203293143 Apontamentos Direito Da Familia Doc

Embed Size (px)

DESCRIPTION

direito da familia

Citation preview

  • Direito da familia1 Semestre 2010/2011

    1. Noo juridica de familia: A famlia constituda pelas pessoas que se encontram ligadas pelo casamento, pelo parentesco, pela afinidade e pela adopo (art. 1576 CC).

    2. Direito matrimonial: a relao que em consequncia do casamento liga os cnjuges entre si. Referente ao casamento como contrato e como estado, compreendendo as relaes pessoais e patrimoniais dos cnjuges (art. 1577 CC).

    3. Parentesco: uma relao de sangue, ou seja, so parentes as pessoas que descendam uma das outras ( parentes em linha directa)ou procedem de um progenitor comum (art. 1578 CC), sendo parentes em linha colateral. A linha recta de parentesco pode ser ascendente (de filhos para pais, por exemplo) ou descendente (de filhos para netos, por exemplo), tanto a linha recta como a transversal podem ser materna ou paterna. H que distinguir tambm os irmos germanos (parentes nas linhas paterna e materna), dos consanguneos (parentes s na linha recta) e dos uterinos (parentes s na linha materna).O clculo dos graus de parentesco feito nos termos do art. 1581 CC. Limites do parentesco: Salvo disposio da lei em contrrio, os efeitos do parentesco produzem-se em qualquer grau da linha recta e at ao sexto grau na colateral (art. 1582). Linha Recta descentente (1 filho; 2 neto; 3 bisneto); Linha Recta ascendente (1 pai; 2 av; 3 bisav) ; Linha colateral (2 irmo; 3 tio; 3 sobrinho; 4 primo)

    4. Afinidade: o vinculo que liga um dos cnjuges aos parentes do outro cnjuge (art. 1584 C.C.). A fonte da afinidade o casamento, no cessando com a dissoluo do casamento (art. 1585 CC). A afinidade conta-se por linhas e graus, em termos idnticos aos do parentesco, os seus efeitos no passam, normalmente, na linha colateral, do segundo grau e a afinidade em linha recta impedimento dirimente celebrao do casamento (art. 1602-c CC).

    Casamento Catlico: O direito matrimonial catlico rege-se pelo direito cannico. As suas propriedades fundamentais so a unidade e a indissolubilidade (definidas no concilio de Trento de 1563). A unidade, consiste na unio de um s homem com uma s mulher (monogamia), sendo que a fidelidade (bonum fidee) est intimamente associada unidade. A indissolubilidade (bonum sacramenti) torna perptuo o vnculo matrimonial que s se desfaz por morte de um dos cnjuges. A dissoluo do casamento validamente celebrado s pode ser operada em casos excepcionais: por dispensa do Pontfice Romano, relativamente ao matrimnio rato e no consumado; atravs do privilgio pauliano; pelo privilgio petrino.Certos aspectos do casamento catlico so regulados pelo Direito Civil. O Direito Civil exige capacidade civil para a celebrao do casamento catlico, aplicando a este casamento, em princpio, todo o sistema de impedimentos do casamento civil. Mas o sacerdote no poder celebrar um casamento catlico sem que lhe seja presente um certificado passado pelo conservador do registo civil, a declarar que os nubentes podem contrair casamento. Por outro lado, e para se obter uma unificao do registo do casamento, o sacerdote tem obrigao de enviar Conservatria do Registo Civil competente o duplicado do assento paroquial, a fim de ser transcrito no livro de assentos de casamento. A transcrio do duplicado do assento paroquial nos livros de registo civil condio legal da eficcia civil do casamento, no podendo o casamento catlico ser invocado enquanto no for lavrado o assento respectivo

  • Concordata entre a Santa S e a Repblica Portuguesa:Com a Concordata entre a Santa S e a Repblica Portuguesa, o sistema matrimonial da I Repblica foi profundamente alterado. Segundo o novo sistema, o Estado reconhecia efeitos civis aos casamentos catlicos; no permitia aos seus Tribunais aplicar o divrcio a casamentos catlicos; reservava aos Tribunais Eclesisticos a apreciao da validade dos casamentos catlicos .

    Contudo, o direito matrimonial civil prevalecia sobre o sistema de impedimentos do casamento catlico; era tambm o direito civil que regulava o processo preliminar e o registo.

    O protocolo adicional Concordata:Os Tribunais Civis passam a ser competentes para aplicar o divrcio a quaisquer casamentos com efeitos civis, aqui includos os casamentos catlicos. Contudo, sublinha-se o grave dever dos cnjuges que celebraram o casamento catlico de no pedirem o divrcio (trata-se, de um dever de conscincia) Temos assim um sistema de casamento civil facultativo. Facultativo para os catlicos que podem escolher entre a forma catlica e a forma civil de celebrao do matrimnio.

    Requisitos :Consentimento: O consenso o elemento constitutivo do matrimnio. Define-se como o acto de vontade com o qual o homem e a mulher se do e se aceitam como um acto irrevogvel, para constituir o matrimnio.

    As causas que provocam a nulidade do consenso matrimonial, so os seguintes:

    - Nulidade por falta de consenso: incapacidade relativa ao consenso; simulao total; violncia fsica;

    - Falta de consenso matrimonial: falta de discrio de juzo; incapacidade para assumir as obrigaes essenciais do matrimnio; simulao parcial; erro sobre a natureza ou essncia do matrimnio e erro sobre a pessoa ou a sua identidade;

    - Vcio do consenso: temor; erro sobre as qualidades da pessoa; condio de pretrito ou de presente.

    Forma: a forma do matrimnio regulada no Cdigo de Direito Cannico.Os contraentes devem estar presentes fisicamente: ou pessoalmente ou por meio de um procurador. Ambos os cnjuges podem fazer-se representar. A presena deve ser activa, manifestando os nubentes o seu consentimento com palavras, ou com um comportamento expressivo, se no puderem falar.

    Capacidade: o casamento catlico celebrado em Portugal, tem como pressuposto, no s a capacidade de Direito Civil, como uma capacidade de Direito Cannico. Estando reservadas a apreciao da nulidade dos casamentos catlicos s reparties eclesisticas, a lei civil no pode determinar a nulidade do casamento catlico, nem os Tribunais Civis declararam-na. O nico recurso ser recusar a transcrio do casamento catlico.

    Forma do casamento em Direito portugus: O processo preliminar do casamento catlico corre na Conservatria do Registo Civil, tal como o processo preliminar do casamento civil. A declarao para casamento tambm pode ser prestada pelo proco competente para a organizao do respectivo processo cannico.O proco perante quem se vai celebrar o casamento catlico deve ter o certificado passado pelo conservador em que este declare que os nubentes podem contrair casamento. Porm, quando se trate de casamentos urgentes (arts. 1599 CC) este pode celebrar-se independentemente do processo de publicaes.

    Casamentos de conscincia, que so secretos so casamentos de pessoas que viviam em situao concubinria mas que o pblico supunha serem casadas. Quanto a estes casamentos, os assentos s podem ser transcritos perante certido de cpia integral e mediante denncia feita pelo ordinrio por

  • sua iniciativa ou a requerimento dos interessados (arts. 1656 CC e 169).Os casamentos catlicos contrados sem precedncia do processo de publicaes consideram-se sempre contrados no regime de separao (art. 1720/1-a CC).

    Registo do casamento: Aps a celebrao do casamento catlico, deve ser lavrado em duplicado o assento paroquial. O assento, e respectivo duplicado, devem ser assinados pelos cnjuges, pelas testemunhas e pelo sacerdote. O proco obrigado a enviar nos trs dias seguintes Conservatria do Registo Civil competente o duplicado do assento paroquial a fim de ser inscrito no livro de assentos de casamentos (arts. 1655 CC).

    Promessa de Casamento:O art. 1591 do CC diz que a promessa de casamento o contrato onde duas pessoas se comprometem a contrair matrimnio. O nubente que no cumpre a promessa no responde pela totalidade das despesas, apenas responde por certas despesas. Tal acontece para no limitar a liberdade do consentimento para o matrimnio (em certas situaes tornar-se-ia mais vantajoso, do prisma financeiro, casar, do que no casar).EFEITOS: o art. 1594 n1 diz-nos que a indemnizao pode ser pedida pelo esponsado inocente, pelos pais deste ou por terceiros que ajam em nome dos pais. Pode ainda ser pedida pelo nubente culpado que rompeu a promessa sem justo motivo ( comportamento contrrio s concepes que dominam a esfera social ou se a continuao do noivado no possa ser razoavelmente exigida). Porm, no deve tratar-se de uma circunstncia que j fosse conhecidas do nubente que se retractou (799 n1).O dever de indemnizar no se estende totalidade dos danos causados, sendo restrito s despesas feitas e s obrigaes contraidas na previso do casamento (art. 1594 n 1), ficando de fora os lucros cessantes e os danos que no se reconduzam a despesas ou obrigaes contraidas no mbito do casamento. A indemnizao fixada segundo o arbitrio do tribunal (art. 1594 n3).Outro efeito das esponsais a obrigao de restituir os donativos feitos em virtude da promessa e na expectativa de casamento (art. 1592 e 1593), no sendo indemnizveis os presentes de aniversrio, de natal ou pscoa.Devem ser restituidas todas as cartas e retratos pessoais (art. 1592 n2), mas no as coisas consumidas antes da retractao.Para o caso de o casamento no se celebrar por morte de algum dos promitentes, aplica-se o regime do 1593 n2.A obrigao de restituir os donativos advem do art. 1592 que remete para o art. 289 sob o principio de que cada um dos contraentes deve restituir tudo o que tiver sido prestado e se tal no for possvel, o seu valor correspondente. O prazo de caducidade para restituio dos donativos ou indemnizaes previstas de um ano a contar da data de rompimento da promessa ou da morte do promitente (art. 1594 e 1595).

    Casamento Civil: O casamento como contrato: O casamento um negcio jurdico, pois existem duas declaraes de vontade dirigidas a certos efeitos e que a ordem jurdica tutela em si mesmas, atribuindo efeitos jurdicos em geral correspondentes com aqueles que so tidos em vista pelos declarantes. Contudo, e ao contrrio dos negcios jurdicos, em que domina o princpio da autonomia privada, a autonomia deixada aos nubentes muito pequena. Os efeitos pessoais do casamento, e alguns dos efeitos patrimoniais, so fixados imperativamente pela lei, sem que as partes possam, portanto, introduzir derrogaes no regime legal respectivo. Quanto lei civil, o art. 1577 define o casamento como contrato. Este enquadramento do casamento no contrato dominante desde h sculos e a contratualidade do casamento que melhor reflecte a sua essncia: a unio livre de duas pessoas para prosseguirem objectivos comuns.

    O casamento como negcio solene: o casamento um negcio particularmente solene. Enquanto que, para os negcios solenes, a forma consiste em simples documento escrito, contendo

  • as declaraes de vontade das partes. A forma requerida para a validade do casamento consiste na cerimnia da celebrao do acto. E no, propriamente, no documento escrito, assento ou registo, que deve ser lavrado e assinado aps a celebrao do casamento. Nestes termos, o casamento um contrato verbal, solene.

    Caracteres do casamento como estado (unidade): uma pessoa no pode estar casada ao mesmo tempo com mais do que uma. A proibio da poligamia ressalta no art. 1601-c que inclui o casamento anterior no dissolvido no elenco dos impedimentos dirimentes absolutos do casamento. Quanto s segundas npcias, estas so admitidas tanto pelo Direito Civil como pelo Direito Cannico, na medida em que a morte dissolve o vnculo matrimonial

    Vocao de perpetuidade: para o casamento civil, com a adopo do divrcio, a perpetuidade transformou-se numa simples tendncia. O casamento celebra-se para a perpetuidade, no sentido de que no possvel apor-lhe um termo ou condio, mas no perptuo na medida em que pode ser dissolvido por divrcio.

