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C <S 3*2p AS PRÁTICAS DO GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO: Estudo Exploratório na Prefeitura de Belo Horizonte. Myrza Vasques Chiavegatto 1999 G O V E R N O D E MINAS GERAES

GERAEStede.fjp.mg.gov.br/bitstream/tede/328/2/FJP05-000015.pdf · 2016. 9. 19. · GOVERNMINAO DS E GERAES „tn rnf A «inaiiiia I ,P. - BIBLIOTECA •60002064* NiFiour CSTA rnoutTA

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  • C

  • „ t n r n f A «inaiiiia I

    ,P. - BIBLIOTECA

    • 6 0 0 0 2 0 6 4 *

    N i F i o u r C S T A r n o u t T A

  • F U N D A Ç Ã O J O Ã O P I N H E I R O

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    ATA DA DEFESA PUBLICA DE DISSERTAÇÃO

    MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

    Aos 15 (quinze) dias do mês de dezembro de 1999, foi realizada a defesa pública da dissertação intitulada "A PRÁTICA DO GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO: ESTUDO EXPLORATÓRIO NA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE", elaborada por Myrza Vasques Chiavegatto como requisito parcial para obtenção do título de mestre do Programa de Mestrado em Administração Pública: Tecnologias da Informação, da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. Após a apresentação do trabalho, a mestranda foi arguída pelos membros da Comissão Examinadora, composta por: Prof. Jorge Tadeu de Ramos Neves (Orientador); Prof Ricardo Rodrigues Barbosa e Prof. Maurício Borges Lemos. A Comissão Examinadora se reuniu para deliberar e, considerando que a dissertação atende aos requisitos técnicos e acadêmicos previstos na legislação do Programa, decidiu, por unanimidade, pela APROVAÇÃO. Este documento expressa o que ocorreu na sessão da defesa e será assinado pelos membros da Comissão Examinadora.

    B e l o H o r i z o n t e , 15 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 9

    Mod 7003

  • A Márcio Áureo (Gugu), Claudia, Carla, Leandro e Cristiane.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Márcio Áureo Noronha de Oliveira (Gugu) por tanto companheirismo,

    sintonia e imenso carinho, os quais tornaram o desafio deste trabalho possível.

    Agradeço às minhas filhas Claudia e Carla pela compreensão e solidariedade

    oferecidas nos momentos em que não pude lhes dar atenção.

    Agradeço à minha mãe pelo alicerce que permitiu-me alcançar mais esta vitória.

    Agradeço às minhas tias Glaura e Maria das Mercês, pelo carinho e apoio dedicados

    ao longo da minha vida e aos meus sogros Cel Aures de Oliveira e Marina pela

    preocupação e palavras de incentivo no empreendimento deste trabalho.

    Agradeço à diretoria da Prodabel, especialmente ao presidente Gustavo da Gama

    Torres, por colocar esta empresa em patamar mais elevado.

    Agradeço ao meu orientador Prof. Jorge Tadeu de Ramos Neves pelo suporte,

    paciência e confiança depositados.

    Agradeço ao secretário municipal Dr. Maurício Borges Lemos (SMPL), aos

    secretários adjuntos Dr. Júlio Ribeiro Pires (SMFA) e Dr. Renato Santos Pereira (SMGO),

    a assessora de comunicação Maria Augusta Gatti de Vasconcelos (SMAD) e aos colegas da

    Prodabel Haroldo Machado Cardoso, Maria Aparecida Trindade Vieira, Ricardo Santana

    Trindade, João Gilberto da Silva Novais, Karla Albuquerque de Vasconcelos Borges, Joel

    César Neto e Marcus Vinícius Pinto, que gentilmente concederam-me entrevistas,

    fornecendo elementos fundamentais a este trabalho.

    Agradeço ao meu Deus infinito, irmãos, parentes, amigos e a todas as pessoas que

    fizeram parte deste momento de minha vida, apoiando, incentivando e especialmente

    compartilhando de meus desafios, sonhos e conquistas.

  • iv

    SUMÁRIO

    1. I N T R O D U Ç Ã O E A P R E S E N T A Ç Ã O D O S O B J E T I V O S D O E S T U D O 1

    2 . C O N C E I T O S E B I B L I O G R A F I A I I

    2 . 1 G E R E N C I A M E N T O D A I N F O R M A Ç Ã O 1 1

    2 . 2 G E S T Ã O D O C O N H E C I M E N T O E M O T I V A Ç Ã O N A S O R G A N I Z A Ç Õ E S 1 4

    2 . 3 ESTRATÉGIA INFORMACIONAL 2 1

    2 . 4 M O N I T O R A Ç Ã O A M B I E N T A L 2 5

    2 . 5 C U L T U R A E C O M P O R T A M E N T O INFORMACIONAL 3 0

    3 . P R O C E D I M E N T O S M E T O D O L Ó G I C O S 3 3

    3 . 1 M O D E L O G E N É R I C O DE G E R E N C I A M E N T O D A I N F O R M A Ç Ã O 3 3

    3 . 2 M E T O D O L O G I A 3 5

    3 . 2 C O N D I C I O N A N T E S PARA A ANÁLISE 3 6

    3 . 3 E S T R U T U R A S E FINALIDADES D A S INSTITUIÇÕES E N V O L V I D A S 4 4

    4 . A N Á L I S E E C O L E T A D E D A D O S 5 1

    4 . 1 I N S T R U M E N T O DE C O L E T A D E D A D O S E P O P U L A Ç Ã O P E S Q U I S A D A 5 1

    4 . 2 C A T E G O R I A S D E A N Á L I S E 5 2

    4.2.1 Perfil dos Entrevistados 52 4.2.2 Análise dos dados para cada passo do modelo proposto 55

    5 . C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 8 1

    5 . 1 C O N C L U S Õ E S 8 1

    5 . 2 R E C O M E N D A Ç Õ E S 8 7

    5.2.1 Diretrizes sobre Gerenciamento da Informação 87 5.2.2 Sugestões de Pesquisa 90

    R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 9 2

    A N E X O - I N S T R U M E N T O S D E C O L E T A D E D A D O S 9 4

    PERFIL D O E N T R E V I S T A D O 9 4

    ROTEIRO D E E N T R E V I S T A - G E R E N T E D E INFORMÁTICA 9 5

    ROTEIRO D E E N T R E V I S T A - A D M I N I S T R A D O R - D E C I S O R 1 0 0

  • V

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Conversão de Conhecimento proposto por NONAKA e TAKEUCHI 17 Figura 2: A evolução do controle da informação 21 Figura 3: O processo de gerenciamento da informação 33 Figura 4: Relação entre os sistemas de informação da administração municipal 38 Figura 5: Estrutura da Administração Pública Municipal 45 Figura 6: Organograma da Diretoria de Sistemas e Informação 47 Figura 7: Organograma da Diretoria de Infra-estrutura e Atendimento 49 Figura 8: Elementos de Referência à Cultura: Paradigma Antigo x Novo Paradigma. 86

  • vi

    Tabela 1 - Idade 52 Tabela 2 - Titulação Acadêmica 53 Tabela 3 - Tempo de trabalho no setor público 53 Tabela 4 - Tempo de ocupação em função estratégica 54 Tabela 5 - Determinação das Exigências / Ambiente informacional 56 Tabela 6 - Determinação das Exigências / Monitoração de tendências de mudança... 59 Tabela 7 - Determinação das Exigências / Diretrizes e Políticas 61 Tabela 8 - Determinação das Exigências / Estratégia de Levantamento 63 Tabela 9 - Determinação das Exigências / Uso de técnicas 64 Tabela 10 - Determinação das Exigências / Estratégia Gerencial 65 Tabela 11 - Obtenção de Informações / Fonte administrador-decisor 67 Tabela 12 - Obtenção de Informações - Demais dados administrador-decisor 68 Tabela 13 - Obtenção de Informações / Fonte gerentes 69 Tabela 14 - Obtenção de Informações / Exploração 70 Tabela 15 - Obtenção de Informações / Classificação 71 Tabela 16 - Obtenção de Informações / Formatação e estruturação 72 Tabela 17 - Distribuição / Recursos 74 Tabela 18 - Distribuição / Canais 74 Tabela 19 - Distribuição / Estratégias 75 Tabela 20 - Uso da Informação 79

    LISTA DE TABELAS

  • vii

    RESUMO

    O aumento do ritmo da inovação e o desenvolvimento das tecnologias da informação

    têm produzido significativas mudanças nas estruturas sociais, econômicas e organizacionais.

    Esse elenco de mudanças e tendências implica em diferentes tarefas que se

    desenvolverão dentro da nova moldura organizacional e representa grande desafio para

    gerentes e administradores-decisores no sentido de obterem novas técnicas gerenciais e

    mecanismos de interpretação e ajuste adaptativo à realidade.

    Várias técnicas de gerenciamento de recursos informacionais têm sido propostas, mas

    ainda é grande a dificuldade que a maioria dos gerentes e administradores-decisores

    encontram na obtenção de informações apropriadas e na estruturação de processos que

    suportem a tomada de decisão.

    Considerando-se a importância dos processos de gerenciamento da informação e o uso

    apropriado da informação processada pela tecnologia, este trabalho se propôs a:

    a. Verificar como os ambientes informacionais da Administração Pública Municipal

    de Belo Horizonte vêm sendo percebidos e gerenciados;

    b. Conhecer como são elaboradas estratégias e estruturas de sistema de informação

    que auxiliem nos processos de tomada de decisão.

    A observação do processo de definição, disponibilização e utilização da informação a

    partir de um modelo genérico de gerenciamento da informação, permitirá melhor

    compreensão e incorporação das tecnologias da informação como instrumento analisador para

    produção e consumo de informação. Neste sentido, este trabalho visa apoiar gerentes na

    reformulação de seus processos de trabalho, e conseqüentemente, na otimização do processo

    decisório e melhor atendimento ao cidadão.

