68
Sub-projecto: Igualdade de Oportunidades Manual do Formando Apoio a Idosos em Meio Familiar 1

21562 Manual Fando Apoio a Idosos Em Meio Familiar

Embed Size (px)

Citation preview

  • Sub-projecto: Igualdade de Oportunidades

    Manual do Formando Apoio a Idosos em Meio Familiar

    1

  • Esta Publicao propriedade do GICEA - Gabinete de Gesto de Iniciativas Comunitrias do Emprego e ADAPT/EQUAL.

    Este produto protegido pelas leis em vigor e copyright, estando reservados todos os seus direitos. No pode ser reproduzido nem transcrito por qualquer processo seja ele qual for sem autorizao dos titulares do direito. Os infractores so passveis de procedimento judicial.

    2

  • ndice

    1 - MITOS E ESTERETIPOS ..........................................................................................................6

    2 - PROCESSO DE ENVELHECIMENTO....................................................................................10 2.1 - ASPECTOS BIOLGICOS .....................................................................................................10 2.2. ASPECTOS PSICOLGICOS ..................................................................................................22

    3 ALGUMAS PATOLOGIAS MAIS COMUNS ..........................................................................28 3.1 - DIABETES ...............................................................................................................................28 3.2 - HIPERTENSO ARTERIAL...................................................................................................30 3.3 - ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL...................................................................................31 3.4 - DOENA DE PARKINSON....................................................................................................32 3.5 - DEMNCIA .............................................................................................................................32 3.6 - ALZHEIMER ...........................................................................................................................33

    4 - CUIDADOS A IDOSOS EM SITUAO DE DEPENDNCIA .............................................34 4.1 - HIGIENE E CONFORTO.........................................................................................................34 4.2 - POSICIONAMENTO/ MOBILIZAO/ LEVANTE.............................................................37 4.3 - ALIMENTAO .....................................................................................................................43 4.4 - PREVENO DE ACIDENTES .............................................................................................45 4.5 - MEDICAO ..........................................................................................................................46 4.6 - VESTURIO............................................................................................................................50 4.7 - ELIMINAO .........................................................................................................................51 4.8 - A COMUNICAO E A PESSOA IDOSA .............................................................................55

    5 - CONCLUSO ...............................................................................................................................67

    3

  • INTRODUO

    Nunca como agora, as pessoas idosas tiveram um papel social to pouco relevante na sociedade ocidental. Quando queremos realar a importncia de se ser uma pessoa idosa, facilmente recorremos s sociedades orientais que veneram os seus idosos, atribuindo-lhes uma grande importncia e sabedoria. Numa famlia oriental, no se tomam decises sem que seja ouvida a opinio do ancio. Tambm nas sociedade ocidentais era hbito este tipo de venerao. Quando a famlia vivia na mesma casa por vrias geraes. A casa e todo o poder que isso consagra ao seu proprietrio, pertencia ao av/av at sua morte. Foi com a sada de casa dos pais aps o casamento e portanto a apropriao de um certo poder, que essa venerao se foi esbatendo at se chegar a situao actual. Nos dias de hoje, quando perde autonomia e precisa de cuidados a pessoa idosa quem, por vezes, vem viver para casa dos filhos, tendo de se sujeitar s suas vontades, prticas e dinmicas familiares. Virar as costas e fazer um corte com as pessoas idosas, porque se entende que so velhas, esquecem-se do que dizem, esto fora de moda, sempre a criticar tudo, virar as costas a um saber a que dificilmente de outra forma teriamos acesso. O envelhecimento biolgico e fsico real e inicia-se numa fase muito precoce das nossas vidas. No entanto, o envelhecimento mental no acompanha a agonizao fsica, pelo que poderemos, at muito tarde usufruir da experincia de vida do Ser Humano. Pensar que as pessoas idosas esto fora de moda, no conhecer nem a vida nem a forma como pouco a pouco muitos deles se vo desprendendo dos preconceitos e da moralina. Dizemos moralina, termo que nem nos pertence, para designar atitudes e comportamentos que pouco ou nada tm a ver com moral, mas antes com padres de normas sociais caractersticas de certas pocas e contextos, e que as novas geraes podem no seguir. Se efectivamente formos suficientemente interessados e pacientes para ouvir, poderemos descobrir que embora em pocas diferentes os problemas e as dvidas vividas por pessoas de diferentes geraes so similares, constituindo, uma mais valia para os nossos prprios problemas e dvidas. Este manual foi elaborado dentro de um determinado contexto de ensino-aprendizagem. um instrumento que serve de apoio s pessoas que participam num curso cujo

    4

  • objectivo o de criar competncias para melhor poderem acompanhar e cuidar pessoas idosas dependentes. Todos os assuntos aqui abordados esto relacionados com o que se pensou ser mais importante trabalhar ao longo do curso. Dever assim a/o formanda/o ir acompanhando as sesses de formao com a leitura deste manual. importante que se crie uma dinmica bastante activa entre o grupo de formandos e o/a formador/a, para sempre que surgirem dvidas e questes se organizar espaos de reflexo e de discusso. Gostaramos tambm de assinalar um ponto importante: dentro de uma filosofia de igualdade de oportunidades, para ambos os sexos, utilizaremos o gnero masculino e feminino indiscriminadamente. Por exemplo se escrevemos animadora servir tambm para animador, quando se escreve formando estamos a dirigirmo-nos tambm formanda. Esperamos que este manual seja suficientemente interessante e elucidativo e que para alm deste saber-fazer, possa ser uma ajuda na compreenso e no estreitamento das relaes com as pessoas idosas.

    5

  • 1 - MITOS E ESTERETIPOS

    Para se reflectir melhor sobre os pontos abordados neste captulo vamos tentar definir e pensar nas diferenas existentes entre: mito, esteretipo, crena e atitude. Mito: uma construo do esprito que no se baseia na realidade. pois uma representao simblica. Em relao s pessoas idosas os mitos que so numerosos, resultam de um desconhecimento sobre o processo de envelhecimento. Manifestam-se por frases ou expresses muitas delas com conotaes negativas e/ou paternalistas, como por exemplo: decrpito, ultrapassado, senil, vulnervel, etc... So expresses limitativas que por vezes podem ilustrar apenas certos aspectos do envelhecimento. Esteretipo: pode-se dizer que um chavo, uma opinio feita. Trata-se de uma percepo uma ideia, no adaptada realidade e reproduzida atravs das pocas, atravs das pessoas. Os esteretipos podem ser positivos ou negativos. Crena: uma informao ou um conjunto de informaes sobre um assunto ou sobre pessoas, que determinam as nossas atitudes e comportamentos. Atitude: uma distoro em relao a uma pessoa, ou a um grupo de pessoas, ou um conjunto de juzos que levam a um comportamento que se traduz por sua vez no agir. A atitude pode-se desenvolver a partir das nossas experincias e informao que possumos em relao a pessoas/grupos/assuntos. Aps a leitura do significado das palavras mitos e esteretipos, no difcil compreender que no nosso mundo dito civilizado, as pessoas idosas so vtimas de discriminaes que contribuem para o seu isolamento social. A maioria das atitudes sociais face s pessoas idosas e segundo os esteretipos, so negativas. A velhice tida como uma doena incurvel, como um declnio inevitvel e todas as intervenes empreendidas para a prevenir so votadas ao fracasso. Os velhos de hoje,os

    6

  • gastos,cometeram a asneira de envelhecer numa cultura que deifica a juventude. Ebersole1, efectuou um estudo que permitiu identificar sete mitos mais persistentes relativamente s pessoas idosas: / A maioria dos idosos senil ou doente. No entanto, cerca de 5% das pessoas idosas esto institucionalizadas devido a problemas mentais ou qualquer outro tipo de incapacidade. / A maior parte dos idosos infeliz. Porm estudos demonstram que o nvel de satisfao da vida das pessoas idosas relativamente alto, quando comparado com o dos adultos. / No que se refere ao trabalho os idosos no so to produtivos quanto os jovens. Contrariando este mito, os estudos revelam que as pessoas idosas tm uma taxa de absentismo inferior dos jovens, tm menos acidentes e um rendimento mais constante. / A maior parte dos idosos est doente e tem necessidade de ajuda nas suas actividades quotidianas. Porm cerca de 80% das pessoas idosas suficientemente saudvel e autnomo para efectuar as suas actividades quotidianas. / Os idosos mantm obstinadamente os seus hbitos de vida, so conservadores e incapazes de mudar. Muito embora se saiba que com a idade as pessoas vo ficando mais estveis, as pessoas idosas so capazes de mudar e vo-se adaptando s inmeras situaes novas que lhes vo aparecendo, as quais muitas vezes, so de perda e de mutilao. / Todos os idosos se assemelham. Isto totalmente falso, uma vez que medida que o ser humano envelhece vai-se diferenciando dos outros em diversos aspectos, tais como: humor, personalidade, modo de vida, filosofia pessoal, etc. / A maioria dos idosos est isolada e sofre de solido. Pelo contrrio os estudos mostram que um grande nmero de pessoas idosas mantm laos de amizade, permanece em contacto estreito com a famlia e participa regularmente em actividades sociais. Vimos como alguns mitos relacionados com a velhice, reflectem apenas pouco conhecimento em relao ao

    1 EBERSOLE, P. and Hess,Toward Healthy Aging, 2 edio St Louis 1985 p. 109

    7

  • processo de envelhecimento. este desconhecimento que d origem aos esteretipos existentes. Outros esteretipos frequentes foram identificados por um grupo de estudantes de gerontologia, da Universidade de Montreal: As pessoas idosas no so sociveis e no gostam de se reunir. Divertem-se e gostam de rir. Temem o futuro. Gostam de jogar s cartas e a jogos semelhantes (bingo, loto etc.). Gostam de conversar e de contar as suas recordaes. Gostam de depender dos filhos. So pessoas doentes e tomam muitos medicamentos. Fazem raciocnios senis. So relativamente limpos e no se preocupam com a sua aparncia. So muito religiosos. So muito sensveis e inseguros. J no se interessam pela sexualidade. So muito frgeis para fazerem exerccio fsico. So quase todos pobres. Tais mitos e esteretipos podem causar enorme perturbao em certas pessoas idosas, uma vez que negam a sua prpria forma de estar na sociedade e face ao seu corpo. As pessoas idosas so extremamente sensveis e vulnerveis opinio dos outros e ateno que estes do aos seus feitos e aos seus gestos. Em relao aos preconceitos e imagens mais negativas sobre a velhice, algumas pessoas idosas vo acreditando nisso e acabam por se conformar. A existncia de mitos e esteretipos, pode ainda, impedir a procura de solues precisas para os problemas ligados ao cuidar das idosos e bloquear a relao que deve ser estabelecida com a pessoa que cuidada, qualquer que seja a sua idade.

    8

  • A velhice certamente um fenmeno normal mas como sabemos, leva a um aumento de fragilidade e de vulnerabilidade. Qualquer agresso, ainda que pequena, sua integridade, corre o risco de provocar um desequilbrio global e irreparvel. Actualmente com o nmero crescente de pessoas idosas, a nossa sociedade est a debruar-se um pouco mais sobre formas de actuao que melhorem a qualidade de vida deste grupo etrio. O papel daqueles que prestam cuidados a pessoas idosas est a ficar cada vez mais valorizado e respeitado. A pessoa prestadora de cuidados, dever ser sempre um elemento facilitador da imagem da pessoa idosa, ajudando que a sua integrao na famlia/comunidade se realize de uma forma mais harmoniosa.

