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PUBLICIDADE vinicius torres freire O dólar ainda está barato 08/03/2015 02h00 O dólar a R$ 3 parece caro. Esse pico recente causa certa vertigem. Ouve-se que o dólar voltou ao valor "mais alto em dez anos". De resto, a moeda americana virou o ano a R$ 2,65. No início de 2015, o preço previsto pelo "mercado" para o final do ano era R$ 2,80. As aparências enganam. O dólar ainda está barato. Primeiro, note-se que o real pode derreter até, digamos, R$ 4 em caso de besteirada na política, na política econômica ou de tumulto mundial (devido à alta dos juros americanos). Mas, na média do ano, o dólar está em R$ 2,85. Convém ter um pouco de paciência antes do pânico. Segundo, é fácil perceber que R$ 3 em 2015 valem menos que R$ 3 em 2004 (houve inflação). Embora variações violentas do dólar possam no curto prazo bagunçar as empresas e, por tabela, a economia, não dá para pensar em efeitos mais duradouros e gerais do preço do dólar nesses termos, nominais. Terceiro, feita uma conta mais certinha, constata-se que a taxa de câmbio está em nível parecido com a de fins de 2007. Trata-se aqui da "taxa de câmbio efetiva real", que leva em conta inflações e o peso de cada moeda no comércio exterior brasileiro. Outra medida do custo relativo do país, porém, indica que o Brasil ainda está caro, longe dos anos "competitivos" de 2003-07. É o que se nota no caso da relação câmbio/salário, grosso modo salários medidos em dólares, ajustados pela produtividade. Quarto, mesmo depois de três anos de desvalorização do real e de crescimento baixo (zero em 2014), o Brasil ainda tem deficit externo enorme, de mais de 4% do PIB (trata-se aqui do saldo das transações de bens e serviços com o exterior). Mesmo com economia parada, o país ainda consome muito mais que produz. Ou seja, simplificando, mas não muito, o dólar está barato o bastante para permitir tamanha importação de bens e serviços, ainda que a renda nacional tenha estagnado. Mas, pelo menos na presente situação brasileira e dado o contexto mundial desfavorável, viria bem a calhar uma redução do deficit externo, desde que tal reversão não fosse caótica (megadesvalorização súbita). Seria um caminho possível para alguma retomada econômica, mais adiante. Desvalorizações reais da moeda em geral reduzem o deficit externo (e vice-versa), ainda que com efeito retardado. O real desvalorizado ("dólar caro") contribuiu para os superavit externos entre 2003 e 2007, embora a conta dos fatores que influenciaram tal resultado não seja simples assim. Talvez agora seja necessária uma desvalorização maior do real. Ao contrário do período 2002-08, o mundo cresce pouco, o preço dos nossos produtos principais de exportação desaba e a concorrência no mercado de manufaturas é muito mais difícil, até porque continua a liquidação de bens + LIDAS Vinicius Torres Freire: O dólar ainda está barato Elio Gaspari: Depois da lista, chega a hora das provas Marta Suplicy: A vaca vai pro brejo? Mônica Bergamo: Carolina Ferraz diz que gravidez aos 46 anos 'é mais fácil' e sem 'frescura' Bernardo Mello Franco: Petrolão: antes e depois Estado de Narciso Eugênio Bucci De: R$ 34,90 Por: R$ 29,90 Comprar Em Busca do Tesouro Direto Samy Dana De: R$ 34,90 Por: R$ 29,90 Comprar Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil José de Souza Martins De: R$ 39,90 Por: R$ 33,90 Comprar EM COLUNISTAS PUBLICIDADE PUBLICIDADE Coração a Batucar - Maria Rita Edição especial de "Coração a Batucar", vencedor do Grammy Latino, com CD e DVD Por R$ 39,90 Comprar PUBLICIDADE PUBLICIDADE PUBLICIDADE colunistas COMPARTILHE O dólar ainda está barato - 08/03/2015 - Vinicius Torres Freire - Coluni... http://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2015/03/1599695... 1 de 3 8/3/2015 10:06

2015 - Vinicius Torres Freire

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    vinicius torres freire

    O dlar ainda est barato08/03/2015 02h00

    O dlar a R$ 3 parece caro. Esse pico recente causa certa vertigem. Ouve-seque o dlar voltou ao valor "mais alto em dez anos". De resto, a moedaamericana virou o ano a R$ 2,65. No incio de 2015, o preo previsto pelo"mercado" para o final do ano era R$ 2,80.