    Requisitos de fundo:O consentimento: no admissvel um casamento sem vontade perfeita, livre, esclarecida, dirigida, pelo menos, aos principais efeitos prticos do casamento, prossecuo da comunho de vida.O consentimento deve ser pessoal, puro e simples, perfeito e livre. O consentimento deve ser pessoal, no sentido de que h-de ser expresso pelos prprios nubentes, pessoalmente no acto da celebrao (art. 1619 do CC). O consentimento deve ser puro e simples: no pode se aposta ao casamento uma condio ou um termo (art. 1618/2 CC). Qualquer clusula deste tipo deve considerar-se no escrita por fora do art. 1618/2 CC.

    Casamento por procurao: S um dos nubentes pode fazer-se representar por procurador (arts. 1620/1 CC). Tem de tratar-se de procurao em que se confirmam poderes especiais para o acto, se individualize a pessoa do outro nubente e se indique a modalidade de casamento (arts. 1620/2 CC). Nos termos do art. 1628-d CC, o casamento por procurao ser inexistente se tiver sido celebrado depois de terem cessado os efeitos da procurao, se esta no foi concedida por quem nela figure como constituinte, ou quando for nula por falta de concesso de poderes especiais para o acto ou designao expressa do outro contraente. E, por fora do art. 1621/1 CC, cessam todos os efeitos da procurao pela sua revogao, pela morte do constituinte ou do procurador ou pela interdio de qualquer deles em consequncia de anomalia psquica. O procurador para o efeitos de casamento um mero representante na declarao. No pode a vontade do constituinte ser uma vontade incompleta, a preencher pelo procurador

    Perfeio do consentimento: O consentimento deve ser perfeito, em duplo sentido: devem ser concordantes uma com a outra as duas declaraes de vontade; e, tambm, em cada uma dessas declaraes de vontade deve haver concordncia entre a vontade e a declarao. Esta concordncia presumida pela lei, pois o art. 1634 CC, considera que a declarao de vontade no acto da celebrao constitu presuno de que os nubentes quiseram contrair o matrimnio.

    1. ERRO: Segundo o art. 1636 CC (o erro que vicia a vontade s relevante para efeitos de anulao quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cnjuge, seja desculpvel e se mostre que sem ele, razoavelmente, o casamento no teria sido celebrado).

    O erro deve ser desculpvel (art. 1686 CC): aquele em que no teria cado uma pessoa normal, perante as circunstncias do caso.

    2. COACO: O art. 1638 CC ( anulvel o casamento celebrado sob coaco moral, contanto que seja grave o mal com que o nubente ilicitamente ameaado, e justificado o receio da sua consumao).

    3. REGIME DA ANULABILIDADE POR ERRO OU COACO: Quando verificados os pressupostos tpicos do erro ou da coaco, o casamento anulvel os termos do art. 1631-

  • b CC. A aco de anulao pode ser intentada pelo cnjuge, enganado ou coacto, podendo prosseguir nela os seus parentes, ou afins na linha recta, herdeiros ou adoptantes, se o autor falecer na pendncia da causa (art. 1641), dentro dos seis meses subsequentes cessao do vcio (art. 1645). A anulabilidade sanvel mediante confirmao (art. 288 CC) expressa ou tcita.

    A divergncia entre a vontade e a declarao est prevista no art. 1635 CC, que enumera diversas hipteses em que o casamento pode ser anulado por falta de vontade. Deve entender-se que esta enumerao taxativa, s sendo anulvel o casamento nos casos que se integrem em qualquer uma destas factualidades tpicas (art. 1627 CC). A anulao pode ser requerida pelo prprios cnjuges ou por quaisquer pessoas prejudicadas com o casamento (art. 1640/1 CC) dentro de trs anos subsequentes sua celebrao ou, se o casamento era ignorado do requerente, nos seis meses seguintes data que dele teve conhecimento (art. 1644 CC).

    4. CASAMENTO SIMULADO: o casamento simulado quando a declarao no corresponde vontade real para obter dele uma vantagem ou contornar uma disposio legal. O art. 1635 alinea d dispe que a anulao pode ser requerida pelos prprios cnjuges e por quaisquer pessoas prejudicadas pelo casamento (1640 n1) dentro dos 3 anos subsequentes (art. 1644). Os cnjuges no podem provar por testemunhas (art. 394 n2) ou por presunes (art. 351) o acordo simulatrio. A anulao do casamento simulado no pode ser oposta a terceiros que acreditaram de boa f na validade do casamento (art. 243).

    Capacidade: A lei distingue (arts. 1601, 1602 e 1604 CC) entre impedimentos dirimentes e simplesmente impedientes. Os primeiros implicam a anulao do casamento que tenha sido contrado apesar da sua existncia (art. 1631-a CC); os segundos aplicam outras sanes menos rigorosas do que a anulabilidade.

    Dos impedimentos dirimentes fazem parte a falta de idade nupcial (art. 1601 alinea a); a demncia; vinculo matrimonial anterior no dissolvido; parentesco e afinidade (art. 1602 alinea a,b,c); condenao por homicidio(art. 1602 alinea d).Dos impedimentos impedientes fazem parte : falta de autorizao dos pais ou do tutor para o casamento (art. 1604 alinea a); prazo internupcial (art. 1605 n1); parentesco no 3 grau da linha colateral (art. 1604 alinea c); e tutela, curatela e administrao legal de bens (art. 1604 alinea d e 1608).

    Requisitos de forma:O processo preliminar: Os nubentes devem declarar a sua inteno de contrair casamento na conservatria indicada. Findo o prazo das publicaes e efectuadas as diligncias necessrias, o conservador, no prazo de trs dias a contar da ltima diligncia, deve lavrar despacho a autorizar os nubentes a celebrar casamento, ou mandar arquivar o processo, conforme for de Direito. No caso de despacho favorvel, o casamento deve celebrar-se no prazo de noventa dias.

    Registo do casamento: O registo do casamento obrigatrio e faz prova plena de todos os factos nele contidos, no podendo a prova resultante do registo civil quanto aos factos a ele sujeitos e ao correspondente estado civil, ser ilidida por qualquer outra, excepto nas aces de estado e nas de registo (arts. 1 a 4 CRC; 261, 262 CC).

    Casamentos urgentes: Os casamentos urgentes (arts. 1622 CC), so aqueles celebrados quando haja fundado receio de morte prxima de algum dos nubentes, ou iminncia de parto. O casamento celebrado independentemente de processo de publicaes e sem interveno do funcionrio do Registo Civil. As formalidades reduzem-se a uma proclamao oral ou escrita, feita porta da casa onde se encontrem os nubentes, pelo funcionrio do registo civil, ou, na falta dele, por qualquer das pessoas presentes. A celebrao do casamento reduz-se s declaraes expressas de consentimento de cada um dos nubentes perante quatro testemunhas, duas das quais no podero

  • ser parentes sucessveis dos nubentes. Deve redigir-se uma acta de casamento em seguida celebrao do mesmo assinada por todos os intervenientes. Os casamentos urgentes consideram-se sempre celebrados no regime de separao de bens (art. 1720/1-a CC).

    Casamento de portugueses no estrangeiro e de estrangeiros em Portugal:O casamento contrado no estrangeiro entre dois portugueses ou entre portugus e estrangeiro, pode ser celebrado por trs formas: perante ministros do culto catlico; perante os agentes diplomticos ou consulares portugueses, na forma estabelecida pela lei civil; perante as autoridades legais competentes, na forma estabelecida pela lei civil; perante as autoridades legais competentes, na forma prevista pela lei do lugar da celebrao. De qualquer modo, dever haver sempre o processo de publicaes, salvo nos casos em que a lei permita celebrao do casamento com dispensa do processo.

    Invalidades do casamento:Inexistncia do casamento:Os casos de inexistncia so os previstos no art. 1628 CC: casamentos celebrados por quem no tenha competncia funcional para o acto;ou em que falta declarao de vontade dos nubentes ou de um deles. O casamento inexistente no produz quaisquer efeitos, sequer putativos, podendo a inexistncia ser invocada a qualquer tempo, e por qualquer interessado, independentemente de declarao judicial (art. 1630 CC).

    Anulabilidade do casamento: O art. 1627 CC, consagra o princpio da tipicidade das causas de nulidade: no h nulidades tcitas mas s expressas, fixando a lei taxativamente o seu elenco. Todos os casamentos que a lei no diga que sejam nulos, devem considerar-se vlidos.Os casos de anulabilidade so, pois, exclusivamente, os referidos no art. 1631. A anulabilidade no opera ipso iure (art. 1632 CC), s podendo ser proposta por certas pessoas (art. 1639 e 1642 CC) e dentro de certos prazos (arts. 1643 e 1646 CC); a anulabilidade pode ser sanada em determinadas condies (art. 1633 CC).Sobre a simulao rege art. 1640/1 CC.

    Casamento putativo: Nos termos do art. 1647 CC, o casamento, catlico ou civil, produz efeitos apesar da declarao de nulidade.O instituto do casamento putativo visa afastar os inconvenientes para os cnjuges, para os filhos e para terceiros da declarao de nulidade ou da anulao do casamento. A lei considera justo que o casamento invlido produza apesar disso certos efeitos, variveis conforme se trate de proteger terceiros, os filhos ou os cnjuges, e dependentes da boa f em que cada um deles se encontre .A produo de efeitos pelo casamento invlido depende de trs pressupostos:

    a) necessria a existncia de um casamento.

    b) O casamento deve ter sido declarado nulo, ou anulado.

    c) Finalmente, exige-se que um dos cnjuges, ou ambos, esteja de boa f, para que o casamento produza efeitos em relao a eles ou produza efeitos favorveis ao cnjuge de boa f e, reflexamente, os produza em relao a terceiros.

    Quanto aos efeitos do casamento putativo, a regra geral a seguinte: os efeitos j produzidos mantm-se at ao momento da declarao da nulidade, ou da anulao, mas no se produzem efeitos desde o momento da sua celebrao em termos idnticos ao regime jurdico do divrcio.

    Quanto aos cnjuges, se eles estavam de boa f, o casamento produz, todos os efeitos entre eles at data de declarao de nulidade ou anulao (art. 1657/1 CC).Se s um dos cnjuges estava de boa f, o casamento produz em relao a ambos os cnjuges os efeitos que forem favorveis ao cnjuge de boa f (art. 1647/2 CC).Se ambos os cnjuges estavam de m f, o casamento no produz efeitos em relao a eles.

  • No que se refere aos filhos, e quer o casamento tenha sido contrado de boa f ou de m f pelos cnjuges, produz os efeitos favorveis aos filhos nascidos no casamento, nomeadamente no que se refere presuno pater is est (art. 1827 CC).

    Efeitos pessoais do casamentoIgualdade de direitos e deveres dos cnjuges e direco conjunta da famlia: (art. 1671/2 CC) : Afectao do estado dos cnjuges:

    1. o nome: sido utilizado para situar socialmente o seu portador, integrando-o numa certa famlia, relevando os seus pais, eventualmente o seu cnjuge, os seus avs. Cada um dos cnjuges conserva os seus prprios apelidos, mas pode acrescentar-lhe apelidos do outro at ao mximo de dois.

