Borges da Silva (19) 3289-515230- Eliseu Pavão (19) 3561-5742

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INTER EX Março/2007 3

Notícias da Província de São Paulo

Saudação do Provincial

O Pe. Cortez dirigiu aos confradespalavras de alento e de esperança. Aomesmo tempo dá graças a Deus pelopedaço de chão percorrido e pede àVirgem do Sagrado Coração que ensinea todos a sempre dizerem SIM aoconvite do Pai. Faz menção aosacontecimentos nos últimos meses doano, lembra o centenário de morte doPe. Chevalier e pede orações por sua

beatificação. Encerra sua fraterna mensagem com a frase dopoeta que diz: “Nasça mil vezes Jesus em Belém, mas senão nascer em nosso coração, para nós o Natal aindafoi em vão”. (Ver NR 1)

60 anos Província

A Província Brasileira da Congregaçãodos MSC nasceu canonicamente no dia 13de outubro de 1946, 35 anos após achegada dos primeiros MSC ao Brasil.(NR: Segundo me lembro, foram osPadres Adriano van Iersel e LudovicoKauling). O primeiro Provincial foi o Pe.João Schuur. Atualmente, com a

reestruturação dos MSC no Brasil, a Província Brasileira tem adenominação de Província de São Paulo, com ampla áreade atuação no país, abrangendo as Missões do Eqüador e doAmazonas. No Brasil, fazem parte da Congregação também aPró-Província do Rio de Janeiro e a Pró-Província de Curitiba,além da Província Italiana, com jurisdição sobre parte doNorte/Nordeste..

Ordenações

A Província acolheu com alegria em seu meio dois novosdiáconos da Igreja de Deus, ordenados no dia 15 de outubro,no Santuário de Vila Formosa, sendo ordenante Dom Ercílio

mundo, como cada um denós está observando, vem

passando por transformações de toda espécie, constantes, velozes eobservadas em toda a parte. De sua parte, a dinâmica da evangelização vai-se adaptando

às novas situações. Como não poderia deixar de ser, também na Província de São Paulo sopram osventos da renovação, como se verá. (Ver NR 1)

O

João Costa Pinto (1953-1966)

I N T R O D U Ç Ã O

Turco, da diocese de Osasco, grande amigo dos MSC. Os doisnovos diáconos são Valmir Teixeira, natural de Ponte Serrada,SC, e Geraldo Alves Cassiano, de Altinópolis, MG.

Nomeações

A paróquia Sto. Antonio, de Piranguçu, tem agora comoadministrador o Pe. Gilberto Gonçalves Pinto. A paróquiaN. Sra. da Soledade contará com a ajuda do Pe. RomeoBortolotto. No Noviciado, agora em Itajubá, residirão o MestrePe. Antonio Carlos Cruz Santos (Maristelo, Mestre deNoviços, o Pe. Gilberto Gonçalves Pinto e o Pe. AgenorPossa. Colégio Propedêutico (Pirassununga): Pe Joaquim dosSantos Filho. As paróquias de Delfim Moreira eMarmelópolis e respectivas comunidades rurais estarão sob aresponsabilidade do Pe. Arlindo Giacomelli e do futuro padreJulio César Machado, hoje diácono. - Postulantados: para ode São Paulo foi nomeado o diácono Valmir Teixeira e para ode São Luís, no Maranhão, os padres Valdecir Soares Santose João Crisóstomo Neto. A comunidade pastoral de Pacas,em Pinheiro continua com o Pe. Domingos Higino CruzMartins e passa a contar também com o Pe. Nelson Ribeirode Andrade.

A catedral de São Gabriel, em S. Gabriel da Cachoeira-AM, terá como Cura o Pe. Sírio José Motter. O vigário será oPe. Carlos Roberto Rodrigues, que responderá também comodiretor da Rádio Novo Milênio. Ainda em S. Gabriel daCachoeira estará o Pe. Jorge de Oliveira Gonçalves comoAdministrador da diocese e simultaneamente vigário daparóquia de S. João Bosco e Reitor do Seminário Diocesano.

Ficarão encarregados da Revista Anais de Nossa Sra. doSagrado Coração o diácono Valmir Teixeira e R. ReubersomE. Rodrigues. O Promotor Vocacional (para São Paulo e MinasGerais) será o Lucemir Alves Ribeiro; Ecônomo Provincial:Pe. Rosário Martins de Azevedo. O Pe. Carlos Buzanelli,que pediu ao Conselho Provincial um ano de licença, vaitrabalhar em Cratéus,CE. Encerrando este item, atuará naSecretaria Geral da Congregação, em Roma, o Pe. Luís Carlosde Araújo Moraes

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INTER EX Março/20074

Notícias da Província de São PauloEscolas Campeãs

Segundo a revista Veja, OColégio Júlio Chevalier, deCampinas-SP, classificou-se em7º. lugar no Exame Nacional deEstudantes de Ensino Médio(ENEM) com 66,38 de média,

ficando à frente de tradicionais escolas de renome da mesmacidade de Campinas.

Filosofia e Teologia

Mudaram de endereço as Casas do Teologado Pe. HélioPontes, que foi para a rua Ibaiti, 67. A Filosofia voltou para aavenida Renata, no. 1, ao lado do Santuário N.Sra. do SagradoCoração.

Missão no Amazonas

Essa importante missãocontinua sendo um grandedesafio. Em sua viagem a SãoGabriel da Cachoeira, poraeroportos, rios acima e riosabaixo, o Superior Provincialreuniu-se primeiramente com os

padres Jorge de Oliveira Gonçalves, Pe. Ivo Trevisol e SírioJosé Motter e, no dia seguinte, com Dom José Song SuiWan abordando idéias, desafios, necessidades e propostas paraessa Missão que também demanda operários para a messe.Dom José Song é o acolhedor bispo chinês da imensa diocesede São Gabriel da Cachoeira mencionado no Inter-Ex no. 92,de março de 2003.

Noviciado

O Noviciado foi instalado na cidade de Itapetininga-SPhá muito tempo, posssivelmente na década de 1940. (NR:não sei dizer em que ano foi). Em 1990, foi transferidopara Pirassununga, onde vem funcionando até os dias atuais.Todavia, por decisão bastante amadurecida do ConselhoProvincial, após consulta aos vários grupos MSC no país eà Reunião dos Superiores Maiores MSC, no Brasil, oNoviciado está sendo transferido para a cidade de Itajubá.Pirassununga não era mais um local adeqüado para essaexperiência tão rica e importante. Chegou-se à conclusãode que o local ideal, no momento, seria em Itajubá, noInstituto Pe. Nicolau. Itajubá, além de oferecer uma áreaurbana desafiadora, possui em suas redondezas váriaspequenas cidades e comunidades rurais onde os MSC atuam,com possibilidade de inserção no meio dos mais simples epobres. A abertura oficial da nova casa do Noviciado deu-se no dia 20 de janeiro deste ano de 2007, às 19 horas.

Notícia da Missão do Eqüador

Ficou resolvido que os eventuais noviços dessa Missão farãoo Noviciado e a profissão religiosa na Província de São Paulo.

Casa de Encontros - Guararema

A reforma da casa está em andamento com entrega previstapara fevereiro de 2007. Devida à escassez de recursos, serãoacrescentados como construção somente nova a sala deconferência, novo refeitório e cozinha. (Ver NR 2)

Colégio Propedêutico

Notou-se que o atual formato deingresso na vida religiosa não maiscorresponde aos atuais desafios daFormação enfrentados pela Provín-cia. A última Assembléia Provincialconduziu o Conselho e os Forma-dores a uma reflexão sobre a ques-tão, daí resultando a decisão de semudar pouco a pouco o sistema atu-al. O período anterior ao Postulan-tado será transformado em

Propedêutico, com um ano de duração, bem mais exigente eque contemplará também as “vocações adultas”. A decisão tevemotivos e justificativas muito bem estudados e fundamenta-dos com o objetivo de favorecer o desenvolvimento dos can-didatos à Vida Consagrada e ao Sacerdócio, nas dimensões es-piritual, intelectual, humano-afetiva e pastoral, beneficiandoprincipalmente os que ingressam no Seminário em seu pri-meiro ano de formação. Uma comunidade específica propíciaa uma ampla formação será instalada em Pirassununga.

Assembléia dos Leigos MSC

Foi realizada dias 21 e 22 de outubro, no Sítio S. José doBarrocão, a segunda Assembléia dos Leigos MSC, da Província,com participação das fraternidades de Vila Formosa, SãoBenedito, Pirassununga e Marmelópolis.

XI Semana Chevalier

De 16 a 21 de outubro último foi celebrada a SemanaChevalier, no Seminário Pe. Júlio Chevalier de São Luís doMaranhão. A Semana Chevalier começou como um simplestríduo, acabou sendo mantida a cada ano, tornando-se depoismomento de reflexão sobre a missão MSC, assumindo temase finalidades específicas em cada celebração. A primeira foi umacomemoração do jubileu de ouro da chegada dos primeirosMSC italianos ao Maranhão. Sob o tema “A missão MSC apartir da perspectiva missionária do apóstolo São Paulo”, hou-

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INTER EX Março/2007 5

Notícias da Província de São Paulove a participação depalestrantes como D.Fernando Panico, bis-po MSC de Crato-CE,Pe. Luis Carlos A.Moraes, a Irmã Zélia(Oblata do Coração deJesus), o Pe. ValdecirSoares dos Santos (Formador da Casa de Filosofia, em São Paulo,e vigário do Santuário de N. Sra. do S. Coração), o Pe. DomingosHigino, da região de Pacas, diocese de Pinheiro-MA e o Pe. Provin-cial (Ângelo Cortez), que fechou com chave de ouro a semana dereflexões. A celebração eucarística no encerramento do Encontro,em 21 de outubro, foi presidida por Dom Geraldo, bispo auxiliarde São Luís. (Síntese do artigo de Wedson Soares-1º. Ano de filosofia).

