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„ t n r n f A «inaiiiia I
,P. - BIBLIOTECA
• 6 0 0 0 2 0 6 4 *
N i F i o u r C S T A r n o u t T A
F U N D A Ç Ã O J O Ã O P I N H E I R O
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
ATA DA DEFESA PUBLICA DE DISSERTAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
Aos 15 (quinze) dias do mês de dezembro de 1999, foi realizada a defesa pública da dissertação intitulada "A PRÁTICA DO GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO: ESTUDO EXPLORATÓRIO NA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE", elaborada por Myrza Vasques Chiavegatto como requisito parcial para obtenção do título de mestre do Programa de Mestrado em Administração Pública: Tecnologias da Informação, da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. Após a apresentação do trabalho, a mestranda foi arguída pelos membros da Comissão Examinadora, composta por: Prof. Jorge Tadeu de Ramos Neves (Orientador); Prof Ricardo Rodrigues Barbosa e Prof. Maurício Borges Lemos. A Comissão Examinadora se reuniu para deliberar e, considerando que a dissertação atende aos requisitos técnicos e acadêmicos previstos na legislação do Programa, decidiu, por unanimidade, pela APROVAÇÃO. Este documento expressa o que ocorreu na sessão da defesa e será assinado pelos membros da Comissão Examinadora.
B e l o H o r i z o n t e , 15 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 9
Mod 7003
A Márcio Áureo (Gugu), Claudia, Carla, Leandro e Cristiane.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Márcio Áureo Noronha de Oliveira (Gugu) por tanto companheirismo,
sintonia e imenso carinho, os quais tornaram o desafio deste trabalho possível.
Agradeço às minhas filhas Claudia e Carla pela compreensão e solidariedade
oferecidas nos momentos em que não pude lhes dar atenção.
Agradeço à minha mãe pelo alicerce que permitiu-me alcançar mais esta vitória.
Agradeço às minhas tias Glaura e Maria das Mercês, pelo carinho e apoio dedicados
ao longo da minha vida e aos meus sogros Cel Aures de Oliveira e Marina pela
preocupação e palavras de incentivo no empreendimento deste trabalho.
Agradeço à diretoria da Prodabel, especialmente ao presidente Gustavo da Gama
Torres, por colocar esta empresa em patamar mais elevado.
Agradeço ao meu orientador Prof. Jorge Tadeu de Ramos Neves pelo suporte,
paciência e confiança depositados.
Agradeço ao secretário municipal Dr. Maurício Borges Lemos (SMPL), aos
secretários adjuntos Dr. Júlio Ribeiro Pires (SMFA) e Dr. Renato Santos Pereira (SMGO),
a assessora de comunicação Maria Augusta Gatti de Vasconcelos (SMAD) e aos colegas da
Prodabel Haroldo Machado Cardoso, Maria Aparecida Trindade Vieira, Ricardo Santana
Trindade, João Gilberto da Silva Novais, Karla Albuquerque de Vasconcelos Borges, Joel
César Neto e Marcus Vinícius Pinto, que gentilmente concederam-me entrevistas,
fornecendo elementos fundamentais a este trabalho.
Agradeço ao meu Deus infinito, irmãos, parentes, amigos e a todas as pessoas que
fizeram parte deste momento de minha vida, apoiando, incentivando e especialmente
compartilhando de meus desafios, sonhos e conquistas.
iv
SUMÁRIO
1. I N T R O D U Ç Ã O E A P R E S E N T A Ç Ã O D O S O B J E T I V O S D O E S T U D O 1
2 . C O N C E I T O S E B I B L I O G R A F I A I I
2 . 1 G E R E N C I A M E N T O D A I N F O R M A Ç Ã O 1 1
2 . 2 G E S T Ã O D O C O N H E C I M E N T O E M O T I V A Ç Ã O N A S O R G A N I Z A Ç Õ E S 1 4
2 . 3 ESTRATÉGIA INFORMACIONAL 2 1
2 . 4 M O N I T O R A Ç Ã O A M B I E N T A L 2 5
2 . 5 C U L T U R A E C O M P O R T A M E N T O INFORMACIONAL 3 0
3 . P R O C E D I M E N T O S M E T O D O L Ó G I C O S 3 3
3 . 1 M O D E L O G E N É R I C O DE G E R E N C I A M E N T O D A I N F O R M A Ç Ã O 3 3
3 . 2 M E T O D O L O G I A 3 5
3 . 2 C O N D I C I O N A N T E S PARA A ANÁLISE 3 6
3 . 3 E S T R U T U R A S E FINALIDADES D A S INSTITUIÇÕES E N V O L V I D A S 4 4
4 . A N Á L I S E E C O L E T A D E D A D O S 5 1
4 . 1 I N S T R U M E N T O DE C O L E T A D E D A D O S E P O P U L A Ç Ã O P E S Q U I S A D A 5 1
4 . 2 C A T E G O R I A S D E A N Á L I S E 5 2
4.2.1 Perfil dos Entrevistados 52 4.2.2 Análise dos dados para cada passo do modelo proposto 55
5 . C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 8 1
5 . 1 C O N C L U S Õ E S 8 1
5 . 2 R E C O M E N D A Ç Õ E S 8 7
5.2.1 Diretrizes sobre Gerenciamento da Informação 87 5.2.2 Sugestões de Pesquisa 90
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 9 2
A N E X O - I N S T R U M E N T O S D E C O L E T A D E D A D O S 9 4
PERFIL D O E N T R E V I S T A D O 9 4
ROTEIRO D E E N T R E V I S T A - G E R E N T E D E INFORMÁTICA 9 5
ROTEIRO D E E N T R E V I S T A - A D M I N I S T R A D O R - D E C I S O R 1 0 0
V
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Conversão de Conhecimento proposto por NONAKA e TAKEUCHI 17 Figura 2: A evolução do controle da informação 21 Figura 3: O processo de gerenciamento da informação 33 Figura 4: Relação entre os sistemas de informação da administração municipal 38 Figura 5: Estrutura da Administração Pública Municipal 45 Figura 6: Organograma da Diretoria de Sistemas e Informação 47 Figura 7: Organograma da Diretoria de Infra-estrutura e Atendimento 49 Figura 8: Elementos de Referência à Cultura: Paradigma Antigo x Novo Paradigma. 86
vi
Tabela 1 - Idade 52 Tabela 2 - Titulação Acadêmica 53 Tabela 3 - Tempo de trabalho no setor público 53 Tabela 4 - Tempo de ocupação em função estratégica 54 Tabela 5 - Determinação das Exigências / Ambiente informacional 56 Tabela 6 - Determinação das Exigências / Monitoração de tendências de mudança... 59 Tabela 7 - Determinação das Exigências / Diretrizes e Políticas 61 Tabela 8 - Determinação das Exigências / Estratégia de Levantamento 63 Tabela 9 - Determinação das Exigências / Uso de técnicas 64 Tabela 10 - Determinação das Exigências / Estratégia Gerencial 65 Tabela 11 - Obtenção de Informações / Fonte administrador-decisor 67 Tabela 12 - Obtenção de Informações - Demais dados administrador-decisor 68 Tabela 13 - Obtenção de Informações / Fonte gerentes 69 Tabela 14 - Obtenção de Informações / Exploração 70 Tabela 15 - Obtenção de Informações / Classificação 71 Tabela 16 - Obtenção de Informações / Formatação e estruturação 72 Tabela 17 - Distribuição / Recursos 74 Tabela 18 - Distribuição / Canais 74 Tabela 19 - Distribuição / Estratégias 75 Tabela 20 - Uso da Informação 79
LISTA DE TABELAS
vii
RESUMO
O aumento do ritmo da inovação e o desenvolvimento das tecnologias da informação
têm produzido significativas mudanças nas estruturas sociais, econômicas e organizacionais.
Esse elenco de mudanças e tendências implica em diferentes tarefas que se
desenvolverão dentro da nova moldura organizacional e representa grande desafio para
gerentes e administradores-decisores no sentido de obterem novas técnicas gerenciais e
mecanismos de interpretação e ajuste adaptativo à realidade.
Várias técnicas de gerenciamento de recursos informacionais têm sido propostas, mas
ainda é grande a dificuldade que a maioria dos gerentes e administradores-decisores
encontram na obtenção de informações apropriadas e na estruturação de processos que
suportem a tomada de decisão.
Considerando-se a importância dos processos de gerenciamento da informação e o uso
apropriado da informação processada pela tecnologia, este trabalho se propôs a:
a. Verificar como os ambientes informacionais da Administração Pública Municipal
de Belo Horizonte vêm sendo percebidos e gerenciados;
b. Conhecer como são elaboradas estratégias e estruturas de sistema de informação
que auxiliem nos processos de tomada de decisão.
A observação do processo de definição, disponibilização e utilização da informação a
partir de um modelo genérico de gerenciamento da informação, permitirá melhor
compreensão e incorporação das tecnologias da informação como instrumento analisador para
produção e consumo de informação. Neste sentido, este trabalho visa apoiar gerentes na
reformulação de seus processos de trabalho, e conseqüentemente, na otimização do processo
decisório e melhor atendimento ao cidadão.
viii
ABSTRACT
The increase in the innovation rhythm and the information technology development
have been producing significant changes in social, economical and organizational structures.
This cast of changes and tendencies imply different tasks that will be developed within
the new organizational frame and represent a great challenge to managers and administrators-
deciders so as to obtain new management techniques and mechanisms of interpretation and
adaptive adjustment to reality.
