2012-05-18 - Espacialização e Sazonalidade da Precipitação GO e DF.pdf

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  • Revista Brasileira de Geografia Fsica 01 (2012) 87-100

    Costa, H. C.; Marcuzzo, F. F. N.; Ferreira, O. M.; Andrade, L. R. 87

    ISSN:1984-2295

    Revista Brasileira de Geografia Fsica

    Homepage: www.ufpe.br/rbgfe

    Espacializao e Sazonalidade da Precipitao Pluviomtrica do Estado de

    Gois e Distrito Federal

    Helen Camargos Costa1, Francisco Fernando Noronha Marcuzzo2, Osmar Mendes Ferreira3, Lucas Reinehr Andrade4

    1Engenheira Ambiental - Consultoria Ambiental. PUC-GO - Pontifcia Universidade Catlica de Gois. 1 Avenida, 1069 - Setor Leste Universitrio - 74605-020 - Goinia/GO. E-mail: [email protected] 2Pesquisador em Geocincias. CPRM/SGB - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais / Servio Geolgico do Brasil. Rua Banco da Provncia, 105 - Santa Teresa - 90840-030 - Porto Alegre/RS. E-mail: [email protected] 3Professor. PUC-GO. 1 Avenida, 1069 - Setor Leste Universitrio - 74605-020 - Goinia/GO. E-mail: [email protected] 4Engenheiro da Computao. UFG / EEEC - Universidade Federal de Gois / Escola de Engenharia Eltrica e da Computao. Av. Universitria, 1488 - Quadra 86 - Bloco A - 3 piso - Setor Leste Universitrio - 74605-010 - Goinia/GO. E-mail: [email protected]

    Artigo recebido em 21/01/2012 e aceito em 18/02/2012

    R E S U M O A importncia do estudo da precipitao pluviomtrica por meio de sries histricas de grande valor para entender sua distribuio espacial e sazonal. Desta forma, o objetivo deste trabalho apresentar um estudo da sazonalidade, distribuio espacial total e mensal da precipitao pluviomtrica do Estado de Gois e do Distrito Federal. Os dados da srie histrica de 1974 a 2008, com um total de 107 estaes pluviomtricas, resultando em 35 anos de dados da ANA (Agncia Nacional das guas). Como resultados so apresentados mapas com a distribuio espacial e temporal, total e sazonal das chuvas. Concluiu-se que o regime de chuvas para o Estado de Gois e Distrito Federal anlogo durante os anos, com algumas variaes no nordeste do Estado de Gois advinda da massa de ar atlntica continental. Neste estudo verificou-se que, no perodo classificado como mido, nos meses de outubro a abril, o valor acumulado de precipitao atinge 2.300 mm na regio norte de Gois. O intervalo entre os meses de maio e setembro, que correspondem ao perodo seco, o valor acumulado de precipitao pluviomtrica fica entre 100 a 400 mm para Gois.

    Palavras-chave: Chuva, interpolao matemtica, pluviometria.

    Seasonality and Spatial Distribution of Rainfall in the State of Gois and

    Federal District

    A B S T R A C T

    The importance of studying through time series is of great value to understand their spatial distribution and seasonal. The objective of this paper is to present a study of seasonality, spatial distribution and total monthly rainfall in the state of Gois and Distrito Federal. The data formed the historical series from 1974 to 2008, with a total of 107 rainfall stations, resulting in 35 years of data. Results are presented as maps with the spatial and temporal distribution, and total seasonal rainfall for the state of Gois and Distrito Federal is similar over the years, with some variations in the northeastern state of Gois coming from the Atlantic Continental air mass. In this study it was found that months from October to April, the levels of precipitation reaches 2300mm in northern Gois. The interval between the months of May and September, corresponding to the dry period the rainfall rates are between 100 a 400mm for Gois.

    Key-words: Rain, mathematical interpolation, pluviometric.

    1. Introduo

    O estudo hidrolgico da variao

    temporal da precipitao pluviomtrica de

    grande valor para qualificar os efeitos

    * E-mail para correspondncia: [email protected] (Costa, H. C.).

