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INDISCIPLINA NA ESCOLA: ALTERNATIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS. AQUINO, JÚLIO GROPPA (ORG.). SÃO PAULO: SUMMUS, 1996.

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INDISCIPLINA NA ESCOLA: ALTERNATIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS.

AQUINO, JÚLIO GROPPA (ORG.). SÃO PAULO: SUMMUS, 1996. 

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Objetivo e organização

• Apresentar e discutir a “Indisciplina” a partir de diversas perspectivas, realizando uma análise multidisciplinar (textos de psicólogos, pedagogos, sociólogos e filósofos).

• Visar e analisar a indisciplina escolar sob diferentes ângulos, facultando-lhe maiores densidade e complexidade do ponto de vista teórico, e abandonando o espontaneísmo com que geralmente é processada cotidianamente .

• Os textos se ligam na tentativa de retirada do ônus disciplinar da figura exclusiva do aluno.

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Texto 1: A indisciplina e o sentimento de vergonha. Yves de La Taille. (psicólogo)

Diferentes formas de compreender a questão da indisciplina, assim, o tema é delicado e perigoso, por três motivos:

1º- Pode-se cair no moralismo ingênuo, e tratar a indisciplina em sala de aula como decorrência da falta de valores, mas o autor questiona: de quais valores?

2º-Há posições onde se prevalece o reducionismo, tanto do lado psicológico (reduz a indisciplina ao jogo de mecanismos mentais isolados do contexto social, cultural e histórico), como também do lado sociológico (atribui causas gerais e sociais a todo comportamento humano).

3º-Indisciplina é um termo ambíguo, não há clareza do seu significado. Para o autor se entendermos por disciplina comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina se traduz de duas formas: a revolta contra essas normas ou o desconhecimento delas. Segundo ele segundo caso é o que parece mais comum hoje.

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O autor observa que a disciplina na sala de aula pode equivaler à boa educação, dessa forma, o aluno bem comportado pode sê-lo por medo do castigo ou por conformismo. Mas afinal, isso é desejável?

Análise da postura de Kant e de Piaget sobre o tema.

Mas, a tese defendida pelo autor é “tratar a indisciplina em sala de aula como decorrência (entre outros fatores) do enfraquecimento do vínculo entre moralidade e sentimento de vergonha”

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• A VERGONHA (surge aos 18 meses de idade)• Segundo Sartre, a origem está no fato do sujeito se saber

objeto do olhar, da escuta, do pensamento dos outros, independente de haver um julgamento negativo ou não.

• Finalmente, o sentimento de vergonha não mais dependerá somente da publicidade dos atos: a criança poderá sentir vergonha sozinha, perante seus próprios olhos.

Regulação dos atos

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A vergonhaNão se associa-se apenas à moralidade, mas é impossível

pensar a moralidade sem ela. Ela pode se referir ao sentimento de culpa e a moralidade.Dois controles: o externo e interno.

Para o autor, “o sentimento de dignidade ou honra é inerente ao juízo e ás ações morais, seja qual for a fase do desenvolvimento (o “sem vergonha” é alguém que ignora e despreza o juízo dos outros).

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VERGONHA E SOCIEDADEEle afirma que hoje não há vergonha moral, pois se

valoriza muito mais atributos pessoais como o corpo e a posse, há um declínio do homem público.

Segundo Sennett, Freire Costa, e Bruckner o homem pós-moderno sofre as tiranias da intimidade, interessa-se apenas por sua personalidade, seus impulsos e afetos.

Não, ele apenas, reluta em assumir valores que lhe pareçam contradizer sua busca de prazer.

Segundo Maria Amélia Vitale (pesquisa sobre os jovens e a moral), “a vergonha perdeu seu caráter de sentimento moral no trato das questões de espaço público, não mais regula a ação do cidadão frente a opinião pública”.

Podemos dizer que o homem egoísta seja imoral?

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A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: toda moral pede disciplina, mas nem toda disciplina é moral.

Necessidade de analisar a razão das normas impostas e dos comportamentos esperados.Podemos esperar as mesmas condutas de crianças e adolescentes?

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Algumas reflexões importantes:1- Se a análise do enfraquecimento da relação

vergonha/moral for correta, certos comportamentos indisciplinados relacionados a valores morais explicam-se facilmente. Assim, se o essencial da imagem que os alunos têm de si (e querem que os outros tenham dele) inclui poucos valores morais, e seu “orgulho” se alimenta de outras características.

2- Análises sociológicas mostram que o homem contemporâneo só se interessa pelo privado e pelo íntimo. Ou o professor se impõe por suas características pessoais (íntimas), ou nada consegue, já que sua função pública (como professor) é desprezada pelos alunos

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3- O papel das motivações (conscientes e inconscientes) foi uma grande descoberta da psicologia, mas muitas vezes acabou por legitimar um novo despotismo: o despotismo do desejo. Os alunos acham normal não frequentar as aulas que consideram maçantes, a despeito da qualidade intelectual da matéria dada e do professor.

4- O espírito da sociedade atual consiste na vergonha de ser velho e no orgulho de ser ou parecer jovem, segundo Comte-Sponville “nossa época prefere as crianças aos sábios”. A família se organiza em função das crianças, e não mais dos adultos. A escola se tornou o templo da juventude e não mais o templo do saber.

5- Muitos não tem orgulho de ser alunos, nem vergonha de nada saberem, pois, na citação de Bruckner, “nossa época cessou de reverenciar o estudo e a instrução. Seus ídolos estão em outros lugares (...). Pelo contrário, ei-los que reinam na mídia, novos reis preguiçosos, que, longe de enrubescerem de não saber nada, se orgulham disso.

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O autor conclui que a indisciplina em sala de aula não se deve essencialmente a “falhas” psicopedagógicas, pois o que está em jogo é o lugar que a escola ocupa na sociedade, o lugar que o jovem e a criança ocupam, o lugar que a moral ocupa.

A solução para essa situação não é fazer o aluno passar vergonha, ser humilhado. Ao contrário, é reforçar no aluno o sentimento de dignidade como ser moral. Resta à escola lembrar e fazer lembrar aos seus alunos e à sociedade sua finalidade principal: preparar para o exercício da cidadania.

Para ser cidadão são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais e um diálogo franco entre olhares éticos.

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Para responder: marque (X) no correto1- Segundo Yves a Indisciplina é dada em decorrência do

enfraquecimento do vínculo entre moralidade e sentimento de vergonha. Isso se configura pela:

(A) Mudança social na valorização do professor, que deve ter atributos pessoais diferenciados.

(B) Mudança de valores, onde se valoriza a esfera do privado.

(C) Mudança no papel da escola que deixou de ser responsabilidade da esfera pública.

(D) Mudança na educação familiar das crianças que são exemplificadas pelo homem público.

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CAP. 2: A CRIANÇA, “SUA” (IN)DISCIPLINA E A

PSICANÁLISE. O tema dos problemas de aprendizagem tem marcado a época

contemporânea. Há um consenso sobre as causas alegadas: insuficiência do métodos de ensino e o estado imaturo das capacidades psicológicas das crianças, e a indisciplina.

Sobre a “indisciplina escolar”, surgem interrogações, deve-se encaminhar o aluno para uma avaliação clínica para descobrir as causas de tal ato, ou deve-se “aplicar uma sanção” ou “chamar atenção”, a fim de contribuir para a correção do desenvolvimento das capacidades psicológicas?

Há uma crescente psicologização do cotidiano escolar. Numa escola, quando um aluno é encaminhado para avaliação psicológica por causa de sua indisciplina, o que se espera é alguma informação sobre a causa do fenômeno. No entanto, é aqui que reside o problema: na pretensão de obter um saber sobre a singularidade de um episódio subjetivo (só o aluno pode usar “utilmente esse saber e realizar a mudança).

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A psicanálise não pode dar aquilo que a psicologia tenta, em vão outorgar à educação: enquanto o saber singular produzido pela e na psicanálise se dá sempre a posteriori, a pedagogia baseia seu cotidiano escolar a partir de um conjunto de saberes universais a priori.