Encontro MSC-NE

Também em outu-bro do ano passado, de23 a 25, foi realizadoem São Luís, MA, umEncontro dos MSC doNordeste, que ofereceua oportunidades de ospadres se verem e con-fraternizarem, além datroca de experiências, esperanças e angústias. Nas palavras do Pe.Walter Licklederer, “contamos com a presença amiga e anima-dora de Dom Ricardo P. Paglia e do Superior Provincial, Pe.Cortez”. Este, num primeiro momento, fez uma reflexão sobrea espiritualidade e a missão MSC, preparando assim muito bemo terreno para o Encontro. O Pe. Walter ressaltou os seguintespontos: 1) a constatação em todos os momentos, e bem viva, darealidade em que os MSC trabalham no vasto Nordeste; 2) asboas realizações que os alegram; 3) a urgência de se encontraruma linha comum com os MSC da Província da Itália, presen-tes em Pinheiro, Fortaleza e São Luís, na pastoral vocacional eno trabalho pastoral; 4) a necessidade de um novo Formadorpara o Seminário de São Luís, visto que o Pe. Luiz Carlos A.Moraes foi convidado para servir à Congregação na Casa Geral,em Roma. 5) Foi também mencionada novamente a questão deuma possível missão “ad gentes” na África por parte dos MSCaqui do Brasil. (Síntese do texto do Pe. Walter Lickederer).

Saúde

O Pe. João José de Almeida enfrentou cirurgia para retiradada próstata, o Pe. Agenor Possa fez cateterismo na BeneficênciaPortuguesa, devendo posteriormente fazer uma angioplastia. Odiácono Geraldo Alves Cassiano submeteu-se a uma cirurgiacorretiva do nariz e desvio respiratório de septo. O Irmão AntônioLuís permaneceu internado na Beneficência Portuguesa para fazerexames e cuidar do coração e do pulmão, sendo convidado a pararcom o “cigarrinho”, convite estendido a “outros”.

NR 1 - Ao comentar ou transcrever matérias publicadas nasComunicações, tenho como único objetivo repassar aos ex-alunosas notícias da Província. Procuro sempre identificar o autor dasmatérias ou assuntos tratados. É claro que às vezes fica difícilevitar reprodução parcial de algum texto. Minha fonte principalforam as Comunicações de outubro – novembro - dezembro, no.568 - Ano LX, da Província de São Paulo)

NR 2 - A cidade de Guararema é conhecida de muitos ex-alunos,especialmente dos que cursaram o Escolasticado de Vila Formosa, apartir de 1961, e as Casas de Formação sediadas em São Paulo. Otermo “güararema”, do tupi-guarani, dá a entender a existência deárvores “pau d´alho” na localidade, como de fato existem e que exalamodor de alho, quando cortadas. A cidade, atualmente com quase 24mil habitantes, começou como um aldeamento, aldeia da Escada, àsmargens do imponente Rio Paraiba do Sul, fundado em 1611 porGaspar Vaz, procedente de uma sesmaria de Mogi das Cruzes. Em1652, índios, com orientação dos jesuitas, constroem a primeiracapela do arraial. A partir daí, a localidade torna-se ponto dereferência para os viajantes no trajeto entre as atuais cidades de SãoPaulo e Rio de Janeiro. Em 1732 chegam os missionárioscapuchinhos. Estes, à vista da má conservação da capela, resolvemconstruir um novo templo e, a seu lado, um convento. No ano de1876 entra em funcionamento o trecho da Estrada de Ferro Centraldo Brasil. A inauguração foi um dos principais fatos históricos queimpulsionaram o surgimento da “Pérola do Vale”, pois novosmoradores começaram a se estabelecer ao redor da pequena capelae da estação de trem. Com isso, por decisão das autoridades dogoverno republicano, no ano de 1890, a sede do Distrito de Paz étransferida da Freguesia da Escada para Guararema. Foi o passodecisivo para que o distrito, em amplo crescimento, fosse elevado àcondição de município, oficializado em 2 de junho de 1898. Acâmara municipal foi instalada em 19 de setembro de 1899, passando-se a celebrar o aniversário da cidade no dia 19 de setembro.

A igreja de Nossa Senhora da Escada ostenta arquiteturabarroca, com paredes de taipa de pilão. Com a expulsão dosjesuitas, passou à administração dos franciscanos. É a única igrejano Brasil com uma imagem de São Longuinho, o santo das coisasperdidas. No centro da capela, está sepultado o frei José de SantaBárbara de Bittencourt, falecido em 1890. Foi tombada peloPatrimônio Nacional em 1941.

Não encontrei a origem da palavra “escada” no título Freguesiada Escada, mas curiosamente há uma outra igreja na cidade,bastante antiga, à qual se tem acesso por uma escadaria com 81degraus, a igreja de N. Sra. D´Ajuda, erigida em 1682, tombadaem 1984 como monumento de interesse histórico.

Principais pontos turísticos de Guararema: Parque Municipalda Pedra Montada, Recanto do Américo, Pontilhão e Ponte deFerro Central do Brasil, Orquidácea, igreja N. Senhora da Escada,Rio Paraíba do Sul, Ilha Grande e a igreja N. Sra. D´Ajuda.

NOTAS DA REDAÇÃO

Saídas

Deixaram a vida religiosa o teologante Olegário StessuckSeabra, para um tempo de reflexão e discernimento, e o IrmãoAntônio Miguel Evair da Mota, após uma reflexão maisaprofundada de sua vocação. Prestou muitos serviços à Provínciaà frente da Revista Anais de N. Sra. do Sagrado Coração.

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INTER EX Março/20076

Palavra do LeitorAgradeço muito pelas lindas fotos que me enviou e pe-

las listas de ex-alunos. O Boletim Inter-Ex está extraordi-nário, talvez melhor ainda que os precedentes. Meus me-lhores votos para o ano que se aproxima.

(a) Alberto José Antonelli

À diretoria dos ex-alunos MSC, os votos de um feliz Na-tal e próspero ano de 2007. Que o Menino Jesus continue anascer todos os dias de nossa existência, em nossa cami-nhada. Amor...prosperidade ...trabalho ...alegria!

(a) Diácono Pedro Tramontina

Ao nosso presidente e equipe agradecemos e retribuí-mos os votos de boas festas e ano novo.

(a) José Manoel L Filho

À Ass. Dos ex-alunos MSC, que este Natal seja umanúncio de paz entre os homens. Que este dia especialseja celebrado com amor, alegria na vida e muita paz nocoração.

(a) Jerônimo Alvim Rocha

Em nome da presidência, a quem peço seja minhaprocuradora, transmito minhas congratulações pela passa-gem do Natal e Ano Novo, desejando a todos os ex-colegaso que há de melhor. Paz e bênçãos.

(a) José Alves

Com os meus agradecimentos aos batalhadores por umaunião fraterna, desejo que o Espírito de Deus abençoevocês nesta Natal e em todos os dias de suas vidas comtodos os presentes divinos.

(a) Benedito Carlos Leite e Família Gomes

Para o João Cardoso e toda a diretoria de nossa caraAssociação, os votos de santo Natal e abençoado Ano Novo.

(a) Pe. Humberto Capobianco

Nossos agradecimentos pelas felicitações enviadas evotos de um feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz.

(a) Pe. João José de Almeida

Através das revistas Massa & Cia, Bolos, passo a passo eSaladas, Entradas e Acompanhamentos, encontradas nasbancas de jornais, tomamos conhecimento de que a espo-sa do Luiz Carnelóz, dona Maria Carnelóz é a professora eproprietária da conhecida “Escola Angaturama” que minis-tra cursos de bolos, confeitagem, docinhos frios e artísti-cos, salgadinhos modelados, variedades natalinas e mil coi-sas mais que envolvem a culinária.

Nossos cumprimentos e parabéns a ela.

(a) João Cardoso

Desejo agradecer todos os mimos quevocês ofereceram aos associados da ASEA: CDcom fotos maravilhosas, folhinha calendário,lista atualizada dos associados, listagem dosendereços eletrônicos, datas natalícias e, porúltimo, mensagem natalina. Ufa! Será que es-queci algo? Obrigado, mas obrigado mesmo,por tudo! Entre meus muitos defeitos desa-brocha, como uma flor isolada, uma virtudeque mantenho viva e viçosa: o reconhecimen-to pelo trabalho desenvolvido pelos amigose, conseqüentemente, o agradecimento que

faço questão de manifestar. No meu último artigo(O meu amigo João Cardoso) fiz constar os cumpri-mentos e agradecimentos a toda a equipe pelo su-cesso do último encontro de Pirassununga. Torno aexterná-los agora para dizer que a Diretoria Centrale a Regional esmeraram-se ao máximo para propor-cionar a todos nós, ex-alunos e familiares, o que demelhor poderia ser concebido. A cada momento,uma nova surpresa, desde o café completo na che-gada, até os abraços finais de despedida. Só meresta dizer MUITO OBRIGADO. Todos vocês forambrilhantes, desde o mais humilde voluntário que per-maneceu no anonimato, aos diretores mais gradua-dos de nossa Associação. E, nesta época do ano, amaneira melhor de lhes agradecer tanto esforço ededicação, é desejar-lhes um feliz Natal e um anonovo repleto de alegrias e novas realizações.

(a) Alberto Maria

Venho agradecer o recebimento do Inter-Exque é muito importante, pois que muito me in-centiva para os encontros de Pirassununga. To-dos os artigos escritos pelos colegas são oportu-nos e muito interessantes. Quero me congratu-lar com o colega José Carlos B Teixeira, pois soutotalmente solidário com ele sobre o que escre-veu em seu artigo “Anseios e sugestões”, quetambém são os meus.

(a)Jorge Ferreira da Rosa

Tenho recebido todo material de nossa Associa-ção que me tem enviado, bem como a bela mensa-gem de Natal, em seu nome e no da Diretoria. Comoagradecimento por essa delicadeza, celebrei na“Noite Santa” duas missas na periferia de nossa ci-dade e, nela, coloquei TODOS os nossos queridosirmãos ex-alunos MSC e suas famílias para que te-nham um bom 2007 muito abençoado.

(a) Cônego Carlos Menegazzi

Peço-lhe o favor de enviar as próximas cor-respondências da Associação e as próximas edi-ções do Inter-Ex para este meu novo endereço:“Rua Sebastião Pregnolato, 6-70, aptº 410, Bloco4 – Residencial Jardim dos Duques – Cep 17047-145 – Jardim Auriverde – Bauru-SP” Telefone 14-

3203.3577 (sem alteração).Endereço eletrônico: [email protected]

(a) Gino Crês

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INTER EX Março/2007 7

Transcrevemos aqui alguns trechos do Informativo Es-pecial elaborado pela Diretoria Regional do Sul e enviadopelo secretário Sérgio Luiz Dall’Acqua, convidando para oEncontro bianual de Ibicaré.