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    ocasionados em reas urbanas e agrcolas, pois

    so inmeros os interesses da sociedade e da

    engenharia nos recursos hdricos. Ocorre uma

    ligao entre fenmenos climticos,

    escoamento superficial e projetos agrcolas e

    urbanos, onde o desafio no simplesmente

    quantificar e qualificar o evento hidrolgico,

    mas principalmente verificar a capacidade de

    prever a ocorrncia de eventos extremos e suas

    consequncias de forma mais fiel possvel.

    Segundo Cruciane et al. (2001), em

    estudo de modelos de distribuio temporal de

    chuvas intensas em Piracicaba, So Paulo,

    observou que no Brasil raros, tem sido os

    trabalhos de caracterizao das chuvas

    intensas, ao passo que no exterior esse tipo de

    estudo tem sido muito comum. Ainda segundo

    ele, conhecer o modelo de distribuio

    temporal de chuvas intensas de uma localidade

    torna mais realista a previso hidrolgica para

    projetos em reas rurais e urbanas, permitindo

    a caracterizao e a qualificao com maior

    preciso do escoamento superficial.

    Em estudos de precipitao

    pluviomtrica, para uma determinada regio

    necessrio o conhecimento sobre as chuvas da

    regio, que podem ser observadas atravs de

    sries histricas que so dados coletados

    diariamente utilizando estao pluviomtrica

    previamente instalada. A qualidade dos

    resultados esperados nas estimativas est

    intrinsecamente ligada disponibilidade de

    dados de precipitao e a qualidade destes, bem

    como sua distribuio espacial.

    Em estudo para identificar mudanas

    climticas regionais, Haylock et al. (2006)

    fizeram uma anlise da precipitao sobre a

    Amrica do Sul e observaram uma tendncia de

    aumento do total anual de chuva. O estudo

    realizado por Santos e Brito (2007), utilizando

    ndices de extremos climticos e

    correlacionando-os com as anomalias de

    temperatura da superfcie do mar (TSM),

    tambm mostra tendncia de aumento da

    precipitao total anual nos estados da Paraba

    e Rio Grande do Norte.

    Mello et al. (2008), em estudo de

    continuidade espacial de chuvas intensas no

    estado de Minas Gerais, relatou que um dos

    principais ramos de pesquisa em hidrologia e

    climatologia consiste na aplicao do

    geoprocessamento, por meio da anlise de

    tcnicas para uma melhor interpolao espacial

    da chuva intensa gerando mapas com boa

    aplicabilidade aos projetos.

    Reis et al. (2005), em estudo de

    espacializao de dados de precipitao e

    avaliao de interpoladores para projetos de

    drenagem agrcola no estado de Gois e

    Distrito Federal, constatou que a

    disponibilidade de informaes sobre

    precipitao para a regio Centro-Oeste do

    Brasil ainda mostra-se bem deficiente, sendo a

    pequena quantidade de estudos e a malha

    restrita de estaes pluviomtricas as principais

    causas. Segundo ele, isso tem levado a

    utilizao de informaes sobre precipitaes

    de forma inadequada, adotando-se valores a

    sentimento ou utilizando informaes de outras

    regies ou mesmo Estados, fazendo com que os

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    valores adotados sejam, muitas vezes,

    discrepantes daqueles que realmente ocorrem

    na regio de interesse.

    O objetivo deste estudo analisar a

    sazonalidade, distribuio espacial total e

    mensal da precipitao pluviomtrica no

    Estado de Gois e Distrito Federal, com sries

    histricas de 1974 a 2008, utilizando 107

    estaes pluviomtricas.