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Do “sadismo pedagógico” ou da “pedagogia humilhante” do passado, passou se hoje à supremacia da interrogação acerca da pertinência psicológica de aplicar algum tipo de sanção escolar.

Na escola atual se debate sobre a conveniência psicológica da lei. Há ainda uma convivência entre a clássica verborragia acerca da inocência e maturidade infantil, bem como da bondade dos professores, e uma série de decisões docentes arbitrárias e caprichosas.

No cotidiano escolar não imperam verdadeiras leis, e sim quase-leis, isto é regras ou normas morais. A lei é a expressão da vontade geral de renunciar a alguma coisa (o que a lei proíbe) a regra é o principio constitutivo de hábitos morais.

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Hoje o que está verdadeiramente em pauta na escola é um programa (caricato) de moralização da infância, com a finalidade de construir uma criança afetivo-cognitiva ideal.

A psicologização crescente do cotidiano escolar não e mais que o reverso da moral educativa moderna, na tentativa ingênua de conseguir o impossível: garantir que a criança “ideal” se transforma, no futuro, no adulto a quem nada falta.

Toda empresa pedagógica acaba se revelando pouco eficaz, e os alunos, se transformando em crianças mais ou menos indisciplinadas, pois se espera que estas venham a ser adultos possuidores de tudo aquilo que hoje nós não temos imaginariamente.

Assim, os adultos gostam das crianças na medida em que fazem parte de um circulo narcíseo no qual está em jogo um ideal de plenitude. Segundo o historiador francês Phillipe Ariés, a criança adquire o lugar de destaque que hoje possui somente com o advento da modernidade.(criança esperança).

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Parece, portanto que o homem não pode abrir mão da criança-esperança e por isso, o cotidiano escolar tem razão de ser como é.

Desse modo, parece-nos que uma das formas de sair do “atoleiro moderno” é justamente ir na contramão, isto é, referir-se ao passado. Então, nada impede que os educadores se desvencilhem do seu mal-estar profissional, abrindo mão, justamente, do discurso pedagógico hegemônico e desistindo da exigência louca de reencontar no aluno real o criança ideal. Deve-se também contestar o processo de psicologização do cotidiano escolar, em especial a ilusão metodológica e dedicar-se a reinventar o cotidiano escolar.

Como a história nos mostra e a própria psicanálise afirma a priori, as crianças sempre aprenderão algo para além de toda a “sua” (in)disciplina. Cabe-nos aceitar os eticamente as contas com o passado e ofertar aos alunos cultura e não migalhas pedagógicas em bondade psicoafetiva.

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CAP. 3- DESORDEM NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: INDISCIPLINA, MODALIDADE E

CONHECIMENTO. Julio Groppa Aquino (psicólogo)

Veicular os conteúdos clássicos (conhecimentos acumulados) ou tão somente conformar moralmente os sujeitos a regras de conduta (socialização), ou qualificação para o trabalho?

A visão de escola hoje quase romanceada, como local de florescimento das potencialidades, parece ter sido substuída pela imagem de um campo de batalhas, por causa da indisciplina.

Afinal, quais os significados da indisciplina escolar? Quais os recursos disponíveis para seu enfrentamento?

Segundo relato dos professores a indisciplina é traduzida em termos como: turbulência, tumulto, falta de limite, maus comportamento, desrespeito à figura de autoridade, etc.

È fato notório que a Indisciplina atravessa as instâncias públicas como privadas.

Qual a função primordial da escola visando sua clientela?

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No passado as correções disciplinares eram feitas principalmente quanto ao controle e ordenação do corpo e da fala. A disciplina era imposta a base de castigo ou de sua ameaça, através de medo, coação e subserviência. A estrutura e o funcionamento escolares espelhavam o quartel- espécie de militarização. Professor era um superior hierárquico, sua função precípua era modelar moralmente os alunos. A escola era uma espaço social pouco democrático.

Com a democratização do país e a desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se formou: os alunos são novos sujeitos históricos. Mas, de certo modo, guardamos como padrão pedagógico a imagem daquele aluno submisso e temeroso. Por isso geralmente se confunde democratização com deteriorização do ensino, principalmente o público.

Se a escola do passado tinha caráter elitista e conservador e o acesso das camadas populares era barrado pela própria estruturação escolar da época, vemos hoje as estratégias de exclusão não deixarem de existir, mas se sofisticarem.

O Olhar Sócio-histórico: Indisciplina Como Força De Resistência:

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Portanto a indisciplina pode estar indicando o impacto do ingresso de um novo sujeito histórico, com novas demandas e valores, numa ordem arcaica e despreparada para absorvê-lo totalmente, incapaz de acompanhar as transformações concretas do perfil de sua clientela.

A partir desse ponto de vista sócio-histórico, a indisciplina passaria, então, a ser legitima força de resistência e de produção de novos significados e funções à instituição escolar.

O OLHAR PSICOLÓGICO: A INDISCIPLINA COMO CARÊNCIA PSÍQUICA INFRAESTRUTURAL.

Numa perspectiva psicológica, a indisciplina inevitavelmente se associa a ideia de carência psíquica do aluno. No entanto, deve-se advertir que o fenômeno não pode ser tido como um atributo psicológico individual (patológico), mas sim como um fato cujas raízes se encontram no advento do sujeito, da noção de autoridade.

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Desse modo, o reconhecimento da autoridade externa pressupõe uma infra-estrutura psicológica e moral anterior à escolarização, através de determinados parâmetros morais: permeabilidade a regras comuns, partilha de responsabilidades, cooperação, reciprocidade, solidariedade, etc., portanto, a alteridade e disponibilidade do sujeito para seu semelhante.

No entanto, é óbvio que não há como a escola assumir a estruturação psíquica prévia ao trabalho pedagógico, já que esta é de responsabilidade familiar. Assim, a escola não pode ser pensada apartada da família: elas são as duas instituições responsáveis pela educação.

Mas, é delegada a escola novas funções, que ultrapassam o âmbito pedagógico: A escola não se apresenta mais como um espaço cientifico e cultural: ao contrário, parece ter se transformado numa instituição cuja atribuição é quase que exclusivamente disciplinadora. (Mais energia com as questões psíquicas do que com as epistêmicas)

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Assim, as decorrências dessa distorção de objetivos são:

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Desse quadro surge uma crise de paradigmas, tanto nas relações familiares, quanto nas ações escolares, o que significa uma perda da visibilidade sobre os sentidos sociais da educação como um todo.

Independentemente de qualquer argumento contrário (para que eu tenho que estudar isso? Pra que serve isto?) temos que reconhecer que alguém a margem da escolarização não pode (e nem mesmo sabe disso) ser um cidadão na sua plenitude, seus direitos, mesmos iguais aos dos outros em teoria, na prática serão mais escassos. O acesso pleno à educação é o passaporte mais seguro da cidadania.

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Do ponto de vista sócio-histórico, a escola é palco de confluência dos movimentos históricos, o que sugere a indisciplina como um conflito salutar entre forças antagônicas. Recurso de análise: Autoritarismo

Do ponto de vista psicológico ela é afetada pelas alterações da estrutura familiar, no qual a indisciplina é tida como indício de uma carência estrutural alojada na interioridade psíquica do alunos. Recurso de análise: Autoridade

DAS IMPLICAÇÕES DAS DIFERENTES LEITURAS:

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Para o autor indisciplina é um fenômeno transversal, que abrange professor-aluno-escola, ou seja, é mais um efeito do entre pedagógico.

Não é possível conceber a instituição escolar como algo

além ou aquém da relação professor-aluno. Escola, do ponto de vista institucional, equivaleria às práticas concretas de seus agentes e clientelas (relação professor-aluno), o que significa concebê-la como prática social. Assim, torna-se impossível imaginar que a saída para a compreensão e manejo da indisciplina se faça fora dessa relação.

Professor-aluno são parceiros de um mesmo jogo cujo rival é a ignorância, a pouca perplexidade e o conformismo diante do mundo.

