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    TRIBUNAL DE JUSTIAPODER JUDICIRIO

    So Paulo

    Registro: 2015.0000915584

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n2160421-08.2015.8.26.0000, da Comarca de Ribeiro Preto, em que agravanteBANCO DO BRASIL S/A, so agravados GRUPO UNIVERSITRIOBRASILEIRO LTDA, HELVIO BORGES e BAGDASSAR MINASSIAM.

    ACORDAM, em 20 Cmara de Direito Privado do Tribunal deJustia de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Negaram provimento ao recurso.V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos. DesembargadoresCORREIA LIMA (Presidente sem voto), REBELLO PINHO E ROBERTO MAIA.

    So Paulo, 30 de novembro de 2015.

    LUIS CARLOS DE BARROSRELATOR

    Assinatura Eletrnica

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    So Paulo

    Agravo de Instrumento n 2160421-08.2015.8.26.0000 -Voto n 33459 2

    Agravo de Instrumento n 2160421-08.2015.8.26.0000Agravante: Banco do Brasil S/AAgravados: GRUPO UNIVERSITRIO BRASILEIRO LTDA, Helvio Borgese Bagdassar MinassiamComarca: Ribeiro PretoVoto n 32459

    Ementa: Honorrios de sucumbncia. Verba alimentar.Considerao de que so devidos ao antigo patrono oshonorrios sucumbenciais que foram arbitrados antes darevogao de seu mandato. Levantamento.Admissibilidade. Recurso desprovido.

    Trata-se de agravo de instrumento interposto

    contra r. deciso, proferida em sede de execuo, que

    determinou a expedio de mandado de levantamento de

    importncia depositada nos autos em favor do advogado que

    atuou anteriormente, dada a natureza alimentar do crdito (fls.

    15/18).

    O agravante diz que interps ao deexecuo em face do GRUPO UNIVERSITARIO

    BRASILEIRO LTDA e outros, tendo em vista o

    inadimplemento destes, quando na ocasio o ora Agravado era

    patrono do Agravante. Com o julgamento da ao, houve

    tambm a condenao dos executados ao pagamento de

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    honorrios sucumbenciais, sendo que posteriormente o

    Agravante desconstituiu o patrono, ora Agravado, constituindo

    novos advogados para a causa. Houve no processo, atravs da

    Carta Precatria expedida, penhora de numerrios nas contas

    dos executados, vindo ento o Agravado aos autos requerer o

    levantamento da quantia como forma de pagamento dos

    honorrios. Seu pedido foi corretamente indeferido, sendointerposto Agravo de Instrumento por ele, para reverter a

    deciso de primeiro grau, contudo, o Agravo de Instrumento

    interposto pelo Dr. Ivan, ora Agravado, fora parcialmente

    provido, permitindo apenas que o mesmo executasse os

    honorrios sucumbenciais nos autos da presente demanda. Com

    o trnsito do Agravo de Instrumento, o Agravado peticionou

    requerendo de plano o levantamento da quantia depositada,

    contudo, deveria ter requerido a execuo em face dos

    Executados do processo principal, ou seja em face do GRUPO

    UNIVERSITARIO BRASILEIRO LTDA e outros, os quais

    foram condenados ao pagamento da referida verba honoraria.Pois, o valor constante nos autos pertence ao Agravante que ate

    o presente momento no recebeu seu crdito, que por sinal

    bem superior ao montante depositado (fls. 05/06).

    Afirma que a Clusula Stima do contrato

    estipula que o agravado no pode reclamar do agravante

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    qualquer valor a ttulo de honorrios de sucumbncia.

    Acrescenta que estabelece o Paragrafo Primeiro, da referida

    clusula, as propores em que os honorrios sero recebidos,

    no caso de substituio de patrono da causa. Sendo assim, o

    Agravante no pode concordar com as alegaes do Agravado,

    de que tem direito em receber a quantia depositada nos autos,

    primeiro porque trata-se de pagamento do valor principal,devendo a quantia ser levantada pelo credor, ora Agravante,

    segundo porque com a substituio dos patronos, os honorrios

    devem ser rateados entre eles. Diante do exposto, requer seja o

    presente recebido e provido, para determinar que a quantia

    depositada seja levantada pelo Agravante, e que o Agravado

    execute os honorrios daquele de quem deve lhe pagar, ou seja

    dos Executados da ao principal (fls. 07).