  • viii

    ABSTRACT

    The increase in the innovation rhythm and the information technology development

    have been producing significant changes in social, economical and organizational structures.

    This cast of changes and tendencies imply different tasks that will be developed within

    the new organizational frame and represent a great challenge to managers and administrators-

    deciders so as to obtain new management techniques and mechanisms of interpretation and

    adaptive adjustment to reality.

    Several techniques of management of information have been proposed but it's still

    considerable the difficulties the majority of managers and administrators-deciders find in

    getting the proper information and in structuring processes that can support the decision

    making.

    Considering the importance of information management processes and the appropriate

    usage of the information processed by technology, this work propose to:

    a. Verify how the informational environments of Belo Horizonte Public

    Administration have been being perceived and managed;

    b. Knowledge how strategies and structures of information system which help in the

    process of the decision making are elaborated.

    The observation of the process of definition, availability and usage of information

    from a generic model of information management will permit a better understanding and

    incorporation of the information technology as an analyzer instrument to the production and

    application of information. Thus, this work intends to support managers in reformulating their

    processes and therefore optimizing the decision process and help better the citizen.

  • 1

    1. INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS DO ESTUDO

    O aumento do ritmo da inovação e o desenvolvimento simultâneo das

    telecomunicações e da informática têm produzido significativas mudanças nas estruturas

    sociais, econômicas e organizacionais e introduzido transformações no processo produtivo

    e no consumo de bens e serviços. As tecnologias da informação e comunicação constituem

    um novo paradigma tecnológico e viabilizam o surgimento da chamada "Era da

    informação" ou "Era do conhecimento", com a emergência de uma economia baseada no

    conhecimento.

    Para se manterem competitivas, ou mesmo sobreviverem, em ambientes

    caracterizados por constantes e profundas mudanças, as organizações, tanto públicas

    quanto privadas, precisam reexaminar suas estratégias e questionar a estrutura de seus

    sistemas de informação a partir das possibilidades oferecidas pelo rápido desenvolvimento

    das tecnologias da informação. Administradores têm sido forçados a empreender esforços

    no sentido de acompanhar, interpretar e compreender a natureza dessas mudanças e as

    implicações para suas organizações.

    Numa avaliação sobre o ambiente informacional e organizacional de uma

    instituição, as alternativas para o processo de elaboração de estratégias mudam quando a

    informação passa a ser tratada como um recurso de importância equivalente aos recursos de

    capital, mão-de-obra e tecnologia. TAVARES (1991) reforça essa idéia afirmando que, no

    contexto organizacional, a informação passou a ser a principal munição para a vantagem

  • 2

    estratégica, dependendo, contudo, se saber usá-la apropriadamente.

    As diferentes tarefas que se desenvolverão dentro da nova moldura organizacional

    exigirão informações especializadas e seletivas, sendo necessários processos bem

    estruturados para o gerenciamento da informação. A forma de se pensar o problema do

    gerenciamento da informação, sobre como devem ser pesadas as respostas possíveis à luz

    da tecnologia, ambiente interno e externo, mentalidade organizacional e investimentos

    necessários, passa, então a ser uma questão fundamental na definição de uma estratégia

    dinâmica de informação.

    Esse elenco de mudanças e tendências de ordem social, econômica, tecnológica e

    política representa um grande desafio para gerentes e outros profissionais no sentido de

    manterem-se atualizados e obterem novas técnicas gerenciais para lidarem com tantas

    transformações. Bernardo KLIKSBERG (1993) aponta em seu relatório "O Desafio da

    Exclusão" apresentado durante a Conferência Internacional de Ciências Administrativas

    realizado em Toluca, no México,

    ...que é função do gerente fornecer, à sua organização, uma visão do que está ocorrendo no ambiente e, nessa medida, consideradas as tendências dominantes, fazer sugestões sobre como a organização deve orientar-se. O gerente, portanto, "legitima" determinadas interpretações da realidade e se ele equivoca-se, toda a organização é induzida a erros graves. Os dilemas que a gerência pública tem de enfrentar, seja quanto às suas opções, aos problemas de compatibilização de objetivos, aos problemas de restrições e de proibições, seja quanto à eleição dos meios, são questões que exigem respostas técnicas específicas. É preciso que os gerentes sofistiquem seus mecanismos de interpretação da realidade e as suas capacidades de ajuste adaptativo à realidade. Que lidem com a informação de modo diferente do modelo gerencial tradicional.

    Um dos problemas críticos de hoje é a falta de informações apropriadas ao processo

    decisório. TAVARES (1991) observa que:

    A deficiência de informações é gerada usualmente por informações inadequadas ao contexto específico de determinada tomada de decisão; ou ainda pela transmissão de informações defasadas às necessidades do processo decisório.

  • 3

    Para ACKOFF (1967:114)' :

    ... embora os executivos necessitem crescentemente de informações relevantes, as quais são foco básico dos sistemas de informações gerenciais, eles são, ao mesmo tempo, vítimas de uma abundância de informações irrelevantes.

    A inadequação de informações relaciona-se a seus aspectos quantitativo e

    qualitativo. E muito comum termos insuficiência de dados ou o excesso de disponibilidade

    de informação que não se aplica a uma tomada de decisão específica. Os responsáveis pelas

    decisões são levados a acreditar em seu feeling e tomar decisões baseadas muitas vezes

    apenas na intuição, quando a objetividade também deveria estar presente. Outro problema é

    relacionado à defasagem das informações. Tal ocorrência é muito comum quando a

    informação é gerada por órgãos do governo, onde a coleta e tratamento das informações

    muitas vezes se dá de forma morosa e burocrática.

    Além do hábito de usar ou não as informações, coexistem os aspectos do custo para

    sua coleta, tratamento e difusão, e os requisitos de especialização técnica para a sua

    administração. Esses fatores contribuem para o empirismo no processo decisório e no

    planejamento, prejudicando sua qualidade.

    Ironicamente, à medida que a informação se torna mais e mais importante,

    precisamos aprender a pensar além das máquinas. O volume e a variedade da informação,

    os múltiplos propósitos a que se destina e as rápidas transformações derrotam até mesmo as

    mais rigorosas tentativas de planejamento ou controle, o que certamente demandará não

    somente novas tecnologias, mas também a mudança profunda da cultura gerencial

    predominante.

    Já é sabido que investir grandes somas na aplicação das tecnologias de informática

    e comunicação, por si só, não habilita as organizações em termos de gerenciamento da

    1 Citado p o r Ò L I V E I R A ( 1 9 9 2 ) .

  • 4

    informação. Não é a tecnologia, mas sim o seu uso apropriado que cria valor agregado,

    pois, na era do conhecimento, a capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a

    informação de forma eficaz é que promove o diferencial estratégico. As tecnologias de

    informação alteram as formas e processos de trabalho, mas as atenções ainda estão mais

    voltadas para aquilo que a tecnologia é capaz de fazer do que para como se obter melhores

    informações. Embora necessária, a tecnologia é tangencial aos avanços reais que podem ser

    alcançados. A vantagem estratégica somente ocorre como resultado do gerenciamento e

    uso efetivo da informação processada pela tecnologia.

    A situação administrativa do setor público, principalmente o brasileiro, geralmente

    é caracterizada por ineficiência, ineficácia e custos excessivos. Nesse momento de

    revolução tecnológica e organizacional, a maioria do setor público encontra-se

    hipertrofiado e estagnado, muitas vezes incapaz de dar respostas rápidas e de formular e

    implantar políticas públicas voltadas para melhor equalização da cidadania. Para que o

    Estado possa cumprir novos papéis e corresponder ao modelo renovado de inter-relação

    Estado-Sociedade, é necessária a utilização de sistemas de informação estratégicos que

    permitam a formulação de políticas e a avaliação sistemática dos resultados.

    Várias técnicas de gerenciamento de recursos informacionais e sistemas de

    informação têm sido propostas, mas ainda é grande o desafio de se utilizar adequadamente

    a informação e as tecnologias a ela associadas ao processo decisório. Freqüentemente

    administradores-decisores são levados a tomar decisões baseadas em sua intuição, visto

    não disporem de informações adequadas. Esta falha costuma ser atribuída à montagem

    defeituosa dos próprios modelos de sistemas utilizados e talvez muitas das tentativas para a

    criação de sistemas de gerenciamento de informação têm falhado porque organizam dados

  • 5

    sob formas que possuem um significado para os analistas, programadores e demais técnicos

    de informática, mas não permitem aos administradores-decisores e usuários fazer perguntas

    sobre esses dados para estabelecer relações ou manipulá-los para adquirir informações. As

    origens e causas de tais falhas provavelmente estão intrinsecamente ligadas a própria

    estrutura organizacional da burocracia, da sua cultura, atitudes, comportamentos, processos

    de trabalho e armadilhas no intercâmbio de informações, que podem não ensejar a

    emergência de soluções tecnológicas mais adequadas.

    E visível a dificuldade que a maioria dos administradores-decisores encontra na

    obtenção de informações apropriadas e na estruturação de processos que os auxiliem na

    tomada de decisão. LEMOS(1998) 2 ressalta essa dificuldade:

    ...que a informática, enquanto instrumento de transformação e mudança, não consiste pura e simplesmente na disponibilização de computadores, mas principalmente na mudança de atitudes, pessoas, processos e, sobretudo, estruturas.

