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Ministério da Justiça Comissão Nacional de Política Indigenista ATA/DEGRAVAÇÃO 23ª Reunião Ordinária Comissão Nacional de Política Indigenista - CNPI Data: 08 e0 9 de maio de 2014. Local: Salão Negro do Ministério da Justiça. Brasília/DF

23ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA - Funai · Ministério da Justiça Comissão Nacional de Política Indigenista ATA/DEGRAVAÇÃO 23ª Reunião Ordinária Comissão Nacional de Política

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Ministério da Justiça

Comissão Nacional de Política Indigenista

ATA/DEGRAVAÇÃO

23ª Reunião Ordinária

Comissão Nacional de Política Indigenista - CNPI

Data: 08 e0 9 de maio de 2014.

Local: Salão Negro do Ministério da Justiça.

Brasília/DF

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A Plenária Geral da 23ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de

Política Indigenista - CNPI ocorreu nos dias 08 e 09 de maio de 2014, no Salão

Negro do Ministério da Justiça. Nos dias 06 e 07 de maio/14, a reunião foi

antecedida, por reuniões, em separado, da bancada indígena e indigenista, e da

bancada governamental, conforme determina o Regimento Interno da CNPI.

Participantes da 23ª Reunião Ordinária da CNPI:

- Representantes de governo:

José Eduardo Cardozo–Ministro da Justiça; Maria Augusta B. Assirati–

Presidente da CNPI; Francisco Gaetani-Ministro de Estado Interino do Meio

Ambiente; Marcelo Veiga e Marcelo Chilvarquer–Ministério da Justiça; Thiago

Almeida Garcia–Secretária-Geral da Presidencia da República; Juliano Pimentel

Duarte–Casa Civil/PR; Frederico Raphael C. D. Britto–Gabinete Institucional da

PR; Cel. Rodrigo Prates e Cel. Jean J. A. Martins–Ministério da Defesa;

Antonio Alves e Bianca Coelho Moura–Ministério da Saúde/SESAI; Luiz

Fernando Machado de Souza–Ministério do Desenvolvimento Agrário; Larisa

Ho Bech Gaivizzo–Ministério do Meio Ambiente; Olga Novion-Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão; Macaé M. Evaristo e Carlos Rafael da

Silva-MEC.

- Representantes indígenas:

Simone Vidal da Silva–Karipuna/AP; Rosa da Silva Sousa–Pitaguary/CE;

Francisca Navantino-Pareci/MT; Lourenço Borges Milhomem–Krikati/MA;

Marcos Luidson de Araújo–Xukuru/PE; Lindomar Santos Rodrigues–Xocó/AL;

Luiz Vieira Titiah–Pataxó HãHãHãe/BA; José Ciríaco Sobrinho–Capitão

Potiguara/PB; Sandro Emanuel Cruz dos Santos–Tuxá/BA; Brasílio Priprá–

Xokleng/SC; Manoel Fernandes Moura–Tukano/AM; Ak”Jabor Kayapó/PA;

Manoel Messias da Silva-Xukurú-Kariri/PE; Anastácio Peralta-Guarani

Kaiová/MS; Helinton Gavião/RO;

- Representantes da sociedade civil/ONGs Indigenistas:

Saulo Ferreira Feitosa e Daniel Pierri/CTI;

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- Assessor da Bancada Indígena: Paulino Montejo – APIB/DF; Marcos

Sabaru-APOINME, Francisco Avelino-COIAB e Rosane de Mattos –

ARPINSUL;

- Convidados Especiais -

Guilherme de Lacerda -Diretor de Infraestrutura Social, Meio Ambiente e

Agropecuária e Inclusão Social do BNDES; Maximiliano Correa-

Coordenador da COIAB; Ministra Sissel-Conselheira da Embaixada da

Noruega; Cristian-Oficial de Programa para Povos Indígenas da Embaixada

da Noruega; Katrin Margraff-Gerente Sênior de Projetos da KFW; Dr.