Custo da inscrição no Encontro

Que ninguém deixe de ir a Ibicaré por causa do custo.Graças à colaboração de alguns companheiros, temos podi-do manter o custo da inscrição sem acréscimos, desde 2003.Ainda sem orçamento, podemos adiantar que a taxa de ins-crição, que inclue todas as refeições, não deverá ultrapas-sar os R$ 30,00 (trinta reais) Portanto, não deve ser este oimpeditivo à participação.

A turma de São Paulo

Enche-nos de alegria a informação de que já há fila deespera no ônibus de São Paulo. A “porção paulista” dos ex-alunos MSC traz sempre um brilho ímpar ao Encontro e nosorgulha o esforço que fazem para vir de tão longe, trazendocolegas que sequer estudaram em Ibicaré, mas partilhamconosco o mesmo sentimento MSC e o mesmo entusiasmopelo companheirismo criado nos tempos de seminário.

Colheita de araticum

Em 2005, o Encontro ocorreu mais tardiamente, quase fi-nal de abril e os araticuns tinham quase terminado. Nesteano, o Encontro será mais cedo, portanto deveremos encon-trar ainda muitos araticuns a serem colhidos no pé. Não éuma maravilha? Diz um ditado popular que “quem comearaticum de Ibicaré, nunca mais esquece”. Será? Este editor,pelo menos, nunca esqueceu mesmo .... e vai comer de novo!

Nossa árvore está viçosa

A partir do Encontro de 2005, com a concordância doprefeito de Ibicaré, decidimos marcar nossos encontros com

30 de Março/ 1º de Abril

o plantio de uma árvore, a simbolizar cada evento, comouma marca, uma lembrança perene. A árvore do Encontrode 2005, como pode ser vista por esta foto tirada peloPiveta, está no seu lugar, bonita e viçosa. Que ela repre-sente o viço e o entusiasmo dos nossos encontros.

Que, juntos, possamos plantar novas árvores e que to-das se enraízem, cresçam, e que suas folhas representemfrutos dos encontros que significam lembranças caras atodos os que revivem, em Ibicaré, um pedaço importantede sua infância e juventude.

Venham todos a Ibicaré

Fazemos um apelo a todos os colegas que já vieram aoEncontro. Algubs, para nossa tristeza, vieram uma únicavez ou estão faltando aos últimos. Que todos os que rece-berem este informativo procurem, além de retornar aosencontros, contatar os que conhecem ou lhes residam pró-ximo, para que compareçam em 2007. Em conjunto, pode-remos fazer com que cada encontro seja maior e melhorque o anterior. Este Informativo será mandado pelo cor-reio a todos os endereços conhecidos. Mas, além das car-tas que voltam por não chegarem ao destinatário, ficamossem saber se os demais recebem e não vêm ou não rece-bem. Por isso é importante toda informação sobre endere-ços de ex-alunos MSC. Pedimos sua ajuda

Grandes perdas

Desde o encontro de 2005, tivemos no “Grupo de Ibicaré”duas perdas irreparáveis Uma, a do Arlindo Dotta, entusi-asta e grande incentivador dos encontros. O Dotta demo-rou em descobrir os encontros, mas, desde que o fez, nun-ca mais faltou e sempre foi um contagiante difusor e parti-cipante dos mesmos. Outra perda sentida foi a do ElpídioPeters, com sua alegria, seu entusiasmo e sua gaitinha deboca. O Elpídio residia em Ibicaré e era um bom auxiliar doPivetta. A perda de ambos não é só um fato triste para nós.A Associação perdeu ainda, em São Paulo, o Amílcar Varan-da que participou de nossos encontros em 2003 e 2005.Outra grande perda para a Associação.

Contate com a Comissão OrganizadoraContate com os membros da Diretoria para dar sugestões, indicar nomes de colegas ou qualquer assunto

relativo ao Encontro ou à Associação dos ex-MSC. Eis os telefones e endereços eletrônicos:Sérgio Luiz Dall’Acqua – (47) 34355708 – [email protected]

Ademar Pivetta – (49) 35380217 – [email protected]é Mardula – (49) 35220840 – [email protected]

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INTER EX Março/20078

Vocações desperdiçadas

A exemplo dos anos anteriores, o MoacyrPeinado Martin está organizando uma cara-vana para o encontro de Ibicaré nos dias 30de Março / 1º de Abril. Contato com ele pelo

telefone (11) 6421.4460 para adesões,preço de ônibus e hotel em Treze Tillias.

Guido Giffoni Pinto (1946-1950)

Aqui em Goiás, numa cidade que compõe a Grande Goiânia,Aparecida de Goiânia, a missa dominical é presidida por um ministro daEucaristia, pela falta de sacerdote. Aliás, a função de ministro da Eu-caristia surgiu quando se escassearam os sacerdotes, em virtude daenorme queda das vocações sacerdotais na Igreja Católica. Os minis-tros da Eucaristia estão preenchendo quase todas as funções dos pa-dres. Realizam casamentos, batizados e outros sacramentos. Estãocogitando até de ministras da Eucaristia, se é que já não existam. Estasituação que se estende por todo o Brasil, onde a religião católica estádeixando de ser a maior entre seus habitantes, é uma realidade.

Ao entrar para a Escola Apostólica de Pirassununga quando tinhaonze anos e, ao longo dos anos seguintes, comecei a perceber que acarreira dos que iriam prosseguir nos estudos era por demais rigorosa,mas também diferenciada, segundo os critérios do padre superior e deoutros padres do seminário. Parecia que, chegar ao sacerdócio, era umdom pessoal, uma concessão, onde os padres repetiam com ênfase eufanismo o mesmo chavão: “muitos são os chamados, mas poucos osescolhidos’. Sim, escolhidos.

As tais visitas ao padre superior eram verdadeiras lavagens cere-brais que levavam às vezes ao cúmulo do constrangimento, como já foinarrado no Inter-Ex por alguns ex-alunos. Não sei se, em holandês, otermo “demissão” é sinônimo de “expulsão”, pois, todos que eramdesligados do seminário de Pirassununga ou de Itapetininga, recebiamconsideração de “expulsos”.

Após este resumo, não fica difícil concluir que muitas e muitas vo-cações sacerdotais, principalmente na congregação dos MSC, forambrutalmente desperdiçadas. Exemplo disto, é o que o Alberto Marialembrou no Inter-Ex nº103 sobre o nosso João Cardoso de quem endos-so todas as qualidades mencionadas. A maneira usada para dispensar oaluno era aquela mesma, fria e humilhante. Na minha época, existiaum tal de “quartinho dos condenados”, que ficava lá pelas bandas doaconchego dos padres, onde ficavam isolados os que, como eu, seriam“expulsos”. “hoc non mihi votis erat”

Porém, como se lia no brazão da Poesis “Post nubila, Phoebus”,passadas essas nuvens, veio a bonança na vida profana, (profana?) dosex-alunos, em forma de religiosidade, devoção à Maria Santíssima e dacultura. Essa cultura calcada na seriedade e rigor das aulas, na sala deestudos, nas sabatinas, nas promoções e competições, credenciaram-nos, e muito bem, a uma atividade em nossa vida, restando-nos aindaa grata recordação do convívio no seminário de Pirassununga, doscolegas, dos fatos e dos apuros muitas vezes contados no Inter-Ex.

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INTER EX Março/2007 9

Corria o ano de 1966, e minha turma cursava o terceiroclássico. Foi um período marcante em nossas vidas. Está-vamos no auge da adolescência. Era um grupo mais ou me-nos homogêneo. Tínhamos entre 17 e 18 anos. Foi um anode intensa movimentação na área acadêmica, nos espor-tes e na preparação espiritual para o noviciado; em fim,nosso último ano no seminário de Pirassununga.

Como “seniores”, corrigimos os trabalhos acadêmicos dasdemais turmas, que concorriam ao prêmio oferecido peladireção da “casa”. Conhecíamos bem o sabor do prêmio,pois nossa turma já havia vencido duas “academias”. Duran-te o período de correção dos trabalhos, desfrutávamos deregalias especiais. Éramos dispensados de nossos deveresde estudante e ainda com direito a sucos e guloseimas àvontade. Nesse ano letivo, estudamos muito e tivemos gran-de aproveitamento acadêmico. O tempo livre era dedicadoaos esportes. Tivemos um ano de intenso treinamento físi-co, pois participamos de uma Olimpíada municipal.

No segundo semestre, ocorreu um fato inédito até en-tão, visitamos os colegas que faziam o noviciado no semi-nário de Itapetininga. Seria o nosso próximo passo na car-reira eclesiástica. Lá, encontramos todos embatinados,sérios, com cara de padrecos. Conhecemos todas as de-pendências da casa que em breve seria nossa. Conhece-mos a capela, os jardins, as celas e até os instrumentos deauto-mortificação que serviam para amansar o animal queexiste em nós, segundo o pensamento de épocas remotas,mas que ainda permaneciam prontos para o uso por quemneles acreditasse. A casa era bonita, mas nada parecidacom um parque de diversões.

No final do ano letivo, como de costume, todos os estu-dantes deixaram o seminário, em férias, para visitar suasfamílias, com exceção de minha turma que, por decisão daProvíncia e inspiração do Espírito Santo, não iríamos maispara Itapetininga. Deveríamos nos preparar para o vestibu-lar da Universidade Católica de Campinas, a PUCCAMP. Queexpectativa! Revisamos todas as disciplinas e líamos inú-meras revistas para a prova de conhecimentos gerais.

Estava em curso a guerra no Vietnam e havíamos deco-rado até os nomes dos generais. Não caiu nada sobre aguerra.. Fomos morar em Valinhos, cidade vizinha a Campi-nas. Montamos uma república em uma casa alugada pelonosso orientador e escoteiro, padre Leopoldo van Liempt,que morava conosco e dava aulas no curso de pedagogia daPUC. Cedíamos um quarto ao padre e nos acomodávamosnos demais. A garagem que era fechada, servia de dormitó-rio à noite e de sala de estudos durante o dia. No períodovespertino tinha ainda a função de capela, onde o padreLeopoldo celebrava a missa, muito concorrida pela vizinhan-ça. Dormíamos em camas de campanha dobráveis e os col-chões eram tão confortáveis que fariam inveja a qualquerfaquir. Acordávamos ao som de musicas de escoteiros,assoviadas pelo padre.. Mas agora éramos filósofos e o es-pírito era mais importante que o corpo.

