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    TRIBUNAL DE JUSTIAPODER JUDICIRIO

    So Paulo

    Registro: 2011.0000097347

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelao n 0071194-95.2002.8.26.0000, da Comarca de So Paulo, em que so apelantes WALDIRSIQUEIRA, MARCELO RIBEIRO DE ALMEIDA, ANTONIO DE ROSA e DEROSA SIQUEIRA ALMEIDA BARROS BARRETOS E ADVOGADOSASSOCIADOS sendo apelados ADILSON BIROLLI GONZALEZ, ANTONIOLUIZ VITA SOUZA, ARNALDO CHIDEO KURAYAMA, AURIVALDOCOIMBRA DE OLIVEIRA, CARLOS ALBERTO MIRANDA, CARLOS DOSSANTOS ROMERO, CHARLES BARNSLEY HOLLAND, CLAUDIO GONALO

    LONGO, DARCIO TORELLI, EDISON QUERINO DE JESUS, ELIEZERSERAFINI, GEORGE EDWARD ROTH, GILMAR PEDRO DE LIMA, EDESIODA SILVA COELHO JUNIOR, JOAO CARLOS SFREDO, RICARDO PEREIRADA COSTA, JORGE LUIZ CANABARRO MENEGASSI, JOSE MANUELRAINHO DA SILVA, JULIO SERGIO DE SOUZA CARDOZO, LUIZ CARLOS

    NANNINI, LUIZ CARLOS PASSITTI, LUIZ GUILHERME FRAZO SOPEDRO, MARCOS ANTONIO QUINTANILHA, MARIA HELENA PETTERSON,MONICA OLIVEIRA COSTA PINTO BENDIA, PAULO JOSE MACHADO,PEDRO LUCIO SIQUEIRA FARAH, ROGERIO COUTINHO SIMES, RUBENSTOSHIO AKAMINE, SERGIO CITERONI e SERGIO RICARDO ROMANI.

    ACORDAM, em 10 Cmara de Direito Privado do Tribunal de Justia deSo Paulo, proferir a seguinte deciso: "Deram provimento em parte aos recursos. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores JOOCARLOS SALETTI (Presidente), OCTAVIO HELENE E COELHO MENDES.

    So Paulo, 5 de julho de 2011.

    JOO CARLOS SALETTIPRESIDENTE E RELATOR

    Assinatura Eletrnica

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    Apelao n 0071194-95.2002.8.26.0000

    APELAO CVEL n 994.02.071194-1 (263.049.4/7-00)

    COMARCA - SO PAULO18 Ofcio, Processo n 53196/2001

    APELANTES - WALDIR SIQUEIRA e OUTROSAPELADOS - ADILSON BIROLLI GONZALEZ e OUTROS

    VOTO N 16.263

    PROCESSO Cerceamento de defesaLitisconsortes que ingressam no feito aps ordem de

    citao, mas o fazem espontaneamente, antes desseato Ratificao expressa de todos os termos dasmanifestaes da autora da ao, sem ressalva dedireito de replicar a contestao dos rusAfirmao de direito rplica alusiva convenode arbitragem, suscitada pelos rus Rejeio destaalegao, sem recurso dos rus Supervenincia dasentena Supresso do direito de defesainocorrente, tambm porque desaparecido interessena alegao adicional Preliminar rejeitada.

    SENTENA Nulidade Alegao de obscuridade,inexequibilidade e falta de fundamentaoQuestes, as primeiras, ligadas mais a eventualnecessidade de reforma do julgado, menos deintegrao com declarao do ponto suscitadoRejeio Nulidade, ademais, porque parteilegtima para responder reconveno Questorelativa ao mrito da causa, a ser com ele deslindada

    Nulidade, por fim, decorrente de falta defundamentao quanto forma de partilhaIrrelevncia da questo, diante da nova decisoRejeio.

    SOCIEDADE DE ADVOGADOS Associao agrupo de profissionais de outras reas de atuao(auditores e contadores, entre outros) Alegao deque os scios o fizeram em nome prprio, enquantopessoas fsicas, prometendo fato de terceiroImprocedncia Vinculao demonstradaDeterminao de desligamento pela OAB, porviolao de deveres da advocacia Nulidade do

    contrato por ilicitude do objeto, inexistente

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    Apelao n 0071194-95.2002.8.26.0000

    Desvinculao que se opera para a frenteImprocedncia da ao e procedncia da

    reconveno para determinar partilha de resultadosfuturos Honorrios advocatcios, no entanto, quepertencem exclusivamente aos advogados, por forada lei (art. 22 da Lei 6.906/94) Atuaoprofissional nos processos judiciais em andamentoexercida apenas por eles Partilha de honorriosindevida Inverso do julgado, para acolher emparte a ao e julgar improcedente a reconveno.

    Apelaes da autora e litisconsortes providasparcialmente.

    A r. sentena de fls. 1952/2001, integrada pela deciso proferida emembargos declaratrios (fls. 2.055v.), julgou improcedente a ao de procedimentoordinrio, de natureza declaratria (art. 269, I, CPC) e parcialmente procedente areconveno, para determinar aos autores-reconvindos o cumprimento dos termos doContrato Umbrella, especialmente no que se refere a partilha dos proveitosauferidos nos contratos de honorrios, de acordo e adstritos relao que instruiu aInterpelao Judicial, consoantes os termos dos autos, condenando os autores-reconvindos, ante a sucumbncia mnima dos rus-reconvintes, ao pagamento dascustas processuais, atualizadas desde o desembolso, e honorrios advocatcios,fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa, considerando esta condenao

    suficiente a abranger a ao e a reconveno.

    Apelaram os litisconsortes ativos necessrios e a autora.

    Waldir Siqueira e Marcelo Ribeiro de Almeida (fls. 2056/2100),litisconsortes ativos necessrios, aps exposio dos fatos da causa, sustentam,preliminarmente: a) nulidade da sentena, por ofensa aos princpios da ampladefesa, do contraditrio e do devido processo legal (arts. 48, 49, 327 e 5, LV e LIV,CF), pois o julgado suprimiu o seu direito de manifestao quanto matria demrito, em rplica ou em outra oportunidade, sem que fossem advertidos paraapresentar defesa. Ingressando espontaneamente no feito, no curso da ao, no ploativo, aps o despacho saneador, foram privados do direito de rplica e de produode provas, sem que fossem advertidos para apresentar defesa; assim, em relao aeles, no foi instaurado o contraditrio; b) o direito de rplica e produo de provadocumental foi-lhes assegurado pelo v. acrdo proferido no Agravo de Instrumenton 223.823-4/7-00, da 7 Cmara de Direito Privado deste Tribunal (fls. 1.942/1.949).Ocorre que foram admitidos como litisconsortes somente a partir de 9/5/2002,quando o requerimento voluntrio que formularam, para que fossem includos nosautos, foi deferido, de modo que a teve incio a contagem do prazo paramanifestao das partes. Em 22 de maio, todavia, foi proferida a sentena, sem,

    portanto, que tivesse corrido o prazo o prazo em dobro para a rplica e para a

    produo da prova documental, em cumprimento ao disposto no art. 327 do C.P.C.;

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    Apelao n 0071194-95.2002.8.26.0000

    devera o Juiz, antes de sentenciar, ter-lhes permitido manifestar-se sobre acontestao em que os rus alegaram conveno de arbitragem (art. 301, inciso IX), o

    que no sucedeu; c) houve violao ao art. 535, do CPC, porque a sentena noacolheu os embargos de declarao, permanecendo ... obscura ... e inexeqvel noque diz respeito parte dispositiva, j que o contrato umbrellano contempla regrasde rateio de lucros futuros.

