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PALAVRA DO PRESIDENTE
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com
distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-
dos são de responsabilidade de seus autores.
CAMPO
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto
e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes, Gilmara Roberto,
Michelle Rabelo, Douglas Freitas (estagiário), Laryssa
Carvalho (estagiária), Luiz Fernando Lemes (estagiário).
Fotografia: Capture Studios
Revisão: Catherine Moraes
Diagramação: Isabele Barbosa
Impressão: Gráfica Amazonas
Tiragem: 15.000 exemplares
Comercial: (62) 3096-2123
DIRETORIA FAEGPresidente: José Mário Schreiner.
Vice-presidentes: Leonardo Ribeiro; Antônio Flávio Camilo de Lima .
Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira.
Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.
Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da
Silva, José Vitor Caixeta Ramos, Wagner Marchesi.
Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos
Santos, José Carlos de Oliveira.
Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado
Fleury Filho, Joaquim Saeta Filho.
Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica.
Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR
Presidente: José Mário Schreiner
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.
Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago
de Castro Raynaud de Faria.
Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo.
Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Sandra Alves Lemes.
Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,
José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela de Souza.
Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldine, Antônio Sêneca do
Nascimento e Marcelo Borges Amorim.
Superintendente: Eurípedes Bassamurfo da Costa
FAEG - SENARRua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300
Goiânia - Goiás
Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222Site: www.sistemafaeg.com.br
E-mail: [email protected]
Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br
E-mail: [email protected]
Para receber a Revista Campo envie o endereço da entrega com nome do destinatário para o e-mail:
Para falar com a redação, ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.
José Mário SchreinerPresidente do Sistema Faeg
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Como representantes dos produtores, independente do ramo ou da quan-tidade de hectares, sei bem que são muitos os temas a se discutir. Mas sei também que alguns se tornam mais urgentes diante de ações que ferem não só quem vive da terra, mas quem trabalha para se fazer cumprir o que prevê a nossa legislação. Diante dos inúmeros casos de invasões às propriedades privadas que foram registrados nos últimos meses não podíamos deixar de discutir aqui a questão da Reforma Agrária, cujo maior dos males é a falta de informação que acaba criando vítimas e vilões.
Na matéria principal desta edição da Revista Campo falamos sobre a produtividade ou improdutividade da terra, a legislação que rege os pro-cessos de desapropriação e sobre a ilegalidade das invasões. Ela foi feita com muito carinho e com uma vontade enorme de mostrar a importância da informação, já que sem ela ninguém consegue entender o outro lado e estar aberto para o diálogo.
Precisamos, mais do que nunca, buscar dados, conhecer argumentos e analisar mais a fundo os fatos. Tudo com muito bom sendo e coerência, é claro. Afinal, estamos lidando com vidas – dos dois lados, com a dedica-ção e o esforço de quem adquiriu a propriedade e com a vontade de quem planeja ter a sua própria terra. Para esse último grupo é válido lembrar que o sonho é válido, mas que a legislação precisa ser cumprida, já que é ela quem dita as regras do país.
O último mês também foi de extrema importância para o setor, com nossa realização do Seminário de Comercialização de Grãos, que levou ao interior do Estado informações sobre o mercado nacional e internacional. Este é o momento da comercialização e é importantíssimo para o produtor receber orientações de forma adequada. As notícias não param por aí, foi mais um mês de intensa atividade de nossos instrutores, mobilizadores e Sindicatos Rurais.
Vamos seguindo que o trabalho continua e a todos, boa leitura!
Em defesa do produtor e da legislação
Caso de Sucesso
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Direito à propriedade deve ser respeitado Reportagem especial esclarece principais pontos sobre as normas que regem as
desapropriações de terras e orienta produtores
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Prosa – Análise de Mercado Flávio França, nome escolhido para ministrar as palestras do 6º Seminário Regional de Comercializaçãoe Mercado Agrícola, fala sobre futuro e planejamento
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34Depois de conhecer o Senar Goiás, João Batista tira a renda da carne suína e produto já ganha fama no município de Piranhas
Folia na FederaçãoIntegrantes do Império do Divino Espírito Santo de Niquelândia são recebidos na Faeg para divulgar Festa 2015
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4 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
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Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Delícias do Campo 33
Campo Aberto 38
Treinamentos e cursos do Senar 36
Falta de chuva e crise no mercado internacional foram alguns dos tópicos do 6º Seminário Regional de Comercialização e Mercado Agrícola
Mercado agrícola em pauta 28
18Rota Nelore Provado Pecuaristas se reúnem para discutir melhoramento genético e trocar informações sobre manejo
15Comunicação como ferramenta da capacitação Construção de imagem, mídias digitais e empreendedorismo são temas de Encontro de Instrutores 2015
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Recentes invasões reascendem discussões sobre a Reforma Agrária. Foto: Larissa Melo
Ao contrário do que trouxe a matéria de capa da edição 236 – fevereiro de 2015 – da revista Campo, a mandioca não é um tubérculo, e sim uma raiz tuberosa.
Errata
Março / 2015 CAMPO | 5www.senargo.org.br
AGENDA RURAL
ENCONTROSREGIONAIS DEPECUÁRIA DE CORTE
2015
Informações:
[email protected] Telefone: 3096-2200
10/03/2015 – Goiás11/03/2015 – Porangatu 12/03/2015 – Nova Crixás13/03/2015 – Posse
17/03/2015 – Caiapônia18/03/2015 – Mineiros19/03/2015 – Itarumã20/03/2015 – Ipameri
18h às 21h10
Horário:
2º Encontro Regional de ProdutoresLocal: Centro de Cultura e Eventos de JataíAv. 31 de maio, nº 730, Setor EpaminondasHorário: das 7h às 12hInformações: 64 3632 1056
26 de março
XIII Simpósio da Cultura de FeijãoLocal: Teatro UNIMEP - Taquaral - Piracicaba/SP
Horário: das 8h às 18hInformações: 19 3429 4100
03 a 05 de março
6 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
FIQUE SABENDO
Instrutor do Senar é premiado em São Paulo
A dedicação aos cães da raça
Border Collie rendeu ao instrutor do
Senar Marcos Gonçalves de Sousa
o título de campeão da 6ª etapa do
Campeonato Paulista de Pastoreio de
Ovinos na categoria Ranch Ovinos.
As provas foram realizadas na Fa-
zenda Oroite, no município de Inúbia
Paulista, em São Paulo.
O treinador e professor competiu
com o cão Chian Boiadeiro, que o
acompanha nos cursos do Sena Goi-
ás. Marcos explicou que o principal
treinamento do cão campeão foi a
lida do dia a dia. Instrutor do Senar
desde 2012, ele já trabalha com a
raça de cães pastores há 11 anos.
“A premiação é um presente mui-
to grande, principalmente, por ter
sido recebida na Fazenda Oroite, que
é referência em border collie desde
1993 e é a pioneira em treinamento
dessa raça para o pastoreio”, come-
morou Marcos. Para o instrutor, que
participou pela primeira vez de uma
competição, o título é um incentivo à
profissão e à participação em novos
torneios.
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Presente massivamente em to-
dos os jornais do Brasil, a questão o
uso da água também é tema do livro
“Mudanças Climáticas e Você”, de
Genebaldo Freire Dias. Com discurso
crítico e também científico, o autor
discorre sobre os desafios da huma-
nidade em atuar de modo a promo-
ver o desenvolvimento e preservar os
recursos naturais. Dias usa o modelo
da crise hídrica para discutir como a
atuação humana é dependente dos
fenômenos naturais. O autor co-
menta que, o Brasil, 75% da energia
elétrica brasileira é dependente das
chuvas, graças ao sistema de hidro-
elétricas. Genebaldo considera que
essa condição pode gerar perda de
alimentos e até comprometer a segu-
rança alimentar do país. Genebaldo
Freire Dias é doutor em Ecologia e
já publicou 19 obras sobre a temática
ambiental.
Mudanças Climáticas
PESQUISA
REGISTRO ARMAZÉM
Brasil e Reino Unido estudam combate a pragas do milhoA Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia e o Instituto de Pesqui-sa de Rothamsted, do Reino Unido, iniciaram um novo projeto de pesqui-sa sobre o monitoramento e controle da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), entre outras pragas do milho. O objetivo específico do es-tudo é compreender sinais químicos entre insetos e plantas, monitorar essa comunicação e, por consequência,
controlar a infestação das lavouras. O início da pesquisa utilizará “plan-tas sentinelas”, ou seja, aquelas que possuem maior capacidade de defesa induzida pelo ataque das pragas, além de liberar sinais capazes de atrair ini-migos naturais de combate à lagarta. A proposta é reunir, em uma mes-ma lavoura, plantas com capacidade natural para repelir e atrair insetos--praga, impedindo sua reprodução. An
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8 | CAMPO Março / 2015
Flávio Françaé analista de mercado, consultor em Agribusiness e diretor
da França Junior Consultoria
E a safra recorde?Michelle Rabelo | [email protected]
Laryssa Carvalho | [email protected]
Revista Campo: Além da estiagem e a estagnação do mercado, os preços baixos têm deixado os produtores temerosos. O que se pode esperar para o mercado da soja em 2015?
Flávio França Júnior: Para a soja, em 2015, o cenário é mais conser-vador, uma vez que estamos enfrentando preços internacionais abaixo da média, onde há uma oscilação do bushel variando em torno dos US$ 10,00 - valor este menor do que o padrão médio de US$ 13,00 dos últimos cinco anos. Essa diminuição do valor internacional tem a ver com a recuperação dos estoques norte-americanos nessa temporada atual. Então, isso traz para o mercado interno uma formação de preços mais conservadora do que a vista nos últimos anos, onde víamos no Brasil preços altos desde 2012 até o 1º semestre de 2014, enquanto que o mercado americano e mundial sofria com a escassez. Portanto, esse perfil conservador limita a formação de preços no mercado brasileiro. Nesse momento, estamos tendo perdas por conta do preço da Bolsa de Chicago, mas a variação no patamar do câmbio, para um valor mais alto, tem feito com que ainda se consiga obter preços remuneradores no caso da soja. Este deve ser o padrão para o ano
de 2015.
