2007-05-17 - Recordes e percalços da Expovinis - Macos Piveta (Jornal do vinho - Jornal bon vivant)*

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    Recordes e percalos da Expovinis

    Em sua 11 edio, feira tem o maior nmero de expositores e visitantes, masenfrenta problemas na organizao

    Publicado em 17/05/2007

    Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br*

    Com mais stands de importadores e produtores nacionais e um pblico visitante quase

    50% superior ao do ano passado, a Expovinis Brasil 2007, a maior feira de vinhos da

    Amrica Latina, foi um sucesso sem precedentes. Entre 24 e 26 de abril, os 250

    expositores e as cerca de 20 mil pessoas que foram ao prdio da Bienal no Parque do

    Ibirapuera, na cidade de So Paulo, saram encantados do evento. Foi assim a ltima

    Expovinis, certo? Bem, no exatamente. Neste ano, a organizao da feira, resolveu

    mudar o local da Expovinis e o novo endereo, apesar de nobre, deixou a desejar. Calor

    excessivo devido falta de climatizao local, falta de copos limpos para degustar os

    vinhos, dificuldade de estacionar o carro nos arredores do Ibirapuera essas foram as

    principais queixas de quem foi ao prdio da Bienal, que normalmente das artes, mas

    no fim do ms passado foi de tintos e brancos.

    At o ano passado, a Expovinis acontecia no ITM Expo, um bom espao voltado paraconvenes e eventos, s que situado na periferia da capital paulista, mais precisamente

    na Vila Leopoldina, entre o entroncamento das marginais Tiet e Pinheiros. Sob a

    alegao de que a feira crescera demais para sua a antiga morada, e precisava estar num

    ponto mais central de So Paulo para atrair mais pblico, a Exponor, empresa

    portuguesa que, desde 2003, dona da Expovinis, escolheu o prdio da Bienal para

    realizar a dcima-primeira edio do evento. A troca de endereo parecia boa e sensata,

    mas, foroso reconhecer, no funcionou a contento. Pelo menos no neste ano. E os

    percalos da Expovinis 2007 acabaram sendo quase to populares quantos os seus

    melhores vinhos.

    No ltimo dia da feira, durante a divulgao dos Top Ten, os vinhos que foram

    escolhidos por um jri de 15 especialistas como os melhores da Expovinis (veja texto

    sobre a premiao), Domingos Meirelles, diretor da Exponor, ensaiou um mea culpa.

    As condies de trabalho do jri no foram as melhores, reconheceu Meirellles. Se at

    os jurados, com direito a tratamento vip, sofreram, imagine o que deve ter padecido o

    visitante comum da feira. As temperaturas no prdio de Bienal, por vezes, bem acima

    dos 30C, no estimulavam a prova de tintos (em compensao, brancos, ross e

    espumantes nunca foram to procurados). Na Brasil Cachaa 2007 e na Epicure 2007,

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    OSTOPTEN

    A exemplo do ano passado, os TopTen escolhidos pelo jri daExpovinis foram onze. Nestaedio, em que cerca de 200 vinhosforam provados s cegas para sechegar nos eleitos, a categoriachampanhes foi extinta. Como sum par de amostras do maisfamoso espumante do mundohaviam sido submetidas ao jri,no fazia sentido dar um prmionuma disputa de apenas doisrtulos. Em compensao, acategoria tintos do Velho Mundo,que inclua rtulos europeus feitosde castas no usadas em Bordeaux(outras uvas que no a CabernetSauvignon, Merlot, Cabernet Franc

    e Petit Verdot), acabou premiandodois vinhos.

    A maior surpresa na lista foi aescolha do Chardonnay 2006 daVilla Francioni como o melhor vinhofeito com essa casta branca. Ocrtico Jorge Lucki, presidente dojri, disse que a categoriaChardonnay acabou no sendorepresentativa dos vinhos feitoscom essa uva que estavampresentes na feira, mas fez elogios qualidade do vinho da vincolacatarinense. Abaixo a lista dosvencedores do Top Ten:

    Categoria - Vinho - Produtor Regio/Pas Importador

    Ros - Chteau Pourcieux 2006 -Chteau Pourcieux - Ctes deProvence/Frana - Vins de Provence

    Sauvignon Blanc - William ColeSauvignon Blanc 2006 WilliamCole V. Casablanca/Chile Ana

    Import

    duas mini-feiras que ocorrem em paralelo Expovinis, era preciso coragem para

    degustar uma aguardente ou um charuto com esse calor.