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O que deve pautar a relação professor-aluno é uma proposta de trabalho fundada no conhecimento (função epistêmica e legítima da escola), o que pressupõe a observância de regras, semelhanças e diferenças, de regularidades e exceções. Nesse sentido, todas as matérias são moralizadoras, se entenderemos moralidade como regulação das ações e operações humanas nas tentativas de ordenação do mundo.

Portanto o trabalho de incessante indagação, inspirado no trabalho científico não requer que o aluno permaneça estático, calado, obediente. Ao contrário, o conhecimento implica inquietação, desconcerto, desobediência.

A questão fundamental é transformar esta turbulência em ciência, esta desordem em nova ordem.

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Por incrível que pareça, crianças e jovens são ávidos pela descoberta, pelo saber, pela ultrapassagem do óbvio, desde que sejam instigados para tanto. Isso depende da proposta realizada em sala de aula. A tarefa é intrincada, porque pressupõe sempre um recomeço a cada aula, a cada turma, a cada semestre. É preciso reinventar os conteúdos, as metodologias, a relação;

O aluno deve pôr em funcionamento o pensamento lógico e nesse contexto, o barulho, a agitação e a movimentação passam a ser catalisadores do ato de conhecer. A indisciplina, pois, pode se tornar, paradoxalmente, um movimento organizado, se estruturado em torno de determinadas ideias, conceitos, proposições formais. A nova disciplina é orientada pela tenacidade, perseverança, vontade de saber, obstinação, torna-se um vetor de rebeldia para consigo mesmo e de estranhamento para com o mundo.

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Por uma nova ordem pedagógicaQue requer uma conduta dialógica do educador, que

inaugura a intervenção pedagógica.O oficio docente exige a negociação constante, seja em

relação a estratégias de ensino e avaliação ou em relação aos objetivos e conteúdos preconizados. Isso não significa render-se necessidades imediatas dos alunos que muitas vezes não são sequer formuladas, mas, sim assumir o aluno como elemento essencial na construção dos parâmetros relacionais que a ambos envolve.

NEGOCIAÇÃO

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Os quesitos para essa construção negociada são:1- Investir nos vínculos concretos, abdicando dos modelos

idealizados de aluno/professor/relação.2- Fidelidade ao contrato pedagógico, que implica clareza

para ambas as partes envolvidas e restrição ao campo do conhecimento acumulado.

3- Permeabilidade para a mudança e para a invenção: é provável que as questões técnico-metodológicas percam a sua eficácia (pois pressupõem o interlocutor como sujeito abstrato) e tenham de ser substituídas por novas estratégias e experimentações, direcionadas ao aluno concreto.

Assim, o lugar do professor pode tornar-se também um lugar de passagem, de fluxo da vida. Se não, o aluno desaparece e se torna plateia silenciosa de um monólogo sempre igual, estático, à espera.

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2- Na visão de Aquino a indisciplina, é um tema recorrente no mundo atual e deve ser encarada:

(A) a partir do ponto de vista sócio-histórico, pois a escola é palco de confluência dos movimentos históricos -autoritarismos, versus forças de resistências.

(B) a partir do ponto de vista psicológico pois a escola é afetada pelas alterações da estrutura familiar, já que necessita da autoridade como infra-estrutura para trabalho pedagógico.

(C)a partir do ponto de vista pedagógico pois a relação professor-aluno é a atravessada pela indisciplina decorrente da negação dos alunos.

(D) a partir do ponto de vista efeito do entre pedagógico, considerando os diferentes fatores, sendo necessário negociação constante, assumindo o aluno como elemento essencial.

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Cap 4- PODER INDISCIPLINA: OS SURPREENDENTES RUMOS DA RELAÇÃO

DE PODER- Marlene Guilardo Apoio na teoria de Michel Foucault (poder enquanto disciplina)

FOUCAULT realiza uma discussão revolucionária nas concepções difundidas quando afirma que o que o poder é verbo, ação, relação de formas, isto é, uma dimensão que constitui qualquer relação causal ou discursiva. Isso significa que poder não é uma coisa, um algo a mais que alguém tem, ou que um grupo tenha.

Poder é exercício móvel e mutável, no interior das relações, e não algo

que acontece de cima para baixo. É tensão constante no cotidiano. Política e poder, dois termos intimamente relacionados, significam ação de todo e qualquer grupo, e não só de autoridades.

Poder é definido como jogo de forças, como produtivo e repressivo, como exercício cotidiano interior a qualquer relação.

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Em “Vigiar e punir (1977)” Foucault, analisa as modalidades de controle da infração e do infrator no sistema penal.

Na época clássica, a penalidade é ao corpo, feita com conotação teatral de um espetáculo.

Em contrapartida, a principal característica da modernidade é o poder disciplinar, que traduz a política como jogo de forças. A punição está na retirada da liberdade às pessoas.

Assim, analogicamente a escola retira a palmatória e a substitui por um conjunto de práticas em que a punição é a restrição do movimento e da comunicação, há privação de domínio de seu próprio tempo, seu lazer, seu fazer.

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As principais características do poder disciplinar são a vigilância (olhar hierárquico), a sanção normalizadora e a combinação de ambas na prática do exame.

Os tantos e tão sutis recursos de adestramento criam comportamentos, “fabricam” indivíduos. Esse controle está sempre alerta e funciona em silêncio.

A arquitetura (Panóptico- Bentham) facilita a vigilância: constroem-se paredes, distribuem-se espaços, destacam-se púlpitos e observatórios de tal forma que o menor movimento é registrado e observado.

A disciplinarização é da ordem do próprio exercício de sua repetição a exaustão.

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Como funciona a vigilância?

A vigilância funciona como uma rede. Penalizam-se transgressões de tempos (atrasos, ausências, interrupções de tarefas), de atividade (desatenção, negligência, falta de zelo), d amaneira de ser (desobediência, grosseria,), do discursos (tagarelice, intolerância), do corpo (gestos, sujeira, atitudes incorretas), da sexualidade (indecência, imodéstia) quando a penalização, o exercício do poder não se restringe as atividades criminosas, mas atravessa todo o cotidiano, normalizando e punindo as mudanças mais tênues de conduta.

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Pode parecer equívoco falar de indisciplina se o poder é disciplinar, no entanto, o que se demonstra é que essa é um consequência da disciplinarização, ou seja, a indisciplina faz parte da própria estratégia do poder , é gerada pelos próprios mecanismos que visam ao seu controle. Poder gera indisciplina.

RELAÇÃO ENTRE PODER E INDISCIPLINA:

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Chega de procurar culpados... Uma das qualidades das ideias de Foucault é retirar o

discurso do eixo das “culpabilizações localizadas”: nem os professores (braços do poder do Estado, segundo algumas teorias), nem os alunos (indolentes e irresponsáveis, segundo outras) são causadores dos embates do ensino. Para ele a rede de poder é uma estratégia sem sujeito, e assim, fica difícil caracterizar mocinhos e bandidos.

A contribuição dos estudos de Foucault ao educador é entender os acontecimentos embaraçosos ou enraizados no cotidiano, através de um novo radar conceitual, sem culpas sobrepostas.

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3- Marlene Guirado, desenvolve seu raciocínio relacionando poder com a indisciplina. Assim, utiliza os conceitos de Foucault que afirma que poder pode ser considerado como:

(A) ato de repressão, quando uma pessoa utiliza seu poder para coibir outra.

(B) verbo, ação, relação de formas, isto é, uma dimensão que constitui qualquer relação causal ou discursiva.

(C) uma coisa, um algo a mais que alguém tem, ou que um grupo tenha, em detrimento de outro.

(D) exercício imóvel e imutável de formas, no interior das relações, bem como, algo que acontece de cima para baixo.

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Cap.5 INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA: A AMBIQUIDADE DOS CONFLITOS NA

ESCOLA. Aúrea M GuimarãesA autora busca nas ideias de Maffesoli (professor de

sociologia em Paris) noções referentes à violência, à ordem, à desordem

A ambiguidade possibilita pensar a vida social levando-se

em conta a multiplicidade das situações.

