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1 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 2 Comissão Nacional de Política Indigenista 3 Brasília-DF, 03 e 04 de outubro de 2013 21ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista-CNPI

21ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política ... · ... Cacique Francisco Ciqueira, ... Jorge Carvalho de França, Lucélia Leal 47 Cabral dos ... E disse que nós

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1 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 2

Comissão Nacional de Política Indigenista 3

Brasília-DF, 03 e 04 de outubro de 2013

21ª Reunião Ordinária da Comissão

Nacional de Política Indigenista-CNPI

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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

COMISSÃO NACIONAL DE POLÍTICA INDIGENISTA-CNPI 4

22ª REUNIÃO ORDINÁRIA 5

Aos dias 03 de Outubro de 2013, as 15h iniciou a 21ª Reunião Ordinária da Comissão 6

Nacional de Política Indigenista – CNPI, com abertura proferida pelo indígena Marcos 7

Xucuru – nordeste/leste que cumprimentou a todos e convidou a bancada indígena a cantar 8

um canto tradicional. Em seguida a palavra a Presidenta da CNPI – Maria Augusta – saudou 9

a todos os representantes indígenas, os representantes da bancada do governo, os Ministros 10

que compõe a mesa e demais presentes. A Presidenta deu início a 21ª Reunião Ordinária e 11

em seguida passou a palavra aos Ministros, conforme decidido na reunião anterior, pois esta 12

Reunião seria a continuidade dos trabalhos da CNPI ampliada com a Mesa de Diálogo. 13

Presentes na 21ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI as 14

seguintes pessoas, conforme listas de presença: Ministros de Estado, José Eduardo 15

Cardozo, Justiça; Gilberto Carvalho, Secretaria Geral da Presidência da República; Maria 16

Augusta B. Assirati, Presidenta da CNPI e da FUNAI; Representantes indígenas da CNPI: 17

Marcos Luidson de Araújo-Xucuru, Kohalue Karajá, Francisca Navantino-Pareci, Elcio 18

Severino da Silva-Manchineri, Helinton Gavião, Lourenço Milhomem-Krikati, Simone 19

Vidal-Karipuna, Pierlangela Cunha- Wapichana, Lindomar Santos Rodrigues-Xokó, Luiz 20

Vieira Titiah-Pataxó Hã Hã Hãe, Rosa da Silva Souza-Pitaguary, José Ciríaco Sobrinho-21

Capitão Potiguara, Sandro Emanuel Cruz dos Santos-Tuxá, Marcos dos Santos Tupã-22

Guarani M'Byá, Brasilio Priprá-Xokleng, Deoclides de Paula-Kaingang, Anastácio 23

Peralta-Guarani Kaiowá, Dilson Domente Ingaricó, Crisanto Rudzõ T.-Xavante, Ivan 24

Bribis, Aikyry Wajãpy e Joscley Pegô Ramos-Tupinikim. Representantes da Mesa de 25

Diálogo: Jonas Sansão, Manuel Uilton dos Santos, Winty Kayapó, Marivelton Barroso, 26

Mário Nicácio, Antonio Ricardo da Costa-Tapeba, Cacique Raoni Kayapó, Nildo Fontes, 27

Cacique Simão Xavante, Jonas Sansão. Representantes Governamentais: Marcelo Veiga e 28

Natália Dino-MJ; Thiago Garcia e Juliana Miranda -SG.PR; Frederico R. C. D. Brito-GSI, 29

Thiago Tobias e Rita Potiguara-MEC, Paulo Guilherme Cabral-MMA, Cel. Rodrigo Martins 30

Prates-MD, Luiz Fernando M. Souza-MDA, Bianca Coelho Moura-SESAI-MS, Maria 31

Ceicilene Martins-MME. Representantes Indigenistas: Saulo Feitosa-CIMI e Daniel Pierri-32

CTI. Demais pessoas presente: Pajé Antonio Celestino-Xucurú Kariri, Rosane Kaingang, 33

Wagner Kraô Kanela, Luiz Xavante, avante, José Maria Xavante, Pedrinho Xavante, Sererê 34

Xavante, Maurício Gomes dos Santos, Alfredo Santana Pataxó, Lidia Ga vião, Delio Firno 35

Alves, Zeca Pataxó, Manoel Maraguá, Gecivaldo Ferreira-Xucurú Kariri, Gerson Pataxó, 36

Luiz Xerente, Sinaldo Pataxó, Edinaldo Pereira Macuxi, Kaorewgjib Tapirapé, Cicero 37

Santana Xucurú Kariri, Chicão Terena, Maria da Conceição Pitaguary, Josi Tupinikim, 38

Josiane Tupinikim, Jorge Carvalho de França, Lucelia Leal dos Santos, Indira Viana 39

Cabalero-UFRJ, Israel Reis, Jonas Polino Sansão, Antonio Carvalho, Paulo Tupinikim, José 40

Carmélio A. Nunes, Janio Mesquita Filho, Aldemira S. Cunha, Cacique Francisco Ciqueira, 41

Mariana Castilho-MDS, André Carlos-MMA, Graciana Mª da Silva-UNB, Aldair Kanamary, 42

Horácio Marubo, Beush Matis, Maré Turo, Ivanapa Matis, Clóvis Marubo, Maki Kayuana, 43

Duna Kayuana, Vitor Mayuana, Rosivaldo Metan, Jadir Marubo, Eduardo Kanamary, Bruno 44

Pereira – CRVJ-FUNAI, Cacica Amália A. Paredes, Jorge Oliveira Duarte – Forum de Presd. 45

Do CONDISI, Amália A. Paredes, Jeremias Xavante, Jorge Carvalho de França, Lucélia Leal 46

Cabral dos Santos, Antonio Carvalho, José Carmélio A. Nunes, Paulo Henrique de Oliveira, 47

Luiz Gustavo O. Galvão-MMA, Luciana Góes-SGPR, José D’Angelis-MMA, Vagner 48

Marinho-MD, Jean J. A. Martins-MD; -FUNAI: Carolina Comandelli-DPDS, Aluisio 49

Azanha-DPT, Lucia Alberta de Oliveira-PR, Érika Yamada-DPDS, Giovana Tempesta-50

CGID, Madeleine Machado-ASCOM, Rosali Scalabrin-ASPAR, Clarissa Tavares-ASCON, 51

Thereza Alencar-Sindisep, Frederico Vieira Campos, Nina Paiva Almeida, Carlos Travassos, 52

Ester Oliveira-CGID, Carolina Perin-CGID, Juliana Naleto-CGID, Bruno de Cerqueira, 53

Manoel Prado Junior-DPT; Secretaria-Executiva: Teresinha Gasparin Maglia, Gracioneide 54

M. Rodrigues, Samira S. De Carvalho Souza, Relatoria: Léia Bezerra do Vale e Kaio Kepler. 55

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03 de outubro

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Marcos Xukuru: - Gostaria de agradecer a presença de todos os caciques, pajés presentes na 57

Reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista. Agradecer especialmente ao nosso 58

Pajé Antonio Celestino, Xucuru Kariri lá de Alagoas que está aqui nesta caminhada tão 59

árdua, tão difícil. Inicialmente ao Ministro da Justiça, José Eduardo e também Gilberto 60

Carvalho e a nossa Presidenta da FUNAI. Então vamos dar início para a gente pedir força aos 61

nossos encantados ao ritual sagrado, pedindo força a natureza que possa nos iluminar 62

enquanto lideranças, enquanto nação que estamos aqui para fazermos uma boa defesa dos 63

nossos direitos. “Música indígena”. Salve a todos nós. 64

Maria Augusta B. Assirati: - Boa tarde a todas e todos. Boa tarde a todas e todos os 65

representantes da bancada indígena, a todas e todos os representantes da bancada de governo. 66

Aos representantes da bancada indigenista. Aos nossos companheiros de governo que estão 67

aqui compondo a mesa, ao Ministro José Eduardo Cardozo, Ministro Gilberto Carvalho. 68

Estamos abrindo oficialmente a 21ª Primeira Reunião da CNPI e já passo diretamente a 69

palavra aos Ministros tendo em vista que conforme foi definido na última reunião nossa 70

extraordinária da CNPI, que a reunião seria composta e ampliada em função da determinação 71

da Presidenta Dilma para a criação de uma mesa de diálogo, que estamos dando continuidade 72

aqui no dia de hoje, passo a coordenação aos Ministros que estão, portanto à frente da Mesa 73

de Diálogo. 74

Ministro José Eduardo Cardozo: - Bem. Saudar a todos vocês, membros da CNPI, outras 75

pessoas que acompanham esta reunião e dizer da nossa satisfação que podemos estar dando 76

continuidade à discussão que nós iniciamos no nosso ultimo encontro. Algumas questões 77

importantes eu quero frisar para vocês já na abertura deste encontro, sem prejuízo e nós 78

aprofundarmos ao longo dos debates todas as questões que vocês acham importantes. Nós 79

entendemos que é muito importante ouví-los. É muito importante trocar idéias a cerca de 80

algumas questões. Mas alguns pontos são decisão de governo e decisão de governo outras 81

informações que fiquei encarregado de transmitir para vocês desde última reunião eu quero 82

passar desde a abertura. Eu já, na última reunião informei a vocês da posição da Presidenta 83

Dilma Roussef contrária a PEC 215. E a nossa posição não é só que entendemos que é 84

inconveniente esta PEC. Não é só porque ela é inoportuna. Nós entendemos que ela é 85

inconstitucional. Já havia falado isto na Câmara dos Deputados, mas nós achamos que para 86

que não exista qualquer dúvida a cerca da posição do governo em relação a esta PEC, o 87

Ministério da Justiça está encaminhando já amanhã para o Presidente da Câmara um parecer, 88

um parecer jurídico que demonstra sob todos os aspectos a inconstitucionalidade da PEC 89

215. Nós entendemos que é inconstitucional esta PEC, eu vou ler este parecer para vocês e 90

depois se quiserem eu dou cópias, acho importante e há um ofício meu dirigido ao presidente 91

da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, transmitindo esta posição do governo 92

em relação a isto. E eu quero frisar algo muito importante. Nesta nota técnica nós estamos 93

nos valendo inclusive da decisão do Ministro Luiz Roberto Barroso. Recentemente o 94

Ministro Luiz Roberto Barroso ele foi designado relator de um mandado de segurança onde 95

se pedia que se paralisasse esta PEC. E é muito importante quando nós temos decisões 96

judiciais lermos o que os juízes dizem. O Ministro Luiz Roberto Barroso na sua decisão não 97

mandou parar, mas porque que ele não mandou parar? Ele não mandou parar porque achava 98

que esta PEC não era inconstitucional? Não. Ele disse que como Juiz ele não tinha a 99

autoridade por força da Constituição brasileira, para fazer parar a tramitação daquela PEC, 100

porque ela ainda não havia sido votada. Não foi porque ele achasse que ela era 101

inconstitucional. E disse que nós não podemos fazer um controle de constitucionalidade antes 102

da votação. E quando ele disse isto, embora não tenha afirmado, porque ele não poderia fazer 103

isto nesta fase de julgamento, ele deu indicadores, que a meu ver, demonstra uma visão dele 104

que confirma a nossa posição que esta PEC é inconstitucional. Por isto neste parecer nós 105

estamos citando a decisão do Ministro Luiz Roberto Barroso, que claramente a meu ver, na 106

minha interpretação ele diz que é plausível a tese de que exista ofensa por esta PEC à 107

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cláusula pétrea, portanto seria inconstitucional. De certa forma, eu como habituado a ler as 108

decisões judiciais, a interpretação que faço é que a visão dele coincide com a do Ministério 109

da Justiça de que esta PEC é inconstitucional e eu quero informar isto oficialmente ao 110

Presidente da Câmara dos Deputados em nome do governo e por orientação da Presidenta 111

Dilma Roussef. Eu vou ler esta nota técnica, se eu cansar vocês, porque advogado é muito 112

chato quando escreve né, mas há certas questões que a gente pode ter leitura chata, mas 113

quando envolve direito sério da gente, nós temos que ler e tentar entender. É uma nota 114

técnica do Ministério da Justiça, da Secretaria de Assuntos Legislativos que é aprovada por 115

mim, este ponto falo em nome do governo. Trata-se de proposta de emenda a Constituição 116

apresentada pelo Deputado Federal Almir de Sá, entre outros que acrescentam inciso 18, 117

artigo 49 e modificam o artigo 231 da Constituição Federal. Em síntese a proposta original 118

inclui dentro das competências exclusivas do Congresso Nacional a aprovação de 119

demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e a ratificação das 120

demarcações já homologadas e estabelece que os critérios e procedimentos da demarcação 121

serão regulamentados por lei. 2. O projeto foi encaminhado à Comissão de Constituição, 122

Justiça e Cidadania onde foi designado ao relator o Deputado Federal Luiz Couto, que se 123

manifestou pela sua inadmissibilidade, quer dizer o parecer já era pelo relator Luiz Couto 124

pela inadmissibilidade em 06 de maio de 2005. 3. Em 10 de julho de 2008 foi designado um 125

novo relator, o Deputado Federal Geraldo Pudim, que se manifestou pela admissibilidade da 126

proposta de alteração constitucional e da emenda supressiva, considerando a ratificação de 127

demarcações já homologadas como sendo atentatória a segurança jurídica na medida em que 128

ocorreria o reexame dos fatos jurídicos. 4. Na atual legislatura competia ao Deputado Osmar 129

Serraglio a relatoria da PEC 215/2000. O Deputado manifestou-se pela admissibilidade da 130

medida como emenda supressiva do antigo relator. 5. Em voto separado o Deputado Sarney 131

Filho posicionou-se pela rejeição da PEC 215/2000 sob o fundamento de configurar cláusulas 132

pétreas como aceitação de poder (incompreendido) este é o relatório, a análise. 133

(incompreendido) se comprometerá que a proposta interna sequer seja admitida para 134

deliberação do Congresso Nacional, tendo em vista incorrer nas vedações impostas no artigo 135

60, Parágrafo 4º da Constituição, que proíbe a deliberação de proposta de emenda tendente a 136

abolir a forma federativa de estado, o voto secreto, universal e periódico. 6. A separação de 137

poderes ou direitos de garantias individuais. A eventual aprovação da PEC 215/2000 138

configura violação, tanto a separação de poderes, quanto aos direitos e garantias individuais 139

dos indígenas. 7. Indica a Constituição Federal em seu artigo 231 que era competência da 140

União à demarcação de terras indígenas e conceitua estas como habitadas em caráter 141

permanente, bem como as necessárias a sua reprodução física e cultural. 8. Verifica que a 142

Constituição outorgou uma obrigação material à União de demarcar, proteger e fazer 143

respeitar todos os bens dos indígenas, estabelecendo inclusive prazo para efetivar todas as 144

demarcações. No artigo 77 do ato das disposições constitucionais transitórias. 9. A 145

demarcação é, portanto ato vinculado não sujeito à discricionariedade e desta vinculação já 146

decorre indubitável caráter administrativo do procedimento demarcatório típico do poder 147

executivo. 10. A PEC 215/2000 como pretende promover uma subversão desta obrigação 148

constitucional material e do princípio da separação de poderes, cláusula pétrea esculpida no 149

artigo segundo do texto constitucional ao atribuir ao poder legislativo uma função típica e 150

própria do poder executivo. 11. A separação de poderes decorre da necessidade de muito 151

controle em um sistema de freios e contrapesos, quando a necessidade de especialização 152

funcional nas atividades estatais. 12. O constitucionalista Português José Gomes Canotilho 153

indica que no âmbito do poder executivo tal diferença é dada de reserva de administração. 154

13. empreenderia um (incompreendido) contra as ingerências do parlamento. 14. O Supremo 155

Tribunal Federal firmou entendimento sobre a natureza administrativa do processo de 156

demarcação de terras indígenas, ressaltando da competência privativa do Presidente da 157

República. 15. Decidiu a corte suprema que, abre aspas, cabe à União demarcar as terras 158

tradicionalmente ocupadas pelos índios, donde competirá ao Presidente da República 159

homologar tal demarcação administrativa. 16. Mais recentemente por ocasião do julgamento 160

do caso Raposa Serra do Sol consolidou-se interpretação constitucional sobre a natureza 161

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jurídica do processo de demarcação de terras indígenas. Transcrevem-se trechos da emenda 162

do acórdão com este exato sentido. E aqui vem a decisão do supremo também na Raposa 163

Serra do Sol. 17. De fato é conseqüência natural do princípio da separação de poderes a 164

distinção de funções administrativas e legislativas, ora as competências da União para 165

legislar sobre os indígenas não se confunde de forma alguma com a competência material 166

para demarcar as terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas atos de efeitos concretos 167

com exercício de função legislativa nem mesmo corresponderia a uma função atípica do 168

poder legislativo. 18. A PEC 215/2000 também afronta os direitos e garantias individuais dos 169

povos indígenas, aos seus territórios tradicionais. Elemento essencial para sua preservação 170

física e cultural. 20. A inconstitucionalidade da proposta por violação do inciso quarto do 171

parágrafo quarto do artigo 60 da Constituição foi apontada pelo Ministro Luis Roberto 172

Barroso na decisão da liminar do mandado de segurança 32262 que objetivava excluir da 173

deliberação da Câmara dos Deputados a PEC 215/2000 e todas as propostas apensas. 174

Transcreve-se. Aí vem a fala do Ministro Barroso: “O artigo 60, parágrafo 4º, inciso 4º da 175

Constituição proíbe a deliberação de propostas e emendas e tem polido os direitos 176

individuais. A despeito que sua literalidade poderia sugerir, a expressão destacada vem sendo 177

objeto de uma leitura mais generosa pela doutrina. E considera protegidos os direitos 178

materialmente fundamentais em geral aí incluídos não só os tradicionalmente classificados 179

pelo individuais, liberais e de expressão, mas também os políticos, os sociais e os coletivos. 180

Isto porque com meios de proteção e promoção da dignidade da pessoa humana, os direitos 181

materiais fundamentais definem um patamar mínimo de justiça, cujo esvaziamento privaria a 182

pessoa das condições básicas para o desenvolvimento da sua personalidade. Por extensão a 183

própria ordem constitucional perderia sua identidade. No caso dos autos, que é justamente 184

este caso da PEC, o que estaria em risco, segundo os autores é o direito originário dos índios 185

como as terras que tradicionalmente ocupam. Como recentemente observado por este tribunal 186

não se trata aqui de um direito de propriedade, no sentido que os termos assumem o de 187

privado, mas de figura peculiar, de índole estatura constitucional, voltada a garantir aos 188

índios os meios materiais que precisam para a proteção e reprodução da sua cultura. Não é 189

outra a orientação acolhida pelos tratados internacionais pertinentes pelo comitê de Direitos 190

Humanos da ONU e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como a cultura integra 191

a personalidade humana em suas múltiplas manifestações, compõe o patrimônio nacional dos 192

brasileiros e parece plenamente justificada a inclusão do direito dos índios às terras, entre os 193

direitos fundamentais tutelados no artigo 60, parágrafo 4º, inciso 4º, da Constituição. A 194

circunstância de um grupo ser minoritário não enfraquece, mas antes reforça a pretensão da 195

fundamentalidade de seus direitos. Como já observado por este tribunal a proteção das 196

minorias e dos grupos vulneráveis qualificam-se como fundamento imprescindível à plena 197

legitimação do material democrático de direito. Ademais o modelo constitucional contenta-se 198

pluralismo como uma marca da sociedade livre e democráticas (incompreendido) que nos faz 199

diferentes e pode ser freqüentemente e é tão importante quanto à tutela do que temos em 200

comum. Nas palavras de Boa Ventura Santos: “Temos direito a ser iguais quando a diferença 201

nos inferioriza. Temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos caracteriza”. E assim 202

eu não vou continuar lendo para não cansar mais vocês. Esta é a decisão, mas tudo aquilo que 203

tem pedido a respeito faz com que o governo tome esta postura, uma postura induvidosa e 204

agora que passa a ser formalizada na presença de vocês para encaminhamento à Câmara dos 205

Deputados. É claro que a Câmara dos Deputados é autônoma para decidir, o governo até por 206

respeito à separação de poderes não dá ordens à Câmara, mas eu espero sinceramente que os 207

senhores Deputados e senhores Senadores considerem esta posição jurídica que é tomada 208

pelo governo, na decisão do Supremo Tribunal Federal. Então, portanto para que não reste 209

nenhuma dúvida a este respeito quanto à posição do governo nós estamos encaminhando à 210

Câmara dos Deputados esta nota técnica. Este parecer. Fundado em decisão do Supremo 211

Tribunal Federal pela qual esta PEC 215 tem que ser arquivada. Esta é a primeira informação 212

que quero passar para vocês. Segunda... Passa para o Valter e já manda para a Câmara. 213

Segunda informação. Eu tinha ficado com a missão, na última reunião, de fazer gestões em 214

relação ao poder judiciário, porque o diagnóstico que eu fiz e acho que vocês concordam com 215

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isto é que muitas das questões que dizem respeito a demarcações de terras indígenas elas não 216

podem prosseguir nem serem resolvidas, porque estão judicializadas. Há casos de liminares 217

que sustam processos, há casos em que a própria situação jurídica demanda cautela pelos 218

conflitos que estão dados e pela judicialização que está posta. Há casos como, por exemplo, 219

da Fazenda Buriti que embora o tribunal tenha dito que não é área indígena, há possibilidade 220

do Tribunal voltar do Tribunal Superior rever esta decisão e aí isto atrapalha imensamente a 221

possibilidades que nós temos de fazer acordos como aquele que estamos fazendo no Mato 222

Grosso do Sul. E muitas destas decisões judiciais elas estão paradas na espera uma decisão da 223

Raposa Serra do Sol, porque a Raposa Serra do Sol tomou uma decisão, mas tem vários 224

recursos, portanto não tem uma decisão final e algumas questões têm que ser esclarecidas 225

seja de acordo com aquilo que nós queremos ou, seja daquilo que nós não queremos, tem que 226

haver uma decisão. Às vezes é possível um fim horroroso do que um horror sem fim, mas é 227

preciso que tenha uma decisão. Eu espero que a decisão seja mais justa possível. Eu fiz 228

gestões junto ao Supremo Tribunal Federal e tive a informação esta semana do relator, que é 229

o Luiz Roberto Barroso, e é quem deu este voto que estou citando. De que ele liberará o voto 230

da Raposa Serra do Sol semana que vem. Portanto a partir da semana que vem o Presidente 231

Joaquim Barbosa poderá pautar o julgamento da Raposa Serra do Sol, isto poderá ser não a 232

semana que vem porque ele vai liberar a semana que vem, mas já a partir da próxima semana 233

o Ministro Joaquim Barbosa poderá pautar. Eu não vou lhes dizer quando que ele vai pautar, 234

porque eu não sei né? Das condicionantes, o que está pendente de julgamento. Há uma 235

possibilidade já que a partir da outra semana poder entrar em pauta, e aí evidentemente 236

caberá a decisão ao presidente do supremo quando será pautado, mas quando o Ministro 237

Joaquim Barbosa já me disse que assim que o voto do relator fosse liberado ele se disporia a 238

pautar com rapidez eu acredito que agora é questão de dias. E esta situação imediata pode 239

resolver uma das reivindicações de vocês que é exatamente aquela questão da portaria da 240

AGU que estava suspensa, não está tendo efeito até este julgamento. Então tudo irá se 241

resolver agora nestes próximos dias. Eu assim que o Ministro Joaquim Barbosa retornar, ele 242

retorna de férias agora, eu vou também fazer gestões a ele para que o dia da liberação do voto 243

do Ministro Barroso coloque em pauta o mais rapidamente possível. Outro aspecto. Há 244

outros projetos de lei que vocês têm feito duras críticas e a meu ver críticas acertadas. Há 245

projetos de lei que regulamenta o artigo 231, parágrafo 4º, que evidentemente se forem 246

aprovados, agora eu estou dando a minha opinião, eles tornam muito difícil às demarcações 247

de terras indígenas. Eu não quero dizer com isto que nós não podemos regulamentar o 231 248

parágrafo 4º, mas nós não podemos regulamentar daquela forma. E mais qualquer 249

regulamentação tem que ser feita discutida com vocês também. (incompreendido) então eu 250

queria manifestar a nossa posição contrária a projetos de lei que estão hoje tramitando e que 251

estão regulamentando a 231 parágrafo 4º, desta forma, e gostaria de estabelecer uma 252

interlocução com vocês, como a Constituição prevê que este artigo seria regulamentado e ele 253

tem que ser regulamentado, eu gostaria muito de ouvi-los para que nós pudéssemos verificar 254

o que vocês pensam desta regulamentação. Como vocês acham que isto deve ser 255

regulamentado? Então eu queria já propor até dando seqüência ao que a Presidenta Dilma 256

Roussef falou na reunião com vocês que nada seria feito sem que vocês fossem ouvidos, que 257

o Ministério da Justiça junto com a Secretaria Geral da Presidência ouvissem vocês em 258

relação ao que vocês pensam sobre as formas de regulamentação 231, parágrafo 4º. Evidente 259

se lá está previsto uma lei, um dia terá que surgir esta lei e é preferível que nós já pensemos 260

em como será melhor esta lei do ponto de vista de todos ouvindo o que as lideranças 261

indígenas têm para fazer, do que simplesmente aguardemos situações onde um dia esta lei 262

venha e não atenda às expectativas e as pactuações de todos. Outro aspecto importante. Na 263

última reunião eu falei para vocês que nós estamos querendo aperfeiçoar o processo de 264

demarcação de terras indígenas. E queremos fazer isto, primeiro sem tirar nenhum 265

protagonismo da FUNAI. A FUNAI é o órgão que tem por objetivo cuidar das políticas dos 266

povos indígenas. E dar proteção aos direitos que são consagrados na Constituição a estes 267

povos. E a FUNAI tem este protagonismo. O próprio decreto que disciplina esta matéria não 268

será mexido. A idéia é a partir do decreto, melhorar a tramitação para dar mais transparência 269

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e para impedir que mais processos continuem sendo propostos na justiça com ganho de 270

causa. Tem sido muito freqüente situações desta forma invalidando o processo, nós queremos 271

melhorar isto e queremos introduzir algo que eu tenho defendido muito, com vigor, porque 272

acredito nisto, que nós possamos sem prejuízo de nenhum direito, sem recuar em nenhum 273

direito, fazer a minimização dos conflitos. A conciliação para que o direito seja assegurado. 274

O prolongamento do conflito é ruim para todos. mais possível. E é ruim para o governo 275

porque o governo às vezes é cobrado É ruim para o indígena que fica com questões anos 276

pendentes, sem solução. É ruim para eventuais produtores, especialmente para o pequeno 277

produtor, produtor pobre que às vezes tem situações de conflito e nós precisamos resolver 278

esta situação sem abrir mão de direito nenhum, mas tentando conciliar o mais possível. É 279

ruim para o governo, porque o governo é cobrado justamente às vezes da coisa não se 280

resolver e nós temos um conflito e temos que resolver o conflito para tentar atender 281

(incompreendido) e esta portaria vai visar fazer isto. Agora, nós estamos em fase final, já esta 282

semana já conseguimos fechar alguma coisa, mas eu quero ouvir de vocês. Eu quero saber 283

qual seria o melhor canal para a gente apresentar esta portaria, para poder ouvir vocês, as 284

sugestões, as críticas para que a gente possa formar uma convicção definitiva. A Presidenta 285

deixou claro, que nenhum ato seria baixado sem que nós não tivéssemos a possibilidade de 286

vocês serem ouvidos e eu preciso, embora seja um ato meu eu quero ouví-los para verificar 287

onde acertamos, onde erramos, o que eu concordo com vocês, eu quero o que eu concordo e 288

o que eu discordo e eu posso ter mil defeitos, mas eu sou muito sincero nas coisas que eu 289

falo. Eu acho que assim, estou disposto a ser convencido, não é, vamos ouvir. Eu quero ser 290

absolutamente, estabelecer uma relação de lealdade. Não quero baixar nenhum ato sem que 291

vocês sejam ouvidos. Quero que mais possível haja concordância, ta, neste ponto eu quero 292

ser transparente. Eu quero criar com vocês um canal para que a gente possa discutir 293

exatamente esta situação. Outros aspectos. Nós temos buscado a vários conflitos postos hoje 294

no Brasil, alguns muito potenciais, outros já deflagrados. Eu tenho, junto com a Presidenta 295

Maria Augusta, junto com o Gilberto, procurado ao máximo me empenhar para a gente tentar 296

conciliar, eu prefiro sem abrir mão de direito nenhum conciliar do que arrastar décadas as 297

situações, seja porque eu posso ter mortes, eu posso ter conflitos, que a justiça intervém, seja 298

por uma série de situações. Eu sei que tem gente que não pensa como eu penso. Eu sei que 299

tem gente que prefere uma boa briga com bom entendimento. Eu acho que é necessário um 300

bom entendimento, especialmente quando tem gente explorada dos dois lados. Especialmente 301

como existem em algumas situações. Que eu tenho que buscar encontrar alternativa para a 302

pessoa viver. Seja do lado indígena, seja do outro. Eu tenho que encontrar uma saída. Então 303

eu prefiro ir ao limite da busca da conciliação. E estou tentando fazer isto. Posso estar 304

errado? Posso. Mas eu acredito nisto. Acredito do fundo do meu coração que eu falo para 305

vocês. Então o que nós estamos fazendo? Mato Grosso do Sul. Ta andando a nossa mesa, eu 306

falo com lealdade, tem dificuldades? Tem. Eu não escondo. Eu prefiro não esconder, e vocês 307

brigarem comigo. Quais são as dificuldades que nós temos? Podem falar com toda a clareza. 308

Nós fechamos um entendimento. As lideranças indígenas, os produtores, o governo, governo 309

federal. O tribunal disse que a terra não é indígena, anulando a portaria do Ministério da 310

Justiça, nós queremos fazer um acordo, eles toparam, o acordo é que se reconheça a 311

tradicionalidade da terra da Fazenda Buriti. Por enquanto nós estamos discutindo a Fazenda 312

Buriti. Reconheça, vai ficar consagrada com os proprietários reconhecendo a 313

tradicionalidade, só que para isto terá que ser pagar uma indenização pelos títulos que eles 314

receberam do estado ainda de Mato Grosso, quando era Mato Grosso, não era Mato grosso 315

do Sul. A primeira idéia que nós estamos tendo e nós continuamos tentando fazer isto era 316

adquirir do estado do Mato Grosso do Sul terras para fazer assentamentos de reforma agrária, 317

com isto a gente atendia também a demanda da reforma agrária. O governo do estado 318

receberia os TDAs, os títulos da dívida agrária, converteria em dinheiro e pagaria estes 319

fazendeiros. Para isto nós tínhamos que fazer uma avaliação da terra, porque não é o que o 320

proprietário quer que a gente vai pagar. É um valor justo. Nossos órgãos já estão em campo, 321

quem é de Mato Grosso do Sul sabe disto. A Fazenda Buriti já está sendo avaliada. O pessoal 322

técnico disse que precisa de noventa dias, esta é a informação que tive, já correu uns dias já. 323

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Então só no final desta avaliação, da análise toda é que nós vamos ter este valor. 324

Paralelamente a isto nós estamos estudando um problema, por quê? Também não vou 325

esconder nada para vocês. Nós não localizamos terra no Mato Grosso do Sul para adquirir. 326

Tanto o governo do estado diz que não tem como o nosso pessoal do patrimônio da União 327

não localizou. Nós temos umas duas alternativas que nós estamos checando ainda, o Gilberto 328

sabe disto para ver se tem saída. Se não tiver, se não tiver, nós vamos buscar outra e é por 329

isto que eu ia até amanhã, mas não vou amanhã, quem vai é o nosso Ministro Luis Inácio 330

Adams, ele vai amanhã para São Paulo conversar, eu ia junto com ele, e não posso porque eu 331

tenho que ir hoje ainda à noite a Buenos Aires. Porque vai ter uma reunião de Ministros da 332

UNASUL. Os ministros de justiça de todos os países. Vai o Ministro Luis Inácio Adams eu 333

vou ligar agora quando eu sair daqui para o Presidente do TRF que eu conheço há muitos 334

anos, Nilton de Luca para dizer o seguinte, nós queremos encontrar uma saída de acordo para 335

fazer este repasse deste pagamento deste processo. Como alternativa a possibilidade de nós 336

não conseguirmos ter as terras para pagar com TDA. Nós começamos nestes 90 dias tanto faz 337

a avaliação, nós começamos a buscar alternativas e nós vamos encontrar uma alternativa. 338

Nós vamos encontrar. Eu tenho só que ver legalmente o que eu posso fazer. Então a coisa em 339

Mato Grosso do Sul tem dificuldade? Tem. Mas nós estamos empenhados em resolver, há 340

um compromisso nosso em fazer isto. Outra questão, Rio Grande do Sul. Eu tenho, nós 341

temos, e não só eu, dialogado muito com o Estado do Rio Grande do Sul. O Gilberto esteve 342

lá quando foi há 10 dias, isto? 20 dias atrás. Esteve lá e nós estamos tentando encontrar no 343

estado do Rio Grande do Sul a mesma saída de Mato Grosso. Nos casos em que houver 344

acordo, para indenizar os produtores, e lá são pequenos produtores, tristes alguns casos, para 345

indenizar estes pequenos produtores, para que possamos entregar estas terras. Temos já 346

algumas terras sendo examinadas, que foram sugeridas, lá tem algumas, estamos vendo se vai 347

dá certo. Estamos caminhando. Bahia. Do conflito que está posto na Bahia, eu estive 348

conversando bastante com o Governador Jaques Vagner, recebi e tivemos com lideranças 349

indígenas e tive com lideranças dos produtores, a reunião com os produtores foi antes de 350

ontem. Eu já perdi a noção do tempo, tanta coisa, antes de ontem e eu que estou propondo o 351

seguinte, está certo? Eles fizeram, vão entregar uma representação, dizendo que há 352

problemas, etc, que ele que vai examinar tudo, mas propus uma mesa de negociação como 353

estamos fazendo em Mato Grosso do Sul e como estamos fazendo no Rio Grande do Sul. 354

Neste momento havia uma ocupação na BR 101, surgiu para mim à demanda se eu receberia 355

os indígenas, eu disse que sim, recebo. E vou fazer esta mesma proposta. Eu quero sentar 356

como estado, como homem público, para ver se a gente busca alternativas de entendimento, 357

ta. Finalmente, antes de passar a palavra para o Gilberto. Esta questão da busca do 358

entendimento do não conflito é uma orientação muito forte que eu pessoalmente estou dando 359

em tudo que está posto nesta questão das terras indígenas. Eu acredito na busca da 360

conciliação jurídica. E eu sei que tem muita gente, e repito que não acredita, mas eu acredito 361

nisto. Nós estamos estudando, tem um conjunto de situações que estão para ser decidida no 362

governo, seja de decreto, seja de portaria, seja de outros atos, nós estamos estudando sob esta 363

ótica. Eu tenho e afirmo o compromisso que nós estamos nos esforçando para nos próximos 364

dias soltarmos alguns atos, mas vocês serão procurados, se houver um tipo de conflito para a 365

gente dialogar. Não estou falando em negociar, eu acho que vocês, outro dia um parente de 366

vocês me fez uma correção didática que eu aprendi. A gente aprende muito na vida embora 367

esteja velho. Não tão velho assim, mas a gente aprende. Quando eu usei a palavra 368

negociação. E um parente de vocês disse: ninguém negocia direito. Tem razão. A gente 369

dialoga sobre direito para ajustar os limites de direito, então eu não estou mais usando a 370

palavra negociação porque acho que vocês fizeram uma observação muito correta. E eu 371

aprendi com ela. Mas eu insisto no diálogo. Então todos estes atos, por orientação minha, até 372

que me provem que eu estou errado nisto eu vou buscar dialogar ao máximo. Eu quero 373

garantir o direito dos povos indígenas rapidamente, sem demandas judiciais, também é sonho 374

dizer que não vai ter nenhuma, meio ingênuo está certo? Porque tem interesses não legítimos 375

muitas vezes não querem a demarcação. Aí mas quando eu tenho situações que a pessoa tem 376

aparência de direito, expectativas legítimas eu tenho que tentar dar o máximo, se é grileiro, 377

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eu não tenho que conciliar com quem faz ato de banditismo. A lei é para todos. Ninguém 378

pode descumprir a lei. Eu não vou dialogar com quem não estava de boa fé, com quem é 379

grileiro, mas com quem tem uma legítima situação de aparência de direito eu vou dialogar 380

sim. Mas vocês serão procurados, como governos estaduais serão procurados, como o 381

governo estadual será procurado, como foi o caso do Ceará, recentemente a Guta dialogou 382

com o governador do Ceará e baixou o ato do Relatório Circunstanciado que estava previsto. 383

Eu vou tentar fazer isto, se vocês me provarem que estou errado, me provem. Eu vou ao meu 384

limite para garantir com rapidez um direito que a Constituição deu para vocês. A posição do 385

governo federal é clara. O direito dos povos indígenas está na Constituição. É nosso dever 386

garanti-lo. Não há discussão sobre isto. É nosso dever. Eu jurei obedecer a Constituição, fiz 387

isto quando era Deputado e fiz isto quando Ministro. Então, portanto eu não vou violar meu 388

juramento. Mas vou procurar ao máximo garantir o direito de vocês tentando fazer a 389

conciliação que não faz com que vocês percam seus direitos, mas que permita com rapidez 390

demarcar terras e criar situações favoráveis àquilo que é o cumprimento da Constituição. 391

Última observação. Eu acho que nós temos que intensificar além da questão da demarcação 392

de terras outras discussões no plano da saúde, no plano da educação. Eu tenho muito, a 393

questão da demarcação é fundamental e nós estamos cuidando dela, aliás, ultimamente eu só 394

faço isto, mentira que eu só faço isto, a maior parte da minha vida eu estou fazendo isto. Mas 395

nós temos que discutir saúde, nós temos que discutir educação tem disposição da presidência 396

a isto. A Presidenta toda vez ela me cobra uma situação deste tipo. Então, por favor, além da 397

questão da demarcação que é importante, vamos discutir outras questões que são direitos 398

fundamentais da Constituição e que o indígena tem direito a receber. Vamos abrir canais 399

também para discutir isto e vocês terão, continuarão tendo empenho do Ministério da Justiça 400

para isto, tá? Gilberto. 401

Gilberto Carvalho: - Queridas amigas, queridos amigos, eu só quero muito rapidamente, 402

porque a gente quer ouvir muito vocês e hoje nós vamos ficar mais tempo aqui, não tem 403

outro compromisso, salvo a tua viajem. Eu queria completar, primeiro dando uma 404

informação também, que nós estamos já em estado agora mais adiantado de preparação de 405

fazer a desintrusão lá na terra do Awá -Guajá. É uma operação que requer muito cuidado. É 406

uma operação que requer um preparatório muito grande. Estamos fazendo um levantamento 407

das pessoas que estão efetivamente morando lá, nós temos lá uma situação de gente muito 408

pobre que foi iludida e que entrou lá e temos uma situação criminosa dos madeireiros que 409

continuam tirando a terra, a madeira. E já houve uma série de operações especiais das forças 410

armadas para conter este roubo de madeira. Então eu não vou dar uma data para vocês, 411

porque inclusive não é conveniente que a gente fale muito disto neste momento, para não 412

suscitar outros problemas, mas eu quero que vocês tenham esta informação que nós estamos 413

diretamente no terreno já trabalhando, fazendo os levantamentos e preparando de tal sorte 414

que assim como nós fizemos em “Maraiwatsédé”, seja dado para os intrusores, para as 415

famílias que estão lá e que entraram iludidos, nós temos que dar um suporte para esta gente 416

não ser jogada na beira da estrada e ficar ao Deus dará. Nós temos que cuidar deles. Então 417

nós estamos fazendo agora este cuidado discutindo com o INCRA, onde assentar estes 418

pequenos trabalhadores, estas pequenas famílias pobres, porque aqueles que estão lá para 419

roubar madeira nós não temos nada haver com eles, eles tem é que ser punidos. Então esta é 420

uma informação e em breve esperamos que isto possa ser realizado. Quero dizer para vocês 421

que “Maraiwatsédé”continua merecendo muita atenção. Não sei se vocês souberam, houve 422

fogo criminoso lá agora no tempo da seca. São milhares de queimadas e que foi comprovado 423

um incêndio criminoso, o que mostra que a nossa vigilância, nosso cuidado tem que ser 424

permanente nestas áreas e eu queria ressalvar contra a alguma informações de que 425

“Maraiwatsédé” foram dadas todas as oportunidades para aqueles que eram pessoas que 426

poderiam ser, receber terra no nível da reforma agrária, foram dadas todas as oportunidades. 427

Quem não recebeu terra é que foi iludido pelos grandes e não quis se inscrever no cadastro 428

que nós fizemos lá. Hoje ficam acusações dizendo que nós não respeitamos direitos humanos 429

daquelas pessoas, não é verdade, nós respeitamos, porque não queremos fazer valer o direito 430

de uns contra os direitos de outros. Contra a necessidade de socorrer as pessoas. Tivemos 431

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este cuidado quem quis teve terra para ser, claro com toda a dificuldade que é de você mudar 432

de um lugar para outro não é natural, mas sinto muito, aquela terra é indígena e não tem 433

conversa. Mas eu queria deixar bem claro essa nossa posição e concitar o movimento a 434

acompanharmos o caso de “Maraiwatsédé” para de vez em quando nós estamos tendo que 435

fazer novas investidas no local, porque de novo há tentativas de entrar freqüentes, de voltar, 436

de entrar, nós não vamos permitir. Está certo? E o apoio do movimento é importante nesta 437

articulação, é importante neste sentido e repovoarmos o quanto antes os companheiros 438

Xavantes na região. Então esta é outra informação que eu queria passar para vocês. Eu acho 439

que daquilo que o José Eduardo falou, eu só quero destacar este aspecto. Eu queria que não, 440

ainda que as coisas andem muito mais lentamente do que nós gostaríamos, eu queria que não 441

restasse dúvida na cabeça de nenhum de vocês de que este governo da Presidenta Dilma não 442

tem dúvida quanto aos direitos indígenas e não quer de maneira alguma ir do lado daqueles 443

que querem combater os direitos indígenas. Nós estamos seguindo, trabalhando com 444

dificuldade é verdade, com uma lentidão que a nós mesmos irrita muitas vezes, dadas as 445

dificuldades que o Zé acabou de colocar aqui a questão do Mato Grosso do Sul, do Rio 446

Grande do Sul, são situações muito difíceis, porque tem sofrimento de um lado e do outro, 447

você tem que achar um caminho, nós estamos buscando este caminho exatamente para 448

chegar logo em um destino e não ficarmos aí pendentes na justiça por mais dezenas e dezenas 449

de anos. Então eu acho que esta intenção, esta decisão mais do que intenção é muito clara. O 450

governo da Presidenta Dilma não é um governo contrário aos direitos, pelo contrário, nós 451

queremos é no horizonte do final do ano que vem ver resolvidas as principais questões, que 452

acabei de citar agora o de Aguajá, onde também há muita reação. Quero que vocês também 453

entendam isto. Quando eu fui à Comissão da Agricultura na Câmara que eu fiquei cinco 454

horas e meia lá ouvindo os ruralistas, uma das coisas que eles mais me atacaram era por caso 455

de Awa-Guajá e “Maraiwatsédé” e nós dissemos, não tem volta, não tem volta, nós faremos 456

cumprir a justiça. Isto é inegociável. Eu queria fazer um apelo finalmente que é a questão de 457

reabrirmos a possibilidade da discussão da 169. Eu acho que da nossa parte há toda a 458

disposição de retomar com vocês o diálogo, nós não queremos seguir, não queremos fazer 459

obra sem cumprir rigorosamente a questão da 169. Nós não queremos também regulamentar 460

a 169 de cima para baixo. A nossa insistência de conversar com vocês e sentar a mesa e 461

seguir no trabalho da 169 é exatamente porque nós queremos que vocês participem da 462

regulamentação da 169. Então eu deixo este apelo aqui, e a nossa missão de continuar, de 463

retomar a conversa com o povo indígena sobre a 169 que o Brasil precisa. Eu estive no Peru 464

estes dias discutindo com o pessoal de lá na questão da regulamentação da 169, eles estão 465

avançando lá, nós precisamos avançar, consolidar, porque o governo quer cumprir 466

rigorosamente os passos que a OIT determina na 169. O respeito à lei, mas também, 467

sobretudo o respeito ao direito dos povos indígenas opinarem, serem consultados e 468

participarem. Então da minha parte era isto só. Queria agradecer e estou aqui disposto, 469

estamos dispostos a ouví-los. 470

Maria Augusta B. Assirati: - Bom, acho que se o Marquinhos concordar então abrir a 471

palavra para a plenária, para as bancadas para que se inscrevam para falar. 472

Maria Augusta B. Assirati: - Só consulto a bancada se podemos passar a palavra ao 473

Cacique Raoni que pediu a palavra, porque tem que se retirar. Aprovado. 474

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 475

Patxon: - Boa tarde a todos que estão aqui. A presidente da FUNAI, Guta, Ministro, Ministro 476

Gilberto Carvalho eu estou contente de estar aqui com vocês. E quero mais uma vez fazer 477

uma fala para vocês me escutarem. 478

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 479

Patxon: - Bom, eu já estive aqui em Brasília de outra vez e estivemos conversando com o 480

Ministro da Justiça, o Gilberto Carvalho e também tivemos um momento com a Presidente 481

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Dilma. Lá eu estive me posicionando contra estes projetos, né, e foi quando eu na conversa 482

que tivemos e o Ministro falou também para a gente não só conversar com eles, mas também 483

com o Congresso, né, porque está nas mãos e é por isto que nós estamos aqui agora, em 484

Brasília, nos mobilizando e até o momento parece que estamos tendo sucesso. 485

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 486

Patxon: - Nós, eu cacique, vocês também caciques, grande olho, nós temos que trabalhar 487

para (incompreendido) viver dos nossos povos. É o que eu falo aquilo que ele fala para vocês 488

lá, da gente não ter conflito, não ter problema branco e o índio, vocês tem que trabalhar para 489

isto e outra vez eu estive falando para a gente conversar mais, nós temos que conversar mais. 490

