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(Ponto sorteado pela Egrégia Congregação do Lyceu Alagoano) Off. Graph, da CASA RAMALHO MACEIÓ — 1929 THESE De concurso á cadeira de Geo^raphia e Choro£raphia do Brasil no LYCEU ALAGOANO f. I—Estudo geral das regiões da Africa^ II —As regiões naturaes do Brasil. —Divi- são regional do paiz. —Bases geogra- phicas racionaes desta divisão. > ,

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(P on to sorteado pela E grég ia C ongregação do L yceu A lagoan o)

Off. Graph, da CASA RAMALHO MACEIÓ — 1929

T H E S EDe concurso á cadeira de Geo^raphia

e Choro£raphia do B rasilno

LYCEU ALAGOANO

f. I—E studo gera l das reg iões da Africa^ II —As reg iões naturaes do B rasil. —D iv i­

são reg ion a l do paiz. —B a ses geogra- p hicas racionaes d esta divisão. > ,

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IEstudo geral d as regiões

da A frica

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ÊFWl AFRICA é um continente de fórma triangular que se estende, ao S. da Europa e ao S. Wi. da Asia, dos 37.° de lat. N. (Cabo Branco) aos 35.° de lat. S. (ponta

das Agulhas), entre os meridianos de 51.° B. Greenwich (cabo Guardafui) e 17°30° W (cabo V erde). Mede, assim, cerca de 8.000 kilometros no seu maior comprimento e, approxima- damente, 7.500 kilometros na sua maior largura. A sua su­perfície total é de perto de 30.000.000 de kilometros quadra­dos, ou seja tres vezes maior que a da E uropa; e cerca de tres quartos da extensão da Asia.

Isolada da Australia pelo oceano Indico e da America pelo Atlântico, banhada ao sul pela juncção desses dous ocea­nos, a Africa, que já esteve intimamente ligada á Asia occi­dental pelo isthmo de Suez, hoje transformado em canal, tem as suas costas septentrionaes tão approximadas das costas me- ridionaes da Europa que a sua região do Norte, ou Atlas, e o meiodia europeu poderiam ser considerados como constituin­do uma região natural nitidamente definida. Marrocos está apenas a 16 kilometros da Hespanha (estreito de Gibraltar) e a Tunisia unicamente a 100 da Sicilia (estreito de T unis).

Comjparada com as outras duas partes do mundo antigo (Europa e Asia), apresenta a Africa uma serie de contra­stes quanto á natureza do relevo do seu solo; ao fraco desenvol­vimento das suas costas em relação á superfície total; ao seu clima, aos povos que a habitam, ás condições sociaes desses po­vos etc.

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E ’ de todas as massas continentaes a que tem maior des­envolvimento entre os trópicos, razão por que conta as mais vastas extensões aridas (desertos e steppes) ; e a que possue os maiores e mais profundos lagos de montanha do mundo.

O seu relevo é constituído, na sua quasi totalidade, por um planalto de altitude media apenas inferior ás dos da Asia, planalto cujos bordos cahem bruscamente sobre a região cos­teira insalubre, o que, ao lado da natureza de seus nos, de certo modo tem concorrido para que seja essa parte do mundo a menos accessivel e conhecida de todas, apezar de ter sido oberço da civilização.

Continente algum apresenta um bloco tão compacto e umaestructura tão massiça, littoral mais ingrato, perigoso e insa­lubre. Nenhuma grande reentrância que o penetre profunda­mente; nenhum mar interior; nenhuma peninsula bem arti­culada; pouquíssimas denteações, numerosas dunas e recifes de coral. Tres vezes menor que a Europa, que tem um desen­volvimento de 32.000 kilometros de costas, o continente ne­gro possue um littoral quasi rectilineo de 26.000 kilometros, apenas com tres ou quatro portos seguros e profundos.

O seu ponto mais avançado ao norte está na mesma lati­tude da California e do Japão e o seu ponto extremo meridio­nal na de Montevideo e de Sydney, o que quer dizer que é dos continentes meridionaes o que mais avança pelo hemispherio boreal e o que menos se extende para o sul. O Equador ter­restre quasi o divide ao meio.

A historia geologica da Africa é pouco conhecida, mas parece que desde os tempos primários a architectura geral desse continente tem soffrido poucas modificações. As ro­chas antigas, por vezes muito decompostas, constituem a ossa­tura do relevo que certamente a principio era mais accusado. Esse relevo é de formação granitica, coberto de grés.

As altas terras, onde se cavaram as bacias dos grandes lagos, as montanhas do Natal, da Colonia do Cabo, da Angola,

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os terraços do Congo e do Camerum, o massiço de Futa-Djalon e outros, não passam de vestígios de poderosos solevamentos reduzidos agora a ruinas, cuja altitude maxima não excede a 2.500 metros. As altitudes maiores só são encontradas nas zonas fraeturadas, onde as rochas eruptivas ergueram os seus cones gigantescos, como na Ethiopia, nas costas de Zanzibar e nas margens dos grandes Lagos. Notam-se, egualmente, va­rias depressões como a dos Chotts tunisianos, a de Tombucotú, do lago Tchad, do Babr-el-Ghazal^ do Congo, do lado Nga- iri, etc.

A cadeia Atlas parece ser da mesma idade e da mesma formação que as montanhas da Hespanha e da Italia, conside­radas as da Sicilia como um annel da mesma cadeia interrom­pida pelo mar.

Esboçada a ligeira apreciação que se contem nas linhas acima sobre o continente africano, passemos a abordar o as­sumpto da nossa these, ou seja o estudo gemi das regiões da A i rica.

A primeira difficuldade que se nos depara para o inicio de tal estudo reside, justamente, na divisão dessa parte do mundo em um certo numero de regiões. E ’ que ella não se presta, seja pela sua extranha configuração geral, seja pelo facto de ser ainda imperfeitamente conhecida, a uma divisão regional precisamente nitida. Attendendo á sua posição as­tronómica, ou melhor, ao facto de se achar como que bipartida pelo equador terrestre e, também, por simples questão de me- thodo, vamos dividil-a em tres grandes zonas, a saber: I A fri­ca Septentrional (do parallelo dos 37.° ao dos 15.° norte) ; II Africa Equatorial (desse ultimo parallelo ao dos 15.° su l) ; e I I I Africa Meridional (desse parallelo dos 15.° até o dos 35.° su l) .

Isso feito, procuremos grupar os diversos paizes e terri­tórios situados em cada uma dessas grandes divisões pura-

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monte convencionaes em umas tantas regiões, attendendo, nos limites do possivel, á semelhança de relevo, de clima e de ca­racteres physicos e ethnographicos que acaso apresentem.

De accordo com esse critério, poderemos considerar a Afri­ca Septentrional repartida em tres regiões, a Africa Equa­torial em cinco e a Africa Meridional, como a primeira, igual- mente em tres.

As da AFRICA SEPTENTRIONAL são:

a) Região do Atlasb) Região do Saharac) Região do NiloAs da AFRICA EQUATORIAL:a) Região do Sudanb) Região montanhosa da Ethiopiac) Região costeira da Guinéd) Região da Grande bacia do Congoe) Região dos Grandes Lagos.E, finalmente, as da AFRICA MERIDIONAL:a) Africa Oriental Portuguezab) Região do ex-Sudoeste Africano Allemãoc) África Meridional Ingleza.A REGIÃO DO ATLAS, situada ao N. W da Africa,

é um vasto quadrilátero que se estende do Atlântico ao Golfo de Syrte e se limita, ao norte, pelo Mediterrâneo e, ao sul, embora um tanto imprecisamente, pelo Sahara. Possuindo notável unidade geographica, essa região se caracterisa pelas cadeias parallelas do Atlas que correm pelo seu littoral norumo N W _ S E e pelos planaltos semi-deserticos por ellasformadosf pela ausência de rios consideráveis e pelos lagos salgados ou Chotts Tunisianos que apresenta ao sul. E, por analogia com a Asia Menor que e, também, destacada da mas­sa do continente asiatico pelos desertos do Iran, costuma ser chamada Africa Menor

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Mau grado tal unidade' geographica. jamais poude con­stituir-se numa unica nação, isto é, ter igualmente unidade po­lítica e administractiva, a exemplo da região do Nilo. A estru- ctura do Atlas como que concorreu para que se mantives­sem os seus habitantes disseminados em pequenas tribus, sem­pre em guerra, umas com as outras. Apezar de nunca se te­rem reunido para defender a região contra as conquistas ex- trangeiras, por vezes essas tribus, agindo mais ou menos isola­damente, tem-se opposto á dominação. Disso constituem uma prova os acontecimentos desenvolvidos em Marrocos nesses últimos annos.

Politicamente, a região se triparte em Marrocos (a oes­te) Argélia (ao centro) e Tunisia (a leste), paizes que, em seu conjuncto, são designados pelo nome de Berbéria, por causa dos povos (berberes) que os habitam.

Os berberes, aos quaes pertencem os íuaregs e os kabylas — (agricultores), ahi encontrados pelos Phenicios no século X II a. C., constituem um ramo da raça branca. Grupam-se em pequenas tribus, ora nomadas, ora sedentárias, que se guer­reiam constantemente e vivem não só nas altas montanhas do Atlas, como no B if marroquino e nos desertos.

Alem dos berberes, habitam a região os arabes ou mou­ros (negociantes e industriaes), os beduínos (arabes noma­das) e os europeus que, de preferencia, occupam as cidades do littoral, sendo a lingua dominante o arabe e a religião a ma- hometana.

A Berbéria já teve a sua epocha de esplendor : foi Car­thago que, fundada pelos Tyrios no século IX a. C ., se trans­formou em poderosa republica, rival de Roma; e, mais tarde, a partir do século II, quando os Romanos substituíram os Car- thaginezes, foi a África Romana com vastas e florescentes ci­dades.

O território de Marrocos, limitado pelo oceano Atlântico, estreito de Gibraltar, mar Mediterrâneo, valle do Muluia e

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Sahara, acha-se hoje dividido em tres zonas, a saber: I o A zona hespanhola, ou R if, que se extende do baixo Muluia a embo­cadura do Lukkos; 2.° A cidade de Tanger com seus arrabal­des, encravada na zona hespanhola, mas sujeita a um regimen especial que a tornou território internacional e porto franco; 3.° A zona franceza, ou Protectorado francez de Marrocos, que comprehende todo o resto do paiz.

A autoridade real pertence aos europeus, tanto na zona hespanhola como na franceza. Nesta, a autoridade nominal é do Sultão, assistido por seu Maghzen, ou conjuncto de func- cionarios indigenas que o auxiliam no Governo; naquella, o Sultão é representado por um Khalifa que reside em Tetuan.

O representante da Hespanha tem a denominação de Alto Commissario e o da França a de Residente.

As principaes cidades do R if são; Melilla (42.000 hab.), bom pnrto com importante commercio com as tribus do R if oriental; Tetuan (30.000 hab.) cidade aristocratica, onde vivem mouros e ricas familias andaluzas; e Ceuta (20.000 habitantes).

Tanger (60.000 habitantes) é, como dissemos, um porto franco e internacionalisado, de grande futuro.

As mais importantes cidades da zona franceza, ou de Marrocos propriamente dito, são: Fez (70.000 hab.), nas margens de um affluente do Sebú, ao fundo de um estreito valle, residência principal do Sultão; Meknez (38.000 hab.) a oeste da anterior; Marrakech (100.000 hab.) no valle do Tensiít, typo pehfeito de cidade marroquina e outra residên­cia do Sultão; Rabat ou Rabat-Salé (58.000 hab.), séde do governo do Protectorado, na costa atlantica; e Casablanca (100.000 ^ íab .) na mesma costa.

As cidades marroquinas não são apenas commerciaes, mas centros de industria, cujos productos, taes como sedas, vellu- dos, tapetes marroquinos e armas brancas, sempre gozaram de reputação no mercado mundial.

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Alem desses productos industriaes, Marrocos exporta tri­go, cevada, milho, cereaes, lãs, pelles de carneiro e cabras, marfim, pennas de avestrus e tamaras.

Physicamente o território de Marrocos comprehende :l-° os massiços littoreanos do Bif, entre a costa medi­

terrânea e a depressão do Sebú;2. ° as planícies e planaltos do oeste, formados de terre­

nos antigos (grés e rochas crystalinas) que os mares das epo- ehas secundaria e terciaria cobriam de sedimentos de pouca es­pessura; região mais favorecida com grandes extensões de ter­ra negra, extremamente fértil;

3. ° — A cadeia do Atlas, dividida em Medio-Atlas, Alto- AtJas e Anti-Atlas;

4-° - Os planaltos do Marrocos oriental, prolongados por um longo corredor que vae ao Atlântico, pelo sul do B if e norte da cadeia do Atlas.

O Marrocos tem uma superfície avaliada em 450.000 kilo- metros quadrados e uma população de cerca de 5.000.000 de indivíduos.

A Argélia constitue um prolongamento para leste das ter­ras marroquinas, das quaes nenhuma fronteira natural a se­para. E ’ uma das mais importantes colonias francezas, abran­gendo, excepção feita do Sahara Argeliano, uma area de300.000 kilometros quadrados. Divide-se em tres zonas lon- gnrdinaes e parallelas, do littoral para o deserto, a saber o deli, os Altos planaltos e o Atlas Sahariano, cada uma das quaes forma uma região natural nitidamente distincta.

O Tell é constituído de cadeias massiças e pequenas pla­nícies littoraneas ou interiores, especie de prolongamento do B if e do Medio Atlas marroquino. E ’ a região onde chove, onde se fazem as culturas e onde vivem não só as populações indígenas sedentárias, como os colonos europeus.

Os Altos planaltos formam a zona dos steppes, percorri­da por pastores nomadas.

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0 Atlas Sahariano é a continuação do Grande Atlas mar­roquino e constitue a zona intermediária entre os steppes e o deserto.

A palavra Tell é originada não de Telliis (terra aravel) latina, mas de um vocábulo arabe que significa a “ montanha”. E, de facto, o littoral argeliano é bordado de montanhas e, logo depois dominado por massiços de altitudes diversas, que modificam o seu clima mediterrâneo.

A população da Argélia é avaliada em 5.300.000 habi­tantes, numeros redondos, dos quaes 4.430.000 indigenas (berberes e arabes nomadas) e 870.000 europeus (maltezs-,, italianos, hespanhoes e francezes) repartidos por tres depar­tamentos : Constantina, Argel e Oran.

A província de Constantina é a mais vasta e povoada das tres e aquella em que é maior a proporção dos indigenas sobre os europeus.

Argel, na provincia do mesmo nome, com 210.000 habi­tantes é a capital da colonia. Porto de mar no meio da costa, está ligada por estrada de ferro ás principaes cidades arge- lianas, que são: Oran, (146.000 hab.) a W e proximo a Mar­rocos, ainda melhor porto que Argel; e Constantina (78.000 hab.) interior, grande emporio commercial e industrial, col- locado no limite do Tell com a zona dos Altos Planaltos.

A Argélia produz em primeiro logar cereaes, notadamen- te o trigo e a vinha. Seguem-se as culturas das arvores fructi- feras, dos legumes, da oliveira e do tabaco.

A criação do gado? prineipalmente do lanigero e caprino, é outro recurso economico dessa colonia franceza, assim como a exploração das suas minas de ferro, de zinco e de chumbo.

A fal^a de hulha negra ou branca e de vias navegáveis faz, entretanto, com que a industria seja ainda incipiente.

A Tunisia, que desde 1881 se acha sob o protectorado de França, é a parte oriental da Berbéria, limitada a oeste pela Argélia, da qual se acha separada apenas por uma linha con-

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vencional, confundida ao sul com o Sahara e banhada ao nov- tc e a leste pelo Mediterrâneo. Com uma superfície de, appro- ximadamente, 125.0000 kilometros quadrados ella é habitada por 2.100.000 indivíduos, na sua quasi totalidade indígenas musulmanos.

A disposição de seu relevo e, sobretudo, a repartição das chuvas permittem distinguir na Tunisia quatro regiões uatu- raes: o Tell tunisiano, o Sahel, os Steppes e a Zona Subsaha- riona dos Cotts.

O Tell tunisiano comprehende toda a região montanhosa, dividida ao meio pelo valle do rio Medjerda.

Ao norte desse rio se estendem os massiços littoraneos dos Kroumirs (850 ms.) e dos Mogods (510 ms.) Maito regados, aquelles massiqos se acham cobertos de florestas de carvalhos e cortados por innumeros arroios.

A costa é bordada de dunas e nella se acha o pequeno por­to de Thabraca (a Tabarca dos romanos) ; em face dos massi­ços dos Mogods, porém, apresenta promontorios agudos como os cabos Negro e Serrai, os escolhos Fmtelli e a ilha Galita. Mas a leste se acha o lago Bizerta que um largo canal trans­forma em excellente base naval.-

Ao sul do Medjerda extendem-se vários massiços separa­dos por planaltos e planícies interiores.

Entre os muitos Kroumirs e Mogods, de um lado, e os planaltos e massiços de que acabamos de fallar, se acha a de­pressão do Medjerda, muito rica, onde se succedem os traços da occupação romana e as ruinas de Carthago.

O Sahel, ou a costa oriental do cabo Bon ao golfo de Ga­bes, é uma região extremamente fértil, graças á utilização que nella se faz, da agua dos poços e cisternas. E ’ uma successão de pequenas planícies e collinas, que formam o limite entre o mar e os steppes interiores.

Ahi se desenvolvem as culturas arbustivas, sobretudo, a da oliveira. H8

d .

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Os steppes, grandes planicies onduladas, cobertas de ve­getação rala e curta, apenas aproveitável para a criação de carneiros, se desenvolvem por traz do Sahel.

O sul da Tunisia, como o da Algeria e o de Marrocos, é o vestibulo do Sahara, comprehendendo uma linha de oasis,, en­tre os quaes o de Gabes, ao qual succede uma região de col- 1 in as calcareas, montes de Matmatá, ou dos Troglodytas.

A depressão dos Chotts (chott de ElrGarsa, a 21 meti o > abaixo do nivel do mar, de choit de El Djcidd, 16 metros aci­ma) se extend© do littoral á fronteira argelio-tunisiana e continua pelo chott de El Merlir. Ahi se acham vários oasis, como o de Djerid, que produzem as melhores tamaras da Africa.

As principaes cidades são: Tunis (170.000 habitantes),capital do Protectorado, ao fundo do golfo do mesmo nome, ligada por estrada de ferro á Argélia; Bizerba (20.000 hab.) na costa norte, porto m ilitar; Sfax na costa oriental etc.

Como a Argélia, a Tunisia se distingue sobretudo pela agricultura e a criação do gado. Produz trigof cevadu-, aveia, milho, sorgho e vinha principalmente nas planicies e planal­tos do Tell, azeitonas, notadamente no Sahel, laranjas e li­mões .

A criação principal é a dos carneiros (2.665.000 cabe­ças), a das cabras (1.660.000) e dos camelos, esses emprega­dos nos steppes e nos oasis.

As florestas cobrem 500.000 hectares e vão sendo, também,exploradas.

Outros recursos economicos são fornecidos pela pesca, praticada em larga escala na costa oriental, e pelas minas dezinco, ferro e&humbo etc.