Several techniques of management of information have been proposed but it's still
considerable the difficulties the majority of managers and administrators-deciders find in
getting the proper information and in structuring processes that can support the decision
making.
Considering the importance of information management processes and the appropriate
usage of the information processed by technology, this work propose to:
a. Verify how the informational environments of Belo Horizonte Public
Administration have been being perceived and managed;
b. Knowledge how strategies and structures of information system which help in the
process of the decision making are elaborated.
The observation of the process of definition, availability and usage of information
from a generic model of information management will permit a better understanding and
incorporation of the information technology as an analyzer instrument to the production and
application of information. Thus, this work intends to support managers in reformulating their
processes and therefore optimizing the decision process and help better the citizen.
1
1. INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS DO ESTUDO
O aumento do ritmo da inovação e o desenvolvimento simultâneo das
telecomunicações e da informática têm produzido significativas mudanças nas estruturas
sociais, econômicas e organizacionais e introduzido transformações no processo produtivo
e no consumo de bens e serviços. As tecnologias da informação e comunicação constituem
um novo paradigma tecnológico e viabilizam o surgimento da chamada "Era da
informação" ou "Era do conhecimento", com a emergência de uma economia baseada no
conhecimento.
Para se manterem competitivas, ou mesmo sobreviverem, em ambientes
caracterizados por constantes e profundas mudanças, as organizações, tanto públicas
quanto privadas, precisam reexaminar suas estratégias e questionar a estrutura de seus
sistemas de informação a partir das possibilidades oferecidas pelo rápido desenvolvimento
das tecnologias da informação. Administradores têm sido forçados a empreender esforços
no sentido de acompanhar, interpretar e compreender a natureza dessas mudanças e as
implicações para suas organizações.
Numa avaliação sobre o ambiente informacional e organizacional de uma
instituição, as alternativas para o processo de elaboração de estratégias mudam quando a
informação passa a ser tratada como um recurso de importância equivalente aos recursos de
capital, mão-de-obra e tecnologia. TAVARES (1991) reforça essa idéia afirmando que, no
contexto organizacional, a informação passou a ser a principal munição para a vantagem
2
estratégica, dependendo, contudo, se saber usá-la apropriadamente.
As diferentes tarefas que se desenvolverão dentro da nova moldura organizacional
exigirão informações especializadas e seletivas, sendo necessários processos bem
estruturados para o gerenciamento da informação. A forma de se pensar o problema do
gerenciamento da informação, sobre como devem ser pesadas as respostas possíveis à luz
da tecnologia, ambiente interno e externo, mentalidade organizacional e investimentos
necessários, passa, então a ser uma questão fundamental na definição de uma estratégia
dinâmica de informação.
Esse elenco de mudanças e tendências de ordem social, econômica, tecnológica e
política representa um grande desafio para gerentes e outros profissionais no sentido de
manterem-se atualizados e obterem novas técnicas gerenciais para lidarem com tantas
transformações. Bernardo KLIKSBERG (1993) aponta em seu relatório "O Desafio da
Exclusão" apresentado durante a Conferência Internacional de Ciências Administrativas
realizado em Toluca, no México,
...que é função do gerente fornecer, à sua organização, uma visão do que está ocorrendo no ambiente e, nessa medida, consideradas as tendências dominantes, fazer sugestões sobre como a organização deve orientar-se. O gerente, portanto, "legitima" determinadas interpretações da realidade e se ele equivoca-se, toda a organização é induzida a erros graves. Os dilemas que a gerência pública tem de enfrentar, seja quanto às suas opções, aos problemas de compatibilização de objetivos, aos problemas de restrições e de proibições, seja quanto à eleição dos meios, são questões que exigem respostas técnicas específicas. É preciso que os gerentes sofistiquem seus mecanismos de interpretação da realidade e as suas capacidades de ajuste adaptativo à realidade. Que lidem com a informação de modo diferente do modelo gerencial tradicional.
Um dos problemas críticos de hoje é a falta de informações apropriadas ao processo
decisório. TAVARES (1991) observa que:
A deficiência de informações é gerada usualmente por informações inadequadas ao contexto específico de determinada tomada de decisão; ou ainda pela transmissão de informações defasadas às necessidades do processo decisório.
3
Para ACKOFF (1967:114)' :
... embora os executivos necessitem crescentemente de informações relevantes, as quais são foco básico dos sistemas de informações gerenciais, eles são, ao mesmo tempo, vítimas de uma abundância de informações irrelevantes.
A inadequação de informações relaciona-se a seus aspectos quantitativo e
qualitativo. E muito comum termos insuficiência de dados ou o excesso de disponibilidade
de informação que não se aplica a uma tomada de decisão específica. Os responsáveis pelas
decisões são levados a acreditar em seu feeling e tomar decisões baseadas muitas vezes
apenas na intuição, quando a objetividade também deveria estar presente. Outro problema é
relacionado à defasagem das informações. Tal ocorrência é muito comum quando a
informação é gerada por órgãos do governo, onde a coleta e tratamento das informações
muitas vezes se dá de forma morosa e burocrática.
Além do hábito de usar ou não as informações, coexistem os aspectos do custo para
sua coleta, tratamento e difusão, e os requisitos de especialização técnica para a sua
administração. Esses fatores contribuem para o empirismo no processo decisório e no
planejamento, prejudicando sua qualidade.
Ironicamente, à medida que a informação se torna mais e mais importante,
precisamos aprender a pensar além das máquinas. O volume e a variedade da informação,
os múltiplos propósitos a que se destina e as rápidas transformações derrotam até mesmo as
mais rigorosas tentativas de planejamento ou controle, o que certamente demandará não
somente novas tecnologias, mas também a mudança profunda da cultura gerencial
predominante.
Já é sabido que investir grandes somas na aplicação das tecnologias de informática
e comunicação, por si só, não habilita as organizações em termos de gerenciamento da
1 Citado p o r Ò L I V E I R A ( 1 9 9 2 ) .
4
informação. Não é a tecnologia, mas sim o seu uso apropriado que cria valor agregado,
pois, na era do conhecimento, a capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a
informação de forma eficaz é que promove o diferencial estratégico. As tecnologias de
informação alteram as formas e processos de trabalho, mas as atenções ainda estão mais
voltadas para aquilo que a tecnologia é capaz de fazer do que para como se obter melhores
informações. Embora necessária, a tecnologia é tangencial aos avanços reais que podem ser
alcançados. A vantagem estratégica somente ocorre como resultado do gerenciamento e
uso efetivo da informação processada pela tecnologia.
A situação administrativa do setor público, principalmente o brasileiro, geralmente
é caracterizada por ineficiência, ineficácia e custos excessivos. Nesse momento de
revolução tecnológica e organizacional, a maioria do setor público encontra-se
hipertrofiado e estagnado, muitas vezes incapaz de dar respostas rápidas e de formular e
implantar políticas públicas voltadas para melhor equalização da cidadania. Para que o
Estado possa cumprir novos papéis e corresponder ao modelo renovado de inter-relação
Estado-Sociedade, é necessária a utilização de sistemas de informação estratégicos que
permitam a formulação de políticas e a avaliação sistemática dos resultados.
Várias técnicas de gerenciamento de recursos informacionais e sistemas de
informação têm sido propostas, mas ainda é grande o desafio de se utilizar adequadamente
a informação e as tecnologias a ela associadas ao processo decisório. Freqüentemente
administradores-decisores são levados a tomar decisões baseadas em sua intuição, visto
não disporem de informações adequadas. Esta falha costuma ser atribuída à montagem
defeituosa dos próprios modelos de sistemas utilizados e talvez muitas das tentativas para a
criação de sistemas de gerenciamento de informação têm falhado porque organizam dados
5
sob formas que possuem um significado para os analistas, programadores e demais técnicos
de informática, mas não permitem aos administradores-decisores e usuários fazer perguntas
sobre esses dados para estabelecer relações ou manipulá-los para adquirir informações. As
origens e causas de tais falhas provavelmente estão intrinsecamente ligadas a própria
estrutura organizacional da burocracia, da sua cultura, atitudes, comportamentos, processos
de trabalho e armadilhas no intercâmbio de informações, que podem não ensejar a
emergência de soluções tecnológicas mais adequadas.
E visível a dificuldade que a maioria dos administradores-decisores encontra na
obtenção de informações apropriadas e na estruturação de processos que os auxiliem na
tomada de decisão. LEMOS(1998) 2 ressalta essa dificuldade:
...que a informática, enquanto instrumento de transformação e mudança, não consiste pura e simplesmente na disponibilização de computadores, mas principalmente na mudança de atitudes, pessoas, processos e, sobretudo, estruturas.
Alguns poucos e pequenos exemplos são eloqüentes para a ilustração desta situação vivida pelo setor público brasileiro. Até hoje, na maioria das instituições em nível municipal, estadual ou federal não se consegue produzir um relatório mensal de acompanhamento da execução orçamentária e financeira, suficientemente analítico e desagregado, ficando o seu esquema de acompanhamento restrito aos relatórios de caixa e aos balanços anuais, que tendem a ser indevidamente agregados e incompatíveis temporalmente com as necessidades de acompanhamento. Da mesma forma, não se consegue acompanhar, nestes três níveis de governo desagregado por tipo de obra ou contrato, a execução e medição dos investimentos correntes. Igualmente, não se dispõe de informações {on line ou de qualquer espécie) sobre estoque de terrenos e propriedades destes três níveis de governo, necessitando-se, via de regra, de informações aleatórias ou de terceiros, Mais grave ainda, não se tem on line a situação dos processos e ações na justiça, bem c o m o dos pareceres produzidos pelas procuradorias públicas.