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o O termo social (forma analítica de ver o mundo, determinada pelas injunções econômicas e políticas) tem como lógica o dever-ser, determinando os caminhos dos indivíduos nos partidos, nas igrejas, nas escolas, etc.

oO termo socialidade (forma analógica de compreender a realidade, rica de possibilidades, exerce-se no insignificante, no banal, em oposição a tudo que é macro), ao contrário, é a expressão da lógica do querer-viver, que organiza as minúsculas atitudes cotidianas dos pequenos grupos que se entrecruzam e formam uma massa indiferenciada e muito diversificada, condicionando múltiplas atitudes, muitas vezes tidas como irracionais.

oToda vez que os poderes instituídos neutralizam as diferenças, e deixam de considerar as formas coletivas dos diferentes grupos, gerando submissão, há efeitos de ruptura que podem se manifestar tanto em fúrias urbanas e arrombamentos, por exemplo, quanto através da violência banal, isto é, das resistências passivas que subvertem o poder silenciosamente.

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A escola, enquanto espaço de convivência é percorrida por um movimento ambíguo: há de um lado ações que visam ao cumprimento das normas determinadas, e de outro, a dinâmica dos seus grupos internos que querem estabelecer interações, troca de ideias, palavras e sentimentos. Gera uma fusão provisória e conflituosa.

A escola produz a sua própria violência e a sua própria indisciplina. A disciplina imposta gera uma reação que explode na indisciplina incontrolável ou na violência banal.

O objetivo do texto não é valorizar esteticamente a violência, nem defender uma escola sem regras, mas mostrar a existência de uma lógica interna aos fatos que ofereça uma pista para alternativas pedagógicas de negociação com o conflitos.

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• A homogeneização escolar X formas de resistência.• O professor desempenha um papel violento e ambíguo: de

um lado tem a função de estabelecer os limites da realidade e das normas, de outro, desencadeia novos dispositivos para que o aluno tenha autonomia sobre seu próprio aprendizado.

• Concentração na função normalizadora achando que, com isso, conseguirá eliminar os conflitos. Entretanto, quanto maior a repressão maior a violência dos alunos em tentar garantir as forças que assegurem a sua vitalidade enquanto grupo. O professor ocupa lugar limitador mas também pode abrir brechas que permitirão ao aluno negociar.

• A indisciplina não expressa apenas ódio, raiva, vingança, mas também formas de interromper as pretensões do controle homogeneizador imposto pela escola.

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Nem uma liberação geral, nem uma ordem absoluta tem eficácia sobre o movimento dos diferentes grupos que compõem o território escolar. O confronto da escola com essas leis próprias obriga à negociação à adaptação.

É preciso construir práticas organizacionais e pedagógicas que levem em conta as características das crianças e jovens que hoje frequentam as escolas. Além disso, são necessários empreendimentos que flexibilizem o tempo e o espaço do território escolar, e não excluam a possibilidade de dissidência s e nem o debate.

Criar solidariedade Interna e Comunidade de trabalhoPaz signifique ausência de todo conflito. Os múltiplos

confrontos e o viver ambíguo (harmonia versus conflito) integrados a uma ação coletivas são fatores que concretizam a paixão de estar juntos, o gostar da escola, ainda que apenas para encontrar amigos.

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5- Aurea Guimarães, ao analisar a relação entre violência e indisciplina, pontua o espaço de convivência na escola que é:

(A) compreendida como instituição de saber, na qual professores são personagens que cumprem as leis e normas ditadas pelos órgãos centrais.

(B) percorrida por um movimento ambíguo: há de um lado ações que visam ao cumprimento das leis e de outro, a dinâmica dos seus grupos internos que estabelecem interações.

(C) compreendida apenas como reprodutora das experiências de opressão, violência e conflitos, e não como mecanismos de produção social e cultural.

(D) isenta de qualquer tipo de violência, onde há uma relação entre professor e aluno baseada na cooperação e no afeto.

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Cap. 6: A INDISCINPLINA E O PROCESSO EDUCATIVO: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA VYGOTSKIANA.- Teresa Cristina Rego

No meio educacional costuma-se compreender a indisciplina, manifestada por um individuo ou grupo, como um comportamento inadequado, traduzido na “falta de educação ou de respeito pelas autoridades”, ou seja, uma espécie de incapacidade em se ajustar às normas e padrões de comportamentos esperados.

A disciplina parece ser vista como uma obediência cega a um conjunto de prescrições, é pré –requisito para o bom aproveitamento na escola.

INDISCIPLINA

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Outras tendências... Uma outra tendência é a de associação a disciplina à tirania: qualquer

tentativa de elaboração de parâmetros é vista como prática autoritária e restritiva, que ameaça o espírito democrático e cerceia a liberdade e espontaneidade de crianças e jovens. Portanto, todas as regras e normas existentes devem ser subvertidas, abolidas ou ignoradas, e as condutas indisciplinares podem ser entendidas como uma virtude, já que pressupõe a “coragem de ousar” e desafiar padrões vigentes.

Há ainda tendências que encaram as normas como condição necessária ao convívio social: mais do que subserviência cega, a internalização e a obediência a determinadas regras podem levar o individuo a uma atitude autônoma, e consequentemente libertadora. Neste sentido, o disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros e estabelece limites.

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Partindo dessas premissas, um aluno indisciplinado não é aquele que questiona e se inquieta, mas sim aquele sem limites, que não respeita a opinião e os sentimentos alheios, que não consegue compartilhar, dialogar e conviver de modo cooperativo entre pares.

A análise destas tendências e o modo como interpretamos a indisciplina acarreta uma série de implicações á prática, fornecendo elementos capazes de interferir nas interações com os alunos, na definição de critérios para avaliar e no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.

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• No cotidiano escolar, os educadores tentam buscar, ainda que de maneira imprecisa explicações para indisciplina, a veem como um “sinal dos tempos modernos”, saudosistas de uma prática escolar do passado, parecem ignorar que a obediência e a não-contestação da autoridade era conseguida através de práticas despóticas e coercitivas.

• Também é comum verem a indisciplina como reflexo da pobreza e da violência presente na sociedade e fomentada especial a TV, assim a escola seria vítima de um clientela inadequada.

• Muitos atribuem a culpa da indisciplina à educação recebida em casa, bem como à dissolução do modelo nuclear de família, ou ainda à falta de interesse dos pais. Assim, a escola se isente de uma revisão interna, já que o problema é deslocado para fora.

• Outros entendem que o comportamento indisciplinado está relacionado aos traços de personalidade de cada aluno, independentes da aprendizagem e das influências da cultura, como se os traços comportamentais do aluno não podem ser modificados.

• Por sua vez, outros profissionais da educação e pais atribuem a responsabilidade ao professor: a falta de autoridade, de controle e de aplicação de sanções.

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Do ponto de vista do aluno indisciplinado, os motivos alegados são diferentes: reclamam do autoritarismo, da qualidade das aulas, da organização, do pouco tempo de recreio, da quantidade de matérias incompreensíveis, insignificantes, desinteressantes, da aspereza de alguns professores, das aulas monótonas, da obrigação de permanecerem sentados, da escassez de materiais e propostas desafiadoras, da ausência de regras claras, etc.

Apesar de todas as opiniões divergentes, prevalece um olhar parcial e pouco aprofundado sobre o problema, além disso, na visão de muitos educadores aparece no primeiro plano, como determinante da indisciplina, a influência de fatores extra-escolares no comportamento dos alunos. Deste modo, a solução para o problema da indisciplina não estaria ao alcance da escola.

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VYGOTSKY E O DESENVOLVIMENTO HUMANO:

• Diversas suportes teóricos:

• A psicologia contemporânea tende admitir que as características não são dadas a priori, nem são determinadas pelas pressões sociais: elas são formadas a partir de inúmeras interações do indivíduo com o meio.

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A teoria histórico-cultural elaborada por Vygotsky se insere neste paradigma. Esse autor concebe a cultura, a sociedade e o individuo como sistemas complexos e dinâmicos, submetidos a ininterruptos e recíprocos processos de desenvolvimento e transformação.