A REGIÃO DO SAHARA, cujos limites não podem ser exactamente traçados, extende-se por toda a parte septentrio­nal do continente negro, desde as costas do Atlântico á região do Egypto e da Nubia, prolongando-se, a S. W ,, até o Sudan

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e, ao norte, até o Mediterrâneo por intermédio da Lybia} que a ella se prende tanto physica, como ethnographicamente.

O termo Sahara é o feminino da palavra arabe askflr que significa “espaço não cultivado” .

São muito falhos os dados relativos ao Sahara oriental, ou deserto da Lybia, que as caravanas contornam pelo norte e pelo su l. Menos ignorado é o Sahara occidental, entre o sul de Marrocos e os rios Senegal e Niger, onde tem sido levadas a effeito algumas explorações.

A parte conhecida e o centro do Grande Deserto, percor­rido pelas caravanas que põem em communieação o sul da Tu­nísia com o Sudão central.

A aridez do Sahara se explica unicamente pelo seu clima, pela falta de chuvas, e não pela natureza geologica de suas rochas, ou pelas formas de seu relevo, que não differem nem das rochas, nem da estructura geral das outras regiões fer­íeis.

A falta de chuvas é, por sua vez, devida ao regimen dos ventos. No inverno, o Sahara, relativamente mais frio que as regiões que o rodeiam, se torna um centro de alta pressão, de onde irradiam ventos extraordinariamente seccos. No ve­rão, devido á temperatura muito elevada, se transforma em foco de attracção, mas as brisas vindas do oceano se afastam do ponto de saturação, á medida que avançam pelo interior e, ao emvez de converter o vapor dagua, que carregam em chu­vas, absorvem ainda novas quantidades, de sorte que muito raramente vão ahi formar nuvens. Quando a tempestade cae, isto é, quando sopram ventos terríveis como o harmattam, — o siroco, o khansin e o simunf a atmosphera se enche de uma poeira tenue. Os odres das caravanas que fazem a travessia do deserto, seccam, finas partículas de areia penetram nos olhos e na garganta dos homens e animaes e muitos morrem suppli- eiados pela sede.

Passada a tempestade, o céo se apresenta azul e serenoc

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como em nenhuma outra parte do mundo e recomeça a vidarrví caravanas através do deserto.

A temperatura é escaldante durante o dia, attmgrndo ate 40 e 50 °, á sombra, e gélida durante a norte, cah.ndo o the - mometro a 0°. Não obstante, o clima é salubre e os calores mau, supportaveis que os de 30.° das regiões húmidas.

Suppunha-se outrora que o Sahara nao passava de un fundo de mar dessecado e coberto de uma camada uniforme de areias. As explorações tem revelado que, Pel° c0”tr“ °’ a sua#estructura é bem variada. A região apresenta, ao lado de algumas depressões, grandes planaltos, largos valles e pia-nicies '6 massiqos niont&uhosos. f

O Sahara tem os mesmos granitos que a Bretanha, gresdevonianos como a Inglaterra, terrenos vulcânicos, como oplanalto da Auvernia etc. . . TiV

As depressões mais profundas sao as do deserto d 3 bia, onde o oasis de Aradj está a 70 metros abaixo do mvel do mar e o de Siouah a 20, e as que se acham ao sul da Tun

Os massiços montanhosos são: o de a oeste, com os montes de Air ou VAsben; e o de Tibesh que, pelos montes Tummo e Tassili dos Azdjer, se liga aos planal­tos do Mouyãir e do Ahm t, ao norte dos montes Hoggai e a sul do Tidikelt. São massiços vulcânicos com fontes quentes e sulfurosas, nos quaes predominam os granitos e os gresnegros.

“ No Tibesti fica o ponto culminante de toda a região que é o monte Toussidé (2700 ms.) Entre o e o no-tam-sj collinas que não passam de 305 metros nos visi-nhos de Karnr e de Bilma. ,

O solo é impregnado de sal e perto de Bilma se expiomesmo o sal gemma, cuja importância é tal que serve de moe­da divisionária em certas zonas africanas.

A maior parte do Sahara é, entretanto, constituída por

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planaltos pedregosos, a que os arabes dão o nome de “II ani­mada” e que os timregs chamam “tassili”.

Aos “hammâdas”, que occupam cerca de 2/3 da super­fície dessa região, se oppõem os Erg, ou dunas de areia, que cobrem grandes espaços, correspondentes ás partes mais de­primidas do deserto: Erg do Djouf e de Ignidi, a oeste; Erg occidental e oriental do sul-argeliano; Erg de Edeyen, du Fezzan etc.

Os saharianos comparam os Erg a um mar sem agua( fíakar bla el ma) .

A seccura do Sahara soffre no sul exeepqões. No Air ha, por vezes, chuvas de extrema violência e no Tibesti ellas, sem ser abundantes, são frequentes e dão nascimento a verdadei­ros cursos dagua: — os ouadi que desapperecem na estação secca. Em alguns pontos ha, mesmo, lençóes que tem sido postos em communicação com a superficie pov meio de poços.

A vegetação é naturalmente escassa e consta, em geral, de tufos de alfa e cardos, accacias, urzes e arbustos enfezados.

Em certos logares privilegiados — os oasis — existem ta­mareiras, arvores fructiferas e até cereaes.

Tal como acontece com a flora,, a fauna sahariana é pobre e consta de nm pequeno numero de especies; gazellas, antílo­pes, girafas e serpentes. Entre os animaes domésticos desta­cam-se o camelo •— o grande mammifero do deserto — o car­neiro guarnecido de pellos em vez de lã, e a cabr\a, Graças aos oasis e á vegetação rasteira das dunas e das margens dos oua- dis, o Deserto não é totalmente deshabitado. Sua população é formada de berberes mestiçados com negros e arabes que são, os mouros; a W; de tuaregs, (vagabundos) no centro; e de tíbús que habitam a região do Tibesti, a E.

O Sahara está desigualmente repartido entre a Hespanha, a França, a Italia e a Inglaterra.

O Sahara hespanhol, na costa occidental, entre os cabos Bojador e Branco largo de 300 a 400 kilometros, denomina-se

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Colonia do Rio de Oro. E ’ inhospito, quasi despovoado, ten­do por centro principal Villa Cisneiros, no littoral.

O Sahara franeez é quasi todo o Sahara propriamente dito. As regiões meridionaes: Mauritania, Djouf, A ir, Tibes- ti dependem do Sudão Franeez e constituem com a zona dos steppes que se intercalla entre o deserto e a savana, os teiri- torios da Mauritania, do Niger e do Tchad.

Os principaes oasis são: A W, os de Adrar e 1 mar, no caminho de Senegal e Marrocos; de Araum e de Taoudeni, no caminho de Tumbetú ao sul de Marrocos; no Centro, os de Air (Agadés, Tintelust, In Azaúa) ; A E, os de Agadem, Bilmaf Kauâr, na linha de Murzuk (Tripoli) ao lago Tchad (Su­dan) ; o Grupo dos oasis do Bardai, no flanco nordeste do Ti- hesti, e do Borkú entre o Tibesti e o Ennedi.

Desde o Adrar dos 1 for as, a 500 kms. da bocca do Nigei, até o Atlas e a Tripolitania, o Sahara está dividido em cinco zonas designadas pelo nome de Territórios do Sul, dos quaes o mais vasto, chamado Território dos Oasis, contém os oasis de Tidikelt, In Salah, El Goleah e Ouargla,

Os outros quatro territórios são: o Sul Marroquino; o de Ain Sefra, onde se destacam os oasis de Colombo Béchar, pon­to terminal da estrada de ferro do Oran Tghit, Beni Abbés, Tuai e Gourara; o de Ghardaia e o de Tonggourt, que encena o grupo de oasis dos Ziban, do Souf e do Oucd Rhir■

O Sahara Italiano, ou Lybia, é constituido pelos territó­rios da Tripolitania e da Cyrenaica, que se póde considerar como a fronteira mediterrânea do grande deserto.

Os únicos pontos habitáveis da Tripolitania são os oasis de Ghêdamés ao N W., Murzuk, no Fezzan, ponto de reunião das caravanas que se dirigem ao Egypto, Rhat e Aoudjilah e cidade de Tripoli (60.000 habitantes), porto e mar com al­gum commereio.

Na Cyrenaica, que se assenta a leste do golfo da Grande

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Svrta, numa peninsula massiea chamada planalto de Barita, ha quatro portos: Benghazi, Derna, Bomba e Tobroulc-

A importância eeonomica da Lybia é insignificante.O Sahard Inglez é a zona oriental, quasi inteiramente oc-

cupada pelo Deserto Lybico, sobre o qual muito pouco se sabe.Nelle se destaca, no N W, o grupo de oasis de Kufra, e, a E, os oasis de Siouah (antigo oasis de Ammon, onde Alexandre, o Grande, consultou um oráculo celebre).

A superfície total do Sahara é avaliada em cerca de G. 000.000 de km2.

A REGIÃO DO NILO, situada a N E do continente afri­cano, consta de uma extensa zona atravessada pelo rio que lhe dá o nome, banhada, ao N, pelo Mediterrâneo e, a E , pelo mar Vermelho e confinada, a oeste, com as planícies arenosas do deserto da Lybia e, ao sul, com as planícies herbaceas do Su­dão Oriental.

Compõe-se quasi exclusivamente de desertos e de um pla­nalto pedregoso de rochas calcareas, a oeste, e graníticas, a leste, tendo ao centro um immenso oasis que se prolonga por algumas centenas de kilometros de um e de outro lado do rio Nilo que é o seu creador.

Sem esse grande rio, que com as innundações regulares depo­sita sobre as terras o limo fertilisante, essa região em nada se distinguiria da do Sahara e não offereceria uma solução de con­tinuidade á vasta faixa de desertos que se extende da Africa para a Asia, no hemispheric septentrional.

Comprehende dois paizes: — o Egypto e a Nubia.O Egypto é a parte da região nilotica que se prolonga

dos 22.° de latitude para o norte, abrangendo uma area de cer­ca de 790.000 kilometros quadrados, com uma população de m maís de 12.400.000 habitantes. Antigo protectorado in- glez? tornou-se, a 28 de fevereiro de 1922, paiz independente, salvo em relação aos assumptos classificados pelo Governo in­glez “de interesse imperial”, ou sejam a segurança das com-

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nmnicações do Império Britannico no sen território, a defesa contra as aggressões extrangeiras e a protecção dos interesses extrangeiros.

O Egypto, que foi o centro da civilisação antiga, soffieu no decurso de’ sua longa historia toda uma serie de domina­ções. Apezar disso, seu povo ainda conserva os mesmos tra ­ços physionomicos dos longiquos antepassados e contmúa divi­dido em dous grupos: Fellahs e Copias, que differem entre si pela religião, genero de vida e escala social. Os primeiros formam a massa dos operários e camponezes e os segundos aburguezia.

Alem dos Fellahs e dos Coptas, habitam o Egypto, ara- bes, turcos, judeus, arménios, gregos, italianos etc.

Administractivamente, o paiz está dividido em Baixo EgiJ- pio. (Beber ah), do Mediterrâneo ao sul da cidade do Cairo, e Alto Egypto (Said), do sul do Cairo á cachoeira de Ouadi Haifa, aquelle comprehendendo sete e esse oito provindas sub­divididas em districtos.

As principaes cidades se acham no Baixo E gypto : Cairo (800.000 hab.) a capital, situada á margem do Nilo e ao sul do delta desse rio, a mais populosa e importante cidade da Africa, dotada de todos os recursos da civilisação moderna e ligada ao Sudão por estrada de ferro, que, mais tarde, a porá cm communicação com Capetown; Alexandria (450.000 hab.), o mais importante porto de commercio africano e um dos principaes do Mediterrâneo; Tantah (74.000 hab.), Man­sur ah (50.000), Damanhour (50.000), Rosetta e Damieita, iodas no delta do Nilo; Suez (30.000 liab.) e Port Said . . . .(75.000) no canal de Suez.

^o Alto Egypto destacam-se Assiut (51.000 hab.) e As­suan, banhadas pelo Nilo.

O Egypto é, essencialmente, um paiz agricola, sendo 62 °/° da população composta de camponezes que, em grande iuimei;o, são pequenos proprietários.

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No Said cultivam-se os cereaes, o trigo, a cevada, o milho.No Beberah, onde a irrigação é continua, além da dos

productos citados, faz-se a cultura do arrozx da canna de assir car, do tabaco, das fructas, dos legumes, e , principalmente, do algodão que é o artigo de maior exportação dp paiz.

Quanto á criação do gado, é ella de importância secun­daria.

O Egypto progrediu extraordinariamente durante a oc- cupaqão ingleza, tanto no ponto de vista financeiro como no economico. Em relação ás finanças, basta dizer-se que a re­ceita publica ultrapassou sempre a despeza e %que os impostos diminuiram de anno para anno.

No tocante ás obras de utilidade, emprehenderam-se grandes trabalhos hydraulicos, em consequência das quaes não só as extensões cultivadas foram accresciclas de mais 2.000 Lilometros quadrados de boas terras, como em muitos pontos se tornou possivei conseguir varias colheitas annuaes.

Alem de uma rede navegavel de 3600 kilometros, consti- 1 uida pelo Nilo e canaes adjacentes, dispõe o paiz de excellen- tes estradas de ferro, que ligam entre si as varias cidades do littoral, do delta e das margens daquelle rio.

A Nubia é, geographicamente, o prolongamento do Egy­pto. Região de transição entre o deserto e a savana, de clima extraordinariamente quente, é atravessada pelo Nilo, o qual ahi recebe o Nilo Azul e o Atbara que descem da Abyssinia.

As principaes cidades são Dongola, á margem do Nilo, ligada ao Cairo por estrada de ferro; Berber, também so­bre o Nilo, ligada a Souakin e a Porto Sudan, ambos no mar Vermelho.

Politicamente, a Nubia faz parte do Sudão Anglo-Egy- peio. Na região do Nilo, precisamente no Egypto, fica situa­do o canal de Suez, cuja abertura, feita de 1859 a 1869 pelo celebre engenheiro Fernando Lesseps, constitue um dos fa­ctos mais importantes da historia economica do mundç.

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Esse canal que tem de comprimento 160 kms., de largura 70 a 100 metros e de profundidade 9m,50, liga o mar erm lho ao Mediterrâneo, sendo, assim, um elemento indispensá­vel ás relações commerciaes dos paizes europeus com a índia e o Extremo Oriente. A sua importância, sob o ponto de vis­ta militar é, também, innegavel.

Estudadas as regiões que fazem parte da Africa Septen­trional, passemos agora a analysar as da Africa Equatoiia, que. como dissemos, comprehends a larga zona do continente determinada pelos parallelos de 15.” de latitude norte e elatitude sul. , . ,, , •

Essas regiões são o Sudan, a Ethiopia, a região Costeirada Guiné, a Grande bacio.do Congo e a região dos Grandes

Q A KEGIÂO DO SUDAN, também denominada ou região dos negros, é uma vasta faixa de terras africanas que se estende do Senegal, a oeste, até a Abyssinia, a leste, vagamente limitada, ao norte, pelo Sahara e Nubia e, ao su , pela depressão do Congo e pelo grande planalto equatorial.

Está, assim, contida na zona tórrida, o que equivale a dizer que seu clima é muito quente. As estações sao apenas (luas; a chuvosa e a seeca, augmentando a duraçao da primeira á medida que se caminha para o sul, onde já se nota a luxuri­ante vegetação tropical. No norte, a estaqão secca dura nove raezes e, por isso, ahi domina a savana, com a sua fauna de herbívoros e carnívoros: antílopes, girafas, elephantes, leões,leopardos e pantheras.

O relevo do Sudão é muito variado. Nelle se distinguem,a oeste, o massiço do Futa-Djalon, onde nascem o Senegal, o Gambia*: seus affluentes e o Niger; o planalto da Nigeria de onde descem aguas para o Niger, o Binué e o lago Tchad; os montes Sokotó com 2100 metros de altitude; o massiço graní­tico do Adamossa; as cadeias de Oudai e do Dar-Four; o planalto de Kordofan, a este do Dar-Four, com uma altitude

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media de 600 a 800 metros; e o planalto do Bah-el-Ghazal, que serve de divisa ás aguas que vão ter ao Congo pelo Ouellé e que se dirigem ao Nilo pelo proprio rio que dá nome ao planalto.

A população sudaneza, avaliada em cerca de 30.000.000 de almas, é constituida, na maior parte, por indigenas dividi­dos em tribus que se grupam em reinos sujeitos á França e á Inglaterra e que são os negros jalofos, fulas e mandingas, no Sudan occidental; os fellatas, povos semelhantes aos berbe­res, no centro; e os bantús, no Sudan oriental; e, finalmente, por grande numero de arabes e mouros espalhados por toda a região.

O Sudan está dividido em tres partes:1) Sudan occidental, ou francez.2) Sudan central, englobado na Africa Equatorial Fran­

ceza, que constitue vasta circumscripção administraotiva.3) Sudan Oriental, ou anglo-egypcio, ligado ás posses­

sões inglezas dos Grandes Lagos.O Sudan occidental é formado por um planalto de media­

na altitude, a W do qual se ergue o massiço de Futa Djalon, e está comprehendido no conjuncto dos paizes que constituem entre o Sahara, o Atlântico e a depressão do Tchad, a África Occidental franceza, administrada por um governador geral residente em Dakar, porto de Senegal, já na região costeira da Guiné.

A Africa occidental franceza é constituida pelas colonias da Mauritania, do Senegal, Sudão Francez (antiga colonia do Alto Senegal e Niger) Alto Volta, Niger, Guiné Franceza, Costa do Marfim, Dahomey e pela metade oriental do Togo-

O Sudan central, a maior das tres divisões citadas, é uma vasta planicie em cuja parte mais deprimida se acha o lago Tchad e o seu tributário, o rio Chari,

Dividido outrora entre a Inglaterra, França e Allema-

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Esse canal que tem de comprimento 160 kms., de largura 70 a 100 metros e de profundidade 9m,50, liga o mar Verme­lho ao Mediterrâneo, sendo, assim, um elemento indispensá­vel ás relações commerciaes dos paizes europeus com a India e o Extremo Oriente, A sua importância, sob o ponto de vis-ta militar é, também, innegavel.

Estudadas as regiões que fazem parte da Africa Sept -trional, passemos agora a analysar as da Africa ^u a0 1 ia ’ que como dissemos, comprehend* a larga zona do continente determinada pelos parallels de 15.» de latitude norte e delatitude sul. t .„

Essas regiões são o Sudan, a Ethiopia, a reg.ao Costeirada Guiné, a Grande bac ia do Congo e a região dos

T i REGIÃO DO SUDAN, também denominada Nigrma ou região dos negros, é uma vasta faixa de terras africanas que se estende do Senegal, a oeste, ate a Abyssinia, a les , -.agamente limitada, ao norte, pelo Sahara e Nubia e, ao sul, pela depressão do Congo e pelo grande planalto equatoria .

Está, assim, contida na zona tórrida, o que equivale a dizer que sen clima é muito quente. As estações sao apenas (luas; a chuvosa e a secca, augmentando a duraçao da primeira á medida que se caminha para o sul, onde ja se nota a luxuri­ante vegetação tropical. No norte, a estaqão secca dura nove mezes e, por isso, ahi domipa a savana, com a sua fauna de herbívoros e ca rn ív o ro santílopes, girafas, elephantes, leões,leopardos e pantheras.