    9

  • 2 - PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

    2.1 - ASPECTOS BIOLGICOS

    As alteraes anatmicas e fisiolgicas causadas pelo envelhecimento, iniciam-se muitos anos antes da apario dos sinais exteriores. Todo o processo de envelhecimento tem como consequncia, o envelhecimento dos vrios sistemas : sistema cardiovascular sistema respiratrio sistema osteo-articular sistema urinrio sistema tegumentar sistema reprodutor sistema gastrointestinal sistema nervoso e sensorial e sistema imunitrio Atravs do declnio das suas funes orgnicas, bem como da alterao do aspecto do corpo. Ao contrrio da doena, o processo de envelhecimento um fenmeno normal e universal, embora se desenvolva a um ritmo diferente de pessoa para pessoa. Se olharmos para duas pessoas com a mesma idade cronolgica, uma pode aparentar menos idade do que a outra. Este ritmo diferente de envelhecer depende de factores externos e de factores internos. Como factores externos temos: o estilo de vida a manuteno de hbitos saudveis o exerccio fsico a alimentao racional o ambiente salubre as medidas de higiene elevada auto-estima sentir-se amado e integrado numa famlia e na sociedade em geral

    10

  • Em relao aos factores internos, teremos de considerar: a bagagem gentica (h famlias onde se envelhece muito precocemente) o estado de sade (uma pessoa doente natural que envelhea mais cedo) Mas tambm ao nvel dos nossos rgos e sistemas o envelhecimento no se processa ao mesmo tempo, nem ao mesmo ritmo, assim como no atinge o mesmo grau de degenerescncia para todos os indivduos.

    Como se processa o Envelhecimento Biolgico?

    Algumas alteraes estruturais

    Clulas e Tecidos

    As clulas so as unidades fundamentais da constituio do organismo que, agrupadas, formam os rgos e tecidos do nosso corpo. atravs delas que o organismo vive. Sabemos que as clulas do nosso corpo, ao longo de toda a nossa vida se vo dividindo. O envelhecimento psicolgico normal caracterizado por mudanas estruturais que se observam sobretudo a nvel metablico e celular. Estas alteraes podem modificar no apenas o funcionamento do organismo como tambm a aparncia fsica do corpo. No entanto elas tm uma longevidade precisa e a sua capacidade para se dividir e multiplicar vai decrescendo com a idade. As clulas, porque so organismos vivos tambm envelhecem e morrem. As clulas especializadas perdem a pouco e pouco a sua aptido para desempenharem funes integradas e deixam de conseguir interagir com as outras devido a alteraes no meio extra-celular, diminuindo assim a sua capacidade funcional. O ncleo celular altera-se, perdendo a sua funo gentica, o que impede a multiplicao celular e a reparao dos tecidos. Existe uma perda efectiva do nmero de clulas do nosso organismo, estimando-se que entre os 20 e os 70 anos, a perda ser de 30%. Todas estas modificaes ao nvel celular dificultam a homeostase. A homeostase o mecanismo que vela pelo

    11

  • equilbrio dos lquidos e electrlitos, da presso sangunea, da temperatura e da absoro dos alimentos. Este depende fundamentalmente da integridade citoplasmtica e da estabilidade do meio intracelular. Por outro lado, para que o organismo se adapte ao stress fundamental que a homeostasia esteja mantida. Com o envelhecimento celular e as alteraes ao nvel do espao intra e extra celular o corpo consegue funcionar adequadamente em repouso ou no decurso de actividades moderadas, mas tem dificuldade em se adaptar ao stress. O processo de envelhecimento d-se tambm ao nvel dos tecidos. O aparecimento de rugas, sinal externo de envelhecimento, d-se devido modificao das gorduras subcutneas e perda da elasticidade da pele. As alteraes celulares e tecidulares so regressivas. Por exemplo, ao nvel cerebral, as perdas celulares iniciam-se pelos trinta anos e prosseguem de forma contnua at morte. Calcula-se que a partir dos 25 anos, o ser humano perde diariamente entre 50000 a 100000 clulas cerebrais. Apesar disto o crebro continua a funcionar adequadamente pois um grande nmero de clulas cerebrais tem apenas a funo de suporte e de reserva. O tecido muscular atrofia-se e torna-se menos elstico com o avanar da idade. Os ossos encolhem no dimetro, devido falta de clcio e tornam-se mais leves, porosos e frgeis (o que se denomina por osteosporose, nas mulheres a perda de clcio mais acentuada aps a menopausa). A massa tecidular do fgado, do pncreas e dos rins, diminui. O peso corporal tambm diminui no decurso do envelhecimento. Todos os orgos atrofiam-se com a idade, excepto a prstata e por vezes o corao quando h problemas cardiovasculares. A massa corporal magra, ou seja a massa muscular funcional, diminui em todos os tecidos. Este fenmeno inicia-se por volta dos 30 anos e acentuando-se por volta dos 50 anos. Assim, mesmo que o peso da pessoa idosa se mantenha constante, a proporo de tecidos gordos aumenta. As gorduras acumulam-se entre as fibras musculares e em torno das vsceras, substituindo assim a massa magra do organismo. Para um peso igual, a percentagem de gordura maior na pessoa idosa. Esta gordura acumula-se na regio do abdmen e nas ancas, enquanto que quase desaparece da face, membros superiores e inferiores, dando-lhes assim um aspecto mais envelhecido.

    12

  • Msculos, ossos e articulaes

    As alteraes ao nvel do sistema osteo-articular so as que aparecem mais rapidamente e so responsveis pelas alteraes no s da aparncia e da estrutura fsica, mas tambm, do funcionamento do organismo. J vimos que todos os msculos do organismo se atrofiam com o tempo, levando a uma deteriorao do tonus muscular e a uma perda de potncia, de fora e de agilidade. Esta deteriorao responsvel pelo tremor das mos, das mandbulas e lbios, bem como dos membros inferiores. Tambm as articulaes sofrem mudanas, os ligamentos calcificam-se e as articulaes tornam-se mais pequenas devido eroso das superfcies articulares. Enquanto ao longo do processo de degenerao algumas articulaes se tornam menos flexveis, outras h que, pelo contrrio, se tornam mais flexveis e hiperelsticas. A osteoporose, para alm de provocar fracturas fceis, tambm responsvel, pela perda de dentes. Esta perda relaciona-se com um processo de inflamao e de reabsoro do osso em torno do dente(parecido com a osteoporose). Esta reabsoro ssea dos maxilares e da mandbula vai-se acentuando com a queda dos dentes, reduzindo a distncia entre o queixo e o nariz. Estas alteraes modificam com o tempo a fisionomia da pessoa idosa. A reduo da altura tambm um fenmeno do envelhecimento, que consiste no encolher da coluna vertebral, de 1.2 cm a 5 cm, devido ao estreitamento das vrtebras dorso-lombares associado tambm osteoporose. Este encolher da coluna cria um efeito de desproporo, uma vez que os braos e as pernas mantm o mesmo comprimento. Por outro lado, provoca um desvio da parte superior do trax e uma acentuao da curva natural da coluna vertebral, denominada cifose. Para manter o equilbrio a pessoa idosa tem de se inclinar para a frente de forma a manter o centro de gravidade. Com este encurvar de coluna, a caixa torxica diminui tambm de volume e as costelas deslocam-se para baixo e para a frente. Esta reduo da caixa torxica, associada atrofia dos msculos respiratrios, diminui a amplitude respiratria, e a largura dos ombros. responsvel pela posio do corpo inclinada para a frente, contrariada pela inclinao da cabea para trs. Este conjunto de alteraes fsicas, determina a aparncia das pessoas idosas, dificulta a mobilidade e acentua ainda

    13

  • mais o encolher do corpo, levando ao aparecimento de problemas respiratrios, cardacos e digestivos. Nas mulheres os seios tornam-se pendentes, atrofiam-se e por vezes os mamilos ficam umbilicados, isto , retrados para dentro.

    Pele e tegumentos (cabelos, plos e unhas)

    A pele uma das primeiras estruturas a modificar-se devido ao processo de envelhecimento. Ao envelhecer, por um lado, a renovao da epiderme faz-se mais lentamente, por outro lado as clulas que a compem tm cada vez mais dificuldade em conservar os lquidos e hidratar a pele. A derme adelgaa-se, conferindo pele a sua aparncia caracterstica de papel de seda. Torna-se seca, perde a resistncia e a elasticidade. As glndulas sebceas, que fabricam o sebo protector, tornam-se menos activas lubrificando menos a pele, o que a torna seca e quebradia. As glndulas sudorparas (produtoras do suor) tambm se atrofiam, modificando desse modo o controlo da temperatura do corpo por transpirao. Para alm da atrofia e da perda de elasticidade, a pele sofre outras modificaes: hipertrofia das clulas de pigmentao e aparecimento de manchas coloridas na epiderme embranquecimento e palidez da pele e dificuldade em corar pequenos derrames, equimoses (ndoas negras) e traumatismos devido fragilidade da derme e dos vasos aumento das manchas pigmentares normais da pele presena de telangiectasia senil (dilatao permanente dos pequenos vasos subcutneos) aparecimento de hiperqueratose seborreica ( manchas pretas sob a pele). mais facilidade para aparecimento de infeces ou fungos O envelhecimento tambm se observa ao nvel dos cabelos, unhas e plos. Ao envelhecer os plos tornam-se mais raros e caem a pouco e pouco com excepo da face. Nas mulheres aparecem sobretudo no queixo e por cima do lbio superior, enquanto nos homens crescem nas orelhas e nas narinas. Estes plos inestticos so duros e abundantes. Por outro lado, em certos locais como o pbis, axilas e extremidades (mos e ps), os plos so praticamente inexistentes. Em relao ao cabelo, a sua perda embora normal ao longo de toda a vida, vai-se acentuando medida que se

    14

  • envelhece. Para alm disso, tornam-se menos espessos, menos fortes, com menos volume indo-se acinzentando at se tornarem completamente brancos. A descolorao do cabelo deve-se diminuio da produo de melanina (agente de colorao dos cabelos). As unhas tambm se modificam, o seu crescimento torna-se mais lento, aparecendo na sua superfcie estrias longitudinais e caneladas. Estas alteraes associadas a uma diminuio da circulao perifrica, provocam um espessamento das unhas que se tornam secas e quebradias.