Cezar Baldi-Assessor Jurídico da 6ª Câmara do MPF e Rivelino P. de

Souza-Ministério do Esporte;

- Demais Pessoas Presentes – Janio-MMA; Rita Potiguara, Núbia Batista

da Silva e José Carlos B. Magalhães-MEC; Gabriel Domingues-MMA;

Paulo Santos, Edson Androdi Junior e Mª Souza Pereira-MJ; Graciana Mª

da Silva e Tanielson Rodrigues–estudantes da UNB e Renato

Santana/CIMI

Servidores da Funai:

Marco A. F. Peres–Diretor da DAGES; Luciana Nóbrega– Chefe de

Gabinete; Maria Janete A. de Carvalho–Diretora Substituta DPDS; Solange

Alves-Assessoria Parlamentar; Erika Yamada-Coordenação Geral de

Promoção da Cidadania/CGPC; Jaime Siqueira–Coordenação Geral de

Gestão Ambiental/CGGAM; José Augusto L. Pereira; Gustavo Vieira;

Lúcia Alberta Andrade de Oliveira; Mário Vilela; Orlando Barbosa;

Fernando L. B. Viana; Brenda; Patricia C. Neves; Madeleyne; Orlando

Barbosa e Marina Carvalho

- Secretaria-Executiva:

Teresinha Gasparin Maglia, Gracioneide Maria Rodrigues e Samira S.

Carvalho Sousa.

- Relatoria – FUNAI:

Kaio Kepler de Araújo e Léia Bezerra.

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Dia 08 de maio de 2014 – turno matutino

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Bom dia a todos

e todas. Estamos iniciando hoje nossa 23ª Reunião Ordinária. Estamos

com um pouco de dificuldade, começaremos atrasados porque tem muitas

pessoas que ainda não conseguiram chegar até aqui, principalmente o

pessoal do governo, mas com o andar da reunião, eles chegarão.

Gostaria de consultar a mesa porque, na impossibilidade do titular e do

suplente do Ministério da Educação, que não pudessem estar presentes, se a

mesa concorda que um representante do MEC assuma o lugar do titular ou

do suplente. A mesa concorda? Seria o Rafael! Alguma oposição?

Ninguém? Então Rafael por gentileza dirija-se a mesa na vaga do MEC.

Também gostaria de comunicar a todos que a Natália Dino que era suplente

do Dr. Marcelo Veiga, ela não está mais no ministério e hoje assume, mas

ainda não foi para o Diário Oficial, o Dr. Marcelo Chilvarquer será o

substituto do Dr. Marcelo Veiga. Então hoje também assume o suplente do

Ministério da Justiça como suplente do Dr. Marcelo Veiga, Ok? Marcelo

seja bem-vindo!

Primeiro lugar vamos iniciar com a aprovação da nossa pauta, nossa

programação desses dois dias. Já tivemos antes de ontem e ontem, a

reunião das bancadas, a reunião das dez comissões e hoje iniciamos a

plenária. Iniciando com a aprovação da pauta se é que todo mundo vai

concordar. Às 10h30m nós teremos a apresentação das informações do Dr.

César Baldi do Ministério Público Federal, das PECs e PLs em tramitação

no Congresso Nacional, em especial a PEC 320, que trata de criação de

vagas especiais de Deputado Federal para as comunidades indígenas. Então

o representante do Ministério Público Federal viria até aqui para apresentar

as PECs e PLs em especial a PEC 320. Outro ponto de pauta nós já

iniciaremos hoje de manhã após essa apresentação, eu proponho que nós

façamos reunião até ás 13h em função de que às 15h nós teremos então

outro ponto de pauta e a gente faz intervalo de almoço das 13h às 15h.

Começamos com a discussão da Conferência Nacional de Política

Indigenista. Esta conferência foi proposta, o Grupo Executivo se reuniu

junto com a Câmara Técnica da PNGATI. Então nós iniciaremos hoje a

discussão sobre a conferência, explanação do que foi discutido na reunião e

os preparativos daqui pra frente. A tarde nós teremos o lançamento da

chamada pública para projetos de elaboração de implementação dos planos

de gestão territorial e ambiental em terras indígenas, nós contaremos com a

participação do Ministro José Eduardo Cardozo, do Diretor do BNDES,

Secretário Executivo do MMA, Maria Augusta nossa Presidente e do

Coordenador Geral da COIAB, para ser lançado a chamada pública do

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Fundo Amazônia para Elaboração de Planos de Gestão Ambiental e

Territorial, isso seria às 15h, a gente acha que levará em torno de uma hora,

então assim seja a partir das 16h teremos o intervalo para o lanche e

retornamos com a discussão sobre a Conferência Nacional de Política

Indigenista. Vamos continuar então na discussão sobre a conferência. Isso

seria para o dia de hoje.