Depois da peripécia de São Pedro, da crise que atin-ge, em cheio, o mercado internacional e da queda dos preços devido à alta dos estoques, uma per-gunta ronda todas as pro-priedades que vivem do cultivo de grãos: e a tão prometida safra recorde? Para responder a pergun-ta e analisar o mercado agrícola, o analista Flávio
França é o entrevistado da Revista Campo neste mês. Aqui ele fala sobre a pro-dução de milho e soja dos Estados Unidos e explica porque a Bolsa de Chicago ainda influencia tão forte-mente a economia mundial. Além disso, aborda temas como a nova economia bra-sileira e a importância do planejamento neste atual cenário. Confira na íntegra.
Março / 2015 CAMPO | 9
Revista Campo: No caso do milho, as perdas são mais pontuais já que as regiões de cultivo desse tipo de cultura em Goiás são mais específicas. O que se pode esperar para o mercado do milho em 2015?
Flávio França Júnior: Em comparação com a soja, que ano passado teve perdas expressivas e ainda não definitivas, o caso do mi-lho é diferente: as perdas não foram tão grandes justamente pelo fato de a safra deste tipo de cultura ser me-nor. A maior safra de milho é a de inverno, a que está vindo nos próxi-mos meses. A princípio, o cenário do mercado de milho para 2015 apre-senta uma variação entre razoável e bom, pois, existe a possibilidade de melhora nos preços internacionais em relação aos níveis atuais, já que, possivelmente, a área de cultivo de milho nos Estados Unidos, em 2015, será menor. Além disso, a redução da safra no mercado brasileiro, em cerca de 2 a 3 milhões de toneladas em relação ao ano passado, é con-siderada como uma boa perspectiva de consumo interno e uma razoável expectativa de consumo externo. Então se trabalharmos bem este atual cenário creio que teremos pa-drões médios de preços bem meno-res que os do ano passado.
Revista Campo: Ainda dá para manter as previsões de uma safra recorde?
Flávio França Júnior: Sim. A estimativa para esse ano é uma sa-fra de 93,5 milhões de toneladas, contra um total de 86,8 milhões no ano passado. Apesar das perdas se-veras em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Baia e, principalmente, Piauí, ainda se está colhendo uma safra grande nos três maiores estados produtores, Paraná, Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. Somado a isso, com o aumento de cerca de 5% na área de cultivo de soja em todo o Brasil, houve aumento na safra, apesar de as perdas contabilizadas nesse momento serem de cerca 3,5 milhões de toneladas, uma expecta-tiva inicial de cerca de 97 milhões de toneladas caiu para 93 milhões ao todo.
Revista Campo: Após as elei-ções, a desvalorização do real foi importante para elevação dos pre-ços de soja e milho no mercado interno brasileiro, o que garantiu preços mais remuneradores. Como o produtor pode se preparar dian-te destas novas condições (e do novo governo)?
Flávio França Júnior: O câm-bio está sendo a principal variável de sustentação dos preços nessa atual temporada e não há dúvida de que isso perdure até o final do ano. O aumento e a firmeza do dólar no mercado internacional são favorá-veis para a elevação da taxa de câm-bio no Brasil. Outro fator é a dete-rioração das finanças brasileiras e o aspecto político do país. O câmbio continuar alto e por conta disso po-derá acontecer uma “guerra” entre o governo, que irá tentar manter as taxas de câmbio baixas, e o merca-do querendo a elevação dessa taxa. O governo precisa estimular a taxa, uma vez que o câmbio é altamente inflacionário e o governo vive uma briga eterna contra a inflação.
Revista Campo: Existem meios para que o produtor se prepare para o ano de 2015, conforme você citou acima?
Flávio França Júnior: Primei-ramente, o produtor deve ficar aten-to a essa variação cambial, uma vez que não ficará fixo durante o ano todo, havendo oscilações. Essa va-riação é muito significativa para a formação de preço, por isso o pro-dutor deve acompanhar atentamen-te o mercado para aproveitar os picos que o câmbio oferecer e reali-zando média de preços. Se uma alta
de câmbio estiver acontecendo ao mesmo tempo de uma possível alta da bolsa de Chicago, a situação é melhor ainda. A ideia é aproveitar os momentos de alta de preços fa-zendo médias.
Revista Campo: Qual é a prin-cipal orientação para o produtor em relação à comercialização des-ta e da próxima safra de grãos?
Flávio França Júnior: Uma coisa que vale para qualquer ano, tanto de altas expectativas quanto baixas, é o acompanhamento que o produtor deve fazer em relação a formação de preços, para aproveitar os picos de preços. Grosso modo, é isso que o produtor tem feito nos últimos anos. O produtor brasilei-ro é o melhor do mundo em termos tecnológicos e de conhecimento da porteira pra dentro. O que ele preci-sa agora é um choque de capacita-ção, para melhorar da porteira para fora, já que melhorará seu nível de comercialização. Se o produtor não pode realizar o gerenciamento da administração da comercialização, que coloque isso nas mãos de um funcionário, de um filho ou se junte a outros produtores para escolher alguém preparado. Uma comercia-lização mal feita pode estragar um excepcional trabalho feito da por-teira pra dentro.
O produtor
brasileiro é o melhor
do mundo em termos
tecnológicos e de
conhecimento da porteira
pra dentro. O que ele
precisa agora é um choque
de capacitação, para
melhorar da porteira
para fora
O câmbio está sendo
a principal variável de
sustentação dos preços
nessa atual temporada
e não há dúvida de que
isso perdure até o final
do ano
10 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
MERCADO E PRODUTO
Não existe a cultura, tra-dição ou costume de se utilizar fungicidas folia-
res em cana de açúcar no Brasil. Em culturas como feijão, arroz, trigo, batata, tomate e citros, esta é uma prática tradicional. Em ou-tras, como soja, milho e algodão, a aplicação de fungicidas, que há 15, 20 anos era muito pouco uti-lizada, atualmente é uma prática já incorporada no processo pro-dutivo, com amplos benefícios para o produtor. A cana é uma cultura relativamente rústica, sendo as doenças importantes manejadas, principalmente, pela utilização de variedades resisten-tes. Utiliza-se, também, mudas sadias ou adequadamente trata-das, roguing e cultivo em áreas favoráveis. Defensivos usados em cana são herbicidas e alguns inseticidas; o controle biológico é bastante utilizado no manejo de insetos - pragas.
Os programas de melhoramen-to de cana priorizam o desenvolvi-mento de materiais genéticos com resistência satisfatória aos agentes causais de doenças viróticas (mo-saico e amarelinho), bacterianas (raquitismo e escaldadura) e fún-gicas (carvão e ferrugem marrom). Em 2009, foi constatado no Brasil
o fungo Puccinia kuehnii, agente causal da ferrugem alaranjada.
Embora a principal medida de manejo seja a resistência, exis-tem variedades que, apesar de apresentarem boas características agronômicas e industriais (produ-tividade, bom desenvolvimento em áreas com limitações eda-foclimáticas, resistência a outras pragas) permitem o desenvolvi-mento desta ferrugem. Os danos podem chegar a 25%, de acordo com experimentos e observações preliminares. Importante lembrar que o trabalho de seleção de uma nova variedade em cana leva uma média de 15 anos.
O MIP (manejo integrado de pragas) é um procedimento ado-tado em todas as culturas. Não é sustentável basear o manejo de doenças em uma ou poucas me-didas; o ideal é se utilizar o maior número possível de medidas, simultaneamente ou em sequên-cia. Fungicidas são amplamente empregados em diversos sistemas patógeno- hospedeiro. Existem fungicidas registrados e com efi-ciência satisfatória contra o agente causal da ferrugem alaranjada da cana e observações preliminares têm sido promissoras.
A cana é um cultivo agrícola
muito importante para o Brasil e mundo. A área a ser colhida na safra 2014/15, no Brasil, deve ser de 9 milhões de hectares, com produção de 642 milhões de to-neladas e produtividade de 71.3 t/ha. É necessário um choque tecnológico na cana de açúcar. Existem diversas inovações sendo disponibilizadas, como o material de propagação: utilização de mu-das no lugar dos toletes. A vinha-ça, que era um problema hoje é solução! No Estado de São Pau-lo não se utiliza a queima como método de colheita nas áreas me-canizáveis desde o ano de 2014. É insustentável continuar com os mesmos processos de produção.
Entre estas novas tecnologias, a utilização de fungicidas deve ser analisada com muita atenção e sem preconceitos. Se em quase todos os demais cultivos é uma ferramenta importante e, em al-guns casos, indispensável, pode ser bastante útil nesta nova fase de cultivo da cana no Brasil. Cer-tamente, com o surgimento de formulações de fungicidas cada vez mais apropriadas, melhorias na tecnologia de aplicação, posi-cionamento adequado do produto durante o ciclo da cultura e condi-ções ambientais será possível.
Cana, ferrugem alaranjada e fungicidasJosé Otavio Menten | [email protected]
José Otavio Menten
é engenheiro agrônomo,
diretor financeiro do
Conselho Científico para
Agricultura Sustentável
(CCAS), vice-presidente da
Associação Brasileira de
Educação Agrícola Superior
(ABEAS) e professor
associado da ESALQ/USP
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Março / 2015 CAMPO | 11www.senargo.org.br
AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
PORANGATU
NIQUELÂNDIA
A nova diretoria do Sindicato Rural de Porangatu foi empossada no último dia 23 de janeiro. A cerimônia contou com a presença do primeiro vice-presidente institucional da Faeg e presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) de Goiás, Bartolomeu Braz Pereira, e do presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Maurício Velloso. Na ocasião, Gustavo Dourado assumiu a presidência, acompanhado por sua diretoria, que irá administrar o sindicato pelos próximos três anos.
