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Povoamento e despovoamento: da pré-história à sociedade escravista colonial. Claudete Maria Miranda Dias

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Povoamento e despovoamento: dapré-história à sociedade

escravista colonial.

Claudete Maria Miranda Dias

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Resumo

A análise da formação da sociedade americana, passa atualmente pelo significado do povoamento edespovoamento do território piauiense e, questiona o pensamento dominante na historiografia queenfatiza a formação dos "primeiros núcleos de povoamento" e "conquista do território", sem levar emconta a perspectiva dos povos pré-históricos e das populações nativas que habitavam toda a região eforam extintas pela guerra da colonização. Há o deslocamento do eixo de análise predominante, poisé importante ter-se em vista três tipos de povoamento: o pré-histórico, o nativo e o colonial, só assimtem-se a compreensão exata de como se deu a organização social americana. O povoamento colo-nial das Américas que representou também o despovoamento da população nativa desenrolou-se soba égide da destruição de um povo com possíveis origens pré-históricas cujos vestígios arqueológicosestão na Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, Brasil. No lugar delas formou-se umaoutra: exógena, livre e escrava constituída pela mistura do nativo, do negro e do branco colonizador. Aorganização nativa é substituída pela sociedade colonial escravista.

Abstrat

The analysis of the formation of the American society, currently passes for the meaning of the povo-amento and despovoamento of the state In Piauí territory and, questions the dominant thought inthe history that emphasizes the formation of the "first nuclei of povoamento" and "conquest of theterritory", without taking in account the perspective of the prehistoric peoples and the nativepopulations that they inhabited all the e region had been extinct for the war of the settling. It has thedisplacement of the axle of predominant analysis, therefore it is important to have in sight three types ofpovoamento: the prehistoric one, the native and the colonial, thus only has it accurate understanding ofas if it gave the American social organization. The colonial povoamento of Americas that also representedthe despovoamento of the native population was uncurled under égide of the destruction of a peoplewith possible prehistoric origins whose archaeological vestiges are in the Mountain range of the Capivara,in Are Raymond Nonato, Piauí, Brazil. In the place of them one another one was formed: exógena,exempts and slave consisting of the mixture of the native, the black and the colonizador white. Thenative organization is substituted by of the slaves colonial society.

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Introdução

A análise do processo histórico de formação ou estruturação da sociedade americana passa atualmentepelo questionando do pensamento dominante na historiografia - que enfatiza a formação dos “primeirosnúcleos de povoamento”, a “conquista do território” e a idéia de “descobrimento e colonização”, difundidopelos primeiros pesquisadores para valorizar a história dos “conquistadores” e colonizadores europeusque invadiram essas terras no início de 1500.

Para se compreender melhor a questão do povoamento das Américas deslocamos o eixo de análisecomum na historiografia para traçar aqui uma explicação tendo como base a perspectiva dopovoamento pré-histórico e o nativo, ou indígena. Na verdade, ao mesmo tempo em que ocorre opovoamento pelo colonizador, provoca-se o despovoamento, pela guerra da colonização, dos povosnativos que possivelmente habitavam a região desde os tempos pré-históricos cuja dataçãoestabelece sua origem em mais de 70 mil anos.

Para isto tem-se em vista nessa análise do povoamento das Américas, a possível relação entre ospovos pré-históricos, habitantes da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, e aspopulações nativas extintas durante a colonização e que habitavam praticamente toda essa região aexemplo do que era o povoamento em todo o território americano1.

Para entender melhor essa questão foca-se nesta pesquisa a realidade dos povos que habitavam os“ sertões de dentro”, mas especificamente nas terras onde é hoje a zona caatinga da região sudestedo Piauí que provavelmente permaneceram na região até serem extintos em dois séculos de guerrada colonização em meados do século XVIII a começo do XIX, comandada por desbravadores dosertão “preadores de índios”. Então é de supor que na época que os colonizadores invadiram as terrasdos nativos, eles já existiam há milhares de anos, desde a pré-história. De caçador-coletores, passarampara ceramistas-agricultores, como eram os nativos da época da colonização. As populações nativasviveram comunitariamente em harmonia com a natureza até a chegada dos colonizadores quando sedelineia a sociedade escravista colonial com a formação das famílias de fazendeiros de gado, alémdos os vaqueiros, lavradores, escravos, artesãos e comerciantes.

Povoamento mais antigo das Américas

O sertão-sudeste do Piauí é a região de povoamento mais antigo das Américas, comprovadamentepovoada por povos pré-históricos caçador-coletores e ceramistas-agricultores, entre 70.000 a2.000 anos a.C. de acordo com as pesquisas arqueológicas da Fundação Museu do HomemAmericano2 (FUMDHAM).