Fazíamos as refeições em casa, com iguarias que prepa-rávamos, depois de discutido o menu. Havia um sistema derodízio para a lavagem das panelas e utensílios, de formaque todos fossem premiados com a disputada tarefa. Partedos alimentos era produzida por nós em um terreno vizi-nho, que padre Leopoldo conseguiu para que esfriássemos

Optatam Totius

Luiz Carlindo Maziviero (60-71)

os neurônios durante os intervalos de estudo. A casa daLavoura de Valinhos nos forneceu sementes apenas e tãosomente de repolho. Uma praga bíblica. Dividimos os re-polhos com toda a vizinhança. Aos domingos, piedosassenhoras nos ofereciam pratos de lasanha e macarronada,acreditando livrar-nos dos repolhos nos fins de semana.

O primeiro ano foi de adaptação ao meio universitário,com direito a trote, cabeça raspada, greves e passeatas.Íamos ao cinema ver os filmes comentados em aula, festi-vais de teatro etc...Diariamente fazíamos um trajeto de30 minutos de ônibus entre Valinhos e Campinas, até auniversidade. Nossa classe contava com uma turma de se-minaristas que vinha de Rio Claro e outra do semináriodiocesano de Campinas. Dos 50 alunos da classe, 10 erammeninas. Obviamente, elas não tinham a bagagem de co-nhecimentos clássicos e lingüísticos que os seminaristastraziam para o curso de filosofia. Procuravam participar dosgrupos de estudos com o maior número de seminaristaspara compensar suas deficiências. Vez por outra, elegiamalgum seminarista que demonstrava maior habilidade inte-lectual nas matérias abstratas e seqüestravam sua aten-ção. Isso dava motivos a brincadeiras e chacotas entre oscolegas da casa.

O modo como os seminaristas se relacionavam com asmeninas era sempre um tema delicado, porque está sem-pre associado à sexualidade. É um tema que a própria Igre-ja abordava com alguma dificuldade. Nesse sentido, falarde relacionamento com as mulheres implicava tratar daquestão da afetividade e da sexualidade, tema caro nouniverso sacerdotal pela condição celibatária que a própriaopção do presbiterato exige. Entretanto, não vou botar amão neste vespeiro porque conheço o tamanho da picada.

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INTER EX Março/200710

No segundo ano entretanto, já escolados, deixamosprontos os canteiros da horta para a turma seguinte e nosmudamos para a casa paroquial da igreja de São Jose emCampinas, administrada pelos MSCs. Mais confortável e maispróxima da faculdade. Como veteranos da universidade, onosso comportamento servia de referencia aos colegas quechegavam. E mais uma vez a inspiração divina nos favore-ceu com a indicação do padre Huberto Rademaker, paranosso orientador. Era filosofo, de espírito jovial, alegriaestampada no semblante e muito leal. .Como orientador,dava-nos muita liberdade aliada à responsabilidade. Certavez me interrogou a queima roupa:

- “Carlindo, você está namorando a Vera”? Respondi- “ Eu não estou namorando ninguém padre, mas é con-

veniente perguntar também a ela. Ele me respondeu: -”Eu tenho compromisso apenas com você” Não tocamosmais no assunto. Padre Huberto punha em prática o decre-to do Vaticano II “Optatam totiu” Era franco e transparen-te. Dava-nos segurança para agirmos a partir de nossas con-vicções e de acordo com valores que nos repassaram.

Esse foco na formação total do indivíduo e não na disci-plina veio corrigir algumas distorções que marcaram cole-gas no passado e que deixaram seqüelas profundas. Sem apretensão de avaliar resultados dos modelos de formação,mesmo porque a contabilidade divina deve ter outro planode contas, mas algo não fecha com a lógica humana. En-contramos muitos colegas que saíram tão magoados do se-minário a ponto de se afastarem da religião. Como conce-ber que esses colegas tenham passado anos no semináriorecebendo formação religiosa e abandonem tudo. Afinalestavam entre os chamados pelo Cristo. Se não foram osescolhidos para se sentarem a mesa do banquete, poderi-am, no entanto, ajudar a serví-lo. O bom pastor não querperder nenhuma de suas ovelhas, porque sabe que umaovelha desgarrada demanda esforço maior para reconduzi-la do que a conquista de uma nova.

O decreto Optatam totius do Vaticano II trouxe novasorientações e a Associação dos Ex- alunos pode ser um ins-trumento de reconquista. Creio que nunca houve por partedas ordens religiosas ou das dioceses uma pastoral que apoi-asse os ex-seminaristas em suas crises de fé para que conti-nuassem trabalhando pela Igreja ou, para se readaptarem aseu ambiente familiar, que certamente não é mais o mesmoquando se retorna para casa, expulso ou não. Auxiliá-lo nainserção do mercado de trabalho, tão difícil para o primeiroemprego e tão fácil ao dirigente de uma paróquia.

Não queremos talhar o perfil de ninguém baseado nesseou naquele modelo de formação, tampouco avaliar o dequem quer que seja, mas agradecer a Deus pelos formado-res lúcidos com que nos privilegiou.

Optatam Totius

No número anterior, pudemos mostrar como era difícilmanter funcionando a luz elétrica no seminário de VilaFormosa. Tudo tinha que ser feito em casa, as máquinasdavam problema, e nós, motoreiros, sofremos bastantepara cumprir nossa tarefa. Voltemos agora à históriaacontecida cinco décadas atrás. Para fazer funcionar aque-les dois motores, gastava-se grande quantidade de óleocombustível e não havia outro jeito, pois ali, desde asbombas de água, chuveiros, inúmeros aparelhos domésti-cos, tudo funcionava só e quando havia eletricidade. Eos postes com energia da Light chegariam da cidade so-mente uma década depois.

Quando o precioso combustível começava a escassear,encomendávamos um caminhão que chegava com oito oudez latões de óleo diesel de duzentos litros cada um. Olubrificante que também usávamos em quantidade, vinhaem galões menores. Aqueles barris de metal, depois de es-vaziados, ficavam guardados num canto do pátio. Periodi-camente competia a mim, como encarregado do motor, aobrigação de ir vendê-los no posto de gasolina Shell, situa-do na Avenida Carrão. Era uma aventura com riscos e can-saço. Mas eu estava com vinte anos e tudo me parecia gos-toso. Vestido com um macacão sujo de graxa, punha osarreios na carroça, tendo à frente a mula do colégio, umanimal novo, gordo, de cor tordilha, por nome “La Belle”.

Eu sentia verdadeira amizade por ela. Toda quarta-fei-ra, tardes livres, com La Belle praticava equitação em dife-rentes modalidades, por exemplo, estando em trote ougalope, saltava de um lado para outro, e coisas do gênero.Provavelmente, o Superior, Antonio Vermin, jamais tomouconhecimento. Ao sair de Vila Formosa, no sétimo ano, fi-quei triste ao despedir-me desse nobre animal. Mas, nes-tas ocasiões de trabalho, colocava sobre a carroça quatrolatões de óleo vazios, sentava-me no banco de madeira eia descendo pela estrada de terra e barro, ao lado do cemi-tério, rua que, anos depois, foi asfaltada e deram-lhe onome de Avenida João XXIII. Em ambos os lados da estradanão havia uma única casa: só pastos, mato crescido e árvo-res esparsas.

Esta era a parte tranqüila e sem trânsito que eu adora-va. Lembro-me que. tentando imitar um famoso barítonodaquela época, Tito Gobbi, costumava cantar os versos daCavalleria Rusticana: “ah che bel mestiere, fare ilcarretiere, andar di quà di la...” Quando a carroça atingiao fim da estrada as coisas mudavam radicalmente. Todasaquelas ruas na parte baixa do bairro Aricanduva, calçadasou asfaltadas, com comércio, viviam cheias de carros eônibus barulhentos, soltando fumaça, buzinando. A mula,acossada por todos os lados, não acostumada a esta bal-búrdia, tentava disparar, empinava, saia de lado indo sobrepedestres e veículos. Segurando firmemente as rédeas sobo queixo do animal, falando palavras tranqüilizadoras, eu iaandando o resto do percurso, rezando para que não suce-desse o pior. Nunca aconteceu, o que só pode ter sido poralgum milagre escandaloso de São Cristóvão. Do colégio atéo posto de gasolina demorava-se menos de uma hora. Ládescarregava os barris, negociava o preço, voltava com acarroça vazia. Então devia colocar mais quatro tonéis deóleo, refazer toda a epopéia até o posto de gasolina, onderecebia o dinheiro e voltava alegre para o seminário. No

Os primeiros discos LP

Alberto José Antonelli (1944-1956)

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INTER EX Março/2007 11

Os primeiros discos LP

regresso, evidentemente, embora fosse subida, “La Belle”vinha mais rápida.

Começava então a segunda parte do drama. Já banhadoe trocado, com os “cruzeiros” na mão, ia procurar o entãoEcônomo provisório da casa, padre Francisco van deWatter (o titular passou muitos meses ausente). Seguin-do as orientações do Superior padre Antonio Vermin, eleprofessava não poder fazer gastos que não fossem“omnino necessarium”. Com argumentos sensíveis ao seucoração: “o senhor também já foi aluno, blá blá blá...”fazia-lhe ver a necessidade de reservarpelo menos um pouco daqueledinheiro para comprar discos,livros ou revistas para ospobres escolásticos. Nãome lembro se a estratégiaalguma vez falhou, mas sem-pre ganhávamos alguma coi-sa. A fama de “sovino” dovelho belga talvez não fos-se tão merecida. Por causa dis-to, a discoteca e também a bi-blioteca iam crescendo.