O Sindicato Rural de Niquelândia, em parceria com a Fazenda Forquilha/ Votorantim Metais, realizou entre os dias 19 e 21 de janeiro mais uma edição do curso de Vacinação do Senar Goiás. Organizado pela mobilizadora Ana Cláudia Santos e realizado pelo instrutor Alderi Cavalcani, o curso contou com a participação de 12 trabalhadores, que aprenderam sobre a manipulação e cuidados com seringas e agulhas, noções básicas de brucelose e aftosa, medidas preventivas e sanitárias, aplicação de medicamentos, entre outros temas. (Colaborou com a nota: Dirceu Borges, zootecnista e supervisor regional do Senar Goiás)
Nova diretoria
Vacinação
PIRANHAS
Foi realizado entre os dias 7 e 11 de julho o treinamento de Inseminação Artificial na Fazenda Raiz da Serra, no município de Piranhas. Ao todo, sete produtores participaram do curso promovido na propriedade de Edmar Duarte, sob a instrução de Héricles Zotelli de Oliveira e a mobilização de Rafael Almeida. Durante o treinamento, os participantes aprenderam sobre as vantagens e as limitações da técnica, métodos de segurança no trabalho e conceito e história da inseminação artificial. O treinamento teve duração de 40 horas. (Colaborou com a nota: Rafael Almeida, mobilizador do SR de Piranhas).
Inseminação Artificial
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ARAGUAPAZ
Entre os dias 02 e 04 de fevereiro, o Sindicato Rural de Araguapaz realizou o curso de Piscicultura ministrado pelo instrutor Vyctor Guarnniery. O treinamento que ensina, entre outros assuntos, sobre preparação de viveiros, recria, sistema de cultivo e qualidade da água, foi acompanhado pela supervisora regional Ana Paula Borges.
Piscicultura
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ivoFIRMINÓPOLIS
Produtores do município de Firminópolis também contam agora com a atuação do presidente do Sindicato Rural à frente da Câmara Municipal. Enoc David Tavares tomou posse no último dia 9 de janeiro como presidente da casa legislativa por um ano. Entre as prioridades da sua gestão está a recuperação de pontes destruídas em estradas vicinais, além da construção de banheiros públicos na cidade. O gerente sindical da Faeg, Antelmo Teixeira, prestigiou a cerimônia.
Presidente da Câmara Ar
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12 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
RIO VERDE
Em parceria com a Usina Jalles Machado, o Sindicato Rural de Goianésia realizou o treinamento de Operação e Manutenção de Tratores Agrícolas entre os últimos dias 19 e 21 de janeiro. O coordenador técnico do Senar Goiás Leonnardo Cruvinel Furquim e o supervisor regional da instituição Dirceu Borges acompanharam parte das atividades do curso, ministrado pelo instrutor Silvio Martins Pires.
No último dia 5 de fevereiro, o Sindicato Rural de Rio Verde realizou cerimônia inédita de premiação local do Programa Agrinho. A equipe do sindicato reuniu 12 professores e dez alunos participantes do concurso no município para homenageá-los por seu envolvimento e compromisso com a educação ambiental e a cidadania. O presidente do sindicato, Walter Baylão, considerou que a cerimônia é uma forma de valorizar e incentivar o trabalho de educadores e estudantes. “Vamos mostrar para as crianças e adultos o que temos de bom em nosso país. É preciso investir na preservação de nossas nascentes e das matas, pois as consequências estão cada vez mais próximas”, declarou o presidente. (Colaborou com a nota: Fabiana Sommer, assessora de comunicação do SR de Rio Verde).
GOIANÉSIA
Tratores Agrícolas
Premiação local do Agrinho
BELA VISTA
O Sindicato Rural de Bela Vista realizou, entre os dias 26 e 29 de janeiro, o módulo de confecção de peças em buriti do Programa ProArte, realizado pelo Senar Goiás. O treinamento foi organizado pela mobilizadora Auriluce da Cruz Magalhães e realizado pela instrutora Elza Maria Moreira. A coordenadora do programa do Senar, Samantha Leandro, participou da ação.
ProArte
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ALEXÂNIA
Em busca de reunir produtores de leite interessados em
melhores resultados na produção, o Sindicato Rural de
Alexânia realizou, no último dia 26 de janeiro, o primeiro
encontro do Goiás Mais Leite - Metodologia Balde Cheio
no município. Os produtores puderam tirar dúvidas sobre o
programa e receber orientações do supervisor regional do
Senar Goiás Dirceu Borges e do consultor do Goiás Mais
Leite, Carlos Eduardo Carvalho. O produtor Rafael Silva
Lima foi o anfitrião que recebeu produtores e técnicos em
sua propriedade. (Colaborou com a nota: Dirceu Borges,
zootecnista e supervisor regional do Senar Goiás)
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Goiás Mais Leite
Março / 2015 CAMPO | 13www.senargo.org.br
CABECEIRAS ALEXÂNIA
ANÁPOLISNOTA DE FALECIMENTO
O instrutor do Senar João Bosco de Sousa ministrou, entre os dias 2 e 5 de fevereiro, mais um curso de Solda Elétrica no município de Cabeceiras. Realizado em parceria com o Sindicato Rural na Fazenda Três Pinheiros, o treinamento foi acompanhado pelo supervisor regional do Senar Dirceu Borges. Além de técnicas de utilização de máquinas e equipamentos, os participantes aprenderam sobre segurança no trabalho, preservação do meio ambiente e uso de EPI’s.
O instrutor Marcos Mamprim ministrou entre os dias 26 e 28 de fevereiro o curso de Operação e Manutenção de Colheitadeiras Automotrizes em Alexânia. Realizado pelo Sindicato Rural em parceria com o Senar Goiás, o curso reuniu 15 participantes que aprenderam sobre sistemas elétricos, hidráulicos e de descarga, coletores, transportadores e instrumentos de comando de colhedora, entre outros assuntos.
No dia 8 de fevereiro, tomou posse a nova diretoria do Sindicato Rural de Anápolis. Liderada por Pedro Olimpio Neto, a nova equipe dirigirá o sindicato até 2018. O novo presidente elogiou a antiga gestão e os rumos seguidos pelo sindicato. “Assumi o sindicato em condições financeiras e administrativas muito boas. O senhor José Caixeta, que deixou o cargo, realizou muito pela formação profissional e pretendemos investir ainda mais nisso, com ajuda da Faeg e do Senar”, projetou Pedro Neto, que avalia que ainda falta mão de obra qualificada para as atividades rurais na região.
Com extremo pesar, a Faeg comunica o falecimento do presidente do Sindicato Rural de São João da Paraúna, Marcos Antônio Guerra. A Federação, bem como o Senar Goiás e todo o sistema sindical, são gratos por todos os anos de dedicação desse grande defensor do produtor e do trabalhador rural, que deixou família e amigos.
Solda Elétrica Colheitadeiras Automotrizes
Nova equipe Marcos Antônio Guerra
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Faeg
14 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
ENCONTRO DE INSTRUTORES 2015
Em Caldas Novas, Senar Goiás debatecomunicaçãoPara especialistas, forma como o produtor é visto precisa ser reavaliada
Michelle Rabelo | [email protected]
Com um time de peso, cerca de 200 instrutores do
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás
(Senar Goiás) estiveram reunidos no Hotel do Servi-
ço Social do Comércio (Sesc), em Caldas Novas, para trocar
experiências e debater formas de melhorar a comunicação
com a entidade, com os capacitados e com os outros instru-
tores. Trata-se do Encontro de Instrutores 2015, que durou
três dias e objetivou capacitar ainda mais o corpo técnico
da entidade para que o serviço prestado se destaque com
mais qualidade. Falando para os instrutores: o consultor, Pau-
lo Crepaldi, a comentarista da Globo News, Cristiana Lobo
e o ex-colunista da Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein.
Larissa Mello Laris
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Laris
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José Mário Schreiner falou sobre a importância do papel dos instrutores
Paulo Crepaldi apresentou a forma como a sociedade enxerga o produtor rural
Cristiana Lobo destacou o poder das mídias sociais na troca de informações
Março / 2015 CAMPO | 15www.senargo.org.br
car. “Não só a qualidade e a produti-vidade que importam. A comunicação precisa ser melhorada nessa categoria”, pontua Paulo. Para Crepaldi, o instrutor está na base da pirâmide – em conta-to pessoal com o produtor - e tem um papel importante no momento de mos-trar ao homem do campo a necessida-de da criação de uma nova imagem.
Mídias sociais
“Hoje o conhecimento está em
nossas mãos, disponível, ao alcance
de qualquer um. É preciso saber usar
esse conhecimento de maneira estraté-
gica”, disse a jornalista Cristiana Lobo.
A comentarista falou sobre o poder das
mídias sociais na troca de informações
e na busca por mais conhecimento.
Goiana e formada em Jornalismo
pela Universidade Federal de Goiás
(UFG), Cristiana bateu fortemente na
questão da divulgação do amor pelo
o que se faz. “Quem tem sua rede
social pode compartilhar lá informa-
O presidente do Conselho Admi-
nistrativo do Senar Goiás e da Federa-
ção da Agricultura e Pecuária de Goiás
(Faeg), José Mário Schreiner, deu as
boas vindas aos presentes e fez questão
de falar sobre o papel dos instrutores.
“Quando eu olho para cada um de vo-
cês me lembro do quanto já fizemos,
mas também do quanto ainda temos
para fazer. A instrutoria muda vidas,
dá esperança a quem vive no campo e
quer viver dele. Essa oportunidade que
estamos tendo, de discutir melhorias
na transferência do conhecimento e na
capacitação é valiosa demais”, disse.
Para o superintendente do Senar
Goiás, Eurípedes Bassamurfo, é preci-
so que todos os envolvidos no Sistema
Faeg e no Senar - o que inclui instruto-
res, dirigentes sindicais, mobilizadores,
coordenadores - unam forças em prol da
criação de uma comunicação eficien-
te. Ele falou também sobre a nova missão
do Senar Goiás, que além de continuar
com a sua característica técnica desta-
ca o lado social do homem do campo.
Produtor: um homem do bem
O primeiro palestrante foi Paulo Crepaldi, que trouxe informações sobre como a sociedade enxerga o produtor rural. Além disso, ele também abordou a forma como o próprio homem do campo se vê. Para isso, apresentou o re-sultado de uma consultoria de compor-tamentos feita junto a produtores ru-rais, jornalistas e à população em geral.
“O que fizemos foi entender compor-
tamento humano. E entender, acima de
tudo, como nasceu essa imagem de que
o produtor rural é muito bom na lida, no
trabalho... mas fraco no conhecimento.