Vygotsky se dedicou ao estudo das funções psicológicos superiores (modo de funcionamento psicológico tipicamente humano): controle consciente de comportamento, capacidade de planejamento e previsões, atenção e memória voluntária, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, imaginação, etc. São diferentes dos processos psicológicos elementares

Esses processos originam-se nas relações entre indivíduos humanos e desenvolvem ao longo do processo de internalização de formas culturais de comportamento.

As características do funcionamento psicológico, assim como o comportamento de cada ser humano, são construídas ao longo da vida do individuo através de um processo de interação com seu meio social, que possibilita a apropriação da cultura elaborada pelas gerações anteriores. Ao mesmo tempo que internaliza o repertório social, o sujeito o modifica e intervém em seu meio.

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A relação do homem com o mundo não é uma relação direta, e sim mediada pelos instrumentos técnicos e os sistemas de signos, construídos historicamente e por todos os elementos presentes no ambiente humano com significado cultural. A linguagem é mediadora por excelência, pois carrega em si os conceitos generalizados e elaborados pela cultura humana.

Vygotsky atenta para o importante papel mediador exercido por outras pessoas nos processos de formação de conhecimento, habilidades de raciocínio e procedimentos comportamentais.

Assim, ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança reconstroem individualmente dos modos de ação realizados externamente e aprendem a organizar os próprios processo mentais, a controlar e a dirigir seu comportamento (autogoverno) e a agir nesse mundo.

Nesta perspectiva, a educação (familiar, escolar, ou vinda da sociedade) cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos. A escola representa o elemento fundamental para que o sujeitos que vivem numa sociedade letrada se realizem plenamente; as crianças são desafiadas entender as bases dos sistemas de concepções científicas e a tomar consciência de seus próprios processos mentais.

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A família, a escola e o aprendizado da disciplina: Um comportamento mais ou menos indisciplinado de um individuo

dependerá de suas experiências, de sua história educativa, e sempre terá relação com a característica do grupo social e da época. Ele não resulta de fatores isolados, mas da multiplicidade de influências. Essas influências não são unidirecionais, nem são recebidas de modo passivo.

Desse modo a escola e a família tem responsabilidades. A família –primeiro contexto de socialização. Duas autoras,

Moreno e Cubero, identificam três práticas paternas de educação e seus resultados:

Pais autoritários: pouco comunicativos, pouco afetuosos, rígidos, controladores e restritivos quanto ao nível de exigência dos filhos. Valorizam a obediência a normas e regras mas não se preocupam em explicá-las às crianças. Quando são infringidas, fazem uso de severas ameaças, castigos, físicos e outras medidas disciplinares. Consequências: filhos tendem a manifestar maior obediência e disciplina, mas também maior timidez e apreensão, com autonomia e autoestima baixas.

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Pais permissivos: valorizam o diálogo e o afeto, são tolerantes e indulgentes, mas têm dificuldade em exercer algum tipo de controle sobre a criança e não costumam exigir responsabilidades. Consequências: filhos mais alegres e dispostos, tendem a apresentar comportamento impulsivo e imaturo e dificuldade de ter responsabilidades.

Pais democráticos: equilibram a necessidade de controlar e dirigir as ações infantis e de exigir seu amadurecimento e independência com o respeito às necessidades, capacidades e sentimentos dos filhos. Apresentam alto nível de comunicação e afetividade e estimulam as crianças a expressar suas opiniões. Demonstram flexibilidade, mas conseguem estabelecer regras e limites claros, mantidos de forma consciente, cujos motivos são explicados. Conseqüências: filhos com significativo autocontrole, autoestima, capacidade de iniciativa, autonomia e facilidade de relacionamentos, parecem ser capazes de assumir determinadas posturas por seus valores intrínsecos e não pelo temor às reações externas.

Uma coisa aceitar a importância dessa influência familiar e outra, bem diferente, é acreditar que é determinante e irreversível.

Os traços que caracterizarão a criança não provêm somente do seio familiar, mas de outros, como a escola. Uma relação entre professor e aluno baseado no controle excessivo ou na tolerância permissiva também provocará reações e diferente da inspirada em princípios democráticos.

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Neste sentido escola tem um papel relevante, que não é compensar as carências (culturais, afetivas, sociais) do aluno, e sim oferecer-lhe a oportunidade de ter acesso a informações e experiências novas e desafiadoras, capazes de transformá-lo e de desencadear novos processos de comportamento.

Vygotsky sugere duas implicações: A escola não pode se eximir de sua tarefa educativa no que se refere à

disciplina mas, precisa aprender a adequar suas exigências às possibilidades e necessidades dos alunos. Os alunos precisam ter a oportunidade de conhecer as intenções que originaram as regras e que haja coerência quanto a sua conduta e àquela esperada dos alunos, já que é também através da imitação dos modelos externos que a criança aprende.

Mais do que lamentar a educação familiar e esperar que ela se transforme, é necessário que os educadores concebam estes antecedentes como ponto de partida e façam uma análise profunda dos valores responsáveis pela ocorrência da indisciplina em aula.

Estudos recentes mostram como as “turbulências” ocorridas em sala de aula retratam os equívocos da escola em face das necessidades, interesses e possibilidades dos alunos. Talvez nesse processo de avaliação interna, é provável que a escola e os educadores descubram que os motivos alegados pelos “alunos indisciplinados” são bastante procedentes.

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6- Vygotsky não estudou a temática indisciplina diretamente, porém, a partir de seu estudo é possível compreender o fenômeno. Dessa forma, Teresa Cristina Rego, fez um artigo em que pontua o papel da mediação diante da indisciplina. Segunda ela o importante papel mediador exercido nos processos de formação de conhecimento, habilidades de raciocínio e procedimentos comportamentais, é exercido:

(A) apenas pela escola.

(B) principalmente pela família.

(C) exclusivamente pela família e escola.

(D) é de responsabilidade da família e da escola.

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CAP. 7- MORALIDADE E INDISCIPLINA: UMA LEITURA POSSÍVEL A PARTIR DO REFERENCIAL PIAGETIANO-

Ulisses Ferreira de Araújo.

O referencial usado o texto é o da Psicologia e Epistemologia Genética de Jean Piaget e sua obra “O juízo moral da criança” (1932).

Da frase de Piaget que afirma que “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por essas regras”, podem ser retirados dois temas básicos: a vinculação entre regra e moral e a importância que o respeito às regras (não a obediência) exerce no desenvolvimento da moralidade.

A principal preocupação dele era elucidar como a consciência chega a respeitar as regras. Em seus estudos constatou um caminho psicogenético no desenvolvimento infantil dessas noções, vinculado ao desenvolvimento do juízo moral. Tal caminho é iniciado na criança com a fase da anomia (ausência de regra, recém nascido que não concebe as regras da sociedade e não sabe o que deve ou não ser feito), passando para a heteronomia (criança já percebe a existência de regras, mas sua fonte é variada, sabe que existem coisas que devem ou não ser feitas, mas quem as determinas são os outros), em direção à autonomia (sujeito sabe que existem regras, cujas fontes estão nele próprio).

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Piaget visando entender o sentido real da moral a autonomia e da heteronomia, se pautou em Kant, que afirma que o homem tem necessidade de agir segundo certas regras ou imperativos, que podem ser de dois tipos: categórico e hipotético.

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Heteronomia autonomia• A ação resultante do imperativo hipotético, ocorrida por

pressão externa (do outro ou da sociedade) e que leva o individuo a agir por interesses próprios, desejos ou inclinações pessoais, é chamada por Kant, de heteronomia.

• Em oposição está a autonomia, que reside na vontade do homem em escolher uma ação que seja conforme o dever, ou agir segundo a razão submetida a uma legislação universal que não lhe seja externa.

• Anomia: ausência de consciência de regras.

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Piaget confirma que é impossível chegar à autonomia, sem passar pelo estágio da heteronomia. No entanto, para ele a noção de justiça e respeito às regras deve ser construída pelo individuo através da experiência e de suas interações com o mundo.

A forma tradicional de construção da heteronomia se dá pela construção de um tipo de relação interindividual baseada no respeito unilateral ( da criança para com o adulto). As ações da criança ainda giram em torno de seus próprios interesses e não em torno de relações recíprocas e interpessoais.

