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2016 - Álbum de Memórias - Portal Intercomportalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-0152-2.pdf · Facebook “Troca troca..rsr..de figurinhas do álbum de figurinhas

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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXIX Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao So Paulo - SP 05 a 09/09/2016

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lbum de Memrias: comunidade de fs e o lbum 50 anos de novelas1

Clarice Greco2

Fernanda Castilho3

Ligia Prezia Lemos4

Universidade de So Paulo, So Paulo, SP

Resumo:

Este artigo tem como objetivo inserir os fs de telenovelas brasileiras na discusso

internacional das prticas e espaos do fandom. A pesquisa tem como foco o lbum de

figurinhas 50 anos de Telenovelas, lanado em 2015 pela Globo em comemorao ao

cinquentenrio da emissora. A partir da linha terica dos estudos de fs, o artigo discute a

relevncia da memria televisiva e analisa as reunies organizadas pelos fs para troca de

adesivos nas quais eles trocariam, tambm, memrias pessoais e nacionais do produto

cultural mais importante do Brasil.

Palavras-chave: telenovela; memria, fs; lbum de figurinhas.

Introduo

Na ltima dcada, a abordagem dos fs como objeto de pesquisa cresceu e se

aprofundou consideravelmente no campo das cincias da comunicao. No Brasil, a luta

pela consolidao desse objeto de pesquisa ainda emergente e baseada em contribuies

internacionais da primeira e segunda onda de estudos de fs (Jenkins, 1992; Sandvoss,

2005; Hills, 2002; Booth, 2010). A grande maioria das anlises baseada em evidncias

empricas do hemisfrio norte, com foco em jovens fs de srie, msica ou quadrinhos,

analisando convenes ou comunidades online. Este artigo tem como objetivo contribuir

para a reflexo sobre o comportamento dos fs no contexto latino-americano, especialmente

para o pblico mais relevante no Brasil: os fs de telenovelas.

O habitus de assistir telenovelas no Brasil cria uma comunidade imaginada

(Anderson, 1983) em torno da telenovela, que Lopes (2003) chama de narrativa da nao".

Os fs de telenovelas so, em muitos aspectos, como qualquer outro f: eles se envolvem

1 Trabalho apresentado no GP Fico Seriada, XVI Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicao, evento

componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao. 2 Doutora e Mestre em Cincias da Comunicao pela Escola de Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo,

ECA, USP. Pesquisadora do CETVN e do OBITEL e vice-coordenadora da rede OBITEL-BRASIL-USP. Email:

[email protected] 3 Doutora e Mestre em Cincias da Comunicao pela Universidade de Coimbra, Portugal. Ps-doutoranda na Escola de

Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo, ECA, USP. Professora do Centro Estadual de Educao

Tecnolgica Paula Souza, Faculdade de Tecnologia - Fatec Barueri. Pesquisadora do CETVN e do OBITEL. Email:

[email protected] 4 Doutoranda em Cincias da Comunicao pela Escola de Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo, ECA,

USP, bolsista CNPq. Atualmente estuda transmdia e autoria de fico televisiva brasileira. pesquisadora do CETVN e

do OBITEL. Mestre em Cincias da Comunicao e Especialista em Gesto da Comunicao, Polticas, Educao e

Cultura tambm pela ECA, USP. redatora, roteirista e arte-educadora. E-mail: [email protected]

mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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com a narrativa e criam vnculos emocionais com os personagens, mantendo durante anos

dentro de suas memrias afetivas. Eles tambm criticam e compartilham sugestes e

opinies sobre a trama, chamando a ateno dos produtores, que estimulam e aguardam a

participao do pblico. No entanto, os fs de telenovela possuem alguns aspectos um

pouco diferentes daquele f ao qual os estudos internacionais se referem. Em primeiro

lugar, eles no so necessariamente fs de um programa especfico, mas de telenovelas em

geral. Em segundo lugar, eles no so necessariamente jovens ou velhos, ricos ou pobres -

eles podem apresentar inmeras as caractersticas sociais e culturais. Em terceiro lugar, eles

no costumam se reunir em convenes presenciais.