    2. A nacionalidade: O estrangeiro casado h mais de trs anos com portugus pode adquirir a nacionalidade portuguesa mediante declarao feita na constncia do casamento (art. 3/1 lei da nacionalidade lei 37/81 de 3 de Outubro). O portugus que case com estrangeiro no perde, por esse facto, a nacionalidade portuguesa salvo se, tendo adquirido pelo casamento, a nacionalidade portuguesa, declarar que no quer ser portugus (art. 8 da lei da nacionalidade).

    Deveres dos cnjugesDever de coabitao: O conceito de coabitao em Direito matrimonial significa comunho de leito, de mesa e de habitao. Segundo o art. 1673 CC, os cnjuges devem escolher de comum acordo a residncia da famlia. No caso de divergncia insanvel e prolongada entre os cnjuges sobre o local da residncia familiar, a lei permite a interveno do Tribunal a requerimento de qualquer dos cnjuges (arts 1673/3 CC). O incumprimento no justificado da obrigao de coabitar pode ser causa de divrcio ou de separao judicial de pessoas e bens (arts. 1779 e 1794 CC). Independentemente de culpa, a ausncia de coabitao ser ainda causa de divrcio ou de separao judicial de pessoas e bens por ruptura da vida em comum (art. 1781-a CC).

    Dever de fidelidade: Os cnjuges tm obrigao de guardar mutuamente fidelidade conjugal.Cooperao: A comunho de vida pressupe que cada um dos cnjuges esteja permanentemente disponvel para dialogar com o outro, auxili-lo em todos os aspectos morais e materiais da existncia, colaborar na educao dos filhos, etc. trata-se do dbito conjugal de um dos ncleos da comunho de vida

    Dever de assistncia: tem carcter marcadamente econmico. Compreende a prestao de alimentos e a contribuio para os encargos da vida familiar (art. 1675/1 CC). No caso de um dos cnjuges no cumprir o seu dever de assistncia, resultam daqui duas consequncias principais:a de o outro cnjuge poder pedir a separao de pessoas e bens, ou o divrcio, com essa base. A outra, a de cnjuge lesado pode pedir judicialmente alimentos para si prprio e para os filhos, para o futuro. Contudo, no h qualquer direito de indemnizao em relao ao no cumprimento do dever de assistncia para o passado. O dever de assistncia compreende, no s o necessrio para que os restantes membros da famlia se alimentem, se vistam e abriguem e satisfaam as suas necessidades de educao, como tambm o necessrio para as actividades culturais desportivas e de lazer deles.

    Dever de respeito: A violao do dever de respeito causa de divrcio ou separao judicial de pessoas e bens (arts. 1779 e 1794 CC). O dever de respeito fundamentalmente o dever de aceitar o outro cnjuge como pessoa que ele .

    Efeitos patrimoniais do casamentoConvenes antenupciais: o acordo entre os nubentes destinado a fixar o seu regime de

  • bens. A conveno no se integra no contrato de casamento, mas acessrio deste, pressupondo a sua existncia e validade. Os princpios gerais em matria de convenes antenupciais so os da liberdade e da imutabilidade. Nos termos do art. 1698 CC, os esposos podem fixar na conveno antenupcial, dentro dos limites da lei, o regime de bens do casamento, escolhendo um dos regimes previstos no Cdigo, combinando alguns destes, ou estipulando o que entenderem (princpio da liberdade).O art. 1699 CC, estabelece um certo nmero de restries ao princpio da liberdade contratual; matrias em relao s quais os cnjuges no podem dispor, por estarem imperativamente fixados na lei. O principio da imutabilidade (art. 1714/1 CC ) diz-nos que fora dos casos previstos na lei, no permitido alterar, depois da celebrao do casamento, nem as convenes antenupciais, nem os regimes de bens legalmente fixados.

    REQUISITOS: As convenes antenupciais podem ser celebradas atravs de procurao, embora a procurao deva conter a indicao do regime de bens convencionado. O art. 1713/1 CC, vem permitir que as convenes seja celebradas sob condio ou a termo. Assim, pode determinar-se que um regime de separao seja transformado em regime de comunho geral se nascerem filhos do casamento. O preenchimento da condio no tem efeito retroactivo em relao a terceiros (art. 1713/2 CC).FORMALIDADES: Tero de ser celebradas por escritura pblica (art. 1710 CC), ou por auto lavrado perante o Conservador do Registo Civil. Alm disso,devem ser registadas para produzirem efeitos em relao a terceiros (art. 1711/1 CC).Uma conveno antenupcial no registada vlida e eficaz entre as partes, no produzindo efeitos em relao a terceiros. No so considerados terceiros (art. 1711/2 CC), os herdeiros do cnjuge e os demais outorgantes da escritura.Como qualquer contrato, as convenes antenupciais podem ser invlidas, de acordo com as regras gerais, aplicando-se, nesta matria, as regras relativas reduo do negcio jurdico (art. 292 CC).CADUCIDADE: A conveno antenupcial caduca se o casamento no foi celebrado dentro de um ano, a contar da sua celebrao, ou se, tendo sido celebrado, foi declarado nulo ou anulado (art. 1716 CC). Se o casamento for declarado nulo ou anulado, aplicam-se as regras do casamento putativo. Assim, se ambos os cnjuges estavam de boa f, a conveno produzir os seus efeitos em relao a eles e a terceiros (art. 1674/1 CC); se s um dos cnjuges contraiu casamento de boa f, e a conveno antenupcial o beneficiou, s o cnjuge de boa f poder obrigar-se tutela dos benefcios do estado matrimonial (art. 1647/2 CC).

    Regime da comunho de adquiridos: O regime da comunho de adquiridos vigorar quando os nubentes o estipularem na sua conveno antenupcial ou, como regime supletivo, na falta de conveno antenupcial ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficcia da conveno (art. 1717 CC). A regra geral a de que so comuns todos os bens adquiridos a ttulo oneroso na constncia do casamento, e so prprios de cada um dos cnjuges os bens levados por ele para o casamento ou adquiridos a ttulo gratuito depois do casamento.

    So prprios os bens que os cnjuges levam para o casamento (art. 1722/1-a CC); bens adquiridos com base em ttulo anterior data do casamento.Tambm so prprios os bens que advirem aos cnjuges por sucesso ou doao, ou seja, a ttulo gratuito (art. 1722/1-b CC). Os bens adquiridos na constncia do matrimnio por direito prprio anterior, tambm so prprios (art. 1722/1-c CC). O art. 1722/2 CC, d quatro exemplos destes bens. Tambm so bens prprios os bens adquiridos, em parte com dinheiro ou bens prprios de um dos cnjuges, e noutra parte com dinheiro ou bens comuns, se aquela for a prestao mais valiosa (art. 1726/1 CC). Tambm aqui deve haver uma compensao entre o patrimnio comum e os patrimnios prprios (n. 2).

    Bens comuns: os bens adquiridos a ttulo oneroso na constncia do matrimnio, salvos os casos expressos na lei (art. 1724-b CC); os bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens prprios de um dos cnjuges e, noutra parte, com dinheiro ou bens comuns, se esta for a prestao mais valiosa (art. 1726/1 CC); os frutos e rendimentos dos bens prprios e as benfeitorias teis feitas nestes bens (art. 1728/1, 1733/2 CC, aplicvel ao regime

  • da comunho de adquiridos por analogia); o produto do trabalho dos cnjuges (art. 1724-a CC); presume-se que os bens imveis tambm so bens comuns (art. 1725 CC ).Poderes de disposio: Cada um dos cnjuges, no pode, sem o consentimento do outro: 1. Alienar bens imveis, prprios ou comuns (art. 1682-A/1-a CC); 2. Onerar bens imveis prprios ou comuns, atravs da constituio de direitos reais de gozo ou de

    garantia, e ainda dar de arrendamento esses bens ou constituir sobre eles outros direitos pessoais de gozo (art. 1682-A/1-a CC);

    3. Alienar o estabelecimento comercial, prprio ou comum (art. 1682-A/1-b CC); 4. Onerar ou dar em locao o estabelecimento prprio ou comum (art. 1682-A/b CC), podendo,

    dada a ausncia de proibio da lei, constituir outros direitos pessoais de gozo sobre o estabelecimento;

    5. Alienar a casa de morada de famlia (art. 1682-A/2 CC); 6. Onerar a casa de morada de famlia, atravs de direitos reais de gozo ou de garantia, e ainda d-

    la de arrendamento ou constituir sobre ela outros direitos pessoais de gozo (art. 1682-A/2 CC);

    7. Dispor do direito de arrendamento da casa de morada de famlia (art. 1682-B CC), podendo, consequentemente, dispor do direito de arrendamento, operando, por exemplo, uma cessao da posio contratual, quanto aos outros bens mveis, prprios ou comuns;

    8. Alienar os mveis prprios ou comuns, utilizados conjuntamente pelos cnjuges como instrumento comum de trabalho (art. 1682/3-a CC);

    9. Alienar os seus bens mveis e os mveis comuns, se no for ele a administr-los (art. 1682/2/3-b CC);

    10. Repudiar heranas ou legados (art. 1683/2 CC), podendo qualquer dos cnjuges aceitar doaes heranas ou legados, sem o consentimento do outro (art. 1683/1 CC).

    Cada um dos cnjuges no pode dispor dos seus prprios imveis, nem dos bens imveis comuns, sem o consentimento do outro (art. 1682-A/1-a CC). A sano a anulabilidade do acto (art. 1687/1 CC). A disposio que faa dos bens imveis do outro nula (arts. 892 e 1687/4 CC).

    Bens mveis: cada um dos cnjuges pode dispor dos seus bens prprios e dos bens comuns se os administrar (art. 1682/3-a CC). A violao desta regra determina a anulabilidade do acto (art. 1687/1 CC). Cada um dos cnjuges no pode dispor dos bens mveis do outro, quer esteja quer no na sua administrao. No primeiro caso, a sano a anulabilidade do acto (arts. 1682/3-b, 1687/1/3-b CC); no segundo caso, a sano a da nulidade do acto (arts. 892 e 1687/4 CC). Poder, porm, dispor desses bens, se estiver a administr-los e o respectivo acto de disposio for um acto de administrao ordinria (art. 1682/3-b CC).

    Comunho geral: So comuns todos os bens adquiridos pelos cnjuges na constncia do casamento, quer a ttulo gratuito quer a ttulo oneroso. Bem como todos os bens que tenham trazido para o casamento. A existncia de bens prprios deve considerar-se excepcional, reduzindo-se quase s queles que forem deixados ou doados a um dos cnjuges com a clusula de incomunicabilidade.

    Valem aqui, quanto aos poderes de disposio dos bens, o mesmo que da comunho de adquiridos, para os bens comuns.

    Separao de bens:No regime de separao de bens no h bens comuns. Quando muito, bens determinados em compropriedade. As ilegitimidades conjugais tm muito menor alcance do que nos regimes de comunho. Assim, reduzem-se proibio de cada um dos cnjuges alienar a casa de morada de famlia, ou oner-la, atravs da constituio de direitos reais de gozo ou garantia, e ainda d-la em arrendamento ou constituir sobre ela outros direitos pessoais de gozo; a proibio de alienar os mveis prprios ou comuns, utilizando conjuntamente com o outro cnjuge na vida do lar; a proibio de alienar os mveis utilizados conjuntamente pelos cnjuges como instrumento de

  • trabalho; e, finalmente, a proibio de alienar os seus bens imveis se no for ele a administr-los.