Vocês têm que receber nós aqui para a gente conversar mais. Porque a gente tem que estar 491

junto para resolver estes problemas, porque o pessoal está se machucando, o pessoal em cada 492

região o pessoal está se machucando. A gente tem que resolver isto, tem que evitar isto. 493

Vocês precisam de mim e de outras lideranças para a gente sentar e resolver da melhor forma 494

para não ter problema. 495

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 496

Patxon: - Então, quando tiver alguma situação que esteja confrontando com nós, nós temos 497

que sentar Ministro, é o que eu vou falar mais uma vez para vocês, nós temos que sentar e 498

vocês têm que receber nós para gente resolver. A gente tem que pensar numa solução para 499

este problema, esta situação. A gente colocou para vocês, a gente tem que dialogar, porque a 500

gente tem que evitar que os parentes, o branco se machuquem, a gente tem que evitar isto. 501

Isto é uma responsabilidade nossa então a gente tem que sentar conversar e resolver, vocês 502

tem que ter um posicionamento para a gente não ter problema. 503

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 504

Patxon: - Então, anteriormente ele tinha dito também que assim, eu sou contra a violência, 505

eu sou contra branco matar índio, isto eu não aceito. Ele apontou aí para os seguranças 506

falando assim, vocês ficam impedindo de caciques ir lá conversar com vocês. Vocês não 507

podem ficar impedindo. Porque a gente tem que ir lá, sentar com vocês, a porta tem que estar 508

aberta, temos que entrar e sentar com vocês e conversar com vocês. Isto é muito importante 509

para a gente. 510

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 511

Patxon: - Ele disse também: esta não violência que ele falou, ele falou que é assim que ele 512

pensa para todos nós indígena. Eu acho que todos nós temos que viver dentro de nossa terra 513

tranqüilo. Voltando a palavra aos guardas, ele falou para eles não ficar impedindo de nós 514

entrar porque (incompreendido). Então muitas vezes é barrado e isto não é muito bom não. A 515

gente tem que sentar para conversar com estes (incompreendido) também para poder resolver 516

nossas situações, nossos problemas. 517

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 518

Patxon: - Você está me escutando? Você está me entendo? Vou traduzir... Risos. Ele falou 519

assim, ele olhou para você e falou: você me impediu de entrar e falar com o Presidente. Eu 520

não sou criança para vocês fazer isto comigo. Eu sou adulto. Eu vim para conversar com a 521

Presidente e você não deixou entrar. Bom, só esclarecendo que, a Presidenta estava ocupada, 522

mas nós conseguimos entrar, a Presidenta nos recebeu e nós conversamos. Mas, enfim, ele 523

não gosta disto de que vocês fiquem impedindo. É o que ele falou para você. Eu não aceito 524

isto não. Não sou criança, você tem que respeitar, porque eu sou cacique, ela também é, e eu 525

estou indo lá para contar com ela, não quero que vocês fiquem me impedindo. 526

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 527

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Patxon: - Presidente Maria Augusta. Outra coisa também Presidente, eu vou falar aqui para 528

você diretamente, sobre a questão da FUNAI de Colider, porque lá está muito ruim lá. A 529

gente não está gostando do trabalho que está acontecendo. Te esperamos e você não foi lá, 530

conforme nos foi comunicado que vocês estaria indo lá. E você não foi. Você tem que tomar 531

providências sobre a situação de Colider. Nós estamos agora aqui acampados lá na Esplanada 532

dos Ministérios, tem aproximadamente cento e 60 guerreiros Kaiapó, e ele falou assim: eu 533

quero convidar você para a gente ir lá falar com eles. Você tem que ir lá conversar com os 534

Kaiapó. É um convite. 535

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 536

Patxon: - Bom, lá no acampamento estão... 537

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 538

Patxon: - Gilberto Carvalho. 539

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 540

Patxon: - Você também. Você também é convidado Gilberto. Nós estamos em vários 541

caciques das aldeias dos Kaiapó lá acampados. Então eles pediram para que eu viesse e que 542

além desta fala fazer o convite para que você Presidente da FUNAI, Ministro Gilberto 543

Carvalho ir lá conversar com a gente. Porque a gente quer conversar para dar força e apoio 544

para vocês. 545

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 546

Patxon: - Então, é só isto mesmo que eu tenho para falar e não sei se vocês vão me responder 547

alguma coisa, se quiser falar comigo eu vou estar aqui para a gente poder ir lá no 548

acampamento. É o que eu estou falando para vocês. 549

Cacique Raoni: - Fala Indígena. 550

Patxon: - Ele está falando para vocês assim: é muito importante esta mesa de conversa, nós 551

estamos aqui, todos nós estamos aqui para falar sobre nossos problemas e resolver. Esta mesa 552

de discussão é muito bom. É assim que eu gosto e estou apoiando, inclusive o 553

posicionamento do Ministro com relação à carta que ele vai fazer para a Câmara eu estou 554

apoiando, não sei qual o posicionamento de vocês, mas é assim que a gente tem que ir 555

fazendo e resolvendo as coisas, né, isto eu estou gostando disto. Um abraço para todos e só 556

isso. 557

Maria Augusta B. Assirati: - Bom Pierlângela é a primeira inscrita. Próximo Uilton Tuxá. 558

Pierlangela Nascimento Cunha: - Então, Pierlangela, da região Amazônica, COIAB, de 559

Roraima. Eu queria fazer primeiro assim uma questão né. Cumprimentar o senhor Ministro, 560

os dois Ministros, a Presidente da FUNAI e nosso representante o Marcos. Em relação aos 561

convidados que estão aí presentes, indígenas e não indígenas, que hoje está reunião e 562

conseqüentemente a mobilização que foi tudo organizado pela APIB com todas as regiões em 563

todo o país, justamente para que a gente pudesse caminhar, né, no sentido que nós possamos 564

o poder executivo, né, e os povos indígenas, caminharem no sentido de resolver algumas 565

questões. Eu gostaria de lembrar aos parentes que não estavam na reunião, que estão no 566

acampamento, na mobilização, que foi entregue um documento com sete pontos que seria 567

para que dentro do executivo pudesse dar encaminhamentos. Nós ouvimos aqui atentamente 568

e eu anotei aqui as palavras do Ministro, e queria relembrar que este documento ele foi bem 569

objetivo e bem esclarecedor em relação à questão das terras indígenas. E temos no 570

documento só a questão das terras, queria relembrar aqui que a gente solicitou que fossem 571

assinada as três portarias de delimitação, né, no caso da terra indígena Tapeba que foi dado o 572

ok depois, né, o pessoal do Ceará nos informou, de Mato Castelhano no Rio Grande do Sul e 573

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a do Pará. A outra eram 7 portarias declaratórias e os 17 decretos de homologação, que 574

conforme nosso levantamento, que isto fique claro, né, isto foi feito, este levantamento que 575

não há nenhum impedimento, nenhuma judicialização para isto. Então o que a gente esperava 576

é que houvesse alguma resposta em relação a isto, né senhores Ministros. Em relação a isto, 577

mas pelo que eu vi, no meu entendimento, vai se aguardar o julgamento do STF em relação 578

às dezenove condicionantes, eu acho que ficou bem claro, e eu quero que isto fique claro para 579

as organizações indígenas, os parentes que estão aqui na mobilização e que depois saindo 580

daqui nós vamos lá para conversar com os que não estão aqui. Porque isto é uma questão, é 581

um posicionamento que foi colocado. Então tem que ficar claro isto para a gente, o que a 582

gente vai conseguir e o que nós não vamos conseguir avançar neste período. A questão aqui o 583

Mário Nicácio do Conselho Indígena de Roraima que tem acompanhado diretamente esta 584

questão da votação das 19 condicionantes a que se refere à terra indígena Raposa Serra do 585

Sol. A outra questão que eu quero relembrar aqui foram os prazos, né, a proposta é que a 586

gente trabalhasse com prazos concretos em relação aos 83 estudos de identificação, os 23 587

processos de demarcação física, e aos 42 processos de pagamento de benfeitorias, né. Estes 588

prazos concretos não sei como é que vai ser encaminhado, enfim, eu não consegui observar 589

na fala do Ministro e gostaria que isto fosse colocado, né, esclarecido. A outra é a lista da 590

totalidade das terras indígenas onde não há nenhum processo administrativo instaurado, 591

Relatórios Circunstanciados, vários pedidos para demarcar, que não estão oficializados ainda. 592

Não tem nem grupo de trabalho. A FUNAI ela trabalha com o levantamento que foi feito, né, 593

mas tem as solicitações. Então a gente pediu que fosse apresentada esta lista, né, e talvez a 594

Presidenta da FUNAI possa depois falar. E a criação do decreto da CNPI através de decreto e 595

nós soubemos que já tem uma reunião na Câmara, né, onde foi tratado sobre a criação da 596

CNPI, ou seja, no Congresso também está, assim, a gente quer uma resposta em relação a 597

isto, né? E a outra questão é que a gente tratou do fortalecimento da FUNAI, né, nós 598

colocamos na reunião passada a Presidente está interina, não sei se continua, se foi efetivada, 599

mas isto a gente tem colocado que está gerando uma instabilidade grande em relação a esta 600

questão, nós esclarecemos bem. Os ruralistas eles tem as instituições que trabalham a favor 601

deles, nós temos a FUNAI, que aí dentro do governo a gente pode contar, no sentido de dizer 602

que é específico, não estou dizendo que os outros, porém a FUNAI tem este papel. Então 603

também a gente quer saber como é que vai ficar a situação? Porque Presidente interina é uma 604

coisa e isto gera uma instabilidade política, a gente está tratando da questão política neste 605

sentido, então eu quero relembrar isto para que a gente possa caminhar e aí eu faço a questão 606

seu Ministro da nossa técnica acho que já é um passo, é um passo, mas dentro do Congresso 607

a gente sabe que tem, é assim, eu não concordo muito com esta posição que os poderes são 608

separados, porque a gente estudou e sabe que não funciona bem assim, a gente já entrou na 609

política e sabe como é que é, né? Lá atrás quando eu não entendia eu achava isto, né eu 610

acreditaria a um tempo atrás, mas agora depois que eu entrei na CNPI eu estudei e sei que 611

pode ser feito algo, né? E a nossa preocupação é a instalação da comissão, que era para ser 612

instalada na semana passada, era para ser instalada novamente esta semana, né, e não foi 613

instalada, não foi instalada, então a gente sabe que esta é a nossa maior preocupação hoje, e 614

hoje a mobilização que está aí é porque nós temos tudo isto. Nós estamos aqui 21 anos da 615

Constituição Federal, a gente conversou entre a gente e a gente falou, 25 anos a luta, está 616

aqui a Chiquinha que participou da época da Constituinte, né, como outros, então novamente 617

eles estão aqui hoje, né, lá no acampamento para defender o que foi garantido. Então para 618

nós não está fácil. Se para o governo que está no poder, que tem todo, não está fácil, porque 619

sempre ouço vocês falarem que a pressão de um lado, pressão do outro, imagine para a gente 620

que a FUNAI está fraca na ponta, está fraca senhora Presidente, isto a gente quer colocar, 621

porque as coordenações estão fracas, não dá senhor Ministro atendendo, apoiando aquilo que 622

a gente demanda nas regiões, e quando o Cacique Raoni coloca isto aí não é só lá, mas em 623

várias regiões não tem atendido, porque não adianta ter uma FUNAI forte aqui e lá na ponta 624

não funcionar. Eu sempre ouvi de vocês que a FUNAI ia apoiar lá na base. Só que a FUNAI 625

não tem apoiado. Está longe. Os coordenadores regionais não têm comparecido, não tem 626

apoiado e muitas vezes têm até ficado ausente destas discussões. Então o que a gente quer 627

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colocar aqui hoje é, vocês colocaram, vamos discutir, vamos abrir o diálogo para 628

regulamentação da 231 e ficou bem claro para todo mundo aqui a questão de abrir o diálogo 629

de novo para regulamentar a 169, um canal para discutir a situação dos conflitos da questão 630

fundiária. Novamente o senhor, vou chamar de senhor, não vou chamar de Vossa Excelência, 631

vou chamar de senhor, porque novamente assim, nós estamos a um bom tempo dialogando. 632

A mesa de diálogo da CNPI é de 2007 e a gente vem dialogando. Então assim, nos preocupa 633

muito sair desta reunião, que nós marcamos para um mês, foi o prazo, nós estamos com este 634

documento. O que foi acordado é que se trabalharia em cima das propostas do documento na 635

última reunião e o que nós viemos hoje foi buscar uma resposta em relação a isto, o que 636

caminhou? O que pode ser encaminhado, né? O que pode? Porque se for e aí eu quero depois 637

a gente vai conversar bem se tudo que é relacionado à questão das terras for somente 638

discutido após a votação no STF, isto tem que ficar claro para a gente, porque me parece, 639

posso eu estar entendendo errado, não é? Depois, não, por quê? Porque as questões que eu 640

coloquei no item, que a gente colocou no documento 1 e 2 depende exclusivamente de vocês. 641

E aí isto a gente quer ver a sinalização disto, né, como é que encaminha? Por quê? Porque 642

estas outras questões, judicialização, esta questão do STF nós já debatemos até bastante na 643

reunião passada. Então eu queria só resgatar isto para a gente poder, amanhã como o senhor 644

não vai estar aqui, para a gente poder ir ponto a ponto, né? Porque como foi acordado na 645

próxima reunião para a gente ter mais praticidade, para ir ponto a ponto para poder a gente 646

encaminhar. Então era isto que eu queria contribuir. Obrigada. 647

Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Pier. Uilton. 648

Manoel Uilton dos Santos: - Senhores Ministros eu sou Cacique Uilton Tuxá, coordenador 649

da APOINME, também um dos coordenadores da APIB, gostaria de saudar a Vossa 650

Excelência, Ministro Gilberto Carvalho, Ministro Eduardo Cardozo, nossa Presidente da 651

FUNAI-interina Guta e gostaria de saudar meus irmãos, meus parentes indígenas que estão 652

aqui presentes, saudações Tuxá. Gostaria de comentar partes que eu pude registrar aqui na 653

fala do senhor Ministro da Justiça. Senhor Ministro. A informação que Vossa Excelência trás 654

para nós é importante, porque como é visível e notório os povos indígenas no Brasil estão 655

mobilizados na luta pelo respeito dos direitos constitucionais que estão sendo violados por 656

ambos os poderes que acompanham a união deste país. E fico em dúvida no sentido de 657

compreender na sua fala qual a porcentagem da sua fala que representa um entendimento, 658

uma postura pessoal, de Vossa Excelência, e qual a porcentagem da sua fala que representa 659

uma posição do governo? Por que eu digo isto? Por que eu pergunto? Porque Vossa 660

Excelência diz que o que mais tem tratado é dos problemas fundiários e tem discutido muito 661

de que tem buscado encontrar saídas, saídas para resolver o problema da demarcação das 662

terras indígenas sem causar prejuízo de direito para ambas as partes. Na minha visão existe 663

um pouco de contradição, porque como é que o Ministério da Justiça que tem uma parte do 664

poder executivo está se preocupando em demarcar as terras indígenas e por outro lado 665

paralisa todos os processos fundiários de demarcação indígena no país. É uma contradição. É 666

lamentável que Vossa Excelência cite simplesmente os conflitos fundiários, focando apenas 667

na disputa de terras com produtores que na sua fala nós chamamos de posseiros, invasores. 668

Os conflitos existem sim, mas não se resumem somente aos conflitos de nós indígenas com 669

invasores, com posseiros não. Existem também os conflitos de nós indígenas com projeto de 670

desenvolvimento do próprio Governo Federal, a exemplo das hidrelétricas e no ensejo da 671

palavra, eu gostaria enquanto Tuxá, um dos cacique do meu povo, lembrar que o povo Tuxá 672

é o testemunho vivo do que significa o impacto de uma hidrelétrica, porque o meu povo 673

perdeu a sua autonomia econômica, foi um impacto social por conta da usina hidrelétrica 674

Luis Gonzaga, popularmente conhecida como Barragem de Itaparica, isto aconteceu há 25 675

anos atrás, e quem promoveu esta desgraça para o nosso povo foi o próprio governo, porque 676

a usina Luis Gonzaga é um projeto do governo, um projeto de desenvolvimento do governo 677

deste país e há 25 anos nós esperamos providencias, há 25 anos estamos sem terra e eu 678

pergunto, como é que o governo quer construir mais hidrelétricas e impactar mais terras 679

indígenas se não é capaz de resolver os problemas que persistem? É lamentável que a FUNAI 680

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em gestões anteriores, vale frisar Presidente Guta, atuou de forma irresponsável ao assumir a 681

responsabilidade de (incompreendido) a aquisição de uma terra para devolver a nós Tuxá. Foi 682

assinado um Decreto Presidencial, o Presidente Lula em dezembro de 2009. Em dezembro de 683

2009 o Presidente Lula assinou um decreto de desapropriação e houve um acordo entre a 684

FUNAI na gestão da época que a companhia hidrelétrica São Francisco, que é a empresa que 685

construiu a hidrelétrica, que até hoje tem faturado dinheiro com a energia que é gerada com a 686

hidrelétrica de Itaparica simplesmente a CHESF transferiu a responsabilidade que é dela para 687

a FUNAI, este processo que ocorreu de forma errada, de forma equivocada e o decreto 688

caducou, simplesmente caducou, porque a FUNAI não tem a prática de desapropriar terras. A 689

FUNAI te prática sim em demarcar territórios tradicionais. E nesta confusão feita 690

(incompreendido) que entendesse o processo o tempo se passou e o decreto simplesmente 691

caducou e nós mais uma vez voltamos para a estaca zero. Retomamos o diálogo e uma 692

minuta de um novo decreto foi construído e lamentavelmente, senhor Ministro, a informação 693

que temos é que esta minuta encontra-se em vossa mesa esperando a minuta do novo decreto 694

de desapropriação da terra dos Tuxá e precisa ser encaminhada a casa civil e precisa pedir 695

para a Dilma assinar, e nós mais uma vez retomar o processo de aquisição de uma área para 696

devolver para os Tuxás, que tinha terra regularizada que foi tomada por um projeto de 697

desenvolvimento do Governo Federal deste país. Por isto eu quero enquanto Tuxá destacar 698

aqui o meu repúdio ao projeto de aproveitamento do rio (incompreendido) nas terras 699

indígenas. Quando o senhor falou que gostaria também de criar um espaço para dialogar 700

sobre os problemas fundiários, o espaço já existe senhores Ministros, Eduardo e Gilberto, o 701

espaço de diálogo já existe. O espaço de diálogo com os povos indígenas do Brasil é a CNPI 702

que este é o espaço de diálogo que precisa simplesmente ser valorizado, como é que se 703

valoriza? Aprovando o Decreto que cria o Conselho Nacional de Política Indigenista, 704

senhores Ministros. E não é uma tarefa impossível para o governo, quando o governo quer o 705

governo mobiliza a sua base no Congresso, na Câmara dos Deputados, no Senado e aprova as 706

matérias que é de seu interesse. E eu pergunto a Vossas Excelências, o PL que cria o 707

Conselho Nacional de Política Indigenista é importante para o Governo Federal? Se é 708

importante porque não aprová-lo no âmbito do Congresso? Precisamos sim ter um diálogo e 709

ir mais além do diálogo, precisando construir no âmbito da CNPI um grupo de trabalho que 710

trate especificamente dos processos fundiários de terras indígenas no Brasil, que possamos 711

definir metas, porque como já falou aqui a parente Pierlangela, na reunião anterior foi 712

apresentada à lista de terras e sequer Vossas Excelências entraram neste assunto, esperou-se 713

30 dias ansiosamente e lamentavelmente Vossa Excelência (incompreendido) não sei se 714

esqueceu, fugiu da pauta, mas nós estamos aqui os membros da CNPI e nós todos indígenas 715

estamos todos aqui, estamos ansiosos aqui para assistir o discurso de Vossa Excelência. 716

Viemos aqui na esperança de obter de Vossa Excelência resposta referente aos processos 717

fundiários de nossas terras. É isto que estamos buscando aqui. Esperamos que ainda neste 718

momento Vossa Excelência possa dar estas respostas para nós. Quando Vossa Excelência, 719

senhor Ministro da Justiça, frisa de forma fática que o governo é contra a PEC 215, que o 720

governo e com isto o governo demonstra que de fato nós indígenas temos direito ao território 721

tradicional, eu lamentavelmente eu vejo mais uma (incompreendido) por quê? A PEC 215, 722

como o PLP 227, o PLP 260, representam, como o 1610, e outros que tramitam no âmbito do 723

congresso, todos estes eles visam burocratizar, complicar, e até mesmo tirar o direito de 724

demarcação dos territórios indígenas de nós povos indígenas deste país, isto é o que frisa. Os 725

PLPs, por exemplo, regulamentam o Parágrafo 6º do artigo 71 que trata da questão dos 726

interesses, ou seja, o que é relevante e de interesse para o Governo Federal? São as 727

hidrelétricas? É a exploração mineradora deste governo, enfim, a gente pergunta o que é de 728

interesse? Todos estes (incompreendido) da Dilma eles de fato representam um interesse dos 729

ruralistas, não é dos povos indígenas. É dos ruralistas e aí como é que Vossas Excelências 730

podem dizer para nós que estamos aqui que o governo é contra estes pleitos se nós temos aí 731

mais uma dívida com o governo que se apoderou das condicionantes do Supremo Tribunal 732

Federal, que é referente à Raposa Serra do Sol. Uma terra indígena, mas o executivo que é 733

contra estas PECs simplesmente baixa uma portaria que regulamenta as condicionantes que 734

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se estende para todos os territórios indígenas do Brasil, que é a portaria 303 da AGU. Como é 735

que se explica isto? Como é que se explica? Senhores Ministros estamos aqui para falar a 736

verdade. Por isto, com todo respeito que tenho a Vossas Excelências, tenho que falar 737

primeiramente para meus irmãos indígenas que está aqui e depois para Vossas Excelências. 738

Não vamos aqui estar tentando tapar o sol com a peneira, mas a contradição é visível, é 739

notória, sabemos que cabe ao governo Federal e para isto é necessário ter mais um mandato e 740

sabemos que é necessário agradar anjos e demônios, mas o que está posto senhores Ministros 741

que o governo quer agradar os demônios do que os anjos que somos nós que não fizemos mal 742

a ninguém. Pelo contrário lutamos pelo direito de viver em liberdade, com dignidade, e isto 743

só é possível em nosso território, não queremos nada de ninguém, queremos de volta aquilo 744

que pertence a nós mesmos, que foi tirado de nossos ancestrais, é isto que esperamos que 745

Vossas Excelências que possam sensibilizar a Presidente Dilma, que eu gostaria de fazer uma 746

comparação, parece cômico, mas é verdade, é fato. Eu vejo a excelentíssima senhora 747

Presidenta da República Dilma Roussef como a imagem da Monaliza, que está la no Museu 748

do Louvre em Paris que qualquer pessoa pode ver, mas na distância, porque tem um cordão 749

de isolamento que ninguém pode encostar nela. Pode tirar foto à distância. É assim que se 750

comporta a nossa Presidente, a Presidente que nós elegemos. É uma imagem intocável. 751

Quero me recordar que tem outras questões, por exemplo, 8 anos do governo Lula, 8 anos 752

né? Muitas, diversas vezes dialogamos com o Presidente da República, um diálogo de 753

respeito, um diálogo que buscava encontrar soluções, mas de forma ativa, um governo 754

(incompreendido) suas dificuldades, nós colocamos nossas angústias, necessidade de avançar 755

no processo de luta e juntos tentar encontrar um caminho. Sentimos falta, senhores Ministros 756

daquela época, porque lamentavelmente este governo não tem diálogo, e isto é lamentável. 757

Nós povos indígenas representamos um pouco da população nacional deste país, mas somos 758

mais de meio milhão de votos de pessoas, de cidadãos que votam e que isto pesa sob uma 759

legenda. Então se a questão, além do interesse econômico é também política, quer dizer que 760

nós também votamos. Quem tem título de eleitor levanta a mão aqui, por favor? Indígenas. 761

Nós também votamos senhores Ministros. Gostaria também de enfatizar mais uma vez que, 762

senhores Ministros, não podemos usar como desculpa as áreas, as terras indígenas 763

conflituosas para justificar a inoperância do Executivo em não avançar sobre a demarcação 764

no Brasil. Porque existem diversas terras indígenas que são fáceis de ser demarcadas, que não 765

existem conflitos. Existem dezenas de terras. Então é injustificável que simplesmente a gente 766

use aqui como desculpa, ah porque na Bahia os índios estão se pegando com os posseiros, 767

então trava a terra indígena no Brasil inteiro. Ah porque no Mato Grosso os Terenas estão se 768

pegando, e os demais estados do país? Porque em todos os demais estados tem povos 769

indígenas? Tem demanda de terras indígenas, porque não se demarca aquelas terras que não 770

estão em conflito? Até encontrar um caminho viável que se respeite os valores e direitos de 771

ambas as partes. Precisamos pautar e avançar de forma séria, nas terras que não tem conflito. 772

E são várias. A senhora Presidenta da FUNAI pode sim apresentar uma lista de terras que são 773

fáceis de demarcar, pode, mas para isto acontecer é preciso que Vossa Excelência, senhor 774

Ministro da Justiça, trate com prioridade a questão fundiária deste país. Que até então nós 775

indígenas não temos percebido que a nossa luta por terra e território tem sido vista com 776

prioridade. Para finalizar eu gostaria também de responder ao senhor Ministro Gilberto 777

Carvalho. Senhor Ministro, o movimento indígena brasileiro em momento nenhum se 778

recusou tratar da regulamentação da convenção 169. Em momento nenhum nós recusamos. 779

Simplesmente pautamos com uma condição fácil de resolver. Nós dissemos, não é possível, 780

não é possível tratar da regulamentação da convenção 169 uma vez que temos a portaria 303 781

tramitando, que diz o contrário do que está escrito na convenção 169 da OIT. E a convenção, 782

a portaria 303 é iniciativa do executivo. Aí confunde a cabeça da gente. Como é que o 783

executivo quer regulamentar da convenção 169? Porque a convenção 169 assegura o respeito 784

aos territórios indígenas, assegura. E por outro lado tem a portaria que diz o contrário, que 785

diz que não, não tem que ouvir ninguém, não tem que respeitar ninguém, que o governo é 786

soberano. Que o governo tem que fazer acontecer, desde que seja de interesse da União. Aí 787

as lideranças (incompreendido) para favorecer o crescimento econômico do país. E nós 788

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indígenas onde ficamos? Então não podemos, não podemos agir nós indígenas como 789

hipócritas, porque não somos não. Somos conscientes do que queremos. Somos conscientes 790

do nosso direito e é por eles que estamos aqui lutando. Então, Vossa Excelência também fala 791

que esteve no Peru e viu como está avançando no Peru. Excelente, talvez no Peru não exista 792

uma portaria do Poder Executivo que contraria a convenção 169. (palmas). Então para 793

finalizar eu gostaria de dizer também sei que, Cacique Zeca Pataxó está aqui presente, estar 794

lembrando que no primeiro semestre deste ano Senhor Ministro Eduardo, em atenção a um 795

ofício, eu creio que da 6ª câmara do Ministério Público Federal, o senhor respondeu listando 796

algumas terras indígenas que seriam declaradas, demarcadas, e eu lembro que na Bahia, 797

lembro perfeitamente que na Bahia, porque sou baiano que a terra indígena Pataxó, Barra 798

Velha e terra indígena Tumbalalá, Coroa Vermelha perto da minha cidade, que existia 799

também Tapeba e tinham outras mais, eu não me recordo, mas era uma lista nem tão ampla, 800

mas significativa para nós povos indígenas, porque se de fato tivesse existido a execução 801

daquela lista, ela simbolizaria um avanço de nossa luta. E lamentavelmente não aconteceu 802

quase nada, eu acho que daquela lista simplesmente Tapeba foi declarada. Inclusive neste 803

momento vale ressaltar que os irmãos Pataxós estão mobilizados na BR 101. Dois mil índios 804

estão lá parados, teve consulta agora como a polícia de choque, cerca de 200 policiais foram 805

lá confrontar os índios, mas assim, é lamentável que situações como esta tenham que 806

acontecer, que nós povos indígenas tenhamos que nos submeter à agressão policial 807

simplesmente porque o Governo Federal, porque o Poder Executivo não é capaz de resolver 808

ou de executar a sua obrigação que é demarcar as terras indígenas dos povos indígenas neste 809

Brasil. Muito obrigado. 810

Dourado Tapeba: - Só uma questão de ordem, senhora presidente. 811

Maria Augusta B. Assirati: - Pois não Dourado. 812

Dourado: - Porque é o seguinte a gente ouviu a Pierlangela, o Uilton e estas duas falam 813

contemplam toda a discussão e eu queria propor para voltar para a mesa para as respostas. 814

Maria Augusta B. Assirati: - Tem acordo todo mundo para voltar para a mesa? Então, por 815

favor. 816

Ministro José Eduardo: - Bom vou começar, eu anotei tudo aqui. Se eu esquecer alguma 817

coisa vocês me, porque tem muita coisa que foi falado aqui. Primeira coisa. Pierlangela, eu 818

quero esclarecer uma fala minha. Eu não falei, ta, se eu fiz entender isto, por favor, vamos 819

apagar. Eu não falei que nós vamos esperar a decisão do Supremo para soltar atos de 820

demarcação de terras. Não falei isto. O que eu disse é que por força de vários processos do 821

judiciário estarem parados, e vários processos trazem problemas na continuidade de 822

demarcações, eu disse, na última mesa que estava com vocês que eu ia fazer gestões no Poder 823

Judiciário para verificar se agilizava o andamento do julgamento. Eu fiz isto e a resposta que 824

eu tive do Ministro Luiz Roberto Barroso é que ele libera o voto dele a semana que vem. 825

Então, portanto estará pronto para ser pautado pelo Ministro Joaquim Barbosa, decidido pelo 826

plenário, os recursos que estão colocados nesta questão da Raposa Serra do Sol e suas 827

condicionantes, já a partir da outra semana, daí passa a ser uma decisão do Ministro Joaquim 828

Barbosa. Como o Ministro Joaquim Barbosa também me disse que assim que fosse liberado 829

o voto do Barroso ele ia pautar, eu acho que existe a possibilidade já em 10 dias de ser 830

julgado, né, isto eliminaria qualquer discussão em relação a esta portaria da AGU que está 831

suspensa. Isto é, tiraria este pesadelo que nós vivemos em debater em toda esta portaria, que 832

embora tenha efeito, para vocês tem uma dimensão simbólica e eu entendo isto, está certo? 833

Então, esta é uma questão que está posta, eu não vou dizer quando o Joaquim Barbosa vai 834

pautar, eu não posso dizer isto, há um compromisso de pautar, mas eu acho que uns 10 dias 835

já pode haver a sessão do julgamento. Agora eu não quero dizer, nem condicionar atos 836

nossos administrativos no processo do processo de demarcação esta decisão. Não quero e 837

nem vou fazer isto, né, não tem porque fazer. É claro que a decisão da Raposa Serra do Sol 838

pode influenciar demarcações futuras, é evidente, porque é jurisprudência, tem que seguir se 839

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eles derem caráter normativo à decisão, mas eu não disse isto, porque pode ser que o 840

Supremo demore, imagina que um Ministro peça vistas, segura por dois anos, então, por 841

favor, eu não disse isto. O que eu disse é que nós queremos apressar a Raposa Serra do Sol 842

por causa dos processos que estão no judiciário, isto não paralisa a nossa ação administrativa. 843

Nós vamos soltar os atos que tem que ser soltos, ta, já. E aí eu vou emendar, eu vou misturar 844

as duas falas que se combinam um pouco Uilton, você falou uma coisa que para nós é 845

importante. Uma das questões, naquela lista que vocês passaram, nós estamos trabalhando 846

nela, estamos levantando todas as questões judiciais polêmicas, estou pedindo análise um 847

monte de coisas, ta, que nós estamos fazendo, tá? E alguns acaso, nós não vamos colocar nas 848

mesas que estão instaladas para ver se faz negociação, porque a gente sabe que estão em 849

conflito, etc. Eu acho que você passou um dado para nós que é muito importante, porque às 850

vezes a gente pisa um pouco em ovos sim, ta, porque não é fácil detectar muitas coisas. Se 851

vocês puderem me ajudar a detectar as que não têm conflito isto ajuda muito. Sugestão. Se 852

vocês tomarem como acompanhamento da CNPI para esta questão para apontar, porque 853

vocês podem ajudar a andar rápido nisto, vocês passando a informação que não tem conflito 854

a gente checa e é rápido, com a sugestão que eu faço, (incompreendido) que auxilie este 855

processo que estamos fazendo a partir da lista que vocês nos passaram, para verificar o que 856

tem conflito e o que não tem, por exemplo, você mencionou as terras da Bahia, tem uma lá 857

que está aí o conflito posto. Por isto que eu propus a mesa, eu percebi pequenos produtores lá 858

alguns produtores chorando que tinham sido colocados para fora das casas, não sei se é 859

verdade, se é mentira, etc, mas temos que tentar ver como a gente faz lá, é gente pobre, não é 860

grileiro, gente pobre, também não pode ignorar que o cara depende da casinha dele para 861

viver. Então se vocês puderem nos ajudar nisto, seria uma coisa importante, é uma sugestão 862

que eu faço. Até a idéia foi do Gil quando você estava falando e isto para nós seria muito 863

importante para ajudar a gente já ir liberando coisas. Segunda mesa. Então esclarecido, ta 864

Pierlangela? Eu não condicionei nada ao Supremo, pelo amor de Deus, não é nada disto. Eu 865

acho que esta decisão é importante, por causa da portaria da AGU para agilizar as questões 866

que estão paradas na justiça e não tem como resolver, ta. Outro ponto. Uma questão que você 867

mencionou da efetivação da presidência da FUNAI. Eu acho que você tem razão no que você 868

está colocando. Eu vou levar para a presidenta a necessidade de nós termos uma decisão 869

definitiva sobre esta questão. Não sou eu, eu posso até indicar e dar a minha opinião, mas a 870

decisão final é da Presidenta e acho que isto é um pleito legitimo para que possamos ter uma 871

solução definitiva desta questão. Eu me comprometo a levar agora esta questão para nós 872

resolvermos, acho que é um pleito absolutamente legitimo. 3º Eu vou discordar de você uma 873

questão. É fato que o governo tem maioria parlamentar, ta, mas nós não podemos ter ilusão 874

que o governo aprova tudo àquilo que ele quer. Isto não é verdade. Eu fui parlamentar 8 anos, 875

e fui vereador 8 anos e Deputado 8 anos. Já fui vereador de oposição, e Deputado sempre fui 876

graças a Deus de situação. Fui parlamentar 8 anos durante o governo do Presidente Lula e me 877

orgulho muito disto, mas nem sempre o governo consegue aprovar as coisas. Tivemos 878

derrotas recentes no congresso. Aliás, se você verificar o último período nos últimos 3 meses, 879

agora deu uma pacificada porque nós tivemos grandes derrotas no Congresso. Fomos 880

derrotados em várias questões. E aí nós temos uma questão que não pode passar 881

desapercebido da análise de vocês. Os parlamentares pelo sistema político brasileiro, 882

(incompreendido) um dia os indígenas vão discutir o sistema político brasileiro, eu acho que 883

os indígenas têm que discutir a reforma política, eu quero falar francamente com vocês, 884

porque o sistema da forma que está posto hoje ele é um sistema que massacra, massacra 885

justamente a minoria, os despossuídos, os que não tem dinheiro para eleger Deputado e 886

quanto mais as pessoas têm dinheiro mais força tem no Congresso Nacional e a questão tende 887

a se agravar pela dinâmica das eleições. Então eu acho que haverá um momento não sei, 888

vocês definem, (incompreendido) não cabe a mim ficar pautando nem discutindo, mas haverá 889

um momento em que vocês teriam que discutir sim a reforma política. Se algum dia vocês 890

quiserem discutir a reforma política, ou agora, ou daqui a 10 anos, 20 anos, mês que vem, 891

quando vocês quiserem, me chamem que eu venho a reunião, ta, porque este sistema, eu 892

quero falar o que eu penso. Eu deixei de ser Deputado, hoje eu não sou mais Deputado, sou 893

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(incompreendido) contra o sistema, porque o sistema político quer eleger cada vez mais 894

quem tem dinheiro, quem tem recurso e se vocês não se derem conta disto, a situação cada 895

vez mais se agrava. Então eu quero dizer com isto? Que o Deputado, embora sendo uma base 896

do governo ele ganha uma base eleitoral, base de interesses. E ele entre o governo, às vezes, 897

ir a base dele, ele vai optar por esta base. E o caso dos ruralistas é muito característico, 898

muitos deles estão na base do governo, mas quando colocar a questão que o governo tem 899

uma posição e a posição é outra, me desculpe. Esta PEC 215, o plano florestal está tudo 900

derrotado, PEC 215 é que vocês nem poderiam saber como é que foi o bastidor daquilo. 901

Quando houve a mudança do parecer da Comissão de Constituição e Justiça, eu acho que 902

quem era presidente da Comissão de Justiça naquela época era o Deputado Berzoine eu liguei 903

para o Deputado Berzoine e pedi uma reunião com a Comissão de Constituição e Justiça. 904

Falei isto é um erro, esta PEC é um erro. Vocês não podem votar isto, e eu consegui, fiz um 905

acordo com eles para a gente iniciar uma discussão madura a respeito, mas que não votassem 906

esta PEC, isto demorou 3 meses. Até a hora que vocês falam o seguinte, vocês não pararam 907

as demarcações das terras, a FUNAI continua fazendo as barbaridades que a FUNAI faz, na 908

fala deles, então nós vamos votar a PEC. Eu liguei para a Ideli, a Ideli tentou mobilizar e eu 909

falei com o líder do governo Arlindo Chinaglia e nós fomos derrotados na Comissão de 910

Justiça. Desde este momento eu tenho falado com os Presidentes da Câmara, com o 911

Presidente da Câmara direto sobre isto. Toda a vez que ele vai pautar, eu já fui lá, eu já falei 912

publicamente nas comissões, eu já fui na comissão da agricultura, umas 5 vezes convocado 913

ou convidado, em todas eu falei que era um erro esta PEC, está certo? Na última vez eu tive 914

uma reunião com toda a bancada ruralista, está certo? Que estava descendo o cacete no 915

governo, porque o governo não resolvia, a FUNAI massacrava o direito deles, porque o 916

Ministério da Justiça era omisso, que o Ministério da Justiça não parava os atos, etc, aquela 917

questão que sempre se coloca está certo? E eles falaram: nós vamos votar e eu falei 918

claramente: vocês vão cometer um erro. Bem, nesta semana passada o Henrique Eduardo 919

Alves disse textualmente e chegou esta informação para mim que iria estar lá esta semana, eu 920

liguei para o Henrique, liguei para o Vice Presidente da República, Michel Temer, que é do 921

partido do Henrique, fiz um apelo veemente para que não colocassem isto, ou seja, falei que 922

o governo tem feito o possível. O governo a partir da orientação da Presidenta Dilma Roussef 923

tem feito o possível para fazer isto. Aí eu não acho justo dizer que o governo quando quer ele 924

consegue, não é verdade. Nós fomos derrotados e somos derrotados muito no Congresso 925

Nacional. Então esta é uma questão que nós temos acompanhado ao máximo e eu 926

pessoalmente, o Gil esteve na Câmara, falou também várias vezes que a PEC era 927

inconstitucional, nós temos feito o possível, então aí eu quero ser franco, a gente faz o que 928

pode e às vezes a gente é derrotado. Se esta PEC vier a ser instalada o governo será 929

derrotado. E aí houve a pergunta do Uilton que eu achei boa que você colocou. Eu acho que 930

foi você que fez, né? Foi. É sua postura é pessoal ou de governo? Estas coisas que você está 931

falando o que é? É de governo, hoje eu estou falando é de governo. Às vezes, entre vocês há 932

discussões e divergências. Às vezes no governo há discussões e divergências, mas tem 933

alguém que decide, é a hierarquia, é a Presidenta. O que eu estou falando hoje é em nome do 934

governo. Tudo aquilo que eu falei foi em nome do governo. Em relação a PEC, é do governo. 935

Em relação aos projetos de lei que regulamentam a 231, Parágrafo 6º em nome do governo. 936

Aí o Uilton fez uma pergunta inteligente, ta, eu quero te cumprimentar pela sua intervenção, 937

eu gostei muito também. O que é de interesse nacional para o governo? Isto é um conceito 938

vazio mesmo. Está na Constituição, isto tem que ter uma lei. Algum dia esta lei virá, vamos 939

ter clareza, algum dia ela virá. E por isto que é fundamental ouvir vocês e nós buscarmos 940

discutir esta regulamentação, eu me lembro foi Dom Pedro I recebeu Dom João VI foi àquela 941

fala, “Põe a coroa sobre a tua cabeça antes que alguém ponha sobre a dele”. Você tem que 942

fazer as coisas enquanto você pode. Esta lei a meu ver tem que existir. Nós temos que 943

discutir fraternalmente. Estes projetos de lei que estão no Congresso Nacional são horríveis, 944

eu sou contra. Já falei isto para o Senador Jucá, já falei isto para o Deputado Moreira Mendes 945

que coordena, coordenava, não sei se está ainda coordenando a frente lá da agricultura e eu 946

disse, por quê? Porque eles colocam interesse nacional em tudo. Ou seja, eles excluem a 947

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quase totalidade da possibilidade de demarcações de terras indígenas estão naquele artigo, 948

então o governo é contra aquilo. Agora nós queremos discutir com vocês, então aí que eu 949

falei, o canal de diálogo pode ser a CNPI, mas temos que ter algum tipo de grupo, ou alguma 950

coisa que a gente possa discutir. Não adianta a gente ficar em uma mesa com 200 pessoas 951

discutindo uma coisa. É bom para decidir, para dar a palavra final, mas para evoluir a 952

discussão, para ouvir, para a gente trocar a idéia, isto não funciona, nós temos que ter alguma 953

agilidade. Eu acho que nós devíamos pensar seriamente nesta lei do 231, não adianta 954

empurrar com a barriga que um dia ela vai ser aprovada, pode não ser aprovada como a gente 955

queira, a Presidenta pode até vetar, mas o Congresso pode derrubar o veto. Está claro? É a 956

mesma coisa a 169, da OIT, em minha opinião você vai avaliar contradições? Claro, a gente 957

vai ter opiniões diferentes. Eu tenho certeza que quando o Ministro Adams baixou aquela 958

portaria ele me disse isso pessoalmente, que foi com a melhor das intenções do mundo, foi 959

para acertar, mas deu um efeito colateral e deu no que deu. Tanto que foi suspensa. Está 960

certo? Então é isto. A gente tem que superar estas questões e ir para adiante. Eu acho que a 961

gente precisa discutir a lei 231, precisa discutir a 169 antes que alguém ponha a coroa que ele 962

quer na cabeça dele. Nós não queremos isto, vamos fazer uma coisa equilibrada, que 963

compatibilize o interesse dos povos indígenas com os interesses daquilo que o governo acha 964

correto, a sociedade brasileira acha correto. Nós temos que fazer algo transparente e pactuada 965

para que possa dar certo. Outra questão. FUNAI. A Pierlangela ela criticou veemente, deixa 966

eu defender um pouco a FUNAI aqui. A FUNAI é um órgão que não tem estrutura que 967

precisaria ter. Não tem. O Ministério da Justiça tem discutido com o Planejamento muito e já 968

fizemos uma proposta. Nós temos um planejamento orçamentário, o que o Ministério do 969

Planejamento nos fala também é correto, tem muitos órgãos que não tem a estrutura que 970

devem ter, tá? Então é uma questão de ter que às vezes um cobertor curto, cobrir um para 971

descobrir outro, nós temos defendido uma reestruturação da FUNAI sim, está certo? Nós 972

tivemos um aperto financeiro este ano muito forte, um contingenciamento muito forte, por 973

isto até agora eu não consegui o resultado que eu queria e entendo as razões que não 974

consegui uma condição econômica maior que está prendendo algumas coisas. Mas nós 975

estamos brigando para fortalecer a FUNAI. Agora é claro que mesmo com a estrutura que a 976

gente tem às vezes tem o servidor ou outro que não funciona. Eu acho que quando a pessoa 977

não funciona tem que ser tirada. A Presidenta tem em mim o total apoio para tirar quem ela 978

acha que deve. Eu às vezes sei e isto acontece com alguns órgãos meu, eu dou autonomia o 979

cara tira e depois vem reação. Enquanto eu confiar na minha chefia ela vai fazer o que ela 980

acha o dia que eu perder a confiança a gente vai discutir. A Maria Augusta, interina ou não 981

ela tem a total confiança para fazer as modificações na FUNAI que ela acha que deva ser 982

feita. E se ela fizer e vocês vierem brigar eu vou falar assim: eu confio nela. Estou falando 983

francamente, até que vocês me provem que eu não deva confiar. A Guta tem a minha total 984

confiança e da mesma forma que a Presidenta me confia, porque o dia que eu pisar na bola 985

ela me põe para fora, no dia que a Guta pisar na bola eu tiro ela, e da mesma forma que 986

alguém da FUNAI pisar na bola ela tem que tirar está certo? Esta é a minha opinião. Mas 987

levemos em conta a questão da estrutura. A FUNAI é um órgão que infelizmente tem uma 988

estrutura que não atende minimamente as necessidades constitucionais legais que ela precisa 989

ter. Então nós estamos brigando para melhorar e não é uma briga simples. Quando eu falo 990

brigar é brigar dentro do governo para ver se a gente consegue estrutura e é uma briga que eu 991

estou tentando fazer, e a Guta pessoalmente tem se empenhado nisto. Não há dia que esta 992

moça não me ligue, não há dia que ela não me ligue. Dia sim e dia também, noite sim e dia 993

também me cobrando isto, está certo? Tem horas que toca o telefone eu já digo, é a Guta 994

falando da estrutura da FUNAI. Está certo? Já ta assim. Eu falo assim: Fala moça da 995

estrutura. Mas a estrutura até sou eu que te ligo. Bem, outra questão que eu acho importante 996

pegando as questões todas. Companheiro Uilton a questão das hidrelétricas, a história dos 997

votos já fez muita barbaridade nas construções das hidrelétricas no Brasil, você mencionou a 998

da Bahia. Luiz Gonzaga e mencionou Itaipu, ok? O que o governo quer e a orientação que a 999