Este ano, porm, tivemos um exemplo interessante de espao fsico e virtual de

concentrao desses fs. O lbum de figurinhas '50 anos de Telenovelas', lanado pela

Globo em 2015, reuniu telespectadores que se tornaram colecionadores. Ainda que o lbum

tenha sido uma iniciativa do lado da produo, os fs criaram seus prprios espaos, tanto

virtuais quanto off-line, para complet-lo. Destacamos neste artigo a comunidade no

Facebook Troca troca..rsr..de figurinhas do lbum de figurinhas 50 anos de novelas e

uma reunio presencial promovida em pgina de evento do Facebook Troca troca na

qual foram compartilhadas opinies, afetos e memrias pessoais de telenovelas, alm das

prprias figurinhas. A metodologia combina quadro terico com evidncias empricas do

fandom de telenovela, anlise de comunidades e observao participante nessa reunio.

Pretendemos analisar a iniciativa a fim de compreender a distncia entre espaos online e

off-line de fs, no que diz respeito memria cultural da telenovela no Brasil.

Telenovela e Memria Nacional

A telenovela brasileira possui um pblico telespectador fiel, que relembra

telenovelas antigas como se relembrasse cenas da prpria infncia. O formato mobiliza

milhes de pessoas para acompanhar uma narrativa que est relacionada intimamente com o

cotidiano e com laos afetivos individuais e compartilhados. A telenovela desperta a esfera

pessoal medida que cada narrativa passa a fazer parte do cotidiano dos sujeitos que a ela

assistem. Em determinada hora, o compromisso com a televiso e a lembrana dos

personagens aos quais o pblico mais se afeioou os acompanhar para sempre.

O processo de identificao popular reflete a forma com que os indivduos se

apropriam de determinados acontecimentos do passado, os elaboram e os incorporam sua

memria, reforando sua identidade. Assim, ao longo dos ltimos sessenta anos, a

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telenovela destacou-se, entre outros aspectos, como forma de memria que registra, no

curso do tempo, o processo de transformao da sociedade brasileira. (MOTTER, 2000-

2001, p. 76). nesse sentido que se encontra o que Holdsworth (2011) chama de papel da

memria em especficas culturas de televiso.

Grande parte dos estudos brasileiros admite perspectivas fundamentadas nos estudos

culturais ingleses, em conjunto com a abordagem latino-americana, que assenta na

importncia sociocultural destes programas. Essas investigaes valorizam a produo de

sentido e as possveis negociaes individuais e coletivas proporcionadas pela recepo

cotidiana da telenovela. De acordo com Lopes (2009), a telenovela brasileira consegue criar

e alimentar um repertrio que [...] esta na base das representaes de uma comunidade

nacional imaginada que a televiso, mais do que qualquer outro meio, consegue captar,

expressar e atualizar permanentemente (Lopes, 2009, p.23). Por seu turno, Borelli

corrobora Lopes ao apontar os leitores como sujeitos ativos, num processo traduzido como

pacto de recepcao.

Mediados por suas experiencias cotidianas, e por repertrios que resultam

de suas posies de classe, genero, gerao, etnia e formas de

subjetivao, os receptores mergulham no fascinio das narrativas,

histrias, enredos e personagens, reconhecendo os territrios de

ficcionalidade, dialogando com as dimenses da videotcnica,

estabelecendo conexes de proteo e identificao e construindo uma

competncia textual narrativa. (Borelli, 2001, p. 34-35).

Como ressalta a autora, a competncia textual narrativa construda a partir de

conexes e identificaes particulares dos telespectadores. Assim, no apenas o repertrio

individual influencia o vnculo emocional destes com a trama, mas tambm as narrativas

passam a compor tal repertrio. Temos ento o contributo cclico destas narrativas

televisivas para a edificao de um repertrio nacional de memrias coletivas e individuais.

