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N Diário de Estágio (Actuação) 12, 15 e 16 de Abril de 2010

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4 semana das praticas

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Diário de Estágio

(Actuação)

12, 15 e 16 de Abril de

2010

Nesta quarta semana de práticas, à semelhança das anteriores, a aula iniciou-se

com normalidade. Os alunos deram início às suas Tarefas, tal como o combinado, e

dirigiram aos seus lugares.

Eu, já não estava nervosa e as coisas já faziam mais sentido, estava mais inserida

e senti-me cada vez melhor, mais confiante e mais segura do que estava a realizar.

Os alunos iniciaram a aula com o Caderno de Escrita Livre. Como já mencionei

em reflexões anteriores, um momento na minha opinião de extrema importância, para

aquisição de competência dos alunos.

Seguidamente iniciou-se os Projectos.

Desta vez tentei não cometer os mesmos erros

que cometi na semana anterior, portanto

quando iniciei este momento fiz questão de

orientar os alunos ao preenchimento das

grelhas e andei sempre de grupo em grupo a

verificar o que estes estavam a fazer, com o

intuito de orientá-los.

Cada vez mais certifico a importância que tem o Trabalho de Projecto. Para que

um projecto seja pertinente e aliciante para os alunos, é necessário que o trabalho de

projecto parta deles e que esteja intrinsecamente relacionado com as suas vivências

pessoais.

Tal como Sérgio Niza (1998),

também acredito que “a realização de

projectos de intervenção para que os alunos

possam, a partir da tomada de consciência

de algumas situações (...) esboçar projectos

de transformação participando eles

próprios na mudança requerida” é

importante na formação das crianças.

Antes de se iniciar qualquer projecto é necessário ter em conta as crianças e

nunca esquecer que o projecto é delas. Citando o Currículo Nacional do Ensino Básico -

Competências Essenciais “problemas que deverão ser pertinentes para quem procura

resolvê-los (...) a sua resolução deverá implicar modificações na realidade física e

social”.

Quando voltámos do intervalo, demos lugar à Matemática Colectiva. Neste

momento, iria dar continuidade ao conteúdo que a colega Margarida iniciou

anteriormente: a metade, a terça parte, a quarta parte, o dobro, o triplo e o quádruplo.

Este não era, de todo, um

tema fácil de abordar, visto que os

alunos tiveram algumas

dificuldades na assimilação e

compreensão do conteúdo aquando

da sua iniciação, na semana

transacta.

Este acabou por ser um

momento deveras desagradável e

incómodo. Como os alunos continuavam a não compreender os conceitos com a minha

explicação, a minha professora cooperante sentiu a necessidade de intervir e, ao fazê-lo,

conseguiu simplificar alguns conteúdos, facilitando a sua compreensão.

Quando isto aconteceu, reagi muito mal perante o fracasso e senti-me muito

desmotivada e desgostosa comigo própria. Fui assolada por um grande sentimento de

culpa, pois os alunos não estavam a perceber a explanação dos conceitos que tentava

veicular, e a inevitável tristeza apoderou-se de mim.

Posteriormente, em conversa com a cooperante e depois de eu lhe ter

manifestado o meu desagrado com o sucedido, esta, com grande serenidade e

companheirismo, apaziguou o meu desalento, dizendo que a culpa não era totalmente

minha. Assumiu que este conteúdo era muito difícil de abordar, o que fazia com que os

alunos revelassem algumas dificuldades na sua compreensão. Outro erro assumido foi o

facto deste tema não ter sido imediatamente abordado na primeira semana, após a

respectiva exposição pela Margarida. Explicou-me, ainda, que existem temas na

Matemática que nos devemos debruçar mais do que os outros. Este, por sinal, é um dos

tais que merece uma abordagem mais incisiva.

A reflexão que fazemos com a nossa cooperante no final de cada aula revela-se

de extrema importância e utilidade, pois desta forma conseguimos perceber-nos das

nossas falhas e, em conjunto, diligenciar a melhor maneira de ultrapassá-las.

Para finalizar a aula os alunos começaram a trabalhar nos seus PIT, passando

assim para o Tempo de Estudo Autónomo.

O tempo restante da aula decorreu dentro da normalidade. Orientei os alunos

nas tarefas que realizavam e prestei auxílio aos que necessitavam.

Na quinta-feira dia 15, iniciei a aula com mais calma e serenidade do que na

segunda-feira.

Neste dia praticamente só damos aulas durante duas horas e meia, dado que os

alunos depois do intervalo têm uma hora de Música e uma hora de Educação Física.

Nas duas horas anteriores, os alunos trabalham nos Projectos e no Tempo de

Estudo Autónomo.

Como já referi, iniciei a aula com mais tranquilidade, acabando por fazer

tudo o que estava antecipadamente preparado e planeado. Enquanto os alunos cumpriam

as suas Tarefas, eu escrevia a data e o Plano Diário com o auxílio dos mesmos.

O Plano Diário deste dia tinha um momento que me deixava um pouco

ansiosa, as Comunicações. Este momento é inesperado para o docente que orienta a

turma e este espaço. Durante as Comunicações, os alunos expõem situações e

informações importantes das suas vivências, e nós, como docentes, além de não

sabermos o que os alunos irão expor, devemos ter cuidado quando reagimos, no sentido

de não magoarmos os sentimentos dos mesmos, onde o aluno está exposto ao grande

grupo.