    No mrito, segundo a sntese de fls. 2.097/2.100, alegam: a sentena,determinando a aplicao das clusulas e estabelecendo regra de rateio de resultadosfuturos entre as partes: a) no reconheceu a impossibilidade jurdica do pedidoreconvencional (art. 267, VI, CPC), que contraria as normas da OAB, da CVM, e notem qualquer amparo no contrato Umbrella; b) restabeleceu a sociedademultidisciplinar que a OAB determinou fosse extinta, certo que a OAB determinou

    De Rosa, Siqueira e Advogados Associados e seus scios no mais comunicassebens, direitos e obrigaes com a Ernst & Young, vedando, obviamente, a partilha dehonorrios. Assim, a r. sentena imps flagrante violao ao exerccio da advocacia,

    pois permite que contadores e auditores sejam gestores dos negcios da advocacia;configurada violao aos arts. 133, da CF; arts. 16 e 34, II, da Lei n 8.906/94;Provimento OAB 69/89, arts. 2 e 3; Provimento OAB 92, art. 2, IX); c)

    permitiu que os apelados explorem economicamente servios jurdicos prestados paraempresas de capital aberto, nas quais figuram como auditores independentes,violando o art. 23, par. nico, I e VII, da Instruo CVM 308/99, queregulamenta a Lei 6.385/76, arts. 1, V e, 8, I e III ; e desconhece as clusulas 6.2e 6.3 do contrato Umbrella que estabelece a prevalncia das regras regulatrias da

    CVM e da OAB sobre as disposies contratuais; d)compeliu-os a permanecer emsociedade com os apelados at que os casos judiciais constantes de lista sejamconcludos, violando o art. 5, XX, CF, que impede que sejam obrigados a

    permanecer associados ou em sociedade; certo que em decorrncia do litgio, houvequebra da aff ectio societatis, no sendo lcito que a distribuio dos resultados sejadeterminada, subjetivamente, at porque configurar violao ao exerccio daadvocacia (art. 133, CF) ante a coero e a indevida subordinao a que tero que sesubmeter; e) estabeleceu regra de rateio de resultados futuros desconhecendo amanifestao de vontade expressa dos scios, quanto s receitas futuras, aos lucros edireitos dos scios e forma de sua apurao, e tambm porque considerou vigentevnculo societrio no perodo de 1992 a 1999, quando a prova dos autos (fl. 762)demonstra que a De Rosa, Siqueira e Advogados Associados foi excluda do rol dasempresas subordinadas ao contrato Umbrella no perodo de maio de 1.992 a outubrode 1.996, isso configurando violao dos artigos 1.366 e 1.375 do Cdigo Civil; f)asentena negou o direito de compensarem os valores que devem ser retidos paraconstituio dos fundos sociais de aposentadoria, seguro profissional e de vida,constituio da conta capital, conta corrente, lucros e dividendos, bem como negou acompensao dos direitos que, por isonomia, possuem pela participao societrianas demais empresas, de forma que a apurao de haveres entre os scios deve recairtambm sobre as demais empresas que eram subordinadas ao contrato, violando osarts. 1009 e 1010 do Cdigo Civil e 5, caput, da CF. Buscam, assim, a reforma da r.

    sentena.

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    O litisconsorte ativo necessrio ANTONIO DE ROSA (fls.

    2102/2119) alega, em preliminar, cerceamento de defesa, porquanto a sentena,proferida aodadamente, no lhes permitiu apresentar rplica contestao dos rusou, at mesmo, para que aditassem a petio inicial. Assim porque foram admitidoscomo autores em 9/5/2002, data do deferimento do pedido de seu ingresso no feito,de modo que da passou a fluir o prazo para rplica (porque alegada conveno dearbitragem na defesa), prazo esse que se esgotaria no dia 29 de maio. Sobreveio, noentanto, a sentena, no dia 22 desse ms, antes do esgotamento desse prazo, prazoesse que devera ser contado em dobro (porque diversos os procuradores doslitisconsortes). Desse modo, houve negativa de vigncia dos artigos 301/327 do CPC,das normas relativas ao direito ao contraditrio e ao devido processo legal e aodisposto no artigo 48 do mesmo cdigo, porquanto poderia alegar matria de

    natureza personalssima, diversa da sustentada pela autora. Afirma que o fato de terratificado tudo quanto fora alegado pela autora no implica no no exerccio dafacultas agendi, no que pertine ao seu interesse pessoal, que no se confunde com odela. Por tudo, deve ser anulada a r. sentena.

    No mrito, aduz que a OAB, aps procedimento disciplinar, exigiu ototal desligamento de todos os scios, pena de imposio de sanes, de modo quetanto a autora quanto ele se desvincularam da sociedade. A desvinculao impede osapelados de partilhar resultados futuros decorrentes das demandas judiciais

    patrocinados pela De Rosa e, por conseqncia, dos lucros auferidos por seus scios;por outro, ele, apelante, tambm deixou de receber pelos trabalhos e esforos que

    agregou e que so conduzidos exclusivamente pelos apelados, cujos resultadostambm no sero partilhados. Pretender restabelecer as regras aplicveis vigentes poca da constncia daquele negcio jurdico importa em assegurar para todas as

    partes, reciprocidade na aplicao de ajustes comerciais, de gesto negocial,empresarial atinentes as vrias atividades profissionais, prtica essa proibida pelaOAB. Estar-se-ia restabelecendo a sociedade multidisciplinar. Enquanto a sociedade

    perdurou, gerou lucros e prejuzos que foram anualmente partilhados pelas partes,certo que os scios correram os riscos do negcio, assumindo solidariamenteobrigaes e direitos. Dissolvida a sociedade por determinao legal (fato do

    prncipe) devem ser aplicadas as clusulas do contrato referentes rescisocontratual, que no prev o rateio de lucros futuros, decorrentes de casos judiciaisno resolvidos e que ainda dependem do sucesso na concluso dos mesmos. O direitoaos honorrios integra o patrimnio civil da pessoa do advogado, ou da sociedade deadvogados por eles integrada, como contraprestao pelo exerccio da profisso e poressa razo constitui elemento tambm inviolvel (art. 133 CF). (c) equivocada asentena tambm quando julgou parcialmente procedente a reconveno, por noexistir no contrato, conforme j dito, qualquer clusula dispondo sobre a partilha de

    proventos futuros, contrariando, assim, as razes esposadas como fundamento dadeciso que adotou o contrato como regra da qual a empresa De Rosa, Siqueira e o

    prprio Apelante, no podem pretender eximir-se. Ao se admitir o contratoUmbrella como regra a ser aplicada na apurao de haveres dos scios retirantes,

    inclusive o apelante, tem-se trs afrontas s clusulas contratuais, pois no existe

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    Apelao n 0071194-95.2002.8.26.0000

    clusula que d supedneo s pretenses dos apelados quanto partilha de proventosfuturos; a listagem que foi objeto de interpelao e que objeto de parte do pedido

    reconvencional no reflete o exato perodo de subordinao; se a partilha deresultados futuros no afronta s determinaes da OAB e s regras contratuaisaplicveis, necessrio frisar que representa atribuir tratamento s partes utilizandodois pesos e duas medidas. Equivocada a sentena, pois no ser necessria outraao para apurar os haveres, devendo ser realizada de uma s vez, utilizando osmesmos critrios, assegurando s partes total isonomia. O apelante e demais co-autores litisconsorciais nada receberam: pela carteira de clientes das empresas poreles integradas e que levaram para proveito dos scios do contrato quando lingressaram; aps dez anos de sociedade, pela carteira de clientes e contratos deservios de consultoria empresarial e auditoria que l deixaram para proveitoexclusivo dos scios remanescentes; pelos resultados financeiros futuros dos

    contratos que deixara para proveito dos apelados, scios, referentes aos clientes dasdemais empresas subordinadas ao contrato quando da sua excluso de seus quadrossociais; pela excluso involuntria do contrato. Prequestiona, para fins de acesso sinstncias superiores, as questes suscitadas e seus fundamentos legais. Busca, assim,a reforma da sentena.