Essa ideia vem desde os tempos colo-
niais. O problema é que essa imagem
nunca foi mudada. A tecnologia chegou,
o termo agronegócio foi criado, mas o
produtor continuou sendo visto assim”.O trabalho feito para o Sistema
CNA e Senar aponta que além de gerir o negócio, o produtor rural precisa criar um conteúdo significativo e se comuni-
Laris
sa M
ello
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encontre na internet”, disse na intenção de instigar o público. “Mas, na internet, não há a experiência que vocês - ins-trutores - trazem consigo”, completou. Para Gilberto, o capital humano tem um valor muitas vezes não estimado
por muitos, mas que ultrapassa bar-reiras e, se valorizado, transforma ins-trutores em empreendedores do saber.
Falando sobre a característica em-preendedora, Gilberto chamou aten-ção para a parcela de paixão e resili-ência deste processo. “Um corpo leva uma batida e volta para o mesmo lugar. O empreendedor, quando acre-dita no que faz, apanha e volta para o mesmo lugar. É preciso gostar do que se faz e fazê-lo com vontade”.
No caso da instrutoria, Gilberto pontuou o fato de que muitas vezes o profissional vai encontrar dificuldades no caminho, seja com a turma e com a estrutura disponível para o curso, seja com as recompensas conquistadas du-rante ou após o término dos treinamen-tos. “O bom empreendedor transforma um problema em uma solução. Ele trabalha com pouco e faz muito. Hoje eu estou aqui para incentivar vocês a continuarem, principalmente diante do Senar Goiás - uma rede de apoio que transforma sonhos em realidade”.
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ANUNCIO 21X15CM-am.pdf 1 19/02/2015 17:34:26
Gilberto Dimenstein destacou a experiência dos instrutores
Laris
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elloções que mostrem a importância do
papel do produtor. Essa comunica-ção precisa ser ampliada, melhorada, aprimorada e se preciso simplificada. Mas antes disso, precisamos acreditar no que se faz. O marketing pessoal é muito melhor quando é real”, disse.
Comunicação empreendedora
Finalizando o evento, o ex-colunista
da Folha de São Paulo, Gilberto Dimens-
tein, debateu formas mais assertivas de
comunicação dentro da instrutoria e
do repasse de conhecimento. “Saber
se comunicar no mundo contemporâ-
neo é fundamental”, disse. O jornalista
começou sua apresentação falando so-
bre “uma arma maior do que qualquer
tecnologia existente: a experiência”.
“Não há nada que você tenha apren-dido de relevante na vida que você não
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ENCONTRO
Goiás sedia 1ª edição da Rota Nelore ProvadoEvento que passou por quatro municípios reuniu pecuaristas e profissionais que discutiram manejo e melhoramento genético
Kamylla Rodrigues | [email protected]
Especial para a Revista Campo
Encontro teve como objetivo troca de experiências entre neloristas
Laris
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ello
Goiás sedia 1ª edição da Rota Nelore Provado
A ideia surgiu de um grupo de pecuaristas com o mesmo interesse:
melhoramento genético. De uma conversa informal no Facebook,
a primeira Rota do Nelore Provado foi concretizada. O Estado de
Goiás, um dos principais fornecedores de carne bovina do País, foi o primei-
ro destino do circuito, que permitiu a divulgação dos trabalhos dos produ-
tores e a troca de informações sobre o manejo. O evento foi realizado entre
os dias 26 e 29 de janeiro e visitou os municípios de Rio Verde, Itapirapuã,
Britânia e Nova Crixás.
Mais de 50 criadores, pesquisadores, consultores, técnicos, zootecnistas e
assessores pecuaristas de Estados como Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e o anfitrião Goiás, participa-
ram das reuniões. “Nós passamos o dia nas fazendas visitando o gado e
conhecendo o trabalho de cada criador. A intenção é gerar uma discussão
a respeito dos acasalamentos dirigidos realizados nas propriedades, anali-
sando as progênies dos mais diversos touros da raça Nelore do mercado”,
disse o idealizador da Rota Nelore, José Roberto Silveira, conhecido como
Robertinho e proprietário da Silver Assessoria Pecuária.
José Roberto acredita que o cir-
cuito de visitas permite que
cada criador obtenha informa-
ções novas e aplique nas fazendas.
“Cada pecuarista trabalha de uma
determinada maneira e muitas ve-
zes, essa maneira fica oculta. Com
a divulgação dos trabalhos, os par-
ticipantes fazem um comparativo e
levam as experiências para dentro
do rebanho, podendo melhorá-lo
e consequentemente, aumentar os
lucros”, completou.
Kal Barros, um dos mais novos
pecuaristas com foco na criação de
Nelore Puro de Origem (P.O.) em Ma-
carani, na Bahia, veio até Goiás bus-
car informações do que os produto-res do Estado têm feito. “Nós temos bons resultados na Bahia, mas nota-
mos um trabalho diferenciado aqui.
Essa troca de conhecimento permite
que cada criador trace seu perfil e
atenda às necessidades do merca-
do de cada região”, afirmou Kal.
Ele ainda apresentou para o gru-
po a dificuldade que teve em en-
contrar bezerros de qualidade. “De-
cidimos adquirir nosso plantel no
Tocantins e por meio dele estamos
investindo na produção de tou-
ros selecionados que vai abastecer
o mercado municipal e regional,
que anda carente”, informou Kal.
José Roberto, idealizador do evento,
adiantou que ainda não tem previsão
de quando outra edição da Rota do Ne-
lore Provado será realizada, mas, se-
gundo ele, a intenção é promover ou-
tros três reencontros ainda neste ano.
Idealizador do Rota Nelore, José Roberto Silveira acredita que circuito seja produtivo a criadores
Larissa Mello
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Rio Verde
A primeira parada do circuito do
Nelore foi na Fazenda Nova Alian-
ça, em Rio Verde. Carlos Cunha Fi-
lho, mais conhecido como Carlinho
Cunha, deu início à criação do Ne-
lore em 1942 quando adquiriu 100
novilhas de criadores da região de
Uberaba, Minas Gerais. Mais de 20
anos depois, o filho dele, Paulo Ro-
berto Cunha, registrou o 1º lote de
fêmeas e, a partir de então, pai e
filho iniciaram um trabalho de se-
leção por meio de monta natural,
utilizando reprodutores da seleção
Brumado e VR.
Com o passar dos anos, o reba-
nho aumentou e com isso, tornou-
-se necessária a melhoria genética.
“A partir daí decidimos implantar a
inseminação artificial, técnica que
permanece até hoje aliada a novas
tecnologias, como TE e FIV”, disse
Fábio Cunha, neto de Carlos e que
hoje administra a fazenda.
O trabalho de seleção de Carli-
nho Cunha foi reconhecido com
o título de Honra ao Mérito, pela
Associação Brasileira dos Criadores
de Zebu (ABCZ), na cidade de Ube-
raba/MG. Carlos Cunha firmou-se
como um dos maiores e melhores
criadores da raça Nelore do Cen-
tro-Oeste. “Não temos segredo.
O que faz nosso trabalho ser um
dos melhores é a busca constante
pela qualidade genética do plantel”,
afirmou Fábio.
Itapirapuã
A Fazenda Sucuri, em Itapirapuã,
foi uma das visitadas pelo grupo.
O proprietário, Humberto de Frei-
Britânia
Praticamente às margens do Rio
Araguaia, a Fazenda Santa Helena,
de Marcelo Marcondes, em Britânia,
foi a penúltima parada da Rota do
Nelore Provado. O pecuarista tra-
balha com gado há meio século e
passa para a terceira geração a res-
ponsabilidade de manter o nome de
peso da família na região. A criação
do gado reprodutor Nelore é recen-
te, tem apenas oito anos. Antes, a
fazenda tinha como principal ativi-
dade a criação de gado corte.
Em 1.450 hectares são criados
1.500 animais, sendo 800 deles ma-
trizes, que carregam uma genética
consistente e conhecida nacional-
mente. Todo o gado é criado a pas-
to, que, para Marcelo, é fundamen-
tal para a adaptação futura de seus
reprodutores na fazenda de seus
clientes.
Por meio dos acasalamentos di-
rigidos, auxiliado por ferramentas
modernas, a Fazenda oferece repro-
dutores diferenciados e adaptados a
realidade brasileira. “Escolhemos o
tas Tavares, falou do trabalho com
o Nelore Provado e a forte seleção.
“Focamos muito na importância de
produzir um animal sem defeitos.
Touros que precisam ter aprumos
perfeitos, linha de dorso e que não
podem ter problema de despigmenta-
ção. Os animais precisam ter aparên-
cia de macho”, afirmou Humberto.
Além disso, a fazenda investe em
características economicamente im-
portantes. “O ganho de peso, ferti-
lidade, carcaça, musculatura, entre
outros, são fundamentais. Mesmo
nos acasalamentos dirigidos é im-
possível acertar 100%, mas descar-
tamos pesadamente aqueles animais
que não atendem a esse fenótipo. A
gente não pode admitir entregar ao
mercado um produto que não tenha
garantia total, porque ele está carre-
gando a nossa marca que é o nosso
nome”, ressaltou.
A criação do gado Nelore P.O. na
Fazenda Sucuri começou em 1991 e
o interesse pelo gado surgiu como
uma obrigação. “Meu sogro morreu
e deixou a fazenda para as filhas.
Como eu era o único genro, acabei
sendo empenhado para dar anda-
mento nos negócios dele”, contou.
Hoje, o engenheiro civil não se arre-
pende. Apesar da profissão não ser
ligada diretamente com a atividade
pecuária, ele utiliza os conhecimen-
tos da faculdade. “Eu descobri que
era possível dar números ao desem-
penho de entidades biológicas e
quando comecei a criar o gado eu
apliquei esses ensinamentos. Hoje
minha primeira paixão é aplicada
naquela que se tornou a minha se-
gunda: o gado” acrescentou.
Marcelo Marcondes, de Britânia, possui mais de 1.500 animais, sendo 800 matrizes
Larissa Mello
20 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
reprodutor com as melhores carac-
terísticas e fazemos o acasalamento
dirigido com a vaca mais adequa-
da”, explicou.
Por isso, segundo ele, o plantel é
marcado por touros rústicos, fun-
cionais, precoces e com consistên-
cia genética. “A prioridade é pro-
duzir touros de alta performance a
pasto, preservando as característi-
cas raciais, fundamentais para a
funcionalidade da raça Nelore, bus-
cando sempre animais equilibrados
e de consistência genética”, disse.