Na verdade, as organizações, em especial as do setor público, estão cercadas de
dados e informações que poderiam se tornar conhecimento valioso diante de uma situação
de tomada de decisão, mas dificilmente as informações necessárias encontram-se
disponíveis na forma apropriada ou no momento adequado para utilização na solução de
2 Maurício Borges Lemos é Secretário Municipal do Planejamento da Prefeitura de Belo Horizonte desde 1993, Professor titular do Cedeplar / UFMG e doutor em economia pela Unicamp. Revista Espaço BH: Lemos, M.B., Notas sobre o capital intelectual: sua importância no processo de modernização do aparelho do estado, Prodabel, 1998, ano 2, n M 3 e 4.
problemas. A escassez ou excesso de informações, a complexidade, o escopo das
aplicações, as necessidades de integração e coordenação intra e interdepartamental
costumam ser barreiras freqüentes durante a concepção e implantação de sistemas e
soluções de informação.
Somando-se a isso, até há bem pouco tempo atrás, os sistemas de informação
destinavam-se apenas a organizar as chamadas informações transacionais das organizações
(contabilidade, controle de estoques, folhas de pagamento, sistemas de tributação, etc) e
atendiam a estruturas organizacionais funcionais, ou seja, ligadas à descrição circunspecta
e criteriosa das funções nas organizações. Os processos de tomada de decisão
fundamentavam-se em processos quantificáveis, devido ao não reconhecimento da
necessidade de inclusão dos fatores subjetivos em sua análise. Quando emergiu esse
reconhecimento, surgiu uma enorme dificuldade em se trabalhar, expressar, representar e
incorporar os fatores não quantificáveis, ou seja, aqueles que não podem ser expressos em
uma unidade numérica, tais como: valores sociais, políticos, pessoais ou riscos que
envolvem decisões ou projetos.
Os administradores-decisores de hoje precisam de sistemas flexíveis que possam
assimilar as constantes alterações no mundo dos negócios e adaptar-se às sempre mutantes
realidades sociais. Para tal, os fatores subjetivos devem ser incorporados, juntamente com
os fatores objetivos, ao processo de análise, para que o resultado obtido possa retratar a
realidade de forma mais adequada, e, consequentemente, induzir a uma tomada de decisão
mais adequada. Quando os problemas se apresentam de forma vaga, obscura e mal definida
aos olhos dos próprios administradores-decisores, tornam-se difíceis o entendimento do
problema e a compreensão da situação e de todo o contexto onde ele está inserido.
Os desdobramentos da evolução tecnológica e as grandes mudanças nos aparelhos
7
do Estado estão apenas se esboçando, podendo-se prever profundas modificações nos
próximos anos e décadas. A importância crescente do papel da infra-estrutura
informacional pode contribuir para redefinir o papel do setor público.
Ações de modernização tecnológica vêm sendo realizadas através da implantação
de novos modelos de informática pública, apoiados na descentralização dos serviços e no
uso das tecnologias em favor do cidadão. Governos têm utilizado as tecnologias para
desenvolver, aperfeiçoar e ampliar seus sistemas de informação com vistas a melhorar a
prestação dos serviços públicos e reduzir os custos da administração.
Um exemplo de ação de modernização tecnológica no setor público foi o projeto
empreendido pela Prodabel 3 no período de 1993-1996, que modificou seu modelo de
funcionamento para provisão de serviços de informática à administração pública, através
do seu projeto de Descentralização da Informática na Prefeitura de Belo Horizonte - PBH.
A empresa saiu de uma composição rígida e centralizada para uma organização mais
flexível, ampliando o acesso público às informações governamentais. O projeto promoveu
a substituição da arquitetura de processamento centralizado (mainframe) para um ambiente
de computação aberto e distribuído, implantando a Rede Municipal de Informática - RMI.
Em termos organizacionais, transformou sua estrutura de operação descentralizada em
unidades de informática e informação, aproximando os administradores das tecnologias de
informática e possibilitando desenvolver soluções mais adequadas às necessidades dos
clientes. A empresa também redefiniu funções e requalificou técnicos e administradores-
decisores.
3 Prodabel - Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte, responsável pelo desenvolvimento de projetos e prestação de serviços à Prefeitura de Belo Horizonte na área de informática. Sua missão é: "Coordenar as políticas públicas de informação e informática e disponibilizar os recursos tecnológicos para a sua execução, com o objetivo de garantir, com a PBH, os direitos e a participação do cidadão frente ao poder público e nas decisões de governo, através da democratização e disseminação de informações, com qualidade e segurança."
8
Recentemente, em sua busca contínua pela modernização, a empresa reorientou
seus projetos conforme prioridades definidas pelo governo municipal de forma a
impulsionar o uso da tecnologia em favor do cidadão. Além disso, vem investindo na
permanente capacitação de funcionários da empresa e servidores da prefeitura.
Apesar da ruptura de paradigma, de seu pioneirismo na adoção de um modelo
descentralizado e da mudança do uso da informática no âmbito público, o processo ainda
requer novas ações, tendo em vista a crescente importância que os processos
informacionais têm adquirido.
Todo este conjunto de mudanças determina variações essenciais no comportamento
administrativo. As regras de gerenciamento e administração atualmente em uso foram
desenvolvidas e estão organizadas para mercados e tecnologias estáveis ou que se alteram
em processos graduais e lentos. A tecnologia da informação começa a alterar a natureza da
administração e afeta de maneira contundente o direcionamento e o ritmo das mudanças.
Gerenciar tornou-se uma tarefa diferente, pois o modo tradicional de pensar os problemas
não mais satisfaz as novas demandas gerenciais. Hoje, os gerentes têm que lidar com a
complexidade e com a incerteza; melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos
e procurar o desenvolvimento humano e econômico.
Considerando-se a importância dos processos de gerenciamento da informação e o
uso apropriado da informação processada pela tecnologia, este estudo tem como objetivos:
verificar como os ambientes informacionais da PBH vêm sendo percebidos e gerenciados e
conhecer como são elaboradas estratégias e estruturas de sistemas de informação que
auxiliam nos processos de tomada de decisão.
A observação do processo de definição, disponibilização e utilização de informação
estratégica, associada ao estudo teórico, permitirá melhor compreensão e incorporação das
9
tecnologias de informação como instrumento analisador para produção e consumo de
informação, sendo importante para que a Prodabel e a PBH alcancem maior equilíbrio
entre a aplicação das tecnologias de informação e a obtenção e utilização da informação em
si e possam mudar e desenvolver estratégias adequadas capazes de criar valor agregado
para os órgãos da administração direta e indireta do município e, consequentemente,
melhor atender o cidadão.
Como referente empírico, realizou-se um estudo exploratório na PBH,
especificamente nos níveis estratégicos das secretarias municipais do Planejamento,
Fazenda. Administração e Governo e nas unidades de informática da Prodabel responsáveis
pela disponibilização de soluções de informática e sistemas de informação para esses
órgãos, utilizando-se como referência conceituai um modelo genérico de processo de
gerenciamento da informação proposto por DAVENPORT (1998), em seu livro "A
Ecologia da Informação", constituído de quatro passos básicos: determinação das
exigências informacionais, obtenção, distribuição e utilização de informações.
O estudo aborda a situação atual existente (1999), procurando identificar como a
informação é adquirida, tratada, interpretada e disponibilizada pelos gerentes de
informática, buscando estabelecer diretrizes e requisitos mínimos que possam apoiar
gerentes na reformulação de seus processos de gestão da informação e na criação ou
melhoria de bases de informação e de processos estruturados para gerenciamento da
informação e, por conseqüência, otimizar o processo decisório.
Neste sentido, o estudo procura obter respostas para as seguintes questões:
• Existe um modelo estruturado de gerenciamento das informações sendo
utilizado na administração de Belo Horizonte?
• Os passos do modelo gerenciamento da informação abordados por esse estudo
1 0
são aplicados? Caso afirmativo, eles têm sido avaliados, sistematizados e
melhorados?
• As necessidades de informações são identificadas e fornecidas de forma
apropriada ao processo decisório?
• Existe uma estratégia global de informação que norteie o processo de
gerenciamento da informação no município de Belo Horizonte ?
• O ambiente informacional da PBH mudou em resposta às modificações na
estrutura organizacional promovidas pelo processo de descentralização
realizado pela Prodabel?
Os instrumentos utilizados para realização da pesquisa foram: revisão bibliográfica;
entrevistas estruturadas, pesquisa documental existente na Prodabel e a observação
participante da autora, enquanto funcionária dessa empresa.
As entrevistas estruturadas foram realizadas com os gerentes de informática que
atendem às secretarias do Planejamento, Fazenda, Administração e Governo da PBH e com
administradores-decisores ocupantes dos níveis estratégicos desses órgãos, podendo ser o
próprio secretário municipal ou alguém designado por ele, que atue como principal fonte
de informação para o processo decisório do órgão.