Presidenta nos deu, deu a mim, é que nós temos que tentar combinar as coisas. Não dá para 1000

fazer como os governos fizeram há 25 anos atrás com a Luiz Gonzaga, não dá. Então todo o 1001

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nosso projeto era para ser respeitador do meio ambiente, os povos indígenas, e no direito de 1002

toda a sociedade brasileira no seu desenvolvimento com as hidrelétricas, esta é a orientação 1003

que nós recebemos. Se às vezes a gente pisa na bola, mas pisa mesmo, a culpa é nossa, 1004

estamos errando na coisa. Eu acho que muitas vezes vocês caciques vocês dão uma diretriz e 1005

vai um cara lá que pisa na bola, né, e você dizem, não era para ter feito isto rapaz. Assim é o 1006

governo também. Isto acontece (incompreendido) e demora saber que a gente pisou na bola. 1007

Pode acontecer? Pode. Por isto que precisamos ter diálogo permanente com vocês. Mas 1008

também quando a gente pisa na bola tem que saber corrigir erro. A orientação em relação aos 1009

interesses é muito clara, garantir todos os direitos. Os direitos individuais dos indígenas, os 1010

direitos em relação ao meio ambiente e o direito em relação ao desenvolvimento sustentável. 1011

Então é bem diferente do que foi em Luiz Gonzaga e talvez a determinação que nós temos, 1012

que quando a gente pisar na bola Uilton, nós temos que ter este diálogo que para depois a 1013

gente corrigir e dizer não pisamos não, e tentar provar para vocês que nós não fizemos. Outro 1014

ponto. 1015

Uilton Tuxá: - Ministro, no caso específico Tuxá com relação à terra. 1016

1017 Ministro Eduardo Cardozo: - Eu vou falar agora. Nem tudo, é tanta coisa neste Ministério 1018

da Justiça, né que a gente cuida desde nomeação de Ministros para o Supremo à questão 1019

indígena, direito do consumidor, a polícia federal, a força nacional, para a questão de 1020

estrangeiros, até aquela classificação indicativa de programa de televisão proibida para 1021

menor de 10 anos passa lá pela gente e dá umas confusões desgraçadas quando querem 1022

mudar as programações da rede globo e aí uma população de um estado reclamam que 1023

mudou o horário, bom tudo isto vai para lá. Eu não sabia e por isto eu perguntei aqui, porque 1024

este caso não estava no meu ouvido não. O que eu fui informado? Que a medida do decreto 1025

está pronta e que faltava um documento do INCRA para instruir o processo e que foi 1026

colocado no processo e que foi remetido para avaliação da Casa Civil. Eu vou ver, não, acho 1027

que foi há uma semana, eu vou ver isto, é um compromisso meu de ver isto. Está me 1028

parecendo um caso que você falou ali é absolutamente injusto, tá? Eu vou ver o que está 1029

acontecendo nisto, mas já me informaram que foi agora. Eu vou ver se tem algum problema 1030

ou se não tem e este é um compromisso pessoal que eu assumo com vocês. Bem, outra coisa, 1031

o Uilton foi também inteligente na questão de que aqui também tem voto, e tem. Vou te 1032

responder uma coisa, mesmo que não tivesse nenhum, era nosso dever fazer o cumprimento 1033

da Constituição. É nosso dever. Esta não á a minha opinião pessoal, é a posição do governo. 1034

É claro que quando você vai cumprir os direitos constitucionais, eu tenho que fazer da 1035

melhor maneira possível. Eu tenho que buscar evitar conflito. Eu tenho que evitar que 1036

pessoas morram. De qualquer dos lados. Do mesmo jeito que eu não gosto, tenho que evitar 1037

que morra, eu tenho que evitar a violência, este é o meu papel de governo, cumprir com paz 1038

os direitos, mas ser firme quando se cumpre, esta é a orientação que eu tenho. Esta foi a 1039

orientação que nós seguimos em “Maraiwatsédé”, por exemplo, “Maraiwatsédé” foi uma 1040

guerra meu companheiro. Eu inclusive tenho um general lá, o general Gilberto que foi um 1041

guerreiro nesta questão de “Maraiwatsédé” ele foi general e eu fui coronel, Tá? Fui coronel, 1042

mas foi uma guerra. Eu tive que mandar o COT da Polícia Federal para prender gente 1043

descendo de helicóptero dentro da estação que estava cercada, o COT é o grupo de elite, é 1044

BOP da Polícia Federal. Certo? Tive que pedir autorização judicial para prender mesmo, e 1045

falei com algumas autoridades políticas que nós íamos fazer isto e fizemos. Cumprimos, mas 1046

tem problemas ainda hoje, mas a gente cumpriu. Como a gente vai cumprir as outras. Então 1047

quando a questão tem hora que não tem conversa, que não tem diálogo, se exauriu a 1048

conversa, não tem mais jeito para acertar, estava sacramentado, tinha decisão da justiça, tinha 1049

que implementar, e os caras hostilizando os indígenas lá, ameaçando (incompreendido) peraí, 1050

tem hora e aí firmeza, mas até chegar nisto eu tentei tudo para ver se a gente conciliava, não 1051

deu, cumpra-se. É assim que a gente vai agir, é assim que a gente está agindo, podem ter 1052

certeza, mesmo que não tivesse nenhum voto este é o meu dever, ta, e nós vamos cumprir, 1053

seja qual for o lado, eu tenho que cumprir, claro pode ter certeza, vamos avançar e aí gente 1054

eu só peço que vocês me entendam e se eu tiver errado eu quero que a vida me castigue, eu 1055

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quero fazer isto tentando eliminar o mais possível conflito, se não conseguir aí chama o BOP, 1056

o COT, a polícia, resolve está certo? Quem tem coragem é mais fácil, eu juro por Deus, é 1057

mais fácil fazer assim certas coisas do que tentar conciliar, mas eu quero tentar conciliar o 1058

que é conciliável. O que não é conciliável faz que nem você fez em “Maraiwatsédé”. Bem, 1059

eu acho que eu já falei para burro, está brigando comigo. Eu acho que já falei tudo. Eu acho 1060

que já falei tudo. Eu quero muito agradecer as falas de vocês, e quero dizer muito, ter uma 1061

conversa muito sincera, não é muito fácil ficar sentado aqui ouvindo o que vocês falam e 1062

reconhecendo que muitas das coisas que vocês falam têm toda razão. Pode parecer 1063

contraditório, mas é a nossa vida. Você é militante dentro do governo, e você assume viver 1064

contradições. Porque você acredita que com todos os problemas você ainda faz o trem andar, 1065

na medida do possível, mas tenta fazer. Eu queria pedir que vocês considerassem na reunião 1066

de amanhã uma proposta que eu já fiz da outra vez, mas queria insistir. Para a CNPI avançar, 1067

nesta coisa do decreto do PL que regulamenta o conselho nós temos que fazer andar, mas 1068

enquanto não vai isto, enquanto não acontece, para a CNPI funcionar nós precisamos ter no 1069

intervalo das reuniões um pequeno grupo que pegue esta pauta que a Pierlangela lembrou 1070

aqui e que fique trabalhando com a gente isto, pegando terra por terra, pegando, nós 1071

precisamos ter vida na CNPI entre as duas reuniões, uma reunião e outra, porque senão a 1072

coisa tem dificuldade de andar. Então eu queria que amanhã vocês pensassem nesta 1073

possibilidade. E aí pegando cada pauta, cada ponta do compromisso e vamos acertando, 1074

brigando no intervalo com o pessoal que fica aqui em Brasília, ou que vem eventualmente 1075

para as coisas efetivamente andarem. A segunda questão eu queria dizer para vocês o 1076

seguinte, olha, a minha sensação é que às vezes além da dificuldade que nós temos que fazer 1077

as coisas andar, o povo que é contra vive criando aquilo que se chama bode na sala. A 1078

história do bode na sala é uma história que todo mundo conhece. Tem uma casinha pequena e 1079

entra um bode na sala que piorou a vida, infernizou a vida e ficou muito pior, porque ficou o 1080

bode ali fedendo e tomando espaço. Aí em dado momento o cara manda tirar o bode aí todo 1081

mundo sentiu bem, porque o bode tinha saído, mas a casa era grande e era confortável. O que 1082

a direita faz com a gente, o que os conservadores e anti indigenistas fazem me lembra muito 1083

isto. A 215 é efetivamente o bode na sala. E a gente acaba muitas vezes e tem que lutar 1084

contra este bode, não tem jeito, mas o que a gente não pode é focar apenas o bode e isto 1085

distrair, e tirar a energia da gente da gente de seguir nos caminhos que é a nossa perspectiva, 1086

são as questões essenciais, que é a questão da terra, que é a questão da saúde e assim por 1087

diante. No caso da 303 aparentemente você tem razão na tua pergunta, na tua, apontar 1088

contradição, só que tem um detalhe que eu acho que raciocina junto nisto. A 303 foi feita em 1089

dado momento, certo. por um determinado tipo de pressão e vocês foram vitoriosos. Vocês 1090

fizeram contra pressão tão bem sucedida que a Presidenta, ela determinou por escrito que ela 1091

fique suspensa, ou seja, não existe 303, porque isto está claro, até que o Supremo julgue. 1092

Bom, por conta da 303 que não existe, nós estamos perdendo tempo e não estamos fazendo a 1093

169, quem é que perde com a regulamentação da 169? Com a nova regulamentação? São os 1094

povos indígenas. Não é o governo. Porque o governo está seguindo o trabalho dele. Baseado 1095

nas coisas da justiça e o setor do governo que ter tocar as coisas sem levar em conta os 1096

direitos indígenas sentem até mais confortável, porque a 169 colocará uma série de condições 1097

de democratização, de consulta, de participação que é muito melhor para os povos indígenas 1098

eventualmente atingidos por obras de barragens, por obras de infraestrutura, seja ela qual for. 1099

Então o empenho que nós temos feito pela 169, não é um empenho para salvar a cara do 1100

governo, é um empenho para aprofundar os direitos dos povos indígenas sobre estas áreas. 1101

Que internamente eu quero dizer uma coisa muito serena para vocês. O estado brasileiro 1102

vocês sabem ele não foi feito para se dos pobres, ele não foi feito para servir os pequenos, foi 1103

feito para servir as elites. E tudo que é de pobre, tudo que é excluído dentro do governo dá 1104

um trabalho desgraçado, você tem que fazer um contorcionismo interno para fazer viver. Eu 1105

estou brigando faz uma semana com este Ministro aqui, porque foram presos no Paraná 8 1106

trabalhadores rurais, porque cometeram erros formais no projeto que é o mais importante 1107

para nós no país que é aquele programa nosso que se criou no governo Lula, mas que tem 1108

muito mais força agora ainda, que você compra a mercadoria direta do pequeno produtor 1109

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uma cooperativa e entrega aquilo ali, paga para ele e estimula a agricultura familiar e depois 1110

você distribui de graça este alimento para os pequenos, para as escolas, merenda, creche e etc 1111

e tal. Lá no Paraná foi... Bom então, lá no Paraná houve uma denúncia de uma pessoa muito 1112

suspeita por sinal e a polícia federal foi lá e como formalmente havia erros, o recibo não 1113

coincidia com aquilo que o cara tinha fornecido, etc e tal, nós estamos com 8 companheiros 1114

presos, 2 foram liberados e 6 o juiz acaba de negar o habeas corpus, estão lá, é gente da 1115

maior humildade e gente da maior luta que cometeu, podemos dizer assim, um erro formal de 1116

a nota não conferir com, o abacaxi que foi entregue não estava na nota, estava na nota 1117

(incompreendido) sei lá, coisa deste tipo. Teve outra malandragem de alguém, mas o pessoal 1118

está preso. Nós estamos numa luta para libertar estes presos. De vez em quando você está 1119

dentro do governo você fala, caramba porque é tão difícil quando é para os pequenos e 1120

quando é para os grandes financiamentos tudo parece que vai rápido. Estou fazendo um 1121

desabafo aqui, só para dizer para vocês o seguinte, nós queremos tocar esta história da 169 1122

exatamente, porque nos interessa ter registrado os direitos, a obrigação de cada ministério 1123

que foi fazer uma estrada, foi fazer uma hidrelétrica, foi fazer uma ponte, um viaduto, seja lá 1124

o que for, leve em conta com detalhe o processo de consulta. Este é nosso dever, não é outro. 1125

Por isto o meu apelo. Cá entre nós é tão verdade que a 303 não está vigente e nós fizemos a 1126

demarcação de Kayabi, contra gente que está lá dentro na terra. Não é onde tinha conflito, 1127

tem conflito e nós fizemos. Agora depois da vigência da 303 (incompreendido) é este o meu 1128

apelo para vocês, entendeu? É este o meu apelo. E fazer o que foi pedido a tal da revogação, 1129

primeiro que não muda nada, está suspensa, ela não existe. Até a decisão do Supremo, está 1130

no papel assinado pela Dilma. E fazer a tal da revogação só vai servir sabe para que? Para 1131

que o outro lado aumente a sua pressão. Nós não queremos ficar cutucando o outro lado, 1132

porque o Zé falou comigo bem claro, o poder que eles têm hoje no Congresso não é pequeno 1133

e não podemos subestimar vocês estão vendo a dificuldade que nós estamos tendo em relação 1134

a 215. Outro dia eu fiquei desesperado, eu conversei com um parlamentar nosso que me falou 1135

Gil é arriscado, eu estava mais tranqüilo, ele falou: não, é arriscado, se votar é arriscado 1136

passar sim, porque nesta hora ninguém está do lado do governo coisa nenhuma. O que tem é 1137

a grana de quem financiou os caras ou dos interesses que eles defendem. Tenho clareza disto. 1138

Por isto que nós temos que nos unificar. Entendeu? E ter clareza de quais são os nossos 1139

principais objetivos. Então é isto que eu queria comentar com vocês muito fraternalmente 1140

agradecendo e é muito útil para a gente ficar aqui sentado e acho que esta coisa de Itaparica é 1141

uma coisa sagrada e que nós temos que resolver, assim como todas as questões do “MAB”, 1142

porque nós estamos fazendo um empenho danado para tentar por em dia, foi feito muito erro 1143

mesmo historicamente, nós estamos com uma briga desgraçada com uma empresa lá em Belo 1144

Monte para cumprir as condicionantes, e vamos fazer e vamos continuar brigando por isto, 1145

entendeu? Dá para fazer as coisas no país de maneira decente, sem tirar direitos de ninguém. 1146

Dá para fazer e nós queremos fazer do jeito certo. Então a cobrança de vocês permanente, a 1147

pressão de vocês e o diálogo conosco e sobre nós é fundamental para que isto continue e 1148

estamos abertos e dispostos a continuar nesta caminhada, viver de maneira muito fraterna e 1149

transparente para vocês. 1150

1151 Marcos Xukuru: Presidenta só uma questão de ordem. Marcos Xukuru da região nordeste-1152

leste representando a APOINME. Dizer que de fato nós estamos em uma encruzilhada, sabe 1153

Ministro Gilberto e José Eduardo. Eu tenho pensado e refletido sobre esta questão, é uma 1154

questão política que hoje nós temos enfrentado e como foi dito aqui pelo senhor, de fato no 1155

Congresso Nacional que la é o poder e qual é a força que temos hoje? Se o governo que é o 1156

governo que tem um partido, que tem seus aliados está enfrentando esta resistência imagine 1157

para nós enquanto população indígena que não temos um representante lá. Isto trás para a 1158

gente a reflexão da correlação de força, desta situação. Se nós não tivermos no Governo 1159

Federal aliado dos povos indígenas, fazendo o seu papel institucional em relação ao que nós 1160

mais prezamos que é a demarcação dos nossos territórios, porque é a nossa garantia de 1161

sobrevivência culturalmente, fisicamente, porque se nós não tivermos estas terras 1162

demarcadas, homologadas, registradas, regulamentadas, nós não teremos as outras questões 1163

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que nós inclusive estamos pautando e que vamos pautar como o senhor colocou, educação, 1164

saúde que precisa avançar, nós estamos vendo aí nas Conferências Distritais de Saúde 1165

Indígenas, estamos discutindo e trazendo as nossas propostas, nós já tivemos Conferências de 1166

Educação, já foram apresentadas as propostas do movimento indígena, dos povos indígenas. 1167

Evidentemente que dentro deste contexto do diálogo e que a CNPI está pautando junto com o 1168

governo, temos que detalhar algumas questões e iremos fazer, mas sem nós termos o que é 1169

primordial que é a nossa terra, e esta sinalização como o companheiro Uilton, os nossos 1170

irmãos colocaram é de fundamental importância para que as outras políticas possam 1171

acontecer de forma muito mais tranqüila. Dizer que a FUNAI, nós temos aqui o 1172

departamento sobre a direção do nosso companheiro Aluisio e tem todas as suas 1173

coordenações outras, que nós na reunião passada, nós tivemos condições de fazer exatamente 1174

o mapeamento das terras indígenas, e foi listadas exatamente as terras que poderiam ser 1175

feitos a sua demarcação, então a FUNAI já tem isto. A FUNAI já tem isto. Eu acho que não 1176

há necessidade de se criar mais um grupo, mais uma coisa, concordo que tem algumas 1177

questões que nós na última, penúltima reunião nós criamos um grupo de trabalho, está ali 1178

nosso companheiro Marcelo, a Pierlangela, esta pessoa que vos fala e nós discutimos na 1179

metodologia, o formato de como esta mesa ia trabalhar. Nós fizemos este trabalho. Então tem 1180

questões que é possível se fazer, podemos dar condição e pensar de forma estratégia de que 1181

forma nós podemos atuar em determinadas questões. Agora eu acho que têm outras que não 1182

há necessidade, no meu ponto de vista em relação à questão das demarcações de terras 1183

indígenas, a FUNAI já tem. A FUNAI já tem isto. Então cabe junto com, dar o comando, 1184

como o senhor disse, dar o comando e nós temos os resultados mais breves possível, porque 1185

só assim nós vamos contabilizar positivamente neste governo o tanto de terras que se 1186

demarcou, porque até o momento temos contabilizado mais para baixo, ou seja, nós não 1187

temos contabilizado o que tem sido demarcado de terras indígenas neste país, então neste 1188

governo. Então eu finalizo muito rapidamente a minha fala neste sentido, porque eu acho que 1189

a FUNAI, para que a gente avança nesta comissão e mostre efetividade nesta mesa de diálogo 1190

através da CNPI mais rapidamente possível a demarcação destas terras que a FUNAI já tem 1191

já pronta que não tem estes conflitos, que pode ser demarcada e homologada, enfim, a 1192

retirada dos latifúndios destes territórios. Obrigado pela oportunidade aos companheiros. 1193

1194 Maria Augusta B. Assirati: - Eu vou já passar Ministro. Eu só queria fazer um 1195

encaminhamento aqui, a Teresinha veio avisar que o pessoal está servindo o café tem horário 1196

para ir embora, então a proposta que a gente queria fazer é para a gente abrir, as pessoas vão 1197

saindo aos poucos, quem quiser vai e toma café e volta para a gente não precisar parar a 1198

reunião senão a gente vai perder tempo. 1199

1200 Ministro José Eduardo: - Olha eu vou até justificar uma já falei com o Gil, ele tem até as 1201

cinco da manhã para ficar aqui, então não tem problema nenhum se ele quiser sair ele está 1202

liberado, eu vou sair daqui as seis e meia, o Gil fala até melhor por mim que eu mesmo, ta. 1203

Eu queria fazer uma observação, se eu estiver... Não, eu queria fazer uma observação que se 1204

eu estiver errado, entra por aqui e sai por aqui de vocês, está certo? O Marcos Xukuru fez 1205

uma análise muito correta, ele falou, se vocês têm esta dificuldade, se nem o governo está do 1206

nosso lado como é que a gente fica? Como é que a gente age? O governo vai fazer o seu 1207

papel. Nós temos que fazer isto construindo o processo, porém tem uma coisa que está ao 1208

lado de vocês, aí que eu quero falar e se eu falar besteira entra pelo um ouvido e sai por 1209

outro, é a minha opinião pessoal, aqui não é governo, a minha opinião. Tem uma questão que 1210

está ao lado de vocês ainda e que me preocupa que é a opinião pública. A opinião pública 1211

está ao lado dos povos indígenas. Mas eu quero frisar, ainda. Tem algumas coisas que me 1212

preocupam muito, não pode perder a opinião publica, porque aí vocês prejudicam inclusive 1213

(incompreendido), por exemplo, eu estava recebendo um informe aqui da questão da Bahia 1214

da estrada, há um nível de irritação do bloqueio da estrada da Bahia total dos motoristas e da 1215

população. E eu estou recebendo informes aqui direto dizendo que começaram a cobrar 1216

violentamente do governo da Bahia, do Governo Federal, que não é possível, isto é 1217

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desordem, isto é uma via central. Vejam, se nós construirmos esta irritação da população 1218

contra os povos indígenas aí nós estamos liquidados. A tática de luta a meu ver, então se eu 1219

estiver falando bobagem entra por um ouvido e sai por outro, ta. Em minha opinião, eu acho 1220

que o movimento nos ajuda, porém não vamos polemizar sobre isto, dai eu não quero discutir 1221

tática de movimento, eu não sou do movimento eu sou o Ministro, estou dando a minha 1222

opinião, uma opinião fraterna. Eu acho que a tática de luta ela não pode levar a indisposição 1223

da sociedade. Sinceramente, eu fui advogado durante muito tempo, já discuti muito isto, por 1224

quê? Porque se a sociedade se indispõe contra o movimento a gente perde, e a causa indígena 1225

é muito bem vista pela classe média, ela é bem vista pelos setores, isto é que equilibra o 1226

Congresso Nacional. Inibe e tem inibido, mas eu tenho visto em alguns estados, alguns 1227

Deputados progressistas começarem a se alinhar em situações e eu vejo isto com temor, vejo 1228

com temor. Vejo alguns setores radicais dos ruralistas radicalizarem o pequeno agricultor e 1229

isto me preocupa, porque esta é uma base que nós temos que ter diálogo. Então, é só uma 1230

reflexão que eu faço, não quero polemizar isto, não sei nem se devia ter falado isto, meu 1231

papel, eu não sou membro do movimento, eu só queria pedir uma reflexão sobre isto, sobre a 1232

questão das táticas de luta do movimento, nos ajuda esta tática, quando você quer demarcar é 1233

importante que o movimento esteja ativo, etc, porém eu acho que às vezes certas situações 1234

podem levar a uma indisposição dos setores da sociedade, que pode nos apoiar com o 1235

movimento e aí nós estamos ferrados se isto acontecer, é minha opinião e estou sentido cada 1236

vez mais. Estou dando exemplo da Bahia como um exemplo, porque eu estou vendo aqui o 1237

registro, está certo? Há uma irritação muito grande, a 101 é uma via muito importante para o 1238

estado e fechou às seis horas da manhã de ontem, aí abriu a noite. Fechou hoje de novo e a 1239

promessa é de continuar fechando, eu, veja, é uma tática de luta é, ta certo, se tiver que 1240

desobstruir vai ter que desobstruir, porque o governo do estado tem que manter a ordem 1241

pública tem que manter a ordem na estrada federal, não pode ter uma estrada fechada, porque 1242

tem gêneros alimentícios que perecem, tem ambulância que tem que passar tenho gente que 1243

tem que circular. Tem ônibus e isto é uma questão e eu coloco para reflexão de vocês, eu não 1244

vou polemizar isto, não é discussão de governo, é uma fala de pessoa, de companheiro que 1245

está refletindo. Ta só isto. Eu vou sair as seis e meia porque eu tenho que sair, ta, aí Gil me 1246

representa. 1247

1248 Luiz Vieira Titiah: - Senhor Ministro como titular da CNPI eu queria fazer uma... 1249

1250 Maria Augusta B. Assirati: - Titiah, você está inscrito e se todo mundo concordar eu vou 1251

passar a palavra antes para o Titiah, porque tem haver com esta fala do Ministro. Por favor, 1252

Titiah. 1253

1254 Luiz Vieira Titiah: - Boa noite. Senhor Ministro é o seguinte. Eu não sei como é que vocês 1255

estão trabalhando, condicionando a questão de mexer com a justiça. Porque eu fico assim 1256

olhando assim, vocês fortalecem a fala dos ruralistas, onde quando vocês colocam que a 1257

briga está em indígenas e pequenos produtores. Onde eu visitando lá a região, senhor 1258

Ministro, eu vi lá pessoas participando da movimentação dos fundiários, estavam sendo 1259

pagas para dizer que era da movimentação e aí eu vejo o respeito, né aos povos indígenas lá, 1260

quando a população de (incompreendido) fechou mais de quatro vezes a BR 101, não foi 1261

polícia de choque, não foi ninguém lá para impedir. Aí onde teve um funcionário da FUNAI 1262

chamado Miguel que recebeu um empurrão, tapa lá na frente da força nacional e esta pessoa 1263

não teve providência nenhuma. Eu visitei lá semana passada, senhor Ministro. Estamos lá 1264

visitando cada comunidade lá. As lideranças sem poder sair para dar o seu recado da sua 1265

comunidade e o grande desrespeito que eu queria dizer pessoal, que não pode acontecer nas 1266

outras regiões, como é que o Ministério da Justiça está funcionando, onde tiraram o símbolo 1267

dos carros da saúde, onde nós temos direito que não pode mais andar agora com cocar e 1268

pintado dentro do carro da saúde, onde respeita o governo lá no povo de carro público e que 1269

ninguém foi preso, ninguém, ta tudo lá quebraram o banco da cidade e tudo e aí os pequenos 1270

produtores, os pequenos produtores estão fazendo isto. Eu acho que tem que ter um 1271

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levantamento senhor Ministro, e botar os culpados, igual o senhor falou. Botar os culpados 1272

para responder por isto aí. E eu fico preocupado com esta mesa de diálogo, onde está o 1273

cacique Babau ameaçado, onde está a Cacique Valdelice ameaçada, onde está o Cacique 1274

Valter ameaçado, certo, e sentar com estes latifundiários para ter uma negociação. Eu me 1275

preocupo com isto. E outra coisa presidenta Guta, na visita lá na região, por exemplo, eu 1276

passei e até para mim tirar um documento para entregar ao coordenador da FUNAI eu tive 1277

que comprar papel para tirar um documento para passar para dar entrada, então a situação 1278

que está e eu declaro senhor Ministro eu fui vítima ontem, quando a gente vai entrar na nossa 1279

casa para cobrar o nosso direito vem a polícia com suas, seus produtos químicos, hoje eu 1280

estou aqui meio ruim, doente, recebi ontem aí no congresso, né, spray de pimenta nos olhos, 1281

onde teve pessoas nossas que passou mal, onde acho que o senhor enxergou aquela agressão 1282

lá na casa da presidenta, onde pegaram o índio e derrubaram, pessoas que não é preparado lá 1283

para dar segurança e aí eu vejo que a gente tem que ficar calado, ouvindo este discurso todo e 1284

dizer que a situação está boa. Senhor Ministro é o seguinte, nós falamos aqui nesta reunião, 1285

nas outras reuniões nós falamos, que nós íamos dar o nosso recado, estamos dando, o mundo 1286

inteiro aí, na sua casa fazendo a sua movimentação e vamos sair daqui com uma resposta, nós 1287

queremos uma decisão. Eu sinceramente e meus parentes concordam, o levantamento das 1288

terras indígenas está aí. Já foi apresentado em outra reunião o que está faltando é ter pulso 1289

para o governo decidir. Na outra, no outro levantamento que a FUNAI fez aí estava as terras 1290

da Bahia. Hoje já tem outro levantamento que as terras da Bahia não estão existindo mais. 1291

Então eu queria entender mesmo o que está acontecendo? O que mesmo está havendo? Nós 1292

vamos estar aqui sentando direto, ouvindo este mesmo discurso, este mesmo diálogo e 1293

sabendo que a situação está acontecendo. Então eu acho senhor Ministro que eu acho que a 1294

gente primeiro tem que resolver a questão da terra dele tem que resolver a questão da saúde, 1295

porque nós queremos saúde de qualidade, e botar respeito lá na região. Os carros do governo 1296

para voltar a funcionar e dar o atendimento à comunidade. Espero também o exemplo, senhor 1297

Ministro, que votem o trabalho do território do povo Pataxó, porque foi uma luta da 1298

APOINME na região. Foi suspendido e outro (incompreendido) então eu quero que tenha um 1299

levantamento, mas um levantamento franco, claro, porque não venha dizer que é o conflito 1300

de indígena com pequeno produtor não, está sendo é com pistoleiro, que mata o índio, que 1301

derrama o sangue do índio, e que ganha o dinheiro do grande fundiário para estar lá 1302

acabando. Então eu acho que eu mesmo discordo de algumas colocações aqui meus parentes. 1303

A situação na Bahia não está boa não. E vai continuar a mobilização lá. Porque tem que 1304

tomar alguma decisão e tem que ver a questão lá dos Pataxó e Tupinambá. Muito obrigado. 1305

1306 Maria Augusta B. Assirati: - Pessoal o seguinte, a gente tinha uma lista de inscrições e os 1307

Ministros fizeram falas e vocês estão pedindo para se manifestar em cima das falas. Então só 1308

para a gente se organizar aqui. Para falar em cima do que os Ministros falaram e foi pedido o 1309

Titiah, o Lourenço e o Saulo. Você está inscrito Peralta? Capitão quer falar? Ah ta, quem tem 1310

questão de ordem, o Lourenço pediu. Fala Saulo, questão de ordem. 1311

1312 Capitão Potiguara: - Capitão Potiguara leste nordeste. Questão de ordem. Porque nós fomos 1313

provocados na fala do Ministro. Então por isto nós justamente voltamos e fomos 1314

contemplados na fala do nosso presidente da APOINME, mas quando os Ministros 1315

começaram a responder nós fomos provocados e não tem com a gente não voltar para fazer 1316

inscrição aqui. 1317

1318 Maria Augusta B. Assirati: - Claro, claro, por isto que a gente está falando. Eu só estou 1319

consultando vocês em relação às inscrições que já tinham sido feitas previas a fala do 1320

Ministro, que tinha para falar, o próprio Titiah estava inscrito o Peralta, Dourado, Toya, 1321

Marquinhos, Marcos Tupã e a professora Chiquinha, o Saulo acho que pediu só para esta 1322

questão de ordem, e tinham mais alguns inscritos aqui que agora eu me confundi, mas depois 1323

eu... Então é o seguinte gente, a pergunta é, será que a gente abre para as falas em relação ao 1324

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que o Ministro colocou, os Ministros colocaram ou a gente segue a lista de inscrições para 1325

quem já estava inscrito poder falar e depois abrir para outras falas, esta é a minha pergunta. 1326

1327 Maria Augusta B. Assirati: - Perfeito, então se a gente seguir a lista que estava colocada eu 1328

vou te inscrever aqui Capitão, o próximo a falar é o Anastácio. Não é o Anastácio, porque 1329

nós vamos seguir a lista que já estava colocada e vamos inscrever vou te colocar lá no fim, ta 1330

bom Lourenço? Então vou tentar organizar aqui quem está inscrito, vou tentar ver quem eu 1331

não inscrevi para colocar para todo mundo ter oportunidade de fala. Fala Saulo. 1332

1333 Saulo Ferreira Feitosa: - Questão de ordem deveria ter prioridade, uma sugestão bem 1334

rápida. É sobre este conflito da Bahia. Acho que o Ministro colocou a preocupação e se 1335

quiser constar aqui a minha proposta era que se há este problema que o Cacique Zeca se 1336

reunisse e buscasse a solução, a desobstrução da via. Porque se está propondo a mesa de 1337

diálogo e aqui tem um caso concreto e o Ministro colocou a gravidade da situação, e a minha 1338

sugestão é que antes do Ministro sair, o cacique Zeca se dispõe a conversar para negociar a 1339

solução, se o Ministro vai sair, pode deixar alguém. Bom, esta é uma proposta. 1340

1341 Ministro José Eduardo: - Só uma observação, eu hoje falando com o pessoal que estava lá 1342

no canto, eu falei que eu manifestava o desejo de receber o pessoal da Bahia a semana que 1343

vem, ta, justamente para propor diálogo e tentar ouvir o que está acontecendo, porque eu ouvi 1344

os produtores na semana passada. Os índios eu gostaria de ouvir também. Especificamente. 1345

A proposta que eu faço é ouvir os índios e eu quero propor esta mesa lá com rapidez. Eu 1346

recebo o governador Jacques Vagner terça feira, eu propus uma reunião com o Jacques 1347

Vagner para discutir esta questão na terça-feira. É a proposta que eu faço. 1348

1349 Saulo Ferreira Feitosa: - Agora a outra é do encaminhamento rápido da desobstrução da 1350

rodovia a minha proposta aqui, só Guta e depois sobre esta questão que o Ministro trouxe da 1351

regulamentação, acho que é do Parágrafo 6º, você se referiu ao 4º, eu depois posso historiar, 1352

porque já tem uma proposta do movimento indígena e que é antiga e como eu sou um dos 1353

mais velhos poderia ser retomada. 1354

1355 Maria Augusta B. Assirati: - Eu só queria me posicionar assim, já que a gente está fazendo 1356

questões do ordem também em relação a esta proposta de grupo de trabalho, fazer uma fala 1357

também como FUNAI, que a despeito para a gente viabilizar qualquer grupo de trabalho para 1358

se concentrar, enfim nos assuntos mais específicos que a CNPI priorize para discutir, mas 1359

queria reforçar que fui bastante contemplada na fala do Marcos no sentido de que nós 1360

fizemos o trabalho em conjunto, a bancada de governo, a bancada indígena e a bancada 1361

indigenista e propusemos uma metodologia para esta discussão. Então eu acho que antes de 1362

avaliarmos esta proposta de criação de grupo de trabalho podíamos retomar aquela 1363

metodologia e ressaltar também que entre uma CNPI e outra, nós da FUNAI estamos 1364

plenamente disponíveis para fazer todo este trabalho que seja preciso e que eventualmente 1365

até não demandem reuniões presenciais, porque nós mesmos podemos como o Marquinhos 1366

colocou, e como fizemos no intervalo entre a ultima CNPI e esta teve este trabalho tá? Então 1367

gente vai retomar a lista que a gente tinha discussões aqui. 1368

1369 Deoclides de Paula: - Só uma questão de ordem Presidenta. A questão é que foi feito um 1370

acordo a 20, 30 dias no estado do Rio Grande do Sul e eu queria que o Ministro respondesse 1371

esta questão, porque até agora eu não vi nada aqui, né, porque eu tenho uma questão dos 1372

Guaranis, tem 222 hectares, então pense bem no que a gente está pensando nisto, 222 1373

hectares para os Guaranis que tem um morador em cima, um morador que inclusive a terra é 1374

arrendada, então eu queria ver, como é que... 1375

1376 Maria Augusta B. Assirati: - Está registrada aqui a questão de ordem, é um pedido para que 1377

o Ministro se manifeste sobre o acordo e vamos tentar seguir a lista para a gente poder 1378

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utilizar o tempo para ele também poder responder estas questões que estão sendo posta. 1379

Daniel a sua é questão de ordem ou é inscrição para fala? Entendi. Já está seu nome aqui, 1380

desculpa. Anastácio Peralta Mato Grosso do Sul, Guarani Kaiowá. Por favor, com a palavra. 1381

1382 Anastácio Peralta: - Boa tarde. Meu nome é Anastácio Peralta, Guarani Kaiowá, Mato 1383

Grosso do Sul. Eu fico bastante preocupado quando esta ida e vinda sem resolver o problema 1384

da terra. Sendo que tem educação, tem saúde e tem agricultura e tem um punhado de coisas 1385

que a gente precisa também tocar para frente né. E a gente vem, já estou na terceira vez que a 1386

gente vem aqui para falar sobre terra, estou em uma comissão também sobre o Mato Grosso 1387

do Sul, e fico bastante preocupado toda vez que venho aqui fica na mesma coisa, né? E a 1388

gente é cobrada pelas lideranças e principalmente quem está lá na base, né, quem está na 1389

beira da estrada, sofrendo, né, então eu acho que a gente tinha que dar uma adiantada nisto 1390

como resolver? Eu acho que tem muita coisa que dá para resolver, coisa assim, as portarias, 1391

as portarias não precisam de político, né, precisa de coragem de meter a caneta, né, acho que 1392

coragem vocês tem, né, então a gente precisa também encorajar as pessoas, então a gente 1393

sabe que tem adversários que é o Congresso Nacional, que é o Senado, dentro do governo 1394

deve ter bastante gente também adversário nosso, mas pegar os que têm o Ministro Gilberto, 1395

Ministro José Cardozo, pegar estas pessoas aliadas e vamos enfrentar estas coisas. Eu tenho 1396

certeza que eles não vão acabar com nós tudo, principalmente os indígenas não conseguiram 1397

matar nestes 500 anos, agora é que não vai conseguir mesmo, porque agora tem lei, tem a 1398

justiça, tem Ministro que está a nosso favor tem alguns Deputados. Então nós temos que criar 1399

a coragem de enfrentar, né. E a caneta não precisa tremer a caneta, faz uma reza dos 1400

rezadores aí de criar coragem, né, o Brasil precisa de homens e pessoas corajosas para 1401

enfrentar este latifúndio. Se não nós vamos continuar mais 500 anos e não vai demarcar um 1402

palmo de terra, porque o dia que a gente for discutir as coisas, estas emendas tem que ser do 1403

jeito deles, não vai ser do jeito nosso não, porque o estudo que eu já venho fazendo e 1404

pensando que agora não é mais os estrangeiros que vai invadir as terras indígenas, é os 1405

próprios latifundiários invadindo as terras indígenas. Então a gente tem que começar a 1406

enfrentar este pessoal. Outra coisa que eu achei bastante importante eu estive na reunião do 1407

Conselho Federal, eles estão dispostos a fazer a reforma política. Porque a política que a 1408

gente tem no Brasil é feito para o boi, para a cana, banqueiro e para grandes empresários, não 1409

é feita para índio e nem pobre. Então a gente precisa ter coragem de enfrentar este pessoal 1410

que está aí que dorme com boi, dorme com a vaca, então a gente precisa enfrentar este povo 1411

aí. E agora o governo também precisa dar espaço para nós para nós lutar para enfrentar este 1412

pessoal, porque eles nunca vão dar espaço para nós. Que nem um colega meu falou, política 1413

não tem cadeira dada, você tem que tomar de alguém para sentar. E às vezes a gente tem que 1414

enfrentar este pessoal, porque as terras nossas nunca vai ser demarcada, porque alguém deu, 1415

o governo deu, vai ter que enfrentar. Outra coisa a gente está com 1.400 indígenas aqui, 1416

parentes de várias etnias, a gente não conseguiu ver aqui assinar uma portaria, e precisava 1417

pelo menos mostrar que o senhor tem interesse, o governo tem interesse de pelo menos ter 1418

coragem, pelo menos uma portaria que nós assinasse, pode ser qualquer terra, para moralizar 1419

um pouco principalmente a questão indígena. Então a gente precisa ter coragem. Eu sempre 1420

falo que para ser liderança tem que ter coragem. Para ser governo, estar no governo tem que 1421

ter coragem, porque o governo não é, talvez a gente discursa em nome da pobreza, mas na 1422

hora de administrar administra para o rico. Não é do pobre. Nós temos que ter coragem de 1423

enfrentar este povo, porque eles também não é mais que a gente não tem vida igual mesmo a 1424

gente, agora precisa também inteligência para enfrentar isto. E os Guarani estão na beira da 1425

estrada sofrendo, o mês de setembro eles, pela terra, porque não tinha mais jeito de ficar na 1426

beira da estrada, porque se não é pistoleiro que mata, é carro que tomba, então morrer por 1427

morrer vamos morrer lutando, né? O que é mais importante? Então eu vejo assim que precisa 1428

pelo menos mostrar daqui para amanhã alguém assinar alguma coisa aí de terra, porque a 1429

gente está aqui a única coisa que eu vi de importante foi encarar a 215, mas tem várias outras 1430

PEC aí que prejudicam a gente, talvez até a nossa que estamos pensando em fazer acaba 1431

prejudicando a gente, era isto. Muito obrigado. 1432

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1433 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Peralta. Titiah, você está no próximo inscrito. Hoje a 1434

Bahia está aqui... 1435

Uilton Tuxá: - Senhor Ministro me perdoe. Não me leve a mal. Mas concordo plenamente 1436

com o parente. É preciso as portarias, elas estão prontas, está na sua mesa. Não se ofenda, 1437

mas eu quero lhe presentear eu quero lhe dar uma caneta, porque se faltar caneta para o 1438

senhor assinar, está aqui. 1439

1440 Luiz Vieira Titiah: - Guta, por questão de ordem eu queria que tu desse um minutinho para 1441

o cacique Zeca que ele tem uma informação agora, gravíssima lá da Bahia. Ele precisa que o 1442

Ministro ligue agora lá, porque tem confronto lá na Bahia. 1443

1444 Maria Augusta B. Assirati: - Por favor, Zeca Pataxó, com a palavra ele quer dar um 1445

informe sobre a Bahia. 1446

1447 Zeca Pataxó: - Boa tarde a todos. Boa tarde senhor Ministro. 1448

1449 Ministro Eduardo Cardozo: - Olha, eu tenho compromisso aqui. Vou tentar conciliar ao 1450

máximo e parece que é uma proposta já mais ou menos acertada, na quarta-feira às 15h para 1451

conversar com o pessoal da Bahia. Na terça com o governador Jacques, Chinaglia e vou 1452

marcar uma ida minha à região. Eu vou fazer e me comprometo que esta será a caneta usada 1453

para assinar qualquer das portarias da Bahia. 1454

1455 Zeca Pataxó: - Eu queria agradecer a todos os parentes aí que me deu esta oportunidade, 1456

senhora presidente obrigado também pela oportunidade. Eu como cacique da aldeia Coroa 1457

Vermelha e coordenador do movimento indígena da Bahia, MIBA, nós estamos com o nosso 1458

Presidente do Conselho de Caciques Pataxó que é o Alfredo Santana. Senhor Ministro, a 1459

situação lá realmente é grave. Estão ligando aqui a cada segundo, ligando para mim a 1460

situação. O que eles estão querendo agora e pediu para mim é trazer este recado ao senhor, é 1461

que eles querem simplesmente a gente faça a ligação e bota no viva voz e fala com eles para 1462

que a gente possa ter uma tranqüilidade maior. Isto é uma preocupação nossa e o senhor já 1463

nos recebeu da outra vez... 1464

1465 Ministro José Eduardo: - Pode fazer que eu falo agora. 1466

1467 Zeca Pataxó: - E o outro assunto é o seguinte, quando o senhor vai receber quarta-feira não é 1468

o povo Pataxó, é o Tupinambá na Bahia, sobre a relação de Olivença e daquela região toda 1469

lá. Nós da Bahia o senhor sabe que é vários povos, né. E nós Pataxó estamos lá no território 1470

Barra Velha que está na mesa do senhor só pra assinar que ficou aquele acerto com o ICMbio 1471

com a FUNAI, já foi feito e está lá e temos também a área de Juerana e Aroeira que o senhor 1472

já assinou, mas não teve ainda aquisição de terra ainda para, a FUNAI não pagou ainda estas 1473

demandas, a aldeia Juerana e Aroeira que o Ministro já assinou aqui em abril do ano passado 1474

e até agora não foi pago aos proprietários ainda para sair da área. Senhor Ministro, 1475

rapidamente aproveitando, não quero tomar o tempo de vocês, mas dizer um pouco da 1476

situação, acho que o senhor recebeu aí o documento que fala de todo relatório da atual 1477

situação das terras indígenas nossa lá, e neste relatório a gente está falando da FUNAI, 1478

falando da saúde e da educação. Em relação a FUNAI eu queria colocar também 1479

aproveitando esta oportunidade que é única aqui, com o Ministro e a Presidenta da FUNAI e 1480

o Ministro da Presidência é que a FUNAI na nossa região lá está fracassada. Não temos nada, 1481

a FUNAI está acabada, não tem acompanhado os interesses das comunidades e desculpa falar 1482

aqui parente, é bom falar isto aqui onde está as maiores autoridades do nosso país em relação 1483

a FUNAI. A FUNAI colocou um coordenador lá que tem dividido as comunidades indígenas 1484

la. Nós não precisamos de pessoas para dividir as nossas comunidades. Nós queremos um 1485

coordenador que trabalhe e que lute para desenvolver uma ação coletiva, isto que a gente 1486

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quer. E a CTL além de ter 3 funcionários só o coordenador está tirando os funcionários desta 1487

CTL e trazendo para a sede e deixando só o chefe da CTL no local e não acompanha na 1488

Polícia Federal as audiências, não acompanha os índios às vezes quando vai preso, a FUNAI 1489

está sendo um descaso na nossa região no sul da Bahia que é em Eunápolis a FUNAI. Senhor 1490

Ministro, eu gostaria que o senhor tomasse providências, o documento que está aí está 1491

dizendo todas as autoridades, todos os caciques já assinou e eu queria que o senhor pudesse 1492

nesse momento dar uma resposta em cima da situação do coordenador junto com a 1493

Presidente da FUNAI. Eu vou fazer a ligação e se o senhor puder eu agradeço. Muito 1494

obrigado a todos. 1495

1496 Ministro José Eduardo: - Antes de você fazer a ligação eu só vou fazer uma sugestão a 1497

você, eu vou na quarta-feira então receber os Pataxó, ah, os Tupinambá, ta, então eu vou 1498

receber os Tupinambá, tem razão, aí eu vou combinar o seguinte, na terça-feira recebo o 1499

governador Jacques Vagner e vou marcar uma ida minha a Bahia, claro vou marcar uma ida 1500

minha a Bahia e vou ver qual a região que é melhor, eu vou com a presidenta da FUNAI lá e 1501

nós vamos ouvir vocês lá. Eu quero ouvir, eu quero entender. Porque eu tenho recebido 1502

informações muito desencontradas para ser franco e eu não quero errar, ta. Então eu quero ir 1503

a Bahia, eu falo muito com o governador, o governador é um cara sensível, Jacques Vagner é 1504

um companheiro, ele sempre teve ao lado das causas indígenas, vocês sabem disso, aquela 1505

questão dos Pataxó hã hã hãe ali ele foi um cara que desde o inicio estava do lado da briga, o 1506