    Novidades e tendncias

    Problemas parte, no faltaram novidades na

    Expovinis. Uma delas foi o retorno de grandes

    importadores. Empresas com a Expand e a World

    Wine/La Pastina, que no ano passado haviam optado

    por divulgar seus produtores em eventos prprios,

    voltaram a prestigiar a feira. Como sempre, a

    quantidade de stands de pequenos e grandes

    produtores de Portugal chamou ateno. At mesmo

    regies lusas um pouco esquecidas, como a dosprodutores de vinhos da Ilha da Madeira, marcaram

    presena no prdio da Bienal. Para ns, o Brasil um

    mercado estratgico, responsvel por 10% do nosso

    faturamento, disse Pedro Silva Reis, presidente da

    Real Companhia Velha, tradicional produtor de vinhos

    de Porto e mais recentemente tambm de vinhos de

    mesa do Douro, cujos produtos so trazidos ao Brasil

    pela importadora Barrinhas. No resto do mundo,

    Portugal ainda precisa voltar moda.

    Em termos de tendncias de mercado, a Expovinis

    2007 foi, em grande medida, uma extenso do que se

    viu na feira do ano passado. A presena de vinhos da

    Amrica do Sul continua forte; regies gaulesas no

    to badaladas, como Cahors, onde a principal cepa a

    Malbec, e o chamado sul da Frana (leia-se,

    Languedoc-Roussillon), marcaram posio, comstands prprios; novas importadoras fora do eixo

    Rio-So Paulo, como a baiana Ana Import e a

    curitibana Cantu, mostraram que esto dispostas a

    disputar a preferncia do consumidor com as

    empresas estabelecidas h mais tempo. Os vinhos da

    Espanha e da Itlia continuam com um peso discreto

    no evento.

    No terreno do vinho nacional, novos produtores, como

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    Chardonnay - Villa FrancioniChardonnay 2006 - Villa Francioni -So Joaquim (SantaCatarina)/Brasil

    Branco de outras castas -Esporo Reserva 2006 Herdade

    do Esporo Alentejo/Portugal -Qualimpor

    Espumante - Vrtice SuperReserva Bruto 2000 - CavesTrasmontanas Douro/Portugal -Adega Alentejana

    Tinto Brasileiro - Salton DesejoMerlot 2004 Salton - BentoGonalves/Serra Gacha

    Tinto de castas bordalesas -Chteau Haut-Bacalan 2003 -Michel Gonet et Fils Pessac-Lognan (Bordeaux)/Frana - VitisVinifera

    Tinto do Novo Mundo - TheOctavius/Shiraz 2001 Yalumba Barossa/Austrlia) - KMM

    Tinto do Velho Mundo (de

    castas no-bordalesas)

    1 lugar - Vosne Romane 2003 -Bouchard Pre & Fils - Cte deBeaune (Borgonha)/Frana - Grand

    Cru2 lugar - Herdade dos GrousReserva 2004 - Herdade dos Grous Alentejo/Portugal - pice

    Vinho doce e fortificado

    -Chteau Doisy Dane 2002 - EARLPierre et Denis Dubordieu Sauternes/Frana - CasaFlora/Porto a Porto

    a vincola Cordilheira de SantAna, de Santana do

    Livramento, perto da divisa com o Uruguai, tambm

    deram as caras na Expovinis. importante estar num

    evento assim, que divulga nossos produtos para mais

    pessoas, explicou Rosana Wagner, enloga da

    Cordilheira de SantAna. Mas s sentimos o retornocomercial de participar de uma feira algumas semanas

    depois do evento. Novamente, o stand dos produtores

    de vinho de Santa Catarina, uma fora emergente na

    vitivinicultura, foi um dos destaques da feira, quase

    sempre com lotado. Com bons produtores, como a j

    conhecida Villa Francioni e a novata Villagio Grando,

    o vinho catarinense est deixando de ser uma

    curiosidade para virar uma realidade.