    A autora De Rosa, Siqueira e Advogados Associados (fls.2121/2151) alega: a) nulidade da sentena, por se dar manifesta ilegitimidade de

    parte dela, apelante, para responder reconveno, pois foram os scios, em nomeprprio e enquanto pessoas fsicas, que se uniram a terceiros, prometendo gerir osnegcios da pessoa jurdica que integram (apelante) com vistas a atender aos fins

    sociais perseguidos por toda a comunho de profissionais. Os ex-scios do grupoprometeram fato de terceiro (art. 929 do CC), que adimpliu a obrigao enquanto issofoi juridicamente possvel. Com a superveniente objeo da OAB, tornou-seimpossvel, por fato alheio vontade dos contratantes, a continuidade da conjugaode esforos entre os scios da apelante e o grupo que integravam. Ocorreu adissoluo parcial de um ente coletivo desprovido de personalidade jurdica (grupode profissionais). No houve renncia ou expulso dos scios, mas auto-excluso porimperativo legal. No h previso estatutria para tal desligamento porque asociedade de advogados jamais se associou (at porque impossvel) ao grupo.Quando os scios da apelante se uniram com os demais profissionais, gerindo a

    pessoa jurdica segundo interesses do contrato, nada receberam. Quando a apelantepassou a ser operada no interesse de todos, a despeito de ser sociedade de porte, norecebeu qualquer avaliao, no podendo agora pretender-se conferir-lhe valor.Como sociedade de advogados autnoma e independente, foi somente ela quemcontratou os honorrios. No lograram os reconvintes comprovar o vnculo jurdicoque enseja a responsabilidade da apelante. Alegam, ainda, (b)nulidade da sentena

    por vcio de fundamentao quanto forma da apurao e distribuio de haveres,quanto aos rendimentos dos honorrios obtidos por ela e ainda da receita integral dasociedade, visto que, a teor da Interpelao, deve ser mantida a forma de apuraodos crditos de cada um dos scios, porque os contratos firmados dentro docontrato so de propriedade de todos os associados, em especial no que tange

    distribuio dos haveres (itens 15 e 16). Evidente, pois, a violao aos arts. 93, IX,

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    CF e 458, II, CPC. (c) H manifesto paradoxo na sentena. A partilha, consistenteno repasse de toda sua verba honorria futura para os apelados, torna-se ainda mais

    paradoxal quando considerado o fato de que, com a retirada involuntria dos scios,estes nada receberam, aps dez anos de sociedade, pela carteira de clientes econtratos de servios de consultoria empresarial e auditoria que deixaram para

    proveito exclusivo dos remanescentes, bem como pelos resultados financeirosfuturos, referentes aos clientes das demais empresas subordinadas e pela exclusoinvoluntria do contrato. Por isso, no desfrutam dos benefcios da administrao,gesto empresarial e constituio dos fundos sociais para pagamento de seguro

    profissional, de vida, aposentadoria e penso de familiares, constituio de capital,etc., que os scios do Umbrella ainda gozam pela vigncia em relao aosapelados. A sentena valeu-se de dois pesos e duas medidas e, ainda, incluiu nasociedade de pessoas fsicas a apelante, sujeitando-a ao cumprimento de prestao a

    que no se obrigou. No h como cumprir a determinao da OAB e, ao mesmotempo, durante os prximos anos, sujeitar todos os casos de litgio que os scios daapelante patrocinam, e que no esto concludos, s regras de gesto do Umbrella.Ainda, enquanto a sociedade perdurou, gerou lucros e prejuzos, que foram,anualmente, partilhados pelas partes, sendo que os scios correram os riscos donegcio, assumindo solidariamente obrigaes e direitos. Dissolvida a sociedade pordeterminao legal, incidem as clusulas referentes resciso contratual, que no

    prev o rateio de lucros futuros, decorrentes de casos judiciais no resolvidos e queainda dependem do sucesso na concluso dos mesmos; (d) admitindo-se que aapelante estivesse obrigada aos termos do contrato, ainda assim a soluo no

    poderia ser a pretendida na reconveno, porque o direito receita futura e incerta

    jamais comps o ativo financeiro de qualquer das empresas denominadassubordinadas ao Grupo Ernst & Young. Analisando-se os balanos contbeis dacomunho multidisciplinar, sem dvida que honorrios futuros eram tratados comoreceitas lquidas e incertas, cujo valor s seria reconhecido na medida em que fossemsendo realizadas. As outras empresas, supostamente subordinadas ao contrato,recebiam tratamento idntico. No sendo lcito o regime institudo pelo contrato, no

    pode ser mantida a comunho de receitas e despesas, principalmente porque os sciosda apelante no tero mais condies de exigir, em contrapartida, todos os demais

    benefcios que estavam previstos no instrumento datado de 1996. Busca, assim, oprovimento do recurso para se ter como nula a sentena ou, quando no, no mrito,seja tido como procedente o pedido por ela formulado, e improcedente o pedidoreconvencional.

    ADILSON BIROLLI GONZALEZ e OUTROS, rus da ao e autoresda reconveno, responderam aos recursos (fls. 2155/2178), com pedido de aplicaode pena por litigncia de m-f aos apelantes.

    o relatrio.

    1. O agravo retido interposto por ADILSON BIROLLI GONZALEZ e

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    OUTROS (fls. 1895/1900), rus na ao declaratria e autores da reconveno,quanto preliminar de carncia da ao por existncia da conveno de arbitragem,

    no foi reiterado nas contra-razes aos recursos de apelao. Considera-se, pois,renunciado.

    2.No procedem as preliminares de nulidade da sentena.

    a) Os litisconsortes Waldir e Marcelo querem se decrete a nulidadeda sentena porque teriam sofrido cerceamento de defesa, ao ser-lhes suprimido odireito de replicar a contestao quanto matria de mrito, porquanto a r. sentenafoi proferida antes do trmino do prazo que tinham para se manifestar, prazo esseque, no caso (porque os litisconsortes tm advogados diferentes), corria em dobro.

    A alegao no procede.

    O r. despacho saneador (fls. 1.893/1.894) determinou a citao dosscios da sociedade autora, para integrar a relao processual na qualidade delitisconsortes necessrios. Ordenou, ento, autora, que promovesse a citao deles.

    Antes que fosse procedida a citao, compareceram elesespontaneamente. Requereram a incluso de seus nomes no plo ativo da demanda,na qualidade de litisconsortes, ratificando e aproveitando todos os atosprocessuais praticados pela autora 'De Rosa, Siqueira e Advogados Associados,da qual so scios-gerentes em regime de sociedade civil de nome coletivo ilimitada

    e solidariamente, o que portanto, por via reflexa, espelha os prprios interesses dospeticionrios, repita-se, de forma coletiva, solidria e ilimitada (Waldir e Marcelo,fls. 1.939, sublinhei, negritei). Antonio de Rosa procedeu de igual modo,ratificando todos os atos praticados pela autora at esta data (fls. 1.940,destaquei).

    A interveno se deu em 4 de abril de 2.002. Sobreveio a r. sentena,proferida em 21 de maio (fls. 2.001).

    Dizem os recorrentes terem sido admitidos na relao processualapenas em 9 de maio, quando publicado o despacho de fls. 1.950, que ordenou a suaincluso. Assim, o prazo de vinte dias para a rplica no teria expirado quando

    proferida a r. sentena.

    Sem razo. Em primeiro lugar porque sua interveno se deu porqueordenada. No tiveram eles a iniciativa de comparecer espontaneamente. O seucomparecimento espontneo se deu apenas no que concerne forma, posto queocorrido antes de ser procedida a citao ou, por outra, independentemente da citaoantes ordenada.

    De outra parte, mais que simplesmente comparecer, ratificaram

    expressamente todas as manifestaes da autora da ao, at aquele momento.