Supremo demorou 70 anos para dar a decisão, está certo? Então eu falo agora com o pessoal, 1507

terça-feira eu me reúno com Jacques Vagner para entender algumas questões, na quarta-feira 1508

eu recebo o pessoal dos Tupinambá e já na terça-feira combino com Jacques Vagner uma ida 1509

minha a Bahia. Para começar a minha ida tem uma finalidade, vou deixar bem claro, eu 1510

quero entender a situação e quero começar a organizar a mesa de diálogo, ta. Eu acho que só 1511

jeito que está acirrado aquilo lá não dá para fazer de cara a mesa de diálogo, porque a mesa 1512

de diálogo vai virar mesa de tiro, está certo? Então eu quero ouvir separadamente os 1513

produtores, entender a questão do companheiro que fugiu o nome dele, de verde que falou, eu 1514

me esqueci o nome dele, o de verde que ali falou, o Titiah, porque ele está falando que tem 1515

grandes produtores, até entender esta lógica e quero te ouvir depois com calma, está certo? 1516

Eu vou receber, eu recebi os pequenos aqui, pelo menos me disseram que eram pequenos, 1517

está certo? E vieram acompanhado de alguns parlamentares sérios e mais, pedindo cesta 1518

básica para pessoas que tinham sido tiradas de suas casa por pistoleiros que estariam a mando 1519

em tese de indígenas que não seriam indígenas. Me falaram isto. Eu fiquei muito 1520

impressionado, por isto eu preciso entender o que está acontecendo. Porque eles me passaram 1521

quadro que tem gente se infiltrando entre os índios que são bandidos e que não confundir 1522

com os caciques tradicionais. Os caciques são gente séria, os caciques são gente séria e etc, 1523

mas tem uns caras que estão usando o nome dos índios para fazer violência, tirar gente de 1524

casa. Eu não sei se isto é verdade, eu tenho que ouvir vocês, então, vamos lá, Bahia está 1525

pegando fogo lá, por isto que eu estou concentrando agora. Você faz a ligação, eu falo no 1526

viva voz, então Bahia fica projetado assim: terça o Governador, quarta os Tupinambá e a 1527

gente informa eu e a Presidenta da FUNAI vamos lá ou no final da semana que vem, ou no 1528

início da outra para a gente sentar com vocês, eu vou sentar com os pequenos, também quero 1529

ouvir, quero entender e o Governador vai destacar ou ele ou alguém para estar junto comigo 1530

ouvindo e preparando a mesa de diálogo. Eu vou dar prioridade a esta questão. 1531

1532 Zeca Pataxó: - Ótimo, eu gostaria que o senhor comunicasse ao cacique Uilton aqui a ida do 1533

senhor no dia, que ele, a gente se reúne lá e aguarda para que a gente resolve. Só não 1534

esquecendo Ministro o Gerson Cacique Pataxó e também vereador até do partido dos 1535

trabalhadores também lá do povo ele até me falou da preocupação do povo Pataxó Hã Hã 1536

Hãe que o Supremo Tribunal decidiu que a terra é indígena, como todos nós sabemos, mas a 1537

Justiça Federal de Ilhéus está dando liminar para tirar os índios de dentro das áreas. Itabuna e 1538

também até agora não foi tirado ainda da região, se o senhor pudesse também olhar com 1539

carinho... 1540

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1541 Ministro José Eduardo: - Reúna todas estas questões da Bahia. Eu vou passar o dia lá 1542

certo? Combinado? 1543

1544 Maria Augusta B. Assirati: - Dourado próximo inscrito. 1545

1546 Dourado Tapeba: - Bem, eu queria cumprimentar os senhores Ministros a presidenta da 1547

FUNAI e nosso representante que está na mesa, mas eu queria fazer um apelo e este apelo eu 1548

queria fazer citando o caso lá do Ceará que é do meu povo Tapeba, né a presidenta Guta teve 1549

a honra de estar lá no meu estado, né, presenciou nossa mobilização, teve mais de 600 índios 1550

lá no palácio do governador e recebeu 15 lideranças. Mas meu apelo que eu queria fazer 1551

Ministro, Ministro da Justiça, e presidenta da FUNAI para nos dar uma segurança que a 1552

portaria 303 não está em vigor, que é dando autonomia para que a presidenta da FUNAI 1553

possa estar assinando as portarias das demarcações das terras indígenas que já estão prontas e 1554

que estão prontas para assinar. Se quiser propor diálogo depois com os municípios, que faça 1555

após a publicação destas portarias, porque aí a gente vai ter a certeza realmente que esta 1556

portaria 303 não está em vigor, e aí que queria dizer que a reunião lá no Ceará ela foi uma 1557

reunião muito acirrada, teve muitas questões, teve momento em que houve mesmo uma 1558

vontade de sair da sala do governador, mas até que enfim a gente conseguiu chegar a um 1559

acordo, porque nós dissemos que não queríamos mais diminuição de terras. E isto na fala 1560

dele ele garantiu, a presidenta da FUNAI Maria Augusta ouviu, então a gente queria só fazer 1561

este apelo para que a portaria que fosse assinada, independente de estar conversando com 1562

Prefeito ou Governador. Era isto. 1563

1564 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigado. Toya. 1565

1566 Toya Manchineri: - Acho que é boa noite já, né. Meu nome é Toya Manchineri, sou do 1567

estado do Acre aqui na representação da coordenação das organizações indígenas da 1568

Amazônia brasileira. A minha fala no primeiro momento é reconhecer o trabalho que a 1569

FUNAI vem fazendo principalmente na, com a Guta a frente da presidência da FUNAI e 1570

nesta última semana que a FUNAI tem desempenhado, e contribuiu bastante com a questão 1571

indígena que já é uma obrigação, mas a equipe dela tem realmente trabalhado bastante, né. E 1572

também aqui agradecer também o apoio da ANSEF, que é a Associação dos Funcionários da 1573

FUNAI com relação ao movimento indígena e aqui lembrar também senhor Ministro 1574

Gilberto Carvalho, com relação aos 25 anos da Constituição, né. Em 1988 foi um ano 1575

bastante interessante onde o estado reconhece a questão dos direitos indígenas, né. Seu modo 1576

de organizar, sua cultura, né, e a questão da terra, né, que com relação ao decreto 1.775 de 1577

1996 às vezes eu fico pesando né, mudar o que naquele decreto, né, ou se não muda o 1578

decreto, mas acrescentar o que? Porque segundo o parágrafo 4° da Constituição do artigo 231 1579

é inalienável as terras indígenas, né? Então eu não sei como é que a gente poderia mudar um 1580

decreto que está na Constituição que seria uma emenda, que eu acho que nas próximas 1581

propostas que fosse colocado tanto pelo senhor Ministro como o Ministro Eduardo Cardozo, 1582

que se fosse mais claro com relação a estas modificações até para a gente realmente testar até 1583

que ponto pode ser modificado e que pode prejudicar a gente, né. Que só a partir de 1584

propostas mais concretas que poderá estar avaliando com relação ao parágrafo 4° do 231 da 1585

Constituinte. Com relação à convenção 169, né, acho que é um momento também bastante 1586

interessante, isto é uma opinião muito pessoal minha, aqui está nosso vice está nosso 1587

secretário da COIAB, um dos coordenadores, secretário da COIAB, né, mas eu acho que 1588

voltar a conversar sobre a convenção 169, acho que tem que propor do movimento indígena, 1589

né, e já foi apresentado através da APIB, são vários seminários que tem que ser discutido 1590

bastante, de nosso interesse voltar realmente conversar sobre isto, né, mas aí teria que ser 1591

uma vontade de todas as nossas organizações, porque nós estamos na representação das 1592

nossas organizações e portanto não podemos dizer que podemos continuar, há realmente 1593

interesse da nossa parte, e com relação ao que o governo demonstra agora, acho que isto dá 1594

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para conversar com nossos coordenadores. Outra situação que se cria, com relação aos 25 1595

anos da Constituição é o próprio espaço, o respeito em relação à população indígena, né, eu 1596

digo que é do estado ne, e durante 500 anos tentou calar os povos indígenas e muitos foram 1597

dizimados por ação do estado, mas como diz o Peralta, mas aqui nós estamos. Então eu acho 1598

que o século XXI é o momento do estado nestas pessoas que comandam o estado refletir. E 1599

aí partir para esta, este respeito mutuo entre a cultura vamos dizer ocidental e a cultura 1600

indígena, a cultura local, né. Que eu acho que onde há respeito há espaço para diálogo e 1601

desenvolvimento, para consensuar várias políticas que talvez venha beneficiar tanto o país 1602

chamado Brasil como a questão das suas populações indígenas. Porque como já se falou 1603

nossas lideranças mais as tradicionais, não somos contra a questão do desenvolvimento, mas 1604

precisamos criar regras, estabelecer regras, para que este processo possa caminhar na clareza, 1605

né. E na clareza significa os povos indígenas entendendo, né sobre todo este processo, para 1606

que a gente possa realmente ajudar contribuir mais com o crescimento do país. São as regras 1607

que são realmente estabelecidas. Obrigado. 1608

1609 Teresinha Maglia: - Obrigado Toya. O próximo inscrito é Marcos Tupã. 1610

1611 Marcos Tupã: - Boa tarde, boa noite, bancada indígena, bancada do governo. Primeiramente 1612

eu quero imensamente, com muito de coração parabenizar o povo indígena a mobilização 1613

indígena no Brasil. Repetindo, primeiramente quero agradecer e parabenizar a mobilização 1614

indígena no Brasil que esteve aqui durante estes 3 dias aqui nesta mobilização e que isto nos 1615

fortaleceu bastante nesta luta que estamos caminhando e com certeza nas bases e em outras 1616

regiões que estão se mobilizando com certeza isto nos fortaleceu e nos deu muita força para 1617

esta luta. Quero parabenizar de coração e que isto também me deu muita força e também 1618

aprender mais ainda nestas lutas. Eu sou um Guarani as nossas aldeias ficam na litorânea, na 1619

Mata Atlântica e faz parte da representação da comissão Guarani M’Byá, sou coordenador e 1620

estou aqui representando o nosso, primeiro dizer que as nossas terras no litoral, primeiro pela 1621

questão histórica da colonização ou da invasão, as nossas terras são pequenas, e muitas das 1622

terras ainda não sequer existe nos relatórios de estudos. Algumas terras já foram 1623

reconhecidas, mas nossas terras continuam sendo pequenas, muitos parentes nossos estão em 1624

rodovias, beira de estrada e eu quero citar um nome da aldeia que, por exemplo, o Morro dos 1625

Cavalos em Santa Catarina que está em processo de desintrusão, gostaria que este processo 1626

dê continuidade, tem uma aldeia no Cantagalo no Rio Grande do Sul que também não se teve 1627

nenhum apoio de trabalho reconhecido que parece que tem a portaria, mas a desintrusão. O 1628

Morro do Cavalo de Santa Catarina também que teve aquela discussão da desintrusão e que 1629

não deu continuidade e as terras indígenas na região de Joinvile que está com umas aldeias 1630

em que foi levantada a questão da demarcação física que também não se deu continuidade. E 1631

aí dentro deste contexto também nós temos a região de Guaíra que conforme planejamento da 1632

diretoria de assuntos fundiários, da equipe teria se criado GTs para se começar a discutir o 1633

levantamento de limitação e identificação da região de Guaíra que agora não temos resposta 1634

concreta, e solicitar mais uma vez aqui para vocês dizer que toda a vez que nós conversamos 1635

na FUNAI, sempre aquele discurso que não tem técnicos, que falta técnicos, então dentro 1636

deste contexto, solicito esta discussão mais ampla e também de fato assim do concurso 1637

público, como é que se encaminha esta questão importante para que mais técnicos venham 1638

trabalhar na questão da delimitação de criação dos GTs. Porque esse sempre é o nosso 1639

discurso e sempre é o discurso da FUNAI dizendo que não tem técnico para criar os GTs. 1640

Então reforço esta questão. Não vou me alongar nas conversas, mas é importante ter este 1641

diálogo, esta conversa com vocês, e olhar com carinho também a questão dos Guaranis de 1642

ampliar a faixa litorânea, que nós estamos, somos povos da Mata Atlântica. E tem os 1643

conflitos sobre as terras, sobreposições que são áreas de reservas, áreas de parque e que o 1644

Governo Federal tem que intermediar esta conversa junto com as partes para que, porque nós 1645

somos chamados de invasores nas nossas terras, nas nossas comunidades, nos nossos estados 1646

e nós mesmo assim nós não vamos parar de lutar, nós vamos sempre lutar para defender, para 1647

que nosso direito, nossas terras sejam reconhecidas. Isto em nome deste povo Guarani, da 1648

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comissão Guarani a certeza que eu falo em nome destas terras, principalmente a questão de 1649

Guaíra que é uma questão emergencial para os Guarani na região, estas terras que eu citei 1650

aqui de Cantagalo e Santa Catarina, Joinvile, precisa ter esta atenção imediata da FUNAI. 1651

Outras terras que estão com certeza já está trabalhando a FUNAI na questão dos GTs e 1652

indicação de delimitação e que este trabalho continue. Obrigado. 1653

1654 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Marcos, o próximo Sandro Tuxá. 1655

1656 Sandro Tuxá: - Bem, Sandro Tuxá pela região leste-nordeste da área da APOINME. 1657

Presidenta, nosso Ministro Gilberto Carvalho. Eu fico eu estava comentando agora a pouco 1658

com os parentes ali fora, que é muito oportuna, realmente é muito oportuna a fala do senhor 1659

Ministro, junto com o Ministro Eduardo Cardozo quando trás para, aqui diante da CNPI os 1660

problemas que o governo vem enfrentando. É aquilo que a fala do Uilton tenta trazer, que 1661

realmente tenha esta mesa de diálogo que cada qual fala das dificuldades a serem superadas, 1662

dos problemas e tenta combatê-los e tenta seguir adiante. Eu realmente na fala do Ministro 1663

somado à fala do Ministro Cardozo que realmente há muitas coisas a serem superadas e que 1664

realmente há problemas que o governo enfrenta. Com tudo nós estamos desde salvo engano, 1665

2006 salvo engano, o nosso presidente Luis Inácio Lula da Silva baixou o decreto de criação 1666

da Comissão Nacional de Política Indigenista, mas só em 2007, salvo engano também aí, que 1667

ela pode ser efetivada porque teve problemas nas regiões, de lá uma das comissões que mais 1668

se despontou a fazer os seus trabalhos e aí eu acho que estavam era o Marquinhos Xukuru, 1669

estava o Saulo, Caboquinho, não sei, o Gilberto Azanha, Capitão, sobre a criação de nosso 1670

Conselho Nacional de Política Indigenista. De lá para cá teve uma série de questões que 1671

motivaram a criação deste conselho e a necessidade dele, diante dos números de processos 1672

que estavam a tramitar no Congresso teve espaço que deliberava sobre tudo aquilo que 1673

tivesse que ser feito em nome da temática indígena, em nome da política indigenista. O 1674

Presidente Luis Inácio Lula da Silva tentou fazer isto através do decreto, provisória, acho que 1675

em 2010, né, fomos 2010, é história isto já, né? E acabou que não aconteceu, tivemos muitos 1676

entraves, muitas coisa a concorrer já tinha tensões dentro do Congresso, mas o que parece é 1677

que nunca para estas questões vamos ter um ambiente favorável, totalmente favorável a 1678

temática indígena. Agora ao que parece às questões se acirram, nós tivemos senhor Ministro 1679

Gilberto Carvalho, inúmeros momentos que nos mantiveram nos moveram a estar presentes 1680

dentro da CNPI acreditando que ela realmente seria um espaço transformador e que ela 1681

poderia agregar as nossas lutas assim como sanar algumas dificuldades do governo. E por 1682

isto nos fizemos presentes. Só em 2011, 2012 que a gente teve a suspensão do nosso trabalho 1683

mediante justamente por conta de algumas portarias e medidas provisórias baixadas pelo 1684

Governo e Congresso. De lá para cá resolvidas as questões e com o movimento nacional, 1685

com as nossas organizações de base, COIAB, APOINME, ARPINSUL, ATIGUAÇU e 1686

muitas outras organizações, que nós entendemos que a CNPI é um espaço de interlocução 1687

muito importante. E conversando assim muito particularmente com o nosso cacique Raoni 1688

ele falou para todo mundo, na plenária de nosso acampamento terra livre que diz, não pode 1689

esgotar diálogo. Nós queremos vocês conversando e de alguma maneira nos trás uma certa 1690

confiança, nos passa uma certa confiança e uma certa responsabilidade, a partir que você tem 1691

a confiança destes caciques, destas lideranças, sobre aquilo que estamos fazendo, sobre 1692

aquilo que nós estamos tentando conduzir aqui junto com o Governo. Uma das falas do Lula 1693

quando nos falou: se nós errar, erraremos juntos. Se nós acertarmos acertaremos juntos. E a 1694

fala aqui, voltando ao início da conversa, a fala do Ministro de dois Ministros né, somada a 1695

fala também da Guta que também compartilha do pensamento é de realmente conduzir com 1696

esta confiabilidade, ou seja, de nós pactuarmos aqui aquilo que pode ser pactuado. E nós 1697

entendemos que nós estamos abertos para isto senhor Ministro. Eu acredito que a Comissão 1698

Nacional, sobretudo voltada com o acampamento da mobilização nacional, que eu quero aqui 1699

em nome do nosso acampamento dizer que houve alguns excessos neste processo cometido 1700

por alguém ou por A ou B, mas o acampamento teve, tem um propósito e eu acho que este 1701

propósito é de atingir a sociedade como um todo que fique aqui registrado. Que devemos 1702

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respeitar a Constituição que devemos valorizar a Constituição neste seu aniversário dos 25 1703

anos e estas ações avassaladoras, tempestivas, antiindígenas que recai sobre os direitos 1704

indígenas, não representa só um rasgar da Constituição para os povos indígenas, mas para 1705

aquele que é pequeno, para todas as minorias, mostrar e eu acho que a mobilização indígena 1706

conseguiu fazer isto. Ela conseguiu trazer isto e conseguiu mostrar para o Brasil as coisas 1707

que o Congresso Nacional vem fazendo. Até porque, senhor Ministro, os ataques, ataques 1708

não, as nossas mobilizações não foram direcionadas à nossa Presidenta. Porque nós ainda 1709

acreditamos que ainda podemos progredir com ela e podemos superar apesar das inúmeras 1710

contradições como tão bem disse o cacique Uilton. O que eu quero dizer assim é nós 1711

acreditamos né, eu tive conversando com (incompreendido) senhor Ministro, presidente do 1712

ICMbio, que diz, olha, Gilberto Carvalho é uma pessoa de movimento, é uma pessoa que tem 1713

a sua, o seu momento dedicado a sua vida dedicada às lutas, mobilização social. E ele eu 1714

tenho certeza que ele poderá estreitar cada vez mais os laços com a Presidenta, de modo que 1715

eu na minha fala aqui para encerrar, porque todas as falas de mobilização já a maioria já 1716

foram ditas é preciso que realmente se efetive. É preciso que nós possamos criar realmente 1717

uma agenda positiva com a Presidenta Dilma. É preciso a Presidenta dizer para o movimento 1718

indígena o que ela pode fazer, é interessante o posicionamento da Presidenta frente 1719

(incompreendido) é muito oportuna, sobretudo esta nota técnica do Ministro. Mas a gente 1720

sabe das inúmeras outras que estão aí como já foram faladas, é preciso a Presidenta dizer 1721

junto com os nossos Ministros o que pode ser feito e onde nós possamos caminhar, porque aí 1722

sim vamos caminhar realmente para uma construção conjunta, e aí sim a gente vai realmente 1723

para o enfrentamento e eu acho que já é mais do que pertinente dar esta resposta à 1724

mobilização nacional, aos povos indígenas no sentido de criar o conselho. No sentido de 1725

dizer o que poderá ser feito a curto, médio e a longo prazo, porque aí sim a gente poderá 1726

trazer o equilíbrio que nós estamos precisando, porque o momento é de insegurança, é de 1727

insatisfação e agente não consegue ver as garantias que o governo pode repassar, então eu 1728

queria muito registrar na minha fala esta necessidade de ter um retorno Ministro, do 1729

Governo. Era isto que eu queria dizer. 1730

1731 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Sandro. O próximo é o Lourenço. 1732

1733 Lourenço Borges Milhomem: - Bom na verdade, boa noite, né para todos. Eu queria mais 1734

tocar na questão, mas foi tudo relatado, mas principalmente queria falar com o Ministro da 1735

Justiça referente à situação da saúde. Como que se (incompreendido) encontra para todo o 1736

Brasil. Primeiro na região da Amazônia né, eu estava conversando na entrevista e acabei me 1737

perdendo, mas eu queria dizer referente a saúde e pedir para o Ministro, sensibilizar o 1738

Ministro da Saúde, porque hoje com o movimento que aconteceu nós tivemos lá na casa 1739

pedindo uma audiência que o Ministro da Saúde estivesse ido lá para o acampamento. Para 1740

falar com todos os povos indígenas que ali se encontram, porque sabemos que tem territórios, 1741

mas a situação está cada vez mais piorando é a da saúde. Em todos os lugares e algumas 1742

demandas que nós recebemos então nós queremos que o Ministro vá lá, junto com o 1743

representante da SESAI, Dr. Antônio não está neste momento na saúde, mas tem 1744

representante a Bianca está aqui, tivemos esta agenda que sensibiliza o Ministro para estar 1745

indo amanhã, aproveitando a oportunidade de conversar com os povos indígenas que ali se 1746

encontra a frente do Ministério da Saúde, para que nós possamos repassar algumas demandas 1747

também e ele responder para nós qual o encaminhamento que vai tomar com a situação hoje 1748

que se encontra a saúde indígena no Brasil. Porque eu digo isto, porque nós recebemos agora 1749

as informações principalmente no estado do Maranhão que estão me ligando toda hora para 1750

saber o que foi resolvido (incompreendido) não só eles mas como exemplo de outros estados. 1751

Então eu escrevi mais para tocar. Como a gente está acompanhando diretamente a saúde, 1752

parte do conselho nacional e subcomissão, nós não podemos mais deixar esquecer, porque 1753

nós estamos buscando territórios, mas os indígenas estão morrendo em alguns lugares. 1754

Sabemos que isto está acontecendo. Temos diagnósticos de algumas regiões e não é só no 1755

estado do Maranhão, é em todo o Brasil, que os representantes estavam aqui e fomos lá para 1756

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realmente ouvir dele, tem SESAI, tem a Secretaria, mas as ações não estão acontecendo na 1757

base, felizmente eu quero mais uma vez frisar a situação hoje como, por exemplo, do 1758

Maranhão recentemente quero registrar as bancadas indígenas, a reunião que nós damos 1759

apoio para o Maranhão, para a gente exonerar o gestor, o gestor foi afastado, mas continua 1760

ontem exoneraram duas pessoas, assinando a saída dos servidores que está se propondo 1761

contra a situação que está acontecendo. Então passaram para a gente, encaminharam um 1762

documento que eu não consegui imprimir ainda, contra a situação do estado do Maranhão por 1763

parte da saúde. Então eu quero pedir para o Ministro assim sensibilizar, assim como acontece 1764

no Maranhão está acontecendo no Brasil. Tem uns lugares que está melhor, mas outros não. 1765

Então eu queria solicitar, sensibilizar o Ministro para que amanhã vá, pelo menos falar e 1766

dizer para os povos indígenas que se encontra que não é só um povo, são vários povos do 1767

Brasil que se encontram ali, uma oportunidade que nós estamos tendo hoje assim, estes dias 1768

uma mobilização e cobrar do governo, aproveitar a oportunidade que os Ministros vão lá e 1769

dizer realmente as ações que estão fazendo, principalmente a saúde e não esquecer da 1770

educação, mas assim, como eu estou acompanhando a saúde, perto, discutindo, estou neste 1771

momento solicitando o apoio do Ministro, (incompreendido) tem facilidade de conversar. Era 1772

isto que eu queria pedir para que realmente venha nos atender. Obrigado. 1773

1774 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Lourenço. Gente o Ministro está pedindo para sair e 1775

eu só queria o seguinte Ministro, a Chiquinha estava esperando o senhor... 1776

1777 Deoclides de Paula: - Questão de ordem presidenta. O senhor presidente não respondeu a 1778

minha pergunta do estado do Rio Grande do Sul. Porque hoje era até dia dois para o 1779

Ministério da Justiça, o Governo do Estado dar uma resposta para os Kaingang no Rio 1780

Grande do Sul, e não deu esta resposta e o pessoal está cobrando e então está se quebrando 1781

uma mesa de diálogo que não está sendo cumprida nem pelo estado e nem pelo Ministério da 1782

Justiça. 1783

1784 Maria Augusta B. Assirati: - Gente eu queria passar para a Chiquinha falar um minutinho. 1785

1786 Lindomar Santos Rodrigues: - Presidenta. Eu tenho uma pergunta rapidinho para o senhor 1787

Ministro pode responder. Nós estamos com uma delegação que também do estado de 1788

Alagoas e o povo gostaria de saber diante da situação que está travada no estado de Alagoas, 1789

qual é a posição do Ministro sabendo da questão houve a questão política no meio, o Renan 1790

no meio, o Collor, mas eu vejo que é questão do governo. Qual é o pessoal daqui esta 1791

querendo voltar para a base e conversar com suas comunidades para ver se há um 1792

entendimento, porque a coisa lá está ruim, a briga acirrou muito mais ainda com essa 1793

paralisação dos levantamentos fundiários. 1794

1795 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Lindomar. Chiquinha para a gente garantir aqui a 1796

palavra das mulheres, porque as mulheres hoje não falaram tanto. 1797

1798 Chiquinha: - Primeiramente Ministro eu quero antes de tudo fazer uma saudação a todas as 1799

lideranças aqui presentes. A liderança da minha região, lideranças do Mato Grosso e todas as 1800

demais lideranças deste país. Bom Ministro, mas o que eu quero falar é para o senhor. Mas é 1801

o seguinte, o que eu queria Ministro, de tudo o que nossos parentes já falaram, muitas coisas 1802

que eles já colocaram aqui a gente concorda plenamente. Mas tem questões assim que a gente 1803

precisa mesmo que eu fiquei preocupada, uma é entender um pouco, talvez a Guta vá falar 1804

depois dependendo do que o senhor colocar a ela é em relação a estas pactuações, estas 1805

questões da mesa de diálogo, da continuidade deste processo. E de todas estas questões eu 1806

acho que alguns encaminhamentos nós fizemos aqui, né, esta questão do grupo de trabalho 1807

que já existe, e muitos parentes já trabalharam, debruçaram nisto, né e em Mato Grosso eu fiz 1808

um levantamento e encontrei mais cinco problemas que vão estourar a qualquer momento. A 1809

Guta sabe do que eu estou falando, é coisa grande, pesada, não vou me relatar aqui, a Guta 1810

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sabe do que estou falando, o Marcelo também, porque eu já avisei o “balacubacu” que vai 1811

dar. Bom esta é uma coisa que depois eles podem sentar e conversar com o senhor. Mas eu 1812

queria pedir, diante deste contexto todo aí uma coisa que o senhor falou e que eu achei muito 1813

importante, esta questão mesmo da opinião pública. Eu acho muito importante isto, porque a 1814

opinião pública de fato ela tem que estar ao lado nosso dos povos originários desta terra. 1815

Deste país, então penso eu que é um momento agora da gente conclamar Ministro que isto 1816

aconteceu a uns 4 a 5 anos atrás, a nova Conferência Nacional de Política Indigenista. O 1817

Governo Dilma precisa dizer qual é a política indigenista que ela precisa? Que ela quer e qual 1818

é o pacto que ela tem com os povos indígenas? A Conferência Nacional não é de hoje que a 1819

gente está pedindo. E nesta Conferência é para juntar governo, sociedade, povos indígenas, 1820

nós queremos saber isto e a gente já pautou isto aí. Tem haver também com a própria 1821

convenção 169, então quer dizer, juntar todas estas políticas e fazer uma discussão mais 1822

profunda sobre isto. Esta é uma questão. Outra questão que eu queria é em relação a 1823

educação. Que é o meu forte e é a minha militância. Olha pelo amor de Deus Ministro, vou 1824

pedir só uma coisa para o senhor, marque uma audiência com o Ministro da Educação. É só 1825

isto que eu lhe peço, não peço mais nada. Marque uma audiência urgente com o Ministro da 1826

Educação. Para que ele venha aqui na CNPI e que ele nos ouça os segmentos da educação 1827

escolar indígena. A coisa está feia. A gente está muito triste com o que está acontecendo em 1828

todos os sentidos. Então a gente quer uma audiência com o Ministro, não aceitamos 1829

intermediários, queremos é sentar com ele, para ele saber o que está acontecendo, porque eu 1830

gostaria porque eu quero chamar também as pessoas, os indígenas dos segmentos que estão 1831

sendo prejudicados. Nós estamos tendo problemas na educação superior, que precisamos 1832

superar algumas questões, na questão da educação básica e muita coisa que está acontecendo 1833

nas aldeias, só vou contar uma só para o senhor ter idéia. Nós temos casos de professores 1834

indígenas que tem 3, 4 meses sem receber o salário. Só isto. 5, aí já falou cinco. Salário assim 1835

trabalha o professor indígena, está na aldeia e não recebe salário. Então é política que falta, é 1836

política, é atividade que necessita do MEC, é só isto que eu lhe peço Ministro. Era isto que 1837

eu queria. Muito obrigada e algumas já fui contemplada. 1838

1839 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Chiquinha. Lindomar não sei se depois você queria 1840

passar um recado do presidente Lula para o Ministro. Vai passar ou vai falar depois. 1841

1842 José Eduardo Cardozo: - Lindomar desculpa, mas o Gil vai ficar aqui. Se não eu vou perder 1843

meu avião. Estou quase subindo o rabo do avião já. Chiquinha eu vou te falar o seguinte, não 1844

é só o Mercadante que está devedor não, eu também estou devedor teu, porque você pediu 1845

uma audiência comigo e eu não marquei. Está certo? Então Marcelo, vou ficar de castigo na 1846

próxima, eu sei que sou devedor e não fiz. Marcelo marque a audiência com a Chiquinha 1847

para ela falar estas questões do Mato Grosso, ela já me falou da outra vez que ia dar 1848

problema e falei, vamos marcar e não marquei. Então vamos marcar e eu e o Gil vamos falar 1849

com o Mercadante para ele marcar esta audiência, está certo? Com relação a Conferência até 1850

também falei com o Gil, vamos dialogar no governo, mas eu acho uma questão interessante 1851

de se fazer também. Companheiro do Rio Grande do Sul, seguinte, o Gil pode dar até mais 1852

detalhes em relação a isto. O Rio Grande do Sul tem uma vantagem em relação aos outros 1853

estados. Ele tem um fundo criado por lei. O que agilizaria a solução proposta em relação a 1854

tentativa de acordo. Ali eu não vou dizer que houve quebra de negociação, porque nós nem 1855

sentamos na mesa juntos ainda. Eu estou sabendo. Eu estou sabendo que o estado entrou com 1856

uma ação contra a questão lá do Passo Grande da Forquilha. Estou sabendo disso e com 1857

relação a questão de Mato Preto que está contestando o laudo, ta. Por isto que eu até embasei 1858

uma mesa de conciliação, todo mundo junto, enquanto isto meu companheiro, ali estou com 1859

dificuldade de sentar todo mundo junto. Estamos conversando separados, ta. O que nós 1860

fizemos? O governo do estado passou alguns imóveis que nós estamos analisando para poder 1861

cumprir o acordo. Na hora que terminarmos este estudo nós vamos fazer, eu vou propor uma 1862

mesa lá para a gente tentar fazer um acordo. Eu tenho problema no Rio Grande do Sul 1863

objetivamente companheiro, dificuldade dos dois lados sentarem juntos. Estou com este 1864

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problema. Se não der para sentar vamos sentar com um separado, converso com outro 1865

separado. Converso com um separado, converso com outro separado. Acho que o Ministério 1866

Público tem que estar com a gente. Ministério Público tem que fazer qualquer acordo tem 1867

que estar com a gente. Está certo? Vamos tentar viabilizar isto. (incompreendido) Vou sentar, 1868

mas não consegui sentar ainda, o pequeno agricultor, não conseguimos sentar junto ainda. 1869

Não conseguimos sentar. Então eu não vou dizer que houve quebra de negociação, porque 1870

existe um esforço nosso para tentar (incompreendido) e neste momento não está parada as 1871

coisas. Estamos estudando as terras para verificar se pode viabilizar o acordo. Você tem, a 1872

nossa palavra está mantida, está andando. Alagoas, a situação de Palmeira dos Índios, eu 1873

conversei com o pessoal lá fora, na hora que eu estava falando com o pessoal da Bahia eu 1874

voltei e falei rapidamente com eles, o que eu combinei? Combinei que o pessoal da Bahia, 1875

reunião quarta feira Jacques Vagner na terça e a minha ida com a Guta, se o Gil quiser fazer 1876

companhia será bem vindo se ele puder também, para a gente ir até a Bahia, ou final da 1877

semana que vem ou semana que vem, na Bahia, enquanto eu for para Bahia, Marcelo Veiga 1878

que é este assessor no mesmo dia se der já vai para Alagoas, Palmeira dos Índios para a 1879

minha ida que é o próximo lugar que eu vou. Eu quero sentar com os parlamentares que estão 1880

querendo entrar com ação na justiça para parar e etc, pra ver se a gente faz uma conciliação. 1881

Este é o entendimento que eu quero ver se eu faço lá, quero colocar o prefeito o Governador 1882

Teotônio Vilela, os três Senadores que estavam e que me procuraram, os Deputados que me 1883

procuraram, e entender a situação e tentar fazer uma pactuação. Está certo? Porque ali, 1884

esqueci de avisar também e acho que é preferível evitar a judicialização e tentar ver se a 1885

gente tem um entendimento, se não tiver entendimento paciência, o barco vai ter que seguir, 1886

a vida continua, mas vamos tentar o entendimento ao máximo, está certo? Peço desculpas a 1887

vocês, senão não vou conseguir chegar na Argentina amanhã e vai ser um fiasco para o 1888

Brasil. Vai ser uma vergonha. 1889

1890 Daniel Pierri: - Boa noite a todos. Também queria saudar a todos os guerreiros e guerreiras 1891

que estão se mobilizando esta semana tão importante e difícil e eu queria só falar uma frase, 1892

um comentário sobre o que aconteceu antes que tem um caráter simbólico, que tem muito 1893

haver com um assunto bem importante que eu queria tratar aqui e que acho que é importante 1894

falar na presença do Ministro Gilberto Carvalho que também cumprimento. A gente teve 1895

duas imagens muito fortes das manifestações de ontem. Uma que me chocou foi a agressão 1896

que os indígenas sofreram no Congresso Nacional, com gás de pimenta, com tudo isto que 1897

aconteceu e do outro lado também teve uma manifestação dos Guarani lá em São Paulo que 1898

teve uma imagem muito bonita dos Guaranis ocupando o monumento das bandeiras, que é 1899

um monumento que os grandes assassinos dos indígenas deste país, os bandeirantes. E esta 1900

fala dos bandeirantes eu acho que ela vale para vários assuntos que foram tratados aqui, né. A 1901

sociedade brasileira, foi falado aqui de opinião pública, tenho orgulho dos assassinos de 1902

índios e isto tem que mudar. E isto é uma coisa que eu acho que é importante. Essa questão, 1903

outro mote que os Guarani colocaram nesta manifestação e que eu acho importante é que os 1904

bandeirantes estão aí ainda, né. Hoje os ruralistas que foram tão combatidos aqui nestas 1905

manifestações são a encarnação dos bandeirantes. Eles fazem coisas que os bandeirantes 1906

fizeram ou que gostariam de fazer e fizeram e só não fazem igual, porque a sociedade mudou 1907

um pouquinho. Só que não está só no Congresso, este espírito de bandeirantes, este assunto 1908

sério que eu gostaria de trazer aqui para a bancada. Acho que outra questão que tem muito 1909

haver com o que foi feito na história deste país, que é esta justificativa do progresso para 1910

dizimar populações tem haver com a questão dos empreendimentos, isto é outra coisa que 1911

tem o espírito dos bandeirantes. As hidrelétricas e tudo isto que o companheiro Uilton 1912

colocou aqui muito bem aqui no começo e a gente está discutindo, o Ministro falou bastante 1913

da convenção 169, da tentativa de regulamentar isto e eu queria colocar uma questão muito 1914

séria. Está em leilão agora pela Petrobrás 7 bacias para serem explorados petróleo e gás. Isto 1915

está em várias terras indígenas, isto afeta várias terras indígenas e isto está sendo feito sem 1916

nenhuma consulta e isto é um assunto muito sério. E um dos assuntos um dos lugares que 1917

está colocado neste leilão, a primeira leva deste leilão ela é para explorar gás de xisto na 1918

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bacia do Paraná. Gás de xisto é um tipo de exploração que acaba com qualquer lençol 1919

freático. A bacia do Paraná tem o aqüista do Guarani, é o maior reservatório subterrâneo de 1920

água do mundo. E o Ministro aqui falou da Itaipu e isto aí é pior do que Itaipu. Isto tem que 1921

ser tratado com muita seriedade, isto é um assunto muito sério que eu quero colocar aqui para 1922

toda a bancada, né. Além disto assim um ponto que é muito importante falar que tem também 1923

o espírito dos bandeirantes neste PLP 227 que é um assunto sério que foi colocado aqui, o 1924

Ministro falou do bode na sala, e a gente sabe muito bem, eu concordo muito com esta 1925

avaliação. Eu acho que a PEC 215 é um blefe dos ruralistas e o que eles querem é aprovar um 1926

projeto de lei, e eu queria cobrar aqui do governo uma postura formal da mesma forma que 1927

foi feita sobre a PEC 215 em relação ao PLP 227 e os outros (incompreendido) legislativos 1928

que tem este mesmo caráter, né. Enfim, acho que vou limitar minha fala neste assunto da 1929

questão do petróleo do gás que eu queria chamar a atenção de vocês. Os outros pontos que eu 1930

queria colocar já fui contemplado nas falas dos guerreiros e guerreiras que estão aqui. 1931

Obrigado. 1932

1933 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigado Daniel. Próximo inscrito é o Deoclides. Não está 1934

aqui? Então vamos passar para o Lindomar. Já falou né Lindomar? Já. Mário. Contemplado, 1935

próximo é o, Brasílio você está lá embaixo, vou chegar a você. Teresinha colocou aqui só 1936

Gavião. Heliton. 1937

1938 Heliton Gavião: - Acho que já é bom dia né. Boa noite. Desculpa aí. Bom acho que o 1939

Ministro, os dois Ministros falou com certeza assim não me convenceu ainda, desculpa falar 1940

isto ta cacique branco. Referente como o Ministro não está aí, eu queria falar diretamente 1941

para ele sobre a questão da regulamentação do artigo 231 que já foi falado por várias pessoas 1942

aí, mas eu quero assim acrescentar também esta questão referente a estes dois pontos. A 1943

questão da regulamentação do artigo 231 e também o 169 que foi falado também que tem 1944

esta proposta do governo para regulamentar ela. E o que eu quero dizer referente a isto, para 1945

nós também parente a gente está focando mais a questão do artigo 231 e a mudança dela para 1946

215, eu acho que tanto a PEC 215 também e a 1610, a portaria 303 vem tentar regulamentar 1947

de uma forma violenta o direito dos povos indígenas com certeza no meu entendimento. Aí 1948

onde eu quero dizer, pelo menos para os dois caciques brancos aí, uma cacique branca, 1949

referente à minha preocupação, o Ministro falou assim, né, disse que ele, o governo quer 1950

ouvir o movimento indígena, a liderança indígena, o posicionamento e decisão nossa 1951

referente a regulamentação. E onde eu quero colocar a minha preocupação Ministro, até o 1952

momento se você fizer a avaliação e aplicação de cumprimento deste artigo 231 pelo 1953

governo, pelo estado, também a 169 não foi aplicado nem 80% em cima dos direitos dos 1954

povos indígenas. Porque eu estou querendo dizer isto? Hoje se você fizer um balanço e 1955

análise do geral, a demarcação de terras indígenas e também direito originários que a 1956

Constituição Federal garante nunca fui respeitado, cumprido pelo estado, principalmente pelo 1957

governo. Mas ao mesmo tempo o governo até o momento não caiu a ficha na cabeça do 1958

governo de qual motivo que os povos indígenas sempre vem protestando, se mobilizando, 1959

contra este posicionamento do governo, esta política do governo que sempre vem violando os 1960

direitos constitucionais nos povos indígenas no Brasil. Então, cacique branco, eu quero dizer 1961

para vocês que nós não vamos abrir mão com a regulamentação do artigo 231. Nem 169, 1962

porque assim que o governo que são principal pessoas que tem poder da decisão da 1963

demarcação das terras indígenas, e decisão de outros direitos dos povos indígenas, enquanto 1964

não foi concluída ainda a demarcação no Brasil, nós não vamos abrir a mão para 1965

regulamentar este artigo 231. Nem 169 que seria, com certeza não poderia abrir mão. Se a 1966

gente levantar como foi falado referente à saúde indígena, é uma saúde mais doente do que 1967

saúde, na responsabilidade da SESAI. E a educação também. Mas como é que nós podemos 1968

abrir mão para regulamentar uma lei que até o momento não foi cumprido, não está sendo 1969

respeitado. Porque esta política que governo atual com certeza vem praticando é a política 1970

que está renascendo de novo que é uma política da ditadura militar com certeza. 1971

Retrocedendo os nossos direitos, violando uma coisa que foi conquistada com a maior luta, 1972

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né, esta é uma avaliação que eu faço perante uma política que nunca favorece e respeita os 1973

povos indígenas no Brasil. Muitas vezes nós somos vistos como índios bagunceiros. Como os 1974

parentes já falaram, onde nós estávamos tentando dialogar com o dono da casa, a casa do 1975

povo que é considerada o Congresso. Nós fomos impedidos, qual o motivo que está 1976

acontecendo este protesto no Brasil inteiro? Pelo descumprimento desta lei que o governo 1977

está querendo regulamentar. De uma coisa que até o momento não foi colocado na prática. 1978

Este programa que atenda o interesse das comunidades indígenas este poderia ser e oferecer a 1979

qualidade de atendimento como é a saúde e educação de mais programas. Este poderia ser 1980

uma forma de pagar esta dívida interna com o estado que os brancos devem para a população 1981

dos indígenas do Brasil. Mas em vez de sentir vergonha na cara, os brancos, o governo 1982

sempre vem violando, discriminando os indígenas. É questão muito preocupante para nós. 1983

Ainda fala que nós somos um entrave, ameaça do país, mas quem é ameaça do país é próprio 1984

governo, é próprio branco que governa este país que os povos indígenas governavam de uma 1985

forma justa, respeitando umas as outras. Esta é uma questão preocupante para mim, senhor 1986

Ministro. É uma questão muito preocupante mesmo. Eu tenho vergonha de ser o índio 1987

perante a sociedade que não respeita nós que somos os donos desta terra. Esta é a minha 1988

indignação perante este estado, este governo que se acha que é um país, né. Era somente isto. 1989

Obrigado. 1990

1991 Marivelton Baré: - Boa noite. Marivelton Baré do Amazonas, Rio Negro, conhecido mais 1992

como cabeça de cachorro. Várias questões que eu tinha colocado que foram contempladas 1993

com algumas falas, mas assim a gente vê que deixa na reunião anterior que a 8ª reunião 1994

extraordinária da CNPI que teve, na mesa de dialogo que se tentou forma, a gente viu que 1995

teve momento de embate, né, entre o governo e a bancada indígena. Certa forma na ocasião 1996

esta questão da terra indígena Tapeba, a gente subimos todo mundo para a sala do Ministro 1997

da Justiça lá para conversar, ali a gente já afirmou, né, que a mesa de diálogo é esta aqui e 1998

que a gente está composta, com os membros da CNPI e as lideranças que representam as 1999

organizações de base e hoje a gente vê que já chegaram mais razoável, mostrando mesmo e 2000

querendo diálogo, mas a gente vê que apesar de tudo isto a gente tem que nos articular muito 2001

mais politicamente, porque lá no congresso o outro lado lá está sempre mais forte. Conseguiu 2002

dominar, de uma auto avaliação, do ano que a CNPI parou isto teve uma conseqüência ruim. 2003

Eles conseguiram avançar (incompreendido) e aí vem estas outras questões das leis, da 215, 2004

PLP 227, se a gente for prestar atenção a gente vive ainda em um país que não respeita 2005

direito. O que devia se ter era defender e permanecer com os direitos de cada um. Seja o 2006

índio, quilombola, branco e qualquer outro que habita aqui este país que a gente chama de 2007

Brasil e que hoje a gente não vê isto. Para qualquer mudança, seja ela de lei ou qualquer 2008

canto que queira fazer é para melhorar, mas quando se trata dos direitos indígenas eles não 2009

pensam para melhorar. Pensam para acabar, para extinguir, isto que a gente 2010

(incompreendido) desta forma. Por estes hoje que são legislador e que estão lá e até então a 2011

gente flecha é para acertar, mas muitas das vezes a gente também erra, quando a questão da 2012

reestruturação da FUNAI, é um motivo de acertar, de avançar, enfim, tudo mais, mas por 2013

questões do próprio governo burocrático e ainda este ano com esta questão de 2014

contingenciamento de recursos, acaba ficando mais fraco, por exemplo, cada região ela tem 2015

suas especificidades de sua realidade, para nós na Coordenação Regional do Rio Negro. A 2016

gente tem conseguido avançar passo a passo, e a FOIRN junto com a CTL local começaram 2017

a implementar a discutir de forma paritária e fazer com que discuta aquilo em ação para a 2018

região, não atende tudo que é de necessidade, mas alguma coisa precisa fazer, e o grande 2019

problema hoje é no RH, falta realmente. Falta para poder funcionar as coordenações técnicas 2020

locais, o que depende disto? É a questão de recursos. Mas falando outra mais prática e 2021

concreta aqui teve presente a (incompreendido) espero que isto vá em frente se tenha 2022

coragem de dar esta canetada, por exemplo, Teresinha você que é assessora do Ministro, 2023

dizer para ele que nesta conjuntura que a gente discute e não tem problema onde não tem 2024

conflito de terra, por exemplo, lá no Rio Negro, 5 terras indígenas, 10,6 milhões de hectares. 2025