A arte rupestre, restos de carvão de fogueira, utensílios líticos, artefatos de pedra e esqueletos humanos,analisados pelo Carbono 14, estabelecem as diferentes datações. Essa população ocupou a regiãode São Raimundo Nonato e possivelmente, não apenas a Serra da Capivara, mas as Serras dasConfusões, Serra Branca e Serra Talhada. Deixaram numerosos vestígios, encontrados no ParqueNacional da Serra da Capivara, quando então forma-se um espaço onde os vestígios desaparecem.O elo de vestígios mais recentes dá-se com a colonização das terras onde é hoje o Piauí (meados doséculo XVII a começo do XIX), quando a região era densamente habitada por uma população nativa.

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Em dois séculos de colonização, os nativos são extintos por uma verdadeira guerra, continua e violenta,comandada por desbravadores do sertão nordestino, paulistas e baianos, “preadores de índios”3. Asterras foram ocupadas para a implantação de uma economia baseada na criação de gado.

Faltam ainda pesquisas e estudos, para estabelecer com mais precisão as possíveis relações entreesses ceramista-agricultores da tradição Agreste e as populações nativas (índios) dizimadas peloscolonos brancos com a guerra da colinação entre meados do século XVII e do XIX. O caminho parapreencher essa lacuna, é a arqueologia histórica, em estágio inicial por pesquisadores da Fundham eda UFPI. A história da colonização dessa região ainda é bastante incipiente, tanto em termos dehistoriografia quanto em testemunhos, mal conservados ou mesmo destruídos enquanto ao contrárioas pesquisas arqueológicas fornecem mais dados e informações do que a história que estáintimamente relacionada à arqueologia. As referencias ou vestígios encontraram-se em numerosos“sítios” na “área arqueológica” da “Serra da Capivara,” como a arte rupestre pintada nos rochedos,com diferentes estilos, rica e variada, datada em 15 mil anos; restos de fogueira de 48 a 50 mil anos,carvão e fósseis humanos de 9 mil anos, grande quantidade de restos de objetos de cerâmica de 3 milanos, uma infinidade de artefatos de pedra4, utensílios líticos pertencentes a grupos caçadores coletores,agricultores e ceramistas, em épocas de fauna e flora abundantes 5. Analisados pelo Carbono 14 daAlemanha e dos Estados Unidos da América, comprovam a existência de uma população pré-históricaem terras piauienses. Essa população, se não é a mais antiga das Américas, é uma das mais antigas.São testemunhos de vários povos ou grupos humanos que ocuparam a região de São Raimundo Nonato,com uma densidade populacional maior que a atual, graças aos recursos hídricos e ao clima favoráveis,diferentes dos atuais incluídos no “polígono da seca”: só floresce com as chuvas ou com muita água.

As escavações e sondagens de uma equipe interdisciplinar, há mais de trinta na zona arqueológicada serra da capivara comprovam a existência de vestígios espalham-se em mais de 800 sítios(catalogados pela equipe da Fumdham) cujas datações se estendem desde as mais antigas comde 46.000 anos a.C.até aos povos da tradição agreste de idade mais recente 3 a 2000 anos a.C.Estes ocuparam toda a região. Os povos iam sobrepondo-se em termos culturais, artes e tradiçãoe no lugar dos ceramistas da tradição nordeste surgem os agricultores que continuaram até oséculo XVIII de nossa era, quando então começou a guerra de extinção, com a colonização dasterras do lado esquerdo do rio Parnaíba (Punaré).

A arqueóloga Niède Guidon propõe “como hipótese de trabalho que diversos grupos humanos chegaramà América, por diferentes vias de acesso, tanto marítima como terrestres”. Existiriam diferentes “origense rotas de penetração do homem” e chegaram até o continente pela costa do nordeste brasileiro, hápelo menos 70 mil anos atrás. “6. As controvérsias da comunidade científica em torno da questãoestabelecem a possibilidade de outras “fontes populacionais” ou “rotas alternativas” e impedem quehaja um consenso em torno do povoamento das Américas7.

A tradicional datação norte-americana sobre o início do povoamento das Américas, diz que uma correntemigratória por terra saindo do nordeste da Ásia, atravessou o estreito de Bering durante uma glaciação,entre 35 mil a 12 mil anos atrás, espalhando-se pelo continente americano. Outros estudos dizem queos primeiros grupos, possivelmente teriam atravessado o oceano em pequenas embarcações, utilizandoos meios próprios para “cruzar os oceanos antes que os “descobridores” tivessem domesticado osmares’8. Outros: teriam chegado trazidos por correntes marítimas, ou elas seriam autóctones. O Piauífoi uma das últimas regiões brasileiras a ser colonizada, uma das primeiras a acabar com sua populaçãonativa e atualmente é considerada a região de povoamento mais antigo das Américas.

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Povoamento nativo e povoamento colonial

O significado do povoamento é uma questão importante que surge para se compreender melhor asociedade piauiense do século XVIII para o XIX: a “conquista do território” foi uma verdadeira guerrade extermínio provocando o despovoamento dos nativos, os habitantes dos sertões quando chegou opreador, o colonizador, o criador que se arma “até os dentes” contra os nativos que na visão daqueles,“perturbavam tranqüilidade dos colonos”. Ora, os nativos foram expropriados, vilipendiados,escravizados, aldeados para que surgisse uma outra sociedade e entram para a história como selvagensque faziam arruaças, ameaças, correrias, violências?