    Alteraes funcionais

    Sistema cardiovascular

    O corao da pessoa idosa mantm a sua capacidade funcional. No plano anatmico poucas alteraes existem relacionadas com o envelhecimento, excepo de uma ligeira diminuio do seu volume, causado pela diminuio das clulas musculares. Esta alterao tem como consequncia uma perda da eficcia e da contractilidade do msculo cardaco. O ritmo cardaco mantm-se idntico, excepto em perodos de repouso, em que o nmero total de batimentos diminui. O corao idoso no responde to eficazmente ao esforo, devido a uma lentido na resposta adequada acelerao dos batimentos cardacos. Na execuo desta resposta o corao das pessoas idosas gasta mais energia do que o das pessoas jovens. O corao idoso solicitado por uma situao de stress ou por um maior esforo particular tem necessidade de um tempo de recuperao muito mais longo. Os vasos sanguneos, perdem elasticidade ao envelhecer. Esta alterao provoca a denominada arteriosclerose. A diminuio do dbito cardaco associado diminuio da elasticidade arterial, resulta na diminuio do aporte sanguneo (levada de sangue) a todos os rgos. As veias perdem a tonicidade muscular e h uma diminuio da eficcia venosa, o que atrasa o retorno sanguneo e provoca o aparecimento de varizes. A permeabilidade dos capilares tambm se encontra comprometida, dificultando o processo de nutrio e eliminao das substncias txicas existente nas clulas.

    15

  • Sistema respiratrio

    As principais alteraes ao nvel do sistema respiratrio, prendem-se com a perda de elasticidade dos pulmes, alterao da estrutura da cavidade torxica e diminuio da permeabilidade dos tecidos, associada a todas as alteraes j anteriormente referidas. As trocas gasosas provocadas pelos movimentos de inspirao (fazer entrar o ar) e de expirao (deitar o ar fora) so mais difceis provocando uma baixa de oxigenao do sangue. Observa-se ainda uma perda de eficcia da tosse, movimento que facilita a expulso de secrees nos pulmes tornando-os mais limpos, com maior capacidade e eficcia pulmonar.

    Sistema renal e urinrio

    A funo renal altera-se com a idade, os rins atrofiam-se, a diminuio da elasticidade das artrias renais diminui o aporte sanguneo aos rins, reduzindo dessa forma as funes renais. Por outro lado o sistema de evacuao dos detritos torna-se menos eficaz. Nos homens, as mudanas de estrutura da uretra, bem como as alteraes da prstata, vm ainda aumentar as dificuldades de eliminao. A bexiga das pessoas idosas tambm apresenta sinais de envelhecimento, atravs da diminuio da capacidade de reteno da urina.. Como o esfncter da uretra (msculo que retm a urina) enfraquece, existem muitas mices involuntrias, resultando no aparecimento de incontinncia e de mices frequentes durante a noite. A incontinncia aparece mais precocemente nas mulheres do que nos homens, devido sua prpria anatomia.

    Sistema gastrointestinal

    Muito embora o sistema gastrointestinal sofra muitas modificaes ao longo do processo de envelhecimento, estas no alteram profundamente o seu funcionamento. A digesto e a mastigao podero estar comprometidas devido ao mau estado dos dentes e dos maxilares. O sentido do paladar altera-se, devido diminuio do nmero de papilas gustativas, pelo que a comida deixa de ter tanto sabor ,o que provoca muitas vezes falta de apetite. Verifica-se igualmente uma reduo do olfacto. O reflexo de deglutio funciona menos bem, pelo que as pessoas idosas engasgam-se com muita facilidade. A diminuio da produo de saliva,

    16

  • contribui para que as pessoas idosas se queixem de sensao de secura da boca. A produo das enzimas responsveis pela digesto diminui. Esta situao, associada a uma m mastigao dos alimentos, leva ao aparecimento de dores epigstricas e a cibras digestivas. O fgado atrofia-se levando a uma dificuldade na absoro das gorduras. A capacidade de absoro intestinal altera-se, levando a uma diminuio efectiva da nutrio. A diminuio da mobilidade intestinal tem como consequncia a obstipao muito usual nas pessoas idosas.

    Sistema nervoso e sensorial

    Tambm o Sistema Nervoso sofre alteraes devido a processo de envelhecimento. A diminuio do nmero de clulas nervosas (neurnios) tem como principal consequncia uma baixa na capacidade de transmisso ou de recepo dos fluxos nervosos ao crebro. Assim, o tempo de reaco aumenta e a resposta aos estmulos faz-se mais lentamente. Estas alteraes do sistema nervoso influenciam a personalidade das pessoas idosas. Elas podem tambm explicar certas perdas de memria (sobretudo a curto prazo), o aumento dos tempos de reaco, o despertar mais matinal e a modificao de certos comportamentos. De salientar que apesar disto no h deteriorao da inteligncia. Pelo contrrio, ela mantm-se estvel durante praticamente toda a vida. O sistema nervoso perifrico, tambm sofre modificaes em relao aos receptores sensoriais. Os mais amplamente atingidos, so os proprioceptores, responsveis pelo percepo do espao, pelo equilbrio e pelas respostas s situaes de urgncia. Assim, a marcha torna-se menos estvel e as quedas so mais frequentes. Existem igualmente alteraes ao nvel da motricidade global, os movimentos tornam-se mais lentos, os msculos cansam-se rapidamente e os movimentos de motricidade fina, como por exemplo, pegar num alfinete, segurar bem na caneta, tornam-se menos precisos. Em relao s funes sensoriais, ou seja, paladar e olfacto, audio, viso e tacto, importante ter em conta o seguinte: Paladar e olfacto O nmero de papilas gustativas (responsveis pelo paladar) diminui com a idade. Estas

    17

  • atrofiam-se, perdendo a sua eficcia. Apesar disso as pessoas idosas conseguem identificar sabores, sobretudo quando so intensos, como por exemplo o amargo, da que tenham mais tendncia para adoar os alimentos e as bebidas. Tambm o sentido do olfacto sofre alteraes com o avanar da idade, devido atrofia dos rgos olfactivos e ao aparecimentos de plos nas narinas. Estas duas alteraes associadas tm como consequncia uma diminuio da sede e, por vezes, perda de apetite. Audio A contnua exposio ao barulho, associada a factores genticos, txicos ou circulatrios, faz com que desde muito cedo se iniciem alteraes mais ou menos graves ao nvel da acuidade auditiva. Desta situao resulta que a maioria das pessoas idosas tenham problemas importantes ao nvel do ouvido. Com o avanar da idade ocorre: uma degenerescncia da fibra nervosa da audio um espessamento do tmpano reduo na produo de cermen aumento da rigidez dos ossculos do ouvido mdio atrofia do nervo auditivo. Todos estes problemas determinam perdas de audio, que se tornam mais evidentes por volta dos setenta anos. As condies de sade e as condies no trabalho tambm contribuem para o acentuar, ou no, destes problemas. Viso As perdas de viso, iniciam-se muito precocemente, entre os 40 e os 50 anos, e do-se de uma forma muito progressiva. Algumas das alteraes existentes so: reduo da acuidade visual dificuldade de adaptao,principalmente quando a luz fraca reduo da viso perifrica e da viso lateral reduo acentuada da viso nocturna reduo na acomodao aos clares e iluminao sbita dificuldade em distinguir nitidamente os objectos prximos modificao da percepo das cores (o olho capta mais facilmente as cores vivas, ex: amarelo, vermelho e laranja) opacificao do cristalino, ou seja, aparecimento de cataratas. Os olhos, para alm de constiturem um rgo da viso, so tambm elementos importantes da face, uma vez que fazem parte integrante da expresso humana. Para alm das que j foram descritas, h diversas modificaes internas e externas que vo provocando obrigatoriamente uma perda de viso, sendo tambm problemticas, por exemplo o envelhecimento, provoca uma diminuio da secreo das glndulas lacrimais, conferindo um aspecto bao, ao olho. Tambm, a camada de gordura existente na rbita vai

    18

    FTIMA JOO PEREIRANo manual dos formadores chamar a ateno sobre a importncia das cores, nas pinturas das senhoras e na sinaletica dos lares

  • desaparecendo, fazendo com que o olho se afunde. As alteraes, que acontecem ao nvel da elasticidade e do tecido conjuntivo das plpebras, levam a que estas se relaxem. Tacto Com o progredir da idade h uma diminuio na percepo da dor. Esta alterao pode, em alguns casos, ser considerada benfica, mas por outro lado, extremamente grave, pois pode fazer com que no sejam detectadas atempadamente certas doenas. As pessoas idosas tm por exemplo, dificuldade em se aperceber da dor resultante de uma pneumonia, enfarte do miocrdio, apendicite ou peritonite, o que poder lev-lo morte. Tem tambm grande dificuldade, no que diz respeito percepo da temperatura (quente ou frio). Isto acontece devido a alteraes ao nvel do sistema vascular da pele, que faz com que a transmisso nervosa destas sensaes seja muito demorada. Esta alterao pode trazer como consequncia, por exemplo, queimaduras graves. Os mecanismos responsveis pela manuteno da temperatura corporal, so tambm afectados, pelo que se deve ter em ateno o necessrio aquecimento das pessoas idosas principalmente de inverno, uma vez que a hipotermia pode levar morte.

    Sistema Reprodutor

    O envelhecimento, por si s, no influencia em nada o prazer ligado s relaes sexuais, nem o desejo. No entanto h alteraes ao nvel do desempenho sexual, devido ao facto de este ser influenciado pela integridade do sistema nervoso e das funes sensoriais do organismo. As alteraes fisiolgicas que acompanham a menopausa so um dos factores mais importantes na diminuio das funes sexuais da mulher. Com a sua chegada a actividade reprodutora cessa completamente. O tero e os ovrios atrofiam-se, provocando uma involuo ao nvel da vagina, grandes lbios e clitris. As modificaes glandulares que ocorrem ao nvel da vagina provocam uma diminuio da produo de muco, o que pode causar dores na relao sexual (dispareunia). Todas estas mudanas no diminuem em nada a capacidade orgstica da mulher. Tambm o sistema reprodutor do homem sofre algumas alteraes. A andropausa surge habitualmente por volta dos 60 anos. Os testculos atrofiam-se ligeiramente e tornam-se menos firmes, mas mantm-se activos para produzirem

    19

  • espermatozoides, embora em menor nmero. A prstata aumenta de volume, trazendo problemas ao nvel das mices, como por exemplo ter vontade de urinar muitas vezes. A ereco e a ejaculao modificam-se com o envelhecimento. A ereco sem ejaculao pode ser mantida durante mais tempo, mas diminui a capacidade de uma ereco plena e esta faz-se mais lentamente. Diminui tambm a frequncia das ereces, bem como a sua fora. Apesar de todas estas alteraes o homem mantm a aptido erctil at aos 80, 90 anos. Ao contrrio do que crena popular, principalmente a resposta sexual do homem que diminui com a idade e no a da mulher. O despertar do desejo sexual muito mais lento no homem do que na mulher, principalmente pela existncia de modificaes psicolgicas em concomitncia com as alteraes fsicas. A sexualidade faz parte integrante da vida de uma pessoa, e as relaes sexuais aps os 60 anos no so um mito. Vrios estudos comprovaram que a actividade sexual da pessoa idosa, depende muito, entre outras coisas, da sua atitude face ao envelhecimento, de experincias sexuais anteriores e da disponibilidade do companheiro.