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    Significa que assumiram para si tambm as alegaes por esta deduzidas na rplica contestao dos rus. E mais, no ressalvaram eventual direito de acrescer razes

    quelas que ratificaram. Se assim no procederam, mais no podiam exigir do Juzo,que no estava a lhes assegurar prazo adicional, diante do que expressaram.

    possvel trazer colao, analogicamente, a situao prevista no 2, do artigo 214 do Cdigo de Processo Civil, segundo o qual, comparecendo o ruapenas para argir a nulidade (da citao) e sendo esta decretada, considerar-se-feita a citao na data em que ele ou seu advogado for intimado da deciso.Tivessem os litisconsortes comparecido apenas para dizer que aceitavam ochamamento, o prazo para sua manifestao, na forma pretendida no recurso, poderiater incio quando admitida a interveno.

    Neste caso, como visto, eles no s aceitaram o chamamento como,com sinceridade, admitiram a necessidade de sua integrao no plo ativo dademanda e desde logo ratificaram as razes da co-autora. No h nulidade a decretar,

    portanto.

    Queriam esses litisconsortes, tambm, na manifestao que dizemsuprimida, dizer sobre a conveno de arbitragem, sustentada pelos rus, para buscara extino do processo. Admitida que fosse a alegada supresso, a reabertura de

    prazo para esse fim perdeu o objeto na medida em que os rus no foram atendidosna alegao que fizeram, interpuseram agravo retido e desse recurso sedesinteressaram, como apontado no item 1 deste voto. O interesse processual

    desses recorrentes, nesse ponto, nenhum, portanto.

    Em remate, e por essas razes, no houve violao dos preceitos legaise constitucionais mencionados no recurso.

    b)No colhe, igualmente, a preliminar de infringncia ao art. 535 doCPC, suscitada pelos litisconsortes Waldir Siqueira e Marcelo Ribeiro de Almeida,sob a alegao de que o Juzo no deu provimento ao recurso de embargos dedeclarao, permanecendo obscura e inexeqvel a sentena quanto partedispositiva, j que o contrato Umbrella no contempla regras de rateio de lucrosfuturos.

    No h obscuridade na sentena e, por conseguinte, inocorreu violaodo artigo 535 do Cdigo de Processo Civil, ao serem rejeitados os embargos. Aquesto neles suscitada est mais para a eventual necessidade de correo do julgadoque para sua integrao com declarao que atenda vontade dos embargantes.

    Em outras palavras, estando a MMa. Juza convencida do acerto dadeciso estampada no dispositivo da sentena, a questo expressava inconformismo aser dirimido no com declarao, mas com pedido de reviso do julgado, a que nose prestam os embargos manejados.

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    c) suscitando preliminar de teor e fundamento semelhantes aos daprimeira prejudicial acima examinada, o litisconsorte Antonio de Rosa acrescenta

    que desejava no s apresentar rplica contestao (porque nela alegada convenode arbitragem), mas tambm, e at mesmo, aditar a petio inicial para alegar direitoprprio, diverso do deduzido pela autora.

    Afirma, nesse aspecto, que o fato de ter ratificado tudo quanto foraalegado pela autora no implica no no exerccio da facultas agendi, no que pertineao seu interesse pessoal, que no se confunde com o dela. Por tudo, deve ser anuladaa r. sentena.

    Acontece que a ratificao, tal qual formulada, autorizava, quandono, determinava, a compreenso de que o litisconsorte (que ingressava no feito

    espontaneamente, tal como fizeram os demais, Waldir e Marcelo) o faziasubscrevendo as razes deduzidas na petio e o pedido l formulado, simplesmentetambm porque no expressou qualquer ressalva de que mais queria arrazoar erequerer no prazo para replicar a contestao.

    Operou-se para eles (no s para Antonio, mas tambm para Waldir eMarcelo), portanto, precluso consumativa, na medida em que, ingressando nosautos, sem ressalvar direito de deduzir outras razes e requerimentos no prazo queagora alegam teriam, fizeram esgotar com a prtica do ato a oportunidade a quetinham direito.

    Acresce a circunstncia de que a reconveno pediu fosse imposto aosreconvindos (a autora da ao e os litisconsortes) o cumprimento da conveno dearbitragem (fls. 1.679). Waldir e Marcelo contestaram amplamente a reconveno,inclusive, portanto, quanto a esse ponto. Quer dizer que eles (em defesas queaproveitam a Marcelo) tiveram oportunidade para resistir a essa pretenso igualmentesuscitada na contestao.

    Todas essas razes servem para repelir as preliminares suscitadas porWaldir, Marcelo e Antonio de Rosa.

    Rejeito, portanto, as preliminares em apreo.

    d) No procede a preliminar de nulidade da sentena, suscitada pelaautora-reconvinda. Quer se reconhea nulidade porque no seria ela parte pararesponder reconveno.

    A alegao, se procedente, levaria, no nulidade do julgado, que nopadece de vcio algum, mas ao reconhecimento de que o processo reconvencionaldevera ser extinto sem julgamento do mrito, por aplicao do disposto no artigo267, inciso VI, do Cdigo de Processo Civil, por ausente uma das condies da ao.

    A afirmao, por entrosar-se com o mrito, ser com este examinada.

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    e) alega-se tambm nulidade da sentena por ausncia de

    fundamentao no tocante partilha que ordenou.

    O contrato dispe sobre a retirada de scio e a excluso de scio, e aforma de liquidao dos respectivos haveres.

    Nada dispe sobre a liquidao decorrente da sada de scio advogado,cujos honorrios sero recebidos no curso do tempo. A essa situao no se aplicamas clusulas 15 e 16 do ajuste. Por essa razo que os rus formularam pedidodiverso do que previsto no contrato, quer dizer, pedindo a partilha dos honorrios

    presentes e futuros. A r. sentena limitou-se a acolher o pedido como formulado. Noexpressou, verdade, fundamentao especfica, como essa que fao agora, nas

    linhas acima. Mas dispondo como disps, repito, acolheu o pedido formulado nareconveno. No h nulidade a reconhecer, portanto, muito menos violao dodisposto no art. 93, IX, da Constituio Federal, ou do art. 458, II, do Cdigo deProcesso Civil.

    De qualquer sorte, diante do que vai resolvido adiante, a questo perdede todo a relevncia para o deslinde da causa.

    3. Resta o exame do mrito.

    Na petio inicial, aps amplo relato dos fatos envolventes das partes

    e das razes pertinentes, a autora formulou (fls. 50/52) os seguintes e aquisintetizados pedidos de prolao de sentena para:

    a) declarar a nulidade parcial, em relao a ela, do contratoUMBRELLA, dada a manifesta ilicitude do objeto constante da clusula6.1.1., referente implementao de sociedades para prestao de servios

    profissionais de carter empresarial, a serem constitudos juridicamente porcontratos sociais especficos para cada sociedade;

    b) declarar a inexistncia de relao jurdica que determine asujeio dela ao adimplemento de qualquer prestao em proveito dosrequeridos, seja a cesso de crditos decorrentes de verba honorria, ou aabsteno da prtica, pelos seus respectivos scios, de qualquer atividade

    profissional, em termos absolutos ou relativos;

    c) declarar, ainda, a inexistncia de qualquer sociedade,sujeio, subordinao ou dependncia, entre ela, sociedade Requerente, eos Requeridos;

    d) declarar, em relao a todos os Requeridos, que ela anica e exclusiva credora dos crditos decorrentes da contratao de

    servios de advogado, sejam eles convencionais, oriundos de arbitramento

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    judicial ou sucumbncia da parte contrria, relativos s causas relacionadasna interpelaoformulada pelos Requeridos, ou quaisquer outras causas que

    estejam sendo, tenham sido, ou venham a ser patrocinadas pela sociedade deadvogados Requerente; e, por fim,

    e) condenar os requeridos aos nus sucumbenciais.