A memria coletiva confere outra dimenso s recordaes. Como explica Halbwachs

(2006), se a lembrana individual pode se basear tambm nas lembranas de outras pessoas

que dela compartilham, aumenta a confiana na preciso da recordao. Assim, os fatos

passados assumem importncia maior e acreditamos reviv-lo com maior intensidade,

porque no estamos mais ss ao represent-los para ns. (2006, p. 30). Quando assistimos

a reprises ou a programas especiais que evoquem trechos das telenovelas, reavivamos as

lembranas que so associadas aos elementos emocionais que fazem parte de nossa histria

como telespectadores, ento reacendemos um determinado sentimento.

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Segundo Cunha e Tranquilin (2014, p. 25), a memria um processo seletivo de fontes

que transmite conhecimentos praticos do passado, a histria contida em objetos e

instituies sociais, bem como sentidos e referencias culturais. Com isso, as autoras

ressaltam que nem sempre a construo da memria coletiva, em grande parte estimulada

pelas instituies dominantes, coincide com a memria individual e autobiografica presente

nas percepes e experiencias individuais. Essas lembranas, quando compartilhadas,

formam uma memria coletiva e, em certo nvel, passam a compor a memria cultural e

nacional. Numa conjuntura global de fragmentao identitria, importa destacar o papel das

telenovelas como elemento unificador de experincias, tendo em vista que, em grande

medida, aquilo que assumimos culturalmente como nosso corresponde ao que a dinamica e

a lgica das instituies midiaticas nos proporcionam diariamente (Castilho e Andrade,

2012, p. 178).

Para Holdsworth (2011), a televiso funciona como condutora da reverberao da

memria, que atua como uma espcie de assombrao. Essa reverberao permite repensar

a TV como parte de um sistema de produo diria de memrias (everyday memory-

making). Ao prestar ateno ao aparelho e tela, a televiso emerge no como um cone

ps-moderno de um no-lugar eletrnico, mas como um cone lembrado e experienciado

como algo de vivncia e convvio. Por isso, pertence aos domnios tanto da memria

individual quanto da coletiva, configurando-se em um meio profundamente nostlgico5,

seja enquanto objeto, prtica cotidiana ou forma cultural (Holdsworth, 2011). Novamente,

destaca-se a importncia desta memria coletiva da telenovela para o fortalecimento da

ideia de nao, que para alm de uma entidade poltica, um sistema de representao

cultural (Hall,1997, p. 49).

Fs, memria e nostalgia

Os estudos voltados compreenso do comportamento e do conceito de fs, da forma como

conhecemos hoje, ganharam fora na dcada de 1990, na Inglaterra. Essa linha de estudos

comumente dividida em primeira e segunda onda. A primeira onda, encabeada por autores

como Fiske (1992), Jenkins (1992) e Bacon-Smith (1992), focava no f como grupo de

caractersticas semelhantes, que apresentava relao afetiva com certos programas,

5 A nostalgia uma espcie de memria, quase sempre ligada a reminiscncias positivas, acompanhada de leve vontade de

reviver momentos. Holdsworth (2011) explica que, de modo mais imediato, a palavra nostalgia em seu uso original

designava a saudade do lar vivenciada por soldados suos no sculo XIII. Desde ento os variados empregos que a

palavra adquiriu fizeram dela um conceito mais amplo e complexo. Portanto, a etimologia da palavra e o sentido imediato

de nostalgia continuam primariamente ligados noo de lar e estariam, portanto, conectados ao ambiente familiar, a um

desejo de sentir-se em casa.

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complementares de sua identidade, porm sempre ligado a produtos culturais populares, ou

no eruditos. Nas pesquisas desta primeira onda, o empoderamento do f partia de

associaes de suas atividades com relaes de poder e subverso, questionando a distino

entre alta e baixa cultura. Essa linha dos estudos teve como referencial terico comum a

sociologia do consumo de Bourdieu. A noo de identidade, o gosto e a posio de classe

definidas socialmente formam um quadro frutfero para estudar as relaes dos

espectadores com os produtos culturais consumidos, como uma forma simultnea de

comunicao e construo da identidade.

Nos anos 2000, autores como Sandvoss (2005, 2013), Hills (2002) e Booth (2010),

na chamada segunda onda, ampliaram a abordagem do fandom ao partirem de anlises

empricas mais profundas, direcionadas a diversas comunidades. Com isso, posicionaram os

fs como consumidores crticos e engajados em variadas atividades e repensaram suas

atividades no apenas como fruto de distino de classes e da dominao burguesa ou de

natureza subversiva, mas tambm, e principalmente, fonte de prazer.