O relevo do Sudão é muito variado. Nelle se distinguem,a oeste, o massiço do Futa-Djalon, onde nascem o Senegal, o G a m b ia seus affluentes e o Niger; o planalto da Nigeria, de onde descem aguas para o Niger, o Binué e o lago Tchad; os montes Sokotó com 2100 metros de altitude; o massiço graní­tico do Adamossa; as cadeias de Oudai e do Dar-Four; o planalto de Korâofan, a este do Dar-Four, com uma altitude

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media de 600 a 800 metros; e o planalto do Bah-el-Ghazal, que serve de divisa ás aguas que vão ter ao Congo pelo Ouellé e que se dirigem ao Nilo pelo proprio rio que dá nome ao planalto.

A população sudaneza, avaliada em cerca de 30.000.000 de almas, é constituída, na maior parte , por indígenas dividi­dos em tribus que se grupam em reinos sujeitos á França e â Inglaterra e que são os negros jalofos, fulas e mandingas, no Sudan occidental; os fellatas, povos semelhantes aos berbe­res, no centro; e os bantús, no Sudan oriental; e, finalmente, por grande numero de arabes e mouros espalhados por toda a região.

O Sudan está dividido em tres partes:1) Sudan occidental, ou francez.2) Sudan central, englobado na Africa Equatorial Fran­

ceza, que constitue vasta eircumscripção administracftiva.3) Sudan Oriental, ou anglo-egypcio, ligado ás posses­

sões inglezas dos Grandes Lagos.O Sudan occidental é formado por um planalto de media­

na altitude, a W do qual se ergue o massiço de Futa Djalon, e está comprehendido no conjuncto dos paizes que constituem entre o Sahara, o Atlântico e a depressão do Tchad, a África occidental franceza, administrada por um governador geral residente em Dakar, porto de Senegal, já na região costeira da Guiné.

A Africa occidental franceza é constituída pelas colonias da Mauritania, do Senegal, Sudão Francez (antiga colonia do Alto Senegal e Niger) Alto Volta, Niger, Guiné Franceza, Costa do Marfim, Dahomey e pela metade oriental do Togo•

O Sudan central, a maior das tres divisões citadas, é uma vasta planície em cuja parte mais deprimida se acha o lago Tchad e o seu tributário, o rio Chari.

Dividido outrora entre a Inglaterra, França e Allema-

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ilha, está hoje, como dissemos, englobado na Africa Equato­rial Franceza.

A Africa Equatorial Franceza é formada pelas colonias do Tchad, do Ubangui-Chari, do Médio Congo, do Babon e do Camerum.

O Sudan oriental, ou Sudan anglo-egypcio, essencialmen­te constituído pela bacia media do Nilo, é, theoricamente, uma possessão anglo-egypcia mas, de facto, administrada ape­nas pelos inglezes. Abraça diversas regiões, das quaes as do sul, constituindo a zona sub-equatorial das savannas, são ape­nas designadas ou por certos caracteres geographicos, ou pelo nome das tribus que as habitam; as do centro, na zona dos step­pes, se denominam Dar-Four, K or do fan, Dar-Nouba e Dar Seunâar; e a do norte é a Nubia que, physicamente, faz parte da Região do Nilo.

Os principaes recursos economicos do Sudão são o azeite de palma ou dendê, algodão, anil, milho, sementes oleagino­sas, cevada, arroz, marfim, madeiras de construcção e de mar­cenaria, gomma copal, couros e pelles, pennas de avestruz, cera ouro em pó, borracha, café, noz de kola, tamaras, cocos e lananas.

As mais importantes agglomerações e cidades são:No Sudão Occidental: — Kayes (9.000 habitantes) á

margem do Alto Senegal, ponto terminal da navegaqão desse rio; Medina, Balufabé e Kit a, estações da via ferrea Kayes- Bamako; Bamako (6.000 hab.) sobre o Niger; Segú-Sikoro, á margem do mesmo rio; Ouagadougou capital do Alto Volta; e Zinder.

No Sudão Central \ — Bangui, capital da colonia da Ubangui-Chari, situada sobre o Ubangui, no ponto em que co­meça a sua Navegação. Fort Lamy, capital da colonia do Tchad, Fort Archambault e Abecher.

No Sudão Oriental: — Karthum (100.000 habitantes) divididos em Karthum Norte, Karthum Sul e Ondurman, ca-

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pitai do Sudão Anglo Egypcio, muito bem situada na conflu­ência do Nilo Azul ccm o Nilo Branco, edificada no estylo eu­ropeu, com bellos edificios e jardins, ligada por estrada de ferro e pelo Nilo a Uadi-Halfa e outras cidades da Nubia e do Egypto; El-Obeid CIO.000 hab.) capital do Kordofan; El Focher, capital do Dar Four; e Fachoda, ao sul, no Alto Nilo, cidade principal de Bahr-el-Ghazal.

A REGIÃO MONTANHOSA DA ETHIOPIA, OU A- BYSSINIA, comprehendida entre a Nubia e o Sudão Anglo- Egypcio, as costas do mar Vermelho e do Oceano Indico e o planalto equatorial, é formada por um massiço'. montanhoso triangular, em que se assenta na sua maior parte o Império da Abyssinia, e por planicies littoraneas designadas pelos no­mes de Erythréa e de Somalia.

O massiço abyssinico é, em grande parte, vulcânico e mui­to accidentado.

Com uma altitude media de 2.300 metros, forma por tres lados uma muralha gigantesca quasi intransponível e se liga pelo quarto, ou seja pelo sul, ao planalto equatorial.

A forma que nelle domina é a do planalto, ora basaltico, ora de rochas crystallinas.

Devido ao vulcanismo e á erosão das aguas, valles estrei­tos e extraordinariamente profundos dividem o massiço em uma serie de plataformas ou ambas.

As maiores altitudes, registradas no interior do planalto, são o Ras'Dachan (4620 ms.), coberto de neves eternas, e o Agiosfatra (4150), que é um pico vulcânico.

Ao lado desses altos cumes notam-se soberbos lagos como o Tana de aguas piscosas, a 1569 metros de altitude, e até de­pressões como a de Assai, a 174 metros abaixo do nivel do mar Vermelho.

O massiço é escavado do lado occidental por vários rios, como o Nilo Azul, o Atbara, o Sobat que se vão unir ao Nilo.

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A Abyssinia, a Arythrca e a Somalia, embora situadas entre o equador e o parallelo dos 15.0 de latitude norte, têm climas diversos e uma grande differenaa de vegetação, porcausa da variedade do seu relevo.

As costas do mar Vermelho e do Golfo de Aden são uma das regiões mais quentes do Globo, de chuvas raras e de solo improductivo.

As do oceano Indico têm o clima tropical, do typo oceânico, com chuvas em duas estações :-março-abril e setembro-outubro.

Na Abyssinia, entretanto, ha grande variedade de climas, devido ás differenças de altitude e á abundancia das chuvas.

Os proprios abyssinios distinguem em seu paiz tres regiões caraeterisadas pela altura: a holla, a voina-dega e a dcga.

A holla é a região em que as altitudes vão de 0 a 1800 me­tros e onde a temperatura media é de 20.°; o calor e a humi ­dade ahi desenvolvem uma luxuriante vegetação tropical e r.ella vivem o elephante, o hippopotamo, o leão e o jacare-

A voina-dega (região da vinha), que vae dos 1800 aos 2400 metros de altitude e comprehende a maior parte do pla­nalto, só conta a temperatura media de 20.° no mez mais quente do anno; possue a vegetação da Europa meridional com a oliveira e a vinha, produz café, batata, milho, tabacoe cevada e cria bastante gado-

A dega, acima dos 2400 metros, tem o clima fresco nas partes mais baixas e o clima agreste nas mais altas, o que éprejudicial á vegetação.

Os povos que habitam a região são os negros, bantús, oshamitas e os semitas.

Os bantús vivem no Kaffa, nos massiços do Badditú e do Sidamo e nas savanas do Djouba inferior. Os hamitas, que eompreliendem os Denahils, os Somalis e os Gallas, estabele­ceram-se nas costas do Golfo de Aden e no Agaden.

Os semitas, que são os abyssinios propriamente ditos, do­minam os altos planaltos da Ethiopia e do Harrar. Parecem

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oriundos da raça arabe, são pacíficos, dedicam-se em geral a agricultura e professam o christianismo, a que juntam prati­cas pagas e musulmanas.

A região montanhosa ãa Abyssinia, consta dos seguintespaizes:

a) Abyssinia, paiz independente, com uma superfície de906.000 kilometros quadrados e 8.000.000 de habitantes.

b) Erythréaf, colonia italiana# com 119.000 kilometros quadrados e 450.000 habitantes;

c) Costa franceza dos Somalis, com 13.000 kilometros quadrados e 65.000 habitantes;

d) Somalia Ingleza com 176.000 kilometros quadrados e300.000 habitantes; e

e) Somalia Italiana com 362.000 kilometros quadradose 400.000 habitantes.

O império da Abyssinia, que pela sua situação e pela na­tureza do relevo é chamado “ Suissa Africana , tem como for­ma de governo a realeza feudal, de que é chefe o Negus, ou ‘ Rei dos Reis” . Comprehende todas as altas terras situadas entre o Tigre e o lago Rodolpho e as planicies do Sudão Egy- peio, estendendo-se ainda pelas planicies de Afar e por umaparte da Somalia.

Sua capital é Addis Abêbg (50.000 hab.), situada a 2400 metros de altitude em pleno planalto; e as cidades prin- cipaes: Addis Alem (30.000 hab.), perto da capital e onde o imperador passa o inverno; Harrar (40.000 hab.), o maior mercado do paiz, ligado ao porto franeez de Djibuti por es­trada de ferro; Ankober, Magdala, Aksouni, etc.

Os principaes artigos de exportação da Abyssinia são gommgs, marfim, pelles, lãs, o mel, a cera, o cafê, o trigo, a rnyrrha, as pennas de avestruz, etc.

Arythréa Italiana, que é apenas uma nesga de costa com- prehendida entre Ras Kasar e a bahia de Assab, com uma pe­quena parte montanhosa,, exporta unicamente pelles, manteiga,

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cocos e pérolas. Colonia pobre, seus centros habitados são Asmara, a capital, com 14.000 habitantes, no interior a2.000 metros de altitude; Kevu (4.000 habs.); Ghinda (3.000 hab .); Massauá (3.000 hab.), porto de commercio,edificada sobre uma ilhota de coral.

A Costa Franceza dos Somalis, embora seja muito menor que as outras possessões europeas da Somalia, é a mais im­portante. A sua capital, D Jibuti (18.000 hab.), situada á, entrada occidental da bahia de Tadjurah, constitue, além de boa base naval, o principal escoadouro dos productos da Abys­sinia, a cuja capital se acha ligada por estrada de feiro.

A Somalia Ingleza (Somalilandia), tem fraco valor eco- nomico e exporta apenas couros, pelles, gado, gommas, incen­so, e myrrha. A capital é Berbéra (30.000 hab.), bom porto na costa do golfo de Adem. Boulhar (8.000- hab.) e Zeilá (7.000) na mesma costa são as principaes povoações.

A Somalia Italiana é, na sua maior parte, constituida por desertos e steppes. Graças, porém, á iniciativa do Duque de Abruzzos, uma parte do sul, irrigada pelas aguas do Ouali Chebeli, que para isso foi represado, começa a ser cultivada, parecendo muito propria ao milho e ao algodão. As princi- paes povoações são Mogadichu (16.000 hab.), Merka e Baiaoua (8.000 hab.), portos de mar.

A REGIÃO COSTEIRA DA GUINE’ — toda ella ba­nhada pelo Atlântico e pelo mar da Guiné, extende-se a W e a S W d o Sudão até o Gabon, na região hydrographica do Con­go, abrangendo uma vasta area de cerca de 2.800.000 kilome-tros quadrados.

Essa região está repartida entre a França, senhora doSenegal, da Guiné Franceza, da Costa do Marfim e do Daho- rneij a que fói annexada a metade oriental do Togo que per­tencia a Allemanha; a Inglaterra, que possue a Gambia, a Serra Leoa, a Costa do Ouro e a Nigeria com a metade occi­dental do Togo; Portugal, de que depende a Guiné Portugue-

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za; a Hespanha que possue a Guiné Ilcspanhola; e a Repu­blica negra da Liberia,.

A costa, ao iniciar-se, pouco antes do cabo Verde, é ree- tilinea, acompanhada de dunas e bancos cie areia, muito pe­rigosa e sem abrigos. Ao sul do referido cabo forma o bom porto de Dakar e dahi, até os montes de Crystal, descreve uma dupla curva de raio muito grande, e não apresentando pro- montorios nem bahias espaçosas, com raros abrigos naturaes, é íegular e monotona. Apenas se notam duas ligeiras reen­trâncias — os golfos de Benin e de Biafra — de um e de outro lado do delta peninsular do Niger. Em toda sua extensão de mais de 3.300 kilometros é guarnecido de um cordão littora- neo, por traz do qual se acham vastos pantanos onde desaguam vários pequenos rios. Do littoral para o interior o solo se le­vanta e apresenta as formas tabulares, caracteristicas do con­tinente negro. Em alguns pontos esse relevo é mais accen- tuado e dá logar a massieos, como o Futa Djalon, nos limites com o Sudão, prolongado para S. E . na Serra Leoa e na Li­beria pelos montes Limba, e os do Bautchi, que attingem 1500e 2000 metros nos montes Z ar anda, Claude e Murchison, na Nigeria.

O clima dessa região tem muitos pontos de semelhança com c Sudão occidental. As chuvas cahem todos os annos em maior quantidade e durante maior numero de dias que no Sudão e, por isso, vastos espaços se cobrem de florestas. Nas vizinhanças do Equador a costa recebe principalmente no ve­rão, os ventos húmidos do sudoeste, impropriamente designa­dos por monções e que são na realidade os aliseos do hemisphe- no austral. Esses ventos, impregnados de humidade, concor­rem para que se desenvolva nas proximidades do littoral uma faixa de florestas virgens de extraordinário vigor, notada- mente na Republica da Liberia.

Nas vizinJianças da costa do Camerum, que é uma das zonas do globo em que chove mais abundantemente, também

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existem grandes florestas virgens que encerram, entre outras plantas uteis, as arvores que dão borracha e a noz de kola. Em vários pontos se cultiva o café, a banana, a mandioca, o ■milho, o inhame e o cacáio que se acclimatou muito bem no littoral do Camerum.

A media annual da temperatura varia de 24.° a 27.° e a corstancia do calor, alliada á extrema humidade do ar, dá logar ao apparecimento das febres billiosas, da desyntheria e de outras moléstias, tornando a região muito insalubre.

Na Guiné não ha criação de gado. Os animaes domésti­cos além de não poderem supportar o clima, são muito per­seguidos pela mosca tsé-tsé-

Vejamos agora, pela ordem geographica, de N. para S., as diversas circumscripqões em que, politicamente, se acha dividida a região costeira da Guiné.

O Senegal, situado entre a bacia inferior do rio desse nome e o cabo Roxo, tendo encravado no seu território a co- lonia ingleza de Gambia, é a mais antiga das colonias france- zas da Africa e faz parte integrante da Africa Occidental Franceza. Sua superficie é de 195.000 kilometros quadrados e a população de 1.225.000 habitantes, dos quaes são france- zes apenas 4.500.

Os únicos recursos economicos são o oleo de pistache, borracha e gommas.

Como principaes cidades podem ser citadas: Dakar(26.000 habitantes), bom porto situado á entrada oeste da bahia da Gorea, escala obrigada dos navios que fazem a car­reira para a America do Sul, residência do Governador Ge­ral da Africa Occidental Franceza, ligada por uma via fer- rea, parallela á costa, a S. Luiz; S. Luiz (24.000 hab.), an­tiga capital senfsgaleza, em uma ilha do rio Senegal a 22 ki­lometros da sua embocadura; e Rufisque (13.000 hab.), a alguns kilometros de Dakar.

A Gambia, constituida quasi unicamente pelo valle do rio

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Gambia, navegavel até 280 kilometros da emboccadura, é a menor das colonias inglezas da ‘Africa. (10.000 lmi2 e240.000 habitantes). Está encravada, como dissemos, no Se­negal e tem como capital Santa Maria de Bathurst (9.000 hab.), á entrada do estuário do Gambia e muito insalubre.

A Guiné Portugueza é uma pequena colonia de Portugal, mirto fértil mas pessimamente administrada, com 34.000 kilometros quadrados de superficie e 170.000 almas de po­pulação. Banhada pelos rios Cacheo e Geba, comprehende também as ilhas de Bissagos. 'Capital Bolama com 4.000 ha­bitantes .

A Guiné Franceza, que se assenta sobre uma planicie aluvial muito fértil, sobre planaltos de grés e parte do massi- ço do Futa Djalon, fica entre a Guiné Portugueza, o Senegal, o Sudão Francez, a costa do Marfim, a Liberia e a Serra Leôa. E ’ banhada pelo curso superior do Niger e seus primeiros af- fluentes. Tem 240.000 kilometros quadrados de superficie e1.875.000 habitantes. Exporta oleo de palma, borracha e gado. Sua capital é Konakri (7.000 hab.), porto numa ilha, mas ligado por estrada de ferro a Kankan no alto Niger.

A Serra Leôa, cuja importância éeonomiea tem crescido muito, havendo o seu commercio quadruplicado em doze an- nos, é uma coloria ingleza situada entre a Guiné Franceza e a Liberia. Extende-se por uma area de 80.000 kilometros, habitada por 1.400.000 individuos, dos quaes, no máximo, mil europeus. Exporta oleo de palma, noz de kola, borracha e madeiras- Sua capital é Freetown (35.000 hab.), bom po.- to de commercio, mas excessivamente insalubre, de onde parte uma estrada de ferro que vae ás fronteiras da Liberia.

A Liberia é uma republica de negros, creada em 1821 por um grupo de philantropos norte-americanos que, para ahi re- mettendo escravos libertos, pretenderam experimentar a civi- lisação do negro pelo negro. A experiencia não deu resulta­do : os negros americanisados entraram a tyranisar os seus

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irmãos da Africa, não trataram de explorar o paiz e o endi­vidaram de tal forma que os Estados Unidos, em março d 1922 se viram forçados a assignor com a Liberia um tratad pelo qual se tornaram, se não de facto, pelo menos de direitosenhores dos seus destinos.

A superfície é de 100.000 ldlometros quadrados e a po-nulaoão de 2.000.000 de habitantes, dos quaes 12.000 negroscivilisados. A capital, Monrovia (6,000 hab.) porto de marna costa da Pimenta, exporta pequena quantidade de cate,oleo da palma e borracha.

A Costa Ao Marfim (Côte d ’Ivoire) - comprehendidaentre a Liberia, a Guiné Fanceza, o Sudão e a Costa do Ouro, é uma colonia da França que dispõe de um littoral lagunar e insalubre, vastas florestas virgens e savanas e e cortada pelos nos Bandama, Sarsandra e Comoé. Sua superfície e de320.000 kilometres quadrados e a sua populaçao de L545.UW indivíduos, dos quaes menos de um milhar de europeus.