Nova Crixás
Uma das presenças ilustres da
Rota do Nelore foi Adir do Car-
mo Leonel, conselheiro da ABCZ.
Proprietário da Fazenda Barreiro
Grande, em Nova Crixás - o último
destino do evento -, Adir se espe-
cializou na criação de gado exten-
sivo atendendo o ciclo completo da
pecuária de cria, recria e engorda.
“Isso que está acontecendo aqui
é um esclarecimento, uma escola,
uma aula. Leia-se sem fins lucrati-
vos, mas esses novos conhecimen-
tos que todos adquirirem aqui vai
gerar lucro. Precisamos de mais
circuitos como esse para aprimorar
nossa técnica e transformar o mer-
cado da região”, ressaltou.
Larissa Mello
Uso de bioclimatologia pode enxugar
gastos
O touro Jallad FIV da 2L, um dos reprodutores utilizados pela Fazen-da Santa Helena chamou a atenção do zootecnista Rodrigo Bertazzo, doutor e mestre em melhoramento
genético animal. “É um exemplo de
zebuíno que se adapta a ambientes
distintos sem necessitar de inves-
timentos em manejo e estrutura,
diminuindo os gastos da fazenda,
até porque, apesar de os valores da
arroba terem melhorado, a margem
ainda é estreita”, afirmou.
Aliado a busca por touros que in-
teragem com o ambiente em que ele
é colocado, Rodrigo afirmou que os
“Saber locar esses
animais em ambientes
específicos é a chave
para achar os animais
mais rentáveis e
produtivos na fazenda”
produtores devem utilizar dados so-
bre a bioclimatologia da região para
enxugar gastos. “Vários pesquisa-
dores disponibilizam dados como
proteína bruta e carboidratos no
pasto, além da fertilidade do solo
em determinadas áreas. Saber locar
esses animais em ambientes espe-
cíficos é a chave para achar os ani-
mais mais rentáveis e produtivos na
fazenda”, concluiu.
Laris
sa M
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REFORMA AGRÁRIA
Laris
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Direito à propriedade deve ser respeitadoReportagem especial explica como se dá o processo legal de desapropriação de terras
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
As inúmeras invasões de terras ocorridas recentemente em Goiás e em outros Estados da Federação colocaram novamen-te o processo de Reforma Agrária entre as principais pautas de discussões do setor. A reportagem especial da Revista Campo deste mês tem como objetivo demonstrar os principais pontos sobre as normas que regem as desapropriações de terras e ainda orientar produtores em casos de invasões das propriedades. Para tanto, buscamos informações junto ao poder judiciário, Insti-tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Polícia Militar.
A propriedade de terra é o único patrimônio é regulamentado pela constituição que deve cumprir função social e de produção. Por isso, o proprietário que descumprir as regras estabelecidas no Estatuto da Terra, datado de 1964, pode ter a propriedade declarada de interesse social e desapropriada por parte do Incra. A base para que a terra cumpra a função social é ser produtiva. Neste caso, na prática, existem dois parâmetros que devem ser atendidos pelo produtor rural: o Grau de Utilização da Terra (Gut) e o Grau de Eficiência de Exploração (GEE).
No primeiro caso, é feito um cálculo de medição da área útil da propriedade. Essa conta é feita excluindo da soma total da área o volume destinado às áreas de limitações legais como Área de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais, além das benfeitorias e estradas. Ao realizar este cálculo, o produtor consegue pinçar a área útil de sua propriedade. Desta área, a legislação rege que 80% devem ser exploradas por algum tipo de atividade.
Já dentro desta área é avaliada também a eficiência da exploração da terra, que deve ser em sua totalidade (100%). Isso signi-fica que o produtor deve seguir uma tabela estipulada pelo órgão federal. O superintendente regional do Incra em Goiás, Jorge Tadeu Jatobá, ressalta que o descumprimento da legislação trabalhista também é um dispositivo para desapropriação da terra. “Não é necessário apenas o cumprimento da legislação, tem de haver uma exploração que favoreça o bem estar, ou seja, não pode haver clima de conflito dentro do imóvel”, explica.
Mesmo dentro de uma regulamentação consolidada, como é a questão do aproveitamento adequado da terra, Jorge Tadeu
A terra deve ser produtiva e para este cálculo existem dois parâmetros: Grau de Utilização e Eficiência de Exploração
Laris
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Superintendente do Incra em Goiás, Jorge Jatobá fala sobre importância do cumprimento da legislação trabalhista
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Fred
ox C
arva
lho
Jatobá, afirma que há exceções. Ele ex-plica que isso ocorre com proprietários recentes de imóveis rurais. “Neste caso pode ser que ele não esteja cumprindo o papel social”, diz.
Neste caso, o proprietário deve en-caminhar ao Incra um projeto devida-mente registrado por órgãos responsá-veis pelo setor para que comprovem a intenção futura de exploração eficiente da terra. “Essa apresentação do projeto deve ser encaminhada logo após o ato da compra”, diz. Ele informa que, em alguns casos, proprietários apresentam o projeto após notificação de desapro-priação do órgão.
Para o presidente da Faeg, José Má-rio Schreiner é preciso ressaltar que o setor não é contra a Reforma Agrária! “Assistência Técnica Pública, financia-mento rural, infra estrutura, política de preços mínimos e armazenamento são instrumentos eficazes de Reforma Agrá-ria que podem e devem ser utilizados
para manter o homem e suas famílias no campo, garantindo progresso social e econômico. Invasão não é instrumento de Reforma Agrária. É um ato criminoso e abusivo, cometido na calada da noite por hordas de desesperados iludidos por falsos líderes, atropelando o estado de di-reito e o devido processo legal, através da violência e truculência, inaceitáveis em nossa sociedade”, completa José Mário.
“Não podemos imaginar que grupos marginais possam atropelar as leis em busca de seus interesses pessoais em de-trimento do direito da sociedade.Aceitar que essas invasões comandem as de-sapropriações o o INCRA é iniciar um processo de desmantelamento da nossa legislação, com sérias implicações na vida de cada cidadão brasileiro. Por essas razões somos defensores a proteção da propriedade em todos os seus aspectos e ao respeito aos trabalhadores rurais, a renda e a produção que alimenta nossa nação e gera exportações importantes para manter nossa balança comercial. Parafraseando Rui Barbosa, ‘porque fora da lei não há salvação’”.
Área útil Outro levantamento é que o projeto
de exploração deve contemplar toda a área útil. Ou seja, se o recém-proprie-tário adquiriu um imóvel rural com 200 hectares de área útil, não adianta apre-sentar projeto que contemple 50 hecta-
res de terra, por exemplo. Ele cita que, caso o proprietário não
tenha interesse ou mesmo recursos fi-nanceiros para explorar os 150 hectares de terra restante, o Incra pode ingressar com processo de desapropriação parcial das terras. “Se ainda o proprietário achar que não é interessante ficar somente com os 50 hectares que pretende explo-rar, podemos entrar em acordo com ele e desapropriarmos toda a área”, explica.
Segundo o assessor jurídico da Fe-deração da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Augusto Cé-sar, a orientação da entidade é para que os produtores rurais sigam as normas preconizadas pela lei. Ele ex-plica, inclusive, que embora entenda as dificuldades dos produtores rurais, como as dificuldades de mercado, fal-ta de financiamento e preço mínimo, a orientação é que a lei seja cumprida. “Se o produtor não conseguir produzir com eficiência em 80% de terra útil, deve diminuir a área e vender. O Incra, inclusive, é um comprador”, ressalta.
Características das áreas
Nem todo o imóvel rural pode ser de-sapropriado pelo Incra para fazer siste-mas de loteamento. Imóveis de pequeno e médio portes e áreas que possuem ca-racterísticas restritivas ao sistema de assen-
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Segundo o assessor jurídico da Faeg, na prática, o produtor rural deve encami-nhar, a cada dois anos, uma autodecla-ração informando as características da propriedade rural: como área, atividade explorada. “Se não for produtivo, ela é declarada de interesse social. O Incra entra em juízo para depositar o que ele determinou como valor da propriedade
Produtor deve emitir, periodicamente, autodeclaraçãode forma unilateral e o juiz autoriza a tomada de posse”, diz Augusto César.
Já de acordo com Jorge Tadeu Jatobá, a autodeclaração pode ser atualizada anualmente pelo produtor rural. “É uma espécie de Imposto de Renda para o In-cra”, diz. Ele lembra que além dessa for-ma de fiscalização, os fiscais, por meio de amostragem, podem deslocar até a propriedade. Ele informa que, sobretu-do, isso ocorre quando o proprietário fica mais de dois anos sem apresentar a declaração.
Ao observar as informações colhidas no local e verificar que a propriedade é considerada improdutiva, o proprietá-rio tem um período de até 15 dias para contrapor ao laudo. “Geralmente o pro-prietário contrata um agrônomo ou ad-
vogado”, diz Jatobá. Essa etapa pode ser prorrogada por até 30 dias, de acordo com os recursos.
Sobre o preço pago pela terra, segun-do Jatobá, o Incra busca considerar o mercado imobiliário rural da região, a ofertas de terras, o histórico das nego-ciações mais recentes, análises de repre-sentantes do mercado e até publicações em veículos especializados.
Em caso de desacordo, o assessor jurídico da Faeg diz que o proprietário rural tem direito de questionar judicial-mente a precificação da terra. “Mas não a desapropriação”, ressalta. Na prática, o produtor terá que provar por meio de laudos o valor que julga correto, en-quanto o juiz nomeia um perito para confrontar os dados.
“Prejuízo da última invasão foi de 50 cabeças de gado”, afirma produtor
A propriedade do produtor rural de Anápolis, Pedro Olímpio Neto, foi três vezes in-vadida por sem terras. A última, em 2013, eles permaneceram por cerca de 10 dias até a Polícia Militar organizar a retirada dos invasores do local. Em todas as ocasiões, diz, a forma de ocupação foi semelhante. “Eles chegam de madrugada em vários carros e motos, soltando fogos de artifício, tiros para cima e se instalam na beira do rio”, diz.