Este padre que veio e voltoupara a Província Belga, na ocasiãocom 43 anos, professor emérito da Sa-grada Escritura, também era fanáticopor música clássica e possuía em seu quar-to umas preciosidades musicais que, salvo ex-ceções, não mostrava a ninguém. A mim ele em-prestou uma versão do Nutcracker de Tchaikovsky que atéhoje adoraria encontrar. Com o dinheiro dos tambores deóleo, uma aquisição que fiz, não posso esquecê-la, foi acompra de dois discos LP (estavam aparecendo no Brasil osprimeiros discos Long Play em 33 rpm. Até então só conhe-cíamos os velhos 78 rpm, curtos e barulhentos). Um era oConcerto nº 1 de Chopin para piano e orquestra e o outrocontinha canções italianas. Já que estes discos, novidadesno mercado, eram raros e caros, o lugar certo para comprá-

los sempre foi a Casa Bevilacqua no centro da cidade.Muitas vezes, eu tinha o dinheiro, mas não o tempo

livre para adquirir os LP. Esperei com paciência, até que,numa tarde calorenta após o almoço, o padre Vermin, pormotivo que não me lembro, escreveu na lousa com letrasgarrafais: “VT”. Todo mundo aplaudiu. No jargão dos estu-dantes, queria dizer: “Vacat Tempus”: o resto do dia seria“Tempo Livre” para se fazer o que cada um quisesse. Che-gara a minha oportunidade. Fui e voltei de ônibus até acidade, no trânsito congestionado, gastando a tarde intei-

ra para fazer o longo percurso. Mas compensou: alemde comprar os discos, pude pesquisar diver-

sos itens nas lojas do centro.Nesta noite, havia Conveniat

para os alunos. Tratava-se de umrecreio noturno que seria pro-longado, e no qual serviam re-frigerantes – ou mais comumen-te, por economia - um refres-co feito com xarope de grose-

lha comprado aos litros na fá-brica “Piccin” de Vila Formosa.

Até hoje meus amigos (são deze-nas espalhados por aí) fazem troçadaquela droga doce que éramos obri-gados a beber... Foi a ocasião ideal

para que muitos escolásticos ouvissemalto e bom som, os maravilhosos discos

recém-adquiridos. Meio século se passou,mas imagens, sons, sabores e cheiros permane-

cem intactos, registrados bem fundo num neurônio docérebro. Ainda hoje, quando ouço em CD, ou atualmen-te em WMA ou em mp3, aquelas músicas divinas, parece-me estar num Conveniat dos seminaristas maiores, com-panheiros incríveis, ouvindo o vozerio que fazem, e sen-tindo o gosto forte do xaropão de groselha que era ser-vido. “Oh doux souvenir d´autrefois!”. Sentimento tãosuave como o destas recordações, que tesouro repre-senta para nós!

A Diretoria da Associação decidiu unificar a regionaldo Vale do Paraíba com a de São Paulo. Alguns fatorespesaram para essa decisão. Primeiro, a proximidade dascidades do Vale com São Paulo e a facilidade de locomo-ção entre elas por rodovias excelentes.

Segundo, a existência da cidade de Guararema, entreo Vale e a Capital,, onde existe o aprazível sítio da Con-gregação. Era lá que, muitas vezes, os escolásticos daVila Formosa passavam férias. Recentemente, o Inter-Expublicou matéria do Antoninho Marchesini sobre essebonito recanto.

Para comemorar a fusão dessas duas regionais, estare-mos promovendo um Encontro nesse sítio, no dia 16 dejunho de 2007, sábado. Todos estão convidados. SeráEncontro de apenas um dia e sem qualquer taxa de ins-crição ou participação. Todo participante deverá levarlanche e bebidas para si e seus acompanhantes e tudoserá juntado numa única mesa para consumo de todos.

UNIFICAÇÃO DAS REGIONAISCom bastante antecedência, todos receberão um mapa

do local e o programa do dia. Esse Encontro que será oprimeiro, poderá, no futuro, fazer parte do calendáriooficial de nossas atividades. Programe-se desde já. Acre-ditamos que será do agrado de todos.

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INTER EX Março/200712

Com o objetivo de en-sinar disciplina e responsa-bilidade, todas as ativida-des de estudo, de oraçãoe de lazer eram distribuí-das ao longo do dia e parteda noite, em horários quedeviam ser rigidamenteobedecidos por todos. Ha-via dois sinos: um grandecujas badaladas serviampara avisar-nos o início e otérmino de cada atividade;e um pequeno, próximo àportaria, que soava quan-

do chegava visita e servia também para chamar o Superiorou outros padres. Sem os meios modernos de comunicaçãoà distância, utilizava-se um código de badaladas diferen-tes para cada chamada. Ainda me lembro que para chamarPadre Superior, o Irmão Porteiro fazia soar várias badaladasrápidas e três bem lentas e espaçadas no final. Se soassemduas badaladas no final, o chamado se dirigia ao Padre Di-retor de Estudos. Provavelmente, havia outros códigos quenunca nos foram revelados.

Li, certa vez, que, entre os gregos e romanos, era co-mum a leitura em público. Lembrei-me, então de um hábi-to que havia no seminário: diariamente, antes do almoço edo jantar, lia-se um trecho da vida de um santo e, termina-da a refeição, fazia-se a leitura da Imitação de Cristo, fa-mosa obra do misticismo medieval, escrita, provavelmen-te, por Tomás de Kempis.

Sempre esperadas com alegria, eram as tardes de quar-ta-feira e sábado reservadas para o futebol. Não haviacampos suficientes para atender a todos os craques. So-lucionava-se o problema, transformando uma rua de ter-ra que passava ao lado do atual cemitério da Congrega-ção num pequeno campo de futebol, reservado aos alu-nos da sextinha, série, na época, equivalente à atualquinta série. Escalados os times, o Irmão Adriano nome-ava alguns voluntários para buscar duas traves portáteisque ficavam guardadas no pátio do seminário. Trazidasao campo improvisado, as mesmas eram erguidas apoia-das num buraco escavado na hora e iniciava-se o jogo.

Curiosidades da vida intra muros

Cláudio Carlos de Oliveira (1959-1965)

Ao apito final dado pelo Irmão Adriano, lá iam os volun-tários tirar, dobrar as traves, carregá-las de volta e guardá-las para o próximo jogo, voltando a rua de terra a ser ruade novo. A rua talvez já tenha sido asfaltada ou nem exis-ta mais, porém os jogos ali realizados à sombra doseucaliptos com aquelas traves portáteis, acompanhadospelos olhos azuis e atentos do Irmão Adriano, continuampresentes em nossa lembrança.

A vida intra muros não se resumia, apenas, em estudo ejogos de futebol. Havia também os momentos de oração,entre os quais enfatizavam-se as Missas Solenes cantadas.Os cânticos eram ensaiados com partituras cujas notas mu-sicais eram representadas por algarismos arábicos da se-guinte maneira: 1= dó, 2=ré, 3=mi, 4=fá, 5=sol, 6=lá, 7=si. Omeio tom era marcado por um traço vertical sobre o alga-rismo ( bemol: inclinado para a esquerda, sustenido: incli-nado para a direita). Essa codificação de notas musicais sóera usada no seminário de Pirassununga, em Itajubá usava-se a partitura com pauta. Nunca soube de quem foi essaidéia, até bastante criativa, pois permitia datilografar aspartituras, dispensando a impressão das pautas, com suasbreves, semibreves, mínimas e semínimas, processo muitomais trabalhoso e complicado para a época.

No sítio Barrocão, saber de onde vinha a água para astorneiras que usávamos, confortavelmente, deixou de sersegredo no dia em que o Irmão Henrique (Forgeron= Fer-reiro) levou-nos até os morros próximos da sede do sítiopara limpar as caixas de cimento que circundavam as fon-tes e represavam a água que descia por canos até a caixad’água , localizada no alto da casa. A diferença de nívelfazia e ainda faz a água chegar até a caixa e alimentar astorneiras. Idéia engenhosa para se ter água encanada elimpa por um custo zero.

As férias no Barrocão permitiam certas liberalidadesincomuns no cotidiano de nossa vida. Uma delas era poderprovar um aperitivo preparado e denominado pelo padreGusmão de Leite de Camelo, uma mistura de pinga, leitecondensado e, talvez limão, à disposição de quem quises-se na porta do refeitório.

Como esses, tantos outros fatos aconteciam naquelaépoca e estão à espera de serem recordados e comparti-lhados nas páginas do Inter-Ex entre os que tiveram a ven-tura de experimentar uma convivência tão singular.

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INTER EX Março/2007 13

Carne com batata e tâmara

Domingo era dia de festa para nós, lá no Seminário dePirassununga. Festa porque a comida, o almoço em especi-al, era diferente. Naquele dia tinha o famoso e famigerado“pudim” de chocolate ou de coco. Um marron, outro bran-co. Ambos saborosos. Não era realmente um pudim, antesum creme de maisena com sabor de chocolate ou mesmode coco. Mas para nós era algo excepcional, saía do cotidi-ano que durante a semana consistia nos repetidos pés-de-moleque, paçoquinhas, doces de leite em pedaço, cocadabranca, cocada preta, doces de abóbora; enfim todo essetipo de guloseimas que se encontravam nas “vendas” debeira de estrada ou naqueles armazéns de secos e molha-dos mui comuns no Interior, e que ainda existem em certoslugares. Doces de carregação e carregados de açúcar. Daí arazão porque o Milton dentista, irmão do Valmor, o violinis-ta, tinha o seu “consultório” (gabinete dentário) numa dassalas do sub-solo do seminário. Lá o seu motor a pedal fun-cionava diariamente, abrindo mais as cáries para depoispoderem ser preenchidas com uma certa massa branca. ASegunda Guerra Mundial havia terminado na década de 40,mas os Campos de Concentração ainda funcionavam noscorredores subterrâneos do seminário, pelo menos até osmeados dos anos 50, onde a tortura das brocas arrancavamuivos das pobres vítimas.

De volta ao refeitório, o “it” disso tudo (e como dizía-mos em grego, o “tò”) era como funcionava a distribuiçãodesse cobiçado pudim. Vinha numa travessa de louça bran-ca, de formato oval e com aproximadamente um palmo decomprimento por meio de largura; profundidade, uns trêsdedos grossos. Travessa comum, dessas que também se com-pram nesses armazéns do Interior, sobretudo naquela épo-ca em que não existiam ainda os supermercados, e sim assaudosas “Vendas”.