Dia 19 de abril saiu a TI Cué Cué Marabitanas, foi declarado, e dizer assim, porque não 2026

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homologar logo? Não se tem problema lá com relação a isto. Uma coisa que ali já está toda 2027

delimitada, não se vai ter trabalho algum, é só bater o martelo e registrar como bem da 2028

União. Nenhuma instituição contestou ali, nem o exercito, nem ICMbio, nem prefeitura, 2029

passou isto aí, esta fase, porque não homologar? Porque não mostrar que a gente está 2030

avançando? Para mostrar por outro lado o conflito a gente faz para valer. Este foi o recado 2031

que eu queria deixar para o Ministro, já que não deu tempo da gente falar isto para ele, mas 2032

se tome estas devidas providências, a gente sente aqui nesta mesa estamos é para somar, onde 2033

tem conflito e qual a forma da gente tentar resolver isto. A mesa de diálogo é posta, mas 2034

também que não fique só Ministro, o senhor Gilberto Carvalho e o Ministério da Justiça, mas 2035

que de fato se faça necessário também o Ministro da Saúde, o Ministro da Educação para a 2036

gente começar a conversar e pontuar, criar e propor uma política de fato que atenda os povos 2037

indígenas do Brasil, (incompreendido) pensar em alguns programas que custam vir a 2038

implementação. Hoje a gente tem um modelo discutido que a gente chama as escolas 2039

diferenciadas. A educação com a sua própria metodologia de ensino, então porque não pegar 2040

isto? Porque não tentar desburocratizar isto? Por outro lado a gente se torna fraco também 2041

porque a gente não tem representante dentro da Câmara Federal, o que também se começa a 2042

brigar por conta disto, porque não tem específico, porque não da vez mesmo para quem de 2043

fato para quem é dono Brasil, a 513 anos para quem chegou como invasor já vem fazendo 2044

errado, desde lá quando começaram a escravizar nossos ancestrais e até hoje continuam 2045

querendo fazer isto, com todo este retrocesso que estão querendo ter. 25 anos da constituinte 2046

onde estão assegurados os direitos indígenas não foram por que quiseram, foi por pressão, 2047

luta e reivindicação do movimento indígena e assim a gente faz até hoje aqui nesta mesa. 2048

Obrigado. 2049

2050 Marcelo Veiga: - Agora é a Simone e na fala da Simone a gente encerra as inscrições. 2051

2052 Simone Karipuna: - Obrigada. Simone Karipuna representante da COIAB representando o 2053

Amapá e norte do Pará. Eu queria fazer um pedido específico da minha região que é uma luta 2054

das minhas lideranças em relação a regularização das pistas de pouso que é o grande entrave 2055

onde tem a questão que é primordial porque sem a pista de pouso, não tem educação, não tem 2056

saúde e não tem política pública para dentro das comunidades indígenas. Eu queria pedir 2057

encarecidamente que vocês olhassem com carinho esta questão porque a maior luta da minha 2058

liderança nesta região é justamente na busca pelo direito de ir e vir. Eu queria também poder 2059

pedir para vocês em relação da implementação do comitê gestor da PNGATI. A gente tem aí, 2060

tem discutido e até então foi implementado e esta implementação seja também com recursos 2061

para que ele possa gerir e também possa pensar prazos para a efetivação da política nacional, 2062

só estes pontos que eu queria falar. Obrigada. 2063

2064 Crisanto Xavante: Boa noite para todos. Talvez eu vá um pouco contrário do que me 2065

antecederam. Primeiramente eu queria agradecer a presidente da FUNAI pela assinatura do 2066

nosso convênio, (incompreendido) com algumas contradições, mas eu não vou me 2067

aprofundar, mas quero agradecer, eu queria estar nesta subcomissão se tiver atividade, 2068

porque hoje eu acredito num provérbio popular que tem certas coisas vem para o bem, o mal 2069

que vem para o bem. Eu queria aqui só dizer para a bancada indígena da CNPI que não está 2070

na hora da gente falar sempre não, não, não. Quando a gente fala não é onde estamos se 2071

sujeitando sempre ser inferior. Parece que a gente não raciocina. Parece que a gente não olha 2072

para nosso futuro, futuro das nossas crianças. Parece a gente não tem estratégia, é esta a 2073

nossa atividade se depois tiver, eu agradeço a presidente muito obrigado, no momento em 2074

que nosso órgão indigenista passa seu papel de paternalismo, assistência paternalista, para 2075

assistência técnica, acho que está na hora de nós indígenas, nós povos indígenas discutir de 2076

fato nosso futuro, depois deste regime paternalista como vai ser as nossas comunidades que 2077

estão na aldeia. Nós que temos certa instrução escolar podemos sobreviver muito bem, mas 2078

tem muitos que estão na categoria índios isolados aqueles também que permanecem viver no 2079

fundo, então está na hora da gente pensar. Falando da FUNAI senhora presidente, estou 2080

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ouvindo tudo aqui, senhor Ministro, sobre a inoperância e ineficiência da FUNAI. A 2081

princípio nós movimento indígena fomos contra que permanecesse (incompreendido), mas 2082

vendo observando bem, ao longo do tempo o nosso órgão indigenista que ampara os povos 2083

indígenas não teve outra saída, nós temos que discutir, não podemos abandonar este barco. 2084

Nós temos que trabalhar ela, melhorar, porque ela que garanta, ela que é a nossa voz e 2085

representação dentro do governo. Então a gente tem que ter esta consciência. O que eu quero 2086

pedir senhora presidenta? Que estabeleça diálogo direto com os caciques Xavante para que a 2087

gente retoma imediatamente a nossa reestruturação, porque hoje CR de Barra do Garça não 2088

existe. A nossa FUNAI não existe. Em algum período foi quebrado a nossa organização 2089

social, o respeito pelas lideranças. Estou aproveitando este espaço para estar colocando por 2090

ser membro do CNPI eu estou sendo muito cobrado pelas lideranças tradicionais. Que 2091

bastamos o que vem sendo praticado recentemente, então peço diálogo direto da presidente 2092

da FUNAI com a comunidade Xavante e lideranças. Também deixar bem claro assim, nós 2093

não podemos negar, nós não podemos falar que não, e se for necessário a gente esgota. A 2094

gente senta, conversa, nós estamos lidando com a cultura européia, na nossa casa assim, os 2095

nossos anciões, todo segmento quando determina como somos povo (incompreendido) pouco 2096

tempo escrevemos, está tudo resolvido, problemas estamos lidando com outra cultura. Então 2097

é esta a minha opinião a convenção 169, se for necessário vamos conversar, vamos 2098

readequar, a gente quer é futuro das nossas crianças, dos nossos anciões, que estão em jogo. 2099

Então esta minha mensagem hoje quanto empreendimento nas terras indígenas, eu não vou 2100

falar todas. Eu estou vivendo este processo e meus parentes, meus irmãos podem estar 2101

contrários a mim, mas devemos aprofundar esta discussão, por exemplo, eu sou contra Belo 2102

Monte. As megas usinas. Eu sou contra PCHs que são implantados dentro do interior das 2103

nossas terras. Entre aspas as nossas terras, porque nós não temos registro sobre elas, terra da 2104

União. Então temos que pensar tudo isto. Quando se implanta senhor Ministro o senhor sabe 2105

muito bem, se implanta (incompreendido) dentro de terra indígena tem criar, não sei como dá 2106

nome, cria-se vilas e isto interfere também na nossa cultura, na nossa vivencia dia a dia. Mas 2107

eu sou a favor das PCHs a 40 quilômetros das nossas terras. De alguma maneira também que 2108

tem impacto que está fora da nossa terra, fisicamente está longe, e porque não com esta 2109

FUNAI fraca, desculpa a minha expressão, como bom Xavante eu falo assim mesmo, é outra 2110

forma que a gente busca a nossa sobrevivência, a FUNAI não é mais mãe, pai, sei lá, não dá 2111

mais cesta básica, não trata mais a gente como filho. Também por outro lado a FUNAI tem 2112

que ter consciência. Porque estão criando CTL. A FUNAI às vezes confunde o seu papel 2113

atual. Depois da sua reestruturação. Eles estão ali, os CTLs estão ali para apoiar, para dar 2114

suporte técnico para as nossas organizações, o que a gente vê hoje? CTL inoperante, vazio, se 2115

faz um concurso regime jurídico único, passa um ano e está tudo no litoral de tanto 2116

esvaziando a FUNAI, vai acontecer no SESAI, eu temo isto. Então está na hora da gente 2117

discutir, sentar com nossos parceiros do governo. Agradecer pela Maraiwatsédé, mas esta 2118

solidariedade, esta obrigação, estender a todas as etnias, é isto que eu peço para a vossa 2119

pessoa, senhor Ministro, então é isto que eu queria falar dia de hoje, não vou me alongar 2120

muito, porque nos outros assuntos já foi contemplado tudo o que está acontecendo nesta 2121

mobilização, os PLPs e PL que foram contemplados, então é minha fala no dia de hoje. 2122

Muito obrigado. 2123

2124 Brasílio Priprá: - Boa noite eu sou Brasílio Priprá. Eu gostaria de deixar um recado aqui, na 2125

verdade é o seguinte, quando se fala em grandes empreendimentos, é bom para a sociedade, 2126

muito bom para a sociedade, mas eu vou dar um exemplo, um empreendimento 30 anos 2127

dentro da terra indígena Xokleng. Sim, 30 anos, não estou falando 30 dias, 30 anos que não 2128

se resolve um problema, agora deu uma enchente lá como é de costume, eu estou falando 2129

agora, semana passada, não tem uma ponte para cruzar, para quem não sabe, para quem não 2130

sabe, esta barragem para contenção de cheia ela contempla um milhão de habitantes no Vale 2131

do Itajaí, a 30 anos protegendo este povo, integrando toda a terra Xokleng que era produtiva 2132

e inclusive agora, dia vinte e dois de setembro, que ano que vem vai fazer cem anos de 2133

contato, hoje coberto pela água, aluno não tem aula, os funcionários que trabalham em 2134

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empresa particular, perderam todos os empregos, porque as empresas não mandam buscar, a 2135

SESAI quebra a caminhonete lá, é da saúde, mas se protege um milhão de habitantes do Vale 2136

do Itajaí, Blumenau, Itajaí, Indaiá, aquela região toda ali, então precisa, senhor Gilberto 2137

Carvalho, aqui temendo que o senhor ia embora, mas o senhor precisa ouvir isto, precisa o 2138

Ministério da Integração Nacional responsável por esta barragem, porque eu acho pela 2139

importante para a sociedade, isto prova que os povos indígenas não é contra o 2140

desenvolvimento, mas eles não são burros de carga para carregar os malefícios que estes 2141

empreendimentos traz para os povos indígenas. Não é 30 dias, são 30 anos, então eu pediria 2142

ao senhor o respeito pelo Xokleng, em respeito a sociedade, que o senhor marque uma 2143

audiência com o Ministro da Integração Nacional, porque não é muito para o governo 2144

resolver, ele precisa ter respeito aos povos indígenas, é o único povo no Brasil, é o povo 2145

Xokleng no Vale do Itajaí (incompreendido) era paga pelo (incompreendido) para matar 2146

índio a cada orelha tinha um prêmio, talvez o senhor não saiba, mas se o senhor ler o grande 2147

escritor e antropólogo Silvio Coelho da Universidade Federal de Santa Catarina o senhor vai 2148

ficar assustado. Então eu peço para o senhor Ministro, com muito respeito, que tenho pelo 2149

senhor e que tenho pela sociedade, que marque uma reunião com o Ministro da Integração 2150

Nacional até porque tem gente do Ministério que tem interesse de ajudar, porque visitaram e 2151

sabem a dificuldade, já morreu 14 indígenas dentro desta barragem de contensão das cheia, e 2152

nada foi resolvido e nós precisamos de ponte para os alunos irem para o colégio, para a 2153

SESAI atender aos doentes, e dos funcionários que vão lá, hoje perderam todos o trabalho, 2154

foram demitidos das empresas, porque ficam lá 20 dias, e não vão pagar funcionários 2155

parados, então isto é um prejuízo muito grande para os povos indígenas, eu peço pelo amor 2156

de Deus, porque um dia esta barragem em defesa dos direitos indígenas, em defesa do 2157

cidadão humano que é o povo indígena a natureza pode destruir esta barragem, eu não vou, a 2158

comunidade não vai, mas a natureza ela sabe o que faz. Ela comporta um, 360 milhões de 2159

metros cúbicos de água protegendo este pessoal e nós ficamos a mercê e queremos cruzar, 2160

nós vamos a nado, nenhum barco a defesa civil do estado de Santa Catarina não coloca para o 2161

pessoal cruzar, nem um barco. Olha o desrespeito, será que nós povos indígenas é que somos 2162

baderneiros ou é esta sociedade que vem dizendo sociedade inteligente e que 2163

(incompreendido), porque grande é aquele que se curva para o pequeno e não aquele que 2164

passa por cima, só tem um, e ele é Deus, este passa por cima de nós todos, mas todos nós na 2165

face da terra somos mortais e devemos se curvar perante o outro pelo respeito ao outro e 2166

nosso povo, volto a dizer, são 14 jovens que morreram dentro desta bacia da barragem e eu 2167

penso a presidente, eu pedi para a FUNAI marcar, não no governo dela, mas um ano e meio e 2168

não marcaram, mas eu volto a falar com o senhor Ministro tem acesso ao Ministro e já 2169

encaminhei documento para o doutor Sergio da Secretaria de Desenvolvimento Regional e 2170

sabe o que ele me disse? Não é responsabilidade nossa. Olha como é que nós temos, no dia 2171

que acontecer alguma coisa lá, Brasílio Priprá do povo Xokleng avisou. E o governo precisa 2172

tomar providências. Precisa. As estradas de contorno não são cuidadas, porque é 2173

responsabilidade do governo, porque nós precisamos tomar atenção, então é que nem disse o 2174

meu colega aqui Uilton, estes grandes empreendimentos não traz benefício nenhum para a 2175

comunidade indígena, ele só trás desespero, morte, e nós não queremos isto, então a 2176

presidente tem meu telefone, pode marcar para 4, 5 lideranças que vem conversar e tem só 2177

vontade política. Não é difícil de resolver. Eu quero agradecer aqui o meu muito obrigado. 2178

2179 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Brasílio. O Marquinhos cedeu a fala dele para o 2180

senhor Antonio não é integrante da CNPI, mas pediu a palavra, e se o senhor quiser falar. 2181

2182 Antônio Xukuru Kariri: - Eu aqui não tenho neste momento a falar coisas alegres, coisas 2183

bonitas. Mas tenho que falar coisas tristes, tristes porque eu tenho um passado que quando 2184

eu, da minha primeira viagem eu fui jovem como vocês estão aqui nesta missão e hoje estou 2185

na idade que estou. Senhora presidente que está respondendo como o senhor Ministro que ele 2186

deixou, e que diz Ministro da Justiça eu quero lhe dizer que, desde o meu primeiro dia e a 2187

minha primeira passada foi atrás de justiça e esta justiça ainda hoje não funcionou para que 2188

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voltasse a nossa vida de paz. Porque nós antes dos senhores, aqui vou respeitar algumas 2189

palavras, que os senhores caciques brancos, mas não é de etnias tribal, selvagem e isto é o 2190

que eu tenho a dizer e não posso agradecer, mas quando fala de justiça é a primeira vez que 2191

uma pessoa que diz Ministro de Justiça não entenda bem disto. E se aqui nós que ele vai em 2192

minha terra, nossa terra, em Xucuru Kariri em Palmeiras dos Índios, mas já deixo esclarecido 2193

se não for para levar a nossa paz que nós vivemos, no passado antes dos senhores deste povo 2194

europeu, nós vivia em paz. Paz esta porque nós vivia com nossa mãe, a mãe de amor, a mãe 2195

de amor, mãe que tem tudo para nós, mãe que não ofereceu nada a seus filhos a não ser 2196

aquilo que nosso pai concedeu para ela oferecer, é a nossa mãe terra, nós vivia em paz, nós 2197

não precisava de dinheiro, nós não precisava de estudo, nós não precisava de nenhum tipo de 2198

civilização nenhuma, pois civilizado nós já era. Porque ela nos criou e ela é sabida e ela deu 2199

tudo pelo aquele que nos criou também e que hoje nós sente na pele quem nos devia defender 2200

ainda hoje nos persegue, é o povo falaram, o meu povo falaram aqui e por isto eu quero lhes 2201

dizer, senhor Ministro, também leve paz, nós quer paz, não quer nada de ninguém, nós quer 2202

viver o direito que o nosso pai deu a nossa mãe terra que ela tem tudo para nós e depois dela 2203

nós não precisamos mais de nada e isto que é o que eu quero dizer e mesmo com o direito 2204

estou lhe pedindo ao senhor Ministro, a vossa excelência, uma criança que está carregando 2205

uma cruz. Não é tão fácil não ouviu, estar carregando uma cruz e ela é pesada e eu carrego 2206

ela também e estou disposto, dentro daquilo que eu posso lhe pedir, porque direito não se 2207

pede, direito se pedem direito se exige, mas como fala (incompreendido) vou pedir vamos 2208

nos empenhar nesta luta e daí o confronto político propriamente da minha terra lá de Alagoas 2209

que o Collor de Melo eu desejo encontrar com ele para nós ter um debate. Mas ele, eu vou 2210

dizer ele não tem coragem, porque eu estou lhe pedindo, porque nós queremos paz. A 2211

emoção é muita, até demais e não posso nem faltar argumento, mas vamos conviver em paz, 2212

porque se prega direito, mas ninguém prega a paz. Ninguém (incompreendido). Não vamos 2213

satisfazer os que estão lá numa casa que se chama Senado que eu não entendo disto fazendo 2214

contradições, até diz que tem uma bancada de evangélicos, que evangélicos são estes que não 2215

tem muita coisa a dizer a eles, eles são falsos profetas. São falsos profetas se servindo de 2216

dizer que são evangélicos e amanhã podem até (incompreendido) aquele que é juiz e dizer se 2217

afastem de mim maus operários. Muito obrigado e desculpa. 2218

2219 Maria Augusta B. Assirati: - Seu Antônio eu queria dizer que eu tenho vergonha do que 2220

aconteceu em relação à terra do senhor. Eu tenho vergonha da dívida que a gente tem com 2221

seu povo. Eu me lembrei agora com as suas palavras, de algumas palavras que eu vi em 2222

vídeos da grande liderança pai do Marquinhos que não está mais entre nós, do Chicão que 2223

morreu lutando em defesa de sua terra, que morreu lutando em defesa da relação com a terra, 2224

em defesa do respeito à mãe terra, e que, obrigada, e que nos deixou, eu te devolvo, pode 2225

deixar, e ele eu não tive a honra de conhecer o grande Chicão, mas tenho a honra de conviver 2226

com o Marquinhos e na pessoa dele dizer que tenho a honra de conviver com todos vocês que 2227

estão aqui hoje, e os que não estão e os que estão na mobilização, e outros tantos indígenas 2228

que não puderam estar aqui hoje, que não puderam estar aqui nesta semana e que me dão a 2229

honra de todos os dias aprender. Aprender o quanto nós brancos somos arrogantes, o quanto 2230

nós brancos não entendemos e não compreendemos a relação do ser humano com a terra o 2231

quanto precisamos passar por este processo civilizatório e eu gostaria e desejaria e já disse 2232

isto muitas vezes, que outros companheiros e companheiras, outros militantes de governo, 2233

outras pessoas que trabalham no Governo Federal pudessem ter também este privilégio de 2234

conviver com vocês a cada dia, este privilégio de poder aprender também com vocês a cada 2235

dia, e pudessem também ter o privilégio que tenho, embora seja muito difícil como o senhor 2236

mesmo colocou e estar sentado aqui, representando ainda que interinamente esta Fundação, 2237

mas de trabalhar para que a gente possa ter, ainda que pequenininho os avanços, ainda que 2238

pequenininha as conquistas, ainda que pequenos sorrisos que a gente possa compartilhar 2239

quando a gente vai a uma aldeia, e percebe como é feliz a vida dos indígenas, o como é 2240

serena, o como é inteligente, o como é sofisticada. Como nos pode ensinar a melhor viver, o 2241

carinho com o qual sempre sou recebida quando vou para qualquer aldeia, para qualquer terra 2242

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indígena, no nordeste, no centro oeste, na Amazônia, enfim, no sul, em qualquer lugar, 2243

sempre vocês estão nos esperando de braços abertos e sempre vocês estão nos esperando com 2244

o coração cheio de esperança também de que o nosso trabalho possa levar a algum resultado, 2245

possa atender a uma demanda, uma expectativa de povos que precisam contar ainda tanto 2246

com o trabalho do estado, com ações públicas, com as políticas públicas e que ficam sempre 2247

muito centradas, muito voltadas para a responsabilidade da FUNAI. Eu tenho dito isto, que a 2248

FUNAI é uma instituição que historicamente desenvolveu esta relação muito próxima com os 2249

indígenas, porque foi a instituição criada com este papel, e que este papel tinha outro caráter 2250

inicialmente na criação da fundação, como disse aqui o nosso companheiro Xavante, tinha 2251

um papel extremamente assistencialista, extremamente tutelar, e que foi responsável também 2252

por muitas das conseqüências de dependência de indígenas em relação as ações do estado 2253

brasileiro e que é uma relação de que hoje a gente tem consciência, a gente tem diretrizes no 2254

nosso ordenamento jurídico para poder mudar esta relação a partir também da ação da 2255

FUNAI. Transformando uma ação assistencialista, tutelar, paternalista, com uma ação de 2256

indução de promoção ao desenvolvimento sustentável dos indígenas. De acesso, de 2257

possibilitar o acesso aos direitos sociais que estão garantidos na Constituição Federal em 2258

legislações intra constitucionais e que estão, ainda que não totalmente acessíveis a muitos 2259

povos indígenas, ações de etno desenvolvimento para que os indígenas possam desenvolver 2260

suas atividades produtivas, possam se assim desejarem, se assim determinarem gerar renda 2261

ou não a partir disto, possam viver de forma não modernizada, se assim disserem que é 2262

melhor. Conservar, buscar, contribuir na recuperação ambiental das terras indígenas. Tudo 2263

isto está previsto na política nacional, gestão ambiental e territorial, PNGATI que foi 2264

aprovada no ano passado e que, acho que a Simone que nos cobrou aqui a implementação do 2265

comitê que vai ter, Simone, a primeira reunião no dia 30 de outubro, eu assinei ontem o 2266

convite para todos os membros do comitê, que a gente conseguiu montar com bastante 2267

dificuldade, porque as prioridades de todos nós estavam voltadas para outras questões mais 2268

complexas, mais densas, inclusive o movimento e depois para conseguir compor este comitê, 2269

mas está montado, é a primeira reunião agora, eu tenho uma expectativa muito grande de que 2270

esta política consiga articular os órgãos de governo e todo objetivo de gestão territorial e 2271

ambiental das terras indígenas regularizadas. E isto é um aspecto que não é o único, não é 2272

suficiente para a gente dizer que a gente tem uma política indigenista forte no Brasil, mas é 2273

um passo e eu concordo bastante com a Chiquinha de que nós temos de fato que ter uma 2274

definição concreta do que é a política indigenista que desejamos no Brasil. Do ponto de vista 2275

no governo, do ponto de vista dos indígenas, do ponto de vista da própria FUNAI. Nós temos 2276

um conjunto de perspectivas para o desenvolvimento da política indigenista no país. Me 2277

parece bastante alinhada que eles colocam aqui mas a gente tem uma dificuldade muito 2278

significativa, para sair do patamar de uma perspectiva, de um planejamento, de um conjunto 2279

de diretrizes, de propostas de ações, de PPA, de metas e ações que a gente programa lá todo 2280

ano fazer e a realidade que é implementar tudo isto. Vocês colocaram aqui muitas questões 2281

relativas ao funcionamento precário de CTLs, a dificuldade de locomoção e de chegada de 2282

agentes, de servidores na Coordenações Regionais até as terras indígenas para atender as 2283

comunidades, para atender os povos indígenas nas suas terras, que é o nosso dever, que é 2284

nossa obrigação, porque nós de fato nunca conseguimos ter um orçamento que consiga dar 2285

conta de responder a esta demanda do Brasil inteiro que está colocado, passivo gigantesco, na 2286

área de proteção dos direitos territoriais, na área de vigilância das terras indígenas já 2287

regularizadas, para desintrusar terras indígenas que a gente já conseguiu ter portaria 2288

declaratória, que a gente já conseguiu homologar e que a gente nunca conseguiu dar a posse 2289

plena destas terras para os seus povos. Para os seus povos que originalmente ocupavam 2290

aquelas áreas, que tem ocupação, que tem direito originário sobre aquela terra. O estado 2291

brasileiro tem um débito muito grande com os povos indígenas no Brasil, para além do fato 2292

de que eu acho que no contexto atual me parece ainda muito presente um conceito das suas 2293

relações dos povos indígenas equivocado, desconhecimento absoluto dos modos de vida 2294

tradicionais dos indígenas do Brasil eu acho que esta é uma obrigação da FUNAI, fazer este 2295

processo informativo para a sociedade brasileira, da importância, do valor, da riqueza que 2296

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cada um dos povos indígenas traz consigo nas relações entre os próprios povos e entre esses 2297

povos indígenas e a sociedade não indígena, a sociedade dominante como se diz e como a 2298

literatura coloca. A gente tem que combater para além de toda esta dificuldade estrutural de 2299

ter um órgão indigenista funcionando, de toda a capacidade de funcionamento do estado 2300

brasileiro para reconhecer e pagar este passivo aos povos indígenas, a gente tem que 2301

combater ainda este desconhecimento, esta desinformação, este preconceito e este racismo 2302

que a sociedade brasileira deve aos indígenas, nós estamos aqui para corrigir isto, onde está 2303

claramente colocada esta ofensiva em relação aos direitos dos povos indígenas, uma 2304

ostensiva de como foi dito aqui nesta mesa, tem atores que estão buscando enfrentar esta 2305

situação, mas que estão fazendo esta luta diante de um adversário muito forte, muito mais 2306

forte que nós em termos de poder econômico, em termos de poder político, quando eu digo 2307

nós, eu digo FUNAI, e que a gente faz este enfrentamento muitas vezes de peito aberto com a 2308

franqueza de quem acredita na riqueza deste país em relação a sócio bio diversidade, em 2309

relação a proteção de terras da união, a conservação ambiental das terras, aos ativos 2310

ambientais e sociais que a gente deve preservar para gerações atuais e futuras. Isto é tudo que 2311

nós temos para fazer esta batalha. É o nosso discurso, é o nosso compromisso com vocês, é o 2312

nosso compromisso de estar aqui todo dia a despeito destas adversidades a despeito destas 2313

dificuldades enfrentando críticas de quase todo mundo, né, no Congresso, na sociedade 2314

enfim, em relação a outros setores sociais que tem criticado as ações da FUNAI, a mídia por 2315

diversos veículos e isto voltando ao que eu estava dizendo no começo, a gente só consegue 2316

enfrentar por este compromisso, por esta verdade com que a gente faz o nosso trabalho. Que 2317

é de acreditar numa coisa que foi dita aqui pelo Anastácio hoje, de acreditar que não vão 2318

conseguir acabar com os povos indígenas no Brasil e que enquanto não acabarem com os 2319

povos indígenas no Brasil, não vão acabar com a FUNAI, e nós vamos levantar as nossas 2320

cabeças e nós vamos lutar pelo que é direito e nós vamos conseguir melhorar a nossa 2321

estrutura, nós vamos conseguir um dia, não sei se amanhã, nesta gestão, neste governo, mas 2322

nós vamos um dia ter uma FUNAI muito fortalecida que não precise ficar batalhando para 2323

ser escutada, que não precise ficar aguardando o conjunto de uma série de decisões relativas 2324

a uma série de priorização de estruturas de outros órgãos e um dia nós vamos ter sim uma 2325

FUNAI fortalecida e é para isto que eu estou trabalhando e eu quero deixar esta contribuição 2326

qual for o período que eu ficar nesta instituição. E eu queria agradecer o fato da gente ter tido 2327

uma reunião de CNPI tão franca, tão importante onde todo mundo pode colocar, todo mundo 2328

pode expressar o seu sentimento, as suas preocupações, as suas mágoas, as suas expectativas 2329

em relação as ações de governo e do lado de cá todo mundo pode expressar também as 2330

dificuldades que vem sofrendo e as dificuldades que tem sido esta luta diariamente para 2331

todos nós que estamos aqui sentados com vocês hoje. Eu queria dizer muito mais coisa, mas 2332

acho que a gente já falou o necessário, a gente chegou até aqui, com avanços de 2333

entendimento e o que eu acho é que agora a gente precisa ir para frente, ter propostas 2334

concretas para a gente perseguir o nosso objetivo, porque esta luta não começou hoje, nem 2335

começou ontem, ela começou a 500 anos e ela está muito longe a meu ver de terminar. E eu 2336

quero vocês, cada um de vocês contem conosco aqui da FUNAI, para que a partir da nossa 2337

ação institucional, a partir da nossa ação pública, de órgão de governo contem com o nosso 2338

compromisso nestas batalhas todas que compõe esta luta. Compõe esta luta que é de cada um 2339

de vocês, e de cada um, cada uma das indígenas que não pode estar aqui com a gente. Nós 2340

estamos aqui para isto. Queremos melhorar o nosso trabalho, podemos melhorar o nosso 2341

trabalho, sabemos como fazer, mas precisamos também de ajuda, precisamos nos unir 2342

precisamos ter unidade entre todos os atores deste campo que visa a proteção e promoção dos 2343

povos indígenas no Brasil. Eu agradeço muito a presença de todo mundo aqui hoje, inclusive 2344

os companheiros e companheiras que não são da CNPI que estão acompanhando com a gente 2345

também a reunião de hoje, e abro a palavra para a gente poder fazer encaminhamentos 2346

concretos sobre o que eu... 2347

2348 Brasílio Priprá: - Só uma questão de ordem presidente. Eu gostaria de deixar aqui um 2349

pedido para a presidente da FUNAI de conduzir nós indígenas que infelizmente aqui na 2350

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FUNAI, a qual é o órgão indigenista e que nós respeitamos e queremos fortalecer, mas que 2351

este pessoal que trabalha neste órgão não digo os funcionários mais antigos, mas os mais 2352

novos, eles se assustam quando chega índio. Há 500 anos estão vivendo no nosso meio, junto 2353

com nós, não precisam se assustar. Somos tranqüilos, educados e sabemos respeitar. Às 2354

vezes não somos formados, mas a educação vem de berço e isto os povos indígenas tem. 2355

Obrigado. 2356

2357 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigado Brasílio, vou passar a palavra para o Ministro. 2358

2359 Gilberto Carvalho: - Eu quero naturalmente temos que acertar algumas coisas. Primeiro eu 2360

queria assumir alguns compromissos bem claros, esta questão do Ministro Padilha, não sei se 2361

consigo garantir que ele vá ao acampamento amanhã, mas que ele receba vocês eu garanto. 2362

Nós vamos garantir. Também a audiência com o Mercadante, acho que é mais do que justo e 2363

necessário e nós vamos acertar. Não posso dizer o dia, porque estou aqui esta hora, mas eu 2364

vou discutir com ele, então tem a palavra garantida, vai ter uma audiência com o Padilha e 2365

uma audiência com o Aluizio Mercadante. A historia da Conferencia, eu acho muito 2366

importante da gente trabalhar, então também aqui que a gente assume um compromisso de 2367

trabalhar e realizar a Conferência, eu acho isto importante. A outra coisa, eu queria propor, 2368

porque eu reconheço que de fato da reunião anterior até agora, do ponto de vista de avanço 2369

real, não avançamos quase nada, porque isto é uma coisa, posicionamento político mais forte, 2370

etc, salvo a questão do Ceará, umas coisas que são importantes, mas precisava muito mais, o 2371

que eu estou propondo? Que a gente marque uma próxima reunião da CNPI para o final de 2372

novembro, é uma proposta minha, mas que vocês amanhã na plenária de vocês decidam, que 2373

a gente estabeleça daqui até lá justamente do rol de questões pendentes para os quais o 2374

governo tem que dar conta, e aí aquele grupo pelo que entendi já tem um grupo que está 2375

trabalhando entre uma reunião e outra, tem ou não? Porque eu não entendi, não? O que eu 2376

proponho? Eu proponho uma coisa mista, um grupo menor, enfim um grupo pequeno que 2377

coloque na pauta do dia, neste período, a gente ir analisando a questão das terras, a questão 2378

da saúde, a questão da educação, fazer um monitoramento para a gente trazer as respostas 2379

efetivamente concretas e espero que até lá, eu tenho esperança, o Supremo tenha julgado as 2380

condicionantes, aí limpa este terreno de 303, esta encrenca toda e aí a gente, eu estou com 2381

muita esperança (incompreendido) e que aí a gente possa também em cima disto fazer um 2382

avanço. Outra coisa, a coisa da PNGATI, a regulamentação da PNGATI é uma enorme 2383

conquista que nós não podemos deixar, porque é onde nós podemos trabalhar a questão da 2384

sobrevivência da sustentabilidade, ta, para evitar todas as questões que conhecemos da 2385

dependência e assim por diante e eu queria e esta é uma prioridade da gente trabalhar. 2386

Queria dizer outra coisa. A questão da 169, o companheiro falou que, alguns falaram, eu 2387

queria só lembrar isto, a 169 ela é uma conquista de direitos. Não é uma coisa que o governo 2388

ganha, pelo contrário o governo com a regulamentação da 169 ele vai ter que assumir 2389

obrigações no seu processo de construção da infraestrutura do país. Porque enquanto a gente 2390

não regulamentar o que vai acontecer? Segue os trabalhos de infraestrutura, porque a justiça 2391

vai legalizando, ta, porque a medida que a 169 regulamentada vão seguindo as audiências no 2392

estilo tradicional e a gente deixa de ganhar benefícios com isto, do ponto de vista do respeito 2393

democrático, do ponto de vista da participação da construção. Por isto o meu apelo para que a 2394

gente também neste grupo discutisse a possibilidade de sentarmos a mesa e não vai ser 2395

simples este trabalho, eu tenho consciência, o que significa a regulamentação da 169 em 2396

todos os seus alcances e conseqüências. Finalmente eu queria assumir com o companheiro, 2397

eu vou falar com o Francisco o novo Ministro da Integração nacional para (incompreendido) 2398

para a gente poder, eu marco com ele, eu preciso do seu telefone depois, eu marco com ele 2399

uma audiência com vocês para já a semana que vem você pode vir aí para trabalhar aquele 2400

negócio da represa lá, é isto. Então eu acho que as respostas que eu anotei aqui que eu acho 2401

são os encaminhamentos que eu anotei, que eu queria passar como sugestão, porque 2402

naturalmente o plenário de vocês amanhã que deve fechar seria nesta linha e lembrando o 2403

que foi colocado aqui no final impressiona muito, além de tudo nós temos que trabalhar de 2404

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fato uma reversão cultural na sociedade. Eles precisam entender que ela não começou em 2405

1500. O quanto tem de história composta e o quanto isto é riqueza. Porque por trás das 2406

posições que eu considero fascistas de muita gente que tem uma visão que não há espaço 2407

para nenhuma cultura no país, isto é um absurdo e uma derrota para o país. A pluralidade 2408

cultural nossa e étnica e de idiomas é uma grande riqueza no país e isto que a gente tem que 2409

conseguir passar para o conjunto da sociedade, eu acho que é uma consciência que cresce e 2410

sobretudo a gente vê com muita esperança, mas há setores contra isto. Uma homogeneização, 2411

unificação da cultura que se impõe a outras e empobrece a todos. Eu acho que isto é uma luta 2412

que nós vamos ter que continuar. E se reflete em cada coisa, inclusive no governo a gente 2413

sabe disto, tem um dado para vocês, embora a Dilma me chamou semana passada ela teve 2414

uma conversa e falou: vamos olhar com carinho estas questões indígenas, vamos olhar, eu 2415

quero acompanhar, por isto a historia da mesa, então nós temos que dar seqüência agora 2416

dentro do governo e eu sinceramente espero que tenhamos novidades reais, concretas para 2417

trazer aqui na próxima reunião e a gente possa fechar este ano de maneira com sabor de 2418

vitória. Obrigado. 2419

2420 Maria Augusta B. Assirati: - Acho que a Pierlangela tinha pedido e a Chiquinha, o Titiah 2421

também. Chiquinha. 2422

2423 Chiquinha: - Chiquinha Pareci Mato Grosso. Bom Ministro, eu também fiquei muito 2424

sensibilizada pelas palavras do senhor Antônio e eu gostaria de deixar registrado aqui para os 2425

parentes, para todos da bancada indígena e também não indígena que quem conheceu sabe, 2426

eu fiquei muito emocionada com o que seu Antônio falou, porque seu Antonio é pai da 2427

Maninha Xucuru, uma liderança que eu tive o prazer de conhecer, mulher indígena através 2428

dela. Eu conheci Maninha na luta, na militância, e tem que ser um orgulho mesmo do povo 2429

do nordeste, foi através dela que eu pude conhecer um pouco a história do estado de alagoas, 2430

da historia do seu povo, da historia da militância do povo do nordeste. Conheci a militância 2431

dela, conheci a região dela, conheci a casinha dela e todo mundo sabe o que aquela mulher 2432

tinha e infelizmente a morte da Maninha deixou um buraco muito grande para nós mulheres 2433

indígenas, assim como outras lideranças. Mas a Maninha ela representava a mulher indígena 2434

jovem, a mulher indígena adulta, madura e principalmente conscientizada do seu papel 2435

político e principalmente do fortalecimento da luta dos povos indígenas, tanto do povo do 2436

nordeste quanto do (incompreendido) eu quero deixar aqui este registro. Eu jamais poderia de 2437

deixar de lembrar da Maninha, a gente fez uma homenagem para ela na comissão nacional, 2438

tão logo após a morte dela a gente fez uma homenagem a ela na comissão nacional de 2439

políticas da educação. Porque ela é uma das últimas reuniões que nós decidimos discutir 2440

educação e saúde foi proposta da Maninha, foi ela que levou para lá a discussão dizendo que 2441

a saúde tem que trabalhar aliada com a educação. E ela colocou isto numa pauta das últimas 2442

reuniões que ela participou, logo depois ela faleceu. Então para nós foi uma perda 2443

irreparável, até hoje a gente sente muito pela morte dela, a injustiça que foi esta morte. Então 2444

eu queria deixar de registrar esta questão viu seu Antônio, porque sua filha foi o exemplo de 2445

mulher indígena, para nós mulheres indígenas que estamos ainda lutando e sobrevivendo 2446

diante de tudo isto que está acontecendo. Eu queria deixar assim outra questão que eu queria 2447

falar também Guta, é assim, que eu gostei muito da sua fala na BBC e isto eu fiquei assim aí 2448

eu pude entender você, eu pude entender você como mulher, entender você como gestora e 2449

também entender você e você compreender o que é a nossa luta. A sua fala mostrar para o 2450

Brasil a realidade do nosso povo, foi fundamental, por isto que nós estamos pautando a 2451

discussão para a sociedade nacional conhecer o que é política indigenista, porque não sabem. 2452

Não sabem. O povo brasileiro tem muita coisa que precisa estar esclarecida. Tem a vida dos 2453

povos indígenas antes do momento contemporâneo e no fim do momento contemporâneo é 2454

outra conversa. Precisa mostrar para o povo brasileiro. É neste meio e é nesta discussão que a 2455

gente quer trazer a convenção 169. Do âmbito da educação sim, porque precisamos formar a 2456

opinião pública do povo brasileiro a nosso favor, entender porque nós somos matrizes e as 2457

raízes deste país e isto precisa estar muito bem entendido não só na sociedade, mas num 2458

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contexto muito maior do que a própria sociedade brasileira, porque nós somos também 2459

identidade, então eu acho assim muito importante estas discussões estar sendo tratadas neste 2460

momento, porque é um momento que tanto o governo quanto nós povos indígenas 2461

precisamos não só buscar parceiras, mas principalmente os verdadeiros aliados. É neste 2462

processo de conflito, de fragilidade que a gente sabe quem está do nosso lado. Quem é 2463

quem? De que lado que ele está, então pensando isto aí eu propus esta discussão mesmo da 2464

Conferência e que eu acho muito pertinente e que nós possamos discutir entre nós também 2465

esta questão mesmo da convenção. Eu acho que é este movimento, juntamente com a APIB, 2466

nós temos que dar uma resposta em relação ao que vamos decidir sobre isto. Isto aí é sem 2467

problemas né? E por último que eu gostaria de dizer é em relação a algumas questões assim, 2468

por exemplo, que foram colocadas, mas que de certa forma, ah, é uma coisa que a nossa 2469

companheira lembrou e que eu gostaria de pautar e amanhã talvez a gente possa aprofundar 2470

mais que é a questão do Estatuto dos Povos Indígenas. Isto daí é outra, é uma missão muito 2471

importante, porque a gente precisa saber qual é a posição política do governo Dilma sobre o 2472

estatuto. Neste momento mesmo com todos estes problemas que a gente sabe que está no 2473

Congresso Nacional, mas o estatuto precisa sair da situação que está. Então eu gostaria de 2474

lembrar isto viu Presidenta, para que amanhã retomar e que ela seja colocada novamente em 2475

pauta e a gente vê os devidos encaminhamentos. Obrigada. 2476

2477 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Chiquinha. Anastácio e vamos tentar encaminhar, 2478

né. Peralta, obrigada. Pessoal amanhã que horas que a gente reinicia.... 2479

2480 Saulo Ferreira Feitosa: - Guta só pra lembrar que a Maninha faleceu dia 11 de outubro, vai 2481

contemplar 7 anos agora e porque nem um médico da cidade de Palmeira dos Índios quis 2482

atendê-la, ela teve uma crise respiratória, eles andaram a cidade toda, ela caminhando a pé e 2483

até hoje este caso não foi resolvido. Porque ninguém assumiu a responsabilidade. Era uma 2484

pessoa que era membro do Conselho Nacional de Saúde e morreu por falta de assistência 2485

médica. 2486

2487 Maria Augusta B. Assirati: - Acho que foi a Dra. Débora que fez na última reunião a 2488

Maninha, né, enfim a gente se emocionou com todo mundo neste momento final aqui da 2489

reunião que acabou sendo um presente para a gente a fala do seu Antônio. Gente amanhã que 2490

horas que a gente retoma? Nove horas aqui ta aguardo vocês e boa noite para todo mundo. 2491

04 de outubro 2492 Maria Augusta B. Assirati: - A nossa plenária ainda é um pouco esvaziada. Acho que o 2493

pessoal já deve estar chegando. A Teresinha está ligando ali para todo mundo. Nós temos 2494

algumas tarefas aí para a reunião de hoje, uma delas é aprovar as atas das últimas reuniões, a 2495

nossa 8ª extraordinária e a nossa 20ª ordinária e temos também, ficamos com a atribuição 2496

para hoje de fechar o nosso cronograma de trabalhos para o período que vai ser de intervalo 2497

entre esta e a próxima reunião da CNPI, que nós também temos que definir aqui a data e me 2498

parece que pelo adiantar do ano teríamos apenas mais uma CNPI. Acho que temos como 2499

fazer mais de uma. Então talvez pudesse ser, estou pensando aqui, meados de novembro, para 2500

a gente ter um tempo também para trabalhar, em cima das propostas que a gente já tinha um 2501

pouco levantado quando pensamos inicialmente naquela metodologia de trabalho. Que é 2502

fundamentalmente fazer avaliação e propostas de terras, né, num cronograma, estabelecendo 2503

prioridades, para que se avance nos processos de regularização e a gente pegar também as 2504

demais ações da política indigenista e priorizar e já propor também ações concretas, eu acho 2505

que este trabalho todo a gente conseguiria fazer até a próxima CNPI. Ontem foi feito uma 2506

proposta aqui pelo Ministro Gilberto de se criar um coletivo, aí um grupo executivo de 2507

trabalho que pudesse coordenar monitorar, e trabalhar mais operativamente digamos nesta, 2508

nestes trabalhos, né, fazendo inclusive a interlocução com as demais representações que 2509

estejam nas regiões buscando informações e consolidando estas informações. Então eu vou 2510

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abrir para todo mundo comentar estas propostas e agente já vê se a gente consegue ir 2511

caminhando, eu sei que hoje também vocês têm ainda algumas agendas, né, enfim, no âmbito 2512

do cronograma de mobilização de vocês, então talvez a gente pudesse objetivar bastante a 2513

nossa reunião, concretizar aqui as nossas propostas e fechar a ata e liberar todo mundo para 2514

as suas outras atividades. Então está aberta a palavra aí para todo mundo. 2515

2516 Saulo Ferreira Feitosa: - Bom dia, Saulo do CIMI. É que apareceram também outros pontos 2517

na pauta ontem, aquela discussão toda, eu gostaria até de começar fazendo um pouco uma 2518

avaliação do dia de ontem. Porque a gente está tendo reuniões em um intervalo muito 2519

próximo e na reunião anterior foi feita avaliação nossa de uma frustração generalizada, né 2520

havia muita irritação na reunião passada, e esta reunião agora aconteceu que a bancada 2521

indígena, indigenista não se reuniu também. Mas eu acho que do ponto de vista do conteúdo 2522

não avançou nada, infelizmente, mas acho que avançou a forma, eu sei que a forma ela 2523

também é importante, eu considero que a forma também é importante. Eu acho que a maneira 2524

dos próprios Ministros retratarem as questões foi bem melhor do que na reunião passada, na 2525

reunião passada houve até situação em que as pessoas acabavam explodindo, as lideranças 2526

indígenas, porque tem uma questão que eu acho que tem que ser considerada que é esta 2527

situação das especificidades, eu acho que ontem nós estávamos mais atentos para o fato da 2528