Nesse sentido, tenciona-se aqui reforçar a discussão sobre o significado de conceitos como “conquista”“descobrimento” ou “invasão”, para mostrar que o povoamento colonial gerou um despovoamento nativoe que, portanto, o processo de colonização desenrolou-se sob a égide da destruição de um povo. O chamado “povoamento do Piauí” pelo colonizador branco representou também o despovoamentode sua população nativa; com o final da guerra da colonização, o Piauí estava despovoado de nativos.No lugar deles formou-se uma outra população, exógena, livre e escrava constituída por uma misturado nativo, do negro e do branco colonizador, os elementos étnicos predominantes na sociedadebrasileira: a estratificação nativa é substituída pela colonial escravista9.

A idéia de “conquista do território piauiense”, é intensamente usada pela historiografia reproduzindoque o colonizador europeu inculcou durante séculos, servindo como justificativa à mortandade praticadacontra os nativos, para se apoderarem de suas riquezas e torná-los escravos. A concepção de ocupaçãoe povoamento perpassa por toda a historiografia brasileira, da mais tradicional a mais moderna, bemcomo a idéia de descobrimento, aparecendo como acontecimentos naturais no universo de uma novaordem comandada por Portugal, um episódio da expansão ultramarina européia10.

A conquista aqui é vista como invasão das terras. Como tem sido dito atualmente por estudiosos, aAmérica foi invadida e não descoberta. Esta mesma interpretação pode ser perfeitamente relacionadaao Piauí. Claro que para o europeu, que chegou aqui com o objetivo de se apossar de tudo, é um atode conquista, mas sob o ponto de vista dos nativos, foi uma invasão. A conquista foi sempre mostradacomo um direito do europeu por ter “descoberto” as novas terras. O termo “descobrir” é pleno de umsentido de dominação que justificou a “conquista” por meio de um brutal sistema de colonização11.

A historiografia piauiense incorporou e reproduz tradicionalmente a idéia de “conquista do território”descoberta, ocupação e povoamento para explicar a ocupação das terras dos nativos e em geralfocaliza a implantação das fazendas de gado, o comércio, a organização do poder a partir dasfamílias latifundiárias, dando pouco destaque à existência de uma população dizimada pela guerra,sem se dar conta de que esses conceitos valorizam unilateralmente a perspectiva do colonizador,apagando e até mesmo menosprezando a existência de uma outra população no cenário onde sedesenrolou a história da colonização.

Essa visão foi introduzida pela documentação utilizada por uma geração de escritores-historiadoresque apenas reproduziram-na quase que literalmente, de alguma forma seguindo a tradição dahistoriografia brasileira que também difunde a idéia unilateral de conquista do território pelocolonizador, quase como um direito por ser mais poderoso e rico, impondo-se sobre uma populaçãode selvagens indígenas12.

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Essa documentação foi utilizada pelos primeiros pesquisadores da história do Piauí aceita como amais pura realidade, sem a preocupação de uma leitura critica desses relatos, mapas ou memóriasdescritivas feitas por viajantes, e cronistas pessoas alheias ao meio ambiente, de uma região sertanejacomo o Piauí, como os autores de duas obras consideradas básicas: a de Pereira d´Alencastre, escritaem 1857 e Pereira da Costa, de 1909 vinculadores pioneiros da idéia de conquista e povoamento doPiauí. Serviram de “inspiração” para outros estudos, de outros pesquisadores. Vale ressaltar, que oantropólogo Luiz Mott trouxe à cena o que talvez seja o documento manuscrito com mais informaçõessobre o Piauí, encontrado no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, onde existe abundantedocumentação manuscrita sobre o Piauí, inédita e a espera de pesquisadores piauienses13. O padre-historiador Cláudio Melo, um dos poucos que teve a chance de fazê-lo realizou um levantamento sobreo período colonial, mas não teve tempo de publicá-lo, morreu antes em 1998. Há quem afirme, porexemplo, ser “a região de Jerumenha e Valença, no centro sul do Piauí a de povoamento colonial maisantiga, cuja conquista se deu na segunda metade do século XVIII, por meio da política de interiorizaçãoda colonização implementada pela Coroa Portuguesa no sentido de impulsionar a expansão dopovoamento e exploração econômica do sertão nordestino impondo a conquista e ocupação do interior,no apresamento de nativos e conquista de novas terras para instalação dos currais de bovinos, realizadapelos conquistadores, misto de apresadores de índios e criadores de gado: “... nem todos osconquistadores proprietários de currais chegaram a ser fazendeiros”, mas mesmo depois da conquistado território continuaram existindo curraleiros no Piauí, que chegaram em uma primeira fase dacolonização cujo povoamento se efetivou em um segundo momento cauterizado pela “conquista daterra aos índios e inserção da região no contexto colonial brasileiro”14.