    Sistema imunitrio

    O sistema imunitrio, vai tambm envelhecendo ao longo da nossa vida, perdendo certas capacidades. No entanto, nem todas as funes imunitrias envelhecem ao mesmo tempo. Com o passar do tempo o organismo vai tendo dificuldade em adaptar-se e diminui a sua margem de segurana, tornando-se assim, mais vulnervel entrada de microorganismos, e produzindo menos defesas (linfcitos) capazes de combater os agentes internos e externos. Poderemos assim falar de imunodeficincia relativa, muitas vezes responsvel pela morte do organismo. Para terminar o estudo dos aspectos biolgicos do processo de envelhecimento, importa dizer que apesar dos mitos existentes em relao ao sono das pessoas idosas, eles no se confirmaram atravs dos estudos efectuados. Sabe-se que as pessoas idosas tm tanta necessidade de dormir como os adultos, embora acordem mais vezes. O que acontece muitas vezes que ao envelhecer-se, as horas de

    20

  • sono so repartidas de forma diferente. As pessoas idosas, at porque a sua vida social lhes permite, fazem sonos menos longos e dormem mais sestas. As fases de sono modificam-se: diminuem os perodos de sono profundo e os de sono ligeiro aumentam. Sono ligeiro, no de todo sinnimo de insnia. Assim, as insnias nada tm a ver com o processo de envelhecimento. Quando existem, devero ser procuradas as suas causas.

    21

  • 2.2. ASPECTOS PSICOLGICOS

    Infelizmente, muitos de ns quando falamos de pessoas idosas, temos imagens menos bonitas desta faixa etria, e facilmente confundimos a demncia, que algumas pessoas idosas doentes apresentam, como uma sintomatologia inerente ao envelhecimento. Tal, no entanto, no corresponde verdade. Mas se existe um envelhecimento fsico, que como j vimos inevitvel, ser que existe um envelhecimento psicolgico, cognitivo e social? Sempre se acreditou que a velhice se traduzia por uma notvel diminuio dos processos cognitivos. Nos ltimos vinte anos, diversas investigaes tm permitido matizar estas afirmaes. Hoje podemos afirmar que possvel conservar a sade mental at ao fim da vida, e que a maior parte das pessoas o conseguem. A manuteno da sade mental na pessoa idosa , em parte, devida a um envelhecimento bem sucedido, que a torna apta a controlar as tenses geradas pelo avanar da idade e pelas perdas que acompanham essa realidade. Se envelhecer tornar-se numa pessoa madura, conservar a maturidade adquirida no decorrer dos anos nem sempre fcil. Os problemas psicolgicos ligados ao envelhecimento raramente so causados pela diminuio das capacidades cognitivas. So sobretudo as perdas do papel social (ex.: reforma), as crises, as mltiplas situaes de stress, a doena, a fadiga, o desenraizamento (ex.: colocao num lar), que diminuem a capacidade de concentrao e de reflexo das pessoas idosas. Envelhecer tambm aceitar o inevitvel, isto , a perda gradual das funes orgnicas, a mutilao, a separao, o sofrimento, o confronto com o desconhecido e a morte. Adaptar-se ao envelhecimento, no resignar-se, mas antes ter a inteligncia de aproveitar tudo o que ainda se possui, para continuar em actividade e com um papel importante na famlia e na comunidade. Envelhecer bem aceitar a velhice e continuar a viver recorrendo a estratgias para conservar a auto estima atingir a sabedoria e a serenidade para inventar uma nova maneira de viver. Se a pessoa foi capaz de ao longo da sua vida ir-se adaptando s situaes existentes, ter mais facilidade de entrar neste ciclo de vida , de uma forma mais saudvel.

    22

  • O funcionamento mental do ser humano, liga-se s emoes e ao ambiente que o rodeia. Diversos factores podem ento influenciar de diferentes maneiras, o aparecimento de problemas emotivos nas pessoas idosas. Os principais problemas de sade mental que existem nas pessoas idosas so: a depresso a ansiedade o isolamento o suicdio perturbaes do sono o alcoolismo. No podemos esquecer que existem tambm alteraes mentais causadas por medicamentos ou outras intervenes que visam a cura ou o tratamento das pessoas idosas (causas iatrognicas) assim como, devido ao stress relacionado com o internamento (hospital, lar). Examinemos, mais profundamente alguns dos factores que podem causar problemas psicolgicos: O estado de sade fsica - Existem pessoas que tm a capacidade de se julgarem saudveis, ainda que apresentem algumas patologias crnicas ou agudas. Estas pessoas tm a capacidade de se adaptarem s suas limitaes, no deixando de se divertirem ou participarem em actividades sociais. Outras h que se julgam doentes, mostrando tendncia para ficarem em casa, na cama, caminhando rapidamente para uma situaes de doena. Assim, mais importante do que o estado de sade, a percepo que cada um tem da sua prpria sade. A mudana de papel - A passagem de um papel tradicional e utilitrio tanto para a famlia como para a sociedade, para um papel mais passivo traz habitualmente problemas psicolgicos. Para se ultrapassar esta fase necessrio que a pessoa idosa adquira novos papeis, mantendo-se activa e til. A falta de ocupao tem efeitos nefastos sobre a percepo de si, e pode conduzir depresso. O estatuto familiar e conjugal A famlia e os amigos constituem muitas vezes a principal rede de suporte das pessoas idosas. A sua separao da famlia ou dos amigos, qualquer que seja a causa, leva solido, que por sua vez vai aumentar a insegurana e bloquear seriamente a capacidade de adaptao. A personalidade - O indivduo que ao longo da sua vida sempre demonstrou capacidades de adaptao continua a conseguir adaptar-se a situaes de privao ou de stress.

    23

  • Pessoas com personalidades menos fortes, reagem de forma diferente e vivem um sentimento de impotncia face ao envelhecimento e ao impacto que tem na sua vida. Uma vez que o crebro o rgo mais importante do nosso corpo, uma diminuio no seu desempenho vivida de forma dramtica pelo prprio e pela famlia. As mudanas intelectuais, relacionadas com o envelhecimento, tm a ver com alteraes de certas funes e no com alteraes da inteligncia. As funes mais atingidas so: a memria, o tempo de reaco e a percepo. A memria O nosso crebro, armazena milhes de informaes e realiza um nmero exorbitante de operaes. A memria, ou a falta dela na velhice, muitas vezes fonte de inquietao. No entanto, ainda que os esquecimentos sejam mais frequentes nesta faixa etria, a verdade que a memria mantm-se relativamente estvel com o avanar da idade. Ento o que que acontece para que as pessoas idosas apresentem esquecimentos frequentes? Existe trs etapas na memorizao: Memria sensorial (ou entrada de dados) Esta primeira etapa, constitui a recepo inicial da informao. As perdas de memria a este nvel atingem principalmente a fixao das impresses sensoriais. Assim, facilmente compreendemos a dificuldade das pessoas idosas, em manterem esta etapa a funcionar bem, uma vez que, como j vimos, tm dificuldades visuais e auditivas. Logo, tm dificuldade no reconhecimento dos objectos os dos elementos que tm que memorizar. Memria a curto prazo (ou imediata ) Pensa-se que esta fase temporria e dura entre 30 segundos a 15 minutos (se houver repetio do estmulo). Esta memria, que muito limitada, permite por exemplo reter um nmero de telefone durante os poucos segundos necessrios para o marcar. Nas pessoas idosas, tambm esta etapa da memria poder ter problemas, pois tambm ela depende de factores sensoriais. Memria a longo prazo (ou de fixao ) Esta etapa permite conservar e armazenar as informaes repetidas e ret-las durante longos perodos de tempo, por vezes, a vida toda. a etapa mais presente nas pessoas idosas. Facilmente elas contam situaes passadas na sua

    24

  • juventude, esquecendo-se do que fizeram h menos de meia hora. Agora, j entendemos porqu. hbito dizer-se que burro velho no aprende lnguas, querendo-se dizer que as pessoas idosas tm dificuldades de aprendizagem. Essas dificuldades esto directamente relacionadas com as dificuldades de memorizao, uma vez que esse um processo indispensvel para se aprender. Ou seja, aprende-se quando se consegue reproduzir o que se estudou. Apesar das dificuldades, o ditado popular est errado, e aprender no est vedado s pessoas idosas. necessrio, compreender os factores responsveis pelos seus problemas de aprendizagem e estabelecer estratgias para os ultrapassar. Alguns dos factores responsveis pelos problemas de memria e de aprendizagem nas pessoas idosas so: Motivao As pessoas idosas, bem como os adultos, aprendem apenas o que para eles seja significativo, pertinente e que contenha informaes teis. O contedo deve ser suficientemente estruturado e fornecer todos os indcios necessrios. Interferncia de dados As pessoas idosas tm dificuldade em memorizar novos dados, sobretudo se entram em contradio com outros j memorizados. Sentimento de impotncia As pessoas idosas deprimidos que tm uma diminuio da sua auto-estima, sentem dificuldade em se motivar para aprender e para fazerem um esforo de memorizao. Perda de interesse pelos conhecimentos presentes De uma forma geral, os acontecimentos do passado so mais agradveis de recordar do que os do presente, o que pode levar a pessoa idosa a deixar-se ficar apenas nas suas recordaes, no se interessando por aprender. Lentido generalizada Como j foi amplamente referido, todas as funes das pessoas idosas esto mais lentas. A memria e a aprendizagem, no so diferentes. As pessoas idosas, levam mais tempo a procurar um facto de que se querem lembrar, no conseguindo utilizar a memria imediata. Tempo de Reaco

    25

  • O aumento ou a diminuio do tempo de reaco e de tomada de deciso, depende no s do retardamento geral existente devido ao processo de envelhecimento, como da situao e das condies de aprendizagem. Se, por exemplo, a pessoa idosa estiver inserida num ambiente, de muito stress, de diminuta auto-estima e de muito barulho, ter muito mais dificuldade em aprender e em tomar decises acertadas. Quando possvel melhorar as condies ambientais e aumentar o valor dos estmulos, diminui muito a diferena entre os tempos de reaco das pessoas idosas e dos mais jovens. Percepo Deve-se ter em conta que este um factor extremamente importante, para a aprendizagem das pessoas idosas, quando lhe queremos ensinar algo. H, portanto, algumas estratgias que devero ser tomadas em considerao: Ter em conta os limites fsicos e intelectuais das pessoas idosas; Respeitar o seu ritmo; Propor sesses curtas; Adoptar vocabulrio apropriado; Evitar dar informao no essencial; Dar reforos positivos, aumentar a auto-estima e a auto-confiana; Repetir vrias vezes a informao (intencionalmente); Ser o mais concreto possvel; A utilizao de auxiliares de memria simples, tal como: agendas, listas, notas, calendrios, permitem maior parte das pessoas idosas dedicarem-se s suas ocupaes quotidianas sem grandes embaraos. A manuteno de um actividade mental permite conservar mais facilmente a memria. Para terminar este captulo, poderemos ento dizer que a manuteno da sade mental , se relaciona com a personalidade do indivduo e com o seu estilo de vida. Ao acompanhar pessoas idosas, deve-se criar estratgias de cuidados, no sentido de desenvolver ao mximo, as caractersticas e comportamentos, que permitam um bom e adaptado desenvolvimento nesta faixa etria. Para o conseguir, deve-se ter em conta o seguinte:

    26

  • Criar um clima de confiana e de segurana emocional. Esta atitude, encoraja as pessoas idosas a manterem uma imagem positiva deles prprios. Os cuidados prestados, devem ter por base o respeito pela pessoa idosa. A pessoa idosa tem o direito de ser feliz, de praticar livremente a sua religio, de manter os seus valores espirituais e as suas relaes sociais, sem que lhe sejam feitos juzos de valor. As pessoas de idade devem, portanto, ser encorajadas e valorizadas em todos os seus empreendimentos, sem serem substitudas nas funes que ainda podem desempenhar sozinhas, de forma a no criar situaes de dependncia que levam a uma diminuio da auto-estima. Deve-se evitar o isolamento da pessoa idosa. Muitas vezes, dada as caractersticas da sua personalidade, importante incentiv-lo a tomar iniciativas de relacionamento com os familiares e amigos. Quando se acompanham pessoas idosas, h que tentar a todo o custo, trabalhar com a famlia, de forma a que colabore nos cuidados prestados. Muitas vezes, as pessoas idosas, fazem dos que os cuidam seus confidentes. Nestas situaes h que saber respeitar a sua vontade, assegurando a confidencialidade. Esta confidencialidade s poder ser quebrada, atravs de um pedido de ajuda a um tcnico de sade, que saber como encaminhar a situao, e ainda assim apenas se o facto de no se tomarem medidas atempadamente, essa situao puser em risco a vida do prprio, a vida da pessoa idosa ou a vida de um familiar. Ajudar as pessoas idosas a recordar o passado, demonstrando disponibilidade para as ouvir, permitindo-lhes manterem-se em contacto com a sua vivncia, valorizar-se e continuarem a sentir-se teis e importantes. Deve-se encorajar a participao das pessoas idosas na vida familiar e comunitria. A manuteno da vontade de aprender, com a inscrio por exemplo: em cursos, em Universidades de 3 Idade, artesania, dever ser no s encorajada como apoiada. A integrao em grupos de trabalho voluntrio, nas Associaes de bairro entre outras actividades so aspectos que ajudam a pessoa idosa a manter-se activa e a sentir-se til e bem consigo prpria.

    27

  • 3 ALGUMAS PATOLOGIAS MAIS COMUNS

    3.1 - DIABETES

    A Diabetes um distrbio metablico, caracterizado por um aumento de acar no sangue, que por falta de insulina no adequadamente utilizado pelas clulas. Sem acar, as clulas (principalmente as clulas cerebrais) entram em sofrimento, e podem mesmo morrer. Esta situao, pode conduzir a um estado de coma, que se for levado ao extremo, pode levar morte. A insulina portanto a chave capaz de abrir a clula, para deixar entrar a glicose (acar). Existem dois tipos de Diabetes. A Diabetes tipo I, ou insulino-dependente, que aparece geralmente nos jovens, e tem uma evoluo rpida. denominada por insulino-dependente, porque as pessoas tm necessidade de administrar insulina para controlarem esta doena. E a Diabetes tipo II ou insulino-independente, que aparece habitualmente em indivduos obesos, e a sua evoluo lenta. Com o processo de envelhecimento, existe tambm uma diminuio de produo de hormonas, entre elas a insulina. A Diabetes no controlada (sistematicamente com valores elevados ou muito baixos), responsvel por um aumento do risco de doena cardaca, de acidente vascular cerebral, problemas renais, diminuio da viso devido a retinopatias, podendo mesmo levar cegueira, alteraes vasculares perifricas, com instalao de feridas de difcil tratamento e por vezes amputaes de membros. Existem alguns cuidados a ter com a pessoa idosa diabtica: A alimentao - A alimentao da pessoa idosa diabtica, o factor fundamental no controlo da doena. Em doentes obesos a prioridade atingir o peso adequado idade e altura. Por isso a dieta dever ser hipocalrica, evitando as gorduras e os doces. Os diabticos devem fazer 6 refeies por dia: pequeno-almoo, meio da manh, almoo, meio da tarde, jantar e ceia.

    28

  • Podem comer de tudo, mas com precauo. 1 po por dia, 1 colher de sopa de um tipo de leguminosa, hortalia, 1 batata mdia de preferncia cozida ou assada sem gordura. A sopa sempre um prato rico, e sem malefcios, desde que sem batata (pode-se substituir a batata por cebola para engrossar), e sem farinha. No devem ser ingeridos sumos de fruta, pois so pobres em fibras e ricos em acar. A fruta deve ser consumida fresca e apenas 1 pea por dia. A carne e o peixe, cozidos ou grelhados, com pouco sal e sem gordura, sempre em pequenas quantidades. Os bolos e outras alimentos com alto teor de acar, s podem ser consumidos em dias de festa e em pequenas quantidades, obrigando a dieta mais acentuada nos dias seguintes. O exerccio fsico - O sedentarismo, para alm de outras consequncias nefastas, faz com que no haja necessidade de queimar energia (acar). Assim, importante o exerccio fsico, do qual a marcha o mais saudvel. A dana tambm um exerccio completo, para alm de incentivar o contacto social. A medicao e controlo - A toma da medicao(anti-diabticos orais) conforme prescrio mdica indispensvel. O controlo dos nveis de acar no sangue permite adequar s necessidades, a dieta e a medicao, prevenindo os comas hiper e hipo glicmicos. A higiene corporal - A pessoa idosa diabtica, deve ter uma ateno especial na sua higiene corporal. Esta deve privilegiar todas as zonas do corpo, principalmente as dobras da pele (pescoo, virilhas etc.), por baixo dos seios nas mulheres , nos espaos interdigitais. A presena de sujidade ou suor nestas partes do corpo pode levar ao aparecimento de feridas de difcil tratamento. Ao limpar a pele, esta no deve ser esfregada mas sim enxuta atravs de movimentos suaves a fim de no a macerar. No deve ficar com zonas hmidas, pois isso leva proliferao de fungos e posteriormente ao aparecimento de feridas. Deve-se sempre ter muita ateno temperatura da gua. A Diabetes causa uma diminuio da sensibilidade trmica, e como j vimos as pessoas idosas, devido ao processo de envelhecimento tambm apresentam essa diminuio. As duas situaes em conjunto, so promotoras de queimaduras muito graves. Cuidados dos ps - Os ps dos diabticos, devem ter cuidados prprios. Para alm do que j foi dito em relao higiene corporal, devem ser observados diariamente, uma vez que dada as alteraes na circulao perifrica, so

    29

  • acometidos de lceras, que devero ser tratadas muito precocemente, com o risco de, numa fase tardia o nico tratamento possvel ser a amputao. As unhas devero ser cortadas a direito e rentes, mas sempre por outra pessoa. Devero ser usados sapatos de pele verdadeira, sem apertos. Nas mulheres, os saltos devero ter uma boa base de sustentao e no devem ser muito altos. As meias devero ser de algodo, sem elsticos fortes que garrotam a circulao. O uso de ligas est completamente contra indicado.

    3.2 - HIPERTENSO ARTERIAL

    A presso arterial a medio da fora exercida pelo sangue contra as paredes do vaso. medida habitualmente atravs de um aparelho denominado esfigmomanmetro, e tem como referncia padro o manmetro de mercrio. A Hipertenso, ou presso arterial alta, afecta aproximadamente 20% da populao, tendo uma incidncia maior nas pessoas idosas. Normalmente, uma pessoa considerada hipertensa se as suas presses, sistlica (presso mxima) e diastlica (presso mnima), forem superiores a 140 mmHg e 90 mmHg respectivamente. No entanto estes limites tm que ser combinados com a idade da pessoa e a sua tenso habitual. Para muitas pessoas idosas uma tenso arterial de 160 mmHg, 90 mmHg uma tenso normal. A hipertenso crnica, tem um efeito adverso sobre a funo do corao e dos vasos sanguneos, pois obriga o corao a trabalhar mais do que o normal, provocando uma hipertrofia do seu msculo. A hipertenso favorece tambm o desenvolvimento da arteriosclerose, que por sua vez aumenta a probabilidade de formao de trombo-embolias e a ruptura de vasos sanguneos. Se estas situaes se verificarem ao nvel do crebro, teremos ento um AVC (acidente vascular cerebral), do qual falaremos mais frente. Para alm da tomada regular dos medicamentos prescritos para a hipertenso, devero haver cuidados especiais na alimentao. Esta, dever ser pobre em gorduras, em sal e em excitantes como o caf e o ch preto. Tambm uma vida stressante pode levar a um aumento brusco da tenso arterial, com as consequncias j referidas.

    30

  • A medio regular da presso arterial, tem como objectivo o seu controlo, para parmetros considerados normais. No dever no entanto, ser considerada uma preocupao acrescida, pois essa preocupao provocar automaticamente um aumento da prpria presso.

    3.3 - ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

    Os acidentes vasculares cerebrais, denominados vulgarmente apenas pela sigla AVC, constituem uma das mais importantes patologias desta faixa etria. O AVC, por acontecer ao nvel do crebro, um dos rgos mais nobres do organismo, deixa habitualmente sequelas incapacitantes, impondo aos pacientes limitaes motoras, sensoriais, de compreenso e expresso dos pensamentos, acarretando, srias implicaes de ordem social e familiar. Muitas vezes aps um primeiro episdio, que a famlia se decide a internar a pessoa idosa num lar, ou contratar algum para dele tratar. No AVC, existe o entupimento parcial (se AVC transitrio), ou total de uma veia ou artria do crebro. Esse entupimento, tem como consequncia, a no irrigao com sangue das clulas cerebrais, que deste modo morrem, no sendo substitudas. Pode tambm acontecer um AVC hemorrgico , em que a parede de uma artria se rompe, devido falta de elasticidade. Este tipo de AVC, mais comum em indivduos com hipertenso arterial. Tendo em conta a zona do crebro onde se d o acidente, bem como a sua extenso, assim poder o indivduo ficar por exemplo: com hemiparsia (dificuldade no controlo dos movimentos de um lado do corpo) , com dificuldades na fala, dificuldades de compreenso, etc.. Nesta situao, a pessoa que acompanha a pessoa idosa, dever ter em ateno a administrao de toda a teraputica prescrita, no horrio certo. Dever observar atentamente de forma a perceber se h alguma alterao no fcies, ou no comportamento da pessoa idosa. Se tal acontecer, dever chamar um tcnico de sade. No cuidado dirio dever incentivar sempre o auto-cuidado, ajudando apenas no que a pessoa idosa no consegue fazer sozinha, tentando adequar as necessidades s possibilidades reais, na execuo das actividades de vida diria

    31

  • 3.4 - DOENA DE PARKINSON

    A doena de Parkinson, hoje em dia muito comum nas pessoas idosas, compe-se de vrios sinais e sintomas, basicamente constitudos por uma desordem de motricidade. Estes doentes apresentam tremor, principalmente nos membros superiores, mas tambm nos membros inferiores e cabea, rigidez muscular e acinesia (perda parcial ou total dos movimentos do corpo). A estes sintomas clssicos, somam-se outras manifestaes, como sejam, alteraes posturais, fala montona, marcha de pequenos passos e perturbaes vegetativas (hipersalivao e seborreia). A depresso e a demncia, costumam ser detectadas com frequncia. Muito embora, esta doena no tenha cura, h tratamentos que ajudam a diminuir a sintomatologia, bem como retardam a sua evoluo. importante nos cuidados prestados a estes doentes a incentivao para a manuteno da sua independncia, bem como para o auto-cuidado.