Durante o desenvolvimento, o egocentrismo cede lugar a um processo mais amplo de socialização, através da convivência constante com sujeitos da mesma idade, e abre espaço para que ocorra o processo de cooperação, gerando o respeito mútuo, quando as crianças deixam de se basear somente na obediência para também se basearem na reciprocidade.

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Para Piaget, a integração entre ação e juízo moral será possível quando o sujeito se sentir obrigado, racional e internamente, a agir moralmente, de acordo com princípios universais de igualdade e justiça.

Uma perspectiva prática para o educador: No que se refere a indisciplina a escola, deve-se observar o princípio da regra: se este não for de justiça, a regra será imoral e, portanto, a indisciplina se torna um sinal de autonomia.

O método da repressão como combate à indisciplina só funciona com sujeitos que temem a autoridade; os que não a respeitam ignoram as regras e ordens impostas e se satisfazem internamente quanto mais o professor grita.

A outra forma adotada por muitas escolas, desejosas de romper com a postura autoritária, é a da “liberdade”, geralmente confundida com permissividade. Ao deixarem os alunos livres para decidir o que acham ou não correto, reforçam a anomia e não levam o sujeito à autonomia.

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A visão do professor duro versus o professor bonzinho não reflete toda a realidade da relação professor-aluno. É possível que o educador seja ativo, enérgico muitas vezes, sem ser autoritário, desde que os alunos sintam que são respeitados, que suas ações são coerentes, que ele não busque privilégios para si ou para alguns alunos em detrimento de outros, e tenha reciprocidade Esse tipo de postura deve ser construída lentamente, no dia a dia da sala de aula, por todos os membros do grupo.

É necessário que o professor estabeleça as regras no grupo, deixe claro que não é externo a este, e sim parte inerente a seu papel. Por outro lado, é fundamental, que o mesmo não extrapole suas funções de coordenador e mediador do grupo, e não tente ser o “dono” da sala, aqueles que tudo determina. Essa postura é incoerente com os ideais de respeito e reciprocidade. Se o professor souber usar democraticamente a autoridade inerente a seu papel, os alunos sentirão a importância do respeito e não da mera obediência a regras.

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7- Ulisses Ferreira de Araújo, usa o referencial piagetiano para realizar sua análise frente a relação entre disciplina e moralidade. Assim, considerando a autonomia defendida por Piaget, qual informação está incorreta?

(A) a cooperação pode levar a uma ética de solidariedade e reciprocidade nas relações, e assim a autonomia.

(B) pode ser caracterizada pela percepção a existência de regras, mas sua fonte é variada, sabe que existem coisas que devem ou não ser feitas, mas quem as determinam são os outros.

(C) é determinada pela relação dialógica baseada no respeito mútuo.

(D) pode ser caracterizada pelo sujeito que sabe que existem regras, cujas fontes estão nele próprio.

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Cap 8- A INDISCIPLINA E O COTIDIANO ESCOLAR: NOVAS ABORDAGENS, NOVOS SIGNIFICADOS.

Lourizete Ferrogut Passos

O termo indisciplina não é formado no texto como indicação de privação da disciplina, como falta de regra ou de controle, mas como um atravessamento na forma em que as escolas estão socialmente organizadas. Não se trata de negar a necessidade de ordem, mas de refletir como a indisciplina pode adquirir um significado ousado e criativo e de que forma ela poder ser colocada em primeiro plano no processo de aprendizagem. O ato pedagógico não precisa ser silenciado, pelo contrário, deve ser o momento do emergir das falas dos professores e aluno, numa ânsia de descobrir e construir juntos.

Ainda assim, a maioria das instituições é reconhecida socialmente pela manutenção da ordem. O exercício constante da autoridade sobre os alunos é uma forma de fazê-los saber que não podem ser autônomos, que necessitam de constante tutela, privando-os, por sua vez, de solidariedade e criação. Os professores veem a disciplina como necessidade pedagógica e acabam por criar uma educação para a docilidade, que impede os indivíduos de crescerem como sujeitos autossuficientes e automotivados.

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A pedagogia é o instrumento de transmissão de uma cultura dominante, legítima e valorizada enquanto a cultura popular, diferentemente, é menosprezada. Nesta última, porém reside o exemplo de um aprender que se organiza em torno do prazer e do cotidiano que serve para validar as experiências dos alunos.

Um pensar crítico da pedagogia pretende ver as escolas como espaços que valorizem as experiências e a cultura de seus alunos e professores, concretizando uma educação emancipadora dos indivíduos.

O cotidiano escolar e a cultura da disciplinarização: Já que a prática pedagógica se estrutura a partir das referências ideológicas, morais e sociais dos envolvidos na dinâmica escolar , as concepções de saber, ensino e poder deles devem ser analisadas.

Cada sujeito se apropria de forma diferente do saber, daí a importância de propostas pedagógicas alternativas.

Esta análise da escola prioriza seu processo de construção, a partir de divisões e dicotomias (relação professor- aluno, professores- pais, pedagógico-administrativo, disciplina-indisciplina) que rompem com o movimento natural das crianças fora de sala de aula (falar, andar, estar), transformando-a na escola da passividade. Entrar nela significa renunciar à diversidade do espaço externo. É fundamental observar que o existir e o saber cotidianos apresentam momentos de sujeição e momentos de resistências e contestação que podem ser transportados com muito proveito para o ambiente escolar.

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O cotidianos escolar e os estudos etnográficos: Tradicionalmente a etnografia é a descrição da cultura de uma comunidade, mas vem sendo aplicada na descrição do discurso de qualquer grupo social que esteja regulado por hábitos e costumes. Voltada à educação, ela foca o processo educativo, permitindo reconstruir os movimentos da experiência escolar.

Através desse estudo, o cotidiano dentro da escola se revela dinâmico, ao invés de estático e repetitivo, com mecanismos de dominação e resistência, opressão e contestação acontecendo junto com a reelaboração de conhecimentos, atitudes, crenças e visões de mundo.

O registro em vídeo (microetnográfia ou microanálise) dessa realidade permite uma análise mais apurada do que a descrição clássica, pois cria um espaço para discussão das cenas juntamente com os professores.

Claro parece-nos, dessa forma, que qualquer pesquisa sobre a indisciplina na escola deve envolver a análise de vários aspectos, como as estruturas de poder, as pressões e expectativas dos pais, as concepções dos professores em relação à construção dos conhecimentos, entre outros. Não podemos mais insistir na disciplinarização dos sujeitos. É preciso avançar em busca de novas formas de transmissão do conhecimento e tratar a indisciplina de forma criativa

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8- Na perspectiva de Laurizete Ferraut Passos, a prática escolar se estrutura a partir das referências ideológicas, morais e sociais dos envolvidos na dinâmica escolar. Sendo assim:

(A) é essencial ter uma postura que analise as concepções de saber, de ensino e poder dos envolvidos.

(B) é essencial ter uma postura que oculte as concepções de saber, de ensino e poder dos envolvidos.

(C) é essencial ter uma postura que envolva as concepções de saber, de ensino e poder dos envolvidos.

(D) é essencial ter uma postura que ignore as concepções de saber, de ensino e poder dos envolvidos.

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CAP 9: OS SENTIDOS DA (IN)DISCIPLINA: REGRAS E MÉTODOS COMO PRÁTICAS SOCIAIS- José Sérgio F. de

Carvalho Uma forma diferente de abordar o problema da (in)disciplina

proposta por algumas correntes filosóficas contemporâneas tenta esclarecer noções sobre disciplina e indisciplina e suas relações com o ensino e a aprendizagem, através da conceituação de tais termos, de seu uso na linguagem corrente e de suas manifestações concretas.

A ideia de disciplina como “o conjunto das prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem” (dicionário Caldas Aulete), em que ordem e hierarquia aparecem como um modo de vida, é a mais presente nos discursos de professores e outros agentes escolares.