Ou seja, o Piauí para o dominante pensamento historiográfico, foi conquistado e povoado peloscolonizadores. O povoamento se dá com a colonização. Considera-se povoamento apenas o que sedeu com a colonização, o anterior, primitivo, não é considerado povoamento, é o que então? O que seentende é que o Piauí é uma construção do regime colonial português no Brasil. Não existe Piauí antesdo povoamento colonial. Ele é fruto de uma ocupação territorial efetivada através da expulsão,apresamento e a dizimação da população nativa que ocupava o território que viria a ser o Piauí.

Essa visão reforça a concepção de que “a verdadeira ocupação do solo piauiense” realizou-secom as fazendas de gado dos fazendeiros baianos, seus descobridores e povoadores pioneiros,no final do século XVII e primeira metade do XIX, período em que se efetivou “a conquista” doterritório piauiense. De acordo esta visão, a “verdadeira ocupação” dos sertões piauienses sedeu com a instalação dos currais pelos fazendeiros baianos e paulistas “os primeiros povoadores”em terras doadas em sesmarias após a expulsão “dos índios que infestavam” essas terras,reforçando a idéia do povoamento colonial como pioneiro, sem considerar os habitantes nativos.Ou seja, “o início do povoamento do Piauí” deu-se com a ocupação das terras pelo colonizador enão com o povoamento dos nativos: “devemos a ocupação do Piauí” aos primeiros povoadores, osertanista e os sesmeiros que penetraram o território com seus rebanhos e dominaram o indígena15,inclusive estabelece o ano de 1674 como o marco inicial da “conquista e descobrimento” atribuídaa Domingos Afonso Sertão e enfatiza que “qualquer estudo sobre a história do Piauí deve iniciar-se obrigatoriamente a partir dos currais de criatório”16, considerada a primeira forma de ocupaçãodo solo. Nesse debate historiográfico aberto sobre o início da penetração do colonizador, existeoutro marco, o ano de 1671, data em que o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho chegou aesses sertões, estabelecendo-se então uma discussão sobre a prioridade do “descobrimento” doPiauí, sem levar em conta a existência das populações nativas que habitavam a região.

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Populações nativas

Segundo o historiador piauiense, Odilon Nunes, nos primeiros tempos da colonização os “índiosfervilhavam como formigas nos vales dos rios do Piauí”. No final do século XVIII e começo do XIX,praticamente não existiam mais17.

As populações nativas que habitavam o Piauí nessa época, faziam parte do grupo dos Tapuia etambém Tupi, que ocupavam indiscriminadamente o litoral e os sertões18. Até a chegada docolonizador viviam em comunidades, em harmonia com a natureza. As guerras e os rituaisantropofágicos eram recursos utilizados em casos extremos.

Em meados do século XVI, começam as penetrações do homem branco no Piauí, pelo litoral. Outravertente de penetração deu-se pela Serra da Ibiapaba, onde surgindo as primeiras fazendas de gado.Porém a mais importante penetração dá-se em torno dos anos de 1660-70, quando a região torna-se“alvo de intensa penetração”, principalmente por baianos e paulistas.

Nessa época, a região, ainda não existia juridicamente como capitania ou província do Piauí.Durante os 200 anos de duração da colonização, era considerada pelo colonizador como terra deninguém, mesmo sendo povoada intensamente de nativos. Juridicamente, pertenceu a princípio aPernambuco, depois ao Estado do Grão Pará, criado em 1621, depois transformado em EstadoMaranhão, em 1751. Em 1758, é criada por Carta Régia do rei de Portugal, a Capitania de SãoJosé do Piauí, como um aceno para apaziguar a guerra contínua com as populações nativas e osconflitos de terra entre sesmeiros e posseiros.

É dificultoso quantificar bem como é quase impossível localizar geograficamente com precisãorigorosa, a população nativa nas terras piauienses19, nessa época. Os poucos dados e estatísticasexistentes são precárias, contraditórios, confusos e imprecisos, devido ao caráter nômade e daemigração constante em busca de terras férteis e alimentos, como também pela guerra contínua,que os obrigava a se locomoverem de um lugar para outro. Tem-se apenas uma idéia aproximada,das tribos e nações sediadas no baixo, médio e delta do rio Parnaíba, nas cabeceiras e vales dorio Gurguéia, na serra da Ibiapaba, nas cabeceiras do rio Piauí, na foz e cabeceiras do rio Poty,nos limites com Pernambuco e na região central do Piauí. A nomenclatura, localização equantificação variam entre os autores piauienses. 20