    De seu turno, os rus, na reconveno, pediram sejam os reconvindoscondenados:

    a) na constituio do Juzo Arbitral; ou, subsidiariamente, a

    b) ao cumprimento do contrato UMBRELLA,

    especificamente no que se refere partilha dos proveitos auferidos noscontratos de honorrios, de acordo e adstritos relao que instruiu Interpelao Judicial anteriormente efetivada e que instruiu tambm a

    presente;

    c) na hiptese de acolhimento do pedido relacionado noitem b, [...] ao pagamento de indenizao referente promoo da qualforam beneficiados, em face da utilizao, no perodo contratual, alcunhada ERNST & YOUNG BRASIL, em quantum a ser fixado em liquidao desentena; e

    d) aos nus da sucumbncia.

    A r. sentena, como visto ao incio do relatrio, julgou

    improcedente a ao de procedimento ordinrio, de naturezadeclaratria (art. 269, I, CPC) e parcialmente procedente a reconveno,

    para determinar aos autores-reconvindos o cumprimento dos termos doContrato Umbrella, especialmente no que se refere a partilha dos

    proveitos auferidos nos contratos de honorrios, de acordo e adstritos relao que instruiu a Interpelao Judicial, consoantes os termos dosautos, condenando os autores-reconvindos, ante a sucumbncia mnimados rus-reconvintes, ao pagamento das custas processuais, atualizadasdesde o desembolso, e honorrios advocatcios, fixados em 10% sobre ovalor atualizado da causa, considerando esta condenao suficiente aabranger a ao e a reconveno.

    Esses os pedidos do litgio e a soluo que lhes foi dada ao final, tudosubindo ao reexame do Tribunal.

    4. Sustenta a autora da ao em seu recurso, reafirmando a tese quevem defendendo no processo, que

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    no se obrigou a nenhuma espcie de prestao com o grupode profissionais, nem tampouco a ele se associou para quaisquer fins.

    Foram os scios da Recorrente, em nome prprio eenquanto pessoas fsicas, que se uniram a terceiros, prometendo gerir osnegcios da pessoa jurdica que integram (a ora Apelante) com vistas aatender aos fins sociais perseguido por toda a comunho de profissionais...

    Em ltima anlise, os ex-scios do grupo prometeram fatode terceiro (art. 929 do Cdigo Civil), que adimpliu a obrigaoenquanto isso foi juridicamente possvel. (fls. 2133; destaques ereticncias do original).

    Se essa afirmao procedesse, a autora no teria legitimidade einteresse para formular o pedido de ser declarada a nulidade parcial, em relao asi, do contrato UMBRELLA ..., dada a manifesta ilicitude do objeto constante daclusula 6.1.1., referente implementao de sociedades para prestao de servios

    profissionais de carter empresarial, a serem constitudas juridicamente por contratossociais especficos para cada sociedade (fls. 50, letra a). Assim porque oreconhecimento da ilicitude do objeto relativamente a ela depende, antes, de seradmitido que ela integra o contrato, que ento no podia valer por esse motivo.

    Mas a associao da Autora ao contrato UMBRELLA estevidenciada na clusula 8.1, que relaciona as sociedades profissionais da firma,

    subordinadas ao contrato, dentre elas a postulante (fls. 79).

    Diz ela que os scios prometeram fato de terceiro (artigo 929 doCdigo Civil de 1.916). Os scios, em nome prprio, em nome pessoal, teriam

    prometido fato da sociedade. A circunstncia imporia aos scios, no a ela, aobrigao de indenizar: aquele que tiver prometido fato de terceiro responder por

    perdas e danos, quando este o no executar.

    Os scios, evidentemente, no prometeram fato de terceiro, como setivessem a obrigar indevidamente a sociedade. Os Advogados signatrios do contratoUMBRELLA so os titulares, majoritrios e nicos scios-gerentes da sociedadeautora (contrato social, fls. 55/57). Detinham e detm poder e atribuies prpriasdessa condio para obrigar toda a sociedade, no obstante integrada por outrostantos Advogados (cerca de trinta, diz a petio inicial, alguns deles tambm scios,minoritrios embora contrato, fls. 55).

    De qualquer modo, os documentos juntos contestao (dentre osquais o do anexo IX, referido na resposta ao recurso), demonstram o comparecimentoda sociedade por seus scios majoritrios em rgos administrativos e diretivos dasociedade (cf., v. g., fls. 1.016/1.033, 6 volume).

    No h dvida, portanto, de que a prpria sociedade, e no

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    exclusivamente seus scios titulares, foi integrada ao amplo e complexoinstrumento particular de contrato de sociedade, acordo de scios, consenso de

    operao de sociedades, compromisso de prticas profissionais e outras avenas (fls.66 e seguintes).

    5. A digna Magistrada procedeu a criterioso apanhado e relato declusulas contratuais interessantes ao deslinde da causa (r. sentena, fls.1.977/1.983).

    A leitura dessas clusulas, bem assim de outras do extenso contrato,permite afirmar que as sociedades atreladas ao instrumento no desapareceram comotais, porque realmente, como sustenta a autora, no houve fuso ou incorporao desociedades, que continuaram a guardar a individualidade que lhes prpria. No

    obstante, todas, inclusive a autora e seus scios, se obrigaram a exercer sua atividadede conformidade com os objetivos da Ernst & Young, de prestao de servioscomplexos de natureza empresarial, sobressaindo-se os de contadoria, auditoria eadvocacia.

    Tanto as sociedades signatrias no desapareceram como tais aofirmarem o contrato que o prprio ajuste, na clusula 8.1, atrs referida, as relacionasob a rubrica de sociedades profissionais da firma, subordinadas ao contrato (fls.79).

    nesses termos que deve ser entendida a clusula 6.1.1. do contrato

    UMBRELLA, afirmando constituir-lhe objeto a implementao de sociedades paraprestao de servios profissionais de carter empresarial, a serem constitudasjuridicamente por contratos sociais especficos para cada sociedade (fls. 76), mesmoporque no se demonstrou tivesse a sociedade autora alterado seu objeto social paraatrelar-se inteiramente a esse desiderato. Ao contrrio, no deixou de ser sociedadede advogados, conquanto ligada ao contrato UMBRELLA, sob cuja regncia atuou.

    Diante disso, apresentam-se concluses, no particular: a) associedades signatrias conservaram ntegras suas individualidades, isso significandoque continuaram regidas por seus respectivos estatutos e pelas normas legaisatinentes regulamentao das diversas profisses envolvidas, 'no podendo existirconflitos entre essas disposies' (clusula 6.2), como sustentado pela autora na

    petio inicial (fls. 15); b) se no houve fuso, incorporao, absoro, ou o quefosse pela sociedade Ernst & Young, seno associao para com ela, no se h falarem reunio de ativos por aporte ou especializao de bens ou recursos financeiros,

    para o implemento da sociedade maior; c) a partilha de ativos comuns reguladapelo contrato e de que se trata mais adiante restringe-se aos resultados dasatividades dos profissionais das diversas reas do conhecimento, abrigadas pelocontrato UMBRELLA.

    6. A autora finca sua objeo s pretenses manifestadas pelos rus

    em interpelao que lhe dirigiu e a seus scios (fls. 155/165) em que, por ilcito o

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    objeto do contrato, no que lhe concerne, no tem de adimplir obrigao alguma emrelao a eles.

    A dita ilicitude decorre de ter a Ordem dos Advogados do Brasilentendido impossvel a continuidade da participao da sociedade de advogados naassociao multidisciplinar, o que poderia, em tese, levar extino coercitiva damesma sociedade (fls. 148).

    O fato da interveno da OAB, que instaurou procedimentodisciplinar, levou a ser firmado termo de compromisso da sociedade autora com essergo profissional, sobrelevando o de extinguir o vnculo com a Ernst & Young,

    promovendo-se o respectivo desligamento (fls. 150/151).

    Pois bem. O desligamento operou-se, de sorte que, a partir de quandociente a Ernst & Young por intermdio de seu dirigente (fls. 152), a sociedade autorae seus scios-advogados j no mais poderiam vincular os seus nomes e suasatividades profissionais aos objetivos a que antes se obrigaram.