    O consentimento conjugal e o seu suprimento: No art. 1684/1 CC, determina-se que o seu consentimento conjugal para a prtica dos actos que dele carecem deve ser especial para cada um desses actos. Est sujeito forma exigida para a procurao (art. 1684/2 CC). A autorizao do cnjuge pode ser revogada enquanto o acto no tiver comeado. A partir deste momento, o cnjuge que a revogar ter de indemnizar os prejuzos sofridos por terceiro. A revogao deve obedecer mesma forma que a exigida para o consentimento: o que resulta da aplicao analgica do art. 1684/2 CC.O art. 1684/3 CC, admite o suprimento do consentimento, no s no caso de impossibilidade, como tambm no de injusta recusa. O art. 1687 CC, regula o regime da anulabilidade dos actos praticados contra as disposies enunciadas. A anulao pode ser pedida pelo cnjuge que no deu o consentimento, ou pelos seus herdeiros, nos seis meses subsequentes data em que o requerente teve conhecimento do acto; mas nunca depois de decorridos trs anos sobre a celebrao desse acto (n. 2). O adquirente de boa f protegido nos termos do n. 3. A anulabilidade sanvel mediante conformao (art. 288 CC).Administrao dos bens dos cnjuges e responsabilidade por dvidas dos cnjuges

    Administrao dos bens: Os bens prprios so administrados pelo cnjuge que seu proprietrio (art. 1678/1 CC), no entanto, um dos cnjuges pode administrar: quando se trate de mveis que, embora pertencentes ao outro cnjuge, so exclusivamente utilizados como instrumentos de trabalho pelo cnjuge administrador (art. 1678/2-e CC); ou no caso de ausncia ou impedimento de outro cnjuge (alnea f); ou quando o outro cnjuge lhe confira, por mandato revogvel, poderes de administrao (alnea g).

    Quanto aos bens comuns, a norma a da administrao conjunta (art. 1678/3 CC). O art. 1678/2 CC, atribui a cada um dos cnjuges a administrao exclusiva de determinados bens comuns.

    Poderes do cnjuge administrador e do cnjuge no administrador: Os poderes do cnjuge administrador abrangem os de disposio de mveis comuns tratando-se essa disposio de acto de administrao ordinria (art. 1682/1 CC); e a alienao e onerao dos mveis prprios e dos comuns descritos no art. 1678/2-a- f CC.O administrador de bens comuns, ou de bens prprios do outro cnjuge obrigado, salvo casos excepcionais (art. 1681/1 CC), a prestar contas, podendo ser responsabilizado no caso de no o fazer ou essas contas serem insuficientes.Quando a administrao seja ruinosa a ponto de o cnjuge no administrador correr o risco de perder o que seu, este tem a faculdade de requerer a simples separao judicial de bens, nos termos dos arts. 1767 segs. CC.O cnjuge que no tem a administrao dos bens no est inibido de tomar providncias a ela respeitantes, se o outro se encontrar, por qualquer causa impossibilitado de o fazer, e do retardamento das providncias puderem resultar prejuzos art. 1679 CC.

    Dvidas da responsabilidade de ambos os cnjuges: So da responsabilidade de ambos os cnjuges as dvidas enunciadas no art. 1691/1/2 CC. As dvidas contradas por ambos os cnjuges ou por um deles com o consentimento do outro (art. 1691/1a CC). Vm a seguir as dvidas contradas por ambos os cnjuges para ocorrer aos encargos normais da vida familiar (art. 1691/1-b CC). As dvidas contradas na constncia do matrimnio pelo cnjuge administrador e nos limites dos seus poderes de administrao, em proveito comum do casal, tambm so comuns (art. 1691/1-c CC). Seguem-se as dvidas contradas por qualquer dos cnjuges no exerccio do comrcio (art. 1691/1-d CC). As dvidas que onerem doaes, heranas ou legados, quando os respectivos bens tiverem ingressado no patrimnio comum, tambm so de responsabilidade comum (art. 1691/1-e, 1693/2, 1683/1, 1693/2 CC).So comuns tambm as dvidas contradas antes do casamento por qualquer dos cnjuges, em proveito comum do casal, vigorando o regime da comunho geral de bens (art. 1691/2 CC).

  • As dvidas que onerem bens comuns so tambm comuns, no obstando comunicabilidade a circunstncias das dvidas se terem vencido antes dos bens se tornarem comuns (art. 1694/1 CC). As dvidas que, nos regimes de comunho, onerem os bens prprios, se tiverem como causa a percepo dos respectivos rendimentos, tambm so comuns (art. 1694/2 CC).

    Bens que respondem pelas dvidas de responsabilidade comum: Respondem pelas dvidas de responsabilidade comum os bens comuns, e, na falta ou insuficincia destes, os bens prprios de qualquer dos cnjuges (art. 1695/1 CC). A responsabilidade dos cnjuges, no caso da dvida vir a ser paga com os bens prprios, solidria nos regimes de comunho, e parciria no regime de separao (art. 1695/1/2 CC).

    Dvidas de exclusiva responsabilidade de um dos cnjuges:So as dvidas contradas por um dos cnjuges sem o consentimento do outro (art. 1692-a CC).Compreendem-se aqui tanto as dvidas anteriores como as posteriores ao casamento.As dvidas provenientes de crimes ou de outros factos imputveis a um dos cnjuges, tambm so da exclusiva responsabilidade desse cnjuge (art. 1692-b CC).

    As dvidas que onerem bens prprios de qualquer dos cnjuges, tambm so prprias (arts. 1692-c, e 1694/2 CC).

    As dvidas que onerem doaes, heranas ou legados, quando os respectivos bens sejam prprios, mesmo que a aceitao tenha sido efectuadas com o consentimento de outro cnjuge, so dvidas prprias.Bens que respondem pelas dvidas de exclusiva responsabilidade de um dos cnjuges: Nos termos do art. 1696/1 CC, respondem pelas dvidas prprias de cada um dos cnjuges, os bens prprios do cnjuge devedor e, subsequentemente, a sua meao nos bens comuns. Neste caso, o cumprimento s exigvel depois de dissolvido, declarado nulo ou anulado, o casamento, ou depois de decretada a separao judicial de pessoas e bens ou s de bens.Por fora do art. 1696/2 CC, respondem ao mesmo tempo que os bens prprios do cnjuge devedor, os bens por ele levados para o casal, ou posteriormente adquiridos a ttulo gratuito, bem como os respectivos rendimentos, o produto do trabalho e dos direitos de autor do cnjuge devedor, e os bens sub-rogados no lugar dos mencionados em primeiro lugar. Embora estes bens sejam comuns por fora do regime de bens, a lei protege neste caso o credor que tinha em vista os bens que o devedor levara para o casamento, os que adquiria mais tarde por herana ou doao, e os proventos que auferia; que pareciam, aos olhos de terceiros, bens comuns. O art. 1696/3 CC, admite que a meao do cnjuge devedor seja executada imediatamente se a dvida provm de crime ou de outro facto imputvel ao outro cnjuge.Compensaes devidas pelo pagamento de dvidas do casal:No caso de bens de um dos cnjuges terem respondido por dvidas de responsabilidade comum, para alm do que lhe competia, e seja qual for a razo desta responsabilidade, o cnjuge que pagou mais que a sua parte do crdito de compensao sobre o outro cnjuge. Crdito, porm, que s exigvel no momento da partilha dos bens do casal, em consequncia de declarao de nulidade ou anulao do casamento, de separao judicial de pessoas e bens, ou s de bens, ou de divrcio, a no ser que vigore entre os cnjuges o regime de separao (art. 1697/1 CC).

    Responsabilidade por dvidas no caso de separao de facto: desaparecendo a vida em comum do casal, natural que deixe de haver dvidas assumidas em proveito comum do casal.

    As necessidades de cada um dos cnjuges, mesmo do cnjuge que tenha os filhos a seu encargo, devero ser satisfeitas atravs da atribuio de alimentos.

    Mais: o cnjuge que tenha afectado a si, exclusivamente, certos bens comuns, ser responsvel perante o outro pelo seu enriquecimento, e pelos prejuzos que tenha causado ao outro pela privao do uso de fruio do bem.

    Com efeito os cnjuges participam por metade no activo e passivo da comunho (art. 1730/1 CC). Este direito a metade dos bens comuns consumido, esbatendo-se, no decurso do casamento comunho de vida, precisamente por esta comunho de vida. Mas volta a surgir

  • superfcie no curso de separao de facto.Trata-se de uma consequncia da concepo da comunho como propriedade. E que encontra,

    apoio directo no art. 1730/1 CC.

    Modificao e extino da relao matrimonial

    Divrcio: uma causa de dissoluo do casamento, decretada pelo tribunal ou pelo conservador do registo civil, a requerimento de um ou dos dois cnjuges.Direito ao divrcio: o art. 36 n2 da CRP diz-nos que admissivel a dissoluo por divrcio de qualquer casamento, seja qual for a modalidade do acto. O direito ao divrcio pessoal ( art. 1785 n 1 e 3); a aco de divrcio pode ser continuada pelos herdeiros do autor aps a sua morte (art. 1785 n3); um direito irrenuncivel.Oponibilidade dos efeitos do divrcio: os efeitos pessoais do divrcio produzem-se a partir de trnsito em julgado da sentena (art. 1789 n1; 1776 n3). Os efeitos patrimoniais do divrcio s podem ser opostos a terceiros a partir da data do registo do divrcio (art. 1789 n3, 1776 n3).A cessao dos efeitos patrimoniais entre as partes produz-se por retroaco, data da apresentao do requerimento de divrcio (art. 1789 n 1; 1776 n3). Se a separao de facto for provada, aplica-se a art. 1789 n2.Efeitos do divrcio: cessa a afinidade com os parentes do outro cnjuge ( 1585 a contrario); o ex-cnjuge no pode conservar os apelidos do outro (excepto consentimento deste - art. 1677-B); nenhum cnjuge pode receber mais, na partilha, do que aquilo que receberia se o casamento tivesse sido celebrado em comunho de adquiridos (1790); perdem-se os beneficios em considerao do estado de casado (art. 1791, art. 2317 alinea d)); o ex-cnjuge perde o direito de suceder como herdeiro legal do outro ( 2133 n 3 e 2157). A isto acresce as responsabilidades parentais, obrigao de alimentos e destino da casa de morada de familia.Alimentos: art. 2009 n1 alinea a); art. 2016; art. 2016-A n 1 e 3; art. 2019.Casa de morada de familia: os acordos sobre o destino da casa de morada da familia podem ser modificados nos termos do art. 2012 e nos termos gerais da jurisdio voluntria (art. 1793 n3 ).

    Casa pertencente a um deles ou a ambos: o direito de nela habitar pode pertencer ao cnjuge que no proprietrio do imvel ou que era um dos contitulares, atravs da formao de uma relao de arrendamento constituida por acordo ou sentena. Na falta de acordo entre os cnjuges divorciados, aplica-se o art. 1793.

    Casa arrendada a um dos cnjuges: o art. 1105 n1 dispe que os ex-cnjuges podem acordar pela transmisso ou concentrao a favor de um deles. Na falta de acordo quanto transmisso do arrendamento, o art. 84 n2 da RAU e 1105 n2 do CC atribuem ao tribunal o poder de decidir.

    Divrcio por mtuo consentimento administrativo: o destino da casa de morada de familia definido por acordo que carece ser homologado pelo conservador do registo civil (art. 14 do DL 272/2001 de 13 de Outubro).

    Divrcio por mtuo consentimento judicial: se o pedido de atribuio se cumular com outro no mbito da mesma aco judicial, aplica-se o art. 5 n2 do DL 272/2001 e o art. 1413 do CC. Se o pedido de atribuio se no comular com outro no mbito da mesma aco, aplica-se o art. 7 a 10 do DL 272/2001 de 13 de Outubro. O processo inicia-se com o requerimento de uma das partes (art. 6 n1 DL 272/2001), sendo que na falta de oposio da outra parte o conservador declara a procedncia do que foi requerido, e havendo oposio, o processo remetido para tribunal.