    Alguns poucos e pequenos exemplos são eloqüentes para a ilustração desta situação vivida pelo setor público brasileiro. Até hoje, na maioria das instituições em nível municipal, estadual ou federal não se consegue produzir um relatório mensal de acompanhamento da execução orçamentária e financeira, suficientemente analítico e desagregado, ficando o seu esquema de acompanhamento restrito aos relatórios de caixa e aos balanços anuais, que tendem a ser indevidamente agregados e incompatíveis temporalmente com as necessidades de acompanhamento. Da mesma forma, não se consegue acompanhar, nestes três níveis de governo desagregado por tipo de obra ou contrato, a execução e medição dos investimentos correntes. Igualmente, não se dispõe de informações {on line ou de qualquer espécie) sobre estoque de terrenos e propriedades destes três níveis de governo, necessitando-se, via de regra, de informações aleatórias ou de terceiros, Mais grave ainda, não se tem on line a situação dos processos e ações na justiça, bem c o m o dos pareceres produzidos pelas procuradorias públicas.

    Na verdade, as organizações, em especial as do setor público, estão cercadas de

    dados e informações que poderiam se tornar conhecimento valioso diante de uma situação

    de tomada de decisão, mas dificilmente as informações necessárias encontram-se

    disponíveis na forma apropriada ou no momento adequado para utilização na solução de

    2 Maurício Borges Lemos é Secretário Municipal do Planejamento da Prefeitura de Belo Horizonte desde 1993, Professor titular do Cedeplar / UFMG e doutor em economia pela Unicamp. Revista Espaço BH: Lemos, M.B., Notas sobre o capital intelectual: sua importância no processo de modernização do aparelho do estado, Prodabel, 1998, ano 2, n M 3 e 4.

  • problemas. A escassez ou excesso de informações, a complexidade, o escopo das

    aplicações, as necessidades de integração e coordenação intra e interdepartamental

    costumam ser barreiras freqüentes durante a concepção e implantação de sistemas e

    soluções de informação.

    Somando-se a isso, até há bem pouco tempo atrás, os sistemas de informação

    destinavam-se apenas a organizar as chamadas informações transacionais das organizações

    (contabilidade, controle de estoques, folhas de pagamento, sistemas de tributação, etc) e

    atendiam a estruturas organizacionais funcionais, ou seja, ligadas à descrição circunspecta

    e criteriosa das funções nas organizações. Os processos de tomada de decisão

    fundamentavam-se em processos quantificáveis, devido ao não reconhecimento da

    necessidade de inclusão dos fatores subjetivos em sua análise. Quando emergiu esse

    reconhecimento, surgiu uma enorme dificuldade em se trabalhar, expressar, representar e

    incorporar os fatores não quantificáveis, ou seja, aqueles que não podem ser expressos em

    uma unidade numérica, tais como: valores sociais, políticos, pessoais ou riscos que

    envolvem decisões ou projetos.

    Os administradores-decisores de hoje precisam de sistemas flexíveis que possam

    assimilar as constantes alterações no mundo dos negócios e adaptar-se às sempre mutantes

    realidades sociais. Para tal, os fatores subjetivos devem ser incorporados, juntamente com

    os fatores objetivos, ao processo de análise, para que o resultado obtido possa retratar a

    realidade de forma mais adequada, e, consequentemente, induzir a uma tomada de decisão

    mais adequada. Quando os problemas se apresentam de forma vaga, obscura e mal definida

    aos olhos dos próprios administradores-decisores, tornam-se difíceis o entendimento do

    problema e a compreensão da situação e de todo o contexto onde ele está inserido.

    Os desdobramentos da evolução tecnológica e as grandes mudanças nos aparelhos

  • 7

    do Estado estão apenas se esboçando, podendo-se prever profundas modificações nos

    próximos anos e décadas. A importância crescente do papel da infra-estrutura

    informacional pode contribuir para redefinir o papel do setor público.

    Ações de modernização tecnológica vêm sendo realizadas através da implantação

    de novos modelos de informática pública, apoiados na descentralização dos serviços e no

    uso das tecnologias em favor do cidadão. Governos têm utilizado as tecnologias para

    desenvolver, aperfeiçoar e ampliar seus sistemas de informação com vistas a melhorar a

    prestação dos serviços públicos e reduzir os custos da administração.

    Um exemplo de ação de modernização tecnológica no setor público foi o projeto

    empreendido pela Prodabel 3 no período de 1993-1996, que modificou seu modelo de

    funcionamento para provisão de serviços de informática à administração pública, através

    do seu projeto de Descentralização da Informática na Prefeitura de Belo Horizonte - PBH.

    A empresa saiu de uma composição rígida e centralizada para uma organização mais

    flexível, ampliando o acesso público às informações governamentais. O projeto promoveu

    a substituição da arquitetura de processamento centralizado (mainframe) para um ambiente

    de computação aberto e distribuído, implantando a Rede Municipal de Informática - RMI.

    Em termos organizacionais, transformou sua estrutura de operação descentralizada em

    unidades de informática e informação, aproximando os administradores das tecnologias de

    informática e possibilitando desenvolver soluções mais adequadas às necessidades dos

    clientes. A empresa também redefiniu funções e requalificou técnicos e administradores-

    decisores.

    3 Prodabel - Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte, responsável pelo desenvolvimento de projetos e prestação de serviços à Prefeitura de Belo Horizonte na área de informática. Sua missão é: "Coordenar as políticas públicas de informação e informática e disponibilizar os recursos tecnológicos para a sua execução, com o objetivo de garantir, com a PBH, os direitos e a participação do cidadão frente ao poder público e nas decisões de governo, através da democratização e disseminação de informações, com qualidade e segurança."

  • 8

    Recentemente, em sua busca contínua pela modernização, a empresa reorientou

    seus projetos conforme prioridades definidas pelo governo municipal de forma a

    impulsionar o uso da tecnologia em favor do cidadão. Além disso, vem investindo na

    permanente capacitação de funcionários da empresa e servidores da prefeitura.

    Apesar da ruptura de paradigma, de seu pioneirismo na adoção de um modelo

    descentralizado e da mudança do uso da informática no âmbito público, o processo ainda

    requer novas ações, tendo em vista a crescente importância que os processos

    informacionais têm adquirido.

    Todo este conjunto de mudanças determina variações essenciais no comportamento

    administrativo. As regras de gerenciamento e administração atualmente em uso foram

    desenvolvidas e estão organizadas para mercados e tecnologias estáveis ou que se alteram

    em processos graduais e lentos. A tecnologia da informação começa a alterar a natureza da

    administração e afeta de maneira contundente o direcionamento e o ritmo das mudanças.

    Gerenciar tornou-se uma tarefa diferente, pois o modo tradicional de pensar os problemas

    não mais satisfaz as novas demandas gerenciais. Hoje, os gerentes têm que lidar com a

    complexidade e com a incerteza; melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos

    e procurar o desenvolvimento humano e econômico.

    Considerando-se a importância dos processos de gerenciamento da informação e o

    uso apropriado da informação processada pela tecnologia, este estudo tem como objetivos:

    verificar como os ambientes informacionais da PBH vêm sendo percebidos e gerenciados e

    conhecer como são elaboradas estratégias e estruturas de sistemas de informação que

    auxiliam nos processos de tomada de decisão.

    A observação do processo de definição, disponibilização e utilização de informação

    estratégica, associada ao estudo teórico, permitirá melhor compreensão e incorporação das

  • 9

    tecnologias de informação como instrumento analisador para produção e consumo de

    informação, sendo importante para que a Prodabel e a PBH alcancem maior equilíbrio

    entre a aplicação das tecnologias de informação e a obtenção e utilização da informação em

    si e possam mudar e desenvolver estratégias adequadas capazes de criar valor agregado

    para os órgãos da administração direta e indireta do município e, consequentemente,

    melhor atender o cidadão.

    Como referente empírico, realizou-se um estudo exploratório na PBH,

    especificamente nos níveis estratégicos das secretarias municipais do Planejamento,

    Fazenda. Administração e Governo e nas unidades de informática da Prodabel responsáveis

    pela disponibilização de soluções de informática e sistemas de informação para esses

    órgãos, utilizando-se como referência conceituai um modelo genérico de processo de

    gerenciamento da informação proposto por DAVENPORT (1998), em seu livro "A

    Ecologia da Informação", constituído de quatro passos básicos: determinação das

    exigências informacionais, obtenção, distribuição e utilização de informações.

    O estudo aborda a situação atual existente (1999), procurando identificar como a

    informação é adquirida, tratada, interpretada e disponibilizada pelos gerentes de

    informática, buscando estabelecer diretrizes e requisitos mínimos que possam apoiar

    gerentes na reformulação de seus processos de gestão da informação e na criação ou

    melhoria de bases de informação e de processos estruturados para gerenciamento da

    informação e, por conseqüência, otimizar o processo decisório.

    Neste sentido, o estudo procura obter respostas para as seguintes questões:

    • Existe um modelo estruturado de gerenciamento das informações sendo

    utilizado na administração de Belo Horizonte?

    • Os passos do modelo gerenciamento da informação abordados por esse estudo

  • 1 0

    são aplicados? Caso afirmativo, eles têm sido avaliados, sistematizados e

    melhorados?

    • As necessidades de informações são identificadas e fornecidas de forma

    apropriada ao processo decisório?

    • Existe uma estratégia global de informação que norteie o processo de

    gerenciamento da informação no município de Belo Horizonte ?

    • O ambiente informacional da PBH mudou em resposta às modificações na

    estrutura organizacional promovidas pelo processo de descentralização

    realizado pela Prodabel?

    Os instrumentos utilizados para realização da pesquisa foram: revisão bibliográfica;

    entrevistas estruturadas, pesquisa documental existente na Prodabel e a observação

    participante da autora, enquanto funcionária dessa empresa.

    As entrevistas estruturadas foram realizadas com os gerentes de informática que

    atendem às secretarias do Planejamento, Fazenda, Administração e Governo da PBH e com

    administradores-decisores ocupantes dos níveis estratégicos desses órgãos, podendo ser o

    próprio secretário municipal ou alguém designado por ele, que atue como principal fonte

    de informação para o processo decisório do órgão.