Tais mudanas nas definies do conceito de f se mostram teis para entendermos

em que medida os fs de telenovela mostram seu engajamento e suas atividades dentro de

uma comunidade, compreendida como um modo de formao de identidade e de

interpretao coletiva causadora de forte sentimento de coeso no grupo. Para isso,

utilizamos a definio de fs proposta por Sandvoss (2013), que descreve o f a partir de

seu engajamento regular e emocionalmente comprometido com uma determinada narrativa

ou texto" (p.9). Assim, por meio dos processos de apropriao cotidiana que os textos se

tornam objetos de fandom, medida que os espectadores se apoderam do produto de massa

e criam seu valor emocional particular. O universo digital acelerou e facilitou o processo de

manifestao e interao entre os telespectadores. O ambiente ubquo da narrativa tornou-se

solo frtil para a criatividade dos fs e uma espcie de ba de memrias compartilhadas.

A motivao da partilha entre pessoas que possuem as mesmas paixes costuma ser

ativada precisamente por esses mecanismos que formam alianas afetivas (Grossberg,

1992). So as tais memrias compartilhadas pelos fs da fico televisiva produzida pela

Globo durante os ltimos 50 anos que formam essas alianas marcadas pelos vnculos

emocionais. Quando os participantes dos encontros de fs se renem para trocar figurinhas

ilustradas com motivos ficcionais (cenas, personagens, etc), esses momentos so de imerso

no universo ficcional, no sentido que apontam diversos estudos sobre fs (Evans, 2011;

Baym, 2012).

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Quando falamos das comunidades que se unem para compartilhar os mesmos

gostos, sobretudo no que tange os fs de programas televisivos como as telenovelas,

diversos conceitos trabalhados pelos tericos da cultura popular podem servir de auxlio

para o entendimento desses fenmenos culturais. A relao entre as audincias mais ativas e

participativas com os programas de TV tem sido contextualizada, por exemplo, luz de

conceitos como nostalgia, memria e afeto, como mencionamos anteriormente.

A nostalgia por vezes vista como um fenmeno emocional inibidor que reage

contra transformaes e contra a modernidade. Ela representaria no apenas um anseio de

retorno ao passado, mas tambm manifestaria uma insatisfao com o presente. No entanto,

Geraghty (2014) acredita que a nostalgia no diz respeito apenas a uma busca por algo antes

no existente, ou negado, mas tambm ao modo como o f se recorda e usa suas memrias

para engajar-se no presente.

Geraghty (2014) fez um estudo bastante completo sobre os aspectos nostlgicos

envolvidos na ao de colecionar. O autor demonstra ser tal prtica uma atividade

primariamente pessoal, de dimenses individuais. Entretanto, acaba por servir tambm a

funo de capital em uma comunidade hierrquica de fs, uma vez que o f que possui

grandes colees e o conhecimento de fatos e artefatos (ou, no nosso caso, o lbum

completo) conquista lugar e respeito. O autor trabalha essas ideias na linha de Baudrillard

(1994), de que o objeto de coleo sempre investido de paixo, e, ao fim, o que voc

coleciona parte de voc mesmo, pois o fandom diz sempre respeito ao self.

A nostalgia desempenha, portanto, um papel essencial na vida do f. O ato de

colecionar memorabilia de filmes ou sries significa conectar-se ao passado e preserv-lo

no presente, para que exista no futuro. Colecionadores de objetos hollywoodianos querem

se reconectar com sua prpria infancia. Assim o fandom se torna um conector para o

passado, um reinvestimento naquilo que um dia fez o indivduo se sentir confortvel e

seguro (GERAGHTY, 2014, p. 82; traduo livre)6.