    Responsabilidade civil entre cnjuges: o art. 1792 do CC.Celebrao de novo casamento aps declarao de morte presumida: art. 115 e 116 do CC).Mudana de sexo: art. 1781 alinea d) CC.Divrcio por mtuo consentimento: requerido na conservatria do registo civil por ambos os cnjuges, de comum acordo, ou no tribunal se os cnjuges no acompanharem o requerimento de

  • divrcio com todos os acordos que so exigidos nos termos do art. 1775 n1 (art. 1773 n 2).Pressupostos: ambos os cnjuges estejam de acordo quanto dissoluo do casamento (art. 1773 n2); o respectivo requerimento pode ser apresentado a todo o tempo (art. 1775 n1).Processo:

    1. No inicio do processo de divrcio o tribunal ou a conservatria informam os cnjuges sobre a existncia de mediao familiar (art. 1774 e art. 14 n3 do DL 272/2001 de 13 de Outubro).

    2. Mantendo os cnjuges a vontade de se divorciarem, o conservador convoca os cnjuges para uma conferncia (1777 n1) onde se apreciam os acordos apresentados pelas partes (art. 1777 e 1778).

    3. Se estes acordos acautelarem devidamente os interesses de ambos os cnjuges e dos filhos, o conservador homolga os acordos e decreta divrcio.

    4. Caso contrrio, os cnjuges devem alterar os acordos . Se no o fizerem, a homolgao recusada e o processo remetido para tribunal.

    5. Da deciso do conservador cabe recurso para o tribunal da relao (art. 274 n1 do CRC).As regras processuais do divrcio por mtuo consentimento esto nos artigos 1775 a 1778 -A; 271 a 274 do CRC; art. 14 do DL n 272/2001, de 13 de Outubro; art. 1419 a 1424 do CPC.Acordos sobre as responsabilidades parentais:o processo enviado ao ministrio pblico para que este se pronuncie sobre o acordo no prazo de 30 dias antes da conferncia de divrcio (art. 1776-A; art. 14 n4 e ss do DL 272/2001 de 13 de Outubro). Se o ministrio considerar que o acordo acautela os interesses dos menores, ser marcada a conferncia e o acordo homolgadoDivrcio requerido no tribunal: se os cnjuges no acompanharem o requerimento de divrcio com todos os acordos que so exigidos nos termos do art. 1775 n1 (art. 1773 n 2). A tramitao regulada pelo art. 1778-A, o juiz deve promover o acordo dos cnjuges quanto aos assuntos mencionados no art. 1775 n 1, procedendo fixao das consequncias do divrcio.

    Divrcio litigioso: requerido no tribunal por um dos cnjuges contra o outro , com fundamento em determinada causa (art. 1773 n 3).Requisitos: preenchimento de uma das situaes enumeradas no art. 1781 ( ex: a alinea d) refere-se violao dos deveres conjugais ou mudana de sexo feita na constncia do matrimnio lei 9/2010 de 31 de Maio).Processo:

    1. Segundo o art. 1785 n1, o divrcio litigioso pode ser requerido por qualquer um dos cnjuges ou se uma das partes falecer na pendncia do processo, a aco pode ser continuada pelos herdeiros do autor (art. 1785 n3).

    2. Art. 8 da lei n 61/2008 de 31 de Outubro, a aco de divrcio no caduca.3. O divrcio litigioso segue a forma de processo especial submetida ao disposto nos art. 1407

    e 1408 do CPC. Ao receber o requerimento de divrcio, o tribunal informa da existncia de servios de

    mediao familiar (art. 1774); H uma tentativa de conciliao dos cnjuges (art. 1779 n1, 1407 n1 do CPC), e se

    esta tentativa falhar, o juiz tentar obter acordo dos cnjuges para divrcio por mtuo consentimento (art. 1779 n2; 1407 n2 do CPC).

    Na falta de acordo por mtuo consentimento, o juiz procurar obter acordo quanto aos alimentos, responsabilidades parentais e utilizao da casa de morada de familia (art. 1407 n 2 CPC).

    Adopo A adopo (art. 1586 CC) o vnculo que, semelhana da filiao natural mas

    independentemente dos laos de sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas. So admitidas duas modalidades de adopo: a plena e a restrita (art. 1977/1 CC). A adopo restrita pode converter-se, a todo o tempo e a requerimento do adoptante, em adopo plena,

  • mediante a verificao de um certo nmero de condies (n. 2). A adopo plena, tal como a restrita, constitui-se mediante sentena judicial (art. 1973/1 CC).

    Requisitos gerais (art. 1974): - reais vantagens para o adoptando, - se funde em motivos legtimos, - no envolva sacrifcio injusto para os outros filhos do adoptante ... - seja razovel supor que entre o adoptante e o adoptando se estabelecer um vnculo

    semelhante ao da filiao.

    2. O adoptando dever ter estado ao cuidado do adoptante durante prazo suficiente para se poder avaliar da convenincia da constituio do vnculo.

    A adopo plena : Requisitos do adoptante: art. 19791. Pode adoptar duas pessoas casadas h mais de 4 anose no separadas judicialmente de pessoas e bensou de facto, se tiverem mais de 25 anos .

    2. Pode adoptar individualmente, quem tiver mais de 30 anos, ou se o adoptando for filho do cnjuge do adoptante, mais de 25 anos.

    3. S pode adoptar quem no tiver mais de 50 anos data em que o menor lhe foi confiado, excepto se este for filho do cnjuge do adoptante.

    4. O adoptante deve ter capacidade nos termos do artigo 295 do CC.

    Requisitos do adoptado: art. 19801. Podem ser adoptados os menores filhos do cnjuge do adoptante e aqueles que lhe tenham sido confiados administrativamente ou judicialmente.

    2. O adoptando deve ter menos de 15 anos data da petio judicial de adopo. Poder, no entanto, ser adoptado quem, a essa data, tenha menos de 18 anos e no se encontre emancipado, quando, desde idade no superior a 15 anos, tenha sido confiado aos adoptantes ou a um deles ou quando for filho do cnjuge do adoptante.

    Consentimento: art. 19811. necessrio para a adopo plena, o consentimento do adoptando maior de 14 anos; do cnjuge do adoptante no separado de pessoas e bens; dos pais do adoptando.

    Efeitos: art. 19861. Nos termos do art. 1986/1, pela adopo plena o adoptado adquire a situao de filho do adoptante e integra-se com os seus descendentes na famlia deste, extinguindo-se as relaes familiares entre o adoptado e os seus descendentes e colaterais naturais. Sem prejuzo do disposto quanto a impedimentos matrimoniais nos artigos 1602 a 1604.

    2. A adopo plena irrevogvel, mesmo por acordo entre o adoptante e o adoptado (art. 1989 CC), embora a sentena que tenha decretado a aco possa ser revista nas hipteses previstas no art. 1990/1 CC.

    A adopo restrita: Requisitos do adoptante: art. 19921. Pode adoptar restritamente quem tiver mais de 25 anos e no mais de 50 anos, data em que o menor lhe tenha sido confiado.

    O adoptando e a sua familia natural: art. 1994

  • 1. O adoptado conserva todos os direitos e deveres em relao famlia natural, salvas as restries estabelecidas na lei.

    Apelidos do adoptando: art. 19951. O juz poder atribuir ao adoptado, a requerimento do adoptante, apelidos deste, compondo um novo nome em que figurem um ou mais apelidos da famlia natural.

    Direitos sucessrios: art. 19991. O adoptado no herdeiro legitimrio do adoptante, nem este daquele.

    2. O adoptado e, por direito de representao, os seus descendentes so chamados sucesso como herdeiros legtimos do adoptante, na falta de cnjuge, descendentes ou ascendentes.

    3. O adoptante chamado sucesso como herdeiro legtimo do adoptado ou de seus descendentes, na falta de cnjuge, descendentes, ascendentes, irmos e sobrinhos do falecido.

    Poder paternal: O poder paternal em relao ao adoptado passa para o adoptante (art. 1997 CC), embora com algumas alteraes quanto ao exercicio normal do poder paternal. Pode ser estabelecida a filiao natural do adoptado, embora estes efeitos no prejudiquem os efeitos da adopo (art. 2001 CC).

    O vnculo de adopo restrita gera um impedimento matrimonial (art. 1604-e, 1607 CC), embora seja simplesmente impediente e dispensvel (art. 1609/1-c CC).

    Unio de facto Corresponde vida comum em condies anlogas s dos cnjuges. As pessoas vivem em

    comunho de leito, mesa e habitao, como se fossem casadas. Uma pessoa s pode viver em unio de facto com outra pessoa, no entanto no deixa de haver unio de facto s porque um dos sujeitos no fiel. A lei n 7/2001 veio dar relevncia juridica unio de facto entre pessoas do mesmo sexo (art. 3 e 5).

    Artigos essenciais: art. 2020 (prestao de alimentos); 1106 n 1 alinea a (transmisso por morte do direito ao arrendamento para habitao); os arts. 953 e 2196 CC( limitam as liberalidades entre os concubinos); o art. 1871/1-c (estabelece uma presuno de paternidade em relao ao concubino); aplicao analgica do art. 1691-b, a dvida contrada por um dos concubinos para fazer face aos encargos do casal, tambm responsabiliza o outro.

    A CRP no dispe directamente sobre a unio de facto, mas o prof. Gomes Canotilho considera que a unio de facto est prevista na 1 parte do n1 do art. 36; o prof. Pereira Coelho no concorda, dizendo que o art. 36 respeita unicamente ao direito de constituir familia. O prof. Pereira Coelho considera ainda que a unio de facto est abrangida no direito ao desenvolvimento da personalidade (art. 26 n1 CRP), isto porque se a legislao proibisse a unio de facto esta legislao seria manifestamente inconstitucional.

    CRP: o casamento e a unio de facto so situaes materialmente diferentes, pois os casados assumem o compromisso de vida comum que os membros da unio de facto no assumem. Assim sendo a CRP deve tratar de forma diferente estas duas situaes diferentes, pois os membros da unio de facto no tm os mesmos direitos dos casados, logo tambm no devem ter as mesmas proteces (principio da igualdade art. 13 CRP). O professor considera ainda que uma legislao que equiparasse a unio de facto ao casamento, impondo os mesmos deveres e concedendo os mesmos direitos seria inconstitucional, pois violaria o direito de no casar que resulta do art. 36 n 1 da CRP.

    Relao de familia?O art. 1576 do CC no considera a unio de facto uma relao de familia para a generalidade dos efeitos. H excepes onde parece aceitar-se uma noo mais ampla de familia, como por exemplo o direito da segurana social acolhe o conceito de agregado familiar de que faz parte a pessoa

  • ligada ao beneficirio por unio de facto.Concluso: a unio de facto no relao de familia para a generalidade dos efeitos, mas h dominios em que ela excepcionalmente merece esta qualificao.

    Constituio da relao: constitui-se quando os sujeitos juntam-se e passam a viver em comunho de leito, mesa e habitao. No so objecto de registo administrativo e por este motivo no fcil saber quando esta se inicia. A prova da unio de facto geralmente testemunhas, mas pode haver prova documental, como o documento da junta de freguesia que atesta que uma pessoa vive ou vivia em unio de facto com outra (art. 371 n 1 CC).