Comissão Nacional da Política Indigenista trabalhar com um público que é um público que é 2529

diferente de outros públicos de outros conselhos. Porque aqui é de fato muita pluralidade, 2530

muita especificidade e isto têm que ser considerado em todo e qualquer circunstância, acho 2531

que ontem começou a aparecer, alguma coisa assim começou a aparecer e a forma como os 2532

Ministros conduziram a reunião eu achei que foi diferente. Espero que isto possa colaborar 2533

para a Constituição do diálogo mesmo, né. Das questões que apareceram ontem, além desta 2534

da pauta de terras, eu acho que tem que ser retomada e que aí só cabe ao governo mesmo dar 2535

resposta, porque não deu resposta ontem, né, mas acho que tem outras questões que 2536

apareceram, por exemplo, a questão da reforma política, que foi o Ministro da Justiça que 2537

pautou, acho que é uma questão importante, a Conferência Nacional de Política Indigenista, 2538

que considero também importantíssima, a Chiquinha pautou a realização de uma conferência 2539

e eu penso que hoje a gente poderia já definir esta Conferência Nacional de Política 2540

Indigenista. Por que eu estou achando que ela é importante? Porque estas preocupações que a 2541

gente está apontado, tanto da forma como do conteúdo, elas podem ser tratadas nesta 2542

conferência, e como nós estamos no governo que esteja caminhando para o seu término, esta 2543

conferência deveria ser priorizada, acho que até como uma marca desta conjuntura, deste 2544

momento atual, pode ser esta conferência e a gente pode levar para esta Conferência 2545

questões que são demandas urgentes, como esta da questão das terras e outras questões que 2546

eu colocaria mais em termos conceituais. Ontem quando o Ministro leu a nota técnica, eu 2547

acho importante também aquela nota técnica que foi lida, eu lembro que quando o Ministro 2548

leu a nota técnica, os consultores do Ministério da Justiça eles citam inclusive a questão do 2549

pluralismo e do pluralismo jurídico, eles fazem a fundamentação citando Boa Ventura de 2550

Sousa Santos, acho que é uma primeira vez que eu vejo isto em uma nota técnica do 2551

Ministério da Justiça, que é sempre o direito positivado, né? Então eu estou acreditando que a 2552

partir de algumas questões que surgiram ontem, a gente poderia também na CNPI estar 2553

dedicando atenção para a questão dos conselhos, e isto pode nos ajudar a potencializar o 2554

diálogo, por quê? Porque nós vivenciamos a experiência de uma Comissão Nacional de 2555

Política Indigenista, dentro de um estado é o estado nacional, não é o estado plurinacional, é 2556

um estado que pensa de uma única forma. E aqui a gente pode pensar de maneira diferente. 2557

Então eu acredito que em vista da construção desta política, desta Conferência Nacional de 2558

Política Indigenista, a gente pode discutir a reforma política, mas antes disto a gente discutir 2559

a perspectiva do estado, porque para comportar os povos indígenas, eu acho que tem que 2560

haver uma reforma do estado, porque a reforma política não vai contemplar e aí nós temos 2561

algumas coisas já acontecendo, a CNPI tem que enfrentar. No Congresso Nacional tramita 2562

um projeto de lei que propõe uma cota parlamentar indígena. Isto no âmbito da Câmara e foi 2563

feito por parlamentares apoiadores dos povos indígenas, a gente tem que discutir. É melhor 2564

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na Câmara ou é melhor no Senado? Se os povos são considerados qual a justificativa para se 2565

ter cotas lá? Se os povos são considerados nacionalidades específicas, talvez fosse mais 2566

interessante a gente assegurar que o Senado tivesse representação indígena, isto já acontece 2567

em outros países, pro exemplo. Então são discussões deste tipo que eu acho que a CNPI pode 2568

possibilitar, porque se a gente se aproxima destes parlamentares que já estão pensando isto, a 2569

gente poderia se aproximar, mas já com uma formulação, que já tivesse um entendimento da 2570

CNPI. Eu acho que para ajudar da política ela teria que priorizar isto é que eu estou 2571

acreditando aqui. Então neste sentido, a minha sugestão é que hoje a gente pudesse pensar a 2572

realização da Conferência Nacional de Política Indigenista, a gente pudesse já apontar mais 2573

ou menos o formato dela, a composição, se ela vai ser da mesma perspectiva da composição 2574

da CNPI em termos percentuais, aquele percentual para o norte, nordeste, sul, se ela vai 2575

acontecer em cada povo, depois vai ser em que formato? 5 regiões por estado? Como é que 2576

vai ser? A gente poderia desenhar a data para que ela aconteça, né, e depois a gente pensar os 2577

temas da pauta e também a questão conceitual, esta questão do pluralismo, a questão da 2578

relação do estado com os povos indígenas. A gente estava conversando antes, o Anastácio 2579

tinha provocado esta conversa, eu achei muito interessante como o Anastácio provocou. 2580

Neste sentido queremos falar rápido para não tomar tempo, neste sentido para ajudar nesta 2581

discussão, eu já socializo aqui uma informação que existe um pacto do movimento indígena 2582

dos outros países já esta preocupação, os povos indígenas do Equador e da Bolívia eles 2583

sempre dizem a nossa luta é política e a nossa luta é também epistênica, é uma luta do 2584

pensamento, a gente disputa também o pensamento, a forma de pensar indígena ela é 2585

importante para o estado assimilar estas formas de pensar. A CNPI poderia juntar a luta 2586

política e a luta da forma de pensar, do jeito de pensar que vai influenciar no jeito de fazer, e 2587

no próximo ano, vai acontecer no Brasil o encontro da rede latino americana de antropologia 2588

jurídica, eu acho que é a primeira vez que acontece no Brasil. A gente poderia envolver a 2589

FUNAI acho que seria importante, não sei se a procuradoria da FUNAI, envolver os 2590

indígenas na Comissão Nacional de Política Indigenista, porque nos outros países o 2591

movimento indígena se apropria deste espaço. Formula, elabora e constrói propostas. Então 2592

eu penso que este espaço nosso ele pode possibilitar estas discussões, o Anastácio falava que 2593

lá no Mato Grosso do Sul eles estão muito discutindo a perspectiva da descolonização do 2594

pensamento, eles tem um grupo de estudantes indígenas, e a gente pode trazer para cá estas 2595

coisas boas e avançar no diálogo pluralizando a realidade brasileira no fazer da Comissão 2596

Nacional de Política Indigenista. Então para não me alongar eu aposto na realização da 2597

Conferência Nacional de Política Indigenista colocando a discussão que o Ministro Cardozo 2598

propôs da reforma política dentro desta Conferência e levando para lá a discussão do estado, 2599

da reforma do estado, a questão da reforma política passa também pela reforma do estado e 2600

se a gente pudesse realizar esta Conferência já no primeiro semestre do próximo ano para 2601

mim seria muito legal. Não sei que viabilidade tem, mas eu defendo a realização no começo 2602

do próximo ano, independente que na reunião de novembro a gente já tenha respostas do 2603

governo em relação àquelas situações de terras, a gente podia caminhar com as duas 2604

questões, é isto. 2605

2606 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Saulo, excelente contribuição. Quem pediu a 2607

palavra, o próximo foi o Marivelton. 2608

2609 Marivelton R. Barroso: - Um pouco nesta linha, né, o Saulo foi muito feliz em colocar, 2610

acho que este é o caminho, a gente precisa definir, dar uma prioridade, mas um pouco de 2611

avaliação e que a gente vê aqui na reunião da CNPI, pelo menos para a gente lá do noroeste 2612

do Amazonas, a gente vê que o problema da terra ele não é problema para a gente, né, mas a 2613

gente vê hoje a luta mesmo dos parentes de outras regiões, e deste embate de conflito que 2614

tem, e esta banca ela sempre vai perdurar aqui na CNPI e ela tem que ser assim. Para dar 2615

prioridade a gente junto com eles lutar por isto, para que garanta esta posse permanente 2616

deles, a portaria declaratória, enfim até procedimento de homologação, porque assim, senão 2617

consegue garantir o seu território, a gente não vai poder partir para outras questões ainda lá, o 2618

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foco principal é este, a garantia dos direitos territoriais. E aí partir daí a gente pensar um 2619

plano de, de que forma a gente vai fortalecer as comunidades indígenas, promover a 2620

produção sustentável, a valorização da cultura, formação e capacitação de assistência técnica 2621

e orientação jurídica e atenção social. O primeiro item seria garantir a posse permanente da 2622

terra, como eu já falei promover o uso sustentável dos recursos naturais e o bem estar social 2623

dos povos indígenas. Quer dizer, a gente tem que ter uma projeção disto no início, porque 2624

depois não vai querer futuramente em relação a isto, mas que eu enfatizo aqui que esta 2625

questão da terra ela é bastante importante, a gente teve um novo desafio também na região, 2626

conseguimos estar lá, dez vírgula seis milhões de hectares como eu falei ontem, questão que 2627

se sair a declaração Cué Cué Marabitana passar a 11 milhões de hectares e a gente não tem 2628

nenhum problema por conta da realidade, 95% por cento da população indígena lá, enfim, 2629

mas eu queria deixar meu anseio aqui, aos parentes que a gente vê que tem conflito e esta 2630

árdua luta de garantir o território e que a gente vai pautar e a gente vamos estar juntos nesta 2631

luta aí. Era isto que eu queria deixar aqui. Obrigado. 2632

2633 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigado Marivelton, Dourado. 2634

2635 Dourado Tapeba: - Bem eu queria... Dourado Tapeba, liderança da APOINME. Eu queria 2636

só reforçar esta fala do Saulo, em relação a esta questão da reforma política, também como, a 2637

questão do diálogo desta outra reunião. Eu comecei a entender que na reunião passada foi um 2638

pouco tumultuada, e eu só ia poder ter uma avaliação desta mesa de diálogo após esta 2639

segunda reunião que estou participando, né, então eu comecei a perceber que realmente nós 2640

começamos a dialogar realmente o que nós queremos né? E queria parabenizar a atenção que 2641

o Ministro teve ontem com os povos da Bahia e com a questão de falar com o pessoal que 2642

estão lá nas ocupações, e dizer que realmente nós começamos um diálogo positivo. Mas a 2643

questão da reforma política eu estava querendo colocar que inclusive no CONSEA nós 2644

colocamos uma proposta, na comissão dos povos indígenas do qual eu sou coordenador desta 2645

comissão, colocando a proposta de, que seria uma reforma política seria a cota que nós 2646

defendemos que seria um Deputado por região, Deputado federal por região e um Deputado 2647

estadual por estado. Seria mais representativo nas bases estaduais, como nas bases das 2648

regiões do país. Eu queria que a gente fizesse discussão na linha do Saulo onde possa estar 2649

discutindo. Isto em uma Conferência Nacional e eu queria propor que para esta Conferência 2650

ser logo no primeiro semestre do ano que vem, já por se tratar de um ano político, ano de 2651

eleição, né, e ter a adesão dos parlamentares, né? Ter a adesão dos parlamentares das regiões 2652

onde nós nos concentramos né? Eu queria fazer esta ponderação e dizer que realmente agora 2653

nós estamos dialogando acho que positivamente. Era isto. 2654

2655 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Dourado. Anastácio. 2656

2657 Anastácio Peralta: - Bom dia, meu nome é Anastácio Peralta sou Guarani Kaiowá, de Mato 2658

Grosso do Sul. Eu vejo assim que do jeito que o país foi montado, ele foi engessado para não 2659

atender índio. Nem meio ambiente, pobre, ele foi feito para atender quem, sempre, os 2660

poderosos, né. E se nós não começar discutir uma reforma política, com pensamento indígena 2661

vai ser muito difícil a gente resolver os nossos problemas também, porque o país é 2662

engessado, né e feito para atender esta mentalidade de não índio, né, muito dinheiro, muito 2663

poder, e não consegue também ter o pensamento indígena, qual o valor da terra para nós, 2664

qual o valor da mata, da água, do bem viver, vamos supor qual o valor do bem viver, né, e às 2665

vezes a gente precisa desestruturar um pouco esta política do estado para poder avançar, né? 2666

E isto avança quando a gente começa a discutir em um setor como a CNPI, e eu vejo que na 2667

questão indígena a nível de Brasil tem muita coisa a colaborar com nosso país, que rumo ele 2668

pode tomar né? Para melhorar a sociedade brasileira em geral, não só indígena, mas porque 2669

assim, o estado cria muitos poucos empresários, mas muita gente vive de escravo para poder 2670

lucrar e no pensamento indígena não é, todo mundo viver bem, feliz, alegria, ter paz, boa 2671

alimentação, né, e eu vejo que o nosso pensamento, a nossa tecnologia, a nossa ciência pode 2672

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mostrar que é possível viver bem, né sem explorar alguém, né e o país precisa disto. E às 2673

vezes a gente trabalha muito na pessoa, né, eu vejo mesmo colocando um parlamentar 2674

indígena, mas se não mudar as diretrizes do jeito que está a gente continua engessado, né, 2675

sempre tem falado pros nossos alunos, eu também sou aluno que às vezes a gente reclama do 2676

branco, que o branco está matando índio e porque não tem professor indígena, não tem 2677

agente indígena, não tem enfermeira indígena, aí a gente forma nossos professores, 2678

enfermeiros, agentes de saúde e eles fazem igualzinho o branco, né? Então ele acaba 2679

copiando o que o branco faz, passa para a gente e aí eu fico pensando, o branco matar nós 2680

tudo bem, agora nós matar nós mesmo, aí é difícil, né? Então porque ele está colonizado, né? 2681

Então ele copia tudo que o branco faz, aí vai lá e aplica também, né, tem um psicólogo 2682

indígena que foi formado fora na sociedade branca, aí chega lá e não consegue fazer nada, 2683

né, porque ele é um psicólogo para branco, não para Guarani Kaiowá. Então se torna mais 2684

difícil, e a nossa tecnologia ela é espiritual, a nossa ciência é espiritual, é diferente das roças 2685

que você vai fazer em vez de passar veneno vai fazer uma reza. Então é bem diferente. Então 2686

é assim, mesmo a gente se esforçando querer ser indígena, mas nós mesmos indígenas pouco 2687

conhecemos quem somos nós. Eu acho que as próprias escolas, faculdades, e quem estuda 2688

hoje precisa pesquisar mais e aprofundar mais o que vem ser Guarani Kaiowá, ou outro povo. 2689

Aprofundar mais qual o valor disto tudo? Porque eu vejo que os nossos conhecimentos e a 2690

nossa ciência não vão servir só para índio, eu acho que vai servir para o planeta, para o ser 2691

humano, né, hoje mesmo na Europa já se discute o bem viver, né. E às vezes a gente pensa 2692

que o bem viver é ter um carro importado, celular da hora, vestido da moda, né, não é, bem 2693

viver é você ser feliz dentro de você, sua alma alegre, está feliz então a política de estado não 2694

é isto, né, a política de estado é você trabalhar bastante e dar lucro para o outro e o outro ficar 2695

mais rico, né. Até estes tempos eu estava questionando um pouco a universidade, estava uma 2696

placa lá bem grande assim: formação para o mercado de trabalho, para cortar cana, né, quem 2697

falou que eu quero cortar cana? Então é diferente né? A formação que os Guarani Kaiowá 2698

tem é uma formação para a vida, ser feliz com a sua família, com seus avós, com sua esposa, 2699

né? Os filhos, é diferente do branco, o branco estuda, estuda pega um emprego e fica 2700

comendo a unha porque não dá conta de vencer o trabalho que ele pega. Isto eu tenho 2701

questionado os nossos professores também, que ele pega aula lá de, ele dá aula, cedo, tarde e 2702

noite. Aí depois separa da família e fala: ah eu estava trabalhando muito, mas quem vai ter 2703

família, você está mais a serviço do seu serviço do que da família, então é muito difícil, então 2704

assim, o bem viver não é você trabalhar muito, o bem viver é você ser feliz e trabalhar pouco, 2705

né. E eu vejo que assim, quem é rico já é rico mesmo no modelo do branco, né, e mesmo nós 2706

estudando, sendo doutor, fazendo doutorado, nós é da periferia ainda. Nos não somos ricos. E 2707

às vezes nós não consegue construir uma política diferente. As escolas também têm o mesmo 2708

pensamento do estado. Nós precisa mudar também as escolas. Qual o pensamento da escola? 2709

A escola é formar para o mercado de trabalho, não é um mercado para a vida. Então a gente 2710

precisa se policiar muito. Eu quando eu fui estudar os tradicional não gostou. Você vai voltar 2711

igual branco vai vim ponha mercado aqui na nossa reserva. Mas graças a Deus eu não fui 2712

para este lado, assim eu estudo para a vida e estou estudando não para vim pra cidade, pra 2713

voltar para as terras e dar um resultado para as comunidades. Eu acho que neste ramo aí a 2714

gente pode mostrar pro nosso estado brasileiro que é possível todo mundo viver na inter 2715

culturalidade e ser feliz, era isto. 2716

Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Anastácio. Mário. 2717

2718 Mário Nicácio: - Bom dia parentes. Bom dia autoridades, Tiago, Marcelo, Presidente da 2719

FUNAI, Teresinha. Eu começo falando, fazendo uma análise do debate de ontem apesar de 2720

estar com um pouco de cansaço, aí que fizemos em Roraima e uma preocupação que eu trago 2721

para a mesa, tanto para nós indígenas como para os parceiros não indígenas, é o tema do 2722

julgamento da petição 3388, é a petição das 19 condicionantes se não me engano. E foi 2723

relatado ontem que haverá o voto do Luiz Barroso na semana que vem e existem com certeza 2724

3 linhas, uma que é a nossa decisão de Roraima que esta petição seja nula para os Ministros, 2725

porque isto vai contribuir conosco também na Raposa Serra do Sol, como nas terras 2726

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indígenas de Roraima, são 32 terras indígenas, e outra que o Ministro aí da Secretaria da 2727

Presidência colocou aquela palavra que é ruim para nós também da Raposa, só restringe a 2728

Raposa Serra do Sol, né, na verdade realmente tem condicionantes ali que já existem na 2729

Constituição Federal, né, é possível ser porque já são aprovados, né, mas tem outros, por 2730

exemplo, como a ampliação de terras, proibir a ampliação de terras é ruim para nós 2731

principalmente aquelas terras foram demarcadas antes da Constituição Federal de 1988. E 2732

outro é se a petição for vigente né, eu acho que são 3 análises que a gente coloca e talvez o 2733

Ministério da Justiça poderá ajudar a fazer esta articulação junto aos Ministros, né, não sei 2734

como é que está esta agenda, com o Luiz Barroso já conversamos, mas não sei como está 2735

agenda com os outros Ministros que são 11, né, e para podermos estar aí com uma certeza ou 2736

até uma possível análise para debater com os nossos parente, né, um é discutir se isto vai ser 2737

nulo em sua totalidade e outro se vai ter só para Raposa Serra do Sol, porque para nós 2738

também é ruim, né, que inclui esta questão de fronteira, de unidade de conservação que tem 2739

dentro da terra indígena, de construção de pelotões em tem dois dentro da Raposa Serra do 2740

Sol e um em São Marcos, e os municípios que foram criados depois da demarcação e 2741

homologação da Raposa Serra do Sol e São Marcos e outras terras indígenas, e além dos 2742

grandes empreendimentos que estão previstos para construir, né. Tem a hidrelétrica do 2743

Coutinho, hidrelétrica do Bem Querer, que é fora da terra indígena, mas está próximo das 2744

unidades de conservação e outro se for aprovado em sua totalidade isto vai atingir todos 2745

como a gente, como é que a gente está se preparando para qual o parecer técnico que 2746

podermos dialogar, né, com o Ministério e com os Ministros do STF. Com certeza uma 2747

proposta que eu coloco para nós e principalmente o Ministério da Justiça é fazer o 2748

monitoramento assim como o Ministro colocou, a gestão né esta petição, como é que os 2749

senhores poderão nos dar informações qualificadas para podermos ter acesso a este 2750

documento e repassar diretamente para as comunidades indígenas. Porque se for vigente vai 2751

ter mais de 10 mil Macuxis bravos e Macuxi bravo é complicado isto. O pessoal que chama 2752

né, e é complicado e Macuxi tem esta coisa meio difícil, mas enfim, é bom ter a certeza de 2753

como é que vai ser este andamento, talvez este voto depois do julgamento a gente gostaria de 2754

participar também. Acompanhar este diálogo, né junto aqui, junto com os parentes também 2755

né, eu acho que é uma coisa que fica né, não é só a PEC, né, as 19 condicionantes poderá ser 2756

também ruim para nós para quem tem terra e para quem não tem ainda. Como é que fica isto? 2757

Eu acho que é interessante a gente colocar isto. Uma agenda específica com a liderança 2758

indígena, não só de Roraima, mas também de todo o Brasil. E outro que eu coloco para os 2759

assessores que estão aí, para a presidenta do CNPI, eu vejo assim que o diálogo só pode 2760

continuar quando ambas as partes tem resultado positivo, né, acho que foi claro e colocado 2761

ontem pelas lideranças indígenas e até onde eu sei que diálogo acontece quando alguém tem 2762

uma resposta, né, quando não tem não tem diálogo. A gente procura saber quando que vai ter 2763

as demarcações de terras que estão prontas, quando que vai ter realmente a gestão territorial, 2764

e as políticas só poderão acontecer quando existe este respaldo de debates e de diálogos 2765

fraternos e a gente espera que tenha né. Eu gostaria de solicitar para a Presidenta da FUNAI 2766

que pudesse autorizar os coordenadores de CTL para ajudar nestes debates contra a PEC, 2767

contra (incompreendido) porque lá em Roraima existe uma ausência muito grande, né, por 2768

exemplo, nesta mobilização que a gente estava discutindo sobre PEC participou a OAB, 2769

participou o ICMbio, menos a FUNAI, né. Quando a informação que a gente soube do 2770

coordenador regional que houve contingência e que não existia nenhum documento da 2771

FUNAI de Brasília, aí fica meio na contra mão né, como é que a gente está discutindo o 2772

fortalecimento da FUNAI e como já falamos aqui e a CR não consegue participar pelo menos 2773

dos debates, porque é importante comunidade fortalecida, com certeza a FUNAI será 2774

fortalecida e precisamos ter esta pressão de conta conjunta. E outra né, tanto para os 2775

assessores do MJ e da Presidência da República e da FUNAI também, teve a festa da Raposa 2776

Serra do Sol, que é uma festa também de todos os povos indígenas ainda a gente não recebeu 2777

nenhuma visita do governo, né, nem da Presidente da FUNAI. A Presidente da FUNAI foi na 2778

T.I. Yanomami, mas não foi na nossa terra, porque tem um simbólico, quer dizer, o governo 2779

Lula saiu vitorioso e os indígenas também e gostaria muito de defender a Dilma em sua 2780

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totalidade, mas até agora não dá, porque ainda não está sendo clara conosco. Acho que é 2781

importante colocar este ano, porque aí é que se ocupa uma agenda de Roraima, né, 2782

infelizmente em Roraima está toda a peça ruim dos políticos lá né? Eu gostaria que se algum 2783

parente tivesse espaço para trazê-los né estão lá os Senadores, Deputados Federais e outras 2784

pessoas que são muito anti indígenas para nós e para todo o Brasil. Eu gostaria solicitar para 2785

vocês, para os senhores e também que pudessem levar algumas lideranças indígenas para 2786

Raposa Serra do Sol, por exemplo, fazer uma agenda específica, olhar também e afirmar que 2787

Raposa Serra do Sol nunca teve fome, né, nunca teve morte indígena, tem indígena 2788

morrendo como sempre coloca isto para a mídia, é importante colocar uma agenda específica 2789

para podermos também nos encorajar e encorajar o governo, né. Tem uma agenda específica 2790

dentro da terra indígena que existem lá, este é o grande expectativa nossa lá, né acho que os 2791

55 mil indígenas que tem lá dentro do Yanomami até os Ingaricó que estão lá no Monte 2792

Roraima estão aguardando muito isto, uma visita do Governo Federal para firmar a riqueza 2793

que tem, todas as vitórias que tem naquele território no estado de Roraima, não só o 2794

momento de conflito que chamamos vocês, mas no momento em que estamos trabalhando a 2795

gestão das terras, porque lá nós estamos trabalhando gestão e dependendo da situação 2796

territorial né, estamos trabalhando também algumas demarcações de terras que já tem lá, né, 2797

são 3, acho que nem na lista da FUNAI tem, Yanomami, terras indígenas que ficaram de fora 2798

desta lista. É isto ta, obrigado pela oportunidade e até a próxima fala. Obrigado. 2799

2800 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Mário. Chiquinha próxima inscrita. 2801

2802 Chiquinha: - Bom dia a todos e a todas. Saudações as lideranças indígenas presentes no meu 2803

estado e demais povos de outros estados. Bom, eu gostaria de ressaltar algumas destas 2804

questões que eu ia colocar aqui, a nossa liderança, o Mário até já colocou aqui que é uma 2805

preocupação que a gente tem. Mesmo assim eu gostaria de inserir mais uma questão na pauta 2806

que é a discussão na pauta né, que é a discussão sobre a mineração nas terras indígenas. A 2807

gente sabe que esta discussão está bastante avançada no Congresso e dá para sair a qualquer 2808

momento algum encaminhamento e isto afeta direto e indiretamente as terras indígenas. Eu 2809

digo isto porque o meu próprio povo está sobre ameaça. Então penso eu que gostaria muito 2810

que a discussão, mineração de terra indígena, fosse uma pauta desta CNPI junto com o 2811

governo, junto com a sociedade, mas principalmente com os povos indígenas. Nós 2812

precisamos nos apropriar das informações a respeito destes processos, né, até porque para 2813

que a gente possa evitar não só confronto, mas principalmente para técnicos ou empresas 2814

chegarem nas terras indígenas e os indígenas sem saber de nada o que está acontecendo. E 2815

este é o grande temor que a gente tem hoje destes processos. Bom, outra questão mesmo que 2816

eu queria colocar aqui para fortalecer é sobre levar à discussão sobre a reforma política para 2817

as aldeias. O que eu vejo muito e é preocupação é que a FUNAI desfalcada do ponto de vista 2818

de estrutura, porque temos várias CTLs que não tem ninguém, às vezes tem uma pessoa 2819

apenas trabalhando ali, e esta pessoa nem sempre tem nenhuma condição para poder estar 2820

junto às comunidades. Estas pessoas trabalham, estes funcionários da FUNAI trabalham na 2821

maior precariedade, então isto é uma grande preocupação, a reforma que foi feita na FUNAI 2822

foi uma vergonha gente, uma vergonha gente. Não era isto que a CNPI queria. E depois nós 2823

tivemos não só o desfalque do ponto de vista de condições de infraestrutura, mas do ponto de 2824

vista financeiro, né, então, quer dizer, hoje eu fazendo uma análise da realidade da minha 2825

região, vou falar do meu estado, mas pelo que eu tenho visto e ouvido dos parentes de outros 2826

estados é a mesma situação, muito parecida, é que a reforma em vez de melhorar piorou, né, 2827

desfalcou completamente as unidades locais, né, as comunidades estão abandonadas, não tem 2828

mais ninguém, quem está lá está porque realmente tem compromisso com a comunidade. A 2829

maioria deles está trabalhando nesta condição, de sentimento mesmo, sabe, tem compromisso 2830

e está lá. Mas assim, se eles forem investigar e averiguar eles não tem nenhuma condição 2831

nem de deslocamento e o que está acontecendo? Em várias áreas está tendo grandes invasões. 2832

Eu vou dar um exemplo, por exemplo, a questão de (incompreendido) de Sararé. Voltou a 2833

invasão dos madeireiros lá dentro da terra deles, sendo que já tinha acontecido uma operação 2834

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com a polícia federal, com a FUNAI, envolveu várias instâncias com a polícia federal, 2835

tiraram eles de lá e de repente voltou tudo de novo. Agora você vai olhar a condição que o 2836

servidor vai estar lá de abandono total, como é que os caras vão segurar, por exemplo, os 2837

madeireiros entrando lá dentro, às vezes armados, em condições assim que a gente sabe 2838

muito bem melhor que a polícia federal em termos de armamento e os caras entram nas 2839

terras. Então isto é uma grande preocupação, e eu acho que eu venho para cá e fiz uma 2840

relação da situação do estado do Mato Grosso, inclusive que eu gostaria depois que o caso do 2841

Xingu eu gostaria que o nosso cacique aqui pudesse falar hoje, né Wynti, ter a oportunidade 2842

de falar justamente da situação do Xingu, né, ele vai fazer isto, ele está aqui, tem aqui o 2843

nosso parente também Xavante que pode colocar também um pouco os problemas. Mas eu 2844

queria colocar isto aqui como uma grande preocupação que a gente tem. Outra coisa também 2845

do meu estado, eu gostaria de pautar, né Guta aquelas discussões, aquela pauta que nós 2846

fizemos lá por ocasião da assembléia da COIABE, lembra daquelas reuniões que fizemos lá? 2847

Nós pautamos né, assim uns assuntos que é para serem tratados diretamente com o Ministro. 2848

Eu quero reafirmar isto aqui, vai ficar registrado aqui na ata que a gente quer esta audiência 2849

sim, porque temos problemas sérios, né e eu estou fazendo um documento aqui e vou 2850

entregar para o Marcelo, né, eu já falei isto para o Ministro, relacionando estes problemas e 2851

marcando audiência com os povos indígenas. Bom, isto é uma coisa, outra questão também, 2852

né, reforçando o que o Mario Nicácio falou sobre estas discussões de pautas, é a questão das 2853

hidrelétricas que é uma grande preocupação, penso eu que o nosso companheiro, nosso 2854

parente indígena o Crisanto colocou aqui esta situação, mas eu vejo esta discussão no sentido 2855

de informar e colocar para nosso povo o que está acontecendo? Como é que é este processo? 2856

Eu penso que precisamos nos apoderar e ponderar destas informações. A questão da 2857

PNGATI também é uma situação muito preocupante, que a gente precisa tocar esta pauta 2858

porque diz respeito à questão de sustentabilidade dos povos indígenas, né, em vários 2859

direcionamentos, então penso que a gente tem que ter esta ordem do dia, tem que estar 2860

pautado esta questão da sustentabilidade por meio da PNGATI. Outra questão que eu já falei 2861

é esta questão da FUNAI, que eu vejo que a gente tem que retomar esta discussão 2862

urgentemente, né, convocar os funcionários, convocar as pessoas que estão na base, né, nas 2863

CDLs, as pessoas que estão trabalhando junto com os povos indígenas, na mesma direção dos 2864

povos indígenas, para a gente poder discutir esta questão como deve ser a partir de agora. 2865

Esta discussão tem que ser levada para a Conferência Nacional. Acho que o pessoal já falou 2866

os que me antecederam, concordo plenamente. A discussão da Conferência Nacional de 2867

Política Indigenista é um dever do estado, temos que colocar prazos para discussões, desta 2868

política de implementação, da política indigenista no prazo médio, prazo curto, prazo 2869

prolongado, precisamos colocar que a sociedade precisa compreender esta política 2870

indigenista, né. Outra questão que eu gostaria de colocar aqui é desta questão da reforma que 2871

também já foi colocado, ela tem que ser retomada, tem que ser discutida conosco, né, e ela 2872

tem que estar muito bem informada das comunidades indígenas, porque a gente sabe que 2873

quando chega período de eleição, começa a farra do povo que tudo para as aldeias para fazer 2874

a campanha política, e a maioria deles são todos inimigos dos índios, eu digo isto porque na 2875

nossa região acontece muito isto. Eu gostaria também de pautar aqui a questão da educação 2876

de novo, né, audiência com Ministro, eu quero aqui chamar a atenção dos meus 2877

companheiros indígenas da CNPI e demais lideranças que estão aqui, que esta pauta da 2878

educação não é só pauta nossa. Pauta eu digo nas especialidades, por exemplo, tipo eu, a 2879

Pier, as meninas que estão à frente desta discussão, mas é um dever de todos nós. Porque a 2880

discussão da educação está em todo o Brasil dos problemas que afetam as escolas, os 2881

professores, nossas comunidades indígenas. Penso eu que eu gostaria muito de pedir para 2882

nossos companheiros aqui da CNPI, né, a bancada indígena que possam nesta reunião com o 2883

Ministro vocês trazerem relatórios sobre a situação da educação escolar indígena. Porque eu 2884

vi várias lideranças durante este processo de mobilização aqui colocarem o problema da 2885

educação. Problema sério, nós temos aí as leis que nos amparam, nós temos políticas, mas na 2886

prática não está acontecendo nada. Nós temos estados brasileiros que estão em total paralisia 2887

na questão da educação escolar indígena, exatamente e aí isto é muito preocupante, porque se 2888

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nós temos as leis, nós temos as políticas, o que está faltando? Então eu penso que a gente 2889

precisa discutir isto é com o Ministro, não quero saber de assessor vir aqui não e dizer, 2890

(incompreendido) o período disto já passou, agora é com o Ministro, o Ministro se intera 2891

sobre isto, toma uma posição política venha conversar conosco sobre estes problemas. Eu 2892

penso que no caso, por exemplo, do Mato Grosso, a gente tem algumas questões, por 2893

exemplo, que a gente quer discutir a questão da formação dos professores indígenas, para 2894

uma política pública e também a formação de ensino superior nas universidades, a questão da 2895

bolsa do acesso e permanência, nós temos alguns entraves aí de ordem de gestão das 2896

universidades, que precisam de realmente uma discussão mais aprofundada com a federal, 2897

mas principalmente com o MEC aqui. Porque o MEC através do seu secretário da SESU é 2898

que dá as diretrizes para as universidades, sempre foi assim. E é assim que funciona, então é 2899

necessário que o próprio secretário, inclusive eu fiquei sabendo que o secretário da SESU é 2900

do Mato Grosso. É do Mato Grosso, então ele precisa se interar das questões das 2901

universidades que ofertam e atuam com a formação do bacharelado dos (incompreendido) 2902

então a gente gostaria nesta reunião com o Ministro estivesse presente também o Secretário, 2903

né, eu gostaria muito, sabe Guta, que você, o Marcelo, e o nosso companheiro aí Tiago, né 2904

Tiago? Vocês têm a obrigação de trazer estas autoridades aqui. Vai sentar na mesa, vai ouvir 2905

os povos indígenas, né, a gente vai trazer alguns convidados, que eu gostaria de pautar isto 2906

também, alguns indígenas que virão para cá, vou por em ordem de prioridades problemas que 2907

eles tem. Eu estive em uma reunião na UNB com os alunos daqui, também eu gostaria que o 2908

pessoal daqui os estudantes estivesse participando. Nós temos o Porã que é uma liderança 2909

jovem, que está à frente desta discussão aqui em Brasília e que a gente possa colocar este 2910

pessoal para ouvir, precisa alguém ouvir. Olha eu já estou assim, estou cansada, porque esta 2911

militância na educação para mim já tem 30 e poucos anos, eu sei que vai demorar muito 2912

tempo para a gente ter o ideal. Vai demorar porque a gente sabe muito bem que a questão da 2913

educação é desde o tempo de Cabral, não é verdade? A gente sabe que começa desde o início 2914

da colonização, quer dizer, vai demorar outros 500 anos. Então, mesmo assim, a gente sabe 2915

que tem a obrigatoriedade e oportunidade que nós temos aqui. Nesta direção eu gostaria em 2916

relação também a discussão da convenção 169, também é outra pauta, né, que a gente vai 2917

ouvir a APIB, a nossa organização aqui, as lideranças sobre um posicionamento sobre isto, 2918

né, eu acho que ela só vai surtir efeito quando ela é imponderada pelos povos indígenas na 2919

ponta, lá na base, né, por isto que eu vejo que a educação é uma forte aliada nestas 2920

discussões. Eu só consigo entender isto a partir de um processo mais profundo e um processo 2921

realmente de aperfeiçoamento das discussões. E a educação tem o dever discutir estas pautas. 2922

Então era isto que eu queria colocar para vocês, e se talvez eu esquecer algo, porque é tanta 2923

coisa, né, e a gente fica até perdido, a gente vai colocando ao longo do processo e eu gostaria 2924

muito depois que nosso cacique do Xingu possa colocar as demandas de vocês lá do Xingu. 2925

Muito obrigada. 2926

2927 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Chiquinha. O Tiago pediu para dar um informe. Eu 2928

vou passar o microfone para ele e achei pena que o pessoal da educação não chegou ainda, 2929

porque eu achava importante a gente dar um rápido informe sobre os últimos acontecimentos 2930

em relação ao bolsa permanência, né, principalmente a relação que a gente tem tido com a 2931

UNB, enfim, acho que aconteceram alguns equívocos, no encaminhamento de algumas 2932

coisas por falta de informação. Então a gente tem feito um trabalho FUNAI-MEC bem 2933

próximo e bastante cooperado e também buscar a UNB para esta compreensão do que é que o 2934

governo tem buscado fazer e junto aos estudantes da UNB para poder fazer informar todo 2935

mundo, alinhar, nivelar os entendimentos de qual é a política que está sendo colocada e acho 2936

que isto é fundamental para que se tenha sucesso. Vou passar para o Tiago e o próximo 2937

inscrito é o Brasílio. 2938

2939 Thiago Garcia: - bom dia a todas e todos. Vou fazer um informe rápido e uma proposta para 2940

que a gente possa continuar com estas discussões. A partir da fala ontem do Ministro 2941

Cardozo, com relação ao julgamento das condicionantes da Raposa Serra do Sol, ele 2942

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informou que o Ministro Barroso vai apresentar o voto dele nas próximas semanas e a 2943

possibilidade do Ministro Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo colocar em pauta na 2944

votação este mês. Então a gente esteve conversando hoje pela manhã com o Ministro Silva 2945

Albuquerque que é o chefe de gabinete do Presidente Barbosa, ele falou que realmente ele 2946

tem esta orientação do Ministro Joaquim Barbosa para tentar adiantar este julgamento, 2947

colocar logo isto na pauta e ele sugeriu e aí faço um convite para vocês receber uma 2948

delegação de indígenas da CNPI hoje às 15 horas para conversar sobre isto. Então ele está 2949

disposto a receber, é importante pois ele é o chefe de gabinete do Ministro Silva 2950

Albuquerque, porque é ele que organiza a pauta do Supremo, a partir da delegação do 2951

Ministro Joaquim Barbosa, então eu acho que é uma boa oportunidade de vocês colocarem 2952

para ele a importância do julgamento das condicionantes, que isto seja feito de forma rápida e 2953

que a gente tenha um bom resultado no final como o Mário Nicácio colocou né, que seja 2954

dado nulidade a estas condicionantes, né, não só para as outras terras indígenas, mas para a 2955

própria Raposa Serra do Sol. Então é uma sugestão se vocês concordarem era tirar uma 2956

delegação aqui de 10, 15 pessoas para sentar hoje com o chefe de gabinete às 15h lá no 2957

Supremo e conversar com ele sobre as condicionantes e o julgamento para a gente poder 2958

acelerar isto e chegar a um resultado bom com relação a esta questão. 2959

2960 Heliton Gavião: - Teresinha, questão de ordem aqui um pouquinho. Eu acho que como a 2961

Presidenta falou o pessoal do MEC não está aqui, e a gente queria também a presença do 2962

pessoal do Ministério da Saúde. Acho que tem que estar aqui também. 2963

2964 Teresinha Gasparin Maglia: - Só justificando Heliton, o pessoal da saúde já tinha avisado 2965

ontem que eles iam atrasar um pouquinho hoje, porque eles tinham uma pauta lá e que a 2966

Bianca não poderia estar aqui, mas que ela vem sim, terminando a reunião lá, ela já corre 2967

para cá. E eu já entrei em contato com a Rita e com a Suzana e elas já estavam já tinham 2968

saído do Ministério da Educação e estão a caminho, só que não chegaram ainda. Eu acho que 2969

eu vou retornar a ligação e vamos lá, enquanto isto eu acho que o Tiago fez uma proposta e 2970

acho eu vou... vai ter que dar uma resposta logo em seguida pessoal, vocês concordam em ir 2971

nesta reunião com o STF? 2972

2973 Saulo Feitosa-CIMI- Tiago, eu acho que é importante passar também pelos outros 2974

gabinetes. Porque a gente tem feito, tem circulado nos gabinetes e tem conversado com os 2975

Ministros, inclusive alguns Ministros já externaram que gostaria de saber qual a posição da 2976

FUNAI, até liguei do STF para a Teresinha acho que ainda ontem, a gente estava no gabinete 2977

do Celso de Melo porque já tem uma resolução da CNPI sobre a portaria 303, porque 2978

inclusive eles perguntaram qual era a posição da FUNAI sobre a portaria 303? Então a minha 2979

proposta é se vai conseguir uma delegação para ir hoje, a CNPI vá ao Supremo, poderia levar 2980

uma cópia desta resolução, porque uma questão está vinculada a outra e já que não dá para 2981

agendar com os Ministros, porque está em cima da hora, mas com chefe de gabinete seria 2982

importante colocar este entendimento, né de que de fato estas condicionantes não têm 2983

cabimento nem para a Raposa, nem para nenhum povo indígena, porque aí já faz parte do 2984

lobby permanente que os povos vem fazendo junto ao STF. Poderia fazer não sei uma rodada 2985

eu acho, vai ao gabinete do Ministro Joaquim Barbosa passando e deixando o documento da 2986

CNPI, a resolução da CNPI nos outros gabinetes também. 2987

2988 Thiago Garcia: - Eu posso conversar com o Ministro Silva Albuquerque e apresentar isto, 2989

talvez ele possa chamar alguns chefes de gabinete para entrar nesta reunião com ele, acho 2990

que é importante com o Ministro Silva dá para tirar uma estratégia justamente de diálogo 2991

com os Ministros do Supremo, o Joaquim Barbosa acho que não está hoje em Brasília, então 2992

não tem possibilidade de estar com ele, mas é uma oportunidade interessante sim. 2993

2994 Sandro Tuxá: - A gente tem um grupo que não é tão distante do número e seria bom se 2995

todos se fizessem presentes, já que vai ter quem sabe aí este momento, a gente está em torno 2996

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de 22, né, nem sei, porque nem todos estão aqui, né, uns 20 por aí, pode ser? Então bom. 2997

Obrigado. 2998

2999 Teresinha Gasparin Maglia: - Ok, enquanto o Thiago entra em contato com o Ministro 3000

Silva nós continuamos nossa parte. A próxima é a Pierlangela. 3001

3002 Pierlângela Nascimento Cunha: - Pierlângela, COIAB, região Amazônica. Eu acho que tem 3003

que, o assunto que está em pauta aí, inclusive esta reunião, né, a sugestão é que a gente 3004

pudesse logo encaminhar e fazer um grupo para tratar especificamente desta questão. Que eu 3005

acho que dentro deste grupo de trabalho as outras questões vai envolver outras questões 3006

referente à saúde, educação, eu vejo assim, que poderia ter um grupo que pudesse fazer, um 3007

grupo só para esta questão deste julgamento, por quê? Porque novamente isto vai ser o ponto 3008

principal para todas as questões de terras indígenas no país. Então além deste grupo 3009

executivo que vai trabalhar as próximas reuniões nas outras demandas, eu acho que teria, a 3010

proposta seria ter um grupo específico para tratar dessa questão das demandas deste 3011

julgamento. Por quê? Porque isto que vai e conforme a própria preocupação que o Ministro 3012

colocou, que é a partir daí que vai ser relacionada à questão da judicialização, então a 3013

proposta seria já sair daqui com este grupo que vai tratar especificamente desta pauta do 3014

julgamento do STF, fora o executivo, para que garanta o que? Não só (incompreendido), mas 3015

os próprios envolvidos na questão como está aqui o Mário e outras pessoas como a gente está 3016

lá de Roraima, para que a gente possa fazer esta gestão também junto aos gabinetes do 3017

Ministro, porque isto a Raposa Serra do Sol novamente vai entrar em pauta e vai né, valer 3018

para todas as terras indígenas. Então eu acho que a proposta seria garantir e já sair daqui com 3019

este grupo que vai acompanhar todo este processo, tanto porque assim, qual é a questão 3020

colocada aqui? Há o que o Saulo colocou a posição da FUNAI e a posição do MJ, isto 3021

influencia muito e isto tem um peso muito grande junto ao STF quando a gente vai com uma 3022

posição da FUNAI e o Ministério da Justiça e com os indígenas, então isto tem um peso 3023

dentro deste julgamento tem um peso sim, porque eles também querem saber a opinião de 3024

vocês, então a sugestão é esta, criar este grupo específico já para este assunto. Quanto ao, eu 3025

queria resgatar a questão de que o próprio Marivelton falou, tem outras questões que foi 3026

colocando em pauta também, pela Ministra do Meio Ambiente na reunião passada, né, então 3027

a proposta seria retomar também conforme foi colocada a questão do comitê vai ser 3028

instituído, né, 11, vai ser em outubro, né? Vai ser em outubro. Então, a preocupação é que a 3029

gente não tem perca estas questões também, por quê? Porque tem alguns lugares que estas 3030

questões estão andando. Não só o PNGATI, mas as outras questões, porque se a gente for só 3031

para o PNGATI também estas outras questões que foram colocadas pela Ministra eu acho 3032

que ela sentou nesta mesa, ela teve compromisso, ela falou de algumas ações do Ministério 3033

do Meio Ambiente, né, a gente tem que pegar isto e trabalhar em cima disto. Dentro deste 3034

grupo de trabalho pra a gente retomar e trazer na próxima reunião também, porque ela falou 3035

inclusive de recurso financeiro, principalmente para a nossa região, ela falou da região 3036

Amazônica, então a gente precisa acompanhar isto e dar prosseguimento a algumas questões. 3037