Vive quasi exclusivamente da exploração das florestas que fornecem o acajú e a borracha. A capital administra­t iv a é Bingerolle,sobre um pequeno planalto que domina alagoa Ebrié, e o principal centro commercial Lathou.

A Costa do Ouro, á qual foi annexada a parte oeste da antiga colonia allemã do Togo, é uma possesão ingleza cujo principal producto foi durante muito tempo o ouro e quehoje «xporta principalmente o cacáo.

Os outros recursos economios são as madeiras, a borracha e a m a . Sua superfície é de 255.000 kilometres «ladrados com uma população de 2.500.000 habitantes, sendo 2.50..europeus. .. ,

Capital Accra (20.000 hab.), porto de mar. Cidadesprincipaes: gap. Coast Castle (10.000 hab.) também porto;Sekondi (7.000 hab.) o porto principal; Kumassia (20.hab.), interior e antiga capital do reino indigena dos Achan-tis, etc.

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0 Dahomey-, com a parte oriental do Togo, é uma colonia franceza situada na antiga Costa dos Escravos, entre o Sudão a Costa do Ouro e a Nigéria. Exporta oleo cie palma, copral, milho e cacáo. Tem 166.<700 kilometros quadrados de superfí­cie e 1.T54O.OO0 habitantes, dos quaes somente 700 europeus.

Capital Porto Novo (40.000 hab.), a cidade mais po­voada da Africa Occidental Franceza, á margem de uma la­goa pela qual se communica com o porto de Kotonú (2.000 habitantes.)

Gidades principaes: Lomé, porto de mar; Ouida (10.000 hab.) e Abomey (10.000 hab.)

A Nigeria, a mais importante de todas as possessões eu- ropéas da região, tanto pela sua extensão (490.000 kilometros quadrados) como pelas vantagens de sua situação, pelos alga­rismos de sua população (16.600.000 habitantes, dos quaes3.000 europeus) e pelo valor de suas transações commerciaes (45.000.000 de libras esterlinas), é uma colonia ingleza, que deve seu nome ao importante rio que a banha o — Niger-

Abrange os territórios negros da região de Lagos, a re­gião do delta do Niger coberta de florestas, e os dos podero­sos reinos indígenas de Kano, Sokotó e outros. Dispõe de2.000 kilometros de vias navegáveis e exporta oleos, minérios de estanho, cacáo e pelles brutas.

A !Capital é Lagos (75.000 hab.) na costa, junto de uma lagoa, porto de commercio importante, cognominado pelos in- glezes de “Liverpool africano” . As principaes cidades são : Akassa, porto a entrada do braço mais importante do Niger; Asabá no delta; Calabar, outro porto; Abeokuta (70.000 hab.), Ibadan; Kuka, lakoba; Sokotó, L.okodja etc.

O Camerum, antiga colonia allemã que tira o seu nome do vulcão activo Camerum (4055 metros), é, hoje, uma pos­sessão franceza que, á oeste da Nigeria, se estende até o Tchad. Coberto de florestas virgens no littoral e de savannas por todo

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o seu território, tem 431.000 kilometros quadrados de super­fície e uma população de 3.000.000 de habitantes.

A capital administractiva é Bueá, edificada a 1.100 me­tros de altitude nos flancos do monte Camerum. As cidades principaes são: Duala (20.000 hab.), ao fundo da bahia de Camerum, no Golfo de Biafre e em frente da ilha hespanhola de Fernando Pó; Rio del Rey; Kribi; Campo; Garúa etc.

A Cuinê Hespanhola é uma pequena e pouco importante colonia da Hespanha situada na costa meridional do Came­rum com 30.000 kilometros quadrados e 200.000 habitantes. E ’ coberta de florestas virgens e regada por varias tor­rentes, como os rios Campo, San Benito, e Muni. Exporta borracha e marfim e tem por cidade principal a pequena po­voação de Baia. Administrativamente depende da coloniade Fernando Pó.

A região da Grande bacia do Congo é uma vasta zona cortada pelo Equador terrestre e que se estende do littoral oeste do Atlântico, entre a Guiné Hespanhola e o ex-Sudoeste Africano Allemão para o interior do continente, pela extensa bacia do rio que lhe dá o nome e que é o de maior volume da- guas da África. Toda ella faz parte do grande planalto inte­rior da Africa Equatorial, formado de terrenos muito anti­gos em que predominam as rochas crystallinas (gneiss, gra­nitos e micachistos) e grés da epocha primaria, que soffre- ram longa e intensa erosão.

Do parallelo dos 5.° de latitude sul em deante a super­fície do planalto é formada apenas de gneiss e de granito e coberta em vários pontos de laierite, rocha avermelhada de nttureza ferruginosa, muitas vezes desaggregada e imprópria para a cultiwa. Nas partes deprimidas veem-se traços de ba- eias lacustres, na sua maior parte seccas. Alguns desses velhos lagos ainda hoje, entretanto, subsistem, como Ntomba e o Leopoldo II .

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Elevadas montanhas separam essa região das grandes bacias do Nilo, a N. E ., do Niger-Benué, a N. W ., e do alto Zambeze, ao S.

O Congo e seus numerosos affluentes, assim como outros rios, regam-na abundantemente. Todos elles apresentam nu­merosos saltos, cataratas e rápidos, entre os quaes os rápi­dos dos Portas do Inferno e as quedas de Levingtone forma­dos pelo proprio Congo.

Esse grande rio de 4.600 kilometres de curso, o sétimo do globo em extensão, é, depois do Amazonas com o qual, aliás, apresenta vários traços communs, o maior em volume daguas.

Apezar de se achar isolado do oceano pelas cachoeiras de Levingtone, o que o torna inaccessivel aos navios, e de apre­sentar outras quedas no curso superior e no dos seus affluen­ces, o Congo constitue com esses affluentes uma vasta rede de vias navegáveis.

A vegetação por toda a parte onde domina a laterite, apresenta o aspecto de uma savana com alguns bosques, mais numerosos e medida que se avança a leste do Kassai. A mar­gem dos rios, sob a dupla influencia -do calor e da humidade, essa vegetação se torna luxuriante, e, além do Lulua, se trans­forma na grande floresta da Africa Equatorial, que cobre cer­ca de um milhão de kilometros quadrados e na qual se desta­cam palmeiras, seringueiras e arvores de madeiras preciosas.

A fauna é muito rica: immensa variedade de inscctos, entre os quaes a mosca tsé-tsâ; passaros de bella plumagem ; grande numero de macacos: gorillas e chimpanzés; grandes pachy dermes, elephant es, rhinocerontes e hippopotamus; crocodilos nas margens dos rios e dos lagos; leões, leopardos, panther as, hyenas, chacaes, bois selvagens, antílopes, javalis, girafas, avestruzes e aves de porte airoso etc.

São principaes productos de exportação, a borracha, o marfim, a noz e o azeite de palma, as sementes ioleaginosa^, as gammas, o café, as madeiras, a cera e os couros.

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Dotada de clima quente e húmido no littoral, mas seceo e sadio nas partes elevadas, essa região é bastante populosa. Habitam-na principalmente negros bantús que se entregam em geral á agricultura e á caça. Muitas tribus de bantús são anthropophagas, como a dos Batêtêla, nas duas margens do Onami; a dos Bengala na emboccadura do Ubangui; a dos Kalebué e dos Bassongo-Mino. Essas e outras tribus, vivendo quasi sempre em guerras, gruparam-se em estados vassalos uns dos outros e reunidos em confederação, como os reinos de Loanda, de Msiri, de Kazembé e de Kassongo.

Politicamente, a Região da Grande Bacia do Congo se divide em quatro territórios, a saber: Colonia do Gabon, Co- Ionia do Medio Congo, ambas francezas; Colonia Nacional Belga do Congo e o Congo Portuguez, ou Angola.

As colonias do Gabon e do Medio Congo comprehendem toda a região dos montes Chrystal e o curso inferior do Shan- ga, e fazem parte da Africa Equatorial Franceza, como já tivemos occasião de dizer.

Contando uma população de 981.000 habitantes, dos quaes 1.400 europeus, essas colonias cujo clima debilitante não póde attrahir os europeus, não têm recebido da metro- pole impulso algum. Os seus recursos naturaes: borracha, mar­fim, madeiras, são explorados pelas Companhias commerciaes que nellas tem obtido do governo vastas concessões de terras.

A capital administractiva do Gabon é Libreville (3.000 hab.), na margem septentrional do estuário do Gabon; a do Medio Congo é Brazzaville (4.000 habs.), á margem do Congo, também capital da Africa Equatorial Franceza.

A Colonia Nacional do Congo Belga, antigo Estado Livre do Cíngo, occupa a area central do continente, na qual se desenvolve a maior parte da bacia do rio que lhe dá o nome. O norte e o centro estão cobertos de florestas virgens e o oeste e sul de savannas, sendo por isso mais accessiveis e salubres, e portanto, mais povoados.

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A superfície e de 2.350.000 kilometros quadrados e a população de 11.000.000 de habitantes, dos quaes 8.221 eu­ropeus .

São extraordinários os recursos economicos dessa colonia. Produz e exporta borr\ach.a, marfim, noz e azeite de palma, café, cacáo, arroz, tab'gco, algodão, cobre, estanho, ouro, diamantes, ferro etc.

A capital é Boma, porto de mar no estuário do Congo.Cidades e povoações principaes; Matadi, logo acima de

Boma, até onde chega a navegação franca do rio, ligada por estrada de ferro á Leopoldville (16.000 hab.), também á mar- teem do Congo; Kinchgssa Coquilhatville, Nouvelle~ Anvers, Stanleyville, Ponthierville, Nyanguê etc.

O Congo Portuguez, ou Angola, que e a mais extensa das colonias portuguezas, oceupa a parte oeste da Africa Equa­torial, limitada, ao N. e N. E ., pelo Congo Belga; a E, pela Africa Meridional Ingleza; ao S., pelo ex-Sudoeste Africano Allemão; e, a W ., pelo oceano Atlântico. Abrange uma su­perfície de 1.250.000 km2. e conta uma população de2.150.000 habitantes.

Distinguem-se na Angola tres regiões naturaes; o litto­ral; os planaltos e massiços interiores; e as altas planícies pantanosas que se inclinam para os rios Zambeze e Congo.

O littoral, que se extende por 1500 kilometros, do sul para norte, do no Cumene ao Congo, continua alem desse es­tuário até a povoação de Massabi no pequeno território de Ca­binda, encravado na costa do Medio Congo. Um tanto secco ao norte, elle e quasi desertico na parte meridional.

As planícies do Baixo Cuanza e os arredores de Benguella possuem plantações de oanna de assucar, milho e tabaco

Ao sul a pesca é abundante.Os planaltos interiores, mais regados e salubres que as

planícies do littoral, dispõem de uma população densa que se dedica ás culturas tropicaes como (cafê e algodão), dos

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cvreaes europeus e á criação do gado. Constituem uma zona degrande futuro, ja attingida por tres linhas ferreas vindas do littoral.

As altas planícies pantanosas do interior são pouco co­nhecidas e produzem apenas a borralha e o marfim.

A capital é S. Paulo de Loanda (15.000 hab.), porto de mar, ligada por estrada de ferro á região planaltica.

Cidades principaes : Benguella (5.000 hab .); Mossa- rnedes (4.000 hab.), também portes de mar e estações ini- ciaes de vias ferreas de penetração.

A REGIÃO DOS GRANDES LAGOS extende-se em for­ma de losango regular, pela zona centro-oriental do continen­te africano, do interior até a costa do oceano Indico, limitan­do-se, a N., com a Região Ethiopica e o Sudão Anglo-Egy- pcio; a W ., com a Colonia Nacional do Congo Belga; e, ao S., com a Africa Meridional Ingleza e com o Moçambique. E ’ a parte da Africa que offerece a topographia mais variada e os mais grandiosos accidentes geographicos. Nella se reú­nem, segundo Stanley, os steppes russos (planalto de Mas- sai), os altos planaltos de 'Castella (Ounyamonézi), e os Alpes (Ruvenzori.) Nella se encontram geleiras sob o Equador, vulcões activos, lagos immensos e os maiores e menores indi­víduos da especie humana.

A região é, como aliás toda a Africa, uma peniplanicie, ou seja um conjuncto de montanhas antigas, constituídas de rochas crystallmas cobertas por grés e schistos argilosos e que, em virtude de erosão dos agentes athmosphericos, se re­duziram ao estado de plataforma tubular, cujos bordos fi­cam levantados: o oriental a mais de 2.000 metros, affectan- do o aspecto de massiços separados por valles torrenciaes, e o occidental ainda a alturas mais consideráveis, de 2.500 metros (montes Madambum), 2800 metros (montes Mussi­na) e 5.119 (massiço do Ruvenzori).

Com esses levantamentos, surgiu na peniplanicie uma

1 ■PitÀtinâiKÍÊ

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zona de fracturas, das mais caracteristicas do globo, onde se ergueram vários cones vulcânicos que, com o correr dos sé­culos, attingiram a alturas consideráveis e constituem hoje o massiço do Virouga, entre os lagos Kivo e Eduardo (4509 metros), os vulcões Rungué (3175 m .) ; Lengai e Oldeani (3189 m .) ; o Merú (4800 m .) ; o Elgon (6300 m .) ; e os ce­lebres massiços do Kilimandjara, revestido de geleiras e ne­ves eternas, ponto culminante da Africa, a 5890 metros de altitude; e do Kenia (5640 m .), quasi sob o Equador. Nes­sa zona de fracturas distinguem-se duas longas fossas: uma, a leste, mais longa, que vae do lago Myassa (30.000 km2 e 464 metros de altitude) para o norte, comprehendendo os la­gos ou lagunas de Manyara, Natum, Nakouro e Rodolpho e prolongando-se para a Abyssinia; outra, a oeste, disposta em arco de circulo, originada igualmente no Niassa, e que com- prehende os lagos Tanganika (35.000 km2 de superfície 790 metros de altitude e 647 metros de profundidade), Kivo (5.000 km2 e 1473 metros de altitude), Alberto e Alberto Eduardo.

No intervallo entre essas duas fossas é que se extende a immensa bacia do lago Victoria, que cobre mais de 68.000 km2 e se acha a 1134 metros de altitude, sendo o mais vasto da Africa e o segundo do globo em superfície. Esse lago, recebe as aguas de vários rios, dos quaes o mais importante é o Kagera, e dá nascimento ao grande Nilo que, correndo para N W, vae atravessar o lago Alberto, no qual deflue, pelo Semiliki, o Alberto Eduardo.

O lago Tanganika communica-se com o rio Congo pelo Lukuga e o Nyassa com o Zambeze, por intermédio do Chiré.

Vindos das terras elevadas, depejam-se no Indico, vá­rios rios, como o Rovuma, o Rufidji e o Pangani.

O clima da região é muito irregular, sendo quasi saudá­vel nas terras altas. As temperaturas constantemente eleva­das, a humidade e a insalubridade que se notam, principal-

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mente nas margens dos rios tornam •os europeus. A flora e f / msupportavel paraBada do Congo “ ^ m - s e as da Grande

a sã0 0 o café,cera e as pelles. ° ° ’ * g°mma C0P<*> o marfim, a

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ministrada pela Bélgica que o in Buanãa e Vrundy, ad-Uma «Perficle de 50.000 km2 e °rP°r°U 30 Co^ > com de habitantes. ma poPuIaÇao de 2.000.000 *

-As principaes cidades são:

á — * *“ f r> “ Pitei da Colonia do Kenia- / * ,^ . “ una do nivd do A'ctoria, eapital do Protectory ’ a f '1’ a mai'gem o lago(26.000 hab.) capital do T errito rt Dar- ^ f a mlente porto de mar e ponto de „ l - , d° TanSanita> excel- ganita f Zanzibar (35.000 hab ) , / V'3 ferrea do Tan-do mesmo nome, vassalo da I n i atT ° Sultana‘° arabet0da a “ Sião; Mombasa (30.000 h a b \ Prfneipal de

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Ionia do Kenia, construída sobre uma ilhota coberta de co­queiros e que no século XIV foi uma importante cidade, ri­val commercial de Zanzibar, celebrada nos “Lusíadas” de Camões; Porto Florence, ponto terminal da estrada de ferro do Uganda; Mengo, Zinja; Bag,amy (6.000 hab.), outrora maís importante que Mombaça; etc.

Examinemos, finalmente, a ultima das tres grandes di­visões convencionaes do continente Africano, isto é, a Africa Meridional que, como já tivemos occasião de dizer, compre- hende tres regiões distinctas, a saber: — Africa Oriental Portuguesa, Ex-Suãoeste Africano Allemão e Africa Meri­dional Inglesa.

A África Oriental Portuguesa é a região que se estende entre o oceano Indico, do cabo Delgado á bahia Delegoa, e as possessões inglezas do Transvaal, da Rhodesia e da antiga Africa Oriental Allemã, com uma largura de 500 a 600 kilo- metros. Seu relevo é constituido por alguns planaltos e massiços separados do oceano por uma larga faixa littoranea, que, á medida que as montanhas se afastam do mar, apre­senta costas baixas do typo lagunar, com verdadeiros pânta­nos, isolados do oceano por uma serie de dunas cobertas de coqueiros. Notam-se nesse littoral: o delta do Zambeze; ciuas bahias bem accentuadas — a de Lourenço Marques e ada Beira, e, acima do delta referido, ilhotas de formção co- ralinea.

O clima é o tropical, caracterisado por temperaturas elevadas, tanto no verão como no inverno e por suas fracas oscillações.

As planícies costeiras são muito húmidas e insalubres, mas o solo é fértil e se presta a todas as culturas tropieaes, principalmente a da canna de assucgr, e a de uma planta fi­brosa denominada sisial. No interior, os terraços de Gaza, Manica, Maravis e do lago Nyassa são mais salubres e suf-

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ficientemente regados e produaem café, algodão, borracha, milho e sorgho.

O ouro, a hulha e o cobre existem também em vários pon­tos da região, que, politicamente, forma a Colonia do Mo­çambique, cuja população é na sua maioria composta de negros, entre os quaes os macuas, os maraves, os manhés, osvatuas e os landins.

A superfície é de 1.100.000 kilometres quadrados, com cerca de 3.000.000 de habitantes, sendo apenas 11.000 brancos.

O território da colonia está dividido em tres zonas: aprovíncia de Moçambique, administrada directamente pelo governo portuguez; a zona central do Manic,a e do 8ofala, entregue a Companhia do Moçambique; e a zona do Norte entre o rio Rovuma, o lago Nyassa e o Lurio, explorada pela Companhia do Nyassa.

As cidades principaes são: Lourenço Marques (12.000 hab.) capital da colonia, situada sobre a bahia Delagoa, o mars vasto e profundo dos portos africanos, escoadouro dos productos do Transvaal com o qual se acha ligada por uma estrada de ferro que vae a Pretoria e Joahnesburgo; Beira (4.000 habitantes), porto ao sul do delta do Zambeze, ligada a Salisbury por via ferrea, escoadouro dos productos da Rhodesia; Inhambané e Quilimane também portos de mar • Moçambique (8.000 hab.) sobre uma ilhota de coral; e Por­to Amelia, fundada pela Companhia do Nyassa, ao fundo da bahia de Pemba.