    Condies de eficcia (lei 7/2001): segundo o art. 3 e 5 do diploma a unio de facto pode ser heterosexual ou homosexual, excepto para efeitos de adopo (art.7); a unio de facto s produz efeitos se j dura h mais de dois anos (art. 1); no deve existir impedimento dirimente ao casamento dos membros da unio de facto (art. 2 da lei 7/2001; arts. 1601 e 1602 CC); os efeitos da unio de facto podem produzir-se se o efeito for meramente impediente (art. 1604 alinea c do CC e art 3 da lei 7/2001)

    Efeitos pessoais: a lei 7/2001 permite aos membros da unio de facto adoptar nos termos previstos para os cnjuges no art. 1979 do CC , desde que a relao dure h mais de quatro anos e ambos tiverem mais de 25 anos de idade.

    Para efeitos de nacionalidade, o estrangeiro que viva em unio de facto com nacional portugus h mais de trs anos pode adquirir nacionalidade portuguesa mediante reconhecimento judicial da situao (art. 3 da lei da nacionalidade).Quanto aos filhos, a paternidade presume-se quando tenha havido comunho duradoura de vida entre a me e o presumivel pai no periodo legal de concepo (art. 1871 n 1 alinea c do CC); se os progenitores conviverem maritalmente, o exercicio do poder paternal pertence a ambos mediante declarao neste sentido ao conservador do registo civil (art. 1911 n 3 CC) e neste caso aplicam-se o disposto nos artigos 1901 a 1907. O art. 36 n 4 da CRP dispe que os filhos nascidos de unio de facto esto equiparados aos nascidos dentro dele.

    Efeitos patrimoniais : 1. as relaes patrimoniais entre os membros da unio de facto ficam sujeitas ao regime geral das relaes obrigacionais e reais.A comunho de mesa ou seja, a vida em economia comum pode prolongar-se por vrios anos durante os quais se realizam interferncias nos patrimnios do dois sujeitos. Neste sentido, em alguns pases admitem-se contratos de coabitao onde se insrevem os bens levados para a unio de facto, assim como os movimentos bancrios, etc. Em Portugal, so vlidas todas as clausulas que, de acordo com o direito comum, podem ser estipuladas pelas pessoas nos seus contratos , desde que no excedendo os limites da autonomia privada (o contrato de coabitao s pode regular efeitos patrimoniais e nunca efeitos pessoais). Contrato de coabitao uma unio de contratos em que os membros da unio de facto reunem vrias espcies contratuais em vista da organizao convencional das suas relaes patrimoniais, durante a vida da relao e aps a extino desta.2. A excepo prevista no art. 953 manda aplicar s doaes o disposto no 2196. Assim sendo, nula a doao feita pessoa com quem o doador cometeu adultrio (o adultrio tem de ser anterior doao). 3. Estende-se aos membros da unio de facto o art. 1691 alinea b, entendendo-se que os membros da unio de facto so solidariamente responsveis pelas dividas (art. 1695 n1) contraidas por qualquer um deles para ocorrer aos encargos normais da vida em comum.4.Penso de alimentos : art. 2019; 2034; 2166 do CC.5. O art. 3 alinea d da lei 7/2001 torna aplicvel ao mmbros da unio de fact o regime do IRS nas mesmas condies que os sujeitos casados.6. A pessoa que viva em unio de facto com o beneficiario titular da ADSE pode inscrever-se como beneficirio familiar. No entanto requrida a prova da unio de facto emitida pela junta de freguesia onde o beneficirio reside h mais de dois anos sob compromisso de honra.

    Extino da relao: a unio de facto pode extinguir-se por ruptura da relao; ruptura por

  • mtuo consentimento ou por iniciativa de um dos seus membros (art. 8 n1 da lei 7/2001). Etinta a relao, h que proceder liquidao e partilha do patrimnio do casal, aplicando-se as regras acordadas no contrato de coabitao e, na sua falta, o direito comum das relaes obrigacionais.

    Ruptura (destino da casa de morada comum): como os membros da unio de facto no assumem qualquer compromisso, podem romper a unio sem quaisquer formalidades e sem que o outro possa pedir qualquer indemnizao. No entanto, se em determinadas circunstncias a ruptura da unio de facto for injusta e violar os limites impostos pela boa f e pelos bons costumes (art. 334), o abuso de direito obrigar o outro sujeito a reparar os prejuizos causados.1.Tratando-se de casa prpria (art. 4 n4 da lei 7/2001 que remete para o art. 1793 do CC), pertencendo em compropriedade ou se for da propriedade de apenas um dos membros, pode o outro pedir ao tribunal que lhe d o arrendamento da casa.2. Tratando-se de casa tomada de arrendamento, podem os dois acordar em que o arrendamento se transmita para um deles (art. 1105 n 1 do CC e art. 4 n3 da lei 7/2001). Na falta de acordo, tendo em conta as circunstncias previstas no art. 4 n 4 da lei 7/2001, cabe ao tribunal decidir.Morte: 1. se o falecido no era casado ou, sendo casado, era separado de pessoas e bens, o sobrevivo que vivia com ele em unio de facto h mais de 2 anos pode exigir alimentos da herana caso no possa obt-los do cnjuge ou ex-cnjuge, dos descendentes, ascendentes ou irmos (art. 2020 CC). O que a lei no quer que a pessoa que vivia em unio de facto com o falecido venha pedir alimentos da herana ao viuvo (a) ou filhos. O direito a alimentos tem de ser exercido, sob pena de caducidade, nos dois anos seguintes data da morte do autor da sucesso.2. o sobrevivo tem o direito real de habitao da casa de morada comum pelo prazo de cinco anos (art. 3 alinea a, e 4 n 1 e 2 da lei 7/2001). No entanto, se ao falecido sobreviverem descendentes com menos de um ano ou que com ele vivessem h mais de um ano, ou se houver disposio testamentria em contrrio, estas disposies no se aplicam.3. o sobrevivo tem o direito de preferncia na venda da casa pelo prazo de 5 anos (art. 4 n1 da lei 7/2001). No entanto, se ao falecido sobreviverem descendentes com menos de um ano ou que com ele vivessem h mais de um ano, ou se houver disposio testamentria em contrrio, estas disposies no se aplicam.4. Transmisso do direito ao arrendamento para habitao por morte do arrendatrio pessoa que com ele vivia em unio de facto (art. 1106 CC). Se o falecido arrendatrio estava separado de facto do seu cnjuge e vivia no locado em unio de facto h mais de um ano com outra pessoa, o arrendamento no se transmite pessoa com quem este vivia em unio de facto, mas sim pessoa que preencher os requisitos da alinea b do art. 1106 n1 do CC. Se no houver ningum nessas condies, o arrendamento caduca.5. Indemnizao por leso proveniente da morte de um dos membros da unio de facto:

    5.1 O n 3 do art. 495 do CC dispe que, tratando-se de danos patrimoniais, o sobrevivo pode ser indemnizado se o falecido prestava alimentos ao sobrevivo e esta resultava de uma obrigao natural (art.402).

    5.2 O art. 496 n 2 do CC dispes que, tratando-se de danos no patrimoniais, s determinadas pessoas podem pedir indemnizao por morte da vitima e no parece legitimo equiparar o cnjuge a pessoa que com ele viva de facto.

    6. Direito ao subsidio por morte e penso de sobrevivncia: o art. 6 da lei 7/2001 dispe que este direito deve ser reconhecido por sentena (art. 6 n2) em que o sobrevivo prove que se verificam as condies requeridas no n 1 do art. 2020 do CC e das condies gerais do art. 1004 do CC e tambm de acordo com a jurisprudncia dominante.7. Direito s prestaes por morte resultante de acidente de trabalho ou doena profissional e s penses de preo de sangue e por servios excepcionais e relevantes prestados ao pas.8. Permisso de faltar justificadamente ao trabalho durante cinco dias consecutivos por falecimento da pessoa com quem viva em unio de facto desde que esta durasse mais de dois anos.

    Separao de facto

  • Noo: o art. 1782 n1 define separao de facto no mbito do divrcio litigioso e o art. 1675 n2 define-o genericamente. Elemento objectivo: falta de vida comum (ausncia de coabitao).Elemento subjectivo: propsito de no reestabelecer a vida em comum.Pode ainda haver separao de facto ainda que os cnjuges morem na mesma casa, desde que em geral evitem a companhia um do outro.Efeitos: constitui divrcio nos termos do art. 1781 alinea a) ; extingue-se o dever de assistncia que substituido pea obrigao de prestar alimentos (art. 1675 n3); cessa a presuno de paternidade dp marido da me data que a sentena, proferida em aco de divrcio estabeleceu como de cessa da coabitao (art. 1829 n1 e 2 alinea b); exercicio das responsabilidades parentais (art. 1909); a separao de facto h mais de um ano permite que seja vlida a doao a favor de que cometeu adultrio com o cnjuge (art. 2196 n 2 alinea a); o prazo internupcial comea a contar a partir da data de incio da separao de facto (art. 1605 n4).Nos demais efeitos, vigoram os efeitos comuns do casamento, nomeadamente os deveres dos cnjuges (excepto o de assistncia 1675 n3); as regras sobre a administrao, disposio e dividas (art. 1691 n1 alinea b); o regime de bens perdura; poderes de disposio da casa de morada de familia (1682-A n2 e 1682-B).

    Separao de pessoas e bensNoo: extingue as relaes patrimoniais e o dever de coabitao entre os cnjuges (art. 1773). As causa de separao de pessoas e bens so as mesmas do divrcio (art. 1781 e 1794). Efeitos: extingue-se o dever de coabitao (1795-A) e o dever de assistncia que ou se extingue ou se converte em obrigao de alimentos (2016). Os restantes deveres subsistem, mas o seu incumprimento tem pouca relevncia. Cessa a presuno de paternidade do marido da me nos termos do art. 1829 n1, n2 alineas a) e b)). s responsabilidades parentais aplicam-se as mesmas regras do divrio (arts. 1905 e 1906). No plano patrimonial, o art. 1795-A CC, dispe que, relativamente aos bens, a separao produz os efeitos que produziria a dissoluo do casamento. Cessam para o futuro as relaes patrimoniais entre os cnjuges (art. 1714 n2); o direito ao arrendamento para habitao transmissivl (1105); a separao de pessoas e bens no d direito a suceder como herdeiro legal do cnjuge (arts. 2133 n3, 2157), nem indemnizao nos termos do art. 496 n2.Aplica-se, em geral o regime dos efeitos patrimoniais do divrcio (art. 1789 1793, por fora do art. 1794).Causas de cessao da separao de pessoas e bens: a separao de pessoas e bens termina pela reconciliao dos cnjuges ou pela dissoluo do casamento (art. 1795 -B).Reconciliao: restabelecer a vida em comum e exercicio pleno dos direitos e deveres conjugais (art. 1795 -C n1). Com a reconciliao volta a vigorar o regime inicialmente fixado para o casamento (art. 1715) e reinicia a presuno de paternidade (art. 1830 alinea a)).A deciso de reconciliao registada oficiosamente (art. 1795 -C n3) e os seus efeitos s se produzem a partir da homolgao desta (art. 1669 e 1670; 1795-C n4).Dissoluo do casamento: abrangendo quer a morte, quer o divrcio. A separao de pessoas e bens pode ser convertida em divrcio a todo o tempo, mediante requerimento de ambos os cnjuges (art. 1795-D n2). Este processo regulado pelos artigos 5 n1 alinea e); 6; 7 11 do DL 272/2001 de 13 de Outubro. O prazo para efeitos de converso unilateral em divrcio (art. 1795-D n1 ) de um ano.

    FiliaoNoo: relao juridicamente estabelecida entre as pessoas que procriaram e aquelas que foram geradas (art. 1796).Filiao biolgica: decorre do fenmeno da procriao, identificando-se com o parentesco no 1 grau em linha recta (art. 1578). O estabelecimento da filiao tem eficcia retroactiva (art. 1797 n2).Filiao adoptiva: constitui-se por sentena proferida no mbito do processo de adopo (art.