A questão da educação eu acho que já levantou. A presença do Ministro aqui vai ser 3038

fundamental, porque a gente, a Chiquinha apontou todas as questões e a gente precisa, agora 3039

eu queria pedir e colocar com os colegas que a gente vai estar em contato por email com o 3040

mesmo levantamento que a gente fez em relação as terras indígenas a gente fazer sobre 3041

educação, porque agora a gente precisa estar com os dados mais claros, né, para que a gente 3042

possa trabalhar em cima destes dados dos estados mesmo, daquele mesmo levantamento, 3043

porque quando a gente for trabalhar nos grupos por região, a gente possa ter claro como as 3044

situações de educação e fazendo isto a gente trocando isto via email para a gente poder já 3045

chegar na próxima reunião com tudo, né, para a gente poder, porque aí nós vamos focar em 3046

duas coisas, a questão da educação básica e do ensino superior, dos dois, né? Isto. Isto. Na 3047

educação básica e infraestrutura, toda aquela questão de merenda e transporte tudo, e a 3048

formação superior neste bloco. Porque aí a gente tem esta questão da bolsa permanência que 3049

está sendo uma preocupação grande, a gente tinha discutido, né, política pública a gente luta, 3050

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às vezes implementa, não é do jeito que a gente quer, mas a gente vai corrigindo este 3051

percurso, né. Se tem este diálogo com o Ministério da Educação, então a gente vai corrigir e 3052

colocar esta realidade, a gente ter a implementação e antes da implementação teve detectou 3053

algumas questões que estão a ser resolvidas, inclusive até pelo próprio entendimento dos 3054

reitores em relação a bolsa permanência, né, a gente teve que fazer conforme algumas 3055

informações que ele passou, algumas universidades ainda não aderiram, mas por uma posição 3056

de ....., uma posição deles, dos reitores, algumas questões que não foram esclarecidas, porém 3057

isto está prejudicando os estudantes indígenas, que ficou, aí a gente vai colocar assim, que 3058

ficou a questão das bolsas da FUNAI, ficou ainda neste, então a gente precisa ajustar, acho 3059

que está muito solto e não ficou bem encaminhado a questão da FUNAI e do MEC em 3060

relação a questão da educação. Está muito solto, está muito ficou, a gente veio desde o ano 3061

passado tentando isto, não é só o MEC, e a outra questão é que a gente quer trazer o 3062

Ministério da Saúde também para este debate, por quê? Porque a formação na área de saúde, 3063

pelos agentes indígenas de saúde, pelos agentes indígenas está sendo pautado então o 3064

Ministério da Saúde também tem que estar presente, porque não é só responsabilidade do 3065

MEC. A própria lei do subsistema do SUS está lá garantida a questão da formação, por isto 3066

que a gente está fazendo este diálogo e não separar saúde e educação. Fazer este diálogo em 3067

conjunto, por quê? Porque não é só nas questões estruturais que a gente está falando de 3068

funcionamento dos distritos, mas a gente está pontuando também, está saindo é uma 3069

demanda inclusive, porque está se discutindo na saúde a questão do concurso, né e então a 3070

gente quer trabalhar isto junto, porque nós já temos experiência na área de educação e a gente 3071

quer contribuir nesta discussão com o Ministério da Saúde em relação a isto. Então, por isto 3072

que a gente quer esta pauta sempre ficar junta para a gente poder dar um encaminhamento. 3073

Então eu queria relembrar isto para a gente trazer. E em relação à questão das terras, lembrar 3074

que naquela reunião que a gente teve anterior, a gente colocou não só as questões da 3075

demarcação e dos assuntos do legislativo, mas a questão do monitoramento e fiscalização. A 3076

gente retomar isto, porque quando for na próxima reunião também esta questão que a FUNAI 3077

está envolvida diretamente e que é a questão da FUNAI e do Ministério da Justiça e gente 3078

tem que pautar. Porque não é só a questão de demarcação. A gente listou mais e nas reuniões 3079

a gente tem tratado e a gente precisa avançar nisto para ver como é que está, porque algumas 3080

questões de ameaças continuam, invasão indígena Yanomami, toda aquela situação está 3081

fazendo um trabalho e fizeram um trabalho lá, mas nós temos invasões na área, que eu acho 3082

que na Anaro que já é de seu conhecimento e que foi enviado um documento, a terra indígena 3083

Anaro, que é onde está o sítio arqueológico na Pedra Pintada, naquela área ali as lideranças 3084

estão sofrendo ameaças, estão sofrendo invasão direta e tem um processo judicial. Então são 3085

questões ainda que precisam não só esta questão do executivo no sentido da demarcação, 3086

enfim, destas questões, mais o próprio monitoramento e fiscalização até para lembrar que 3087

tem outras terras indígenas que já foram demarcadas e já estão todas no processo, e a gente 3088

precisa também olhar, assim como a gente citou a questão dos povos indígenas isolados, né, 3089

nas nossas discussões. Então tem algumas questões que precisam a gente não pode perder e 3090

focar só na questão daqui disto das demarcações e enfim, do que a gente tem retratado, mas 3091

retomar isto. Então e para encerrar a minha fala, eu gostaria de dividir aqui a palavra para a 3092

nossa companheira Rosane, uma mulher guerreira e a gente sabe que sempre teve um papel 3093

importante também, dentro do movimento indígena e eu queria como mulher, né dividir a 3094

minha fala com ela, porque ela dê uma palavra aqui. Está bem aí atrás de vocês. É estender, 3095

como nós somos poucas, né nesta bancada, então a gente pode falar um pouquinho mais, né? 3096

Somar, isto. 3097

3098 Rosane Kaingang: Bom dia a todos, bom dia a todas. Em primeiro lugar eu quero agradecer 3099

a todos os povos indígenas que enquanto estive no hospital, aos membros da CNPI que me 3100

ligaram e me mandaram mensagens, né, à Executiva da CNPI, né preocupadas comigo, tendo 3101

em vista o Deoclides, Brasílio, o Rildo, Ivan Kaingang, que me visitaram e visto numa 3102

situação quase de caixão, e saíram apavorados. Eu estive internada e fiz uma cirurgia dia 13 3103

de agosto e fiquei até dia 26, porque peguei uma virose dentro do hospital e realmente a coisa 3104

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estava feia, mas dizer que eu vim agradecer pela preocupação de vocês, eu recebi mensagem 3105

tanto do Titiah do nordeste quanto do Oiapoque quanto do Centro Oeste, quanto de todas as 3106

regiões do Brasil, né? Eu jamais imaginava que até hoje, o Crisanto e o Lusinho falaram 3107

comigo, nós soubemos lá e estávamos preocupados contigo. Está pipocando ainda que eu 3108

estou doente pelas nossas aldeias do Brasil. Eu nunca imaginei que eu fosse tão querida e 3109

nunca imaginei que a nova geração que está surgindo e depois da primeira organização 3110

chamada Uni e a segunda nacional (incompreendido) e da terceira APIB eu nunca imaginei 3111

que nós hoje estamos preparados para agradecer e caminhar, não somente agradecer os 3112

nossos antepassados que lutaram e deram seu sangue pela nossa vida, mas as lideranças que 3113

morreram, né? Mas também temos lideres da UNI aí que também estão doentes como Uilton, 3114

como Álvaro Tucano, Marcos Terena que nós precisamos homenagear, por mais que nós 3115

tenhamos divergências ideológicas e sabemos que nós somos uma mega diversidade de 315 3116

povos, mas foi com eles, eles não conheciam ninguém, eles abriram as portas, Juruna, né, e 3117

Raoni, eu quero agradecer ao Raoni porque ele fez as pajelanças enquanto esteve neste 3118

período antes de eu ir para a cirurgia, ele fez em mim. O pajé Mururupu também quando 3119

esteve aqui, ele fez pajelança em mim, os nossos cuiãs Kaingang continuam fazendo e 3120

continuam fazendo pelo Paulinho Pancararu né, a meu pedido enquanto eu estava dentro do 3121

hospital. Agradecer imensamente que hoje nós estamos preparados para agradecer e para 3122

reconhecer o trabalho de líderes anteriores a nós, de líderes que estão se formando aí e 3123

porque amanhã no futuro vocês vão ficar para trás, está nascendo aí a comissão, nasceu a 3124

comissão nacional da juventude, eles serão os próximos líderes. E nós temos que ensiná-los a 3125

respeitar hoje vocês que serão o passado deles e a reconhecer, como dizia Marcos Terena, 3126

nós caminhamos nos rastros dos nossos antepassados, e é verdade, nós temos que caminhar 3127

com os velhos, com as mulheres, com a juventude, dentro de nossas aldeias e aqui, por mais 3128

que o Governo Federal tente nos dividir jamais vai conseguir. Tentou-se, mas não 3129

conseguiram. E dizer para você que não somos o único movimento indígena que eu milito, 3130

né, mas em nome dos brancos obrigado por ter me ligado, Marcelo para saber como eu 3131

estava, Sergio Mamberti e outros atores amigos meus quando fizemos a (incompreendido) 3132

eles estávamos junto conosco na aldeia Kaiowá e mais os religiosos que foram me visitar. O 3133

Ministro do STJ, né, agradecer a todos eles e fora o mundo de amizades que eu fiz e o mundo 3134

não indígena que foram me visitar. Os funcionários da FUNAI que foram me visitar e me 3135

apoiaram neste momento, inclusive quem cuida de mim hoje é uma servidora da FUNAI que 3136

se chama Conceição, né, ao sair do hospital e eu fiquei muito feliz de saber que todos se 3137

preocuparam comigo, assim como eu sempre me preocupei com todas as regiões. 3138

(incompreendido) da nossa luta, de apoio e solidariedade aos nossos povos. E dizer que 3139

contribui um pouco nas falas que me antecederam, o importante a fala daquele rapazinho 3140

(incompreendido) quando ele diz que nós precisamos resolver a situação das terras primeiro, 3141

da desintrusão destas terras, porque vai e vem nós estamos no movimento e vem para o 3142

acampamento das bases está sempre falando das terras, está sempre falando da desintrusão. 3143

Sem a terra, sem viver em paz, qualquer política primeira preocupação do viver em paz para 3144

discutir as políticas públicas dentro de nossas aldeias. Mas quem não tem terra não tem 3145

como. E dizer na concordância com vocês que as mulheres indígenas são as que mais se 3146

preocupam com a educação. Dentro da APIB, foi difícil dentro do movimento votar a questão 3147

cultural como tem sido a questão da educação. Que a gente só fala em terra. Terra, 3148

desintrusão e sustentabilidade. E dizer que não somente Chiquinha o processo da formação 3149

formal, o que é formação formal? É o sujeito estudar fora, é a educação básica. Mas nós 3150

estamos esquecendo de um item primordial, são os processos educativos tradicionais de 3151

nossos velhos, nossas mulheres, aqueles que detém o conhecimento tradicional não estão 3152

conseguindo passar isto para a nossas crianças dentro de nossas terras, tendo em vista o 3153

sistema que existe da educação de cumprir calendário, né, do não indígena e concordo com o 3154

Anastácio quando ele diz o bem viver, ele é interno nosso não está bem. Com relação à 3155

reforma política Saulo, houve uma discussão também, a APIB participou no Senado na 3156

comissão de direitos humanos com o Senador Paim, quando ele levantou a questão de que 3157

nós povos indígenas e outros segmentos sociais não podemos se candidatar neste sistema 3158

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partidário que tem, que nós nunca vamos conseguir chegar no Congresso Nacional e sim com 3159

a representatividade como existe na Itália, a representatividade de segmentos sociais dentro 3160

do Congresso Nacional. Participando da reforma política gente, ao discutir uma coisa de 3161

âmbito nacional, nós temos que também discutir na ponta, por exemplo, nós Kaingang 3162

passamos por um planejamento de terras no Rio Grande do Sul com a FUNAI, este ano nós 3163

planejamos a questão de gestão territorial por conta do arrendamento, né, discutimos, 3164

planejamos com a FUNAI e nós pretendemos discutir com os nossos caciques, com nossas 3165

lideranças lá na ponta e nossos vereadores e o vice-prefeito que nós temos discutir as 3166

próximas eleições. Porque é discussão começa lá na ponta. Se nós não temos comunidades 3167

conscientizadas do que está rolando a nível nacional dentro do Congresso Nacional, estas 3168

proposições que vem de dentro do Congresso Nacional contra nós e quem nós vamos votar 3169

como Deputado, Prefeito e Governador se nós não temos esta consciência política dentro de 3170

nossas bases, como é que vamos evoluir para a discussão de uma reforma política? Eu acho 3171

que as duas têm que caminhar juntas, é neste sentido. Com relação, eu queria alertar a 3172

Presidenta da FUNAI, com relação à educação, na verdade nós sentimos que o Sabaru falou 3173

agora comigo também, nós começamos também a ver o fato de não ter aceitado aquilo que se 3174

discutiu, o governo não aceitou, as diretrizes ainda da Conferência Nacional da Educação já 3175

foi uma perda, a segunda perda foi o desmanche da educação da FUNAI, né, que quando 3176

virou esta CGPC virou a cidadania, e esqueceu mais da educação, tanto dos processos 3177

educacionais ativos tradicionais quanto da básica e da formação de nível superior, né? Então 3178

eu acho que as gestões que tem que ser feita elas tem que ser feitas tanto pelo Ministro da 3179

Justiça, quanto a presidenta da FUNAI com os ministérios no sentido da saúde, da educação 3180

e os setores das diretorias junto com a senhora, porque enquanto nós não, a FUNAI não 3181

levantar esta questão, nós temos na região sul meramente escolinhas dentro de nossas terras a 3182

reprodução do sistema escolar do não indígena. Do colonizador em que os nossos professores 3183

bilíngües eles nem conseguem nem fazer as atividades deles culturais que são proibidos, 3184

porque tem que respeitar o calendário escolar. E a saúde gente, eu acho que a FUNAI existia 3185

uma coordenação na FUNAI que acompanhava a questão da saúde, né, hoje nós não temos 3186

este especificamente esta coordenação que acompanha a questão da saúde, é muita coisa 3187

quando vira num bolo só de uma coordenação social e tem gente para cuidar, 3188

especificamente do quesito saúde, da questão social na ponta, né, e é isto, e dizer Presidenta 3189

que eu acho que o Deoclides vai falar para a senhora. Quando eu coordenei o encontro em 3190

Passo Fundo do planejamento da FUNAI, um DPP com as lideranças indígenas, com a DPP, 3191

nós fizemos um planejamento das nossas terras e as prioridades e dentro das prioridades está 3192

nas suas mãos, Mato Castelhano, é uma das nossas prioridades, e aí as lideranças de lá 3193

ligaram e estão pedindo que a senhora aprove este relatório, porque se nós tivermos que 3194

brigar na justiça, vamos brigar lá, se o Ministro não assinar lá vamos discutir com ele o 3195

assunto, mas que a senhora tire das suas mãos, porque nós temos uma área lá, nós 3196

começamos o processo de auto demarcação, certo? De uma terra lá. Semana passada eles 3197

estavam auto demarcando, semana que vêm eles vão desintrusar eles mesmos o Rio dos 3198

Índios, né? E Mato Castelhano também vai fazer mobilização, então nós estamos fazendo a 3199

auto demarcação, eles estão fazendo a desintrusão eles mesmos para ver se o estado, se como 3200

diz, libera a caneta para o Ministro, ele precisa ter coragem. Porque nós mulheres indígenas 3201

Kaingang quando nós vemos um homem muito frouxo nós chamamos esse calça frouxa. Ele 3202

tem que assumir esta questão, então está muito frouxo. CNPI uma dica aqui. Eu estava 3203

conversando com as lideranças, olha, começa uma reunião nós levantamos várias demandas, 3204

vários temas discutidos, mas não chega uma reunião da CNPI dizendo o seguinte: senhor 3205

Ministro da Justiça nós avançamos aqui no quesito terras, nós avançamos aqui, antes de 3206

vários temas surgirem, mas se discute muito outras coisas e vai indo, reunião após reunião, 3207

reunião após reunião, como disse um parente aí e eu sou da mesma opinião, primeiro vai se 3208

dialogar sobre a 169, a nossa opinião é esta. Enquanto não sair, a opinião Kaingang é esta, 3209

enquanto não sair o resultado da Raposa, para nós o resultado da 303, o resultado da PEC, a 3210

resposta da PEC 215, nós não vamos dialogar sobre a 169, nós Kaingang. Vamos esperar esta 3211

resposta. E daí nós vamos passar a dialogar sobre a 169. Porque não houve avanço neste 3212

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diálogo todo, nós precisamos que avance e que as coisas avancem e que tenha uma resposta, 3213

né, é neste sentido e obrigada. 3214

3215 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Rosane. Eu queria só aproveitar os elementos da fala 3216

da Pier para a gente já ir pensando um pouco nos encaminhamentos, principalmente nesta 3217

questão do julgamento do STF que é uma coisa bastante urgente, talvez a gente pudesse ter 3218

um grupo que já estivesse aqui permanentemente, não se vocês têm, como é que está a 3219

agenda de vocês, se tem algum conjunto de pessoas que vão estar aqui nesta semana, porque 3220

esta é a semana ideal para se fazer estas gestões, porque além desta reunião que a Secretaria 3221

Geral está articulando para hoje, acho que era importante a gente pensar um pouco na linha 3222

do que a Pier sugeriu de ter um conjunto de elementos, né, um parecer formal, escrito, 3223

formalizado pela própria FUNAI que se junte aos elementos que o MJ já reuniu, alguns já 3224

estão até constantes no parecer também em relação a 215, a gente já poderia começar este 3225

trabalho este grupo, nesta próxima semana para termos elementos firmes e acho que é 3226

importante ter um grupo acompanhando isto, porque se for pautado, a gente eventualmente 3227

pode não conseguir pautar e chamar todo mundo para estar aqui em Brasília. Então eu acho 3228

que se a gente tiver um grupo acompanhando este tema seria bastante importante. Com 3229

relação à questão que a gente estava trabalhando antes da Rita chegar, do bolsa permanência, 3230

estava dizendo Rita da cooperação que a gente tem feito FUNAI e MEC para apresentar os 3231

esclarecimentos necessários, sobretudo em relação a estas questões que tem surgido na UNB, 3232

e aí informar para vocês que a gente está trabalhando um material informativo que acho que 3233

fica pronto semana que vem no máximo, né gente? O primeiro boneco está aí, talvez 3234

Chiquinha fosse interessante eu estava conversando com as meninas aqui, embora ele ainda 3235

falte alguns ajustes formais, para a gente circular para vocês o texto. Como é que a gente está 3236

trabalhando um informativo junto com o MEC para vocês olhar e ver se a gente consegue 3237

avançar na produção de outro material e se eventualmente isto pode circular para diversos 3238

estados também, a gente pode produzir este material para entregar em diversas universidades. 3239

Então eu acho que era interessante todo mundo hoje ter o conhecimento disto, não sei se a 3240

Rita roda ainda este boneco, ele está com algumas observações a caneta, ou se a gente 3241

imprime o texto corrido aí para todo mundo dar uma lida como sugestão. Ta, então pede para 3242

imprimir uma via para nós. Brasílio. 3243

3244 Brasílio Priprá: - Bom dia todas e a todos. Eu sou Brasílio Priprá do povo Xokleng. Acho 3245

que todas as conversas aqui interessantes, muito interessantes. Agora eu pergunto a 3246

presidente da FUNAI, ao doutor Marcelo representando o Ministro da Justiça, quando não se 3247

demarca 222 hectares no Rio Grande do Sul, que tem um morador, então a situação está 3248

complicada. Eu fiquei até feliz quando o Ministro Cardozo mudou o tom dele, Ministro 3249

Gilberto, eu acho que a conversa é bom. É muito bom, é importante que se converse, mas sou 3250

uma pessoa que gosta é de diálogo. Mas para a gente ter diálogo no mínimo, no Rio Grande 3251

do Sul, não é minha área, mas é do povo Kaingang, é do povo Kaingang. Não é daquela 3252

pessoa que mora lá, é do povo Kaingang. Então uma pessoa prevalece em cima de um povo, 3253

então não se pode demarcar 222 hectares. Esta é a minha preocupação. Eu acho que a própria 3254

presidência da FUNAI, Ministro da Justiça eles tem que pontear, estes pontos, sabendo nós 3255

que o governo não tem possibilidade de fazer todas as coisas, mas estes pontos aqui oh, é 3256

lamentável. Quando não se dá uma resposta. É preciso se dar uma resposta para o povo. A 3257

educação é importante, a saúde é importante, mas eu não acredito que um povo pendurado 3258

em um fio recebendo educação e saúde, isto aí eu duvido, se há algum lugar, me apresente. 3259

Então eu acho que esta preocupação que eu tenho de demarcação de terras, todos aqui 3260

falaram muito bem, todas são interessantes, mas não coloca nada, nem faz nada se você não 3261

tiver a sua terra. Então é preciso o governo tomar uma decisão ta, e precisa resolver isto. 3262

Outra coisa, o nosso companheiro Saulo foi muito feliz quando falou dos parlamentares 3263

indígenas. Eu acho que é importante. Nós precisamos começar a pensar no futuro. Isto não é 3264

para nós hoje, mas nós precisamos amanhã também nossos filhos, nossos netos, nós começar 3265

a preparar para que nós tenhamos estes parlamentares indígenas para que possa defender a 3266

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nossa causa. É importante que o Ministério da Justiça e a FUNAI também pensa nesta linha, 3267

porque estes Deputados, futuros Deputados eles também vai defender a FUNAI. E a FUNAI 3268

é um órgão indigenista que foi criado para atender aos povos indígenas. Me parece tão fraco, 3269

quando já foi tão forte. Conheci a FUNAI há 40 anos, e falava na FUNAI a terra tremia. Hoje 3270

me desculpa dizer Presidente, eu sei que todos que estão aqui tem o interesse, mas a FUNAI 3271

está tão fraca se bater um ventinho a 10km por hora ela cai, é lamentável. Então eu gostaria 3272

que o governo não só FUNAI, não só Ministério da Justiça, mas também o pessoal do Meio 3273

Ambiente, que quando pega um papagaio vem 50 polícia. Agora quando alguém invade 3274

propriedade indígena ninguém vem. Onde está o pessoal do Meio Ambiente? Onde é que está 3275

o pessoal do Meio Ambiente? O pessoal do Meio Ambiente tem que ter responsabilidade 3276

com os povos indígenas. Eles são governo, comunidade indígena é patrimônio da União. E o 3277

sistema da união tem que defender o patrimônio da União. E nós somos os donos deste país. 3278

Nós não chegamos aqui a cem anos atrás não. Nós somos o dono desta terra, e ela só está 3279

assim, porque tem os índios, tem os indígenas e nós pensamos na mãe terra, na mãe terra, o 3280

branco depende também da mãe, mas não, nós temos o coração, nós temos alma, nós 3281

precisamos da terra como uma criança no seio da mãe. Isto o branco não pensa assim, meio 3282

ambiente fora de tudo. Se você pega qualquer bichinho aí, ah vai para a cadeia, mas quando 3283

mata um índio cadê o meio ambiente? Não tem. Eles também são governo. Eles também têm 3284

que ter responsabilidade. Ele se diz brasileiro e ele precisa defender este povo, mas este 3285

Brasil só é bom assim, é bonito, é um povo bonito, porque tem mistura indígena. Viu? É 3286

porque tem mistura indígena, então não só o meio ambiente, Ministério da Justiça, todos os 3287

órgãos do governo que conduz este país deve olhar com carinho os povos indígenas. Na área 3288

da educação, na área de saúde, nós precisamos avançar, agora precisamos conversar. Então é 3289

isto que nós precisamos, nós precisamos discutir a 169, sem nós discutir a 169 nas bases, nós 3290

precisamos ouvir nossos povos. Porque nós da CNPI estamos aqui para transmitir o desejo de 3291

nossos povos e nós precisamos respeitar. Eu gostaria que todos aqui do governo se 3292

empenhassem, porque às vezes o nosso hábito dos povos indígenas é só cobrar a FUNAI, só 3293

cobrar Ministério da Justiça, não. Todos os Ministérios devem ter responsabilidade sim, um 3294

conjunto, e às vezes não é assim. Porque se nós não tivermos terra demarcada não podemos 3295

ter escola, todo mundo sabe disto, mas o meio ambiente muitas vezes é meio ambiente só 3296

dentro do ministério, é, aqui a gente tem que falar a verdade. Eu sou um cara franco, eu olho 3297

na cara das pessoas, porque eu falo pelo meu povo, meu povo é minha mãe terra, eu estou 3298

aqui, eu perdi meu irmão faz oito dias, mas tem a minha família, nem por isto me enfraquece 3299

não, isto me fortalece, então estas coisas vocês não indígenas, é como disse o meu colega ali, 3300

pega tanto trabalho, quando chega a noite está mordendo as unhas. Nós só queremos o que é 3301

nosso, a nossa terra. Pode falar em educação, pode falar em saúde, mas se nós não tiver a 3302

nossa terra vocês podem crer que não estão fazendo nada, porque o branco lhe deu um 3303

costume, vende 10 hectares hoje para comprar 30, este pessoal que está aqui do Mato Grosso 3304

do Sul são conhecidos meu, são fazendeiros que tem 20, 30 mil cabeças de gado. São lá do 3305

Sul, são do meu município. Mas eles vêm vendendo, a ta o Brasílio está lá na terra Xokleng, 3306

está lá, numa área preservada ou então, meio ambiente, ele precisa pensar mais em povos 3307

indígenas. Nós sentimos dor, nós temos alma, nós não somos pedaço de pau, e nem o 3308

papagaio e nem o quati não. Nós temos alma, nós sentimos dor, então o meio ambiente, 3309

quando se fala indígena, ele tem que ter mais respeito, porque este é o verdadeiro meio 3310

ambiente, os povos indígenas. Nós temos coração, nós, eu, todos nós aqui, seja onde for no 3311

Brasil, quando o índio é atingido, atingiu a nós. Porque nós somos humanos, somos um povo 3312

só, falamos línguas diferentes, mas o nosso sentimento é um só. Este é o verdadeiro 3313

brasileiro. Não é aquele que sai daqui por um salário melhor nos Estados Unidos, França, 3314

Japão e Inglaterra. Aqui é nós, este Brasil é nosso. E vocês não indígena e o governo 3315

precisam respeitar. E nossas terras precisam ser demarcadas, é isto que eu deixo aqui e 3316

lembro também que a FUNAI ela precisa ser fortalecida. Todos os órgãos do governo 3317

precisam também ajudar a FUNAI. Não é só a FUNAI carregar a cruz nas costas não, mas 3318

todos os órgãos do governo têm a obrigação na Constituição Federal de também hoje ser 3319

companheiro dos povos indígenas. Obrigado. 3320

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3321 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Brasílio. Helinton. 3322

Heliton Gavião: - Heliton da região da Amazônia. Presidenta eu queria depois da minha fala 3323

chamar uma liderança da Amazonas Maciel Maragoá, ele tem uma mensagem, uma 3324

informação para a gente ouvir depois. Eu queria assim, acompanhar a fala do Saulo, reforçar 3325

um pouco, e me fez lembrar o Seminário Nacional, Conferência Nacional dos Povos 3326

Indígenas em 2006 onde foi tirado várias propostas e encaminhamentos para encaminhar para 3327

o governo, então este seminário, esta Conferência que foi pedido a proposta da Chiquinha, a 3328

proposta da bancada indígena é importante a gente lembrar isto e para a gente avaliar o que 3329

nós conquistamos depois que aconteceu esta Conferência Nacional dos Povos Indígenas em 3330

2006, onde nós colocamos, né, acho que com certeza vocês estão aqui presente neste 3331

momento, lembra que nós encaminhamos para o governo qual FUNAI que nós queremos 3332

daqui para a frente? Qual a estruturação da FUNAI, o que nós queremos? E também a 3333

questão da saúde indígena naquele tempo. Como é que nós queremos que a saúde indígena 3334

atenda a comunidades indígenas no Brasil? Tanto a saúde, quanto a educação também. Então 3335

a gente tem que ver qual a proposta encaminhada foi colocada na prática para atender a 3336

demanda e a vida dos povos indígenas no Brasil, né? Também eu quero reforçar a fala de 3337

cada um de vocês que falaram referente a questão do projeto de mineração, cada um de nós 3338

sabe que nós encaminhou uma proposta para que acontece ao seminário em cada estado, para 3339

discutir este problema de mineração nas terras indígenas. Isto foi suspenso, cancelaram esta 3340

programação, que nós da bancada indígena encaminhamos esta proposta, e também o 3341

levantamento deste grande projeto de empreendimentos nas terras indígenas, iam acontecer 9 3342

seminários daquela vez, e foi suspenso também este seminário que a gente tinha proposto 3343

acontecer em cada estado. E o que eu tenho também para falar referente a questão da 3344

educação? Foi falado por vocês também a preocupação nossa referente à educação escolar 3345

indígena. Eu tinha falado para a minha cacique Rita, né, na reunião passada que o MEC 3346

poderia juntamente com a coordenação da educação escolar indígena, criar uma comissão de 3347

articulação para fazer levantamento da situação enfrentada em cada estado dentro da 3348

educação escolar indígena. No estado de Rondônia Rita, é uma questão muito preocupante 3349

para nós nesta atual conjuntura no governo do estado que não está respeitando a nossa 3350

decisão. Tem várias propostas encaminhadas, tanto também a construção de escolas 3351

indígenas e regulamentação de escolas indígenas no estado de Rondônia. E a formação 3352

continuada é uma questão muito preocupante para nós, o estado não cumpriu o que a lei 3353

ampara nossos direitos dentro da formação continuada de professor indígena. Então tem 3354

vários processos tramitando no estado de Rondônia sem ser executado. Então para isto o 3355

MEC tem que criar uma comissão para estar articulando, fazendo o levantamento da situação 3356

enfrentada dentro da educação escolar indígena, né? É uma preocupante para nós. E outra 3357

questão também que eu queria encaminhar também para a presidenta, o cacique branco ali 3358

também é a questão da reestruturação da FUNAI que me deixa preocupado, já vai para 5 3359

anos, né, depois que foi decretado a situação da FUNAI, até o momento não saiu do papel, 3360

né, na prática e os CTLs que foram colocados no papel, na lei, como é que tem que ser 3361

instalados, né, o funcionamento dela e ainda as pessoas que foram nomeadas para ser 3362

coordenador técnico local ela exerce ainda para mim, na minha avaliação, o papel do chefe 3363

do posto. Não tem o papel do coordenador técnico local. Porque estou falando isto? Não tem 3364

estrutura física adequado com sua equipe técnica para atender a demanda dos CTLs com 3365

certeza em toda a região. Então eu queria que a FUNAI, não a FUNAI instituição, a 3366

presidenta pelo menos 20, 15 CTLs colocar na prática para funcionar realmente. O anseio 3367

nosso é ver a coordenação técnica local funcionando. Com sua equipe técnica preparada, com 3368

seu setorzinho para atender a demanda dos povos indígenas. No estado de Rondônia tem uma 3369

coordenação técnica, coordenadora, coordenação regional ainda pratica um papel que não 3370

agrada nós lideranças indígenas, povos indígenas do estado de Rondônia, de que sentido? A 3371

coordenadora regional não tem perfil técnica, não tem articulação política para buscar 3372

parceria com o município, para buscar parceria com o estado, para funcionar, para atender a 3373

demanda dos povos indígenas. Então é uma questão muito preocupante para mim da minha 3374

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parte, porque eu faço parte da CNPI e muitas vezes parente a nossa amizade faz a pessoa que 3375

trabalha na instituição, vai a gente colocar pessoa e não fazer nada para nós. É isto que está 3376

acontecendo na coordenação regional de Ji Paraná. Esta coordenação regional abrange seis 3377

terras indígenas, e não tem apoio nenhum, e não vamos dizer assim, não senta com as 3378

lideranças indígenas para planejar as ações que é a demanda dos povos indígenas. Então por 3379

este motivo eu queria deixar recado para a presidenta para que ela possa tomar providências, 3380

trocar coordenador regional do Ji Paraná. Que está deixando a gente indesejado. Porque este 3381

cara é tipo um ditador que quer a FUNAI só para ele, quando a gente vai reivindicar nosso 3382

direito, encaminhar propostas de melhoria de qualidade de atendimento do nosso povo, ele 3383

não atende. Estes dias este mês passado, o que ele fez? Conseguiu recursos para alugar a sede 3384

para levar a coordenação regional para quase para a sua casa. Então isto não pode acontecer. 3385

Se nós queremos a FUNAI com índio para atender os indígenas, ele tem que atender aos 3386

povos indígenas, né. Então uma questão muito preocupante para mim. Então isto que eu 3387

queria deixar esta mensagem, cacique branco aí. Que a presidenta toma mais rápido possível 3388

a providência de troca de coordenador, né. Se não a gente vai amarrar ele e levar ele para a 3389

floresta para a abelha comer ele, tá? Só isto que eu queria colocar a minha preocupação e... 3390

Não, devagar a abelha vai mordendo ele. Como o Ministro falou ontem, a gente tem que 3391

acreditar ainda esta precisão da FUNAI de trocar coordenador regional do Ji Paraná. 3392

Obrigado, eu queria passar a palavra para o meu Cacique Maciel, pelo menos três minutos, 3393

né Cacique? 3394

3395 Teresinha Gasparin Maglia: - Só um pouquinho Helinton. Eu queria perguntar para a 3396

bancada que já está inscrita se eles abrem mão para que outra pessoa fale, ou então nós 3397

vamos seguir o que está aqui e aí se o pessoal concordar a gente coloca ele no final. 3 3398

minutos de fala para o Cacique Miguel, ok então. 3399

3400 Cacique Maciel: - Bom dia a todos. Eu sou Saruã Sucuie da aldeia Terra Preta do Rio 3401

Abacaxi, município de Nova Olinda do Norte do estado do Amazonas. Eu quero em primeiro 3402

lugar agradecer a Deus por esta oportunidade que estou tendo neste momento junto a esta 3403

comissão, né, o qual me deixou muito feliz de ouvir a palavra de todos vocês. A sabedoria 3404

que vocês têm, eu quero apresentar a vocês alguns problemas da minha região. Eu trouxe de 3405

lá, não são palavras inventadas e nem escritas ali como eu estava escrevendo e sim passadas 3406

a limpo para mim poder resumir de muitos problemas apresentar alguns para que vocês 3407

pudessem conhecer a nossa realidade no Amazonas. O primeiro problema é quanto à saúde, 3408

né. A saúde. Nós não temos posto médico, nós não temos o transporte de emergência, no mês 3409

passado o nosso agente de saúde que é pago pelo município foi trazer uma pessoa que estava, 3410

uma senhora que estava grávida e esta pessoa chegou o momento de ganhar o seu bebê e não 3411

tinha onde. O transporte era uma canoa, (incompreendido), para vocês verem a gravidade do 3412

problema e tive que parar na beira. E se fosse caso de cirurgia? Teria morrido. Então pessoal 3413

nós precisamos muito de assistência a saúde. Quanto a outra coisa, que eu vi e achei muito 3414

importante aqui, dentro do nosso território são tantas as famílias que existem, e eu acho que é 3415

muito fácil para a FUNAI fazer a demarcação do nosso território, né, porque são uma faixa 3416

de 25 a 30 famílias que vivem apenas da caça, da pesca e da extração da madeira. Eles não 3417

têm grandes roças, e nenhum tem, e também não existe fazendeiro, pelo que eu vi aqui o 3418

fazendeiro é um grande problema e é verdade, é um grande problema para as nossas terras. 3419

Então pessoal eu agradeço muito de coração por esta oportunidade que vocês me deram de eu 3420

poder trazer os problemas para apresentar a todos vocês aqui. A mesa, a casa e a sabedoria de 3421

todos vocês que me conceberam esta oportunidade. Muito obrigado a todos. 3422

3423 Teresinha: - Obrigada Cacique. Próximo inscrito Kohalue. 3424

3425 Kohalue Karajá: - Já é boa tarde ou ainda não? Já é meio dia? Está quase. Então ta, bom dia 3426

a todos e a todas meu nome é Kohalue Karajá da região Amazônica, eu gostaria de só a 3427

forma de contribuir com a fala dos meus parentes, focando a questão da FUNAI né 3428

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presidente, a FUNAI. Todos nós sabemos que desde que a FUNAI sofreu esta reestruturação 3429

da FUNAI, cada vez mais todos, através da fala dos meus parentes, a FUNAI realmente, 3430

estou falando da base, né, lá região, aldeia, vamos dizer assim. Recentemente eu andei 3431

visitando a Ilha do Bananal eu sou de lá, e aí a caça e pesca praticamente está devastada. Não 3432

há mais fiscalização, porque antigamente tinha, pelo menos a FUNAI quando tinha recurso 3433

fazia isto. E outro problema maior que acontece agora a partir de sexta-feira agora vai ter 3434

reunião com o governador do estado de Tocantins para tratar da questão da estrada Trans 3435

Bananal que vai cortar o coração da Ilha do Bananal BR 242, já divide a opinião dos parentes 3436

Karajá Javaé. Javaé não querem e os Karajás querem. Então já cria um conflito interno entre 3437

eles lá. Eu queria pedir para a Presidente que pudesse mandar alguém lá, especialmente aqui 3438

de Brasília, porque a gente não acredita mais regional. Não tem mais competência para 3439

resolver esta questão aí. E outra que aconteceu recentemente também no Araguaia, isto quem 3440

colocou na cabeça dos parentes Tapirapé a transferência de ser Araguaia para 3441

(incompreendido) do Mato Grosso. Criou-se problemas também, já está armada a briga, né, e 3442

depois desta reunião que vai acontecer sexta-feira, vai haver esta reunião lá em São Félix do 3443

Araguaia para tratar desta questão aí. Já tem criado este conflito, eu gostaria de pedir também 3444

a sua pessoa ou mandasse algum representante seu, que pudesse estar presente lá para tentar 3445

minimizar esta questão aí. Em relação à questão dos direitos indígenas, eu estava olhando 3446

agora, eu fiz uma pesquisa sobre isto. Desde 1824, vamos falar assim resumidamente, 1824 3447

não se quer citou a questão dos direitos indígenas, mas na colonização brasileira naquela 3448

época, na legislação brasileira seriam os colonos, já falava sobre direitos indígenas que os 3449

índios tinham esta conexão com a questão territorial. Em 1845 trouxe a primeira vez na 3450

Constituição Brasileira, porque realmente cita diretrizes indígenas que tem esta inerência 3451

com a questão da terra. Se a gente olhasse bem, pontuasse, se fundamentasse, jurisprudências 3452

falam sobre isto, que trazem isto, que fundamentam estes direitos nossos que estão aí, que 3453

realmente e hoje está na Constituição Federal de 1988 que reconhece as diferenças de nossas 3454

culturas indígenas. Porém o que a gente percebe é que hoje quem comanda mais é os 3455

políticos anti indígenas infelizmente esta é a realidade brasileira, que está concentrado aí no 3456

Congresso Nacional usando este poder que tem simplesmente ignorando a existência dos 3457

povos indígenas, apesar de Constituição Federal reconhece, parece ter eficácia para defender 3458

os nossos direitos. Eu gostaria de falar alguns artigos que falam sobre indígenas. A 3459

Constituição de 1988 todo mundo sabe, eu acho que até os parentes da aldeia tem 3460

conhecimento em relação a isto, que na prática não é isto que está acontecendo. Papel está lá 3461

bonito, a gente que estuda sobre lei a gente conhece, tem noção o que é isto, manteve as 3462

terras tradicionalmente ocupadas pelos índios no domínio da união, artigo 20, inciso 10º de 3463

competência legislativa (incompreendido) indígena, artigo 22, artigo 49, onde trata da 3464

questão das riquezas minerais e artigo 109 inciso 11, conferiu também ao Ministério Público 3465

a função de defender juridicamente, quem é o nosso defensor seria o Ministério Público 3466

Federal. Além de contar com a Convenção Internacional. Convenções internacionais com 3467

declaração das Nações Unidas que reconhecem os povos indígenas como povos indígenas. 3468

Saudoso, estudioso, antropólogo Darci Ribeiro dizia, que o índio foi confundido quando os 3469

europeus chegaram aqui no Brasil, acharam que estavam chegando na Índia e deram este 3470

nome de índio. É verdade ou não é índio? E hoje de acordo com o pensamento, o idealizador 3471

que é Darci Ribeiro, que tem que ser o índio passa a ser pejorativo, então o índio tem que ser 3472

chamado indígena, povo ou comunidade. Esta é a realidade que tem que ser, mas 3473

infelizmente não é isto. E a questão da convenção 169 também que é a Organização 3474

Internacional do Trabalho, da qual nosso amigo Tiago tem levado para tentar falar com a 3475

comunidade indígena, né? Consulta prévia, tem que consultar a comunidade indígena quer 3476

fazer algum empreendimento, alguma estrada, hidrelétrica, tal, e não é isto que está 3477

acontecendo lá no Tocantins, Tiago. O governador teve lá na aldeia com uma visita, caramba 3478

sabe, pegou o pessoal de surpresa. Nem sequer a FUNAI de Tocantins estava sabendo, 3479

regional. Então é isto que está fazendo desrespeitar este direito que está aqui convenção 3480

internacional 169, não está sendo respeitado e aí eu pediria que o presidente que é o defensor 3481

dos direitos indígenas, para o Tiago também poderia estar fazendo parte disto aí, agora sexta-3482

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feira vai estar acontecendo a reunião com o governador, lideranças indígenas lá em 3483

Tocantins, especialmente em Formoso do Araguaia, Tocantins. E voltando em relação a PEC 3484

215, é inconstitucional todos os parentes aqui já sabem que é inconstitucional, a carta magna 3485

de 1988 fala assim que, a cláusula pétrea, quer dizer o que? Esta carta não pode ser mudada. 3486

Então este artigo, dois artigos que está aqui na carta magna, artigo 232 isto garante para nós, 3487

não tem como mudar. Porém estes anti-político, anti-indígena, os políticos que estão no 3488

Congresso estão querendo tomar a nossa terra. Visando lucro deles mesmo, enriquecer cada 3489

vez mais, mais e mais com isto destruindo a natureza, devastando florestas, acabando com a 3490

terra, quando não está satisfeito compra outra terra e eles se muda para outro estado e a gente 3491

não, nós somos indígenas, a gente dificilmente vai deixar sua terra, a gente não pode vender, 3492

a nossa terra é inalienável, eu sou do Paraná um dia vou embora daqui, vou ser enterrado lá 3493

na minha terra, na minha aldeia Santa Isabel de onde eu sou, assim como todos nós saímos da 3494

nossa aldeia e mora na cidade, nosso fim é lá na aldeia, homem branco não faz isto, lembrei 3495

de uma coisa a carta do grande líder é que é dos Estados Unidos, ele escreveu uma carta para 3496

o governo americano, ele falou muita coisa, uma frase interessante e que me chamou atenção 3497

é que homem branco compra terra, homem branco vende, e vai embora e deixa túmulo dos 3498

parentes para trás. E nós não, a gente não, somos indígenas. A gente permanece, nasce, 3499

cresce, morre enterrado lá mesmo, eu acredito que todos os povos indígenas do Brasil da 3500

América do Norte, América Latina, os mesmos costumes, diferentes sim, nós falamos línguas 3501

diferente, mas costume é o mesmo, o mesmo sangue indígena que passa aqui na minha veia, 3502

na veia de vocês aqui, inclusive os parentes homens brancos. Nós temos esta conexão. Nós 3503

temos esta afinidade, mas infelizmente homens brancos são diferentes, alguns que estão lá no 3504

congresso. Então é isto, é a minha contribuição, espero que a presidente atenda a meu pedido 3505

em relação ao que está acontecendo lá no Tocantins à questão da saúde também. Ontem 3506

estiveram aqui o (incompreendido), mas não estão aqui. Eles queriam falar sobre isto, mas 3507

ontem estava bem puxado mesmo, aí não falaram. Então obrigado. 3508

3509 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Kohalue. A gente vai acompanhar sim esta questão 3510

da saúde e só para te deixar tranqüilo a gente está atento a estas situações que estão 3511

ocorrendo lá, de fato a gente repudia esta forma como foi colocado esta questão da discussão 3512

da rodovia, né, não houve autorização da sede para esta conversa para esta ida lá, isto causou 3513

problemas importantes também nos fez enxergar alguns destes problemas que nós aqui da 3514

sede temos que resolver em relação a forma que tem sido conduzido isto localmente, tá? Só 3515

para pontual e específico, mas acho que era importante eu deixar registrado aqui. Só queria 3516

pedir gente, para a gente tentar agora nas próximas falas ter um pouco de objetividade, 3517

porque assim o tempo já está bastante avançado, a gente precisa encaminhar algumas coisas, 3518

então já buscarmos começar a pensar em como é que a gente vai se organizar aí para o 3519

período até a próxima reunião, ta, tem bastante inscritos ainda, a gente tinha pensado em 3520

terminar esta primeira etapa até uma hora, não sei se vamos conseguir, se precisamos avançar 3521

estamos à disposição também pra isto, mas sei que enfim, a tarde tem outras agendas tem esta 3522

questão do Supremo, então a gente poder sair da parte da manhã com encaminhamentos 3523

concretos. 3524

3525 Lindomar Santos Rodrigues: - Questão de ordem. Eu proponho aos companheiros, é 3526

cansativo, já tem uma cartilha do que nós queremos né? Lógico que a partir da última 3527

reunião, é esta a cartilha que nós teremos que se orientar, acho que isto é muito cansativo 3528

para nós, tivemos uma semana muito cansativa eu gostaria de pedir a compreensão dos 3529

companheiros para a gente retirar e encaminhar mesmo, o que a gente vai precisar é de 3530

encaminhamento. Agora só segurar a palavra aqui do nosso companheiro Marcos Sabaru, 3531

representante também das organizações, especial, o cara está ai... 3532

3533 Maria Augusta B. Assirati: - Olha só, então assim, uma proposta de se encerrarem as 3534

inscrições, eu vou ler quem está inscrito e tem o Lindomar propondo da gente ouvir o Marcos 3535

Sabaru. Então temos inscrito Deoclides, o Capitão Potiguara, o Sandro, o Titiah, o Winty, o 3536

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Dilson. Vocês estavam inscritos? Eita nós, então vamos lá. Lindomar está cedendo para o 3537