A escolha dessas secretarias partiu da premissa que as atividades nelas
desenvolvidas podem ser consideradas das mais estratégicas, abrangentes e presentes nas
tomadas de decisão do governo municipal. Foram preparados dois roteiros de entrevistas:
um voltado para a visão do gerente de informática, outro voltado para a visão do
administrador-decisor. Antes da realização das entrevistas definitivas, foi aplicado um pré-
teste envolvendo gerentes de outras unidades da Prodabel para validação da complexidade
e clareza dos instrumentos de coleta de dados.
1 1
4 O PRA-Paperwork Reduction Act é considerado a primeira estratégia de gerenciamento da informação adotada pelo governo federal americano e tinha c o m o metas: 1 ) minimizar o uso de documentos em papel no setor público; 2 ) reduzir o custo governamental das atividades de informação.
2. CONCEITOS E BIBLIOGRAFIA
2.1 Gerenciamento da Informação
Enquanto a idéia de Gerenciamento dos Recursos Informacionais (GRI) como uma
função integrada foi proposta em 1960 por Robert S. Taylor, o conceito de GRI tornou-se
mais visível na literatura ao final dos anos 70 e início dos 80, provavelmente, em parte,
pela adoção e implementação do PRA - Paperwork Reduction Act*, em 1980, pelo governo
federal americano. A adoção e implementação do PRA despertou em pesquisadores,
profissionais liberais, órgãos governamentais e outros grupos, grande interesse por estudos
de informação, sistemas de gerenciamento da informação e gerenciamento público
(BERGERON, 1996).
O termo "gerenciamento da informação" é geralmente usado como sinônimo de
"gerenciamento de recursos informacionais" por muitos autores (por exemplo, CRONIN &
LYTLE). Outros autores fazem distinção entre os dois termos (por exemplo, BURK &
HORTON; MARCHAND & HORTON; U.S. Office of Management and Budget, 1994).
Apesar da diferenciação dos dois termos, autores como BURK & HORTON (1988) usam
os termos gerenciamento da informação e gerenciamento de recursos informacionais de
forma intercambiável. Os dicionários de vocabulário ABI Controlled Vocabulary e o
Thesaurus of ERIC Descriptors sugerem que, na prática, não existe muita diferença entre
as terminologias. Assim, para efeito deste trabalho, consideraremos os dois termos como
sinônimos.
12
BERGERON (1996) diferencia a definição do conceito de gerenciamento da
informação sob duas óticas: 1) do ponto de vista da tecnologia da informação, 2) na
perspectiva integrativa.
Na perspectiva da tecnologia da informação (TI), a autora define GRI como sendo
um guia para melhor gerenciar os sistemas de informação baseados em computador,
enfatizando o aspecto técnico do gerenciamento da informação em cinco principais
componentes: 1) gerenciamento de recursos (dados, informação, hardware, software e
pessoal); 2) gerenciamento da tecnologia sob direção de um executivo controlador da
informação - CIO 5 ; 3) gerenciamento funcional (i.e., aplicações de gerenciamento técnico
dos recursos de sistemas de informação); 4) gerenciamento estratégico desses recursos; 5)
gerenciamento distribuído (i.e., distribuição de responsabilidades para desenvolvimento,
operação e gerência de sistemas de informação).
Sob essa perspectiva de TI, as atividades de GRI incluem itens como planejamento
de dados, planejamento de capacidade, seleção de aplicações, desenvolvimento de sistemas
de informação, gerenciamento de projetos, aquisição de hardware e software, integração de
sistemas, tecnologias e administração de dados. As principais partes são as tecnologias da
informação, as habilidades e os métodos, tais como o método de ciclo de vida de
desenvolvimento de sistemas recomendado para projetar e implementar sistemas de
informação baseados em computador. O GRI procura a integração de funções de
informação tais como SIGs 6, automação de escritórios e sistemas de comunicação dentro
de uma abordagem holística para disseminar a informação dentro da organização.
5 CIO - Chief Information Officer. 6 SIGs significa Sistemas de Informações Gerenciais. Uma definição existente para o termo, dada por Nash e Roberts (1984) é a seguinte: "Um SIG é a combinação de pessoas, facilidades, tecnologia, ambiente, procedimento e controles, com os quais se pretende manter os canais essenciais de comunicação, processar certas rotinas típicas de transações, alertar os executivos para a significância dos eventos internos e externos e proporcionar uma base para a tomada de decisão inteligente" (Citado em Oliveira, 1992).
13
Para STRASSMANN (1995), a primeira limitação dessa perspectiva é a restrição
dos recursos de informação baseados em computador. Estima-se que a informação baseada
em papel ainda soma mais de 85% de toda a informação que circula nas organizações
(DAVENPORT, 1995). Outra limitação é que os dados produzidos internamente,
essenciais em todos os níveis (operacional, tático e estratégico) das organizações, não são o
bastante, especialmente nos níveis táticos e estratégicos. E necessário monitorar o ambiente
externo à organização e prover entradas para a tomada de decisão estratégica. O autor
sugere que a prática de tratamento da informação externa, separada e diferentemente da
informação interna, pode ser ineficiente na troca entre os dois ambientes porque ambos são
interdependentes.
Do ponto de vista da perspectiva integrativa, o GRI pode ser visto como uma
abordagem de gerenciamento e função que procura integrar e harmonizar as fontes de
informação corporativas, os serviços e sistemas e criar uma sinergia entre os recursos
informacionais internos e externos das organizações (BURK & HORTON, 1988)7.
Nessa perspectiva, o GRI atua como uma estrutura integradora de nível tecnológico,
funcional, metodológico e disciplinar, baseada no administrador-decisor. que se preocupa
com: a informação formal que flui e como ela é fixada na organização, a informação
externa e interna e os sistemas de informação baseados ou não em computadores. E uma
abordagem que busca: 1) identificar o processo de informação, o fluxo e a necessidade de
informação para suportar as metas da organização; 2) verificar o ciclo de vida do
gerenciamento da informação; 3) integrar o conhecimento e a habilidade das pessoas na
organização; e 4) promover o efetivo e eficiente uso dos recursos informacionais. Na
perspectiva integrativa, o GRI também serve como um elo entre os recursos informacionais
7 Citado em BERGERON (1996).
1 4
da organização e o planejamento estratégico no uso para o desenvolvimento estratégico.
Neste trabalho, consideraremos o gerenciamento da informação na perspectiva
integrativa, buscando entender o processo de administração da informação. Assim, um
conceito simplificado para gerenciamento de informação pode ser um conjunto estruturado
de atividades que incluem o modo como se obtêm, distribui e usa a informação. Enxergar o
gerenciamento da informação como um processo, segundo DAVENPORT (1998), ajuda a
introduzir um visão interfuncional, que traz consigo métodos, ferramentas e técnicas de
uma variedade de funções orientadas para a informação.
2.2 Gestão do Conhecimento e Motivação nas Organizações
Para falarmos em gerenciamento da informação é preciso compreender e diferenciar
os termos dado, informação e conhecimento, procurando perceber seus reflexos no
ambiente informacional das organizações sob a ótica da administração da informação. Pode
parecer trivial, mas não é nada fácil fazer esta distinção, pois estes termos encontram-se na
literatura nas mais diversas formas e apresentam uma multiplicidade de interpretações e
perspectivas. A informação, por exemplo, é um termo que, além de envolver dados,
informação e conhecimento, serve como conexão entre os dados brutos e o conhecimento;
depende de interpretação humana, de julgamento e da opinião que se tem a partir dos
dados; além disso, nem toda informação é significativa ou representa conhecimento. Sendo
assim, entender as diferenças e encontrar definições para cada um dos termos é um ponto
de partida útil.
DAVENPORT (1998) definiu dados como "simples observações sobre o estado do
mundo". Os dados, em si mesmos, não são suficientes e não se transformam em
informação até que as relações entre os vários fatos e suas implicações para a organização e
1 5
os indivíduos sejam descobertos, tornem-se visíveis e explícitos. Podemos considerar que
dado é uma unidade da informação ainda não interpretada. Quando se possui tantos dados
válidos quanto uma compreensão das relações entre eles, podemos então afirmar que
possuímos algo que se assemelha à informação.
Da perspectiva do gerenciamento da informação, dado é algo fácil de se capturar,
comunicar e armazenar. É facilmente estruturado, obtido e armazenado por máquinas,
freqüentemente quantificavel e facilmente transferível.
A informação, por sua vez, parte de um referencial e representa a mudança de
estado dos dados. Peter DRUCKER (1994) definiu informação como "dados dotados de
relevância e propósito". Pessoas transformam dados em informação, dando-lhes contexto,
significado e interpretação, assim, podemos considerar que informação é dado com valor
agregado. Nenhuma informação é neutra, sempre carrega consigo um juízo de valor e está
inserida em um determinado contexto.
Do ponto de vista do gerenciamento da informação, ao contrário dos dados, a
informação exige análise, interpretação e interferência humana, tornando-se difícil
transferi-la com absoluta fidelidade.
Já o conhecimento inclui reflexão, síntese e contexto. Pode significar informação,
conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, experiência, qualificação,
discernimento, competência, habilidade prática, capacidade, aprendizado, sabedoria,
certeza e assim por diante. Logo, sua definição depende do contexto em que o termo é
empregado.
Há muito se sabe da relevância do conhecimento e do talento humano como
diferencial produtivo e competitivo entre as organizações. O bom resultado de um produto
sempre esteve associado à maneira peculiar com que as pessoas fazem as coisas. Tal
16
maneira, certamente inclui a forma da organização das equipes, o bom relacionamento
entre elas e principalmente, a transformação do conhecimento individual em coletivo, o
que significa dizer que eventuais revoluções no "como fazer", decorrem da aplicação do
conhecimento em associação com a experiência e a inteligência humana.