  • 1973 n1), sendo que a constituio deste vinculo no retroactivo.Filiao por consentimento no adoptivo: consentimento da parte que ir assumir a posio juridica de pai, independentemente dos laos de sangue e sem sentena de adopo, revestindo carcter retroactivo (ex: art. 1839 n3).Critrio biolgico: a fora do critrio biolgico funda-se no direito identidade pessoal do filho e no direito de desenvolvimento de personalidade dos pais (art. 26 n1 CRP). Ex: o art. 1587 distingue a adopo de filiao natural com base nos laos de sangue; o art. 1796 n1 dispes que relativamente me a filiao resuta do facto do nascimento; o art. 1801 admite como meio de prova os exames de sangue.Critrio social: aquele onde revela a inteno ou o projecto parental. Ex: a adopo e a filiao por consentimento no adoptivo.

    Estabelecimento da maternidade:Declarao de maternidade: uma indicao de maternidade pela prpria me ou por terceiro (art. 124 n1 do CRC). A indicao de maternidade feita por terceiro faz-se nos termos dos artigos 1804 n2 e 1805 ns 1 e 2 do CC. A declarao de maternidade faz-se por meno desta no registo de nascimento do filho (art. 1803 CC).

    O declarante do nascimento deve indicar, sempre que possvel, a me do registado (arts. 112 n 1 do CRC e 1803 n1 do CC).

    O nascimento um facto sujeito obrigatoriamente a registo (art. 1 n1 alinea a) do CRC; art. 96 n1 e 2 CRC).

    A obrigao de declarar o nascimento cabe s pessoas mencionadas no art. 97 n1 do CRC.

    Se o nascimento tiver ocorrido h mais de um ano, a declarao s pode ser prestada pelas pessoas mencionadas no art. 99 n1 do CRC.

    Se o nascimento declarado tiver ocorrido h menos de um ano, a maternidade considera-se estabelecida (art. 1804 n1; art. 113 n1 CRC).

    Quando o nascimento declarado tiver ocorrido h um ano ou mais, a maternidade indicada considera-se estabelecida se for a me declarante (art. 114 n1 CRC; 1805 n1). No se verificando os pressupostos dos artigos acima, a pessoa indicada como me ser notificada pessoalmente para no prazo de 15 dias vir confirmar a maternidade ( arts. 114 n2 CRC e 1805 n2). Se confirmar a maternidade fica estabelecida.

    Se a pretensa me negar a maternidade ou no puder ser notificada, a meno de maternidade fica sem efeito (art. 1805 n3)

    Quando o registo de nascimento omisso quanto maternidade (art. 125 a 129 do CRC), a me pode a todo o tempo fazer a declarao de maternidade (art. 1806 CC), excepto quando se tratar de filho nascido ou concebido na constncia do matrimnio e existir perfilhao por pessoa diferente do marido (art. 1806 n1 ), restando assim o reconhecimento judicial.

    Impunao da maternidade estabelecida: como a declarao de maternidade uma declarao de cincia, o art. 1807 prev a impugnao da maternidade estabelecida quando a maternidade indicada no for a verdadeira.

    Reconhecimento judicial da maternidade: o tribunal comunica conservatria do registo civil a deciso que reconhecer a maternidade para que seja feito o averbamento da filiao estabelecida (art. 78 do CRC e 1815, 1811 do CC).

    Aco comum de investigao da maternidade: deve ser intentada pelo filho contra a pretensa me (arts. 1814; 1819 CC; art. 28 e 27 do CPC). Na aco o autor deve provar que o filho nasceu da pretensa me (art. 1816 n1). Prazos art. 1817 do CC.

    No entender do professor Jorge Duarte Pinheiro, a propositura da aco de investigao de

  • maternidade fora dos prazos impede a obteno pelo autor de beneficios sucessrios com base na filiao pretendida.

    Alimentos: o filho menor ou interdito tem direito a alimentos desde o momento da propositura da aco de reconhecimento judicial de maternidade ( art. 1821), sendo que se a aco for julgada improcedente, no sero restituidas as importncias recebidas a ttulo de alimentos provisrios (art. 2007 n2 CC).

    Legitimidade para propr aco(art. 1822): em caso de falecimento do autor ou dos rus, aplica-se o disposto nos artigos 1818, 1819 e 1825 do CC. Na aco especial de maternidade pode ser impugnada a presuno de paternidade do marido da me (art. 1823 n1) .

    Averiguao oficiosa da maternidade: sempre que a maternidade no esteja mencionada no registo do nascimento, deve o funcionrio remeter ao tribunal certido integral do registo, acompanhada de cpia do auto de declaraes (art. 115 n1 e 116 do CRC), excepto se o pai e a pretensa me forem parentes ou afins em linha recta ou parentes no 2 grau da linha colateral (art. 115 n2 CRC). Na sequncia da remessa ser aberto um processo de averiguao oficiosa da maternidade (art. 1808 n1 CC; 82 n1 alinea j) da LOFTJ; art. 1812 CC; 203 e 202 do OTM).

    O curador deve proceder s diligncias necessrias para identificar a me e se esta confirmar a maternidade (art. 1808 n3; art. 117 CRC) ser lavrado termo e remetida certido para averbamento ao assento do nascimento do filho (a maternidade estabeleceu-se por declarao).

    Se a pretensa me no puder ser ouvida ou no confirmar a maternidade, o curador emitir um parecer (art. 204 da OTM) e o processo concluso ao juiz para despacho final (art. 205 n1 da OTM). Existindo provas seguras, o juiz ordena remessa para o magistrado do ministrio pblico a fim de a aco ser proposta (art. 1808 n4). De outro modo, o processo ser arquivado (art. 205 n2 da OTM e art. 1809 alinea a) b) do CC).

    Sendo procedente a aco oficiosa de investigao de maternidade, esta estabeleceu-se por reconhecimento judicial .

    Sendo improcedente a aco oficiosa de investigao de maternidade, nada obsta a que seja intentada nova aco (art. 1813 CC).

    Aco especial de averiguao da maternidade: destina-se a reconhecer a maternidade do filho nascido na constncia do matrimnio da pretensa me (1810) e tem repercusses no dominio do estabelecimento da paternidade. O art. 1810 ressalva a aplicao da alinea b) do art. 1809, pelo que a contrario sensu, admissivel a aco oficiosa especial se a pretensa me e o perfilhante forem parentes ou afins .

    Estabelecimento da paternidade:Momento da concepo: o art. 1798 diz-nos que o periodo legal de concepo corresponde aos primeiros 120 dias dos 300 que precederem o nascimento. As presunes constantes do art. 1798 so ilidiveis nos termos do art. 1800 que admite aco judicial destinada a fixar a data provvel da concepo dentro do periodo referido no art. 1798. Alm disso o prazo de concepo previsto no art. 1798 susceptivel de ser reduzido se dentro dos 300 dias anteriores ao nascimento do filho tiver sido interrompida ou completada outra gravidez (art. 1799 n1).Presuno de paternidade: ou regra pater is est resulta do art. 1826 n1 que o filho nascido ou concebido na constncia do matrimnio da me tem como pai o marido da me. Conjugando o art. 1827 com o 1826 n2, verifica-se que nos casamentos civis anulados a presuno pater is est vigora at trnsito em julgado da sentena de anulao, enquanto que nos casamentos catlicos a presuno vigora at ao registo civil da sentena de declarao de nulidade.

    A regra pater is est apresenta a natureza de presuno iuris tantum, sendo ilidivel por impugnao judicial (art. 1838).

  • Casos de cessao de presuno de paternidade : A presuno de paternidade que cessa por fora do art. 1829 pode renascer (restabelecida

    atravs de uma deciso judicial) ou reiniciar ( a presuno recupera os seus efeitos para o futuro).

    Quando o periodo legal de concepo for anterior ao trnsito em julgado do despacho proferidos na aco de divrcio ou da separao de pessoas e bens, o art. 1831 n1,3 estatui que a presuno de paternidade renasce ( art. 1832 n2, 3 e 6).

    Havendo bigamia ou casamento sucessivo da me o conflito de presunes de paternidade resolvido pelo art. 1834 n1 (prevalece a presuno de que o pai o segundo marido). Se for impugnada com sucesso a paternidade do segundo marido, o art. 1834 n2 prev que renasce a presuno relativa ao anterior marido da me.

    Perfilhao: o acto pelo qual uma pessoa declara que um ser vivo de espcie humana seu filho. uma declarao de conscincia, pois uma figura a meio caminho entre uma declarao de cincia e uma declarao negocial.Caracteristicas: um acto pessoal (art. 1849); no patrimonial; livre (anulabilidade da perfilhao viciada art. 1860); no facultativo ( a sua no observncia pode levar a um dever de indemnizar o filho); solene (art. 1853); irrevogvel (art. 1858).Requisitos de fundo: deve corresponder verdade (art. 1859 n1); ter capacidade e dar consentimento (art. 1850 n1 e 2; 1853 e 2189 alinea a); art. 1852 e 1860 ns 1 e 2).

    No admitida a perfilhao em contrrio da paternidade que conste do registo de nascimento (1848 n 1), excepto se esta for feita por uma das formas previstas no art. 1848 n2.

    A perfilhao pode ser feita a todo o tempo (1854) e s vlida se for posterior concepo e o perfilhante identificar a me (1855).

    O art. 1856 limita a eficcia da perfilhao aps a morte do filho (1857). A perfilhao no pode ser invocada enquanto no for lavrado o respectivo registo (arts. 2

    e 1, n1 al.b) do CRC; arts. 130 n1, e 125 do CRC; art. 129 do CRC). Registo de perfilhao que carea de assentimento: (art. 1857 n 2 alinea a), n 3 e 4; arts.

    130 n2, 131 e 133 CRC) e para o registo de perfilhao de nasciturno (art. 132 do CRC).

    Reconhecimento judicial da paternidade: realiza-se atravs de uma aco autnoma de investigao da paternidade. O tribunal que reconhecer a paternidade deve comunicar a deciso a qualquer conservatria do registo civil, para que seja feito o averbamento da filiao estabelecida (art. 78 CRC). A aco de investigao de paternidade no pode ser proposta enquanto a maternidade no se achar estabelecida, a no ser que seja pedido conjuntamente (art. 1869).Legitimidade para propr a aco: deve ser intentada pelo filho contra o pretenso pai (art. 1869, 1873 e 1819). conferida ainda legitimidade me menor para intentar a aco em representao do filho (art. 1870).Prova de procriao: pode ser feita atravs de testes de ADN (1801), em presunes legais no ilididas pelo ru (1871) ou pela demonstrao da coabitao causal .As presunes legais de paternidade encontram-se enumeradas no art. 1871 n1. Todas estas presunes so ilidiveis mediante contraprova (art. 1871 n1) e a presuno pater is est s ilidivel mediante aco judicial de impugnao (1828).Prazos: o art. 1873 estabelece que aplicvel aco de investigao de paternidade o disposto no art. 1817. Na opinio do professor Jorge Duarte Pinheiro, no razovel impr prazos para a investigao de paternidade ou maternidade, porque os testes de ADN permitem determinar com grande segurana a maternidade ou paternidade de uma pessoa, muitos anos aps a morte do hipottico progenitor, afastando o risco de incerteza nas provas. O professor acrescenta que os prazos de caducidade configuram uma restrio do direito identidade pessoal (art. 26 n1 CRP) e lesam o direito de constituir familia (art. 36 n1 CRP).Averiguao oficiosa da paternidade: sempre que no registo do nascimento seja eliminada a

  • meno de paternidade, deve o conservador remeter ao tribunal certido integral do registo, a fim de se averiguar oficiosamente a identidade do pai ( art. 186; art. 121 n 1 e 2 do CRC), excepto se o conservador verificar que o pai e a me so parentes ou afins (art. 121 n3 do CRC).Recebida a certido pelo tribunal, inicia-se a instruo do processo que tem carcter secreto (art. 1812 e 1868) e incumbe ao curador (art. 202 n1 da OTM).O curador deve proceder s diligncias necessrias para identificar o pretenso pai(art. 1865 ns 1 e 2; art. 202 n1 da OTM).