Terminada a dragagem, isto é, logo após o consumo rá-pido da comida servida, a expectativa estava na sobreme-sa, especialmente no como ela seria servida. A fim de quehouvesse uma distribuição eqüitativa das partes“pudíndicas” (não se deve ler “púdicas” e nem “pudendas”,claro) uma espécie de loteria era sorteada, mas na base damais séria honestidade, como se o conceito de honestida-de admitisse graus de seriedade.

Costumava-se cortar o pudim longitudinalmente ao meio.Em seguida, dois cortes transversais e eqüidistantes, o queera fiscalizado rigorosamente pelos interessados. Óbvio,as partes frontais que terminavam em semi-arco gótico eramnecessariamente menores em formato, tamanho e profun-didade. Uma questão de Trigonometria, uma vez que estadisciplina fazia parte de nosso currículo escolar. As duas

Lupo da Gubbio (46-54)

partes centrais eram sempre as mais fornidas, por seremmais densas e condensadas. Conseqüentemente, as maiscobiçadas. Todos queriam uma das duas partes centrais.Para que não houvesse disputa (posto que essa palavra eraquase banida de nosso vocabulário “púdico e pudendo”),um dos comensais fechava os olhos e os cobria com as mãos,para total imparcialidade. Outro, então, apontava aleatori-amente um dos pedaços com a faca, e o colega “cegado”indicava o nome do primeiro sorteado. E assim funcionavaessa espécie de justiça salomônica, mais medieval que bí-blica. Aqueles que ficassem com as pontas das ogivas paga-vam o mico, engoliam a sobremesa com menor sabor psí-quico. Muitas vezes esses pedaços de pudim entravam comopagamento de alguma aposta, alguma dívida em pendênciaentre dois contendores. E o penhor era cobrado ao pé daletra, com o mesmo rigor do Mercador de Veneza. Aconte-cia nessas ocasiões, que muitas dessas dívidas terminavamem verdadeiras altercações, e o mau pagador acabava mes-mo ficando no jejum forçado. Outros mais generosos sabi-am perdoar diante do olhar turvo do devedor.

Certo domingo, porém, esse sabor perdeu todo o sabor.Algo inesperado aconteceu em termos culinários com res-peito a uma determinada mesa, e numa determinada tra-vessa. O cozinheiro do seminário sempre fazia algo de es-pecial para os dias especiais, domingos e dias santos. Porisso o almoço de fim de semana tinha algo a mais, tanto naqualidade como na quantidade e especialmente na novida-de. Os Irmãos leigos preparavam as diversas travessas paraas muitas mesas que deveriam ser servidas. Deixavam to-das essas travessas alinhadas sobre uma imensa mesa aolongo de uma das paredes da cozinha. Era uma mesa imen-sa, pois a quantidade de travessas, tigelas, sopeiras e ou-tras coisas mais era também imensa. Essa, a rotina diária,tanto para o almoço como para o jantar. Conseqüentemen-te essa mesa era usada ininterruptamente, útil e necessá-ria. Era uma mesa ensebada, madeira crua, mas curtida pelotempo e agora com uma pátina gordurosa como o chão deuma oficina mecânica de automóveis. Da mesma sorte par-tilhavam as mesas do refeitório, que nunca viram toalhanem no dia de seu batismo. Assim que sentávamos, logoapós as costumeiras orações, os abnegados Irmãos leigosse achegavam alegres e bem humorados, depositando emcada mesa as travessas a elas destinadas. Tinham ainda obom humor de fazer alguma brincadeira, dar algum beliscão

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INTER EX Março/200714

em algum aluno, ou uma cutucada nas costelas de alguém,provocando uma inesperada cócega. Especialmente o Ir-mão Bauman, chamado de Irmão Forgeron, querido por to-dos exatamente por esse seu jeito de molecão.

Aos domingos o almoço era servido um pouco mais tar-de, como também nas muitas famílias brasileiras, uma que-bra de rotina, pois a parte da manhã ficava mais reservadapara as funções religiosas.

Como sempre, estávamos esfomeados, e de olho nopudim de chocolate, que literalmente já estava sobre amesa. Diariamente, semanalmente e mensalmente, comia-se batata nas duas principais refeições do dia. Em Pirassu-nunga, no Seminário, em Itapetininga, em o Noviciado eem S. Paulo, no Escolasticado. Também posteriormente emcertas Casas Paroquiais. Creio que seja por isso mesmo quena Sala de Estudos, em Pirassununga, havia na parede dafrente uma reprodução do Angelus, do pintor Millet, ondeum casal de camponeses reza a oração da tarde, agrade-cendo aos céus a colheita de batatas.

Visto a batata fazer parte de nossa formação, o seu con-sumo tornava-se como que obsessivo. E visto também serde uma preparação não muito variada, por questão da quan-tidade das bocas consumidoras, por questão de economiae tempo e também em virtude das Invasões Holandesas emterras brasileiras, a batata era servida quase sempre damesma maneira. Fritas, quase nunca. Era muito trabalhosoe dispendioso. Geralmente cozidas em água e sal, sem muitotempero, ressecadas, deixando nas travessas os grumosdesprendidos. Parecia mesmo o solo lunar segundo as fo-tos enviadas por Armstrong quando do primeiro pouso es-

Carne com batata e tâmara

pacial. Daí o agudo senso observador e humorístico donosso mui querido Pe. Humberto Capobianco em nomearesse prato de “Poeirão”. E poeirão ficou também noEscolasticado, até o dia em que a cozinha monacal foientregue aos cuidados das queridas freiras Filhas de Na.Sa. do Sagrado Coração, estabelecidas em Vila Formosa.Daí a coisa mudou. O toque feminino dessas abnegadasIrmãzinhas fizeram com que muitas barrigas Missionáriasse avantajassem (Livre-nos os céus de se pensar o con-trário...).

Aos domingos, lá em Pirassununga, o “poeirão” rotinei-ro vinha assentado numa travessa de aspecto vistosamenteartístico para aqueles nossos olhares cúpidos. As batataseram cozidas com mais esmero, rodeadas de pedaços decarne igualmente cozidos no capricho, e mergulhadas emum apetitoso molho pardo. Não sei se era Molho Madeiraou Molho Barro. Era um molho escuro com umas nódoas deóleo por cima, à guisa de querosene quando de algum va-zamento naval. Círculos de um violeta reluzente sob a vari-ada incidência da luz.

Mas naquele almoço esperado daquele domingo deixa-do atrás em um distante passado, o cobiçado prato de ba-tata tinha algo de especial. Entre os pedaços de carne depanela, convidativos como nunca e as batatas cozidas na-dava placidamente uma tâmara marrom e com aquela ex-tremidade manchada de amarelo. Não era época de Natale, por isso, minha suposição caiu por terra. Ajustei os ócu-los aos olhos já semi-cerrados e vi que não era tâmara. Sal-vo algum leve engano, um par de asas meio fora de esqua-dro ensaiava algum movimento em câmara lenta. Dois fiosescuros se projetavam sem muito entusiasmo sobre aque-le mar escuro.

Constatei como era triste ser míope. Ainda deu tempopara avisar o colega que de colher em punho ameaçava jogarparte do molho sobre a montanha de arroz em seu prato.

- Cuidado, tem boi na linha, foi o que pude dizer.- Cegüeta, já vi antes de você... Eu não vou perder o

embalo. Estou com fome mesmo. É só saber desviar da vaca...Os outros colegas permaneceram em suspense. Alguns

empurraram seus pratos para o lado. Cutucaram os colegasdas mesas vizinhas mostrando os restos do estrago. Ou-tros, como eu, desistiram de vez. Nem o sonhado pudimde chocolate, pois ele também era marrom, marronzinho!

PSÀs prestimosas donas de casa, sugestão para a Ceia de

Natal: “Carne, Batata e Tâmara ao Molho Pardo”

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DivagandoGino Crês (1948-1953)

O passarinheiro

No nosso tempo de seminário de Pirassununga,sempre havia colegas que se destacavam como espe-ciais, diferentes na maneira de ser, agir e viver. Umdesses, na época, era o Gabriel Francisco da Silva,mineiro de Maria da Fé, sul de Minas, de lábios volu-mosos, cabelos repartidos, era o ecologista da turma.Chegou ao seminário em 1950, quando eu cursava aQuarta. Convivi com ele um ano nos menores e trêsnos maiores.

O Gabriel tinha a função de passarinheiro. Vivia felizentre pássaros, cuidando de dois grandes viveiros

construídos com tijolos pintados de bran-co, com uma guarnição de madeira naparte superior. Era uma arquitetura origi-nal e bonita. Localizavam-se ambos no pá-tio dos maiores, do lado das janelas dassalas de aula. Eram, ainda, de sua inteiraresponsabilidade, as muitas gaiolas pen-duradas no galpão da sapataria. Era uma

delícia ouvir o chil-rear dos canários du-rante as aulas.

A cumplicidade de in-timidade entre os pássarose o Gabriel era tão grande eforte que as afoitas aves ficavamagarradas na tela de arame dos vi-veiros ao perceberem a chegada dodedicado passarinheiro com a de-liciosa comida do dia. Que quadrolindo e até terapêutico se dese-nhava naquele encontro de protetor e protegidos. Acomida preparada pelo Gabriel era de primeira,caprichada: pão sovado, redondo, com casca âmbar,lisa. O miolo era bem branco e farto. As frutas colhi-das na chácara dos padres complementavam aquelerequintado cardápio.Diziam as más línguas que oGabriel, às vezes, fortuitamente, dividia os mamõescom os sanhaços. Comer fora dos horários das refei-ções era proibido e, segundo alguns maisinescrupulosos, pecado. Ninguém era perfeito mes-mo vivendo num seminário, nem o abnegado Gabriel.

Os viveiros e as muitas gaiolas estavam sempre lim-pos, aliás limpá-los era uma tarefa que o passarinheiroexecutava religiosamente antes do futebol das quar-tas-feiras e sábados. Seguia à risca o ritual de limpezameticulosa dos abrigos dos pássaros. Nestes dias defaxina, havia um clima de festa entre os pássaros, poisera o momento em que o Gabriel permanecia, por maistempo, com eles, dentro dos viveiros. Festa dos pássa-ros, sanhaços, sabiás, periquitos, bicos de lacre,rolinhas, canários, cardeais, coleirinhas, bigodinhos e

juritis. Era comum alguns mais ousados, festi-vos, num vôo rasante, como um jato, tirarem

uma fina do responsável Gabriel. Outros passa-vam a persegui-lo em ronda, pousando em seus

ombros e cabeça brigando por uma atenção espe-cial do mineiro de Maria da Fé.