    Os vinhos ross, que definitivamente voltaram ao

    mercado, continuam ganhando espao e admiradores.

    Mais uma vez, a regio francesa da Provence teve um

    stand prprio para divulgar seus rosados e era fcil

    encontrar vinhos nesse tom de quase todas as

    nacionalidades. At mesmo entre as vincolas

    brasileiras. Na Pizzato, conhecido produtor da Serra

    Gacha, era, por exemplo, possvel provar o primeiroros elaborado pela empresa, que ainda nem foi

    lanado. Enfim, a despeito dos seus detratotres, o

    vinho rosado agora faz parte do catlogo de muitos

    produtores e importadores.

    Mercado e vinhos brasileiros

    Dois dos trs convidados internacionais da Expovinis,

    o crtico portugus Anbal Coutinho, e o enlogo francs Mikel Laizet falaram aoBonVivantsobre o mercado e os vinhos brasileiros (o terceiro visitante ilustre foi o crtico

    chileno Patricio Tapia, autor do guia de vinhos chilenosDescorchados). Coutinho disse

    ter notado que o projeto de se fazer rtulos de qualidade no Brasil est no comeo. O

    setor ainda precisa aprender a gerir a madeira (no vinho), afirmou o portugus, que

    escreve para vrios veculos de sua terra natal, como aRevista de Vinhos, e tambm

    autor de um guia de tintos e brancos portugueses. Outro detalhe que, para o crtico,

    denota o estgio inicial dos rtulos nacionais a importncia excessiva dada aos aromas

    da bebida. Uma regio chega maturidade quando comea a enfatizar a boca de seus

    vinhos, afirmou Coutinho. Apesar das ressalvas, o crtico portugus disse que j d para

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    notar que nem todos os vinhos brasileiros so iguais. Alguns j so melhores que os

    outros. Mas preciso que haja intercmbio de informaes entre as vincolas,

    recomendou. Coutinho ficou surpreso com as mudanas radicais que detectou no

    mercado brasileiro de vinhos nos ltimos dez anos. O Brasil tem hoje um consumo

    muito sofisticado, comentou. Posso dizer que, em relao a Portugal, a comunicao

    do vinho mais bem feita aqui. Coutinho tambm afirmou que h mais tertliasenolgicas (provas e degustaes de vinhos) no Brasil do que em Portugal. At a

    predileo por tintos, apesar do clima quente no Brasil, bem compreendida pelo crtico

    portugus.A quantidade de protena (carne) nos pratos da culinria brasileira precisa

    de taninos, comentou Coutinho.

    Empregado na firma do mega-consultor Michel Rolland na regio de Bordeaux, o

    enlogo Mikel Laizet, de 34 anos, foi mais prdigo em elogios ao vinho brasileiro.

    Provei bons vinhos brasileiros, especialmente os espumantes, disse Laizet, que fala

    espanhol por ter morado cinco anos na Argentina, onde trabalhou na vincola Salentein.De cabea, citou os espumantes nacionais de que mais gostou:o Evidence, da Salton, e o

    Millesime, da Miolo. Entre os tintos nacionais, fez muitos elogios ao Castas Portuguesas

    2005 da Miolo, empresa para qual, preciso dizer, seu famoso patro presta consultoria.

    Bom vinhos com cepas bordalesas existem em todos os pases, mas um com castas

    portuguesas mais difcil de achar, ponderou Laizet. E trabalhar com o polmico e

    influente Rolland bom? Sim, garantiu o jovem enlogo, mas no fcil trabalhar

    todos os dias com ele. Quem andou bastante pela feira, pde ver Laizet provando,

    pacientemente, vinhos brasileiros nos stands dos produtores nacionais.*Esta matria foi originalmente publicada na edio de maio de 2007 do jornal Bon Vivant

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