Marcos Sabaru. Então vamos inscrever o Marcos aqui e o Toya. Gente, informe. O Tiago 3538

está colocando aqui que o Ministro pediu para a comissão que vai ser recebida para o 3539

Supremo chegar às 14:45h. Ta, então gente, dois minutos as próximas falas, tudo bem? 3540

Deoclides. 3541

3542 Deoclides de Paula: - Bom dia a todos e a todas. Ao nosso parente que estão nos 3543

acompanhando, eu só quero dizer o seguinte eu fico feliz pra quem tem a área demarcada 3544

hoje, eu digo isto por quê? Porque eu vivo há 13 anos debaixo de lona reivindicando uma 3545

terra e aí quando tu vê uma área demarcada recebendo os projetinhos de casa né, para ter um 3546

pouco de dignidade, eu fico pensando comigo se um dia declarar, ou demarcar minha terra eu 3547

acho que vou ter um sonho realizado. Por isto que estou aqui e eu não poderia deixar de falar, 3548

porque você viver estes anos todos debaixo de lona, eu vivo há 12 anos, 13 anos, então eu 3549

não poderia deixar de falar e pedir encarecidamente que de coração para a bancada toda, né, 3550

que me ajudem nesta questão do Rio Grande do Sul, né? Não dá mais, se consegue uma 3551

ordem judicial para demarcar uma terra, aí de repente o governo do estado chega e quebra 3552

este acordo feito, né, então a coisa no Rio Grande do Sul está bem complicada. Eu venho de 3553

coração pedir a todos da bancada que ajude nós do Rio Grande do Sul. 3554

3555 Teresinha Gasparin Maglia: - Próximo inscrito é o Capitão Potiguara. 3556

3557 Capitão Potiguara: - Boa tarde a todos e a todas. Capitão Potiguara, Leste e Nordeste. A 3558

minha fala é mais em cima da fala da Chiquinha, com a audiência do Ministro da Educação, 3559

e que nos traga alguém das universidades, principalmente da Paraíba, porque nós estamos 3560

tendo dificuldades na bolsa permanência e o Pro Reitor quer usar metas que não foram 3561

justamente e não está no edital. Isto justamente está prejudicando quando o Ministro na sua 3562

fala disse que a bolsa permanente ia sair imediatamente e nós estamos neste entrave lá na 3563

Paraíba. Outra coisa bem rápida presidente, eu queria deixar aqui, foi uma a audiência 3564

pública que fizemos na Paraíba preocupada com a administração geral, a FUNAI 3565

(incompreendido) e nós convidamos até o governo do estado a participar desta audiência 3566

pública Deputado, tiramos os encaminhamentos, preocupados mesmo com a FUNAI. Porque 3567

quando o governo diz que quer fortalecer a FUNAI, eu fico olhando de qual maneira é este o 3568

fortalecimento? Porque se acaba com administrações que tinha justamente trabalhos que 3569

eram exemplos para a sociedade brasileira. Muito obrigado. 3570

3571 Maria Augusta B. Assirati: - Capitão, obrigada pela fala. Só queria registrar publicamente, 3572

né, que a audiência pública a gente combinou para uma data em que eu pudesse estar 3573

presente e estava agendada para ir e infelizmente naquela semana o Ministro determinou que 3574

eu cumprisse outra missão em função de alguns conflitos fundiários e não pude participar, 3575

mas tive o relato de como foi a audiência, já disse inclusive para o senhor que esta é uma 3576

coisa que nós temos procurado no pensar, no contexto de enxergar a reestruturação e os 3577

resultados que a reestruturação já trouxe para a gente. Alguns foram bastante positivos, 3578

outros eu acho que nos levam a fazer reflexões no sentido e rever se as realocações foram 3579

feitas por conta de coordenações regionais, unidades gestoras, então nós temos pensado isto 3580

no contexto de conjunto, nós queremos até o final do ano ter uma, toda a direção da FUNAI 3581

tem discutido isto, a gente quer até o fim do ano ter uma proposta de algumas mudanças que 3582

a gente acha que tem que ser feitas em termos de alocações regionais e de eventualmente até 3583

estruturas novas que precisem ser criadas, lembrando que isto não tem, não temos autonomia 3584

plena suficiente para poder criar novas estruturas sem que isto tenha autorização por decreto. 3585

Então, vamos fazer a nossa reflexão e vamos deixar esta proposta pronta para assim que a 3586

gente conseguir o recurso e autorização por decreto a gente possa ir implementando. 3587

3588

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Capitão Potiguara: - Presidente só lembrando que semana que vem está vindo um grupo de 3589

8 caciques, né, para ter uma reunião contigo, com o Ministro, eu queria que este pedido nosso 3590

fosse atendido então, está bom? 3591

Maria Augusta B. Assirati: - Está certo. Pode deixar Capitão, está registrado isto. Obrigada 3592

e próximo inscrito Sandro. 3593

3594 Sandro E. Cruz dos Santos: - Bom dia. Sandro Tuxá pela região leste- nordeste. Apesar do 3595

cansaço eu tenho aqui algumas coisas que são sugestões na verdade. Sugestão. Eu estava 3596

recordando aqui de algumas coisas que me faz recordar e a gente pod 3597

er avançar um pouco mais esta audiência com o Ministro da Educação, porque diante, eu 3598

estava comentando aqui com a representante aqui do Ministério do Desenvolvimento Social, 3599

que diante deste arcabouço de tantas coisas contrárias aos nossos anseios e nosso interesse, 3600

nos direciona a ficar todo tempo a quebrar com estas forças contrárias, a ir de encontro a 3601

estas medidas tortas aí, mal elaboradas, sem a participação dos indígenas, que nós acabamos 3602

focando nisto. Parece que é um carma que nós temos que ficar toda vida apagando fogo, não 3603

é? Não querendo desmerecer e desrespeitar os outros ministérios que são tão importantes 3604

como qualquer outro que a gente debate aqui. Inclusive o Luiz Fernando do MDA teve que 3605

se ausentar por conta de uma reunião dos jogos indígenas, porque ele vai ter lá um negócio 3606

da troca de semente, alguma coisa assim... Ah então está bem, né? (risos). Já me disseram o 3607

Tom e o Dourado já disse que um para mim não é um minuto, é dois minutos e meio, então 3608

não me interrompa Titiah. Pensando nisto, dando seqüência aqui na minha fala, eu estava 3609

falando com o pessoal do MDA que eles pudessem trazer todos os encaminhamentos feitos 3610

sobre a questão da assistência técnica e extensão rural, porque o gargalo que a gente tem, a 3611

gente tem que pensar no futuro em trazer o Ministro do MDA para sentar conosco. Ver se 3612

realmente ele vai ajudar na criação do comitê dentro do ministério, não pode ficar a questão 3613

indígena que é tão importante do desenvolvimento da agricultura nas comunidades indígenas 3614

que estão trabalhando desde 2004 quando a gente vem trabalhando na questão do 3615

financiamento dos povos indígenas. Mas eu queria realmente voltar e justificando aqui na 3616

fala que não estava, não vou adentrar neste mérito do MDA, mas assim, voltando para a 3617

questão da saúde, da educação, eu falo um pouco mais de particularidade, porque tivemos um 3618

seminário no nordeste minha companheira aqui, nossa representante não pode estar mas 3619

mandou sua representante e que a representou muito bem por sinal, dê um abraço para ela em 3620

nome dos índios da Bahia, e nós fizemos um recordar pessoal. Olha, em 2009 nós tivemos 3621

uma Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, nesta Conferência foi um arranca 3622

rabo só e tivemos um monte de enfrentamento, (incompreendido) tempo, perdão. E neste 3623

processo nós fizemos vários pactos com o Ministro da época que era o Haddad e o secretário 3624

que era o Lázaro, isto mesmo, então nós fizemos... com o secretário, apesar das nossas 3625

manifestações, nós fizemos vários pactos, e eu queria aqui registrar em ata, aí eu quero 3626

registrar em ata pessoal, porque é importante para esta audiência com o Ministro. O Ministro 3627

tem que trazer este reclamado, né, nós pactuamos com o Ministro que seria criado uma 3628

diretoria específica para a questão indígena, não esta salada que tem lá, que os índios ficam 3629

junto com todos os grupos vulneráveis, com as minorias que detém 1% do orçamento para 3630

todas as minorias étnicas de nosso país que eu acho para mim uma vergonha, para nosso 3631

estado brasileiro, é fazer educação diferenciada e respeitar o diferente, né. Então não tivemos 3632

resposta e nem tão pouco tivemos nenhum encaminhamento a meu ver que foi dado, porque 3633

nós precisamos fortalecer esta coordenação. Seguindo que tem que trazer esta resposta nesta 3634

audiência. A outra resposta que nós precisamos trazer é que foi pactuado mesmo a contra 3635

gosto da região nordeste, né? E de outras regiões o território educacional, ele não aconteceu, 3636

pelo menos na Bahia, ele não aconteceu e em outros estados também não aconteceu e foi 3637

uma leitura que fizemos em nosso seminário em nome da nossa organização que é a 3638

APOINME também seguindo isto, né, a gente quer colocar que nós, o Ministro se 3639

comprometeu em evoluir no debate sobre a criação do subsistema de educação indígena, do 3640

sistema de educação indígena e isto também não aconteceu, e a gente precisa também 3641

trabalhar na nova Conferência, o Ministro tem que trazer um debate quando vai ter a nova 3642

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Conferência, porque eu penso que ela tem que acontecer em 2014 ou 2015. E eu acho assim 3643

que registrar que nesta audiência com o Ministro se traga também a CNE. A Comissão 3644

Nacional de Educação. Tem que trazer a Comissão Nacional de Educação e trazer 3645

representantes aí da FUNAI que tenham condições também de nos ajudar neste debate, né, a 3646

minha companheira que até lembrou da Maria Helena que tem que estar neste processo e é 3647

importante estar aqui. E quanto às questões, eu acho o seguinte, a gente está ansioso por estar 3648

nas comissões, mas eu acho que, as coisas se ajustando nas próximas reuniões que seguir nós 3649

temos que fazer um debate nas nossas coordenações. Com exceção desta coordenação que 3650

vai ser pensada para trabalhar diretamente o nosso, que está tramitando, estas coisas mais que 3651

estão urgentes no Supremo e outras coisa mais, as comissões tem que ser realizadas, fazer o 3652

seu papel e eu concordo com todas as falas, mas a da Rosane e do Lindomar me chamou 3653

muita atenção, nós temos que começar a trabalhar nas subcomissões com metas. Estamos 3654

voltando, vamos trabalhar com metas, com prazos e dizer, vamos pactuar prazos por cada 3655

comissão, seja legislativa, seja ela dos movimentos, seja ela do que for, para que a gente 3656

realmente possa avançar e não perder o foco as nossas pautas principais, porque nós 3657

queremos que a CNPI possa nos permitir ter esta flexibilidade diante da agenda pesada no 3658

movimento, nós nos fazermos presentes em outros momentos, mas não é caráter de não 3659

acontecer o curso normal da CNPI, o movimento indígena precisa desta inter-relação, como 3660

precisa também desta inter-relação de diálogo, de conversa sobre a questão da consulta que 3661

nós vamos estar fazendo junto com nossas coordenações. Era isto que eu queria contribuir e 3662

muito obrigado. 3663

3664 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Sandro. Nesta linha eu já proponho que a gente 3665

comece a organizar para a próxima CNPI o trabalho das subcomissões voltadas para a 3666

Conferência, né, já pauta nisto. Titiah, próximo inscrito. 3667

3668 Luiz Vieira Titiah: - Presidenta eu acho o seguinte, eu acho que com todas as falas aí eu 3669

gostaria que nas próximas reuniões já que a Dilma não quer nos ouvir, que pelo menos os 3670

Ministros viessem para estar olho a olho com a gente já a ultima reunião do ano, para a gente 3671

de fato amarrar alguma coisa e tirar algum encaminhamento certo, porque eu mesmo só vou 3672

parabenizar o Ministro da Justiça quando ele realizar o encaminhamento de ontem. Quando 3673

ele usar a caneta. E a outra coisa Presidente que eu quero chamar a atenção aqui é o seguinte, 3674

que a senhora também se prepara com seus chefes para dar uma resposta também para a 3675

reestruturação da FUNAI, porque toda a reunião a gente discute isto e nós ainda não tiramos 3676

um momento para fechar isto sinceramente. Lembra quando o Marcio fez o encaminhamento 3677

aqui na CNPI ele falou: nós pode acertar e nós pode perder. Aí quando entrou a outra 3678

presidente devia perguntar para a gente, coordenadores da CNPI daquela mesa. E aí nós 3679

ficamos assim, o que está acontecendo mesmo? Eu acho que a FUNAI tem que trazer alguma 3680

coisa concreta, alguma situação que as lideranças já colocou aqui de alguns representantes 3681

das CTLs que estão criando problemas lá e fortalecendo algumas questões internas em 3682

algumas regiões, isto tem que ser resolvido, será que é uma nova reestruturação que a gente 3683

quer? E a outra coisa também para encerrar eu acharia que aí a Teresinha também pode ver a 3684

data, mês que vem para não confundir com a Conferência da saúde, porque nós está 3685

precisando ir para a Conferência da Saúde Indígena, porque nós precisamos, então eu acho 3686

que tem que vir, porque a situação da educação agora, nós não está precisando dialogar com 3687

a parente aqui não, nós está precisando mesmo estar com o Ministro aqui presente para ele 3688

dizer o que ele vai fazer o que ele não vai fazer. E pegar, já que deu a caneta para o Ministro 3689

a gente dá um caderno para ele, né, e vê se ele vai fazer as coisas mesmo, porque a situação 3690

já chega e assim, nós também queremos agradecer a oportunidade que vocês deram ontem 3691

para as lideranças que estavam aqui, ficaram muito satisfeitos, comentaram, outros 3692

comentaram aqui hoje, agradeceram, alguns eu conversei com eles de manhã no 3693

acampamento agradecendo a oportunidade que sempre vai estar surgindo. Então era isto que 3694

eu queria falar para estar ajudando aqui nos encaminhamentos e dizer que vamos lá que a luta 3695

continua, né, esperamos que nome de vocês não vai para o caixão do Pajé, viu? 3696

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3697 Brasílio Priprá: - Presidente. Presidente só uma questão de ordem. 3698

3699 Maria Augusta B. Assirati: - Agora eu fiquei preocupada Titiah, se eu for para o caixão... 3700

3701 Brasílio Priprá: - Presidente, só uma questão de ordem. Falando na mesma linha do Titiah 3702

aí, desculpe Saulo, é interessante que a FUNAI se reestruture. Eu vou só dar uma dica para 3703

você. 3704

3705 Maria Augusta B. Assirati: - Mas aí não é questão de ordem não, isto é discussão. Risos. 3706

3707 Brasílio Priprá: - É tão importante que eu vou dizer para a senhora que tem funcionário da 3708

FUNAI querendo doar terra indígena para o estado. Então é interessante eu só estou dando a 3709

dica para a presidente estamos aqui para ajudar, não é só para criticar não. Mas tem gente da 3710

FUNAI querendo doar terra indígena para o estado. Eu estou falando com certeza, ta, então 3711

isto preocupa, a senhora dá uma observada, porque esta pessoa não tem compromisso com a 3712

FUNAI. Ela tem compromisso com ela mesmo, porque amanhã ou depois não queremos que 3713

o Ministério Público vai para a cima da FUNAI, porque a FUNAI é a FUNAI, mas esta 3714

pessoa não tem compromisso com a comunidade indígena e nem com o próprio órgão. Então 3715

na verdade nós precisamos ter cuidado, eu só estou alertando e não vou dar nome aos bois, 3716

mas eu posso dar. 3717

3718 Maria Augusta B. Assirati: - Obrigada Brasílio, esta questão. Pessoal, pessoal, a gente vai 3719

conversar depois sobre isto, mas só registrar que esta não é a orientação da direção da 3720

FUNAI, ta. 3721

3722 Winti: - Bom primeiramente agradecer este espaço, né, eu acho que agradecer a toda esta 3723

comissão indígena e também a comissão do governo que está fazendo parte deste diálogo 3724

indígena com o governo, mas só que eu vou citar aqui para vocês, é lamentável, né, assim do 3725

Xingu para vocês da comissão indígena não me levem a mal, mas eu vou falar para vocês, 3726

como sempre os caciques reclamam do Xingu, vocês sabem que os caciques, tem os caciques 3727

conhecidos lá no Xingu, né, Aritana, as lideranças conhecidas nacionalmente e 3728

internacionalmente e outras lideranças que o cacique Kotok, é um dos caciques mais 3729

poderoso do Xingu né, que reclamam bastante dos trabalhos desta comissão. Que nunca 3730

chegou até o momento com uma informação deste trabalho tão bonito que vocês fazem aqui. 3731

Que eles sentem falta disto, que eu estou trazendo isto aqui, eu acho que em algum momento 3732

tem que chegar talvez, através da nossa representação do Mato Grosso, chegar esta 3733

informação na frente dos caciques, para os caciques acredita no que vocês estão fazendo. 3734

Através de nós da organização, como representa hoje aqui uma instituição maior que a 3735

ATIX- Articulação dos povos do Xingu que eu estou trazendo esta informação. Porque eles 3736

estavam tentando fazer uma ação contra a Comissão Nacional de Política Indigenista. E 3737

ontem na assembléia e algumas reuniões que a gente fazem lá no Xingu, eles já citaram isto, 3738

querendo fazer documento contra estes trabalhos da comissão. É lamentável isto que eu estou 3739

dizendo aqui, porque de alguma forma este trabalho bonito tem que chegar à frente destas 3740

lideranças tradicionais, lideranças importantes, conhecidas, para eles estarem dando o apoio 3741

para vocês, continuando a fazer este trabalho. Eu estou falando isto, porque eu fiquei muito 3742

com medo de repente chegar documento para vocês aqui na mesa, eu como estou 3743

representando o Xingu e trazer para vocês olha, este é o carta do Xingu, para vocês sentirem. 3744

Neste momento eu estou colocando a nossa preocupação para vocês, que é a primeira vez que 3745

o Xingu está participando, eu já fui uma vez eu só fiquei ouvindo a discussão de vocês e não 3746

tive a oportunidade de falar. Então hoje eu tenho esta oportunidade para dizer isto. Mas então 3747

Isto é para vocês começarem a pensar como vamos chegar na base para ter estas informações 3748

e vocês sabem que Xingu foi a primeira terra demarcada em 1960 e só que hoje o Xingu está 3749

chegando na situação complicada, não é mais Xingu de cartão postal não, Xingu está 3750

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enfrentando várias situações hoje não só outras terras indígenas que tem situação, é claro que 3751

Xingu é demarcado, bonito, tem mata, tem muito peixe, tem muito rio, mas só que Xingu 3752

está encurralado com todos os fazendeiros cidades em volta do Xingu. Isto é uma 3753

preocupação grande que eu vejo no Xingu. O empreendimento que vai acontecer 3754

principalmente que vai começar a atingir a BR 242, a FUNAI sabe deste problema. Então 3755

isto que eu estou trazendo aqui, eu queria falar mais, mas como (incompreendido) é muito 3756

difícil contratar tudo, né, então a BR 242 agora que estou sabendo que o governo 3757

(incompreendido) não quer diálogo com as lideranças do Xingu. Eu fiquei sabendo e fiquei 3758

muito triste e o povo do Xingu vai fazer uma ação para ver contra a FUNAI a qualquer 3759

momento, porque a gente acredita muito na FUNAI que tem diálogo e da gente sentar e 3760

conversar e defender, (incompreendido) o que vai acontecer. Então a FUNAI podia ver isto 3761

para nós, como é uma organização indígena, como sou representante da ATIX como 3762

presidente eu quero que vocês tenham contato comigo para a gente ter este diálogo direto 3763

para a gente marcar uma conversa sobre isto. Então eu estou pedindo aqui e também vocês 3764

conhecerem e também os programas que estão entrando sem autorização da FUNAI 3765

principalmente, porque antigamente na época do Orlando, Cláudio tinha autorização, hoje 3766

não. O branco (incompreendido) parece que é dono daquele lugar. Então isto vocês tem que 3767

começar a chegar mais perto possível para a gente trabalhar junto e definir as coisas melhor 3768

para os povos Xingu. Obrigado. 3769

3770 Teresinha Gasparin Maglia: - Obrigado Winty. O próximo inscrito é o Dilson Ingaricó que 3771

é suplente da Pierlangela aqui na CNTI. Não esquecer, 2 minutos. O Sandro comeu 6, o 3772

Winty comeu 4. 2 minutos. 3773

3774 Dilson Ingaricó: - Companheiros, senhores, senhoras, membros da CNPI, desde já 3775

parabenizo a volta das atividades da CNPI que diante das deliberações que foram tomadas 3776

nas reuniões anteriormente devido a falta de diálogo e tudo que a gente queria com o governo 3777

era dialogar, mas aí o tempo que a gente perdeu. Mas mesmo assim nós trabalhamos e 3778

encaminhamos muita coisa e isto nós temos que reconhecer, desde já respondendo a 3779

reclamação do povo do Xingu quando diz eu realmente participei ali no movimento, quando 3780

eles disseram que a gente estava nas custas dos parentes, e gastando o dinheiro do povo, e 3781

que esta conseqüência do trabalho da CNPI, isto não é verdade parente, eu já respondo, 303 3782

não é o resultado do trabalho da CNPI. A 215 também não é o resultado do trabalho da 3783

CNPI, são trabalhos isolados e que não foram discutidos, vocês podem pegar os relatórios 3784

nossos da CNPI e verificar em que momento a gente discutiu isto, isto não é a idéia, não é 3785

uma coisa decidida aqui na CNPI. Então informo isto, que você informe isto para nossas 3786

lideranças indígenas. A segunda colocação que eu queria falar é a relação política da faixa de 3787

fronteira, me preocupa muito no mês passado eu visitei Guiana, onde Guiana está habitado 3788

pelos brasileiros os garimpeiros, aquele povo está sofrendo, há grande número de malária, 3789

mulheres estão perdendo crianças, tem lideranças indígenas indo preso, eu sei que não é tanto 3790

competência do governo brasileiro, mas tem muito garimpeiro brasileiro e eles não sabem o 3791

que fazer com estes garimpeiros, que do lado da Guiana tem povos que vão e vem entre 3792

direitos indígenas, sabemos que indígenas não tem fronteiras, e existem famílias do lado da 3793

Guiana e do lado brasileiro e creio que não só lá, mas em muitos lugares da faixa de fronteira 3794

tem este problema, não só relacionado com garimpo, mas sim consumo de drogas, 3795

prostituição, então precisamos, a CNPI também tem que encaminhar, tem que tomar uma 3796

decisão, tem que pautar também para ter uma política dentro da faixa de fronteiras junto com 3797

as comunidades indígenas. E aí tem a questão de proposta de criar pelotões nas terras 3798

indígenas. Os indígenas entendem que isto não resolve o problema de doenças, de invasão de 3799

garimpeiros, tanto do lado brasileiro tanto para a Guiana, esta habitação, existem fiscalização 3800

federal em Roraima, e muitos lugares também e não sabemos como passam estes brasileiros 3801

e como chegam com grandes maquinários, como fazem? Criam empresas lá em particular e 3802

não sabemos como funciona isto, mas isto não é pelas terras indígenas, eles vão onde tem 3803

estrada e aproveitam os aviões, não sei de que forma funciona isto, mas que precisa ter o 3804

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controle e a relação disto. As comunidades indígenas com a conseqüência disto daí. A 3805

terceira colocação, a proposta de criação de pelotões ainda, a criação de pelotões nas terras 3806

indígenas. O ponto negativo para as comunidades indígenas é o envolvimento dos soldados 3807

com a comunidade não só o envolvimento social, mas problemas de uso de drogas, o 3808

exemplo nós temos o Uiramutã, temos as comunidades indígenas que se envolvem com o 3809

exercito que em vez de pensar na defesa nacional, existe o consumo de drogas, de maconha e 3810

outros tipos de problemas que o exército, não o exército, a política do exército, mas que a 3811

presença do exército demonstra este problema. Quero agradecer encerrando, o senhor que 3812

falou aqui, se não me engano o Antônio e o Raoni pela aula de antropologia, a sociologia, 3813

psicologia indígena, biologia indígena, acima de tudo isto me fez como uma aula universal, 3814

uma aula que fez com que eu aprendesse e pudesse lutar, porque sem eles, nós aqui 3815

representantes indígenas, sem nossos anciãos, a nossa educação de defesa de ver o mundo 3816

mais para frente no futuro, não seria melhor, por isto sempre precisam estar presentes nossas 3817

lideranças caciques, porque nós entendemos talvez a política do governo e entendemos 3818

menos a política das populações indígenas. Então precisa estar presente a política 3819

organizacional, o sistema organizacional das comunidades indígenas e o sistema de 3820

organização do país para a gente poder dialogar de fato, não só dialogar a política do 3821

governo, e sim a nossa política da forma que nos organizamos. Obrigado. 3822

3823 Teresinha Gasparin Maglia: - Obrigado Dilson. Próximo inscrito Marcos Sabaru. Marcos 3824

Sabaru abre mão, então o próximo Toya, também abre mão, a última inscrita então, aliás, nós 3825

tínhamos encerrado no Toya e a Simone pediu dois minutos para falar, a mesa concorda? Ok 3826

então Simone. 3827

3828 Simone Karipuna: - Vou ser breve Teresinha. Simone Karipuna, Amapá e Norte do Pará, 3829

COIABE. Eu queria reforçar a questão do pedido sobre a questão da agenda com o Ministro 3830

da Educação e também a gente fazer uma composição de pessoas para ir para esta reunião 3831

com o Ministro e aí reforçar a questão da Maria Helena, né, seria muito bom que a Maria 3832

Helena participasse desta reunião. Ela tem acompanhado a questão da educação há bastante 3833

tempo e também como o Luis Donizete tem acompanhado também e vem acompanhando a 3834

questão da subcomissão de educação seria muito importante também que ele também 3835

participasse desta reunião Teresinha, oi? Não, para que acompanhasse a reunião com o 3836

Ministro da Educação. Ta bom? A audiência com ele. E aí demais lideranças que a gente 3837

possivelmente da bancada vai estar apresentando aí para esta reunião. Também me preocupa 3838

muito a questão da falta de informação das bases, que a gente membro da CNPI a gente sofre 3839

muito com isto, da falta de informação, e esclarecimento sobre o nosso papel aqui e seria 3840

muito importante Teresinha que a gente começasse a pensar em fazer um informativo sobre a 3841

atuação da CNPI, os avanços que elas vem fazendo para dentro das comunidades indígenas, 3842

uma vez foi feito, foi feito e a gente viu que surtiu um resultado super importante para a 3843

gente, o fortalecimento também da política interna nossa. Então seria bom que a gente 3844

pensasse novamente em fazer isto para o ano que vem, ta. Também eu gostaria de reforçar 3845

também a fala do Dilson sobre a questão da área de fronteira, né, eu venho de uma área que 3846

margeia e tem 2 terras indígenas no Amapá, e nós do Pará, na realidade são 3 terras indígenas 3847

que fazem fronteira com a Guiana Francesa, então seria muito importante também que 3848

começasse a pensar porque na minha região tem vários indígenas presos, então seria 3849

importante que a gente começasse a pensar uma política que pudesse garantir este livre 3850

trânsito destes indígenas. Para fechar eu gostaria de dizer assim, a gente tem dentro da CNPI 3851

de acordo com os encaminhamentos dela foi criado o GT inter ministerial um GT de 3852

trabalho, que bom que a Guta voltou e desse grupo de trabalho se criou, se trabalhou, fez uma 3853

proposta da DAP indígena. A DAP indígena desde o ano passado a gente já apresentou uma 3854

proposta e até então nada foi encaminhado. E eu gostaria de pedir para que a FUNAI e o 3855

MDA, infelizmente não está aqui o Luiz Fernando que pensassem a forma de começar a 3856

implementar mesmo esta política, porque a gente vê que a dificuldade é muito grande de 3857

acessar algumas políticas junto ao MDA e junto a outros como o Ministério do 3858

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Desenvolvimento Social, enfim, então seria muito importante que a gente pudesse garantir a 3859

implementação da DAP indígena, houve encaminhamento na última reunião que eu 3860

participei, eu passei para todo mundo os encaminhamentos que foram feitos na reunião que 3861

ocorreu do GTI na Bahia, então assim, seria muito bom e eu peço ajuda de todo mundo pra 3862

que isto de fato possa ocorrer, para que seja implementado. E também mais outro pedido aqui 3863

é que a gente comece viu Gutá? Que pense na questão de apoio aos membros da CNPI para 3864

poder fazer esta atuação nas comunidades indígenas. 3865

3866 Thiago: - Então pessoal, acho que a gente já está indo para os encaminhamentos, né?, Tiago 3867

da Secretaria Geral, a gente está indo para os encaminhamentos, primeiro reagindo a fala da 3868

Simone. O Ministro Gilberto fez um compromisso com vocês ontem de conversar com o 3869

Ministro Mercadante, da educação para marcar esta audiência, ele conversou hoje pela 3870

manhã, o Ministro se dispôs a receber uma delegação de indígenas e ele pediu para a gente 3871

construir aqui em nome da CNPI uma proposta, com a delegação que vai participar desta 3872

reunião a pauta da reunião, acho que o Sandro já adiantou alguns pontos, né, a pauta, os 3873

nomes e sugestão de data. Vocês querem já nas próximas semanas ou se vai ficar para a 3874

próxima reunião da CNPI. Ele pediu para a gente vai sair daqui com estas 3 questões e aí tem 3875

a sugestão que participe tanto a SECADI, quanto também a SESUR e a partir desta proposta 3876

feita por vocês ele vai encaminhar isto com o Ministro Mercadante, mas já tem o 3877

compromisso dele em receber esta comissão. 3878

3879 Chiquinha: - Então uma boa notícia, né, eu fico satisfeita com isto e eu gostaria que a gente 3880

tivesse tempo de se organizar até por conta do que nós propusemos aqui que cada um de nós 3881

inclusive dos representantes da CNPI, pudessem trazer o relatório referente as regiões desta 3882

situação da educação escolar indígena. Eu proponho que esta reunião seja na próxima reunião 3883

da CNPI entendeu? E porque nós vamos ter também esta delegação, não, uma reunião lá. 3884

Para nós é muito importante a reunião lá, e que a gente possa levar esta delegação, ainda bem 3885

que não usou a palavra delegação, porque você pode ampliar a reunião, uma reunião 3886

ampliada com estes convidados, convidados indígenas pontuais e também com a presença de 3887

duas pessoas a Maria Helena Fialho, viu Guta? Eu faço questão da presença dela e também 3888

do Luis Donizete, são parceiros nossos de longa data. E com estes convidados a gente vai 3889

fazer a lista destas pessoas que irão participar, está bom? E apresentar com antecedência tudo 3890

direitinho e uma organizaçãozinha que a gente vai fazer por conta da demanda, né. 3891

3892 Maria Augusta B. Assirati: - Sim senhora professora. Deixa eu só colocar aqui também, 3893

claro que o fato ligar e feito esta articulação é fundamental, mas também colocar o meu 3894

compromisso de segunda-feira emitir um ofício para o Ministro da Justiça reiterando o 3895

pedido e também em nome da Presidência da CNPI e colocando e se a gente já tirar de fato a 3896

proposta de ser na mesma data da CNSI a gente já coloca o período aproximado, a data, bom 3897

a gente vai ter que decidir a data hoje, já dá para colocar no ofício, Bom vamos tentar 3898

encaminhar, eu perdi uma parte da fala da Simone, mas eu só queria eu escutei um pedaço 3899

desta questão da DAP, assim, deixar registrado que não é que nada foi encaminhado, foi 3900

encaminhado sim, a gente tem trabalhado muito a FUNAI e o MDA e o MDS para avançar, a 3901

gente construiu a Nota Técnica, a normativa e tudo mais, o que está acontecendo é que nós 3902

estamos tendo dificuldade na implementação, por quê? Porque, enfim nenhum organismo 3903

estadual tem interesse em implantar, em emitir a DAP indígena nos moldes como a gente tem 3904

orientado em nível de Governo Federal. Mas mesmo assim a gente não desiste, a gente tem 3905

feito as articulações com os estados né, o Luiz Fernando até deixou algumas eu acho que 3906

orientações aí, alguns representantes das regiões que estão na próxima chamada, né, pública 3907

para assistência técnica e a gente tem buscado formas de driblar e superar estas resistências 3908

que os estados estão apresentando. (fala fora do microfone). Está bom, então vamos tratar 3909

especificamente disto e acho que este tema é muito importante e a gente não pode deixar 3910

nada, está bom. Pessoal, vamos encaminhar então. Tem proposta então para os grupos? Pier 3911

quer falar? Já propõe. 3912

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3913 Pierlângela Nascimento Cunha: - Pierlangela, COIAB região Amazônica. A proposta é que 3914

a gente um pouco conversou ali com algumas pessoas, seria para o grupo específico, a que a 3915

gente quer fazer, assim, a proposta que até eu queria socializar é para o grupo específico para 3916

tratar sobre o julgamento é, eu queria propor aqui conversando com o Mário e outra liderança 3917

que está lá de Roraima, que fossem os 6 Tuxáuas que entraram com a ação. Que pudessem 3918

participar, que estão aqui em Brasília acompanhando isto, porque foram 3 comunidades que 3919

entraram contra, 6 alias, 6 comunidades. A comunidade do Socó, Maturuca, Barro, 3920

Jacarezinho, Camará e Serra do Sol, então foram estas comunidades que estão, são partes 3921

deste julgamento. E a doutora Joênia está fazendo a defesa, né? Então a proposta e com o 3922

acompanhamento de alguém da CNPI, que dá CNPI a nossa proposta que seria o Toya, que é 3923

da região Amazônica, já está aqui também e pudesse acompanhar estes 6 Tuxáuas nesta e 3924

junto com a FUNAI e o Ministério da Justiça neste trabalho. Então quanto ao grupo pra tratar 3925

sobre os encaminhamentos da CNPI até a próxima reunião, a proposta seria uma pessoa da 3926

APIB, que aqui o Uilton a gente estava conversando já que ele vai ficar aqui em Brasília pela 3927

APIB, então ele já está aqui, 3 membros da CNPI, dos indígenas, né que aí escolheria aqui 3928

entre os pares aqui e um governamental, não governamental. Um não governamental, nós 3929

temos dois aí, temos a CIMI e a outra, então seria, a proposta seria de tratar sobre os 3930

encaminhamentos. Um da APIB, três membros indígenas da CNPI, um não governamental e 3931

aí do governo são com vocês, porque aí a gente só queria propor. Então esta é a proposta. 3932

3933 Teresinha Gasparin Maglia: - Presidenta, eu gostaria de tocar em um assunto que foge um 3934

pouquinho disto, mas eu acho que é o momento tocar agora, porque nós temos duas ONGs 3935

que fazem parte da CNPI. Quando os membros anteriores eles moravam os dois aqui em 3936

Brasília. Eu recebi uma correspondência agora a poucos dias solicitando então diárias e 3937

passagens para os membros das ONGs da CNPI. Pelo nosso regimento interno não temos 3938

brecha para abertura, mas se a plenária assim acatar, aí a gente tem como trazer os membros 3939

que moram longe, o Saulo que mora em Recife e o Daniel mora em São Paulo. Então eu 3940

gostaria que a senhora consultasse a plenária e visse que se entra em algum momento em 3941

discussão ou se, enfim, o que a gente pode fazer para que consiga fazer para que eles tenham 3942

representatividade aqui. Obrigada. 3943

3944 Maria Augusta B. Assirati: - Eu no mérito estou plenamente de acordo, inclusive destas 3945

reivindicações que foram. Estas demandas que foram apresentadas nestas últimas CNPIs de 3946

trazer os representantes elas foram acatadas, né, mas de fato a gente precisaria fazer uma 3947

mudança no nosso regimento para poder aprovar isto, para que fique como uma regra que 3948

não fique toda vez dependendo do caso a caso de que se o representante mora em tal ou qual 3949

lugar, para que ele possa sempre ter garantia de ter os custos cobertos pela CNPI, como 3950

acontece em qualquer conselho. Todos os conselhos se responsabilizam pelo custeio e 3951

permanência dos seus representantes durante as reuniões. 3952

3953 Saulo Ferreira Feitosa: - Presidenta. Saulo. Eu não sei se vai ter quorum por parte do 3954

governo, né? Porque tem que ter o quorum para a questão da votação. Eu sei que para gente 3955

vota na próxima, mas seria muito interessante que pudesse fazer este esforço de na próxima 3956

já contemplar no grupo, porque realmente já é uma coisa que a gente já vem há algum tempo 3957

conversando e não tem sido considerado. 3958

3959 Maria Augusta B. Assirati: - Ta, entre os presentes têm os consensos de, tem quorum? 3960

Vocês acham que votamos hoje ou esperamos um quorum um pouco mais entendido, porque 3961

daí eu já estava pensando o seguinte, da gente não? Então vamos aprovar então a mudança, já 3962

traga, a gente traz uma proposta de texto e só fechamos entre nós o texto na próxima reunião, 3963

tudo bem? Então está aprovada a mudança de proposta no regimento para que a CNPI custeie 3964

as diárias e o transporte dos representantes da bancada indigenista. Bom, quanto à proposta 3965

então gente dos grupos, tem consenso entre a bancada indígena, pergunto se alguém das 3966

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outras bancadas governamental e indigenista tem alguma sugestão, contribuição ou reparo a 3967

fazer nesta proposta, então se há consenso eu estou sugerindo que façamos o seguinte então. 3968

Vamos criar este grupo que vai acompanhar os trabalhos do STF que já está definido aqui, as 3969

seis lideranças propostas pela Pierlangela que foram as que propuseram uma ação judicial, 3970

mais o Toya que vai ser o contato e o interlocutor direto que vai estar aqui em Brasília o 3971

tempo inteiro para se a gente precisar de uma conversa ou alguma ação aí neste período. O 3972

GT que vai discutir os trabalhos da CNPI ficou composto então, um representante da CNPI, 3973

um representante pela APIB que é o Uilton, três representantes indígenas da CNPI que se a 3974

gente já puder indicar seria interessante e um da bancada indigenista que também ficamos aí 3975

aguardando, Daniel, não sei se vocês, cadê o Saulo? Ah ta, e aí enquanto vocês conversam só 3976

a gente queria então do governo ficaria neste grupo Ministério da Justiça, FUNAI e 3977

Secretaria Geral, para preparar aí a próxima CNPI e aí eu queria também propor uma data 3978

para a gente começar a trabalhar. Porque o ano está acabando e nós temos que avançar nas 3979

coisas, né? Quando é a Conferência da Saúde? 3980

3981 Lindomar: - Eu só gostaria de saber senhora presidente se o restante do pessoal está 3982

garantido a fala? Tem sim. 3983

3984 Maria Augusta B. Assirati: - Bom eu saí um pouco, mas você estava antes, mas você tinha 3985

passado a sua fala para o Marcos Sabaru. O que você quer que ele fale Lindomar? Diga você. 3986

Quer falar? Ta, só também enquanto todo mundo pensa aí nas representações é o seguinte, eu 3987

estou sugerindo aqui para a gente fazer a nossa reunião da CNPI na primeira de dezembro, 3988

por quê? A Conferência de Saúde é de 25 a 30, que é a ultima semana de novembro. Antes 3989

disto eu acho que não consegue avançar nas coisas que a gente tem que concretizar e se a 3990

gente fizer colada na agenda da Conferência, vai ser interessante também, porque várias 3991

pessoas também vão estar aqui, então conseguimos aproveitar a agenda e otimizar os 3992

recursos e tudo mais. Alguém aqui da CNPI é delegado na Conferência na etapa nacional? Ta 3993

tem bastante gente. Ta ótimo. Mas acho que fica bom, a gente colar e então vocês já ficariam 3994

aqui. Seria mais ou menos dia 2 de dezembro, na semana do dia 2, 2 é uma segunda-feira, até 3995

6 que é uma sexta. Na semana que vai de 2 a 6 de dezembro. Fechamos a data gente? Então 3996

será a 22ª Reunião Ordinária da CNPI na semana que vai do dia 2 de dezembro que é uma 3997

segunda-feira ao dia 6 de dezembro, que é uma sexta-feira aí que faríamos organizaríamos os 3998

trabalhos das subcomissões direitinho como a gente sempre faz nos dias da semana, tá? 3999

Pierlangela. 4000

4001 Pierlângela Nascimento da Cunha: - Presidente. O nome dos 3 da CNPI, eu queria colocar 4002

aqui para a bancada indígena a proposta é que seja, continue o Toya também, porque ele é da 4003

região Amazônica, e fica aqui então agora vamos dar trabalho para ele, né? Para este segundo 4004

grupo a Rosa Pitaguary pelo nordeste e o Deoclides lá pelo Sul, vai ficar um grupo bem, 4005

pode ser? 4006

4007 Maria Augusta B. Assirati: - Me parece perfeita a indicação. A gente acha que não precisa 4008

colocar nome, porque do governo todo mundo vai estar envolvido no grupo. Então fechamos 4009

gente, só precisa fechar a data da primeira reunião de trabalho desta CNPI. 4010

4011 Pierlangela Nascimento da Cunha: - O local e nome das 6 lideranças da questão o CIR 4012

encaminhará. 4013

4014 Maria Augusta B. Assirati: - Então o CIR encaminhará o nome das 6 lideranças que 4015

acompanhará o grupo de acompanhamento dos trabalhos no STF. Já que a gente tem o Toya 4016

aqui em Brasília, quem sabe a gente pode então tentar já fazer uma primeira conversa Toya 4017

para buscar organizar o trabalho, amanhã? Risos. Para já tentar organizar e já chamar, enfim, 4018

a partir da próxima semana os outros representantes, para o mais breve possível, talvez a 4019

gente já, não sei se a Rosa tem uma proposta de data, ou o Deoclides se vão estar por Brasília 4020

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nestes dias. Não, então vamos fazer o seguinte, como nós temos os prazos de passagem e 4021

tudo mais, eventualmente a gente já reúne com o Toya na próxima semana, dá os 10 dias, já 4022

marca a primeira reunião com todo mundo e aí o Toya já vai conversando com vocês para 4023

irem levantando e passando para nós algumas propostas de organização dos trabalhos. Pode 4024

ser? Podemos fazer aqui na FUNAI se vocês quiserem, estamos a disposição para isto, mas 4025

depois também se organiza, então é isto gente, mais algum encaminhamento? Vocês 4026

receberam as atas das ultimas reuniões? Mandou Teresinha? Ta, tem alguma, deixa eu só 4027

aprovar as atas. Tem alguma contrariedade em relação? Podemos aprovar as atas? Então 4028

ficam aprovadas. Vou passar para o Tiago que está pedindo a palavra. 4029

4030 Thiago Garcia: - Mas um informe para o Uilton, ontem o Ministro se comprometeu também 4031

a conseguir uma audiência com Alexandre Padilha, Ministro da Saúde, né, mas ele ligou hoje 4032

e o Padilha vai estar fora de Brasília hoje à tarde, mas da mesma forma que a gente combinou 4033

da educação a gente pode ver com o Ministro uma audiência mais estruturada na data que 4034

vocês sugerirem, talvez já na CNPI da mesma forma, então a gente poderia ter da educação e 4035

ter a da saúde nesta data. E só para também fechar eu trago recado do Ministro Gilberto, que 4036

ele gostou muito da proposta da Chiquinha de ontem de discutir a Conferência de Política 4037

Indigenista, ele acha que é um bom caminho de fortalecer a participação indígena, fortalecer 4038

o diálogo entre indígenas e o governo e ele então coloca a Secretaria Geral à disposição para 4039

a gente avançar nesta discussão, a gente tem dentro da Secretaria Geral uma diretoria que é 4040

específica, que trabalha com este tema dos processos de Conferência , que é a Diretoria de 4041

Participação Social, então a gente está à disposição para avançar nesta discussão, na próxima 4042

reunião da CNPI a gente pode avançar mais nisto. 4043

4044 Maria Augusta B. Assirati: - Bom alguém tem mais alguma consideração? Colocação? 4045

4046 Pierlangela Nascimento Cunha: - Eu queria só pedir para antes de sair todo mundo, a 4047

bancada indígena pudesse ficar para a gente fazer um encaminhamento interno. 4048

4049 Sandro Tuxá: - Questão de encaminhamento também. Uma inquietude aí do meu parente 4050

que é Lourenço Krikati, que está aqui que não está, que eu me recordei, ele vinha 4051

comentando a todo o momento é a questão que eu queria que ficasse registrado em ata. 4052

Porque é uma decisão tomada pela bancada indígena inclusive fizemos um documento de 4053

apoio a algumas questões particulares do Maranhão, mas o que nós queríamos registrar, 4054

retomar, reiterar é que as questões de indicação para assumir os cargos de coordenadores 4055

distritais sejam perfil técnico profissional comprometido com a questão, aliado com as 4056

lideranças indígenas, com os movimentos locais e não político. Porque isto que está 4057

chegando aos ouvidos de alguns parentes que as indicações que alguns estão querendo fazer 4058

vêm por vias políticas, parlamentares pressionando, inclusive localmente senadores, e outras 4059

coisas mais, então nosso companheiro veio despertar isto e eu reitero também, porque no 4060

outro momento esta bancada assinou um documento. Eu queria que houvesse aqui aprovação 4061

aqui, que fosse feito um envio deste documento para o Ministro reforçando isto em nome da 4062

CNPI, está ok? 4063

4064 Maria Augusta B. Assirati: - Ta ótimo Sandro nós vamos fazer sim este documento, a gente 4065

registra, não perfeito, só registrando também em ata, né, porque está sendo gravado que o 4066

Lourenço não está presente, porque está na reunião lá no Ministério da Saúde, está bom? 4067

Gente, obrigada a todas e todos, mas uma reunião da CNPI realizada, espero que tenha sido 4068

proveitosa e que a gente consiga de hoje até a próxima trabalhar para avançar concretamente 4069

aí nos nossos encaminhamentos. Boa volta para quem eu não conseguir ver mais, boa viagem 4070

e vamos conversando e qualquer coisa estamos à disposição. Abraços a todo mundo. 4071