Em termos de produo de sentido, a socializao proposta pelas trocas de

figurinhas se enquadra em prticas comuns entre as comunidades de fs, tais como

construo de narrativas pessoais a partir de lembranas dos momentos mais marcantes das

histrias ficcionais, seleo dos personagens favoritos, justificativa argumentada a respeito

dessas escolhas, reunio de material publicado sobre o assunto em forma de coleo, entre

outros. Todos esses aspectos so apontados como fundamentais para o estabelecimento de

6 Fandom thus becomes a connector to ones past, a reinvestment in what once made an individual feel

comfortable and secure.

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relaes de amizade com outros fs (Harrington e Bielby, 1995, p.177). Os prprios padres

comunicativos observados nessas convenes de fs so importantes para o entendimento

de como se do tais prticas culturais (Baym, 2000, p.5), como o ato de recontar com

entusiasmo os momentos da vida dos personagens, que denota a imerso no universo

ficcional (Ford et al., 2011, p. 240). Esse estilo de vida imersivo dos fs acaba revelando

que estas audiencias experienciam as narrativas imaginando uma terra prometida (Evans,

2011, p.91), um lugar encantado, onde todos os sonhos podem acontecer.

Exemplo da manifestao coletiva da memria nacional em forma de gozo pde ser

vista com o album de figurinhas 50 anos de novelas, lanado pela Globo em 2015, como

parte das comemoraes dos 50 anos de telenovelas da emissora. Objeto clssico de

colecionador, os lbuns de figurinhas concentram a paixo por um produto por meio do

lazer. O album 50 anos de novelas, alm de promover o hobby e a coleo, recuperou

grande parte da memria da teledramaturgia exibida ao longo dos 50 anos desde a primeira

telenovela da Globo. Mais do que isso, classificou a memria da telenovela brasileira.

O lbum dividido em 14 sees: As Novelas da Globo na Linha do Tempo;

Grandes Histrias; Grandes aberturas; Grandes Personagens; Casais; Viles e Vils; 50

Grandes Momentos; Barracos; Bordes; Lanando Moda; Causas Sociais; Novelas para o

Mundo; Fazendo Histria; Finais Inesquecveis. As categorias abrangem aspectos

mencionados anteriormente por evidenciarem peculiaridades da telenovela no pas como os

bordes, modismos ou causas sociais inseridas na narrativa, caractersticos da telenovela

brasileira.

Da mesma forma, pode-se apontar o lazer criado pela produo como um incentivo

ao consumismo, como apontou Jenkins (2007) a respeito da Comic Con. O ato de

colecionar, nesse caso, consiste em atividade mais passiva do que criativa, e a memria

recuperada aparentemente controlada. Outra semelhana o capital simblico adquirido

pelo f a partir de objetos ou autgrafos. No caso do lbum, esse mesmo capital est em

jogo, presente no objetivo de completar o lbum ou ser detentor das figurinhas mais raras.

A raridade est no mesmo aspecto do autgrafo adquirido por um f no Comic Com e

utilizado para ganhar status dentro de uma comunidade hierrquica. Ainda que de forma

menos organizada, o artifcio dos autgrafos e da raridade no foi negligenciado pela

experiente Globo. A emissora convidou 49 artistas para autografarem mo 100 figurinhas

cada um, as quais foram distribudas por todo o Brasil. Com isso, o pacote de figurinhas

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trazia um elemento surpresa, e quem o encontrasse teria maior capital simblico, assim

como os vidos fs do Comic Con.

No h como confirmar que estratgias como o lbum de figurinhas ou visitas ao

Projac tenham ou no o mesmo impacto e relevncia da Comic Con para a comunidade de

fs. O que se pode mostrar que os nveis simblicos que alimentam essas atividades so

oriundos de fonte semelhante. Vrios dos elementos figurativos ressaltados nas atividades,

encontros e peregrinaes de fs cult como os de convenes esto presentes, mesmo se em

menor escala, na relao do brasileiro com as telenovelas.

No caso das comunidades para completar o lbum de figurinhas, cada colecionador,

ao comentar as figurinhas, relembrava cenas ou artistas relacionados. Juntos, construam

um repertrio de lembranas compartilhado e renovavam a vida desse produto cultural

representativo da memria coletiva nacional que a telenovela.