    O recurso foi processado com as formalidades

    legais, com a atribuio de efeito suspensivo apenas para evitar

    levantamento de valores, at final apreciao pela Turma

    Julgadora (fls. 116).

    o relatrio.

    Na contraminuta, o agravado afirma que o

    recurso meramente procrastinatrio, de modo que devem ser

    aplicadas as penas por litigncia de m-f. Salienta que atuou

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    como advogado na execuo dos autos principais por 13 anos e,

    em julho/2012, na vigncia do contrato de honorrios, foi feito

    o depsito judicial, no valor de R$ 65.009,00. Frisa que os

    honorrios de sucumbncia alcanavam em dezembro/2012 a

    quantia de R$ 402.407,79, e o agravante rescindiu o contrato de

    prestao de servios com o agravado em fevereiro/2013.

    Alega que os honorrios de sucumbncia tm preferncia noconcurso de credores, sendo fato incontroverso que os mesmos

    esto sendo executados nos mesmos autos da execuo

    principal.

    O agravado afirma que qualquer clusula ou

    disposio que impea ou retire do advogado o direito dereceber os honorrios de sucumbncia nula (art. 24, 3, Lei

    8.906/94), do que decorre que a clusula do contrato, fls. 07

    destes autos, no merece ser reconhecida. Mormente porque o

    contrato foi rescindido e o direito ao recebimento dos

    honorrios de sucumbncia decorre da Lei e no do contrato.

    Ainda que assim no fosse, o levantamento deferido diz

    respeito a depsito judicial feito durante a vigncia do contrato

    de honorrios - julho/2012 - quando o agravado atuava sozinho

    no processo, e s no foi levantado poca, porque o agravante

    recusou-se a outorgar procurao especfica para esse fim (fls.

    96/100 destes autos). Tambm certo, como se verifica dos

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    documentos j nestes autos, que os novos patronos somente

    foram constitudos e passaram a atuar em 2013, ou seja,

    pretendem rateio de verba originria de poca em que sequer

    tinham sido constitudos (fls. 123).

    Pois bem.

    A r. deciso agravada foi assim redigida:

    Cuida-se de execuo de honorrios advocatcios

    sucumbenciais proposta pelo Dr. Ivan Gaiolli Berti, advogado

    desconstitudo pelo Banco do Brasil, pretendendo, desde logo,

    o levantamento da importncia depositada nestes autos pela

    parte executada (R$ 65.009,00). O banco, por seus atuais

    procuradores, ope-se ao levantamento, defendendo que olegtimo credor do valor depositado. A deciso publicada as fls.

    834, indeferiu o pedido e determinou que o causdico buscasse

    seus direitos em processo autnomo. Houve a interposio de

    Agravo de Instrumento, e o E. Tribunal determinou o

    processamento da execuo dos honorrios sucumbenciais

    nestes autos. O crdito perseguido pelo causdico superior a

    R$ 400.000,00, sendo incontroverso que o Dr. Ivan atuou no

    processo de 1997 a 2013. E quando constitudos os atuais

    procuradores do banco, o depsito, inclusive, j havia sido

    efetuado nos autos da Carta Precatria expedida Comarca de

    Cajuru (fls. 744/750). Insiste o causdico no levantamento do

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    depsito, fundamentado na natureza alimentar de seu crdito.

    Decido. Conforme dispe o art. 24, da Lei n. 8.906/94, 'A

    deciso judicial que fixar ou arbitrar honorrios e o contrato

    escrito que os estipular so ttulos executivos e constituem

    crdito privilegiado na falncia, concordata, concurso de

    credores, insolvncia civil e liquidao extrajudicial'. A

    natureza jurdica dos honorrios advocatcios de crditoalimentcio, conforme restou assentado no C. Supremo

    Tribunal Federal, por ocasio do julgamento do Recurso

    Extraordinrio n. 470.407/DF. No mesmo sentido agora a

    pacificada jurisprudncia do C. Superior Tribunal de Justia,

    inclusive diante das disposies da Lei n. 1.033/04 (fls.

    15/16). Assim, concluiu a i. magistrada que: Dessa forma,

    evidenciada a natureza alimentar dos honorrios advocatcios,

    em que pese a discordncia do banco exequente (credor

    quirografrio) no h como ser afastada a preferncia deste

    crdito. Assim, defiro o levantamento da importncia

    depositada pelo advogado Ivan Gaiolli Berti. Certificado otrnsito em julgado desta deciso, expea-se a guia de

    levantamento. Intime-se (fls. 18).