O ex-Sudoeste Africano Allemão, região que constitue hoje o Protectorado Inglez da Africa do Sudoeste, extende- se pe*o littoral do Atlântico, da foz do Cumene a do Orange, limitando-se ao N. com a Angola, e com uma pequena parte da Rhodesia do Norte; a E . com o Rechuanaland e ao S E e S, com a Colonia do Cabo, cobrindo uma area de 833.000

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Idlometros quadrados e com uma população de cerca de 250.000 habitantes, dos .quaes 20.000 europeus.

Essa região tem muitos pontos de semelhança com a do Sahara pela seceura quasi absoluta a que está sujeita. A costa, muito uniforme, constituída cie vastas extensões are­nosas, sobre as quaes pairam as brumas que acompanham a corrente fria de Benguela que as banha, apresenta apenas Ires pequenos portos: Swakopmund, Walfischbay e Luderitz-

A pouca distancia das dunas do littoral se desenvolve um planalto rochoso, secco e nú, o narnib dos Hottentotes, depois do qual existe uma região mais accidentada e por isso menos arida, (Kaoko, Damara, Horns, Hanami) que tem para ponto culminante o monte Omatako (2680 metros). A maior parte dessa região é, pois, um semi-deserto, em que poucas plantas podem medrar. Entre essas plantas destaca- se o naras, ou melão selvagem, de bulbo succulento e aquoso e que serve á alimentação de homens e animaes.

Nas partes montanhosas ha tufos de arvores espinhosas e pastagens que nutrem não só cabras e carneiros como a certa especie de bois de longos chifres que podem passar até tres dias sem beber agua, utilisados como animaes de tra- eção e até de sella.

A população é constituída, na sua maioria, pelos negros hottentotes, de pequena altura, que vivem da caça e do pas­toreio; herreros ou damaras, notáveis pelo seu espirito bel- lieoso; ovampos, namas e outros.

Os recursos economicos dessa região são; gado, guano, pelles, chifres, pennas de avestruz e cobre, encontrado na zona norte (Otawi) ; estanho, ferro, e diamantes (do Narnib).

Administracti|Vamente, o Protectorado da Africa do Su­doeste depende do governo da União Sul Africana.

As suas principaes cidades são Whindoek, no interior, capital administractiva; Wialfish Bay, ou Bahia da Baleia, porto de mar; Swakopmund, outro porto, ligado a Whindoek

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Por estrada de ferrn • 0 T , .3hor Porto. ’ U entz’ e°nsiderado hoje 0 me

. A Afnca Meridional Inqleza egiocs da Grande Baci-a do Por q 6 Se extende ao Sul daí

v Oa Africa Oriental P o rtn g u ezfe V GrandeS LaSos. a f * T 0 A1!em,1°' «P««ei.ta „ , , J 5' d° «-Sudoestedas formas estructuraes e dos d E<1Uador a repetirão apontados nas regiões sitnadaeP e™menos goographicos j á

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Emqnanto a historia dos primeiros »<>«* • sul.f Idade> * da Africa M e r . d i o n a " L 4 aIta » « -' T ’ no sec« o XV com a cheiada” 7 “ inici°’ a tem gadores portugueses Bartbolom e, n ° “ « » » ' * » nave.

Quando estudamos a região „» 6 Vasco da Gama.p ,f,',Cano " le m ío , alindimos aos ST T ^ ex' Sudoeste , °,S bem’ ‘■«aos planaltos só se achl P “ «Mionaes.m ™ r a Af™a Meridional Ingle2a 1 7 7 ^ dos que co- !’ma h seira depressão do curso inf ” * toIonia do Cabo, por justamente a partir dessa l nferlor do rio Orange E ’

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estendem pela restante parte do Transvaal e pelo Orange, revestidos de pastagens nuas sem arvores, e que apresentam como unices accidentes a “Kopjes”, ou montículos de rochas graníticas. Mais para oeste notam-se os planaltos de Mafe- king e do Kaap e finalmente os steppes e desertos de Kala­hari que occupam uma grande depressão.

No norte de Joahnesburgo, o solo vae se abaixando para dar logar á depressão do Limpopo, depois da qual de novo se levanta para apresentar-nos os planaltos graníticos da Rhodesia Meridional (Matabeles, Mashona) , que attingem 1.600 metros nos massiços do Mattopo. Da' mesma forma, toda a Rhodesia Septentrional e a Nyassaland se cobrem de planaltos e massiços elevados, apresentando, entre outras, a fossa do lago Nyassa, na sua maior parte pertencente á zona de fracturas da Região dos Grandes Lagos.

O clima é variado: no extremo sul a temperatura é branda e as chuvas moderadas tal como succede na região do Atlas; no centro, entre os 20.° e os 30.° de latitude a tem­peratura é muito elevada e as chuvas raras; na parte septen­trional o calor é ainda intenso, mas as chuvas abundantes, como no Sudão.

A vegetação varia de accordo com o relevo e o clima, sendo as partes meridional e de sueste as mais ricas, ferteis e cultivadas, produzindo cereaes, vinha e fructas. As rique­zas mineraes são extraordinárias em vários pontos da região, notadamente na União Sul Africana, onde existem muitos terrenos auríferos, minas de cobre e grandes jazidas de dia' mantes, largamente exploradas.

A maioria da população é constituída de negros macho­nas metaVelés, basutos bèchuanas, cafres e zitlús, que são, os dous últimos, typos vigorosos, altos, hamoniosos e, sobretu­do, energicos. Os brancos, muito numerosos, são represen­tados pelos boers (que quer dizer camponezes), pelos bri-

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tannicos e por outros europeus attrahidos pelo desejo de fa­zer fortuna.

Politicamente, a Africa Meridional Ingleza se acha di­vidida pela seguinte forma:

a) União Sul Africana, constituída em 1909 pelogrupamento das quatros coloniasí autonomas ; do Cabo, do Natal, do Orange e do Transvaal;

b) Protectorados da Suaziland, da Bechuanaland,da Basutoland e da Nyssáland, onde os chefes bantús conservam uma certa autoridade sobre seus súbditos, mas sob a direct a vigilância de representantes inglezes;

e) Territórios da Rhodesia do sul e da Rhodesia do Norte, vastas zonas atravessadas pelo curso medio do Zambeze e assim denominadas em honra de Cecil Rhodes, creador da Companhia Africa do Sul, a quem foi dada em 1889 a in­cumbência de explorar as ditas zonas.

A União Sul Africana tem de superfície 1.225.000 kilo- rnetros quadrados e uma população de 6.923.000 indivíduos, sendo 1.523.000 brancos.

Seus recursos economicos são verdadeiramente extra­ordinários, principalmente no que diz respeito ás riquezas mineraes.

Produz: ouro, notadamente no Transvaal, onde se acham as celebres minas de Witwaterrand; diamantes, notadamente no Orange (Kinberley) ; cobre, estanho, amianto de superior qualidade (Colonia do Cabo) ; ferro (Natal) ; e a hulha em quantidade notável (jazidas do Natal e do Transvaal, que cobrem uma superficie de 22.000 kilometros quadrados).

Em consequência da abundancia da hulha, tem-se desen­volvido a industria manufactureira e a metallurgica.

No tocante aos productos agrícolas, podemos citar o mi­lho, o tabaco, a canna de assucar, as fructas e a vinha.

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A criação do gado é outra grande fonte de recursos da União Sul Africana que possue um dos maiores rebanhos do mundo. As pelles e couros, as lãs e a carne são exportadasem grande escala.

Principaes cidades:Pretoria (73.000 hab.) capital do Transvaal e séde do

Poder Executivo da União; Joahnesburgo (284.000 hab), na região aurífera, a terceira das cidades africanas pela or­dem da população; Capetown (206.000 hab.) -capital da Colonia do Cabo, importante porto de commercio na habia da Mesa, dominada pelo Monte da Mesa; Port-Elisabeth (46.000 habitantes), porto muito requentado ao sul da bahia de Alagôa; Grahamstown (20.000 hab.) interior, ligada a Porto Elizabeth por via ferrea; East London (34.000 hab.), também porto de mar; Kimberley (40.000 hab.) e Beacos- field (15.000), grandes centros da extracção dos diaman­tes; Durban (140.000 hab.) porto de mar na Colonia do Natal e, depois de Johannesburgo, a cidade mais importante da União; Pietermaritzburg o (35.000 h a b .) ; Bloemfontein (40.000 hab) na Província de Orange, a 1.400 metros de altitude, séde da Corte Suprema de Justiça da União; Ge- r,vision (42.000 hab.) e Kingersdorp (44.000 hab.) muito próximas de Johannesburgo; etc.

O Protectorado da Bechuanaland tem 647.000 kilome- tros quadrados, mas a maior parte dessa area é occupada pelos steppes e desertos do Kalahari.

Sua população composta na maioria de bantús e boschi- mans nomadas é de 153.000 habitantes. A capitai adminis- tractiva é Mafeking e a principal povoação indígena Serowe (17.000 hab.)

O ProUctorado da Basutoland extende-se por uma area de apenas 28.000 kilometros quadrados, mas conta uma po­pulação de 498.000 indígenas e cerca de 1.500 europeus.

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E ’ um paiz fértil e salubre, povoado por zulús civilísa- dos. Exporta milho e gado e tem como capital a pequena povoação de Masserú-

O Protectorado da Suaziland, que é o menor dos quatro, lem unicamente 15.000 km2 de superfície e 115.000 habi­tantes, dos quaes 2.200 europeus. Os seus caracteristicos são idênticos aos apontados para a Basutoland■ A capital é a pequena povoação de Moabanet.

O Protectorado da Nyassaland, situado entre a Rhodesia Septentrional, o Moçambique e o Território do Tanganika, comprehende as margens occidentaes do lago Nyassa e os valles superior e medio do rio Chiré. Com 100.000 kilome­tres quadrados de superfície, conta uma população de1.215.000 habitantes, dos quaes 1.500 europeus.

Produz café, algodão, chá, tabaco, cera e borracha. Suas principaes povoações são Zomba, séde da administraeção bri- tanniea, situada entre o lago Chirúa e o rio Chiré; Blantyra, ligada a Zomba por estada de ferro; e Kotakota, nas margens do Nyassa.

A RHODESIA, antigo Protectorado da Zambezia Bri- tannica, está dividida em Rhodesia do Sul (383.000 km2 e800.000 habitantes, dos quaes 35.000 europeus) e Rhodesia do Norte (750.000 km2 e 945.000 hab. sendo 3.500 europeus).

Seus recursos economicos são variados: ouro, hulha, co~ bre, zinco, chumbo, amianto e outros mineraes; e productos agrícolas da zona tropical.

A Rhodesia do Sul está ligada á Colonia do Cabo e ao Oceano Indico por estradas de ferro e nella se acham as ci­dades principaes: Salisbury, na região da Machona, a 1200 metros de altitude, residência do commissario do Governo in- glez; e Bulawayo (6.000 hab.) na zona de Matebéle, no cen­tro de uma região mineira e agrícola.

Na Rhodesia do Norte podemos citar como povoações mais importantes Levingstone e Mongú.

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Terminado o estudo regional da Africa continental, mis­ter é que lancemos um ligeiro golpe de vista pela sua parte

madA «reepíão de Madagascar — a grande ilha franceza do Oceano Indico - separada do continente pelo canal de Mo­çambique, as demais ilhas africanas são pequenas e se acham afastadas das costas, razão por que devem ser consideradascomo formações independentes.

NO OCEANO ATLANTICO destacam-se quatro archi­pelagos de origem vulcanica e pertencentes ao cordão circular de fogo do globo: Açores, Madeira, CanarAas e Cabo Verde ; e as ilhas tamhem vulcânicas de Ascenção, Santa Helena eTristão da Cunha. .

No MAR DA GUINE’: Fernando Pó, Ilha do Príncipe,Corisco, São Thomê e Anno Bom-

No OCEANO INDICO—Madagascar, o grupo das tam o­res • as ilhas da Reunião ou Bourbon, Maurício ou de França e Rodrigues; os archipelagos das Seychelles e das Almiran­tes; ilhas de São Paulo, Amsterdam, Kerguelen e Socotoraá entrada do golfo de Aden.

O Archipelago dos Açores acha-se em pleno Atlântico a1380 kilometros de Portugal, de cuja divisão administrativafaz parte. , . , .

Está dividido em tres grupos de grandeza desigual, mu -to separados uns dos outros e compostos de nove ilhas, a sa­ber : Santa Maria, S. Miguel, Terceira, Graciosa, Sao Jorge;Pico, Fayal, Flores e Corvo.

O solo dessas ilhas, formado de cinzas, de escorias, de la­vas e de basaltos, é extremamente accidentado e sujeito a aba­los scismicos. .

O clima, doce e húmido, do typo oceânico puro, e a admi­rável fertilidade de suas terras tornaram os Açores, cuja area total mede 2388 kilometros quadrados, super-povoados, com 107 habitantes por kilometro quadrado, o que tem con-

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corrido para o estabelecimento da corrente emigratoria que se dirige ao Brasil e á America do Norte.

Os seus recursos economicos são: o milho, o trigo, o fei­jão, batatas, fructas e outros productos de agricultura.

Cidades principaes: Pont a Delgada (20.000 hab.), resi­dência do Governador, na ilha S. Miguel, e Angra (10.000 hab.) na ilha Terceira. *

A Madeira, em torno da qual se acham diversos peque­nos ilhotes rochosos, é uma ilha montanhosa, massiça, de ori­gem vulcanica, celebre pela belleza da paysagem e pela doçura e salubridade de seu clima.

Tem de superficie 810 kilometros quadrados e de popula­ção 170.000 habitantes, ou sejam 200 habitantes por ki- lometro quadrado, densidade que força a emigração, tal como succede nos Açores. *

A ilha, quando foi descoberta, estava cheia de florestas que desappareceram, destruídas por um incêndio collossal. Em logar as florestas, plantaram os portuguezes a vinha, cuja colheita abundante é quasi toda empregada no fabrico dos afamados vinhos de Madeira.

Seus recursos economicos são, alem do vinho, os produ­ctos da pesca, a aguardente, o assucar, a manteiga e as fructas.

Politicamente, constitue o archipelago da Madeira o dis- trieto de Funchal, parte integrante de Portugal.

Sua capital é Funchal (25.000 hab.) porto de escala dos navios que fazem a rota de Portugal para o Brasil, ci­dade afamada pela sua salubridade.* Alem da Capital, existem no archipelago diversas villas como Camara Lobo, Machico, Porto Santo (esta na ilha de Porto Santo) e outras.

O Archipelago das Canarias, situado a 150 km. da cos­ta africana e um pouco ao sul da Madeira, é constituído de

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doze pequenas e 7 grandes ilhas de origem vulcanica com asuperfície total de 7.000 km2.

As grandes ilhas são : Teneriffe, onde se acha o vul­cão Teneriffe com 3700 m. de altitude, Forteventura, Gran Canaria, Lanzerote, Palma, Gomera e ilha do Ferro.

Devido a sua latitude e proximidade dos desertos sa- harianos, o clima desse archipelago é muito mais secco e mais quente que o dos Açores e de Madeira, havendo por anno cerca de 300 dias sem chuva. As ilhas de leste são cobertas de vegetação rasteira e gramineas duras; as de oeste, mais favorecidas, dispõem de bellas florestas de carvalhos e cas-tanheiros e pinhos.

Conhecidas pelos antigos pelo nome de Ilhas Afort -nadas”, as Canarias, que hoje fazem parte da Hespanha, eram habitadas, quando os hespanhoes delias tomaram posse no século XV, pelos indigenas Guanches, de origem berbere.

A população é de 506.000 habitantes o que dá uma me­dia de 64 habitantes por kilometro quadrado.

Suas principaes produeções são a mandioca, a batata o tabaco, a vinha, a canna de assucar, o café, a banam * alaranja. * n

Alem desses productos da agricultura exportam as Ca­narias outros provenientes da industira pastoril e da pesca.

Capital — Santa Cruz (63.000 hab.), porto da ilha deTeneriffe.

Cidades principaes: Las Palmas (62.000 ha .), na Grande Canaria, o melhor porto do archipelago; e Orotava (12.000 hab.) tambera porto na ilha de Teneriffe.

As ilhas do Cabo Verde, que pertencem a Portugal, fi­cam situadas a cerca de 600 kilometros a W . do cabo Verde que lhe deu o nome. São 14 ilhas de origem vulcanica, cujo asnecto em pouco differem das Canarias. Essas ilhas se acham divididas em dous grupos; o ae n a n a v a aw — - - de Sotavento ao S.

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Pertencem ao grupo de Barlavento: Santo Antão, São VJcente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal; Bôa Vista etc.; e ao grupo de Sotavento: Maio, Santiago, Fogo, Brava, etc.

Algumas dessas ilhas como S. Vicente, são inhospitas e aridas; outras, como Santiago, Santo Antonio e do Fogo, pelo contrario dispõem de um solo muito fecundo, onde se fazem as culturas da canna de assucar, do tabaco, e do café e as criações de carneiros, bois e cavallos• A superfície total é de 4.000 kilometros quadrados e a população de 150.000 habitantes, na sua maioria negros e mestiços.

A ilha mais populosa é a de Santiago que conta 60.000 liab. e onde se acha a capital do archipelago que é Porto Praia (10.000 hab).

Outra cidade digna de menção é Porto Grande (5.000 hab.) na ilha de S. Vicente, considerada o melhor dos portos dos domínios portuguezes.

As ilhas de Ascenção, Santa Helena> e Tristão da Cunha, que pertencem á Inglaterra, são ilhas vulcânicas, isoladas no seio do Atlântico, na linha que divide o sul desse oceano em dous profundos fossos.

Ascenção, que se acha a 1400 kilometros da costa afri­cana e a 2500 do Brasil, tem um clima muito saudavel, mas não conta ihais de 500 habitantes.

Santa Helena, situada a 1.700 kilometros da Africa é do­minada pelo pico de Diana, é celebre pelo captiveiro de Na- poleão I (1815 a 1821). Conta uma população de 5000 ha­bitantes e dispõe de um porto fortificado (Jamestown) .

Tristão da Cunha, quasi deshabitada, é apenas uma es­tação de reabastecimento da esquadra ingleza.

As ilhas do mar da Guiné, únicas do Atlântico que, geo- graphicamente, se prendem a Africa, são cobertas por uma vegetação tropical exhuberante e se prestam a todas as cul­turas próprias dos paizes quentes.

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Fernando Pó, Anno Bom e Corisco com 2000 km2 e20.000 habitantes, negros na soa quash totalidade, nao tem importância economica e são bastante insalubres. er-tencem á Hespanba.

Principe e São Thomé, pertencentes a Portugal, produ­zem em abundancia o cacáo, a canna de assacar e o sen­do a ultima cognominada “ a pérola das colomas portugue­sas” . Tem 1.000 km2 e cerca de 62.000 bab. na grandemaioria negros.

Madagascar, que é a maior ilha da Africa e uma das maiores do mundo, fica situada no oceano Indico, a 75 léguas da costa africana entre os 26 e os 12.° de latitude sul.

Com um comprimento de 1580 kilometros (do cabo Âm­bar a Santa Maria) e com uma largura que varia de 400 a 580 kilometros, essa ilha tem de superfiicie 585.400 kilome­tros quadrados, sendo, portanto, maior que a França.