    A escolha dessas secretarias partiu da premissa que as atividades nelas

    desenvolvidas podem ser consideradas das mais estratégicas, abrangentes e presentes nas

    tomadas de decisão do governo municipal. Foram preparados dois roteiros de entrevistas:

    um voltado para a visão do gerente de informática, outro voltado para a visão do

    administrador-decisor. Antes da realização das entrevistas definitivas, foi aplicado um pré-

    teste envolvendo gerentes de outras unidades da Prodabel para validação da complexidade

    e clareza dos instrumentos de coleta de dados.

  • 1 1

    4 O PRA-Paperwork Reduction Act é considerado a primeira estratégia de gerenciamento da informação adotada pelo governo federal americano e tinha c o m o metas: 1 ) minimizar o uso de documentos em papel no setor público; 2 ) reduzir o custo governamental das atividades de informação.

    2. CONCEITOS E BIBLIOGRAFIA

    2.1 Gerenciamento da Informação

    Enquanto a idéia de Gerenciamento dos Recursos Informacionais (GRI) como uma

    função integrada foi proposta em 1960 por Robert S. Taylor, o conceito de GRI tornou-se

    mais visível na literatura ao final dos anos 70 e início dos 80, provavelmente, em parte,

    pela adoção e implementação do PRA - Paperwork Reduction Act*, em 1980, pelo governo

    federal americano. A adoção e implementação do PRA despertou em pesquisadores,

    profissionais liberais, órgãos governamentais e outros grupos, grande interesse por estudos

    de informação, sistemas de gerenciamento da informação e gerenciamento público

    (BERGERON, 1996).

    O termo "gerenciamento da informação" é geralmente usado como sinônimo de

    "gerenciamento de recursos informacionais" por muitos autores (por exemplo, CRONIN &

    LYTLE). Outros autores fazem distinção entre os dois termos (por exemplo, BURK &

    HORTON; MARCHAND & HORTON; U.S. Office of Management and Budget, 1994).

    Apesar da diferenciação dos dois termos, autores como BURK & HORTON (1988) usam

    os termos gerenciamento da informação e gerenciamento de recursos informacionais de

    forma intercambiável. Os dicionários de vocabulário ABI Controlled Vocabulary e o

    Thesaurus of ERIC Descriptors sugerem que, na prática, não existe muita diferença entre

    as terminologias. Assim, para efeito deste trabalho, consideraremos os dois termos como

    sinônimos.

  • 12

    BERGERON (1996) diferencia a definição do conceito de gerenciamento da

    informação sob duas óticas: 1) do ponto de vista da tecnologia da informação, 2) na

    perspectiva integrativa.

    Na perspectiva da tecnologia da informação (TI), a autora define GRI como sendo

    um guia para melhor gerenciar os sistemas de informação baseados em computador,

    enfatizando o aspecto técnico do gerenciamento da informação em cinco principais

    componentes: 1) gerenciamento de recursos (dados, informação, hardware, software e

    pessoal); 2) gerenciamento da tecnologia sob direção de um executivo controlador da

    informação - CIO 5 ; 3) gerenciamento funcional (i.e., aplicações de gerenciamento técnico

    dos recursos de sistemas de informação); 4) gerenciamento estratégico desses recursos; 5)

    gerenciamento distribuído (i.e., distribuição de responsabilidades para desenvolvimento,

    operação e gerência de sistemas de informação).

    Sob essa perspectiva de TI, as atividades de GRI incluem itens como planejamento

    de dados, planejamento de capacidade, seleção de aplicações, desenvolvimento de sistemas

    de informação, gerenciamento de projetos, aquisição de hardware e software, integração de

    sistemas, tecnologias e administração de dados. As principais partes são as tecnologias da

    informação, as habilidades e os métodos, tais como o método de ciclo de vida de

    desenvolvimento de sistemas recomendado para projetar e implementar sistemas de

    informação baseados em computador. O GRI procura a integração de funções de

    informação tais como SIGs 6, automação de escritórios e sistemas de comunicação dentro

    de uma abordagem holística para disseminar a informação dentro da organização.

    5 CIO - Chief Information Officer. 6 SIGs significa Sistemas de Informações Gerenciais. Uma definição existente para o termo, dada por Nash e Roberts (1984) é a seguinte: "Um SIG é a combinação de pessoas, facilidades, tecnologia, ambiente, procedimento e controles, com os quais se pretende manter os canais essenciais de comunicação, processar certas rotinas típicas de transações, alertar os executivos para a significância dos eventos internos e externos e proporcionar uma base para a tomada de decisão inteligente" (Citado em Oliveira, 1992).

  • 13

    Para STRASSMANN (1995), a primeira limitação dessa perspectiva é a restrição

    dos recursos de informação baseados em computador. Estima-se que a informação baseada

    em papel ainda soma mais de 85% de toda a informação que circula nas organizações

    (DAVENPORT, 1995). Outra limitação é que os dados produzidos internamente,

    essenciais em todos os níveis (operacional, tático e estratégico) das organizações, não são o

    bastante, especialmente nos níveis táticos e estratégicos. E necessário monitorar o ambiente

    externo à organização e prover entradas para a tomada de decisão estratégica. O autor

    sugere que a prática de tratamento da informação externa, separada e diferentemente da

    informação interna, pode ser ineficiente na troca entre os dois ambientes porque ambos são

    interdependentes.

    Do ponto de vista da perspectiva integrativa, o GRI pode ser visto como uma

    abordagem de gerenciamento e função que procura integrar e harmonizar as fontes de

    informação corporativas, os serviços e sistemas e criar uma sinergia entre os recursos

    informacionais internos e externos das organizações (BURK & HORTON, 1988)7.

    Nessa perspectiva, o GRI atua como uma estrutura integradora de nível tecnológico,

    funcional, metodológico e disciplinar, baseada no administrador-decisor. que se preocupa

    com: a informação formal que flui e como ela é fixada na organização, a informação

    externa e interna e os sistemas de informação baseados ou não em computadores. E uma

    abordagem que busca: 1) identificar o processo de informação, o fluxo e a necessidade de

    informação para suportar as metas da organização; 2) verificar o ciclo de vida do

    gerenciamento da informação; 3) integrar o conhecimento e a habilidade das pessoas na

    organização; e 4) promover o efetivo e eficiente uso dos recursos informacionais. Na

    perspectiva integrativa, o GRI também serve como um elo entre os recursos informacionais

    7 Citado em BERGERON (1996).

  • 1 4

    da organização e o planejamento estratégico no uso para o desenvolvimento estratégico.

    Neste trabalho, consideraremos o gerenciamento da informação na perspectiva

    integrativa, buscando entender o processo de administração da informação. Assim, um

    conceito simplificado para gerenciamento de informação pode ser um conjunto estruturado

    de atividades que incluem o modo como se obtêm, distribui e usa a informação. Enxergar o

    gerenciamento da informação como um processo, segundo DAVENPORT (1998), ajuda a

    introduzir um visão interfuncional, que traz consigo métodos, ferramentas e técnicas de

    uma variedade de funções orientadas para a informação.

    2.2 Gestão do Conhecimento e Motivação nas Organizações

    Para falarmos em gerenciamento da informação é preciso compreender e diferenciar

    os termos dado, informação e conhecimento, procurando perceber seus reflexos no

    ambiente informacional das organizações sob a ótica da administração da informação. Pode

    parecer trivial, mas não é nada fácil fazer esta distinção, pois estes termos encontram-se na

    literatura nas mais diversas formas e apresentam uma multiplicidade de interpretações e

    perspectivas. A informação, por exemplo, é um termo que, além de envolver dados,

    informação e conhecimento, serve como conexão entre os dados brutos e o conhecimento;

    depende de interpretação humana, de julgamento e da opinião que se tem a partir dos

    dados; além disso, nem toda informação é significativa ou representa conhecimento. Sendo

    assim, entender as diferenças e encontrar definições para cada um dos termos é um ponto

    de partida útil.

    DAVENPORT (1998) definiu dados como "simples observações sobre o estado do

    mundo". Os dados, em si mesmos, não são suficientes e não se transformam em

    informação até que as relações entre os vários fatos e suas implicações para a organização e

  • 1 5

    os indivíduos sejam descobertos, tornem-se visíveis e explícitos. Podemos considerar que

    dado é uma unidade da informação ainda não interpretada. Quando se possui tantos dados

    válidos quanto uma compreensão das relações entre eles, podemos então afirmar que

    possuímos algo que se assemelha à informação.

    Da perspectiva do gerenciamento da informação, dado é algo fácil de se capturar,

    comunicar e armazenar. É facilmente estruturado, obtido e armazenado por máquinas,

    freqüentemente quantificavel e facilmente transferível.

    A informação, por sua vez, parte de um referencial e representa a mudança de

    estado dos dados. Peter DRUCKER (1994) definiu informação como "dados dotados de

    relevância e propósito". Pessoas transformam dados em informação, dando-lhes contexto,

    significado e interpretação, assim, podemos considerar que informação é dado com valor

    agregado. Nenhuma informação é neutra, sempre carrega consigo um juízo de valor e está

    inserida em um determinado contexto.

    Do ponto de vista do gerenciamento da informação, ao contrário dos dados, a

    informação exige análise, interpretação e interferência humana, tornando-se difícil

    transferi-la com absoluta fidelidade.

    Já o conhecimento inclui reflexão, síntese e contexto. Pode significar informação,

    conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, experiência, qualificação,

    discernimento, competência, habilidade prática, capacidade, aprendizado, sabedoria,

    certeza e assim por diante. Logo, sua definição depende do contexto em que o termo é

    empregado.