    2. Material e Mtodos

    2.1 Caracterizao da vegetao, clima e dos

    mecanismos de formao de chuvas no Estado

    de Gois e Distrito Federal

    O Estado de Gois, localizado na regio

    Centro-Oeste do pas (Figura 1), ocupa uma

    rea de 340.086 km. o stimo estado do pas

    em extenso territorial, limita-se ao norte com

    o estado do Tocantins, ao sul com Minas

    Gerais e Mato Grosso do Sul, a leste com a

    Bahia e Minas Gerais e a oeste com Mato

    Grosso e possui uma totalidade 249 municpios

    instalados (SEPIN, 2005). O Distrito Federal

    est localizado na regio Centro-Oeste,

    ocupando o centro do Brasil e o centro-leste do

    Estado de Gois (Figura 1). Sua rea de

    5.789,16 km, equivalendo a 0,06% da

    superfcie do pas, apresentando como limites

    naturais o rio Descoberto, a oeste e o rio Preto.

    Ao norte e ao sul, limitado por linhas retas,

    que definem o quadriltero correspondente

    sua rea. Limita-se a leste com o municpio de

    Cabeceira Grande, pertencente ao estado de

    Minas Gerais, municpios do estado de Gois

    (CODEPLAN, 2006).

    Figura 1. Localizao do estado e das

    mesorregies de Gois e o Distrito Federal.

    No Estado de Gois nascem os rios

    formadores de trs das doze bacias

    hidrogrficas do pas (Figura 2), so elas: Bacia

    Tocantins/Araguaia, Bacia do So Francisco,

    Bacia do Paran As principais bacias do

    Distrito Federal so: So Bartolomeu, Preto,

    Descoberto e Maranho, que drenam cerca de

    95% do territrio, alimentando as grandes

    bacias dos rios Paran, Tocantins e So

    Francisco (Figura 2). As outras bacias

    existentes no Distrito Federal so Corumb e

    So Marcos.

    A vegetao de Gois est intimamente

    ligada aos cursos dgua que oferecem a

    delimitao entre as matas ciliares ou de galeria

    e os grandes espaos cobertos por cerrados, que

    atingem 60% do territrio goiano (Figura 2).

    Remanescente ao sul do estado existe a

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    ocorrncia de aproximadamente 3,29% de mata

    atlntica, calculado neste trabalho utilizando

    ferramentas de SIG.

    Figura 2. Localizao das Regies

    Hidrogrficas no estado de Gois e Distrito

    Federal

    O Distrito Federal est situado em uma

    das reas mais elevadas da regio Centro-Oeste

    (Figura 3), o Planalto Central, correspondendo

    ao que restou dos aplainamentos da regio.

    Estes aplainamentos caracterizam a forma de

    relevo mais frequente nesta rea, as chapadas.

    O Estado de Gois e o Distrito Federal

    possuem um clima tropical com duas estaes

    perodo mido (outubro a abril) e perodo seco

    (maio a setembro). As massas de ar que so

    pores individualizadas e se deslocam pela

    diferena de presso e temperatura, e esto

    associados ao sistema de baixa e alta presso

    receptora de ventos e com grande instabilidade

    atmosfrica, caracterizada por grande

    nebulosidade e precipitao elevada. Em Gois

    e no Distrito Federal as massas de ar

    dominantes so; massa de ar equatorial

    continental e massa de ar tropical continental.

    2.2 Dados utilizados no estudo

    Os dados de precipitao pluviomtrica

    utilizados para compor a srie histrica de 1974

    a 2008 com a qual foi trabalhada foram obtidos

    no sistema da ANA (Agncia Nacional das

    guas) e logo aps analisados e posteriormente

    consistidos, totalizando 107 estaes

    pluviomtricas (Figura 3), distribudas pelo

    Estado de Gois e Distrito Federal com 35 anos

    de dados.

    Figura 3. Estaes pluviomtricas, altitudes e

    regies hidrogrficas no estado de Gois e

    Distrito Federal.

    2.3 Processamento dos dados

    Os dados obtidos no sistema hidroweb

    (Hidroweb, 2010) da ANA (Agncia Nacional

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    das guas) foram submetidos a verificao das

    necessidades de correo e provveis

    inconsistncias. Foram constatadas 249 falhas

    mensais nos dados de 107 estaes com 35

    anos e, em seguida, as falhas foram

    preenchidas.