Não obstante estar próxima do continente negro, Mada­gascar delle se acha nitidamente isolada pelo grande fosso constituído pelo canal de Moçambique, o qual tem mais de 3000 metros de profundidade, parecendo antes pela sua flo­ra e por sua fauna, ter sido destacada da Australia.

A maior parte da ilha é occupada por planaltos, ou al­tas plataformas de rochas antigas de 800 a 1400 metros de altitude media, sendo o principal o de Imerina, onde se acha a capital, que é Tananarive, ou Antananarivo, (70.000 hab.)

O ponto culminante é o monte Tsiafajavana com 2680metros no massiço de Ankaratra.

As costas bastante recortadas a oeste sao quasi rectili- neas á leste, achando-se os melhores portos da ilha ao N. e a N. W , (bahias Bali, Majunga, Mahajamba, Portos Ra-dama, Diego Saurez, etc.) .

Situada em zona húmida e quente, entre o Tropico e Capricórnio e o Equador, Madagascar apresenta entretanto,

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em virtude dos ventos reinantes e das differenças de altitu­de, uma grande variedade de climas e de zonas vegetaes.

A costa oriental offereee condições propicias a vida ve­getal mas desfavoráveis á vida humana; é excessivamentequente e húmida, oseillando sempre o thermometro em Ta- matave entre 20.» e 26.». O sul ao sudoeste, quasi completa­mente desprovidos de chuvas, têm uma vegetação desertica analoga ao “Sumb” australiano. As costas septentrionaes e OTientaes, menos insalubres e menos regadas que a orientalnao apresentam as vastas florestas e a variedade de plantas

• que se encontram a leste.

Os planaltos interiores gozam de clima temperado e salu­bre, analogo ao da Ethiopia e do Transvaal, mas, como o soloe composto na maior parte de latente, pouco se prestam á agricultura.

Os recursos economicos de Madagascar são: o arroz oingo (ao sul do Imerina), a batata, o milho, o sorgho, amanitooa, a banana, as favos, as madeiras, o gado vacemn eo búfalo, o cacao, a baunilha, o café, a borracha, o ouro e o graphite.

A população da ilha é avaliada em 3.545.000 habitan­tes, dos quaes 15.200 francezes, 3.000 europeus de outras nacionalidedes, 5.200 hindus e 1000 chinezes. A raça domi­nante e a malaia (Hova), o que constitue mais uma prova de que Madagascar jamais esteve ligada á Africa.

. Alem da capital, de que já tratamos, podemos citar como pnncipae^ cidades: Tamatave, (15.000 hab.) porto active

eZ n n Y T , regUlãreS COm aS ÍlhaS ^ascarenhas; Mananjarymnnrv^ * v V FmaranU™ W hab.) Diego® Suarez 11000 hab ) porto magnifico e estação naval ; Antsirane;

n r in n T J 8? °° hab’^ POrt° de comjuercio, e Tulear hab.), porto que entretem relações com o Moçambi­

que e a Colonia de Natal.

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0 grupo das Comores comprehende quatro illias princi- Daes: Mayotte, Anjuan, Grande Camore e Mohelil que for­mam uma colonia sujeita ao governo geral de Madagascar.

Têm 2168 km2 de superfície e uma população de95.000 habitantes.

O solo daS Comores é notavelmente fecundo e produz canna de assucar café, baunilha, etc. Seu commercio é feito pelos portos de Dzaudzi (capital do grupo) na Mayotte, de Montsamudú (Anjuan) e de Moroni (Grande Camore).

As ilhas de Reunião, Mauricio e Rodrigues, a E, de Ma­dagascar, constituem o Archipelago das Mascarenhas, no nome de seu descobridor, o almirante portuguez Pedro de Mascarenhas. A primeira com 2510 km2 e 175.000 habi­tantes tem para capital S. Dinis (28.000 hab.) e pertence á Prança; as outras duas a Inglaterra.

Mauricio, ou ilha de França, com uma população muito mais densa que a de Reunião (376.000 hab. para 1853 km2) tem sobre essa ilha a vantagem de possuir um porto muito melhor que S. Denis, ou seja Port Louis (40.000 hab.), na costa N. E. e que é, também, sua capital.

O clima é bastante favorecivel aos Europeus e o solo me­nos montanhoso e mais cultivado que o da ilha franceza. Sua principal producção é o jassucar.

De Mauricio depende administractivamente a ilha Ro­drigues que conta, apenas 150 km2. e 4500 habitantes.

A Seychelles e as Almirantes são cerca de noventa ilhas e ilhotas na sua maioria atols apenas levantados alguns pés acima do nivel das aguas. Pertencem á Inglaterra. As prin- cipaes s|o as ilhas Make que tem um bom porto — Victoria;e Praslin.

O clima é o tropical muito salubre e as principaes cul­turas : a do milho, a da mandioca, a da banana, a do arroz e da baunilha•

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A população desses dous archipelagos é de 26.000 habi­tantes na sua maioria creoulos.

Amsterdam, S. Paulo e Kerguelen, são ilhotas vulcâni­cas cobertas de musgos e lichens e quasi deshabitadas. São apenas frequentadas pelos pescadores de baleias do Indico.

Socotora é um fragmento da Somalia, dè clima mais ameno. E ’ uma ilha granítica de 2800 km2 collocada á en­trada do golfo de Aden, a 57 léguas do cabo Guardafui e ha­bitada por 12.000 almas.

Sua importância é toda de natureza estratégica: com­pleta a base naval ingleza de Aden e guarda a entrada do mar Vermelho.

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A s regiões naturaes do Brasil. — D ivisão regional do Pais.— B ases geographi-

cas racionaes desta divisão

II

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O BRASIL — o nosso immenso e portentoso paiz—oc- cupa a parte central e oriental do território da America do Sul, extendendo-se quasi tanto no sen­

tido dos meridianos como no dos parallelos.Sendo assim um dos maiores paizes do mundo, maior

mesmo que todo um continente — a Australia — não obs­tante constitue uma região natural integral, formada de um massiço antigo ladeado pelas depressões amazonica e plati­na, região essa que se reparte em 22 circumscripções politi- cas, das quaes 20 são Estados, uma o Districto Federal e a restante o Território do Acre.

Dos Estados, dezeseis são banhados pelo mar e quatro cen- traes ou interiores, sendo o Districto Federal marítimo e o Território do Acre central.

Do norte para o sul os referidos Estados são: I Amazo­nas; II Pará; III Maranhão; IV Piauhy; V Ceará; VI Rio Grande do Norte; VII Parahyba; V III Pernambuco; IX Alagoas; X Sergipe; XI Bahia; X II Espirito Santo ; X III Rio de Janeiro; XIV São Paulo; XV Paraná ; XVI Santa 'Catharina; XVII Rio Grande do Sul; XVIII Minas Geraes; XIX Goyaz; XX Matto Grosso.

Muito desiguaes em superficie e população, alguns maiores que vários paizes da Europa, são esses estados ha­bitualmente classificados em Estados do Norte/ Estados do Sul, e Estados Centraes, sendo considerados do norte: Ama­zonas, Pará, Maranhão, Piauhy, Ceará, Rio Grande do Nor-

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te, Parahyba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe Bahia „ pv,puato Santo, do Sul: Ri0 de JaSeiró, São Z f o k l a n fcanta Catharma, e Rio Grande Sul; e centraes: Minas Ge’ raes; Goyaz e Matto Grosso. ^

Essas divisões do Brasil a que vimos de nos referir ou me, or o grupamento de suas circumscripções politicas tan-

110rtem r r ; mtenores COm° em circuniscripeões do ° ’ d0 6 d0 centro> embora sejam consagradas pelo

, , ’ . ° obedecem a um «iterio propriamente geograpMcoZ \Zn T meDte arMtrariaS ™ “ «onaet e Z o po-’Terra e do 1 " T " n° estado aetuaI da « tateia dapa a a d t i s ã o T ' ° <***> a adoptar-separa a divisao do pans, critério aliás preconisado e setrnidoPelas maiores sumidades do ensino da materia, e „ q„eZ d

u n i Z Z T * Í S dÍTCrSaS “ Ídad-idenUdlde de T M°íí,raes' 1™ * destaquem pela seu e lL a pela aTr T f *°p0graphicas> Pela igualdade do

condi r d d f mtf a t b o s r ur e r melhansa * “Damo- ta l critério, alem do sph lacrer genuinamente geoeranhion nnliase na nrom-ia r . 8 f píuco> P°r isso que assenta suade m e lL svn l, P ’ * “ a in« ” t e ‘a™l vantageme memo: synthetisar o estudo complete da região natural integral constituída pelo paiz. natural

7 7 qUe a?abamos de exP°r> a divisão va­que tendo os mpsT 6 ^ P°r grupos de estadosiue, tendo os mesmos caracteres, ou sejam as mesmas fei-Ç s opograplneas, as mesmas condições de clima

* d lltm eZ : °U dÍVe,'S0S’ iSt0 é’

t e m p o s j b â o n0- i r t r a nC' . M- de Ca™ Ih»> d-d e o, 0 Pae da Geographia — semnre os fa•■tos e pbenomenos geographicos foram s y n th e t i c s regiões naturaes. ynrnetisados em

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“ A região natural é uma subdivisão mais ou menos pre­cisa e permanente que a observação e a investigação permit- tem crear numa area continental estudada, no mtuito de sa­lientar a importância respectiva das differentes influencias geographicas, respeitando o mais possive-1 o jogo natural das forças em presença e collocando a synthese assim esbo­çada sob o ponto de vista especial do factor humano nellarepresentado.

A escolha das regiões naturaes depende, até certo pon­to, do prisma considerado, do phenomeno que mais interessa o observador. Dahi a diversidade das regiões naturaes.

Uma região natural simples é uma area que comprehen- de principalmente o estudo de um só phenomeno. Uma ba­nia hydrographica é uma região natural simples, uma zona climatérica caracteristica também o é. A area abrange um só phenomeno natural. Na geographia do passado, a bacia fluvial foi muitas vezes escolhida como região natural, for­çados os outros phenomenos a entrar no seu quadro.

Apezar de superior a qualquer subdivisão administra- ctiva arbitraria, a região natural creadà por uma bacia flu­vial, região simples, não é sufficiente para crear uma verda­deira “região natural” no sentido da geographia moderna.

Uma região natural complexa, concepção essencial­mente moderna resulta da superposição de regiões naturaes simples: unidade topographica, bacia fluyial, zona climaté­rica, unidade economica, social etc. A região natural com­plexa é mais difficil de destacar e de limitar que a região natural simples, por causa da variedade dos factores, rele­vo, rios, climas, productos e populações, mas, uma vez es­tabelecida sobre bases acceitaveis e lógicas, apezar das me­nores differenciações locaes, presta-se melhor ao estudo geo- graphico da interacção dos phenomenos naturaes que se pro­duzem em sua area.

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Uma região natural integral, na expressão do geogia- pho italiano G. Ricchieri, corresponde ao aggrupamento po­litico de varias regiões naturaes complexas sob a forma ae pair, on nação” .

Applicada ao Brasil a divisão geographica racional, isto é. a divisão em regiões naturaes, podemos dizer que o seu vas­to território comprehende cinco grandes regiões naturaes a saber:

I — Brasil Septentrional ou Amazonia II — Brasil de Nordeste

III — Brasil Oriental IV — B rasil Meridional V — Brasil Central

Cada uma dessas regiões comporta sul-divisões, crea-das de accordo com os mesmos princípios em que foi basea­da a divisão geral, sendo de notar, alem disso que as grandes divisões naturaes são mesmo um tanto imprecisas poique, como observa Delgado de Carvalho, são quadros complexos formados por quadros simples superpostos que não podem sempre coincidir (quadro thermico, quadro topogiaphico, quadro botânico, quadro pluviómetro, quadro economico, quadro social etc.)

O Brasil Septentrional, ou a Amazónia, comprehenden- do a maior zona dQ paiz, uma vasta região banhada pelo íio Amazonas e seus tributários e que quasi coincide com a pro­pria bacia hydrographica do Amazonas, é constituído pelos Estados do liará e do Amazonas e pelo Território do Acre-

O Brasil Nordeste, abrangendo as terras que se desen­volvem entre o baixo Tocantins e o baixo São Irancisco, limi­tadas no interior pelas serras do massiço nortista é formado pelos territórios dos Estados do M/iranhão, Piauny, Ceai a, Bio Grande do Norte, Parahyba, Pernambuco e Alagoas.

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0 Brasil Oriental, abraçando toda a area do território nacional comprehendida entre o massiço Goyano, o baixo São Francisco e as cabeceiras do Parahyba do Sul, é consti­tuído pelos Estados de Sergipe, Bahia, Espirito Santo, Mi­nas Geraes e Rio de Janeiro e pelo District o Federal.

O Brasil Meridional, comprehend end o a vasta zona do paiz limitada pelas republicas do Uruguay, da Argentina e do Paraguay pelo rio Paraná e pelas cabeceiras do Parahyba do Sul, é repesentado por São Paulo, Paraná, Santa Catha- rina e Rio Grande do Sul.

O Brasil Central, abrangendo toda a grande zona do in­terior do paiz não comprehendida nas outras quatro regiões, é formado pelas terras dos Estados de Matto Grosso e Goyaz.

O BRASIL — REGIÃO INTEGRAL

A estructura geral do Brasil é simples. O paiz se com­põe de duas modalidades geographicas: um planalto central, na vertente oceanica de seus rios, e uma dupla depressão ao norte e a oeste e sul.

O Planalto Brasileiro, segundo Lapparent, é uma das massas continentaes mais antigas e estáveis do globo. E ’ um dos pontos fortes da crosta terrestre, sem linhas de fractu- ra pronunciadas e, portanto, não sujeito ás erupções vulcâni­cas e aos grandes abalos scismicos.

Em epochas geológicas muito afastadas fez parte das plataformas indo-africanas, esteve certamente unido á Afri­ca, da qual se acha agora separado pelo Atlântico, e da Afri­ca conserva, alem da estructura, muitos dos traços caracte- listicos da fauna e da flora.

Submettido a uma erosão intensa, esse massiço archea- no, foi, aos poucos, se aplainando e se transformou numa plataforma, onde, mais tarde, 9S grés lacustres se deposita­ram em camadas horizontaes.

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Na epocha terciaria essa immensa plataforma soffreu um levantamento pelo bordo oriental e uma nova e collossal erosão então se manifestou. Os cursos dagua, cujo poder destructive foi augmentado com a modificação de seu nivel de base, atacaram a cobertura de grés e a dispuzeram em massas tabulares, deixando a descoberto os granitos e gne- sis do terreno laurenciano que acima dos valles alargados formam uma serie de elevações denominadas “ serras” taes como a do Mar e a da Mantiqueira, as quaes ficaram como testemunhos da extensa plataforma primitiva, em volta doschapadões centraes.

Assim se constituiu o immenso planalto cuja altitude, variando de 300 a 1.000 metros, permitte que o nosso paiz goze de um clima que a sua latitude por si só, não lhe pode­ria conceder.

Os rios São Francisco e Paraná, correndo em sentido inverso num sulco-parallelo á costa atlantica, como que divi­dem em dous grupos distinctos as serras brasileiras. De um lado desse sulco se acham as montanhas mais elevadas, que se apresentam como altas muralhas a pequena distancia do littoral: serra Geral, serra do Mar; serra de Paranapiacaba, serra da Mantiqueira, Serra dos Órgãos etc. Do outro lado a serra das Vertentes, a serra dos Pyreneus, de Tabatinga; da Cinta e outras, menos elevadas, nas quaes se encostam as chapadas que se inclinam para o norte e para o oeste, cha­padas que, passando de 800 a 500 e a 300 metros de altitu­de, acabam por se confundir com a planicie do Amazonas. Entre essas duas series bem definidas de montanhas, ficam situados planaltos bastante uniformes, dominados por ondu­lações poucf accentuadas.

A base do planalto brasileiro é constituida pelas rochas antigas metamorphicas, a que se associam rochas eruptivas, entre as quaes são predominantes as graniticas.

Dividem-se taes rochas em duas series: umâ, mais anti-

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ga, formada de rochas altamente crystallinas como os gneiss, menos rica em minérios de valor que a outra, constituída, de rochas menos perfeitamente crystallinas como quartzitos,schistos e calcareos.

Sob a acção das chuvas tropicaes essas diversas rochas,que formam a ossatura do planalto, se decompuzeram em are­nitos e argillas superficiaes de uma espessura de 40 a 60 centímetros, formações telúricas mats ou menos idênticas aos solos da mesma origem da Africa Central.

A decomposição dos gneiss, granitos e micachistos pro­duziu uma terra argilosa, fina e pouco permeável, de cor aver- melhado-claro; a do grés, areias pardas ou avermelhadas; e a das rochas do typo diabasico, as terras roxas, ricas em phos- phoros e grandemente fecundas, muito próprias as plantaçõesde café.

Os chapadões da bacia do Paraná e amazonico compoem- se de camadas horizontaes, ou quasi horizontaes, de arenito,schisto argiloso e calcareo.

As planícies meridionaes do Brasil estão cobertas deum lençol de arenito.

A bacia do São Francisco é, também, constituída dearenito e schisto argiloso que formam, no alto valle, lom­badas parallelas ás montanhas e no medio valle extensos ta-boleiros.

Formações cretaceas são encontradas na Bahia, em rer- nambuco, em Alagoas, na bacia do Parnahyba e no Alto Ama-zonas. .. ,

Os depositos da era terciaria apparecem nos valles doalto Parahyba e Tietê e em vastas extensões no Amazonas.

Ladeando o grande planalto de tres milhões de kilome- tros quadrados, qne é o elemento principal do relevo brasi­leiro, e isolando-o da cordilheira andina, existe uma depres­são larga, plana, ondulada por vezes, formada por um fundo de mar levantado certamente pela pressão dessa cordilheira

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sobre o mesmo planalto. Essa depressão recebe ao norte o nome de Amazonica e, a oeste e sul, o de Platina ou Para­guayan

A depressão Amazonica é mais vasta, pois tem uma su­perfície quasi igual á metade da Europa, e a sua horizonta­lidade por assim dizer completa. Nella se encontram as for­mações devoniana e carbonífera, cobertas de camadas de arenito e argilla da epocha terciária, sendo as terras baixasda epocha quaternaria.

Como a Amazonica, a Depressão Platina é formada pelaerosão das camadas sedimentares e encerra gigantescos ma­míferos fosseis da era quaternaria. ^

A configuração do Brasil é homogenea em relação á America do Sul, e o seu aspecto massiço como o do continen­te, sem grandes recortes e denteações.

O nosso littoral mede cerca de 9.000 kilometres pelos contornos das bahias, algumas das quaes bem largas, e é do­tado de bons portos.

Do cabo Orange até a capital do Maranhão a costa ebaixa, terriginea, de arrastamento, orlada de mangues; de São Luiz ao cabo São Roque ainda baixa,, pouco recortada, quasi rectilinea, ora dunosa, ora apresentando barreiras ao mar, com alguns recifes rochosos e com um unico porto decerta importância — Natal.

No cabo São Roque a costa se inclina por longas ondula­ções para S W, parecendo estar em via de elevação, rectifi- cando o seu alinhamento por influencia tanto dos rios como do mar.