O conhecimento tem sido reconhecido por muitos autores (por exemplo,
DRUCKER, 1994; TOFFLER, 1994; NONAKA & TAKEUCHI, 1997; SVEIBY, 1998)
como um componente importante das organizações e tem trazido uma nova percepção, uma
nova consciência de que o conhecimento organizacional é algo ligado às pessoas, regras e
fórmulas que entram de diferentes formas e dinamicamente se transformam em outras.
Peter DRUCKER (1994), entre outros autores, anuncia a chegada de uma nova
economia ou sociedade, à qual se refere como "Sociedade do Conhecimento". Sugeriu que
um dos desafios mais importantes impostos às organizações da sociedade do conhecimento
é desenvolver práticas sistemáticas para administrar a autotransformação. A organização
tem que estar preparada para abandonar o conhecimento que se tornou obsoleto e aprender
a criar o novo através dos seguintes pontos: 1) melhoria contínua de todas as atividades; 2)
desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos; e 3) inovação
contínua como um processo organizado.
Muitos autores também concordam que o futuro pertence às pessoas que detêm
conhecimento, aquele que sabe alocar o conhecimento para o uso produtivo. Um dos novos
desafios gerenciais é, portanto, a habilidade de gerenciar o "intelecto baseado no
conhecimento" e de identificar, solucionar e avaliar novos problemas.
NONAKA e TAKEUCHI (1997) fazem distinção entre dois tipos de conhecimento:
o explícito, que é o conhecimento formal contido nos manuais e nas normas de praxe das
organizações e que pode facilmente ser "processado" por um computador, transmitido
17
eletronicamente ou armazenado em banco de dados; e o tácito, que se obtém pela
experiência, que sendo de natureza subjetiva e intuitiva dificulta o processamento e a
transmissão. Esses autores acreditam que o conhecimento desempenha um papel
importante na conquista da vantagem competitiva e que o conhecimento acumulado
externamente, se amplamente compartilhado dentro da organização, forma uma base de
conhecimento organizacional que abastece a inovação, o aperfeiçoamento e melhorias
contínuas. \
Na verdade, estes dois tipos de conhecimento são como dois lados da mesma
moeda, e são igualmente pertinentes para o conhecimento global da organização. A base
para a criação do conhecimento organizacional é a transformação do conhecimento tácito
em conhecimento explícito e vice-versa. O conhecimento flui através de diferentes fases do
seu ciclo de vida, conforme diagrama mostrado na Figura 1, que apresenta as quatro formas
S
do ciclo de conversão de conhecimento proposto por NONAKA e TAKEUCHI (1995) .
para Tácito Explícito
Tácito Socialização Externalização
Explícito
Figura 1 : Conversão de Conhecimento proposto por N O N A K A e TAKEUCHI
Fonte - BORGHOFF & P A R E S C H I , 1998, tradução da autora
Citado em BORGHOFF & PARESCHI (1998) .
18
A "Socialização" é o processo de divisão ou compartilhamento das experiências
entre os membros da equipe. Os membros mais jovens (aprendizes) adquirem
conhecimento através da observação, acompanhamento das tarefas e copiando o
comportamento dos membros mais experientes da equipe.
A "Externalização" é o processo de criação do conhecimento através do qual o
conhecimento tácito é transmitido por metáforas, analogias, modelos e histórias. Ele pode
ser impulsionado pelo diálogo entre os indivíduos ou durante reuniões coletivas de reflexão
sobre as práticas da organização, onde a descrição de detalhes técnicos e relatos de
histórias descem ao nível afetivo de resposta e facilitam o processo de transferência de
conhecimento.
A "Combinação" é o processo de agrupamento e reconfiguração do conhecimento
que permite a criação de um conhecimento novo. E a forma mais comum de transferência
de conhecimento utilizada em escolas e programas institucionais. Em organizações, os
técnicos, por exemplo, combinam seus conhecimentos tácitos avaliando e corrigindo
relatórios, memorandos e uma variedade de outros documentos.
A "Internalização" é o processo de aprendizado e socialização do conhecimento
através da execução repetida de uma tarefa. O conhecimento é "introjetado" ao estilo
individual e permite a criação dos hábitos profissionais.
Assim, as organizações criam e exploram conhecimento para desenvolver novas
habilidades e inovações através de três atividades que se sobrepõem: 1) geração e
compartilhamento do conhecimento implícito; 2) teste e prototipação do conhecimento
explícito; e 3) relacionamento e obtenção de conhecimento externo. O conhecimento tácito
pode ser expandido através da socialização e comunicação de interesses e de práticas, e o
novo conhecimento tácito pode ser gerado através de internalização do conhecimento
19
explícito por intermédio do aprendizado e treinamento. Novo conhecimento explícito pode
ser gerado pela externalização do conhecimento tácito, como acontece, quando novas e
melhores práticas são selecionadas entre a prática de trabalho informal de uma informação.
NONAKA e TAKEUCHI (1997) afirmam que toda essa conversa sobre importância
do conhecimento pouco nos ajuda a compreender como se cria o conhecimento. Apesar de
toda a atenção, pouco realmente se examinou sobre os mecanismos e processos pelos quais
o conhecimento é criado.
Assim, os computadores são ótimos para nos ajudar a lidar com dados, mas não são
tão adequados para lidar com informações e, menos ainda, com o conhecimento. Novas
tecnologias, incluindo o groupware, redes eletrônicas e aplicações multimídia facilitam
muito a administração das mais complexas formas de informação. Só há um problema: esse
tipo de informação não é facilmente govemável, e em geral não conseguimos capturar sua
indistinta e frustante diversidade.
Não há dúvida de que conhecimento é a informação mais valiosa da mente humana,
sendo do ponto vista do gerenciamento da informação difícil de ser administrado,
estruturado e capturado em máquinas.
Na últimas décadas, os administradores-decisores satisfaziam-se com a simples
distribuição de informação quantitativa relacionada ao desempenho de categorias
uniformes definidas pelas gerências. Hoje, no entanto, eles estão cada vez mais
interessados em capturar idéias - explicações ou contextualizações de resultados e soluções
para problemas. Os administradores-decisores precisam de uma perspectiva global, que
possa assimilar as constantes alterações no mundo dos negócios. Computadores e redes de
comunicação melhores não conduzem necessariamente a um aperfeiçoamento dos
ambientes de informação.
20
De acordo com DAVENPORT (1998), quando começamos a pensar nas muitas
relações entrecruzadas de pessoas, processos, estruturas de apoio e outros elementos do
ambiente informacional de uma empresa, podemos obter um padrão melhor para
administrar a complexidade e a variedade do uso atual da informação. A ênfase primária
não está na geração e na distribuição de enormes quantidades de informação, mas no uso
eficiente de uma quantia relativamente pequena.
O que se pode deduzir dessas posições é que as tecnologias da informação ampliam
o ambiente informacional e tem utilidade para criar sistemas informatizados para apoiar o
processo de tomada de decisões.(^Administrar a informação é importante para prover a
agregação de valor às informações, e os gerentes têm um papel importante na definição,
análise, criação, aconselhamento, manutenção e gerenciamento de recursos informacionais
pois usando de sua experiência, acúmulo de informação e conhecimento são capazes de
lhes dar contexto e interpretação, absorver novos conhecimentos, interpretá-los e montar
novas definições, novos pontos de vista, novos modelos mentais que permitem prever
como algum elemento ou situação vai evoluir no tempo. \
Como a maioria dos nossos sistemas foram concebidos com uma preocupação
voltada exclusivamente para informação e não conhecimento, enxergar o trabalho como
um processo ou conjunto estruturado de atividades que incluem a maneira como se obtêm,
distribui e usa a informação e conhecimento, considerar todas as fontes envolvidas, todas
as pessoas que afetam cada passo e todos os problemas que surgem pode indicar um
caminho para mudanças que realmente fazem diferença, podendo ser o início de um
processo de criação de base de conhecimento organizacional, além de oferecer uma
estrutura sobre a qual os gerentes de informática podem desenvolver estratégias úteis e
valiosas para apoiar administradores-decisores na tomada de decisão.
2 1
2.3 Estratégia Informacional
Uma questão a ser considerada é a estratégia ou política informacional adotada pela
organizações. Em praticamente todas as instituições, a informação é influenciada por
manobras políticas, pelos jogos de poder e pela economia. O gerenciamento da informação
pode ser realizado de forma intuitiva ou de maneira ordenada, podendo também ser
utilizado tanto para distribuir poder como para centralizá-lo, influenciado por fatores como
o tamanho da organização, ramo de atividade, estrutura organizacional, etc.
Existem diferentes formas de políticas para se administrar o ambiente informacional
das organizações. Entre alguns arranjos possíveis destacamos quatro modelos: federalismo,
feudalismo, monarquia e anarquia. Estes modelos formam a evolução do controle local do
ambiente informacional em contraposição ao controle centralizado, conforme mostrado na
Figura 2 (DAVENPORT, 1998).
Monarquia Federalismo Feudalismo Anarquia
Maior controle Menor controle central central
Figura 2 : A evolução do controle da informação
Fonte - D A V E N P O R T , 1998. p. 92
Examinemos a seguir, o conteúdo de cada um desses modelos e os benefícios,
problemas ou dificuldades contidos em seus princípios.