Para além disso, o momento

das Comunicações é um espaço de

extrema importância para os alunos

porque estes trabalham diversas

competências, além de terem a

oportunidade de referirem o que

quiserem.

Por sua vez, é trabalhado, desde a

exposição ao grupo, a linguagem, a articulação das frases, a colocação de voz, entre

muitas outras.

As Comunicações são, assim, um bom espaço para se fazer o balanço das

aprendizagens e conhecermos cada vez mais e melhor os nossos alunos.

É um espaço marcado pela democracia que a metodologia defende, pois neste

espaço qualquer aluno da turma pode comunicar ao grupo o que deseja sem que o

docente coloque nenhuma barreira.

Reflectindo um pouco com o trabalho que venho desenvolvendo ao longo

deste quatro anos de curso, nunca em tempo algum uma criança nos meus estágios

anteriores teve a oportunidade de usufruir deste momento, acabando por existirem

momentos em que alguns alunos desejavam comunicar algo sucedido e o docente acabar

por pedir que se cale e que se sente.

Agora percebo que muitas dessas crianças deviam se sentir extremamente

tristes e desmotivadas e valorizo cada vez mais este momento porque, observando os

nossos alunos, estes manifestam uma grande alegria em ter uma comunicação a fazer ao

grande grupo.

Como nos refere Sérgio Niza (1998), a comunicação é “um factor de

desenvolvimento mental e formação social”. Factor, este, que nós consideramos

extremamente relevante, pois a escola deve criar um clima onde os alunos se possam

exprimir livremente, sem qualquer receio de dizerem as suas ideias e pensamentos.

Quando numa escola e/ou sala de aula se verifica esta comunicação livre e autêntica, dá-

se sentido às aprendizagens escolares.

A comunicação é muito importante e a escola deve valorizá-la, oferecendo ou

proporcionando diversas ocasiões para a mesma acontecer.

Foi com agrado e muita satisfação que me

dirigi para a escola primária, onde iria

leccionar com a minha colega Margarida.

As crianças, ruidosas e de ânimos

levantados, esperavam no pátio pela

professora, para mais um dia de aulas.

Nesta sexta-feira, dia 16 de Abril,

a aula iniciou-se dentro da normalidade: os alunos aprontaram o seu material escolar

para principiarem as suas Tarefas, enquanto eu escrevia a data e o Plano Diário no

quadro.

No Resolver Problemas dei continuidade a um jogo que havia iniciado na minha

primeira semana. Os alunos revelaram um grande entusiasmo ao elaborá-lo e adquiriram

as diversas competências necessárias de uma forma divertida. Para concluir este

momento, os discentes elaboraram uma ficha de trabalho do livro.

Neste dia irei debruçar-me sobre a Avaliação do PIT e o Conselho de Turma.

Consegui atempadamente avaliar os PIT dos alunos que estavam destinados,

bem como as Parcerias e iniciar algumas para a subsequente semana de trabalho.

Gostaria de dar particular enfoque a este momento. As parcerias revelam-se

extremamente enriquecedoras para os alunos, já que, de uma forma cooperada com os

demais colegas, os que revelam maiores

dificuldades conseguem adquirir e

desenvolver diversas competências. Numa

aprendizagem, em clima de cooperação, o

sucesso de um aluno contribui para o

sucesso do conjunto dos membros do grupo,

criando-se, assim, um clima de entreajuda,

de aceitação das diferenças, sejam elas

étnicas, sexuais ou para com alunos que

apresentem necessidades especiais, ao mesmo tempo, que promove mais aprendizagens,

a um nível mais alto de execução.

O trabalho que esta Turma desenvolve é tão importante para os alunos, que me

atrevo até a dizer que se as Turmas que eu já estagiei tivessem a oportunidade de

trabalhar assim, provavelmente os alunos que apresentavam dificuldades poderiam de

uma forma rápida e enriquecedora, adquirir as competências necessárias.

O momento dedicado ao Conselho de Turma decorreu dentro da normalidade.

Os alunos debateram temas importantes e tentaram eles próprios resolvê-los. Gostaria

de salientar que este Conselho está, cada vez mais e melhor, a tornar-se um momento de

reflexão, em que os alunos já são capazes de ocupar os seus devidos lugares. Atrevo-me

até a referir que neste dia quase nem necessitei de intervir, porque eles sozinhos

conseguiram perfeitamente tomar conta da ocorrência, colocando questões aos demais

colegas envolvidos e fazendo com que estes reflectissem sobre o sucedido.

Cada vez mais consigo perceber a importância que o Conselho de Turma

assume. “ Na dinâmica da Turma, os elementos mais instáveis e impulsivos aprenderão

a regular a sua “passagem a acto”, na sua tensão agressiva, na medida em que se

habituem a passar a escrito as ocorrências que só serão debatidas e analisadas

posteriormente e a “frio”, o que resulta em treino de descentração, fundamental para o

desenvolvimento afectivo e para o progresso intelectual. O Diário torna-se assim um

verdadeiro canalizador emocional na medida em que ajuda a instaurar “habitus” de

nacionalização e formalização (…)” (Sérgio Niza, 1991).