Se a noção de disciplina como ordenadora e padronizadora de comportamento é uma meta valorosa em instituições militares e eclesiásticas, na escola ela não se justifica automamente, mas se vincula aos conteúdos (disciplinas) que a demandam. O próprio termo disciplina deriva do latim disco, que quer dizer aprendo.

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A origem dessa ideia está na submissão do aprendiz às regras impostas pelo mestre como um caminho para a aprendizagem, e na aquisição de conhecimentos de uma determinada área.

Portanto, entender os problemas da indisciplina escolar consiste na explicitação do vínculo, específico da relação escolar, entre a noção de disciplina como área de conhecimento e a de disciplina como comportamentos/procedimentos.

No contexto da sala de aula, a disciplina não necessariamente precede a forma discursiva o trabalho, mas concretiza-se em um trabalho. Ela nem sempre implica a clareza de regras de comportamento verbalmente apresentadas, mas sim a clareza de meios e objetivos para um trabalho.

O termo disciplinado indica a posse de um modo de fazer que se funda em preceitos úteis para que não se desperdice esforço, para que os caminhos tomados surpreendem negativamente o menos possível, das as experiências anteriores (próprias ou de outras pessoas). É por isso que trabalho do professor, ainda que não insubstituível é enriquecedor.

Desse modo as regras e disciplinas não são só reguladoras (no sentido de permitir ou proibir), mas também constitutivas, já que sua existência é que é possibilita a criação. Àquele que ensina cabe iniciar o aprendiz nas regras, procedimentos e modos operandi de uma área de conhecimento, de um certo saber.

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O professor transmite-lhe um método de trabalho, uma disciplina, e não um estoque de soluções. Ao dar regras e transmitir uma disciplina, o professor não impede o aluno de criar, e sim possibilita a criação.

Ter disciplina para realizar algo não significa ser disciplinado para tudo, na medida em que disciplina escolar não se identifica com uma “boa ordem”, mas com práticas que exigem diversas disposições e tipos de exigência.

Não se pode exigir um tipo padronizado de comportamento, deve-se ensinar certas maneiras de trabalhar. Tais maneiras serão eficazes se o professor tiver clareza dos objetivos e procedimentos dos conteúdos ou áreas de conhecimentos com os quais deseja trabalhar.

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9- José Sérgio de Carvalho ao buscar “os sentidos da indisciplina”, destaca as regras e métodos sociais. Assim, julgue as afirmações abaixo:

I- Na escola a disciplina não se justifica autonomamente, mas se vincula aos conteúdos que a demandam.

II- O termo disciplinado indica a posse de um modo de fazer que se funda em preceitos úteis para se desperdice esforço, para que os caminhos tomados surpreendem negativamente o menos possível.

III-No contexto da sala de aula, a disciplina não necessariamente precede a forma discursiva o trabalho, mas concretiza-se em um trabalho.

Existem afirmações verdadeiras:

(A) em todas os itens. (C) apenas no itens II e III

(B) apenas no itens I e II (D) apenas no itens I e III.

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CAP. 10- A INDISCIPLINA COMO MATÉRIA DO TRABALHO ÉTICO E POLÍTICO: Sônia A. Moreira

França

• Percebe-se que a indisciplina é um acontecimento sustentado por posições éticas e políticas diante da existência- (comportar-se com decoro)- implica um trabalho sobre si mesmo que é ao mesmo tempo uma análise histórica dos limites que o mundo apresenta e uma experimentação da possibilidade de ultrapassá-los.

• A indisciplina aparece hoje como um ato de um sintoma individual. Então, porque a indisciplina deixou de ser uma força inerente ao processo educacional (matéria de trabalho ético e político) e se tornou um modo de explicitação de pequenos poderes dos aspectos privados de UM?

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Hannah Arendt diz que a sociedade moderna transformou os interesses da esfera privada em interesses coletivos e a preocupação com a propriedade privada em preocupação política de todos os homens. Assim, exigiu-se da esfera pública a proteção à propriedade particular, onde o homem se sente protegido do mundo, cuja multiplicidade o assusta.

Para Arendt, o homem contemporâneo vive a liberdade como um diálogo com ele próprio. A liberdade foi separada de seu lugar de origem (o mundo político) e articulada com a capacidade individual da vontade, gerando uma consequência política perigosa: a separação dos homens do mundo e a aproximação entre autonomia, soberania e tirania em um mesmo eixo fundante de UM: o EU QUERO.

A indisciplina é um sintoma de desvio do comportamento individual por causa da retirada do homem para o mundo privado.

A privatização do espaço público- lugar da educação como fenômeno político- torna a sala de aula um local de explicitação da vontade individual, diluindo o campo político. A educação não mais se mostra como esfera humana política e social, mas como uma subordinação à interioridade de cada um e uma redução ao arbítrio entre fins estabelecidos por interesses privados, de mercado.

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Desse modo, educar é oferecer técnicas que propiciem a exaltação do individuo e do exercício da competência, sendo possível verificar a utilidade de cada interesse e, assim, autorizá-lo como valor moral. Ao sucumbir a um modelo que assegura a profissionalização a educação despolitiza-se, tornando-se uma mercadoria que almeja intensificar valores e interesses privados e, portanto, descartável. Perde sua potência de imprimir durabilidade às coisas do mundo, ou seja, de propor uma cultura aos indivíduos, de mostrar-lhes as obras humanas.

Para que tais obras se efetivem, a sala de aula não pode ser lugar de passagem, mas sim um instante de cristalização de toda a existência: campo futuro da conexão do homem com o mundo e seu futuro; ou seja, uma força de humanização que proporcione ao homem chegar a si mesmo, transformar-se e transformar o mundo.

Vê-se que o trabalho de intensificação das relações consigo próprio e com os outros desaparece da sala de aula; perdeu-se de vista as dimensões ética e política que fundamentam o processo educacional. Esquece-se que o ato de pensar, embora seja um processo solitário, nunca se realiza inteiramente sem o outro.

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Assim, por que a sala de aula não pode ser o lugar onde se possa realizar uma crítica de si mesmo, do que se é hoje? Para isso, é necessário que a sala de aula retome seu papel de espaço público , lugar de (re)produção das ações coletivas e exercício permanente de si próprio.

É necessário um espaço comum entre homens para se relacionar, num mundo tão marcado pela velocidade por uma vertiginosa exposição de imagens. A sala de aula pode ser esse lugar onde o pensamento se demora um instante a fim de digerir e tomar coragem de rasgar as experiências repetidas.

No entanto, se o espaço público é perdido, perde-se também o contato com o outro e o senso ético. O ato indisciplinado é uma forma que precisa ser trabalhada para explicitar a que veio.

É necessário aprender a viver a vida inteira para fazer da vida uma obra de arte e, com isso, proporcionar durabilidade ao mundo. Não basta dizer que dois mais dois são quatro, há de se avaliar como este conhecimento imprime uma nova direção em si e no mundo, conferindo à existência um certo grau de perfeição.

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10- No texto “ A indisciplina como matéria do trabalho ético e político”, Sônia França, defende a escola como um espaço:

(A) de humanização, que proporcione ao homem chegar a si mesmo, transformar-se e transformar o mundo.

(B) de passagem, onde o homem contemporâneo vive a liberdade como um diálogo com ele próprio.

(C) onde prevalece interesses coletivos e a preocupação com a propriedade privada.

(D) de explicitação da vontade individual, diluindo o campo político.

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01. (VUNESP/2013) Aquino (1996) afirma que “a indisciplina na escola aparece sob todas as formas de conflito que incorporam uma capacidade de __________  dos pequenos grupos e expressam-se quer sob uma aparente submissão, quer através dos excessos de todos os tipos. Num caso o indivíduo está completamente __________   em relação a um controle central, abstrato, anônimo; noutro, as potencialidades de cada um são reconhecidas e integradas em um conjunto.”

Assinale a alternativa que, de acordo com o autor, preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.