Pedro Olímpio informa que o grupo é organizado, fechando estradas vicinais de acesso. “No dia da invasão, assentados de lugares próximos vem para dar apoio. Durante a semana, eles pagam vigias para tomarem conta das barracas”, diz. O prejuízo da última invasão foram 50 cabeças de gado (para alimentar o grupo). Mas Pedro afirma que pequenos animais como galinhas, galinha d angola, cocá e pavão foram furtadas no dia da reintegração de posse. Inclusive, lembra, toras de madeiras entre outros objetos também foram saqueados da propriedade.
Pedro conta que o processo judicial da reintegração de posse é rápido, mas que de-pende da logística da Polícia Militar e da negociação da instituição com os invasores. “A negociação demora muito e, enquanto isso, eles acabam com o gado”, afirma. Um dos maiores incômodos do produtor é ter de arcar com os custos de transporte para retirá-los da propriedade com mais celeridade. “Eles chegam aqui sozinhos,
com carros e motos e depois tenho que pagar para tirá-los da propriedade”, diz.
Augusto César, assessor jurídico da Faeg explica que, se área não for produtiva, é declarada de interesse social
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tamento ficam imunes à desapropriação. Segundo Augusto César, a legislação
estabelece três tamanhos de proprieda-des. A pequena propriedade contem-pla de um a quatro módulos fiscais, a média propriedade atende de quatro a quinze módulos fiscais e não podem ser desapropriadas, desde que o dono do imóvel não possua outro bem ru-
ral. O tamanho da área de um módu-lo fiscal varia em cada município e é definida pela Receita Federal. “Só as propriedades acima de 15 módulos são passíveis de serem desapropriadas”, diz.
Jatobá afirma que são propriedades que possuem terreno muito angulado, forte escassez de distribuição de água ou extensas áreas pedregosas, o que
impede a exploração desse tipo de terra coletivamente. “Não permite que a terra seja explorada como faz o privado. O Incra teria que abrir mais estradas, não teria como possuir um sistema de dis-tribuição de água eficiente. Se o imóvel não dá condições mínimas favoráveis para o criarmos o assentamento, não fazemos”, ressalta.
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Produtor deve procurar Judiciário
O juiz de direito e ex-coordenador do Núcleo de Assuntos
Agrários e Fundiários, Eduardo Tavares, orienta o produtor
rural buscar o poder judiciário quando tiver a terra invadida,
embora a lei permita que a pessoa reintegre a terra por conta
própria. “O judiciário geralmente defere esse pedido de forma
liminar, imediata”, completando que é um processo do ponto
de vista jurídico extremamente simples.
Ele informa que o judiciário segue um procedimento padrão
e a emissão da ordem judicial é célere. Com a ordem judicial,
o comitê de gestão de crise, criado pela Secretaria de Segu-
rança Pública, buscam os envolvidos para negociar a saída da
propriedade. “Não a ordem, essa já foi dada”, ressalta o juiz. A
partir daí, são feitas reuniões para organizar a retirada de for-
ma pacífica. Caso isso não ocorra, a Polícia Militar deve tirá-
-los a força. “Em dois anos, não vi nenhum conflito real”, diz.
Mas as negociações e a organização logística da Polícia Militar
podem demorar. O juiz calcula que, na prática, a reintegração
de posse demore entre 30 dias e 60 dias.
Em relação ao pagamento do transporte dos invasores e dos
furtos mencionados pelo produtor rural Pedro Olímpio, Eduar-
do Tavares explica que o produtor não é obrigado a arcar com a
retirada dos sem terra, mas diz que os proprietários costumam
fazer para imprimir celeridade no processo. “É comum o pro-
dutor pagar, porque ele quer resgatar sua terra o mais rápido
possível”, diz. Ele explica que demoraria ainda mais conseguir
caminhões e chapas para fazer a retirada por meio do Estado.
Eduardo orienta proprietários rurais a registrarem boletim
de ocorrência em relação aos furtos e ocorridos dentro da pro-
priedade, mas durante o processo de reintegração de posse
não é o melhor momento para impedir que levem alguns ma-
teriais. “Eles aglutinam pessoas que estão no limite. É difícil
lidar com pessoas que não tem nada a perder. Eles podem
gerar conflito”, diz.
Polícia afirma que tenta desocupações pacíficas
De acordo com o coronel Edson Cos-
ta após ser emitida a ordem judicial de
desocupação ocorre a notificação e é
aguardado o prazo estabelecido pelo
judiciário. Descumprida a ordem, a Co-
missão de Conflitos Fundiários, formada
pelos representantes de oitos órgãos es-
taduais, começa a atuar na tentativa de
viabilizar o cumprimento da ordem de
uma forma pacífica. “Não sendo possí-
vel acordo que possibilite o cumprimen-
to pacífico, a comissão, após ouvir a Po-
lícia Militar, estabelece uma data limite
para a saída pacífica”, diz.
Ele lembra que a comissão não atua
no sentido de postergar o cumprimento
da decisão judicial, mas sim buscar uma
forma pacífica. Coronel Edson deixa claro que só é utilizado o emprego da força coercitiva, por meio de operação policial,
quando esgotam todas as possibilidades de retirada pacífica. “A Polícia Militar atua intervindo na mediação para operacionalizar
a logística necessária para a saída, mas no caso de necessidade de força são seguidos critérios técnicos rígidos do cumprimento
dos direitos humanos”, afirma.
Fredox Carvalho
Divu
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Juiz Eduardo Tavares orienta produtor rural a buscar Poder Judiciário em caso de invasões
Coronel Edson Costa, da PM, afirma que polícia tenta cumprir a ordem de forma pacífica
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Março / 2015 CAMPO | 27www.senargo.org.br
DIVINO ESPÍRITO SANTO
Encontro foi realizado no último mês de fevereiro, em Goiânia
Michelle Rabelo | [email protected]
Faeg recebe foliõesde Niquelândia
Ao som de muita catira, o
presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de
Goiás (Faeg), José Mário Schreiner,
recebeu, no último mês de feverei-
ro, integrantes do Império do Divi-
no Espírito Santo de Niquelândia. O
grupo veio a Goiânia com o intuito
de divulgar a Festa do Divino Espí-
rito Santo 2015 que acontece no dia
24 de maio no Santuário Matriz de
São José, em Niquelândia.
Outras quatro cidades - Brasília,
Uruaçu, Anápolis e Goianésia - se-
rão visitadas nos próximos meses
e todo o barulho é para convidar
os niquelandenses que moram em
outros municípios para a festa. Em
Goiânia, José Mário ofereceu a es-
trutura da Faeg para a apresenta-
ção e o grupo também esteve no
Palácio das Esmeraldas.
Depois das apresentações,
Schreiner agradeceu aos músicos,
foliões e catireiros e se colocou
à disposição do grupo. “Nos fi-
nais de semana eu raramente fico
em Goiânia. Costumo viajar para
o interior, ouvir as demandas, ver
como estão as plantações e con-
versar com produtores. Hoje eu fiz
questão de estar aqui para receber
vocês. Contem com o Zé Mário e
com a Faeg sempre”, disse. Na oca-
sião, se apresentaram os grupos
Catireiras do Espírito Santo e Os
Catireiros Soberanos.
Ele também fez um agradecimen-
to especial ao imperador da Festa
do Divino Espírito Santo em Nique-
lândia, Paulo Hélder Martins. “Que-
ro fazer um agradecimento especial
ao Paulinho. São mais de 12 anos
de amizade e uma jornada intensa
de trabalho”. Paulo também agra-
deceu a parceria da Faeg. “A Festa
do Divino é uma festa da roça e o
apoio da Faeg é muito importante”.
Presidente José Mário Schreiner carrega bandeira durante festa na Faeg
Laris
sa M
elo
SEMINÁRIO 2015
Fredox Carvalho
28 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
Produtor deve estar atento às oportunidades e riscos a que está exposto neste momento
Michelle Rabelo | [email protected]
Douglas Freitas | [email protected]
Mercado de grãos compõe pauta de discussões
José Roberto Brucelli e João Renato, assim como centenas de produtores goianos, ficaram atentos a tudo que era
falado por Flávio França Júnior. Os primeiros produzem soja e milho, já o segundo é analista de mercado e con-
sultor em Agribusiness. Em comum a falta de chuva, a crise no mercado internacional, os preços baixos devido
à alta dos estoques e uma das etapas mais difíceis da produção: a comercialização. Flávio esteve em oito municípios
goianos ministrando palestras durante o 6º Seminário Regional de Comercialização e Mercado Agrícola. Segundo
Flávio a palavra de ordem é planejamento. “Tem muita coisa acontecendo no Brasil: governo novo, medidas novas,
economia nova, a falta de chuva. Por isso, é importante nos planejarmos para o novo”. Fizeram parte do circuito de
palestras as cidades de Montes Claros de Goiás, Jataí, Rio Verde, Bom Jesus, Uruaçu, Formosa, Catalão e Morrinhos.
João Renato, de Montes Claros, é produtor de soja e milho
Fredox Carvalho
Março / 2015 CAMPO | 29www.senargo.org.br
As perguntas foram muitas, circu-
lando em torno da expectativa de
uma safra recorde, das variações do
mercado internacional – com pre-
ços mais baixos devido aos altos
estoques – e da fragilidade do se-
tor agropecuário junto com a falta
de chuva. “As atenções agora estão
focadas na safra norte americana,
uma vez que os prognósticos são de
aumento na área de soja. Então se
o clima colaborar significa que te-
remos mais oferta e o perfil será de
um choque por excesso de oferta,
que na verdade já vem se emendan-
do com safras passadas, com isso,
o mercado acabará ficando sem
apoio, pois mesmo com um consu-
mo forte é difícil absorver todo o
excedente”, comentou Júnior.
Durante o giro de palestras, pro-
dutores puderam discutir o atual
momento do mercado, o que inclui
o temor diante da seca e as pers-
pectivas para o próximo ano, além
de esclarecer dúvidas a respeito da
melhor forma e do momento mais
oportuno para vender a produção.
Nos eventos, o presidente da Faeg,
José Mário Schreiner, destacou a
importância de discussões em tor-
no de problemas que impactam o
setor, com destaque para o seguro
rural. “Temos que aproveitar cada
minuto para debater o atual modelo
do seguro rural, a questão da ener-
gia elétrica, o preço do combustível
e muitos tantos outros temas que
são inconcebíveis dentro da reali-
dade de gente que faz a economia
desse país girar”, pontuou.