    Para o preenchimento das lacunas de

    dados (que foram poucas) foi usado o mtodo

    de regresso linear, quando havia falha nica

    em todos os meses de todos os anos da srie

    histrica. Este mtodo traa uma curva linear

    para o ms com a falha e preenche substituindo

    os parmetros.

    Para os demais meses, com maior

    nmero falha nos dados, foi utilizado, o

    mtodo de ponderao, entre os valores das

    estaes vizinhas, conforme a equao a seguir;

    (1) (1)

    em quem, Pai - precipitao a ser

    corrigida/preenchida de uma estao

    pluviomtrica em um intervalo de tempo i,

    mm; MPaspi mdia histrica, para o intervalo

    de tempo i a ser preenchido, da estao

    pluviomtrica com falha, mm; Miaevie mdia

    histrica, para o mesmo intervalo de tempo i,

    de uma estao pluviomtrica mais prxima

    (e), sem falha nos dados (de trs estaes

    pluviomtricas "vizinhas" a serem utilizadas no

    preenchimento da falha), mm; Pevie

    precipitao na estao pluviomtrica vizinha

    (e) mais prxima da estao com falha, para o

    mesmo intervalo de tempo i a ser preenchido,

    mm.

    Com a srie histrica consistida, foram

    calculadas as mdia mensais das 107 estaes,

    como tambm as mdias para o perodo mido

    que ocorre de outubro a abril, mdia para o

    perodo seco com ocorrncia de maio a

    setembro e mdia total da precipitao.

    Dados revisados e consistidos foram

    exportados para ferramenta GIS que possibilita

    criar, visualizar, pesquisar, editar, compor e

    publicar mapas, resultando em uma shape de

    pontos de localizao das estaes e mapas de

    distribuio de chuva e localizao da rea

    estudada (Figura 3). Para espacializar os dados

    de chuva foi utilizada a ferramenta de

    interpolao matemtica denominada TOPO

    TO RASTER, conforme estudo descrito por

    Marcuzzo et al. (2011).

    O programa interpola os dados de

    elevao em uma grade regular, de modo

    iterativo, gerando grades sucessivamente

    menores, minimizando a soma de uma

    penalizao de rugosidade (roughness penalty)

    e a soma dos quadrados dos resduos

    (diferenas das elevaes medidas e calculadas

    pela funo). Cada elevao em um

    determinado local dada por:

    ( , )i i i i iz f x y w= + (2)

    em que, f(x,y) a funo de interpolao,

    definida por uma funo B-spline, cada wi

    uma constante positiva que representa o erro de

    discretizao do ponto i e cada i uma

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    amostra de uma varivel aleatria de mdia

    zero e desvio padro igual a um.

    Assumindo que cada ponto est

    localizado aleatoriamente dentro da clula do

    modelo, a constante wi definida por:

    / 12i iw hs= (3) (3) (3)

    em que, h o espaamento da grade; si a

    medida de inclinao da clula da grade

    associada com o ponto (xi,yi). A funo f(x,y)

    ento estimada resolvendo uma aproximao

    na grade regular via mtodo das diferenas

    finitas que minimiza a somatria. A constante

    wi varia com cada iterao, em uma

    caracterstica adaptativa local (local adaptei

    fature), j que a cada iterao do programa um

    novo valor de inclinao (si) disponibilizado

    para cada clula da grade conforme o mtodo

    iterativo avana.

    Segundo Marcuzzo et al. (2011) o

    programa utiliza o mtodo multi-grid simples

    para minimizar a equao em resolues cada

    vez melhores, comeando de uma grade inicial

    larga at uma grade que tenha resoluo

    definida pelo usurio, respeitando restries

    que garantem uma estrutura de drenagem

    conectada.