O modelo federalismo é o mais democrático de todos. Ele exige uma negociação
racional entre os grupos centrais e os dispersos. Envolve um governo central menos
regulador e um alto nível de autonomia local. Em relação à informação, poucos elementos
necessitam ser definidos e controlados centralmente, enquanto o restante é administrado
2 2
nas unidades locais. O controle se desloca continuamente entre as extremidades. O nível
central estabelece as informações comuns, mas permite que as unidades locais reproduzam
suas próprias formas de obter e armazenar a informação, desde que sigam padrões que
permita o compartilhamento dos dados.
STRASSMANN (1995) escreve sobre política informacional e argumenta que, para
"lidar com os conflitos inerentes entre as unidades autônomas e os níveis centrais das
organizações, o gerenciamento informacional deve operar como uma federação de
múltiplas camadas". Ele divide a informação em sete categorias: pessoal, local, aplicativa,
de negócios, de processo, empresarial e global.
O nível de compartilhamento de informação é que determina a integração
operacional, visto que não pode haver sinergia entre as unidades sem troca de informação.
Os grupos de interesse devem priorizar, programar e fornecer informações de acordo com
as negociações realizadas entre eles.
Neste sentido, o modelo pode ser ajustado a diferentes tipos de informação. O
federalismo ressalta não apenas a troca de resultados, mas também as melhores práticas
sobre o desempenho do método aplicado no controle das informações. Enfatiza o
compartilhamento das informações públicas com toda a organização.
No modelo feudal, as unidades locais têm o controle dos ambientes informacionais,
vivendo em castelos isolados. Isso resulta em uma concentração quase exclusiva nos
objetivos informacionais das unidades, sem considerar as questões mais amplas dos
negócios, o que dificulta a operação das organizações em processos integrados.
Apesar de não ser uma forma desejável de administrar a informação, em alguns
casos pode ser a mais adequada, como é o caso onde as unidades possuem diferentes
produtos, diferentes medidas de desempenho e diferentes formatos Dara quase todas as
23
informações relevantes. Neste caso, esse modelo permite que as unidades locais
desenvolvam informações mais adaptadas às necessidades dos seus negócios.
O modelo monárquico ocorre quando um indivíduo controla a maior parte das
informações da organização. Este indivíduo especifica que tipo de dados são importantes,
estabelece significados para elementos-chave e controla o modo como a informação é
interpretada.
Esse modelo pode beneficiar pequenas organizações, mas apresenta muitos
problemas, entre eles, informações relevantes podem estar sendo desconsideradas porque o
controlador do ambiente informacional desconhece o valor da informação; podem ocorrer
confusões na definição dos termos utilizados, resultando em conteúdos inadequados para a
informação.
O modelo anárquico - se é que podemos chamá-lo de modelo - é aquele no qual
cada indivíduo se defende sozinho. Geralmente emerge quando a organização não percebe
ou não dá a devida atenção ao seu ambiente informacional. A disseminação e o baixo
custo dos computadores permite que pessoas ou setores criem bases de informação próprias
e as administrem conforme seus contextos e necessidades individuais.
As deficiências do modelo anárquico são óbvias: redundância de dados, divergência
de informações entre setores ou indivíduos, maior custo no armazenamento e manutenção
das bases locais, entre outras, visto que a informação é mantida individualmente, não sendo
coordenada de forma racional.
Os quatro modelos apresentados não são os únicos, nem se revelam capazes de
esgotar as possibilidades de governo possíveis para a informação. Além disso, a
distribuição do poder não é o único critério para administração da informação. Pode ser que
nenhum dos modelos citados seja adequado a situação específica de uma organização. Uma
2 4
outra possibilidade é uma política de informação voltada para o mercado. Uma orientação
mercadológica quase sempre implica uma administração descentralizada dos recursos
informacionais. Assim, algumas empresas permitem que o mercado oriente sua política
informacional, ou seja, os gerentes não especificam que tipo de conteúdo seria mais útil,
deixam que o mercado estimule as pessoas a propor novas estruturas, modelos ou técnicas,
sendo o valor determinado pelo uso da informação. Quanto mais utilizada for, mais valiosa
e importante a informação será.
Uma precondição para a política baseada no mercado é a capacidade para
determinar a demanda. O modelo baseado no mercado pode ter como ponto fraco a
ausência de clareza em relação à propriedade da informação. É difícil precificar a
informação, pois o grau de sua utilidade, reprodutividade e intangibilidade são questões
subjetivas e dependentes dos compradores ou utilizadores potenciais.
Outra política a ser considerada é a "tecnoutopia", onde as organizações acham que
todos os problemas informacionais podem ser resolvidos com tecnologia. Assim, acreditam
que instalar ferramentas de workgroup e aplicativos como o R3 da SAP 9 resolvem suas
questões de compartilhamento das informações. Esta é a pior forma de administrar um
ambiente informacional, pois tolhe a criatividade das pessoas. Algumas tecnologias podem
auxiliar a obter e disseminar o conhecimento organizacional, mas são de pouca ajuda se as
pessoas envolvidas ainda não estiverem predispostas a usar efetivamente a informação.
Muitos observadores reconhecem a importância de se ter uma política de
informação adequada. A política de informações envolve interesses diversos, divergência
de opiniões, disputas banais e recursos parcos. Tudo isto gera tensões na organização. E
9 SAP é a sigla para "Systemanalyse und Programmentwicklung". SAP AG é uma empresa alemã, fundada em 1972, para produzir e comercializar software padrão de soluções integradas de negócios.
25
necessário , portanto, especial cuidado na escolha de uma estratégia de informação. A
administração bem-sucedída da informação ocorre pela combinação entre mudanças
tecnológicas e comportamentais. Exige uma revolução de conceitos, onde a pergunta
pertinente deve ser: qual é o significado da informação e qual é o seu propósito?. Isto
requer redefinição do conceito de empreendimento empresarial, ou seja, passa a considerar
a informação como a "criação de valor e riqueza", o que implica abandonar o velho e
inovar, assumindo riscos.
2.4 Monitoração Ambiental
As organizações precisam acompanhar o que acontece dentro e fora de suas
fronteiras e adequar-se pelo menos minimamente a seus ambientes externos. Assim, além
da estratégia informacional adotada, outra questão fundamental a ser considerada refere-se
à monitoração ambiental, que pode ser entendida como o processo de investigação e
utilização de informações externas associada a compreensão das implicações advindas
desse processo para subsidiar decisões estratégicas.
Toda organização, de alguma forma, precisa adaptar-se ao ambiente externo e ter
seu sistema de informação interno flexível o bastante para estabelecer os canais, os
protocolos e os conteúdos para a transferência ou intercâmbio de informação. A adaptação
ao ambiente externo varia com a capacidade de avaliação dos administradores. Cabe a eles
saber quando a organização tem controle ou não sobre eventos externos, quais são os seus
componentes e que tipo de informação externa existente pode auxiliar nos processos
decisórios.
BARBOSA (1997) fez uma revisão da literatura sobre a monitoração ambiental e
sintetizou conceitos e conhecimento existentes sobre o assunto. Segundo ele, "no contexto
2 6
da teoria organizacional, o ambiente externo pode ser visto como fonte de recursos, fonte
de variação e como fonte de informação (ALDRICH, 1979)". O primeiro pode ser
considerado como o conjunto de recursos (financeiros, humanos, materiais, etc) que a
organização necessita e o grau de dependência do ambiente externo para a obtenção dos
meios necessários à sobrevivência e crescimento da organização. A segunda perspectiva
procura explicar a sobrevivência das organizações por intermédio de seleção natural da
biologia (HANNAN & FREEMAN, 1997). A terceira perspectiva diz respeito ao
relacionamento entre as estruturas e processos gerenciais e algumas características do
ambiente organizacional externo.
Na visão do ambiente organizacional como fonte de informação, BARBOSA (1997)
cita um estudo feito por BURNS & STALKER (1961), sobre o relacionamento entre as
estruturas e processos gerenciais em vinte empresas industriais de diversos setores na Grã
Bretanha, onde foram caracterizados dois tipos de estrutura organizacional: orgânica e
mecanística.
As organizações orgânicas eram aquelas possuidoras de uma grande distribuição horizontal de conhecimento e competência, alto grau de interação lateral entre os seus integrantes e um estilo de comunicação que valoriza a troca de informações e o aconselhamento. As organizações mecanisticas, por outro lado, possuíam linhas de comando bem definidas e tinham seus processos decisórios concentrados nos escalões hierárquicos superiores, dentre outras particularidades. A o correlacionarem os tipos de estrutura com o desempenho organizacional, os autores concluíram que, enquanto as organizações mecanisticas podem ser relativamente bem sucedidas em ambientes estáveis, apenas as estruturas orgânicas garantem o necessário ajustamento a situações caracterizadas por altos índices de mudança ambiental.
BARBOSA (1997) aponta a incerteza como um dos conceitos centrais da
perspectiva das organizações. Dentre os primeiros autores que analisaram o processo
organizacional sob a ótica do processamento da informação, ele cita que "GALBRAITH
(1973) introduziu a noção de que a incerteza presente no processo decisório pode ser
definida operacionalmente como a diferença entre a informação necessária e a informação
27
disponível para se realizar uma tarefa. De acordo com esse princípio, para que uma unidade
organizacional alcance níveis adequados de eficiência, sua capacidade de processamento de
informação precisa ser compatível com sua necessidade de informação e isto irá depender,
essencialmente, da natureza da organização e de seus mecanismos de coordenação e
controle (BURNS & STALKER ,1961; TUSHMAN & NADLER, 1978)".