Os eventos, resultados de uma
iniciativa da Federação da Agricul-
tura e Pecuária de Goiás (Faeg), dos
Sindicatos Rurais (SRs) e do Institu-
to Inovar, serviram como palco para
troca de experiências.
“As atenções estão focadas na safra nor-te americana, uma vez que os prognóst icos são de aumen-
to na área de soja. Então se o clima colaborar significa que teremos mais oferta e o perfil será de um choque por exces-so de oferta, que na verdade já vem se emendando com safras passadas, com isso, o mercado acabará ficando sem apoio, pois mesmo com um consumo forte é difícil absorver todo o exce-dente”, Flávio França Neto.
CriseInternacional
Fredox Carvalho
José Roberto Brucelli, de Rio Verde, se diz assustado com a estiagem
Fred
ox C
arva
lho
30 | CAMPO Março / 2015
Rafael Matias
O atual modelo do seguro rural
também foi alvo das discussões
durante os eventos, José Mário
Schreiner criticou a baixa porcen-
tagem de lavouras asseguradas,
cerca de 15% em todo o estado.
Ele apontou, ainda, que este atual
modelo representa um dos garga-
los da agropecuária rural. “Há dez
anos nós lutamos para modificar
esse modelo que não nos atende
como precisamos. Queremos avan-
çar para um modelo de seguro mais
“Há 25 anos, colhíamos
cerca de 200 sacos de milho
por alqueire. Hoje não se co-
lhe menos de 1.000 sacos no
mesmo espaço. Isso é tecno-
logia. Qual o setor da econo-
mia mundial evoluiu tanto nos
últimos anos? Eu não conhe-
ço. Por isso, a importância
de produtores informados e
prontos para cobrar o auxí-
lio do governo. Se não temos
governança sobre o clima, te-
mos que ter voz ativa nas po-
líticas públicas”, José Mário
Schreiner.
Produtores amparados
eficiente, que garanta a renda do
produtor e possa impulsionar os in-
vestimentos no setor”, explicou.
Referente à seca, José Mário fa-
lou sobre como a estiagem mostra
a fragilidade do setor agropecuário.
“De um lado somos forte, mas de
outro estamos desprotegidos. Basta
30, 40 dias sem chuva para que a
nossa riqueza fique comprometida.
Eu tenho notado isso claramente
durante minhas visitas aos quatro
cantos de Goiás. São questões que
www.sistemafaeg.com.br
Março / 2015 CAMPO | 31
Cenário goiano
Pelo segundo ano consecutivo, o
produtor rural sofre com os proble-
mas decorrentes da estiagem. Em
2013 o período de seca foi maior,
se comparado a 2014, porém não
houve grandes prejuízos devido à
temperatura que foi mais amena. A
soja, o milho e o feijão estão entre
as culturas mais atingidas pela fal-
ta de chuva em todo o estado. Por
conta do grande número de hecta-
res cultivados, mais de 3 milhões,
a soja é hoje a cultura que mais
sofre com a estiagem. Segundo o
consultor técnico para a área de
em grãos, fibras e oleaginosas do
Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural em Goiás (Senar Goiás), Cris-
tiano Palavro, o principal problema
foi o atraso no plantio e o pouco
escalonamento, causando assim
uma generalização da situação em
todo o estado. “Em si, o plantio,
que deveria ser realizado de forma
dissipada entre os meses de outu-
bro e novembro, acabou se acumu-
lando no final de outubro e início
de novembro, deixando as lavouras
praticamente no mesmo estágio
quando chegou o período de seca”.
Em Goiás, a perda estimada para
o ano de 2014, em relação ao cul-
tivo de soja, está em torno de 15%
a 20%. Segundo Cristiano, a ex-
pectativa inicial de produção para
todo o estado era estimada em 10
milhões de toneladas. “Hoje os nú-
meros se aproximam dos 8,5 mi-
lhões de toneladas, registrando
uma perda signif icativa para o
setor”, informou.
No caso do milho, Cristiano res-
salta que as perdas são mais pon-
tuais já que as regiões de cultivo
desse tipo de cultura são mais es-
pecíficas. “A seca é mais prejudi-
cial ao milho. Na época do flores-
cimento, por exemplo, a falta de
chuva deixa danos maiores, pois,
não haverá polinização e conse-
quentemente a não formação do
grão, podendo haver uma perda de
praticamente 100%”, explicou.
Os níveis de preços registrados
em Chicago, na CBOT, são os me-
nores dos últimos três anos, o que
também tem deixado os produto-
res temerosos. De acordo com o
Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada (Cepea), em
2013, nas principais regiões produ-
toras, o valor da cotação da soja
do dia 30/01/2013 era de R$60,96.
No ano de 2014, no mesmo dia, o
valor registrado foi de R$64,50. Já
em 2015, a cotação do dia 30 de
janeiro caiu para R$57,58, o menor
valor desde 2013.
“O ano de 2015 se iniciou
com medidas amargas do Go-
verno Federal, com aumento
nos preços de importantes in-
sumos, como combustíveis e
energia elétrica. Além disso,
os problemas climáticos atra-
palharam nossa produção, o
que nos leva a acreditar que
o ano de 2015 será de supera-
ção. Cabe agora aos produto-
res realizarem sua comercia-
lização de forma assertiva e
às entidades reforçarem a luta
por mecanismos de mitigação
de riscos, como o seguro ru-
ral”, Cristiano Palavro.
Busca pela sobrevivência
Larissa Melo
2015
afetam o bolso e a esperança dos
produtores”, comentou.
Além de falar sobre a dinâmica
do mercado, Schreiner fez questão
de destacar os integrantes deste
mercado. “Precisamos entender a
dinâmica do mercado, mas preci-
samos também ter consciência de
que nossas empresas produzem
com a melhor tecnologia da agro-
pecuária. Em Goiás temos os me-
lhores produtores do mundo. Vo-
cês podem bater no peito e falar:
aqui temos a melhor agropecuária
do Brasil”, comentou.
www.senargo.org.br
Soluções para um Mundo em Crescimento
Unir e beneciar agricultores, comunidadecientíca e a sociedade com informação,treinamento e capacitação.
Esta é a melhor maneira para juntospraticarmos uma agricultura responsável,produtiva e segura.
Este é o ciclo da agricultura para a vida!
® TM * Marca registrada da The Dow Chemical Company ("Dow") ou uma companhia afiliada da Dow.
eccomais.com
BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS:O CICLO DA AGRICULTURA
PARA A VIDA
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Anúncio - Revista Campo - 21 X 29 - Final 001 - 31.10.14.ai 1 31/10/14 16:58
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DELÍCIAS DO CAMPO
Cristi
ano
Ferr
eira
ROCAMBOLEDE CARNE MOÍDA À PARMEGIANA
INGREDIENTES 1 kg de carne moída5 colheres de sopa de farinha de trigo1 ovo 1 cebola média ralada(tire o excesso de água)Sal a gosto3 dentes de alho amassados 3 pimentas bode verde1 pimenta de cheiro grande1 xícara de cheiro verdeTemperos a gosto ½ kg de mussarela fatiada
*Receita enviada pelo tecnólogo em gastronomia e instrutor do Senar Goiás, Cristiano Ferreira
PREPAROColoque todos os ingredientes jun-tos com a carne e sove bem. Divida a carne em duas porções. Abra a mas-sa, coloque o recheio a gosto, enrole, passe óleo por cima e leve ao forno médio (150ºC a 180ºC) para assar.
INGREDIENTES DO MOLHO1 lata média de extrato de tomate1 lata de água5 dentes de alho amassados com sal1 cebola média cortadas em pedaços pequenos2 tomates sem pele e sem semente cortados em pedaços pequenos
3 colheres de sopa de óleo Sal a gosto
PREPARO DO MOLHO Frite bem o alho e a cebola. Quando a cebola ficar transparente acrescen-te os tomates e o extrato e refogue até os tomates murcharem. Coloque a água, abaixe o fogo, corrija o sal e deixe o molho apurar.
PARA FINALIZARQuando o rocambole assar, coloque a mussarela fatiada por cima e regue com o molho de tomate e leve ao for-no para gratinar e sirva.
Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200
Março / 2015 CAMPO | 33www.senargo.org.br
CASO DE SUCESSO
Laris
sa M
elo
Após aperfeiçoamentos, produtor alcança sucesso em Piranhas e produz mais de 400 kg por semana
A transformação ocasionada pela carne suína
João Batista transformou-se em sucesso em Piranhas ao vender carne suína
Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]
34 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br
Laris
sa M
elo
Laris
sa M
elo
“São pessoas sérias, que ajudam os produtores a fazer de um limão uma li-monada”. Foi com entusiasmo e com pa-lavras de agradecimento que João Batis-ta Oliveira, 54, contou a sua história e a transformação que os cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás proporcionaram à sua vida. Decla-rando que sua produção de carne suína “sai muito bem” em Piranhas, cidade localizada a 310 km de Goiânia e com pouco mais de 11 mil habitantes, Batista fez as contas e afirmou que consegue produzir 400 kg por semana, mantendo sempre 10 a 16 suínos em sua chácara para não correr o risco de não encon-trar o animal para comprar no mercado.
Entre os cursos realizados pelo pro-dutor, um dos que mais contribuíram para o aperfeiçoamento de sua produ-ção foi o de Transformação Caseira de Carne Suína, com carga horária de 24 horas. Entretanto, o que motivou a fa-zer o curso foi a base obtida em outro treinamento. “Eu fiz diversos cursos do Senar, como de cerca elétrica, manejo de pastagens e construção de cercas. Como já tinha feito o de Embutidos e Defumados, resolvi aperfeiçoar ainda mais o que aprendi com o treinamento de Carne Suína”, explicou João Batista.
Durante o treinamento, Batista aper-feiçoou técnicas de higiene pessoal e do ambiente de trabalho, compreendeu a importância do aproveitamento e proces-samento correto dos alimentos, apren-deu a construir e montar defumadores e a fazer o processamento de linguiça, bacon, toucinho, lombo e do Kit Feijo-ada. Além disso, João Batista também aprendeu técnicas de comercialização, fato que auxiliou na disseminação da qualidade do seu trabalho no município.