Como era bom na clausura do seminá-rio viver momentos de comunhão com

a natureza, num desses mergulhosem que as coisas mais simples, pu-ras, pareciam abertas à nossa ob-servação e compreensão.

Quanta saudade do Gabriel e seuspássaros! A saudade é a maior prova de que o passadovaleu a pena!

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Vigorava ainda, naquele tempo,o ritual do Sábado de Aleluia e nãoSábado Santo, como é hoje celebra-do, por determinação do Papa PioXII. Ao meio-dia de sábado, repica-vam novamente os sinos, as campa-inhas e os cânticos da Ressurreiçãovibravam no coro, anunciando a Pás-coa ....”Non est hic, sed surrexit”.

Faltava, agora, o fecho final: avingança contra o traidor e causa-dor de toda a tragédia da Paixão. Opatíbulo já estava montado na di-visa dos pátios dos Maiores e dosMenores. Judas, amarrado a umtoco, cheio de farrapos e capim,apenas aguardava o cortejo fúne-bre que o conduziria ao patíbulo daforca e da fogueira. Os “exatoresmortis” da moderna inquisição es-tavam impacientes.

Abrindo um parêntesis, dizem que Judas não mereciatal punição da parte de tão afoitos seminaristas, pois, parasalvar a Humanidade, era necessário que Cristo se imolassenuma cruz e, se Judas não o denunciasse, não saberiam ossoldados e a grande multidão armada de espadas e paus,quem era Cristo. Logo, Judas foi também um instrumentode nossa salvação, traindo seu divino Mestre.

Mas, para nós, naquele momento, pouco importavamessas considerações sobre se Judas era culpado ou inocen-te. O que queríamos era vê-lo dependurado na forca erguidana divisa dos dois pátios e atear fogo na lenha empilhada,vendo-o arder, enquanto o injuriávamos com palavras e lheatirávamos pedras.

(ANAIS DO SEMINARIO: 16 de abril de 1949) – Sábado deAleluia – Voltando para casa, começamos os grandes pre-parativos para o julgamento do “camarada Judas”. À umahora da tarde, após ouvir todas as acusações que lhe fo-ram feitas, por unanimidade e em altos berros, foi conde-nado à forca e fogueira. Além da traição do Mestre, foiacusado de “comunista ferrenho”, pois almoçou com seuamigo o “camarada Joseph Stálin” e, juntos planejaramjogar 3 bombas atômicas em Nova Yorque. A sentença foisem dó nem piedade: FORCA! FORCA! É isso que merece ocomunista que atrapalha a paz mundial. E não foi só isso.Numa noite de luar, assaltou a salsicharia do Irmão Pedroe roubou 3 galinhas da dona Chica Carijó. ...

Lembro-me que, num desses concorridos enforcamen-tos, quando o fogo lhe comia os trapos, as calças rotas doJudas de palha se desmoronaram em cinzas, fazendo apa-recer entre as pernas do boneco uma saliência por demaissugestiva, provocando risos irônicos de muitos de nós.Uma pedrada providencial e certeira pôs fim à fantasia nu-dista do Judas enforcado e queimado naquele Sábado deAleluia, num Seminário-Menor, por entre gritos e apuposde futuros pregadores.

Acabara-se a festa. Era hora do café. O segundo toquedo sino já soara. Ninguém mais pensava no Judas. Apenasos limpadores escalados para a semana, que deveriam re-mover os restos da fogueira.

Nelson Altran (1948-1954)

A fogueira do Judas

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Aprender novos idiomas é uma necessidade nos dias dehoje num mundo globalizado. Desde que iniciam a falar ejá no jardim da infância as crianças aprendem inglês paramanusear a parafernália de equipamentos eletrônicos, ainternet, as viagens ao exterior. Sem falar da linguagemparalela que a programação visual adota: “check-in, check-out, WC, WO, stop, sale, parking” - e dezenas e centenasde outros anglicanismos, galicismos, et alia...

Alguém imaginava isso nos velhos tempos de seminário,nas décadas de 40, 50 ou 60? Nem pensar! Ao ser recrutadopara o seminário, talvez você não soubesse ao certo seteria ou não vocação. Se a vocação era mesmo sua ou dodesejo de sua mãe, para seguir o caminho sacerdotal. Masuma coisa era certa. Você tinha a certeza de que iria estu-dar muito, iria aprender muita coisa nova, novas línguas,falar e escrever em outros idiomas, coisa de que você nun-ca teria oportunidade, se não fosse por esse chamamentopara o seminário.

Para quem mal falava o Português, ter a oportunidadede ler em outro idioma, comunicar-se com pessoas no ex-terior, era algo que o projetava para uma esfera superior,próximo à intelectualidade. Ainda hoje, todo ex-aluno dequalquer seminário goza de destaque quando se trata deformação escolar, de cultura geral, de redigir, de conhecermelhor que outros o Português e de tantos outros fatoresque todos conhecem.

Para o futuro MSC, o estudo do Francês era imprescin-dível. A congregação teve origem em Issoudan (é assim quese escreve?), na França, e grande parte dos livros e materi-al didático era em francês. Nada mais justo que se escre-vesse e falasse fluentemente esse idioma. Por se tratar delíngua latina, o aprendizado era mais fácil. Entretanto, apronúncia nem sempre o era. Como fazer para pronunciar aletra “U” sem antes treinar a musculação da boca para do-brar a língua e afunilar os lábios em bico? E as palavras quemudam de gênero, então: le mensonge (a mentira), le pont(a ponte). Sem falar nos palavrões que resultavam paraquem se propusesse a verter palavras como “pescoço”.

A sonoridade da língua era algo fantástico. Logo, logotodo mundo estava cantando Sous le pont d’Avignon eFrère Jacques. As poesias e as fábulas de La Fontaine: Lacigalle e la fourmie ainda desfilam frente a meus olhos toda

E começaram a falar várias línguas

Antoninho Marchesini (56-66)

vez que o inverno se aproxima. O Francês nos acompanhoupor todo tempo que estivemos no seminário, quer estu-dando até a retórica, quer pela leitura constante dos livrosnessa língua..

O latim, - primeira flor do Lácio culta e bela - nem épreciso argumentar. As missas ainda eram em latim e tudoo mais que saía de Roma. As rezas, o breviário, os missais,as encíclicas papais, o De Bello Gallico de Júlio César (Galliaest omnis divisa in partes três, quarum unam...), asCatilinarias de Cícero (Quousque tandem abutere,Catilina,patientia nostra)..., a Ilíada e a Odisséia... Epa!, deixaestas para o grego!.Sem falar do Canto Gregoriano, da AveMaria de Gounot, et coetera, et coetera...

O inglês não tinha, na época, a importância de hoje.Estudávamos mais por uma questão cultural do que pornecessidade. Mesmo assim decorávamos o discurso de Mar-co Antonio perante o senado romano, da obra do imortal eglorioso Shakespeare.

Um mundo novo se abria ao estudarmos Grego. Come-çava com o alfabeto totalmente diferente, além de pos-suir letras a mais que nem correspondentes encontravamno português. O mais interessante é que você começavaa entender melhor o português. A formação das palavras,a etimologia, o entrelaçamento com o latim. Ficava fácilentender porque deram nome de hipopótamo a um ani-mal pesado igual cavalo e que não sai da água. E opapepipapós, quem se lembra? Papos=pai, pipapos=avô,papepipapos=bisavô. Literatura grega era estudo obriga-tório. Figuras mitológicas. Deuses. Olimpo.

O Português, então, era estudado à exaustão. Gra-mática, literatura, redação, trabalhos acadêmicos, lei-tura e declamação de grandes obras, oratória e poesia(retórica e poesis) inseriam-se no aprendizado da lín-gua de Camões.

No Escolasticado, chegamos a ter aulas de hebraico gra-ças ao padre Albino que esteve em Roma e na Terra Santaespecializando-se na língua e nas escrituras sagradas. Pa-dre Albino era o motoqueiro do escolasticado. Foi na suamoto Jawa que levei o primeiro tombo de moto subindonos canteiros dos jardins da Vila Formosa. Outro motoqueiroque me vem à lembrança era o padre Adriano Seelen, meumestre de noviços, com sua Harley Davidson desfilandopelas ruas de Itapetininga.

Espanhol não era língua do currículo escolar, mas haviagramáticas na biblioteca e muitos estuda-vam de forma autodidata, conse-guindo bons resultados.

Quanta lembrança dostempos de estudo, dos tra-balhos acadêmicos das bi-bliotecas, dos mestres!

Se os apóstolos fala-ram muitas línguas porobra do Espírito Santo,os futuros MSCs apren-deram e falaram muitaslínguas pelo esforço ededicação de abnegadose inesquecíveis mestres.A eles nosso pleito deeterna gratidão!

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Recentemente via-jei para Chapecó/SC.Precisava resolver umnegócio de terras. Fuisozinho e não com-pensava ir de carro. Fuide ônibus da Reuni-

das, via Castelo Branco, Tatuí, Itapetinin-ga... Como era dia claro, fui observando apaisagem e o casario de Itapetininga, ci-dade que cresceu muito em relação a dé-cada de 60, quando lá estive fazendo meunoviciado.

Para minha surpresa, ao sair da rodovi-ária, passamos bem em frente ao antigoprédio do noviciado. As lembranças foramsurgindo. Como as coisas mudaram! O bos-que que havia no terreno do noviciado,foi loteado. O campo de vôlei sumiu. A gru-ta, iniciada no meu tempo, não sei dizerse continua lá. O bairro está totalmentehabitado. Até a rodoviária foi construídaem local próximo. O horto, que avistei delonge, com sua catedral de eucaliptos, ain-da sobrevive encurralado pelas constru-ções. O Santuário de Nossa SenhoraAparecida, antes isolado no centro de umapraça deserta, me pareceu comprimidopelas casas que foram se aproximando ereduzindo o tamanho da praça. Os pastosde barba de bode, um ícone de Itapeti-ninga, desapareceram e deram lugar a bair-ros novos e com novas indústrias e con-juntos habitacionais.