Fs e Memrias: as comunidades no Facebook

Nossa pesquisa teve um carter qualitativo e a experimentao em campo dividiu-se

em duas fases. Na primeira, mais exploratria, detivemo-nos no ambiente online, em grupos

especficos sobre o j citado lbum de figurinhas de novelas no Facebook. Na segunda fase

pudemos circunscrever um pouco mais e realizamos breve observao participante em um

encontro presencial de troca de figurinhas com o objetivo de descrever essa situao social

off-line. Tivemos, portanto, a oportunidade de observar um encontro presencial nascido em

uma rede social e que derivou de um processo de recepo virtual que, por sua vez

respondia a uma iniciativa da esfera produtora.

Fig.1 Print da pgina inicial da comunidade Troca troca..rsr..de figurinhas do lbum de figurinhas

50 anos de novelas no Facebook

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Na fase online da pesquisa, destacamos duas comunidades do Facebook Troca de

Figurinhas: Livro Ilustrado 50 Anos de Novela - Rede Globo com 265 membros e Troca

troca..rsr..de figurinhas do lbum de figurinhas 50 anos de novelas com 893 membros

que traz em sua descrio os dizeres: Criei esse grupo para quem como eu gostou e gosta

de novelas para que juntos completemos nosso album .........rsrsrsr7. Ambas bastante

semelhantes, optamos por acompanhar a segunda, que contava com maior nmero de

membros.

Criada em maio de 2015, logo aps o lanamento do lbum de figurinhas, o objetivo

inicial era facilitar a troca, doao ou venda das figurinhas para completar o lbum. Para

isso, o participante do grupo especificava qual figurinha lhe faltava e iniciava o negcio.

Em uma primeira apreciao do arquivo de fotos do grupo j se percebe o pleno

atendimento desse objetivo. De fotos de cadernos escritos a lpis at arquivos em Excel,

pululam tabelas especificando as figurinhas faltantes ou repetidas, para serem negociadas. E

testemunha-se uma espcie de ptio de colgio antigo na hora do recreio elevado ensima

potncia.

Fig.2 Print de detalhe do arquivo de fotos da comunidade no Facebook

Algumas dessas tabelas so to especficas que necessitariam de legendas para

serem compreendidas em todas as suas mincias e particularidades.

Fig.3 Print de tabela na comunidade

7 Disponvel em: https://www.facebook.com/groups/1411156349209011/ . Acesso em 06/07/2016.

https://www.facebook.com/groups/1411156349209011/

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Em paralelo ao objetivo de completar o lbum, depreendem-se os maiores ganhos,

principalmente aqueles relacionados manuteno da memria afetiva e, mesmo, criao

de novos afetos. Ali possvel observar os membros comentando sobre suas figurinhas e

novelas favoritas, combinando remessas via correio e firmando encontros em dilogos

como: Algum de Jacarepagu? ou Oi, sou de Campinas, algum por aqui? ou

Estou perto da Avenida Paulista. Algum? ou Quem de Macei fala comigo inbox.

Quanto s figurinhas enviadas por carta, em termos de criao de laos de afetividade vale

ressaltar a confiana estabelecida entre as partes. Aps trocar endereos em mensagens

privadas, os participantes trocavam, por exemplo, 20 figurinhas por 20 figurinhas.

Fig.4 Print de fotos da comunidade, confirmando recebimento de cartas com figurinhas

Assim as cartas seguiam seus destinos sendo que apenas ocasionalmente se observa

no grupo comentrios como Troquei com vrias pessoas aqui do grupo via Correios. Tive

apenas um furo, mas continuo aguardando essa carta e s vezes me doaram algumas e

eu retribu doando tambm. Da ltima vez foram 11 cartas enviadas porm recebi 10...

peo que se for trocar no faam como fizeram comigo pois foi figurinha dinheiro e tempo

perdido.

Os membros do grupo tiveram que lidar, ainda, com uma inoportuna greve dos

Correios que atrasou muitas trocas e foi comunicada em um post que dizia: Deu ruim,

gente.... Independentemente desses detalhes, de um modo geral, nota-se na comunidade

um elevado nmero de posts que expressam alegria e contentamento, e nos quais se percebe

a criao de novas relaes somadas a muitos agradecimentos.