Para o dia de amanhã, a continuação da discussão sobre a Conferência

Nacional de Política Indigenista. Das 11h30min às 12:30h apresentação

pelo MEC sobre o Plano de Trabalho referente educação escolar indígena

apresentado pela secretária Macaé, que esta é uma solicitação da bancada

indígena e indigenista da CNPI; e também Turismo em terra indígena, seria

apresentado pela FUNAI uma proposta de regulamentação de Turismo em

terra indígena e o último ponto de pauta a não ser que tenha mais alguma

inclusão seriam informações sobre o andamento das PECs e PLs no

Congresso Nacional pela assessoria parlamentar da FUNAI. Alguém

gostaria de se manifestar sobre essa proposta? Tem alguém que tem alguma

inclusão ou retirada de pauta? Alguém tem alguma sugestão de pauta,

acréscimo ou não? Fechamos a pauta então nesse formato? Rafael do MEC.

Rafael - MEC– MEC: Acho que a gente já tinha discutido era só um

acréscimo, no horário das 10h30min, nas informações das PECs e PLs para

incluir a portaria. Não vão ter esses dois períodos hoje pela manhã pelo Dr.

César Baldi e no dia seguinte pela assessoria da FUNAI. Só para

acrescentar como conteúdo a discussão sobre a portaria também, porque

aqui só tem os PECs e os PLs. Portaria 303.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Portaria 303. A

sugestão é que seja apresentada pelo Ministério Público ou pela assessoria

da FUNAI? Pela Assessoria Parlamentar da FUNAI?

Rafael – MEC: Pra mim qualquer um dos dois que desse o

encaminhamento sobre como está o processo, estaria satisfeito.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok, vamos

sugerir então ao Dr. Cesar Baldi se ele quiser entrar nesse tema também e a

Assessoria parlamentar da FUNAI. Mais alguma sugestão para a pauta? Dr.

Cesar Baldi já informou que está chegando e assim que ele então chegar até

o nosso recinto nós entraremos nesse ponto de pauta que é a apresentação

das informações pelo Ministério Público Federal. Sandro pediu a palavra?

Sim? Saulo então, fique à vontade.

Saulo Feitosa – CIMI: A minha proposta seria, primeiro vamos ter

aprovação de pauta agora, depois aprovação da Ata da reunião passada

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antes da apresentação do Cesar Baldi. Porque outra questão que lembrei

também se a equipe que está trabalhando na preparação da conferência, já

poderia fazer a memória breve antes da gente começar a discutir a PEC

320.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok. Quanto a

aprovação da Ata da reunião passada, vocês todos receberam a síntese que

foi concluída, nós não conseguimos concluir a Ata, a degravação da

reunião passada em virtude que foi muito pouco tempo, foi menos de um

mês, e a gente não conseguiu fazer toda a degravação, o Caio foi uma

pessoa excelente que fez uma parte, mas eu não consegui fazer a outra

parte, lembrando que na reunião passada nós não tivemos a contratação de

degravação. Então eu contei com a ajuda do Caio para fazer a degravação,

mas não conseguimos concluir o segundo dia. Então nós vamos deixar a

aprovação da Ata da 9ª Reunião Extraordinária, a gente aprova na próxima

reunião, provavelmente junto com a Ata dessa reunião aqui. Ok? Então,

aprovada a programação desses dois dias? Alguma objeção? Alguém

contra? Então Ok, aprovada a programação. Então nós gostaríamos de

passar de imediato, enquanto se aguarda o Dr. Cesar Baldi chegar, que a

comissão, o Grupo Executivo da CNPI que esteve reunido junto com a

câmara técnica da PNGATI, que pudesse fazer a explanação de como foi a

reunião e quais os encaminhamentos que foram dados, e de como nós

vamos trabalhar a questão da Conferência Nacional de Política Indigenista.

Primeira inscrita Rosa.

Rosa da Silva Souza Pitaguary: Ontem nós nos reunimos e a gente tinha

definido que quem ia fazer esta apresentação seria Chiquinha, e ela ainda

está a caminho. Ela iria apresentar e a gente ia só complementar.

Sandro Tuxá – Nordeste Leste: Como a Chiquinha não se encontra e eu

acho que a sugestão de Saulo é pertinente a gente tem o Daniel que também

estava acompanhando, e a Rosa, pelo que a Rosa está entendendo e pelo

que o Daniel anotou alguma coisa, talvez vocês dois poderiam estar

fazendo este recordatório, essa memória. Sugestão.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok, pode ser

Daniel e Rosa? Daniel, quem sabe você senta do lado da Rosa e vocês vão

trocando figurinha pra apresentação? Pode ser ou fica mais difícil? Ou a

Rosa senta do teu lado? Não precisa? Ok.