    3. Resultados e Discusso

    3.1 Histograma da distribuio mensal das

    chuvas no Estado de Gois e no Distrito

    Federal

    A classificao dos dados histricos

    (1974 a 2008) entre perodo seco e perodo

    mido foi realizada a partir do estudo do

    climatologista Gaussen e Bagnouls (1953) que

    considera o ms seco quando o mesmo

    apresenta uma precipitao, em mm de chuva,

    menor que duas vezes o valor da temperatura

    mdia, em C (P < 2T C). Portanto, o ms

    mido ser aquele em que a precipitao, em

    mm, for maior do que duas vezes o valor da

    temperatura mdia, em C (P> 2TC). Tomando

    como base este estudo, obtivemos que para o

    Estado de Gois e para o Distrito Federal

    (Figura 4), o perodo seco abrange quatro

    meses do ano (maio a setembro) e o perodo

    mido os outros oito meses do ano (outubro a

    abril).

    Figura 4. Perodo seco e perodo mido em

    GO e DF (mdia da srie histrica de 1974 a

    2008).

    3.2 Precipitao pluviomtrica para o perodo

    seco e perodo mido

    Os meses de outubro a abril so

    classificados como perodo mido, sofre

    influncias da massa de ar equatorial

    continental advinda da Amaznia, que

    apresenta ndices de precipitao mxima de

    2.300 mm na regio norte (Figura 5).

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    Figura 5. Mdia total da precipitao

    pluviomtrica do perodo mido.

    Figura 6. Mdia total da precipitao

    pluviomtrica do perodo seco.

    A precipitao mnima, registrada no

    Estado de Gois e Distrito Federal foi de 1000

    mm, com maior ocorrncia no norte de Gois.

    O intervalo entre os meses de maio e setembro

    correspondem ao perodo seco, que

    influenciado pela massa de ar tropical

    continental que apesar de ser mida, com o

    avano para o continente perde essa umidade

    na regio sul, sudoeste e nordeste do pas ate

    chegar ao estado de Gois e Distrito Federal,

    principalmente pelas chuvas orogrficas

    restando somente as temperaturas altas, alm

    de empurrar a massa de ar equatorial

    continental para o norte a medida que avana

    para o centro do pas (Figura 6). Os ndices de

    precipitao para esses meses ficam entre 100 a

    400 mm para a mdia do perodo.

    3.3 Anlise da precipitao pluviomtrica do

    Estado de Gois e Distrito Federal

    O ms de janeiro (Figura 7) possui um

    intervalo de precipitao pluviomtrica mnima

    de 200 mm no nordeste do Estado de Gois,

    com algumas ocorrncias no centro sul do

    mesmo e mxima de 450 mm na regio

    noroeste e sudoeste, resultado da massa de ar

    equatorial continental que atua no estado de

    Gois. No Distrito Federal, a precipitao

    pluviomtrica registra ndices de precipitao

    pluviomtrica mxima entre 300 mm e mnima

    de 200 mm (Figura 7).

    Em fevereiro (Figura 8) a precipitao

    pluviomtrica registrou mxima de 400 mm na

    regio norte e mnima de 150 mm

    concentrando esta baixa pluviosidade no

    extremo nordeste. No Distrito Federal em

    fevereiro a precipitao pluviomtrica registra

    mxima de 250 mm em uma pequena poro

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    ao sudeste do Distrito Federal e mnima de 150

    mm no restante do territrio.

    Figura 7. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de janeiro.

    Figura 8. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de fevereiro.

    A Figura 9, precipitao pluviomtrica

    do ms de maro, registrou mxima de 375 mm

    para srie histrica de 35 anos (1974 a 2008)

    concentrando estas chuvas em no nordeste do

    estado de Gois.

    Figura 9. Mdia Mensal da Precipitao

    Pluviomtrica do ms de maro.

    No Distrito Federal a precipitao

    mxima e de 275 mm no sudeste e a mnima

    de 200 mm no note. A massa de ar equatorial

    continental no ms de maro continua atuando

    sobre o estado de Gois e Distrito Federal

    originaria da Amaznia a qual mida em

    razo da presena dos rios caudalosos e da

    intensa transpirao da massa vegetal da

    amaznica, o que provoca chuvas abundantes e

    quase dirias, principalmente no vero e no

    outono.