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Fig.5 Print de agradecimento na comunidade

At o presente ms de julho de 2016 ainda h conversas ativas no grupo, de pessoas

que possuem figurinhas e querem negociar e de colecionadores que solicitam as faltantes

para completar o lbum. O que se observa, no apenas entre os membros, mas tambm no

prprio discurso da criadora do grupo o ganho em termos de afeto, proximidade e dilogo

que superou a prpria satisfao da troca de figurinhas.

Em algumas cidades do Brasil, em diversas datas, ocorreram encontros presenciais

maiores, divulgados no grupo com posts e cards especficos. Em Belo Horizonte e em

Florianpolis ocorreram em bancas de revistas, no Rio de Janeiro em um shopping e em

So Paulo em um caf.

Fig.6 Print de card e post marcando encontros presenciais em Belo Horizonte e Rio de Janeiro

Como j mencionamos, na segunda fase de nossa pesquisa tivemos a oportunidade

de participar de um desses encontros presenciais de troca de figurinhas em So Paulo. Foi o

quarto ou quinto encontro realizado na cidade no Frey Caf e Coisinhas8, marcado para 18

horas de 21 de julho na pgina de evento do Facebook Troca Troca (Figurinhas de

Novelas da Globo)9.

8 Disponvel em: http://www.freycafe.com.br/ . Acesso em: 06/07/2016.

9 Disponvel em: https://www.facebook.com/events/470166876485223/ Acesso em: 06/07/2016.

http://www.freycafe.com.br/https://www.facebook.com/events/470166876485223/

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Fig.7 Print de pgina de um dos eventos do Facebook Troca Troca

No detalhamento do convite para participar do evento j era possvel verificar a

preocupao com a afetividade que se acopla ao prazer do colecionismo. Ao chamar para a

interao presencial, o evento convidava a um rompimento, ou melhor, a uma ampliao do

espao virtual, um alargamento daquelas relaes. A aceitao ao convite pode ser

considerada alta sendo que no evento em que estivemos circularam por volta de 70 pessoas.

L nos disseram que os anteriores estavam lotados, pois havia mais colecionadores com

lbuns incompletos e que, conforme completavam, no apareciam mais. A frequncia

tambm era muito dinmica, pois vrios colecionadores chegavam, trocavam figurinhas e

logo saiam; diferentemente de outros tantos que bebiam, comiam e tinham mais

disponibilidade de tempo e de esprito para se relacionar. Alguns j comemoravam antes,

ainda na pgina do evento do Facebook: Que da hora! O evento mais legal do facebook.

Fig.8 Print dos detalhes do convite do evento

Colecionar uma das prticas mais encontradas entre os fs pela relao afetiva

direta que se estabelece entre o sujeito e o objeto de interesse. No caso do encontro

presencial, tivemos a oportunidade de nos deparar com colecionadores de lbum de

figurinhas, especificamente das figurinhas de telenovelas. E no apenas isso. Ali estavam os

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fs de telenovela. Esses so muito interessantes e muito parecidos: sabem tudo sobre as

novelas, os personagens e os atores, os autores e diretores, as aberturas, trilhas sonoras e mil

detalhes importantes. So aqueles fs que tm uma boa histria ou uma polmica

interessante sobre cada um dos 480 cromos do lbum.

Observamos participando com uma tabela de figurinhas faltantes e um pequeno

estojo com as repetidas. Os dois primeiros fs que entramos em contato no caf tambm

tinham a lista e a pilha de cromos. Foi interessante porque esse primeiro contato, feito por

meio do garom, ocorreu com o caf quase vazio. Com calma nos apresentamos, falamos da

troca, combinamos o valor de vinte centavos por figurinha caso um precisasse de mais

figurinhas do que poderia oferecer. preciso marcar e conferir na tabela cada troca

efetuada, caso contrrio, ao chegar outro colecionador para negociar, pegam-se novas

figurinhas iguais, ou seja, multiplicam-se as repetidas. uma espcie de arte contbil e isso

se tornava mais evidente na medida em que mais pessoas chegavam e mais trocas e

conferncias eram realizadas.