    Há muito se sabe da relevância do conhecimento e do talento humano como

    diferencial produtivo e competitivo entre as organizações. O bom resultado de um produto

    sempre esteve associado à maneira peculiar com que as pessoas fazem as coisas. Tal

  • 16

    maneira, certamente inclui a forma da organização das equipes, o bom relacionamento

    entre elas e principalmente, a transformação do conhecimento individual em coletivo, o

    que significa dizer que eventuais revoluções no "como fazer", decorrem da aplicação do

    conhecimento em associação com a experiência e a inteligência humana.

    O conhecimento tem sido reconhecido por muitos autores (por exemplo,

    DRUCKER, 1994; TOFFLER, 1994; NONAKA & TAKEUCHI, 1997; SVEIBY, 1998)

    como um componente importante das organizações e tem trazido uma nova percepção, uma

    nova consciência de que o conhecimento organizacional é algo ligado às pessoas, regras e

    fórmulas que entram de diferentes formas e dinamicamente se transformam em outras.

    Peter DRUCKER (1994), entre outros autores, anuncia a chegada de uma nova

    economia ou sociedade, à qual se refere como "Sociedade do Conhecimento". Sugeriu que

    um dos desafios mais importantes impostos às organizações da sociedade do conhecimento

    é desenvolver práticas sistemáticas para administrar a autotransformação. A organização

    tem que estar preparada para abandonar o conhecimento que se tornou obsoleto e aprender

    a criar o novo através dos seguintes pontos: 1) melhoria contínua de todas as atividades; 2)

    desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos; e 3) inovação

    contínua como um processo organizado.

    Muitos autores também concordam que o futuro pertence às pessoas que detêm

    conhecimento, aquele que sabe alocar o conhecimento para o uso produtivo. Um dos novos

    desafios gerenciais é, portanto, a habilidade de gerenciar o "intelecto baseado no

    conhecimento" e de identificar, solucionar e avaliar novos problemas.

    NONAKA e TAKEUCHI (1997) fazem distinção entre dois tipos de conhecimento:

    o explícito, que é o conhecimento formal contido nos manuais e nas normas de praxe das

    organizações e que pode facilmente ser "processado" por um computador, transmitido

  • 17

    eletronicamente ou armazenado em banco de dados; e o tácito, que se obtém pela

    experiência, que sendo de natureza subjetiva e intuitiva dificulta o processamento e a

    transmissão. Esses autores acreditam que o conhecimento desempenha um papel

    importante na conquista da vantagem competitiva e que o conhecimento acumulado

    externamente, se amplamente compartilhado dentro da organização, forma uma base de

    conhecimento organizacional que abastece a inovação, o aperfeiçoamento e melhorias

    contínuas. \

    Na verdade, estes dois tipos de conhecimento são como dois lados da mesma

    moeda, e são igualmente pertinentes para o conhecimento global da organização. A base

    para a criação do conhecimento organizacional é a transformação do conhecimento tácito

    em conhecimento explícito e vice-versa. O conhecimento flui através de diferentes fases do

    seu ciclo de vida, conforme diagrama mostrado na Figura 1, que apresenta as quatro formas

    S

    do ciclo de conversão de conhecimento proposto por NONAKA e TAKEUCHI (1995) .

    para Tácito Explícito

    Tácito Socialização Externalização

    Explícito

    Figura 1 : Conversão de Conhecimento proposto por N O N A K A e TAKEUCHI

    Fonte - BORGHOFF & P A R E S C H I , 1998, tradução da autora

    Citado em BORGHOFF & PARESCHI (1998) .

  • 18

    A "Socialização" é o processo de divisão ou compartilhamento das experiências

    entre os membros da equipe. Os membros mais jovens (aprendizes) adquirem

    conhecimento através da observação, acompanhamento das tarefas e copiando o

    comportamento dos membros mais experientes da equipe.

    A "Externalização" é o processo de criação do conhecimento através do qual o

    conhecimento tácito é transmitido por metáforas, analogias, modelos e histórias. Ele pode

    ser impulsionado pelo diálogo entre os indivíduos ou durante reuniões coletivas de reflexão

    sobre as práticas da organização, onde a descrição de detalhes técnicos e relatos de

    histórias descem ao nível afetivo de resposta e facilitam o processo de transferência de

    conhecimento.

    A "Combinação" é o processo de agrupamento e reconfiguração do conhecimento

    que permite a criação de um conhecimento novo. E a forma mais comum de transferência

    de conhecimento utilizada em escolas e programas institucionais. Em organizações, os

    técnicos, por exemplo, combinam seus conhecimentos tácitos avaliando e corrigindo

    relatórios, memorandos e uma variedade de outros documentos.

    A "Internalização" é o processo de aprendizado e socialização do conhecimento

    através da execução repetida de uma tarefa. O conhecimento é "introjetado" ao estilo

    individual e permite a criação dos hábitos profissionais.

    Assim, as organizações criam e exploram conhecimento para desenvolver novas

    habilidades e inovações através de três atividades que se sobrepõem: 1) geração e

    compartilhamento do conhecimento implícito; 2) teste e prototipação do conhecimento

    explícito; e 3) relacionamento e obtenção de conhecimento externo. O conhecimento tácito

    pode ser expandido através da socialização e comunicação de interesses e de práticas, e o

    novo conhecimento tácito pode ser gerado através de internalização do conhecimento

  • 19

    explícito por intermédio do aprendizado e treinamento. Novo conhecimento explícito pode

    ser gerado pela externalização do conhecimento tácito, como acontece, quando novas e

    melhores práticas são selecionadas entre a prática de trabalho informal de uma informação.

    NONAKA e TAKEUCHI (1997) afirmam que toda essa conversa sobre importância

    do conhecimento pouco nos ajuda a compreender como se cria o conhecimento. Apesar de

    toda a atenção, pouco realmente se examinou sobre os mecanismos e processos pelos quais

    o conhecimento é criado.

    Assim, os computadores são ótimos para nos ajudar a lidar com dados, mas não são

    tão adequados para lidar com informações e, menos ainda, com o conhecimento. Novas

    tecnologias, incluindo o groupware, redes eletrônicas e aplicações multimídia facilitam

    muito a administração das mais complexas formas de informação. Só há um problema: esse

    tipo de informação não é facilmente govemável, e em geral não conseguimos capturar sua

    indistinta e frustante diversidade.

    Não há dúvida de que conhecimento é a informação mais valiosa da mente humana,

    sendo do ponto vista do gerenciamento da informação difícil de ser administrado,

    estruturado e capturado em máquinas.

    Na últimas décadas, os administradores-decisores satisfaziam-se com a simples

    distribuição de informação quantitativa relacionada ao desempenho de categorias

    uniformes definidas pelas gerências. Hoje, no entanto, eles estão cada vez mais

    interessados em capturar idéias - explicações ou contextualizações de resultados e soluções

    para problemas. Os administradores-decisores precisam de uma perspectiva global, que

    possa assimilar as constantes alterações no mundo dos negócios. Computadores e redes de

    comunicação melhores não conduzem necessariamente a um aperfeiçoamento dos

    ambientes de informação.

  • 20

    De acordo com DAVENPORT (1998), quando começamos a pensar nas muitas

    relações entrecruzadas de pessoas, processos, estruturas de apoio e outros elementos do

    ambiente informacional de uma empresa, podemos obter um padrão melhor para

    administrar a complexidade e a variedade do uso atual da informação. A ênfase primária

    não está na geração e na distribuição de enormes quantidades de informação, mas no uso

    eficiente de uma quantia relativamente pequena.

    O que se pode deduzir dessas posições é que as tecnologias da informação ampliam

    o ambiente informacional e tem utilidade para criar sistemas informatizados para apoiar o

    processo de tomada de decisões.(^Administrar a informação é importante para prover a

    agregação de valor às informações, e os gerentes têm um papel importante na definição,

    análise, criação, aconselhamento, manutenção e gerenciamento de recursos informacionais

    pois usando de sua experiência, acúmulo de informação e conhecimento são capazes de

    lhes dar contexto e interpretação, absorver novos conhecimentos, interpretá-los e montar

    novas definições, novos pontos de vista, novos modelos mentais que permitem prever

    como algum elemento ou situação vai evoluir no tempo. \

    Como a maioria dos nossos sistemas foram concebidos com uma preocupação

    voltada exclusivamente para informação e não conhecimento, enxergar o trabalho como

    um processo ou conjunto estruturado de atividades que incluem a maneira como se obtêm,

    distribui e usa a informação e conhecimento, considerar todas as fontes envolvidas, todas

    as pessoas que afetam cada passo e todos os problemas que surgem pode indicar um

    caminho para mudanças que realmente fazem diferença, podendo ser o início de um

    processo de criação de base de conhecimento organizacional, além de oferecer uma

    estrutura sobre a qual os gerentes de informática podem desenvolver estratégias úteis e

    valiosas para apoiar administradores-decisores na tomada de decisão.

  • 2 1

    2.3 Estratégia Informacional

    Uma questão a ser considerada é a estratégia ou política informacional adotada pela

    organizações. Em praticamente todas as instituições, a informação é influenciada por

    manobras políticas, pelos jogos de poder e pela economia. O gerenciamento da informação

    pode ser realizado de forma intuitiva ou de maneira ordenada, podendo também ser

    utilizado tanto para distribuir poder como para centralizá-lo, influenciado por fatores como

    o tamanho da organização, ramo de atividade, estrutura organizacional, etc.

    Existem diferentes formas de políticas para se administrar o ambiente informacional

    das organizações. Entre alguns arranjos possíveis destacamos quatro modelos: federalismo,

    feudalismo, monarquia e anarquia. Estes modelos formam a evolução do controle local do

    ambiente informacional em contraposição ao controle centralizado, conforme mostrado na

    Figura 2 (DAVENPORT, 1998).