Havia no Piauí, quatro etnias - JÊ, CARAIBA, CARIRI, E TUPI entre diversas e numerosas tribos ounações como os Tremembés, Jenipapos, Anapurus, Cupinharós, Amanajás, Precatis, Aramis, Alongás,Aroás, Amoipiras, Guegês, Jaicós, Pimenteiras, Gilbués, Tapecuás, Timbiras21. Essa populaçãodesenvolvia uma agricultura rudimentar, plantava mandioca, milho e batata doce para se alimentar,além da caça e da pesca, viviam nus e tinham cabelos cumpridos. Os guerreiros pintavam os corposcom tinta de jenipapo e urucu, enfeitavam-se com penas de arara, tucano e outras plumagens coloridas,como a maioria das populações nativas brasileiras e americanas, nas épocas de festas e guerrasquando usavam arco, flecha, lanças e chaporras22.Apesar da guerra de extermínio, as tradições, usose costumes e cultura, como crendices, festas, dormir em redes, comer beiju de mandioca, tomar banhode rios, caçar e pescar, permanecem em alguns hábitos alimentares, familiares e uma nomenclaturade cidades, além do traço mestiço, resultado da mistura entre o nativo e o nativas, a base da etniapiauiense. Para suprir a falta de mulheres, o colonizador mantinha vivas as mulheres nativas “de pelemacia e rosto gracioso”, para servirem de concubinas e com quem gerou numerosos filhos23.

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As populações nativas permaneceram em segurança até a chegada do colonizador que traz em si ogerme da violência.

No Piauí, durante o período de meados de 1660 até final do século XVIII, numerosos expedições foramorganizadas com a finalidade de expulsar os nativos de suas terras, aprisioná-los para torná-los escravosnas grandes fazendas de gado e de lavoura, para combater outras aldeias, como guias em penetraçõesnas matas ou para expulsá-los das terras férteis e ricas em minérios e madeira. Eram para “fazerguerra ao gentio bárbaro” com o apoio das autoridades portuguesas, como as lideradas DomingosJorge Velho, pelo Ten.Cel. João do Rêgo Castelo Branco.”24 e José Dias da Silva, designado para“conquistar” os pimenteiras dos vales dos rios Gurguéia e Piauí : são totalmente dizimados sob ocomando destes militares, por meio de uma guerra, entre 1776 a 1784.

As expedições com 100, 200 até 400 homens, eram equipadas pela própria metrópole portuguesaque mandava distribuir entre os colonos, recursos, armas de fogo, munição como pólvora, cavalos,canoas e até grandes barcos para navegarem pelos rios. Como recompensas por terem “limpado oterreno do gentio selvagem”, recebiam, grandes extensões de terras doadas em sesmarias, tanto pelogoverno português, como pelas autoridades do Ceará, Bahia, Pernambuco e Bahia, para a implantaçãode grandes fazendas de gado. Um dos maiores sesmeiros piauienses, Domingos Jorge Velho, chegoua possuir uma área de 10 a 12 léguas de extensão, o equivalente a 24.000 km225.

Os fazendeiros baianos da poderosa Casa da Torre dos Dias D”Ávila, comandaram diversasexpedições armadas pelos sertões e caatingas, verdadeiros massacres, como o dos Gueguêsnos vales do rio Gurguéia em 1764. Após esses episódio, a Casa da Torre recebe comorecompensa, uma sesmaria de 24 léguas e outra de 30 léguas em 168126.Após duzentos anos de guerra contínua, os nativos que habitavam as terras onde é hoje o Piauí,são praticamente extintos. Ao final do século XVIII e início do XIX, encontram-se ainda alguns“focos” de resistência em algumas vilas, mas o governo da época considera que a capitania doPiauí, estava “pacificada”, livre dos “selvagens gentios”.

O extermínio dos nativos no Piauí tem uma cronologia elaborada pelo Prof. João Gabriel Baptista, queinicia no distante ano de 1537 e se prolonga até 1890, quando ainda os se “índios pimenteiras encontram-se “fazendo incursões no alto Piauí e Parnaguá” no início do século XIX27.O Piauí era um verdadeiro “corredor de migrações” para os nativos do nordeste fustigados pelopreadores e pela penetração do colonizador em busca de terras e de braços para a escravizar. Ascaracterísticas físicas e geográficas variadas dos sertões piauiense, como as serras, caatingas, rios,várzeas abundantes, vales e as chapadas ofereciam excelentes pastos naturais, recursos hídricos,frutos silvestres, animais de caça em abundância, além de servirem de abrigo e refúgio para as tribosdas vertentes do rio São Francisco e litoral nordestino e da bacia amazônica ou inversamente28. Essascondições eram favoráveis à ganância do colonizador.

Uma verdadeira caçada aos nativos é empreendida. “Sob o pretexto de que cometiam atos depilhagem e homicídios”, eram atacados com tanto furor pelos preadores de “índios que nem mesmoas crianças eram poupavam29, mortas cruelmente.

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Colonização e extermínio em São Raimundo Nonato

Com a chegada dos brancos baianos, por volta do fim do século XVIII, pelos rios São Francisco eParnaíba, inicia-se a colonização dos sertões de dentro. O objetivo aqui é fugir um pouco da abordagempredominante e apontar o processo de colonização da região onde hoje se localiza o Parque NacionalSerra da Capivara (século XVIII e XIX), através da guerra de extermínio das populações nativas e a umprovável elo entre elas e as populações pré-históricas30..(70.000 a 2. 000 anos A.C.).