Daniel Pierre - CTI: Vou fazer um breve relato do que aconteceu, a

Teresinha também estava lá pode complementar, a Rosa. O primeiro ponto

de pauta que estava sendo discutido era a possibilidade de se unir a

Conferência Nacional de Política Indigenista com a Conferência do

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PNGATI, e quando a gente chegou na reunião, quando a gente se juntou

para fazer essa discussão o comitê executivo do PNGATI tinha feito uma

discussão prévia e decidido que eles achavam melhor não juntar as

conferências porque achavam que não iria ter o espaço adequado para tratar

do próprio PNGATI. Então apresentaram essa proposta que a conferência

do PNGATI fosse feita em 2016 e antes disso a Conferencia Nacional de

Política Indigenista. Houve uma concordância das duas bancadas, tanto do

governo quanto dos indígenas e ficou acertado dessa forma. No primeiro

dia de reunião, a gente teve uma reunião no Ministério da Justiça, que

estavam alguns representantes da FUNAI, estava a Teresinha , o Marcelo

Veiga e ficamos discutindo mais sobre o conteúdo da conferência, o que

seria mais adequado e a Chiquinha estava lá, fez uma fala muito

interessante falando sobre a importância de que esta conferência nacional

seja um momento de consolidar os direitos constitucionais, de fazer uma

defesa dos direitos constitucionais, tendo em vista que a gente está num

contexto de bastante ataque a esses direitos de vários lados.

E teve uma discussão nesse sentido tinha uma posição do Ministério da

Justiça de que a gente devesse focar num desenho prévio de um produto

para essa conferencia o que não foi consenso, a bancada indígena focou

mais nessa questão de ter um fortalecimento dos diretos indígenas, de focar

nos avanços da constituição e deixar com que o próprio processo da

conferencia chegasse nos produtos que seriam resultado da conferencia,

sem ter uma necessidade prévia de estabelecer isso. Foi proposto uma

agenda de trabalho que se iniciaria com a conferencia, se iniciaria com o

seminário nacional de mobilização, que o objetivo seria formar, capacitar

um grupo maior de lideranças do movimento indígena junto com esse

comitê, junto com bancada da CNPI e das organizações indígenas para que

pudesse mais gente estar preparada para passar esse trabalho para a base,

para que o trabalho na base fosse mais forte. O que saiu de lá seria uma

conferência em Novembro com 40 membros das organizações indígenas do

país mais a bancada da CNPI (bancada indígena) que daria em torno de 100

indígenas participando.

A Chiquinha chegou. Quer assumir o relato da reunião Chiquinha? Teve

uma discussão grande também de como se operacionaliza essa conferência,

a Guta fez uma explanação num dos dias sobre o funcionamento das

conferencias, quais são os procedimentos para oficializar isso; foi dito que

seria uma portaria ministerial que tinha que dar início a essa conferencia e a

gente tirou na reunião o indicativo de fazer um documento pro Ministério

da Justiça e para a Secretaria Geral da Presidência, para que a gente tivesse

aqui nessa reunião um posicionamento dos ministérios se eles aceitam fazer

essa portaria, qual seria o prazo. É importante colocar aqui exatamente para

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ter esse posicionamento na plenária. Também foi marcada uma nova

reunião do Grupo Executivo pro começo de Junho, de 01 a 04 de Junho e

nessa ocasião a pauta principal seria trabalhar em cima do texto base da

conferência, dependendo é claro dos posicionamentos que a gente tiver

aqui do governo. Não só o texto base, também o formato da conferência,

quantas conferencias locais seriam, quantas conferencias regionais seriam,

qual seria custo disso, enfim, as datas mais detalhadamente. Acho que no

geral o que eu lembro é isso, se vocês puderem complementar eu acho que

deve estar faltando alguma coisa.

Rosa da Silva Souza Pitaguary: A gente também, dentro das atividades,

nós tínhamos conversado antes que seriam 41, mas esse número com

certeza irá aumentar devido as conferências locais que está previsto, que

seria interessante que tivesse todo conteúdo das bases, então a gente iria

fazer as locais e depois as regionais que seriam 37 regionais e a nacional.