    O ms de abril (Figura 10) registrou

    para o estado de Gois e Distrito uma mdia da

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    pluviosidade de 100 a125 mm . Maio (Figura

    11), incio do perodo seco, para a srie

    histrica de 1974 a 2008, registrou uma

    ocorrncia da precipitao pluviomtrica com

    mxima de 55 mm no sudoeste do estado de

    Gois e mnima de 5 mm principalmente na

    regio nordeste. Em todo o territrio do

    Distrito Federal para o ms de maio tem-se um

    intervalo da precipitao pluviomtrica de 15 a

    20 mm.

    Figura 10. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de abril.

    A Figura 12, representando a

    precipitao pluviomtrica no ms de junho na

    srie histrica de 35 anos, apresenta ndices de

    precipitao mxima no sul do estado de Gois

    com ndice de pluviosidade de 25 mm, onde a

    maior parte do estado de Gois e Distrito

    Federal registram um intervalo entre 5 a 10 mm

    de pluviosidade sendo a massa de ar atuante a

    tropical continental, deixando evidente o

    perodo seco.

    Figura 11. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de maio.

    Figura 12. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de junho.

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    O ms de julho (Figura 13) registrou

    precipitao mxima de 15 mm na regio

    sudoeste do estado de Gois, onde sofre a

    influncia massa tropical continental que atua

    na faixa litornea do Nordeste ao Sul do pas.

    Figura 13. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de julho.

    Quente e mida, provoca as chuvas

    frontais de inverno na regio nordeste a partir

    de seu encontro com massas polar atlntica e as

    chuvas de relevo no litoral sul e sudoeste a

    partir do choque com a serra do mar restando

    para o centro-oeste do pas apenas a

    temperaturas elevadas. O Distrito federal no

    mesmo ms registra um intervalo na

    precipitao pluviomtrica de 5 a 10 mm.

    A precipitao pluviomtrica em agosto

    (Figura 14) registra mxima de 30 mm para o

    sudoeste do estado de Gois e para o Distrito

    Federal restando o intervalo de pluviosidade

    de 20 a 25 mm. Para o restante do estado de

    Gois, no ms de agosto o ndice de

    pluviosidade registrado foi de 5 mm na regio

    nordeste e 15 mm para a regio central.

    Figura 14. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de agosto.

    Setembro (Figura 15) o ms de

    transio, do perodo seco para o perodo

    mido com mxima de precipitao

    pluviomtrica 275 mm em ponto isolado no

    sul do estado de Gois, nas regies central e

    norte a pluviosidade registrada foi de 75 mm.

    Para o Distrito Federal o ndice de precipitao

    registrado tambm foi de 75 mm.

    O ms de outubro (Figura 16), incio do

    perodo mido, registrou precipitao

    pluviomtrica quase que na totalidade do

    estado de Gois e no Distrito Federal de 175

    mm, salvo uma pequena poro no sudoeste e

    no centro em direo ao norte do estado de

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    Costa, H. C.; Marcuzzo, F. F. N.; Ferreira, O. M.; Andrade, L. R. 97

    Gois que houve ocorrncia de pluviosidade na

    ordem de 200 mm.

    Figura 15. Mdia Mensal da Precipitao

    Pluviomtrica do ms de setembro.

    Figura 16. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de outubro.

    Novembro (Figura 17) registrou ndice

    de precipitao no centro ao norte do estado de

    Gois de 225 mm. O Distrito Federal em quase

    sua totalidade registrou ndice de pluviosidade

    de 225 mm. O estado de Gois na regio sul

    registrou ndice de precipitao de 200 mm

    com uma pequena ocorrncia de 375 mm no

    extremo sul do estado.

    Figura 17. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de novembro.