    Ao desligamento os rus no se opuseram, nem poderiam opor-se,porque todos se obrigaram a cumprir a orientao e as regras dos respectivos rgosprofissionais (contrato, clusula 6.2., fls. 76).

    Diante desse quadro, inafastvel a concluso de que nulidade nohavia e no h no contrato que a autora e seus scios subscreveram, nulidade que a

    primeira quer ver declarada. A prpria autora, na petio inicial, como lembram osreconvintes (cf. fls. 1.658), reconhecia a lisura de sua conduta. L, afirmou que,

    independentemente da aparente regularidade de todo ocomplexo negcio jurdico levado a termo, e a despeito de ser mesmoquestionvel qualquer infrao s normas reguladoras da profisso e daatuao de sociedades de advogados [...] o fato que a Ordem dosAdvogados do Brasil instaurou procedimento disciplinar [...] passando aexigir o completo e absoluto desligamento entre os scios da Requerente eos Requeridos, impondo, inclusive, a transferncia fsica de escritrios [...](fls. 18).

    No custa reproduzir a r. sentena que bem apanhou a questo, noparticular. Aps afirmar que os autores no podem furtar-se ao cumprimento docontrato que, ao subscrever, entenderam legtimo para, depois, s porque ditoilegtimo pela OAB, negar-se a cumpri-lo com esse fundamento, a MMa. Juzaassinalou:

    Os autores-reconvindos, conhecendo os termos expressos dalegislao e do contrato, em especial dada a formao tcnica de quedispem, o que denota notrio conhecimento jurdico, no podem alegar

    desconhecimento destas regras ou pretender valer-se deste desconhecimento

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    para defesa de direitos e interesses. No se pode, da mesma forma, permitirque, reconhecendo expressamente a irregularidade e, assim, as possveis e

    provveis conseqncias advindas da contratao, sendo perfeitamentevlido concluso quanto a assuno dos riscos da decorrentes, faam osautores-reconvindos o uso desta irregularidade, na pretenso de defesa desupostos direitos, os quais em ltima anlise necessariamente decorrem da

    pretenso de descumprimento do pacto, por eles atendido e consideradovlido durante todo o perodo de formal regncia, e at o reconhecimento,com a retirada da sociedade. (fls. 1.990).

    7. Enquanto vigia o contrato (a dissoluo parcial do ente coletivo seopera evidentemente para frente, sem efeito retroativo), a autora e seus sciossubmeteram-se ao regime de partilha dos proveitos sociais decorrentes das atividades

    de cada qual dos scios, tendo em mira os objetivos comuns. Assim dispuseram eagiram de fato, como se entende de todo o relato de parte a parte.

    No podia ser diferente. Assim porque os scios as sociedades, osadvogados e os demais profissionais assumiram a obrigao de empreender todosos esforos no sentido do desenvolvimento de suas atividades profissionais, comobjetivos comuns.

    Os honorrios profissionais auferidos no exerccio das atividades deadvocacia e de contabilidade e auditoria (entre outros) a todos diziam respeito,certamente tambm porque as primeiras tocavam assistncia e consultoria jurdica,

    e no exclusivamente ao contencioso em Juzo. Assim tambm, evidentemente, asreceitas e as despesas inerentes prtica de todas as atividades do grupo associativo.

    Com a retirada dos scios advogados (a sociedade e os profissionais)os proveitos efetivados at o momento da separao certamente foram objeto deapurao pela sociedade maior, mesmo porque a exigncia procedida pelos rus dizrespeito aos feitos judiciais ento iniciados no haviam sido concludos. Enfim,querem eles os proveitos por vir.

    8. Sociedades de que participam advogados, todavia, revestem-se depeculiaridade. Ao desenvolver o raciocnio de que deviam os scios da autoraintegrar o plo passivo da reconveno, afirmando ser impossvel estabelecersegregao entre todas as pessoas que integram uma sociedade eminentemente

    pessoal e a mesma, ainda que nesta subsista a personalidade jurdica, os rus bemdefenderam a idia (com apoio na doutrina que citam) de que no a sociedade quetem o direito de exigir a algum a prestao de servios contratados. So os sciosque tm o direito de exigir uns dos outros a colaborao estabelecida no contratosocial, pois essa a entrada de cada um colaborao nos trabalhos de advocacia(fls. 1.633/1.634).

    O raciocnio direcionado sociedade de advogados aproveita

    associao de profissionais. A autora e os scios-litisconsortes vincularam-se

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    associao com contadores para o fim de prestar servios a terceiros, servios essesde natureza empresarial, includentes dos de advocacia, integrados ao trabalho dos

    demais profissionais, mas exigentes de assessoria e consultoria jurdica e da atuaono contencioso judicial, exclusivo dos advogados, na forma da lei. Dos scios daautora, alis, segundo o relato inicial, dois eram tambm contadores e antes deadvogar, exerciam essa atividade tambm junto a empresa que veio posteriormente aser absorvida pela Ernst & Young.

    Estava a filo a ser desenvolvido e explorado pelo escritrio deadvocacia em questo. No foi por outro motivo, certamente, que a autora e seusscios atrelaram-se ao contrato UMBRELLA.

    Mas, tornando ao ponto da dissoluo, operada esta por evidenciada a

    impossibilidade jurdica da continuidade da vinculao (tanto que o compromissoassumido pela autora e seus scios com a OAB alude a desligamento), as partes tmde voltar ao estado anterior.

    9. A desvinculao imposta pela OAB no implica muito menosobriga dissoluo com desconsiderao de todas as obrigaes assumidas nocontrato UMBRELLA. Nem poderia. Afinal, em que pese afirmada a impossibilidadede associar-se o advogado com outros profissionais para o exerccio de atividadesempresariais misturando a advocacia com essas atividades , nem por isso

    possvel deixar de dar valor ao ato jurdico perfeito e acabado, obrigando as partessignatrias.

    No se trata de mandar cumprir o contrato com o sentido de que, noobstante a desvinculao mandada fazer pela OAB, continue o ajuste a vigorar entreas partes. Isso os rus igualmente no querem e deixam explcito. E a r. sentena,diversamente do sustentado nos recursos, no imps nem poderia impor. No h nemhaver restabelecimento da sociedade multidisciplinar, no que concerne autora eseus scios, posto j desvinculados da Ernst & Young. O que se opera a liquidaodo contrato, com apurao de haveres. Mas os resultados havidos at a separao,repito, segundo se entende dos autos, j foi objeto de verificao e distribuio anual,na forma do contrato.

    Justamente por isso, e tambm por outras razes adiante alinhadas, oretorno ao estado anterior promove a desobrigao da autora e seus scios doscompromissos assumidos no contrato UMBRELLA, no tocante aos honorrios

    profissionais advocatcios contratados, at que sejam ultimados os trabalhos emandamento ao tempo da dissoluo ou a terminar ulteriormente.

    Considerando que, procedida a desvinculao, as partes no chegarama bom termo quanto liquidao das obrigaes contratuais assumidas, destacando-se a partilha dos proveitos dos trabalhos realizados pela autora e litisconsortes, este

    processo h de alcanar esse resultado.

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    Para isso, o que os rus querem ver concludos os trabalhosiniciados, partilhar custos e benefcios, e haver os resultados dos trabalhos comuns,

    na forma pactuada (fls. 1.644). Resultados havidos at o momento da retirada daautora e seus scios, e os ento iniciados, mas a receber no futuro. s fls. 1.671acentuaram: os valores que devem ser pagos por fora da avena, sejamefetivamente pagos, ainda que esse pagamento tenha que ser feito em poca futura.

    Sem razo, no entanto. Se os ajustes de patrocnio e de honorrios sederam enquanto vigente o chamado contrato UMBRELLA, quer dizer, sob o regimede direitos e obrigaes nele estipulados, tendo em conta os objetivos comuns, as

    partes no escapariam partilha dos custos e benefcios da advindos, exatamentecomo se deu enquanto persistente o contrato.