No âmbito do cotidiano gerencial, é importante investigar e moldar as informações
externas para uso nos processos internos. Os gerentes podem influenciar o comportamento
e as ações através de processos seletivos de informação. Para facilitar o rastreamento, as
informações podem ser categorizadas e estruturadas. As informações podem ser agrupadas
segundo sua natureza ou relevância para os negócios: informações sobre clientes ou
administradores-decisores, concorrentes, fornecedores, leis normativas e regulatórias,
mercados de tecnologia, etc.
De acordo com BARBOSA (1997), o ambiente informacional tem sido classificado,
dentre outras maneiras, em ambiente interno e externo, e costuma ser subdividido em
setores ou segmentos:
- setor cliente: refere-se às instituições ou indivíduos que adquirem os produtos
ou serviços da organização;
- setor concorrência: trata-se das instituições com as quais se compete no
mercado;
setor tecnológico; consiste das tendências relativas ao desenvolvimento de
novos produtos e processos, inovações tecnológicas, tendências científicas, e tc ;
- setor regulatório: envolve legislação, regulamentação e desenvolvimentos
políticos nos diversos níveis de governo;
- setor econômico: abrange os mercados de capitais, mercados de ações, taxas de
2 8
inflação, balança comercial, orçamento público, índices de crescimento
econômico, dentre outros;
setor sócio-cultural: cobre aspectos tais como valores da população, ética
referente ao trabalho, tendências demográficas.
Os segmentos do ambiente organizacional têm graus diferenciados de importância
para os administradores. No setor público, por exemplo, a observação das atividades
legislativas e regulatórias são mais valorizadas que as do setor concorrência, visto que a
administração pública não é tida como setor competitivo pois possui, em muitos casos, o
monopólio ou exclusividade da atividade no mercado.
Certos tipos de informação devem obedecer a um grau de precisão que não admite
flexibilidade, outros, contudo, podem dar margem a interpretações. Dependendo de sua
natureza e grau de complexidade pode ser dispendioso e difícil compor toda a informação
requerida. Por isso, para permanecer flexível e adaptável ao ambiente externo, as
organizações não podem depender de apenas um tipo estruturado de intercâmbio de
informações. Todos os canais possíveis para troca devem ser explorados: contatos pessoais
regulares, formais ou informais, publicações especializadas, jornais, fontes de informações
na Web e outras fontes disponíveis.
Quando novas informações emergirem, os administradores devem ser capazes de
avaliar e identificar os tipos específicos de informação, vinculando as necessidades internas
às fontes externas em um formato útil, analisando, sintetizando e contextualizando a
informação para o uso na decisão estratégica interna.
Outro aspecto importante é saber localizar a fonte correta de consulta. Nem toda
informação necessária estará acessível, pode haver muito esforço e custo elevado para
obtê-la tornando o processo inviável. A diversidade de fontes pode ampliar o espectro da
29
informação. A ausência de diversidade nas fontes de informação pode provocar pontos
cegos na investigação do ambiente. Se as organizações obtêm seu acervo de informações
apenas de fontes "aceitáveis", "conservadoras" ou "oficiais", provavelmente seus gerentes
verão pouca alteração no ambiente externo. Para DAVENPORT (1998), "grande parte da
informação relevante em uma organização tem origem em discussões pessoais, rumores,
conjecturas e outras fonte de informação não-exatas e difíceis de gerenciar, que os sistemas
formalizados ignoram."
CHOO & AUSTER (1993) 1 0, a partir de estudos e pesquisas sobre a necessidade e
uso de informações e do comportamento de administradores, concluíram que "os métodos
de monitoração ambiental adotados pelas organizações são diferenciados e podem variar de
acordo com o tamanho da organização, com o amadurecimento da função planejamento da
organização e com o nível de incerteza percebida no ambiente externo".
BARBOSA (1997) mostra em seu trabalho que AGUILAR(1967) define quatro
modos de monitoração: exposição não-direcionada (undirected viewing), exposição
direcionada (conditioned viewing), busca informal e busca formal. A exposição não-
direcionada ocorre quando a busca da informação externa acontece sem que haja um
objetivo específico. Neste caso, o administrador não tem consciência das questões ou
temas que devem ser considerados a partir dos sinais externos. No modo de exposição
direcionada existe uma categoria de informações a serem levantadas bem definida. "Aqui, a
informação serve como sinal de alerta ou como indicador de que uma busca mais intensiva
e sistemática deve ser realizada. Ao contrário do modo anterior, o administrador já está
atento a determinados tipos de dados e encontra-se apto a avaliar sua importância"
(BARBOSA, 1997). No modo de busca informal, a informação desejada é obtida a partir
Citado em B A R B O S A (1997) .
30
de um objetivo específico e acontece de forma limitada e não-estruturada. O modo de
busca formal constitui-se de um processo elaborado de pesquisa da informação, através de
um plano ou metodologia pré-estabelecida, para obter informações sobre temas específicos.
Hoje se reconhece que a existência de mais informações não resulta em menos
incerteza e muitas dúvidas e ambigüidades surgem nos processos de tomada de decisão,
onde torna-se necessário formar um entendimento mútuo a partir dos sinais vagos e
conflitantes vindos do ambiente externo.
Conhecer como as informações externas são obtidas e utilizadas pode orientar a
criação de sistemas de informação que congreguem tanto informações internas quanto
externas. Assim, é importante conhecer o comportamento do gerente como usuário de
informação externa e o processo de interpretação de sinais e tendências do ambiente nas
suas práticas gerenciais.
2.5 Cultura e Comportamento Informacional
Um ponto crucial é a dimensão comportamental e cultural da informação nas
organizações. Redefinir processos de trabalho, definir novas estratégias e novas estruturas
organizacionais, aperfeiçoar a qualidade de produtos e serviços, por mais difíceis que
possam ser, são bem mais fáceis que mudar as atitudes e o comportamento das pessoas.
O comportamento informacional refere-se a maneira como os indivíduos lidam com
a informação, isto é, o modo como obtêm e manipulam a informação, os meios de troca,
disseminação e armazenamento, os critérios para desconsiderar informes e o acúmulo
gerado.
A cultura informacional, por sua vez, envolve valores e crenças do indivíduo ou
grupo e orientam o processo informacional das organizações.
31
Do ponto de vista de DAVENPORT (1998), as culturas informacionais podem ser
fechadas ou abertas, orientadas por fatos ou baseadas na intuição ou em rumores, com
enfoque interno ou externo, controladas ou autorizadas. Podem também incluir
preferências por certos tipos de canais ou meios de comunicação, por exemplo, preferir a
comunicação pessoal em contraposição ao telefone ou a teleconferência.
O autor aponta que trabalhos sobre o comportamento informacional em ambientes
técnicos e científicos têm sido conduzidos há mais de 30 anos". Um estudo empírico
ligado à informação no setor farmacêutico, conduzido por Michael Koeing, descobriu que
as empresas com ambientes mais abertos tinham os maiores índices de produtividade em
pesquisas. Outro, ligado à empresas de produtos eletrônicos, conduzido por
ChristpherOrpen, levantou um relacionamento positivo entre o estímulo ao uso de
informações técnico-científicas e o desempenho nos negócios. Outros estudos focalizaram
a maneira como a cultura pode influenciar nas inovações técnicas. Essas pesquisas sugerem
que adquirir e trocar informações está relacionado com índices de produtividade e inovação
técnica e científica.
Entretanto, nos estudos realizados por DAVENPORT, verificou-se que a tendência
da prática gerencial tem sido outra, visto que poucas providências são tomadas para alterar
a atitude dos funcionários em relação à informação e não se enfatiza o aspecto humano do
uso da informação. Dos 35 gerentes com os quais o autor conversou, apenas um terço
achava que algum grupo interno assumia a responsabilidade pelo comportamento e pela
cultura informacionais. A maioria concordou que esses temas eram importantes, mas
poucos souberam descrever modos específicos usados para administração de ambos os
aspectos. Alguns se referiram às abordagens convencionais, como exercícios de
1 1 Veja Thomas J. Allen, Managing the flow of technology. Cambridge, Massachusetts, MIT Press, 1998.
32
padronização de dados, que na realidade não modificam o statu quo.
O que podemos deduzir dessas pesquisas é que existem grandes dificuldades
técnicas na administração da informação, e que se as pessoas influenciam na obtenção, na
filtragem e no compartilhamento das informações, para que as iniciativas informacionais
tenham êxito é preciso que as organizações considerem a dimensão cultural e
comportamental da informação e que identifiquem o que deve mudar. Esse campo ainda é
pouco considerado e explorado pelos gerentes e pelas organizações em geral, mas se os
gerentes não prestarem atenção no comportamento em relação à administração da
informação, poderão estar deixando de gerenciar um componente significativo.
Não é pretensão desse trabalho aprofundar em terminologias, modelos ou discutir
os tipos essenciais de comportamento informacional, visto que teríamos material suficiente
para compor um novo estudo empírico. Apenas julgamos necessário chamar a atenção
sobre a importância do gerenciamento comportamental e cultural das informações dentro
das organizações devido a grande influência dos comportamentos, crenças e valores dos
indivíduos no fluxo e na composição de sistemas informacionais.