    As aparncias enganam. O dlar ainda est barato.

    Primeiro, note-se que o real pode derreter at, digamos, R$ 4 em caso debesteirada na poltica, na poltica econmica ou de tumulto mundial (devido alta dos juros americanos). Mas, na mdia do ano, o dlar est em R$ 2,85.Convm ter um pouco de pacincia antes do pnico.

    Segundo, fcil perceber que R$ 3 em 2015 valem menos que R$ 3 em 2004(houve inflao). Embora variaes violentas do dlar possam no curtoprazo bagunar as empresas e, por tabela, a economia, no d para pensarem efeitos mais duradouros e gerais do preo do dlar nesses termos,nominais.

    Terceiro, feita uma conta mais certinha, constata-se que a taxa de cmbioest em nvel parecido com a de fins de 2007. Trata-se aqui da "taxa decmbio efetiva real", que leva em conta inflaes e o peso de cada moeda nocomrcio exterior brasileiro. Outra medida do custo relativo do pas, porm,indica que o Brasil ainda est caro, longe dos anos "competitivos" de2003-07. o que se nota no caso da relao cmbio/salrio, grosso modosalrios medidos em dlares, ajustados pela produtividade.

    Quarto, mesmo depois de trs anos de desvalorizao do real e decrescimento baixo (zero em 2014), o Brasil ainda tem deficit externo enorme,de mais de 4% do PIB (trata-se aqui do saldo das transaes de bens eservios com o exterior). Mesmo com economia parada, o pas aindaconsome muito mais que produz.

    Ou seja, simplificando, mas no muito, o dlar est barato o bastante parapermitir tamanha importao de bens e servios, ainda que a renda nacionaltenha estagnado. Mas, pelo menos na presente situao brasileira e dado ocontexto mundial desfavorvel, viria bem a calhar uma reduo do deficitexterno, desde que tal reverso no fosse catica (megadesvalorizaosbita). Seria um caminho possvel para alguma retomada econmica, maisadiante.

    Desvalorizaes reais da moeda em geral reduzem o deficit externo (evice-versa), ainda que com efeito retardado. O real desvalorizado ("dlarcaro") contribuiu para os superavit externos entre 2003 e 2007, embora aconta dos fatores que influenciaram tal resultado no seja simples assim.

    Talvez agora seja necessria uma desvalorizao maior do real. Ao contrriodo perodo 2002-08, o mundo cresce pouco, o preo dos nossos produtosprincipais de exportao desaba e a concorrncia no mercado demanufaturas muito mais difcil, at porque continua a liquidao de bens

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    Concordo, com todas a ca.ga.das que Dilma ja fez e continua fazendo, o dolar esta muito

    barato. Dilma vai levar o dolar pra 4,00 e acabar com nossa economia. Nunca vi tamanha

    inc.ompe.tencia aliada a arro.g.an.cia juntos

    Est certssimo o colunista. A sobrevalorizao do Real em relao ao Dlar foi a causa

    principal de nossa estagnao econmica no primeiro mandato da presidente. O cmbio

    supervalorizado tornou o preo de nossos produtos no competitivo com os importados,

    achatando nossas exportaes e inundando o pas de produtos estrangeiros. urgentssimo

    desvalorizar ainda bem mais o Real, alm de cortar o dficit pblico e, o quanto possvel,

    reduzir a taxa bsica de juros, isto , se quisermos crescer.

    Excelente anlise. Vamos ter que comer muita grama nos prximos anos.

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    industriais no mundo, ao passo que nossos custos ainda sobem muito.

    Pelo menos em relao ao fim de 2007, o cmbio ainda no compensou oefeito combinado de alta de salrios e produtividade estagnada. Alm domais, as desastrosas polticas industrial e de comrcio exterior de Dilma 1parecem ter feito a indstria regredir em capacidades. Mesmo aps adesvalorizao do real, o deficit externo continuou nas alturas.

    Vinicius Torres Freire est na Folha desde 1991. Foi secretrio de Redao,

    editor de 'Dinheiro', 'Opinio', 'Cincia', 'Educao' e correspondente em Paris. Em

    sua coluna, aborda temas polticos e econmicos. Escreve de tera a sexta e aos

    domingos

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