O Silvio Munhoz e o Larizzatti deveri-am divulgar mais essa pujante metrópoledo sudeste de São Paulo. Mas ainda é tem-po para isso. Absorto em minhas lembran-ças do tempo de noviço, alguns fatos fi-caram gravados na memória distante. Opadre Mestre de noviços era AdrianoSeelen e o padre Sócio (sócio do mestre)o Pe. Osvaldo. Uma turma chegava de Pi-rassununga e outra saia para Vila Formosaem São Paulo. Logo de inicio a cerimôniade recebimento do hábito ou batina comoalguém pesquisou e discorreu longamenteno Inter-Ex nº 102, faz pouco tempo. Nãoé mesmo Gino Crês?

O Pe. Adriano, todo sisudo e compe-netrado em dar suas preleções e retiros,deixava de lado a sisudez quando se tra-tava de desfilar pela cidade e pelas cape-las da região com sua lustrosa “HarleyDavidson”. Por sinal eu era responsável pordeixar a moto sempre brilhante. Nenhu-ma imposição. Apenas porque eu gostavade mantê-la limpinha.

Se alguém pensa que noviciado era sórezar e meditar, pois saiba que se passea-va muito. Conhecemos toda redondeza

Noviciadoandando a pé. Havia uma chácara compiscina cedida gentilmente por umafamília da cidade. Os campos que rode-avam a cidade eram percorridos nasfolgas. Revirando troncos e pedras eracomum encontrar escorpiões e ara-nhas. Pular valas nos pastos tambémera atividade incluída nos passeios.Certa feita, pulei um valeta sem olharo que havia do outro lado. Só me deiconta quando um arame farpado qua-se me cegou de um olho. Levei cincopontos logo abaixo do olho. Fato quenunca esqueci.

Um dos passeios favoritos era nafazenda dos Huber, cerca de 10 kmfora da cidade em direção a Capão Bo-nito. A fazenda era da família do Ni-colau Huber, também noviço da mi-nha turma. Em geral íamos a pé e pas-sávamos o dia por lá com almoço porconta da casa. Por onde andará o Klause seu irmão mais novo, o Bernardo,também seminarista de uma ou duasturmas abaixo da nossa? Por que nãoaparecem em Pirassununga nos encon-tros? O Nicolau era particularmentedestacado, não só por ser o mais ve-lho da turma, mas também por seucabelo cortado à moda escovinha –uma verdadeira pista de aeroporto.Por falar em cabelo, foi no noviciadoque comecei a cortar o cabelo doscolegas. Treinei bastante nas cabeçasdos noviços, ninguém se atrevia a re-clamar. Assim continuei cortando ca-belos também no Escolasticado. Omais complicado (pela exigência da ví-tima) era cortar o cabelo do “Snebur”.Sim, era esse o codinome do RubensOrozimbo dos Santos. Snebur, éRubens de trás para frente. Esse tam-bém não aparece mais nas reuniões.Rubão, apareça!

O ponto alto do noviciado era oGrande Retiro de Santo Inácio deLoyola. Trinta dias de reclusão comple-ta e sem falar. Só rezar, meditar, ouvirpreleções de manhã à noite. Lavar aalma por dentro e por fora. O fim donoviciado era coroado pelos votos tem-porários de pobreza, castidade e obe-diência. Ao fazer os votos era-se au-tomaticamente admitido na Congrega-ção MSC. Até testamento se fazia. Emcaso de morte, determinava-se a quemcaberiam os bens a que se fazia juspor herança ou legado.

Foi um ano que passou depressa e aVila Formosa nos esperava, agora comoMSCs.

Antoninho Marchesini (56-66)

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INTER EX Março/2007 19

Adeval Romano, Afonso Bertazi, Afonso Peres da S. Nogueira, Alberto Jose Antonelli, Alberto Maria daSilva, Alderico Miguel Rosin, Amaro de Jesus Gomes,Amílcar Monteiro Varanda, André Mardula Filho,Ângelo Garbozza Neto, Antoninho Marchesini, Antonio Altafin, Antonio Brogliatto, Antonio Henriques,Antonio Valmor Junkes, Aparicio Celso da Silva, Benedito Ângelo Ribeiro,Benedito Antunes,BeneditoColdibelli, Benedito Ignácio, Bonifácio Eufrasiano Barbosa, Carlos Alberto Barbosa Lima, Carlos HermanoCardoso, Carlos Magno Antunes Pereira,Carlos Savietto, Cláudio A Magna Bosco, Cláudio Carlos de Olivei-ra, Clodoaldo Meneguello Cardoso, Côn. Carlos Menegazzi, Daniel Canale, Daniel R Billerbek Nery, DimasBegalli de Figueiredo, Dimas dos Reis Ribeiro, Edgard Parada, Edmundo Vieira Cortez, Edo GaldinoKirsten, Edson Niegues, Edwardus M Mechtilda Van de Groes, Edyr Borges da Silva, Erci Frigo,Franciscode Assis,Francisco Geraldo R Filho, Gerard Gustav Josef Bannwart, Gervásio Canevari Guido GiffoniPinto, Gutemberg Rodrigues de Lima, Hernani Oscar de F Rodrigues, Ivo Bottega, Ivo Luiz Bortolazzi,Isaias José de carvalho, Jerci Maccari,Jerônimo Alvin Rocha,João Baptista Bannwart, João BaptistaGomes, João Batista Larizzatti Jr, João Cardoso, João Carlos B Nery, João Costa Pinto, João NegriSobrinho, Jose Antonio de C R de Souza, Jose Barbosa Ribeiro, Jose Benedito Ribeiro II,,Jose Carlos BTeixeira, Jose Carlos Ferreira, José Claret da Silva, Jose Gaspar de O Nascimento, Jose JoaquimBarnabé de Mello, Jose Manoel Lopes Fo., José Maria de Paiva, Jose Mauro Pereira, José Murad, JosePossebon, Jose Quirino dos Santos, Jose Raimundo de Souza, Jose Roberto P Carneiro, Jose ValentimModena, Jorge Brunetta,Jorge Ferreira da Rosa,Laert Costa,Lasaro A P dos Santos, Leonel Augusto Varelas,Licinto Poersch, Luiz Carneloz, Luiz Gonzaga de Almeida, Luiz Victor Martinello, Luiz Zagonel, Marcosde Souza,Marcos Mendes Ribeiro, Mario Alcindo Rosin, Mario Ferrarezi, Mauro Pavão, Mauro SoaresFreitas, Moacir Cristaldo Dacoregio, Moacyr Peinado Martin, Natanael Ribeiro Campos, Natalino Júlio deCarvalho, Nicodemos Moreira Filho, Nilo Jorge F da Cruz, Odilon Luiz Ascoli, Paulo Barbosa Mendonça,Paulo Roberto de Carvalho e Silva, Pe Antonio C C Santos-Maristelo, Pe Francisco Paiva Garcia, PeHumberto Capobianco, Pe Benedito Ângelo Cortez, Pedro Tramontina, Raimundo Jose Santana, RaulCarraro, Renato Pavão, Rubens Dias Maia, Rui Ribeiro de Campos, Sebastião Mariano F Carvalho, SérgioJosé Sfredo, Sergio Luiz Dall”Acqua, Silvio Munhoz Pires, Valdir Luiz Pagnoncelli, Vanderlei de Marque,Vanderlei dos Reis Ribeiro, Waldemar Chechinato, Walter Figueiredo, William Marinho de Faria, DjaniraEsaú Brandão, Sueli Pamplona Sarmento, Therezinha Antonelli e Anônimos.

A cada ano, sentimos que os Colegas estão cada vez maisengajados na idéia de que a colaboração financeira, por menor queseja, é uma necessidade que tem dado forças e sustentação à Dire-toria na consecução dos objetivos da nossa Associação. No Inter-Ex103, no artigo “ O porquê do boleto”, a nossa intenção era voltar aotempo para que todos sentissem as razões da necessidade da ajuda

de todos na administração de nossa entidade, na confec-ção do boletim e na realização dos encontros, em Pirassu-nunga. Mais ou menos 50% dos Colegas fazem parte efetivadessa legião de colaboradores. Um dia, talvez, poderemosnos orgulhar da participação de todos nessa empreitada. Èuma questão, apenas, de consciência e aceitação. Nomomento, nos resta agradecer, muito e de público, àque-les que, durante o ano de 2006, não nos abandonaram e

nos estimularam a lutar pelo nosso ideal.Como reconhecimento, tivemos o luxo e aousadia de presentear os colaboradores de2006, com uma coletânea de músicas clássi-cas, em CD. Fica, portanto, aqui consigna-do, nosso profundo agradecimento em nomede todos e esperamos que outros sigam omesmo exemplo.

OBRIGADO! OBRIGADO! OBRIGADO! A DIRETORIA

NOSSOS AGRADECIMENTOS

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INTER EX Março/200720

Sexta-Feira – 30/03 – Das 18:00 às 22:00 hs –Recepção no pavilhão da igreja matriz. Às 20:00hs risotto e/ou sopa de agnolini.

Sábado – 31/03 - 8:00 hs – Café colonial nopavilhão da igreja. 8:00 às l0:00 – recepção/inscrição/cadastro 10:30 às 11,30 – Competição de pesca no rio

do Peixe e São Bento. 11:30 às 13:00 – Encontro fraterno no pavilhão

da igreja – coquetéis/ caipirinha/vinho 13:00 – Almoço 15:00 – Jogo de truco, Três Setes e Quatrilho

(se houver número, torneios)

Dias 30/3l de Março e 1º de Abril

PROGRAMA

17:00 – Bingo para as mulheres, encontro dos ex-seminaristas para troca de experiências, integraçãocom novos participantes, reviver histórias. 19:30 – Jantar 21:30 – Apresentações culturais. Sorteios.

Dança livre para os participantes.Obs: Os que tiverem dons artísticos, tragam seusinstrumentos e se apresentem.

Domingo – 01/04 7:30 – Café colonial no pavilhão da igreja 8:30 – Missa com procissão de Ramos 10:00 – Palestra (a confirmar) 12:00 – Almoço de encerramento