    3.5 - DEMNCIA

    O termo demncia utilizado geralmente para a deteriorao mental. Indica decadncia das funes intelectuais tais como: memria, capacidade de julgamento, poder de deciso e as vrias funes de percepo, associao e execuo da mente. Muitas vezes, os primeiros sinais de demncia so to discretos que passam despercebidos ao mdico e famlia. Geralmente inicia-se por um dfice de memria, principalmente da memria a curto prazo. Pode-lhe estar associada a perda de iniciativa , irritabilidade, dificuldade em tomar decises e incapacidade na realizao de actos comuns. As causas de demncia podem ser vrias: pode ocorrer aps traumatismo, pode estar associada a leses cerebrais, ou pode secundar a arteriosclerose, doenas txicas como o alcoolismo e a adio de drogas. Estes doentes, para alm de terem necessidade de ter um acompanhamento mdico, no devero ser deixados sozinhos. No caso das pessoas idosas, muitas vezes, podem ocorrer situaes graves, como por exemplo esquecerem-se

    32

    FTIMA JOO PEREIRAexplicar a diferena entre sintomas e sinais

  • de apagar o lume, sarem para a rua e perderem-se, ou ingerirem medicamentos em quantidade excessiva. O acompanhamento por uma pessoa de famlia ou quem a substitua , portanto, indispensvel. Muito embora seja difcil e por vezes impossvel ter uma conversa dita normal com uma pessoa demente, deve-se ter o cuidado de no alimentar o discurso incoerente que apresenta. Assim, deve-se sempre tentar trazer a pessoa para a realidade, explicando o que efectivamente se passa.

    3.6 - ALZHEIMER

    A doena de Alzheimer ou demncia senil, um distrbio, do qual ainda no se conhecem as causas, caracterizado por uma perda gradual das funes intelectuais. Esta doena tem um princpio insidioso, com evoluo gradualmente progressiva e que actualmente irreversvel. A alterao da memria pode ser o nico sintoma deficitrio, numa fase inicial da doena. Pouco a pouco, discretas alteraes da personalidade podem surgir e o doente vai-se tornando menos espontneo, ou seja, mais aptico. Posteriormente aparecem alteraes de comportamento, como fugir de casa e no saber o caminho de volta, como a falta de cuidado com a aparncia e a higiene corporal. Mais tarde surge a depresso e em alguns casos o delrio. No h tratamento especfico para esta doena. O mdico vai acompanhando a situao de forma a minorar ao mximo a sintomatologia presente. fundamental o acompanhamento destes doentes, em todas as actividades de vida diria, no descurando nunca a ateno afectiva, extremamente importante para a no agudizao da doena.

    33

  • 4 - CUIDADOS A IDOSOS EM SITUAO DE DEPENDNCIA

    A prestao de cuidados directos a pessoas idosas, implica o conhecimento de tcnicas de saber-fazer, bem como de saber-estar com a pessoa idosa. Esperamos que este captulo, seja uma mais valia nesse saber.

    4.1 - HIGIENE E CONFORTO

    A independncia na satisfao da necessidade de estar limpo, cuidado e proteger os tegumentos permite ao ser humano manter a sade fsica e emocional. Na higiene est compreendida: a higiene individual a higiene do meio ambiente Na higiene individual trataremos da higiene corporal, do vesturio e da nutrio. Na higiene do meio ambiente trataremos da higiene da habitao, das condies climticas e da salubridade do meio. BANHO E CUIDADOS PELE Vantagens: - Permite a limpeza da pele; - Estimula a circulao; - Provoca sensao de bem-estar; - refrescante e relaxante; - Melhora a aparncia fsica; - Elimina odores (cheiros) corporais desagradveis; - Permite uma observao mais pormenorizada do estado do idoso/doente.

    34

  • NOTA: No idoso /doente acamado, deve ser-lhe pedida toda a sua colaborao at ao limite da suas capacidades. vantajoso para que ele mantenha os seus movimentos e no se sinta ou se torne ainda mais dependente. Pontos importantes a ter em ateno, quando se d um banho: - Se o banho for tomado na casa de banho, colocar um tapete de borracha na base da banheira, para evitar quedas. - A temperatura da gua deve ser ao gosto do idoso/doente. - Manter uma temperatura do ambiente agradvel e verificar que no existem correntes de ar. - Se o idoso/doente preferir banho de chuveiro, no contrariar, uma vez que no possui contra-indicaes. - Respeitar sempre a privacidade do idoso/doente. - Se o banho for tomado na cama, evitar que o idoso/doente esteja todo destapado. - Nunca misturar roupa limpa com a suja. - medida que se vai lavando, ir fazendo na prpria lavagem movimentos de massagem, para activar a circulao. - Ter muita ateno com as zonas do corpo, onde a higiene deve ser mais pormenorizada: boca dentes axilas virilhas rgos genitais ps - No banho na cama, a gua deve ser mudada, quantas vezes forem precisas. - Secar bem a pele, nomeadamente no pescoo, axilas, regio sub-mamria, virilhas e espaos entre os dedos das mos e principalmente dos ps (aparecimento de fungos). - Aps o banho, massajar o corpo com uma substncia gorda (por exemplo leo de amndoas doces), para lubrificar a pele, que na pessoa idosa particularmente seca.

    35

  • - As massagens devem ser feitas com carinho, atravs de movimentos circulares, tendo especial ateno s zonas do corpo que esto sujeitas a maior presso no idoso/doente acamado: ombros costas cotovelos ndegas calcanhares tornozelos - Ter ateno higiene do cabelo e sua apresentao. - Os produtos utilizados para a lavagem do corpo e da cabea, devem ser suaves (de preferncia os utilizados para a higiene dos bebs). - Se os olhos dos idoso /doente estiverem inflamados ou infectados, devem ser lavados com agua fervida e com bolas de algodo, utilizando bolas para cada olho separadamente. O olho, deve ento ser limpo do canto externo para o canto interno. - Se o idoso/doente estiver urinado ou com fezes, limpar primeiro a zona suja e s depois comear a dar o banho. - As unhas dos ps devem ser cortadas a direito para evitar que se encravem na pele quando crescem. Depois de cortadas devem ser sempre limadas. Quando forem difceis de cortar e , em especial, nos diabticos, em vez de cortar (para evitar complicaes) podem ser limadas. Quem d banho ao idoso/doente acamado deve ter ateno posio em que trabalha, para prevenir alteraes patolgicas, especialmente a nvel da coluna vertebral. Se o doente/idoso est acamado importante tambm, dar uma ateno especial cama: - Deve ser confortvel; - A roupa deve estar sempre limpa e enxuta; - A roupa deve estar bem esticada, porque as pregas vo macerar a pele do idoso /doente. Pela mesma razo, nunca deve conter migalhas.

    36

  • 4.2 - POSICIONAMENTO/ MOBILIZAO/ LEVANTE

    Frequentemente, os/as tcnicos/as de apoio domicilirio ou de lar chamada/o para ajudar um idoso/doente a se movimentar e a mudar de posio. Movimentos delicados e seguros da parte da/o tcnica/o baseados em conhecimentos de mecnica corporal, no s ajudam o idoso/doente a se movimentar mais facilmente, como lhe proporcionam uma sensao de confiana na ajuda que recebe. Alguns idosos/doentes, incapazes de se movimentar sozinhos, dependem completamente da/o tcnica/o de apoio domicilirio, para mudar de posio. Sempre que possvel a pessoa idosa dever ser ajudada a fazer o levante da cama e passar algumas horas (conforme o que conseguir aguentar) sentada num cadeiro. No entanto, situaes h em que o levante no possvel, mas a mobilizao, a massagem e a mudana frequente de posio, so meios fundamentais para a preveno das consequncias da imobilidade, no devendo, portanto, ser descuradas. Como ajudar o idoso/doente a mover-se para a borda da cama: Coloque-se de p, de frente para o indivduo no lado da cama para o qual quer que o idoso/doente se mova; Coloque uma perna na frente da outra flectindo os seus joelhos e quadris de forma a trazer os braos para o nvel da cama (deste modo vai aumentar a base de sustentao do seu corpo ); Coloque, ento, um dos seus braos sob os ombros e pescoo do idoso/doente, e outro sob a parte mais estreita do dorso; Em seguida desloque o peso do corpo do p dianteiro para o traseiro, trazendo o indivduo para a borda da cama. Durante este movimento flita mais os seus joelhos, de modo a ficar abaixada/o sobre as suas pernas. Seguidamente faa o mesmo movimento com a parte mdia do corpo do idoso/doente, colocando um dos braos sob o dorso e o outro sob as coxas. Finalmente proceda do mesmo modo trazendo as pernas e os ps.

    37

  • NOTA: Tome cuidado, para no deixar o idoso/doente cair da cama. Se o indivduo for incapaz de movimentar o brao que est mais perto de si, deve coloc-lo por cima do seu tronco para evitar que seja lesado. Ao movimentar o indivduo desta maneira, no deve sentir que est a exercer fora sobre os seus ombros, pois dever ser o seu prprio peso que lhe d fora para o movimentar . Como sentar na cama o idoso/doente incapacitado: Fique de p ao lado da cama, de frente para a cabeceira. Coloque o p que est mais perto da cama para trs e o outro frente; Em seguida coloque o seu brao que est mais distante do idoso/doente sobre o ombro mais prximo do mesmo, de modo que a sua mo fique entre as escpulas (omoplatas); Para erguer o idoso/doente movimente o seu prprio corpo para trs, deslocando o seu peso do p dianteiro para o traseiro, e baixando seus quadris. Com o brao livre, poder guiar o indivduo, ou equilibrar-se. Como sentar na cama o idoso/doente semi-incapaz : Fique de p ao lado da cama, de frente para a cabeceira. O p mais prximo cama fica atrs do outro; Em seguida flita os joelhos at que o seu brao esteja ao nvel da cama; Encostando o cotovelo na cama do idoso/doente segure pela parte posterior o brao do indivduo, acima do cotovelo, e o indivduo dever segurar o seu brao da mesma forma impulsionando-se com a outra mo que far fora na cama; Em seguida mova o seu corpo para trs deslocando o seu peso do p dianteiro para o traseiro e baixando os quadris. Como deslocar o idoso/doente incapacitado em direco cabeceira da cama: Coloque-se de p ao lado da cama do idoso/doente, de frente para o ngulo mais distante dos ps da cama. Coloque um p em frente do outro para ter uma base de sustentao mais larga; Em seguida flita os joelhos para que os seus braos cheguem ao nvel da cama e coloque-os sob o indivduo, ficando um

    38

  • dos braos sob a cabea e ombros e o outro sob a regio lombar; Desloque o seu corpo para a frente e em seguida passe seu peso do p dianteiro para o traseiro baixando os quadris. O indivduo ser deslocado na diagonal em direco cabeceira e borda da cama; Esta manobra dever ser repetida para o tronco e para as pernas; Em seguida v para o outro lado da cama e repita as manobras descritas nos itens de 1. a 3. . Continue nestas manobras at que o indivduo esteja posicionado satisfatoriamente. Como deslocar o idoso/doente semi-incapacitado em direco cabeceira da cama: Pea ao indivduo para flectir os joelhos colocando os calcanhares o mais perto possvel das ndegas; Fique de p ao lado da cama ligeiramente virada/o para a cabeceira. O p mais prximo da cama fica um passo atrs do outro (ambos os ps devem ficar na direco da cabeceira); Coloque um dos seus braos sob os ombros do indivduo e o outro sob suas coxas. Flita seus prprios joelhos para manter os braos ao nvel da cama; Pea ao indivduo para colocar o queixo junto do trax e empurrar o seu corpo com os ps, ao mesmo tempo que desloca o seu peso do p traseiro para o dianteiro. NOTA: O indivduo poder ajudar ainda mais a deslocar-se segurando a cabeceira da cama com as suas mos. Ao ajudar o indivduo a fazer este movimento, deve tomar cuidado para que a cabea do idoso/doente no bata na cabeceira da cama.