Apresenta como elementos caracteristicos as barreiras, as dunas e os recifes, mas tem certos trechos baixos, pânta­nos e lagoas. Os portos são mais numerosos: Recife, Maceió, Bahia, Porto Seguro, Victoria etc. ; e o relevo já vae fa­zendo sentir a sua approximação, nas alturas do EspiritoSanto.

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Do cabo Frio ao cabo Santa Martha o contacto entre as montanhas c o littoral se torna patente; os recortes se ca- racterisam; apparecem as ilhas rochosas; bahias e enseadas largas e profundas se apresentam. Nesse trecho se encon­tram a bahia de Guanabara, a mais bella do mundo, com o porto do Rio de Janeiro, um dos mais importantes e seguros da America; o porto de Santos, o de Paranagua e o de Flo­rianópolis.

Do cabo Sta. Martha até o arroio Chuy, que marca o ex­tremo sul do littoral brasileiro, a costa é, finalmente, areno­sa, baixa, formada de cordões littoraneos que represam la­gunas e lagoas como as dos Patos, a Mangueira e a Mirim.

Quanto ao clima, attendendo-se a que uma classificação de clima não pode ser absoluta, mas levando-se em consi­deração os tres elementos principaes: temperatura em fun- cção da latitude, humidade em funeção das chuvas e diffe- renciação topographica em funeção da altitude, distinguem- se no Brasil, tal como o fizeram Morize e Delgado, os seguin­tes typos: l.° jEquatorial super-hum ido (Amazonico) ; 2.° equatorial semi~arido (Brasil Norte Oriental) ; 3. tropical semi-humido m arítim o (Littoral oriental) ; 4.° tropical semi húmido de a ltitude (Planaltos do Centro); 5.° tropical semi- hum ido continental (Interior brasileiro) ; 6.° tem perado se- mi-humido m arítim o (Littoral do Sul) ; 7.° tem perado semi- humido das la titudes medias (Planicie riograndense) ; e 8.* tem perado semi~humido e a ltitu de (Planalto meridional).

De accordo com essa classificação são considerados cli­mas equatoriaes os das regiões em que a temperatura media annual é superior a 25.° € . ; climas tropicaes os das zonas em que a dita temperatura oscilla entre 20.° e 25.° C .; e climas tem perados, os das regiões de temperatura media annual, in­ferior a 20.° C.

As chuvas abundantes criam os typos super-humidos e as fracas, os typos semi-aridos; a proximidade ou o afastamento

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do mar os typos maritimo e continental; a influencia da alti­tude, o typo semi-humido de altitude; e, finalmente, a posição astronómica, o typo semi-humido das latitudes medias.

No seu conjuncto o clima do Brasil é salubre, não havan- do uma só doença endemica exclusivamente brasileira, muito mais suave que o dos outros paizes situados em latitudes iguaes ás nossas, superior ao da maior parte do globo,, sendo de notar que os estrangeiros facilmente se aclimatam em qual­quer zona do paiz.

A immensa rede hydrographica do Brasil é quasi exclu­sivamente alimentada pelas chuvas copiosas que cahem, do Equador ao Tropico de Capricórnio, sobre uma vasta area do nosso território.

As aguas dos nossos rios são trazidas do Atlântico pelos ventos aliseos de sudueste e de nordeste, que condensam a hu­midade de que se acham impregnadas ao encontrar o relevo in­terior.

Distinguem-se tres centros principaes de dispersão das aguas: o massiço andino, onde nascem o Amazonas e muitos de seus affluentes; o massiço das Guyanas, onde têm origem os affluentes e sub-affluentes da margem esquerda daquelle grande rio ; e o massiço brasileiro — o grande centro de irra­diação hydrographica — de onde dimanam o Tapajoz, o Xin­gu, o Tocantins — Araguaya, o Guaporé, o Paraná-Paraguay, r, São Francisco, o Parnahyba etc .

Muitos dos nossos rios apresentam grande quantidade de cascatas, saltos e cachoeiras, entre as quaes sobresahem as de Paulo Affonso, Sete Quedas e do Iguassú. A hulha bran­ca, ou energia hydraulica fornecida por essas cachoeiras, re­presenta uma força de 25 a 30 milhões de cavallos vapor, dos quaes são actualmente aproveitados menos de um milhão nas usinas hydro-electricas.

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. Ao lado dessas reservas hydraulicas dispomos, nos Estados do sul, de jazidas de carvão d e p e d r g que já fornecem annual- men te cerca de 400.000 toneladas desse combustível. ^

O Estado do Amazonas apresenta, igualmente, camadas carboníferas, que, entretanto, ainda não forneceram indiciode carvão de pedra.

Ha também jazidas de p e tr o le o em São Paulo e no Pa­raná, mas taes jazidas não começaram a ser exploradas. O Brasil, desde o periodo colonial, vem sendo conhecido como paiz de m in era çã o . E, de facto, são grandes e variados os seus recursos mineraes. Encontram-se em pontos do nosso solo : o ou ro (Minas Geraes, Rio Grande do Sul, região amazonica do Amapá) ; o fe r ro sob a forma de minérios de magnetita, * hematita e limonita (Minas Geraes, Paraná. Santa Catharina, São Paulo e Matto Grosso) ; o m a n g a n e z (Bahia, Goyaz, Mat­te Grosso, Minas Geraes) ; o c h u m b o (Minas, São Paulo, San­ta Catharina) ; o c o b r e , o z ircon eo , as a re ia s m o n a z i t ic a s (lit­toral da Bahia ao do Rio de Janeiro) ; as p e d r a s p rec io sa s principalmente em Minas Geraes; o d ia m a n te (Minas, Bahia, Goyaz e Matto Grosso), etc.

A flora do Brasil é certamente a mais rica e variada do mundo, devido não só á diversidade topographica, como ás dif- íerenças climatéricas que se notam no paiz.

Duas são as formações vegetaes caracteristicas que se apresentam no nosso território: — a floresta e os campos. A f lo r e s ta v i r g e m , ou “ s e lv a ” desenvolve-se na zona equato­rial, isto é, nas regiões mais quentes e húmidas, occupando uma area de cerca de 5.000.000 de kilometros quadrados. E ’ a matta amazonica que se divide em duas partes: matta das pia meie-' ou ca a -e té e a matta que beira os rios: c a a ig a p ó .

A f lo r e s ta p lu v ia l estende-se pela zona do littoral, isto é, nas regiões tropicaes menos húmidas, assemelhando-se, mas excedendo em belleza e variedade ao c a a -e té da Amazonia. Ao seu lado já apparecein os cam pos .

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Os campos dèsdobram-se pela zona do sertão, isto é, pelas regiões onde o regimen das chuvas não permitte o desenvolvi­mento das florestas e apresentam, como vegetaçao typiea, as catingas ou matto branco, no nordeste, os capões nos legates húmidos e nas baixadas, os cerradÕes etc.

Nos estados do sul (Paraná, Santa Catharina e Rio Gran­de do Sul) apparecem de novo as florestas, então earactenza- das pela presença da Araucaria brasiliensis, vulgarmente co­nhecida pelo nome de Pinho do Paraná, da herva matte e do efidre.

No extremo meridional do paiz surgem as campinas se­melhantes aos pampas da Argentina.

Espalhadas pelo nosso território, ha cerca de vmte mil especies vegetaes, entre as quaes se destaca, um sem numero de madeiras de construcção,, plantas medicinaes, plantas in-dustriaes e plantas alimenticias.

Nas florestas, nos campos, nos lagos, nos rios, por toda a parte de nosso vasto território se desenvolve uma fauna tam­bém rica e variada. Essa fauna se reparte por tres provín­cias zoogeographicas: a hilcea, ou matta amazonica; a araxo- na cu o nordeste e o interior sertanejo; e a tupiana, ou o litto­ral e suas mattas — e se caracterisa pelo grande numero de animaes desdentados, pela grande quantidade de macacos de nariz chato, pela variedade de aves de lindas plumagens e pelo infinito numero de insectos e de peixes.

Ha mais de 50 especies de macacos; diversos felinos como a onça e a jaguatirica; lobos, raposas, martas, esquilos, ratos, preás, pacas, cotias, capivaras, ouriços etc. Entre os desden­tados, a*preguiça, o tatú, e o tamanduá; entre os ongulados, oveado, o caetetú e a anta ou tap ir.

Na fauna ornithologica destacam-se o tucano, o beija-flor, o picapáo, a patativa, o sabiá, etc. Entre as aves de rapina, o abutre, o gavião e o falcão; e entre os trepadores, o papa­gaio, a arara e o periquito.

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A classe dos reptis é numerosa; immensa variedade de erocodillos e de cobras; entre as quaes a giboia, o surucucú, a cascavel, a cobra coral, etc.

Os peixes são de especies numerosas, bastando dizer que só o Amazonas possue cerca de 2.000 qualidades diversas, ou seja mais que o oceano Atlântico.

Na região Amazonica ha cerca de 700 especies de borbo­letas e 500 especies de passaros !

O Brasil é de todos os paizes do mundo o que apresenta maior extensão de terras productivas. No seu immenso terri­tório não ha um só deserto !

Todas as culturas das regiões tropicaes e temperadas se praticam nos vários pontos do paiz: — o café, a canna de as- sucar, o algodão, o eacáo, o arroz, o milho, a mandioca, as arvores fructiferas, o fumo, o trigo, a vinha, etc.

As florestas têm uma reserva inexgotavel de borracha que é extrahida da seringueira, da mangabeira e da maniço- b a ; de plantas medicinaes e resinosas, de madeiras de con­st rucção, marcenaria e tinturaria.

Os campos, providos de magnificas forragens, offerecem boas condições á criação do gado que se desenvolve dia a dia.

Possuimos cerca de 35.000.000 de cabeças de gado vac- cum, 18.000.000 de porcos, 10.000.000 de carneiros, 7.000.000 de cavallos, 3.000.000 de muares e asininos.

Quanto á industria manufactureira, si bem que o Brasil ainda não possa figurar entre os grandes paizes industriaes, tem elle progredido bastante nos últimos tempos.

Nossas principaes industrias são a fiação e a tecelagem, a refinação do assucar, a fabricação dos chapéus e calçados, a preparação do fumo e dos couros, a fabricação da cerveja e dos phosphoros, etc.

A abundancia da materia prima e as nossas importantes reservas hydraulicas permittem prever-se o desenvolvimento normal e continuo de todas as industrias derivadas da agri-

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cultura e da criação do gado, assim como o estabelecimentoda siderurgia. _

O nosso apparelhamento economico, entretanto, deixamuito a desejar. Faltam-nos ainda as vias de communicaçãojustamente nas regiões mais povoadas e productivas.

Contamos com algumas boas estradas de rodagem e vias ferreas e temos rios navegáveis, mas a immensidade do nosso território reclama muito mais do que actualmente possuímos.

O BRASIL SEPTENTRIONAL OU AMAZONIA

A primeira das cinco regiões naturaes complexas em que dividimos o Brasil, é formado pelo conjuueto das terras equa- toriaes situadas entre as Guyanas, a Venezuela e a Colombia ao Norte, o Peru a Oeste, a linha do rio Gurupy a Leste, e os primeiros degraus do planalto central brasileiro, ao sul. Oc- cupa uma area de cerca de tres milhões e meio de kilometres quadrados e está dividida pelo Equador em ̂duas porçoes desiguaes, das quaes a menor é a boreal, que é justamente amais accidentada.

Sendo a maior zona do paiz, é, entretanto, a menos povoa­da e salubre.

Subdivide-se em tres partes, a saber:a) R e g iã o b o rea l serra n a ;.b) D e p r e s s ã o A m a zo n ic a , ou R e g iã o C e n tra l .c) Ilyluda, ou R e g iã o d a s g ra n d e s m a t ta s .A r e g iã o borea l s erra n a é constituida pelo grande massiço

granítico archeano das Guyanas, de onde correm para o Ama­zonas affluentes éncachoeirados. Está dividida pela depres­são do ^Tacutú Rapunini em duas porções: a occidental, que corta serras mais elevadas e onde se acha o pico do Roraima, com as nascentes do Cotingo; e a oriental, menos elevada, onde se destaca a serra de Tumuc-Humac com o pico de Ti- inotdken.

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A d e p r e s s ã o a m a zo n ic a , ou r e g iã o c e n t r{al, é a grande pla­nície de declive suave que parece ter sido outrora o braço do mar que separava o massiço das Guyanas do Brasil, e por onde correm agora, entre terras baixas e cobertas de mattas, o rio Amazonas e numerosos de seus tributários.

E ’ uma planice sedimentar que, sendo a mais extensa do globo, é também a mais typiea no genero. As suas rochas são areias não consolidadas, argillas e rochas igneas.

A H ylcea , o u r e g iã o d a s g r a n d e s m a t ta s o c c id e n ta es , é o chapadão septentrional do planalto brasileiro, a região acrea- na a que pertencem a parte superior e a media de quasi todos os affluentes da margem direita do Amazonas. E ’ das tres sub-regiões da Amazonia a mais rica em borracha e a mais insalubre. Suas altitudes oscillam entre 200 e 500 metroi.

Situada sob o Equador, a Amazonia tem um clima quen­te e húmido, uniforme. A differença de temperatura entre o mez mais fresco, que é Abril, e o mais quente, que é Novembro, não chega attingir 2.°. Predominam ahi os ventos de leste e as chuvas cahem durante todo o anno com uma ligeira dimi­nuição em Julho, excepto no Alto Amazonas, onde ha dous pe­ríodos annuaes de chuvas.

Nessa região dominam os grandes rios (Amazonas e seus tributários) e as florestas sem fim. A agua e o vegetal são os reis dessas paragens.

O rio Amazonas, embora não seja o maior do mundo, é o que drena a maior area de terras e o que tem mais considerá­vel volume. Dezoito grandes rios de 1.500 a 3.500 kilome- tros de curso e mais de duzentos áffluentes menores lhe levam a contribuição de suas aguas. Entre esses af fluentes desta­cam-se : o rio Negro, ligado á bacia do Orenoco pelo canal de Cassiquare, e que, por sua vez, recebe o rio Branco; o Ja- xnundá que serve de fronteira entre o Amazonas e o Pará, o Trombetas, o Parú, o Jary e outros pela margem esquerda ; Javary que forma a fronteira com o Peru, Juruá, Purús, Ma-

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deira que forma os limites com Matto Grosso.. Tapajóz, Xin­gu, Tocantins etc., pela margem direita.

O Amazonas arrasta em 24 horas para o seio do oceano tres milhões de metros cúbicos de sedimentos, que são carrega­dos pela corrente equatorial e, depois, pelo Gulf Stream para as costas da Georgia e das Carolines nos Estados Unidos da America do Norte. Em vez de construir com esse immenso material roubado ás terras da região um delta na sua embo­cadura, elle„vae formal-o no littoral norte-americano. Porque Marajó, Caviana, Mexiana e as demais ilhas do seu estuário são pedaços de continente destacados e não formações alu- viaes.

As aguas do grande rio fazem recuar as do oceano em uma extensão de cerca de sessenta milhas, e a reacção da mas­sa oceanica contra a massa fluvial só se manifesta por occa- sião das pororoeas, de que já tivemos occasião de tratar na nossa these relativa á Oceanographia.

O Amazonas, navegavel em grande parte do seu curso, ou seja até Barranca e Puerto Limon, no Perú, apresenta com seus affluentes uma rede fluvial accessivel, numa extensão de50.000 kilometros, aos navios de grande calado.

Constitue, assim, mais do que uma simples maravilha da natureza, um elemento essencial do povoamento, da explora­ção e da prosperidade do magestoso Brasil Septentrional.

Toda a bacia amazonica e, portanto, toda a immensa re­gião de que tratamos, está coberta de florestas virgens, a IIy~ trsc de Humboldt, a que vulgarmente damos o nome de “sel­vas”, apenas interrompidas no Alto Rio Branco, na ilha. de Marajó e em um ou outro ponto mais do Pará pelos campos nativos com suas gramineas e cyperaceas.

Como já tivemdt occasião de dizer, essas florestas apre­sentam dous typos differentes: o caa-igapó, ou matta das var- zeas, e o caa-eté, a que também se póde denominar caa-guassú ou mattas de terra firme. Essas ultimas apresentam uma ve-

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getação mais poderosa, mais desenvolvida, mais variada por­que cobrem terrenos de formação mais antiga, taes como as zonas do Purús e do Madeira. As mattas das varzeas são mais pobres, porque estão sobre terrenos de formação mais recente. Os typos communs dessa matta têm cerca de 30 metros de altura media, mas nella se encontram também exemplares de40 metros.

A immensa variedade de palmeiras da Amazonia se acha nas mattas das varzeas altas, onde se destacam o vTucury, a paxiub'a, muito aproveitada na construcção das casas, e a pias- sava, cujas fibras são empregadas na fabricação de grossoscabos.

As arvores caracteristicas das mattas de terra fiime -ao a costanlieira, o caudio, a sapucaia, o jutahij, o ptquia, o ce­dro, etc.

A Seringueira, a hevea brasiliensis, a pro luctora por ex- cellencia da borracha, é encontrada por toda a Hylcea, desde o nivel dos rios até 600 metros de altitude, assim como o cau- cho a castillôa elastica, que também fornece o mesmo latex.

’ A extraeção da borracha, feita aliás por processos rudi­mentares, constitue um dos grandes recursos economicos daregião.

As arvores productoras da borracha são nativas, mas, in­felizmente, tendem a desapparecer porque não se tem feito, como na Peninsula Malaya e nas índias Onentaes Hollande-zas, o seu replantio.

Outra industria extractiva importante é a da castanha do Pará, exportada em larga escala para a Europa, onde e co­nhecida sob o nome de noz do Brasil.

Entre os productos de cultura contam-se o cacáo, a man­dioca, o fumo, o milho e o arroz.

A industria pastoril tem-se desenvolvido bastante, prin­cipalmente nos campos do Alto Pio Branco e na ilha de Ma

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rajá, que conta actualmente cerca de 300 fazendas de criação com 400.000 cabeças de gado vaccum.

A fauna da Amazónia não está em relação com a pujança e variedade da flora. A maior população zoologica é repre­sentada pelos insetos, pelos passaros, pelo reptis e pelos p eixes.

E ’ bem verdade que o encontro de fosseis de mammiferos de grande porte prova a existência em epochas remotas das maiores especies animaes conhecidas nessa região, onde, actualmente, o mais volumoso animal é o tapir. Alem do tapir ahi se encontram a onça, a capivara, a paca, a cotia, o taman­duá, o tatú, a preguiça, o veado, macacos diversos,: etc.

Os insectos são milhares, sendo os mosquitos pium e ca­ravana os maiores inimigos do homem, ao qual transmittem as febres palustres. As especies de borboletas são riquissimas e numerosas, como já tivemos occasiãoi de dizer.

A fauna ornithologica é igualmente brilhante, tendo o na­turalista Wallace conseguido colher para mais de 500 especies de passaros.

As tartarugas e os jacarés são os mais numerosos povoa- dores da região. A tartaruga é o boi nativo do Amazonas e constitue ali o melhor dos alimentos. Os jacarés, muito fe­rozes, apresentam-se á beira dos rios na epocha das vasantes ás centenas e aos milhares.