    Monarquia Federalismo Feudalismo Anarquia

    Maior controle Menor controle central central

    Figura 2 : A evolução do controle da informação

    Fonte - D A V E N P O R T , 1998. p. 92

    Examinemos a seguir, o conteúdo de cada um desses modelos e os benefícios,

    problemas ou dificuldades contidos em seus princípios.

    O modelo federalismo é o mais democrático de todos. Ele exige uma negociação

    racional entre os grupos centrais e os dispersos. Envolve um governo central menos

    regulador e um alto nível de autonomia local. Em relação à informação, poucos elementos

    necessitam ser definidos e controlados centralmente, enquanto o restante é administrado

  • 2 2

    nas unidades locais. O controle se desloca continuamente entre as extremidades. O nível

    central estabelece as informações comuns, mas permite que as unidades locais reproduzam

    suas próprias formas de obter e armazenar a informação, desde que sigam padrões que

    permita o compartilhamento dos dados.

    STRASSMANN (1995) escreve sobre política informacional e argumenta que, para

    "lidar com os conflitos inerentes entre as unidades autônomas e os níveis centrais das

    organizações, o gerenciamento informacional deve operar como uma federação de

    múltiplas camadas". Ele divide a informação em sete categorias: pessoal, local, aplicativa,

    de negócios, de processo, empresarial e global.

    O nível de compartilhamento de informação é que determina a integração

    operacional, visto que não pode haver sinergia entre as unidades sem troca de informação.

    Os grupos de interesse devem priorizar, programar e fornecer informações de acordo com

    as negociações realizadas entre eles.

    Neste sentido, o modelo pode ser ajustado a diferentes tipos de informação. O

    federalismo ressalta não apenas a troca de resultados, mas também as melhores práticas

    sobre o desempenho do método aplicado no controle das informações. Enfatiza o

    compartilhamento das informações públicas com toda a organização.

    No modelo feudal, as unidades locais têm o controle dos ambientes informacionais,

    vivendo em castelos isolados. Isso resulta em uma concentração quase exclusiva nos

    objetivos informacionais das unidades, sem considerar as questões mais amplas dos

    negócios, o que dificulta a operação das organizações em processos integrados.

    Apesar de não ser uma forma desejável de administrar a informação, em alguns

    casos pode ser a mais adequada, como é o caso onde as unidades possuem diferentes

    produtos, diferentes medidas de desempenho e diferentes formatos Dara quase todas as

  • 23

    informações relevantes. Neste caso, esse modelo permite que as unidades locais

    desenvolvam informações mais adaptadas às necessidades dos seus negócios.

    O modelo monárquico ocorre quando um indivíduo controla a maior parte das

    informações da organização. Este indivíduo especifica que tipo de dados são importantes,

    estabelece significados para elementos-chave e controla o modo como a informação é

    interpretada.

    Esse modelo pode beneficiar pequenas organizações, mas apresenta muitos

    problemas, entre eles, informações relevantes podem estar sendo desconsideradas porque o

    controlador do ambiente informacional desconhece o valor da informação; podem ocorrer

    confusões na definição dos termos utilizados, resultando em conteúdos inadequados para a

    informação.

    O modelo anárquico - se é que podemos chamá-lo de modelo - é aquele no qual

    cada indivíduo se defende sozinho. Geralmente emerge quando a organização não percebe

    ou não dá a devida atenção ao seu ambiente informacional. A disseminação e o baixo

    custo dos computadores permite que pessoas ou setores criem bases de informação próprias

    e as administrem conforme seus contextos e necessidades individuais.

    As deficiências do modelo anárquico são óbvias: redundância de dados, divergência

    de informações entre setores ou indivíduos, maior custo no armazenamento e manutenção

    das bases locais, entre outras, visto que a informação é mantida individualmente, não sendo

    coordenada de forma racional.

    Os quatro modelos apresentados não são os únicos, nem se revelam capazes de

    esgotar as possibilidades de governo possíveis para a informação. Além disso, a

    distribuição do poder não é o único critério para administração da informação. Pode ser que

    nenhum dos modelos citados seja adequado a situação específica de uma organização. Uma

  • 2 4

    outra possibilidade é uma política de informação voltada para o mercado. Uma orientação

    mercadológica quase sempre implica uma administração descentralizada dos recursos

    informacionais. Assim, algumas empresas permitem que o mercado oriente sua política

    informacional, ou seja, os gerentes não especificam que tipo de conteúdo seria mais útil,

    deixam que o mercado estimule as pessoas a propor novas estruturas, modelos ou técnicas,

    sendo o valor determinado pelo uso da informação. Quanto mais utilizada for, mais valiosa

    e importante a informação será.

    Uma precondição para a política baseada no mercado é a capacidade para

    determinar a demanda. O modelo baseado no mercado pode ter como ponto fraco a

    ausência de clareza em relação à propriedade da informação. É difícil precificar a

    informação, pois o grau de sua utilidade, reprodutividade e intangibilidade são questões

    subjetivas e dependentes dos compradores ou utilizadores potenciais.

    Outra política a ser considerada é a "tecnoutopia", onde as organizações acham que

    todos os problemas informacionais podem ser resolvidos com tecnologia. Assim, acreditam

    que instalar ferramentas de workgroup e aplicativos como o R3 da SAP 9 resolvem suas

    questões de compartilhamento das informações. Esta é a pior forma de administrar um

    ambiente informacional, pois tolhe a criatividade das pessoas. Algumas tecnologias podem

    auxiliar a obter e disseminar o conhecimento organizacional, mas são de pouca ajuda se as

    pessoas envolvidas ainda não estiverem predispostas a usar efetivamente a informação.

    Muitos observadores reconhecem a importância de se ter uma política de

    informação adequada. A política de informações envolve interesses diversos, divergência

    de opiniões, disputas banais e recursos parcos. Tudo isto gera tensões na organização. E

    9 SAP é a sigla para "Systemanalyse und Programmentwicklung". SAP AG é uma empresa alemã, fundada em 1972, para produzir e comercializar software padrão de soluções integradas de negócios.

  • 25

    necessário , portanto, especial cuidado na escolha de uma estratégia de informação. A

    administração bem-sucedída da informação ocorre pela combinação entre mudanças

    tecnológicas e comportamentais. Exige uma revolução de conceitos, onde a pergunta

    pertinente deve ser: qual é o significado da informação e qual é o seu propósito?. Isto

    requer redefinição do conceito de empreendimento empresarial, ou seja, passa a considerar

    a informação como a "criação de valor e riqueza", o que implica abandonar o velho e

    inovar, assumindo riscos.

    2.4 Monitoração Ambiental

    As organizações precisam acompanhar o que acontece dentro e fora de suas

    fronteiras e adequar-se pelo menos minimamente a seus ambientes externos. Assim, além

    da estratégia informacional adotada, outra questão fundamental a ser considerada refere-se

    à monitoração ambiental, que pode ser entendida como o processo de investigação e

    utilização de informações externas associada a compreensão das implicações advindas

    desse processo para subsidiar decisões estratégicas.

    Toda organização, de alguma forma, precisa adaptar-se ao ambiente externo e ter

    seu sistema de informação interno flexível o bastante para estabelecer os canais, os

    protocolos e os conteúdos para a transferência ou intercâmbio de informação. A adaptação

    ao ambiente externo varia com a capacidade de avaliação dos administradores. Cabe a eles

    saber quando a organização tem controle ou não sobre eventos externos, quais são os seus

    componentes e que tipo de informação externa existente pode auxiliar nos processos

    decisórios.

    BARBOSA (1997) fez uma revisão da literatura sobre a monitoração ambiental e

    sintetizou conceitos e conhecimento existentes sobre o assunto. Segundo ele, "no contexto

  • 2 6

    da teoria organizacional, o ambiente externo pode ser visto como fonte de recursos, fonte

    de variação e como fonte de informação (ALDRICH, 1979)". O primeiro pode ser

    considerado como o conjunto de recursos (financeiros, humanos, materiais, etc) que a

    organização necessita e o grau de dependência do ambiente externo para a obtenção dos

    meios necessários à sobrevivência e crescimento da organização. A segunda perspectiva

    procura explicar a sobrevivência das organizações por intermédio de seleção natural da

    biologia (HANNAN & FREEMAN, 1997). A terceira perspectiva diz respeito ao

    relacionamento entre as estruturas e processos gerenciais e algumas características do

    ambiente organizacional externo.

    Na visão do ambiente organizacional como fonte de informação, BARBOSA (1997)

    cita um estudo feito por BURNS & STALKER (1961), sobre o relacionamento entre as

    estruturas e processos gerenciais em vinte empresas industriais de diversos setores na Grã

    Bretanha, onde foram caracterizados dois tipos de estrutura organizacional: orgânica e

    mecanística.

    As organizações orgânicas eram aquelas possuidoras de uma grande distribuição horizontal de conhecimento e competência, alto grau de interação lateral entre os seus integrantes e um estilo de comunicação que valoriza a troca de informações e o aconselhamento. As organizações mecanisticas, por outro lado, possuíam linhas de comando bem definidas e tinham seus processos decisórios concentrados nos escalões hierárquicos superiores, dentre outras particularidades. A o correlacionarem os tipos de estrutura com o desempenho organizacional, os autores concluíram que, enquanto as organizações mecanisticas podem ser relativamente bem sucedidas em ambientes estáveis, apenas as estruturas orgânicas garantem o necessário ajustamento a situações caracterizadas por altos índices de mudança ambiental.

    BARBOSA (1997) aponta a incerteza como um dos conceitos centrais da

    perspectiva das organizações. Dentre os primeiros autores que analisaram o processo

    organizacional sob a ótica do processamento da informação, ele cita que "GALBRAITH

    (1973) introduziu a noção de que a incerteza presente no processo decisório pode ser

    definida operacionalmente como a diferença entre a informação necessária e a informação

  • 27

    disponível para se realizar uma tarefa. De acordo com esse princípio, para que uma unidade

    organizacional alcance níveis adequados de eficiência, sua capacidade de processamento de

    informação precisa ser compatível com sua necessidade de informação e isto irá depender,

    essencialmente, da natureza da organização e de seus mecanismos de coordenação e

    controle (BURNS & STALKER ,1961; TUSHMAN & NADLER, 1978)".