    No pormenor, bem discorreu a digna Magistrada:

    Ressalve-se que, consoante acima exposto, no se questiona aexistncia de eventual enriquecimento ilcito. A submisso aos termos do

    pacto, e especialmente na partilha dos proveitos, decorreu de livremanifestao de vontade, no sendo menos vlido concluir que, diante da

    prpria natureza do negcio jurdico, houve uma equivalncia ebilateralidade nas prestaes, o que alis se constitui em fundamento mesmodo sinalagma existente nestas relaes. Houve proveito, inevitvel aconcluso, de todas as partes envolvidas, tanto que se mantiveram unidas atque obrigadas (retirada involuntria, em palavras dos autores-

    reconvindos) a dar cabo da situao jurdica at ento reinante, sem que setenha notcia de qualquer manifestao de vontade que pudesse gerar sequera dvida acerca da viabilidade na manuteno. (fls. 1.997).

    Acontece, como dizem eles (sobretudo a autora), que ao ensejo daretirada j foram entregues esses resultados sobre o que realizado at ento. O queingressou na sociedade, certamente foi objeto de balano e distribuio.

    A receita futura, quer dizer, os chamados ativos a receber,evidentemente no caso dos advogados estava e est atrelado ao exerccio

    profissional, quer dizer, dependente de atividade profissional exclusiva deles (comoj o eram ao tempo em que vigia o contrato), e nenhum profissional mais, ante aexpressa disposio legal de atribuir apenas aos advogados a capacidade postulatria.

    Acrescentaram os requeridos, aludindo a contratos que chamam delentos, que muitos deles esto condicionados a sucesso futuro, quer dizer, cujoresultado foi ajustado ad exitum.

    Numa e noutra hipteses (contratos ad exitum ou no), se o ajuste depatrocnio se dera sob o contrato UMBRELLA, devia ocorrer a partilha dosresultados, sem, no entanto, implicar o compartilhamento de honorrios profissionais

    (atribudos pela lei aos advogados ou a quaisquer profissionais), seno eventual

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    abatimento de eventuais custos com os quais tenham arcado os demais scios. Nesteponto, demonstrao no h de que assim tenha sucedido.

    10. Assim decidir no viola o disposto nos artigos 133 da ConstituioFederal, 16 e 34, II, da Lei n 8.906/94, nem nos provimentos da OAB, apontados norecurso de Waldir e Marcelo.

    Em primeiro lugar porque a r. sentena no permite a contadores eauditores a gesto dos negcios da advocacia, coisa que nem mesmo o contratoUMBRELLA previu ou imps aos litisconsortes. Tambm no atribuiu a esses

    profissionais resultados exclusivos da advocacia. O que o contrato previu oresultado dos contratos firmados pela sociedade maior. No mais que isso.

    De relao de emprego (art. 18 da Lei 8.906/94) obviamente no setrata, porque os Advogados em causa contrataram sem desprestgio de sua atividade

    puramente liberal, malgrado associando-se com profissionais de outrasespecialidades. infrao disciplinar definida no inciso II do artigo 34 da mesma lei,de o advogado manter sociedade profissional fora das normas e preceitosestabelecidos nesse diploma, os apelantes j no mais esto sujeitos, seja porqueatenderam imposio que lhes foi feita pelo rgo de classe, seja porque a r.sentena, repito, somente lhes impe a liquidao do negcio que tm com os rus.

    As mesmas razes servem para espancar a alegao de que se est apermitir que os apelados explorem economicamente servios jurdicos prestados para

    empresas de capital aberto, nas quais figuram como auditores independentes,violando as regras referidas no recurso de Waldir e Marcelo. Do mesmo modo que oslitisconsortes (incluindo a autora) esto obrigados partilha do resultado doscontratos que firmaram no curso da execuo do contrato UMBRELLA, os rus oesto. Nem por isso estavam estes a perceber por servios de advocacia, como tais,

    porque a contratao desses servios, como decorre da relao assumida pelas partes,estavam intimamente atrelados aos demais servios prestados pela sociedade maior.A liquidao dos contratos dependentes de resultado de aes judiciais j encerradasou em andamento, portanto, no significa atribuir a contadores, por exemplo, a

    percepo de honorrios profissionais isoladamente considerados. Como dito antes,honorrios advocatcios pertencem a advogados.

    Por fim, os litisconsortes no esto sendo compelidos a associar-se(art. 5, XX, da Constituio Federal). Scios no so mais, como visto e repetido. Asoluo de apurao dos haveres do mesmo contrato no importa, por conseqncia,conservar os litisconsortes em sociedade em que no mais esto, nem querem estar.

    11.No se alegue impossibilidade jurdica da partilha de resultados detrabalhos contratados antes da separao, mas que sero percebidos apenas no futuro.A s observao do que normalmente acontece permite afirmar a manifesta

    possibilidade jurdica dessa postulao. Se o contrato no a previu (no h clusula

    especfica, diz o apelo de Antonio de Rosa), nem por isso se pode neg-la, pena de

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    fazer letra morta o prprio contrato. Pensar o contrrio obrigaria no darconseqncia alguma prpria retirada dos advogados, porque igualmente omisso o

    ajuste quanto ao motivo por que se operou a sada deles.

    Todavia, reconhecer possibilidade jurdica, porque a lei no impede oexerccio da postulao feita pelos rus, no implica admitir o direito dos rus a

    perceber os honorrios advocatcios pactuados.

    Advogados desfazem sociedade de advogados; advogados deixam aadvocacia para exercer outras profisses, ou simplesmente para recolher-se inatividade depois de anos de trabalho; advogados falecem. Nem por isso deixam dehaver o resultado de seu trabalho os honorrios advocatcios por si ou por seussucessores, quando caso.

    Diz-se que o contrato UMBRELLA no contempla a partilha deresultado futuro. Se o ajuste no previu expressamente essa hiptese (contratoslongos e exaustivos s vezes deixam de levar em conta fatos corriqueiros da vidacotidiana das pessoas e das empresas!), nem por isso a pretenso dos rus deixa deser juridicamente possvel, conquanto improcedente.

    E improcedente porque no h olvidar que o exerccio do trabalhotcnico-cientfico da atividade em Juzo exclusivo dos advogados. O resultado dadedicao que a sociedade autora e seus advogados entregaram ou venham a entregar

    para alcan-los exclusivo deles.

    No importa, portanto, que a contratao dos servios e dos honorriostenha se dado sob o contrato UMBRELLA. E mais, havida a desvinculao, acontinuidade da prestao do servio profissional se deu custa dos recursos e dotrabalho dos advogados.

    Significa dizer que os honorrios advocatcios reclamados pelos ruspertencem apenas aos autores. Atribuir participao aos rus, mediante a partilhapedida na reconveno levaria, a sim, a apropriao de resultados por parte deles,porque estariam a receber por trabalho que no desempenharam.

    Em outras palavras, preciso remunerar inteiramente os Advogadospor seu trabalho, pena de enriquecimento sem causa dos demais scios. Afinal, se osautores no fazem jus ao resultado de outros trabalhos dos demais scios aps orompimento do contrato (como sustentam estes de forma legtima) a atuao dosAdvogados sem a participao e a cooperao deles aps a dissoluo no pode

    benefici-los com rateio dos honorrios. Em sendo assim, indevida a partilhapretendida na reconveno.

    Em outras palavras, se o direito aos honorrios integra o patrimniocivil da pessoa do advogado, ou da sociedade de advogados por eles integrada, como

    contraprestao pelo exerccio da profisso e por essa razo constitui elemento

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    tambm inviolvel, como sustentam a autora e os litisconsortes (cf. o recurso deAntonio de Rosa), no procede o pedido reconvencional.

    Por fim, e a dar sustentao ao que se vem de decidir, est o dispostono artigo 22 da Lei 8.906/94 (estatuto da advocacia), expresso em que a prestaodo servio profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorriosconvencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbncia.