33
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Modelo Genérico de Gerenciamento da Informação
O processo de gerenciamento da informação pode ser definido de diversas formas e
com diferentes etapas, não existindo uma maneira única nem ideal de se organizá-lo;
entretanto, há duas maneiras básicas de se tratar os processos informacionais: uma delas é
pela análise do processo principal, que considera as atividades básicas que geram
demandas; a outra pela análise do processo mais específico, mais dependente da * í
informação.
Elaborar um modelo de processo genérico para gerenciamento da informação |§ cs
depende dos interesses, dos problemas e de cada setor das organizações, mas segundo
DAVENPORT (1998), quase todos os processos seguem, de algum modo, um conjunto de
passos básicos.
O autor apresenta em seu livro "A Ecologia da Informação" um modelo composto
de quatro passos: determinação das exigências, obtenção, distribuição e utilização da
informação, conforme mostrado na Figura 3.
Determinação das exigências Obtenção Distribuição Utilização
Figura 3 : O processo de gerenciamento da informação Fonte - D A V E N P O R T , 1998. p. 175
3 4
Uma descrição sucinta para cada passo, segundo a visão do autor, é a seguinte:
Passo 1: Determinação das exigências.
Esse passo inicial envolve identificar como os gerentes percebem os ambientes
informacionais nos quais estão inseridos e como compreendem que tipo de informações um
administrador-decisor realmente precisa. Implica não apenas identificar necessidades, mas
entender o mundo dos negócios. Requer perspectivas política, psicológica, cultural,
estratégica e ferramentas, além de avaliação individual e organizacional.
Passo 2: Obtenção
Obter informações é uma atividade ininterrupta, devendo portanto incorporar um
sistema de aquisição contínua que, de forma geral, consiste nas seguintes atividades:
a) Exploração de informações;
b) Classificação da informação;
c) Formatação e estruturação das informações.
Exploração de informações: depende da combinação de abordagens automatizada
(coleta e distribuição eletrônica de dados) e humana (filtragem dos dados,
acrescentando a eles contexto, interpretação, comparações, implicações locais e
outros).
Classificação: refere-se à criação de categorias para a informação que, apesar de ser
arbitrária, está ligada a estratégia, política, comportamento, equipes de apoio e
arquitetura.
Formatação e estruturação da informação: trata-se da visualização da
informação, formato dos documentos e contextualização das informações. Envolve
identificar documentos principais, determinar que ferramentas são necessárias para
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armazenar e recuperar a informação, definir os recursos adicionais exigidos e
barreiras políticas a serem superadas.
Passo 3: Distribuição
Esse passo refere-se as formas de comunicação e divulgação utilizadas. Os
melhores sistemas de distribuição costumam ser híbridos: pessoas, documentos e
computadores. Envolve ligação de gerentes e funcionários com a informação de que
necessitam. E importante estabelecer quais os meios mais adequados para divulgação e
compartilhamento, e induzir o administrador-decisor a procurar e obter a informação de
que precisa, já que são as pessoas mais capacitadas a avaliarem o que querem,
transformando os administradores-decisores em receptores ativos.
Passo 4 : Uso da Informação
Esse último passo diz respeito à utilização da informação disponibilizada. O uso da
informação é algo pessoal - a maneira como se procura, absorve e digere a informação
antes de tomar uma decisão. Relaciona-se com a freqüência com que se procura obter
apoio, de preferência contratual, antes de proceder a qualquer coleta ou provisão de
informações, visando garantir o que o cliente realmente deseja. Parte da premissa que o
administrador-decisor é quem deve formular suas próprias exigências.
3.2 Metodologia
Nesse trabalho de dissertação abordaremos o processo de gerenciamento da
informação na perspectiva integrativa. ou seja, o GRI visto como um processo de
tratamento da informação que procura integrar informações e criar sinergias entre os
recursos informacionais internos e externos das organizações, conforme conceito
apresentado na página 12 do capítulo 2.
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O modelo de DAVENPORT apresentado anteriormente será utilizado como
referência conceituai. A partir dele investigaremos, para cada passo, o comportamento do
gerente de informática da Prodabel face às demandas dos administradores-decisores dos
órgãos escolhidos como amostragem, procurando identificar o grau de aderência ao
modelo.
O processo de verificação foi feito através de entrevistas com gerentes e
administradores-decisores apoiadas em roteiros pré-deflnidos, que se encontram
detalhados e documentados nos anexos desta dissertação.
As entrevistas com os administradores-decisores visaram à contraposição das
respostas e à verificação da forma de envolvimento desse núcleo estratégico da
administração municipal com a unidade de informática para provisão de soluções.
Como opção metodológica, foram criados parâmetros comparativos de referência
remetidos a algumas peculiaridades que servirão de balizamentos para realização da análise
das informações coletadas nas entrevistas. Tais parâmetros, denominados condicionantes
de análise, auxiliarão na delimitação do escopo das informações a serem tratadas,
facilitarão a interpretação das informações obtidas durante as entrevistas e ajudarão na
comparação da situação ideal ou pretendida versus a real ou percebida.
3.2 Condicionantes para a análise
Partindo-se do arcabouço metodológico exposto, definiu-se os elementos relevantes
para o trabalho e o enfoque utilizado na avaliação de cada passo do modelo conceituai
proposto.
Os roteiros de entrevistas formulados (anexos) basearam-se nestes elementos
condicionantes.
37
Assim, os elementos relevantes e o enfoque para cada passo são:
Passo 1: Determinação das exigências
Nessa etapa da entrevista, procurou-se ter um panorama dos aspectos de natureza
geral sobre o ambiente informacional do gerente e do administrador-decisor. É o passo
mais subjetivo das atividades de gerenciamento da informação, visto que é praticamente
impossível para qualquer gerente ou equipe de analistas compreender todo tipo de
informação que um administrador-decisor realmente precisa ou mesmo monitorar todos os
detalhes que possam vir a afetar o ambiente informacional no qual está inserido.
O contexto para verificação desse passo apoiou-se em três elementos considerados
mais relevantes:
a) O primeiro refere-se à percepção do ambiente informacional que compõe a
administração municipal. Quanto mais o gerente e o administrador-decisor
demonstram conhecer os sistemas de informação e observam as tendências de
mudanças nos ambientes, melhores são as condições de gerenciamento e
provisão de soluções adequadas.
Para o grau de conhecimento dos sistemas informacionais a ser observado
podemos subdividi-lo em três níveis:
- conhecimento dos sistemas de informação em curso e disponíveis na
unidade e órgãos em questão;
- conhecimento dos sistemas de informação em curso e disponibilizados por
outras unidades da Prodabel para os demais órgãos da administração;
- conhecimento de sistemas de informação disponíveis para a PBH,
automatizados ou não.
A figura 4 esboça uma relação possível entre os sistemas de informação presentes
38
na administração pública municipal, onde as partes internas representam as
porções que juntas formam o conjunto total de sistemas da PBH.
A monitoração das tendências de mudança também pode ser observada em três
níveis: - mudanças no ambiente da Prodabel,
- mudanças no ambiente do órgão atendido, e
- mudanças no ambiente da PBH.
SlMmjadaP^oéabÊl
Sistttfua da Unidadt/vrgao
Sistemas da Unutate*/orgao
Figura 4 : Relação entre os sistemas de informação da administração municipal
b) O segundo fator trata da existência, conhecimento e entendimento de diretrizes
e políticas. Quanto mais claro e internalizado estiverem as diretrizes e políticas
da empresa e do órgão atendido, melhor será a compreensão e a capacidade de
proposição, uso de soluções adequadas e gerenciamento das informações.
c) O terceiro e último fator relevante para o passo diz respeito à estratégia
gerencial de determinação das exigências adotada.
A iniciativa de antecipar-se às necessidades de informação e de gerenciar as
informações que circulam, a preocupação com a formalização e priorização da
demanda, a busca do estreito relacionamento gerente e administrador-decisor,
3 9
assim como o uso de técnicas ou métodos para levantamento e entendimento
das necessidades são aspectos estratégicos importantes e desejáveis.
Passo 2: Obtenção de Informações
Nesse passo, verificamos as estratégias adotadas para explorar, classificar e
estruturar as informações. Conforme DAVENPORT (1998), para que um modelo de
processo de gerenciamento informacional tenha algum valor real, precisa refletir a
turbulência, a volatilidade e a complexidade dos negócios, dos locais de trabalho e da
mente humana.
As premissas genéricas são:
a) O objetivo principal deve ser tornar a informação significativa e não apenas manter
computadores e redes;
b) As fontes de informação devem ser tão variadas e complexas quanto for o ambiente
que o sistema de informação busca representar;
c) Procurar mesclar informações formais e não-formais durante o desenvolvimento de
soluções;
d) Observar quais são os usuários potenciais do sistema, visto que nem sempre eles
estão suficientemente próximos um do outro;
e) Estar atento às tendências de mudanças na informação formal e não-formal.
Exploração de informações:
Uma exploração eficaz, segundo DAVENPORT (1998), depende de uma
combinação das abordagens automatizadas e humana. Portanto, o melhor ambiente de
exploração é aquele no qual todos executam a coleta de dados e depois compartilham as
informações obtidas.
É importante considerar:
4 0
- Realização de coletas eletrônicas
- Troca de informações via computador (Notes, Internet)
- Co