    A tese do agravante lastreia-se,

    principalmente, no teor da clusula Stima, e seu pargrafo

    primeiro, do Contrato de Prestao de Servios Advocatcios

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    que foi firmado pelo ora agravado (Dr. Ivan Gaiolli Berti,

    designado como contratado fls. 69) com o Banco do Brasil

    S/A (ou contratante), e que foi estipulada nos seguintes

    termos:

    CLUSULA STIMA: O CONTRATADO,

    excetuados os casos expressamente previstos neste contrato,

    ser remunerado pelos honorrios em que o devedor venha aser condenado honorrios de sucumbncia observado o

    disposto na Clusula Primeira e seus Pargrafos e, quando for o

    caso, nos Pargrafos dessa Clusula, no podendo reclamar

    do CONTRATANTE nenhum valor a esse ttulo, seja este

    autor ou ru na demanda.PARGRAFO PRIMEIRO Nas aes

    ajuizadas pelo Servio Jurdico do CONTRANTE, ou por

    outro advogado ou sociedade de advogados anteriormente

    contratados, que tiver o patrocnio substabelecido para o

    CONTRATADO, os honorrios previstos no caput desta

    Clusula sero rateadosna forma abaixo, deduzidos eventuais

    adiantamentos, parcelas devidas por patrocnios anteriores, e

    pagos quando efetivamente recebidos, seja diretamente do

    devedor, ou do levantamento em juzo (fls. 73, destaque

    nossos).

    No caso, trata-se de execuo dos honorrios

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    sucumbenciais a que o agravado (antigo patrono) faz jus nos

    prprios autos do processo. A clusula Stima (em especial a

    parte em negrito) no estabelece um impedimento pretenso

    de levantamento dos honorrios pelo agravado.

    Ocorre tambm, consoante observado na r.

    deciso agravada, que se existe disputa em relao ao dinheiro

    depositado nos autos, deve prevalecer o entendimento de queh concurso de credores entre o Banco do Brasil e o seu antigo

    patrono. Nesse caso, a preferncia da verba alimentar.

    Quanto questo de eventual rateio de

    honorrios sucumbenciais entre diversos patronos, verifica-se

    que o Pargrafo Primeiro do Contrato rege as relaes entre oDr. Ivan e o advogado (anteriormente constitudo) que

    substabeleceu os poderes para o mesmo.

    Alm disso, no houve substabelecimento de

    mandato outorgado pelo Banco do Brasil, e sim resciso

    contratual com consequente revogao de mandato judicial.Consta no documento de fls. 95 que o Dr. Ivan recebeu

    ratificao (datada de 22/02/2013) dos termos da Notificao

    Extrajudicial de Resciso do Contrato de Prestao de Servios

    Jurdicos, em nome do Banco do Brasil S/A, encaminhada V.

    Sa. Em 18 de janeiro do ano corrente, em especial quanto

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    revogao de todos os mandatos judiciais.

    O feito no veio instrudo com cpia integral

    dos autos principais, no entanto possvel verificar que o

    agravado atuou como patrono do Banco do Brasil na causa por

    longos anos.

    O agravante disse que com o julgamento da

    ao, houve tambm a condenao dos executados ao

    pagamento de honorrios sucumbenciais, sendo que

    posteriormente o agravante desconstituiu o patrono, ora

    agravado, constituindo novos advogados para a causa (fls. 06,

    primeiro pargrafo). Nessas condies, tem-se que o recorrente

    reconhece que os honorrios sucumbenciais foram arbitradosantes da sada do agravado do patrocnio da causa.

    So devidos ao agravado os honorrios

    sucumbenciais arbitrados antes da revogao de seu mandato.

    No havendo impugnao neste agravo em relao ao valor

    reclamado pelo agravado a ttulo de honorrios advocatcios.Por isso, e considerando que a verba honorria

    considerada de natureza alimentar, resta mantida a r. deciso

    agravada.

    De resto, no se vislumbra qualquer manobra

    do agravante que pudesse tipificar litigncia de m-f, hbil a

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    ensejar as sanes da lei processual.

    Ante o exposto, nega-se provimento ao

    recurso.

    LUIS CARLOS DE BARROSRelator