O produtor, que nasceu em Caiapônia, mas que mudou-se cedo para Piranhas, afirma que trabalha no campo desde a infância com gado de leite e de cor-te. Já com suínos, o produtor começou a investir em 2013, ano em que fez o treinamento sob a instrução de Paulo Fernando da Silva, o Marruco, instru-tor do Senar desde 2010. Batista afir-ma que o aprendizado obtido durante o
curso contribuiu significativamente para a melhoria de sua produção. “No trei-namento aprendi a aproveitar melhor a matéria-prima, a utilizar com mais quali-dade os temperos e a realizar o trabalho comercialmente”, relata. Dessa forma, o produtor consegue comercializar qua-se todo o suíno abatido, seja vendendo apenas a carne ou preparando linguiças.
Barreiras a serem superadas
Preocupado com a qualidade do pro-duto que comercializa, João Batista revela que encontra apenas um proble-ma na produção da carne: encontrar mão-de-obra responsável. Segundo o produtor, o trabalho exige cuidado por se tratar de um material perecível e o manuseio de maneira inadequada pode causar problemas para o negócio de Batista e à saúde dos consumidores. “O problema que encontro é o medo que tenho em contratar mão-de-obra que comprometa o que construí até agora. Felizmente, estamos ‘criando’ nosso nome na cidade, mas um erro pode colocar tudo a perder”, comenta.
Por conta de sua preocupação com o manejo da carne, João Batista traba-lha sozinho e afirma que não vende o produto para outros municípios justa-mente por não contar com ajuda. “En-frento problemas de coluna e no aba-te do porco porque não acredito em qualquer pessoa para abater e trazer o animal até a minha mesa. Sou mui-to chato nesse aspecto. Por isso, tenho preocupação de crescer e não conseguir atender a todas as demandas”, explica.
Atualmente, o produtor comerciali-za seus produtos no atacado e no va-rejo apenas em Piranhas. Batista afirma que já tem uma boa clientela e divide os méritos do sucesso com os profissio-nais do Senar Goiás. “A entidade tem programas sérios e que sempre ajudam os produtores a crescer. Sempre se-rei agradecido pelos ensinamentos dos profissionais que dedicam seu tempo em ensinar o trabalhador a crescer.”
Linguiça, torresmo, banha de porco... Batista aproveitou treinamento para aperfeiçoar a produção
No treinamento aprendi
a aproveitar melhor a
matéria-prima, a utilizar
com mais qualidade os
temperos e a realizar o
trabalho comercialmente
“
”
Os interessados em cursos e treinamentos do Senar,
em Goiás, no município de Piranhas devem entrar em
contato com o Sindicato Rural pelo telefone (64) 3665-1596.
Março / 2015 CAMPO | 35www.senargo.org.br
EM FEVEREIRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
4.231PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
27 162 07 0 09 09 112 21 24 02 02 03 27 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
*Cursos promovidos entre os dias 26 de janeiro e 25 de fevereiro
CURSOS E TREINAMENTOS
Gilmara Roberto | [email protected]
Profissionalização em cultivo milenar
EM FEVEREIRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
4.231PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
27 162 07 0 09 09 112 21 24 02 02 03 27 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
*Cursos promovidos entre os dias 26 de janeiro e 25 de fevereiro
Para se posicionar como o maior produ-
tor de cana-de-açúcar do mundo o Brasil
precisou não só de uma história marcada
pelo cultivo da planta, mas também de in-
vestimento em capacitação profissional e
tecnologia.
Em atenção às demandas contínuas de
seu cultivo, cujos primeiros registros datam
de mais de 10 mil anos, o Senar Goiás ofe-
rece cinco treinamentos para profissionais
que atuam no segmento da cana, nas áreas
manuais ou mecanizadas.
No treinamento de Apontamento de
Cana, o trabalhador aprende a forma corre-
ta de realizar o corte manual da planta para
o melhor controle da produção. A capacita-
ção em Plantio Manual, por sua vez, orienta
o trabalhador quanto ao espaçamento en-
tre os sulcos para o plantio, quanto à sua
densidade e à melhor época para iniciar a
lavoura. O produtor pode também aprender
sobre os tipos de corte, avaliação de perdas
da operação manual, além de estratégias
em ganho de produção, no treinamento de
Corte Manual de Cana.
Produtores e trabalhadores rurais podem
também aprender como usar o fogo na pro-
dução e no manejo de atividades agropas-
toris da cana. O participante aprende, entre
outros assuntos, sobre os cuidados antes,
durante e após a queima da planta a ser re-
alizada em espaços previamente limitados.
Em Plantio Mecanizado de Cana-de-
-açúcar, o trabalhador aprende também
sobre limpeza, lubrificação e regulagem da
máquina, entre outras operações do equipa-
mento, tais como regulagem para adubação
e pulverização. Além disso, o trabalhador
termina o curso com conhecimentos sobre
legislação ambiental, primeiros socorros e
segurança no trabalho.
O Senar Goiás realiza os treinamentos
em todo Estado por meio de parcerias com
os Sindicatos Rurais e unidades produtoras
de açúcar e álcool. Para participar, bastar
ser maior de 18 anos.
Laris
sa M
elo
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás consulte o Sindicato Rural do seu município, o site www.sernargo.com.br ou entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700.
Lagartas nas pastagens, o que fazer?
CAMPO ABERTO
Marcos Henrique
Teixeira
é médico veterinário
e coordenador do
Programa Goiás Mais
Leite do Senar Goiás
Athos Bonifácio
Athos Bonifácio é
engenheiro agrônomo
e consultor do
Programa Balde Cheio
na região de Palmeiras
de Goiás
Laris
sa M
elo
Fred
ox C
arva
lho
Athos Bonifácio | [email protected]
Marcos Henrique Teixeira | [email protected]
A bovinocultura brasileira caracteriza-se pela produção quase que exclusivamente basea-da na exploração de pastagens e conta com
aproximadamente 200 milhões de hectares, man-tendo em média a mesma quantidade de animais em sua capacidade.
Com a chegada das águas, as gramíneas tropicais começam a se recuperar de seu estado de dormên-cia e, após o produtor ter enfrentado o desafio do período seco do ano, começam a enfrentar as pra-gas. As altas infestações de insetos têm influência direta na qualidade das plantas e redução drástica da capacidade de suporte. Em Goiás, por exemplo, as lagartas desfolhadoras invadiram muitas áreas, principalmente nas de produção leiteira. Em algu-mas áreas deixaram apenas o talo da gramínea, tendo consumido vorazmente todo o limbo foliar.
Por várias regiões do estado, nós, técnicos do Programa Goiás Mais leite/Metodologia Balde Cheio, deparamo-nos com duas espécies principais de lagartas desfolhadoras consumindo áreas de Mombaça (Panicum maximum), Braquiarão (Bra-chiaria brizantha CV. Marandú) e grama Jiggs (Cy-nodon dactylon). São elas: curuquerê-dos-capin-zais (Mocis latipes) e a lagarta-militar (Spodoptera frugiperda). Estas atacaram já no início do período chuvoso, principalmente onde ainda não havia se estabelecido uma maior regularidade das chuvas. Vale ressaltar que essas lagartas são a fase larval de duas espécies de mariposas.
A mariposa (fase adulta) da curuquerê-dos-ca-pinzais é um inseto que mede aproximadamente quatro cm de envergadura e apresenta asas de coloração pardo-acinzentadas. Elas fazem postu-ra sobre as folhas e a eclosão das lagartas ocorre após um período de sete a 12 dias. Quando estão totalmente desenvolvidas, medem até quatro cm de comprimento e possuem uma coloração verde--escura com estrias longitudinais castanho-escuras, limitadas por estrias amarelas. Locomovem-se me-dindo palmos. A fase de lagarta é de aproxima-damente 25 dias. Em seguida, entram em fase de pupa, e em aproximadamente 12 dias se tornam novas mariposas, mantendo o ciclo de vida na pas-tagem.
A mariposa da lagarta-militar apresenta as asas anteriores uniformemente cinzas, enquanto que as posteriores são brancas e transparentes com as
bordas levemente escurecidas. Vive em média 15 dias e realiza postura nas folhas. As lagartas apre-sentam coloração variando do verde ao marrom, com faixas longitudinais pretas. A cabeça é escura apresentando, quando vista de frente, uma marca de coloração amarelada lembrando um “Y” inver-tido. Vivem em torno de 16-20 dias, após esses dias se transformam em pupa e em aproximada-mente 10 dias eclode uma nova mariposa.
Há algumas diferenças entre as duas espécies, mas os hábitos alimentares são bem parecidos e podem causar destruição completa das pastagens. Ambas, nos primeiros ínstares, estão bem peque-nas e ainda não conseguem causar muitos danos às folhas, mas já são capazes de raspá-las. Com o desenvolvimento, se inicia um consumo da folha como um todo ficando apenas a nervura central.
É crucial que haja monitoramento das áreas de pastagens estabelecidas, áreas que estiverem re-brotando, e principalmente áreas de formação, onde plântulas de capim sob ataque severo de la-gartas maiores não terão chance de sobreviverem. O acompanhamento técnico é importante para detectar a incidência de lagartas e em qual ínstar se encontram, e então, se necessitará ou não de controle químico.
Cabe ao produtor realizar este monitoramento inicial, ficando atento à presença de mariposas na região. O melhor controle se realiza no início do problema, pois se dá antes do dano econômico à cultura. Nesta fase há a possibilidade do contro-le ser realizado pelo uso de inseticidas biológicos, não agredindo erroneamente inimigos naturais das pragas citadas.
O produtor só deverá entrar com controle quí-mico após acompanhamento e receituário de um Engenheiro Agrônomo. Dose e produtos mudam em diferentes situações e em alguns casos nem se faz necessário o controle químico. Caso haja indicação, o princípio ativo, dosagem e carência devem ser respeitados.
Por enquanto, não há motivo para assombro. Mesmo nas pastagens em fase avançada de degra-dação pelas lagartas e que se fez necessário con-trole químico, houve melhora e restabelecimento considerável do capim após erradicação dessas pragas e continuidade dos manejos de adubação e lotação dessas áreas.
38 | CAMPO Março / 2015 www.sistemafaeg.com.br