Numerosas batalhas foram travadas com os nativos e no começo do XIX, praticamente não haviamais nativos na região. A colonização no Piauí começou mais tarde, entre a exploração da canade açúcar no Nordeste e a mineração nas Minas Gerais. Mas foi tão brutal que praticamenteapagaram-se os testemunhos da época. Os raros existentes são sucintos e superficiais, mas umapesquisa exaustiva e escrupulosa está em andamento, nos Arquivos Público do Piauí, nas paróquiasmais antigas, além da história oral.

Entre as fontes encontradas, confirma-se que os povos nativos da região de São Raimundo Nonato,dizimados pelo colonizador, eram os Pimenteira, citados com mais freqüência nas crônicas e nosdocumentos relativas ao sudeste do Piauí, entre os anos de 1697, 1761, 1776, 1784 e 1818. Refugiando-se dos brancos colonizadores da região de Cabrobó (Pernambuco) ocuparam uma vasta região entreos atuais estados do Piauí e Pernambuco, no sudeste, perto do alto do rio Piauí, na fronteira com oMaranhão E Goiás. Considerados como “índio selvagem”, ou “silvícolas da tribo dos tapuias” peladocumentação, povoavam todo o vale ou a bacia, cabeceiras do rio Piauí, onde é hoje SRNonato.Viviam em plena liberdade, plantavam e cultivam legumes em terras férteis e caçavam para sobrevirem.Supõe-se que pertenciam ao tradicional grupo JÊ, por alguns costumes típicos e língua e restos decerâmica encontradas nas escavações na Serra da Capivara. São dados ainda precários, à esperade outras escavações.

Por volta da segunda metade do século XVIII, existia nessa região, mais de 50 fazendas de gado do“desbravador” Domingos Afonso Mafrense. Com sua morte passaram aos jesuítas como herança. Norastro dos jesuítas, interessados em catequizar os “selvagens”, vieram os foragidos, aventureiros,interessados em ocupar a terra, com roçados típica fazenda familiar, tornando-se posseiros.

Alguns relatos referem-se à resignação dos nativos, que não lutaram e sim recorreram imigração,abandonado a região para se fixarem na fazenda Onça. 30 km da cidade atual de SRNonato(616). Porém a ocupação das terras pelo colonizador branco , foi feitas com,” luta e resistênciapor parte dos nativos”, uma luta sangrenta, com assassinatos, raptos, roubos, depredações. Emalgumas regiões foram totalmente extintos no final do século XVIII. Em outras resistem à escravidãoaté as primeiras décadas do XIX.

Em torno da década de 20 do século XIX, foi “declarada” uma guerra que durou 8 anos, quando “suamajestade, o senhor D. João”, confiou a tarefa a José Dias Soares, capitão de infantaria do estadomaior do exercito, com todo o material suficiente para expulsar e se apoderar das terras dos pimenteiras.A “conquista” e “pacificação” do território pelo famoso coronel Zé Dias, foi à base da guerra, dacatequese, dos aldeamentos, da escravidão e outros abusos. Os Pimenteira foram expulsos pelosjesuítas, sesmeiros e posseiros. Os que sobreviveram refugiaram-se “nos matos” das margens doTocantins. Há quem acredite que foi o Cel. Zé Dias que evitou “derramamento de sangue”. O seuobjetivo era resgatar um sobrinho seu, José Dias, “Brabo”, raptado pelos nativos há anos atrás.

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As terras usurpadas dos nativos são distribuídas entre familiares, amigos e companheiros da guerra,transformam-se em várias fazendas de gado, roçados de lavoura. Os sesmeiros e posseiros, vão setornando fazendeiros e lavradores, impondo-se pela guerra, aos nativos pimenteira, possivelmente osceramistas-agricultores.

A partir daí surgem outros povos, bem como uma nova sociedade, outra organização social, com aformação das famílias de sertanejos, criadores de gado, cavalos e caprinos. As famílias de sertanejosviviam nas fazendas , comendo o que plantava, vestindo o que teava com o algodão que produzia, erahospitaleira, respeitando a Deus, as leis e apego à terra. A convivência familiar ao contrário de outrasregiões era marcada pelo contato amigável.

Predominou a pecuária extensiva de 1780 a 1830, abastecendo a Bahia, Pernambuco, Ceará comboiadas, em caravanas e com quem mantinha comercio de produtos derivados do leite como a manteigade nata, o requeijão. Devido às dificuldades de transporte, as secas constantes, e à pequena produçãoagrícola além do desconhecimento de métodos de armazenagem, o desenvolvimento econômico daregião é lento. É uma sociedade rústica de fazendeiros, até 1890, quando a maniçoba torna-se umproduto rentável economicamente. É uma época do progresso da maniçoba, indo até as primeirasdécadas do século XX, tornando os antigos fazendeiros em comerciantes e de conflitos sociais comoa “guerrilha “em Caracol, provocados, entre o os colonos e os “ audaciosos aventureiros” baianos,cearenses e pernambucanos, atraídos pela industria da maniçoba.