    O ms de dezembro (Figura 18) mostra

    alta nos ndices de precipitao pluviomtrica

    onde a mnima para o estado de Gois e

    Distrito Federal registrada e de 200 mm com

    ocorrncias a nordeste, sudoeste e algumas

    reas no centro do estado.

    A mxima registrada na pluviosidade

    para o mesmo ms dezembro em Gois de

    450 mm. O restante do estado de Gois

    registrou um intervalo de pluviosidade entre

    300 e 375 mm.

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    Costa, H. C.; Marcuzzo, F. F. N.; Ferreira, O. M.; Andrade, L. R. 98

    Figura 18. Mdia mensal da precipitao

    pluviomtrica do ms de dezembro.

    3.4 Anlise da mdia anual total da

    precipitao pluviomtrica de GO e DF

    O Estado Gois possui uma mdia total

    anual de precipitao pluviomtrica mxima de

    2400 mm em alguns pontos do estado (Figura

    19), registrando a maior parte do territrio com

    chuvas entre 1200 e 1800 mm e a nordeste, na

    regio dos municpios de Posse, So Domingos

    entre outros, com uma precipitao

    pluviomtrica mdia para a srie de 35 anos de

    900 a 1200 mm.

    Podemos observar ainda no mapa de

    precipitao pluviomtrica mdia anual total

    que, a maior parte das chuvas ao longo dos

    anos se concentram-se na regio noroeste do

    Estado de Gois pela influncia da massa de ar

    equatorial continental advinda da Amaznia

    que a principal responsvel pelas chuvas no

    Estado de Gois e no Distrito Federal no

    perodo mido.

    O Distrito Federal para a regio sul

    (Figura 19) concentra os maiores ndices de

    precipitao mdia anual com ndices para essa

    regio de 1500 a 1800 mm. O restante do

    territrio do Distrito Federal registra ndice de

    precipitao pluviomtrica de 1200 a 1500 mm.

    Figura 19. Mdia Anual da precipitao

    pluviomtrica para GO e DF.

    4. Concluses

    Com o objetivo de averiguar a

    sazonalidade da precipitao mdia,

    identificou-se que apesar do Estado de Gois se

    encontrar com uma pequena variao da

    fisiografia e com seu territrio quase todo

    tomado pelo Bioma Cerrado, o regime de

    chuvas anlogo durante os anos com algumas

    variaes no nordeste do Estado de Gois

    advinda da massa de ar tropical continental que

    perde umidade chegando ao estado

  • Revista Brasileira de Geografia Fsica 01 (2012) 87-100

    Costa, H. C.; Marcuzzo, F. F. N.; Ferreira, O. M.; Andrade, L. R. 99

    principalmente pelas chuvas orogrficas.

    Apesar da diferena na fisiografia do

    Distrito Federal quando comparado com o

    Estado de Gois, a precipitao pluviomtrica

    equivalente tendo as mesmas caractersticas

    pluviomtricas que o Estado de Gois.

    O ano mais chuvoso para a mdia

    histrica de 1974 a 2008 foi em 1983, cujo

    valor foi de 1932,8 mm. A menor mdia

    histrica nos 35 anos estudados foi de 1162,2

    mm, no ano de 1990. J a maior variao de

    precipitao anual para a soma total, ocorreu

    do ano de 1983 (1932,8 mm) para o ano de

    1984 (1258,6 mm), acarretando uma variao

    negativa de precipitao da ordem de 34,8%.

    A mdia histrica de precipitao, para

    as 107 estaes pluviomtricas estudas e

    distribudas no estado de Gois e no Distrito

    Federal, foi de 1529 mm.

    A reduo na ordem de 6,58% da

    precipitao pluviomtrica pode ser creditada a

    vrios fatores, entre eles a urbanizao

    desenfreada, impermeabilizao dos solos,

    extino da cobertura vegetal entre outros.

    5. Agradecimentos

    Os autores agradecem a CPRM/SGB

    (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

    / Servio Geolgico do Brasil - Empresa

    Pblica de Pesquisa do Ministrio de Minas e

    Energia) pelo fomento.

    6. Referncias

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