O peixe, outro alimento por excellencia dos habitantes da Amazonia,—é mais que abundante. Agassiz em 1865 ava­liava em 2.000 as especies de peixes existentes no grande rio que dá o nome á região. Entre essas especies salientam-se o pirarucu, de dous metros de comprimento e de peso que attin- ge a 80 kilos, a pescada e o surubim.

A pesca fluviá! constitue mesmo um dos importantes recursos economicos do Brasil Septentrional.

A exportação dos artigos a que nos temos referido se faz por dous portos principaes: o de Belem e o de Manaus. O

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Os rios da vertente oceanica são o Itapicurú, o Jequiti­nhonha, o Doce, o Parahyba e muitos outros de menor im­portância .

A vegetação do Brasil Oriental varia muito de uma aou de suas sub-regiões. Na sub-região do Littoral dominam as mattas pluviaes com ricas madeiras de construcção, como a m a s s a r a n d u b a , o c e d r o , e o v in h a t ic o e se fazem as grandes culturas de c a cá o , ca fé , fu m o , c a n n a d e a ssu ca r , f r u c t a s e m a n d io c a . Na das c h a p a d a s , alem das mattas, existem os campos de pastagens que alimentam milhões de cabeças de g a d o . E é ahi que se encontra a b o r r a c h a de m a n iço b a . No valle do São Francisco ha a e a t i n g s com os ca pões e c a r r a s ­cos, os carnaubaes, bôas pastagens e culturas de cereaes e algodão. Na zo n a s id m in e ir a existem tanto mattas como c a m p o s d e c r ia ç ã o e se faz intensamente a cultura do ca fé . Na r e g iã o f lu m in e n s e o mesmo se observa, sendo que as cul­turas predominantes são a da c a n n a d o a s s u c a r e das la r a n ja s .

Immensos os recursos economicos da região. Alem da caiação de g a d o , que é feita em larga escala, e das culturas acima citadas, destacam-se a p e s c a no littoral, a exploração das a re ia s m o n a z i t i c a s na costa bahiana e espiritosantense, as s a l in g s do Estado do Rio, e a m in e r a ç ã o (Minas e Bahia). Os minérios explorados em Minas Geraes, são principalmente os do f e r r o , o m a n g a n e z , e o ouro .

Entre as p e d r a s p r e c io s a s de que, tanto Minas como a Bahia, são extraordinariamente ricos, destaca-se o d ia m a n te , tido como o melhor do mundo.

Constituem os dous centros economicos principaesí da região as cidades de São Salvador e do Rio de Janeiro, com os portos dos mesmos nomes, dos quaes o segundo é o mais importante do paiz.

Ambas as cidades são igualmente notáveis centros sociaes e intellectuaes. 9

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BRASIL MERIDIONAL}

O Brasil Meridional é a parte das terras brasileiras situa­da entre os 20.° e 34.° de latitude sul e que abrange cerca de830.000 kilometros quadrados. Região alta na sua maior pai- te, dotada de excellente clima e fértil, é a preferida dos es­trangeiros que immigram para o nosso paiz.

Limitam-na á leste o oceano Atlântico; a oeste as Repu­blicas Argentina e do Paraguay e o leito do Paraná; ao sul e sudoeste, a republica do Uruguay; e ao norte, os Estados de Minas e de Matto Grosso, dos quaes certas zonas participam do mesmo caracteristico que a região de que tratamos.

São suas principaes sub-regiões:a) Zona costeira ou de Serra abaixob) Zona serranae) Zona do planaltod) Campanha rio grandense.

■ A zona costeira é formada pela estreita faixa de terra si­tuada entre o oceano e as serras Geral e do Mar, constituindo a parte mais quente de todo o sul do paiz. O seu littoral, ora sinuoso e abrigado, ora baixo e arenoso, apresenta vestígios de um recúo operado pelo mar. Notam-se nelle a ilha de São Sebastião, o golfo bipartido de Paranaguá, a ilha de São Francisco, quasi cosida ao continente, a ilha de Santa Catha- rina. a peninsula de Porto Bello, as bahias de Imbituba e da Laguna e a ponta granitica que constitue o cabo de SantaMartha,

Desse ultimo ponto em deante a costa é baixa arenosa e rectifcnea com diversas lagoas, das quaes a principal é a dos Patos, que se communica com o oceano pela barra do RioGrande.

A zona serrana é constituída pelas serras do Mar e Geral, as quaes formam uma serie e rugas parallelas que servem de

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cria do grande planalto. E> uma zona alta, si bem que trans-pomvel em vários pontos, sujeita a muitas chuvas e poueo habitada. 1

A zona planalto, também chamado de serra acima, é amais extensa das sub-regiões do Brasil Meridional. Abran- ge a ‘«‘alidade das terras altas que vão da Mantiqueira e da Serra do Mar até ás margens do Kio Paraná, á oeste, e as lombada^ da campanha riograndense, ao sul. Percorrida pelos affluentes do Paraná, alternada de mattas e campos apresentando extensas camadas de terra roxa é assa uma das zonas mais ricas e colonisadas do paiz. Nella se acham os mais prosperos municípios paulistas e paranaenses.

A campanha riograndense é a planície ondulada nue se extende ao sul dos rios Ibicuhy, Vaccacahy e Jacuhy, apre­sentando alturas argilosas ao norte e cerros de arenito ao sul Bastante regada, dispõe de pastagens magnificas, po­voadas por milhões de cabeças de gado e é também re-ular- mente cultivada.

O clima do Brasil Meridional, temperado e salubérri­mo e doe typos semi-humido marítimo e semi-humido das latitudes medias e de altitude. A temperatura media annual nao excede em parte alguma a 20.°, sendo além disso muito grandes as oscillações. As chuvas abundantes no littoral., são regulares no planalto e igualmente distribuídas durante o anno.

A maioria dos rios que drenam a região pertencem á ba- aa do Parana e são rios de planalto. Os que vão ter ao ocea­no, sao, em geral, curtos e encachoeirados, constituindo ex- cepçoes a Ribeira e o Itajahy.

Pela campanha riograndense correm vários tributários das lagoas meridionaes e o s affluentes do Uruguay.

P Pí raí f e 0 Uruguay são, pois, as principaes artérias fliviaes do Brasil Meridional.

O Paraná, formado pela juncção do Rio Grande a Para-

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nahyba, oriundos do planalto mineiro, tem um curso de 4.500 kilometres, doe quaes 1.870 em nosso terntono, e uma largura que varia de 4.200 metros (salto das Sete Que­das) e apenas 60 metros. A sua despeza fluvial attmge a40.000 e por vezes, a 60.000 metros cúbicos por segundo.No seu curso superior constitue a divisa entre São Pau o e Paraná de um lado e Matto Grosso do outro e recebe pela margem esquerda o Tietê - o rio paulista por excellence, — Paranapanema, o Ivahy e o Iguassú.

O Uruguay, formado pelo Canoas e pelo Pelotas, nasce na Serra do Mar, tem um curso de 1400 kilometros, serve © fronteira entre o Brasil e a Argentina e recebe o Pepir- Gnassú, o Ijuhy, o Ibiouhy e o Qnarahim, que limita o nosso paiz da Republica Oriental.

O professor Orville Derby, estudando a região percor rida pelo Paraná e seus affluentes, dividiu-a em tres terra­ços de altitudes differentes (200 a 500, 500 a 1000 e mais de 1.000 metros) o terraço mais baixo (Rio Grande do Sul e parte meridional de Santa Catharina) apresenta camadas carboníferas e plantas fosseis. O terraço medio (Parana, Santa Catharina e parte de S. Paulo) é de formaçao devo- niana com camadas areniticas e carboníferas. O terraço su­perior (São Paulo e Paraná) é composto de arenitos macios, interrompido pelos corrimentos das rochas eruptivas de ca­rácter diabasico, que produzem a terra roxa.

Os recursos economicos de que dispõe o Brasil Meridio nal «èo vastos e excepcionaes.

SÃO PAULO, especialisado durante vários annos na cultura do café, já vae evoluindo para a polycultura e pro­duz algodão nas zonas de Sorocaba, Itapetmmga e Tatuhy, assucar em Piracicaba, Capivary e Jaboticabal, /umo, arroz (Iguap% Taubaté, Tremembé, etc.), milho, feijão.

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E alem disso um grande Estado criador e o maior Es­tado industrial do Brasil, (calçados, chapéus, moveis, teci­dos, massas e conservas alimentícias), dispondo de excellen- tes estradas de rodagem vias ferreas e fluviaes.

O café, o ouro rubro ’ como lhe chamou Paul Walle, constitue, entretanto, a maior riqueza não só de São Paulo como da região de todo o Brasil.

O PARANA que tem ainda na araucaria brasiliensis, ou pmho do Paraná, e na ilex pargguayensis, ou herva mat­te, as suas duas grandes fontes de vida, dispõe também de c.ilturas de café e de cereaes e se dedica igualmente á cria~ ção do gado.

SANTA CATHARINA produz madeiras, matte e ce- rraes e explora o carvão de pedra.

O RIO GRANDE DO SUL, que é o Estado criador por excellencia, principalmente na região da campanha, alem de exportar gado em, pé, carnes conservadas, o xarque, é agri- cola e produz milho, alfafa, mandioca, arroz, trigo, feijão, batota, matte e vinha.

O principal porto de toda, a região é Santos, o emporio mundial do café e o natural escoadouro da riqueza paulista com grande exportação também de carnes congeladas, algo­dão e fructas.

Alem de Santos, segundo porto brasileiro, é. digno de menção especial o do Rio Grande.

O BRASIL CENTRALj

O Brasil Central é constiuido pelas terras de Matto Grosso e de Goyaz, comprehendidas entre os rios Paraná e Paraguay, a Amazonia, as serras maranhenses e o rio S . Francisco.

E ’ uma região de grande futuro,, em parte muito pouco conhecida e incompletamente ligada ás demais zQnas do

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paiz. Sua extensão é de mais dous milhões de kilometres quadrados.

Subdivide-se em tres sub-regiões naturaes a saber:a) Planalto goyano-mattogrossense.b) Zona serrana central.c) Pantanal.o planalto goyano-mattogrossense é a sub-regiao for­

mada, como o seu nome indica, por um planalto de 350 me­tros de elevação media, suavemente inclinado para o leito do rio Paraná, ligeiramente ondulado e cortado por vários cur-

' sos dagua.A zona serrana central é constituída pelas elevações e

serras de Matto Grosso, entre as quaes a dos Babús, as cha­padas mattogrossenses (serras dos Parecis, de Tombador, Azul de S. Jeronymo) as chapadaas goyanas (serras ban a Martha e dos Pyreneus), chapada dos Veadeiros, serras San­ta Martha e dos Pyreneus), chapada dos Vendeiros, serras Santa Rita e Cayapó, serras Amambahy, Maracaju, Aqui- dauana, Bodoqueano, Sanguesuga e Dourados. E ’ uma zona mal conhecida em que predomina o campo cerrado e cujo solo agrícola é muito desigual em valor, ora fértil, ora are-n oso« .

O Pantanal é a zona baixa e plana, mas de terreno firmte sem declive, que, por si mesmo, se alarga por occasião das innundações do rio Paraguay e de seus tributaries transfer- mando-se em verdadeiro’ mar. Era outrora denomina a simplesmente Lagoa dos Xarayes e os seus campos alagadi­ços se fornam, por occasião da secca. bellos prados cobertos de ricas pastagens. Não se trata, portanto, de uma lagoa permanente, o que não quer dizer, entretanto, que em qual­quer epoclia não apresente trechos aiagado* que se cenom „am bahias, como Uberaba, Guahiba, Mandioré e Gaceros. São bahias de um mar antigo e que ora se acha quasi secco.

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clima de Brasil Central é o tropical semi-humido con- o temperatura media varia conforme a altitude de

* ' 4’ sendo Matt0 Grosso mais quente que Goyaz.ire s sao so typos de vegetação; a matta virgem juxta

j un t a , o campo limpo ou coberto e os campos geraes de Vaccana.

A matta virgem é alta e exhuberante como a matta de bao Paulo e em certos trechos da zona do Paraná e do rio Verde se torna matta paludosa.

O campo limpo é o que apresenta vegetação arbórea es­palhada e o coberto o que está cheio de vegetação subarbus- itva.

Os campos geraes de Vaccaria, que começam no alto Rio Pardo se extendem ao sul da serra de Santa Barbara são constituídos de vegetação baixa e exeeUente pastagem.’

Quando falha a matta virgem da escarpa do planalto appareee nos declives dos valles dos rios o cerraãão

A região é cortada pelo rio Paranahyba, um dos forma- t ores do Parana, e pelos seus affluentes. São Marcos, Co­rumbá e dos Bois e pelo Paraguay e seus tributários São Lourenço, Taquary, Miranda, Nabileque e Apa, os quaes re­cebem, por sua vez, as aguas de muitos outros._ 0s P™eipaes recursos eeonomicos do Brasil Central

sao: o gado. o xarque, couros se e salgados e outros sub- productos da industria pastoril, que está extraordinaria- mento desenvolvida, notadamente em Matto Grosso (Ponta fora, Campo Grande, Tres Lagoas, Bella Vista, Corumbá, Miranda Nioac e Poconé); a herva matte, cuja extraeçâo “ Brande escala é feita pela Empresa Larangeira; a borra-Vu “ trah,da “ a parte norte e “ordeste de Matto Grosso, no r o Madeira, no Gy Paraná, no Jamary etc.,- o milho, a canna de assucar, o arroz, o café e o fumo (Goyaz) e, final- mente,^ os diamantes explorados no affluente do Anbuaya denominado Pibeiro das Garças, ° ’

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p an , Sua extensão é de mais dons milhões de kilometres

qUadSuMivide-se em tres snb-regiões naturaes a saber:a) P la n a l to g o y a n o -m a t to g ro sse n se .

b) Zona serrana central.c) Pantanal. -o planalto goyano-mattogrossense é z £

mada, como o seu nome indica, por um P— <le 0 ■tros de elevação media, suavemente mc mado ^lio Paraná, ligeiramente ondulado

' 808 7 2 a serrana central é constituída pelasserras de Matto Grosso entre “ de Tómbador,

a» cbapadaas goyanas (serras Santa Azul de b. Jeronjmu; * ^ v id e iro s serras San-Martha e dos Pyreneus), chapa a a yeadeiros, serras 4 Mnrtbfl e dos Pyreneus), chapada dos \ eaaeiros _,a Martha e dos 1 > ^ Amambahy, Maracajú, Aqui-Santa Fata e Ca>ap , rmnrados E ’ uma zonadauana, Bodoqueano, Sanguesuga e Dourados. * *

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e sem decliv, que P° e de seus tributarios transfor-innui. açoes t . ar E ra ' outrora denominadamando-se em verdade: ■ • e os seus tampos alagadi-shnplesmegte Lagoa dos > prados cobertosç„s se tornam, por portanto, de uma lagôade ricas Pastagens. entretanto, que em qual-permanente, o que: na. q ̂ alagados que se denomi-quer epocha nao apresente uee ” iioré e Caceros.nam bahias, como Uberaba, “ a - .São bahias de um mar antigo e que ora se

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0 clima de Brasil Central é o tropical semi-humido con­tinental. A temperatura media varia conforme a altitude de '20.° a 24.°, 4, sendo Matto Grosso mais quente que Goyaz.

Tres são so typos de vegetação ; a m a t ta v i r g e m j u x t a f lu v i a l , o c a m p o l im p o ou c o b e r to e os c a m p o s g era es de V.accaria.

A m a tta v i r g e m é alta e exhuberante como a matta de São Paulo e em certos trechos da zona do Paraná e do rio Verde se torna m a t ta p a lu d o sa .

O cam po l im p o é o que apresenta vegetação arbórea es­palhada e o c o b e r to o que está cheio de vegetação subarbu .s~ t i v a .

Os c a m p o s gera es de V a cc a r ia , que começam no alto Rio Pardo se extendem ao sul da serra de Santa Barbara, são constituidos de vegetação baixa e excellente pastagem.

Quando falha a matta virgem da escarpa do planalto, apparece nos declives dos valles dos rios o c erra d ã o .

A região é cortada pelo rio Paranahyba, um dos forma­dores do Paraná, e pelos seus affluentes. São Marcos, Co­rumbá e dos Bois e pelo Paraguay e seus tributários São Lonrenço, Taquary, Miranda, Nabileque e Apa, os quaes re­cebem, por sua vez, as aguas de muitos outros.

Os principaes recursos economicos do Brasil Central são; o g a d o , o xa rq u e , couros seccos, e sa lg a d o s e outros sub- productos da in d u s t r ia p a s to r i l , que está extraordinaria­mente desenvolvida, notadamente em Matto Grosso (Ponta Porã, Campo Grande, Tres Lagoas, Bella Vista, Corumbá, Miranda, Nioac e Poconé) ; a h e r v a m a t te , cuja extracção em grande escala é feita pela Empreza Larangeira; a b o r r a ­cha, extrahida na parte norte e nordeste de Matto Grosso, no Alto Madeira, no Gy Paraná,, no Jamary etc. ; o m ilh o , a ca n n a de a ssu car , o arroz , o ca feI e o fu m o (Goyaz) e, final- mente,, os d ia m a n te s explorados no affluente do Araguaya, denominado Ribeiro das Garças.

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D I V I S Ã O R E G I O N A L D O B R A S I L

I 1 Amazonia Oil B rasil í a) Região boreal serranaI Septentrional | b) Depressão aina^onicaI - I c) Região das grandesS ( Amazonas, Fará e j maitas ou Hyloea| Acre)

^ 11 mm 0» B rasil I a) Mesopotamia Mara-

* Hurls— Oriental I b ) E d o P a rn a h y b a< . rv . c) Serras e chapadas da

* 2 | (Maranhao, Í iauny, \ vertente norte-oriental7 Ceara, Rio O. do n A matta, o agreste e

Norte, í aiahyba, sertão de Pernain-Í F er na mbueo e bucow Alagoas > *

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Y Hi Brazil Orientai j a ) Z o n a d o l i t t o r a lh . . I b) Região das chapadas- 1 ( S e r g i p e , B a h i a , t s - d o S à o F r a n c i s c o* pinto bamo, mi- » w .* ! nas G e r a e s , Rio d) Zona Sul-MineiraP I .jo j a n e i r o e D. . e \ legião fluminense> I F e d e r a l ) \z !$ i ... t a) Zona costeira« i D Do a- i!V,aul IV) Zona serrana” i p , nln P-iraná * cj Zona do planaltow • i I UlliO, i a u u . a , J -»; , Caiharina d) Campanha rio-gran-- j » t. Rio G Jo Sul) 1 dense

j1 „ n, cni.s j a) Planalto G oyan no-j * Gldf>!i j matto-grossensei Matto Grosso e 1 b> Zona ™ centralS Goyas I | c> Pamana,

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BIBLIOGRAPHIA0

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IáccaSavio — GeographiaBuy Camara Viagens em MarrocosCapello e Ivens — De Angola á Contra CostaVeiga Cabral — GeographiaD . Carvalho — Geographia *Veiga Cabral — Chorographia do BrasilBittencourt — ChorographiaD , Carvalho — Geographia do Brasil

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CURSO DE GEOGRAPHIA PHYSICA (em preparo)