Como a pecuária extensiva, a maniçoba era extrativa, e em pouco tempo “os maniçobais nativos dascaatingas, foram explorados” à exaustão. Dois fenômenos de depredação do meio ambiente. Essesfenômenos de desmatamento somados às secas constantes, modificaram as características ambientaisda região da época pré-histórica de fauna e flora abundantes.

Algumas considerações finais

A violência da guerra de extermínio dos nativos que habitavam as terras onde é hoje o Piauí ainda nãofoi desvendada totalmente, faltam estudos e pesquisas. Falta, ou ainda estar por ser feita, sem dúvida,uma história essencialmente “indígena” 31.

Ao final de dois séculos de “guerra contínua” os nativos do Piauí, por mais guerreiros e valentes quefossem, mesmo os mais “ferozes” como os antropófagos, não resistiram. Quem era o selvagem? Osnativos que foram dizimados ou os europeus “civilizados” que dizimaram tribos e nações inteiras?

Poucos sabem da existência de uma população nativa em terras piauienses. A guerra foi tão violentaque praticamente apagou a memória dessa população, resgatado atualmente por alguns estudiosos.A problemática dos nativos piauienses não é tão diferente quanto às outras regiões do Brasil: suasterras foram expropriadas e o nativo escravizado, expulso ou extinto.

Em quase cinco séculos de resistência e luta, restam umas centenas de “índios” que passarampara a história como “seres efêmeros” ou “selvagens silvícolas”. Eles são parte não só do nossopassado como do nosso presente e futuro. Será que no sexto centenário do “descobrimento daAmérica” haverá talvez algo a festejar?

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Para uns, a dizimação dos povos nativos deveu-se ao encontro de sociedades diferentes: a européiae a americana, ou o Antigo e Novo Mundo. Mas vários aspectos contribuíram para a dizimação depopulações inteiras no continente americano, como as doenças (varíola, sarampo, coqueluche,tifo, catapora, difteria, gripe, peste bubônica e malária), a escravidão, os aldeamentos civis ereligiosos, a fome e as guerras. Juntos provocaram um verdadeiro morticínio, mortandade ou “umdos maiores cataclismos biológicos do mundo” ou “catástrofe demográfica”32. Para uns, o continenteamericano perdeu mais de 2/3 de sua população, enquanto para outros a “de população” foi naordem de 95 a 96%33. Em geral os testemunhos dos cronistas tendem a elevar tanto as taxas dapopulação como o alcance do genocídio. Mas de qualquer maneira fica claro que o continentetinha uma densidade populacional considerável.

Notas

1 Claudete Maria Miranda Dias. Mestrado em História do Brasil. Universidade Federal do Piauí. E-mail:[email protected], Fábio. Les gisements quaternaires de la Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Piauí-Brésil),dans le contexte de la pré-historire américaine. Fouilles, stratigraphie, chronologie, évolution culturelle.Thèse de doctorat. École de Hautes Études en Science Sociales. Paris, 1993; GUIDON, Niède e outros.“le plus ancien peuplement de l’Amerique: le paleolithique du Nordest brésilien”. in, Bulletin de la SocietéPré-historique Française. T. 91; n. 4. paris, 1994(p. 246-250).3DIAS, Claudete Maria Miranda . A dizimação das populações nativas do Piauí. Anteprojeto de pesquisa.UFPI, Teresina, 1992.4PARENTI, Fábio. Op. Cit.5GUIDON, Niède. “As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia). in, CUNHA, ManuelaCarneiro da. (Org.) . História dos índios do Brasil. São paulo, Cia. das Letras, 1992, p. 42.6GUIDON, Niède. “As ocupações pré-históricas do Brasil(excetuando a Amazônia). IN, CUNHA, ManuelaCarneiro da. Op. Cit. p 39.7MARTI, José. Nossa América. Antologia. Trad. de Maria Angélica de A. Trajber. Editora Hucitec, SãoPaulo, 1983; PRADA, Manuel Gonzales. Páginas libres. Horas de Lucha. Biblioteca Ayacucho, Lima,s/d; MARIATEGUI, Jose Carlos. 7 ensaios de interpretación de la realidad peruana. Biblioteca Amauta,Lima, 1989.8CUNHA, Manuela Carneiro da. Op. Cit. p. 10.9Vide: DIAS, Claudete Maria Miranda. “Balaios e bem-te-vis: a guerrilha sertaneja”. Teresina, FundaçãoMons. Chaves, 1995. Capítulo I: “Em busca dos sertões de dentro” pp.39/58. Nele introduziu-se umaanálise sintética do sistema colonial com destaque para a doação das sesmaria e extinção dos nativos.10Vide: PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1979: MELLOE SOUSA, Laura.(Org.). História da vida privada no Brasil. Cotidiano e vida privada na AméricaPortuguesa. Coleção dirigida por Fernando Novais. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.11Vide: DIAS, Claudete Maria Miranda. “Descobrimento ou invasão: eis a questão”. Teresina, JornalMEIO NORTE, Caderno Alternativo, quarta feira, 7 de janeiro de 1998. Idem. “Que história é essa dedescobrimento do Brasil!”. Idem. domingo, 24 de maio de 1998, quarta feira, 7 de janeiro de 1998;BUENO, Eduardo. A viagem do descobrimento. A verdadeira história da expedição de Cabral. - Rio deJaneiro: Objetiva, 1998.