(A) adaptação … independente(B)  resistência … dependente(C)  persistência … alheio(D) organização … resistente(E)  alienação … enfraquecido

Simulado.... Últimos concursos

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02. (VUNESP/2014) Júlio Groppa Aquino, in Aquino (1996), apresenta o fenômeno da indisciplina como, talvez, o “inimigo número um do educador atual”, presente nas escolas públicas e particulares. Circunscreve o tema como interdisciplinar e transversal à Pedagogia, apontando a indisciplina como um sintoma de “outra ordem que não a estritamente escolar, mas que surte no interior da relação educativa”. O autor conclui que as diversas leituras do fenômeno findam por implicar uma análise transversal que leva a enxergar a saída

(A) por uma razoável valorização da educação de antigamente  que,  com  uma  militarização  difusa, baseada no medo, na coação e na subserviência, fazia do professor um modelador do aluno e resultava em rendimento escolar satisfatório.(B)  pelo  reconhecimento  de  que  a  indisciplina  traz  um rebaixamento  da  qualidade  da  educação escolar, obrigando  a  escola  a  receber,  pela  ampliação das vagas,  os  filhos  das  classes  populares, com  seus modos inadequados ao trabalho escolar.(C)  pela  exigência  às  famílias,  por  parte  da  escola, de que elas se incumbam de providenciar a introjeção de determinados padrões morais apriorísticos que levem ao reconhecimento e respeito da autoridade externa.(D)  pelo  reconhecimento  e  pela  aceitação de que a escola precisa atender o crescente número de alunos sem pré-requisitos morais e disciplinares e, por isso, faz-se urgente reinstalar o componente curricular “educação moral e cívica”.(E) pela instauração de uma “nova” ordem pedagógica que restaure a função epistêmica da escola e coloque o conhecimento no centro do cenário educativo, situando  o  objeto  a  ser  aprendido, dialogicamente, “entre” os que ensinam e os que aprendem.

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03. (VUNESP/2014) Áurea Maria Guimarães, in Aquino (1996), contribui com uma reflexão que se inicia perguntando: “Será que a indisciplina e a violência são sempre indesejáveis, ou teríamos de considerar a ambiguidade desses termos?”. Esclarece que buscou, nas ideias de Michel Maffesoli, “algumas noções referentes à violência, à ordem, à desordem, à lógica do dever-ser versus a do querer-viver, nas quais a ambiguidade aí presente, em vez de se mostrar como defeito, possibilita pensar a vida social, levando-se em conta a multiplicidade das situações”.Concordando com o ponto de vista defendido pela autora, pode-se concluir que(A) com o advento da escola de massas, existe um conjunto de histórias tão diversificadas que pode dificultar a socialização dos alunos, sendo necessária uma ação de padronização ancorada no “deve ser”, nos objetivos iguais para todos para que, como nos velhos tempos, se alcance sucesso na formação de pessoas de bem e instruídas.(B) é preciso encontrar equilíbrio entre os interesses dos alunos e as exigências da instituição e dar início ao despontar de uma solidariedade interna, que engendre uma luta pelo coletivo e crie uma comunidade de trabalho, flexibilizando o tempo e o espaço do território escolar e mantendo a possibilidade de dissidências e debates.(C) é válido todo esforço para eliminar a tensão entre os comportamentos espontâneos, licenciosos, com os quais os alunos chegam, e a ordem do espaço escolar, a qual retrata e representa a ordem social externa, mesmo que para isso se faça uma experiência de “liberar geral” para que eles vejam as consequências e peçam as regras da instituição.(D) quando há respaldo para implantar a “tolerância zero” para indisciplina e/ou violência, as discordâncias deixam de ser objeto de negociação, todos se unem em torno do que foi definido igualmente para o grupo, sem injustiças nem favoritismos; então as “panelas” se desestruturam, e o trabalho escolar, em torno do conhecimento, flui normalmente.(E) o firme propósito de eliminar a indisciplina e a violência, ou de colocá-las fora do espaço escolar, abriu caminho para que os educadores escolares solicitassem a ajuda técnica de especialistas, seja para orientação e capacitação deles próprios ou para atender, individualmente, os alunos a eles encaminhados devido a seu comportamento discrepante mais grave.

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04. (VUNESP/2014) França, in Aquino (1996), trabalha o tema da indisciplina levando em conta que a sociedade moderna transformou os interesses da esfera privada, ligados à sobrevivênciada  espécie,  em interesses coletivos, levando  a  um encurtamento do espaço público. Diante desse contexto, a autora propõe que a sala de aula pode e deve ser:• campo político de conexão do homem com o mundo e seu  futuro:  lugar  de  experimentar,  na existência de cada  um,  os  elementos  da  cultura:  saberes,  atitudes, valores, crenças e interesses;•  lugar de um trabalho infatigável para aprender a viver a vida inteira, transformá-la numa obra de arte, conferindo durabilidade  ao  mundo,  avaliando  as  consequências dos  conhecimentos  construídos,  no redirecionamento de  nós  mesmos  e  do  mundo,  visando  a  uma  certa perfeição. Isso tudo porque ela

(A) aponta a indisciplina como matéria do trabalho ético e político e a desejável disciplina como resultado dele.(B) aponta  a  indisciplina  que  enfrentamos  hoje  como herança  ética  e  política  do  período  militar,  isto é, revanche ao processo repressivo.(C) entende a escola como um espaço neutro na política e  na  ética,  terminando  o  direito  de  cada  um onde começa o do outro.(D) concebe a disciplina, que garante a ordem e o silêncio, como condição para que o aluno aprenda os conteúdos acadêmicos.(E) aponta  a  disciplina como matéria do trabalho educativo familiar, berço da ética de cada um e fonte de modelos.

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• GABARITO

01 - B02 - E03 - B04 - A

• OBRIGADA!!!

• DÚVIDAS: [email protected]

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• 1) Segundo o autor Júlio Groppa Aquino em seu livro “Indisciplina: Alternativas teóricas e práticas” a Indisciplina discente é um fenômeno típico da adolescência. Quais características abaixo podem explicar os motivos que são causadores da Indisciplina em sala de aula: I. O questionamento às normas e valores que são impostos pelos adultos. II. Desestrutura familiar (pela desagregação de casais, falta de tempo com os filhos, não supervisão das tarefas escolares, etc.) III. Aos hábitos e novos costumes impostos pelos meios de comunicação de massa, mais sedutores do quê o espaço de sala de aula.

• a)      I e II são causadoras de Indisciplina• b)      II e III são responsáveis pela Indisciplina• c)      I e III são na verdade os verdadeiros responsáveis pela Indisciplina.• d)     Todas as alternativas são responsáveis pelo fenômeno da Indisciplina.•

• 2) Segundo Aquino, as inflexões disciplinares: I- parecem ter correlação imediata com o estilo de ação do professor, mostrando-se como resposta à ausência de autoridade docente ou ao seu inverso, o abuso. II- são menos comuns com professores de Educação Física e de Artes. III- não se trata de um fenômeno exclusivo de países como o Brasil; verifica-se também em contextos em que as condições infra-estruturais do trabalho escolar são mais satisfatórias.

• Estão corretas as afirmativas:•

• a)      I e III• b)      I e II• c)      III e II• d)     I, II e III•

• Questões dissertativas•

• 3) A indisciplina escolar se tornou, nos últimos tempos, um dos assuntos nucleares no que circunda o imaginário educacional. O especialista Julio Groppa Aquino, em seu texto: “A desordem na relação professor-aluno: Indisciplina, Moralidade e Conhecimento”, apresenta-nos uma reflexão sócio-histórica sobre o fenômeno da Indisciplina, considerando ser uma força legítima de resistência. Que tipo de “resistência” ele se refere? Como entender a Indisciplina pelo olhar “sócio-histórico”? Justifique.

• 4) Um dos problemas relacionados à Indisciplina escolar seria “O esfacelamento do papel clássico da família” (Julio Groppa Aquino, pg. 46). A partir dessa citação, explique como as condicionantes psicológicas relacionadas ao papel da família podem ser direcionadas para um maior entendimento do fenômeno da Indisciplina escolar.

• 5) Para relativizar o problema da Indisciplina escolar, o autor Júlio Groppa Aquino, propõe o “Contrato Pedagógico”. Explique-o.