    No âmbito do cotidiano gerencial, é importante investigar e moldar as informações

    externas para uso nos processos internos. Os gerentes podem influenciar o comportamento

    e as ações através de processos seletivos de informação. Para facilitar o rastreamento, as

    informações podem ser categorizadas e estruturadas. As informações podem ser agrupadas

    segundo sua natureza ou relevância para os negócios: informações sobre clientes ou

    administradores-decisores, concorrentes, fornecedores, leis normativas e regulatórias,

    mercados de tecnologia, etc.

    De acordo com BARBOSA (1997), o ambiente informacional tem sido classificado,

    dentre outras maneiras, em ambiente interno e externo, e costuma ser subdividido em

    setores ou segmentos:

    - setor cliente: refere-se às instituições ou indivíduos que adquirem os produtos

    ou serviços da organização;

    - setor concorrência: trata-se das instituições com as quais se compete no

    mercado;

    setor tecnológico; consiste das tendências relativas ao desenvolvimento de

    novos produtos e processos, inovações tecnológicas, tendências científicas, e tc ;

    - setor regulatório: envolve legislação, regulamentação e desenvolvimentos

    políticos nos diversos níveis de governo;

    - setor econômico: abrange os mercados de capitais, mercados de ações, taxas de

  • 2 8

    inflação, balança comercial, orçamento público, índices de crescimento

    econômico, dentre outros;

    setor sócio-cultural: cobre aspectos tais como valores da população, ética

    referente ao trabalho, tendências demográficas.

    Os segmentos do ambiente organizacional têm graus diferenciados de importância

    para os administradores. No setor público, por exemplo, a observação das atividades

    legislativas e regulatórias são mais valorizadas que as do setor concorrência, visto que a

    administração pública não é tida como setor competitivo pois possui, em muitos casos, o

    monopólio ou exclusividade da atividade no mercado.

    Certos tipos de informação devem obedecer a um grau de precisão que não admite

    flexibilidade, outros, contudo, podem dar margem a interpretações. Dependendo de sua

    natureza e grau de complexidade pode ser dispendioso e difícil compor toda a informação

    requerida. Por isso, para permanecer flexível e adaptável ao ambiente externo, as

    organizações não podem depender de apenas um tipo estruturado de intercâmbio de

    informações. Todos os canais possíveis para troca devem ser explorados: contatos pessoais

    regulares, formais ou informais, publicações especializadas, jornais, fontes de informações

    na Web e outras fontes disponíveis.

    Quando novas informações emergirem, os administradores devem ser capazes de

    avaliar e identificar os tipos específicos de informação, vinculando as necessidades internas

    às fontes externas em um formato útil, analisando, sintetizando e contextualizando a

    informação para o uso na decisão estratégica interna.

    Outro aspecto importante é saber localizar a fonte correta de consulta. Nem toda

    informação necessária estará acessível, pode haver muito esforço e custo elevado para

    obtê-la tornando o processo inviável. A diversidade de fontes pode ampliar o espectro da

  • 29

    informação. A ausência de diversidade nas fontes de informação pode provocar pontos

    cegos na investigação do ambiente. Se as organizações obtêm seu acervo de informações

    apenas de fontes "aceitáveis", "conservadoras" ou "oficiais", provavelmente seus gerentes

    verão pouca alteração no ambiente externo. Para DAVENPORT (1998), "grande parte da

    informação relevante em uma organização tem origem em discussões pessoais, rumores,

    conjecturas e outras fonte de informação não-exatas e difíceis de gerenciar, que os sistemas

    formalizados ignoram."

    CHOO & AUSTER (1993) 1 0, a partir de estudos e pesquisas sobre a necessidade e

    uso de informações e do comportamento de administradores, concluíram que "os métodos

    de monitoração ambiental adotados pelas organizações são diferenciados e podem variar de

    acordo com o tamanho da organização, com o amadurecimento da função planejamento da

    organização e com o nível de incerteza percebida no ambiente externo".

    BARBOSA (1997) mostra em seu trabalho que AGUILAR(1967) define quatro

    modos de monitoração: exposição não-direcionada (undirected viewing), exposição

    direcionada (conditioned viewing), busca informal e busca formal. A exposição não-

    direcionada ocorre quando a busca da informação externa acontece sem que haja um

    objetivo específico. Neste caso, o administrador não tem consciência das questões ou

    temas que devem ser considerados a partir dos sinais externos. No modo de exposição

    direcionada existe uma categoria de informações a serem levantadas bem definida. "Aqui, a

    informação serve como sinal de alerta ou como indicador de que uma busca mais intensiva

    e sistemática deve ser realizada. Ao contrário do modo anterior, o administrador já está

    atento a determinados tipos de dados e encontra-se apto a avaliar sua importância"

    (BARBOSA, 1997). No modo de busca informal, a informação desejada é obtida a partir

    Citado em B A R B O S A (1997) .

  • 30

    de um objetivo específico e acontece de forma limitada e não-estruturada. O modo de

    busca formal constitui-se de um processo elaborado de pesquisa da informação, através de

    um plano ou metodologia pré-estabelecida, para obter informações sobre temas específicos.

    Hoje se reconhece que a existência de mais informações não resulta em menos

    incerteza e muitas dúvidas e ambigüidades surgem nos processos de tomada de decisão,

    onde torna-se necessário formar um entendimento mútuo a partir dos sinais vagos e

    conflitantes vindos do ambiente externo.

    Conhecer como as informações externas são obtidas e utilizadas pode orientar a

    criação de sistemas de informação que congreguem tanto informações internas quanto

    externas. Assim, é importante conhecer o comportamento do gerente como usuário de

    informação externa e o processo de interpretação de sinais e tendências do ambiente nas

    suas práticas gerenciais.

    2.5 Cultura e Comportamento Informacional

    Um ponto crucial é a dimensão comportamental e cultural da informação nas

    organizações. Redefinir processos de trabalho, definir novas estratégias e novas estruturas

    organizacionais, aperfeiçoar a qualidade de produtos e serviços, por mais difíceis que

    possam ser, são bem mais fáceis que mudar as atitudes e o comportamento das pessoas.

    O comportamento informacional refere-se a maneira como os indivíduos lidam com

    a informação, isto é, o modo como obtêm e manipulam a informação, os meios de troca,

    disseminação e armazenamento, os critérios para desconsiderar informes e o acúmulo

    gerado.

    A cultura informacional, por sua vez, envolve valores e crenças do indivíduo ou

    grupo e orientam o processo informacional das organizações.

  • 31

    Do ponto de vista de DAVENPORT (1998), as culturas informacionais podem ser

    fechadas ou abertas, orientadas por fatos ou baseadas na intuição ou em rumores, com

    enfoque interno ou externo, controladas ou autorizadas. Podem também incluir

    preferências por certos tipos de canais ou meios de comunicação, por exemplo, preferir a

    comunicação pessoal em contraposição ao telefone ou a teleconferência.

    O autor aponta que trabalhos sobre o comportamento informacional em ambientes

    técnicos e científicos têm sido conduzidos há mais de 30 anos". Um estudo empírico

    ligado à informação no setor farmacêutico, conduzido por Michael Koeing, descobriu que

    as empresas com ambientes mais abertos tinham os maiores índices de produtividade em

    pesquisas. Outro, ligado à empresas de produtos eletrônicos, conduzido por

    ChristpherOrpen, levantou um relacionamento positivo entre o estímulo ao uso de

    informações técnico-científicas e o desempenho nos negócios. Outros estudos focalizaram

    a maneira como a cultura pode influenciar nas inovações técnicas. Essas pesquisas sugerem

    que adquirir e trocar informações está relacionado com índices de produtividade e inovação

    técnica e científica.

    Entretanto, nos estudos realizados por DAVENPORT, verificou-se que a tendência

    da prática gerencial tem sido outra, visto que poucas providências são tomadas para alterar

    a atitude dos funcionários em relação à informação e não se enfatiza o aspecto humano do

    uso da informação. Dos 35 gerentes com os quais o autor conversou, apenas um terço

    achava que algum grupo interno assumia a responsabilidade pelo comportamento e pela

    cultura informacionais. A maioria concordou que esses temas eram importantes, mas

    poucos souberam descrever modos específicos usados para administração de ambos os

    aspectos. Alguns se referiram às abordagens convencionais, como exercícios de

    1 1 Veja Thomas J. Allen, Managing the flow of technology. Cambridge, Massachusetts, MIT Press, 1998.

  • 32

    padronização de dados, que na realidade não modificam o statu quo.

    O que podemos deduzir dessas pesquisas é que existem grandes dificuldades

    técnicas na administração da informação, e que se as pessoas influenciam na obtenção, na

    filtragem e no compartilhamento das informações, para que as iniciativas informacionais

    tenham êxito é preciso que as organizações considerem a dimensão cultural e

    comportamental da informação e que identifiquem o que deve mudar. Esse campo ainda é

    pouco considerado e explorado pelos gerentes e pelas organizações em geral, mas se os

    gerentes não prestarem atenção no comportamento em relação à administração da

    informação, poderão estar deixando de gerenciar um componente significativo.

    Não é pretensão desse trabalho aprofundar em terminologias, modelos ou discutir

    os tipos essenciais de comportamento informacional, visto que teríamos material suficiente

    para compor um novo estudo empírico. Apenas julgamos necessário chamar a atenção

    sobre a importância do gerenciamento comportamental e cultural das informações dentro

    das organizações devido a grande influência dos comportamentos, crenças e valores dos

    indivíduos no fluxo e na composição de sistemas informacionais.