    Se o pretenso pai confirmar a paternidade, ser lavrado termo de perfilhao (art. 207 da OTM e 1865 n3) e a paternidade encontra-se estabelecida.

    Se o pretenso pai no confirmar a paternidade, o tribunal proceder s diligncias necessrias (Art. 1865 n4). Se o juiz concluir pela existncia de provas seguras de paternidade, intentada aco de investigao (art. 1865 n5; art. 205 n1 OTM). Se concluir pela inexistncia de provas, o processo ser arquivado. O processo ser ainda arquivado se os pais forem parentes nos termos do art. 1866 alinea a) ou se tiverem decorrido dois anos sobre a data do nascimento (art. 1866 alinea b).

    O despacho do arquivamento admite recurso nos termos dos artigos 205 n 3 e 206 da OTM. Investigao com base em processo crime (art. 1867): no precedida pelo processo de

    averiguao oficiosa. A investigao intentada quando em processo crime se prove cpula e se mostre que a ofendida teve um filho dentro do periodo legal de concepo para abranger o crime. A aco pode ser instaurada mesmo que tenham decorrido dois anos sobre a data do nascimento. O tribunal comunicar a deciso a qualquer conservatria para que seja feito o averbamento da filiao (art. 78 CRC). Sendo a aco oficiosa improcedente, nada obsta aque seja intentada nova aco (arts. 1813 e 1868).

    Efeitos da FiliaoConstituio legal do vinculo: a filiao tem de se encontrar legalmente constituida (art. 1797), havendo no entanto excepes regra da ineficcia da filiao que no chegou a ser legalmente constituida (art. 1603).Registo: para que operem a generalidade dos efeitos da filiao necessrio o registo da mesma (art. 1 n1 als. b) e c) do CRC). H excepes enunciadas no art. 1603.O momento de produo de efeitos da filiao biolgica: a partir do momento do nascimento do filho (art. 1797 n2).O momento de produo de efeitos da filiao adoptiva: constitui-se ex novo por sentena (art. 1973 n1), pelo que os efeitos da filiao adoptiva produzem-se a partir do trnsito em julgado da deciso judicial.O momento de produo de efeitos da filiao por consentimento no adoptivo: produz efeitos desde o nascimento do filho, aplicando-se analogicamente o art. 1797 n2.Proibio da discriminao dos filhos nascidos fora do casamento: art. 36 n4 CRP.Proibio de discriminao dos filhos nascidos em resultado de tecnicas de PMA: art. 13 n1 da CRP e arts. 3 e 15 n5 da LPMA.

    Deveres paternofiliais: pais e filhos devem-se mutuamente respeito, auxilio e assistncia (art. 1874 n1) Os deveres paternofiliais perduram ao longo de toda a relao de filiao, no cessando com a maioridade ou emancipao do filho.

    1. Dever de respeito: obriga cada sujeito da relao de filiao a no violar os direitos individuais do outro.

    2. Dever de auxilio: obrigaes de ajuda proteco relativos quer pessoa quer ao patrimnio dos pais e dos filhos.

    3. Dever de assistncia: estruturalmente patrimonial que impe pretaes susceptiveis de avaliao pecuniria. Nele cabe a obrigao de prestar alimentos e a de contribuir para os encargos da vida familiar (art. 1874 n2). No caso de no haver comunho de habitao entre pais e filhos, vigoram as regras gerais, o que significa que tanto podem estar vinculados prestao de alimentos os pais como os filhos (arts. 2003, 2004, 2009 n1

  • als. b) e c) ). A lei consagra um processo especial para os alimentos devidos a menores (arts. 186-189 OTM).

    Tal como sucede com a obrigao conjugal paralela (1676 n1), a obrigao paternofilial de contribuir para os encargos da vida familiar depende das possibilidades individuais de cada sujeito.Articulao dos deveres fundados em diversas relaes familiares a que esteja vinculado o mesmo titular: o art. 2009 n1 al. a) sugere uma posio hierarquicamente superior dos deveres conjugais. Mas na medida do possivel h que assegurar a satisfao dos deveres paternofiliais e dos deveres conjugais. A posio do filho menor assegurada porque o progenitor titular de uma situao juridica complexa cuja intensidade supera a dos meros deveres conjugais ou paternofiliais.Os deveres conjugais contemplam o cumprimento dos deveres paternais quanto aos filhos comuns do casal que residem com os pais (arts. 1673 n 1; 1674; 1676).Os deveres filiais daquele que foi adoptado restritamente: na medida do possvel, h que assegurar a satisfao dos deveres filiais do adoptado quer perante o adoptante quer perante os pais biolgicos. Contudo, a obrigao de alimentos do adoptado perante os pais biolgicos tem prioridade sobre idntica obrigao perante o adoptante (arts. 2009 n1 al. b); 2000 n1).

    Nome do filho: fixado no momento do registo do nascimento (arts. 102 n1 alinea a do CRC). A irmos no pode ser dado o mesmo nome prprio salvo se um deles for falecido (arts. 103 n1 al.d) do CRC); so escolhidos apelidos do pai e da me ou de s um deles (art. 1875 n1). Na falta de estabelecimento da filiao, ao registando no deixaro de ser atribuidos apelidos (art. 103 n1 al.f) do CRC). Encontrando-se constituido o vinculo de filiao biolgica, no momento do registo do nascimento, a escolha do nome prprio e dos apelidos do filho menor cabe aos pais (art. 1875 n2). Na falta de acordo entre os pais, o tribunal fixar o nome, de harmonia com o interesse do filho (arts. 82 n1 al. l) da LOFTJ; 146 al. l) e 210 da OTM). Se a maternidade ou paternidade forem estabelecidas posteriormente ao registo do nascimento, o nome do filho poder ser alterado para integrar apelidos do pai e da me ou s um deles (art. 1875 n3).

    1. Atribuio ao menor dos apelidos do marido da me: nos termos do art. 1876 n1, quando a paternidade no se encontre estabelecida, podem ser atribuidos ao menor apelidos do marido da me se esta e o marido declararem perante funcionrio do registo civil, ser esta a sua vontade. a chamada adopo de nome, cuja finalidade integrar o filho de pai desconhecido no novo lar formado pela me e pelo marido. Quando s a paternidade se encontrar estabelecida, possivel aplicar o art. 1876 n1 aos apelidos da mulher do pai.

    2. Alterao do nome na adopo plena: a constituio do vinculo da adopo plena acarreta alteraes do nome do adoptadp (1988). O filho adoptivo perde os apelidos de origem e composto um novo nome com apelidos dos adoptantes nos termos do art. 1875.

    3. Alterao do nome na adopo restrita: vigora o principio da imodificabilidade do nome do adoptado, o que compreensvel porque no se extingue o vinculo juridico decorrente da filiao biolgica.

    Responsabilidades parentais: o menor, no exercicio dos seus direitos e cumprimento das suas obrigaes tem de ser representado pelos seus pais na qualidade de titulares do poder parental (arts. 124; 1878 e 1881). As resp. parentais englobam outras situaes juridicas como o poder-dever de guarda, o dever de prover ao sustento e o poder-dever de dirigir a educao (Art. 1881 n1). As resp. parentais so assim um conjunto de situaes juridicas que emergem do vinculo de filiao e incumbem aos pais com vista proteco e promoo do desenvolvimento do filho menor no emancipado (arts. 1877 e 1878).Caracteres das responsabilidades parentais:

    Tem natureza estatutria, pois contitui uma situao juridica que se funda na ligao paternofilial, num grupo formado por pai e filho menor (art. 68 n2 CRP);

    So indisponiveis, como resulta do art. 1699 n1 al. b), pois o pai no pode dispr das responsabilidades parentais porque o interesse principal subjacente outorga legal de tais responsabilidades no lhe pertence;

  • So intransmissiveis, pois competem aos pais e apenas a eles (art. 1878 n1) e um dos pais no pode conferir ao outro a exclusividade do seu exercicio (arts. 1905 e 1776-A);

    So irrenunciveis, luz do art. 1882; Tm uma funcionalidade acentuada, pois o conteudo legal das responsabilidades parentais

    expressamente ordenado em torno do interesse do filho (art. 1878), o que sugere que se est perante um instituto destinado proteco e promoo do crescimento saudvel do menor (art. 1915 n1), sendo de exercicio obrigatrio. esta funcionalidade que legitima a interferncia do Estado na relao dos pais com os filhos menores (art. 69 e 36 n6 da CRP);

    tipico, pois coincide com aquele que a lei lhe assinala (arts. 1699 n1 al. b) e 1882). A tipicidade natural dado o carcter erga omnes das responsabilidades parentais.

    Tem uma tutela reforada pois se o menor abandonar o lar ou dele for retirado sem que tenha havido deciso judicial os pais podem reclam-lo (1887 n2), requerendo se necessrio entrega judicial do menor (arts. 191-193 OTM). Para alm disso, o incumprimento da regulao do exercicio das resp. parentais pode acarretar outras consequncias (arts. 181 n1 da OTM e 483).

    Natureza juridica das resp. parentais: num primeiro periodo pr-filiocntrico, o poder paternal estava ao servio do interesse dos pais. No actual periodo filiocntrico, o poder paternal est predominantemente ao servio do interesse do filho menor (art. 1878 n1). Na presente fase a orientao que v no poder paternal um direito sui generis aceita a preponderncia so interesse do filho, mas alega que no se pode ignorar o interesse dos pais no exercicio do poder paternal. O poder paternal traduz-se num instrumento de realizao da personalidade dos seus titulares.Registo das decises relativas s resp. parentais: o registo obrigatrio (arts. 1920 -B do CC; art. 1 n1 als. f) e h), 69 n1 als. e) e f) do CRC). No esto sujeitas a registo as situaes de delegao pelos pais a terceiros do exercicio do poder de guarda e educao do menor (1887 n2), nem as de delegao pelos pais a terceiro do exercicio das resp. parentais relativas a actos da vida corrente (art. 1906 n4). A ausncia de registo implica que as decises no possa ser invocadas contra terceiros de boa f (art. 1920-C).Situaes juridicas compreendidas nas resp. parentais: poder de guarda e educao, o dever de prover ao sustento, o poder de representao e o poder de administrao de bens do menor (arts. 1878 n1).

    1. Os filhos esto vinculados ao dever de obedincia perante os pais (art. 1878 n2). Na relao com os pais, os filhos menores esto numa posio de subordinao (art. 1671 n2).

    2. Poder dever de guarda: os pais velam pela segurana e sade dos filhos. O art. 1883 limita o poder de guarda ao afirmar que o progenitor no pode introduzir no lar conjugal o filho extramatrimonial concebido na constncia do matrimnio sem o consentimento do cnjuge. O poder de guarda abarca a vigilncia das aces do filho e a regulao das relaes deste com outrm que no os pais. licito aos pais impedir determinados relacionamentos dos seus filhos desde que haja fundamento para consider-los perniciosos ao interesse deles.Os pais no podem injustificadamente privar os filhos do convicio com os irmos e com os avs (art. 1887-A). Esta soluo extensivel aos pais biolgicos do adoptado restritamente, atendendo o disposto no art. 1994. O poder dever de guarda c