    39

  • Como ajudar o idoso/doente a virar-se de lado: Coloque-se de p, do lado da cama para onde o indivduo deve ser virado. Pea-lhe que cruze o seu brao oposto sobre o tronco e que flita a perna oposta e a coloque sobre a perna que est mais prxima do lado para onde dever se virar. Observe se o outro brao est em posio correcta e longe do corpo, para que este no caia sobre ele; Coloque-se de p de frente para a cama na altura da cintura do indivduo com um dos ps frente do outro; Coloque uma das mos sobre o ombro mais distante do indivduo e a outra sobre a parte lateral do quadril mais distante; medida que desloca o seu peso da perna dianteira para a traseira, o indivduo virado na sua direco. Durante este movimento deve baixar os seus quadris. NOTA: O movimento de rotao do indivduo controlado pelos cotovelos da pessoa prestadora de cuidados, que vo sendo calcados sobre o colcho, na borda da cama. Como ajudar o idoso/doente semi-incapacitado a erguer as ndegas: Pea ao indivduo para flectir os joelhos, colocando os calcanhares o mais prximo possvel das ndegas; Coloque-se de p ao lado da cama de frente para os quadris do indivduo e afaste os seus ps para ter uma boa base de sustentao; Em seguida flita os seus joelhos de forma a trazer seus braos at ao nvel da cama e coloque uma das mos sob a regio sagrada do indivduo, apoiando seu cotovelo firmemente sobre a armao da cama; Pea ao indivduo para erguer os quadris, ao mesmo tempo v flectindo os seus joelhos e baixando os seus quadris medida que o seu brao funciona como alavanca para ajudar a suster as ndegas do indivduo. Enquanto o sustenta nesta posio pode usar a mo que est livre para colocar uma fralda ou massajar a regio sagrada. Como ajudar o idoso/doente a sentar-se na borda da cama:

    40

  • Vire o indivduo de lado em direco borda da cama sobre a qual ele deseja sentar-se; Aps certificar-se que ele est seguro, levante a cabeceira da cama (cama articulada); Coloque-se virada/o de frente para o ngulo mais distante da cama e sustente os ombros do indivduo com um dos braos, enquanto que com o outro ajuda-o a trazer as pernas para a borda da cama. Mantenha seus ps afastados, para ter uma boa base de sustentao, fazendo com que o p que est mais distante da cama fique atrs do outro; O indivduo trazido para a posio sentada normal na borda da cama quando a pessoa prestadora de cuidados, ainda sustentando os seus ombros e pernas, produz um movimento de rotao de forma que as pernas do indivduo voltam-se para baixo. Para tal desloque o seu peso da perna dianteira para a perna traseira. Como ajudar o idoso/doente a sair da cama para uma cadeira: Sente o indivduo com as pernas para fora da cama, vista-lhe o roupo e calce-lhe os sapatos; Coloque uma cadeira ao lado da cama com as costas em direco aos ps da cama; Coloque-se de p, frente ao indivduo pondo o seu p que est mais perto da cadeira um passo frente do outro; Coloque os braos do indivduo sobre os seus ombros enquanto o segura pela cintura; Ajude-o a descer para o cho, flectindo os seus joelhos de modo a que o joelho da frente encoste no joelho do indivduo (esta manobra evita que o indivduo se dobre involuntariamente) ; Vire o indivduo enquanto mantm a base de sustentao (pernas afastadas) e medida que ele se senta na cadeira v flectindo os seus joelhos. NOTA:

    41

  • Neste procedimento a cama deve ter uma altura que permita ao idoso/doente passar naturalmente para o cho. Se a cama no puder ser baixada o suficiente, convm colocar um banco, onde ele possa apoiar seus ps. Esse banco deve ser estvel e ter uma superfcie que no escorregue. aconselhvel tambm o uso de sapatos de salto baixo e no de chinelos. Os sapatos permitem que o indivduo ande confortavelmente, fornecendo boa sustentao e permitindo que no escorregue. Um dos grandes perigos, que podem acontecer pessoa idosa acamada o aparecimento de feridas, habitualmente de difcil tratamento e responsveis pela morte mais precoce do doente. Estas feridas denominam-se por lceras de decbito. A funo principal da pele a de proteco. Na pessoa idosa e como j atrs foi referido, h alterao e modificao da pele, que apresenta: - Fragilidade. - Diminuio do volume sanguneo que chega a todas as zonas corporais. - Diminuio da sensibilidade, que conduz diminuio da sensao de mal estar causada pela presso constante sobre uma determinada zona do corpo. - Diminuio da mobilidade originando a manuteno de uma mesma posio . - Deficiente nutrio. O melhor tratamento das lceras de presso a sua preveno. As pessoas: acamadas

    que passam grande parte do tempo em cadeiras de rodas

    necessitam de mudanas frequentes de posio. As zonas mais vulnerveis ao aparecimento de lceras de decbito so: aquelas onde existem salincias sseas, nomeadamente : cotovelos calcanhares joelhos regio sacro-coccgea regio maleolar (tornozelo) regio trocantereana (parte superior das coxas) As pessoas que passam grande parte do dia em cadeiras de rodas, precisam de mudanas de posio mais frequentes,

    42

  • devido desigualdade de distribuio do peso do corpo. Esta realidade por vezes esquecida. Os cuidados principais a ter com as pessoas idosas nestas circunstncias so: Manter a integridade da pele ou favorecer a sua recuperao. Manter o seu conforto. Tomar medidas, a todos os nveis, para que as infeces no se instalem.

    4.3 - ALIMENTAO

    Uma alimentao equilibrada, ajuda a manter o organismo so. As necessidades alimentares das pessoas idosas, so basicamente iguais s dos adultos . Os alimentos tm duas funes essenciais: servir de combustvel; fornecer os materiais necessrios ao funcionamento dos rgos. Para a conservao do peso ideal, deve existir um equilbrio entre as calorias ingeridas e os gastos energticos. Dieta aconselhada aos pessoas idosas:

    - Leite e seus derivados - Devero consumir 2 copos de leite por dia. Este leite pode ser: magro, meio gordo ou gordo. E pode ser tomado como bebida ou como ingrediente principal em alguns pratos (ex: cereais).

    Po e cereais - Devero consumir 3 a 5 pores. Considera-se uma poro: 1 fatia de po; chvena de cereais cozinhados; chvena de cereais prontos a servir; 1 po pequeno; chvena de arroz, macarro ou espaguete aps cozinhados

    Carne, Peixe, Caa e Substitutos - Devero consumir 2 pores por dia, sendo que 1 poro equivale entre 60 a 90gr de carne magra, de peixe, de caa ou de fgado depois de cozinhado. Pode-se substituir por 4 colheres

    43

  • de sopa de manteiga de amendoim, ou 1 chvena de ervilhas secas, favas secas ou lentilhas, depois de cozinhadas. tambm idntico, ingerir chvena de nozes ou pevides, 60 gr de queijo fundido, chvena de queijo fresco ou 2 ovos .

    Frutos e Legumes - Para manter uma alimentao saudvel, devero ingerir 4 a 5 pores de legumes por dia. Na escolha devero constar pelo menos dois tipos de legumes. Os legumes e os frutos podero ser consumidos cozidos, crus ou em sumo. Uma poro equivale a chvena de legumes ou de frutos frescos, congelados ou em conserva, 1 batata, 1 cenoura, 1 tomate, 1 pssego ou uma unidade de qualquer outra fruta. NOTA: O mais importante ter em conta os gostos e os hbitos alimentares do idoso. Muito embora saibamos que uma alimentao saudvel aquela que engloba todo o tipo de alimentos, muitos idosos ao longo da sua vida no a tiveram. Pode-se e deve-se explicar a importncia deste tipo de alimentao, mas no se pode obrigar o idoso a aceit-la. O aumento da ingesto de lquidos, nomeadamente, gua, extremamente importante e muitas vezes tambm extremamente difcil. De uma forma geral a pessoa idosa no gosta de gua. O que verdadeiramente se passa que ele no sente sede. pois primordial, no esquecer de o lembrar da necessidade de ingerir gua, quer seja na sopa, como no ch, em sumos de fruta, leite ou gua pura. Se a pessoa idosa estiver acamado, dever-se- tentar manter os seus hbitos alimentares, tendo em ateno o seguinte:

    A confeco da comida deve ser o mais simples possvel, sem refugados, gorduras ou excesso de sal e especiarias.

    Se a pessoa idosa no consegue assumir uma posio de sentada na cama ou no cadeiro, ou no consegue mastigar os alimentos, estes devem ser passados, mas cada um individualmente para conservar o seu prprio sabor.

    44

  • Numa situao mais grave de inconscincia, a comida dever ser mais liquefeita, dada atravs de uma seringa, que se coloca entre a bochecha e os dentes, para que no haja perigo de asfixia.

    Qualquer dieta deve ainda ter em conta o estado de sade da pessoa idosa e as prescries dos tcnicos de sade.

    4.4 - PREVENO DE ACIDENTES

    Os acidentes so responsveis pelo aumento do grau de dependncia das pessoas idosas. Os problemas ligados ao envelhecimento, como a cegueira ou a diminuio da acuidade visual, a surdez, os dfices sensoriais, dificuldade em andar e manter o equilbrio, tornam as pessoas idosas mais vulnerveis s quedas e aos acidentes de toda a espcie. Muitas das pessoas idosas, vivem em ambientes desadaptados s suas necessidades, por exemplo: vivem em prdios antigos, com muitas escadas, por vezes sem iluminao; moram nos arredores dos centros de comrcio e no tm meios de transporte adequados; vivem em casas grandes demais para apenas uma pessoa. O ambiente pois muito importante para as pessoas de idade. Cuidados a ter na preveno de acidentes: Ter uma boa iluminao; Tapetes com anti derrapante; Escadas com corrimo;

    45

  • No alterar a organizao da moblia na casa da pessoa idosa. Se a pessoa idosa mudar de habitao (para uma instituio ou para a casa dos filhos), tentar manter a disposio do quarto, conforme est habituado; No usar roupa muito comprida, pode provocar queda, os sapatos devero ser de sola de borracha para no escorregarem; Ao nvel da cidade, passeios muito altos, com buracos e escorregadios, autocarros, elctricos e comboios com os degraus muito altos, so muitas vezes as causas de queda nas pessoas idosas; Se a pessoa idosa for independente, h que ter o cuidado de a avisar, atravs de recados escritos em letra grande e colocados em lugar visvel, de no se esquecer de desligar o fogo quando o utiliza. Se houver situao de demncia, h que ter o cuidado de desligar o gs no contador. Muito embora exista um perigo efectivo da pessoa idosa sofrer um acidente domstico, isso no implica o seu afastamento das actividades de vida diria, que muitas vezes so a sua nica distraco e a forma de se sentir til. No entanto, h que ter cuidados acrescidos para prevenir os acidentes.