  • 33

    3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

    3.1 Modelo Genérico de Gerenciamento da Informação

    O processo de gerenciamento da informação pode ser definido de diversas formas e

    com diferentes etapas, não existindo uma maneira única nem ideal de se organizá-lo;

    entretanto, há duas maneiras básicas de se tratar os processos informacionais: uma delas é

    pela análise do processo principal, que considera as atividades básicas que geram

    demandas; a outra pela análise do processo mais específico, mais dependente da * í

    informação.

    Elaborar um modelo de processo genérico para gerenciamento da informação |§ cs

    depende dos interesses, dos problemas e de cada setor das organizações, mas segundo

    DAVENPORT (1998), quase todos os processos seguem, de algum modo, um conjunto de

    passos básicos.

    O autor apresenta em seu livro "A Ecologia da Informação" um modelo composto

    de quatro passos: determinação das exigências, obtenção, distribuição e utilização da

    informação, conforme mostrado na Figura 3.

    Determinação das exigências Obtenção Distribuição Utilização

    Figura 3 : O processo de gerenciamento da informação Fonte - D A V E N P O R T , 1998. p. 175

  • 3 4

    Uma descrição sucinta para cada passo, segundo a visão do autor, é a seguinte:

    Passo 1: Determinação das exigências.

    Esse passo inicial envolve identificar como os gerentes percebem os ambientes

    informacionais nos quais estão inseridos e como compreendem que tipo de informações um

    administrador-decisor realmente precisa. Implica não apenas identificar necessidades, mas

    entender o mundo dos negócios. Requer perspectivas política, psicológica, cultural,

    estratégica e ferramentas, além de avaliação individual e organizacional.

    Passo 2: Obtenção

    Obter informações é uma atividade ininterrupta, devendo portanto incorporar um

    sistema de aquisição contínua que, de forma geral, consiste nas seguintes atividades:

    a) Exploração de informações;

    b) Classificação da informação;

    c) Formatação e estruturação das informações.

    Exploração de informações: depende da combinação de abordagens automatizada

    (coleta e distribuição eletrônica de dados) e humana (filtragem dos dados,

    acrescentando a eles contexto, interpretação, comparações, implicações locais e

    outros).

    Classificação: refere-se à criação de categorias para a informação que, apesar de ser

    arbitrária, está ligada a estratégia, política, comportamento, equipes de apoio e

    arquitetura.

    Formatação e estruturação da informação: trata-se da visualização da

    informação, formato dos documentos e contextualização das informações. Envolve

    identificar documentos principais, determinar que ferramentas são necessárias para

  • 35

    armazenar e recuperar a informação, definir os recursos adicionais exigidos e

    barreiras políticas a serem superadas.

    Passo 3: Distribuição

    Esse passo refere-se as formas de comunicação e divulgação utilizadas. Os

    melhores sistemas de distribuição costumam ser híbridos: pessoas, documentos e

    computadores. Envolve ligação de gerentes e funcionários com a informação de que

    necessitam. E importante estabelecer quais os meios mais adequados para divulgação e

    compartilhamento, e induzir o administrador-decisor a procurar e obter a informação de

    que precisa, já que são as pessoas mais capacitadas a avaliarem o que querem,

    transformando os administradores-decisores em receptores ativos.

    Passo 4 : Uso da Informação

    Esse último passo diz respeito à utilização da informação disponibilizada. O uso da

    informação é algo pessoal - a maneira como se procura, absorve e digere a informação

    antes de tomar uma decisão. Relaciona-se com a freqüência com que se procura obter

    apoio, de preferência contratual, antes de proceder a qualquer coleta ou provisão de

    informações, visando garantir o que o cliente realmente deseja. Parte da premissa que o

    administrador-decisor é quem deve formular suas próprias exigências.

    3.2 Metodologia

    Nesse trabalho de dissertação abordaremos o processo de gerenciamento da

    informação na perspectiva integrativa. ou seja, o GRI visto como um processo de

    tratamento da informação que procura integrar informações e criar sinergias entre os

    recursos informacionais internos e externos das organizações, conforme conceito

    apresentado na página 12 do capítulo 2.

  • 36

    O modelo de DAVENPORT apresentado anteriormente será utilizado como

    referência conceituai. A partir dele investigaremos, para cada passo, o comportamento do

    gerente de informática da Prodabel face às demandas dos administradores-decisores dos

    órgãos escolhidos como amostragem, procurando identificar o grau de aderência ao

    modelo.

    O processo de verificação foi feito através de entrevistas com gerentes e

    administradores-decisores apoiadas em roteiros pré-deflnidos, que se encontram

    detalhados e documentados nos anexos desta dissertação.

    As entrevistas com os administradores-decisores visaram à contraposição das

    respostas e à verificação da forma de envolvimento desse núcleo estratégico da

    administração municipal com a unidade de informática para provisão de soluções.

    Como opção metodológica, foram criados parâmetros comparativos de referência

    remetidos a algumas peculiaridades que servirão de balizamentos para realização da análise

    das informações coletadas nas entrevistas. Tais parâmetros, denominados condicionantes

    de análise, auxiliarão na delimitação do escopo das informações a serem tratadas,

    facilitarão a interpretação das informações obtidas durante as entrevistas e ajudarão na

    comparação da situação ideal ou pretendida versus a real ou percebida.

    3.2 Condicionantes para a análise

    Partindo-se do arcabouço metodológico exposto, definiu-se os elementos relevantes

    para o trabalho e o enfoque utilizado na avaliação de cada passo do modelo conceituai

    proposto.

    Os roteiros de entrevistas formulados (anexos) basearam-se nestes elementos

    condicionantes.

  • 37

    Assim, os elementos relevantes e o enfoque para cada passo são:

    Passo 1: Determinação das exigências

    Nessa etapa da entrevista, procurou-se ter um panorama dos aspectos de natureza

    geral sobre o ambiente informacional do gerente e do administrador-decisor. É o passo

    mais subjetivo das atividades de gerenciamento da informação, visto que é praticamente

    impossível para qualquer gerente ou equipe de analistas compreender todo tipo de

    informação que um administrador-decisor realmente precisa ou mesmo monitorar todos os

    detalhes que possam vir a afetar o ambiente informacional no qual está inserido.

    O contexto para verificação desse passo apoiou-se em três elementos considerados

    mais relevantes:

    a) O primeiro refere-se à percepção do ambiente informacional que compõe a

    administração municipal. Quanto mais o gerente e o administrador-decisor

    demonstram conhecer os sistemas de informação e observam as tendências de

    mudanças nos ambientes, melhores são as condições de gerenciamento e

    provisão de soluções adequadas.

    Para o grau de conhecimento dos sistemas informacionais a ser observado

    podemos subdividi-lo em três níveis:

    - conhecimento dos sistemas de informação em curso e disponíveis na

    unidade e órgãos em questão;

    - conhecimento dos sistemas de informação em curso e disponibilizados por

    outras unidades da Prodabel para os demais órgãos da administração;

    - conhecimento de sistemas de informação disponíveis para a PBH,

    automatizados ou não.

    A figura 4 esboça uma relação possível entre os sistemas de informação presentes

  • 38

    na administração pública municipal, onde as partes internas representam as

    porções que juntas formam o conjunto total de sistemas da PBH.

    A monitoração das tendências de mudança também pode ser observada em três

    níveis: - mudanças no ambiente da Prodabel,

    - mudanças no ambiente do órgão atendido, e

    - mudanças no ambiente da PBH.

    SlMmjadaP^oéabÊl

    Sistttfua da Unidadt/vrgao

    Sistemas da Unutate*/orgao

    Figura 4 : Relação entre os sistemas de informação da administração municipal

    b) O segundo fator trata da existência, conhecimento e entendimento de diretrizes

    e políticas. Quanto mais claro e internalizado estiverem as diretrizes e políticas

    da empresa e do órgão atendido, melhor será a compreensão e a capacidade de

    proposição, uso de soluções adequadas e gerenciamento das informações.

    c) O terceiro e último fator relevante para o passo diz respeito à estratégia

    gerencial de determinação das exigências adotada.

    A iniciativa de antecipar-se às necessidades de informação e de gerenciar as

    informações que circulam, a preocupação com a formalização e priorização da

    demanda, a busca do estreito relacionamento gerente e administrador-decisor,

  • 3 9

    assim como o uso de técnicas ou métodos para levantamento e entendimento

    das necessidades são aspectos estratégicos importantes e desejáveis.

    Passo 2: Obtenção de Informações

    Nesse passo, verificamos as estratégias adotadas para explorar, classificar e

    estruturar as informações. Conforme DAVENPORT (1998), para que um modelo de

    processo de gerenciamento informacional tenha algum valor real, precisa refletir a

    turbulência, a volatilidade e a complexidade dos negócios, dos locais de trabalho e da

    mente humana.

    As premissas genéricas são:

    a) O objetivo principal deve ser tornar a informação significativa e não apenas manter

    computadores e redes;

    b) As fontes de informação devem ser tão variadas e complexas quanto for o ambiente

    que o sistema de informação busca representar;

    c) Procurar mesclar informações formais e não-formais durante o desenvolvimento de

    soluções;

    d) Observar quais são os usuários potenciais do sistema, visto que nem sempre eles

    estão suficientemente próximos um do outro;

    e) Estar atento às tendências de mudanças na informação formal e não-formal.

    Exploração de informações:

    Uma exploração eficaz, segundo DAVENPORT (1998), depende de uma

    combinação das abordagens automatizadas e humana. Portanto, o melhor ambiente de

    exploração é aquele no qual todos executam a coleta de dados e depois compartilham as

    informações obtidas.

    É importante considerar:

  • 4 0

    - Realização de coletas eletrônicas

    - Troca de informações via computador (Notes, Internet)

    - Co