Fig.9 Print de foto de encontro presencial, publicada na pgina do evento no Facebook

Mais tarde, no caf cheio, com muitas pessoas falando, negociando suas figurinhas,

garons servindo, risadas e conversas, testemunhamos assim como no grupo online a

forte afetividade e criao de laos que cercam o ambiente dos fs. Na mesa em que

estvamos, com dois rapazes e uma senhora, chegou um homem e cumprimentou os rapazes

que conhecera ali mesmo no encontro da semana anterior. Ele tinha nas mos apenas uma

figurinha, muito amassada. Seu drama era interessante, pois s lhe faltava uma figurinha

para seu lbum ficar completo. E, no encontro de trocas anterior, ele j havia conseguido. O

problema que a figurinha estava amassada. Para piorar, era um exemplar com algum

personagem da Suzana Vieira, atriz de personalidade forte e impactante que, dizia ele, no

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merecia ser colada de maneira to depreciativa. Nesse ambiente descontrado, um dos

rapazes, sorrindo, tirou do bolso outro exemplar daquela mesma figurinha, ntegra, e a

presenteou para o colecionador desconsolado. Foi um momento de alegria e comemorao,

todos rindo e dizendo que ele, agora, possua uma Suzana Vieira que no havia estado em

uma briga.

De um afeto nascido ali, relatamos agora outro que j veio de casa com o

colecionador. Era um homem com muitas pilhas de figurinhas cuja cunhada era portadora

de Sndrome de Down e amava colecionar. Ele era o responsvel pelo lbum da mocinha. J

havia completado um e agora estava fazendo outro, com as repetidas e as trocas. Disse que

ela estava ansiosa esperando as novidades que viriam naquela noite.

Naquele encontro presencial ainda descobrimos que determinadas figurinhas so

mais valorizadas do que outras, que para trocar preciso seguir regras muito especficas e

que a tarefa de organizao e conferncia complexa e detalhada. As regras lembram a

hierarquia de comunidades organizadas de fs de sries consagradas (HILLS, 2002;

SANDVOSS, 2013). Um rapaz muito atarefado falou que detestava figurinhas, mas seu

namorado era muito f, por isso ele o ajudava a organizar e marcar as trocas. Viam-se

afetos entre figurinhas, moedinhas, dinheiro trocado amassado, piadas e gritos: quem est

com as minhas?, quantas faltam para voc?, essa figurinha est com a imagem

pssima, qual sua novela preferida?.

Nesses espaos, tanto online quanto off-line, tivemos a oportunidade de ver e

compartilhar alguns momentos com fs que se encontram em redes de afetos e memrias e

que, muito alm de uma aparente superficialidade, revelam seu claro pertencimento

cultura profunda de nosso pas, intensamente ligada telenovela.

Consideraes Finais

Por ser ainda emergente no Brasil, a anlise do engajamento de fs brasileiros de

telenovela e dos espaos de interao entre eles de extrema importncia para o avano dos

estudos de fs em mbito nacional. Ao mesmo tempo em que condiz com as j existentes

anlises de comunidades por pesquisadores estrangeiros, a relao dos telespectadores com

a telenovela repleta de particularidades e caractersticas nacionais, que merecem ser

cuidadosamente exploradas.

O que trouxemos aqui foi um caso especfico de interao entre os fs em torno de

seu objeto de afeto, numa espcie de reproduo do microcosmo descrito pelas diversas

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anlises tericas, tanto nacionais, quanto internacionais, dos estudos de fs. Com o objetivo

de contribuir para a discusso das atividades de fs no contexto brasileiro, as comunidades e

reunies presenciais de troca de figurinhas para completar o album 50 anos de novela

refletem os conceitos abordados por recentes estudos de fs: o lao afetivo entre o f e o

objeto de adorao, a nostalgia do f-colecionador, o compartilhamento de memrias

individuais que formam uma fonte de memria coletiva, o sentimento de pertencimento ao

grupo com base em capital cultural e hierarquia interna e, acima de tudo, a evidncia de que

a telenovela alimenta o repertrio cultural e afetivo do brasileiro.

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