    4.5 - MEDICAO

    A administrao de teraputica , essencialmente, um acto de enfermagem. No entanto, a administrao por via oral, via rectal, alm da aplicao tpica (pomadas, gotas nos olhos e ouvidos) pode ser uma tarefa da famlia da pessoa idosa ou das/os tcnicas/os de apoio vida familiar, sob a orientao das/os enfermeiras/os e segundo a prescrio mdica. A pessoa idosa deve ser estimulada a tomar conta da sua medicao. S deve ser substitudo, quando as suas faculdades mentais comearem a diminuir, existindo o perigo de engano.

    46

  • O ensino pessoa idosa, neste captulo deve incidir em :

    - Explicar pessoa idosa para que servem os medicamentos que est a tomar (a sua aco), duma forma simples e clara; - Reforar as instrues verbais com instrues escritas; - Se a pessoa idosa for analfabeta, combinar com ela, qual a melhor forma de ser o mais possvel independente, no tomar da medicao; - Sugerir pessoa idosa que tenha as embalagens dos medicamentos sempre vista, para no se esquecer de os tomar; - Em relao aos horrios de tomar os medicamentos, se no houver contra-indicao, aconselhar a escolher uma hora que coincida com determinada actividade da vida diria; - Alertar a pessoa idosa para os riscos que pode correr se no cumprir os ensinamentos feitos, muito especialmente, no que diz respeito s doses dos medicamentos.No deve nunca experimentar medicamentos prescritos para outras pessoas. Alguns aspectos importantes a ter em conta na Preparao e Administrao de Medicamentos

    VIA ORAL

    Ao retirar os comprimidos ou cpsulas do frasco ou da embalagem, nunca tocar com as mos nos mesmos. Dizer pessoa idosa para beber um pouco de lquido com que vai tomar o medicamento, antes de pr o mesmo na boca, para ajudar a deglutio do medicamento. nestas ocasies que se pode incentivar a pessoa idosa a ingerir lquidos, que lhe so to necessrios, e ele por vezes rejeita. VIA SUB-LINGUAL E BUCAL importante dizer pessoa idosa que no mastigue as pastilhas ou comprimidos, porque o objectivo, que eles se dissolvam lentamente na boca .

    47

  • VIA OFTLMICA

    No se aplica nenhum medicamento nos olhos, sem que na embalagem esteja escrito - Para uso oftlmico - . Antes de aplicar o medicamento, limpar os olhos, caso tenham secrees. No fazer presso no globo ocular. Se forem gotas: Deix-las cair na direco do canto externo do olho, entre a plpebra inferior e a superfcie do globo ocular. No tocar com o conta-gotas no globo ocular ou nas pestanas. Limpar qualquer excesso de medicamento com um leno de papel (por exemplo). Dizer pessoa idosa que continue, durante uns minutos, com a cabea inclinada para trs . Se for pomada: Coloc-la ao longo do saco conjuntival (plpebra inferior). Comear sempre pelo ngulo interno, e quando se aproximar do ngulo externo, girar levemente a bisnaga para desprender a pomada. Limpar qualquer excesso de medicamento com um leno de papel (por exemplo). Dizer pessoa idosa, que se mantenha com os olhos fechados durante 1 a 2 minutos, para que o medicamento se possa espalhar e ser absorvido .

    VIA AURICULAR

    A pessoa idosa deve estar deitada de lado. Puxar, suavemente, o pavilho auricular para cima e para trs, de modo a permitir uma melhor aplicao das gotas. No tocar com o conta-gotas no ouvido.

    48

  • A pessoa idosa deve ficar deitada durante uns 10 minutos, para que o medicamento se v espalhando no ouvido. Repetir o mesmo procedimento no outro ouvido (caso o tratamento seja nos dois). NOTA: No esquecer, que antes de preparar e/ou administrar qualquer medicamento, obrigatrio lavar as mos. Se for o idoso a fazer estas tarefas, deve ser elucidado desta necessidade, se no possuir j o hbito de o fazer.

    VIA RECTAL

    Se forem supositrios: A pessoa idosa deve estar deitada de lado com a perna ligeiramente flectida, afastando-se, em seguida, as ndegas para expor o nus . Pedir pessoa idosa para respirar fundo. Introduzir o supositrio com a parte cnica para a frente e com a ajuda do dedo indicador, que est protegido pela compressa, ou papel higinico onde se encontra o supositrio. Retirar o dedo quando se sente que o supositrio passou o esfncter (msculo) anal interno. Apertar as ndegas do idoso. A pessoa idosa deve ficar deitada, durante um certo tempo, para que no tenha ou sinta to intensamente vontade de expelir o supositrio. Se for pomada : A posio das pessoas idosas , de certo modo, igual anterior. Se a pomada for para actuar na parte externa do nus, pode-se utilizar uma compressa na sua aplicao. Se for para utilizar a aco do medicamento na parte interna do nus, utilizar o aplicador que vem dentro da embalagem. Introduzir lentamente o aplicador anexado ao tubo, na direco do umbigo.

    49

  • Premir o tubo para introduzir a pomada. Colocar uma compressa entre as ndegas, para absorver um possvel excesso de pomada. NOTA : Fazer todas estas manobras com suavidade, uma vez que uma zona que, em princpio, est hipersensvel, evitando, assim, magoar o idoso.

    4.6 - VESTURIO

    H princpios gerais a respeitar, no que diz respeito ao vesturio da pessoa idosa, tais como: - Ser confeccionado com tecidos macios, quentes ou frescos consoante a estao do ano. - Ser fcil de vestir e despir. - Ser confortvel e desprovido de tudo o que possa apertar o corpo. - O modo de fechar (botes, molas, fechos) deve ser ao gosto da pessoa idosa, utilizando a forma que para ela seja mais fcil, olhando sua auto-suficincia. - A cor deve ser escolhida pela pessoa idosa merecendo o nosso respeito os seus preconceitos quanto a esta caracterstica do vesturio. - O vesturio de l no deve ser usado directamente sobre a pele, pois pode provocar pele seca e prurido ( comicho ) - Os sapatos devem ter uma base larga para sustentar bem o corpo e facilitar a locomoo. - Os sapatos devem ser bem ajustados aos ps, sem, no entanto, os apertar. - O vesturio, alm de prtico e cmodo, deve dar pessoa idosa uma aparncia agradvel e uma sensao de bem estar. - Permitir que a pessoa idosa conserve os seus hbitos, sempre que possvel.

    50

  • - A pessoa idosa deve escolher a sua roupa e expressar as suas preferncias, sem que, por isso, seja alvo de crticas. NOTAS : Nas mulheres est contra-indicado o uso de ligas circulares, bem como de mini meias, uma vez que estas dificultam a circulao sangunea. Os idosos, que tm por hbito dormir com a roupa que usam durante o dia, devem ser informados acerca dos inconvenientes de tal prtica.

    EM RESUMO :

    A imagem que a pessoa idosa apresenta influencia a atitude dos outros a seu respeito e a sua capacidade de continuar a viver dignamente. Podemos continuar a ajud-lo (e isso ser um importante papel que temos), a apresentar uma imagem serena, viva e digna que ser o reflexo do seu estado de alma.

    4.7 - ELIMINAO

    Para se manter saudvel, o organismo, deve eliminar os produtos resultantes do metabolismo. A este processo chama-se eliminao. Existem dois tipos de eliminao a intestinal e a vesical. ELIMINAO INTESTINAL: No que diz respeito eliminao intestinal, podem surgir duas situaes distintas: incontinncia intestinal obstipao (priso de ventre) Por vezes, a primeira situao provocada pela segunda, tendo como causa principal a hiperextenso (alargamento) do esfncter anal, aps longo tempo de passagem de fezes duras e grossas. As pessoas idosas, normalmente, preocupam-se em excesso, com os seus hbitos intestinais e ficam muito preocupados quando no evacuam diariamente. Da, recorrerem, com frequncia, ao uso de laxantes. Aquele uso e abuso, as alteraes dos hbitos alimentares e a diminuio da actividade fsica, agravam a situao de obstipao.

    51

  • por isso, importante que a pessoa idosa adquira hbitos intestinais regulares, mas no s custa do uso de laxantes. NOTA: No esquecer, que a ingesto de lquidos, muito especialmente gua, de extrema importncia neste processo.

    Aces a desenvolver:

    Observao e registo das caractersticas das fezes (cheiro, cr, textura) Estimular a adequada ingesto de lquidos (a que a pessoa idosa, normalmente, no muito receptiva). Incentivar a pessoa idosa para que tenha uma dieta equilibrada, e neste caso, rica em fibras (estas estimulam os movimentos dos intestinos). Estimular a pessoa idosa actividade fsica, contrariando uma vida sedentria (parada). Ajudar a pessoa idosa a estabelecer um horrio de eliminao das fezes. ELIMINAO VESICAL: Muitos idosos apresentam incontinncia urinria. Quer isto dizer, que h emisso involuntria de urina. Esta situao muito desagradvel para a pessoa idosa, que para alm do desconforto fsico, sente-se humilhada, diminuindo a sua auto-estima. importante compreender que h factores fsicos que conduzem incontinncia, como por exemplo: / Incontinncia funcional - estado em que o indivduo tem dificuldade em se deslocar ao sanitrios, devido a factores ambientais, desorientao ou limitaes funcionais. / Instabilidade do detrusor - estado em que o indivduo emite voluntariamente urina, devido a urgncia urinria. / Incontinncia total - estado em que o indivduo urina continuamente e de forma imprevisvel. / Incontinncia de esforo - estado em que o indivduo perde pequenas quantidades de urina, durante o esforo.

    52

  • Aces a desenvolver, para a incontinncia irreversvel:

    Ajudar a pessoa idosa a assumir a existncia de um problema de incontinncia, sem sentimentos de culpa, medos ou vergonha. Aceitar a verbalizao da sua raiva e mudanas de humor, mostrando-lhe que o compreende e que se estivesse no seu lugar, teria as mesmas reaces. Incentivar a pessoa idosa e famlia a manterem a participao social activa, prevenindo o isolamento. Aconselhar o uso de cuecas/fraldas para incontinncia, pois evitar que molhe a roupa e sentir-se- mais vontade. Para alm disso, esta precauo evitar a propagao do mau cheiro e permite pessoa idosa manter a sua vida social. Arejar o quarto e mant-lo sempre limpo, de forma a anular o cheiro intenso a urina

    Aces a desenvolver, para a incontinncia reversvel:

    Ajudar a pessoa idosa a assumir a existncia de um problema de incontinncia, sem sentimentos de culpa, medos ou vergonha. Aumentar o consumo de ingesto de gua at 2l/dia, se o seu estado de