    12. O que se vem de decidir torna irrelevante a alegao de que apartilha que a r. sentena mandou fazer importar atribuir tratamento s partesutilizando dois pesos e duas medidas, e desconsiderar a circunstncia de que osadvogados (inclui-se a sociedade) nada receberam pelos resultados dos servios

    prestados pelos outros profissionais signatrios do contrato UMBRELLA. Os scios

    Waldir e Marcelo acrescentam que a r. sentena negou a compensao dos direitosque, por isonomia, possuem pela participao societria nas demais empresas, demodo que a apurao de haveres deve recair tambm sobre as demais despesas.

    No particular, acrescentam os recorrentes que nada receberam: pelacarteira de clientes das empresas por eles integradas e que levaram para proveito dosscios do contrato quando l ingressaram; aps dez anos de sociedade, pela carteirade clientes e contratos de servios de consultoria empresarial e auditoria que ldeixaram para proveito exclusivo dos scios remanescentes; pelos resultadosfinanceiros futuros dos contratos que deixara para proveito dos apelados, scios,referentes aos clientes das demais empresas subordinadas ao contrato quando da sua

    excluso de seus quadros sociais; pela excluso involuntria do contrato. Por issotambm no desfrutam dos benefcios da administrao, gesto empresarial econstituio dos fundos sociais para pagamento de seguro profissional, de vida,aposentadoria e penso de familiares, constituio de capital, etc., que os scios doUmbrella ainda gozam pela vigncia em relao aos apelados.

    O julgado no deixou de reconhecer a bilateralidade contratual,assegurando s partes, reciprocamente, os proveitos da relao em que estavam (cf. otrecho sentencial transcrito no item 7, supra), o que resulta na admisso de que osautores faziam jus aos resultados dos outros trabalhos profissionais.

    Acontece que os litisconsortes no exerceram o eventual direito queteriam por essas participaes. Vm a faz-lo apenas no recurso. Atrelados

    postulao inicial, limitam-se a sustentar estarem desobrigados de partilhar oresultado de seu trabalho, invocando exclusividade na percepo de honorrios

    profissionais. Em nenhum momento se deduziu, concretamente, pretenso a respeito.

    De qualquer sorte, como se est a afirmar que, a despeito dadissoluo, continuam as partes obrigadas partilha dos custos e benefcios docontrato, ajustados ao tempo da unio, podem eles vir a postular, alhures, se for ocaso, a percepo do que se dizem privados.

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    13. Os scios Waldir e Marcelo reclamam tambm de que a r.sentena negou o direito a compensarem os valores que devem ser retidos para

    constituio dos fundos sociais de previdncia e de outras verbas que relacionam (cf.o relatrio pertinente, letra f). A sociedade autora se queixa de que nadareceberam.

    Se desde a separao no tinham os litisconsortes que contribuir para aformao desses fundos, evidente que no tero de faz-lo com os honorriosacrescidos ou percebidos desde ento. Isto porque, se no tinham mais que contribuir

    porque havida a dissociao benefcios tambm no tero. Remanescem apenasos que, por ento contribuir, amealharam enquanto associados e contribuintes.

    O mesmo se diga no que respeita ao seguro profissional e de vida,

    constituio da conta capital, conta corrente, lucros e dividendos. Com a retirada doslitisconsortes, o direito deles a esses benefcios se extinguiu. No que toca ao seguro, medida que expirado o prazo contratado e pago com a contribuio deles.

    De qualquer sorte, a r. sentena no negou direito algum, noparticular, mesmo porque no teceu palavra a respeito.

    Reclamam a autora e os litisconsortes, tambm, de no lhes ter sidoassegurada a compensao dos direitos que, por isonomia, possuem pela participaosocietria nas demais empresas, de forma que a apurao de haveres entre os sciosdeve recair tambm sobre as demais empresas que eram subordinadas ao contrato,

    violando os arts. 1009 e 1010 do Cdigo Civil e 5, caput, da Constituio Federal.

    No particular, a r. sentena igualmente nada assegurou, e o fazendoateve-se aos limites impostos pelos pedidos formulados pelas partes. Convm,todavia, registrar que, por decorrncia lgica da separao, desde ento a autora e oslitisconsortes no fazem jus aos resultados sociais da empresa maior e das demaisassociadas. De igual modo, estas no tm direito algum aos resultados da sociedadeautora.

    14. Irrelevante, por outra parte, o perodo de vigncia da associaosubmissa ao contrato UMBRELLA, se desde 1.992, de 1.996. O vnculo entre as

    partes, segundo a prpria petio inicial, vem de bem antes da consolidao docontrato havida em 1.996. No pormenor, registrou a r. sentena considerar-se que

    o vnculo existiu comprovadamente entre os anos de 1992 e1999, por haver documento apresentado pelos autores-reconvindos etambm pelos rus-reconvintes, que confirma existncia de contrato escrito,firmado em 1992, que resultou no instrumento acostado aos autos pelosautores-reconvindos, considerado como reviso do pacto de 1992 (fls.1.989).

    A circunstncia, repito, no relevante na medida em que,

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    reconhecido pertencerem os honorrios apenas aos advogados, pouco importavigorasse o contrato desde aqui ou acol, porque sociedade com os rus no mais h.

    Enfim, se sociedade no mais h e se os honorrios advocatciospertencem exclusivamente aos advogados, procedem ento os pedidos das letras be c e dde fls. 50/52, quer dizer, de (a) declarar a inexistncia de relao jurdicaque determine a sujeio dela ao adimplemento de qualquer prestao em proveitodos requeridos, seja a cesso de crditos decorrentes de verba honorria, ou aabsteno da prtica, pelos seus respectivos scios, de qualquer atividade

    profissional, em termos absolutos ou relativos; (b) declarar a inexistncia de qualquersociedade, sujeio, subordinao ou dependncia, entre ela, sociedade Requerente, eos Requeridos; e (c) de declarar, em relao a todos os Requeridos, que ela a nicae exclusiva credora dos crditos decorrentes da contratao de servios de advogado,

    sejam eles convencionais, oriundos de arbitramento judicial ou sucumbncia da partecontrria, relativos s causas relacionadas na interpelao formulada pelosRequeridos, ou quaisquer outras causas que estejam sendo, tenham sido, ou venham aser patrocinadas pela sociedade de advogados Requerente.

    Em conseqncia, no procedem os pedidos reconvencionaisformulados nos itens b e c de fls. 1.679/1.680 (item 3, supra). O primeiro porquese est a negar a pretendida partilha dos proveitos auferidos nos contratos dehonorrios, de acordo e adstritos relao que instruiu Interpelao Judicialanteriormente efetivada. O segundo, porque pelos reconvindos expressamentecondicionado ao acolhimento do primeiro, verbis:na hiptese de acolhimento do

    pedido relacionado no item b, sejam os reconvindos condenados ao pagamentode indenizao referente promoo da qual foram beneficiados, em face dautilizao, no perodo contratual, alcunha da ERNST & YOUNG BRASIL, emquantum a ser fixado em liquidao de sentena (destaques no constantes dooriginal). Se o primeiro pedido desacolhido, o segundo tambm o .

    15. No entrevejo, por fim, a prtica de litigncia de m-f por partedos recorrentes. A persistncia deles situa-se nos limites da normalidade, conquanto

    sem razo nos pontos essenciais da causa. No h, pois, motivo para imposio de

    qualquer sano.

    16. Diante desse quadro, os recursos da autora e dos litisconsortes soacolhido parcialmente para (a)julgar parcialmente procedente a ao, no tocante aos

    pedidos formulados sob as alneas b, c, e d na petio inicial (fls. 50/52 e item3, supra), invertidos os nus sucumbenciais, e (b) julgar improcedente areconveno.

    17. Ante o exposto, e para os fins apontados no item anterior, douparcial provimento aos recursos da autora e dos litisconsortes.

    meu voto.

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    JOO CARLOS SALETTI

    Relator