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12No Piauí, a maioria das interpretações baseia-se nas mesmas fontes e no mesmo enfoque teórico-metodológico, recolhidos nos mais antigos documentos da história piauiense, como a Descrição dosertão do Piauí do Padre Miguel de Carvalho, em 1697, o Mapa Geográfico da Capitania do Piauí,de 1761, elaborado pelo engenheiro João Antônio Galúcio e a Descrição da Capitania de São Josédo Piauí, escrito pelo Ouvidor Antonio José de Morais Durão, de 1772, além dos viajantes Spix eMartius de passagem pelo Piauí no início do século XIX, da Memória relativa às capitanias do Piauí eMaranhão, escrita em 1810 por Francisco Xavier Machado e o Roteiro do Maranhão a Goiás pelaCapitania do Piauí, de autoria desconhecida, publicada em 1900 pela revista do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro.13MOTT, luiz. O Piauí colonial. Teresina, Projeto Petronio Portella, 1975.14 ENNES, Ernesto. As guerras de Palmares. vol. 1, 1938 e PORTO, Carlos Eugênio. Roteiro do Piauí.Rio de Janeiro, Artenova, 1974 (1a. ed. 1955); OLIVEIRA, Maria Amélia Freitas M. de. A Balaiada noPiauí. Teresina, Projeto Petronio Portella, 1985; Brandão, Tânia Maria Pires. A elite colonial piauiense:família e poder. Teresina, Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1995. “Descrição da Capitania deSão José do Piauí, 1772. Memória de autoria do Ouvidor Antônio José de Morais Durão. Vide: MOTT,Luiz R. B. Piauí colonial. População, economia e sociedade. Teresina, Projeto Petrônio Portella, 1985;BRANDÃO, Tânia Maria Pires. Op. Cit., p. 24, p. 36/37/ 38, p. 47 e 52.15 Vide: Maria Amélia Mendes de. Op. Cit., p.33/34 e p. 37/38.16Reproduzindo o marco estabelecido por PEREIRA D´ALENCASTRE, Op. Cit. e reforçado porPEREIRA DA COSTA, F. A. Op. Cit. e por NUNES, Odilon Nunes. Devassamento e conquista do Piauí.Teresina, Comepi, p. 34, todo embasando-se em Rocha Pita. História da América Portuguesa.1950.Vide: MOTT, Luiz R. B. Op. Cit., no qual esta idéia é encontrada desde as primeiras páginas.17NUNES, Odilon. Pesquisas para a história do Piauí. vol. 1. Rio de Janeiro, Artenova, 1985. p. 44.18CASTELO BRANCO, Moysés. O índio no povoamento do Piauí. Teresina, Artes Geográficas, 1984. p. 9.19 CHAVES, Joaquim. O índio no solo piauiense. Teresina, Série Histórica, 1953. p. 13.20BAPTISTA, João Gabriel. Op.Cit. p. 10.21BAPTISTA, João Gabriel. Etnohistória indígena piauiense. Teresina, 1992(datilografado)22CASTELO BRANCO, Moysés. Op.Cit.23CASTELO BRANCO, Moysés. Op. Cit. p. 19.24DIAS, Claudete Maria Miranda. “Memória escondida de uma sociedade”. IN, Revista Presença, AnoVII, n. 14 - Jan/Jun: 1985. p. 49.25CHAVES, Pe. Joaquim. Op. Cit. p.11.26 Idem .p. 11. e p. 14.27CHAVES, Pe. Joaquim. Op. Cit. p.20.28CHAVES, Pe. Joaquim. Op. Cit..29 NUNES, Odilon. Op. Cit. p. 48..30NUNES, Odilon. pesquisas para a história do Piaui. Rio de Janeiro. Artenova, 1975. v.1; Idem.Devassamento e conquista do Piaui. Teresina, Comepi, 1972; CASTELO BRANCO, Moysés. O índiono povoamento do Piauí. Artes gráficas, Teresina, 1984; CHAVES, Joaquim. O índio no solo piauiense.Teresina, 1953; BAPTISTA, João Gabriel. Etnohistória indígena piauiense. Teresina, Edufpi, 1994.31Está em andamento a organização do livro HISTÓRIA DOS ÍNDIOS DO PIAUÍ, para ser publicadoprovavelmente em abril de 2007.32CUNHA, Manuela. Op. Cit. p. 1233Idem. p.14.

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