Tivemos também uma apresentação que nos ajudou a clarear bastante,

apresentação da Guta, muito boa, sobre conferências que já tinham

acontecido, quantas tinham sido de outros ministérios que já tinham feito

conferências. Isso nos ajudou bastante, ela fez um apanhado de tudo isso,

pra gente já estar vendo em cima dessas conferências, de custo, de quanto

iria precisar. Tivemos também a ajuda do representante da SESAI, que veio

e colocou um pouco como foi a conferência de saúde indígena, por que

como essa é a primeira conferência nacional de política indigenista, então a

gente tem que pensar muito bem, trabalhar muito bem pra que isso seja um

marco para os povos indígenas. Foi dessa forma que nós vimos, foi dessa

forma que a gente trabalhou, vendo toda essa situação.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Chiquinha, você

gostaria de complementar ou aportar mais informações?

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Bom dia a todos e a todas!

Fortalecendo um pouco e também complementando o que os parentes

colocaram em relação à importância desta conferência, tem que ficar bem

claro pra nós todos, tanto para a bancada indígena, quanto para a bancada

do governo que esta conferência é completamente diferente das demais que

aconteceram, é uma conferência retardatária, porque já deveria ter

acontecido tão logo tivesse saído a pós Constituição. Então nós estamos

atrasados, talvez se estivesse acontecido com certeza nós teríamos um novo

relacionamento de fato marcante com o estado brasileiro. Então a

conferência não pensamos só em relação a governo mas é pro estado

brasileiro de fato, e é marcar uma nova relação com esse estado brasileiro,

então eu considero ela completamente diferente, eu acho importante as

demais experiências que nós tivemos de conferências, eu acho que a da

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saúde foi muito importante para nós a apresentação; Sentimos sua falta

Bianca! Pra que pudéssemos dar um panorama da experiência que já vem

acontecendo da conferência da saúde que é uma das mais antigas que vem

acontecendo, mas de uma maneira geral as experiências que nós tivemos

como relatos tanto da parte do governo quanto da parte indígena elas tem

tido a ser um panorama positivo, de fato são conferencias que por mais que

tenhamos alguns entraves alguns obstáculos, mas são conferencias que

avançam no diálogo com governos, porque não é só o governo federal, mas

principalmente ela avança do ponto de vista da sociedade, então eu acho

que isso é o importante para nós no caso desta conferência nossa de política

indigenista também é pra que ela possa ter um êxito nesse novo diálogo que

a gente quer marcar a partir dessa conferência.

Outra questão importante que eu gostaria de ressaltar é que não importa a

quantidade, o que interessa mesmo para nós é a qualidade dessas

conferências. Pra nós é muito importante, todas são importantes, mas, as

mais importantes serão aquelas que serão realizadas nas bases, nas aldeias,

nas comunidades, onde as nossas lideranças e a sua população poderão se

manifestar então o poder estará “empoderado” de fato ali, nas comunidades

indígenas. Então quanto maior número de participação a gente conseguir

garantir nessas locais, nas comunitárias pra nós vai ser um ponto muito

importante nessa discussão sobre diálogos com estado brasileiro, então eu

considero que de todas elas, a das aldeias, comunidades e locais

fundamentais importantes para que possamos ter subsídios das experiências

vividas dos povos indígenas para conferência maior.

Bom, era isso que queria colocar, o nosso pessoal já colocou os pontos

principais não é Teresinha? Temos o relatório e a memória, também tem a

Lúcia que participou, como indígena e como representação do governo e

ela tem a memória também que depois a gente vai passar para vocês.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok, acho que

seria interessante passar essa memória para todo mundo. Para que todos

tivessem conhecimento do que foi discutido porque nós vamos ter bastante

tempo nessa plenária para discutir a conferência tendo em vista que nós

temos que encaminhar. Claro que a conferência vai acontecer só ano que

vem, mas nós temos que planejar todas as etapas, documentos, enfim, tudo

para que dê uma conferência, como diz a Chiquinha, bem diferenciada e

uma ótima conferência.

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Uma coisa que queria por último,

Teresinha, que eu gostaria de ressaltar é a importância que tem a bancada

do governo, porque a gente vai precisar saber qual é o entendimento que

cada ministério tem em relação a essa conferência, porque ela tem que ser

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incorporada de fato de corpo e alma, ela tem que vestir a camisa porque se

trata de uma conferência de governo também, então isso pra nós é muito

importante pra que possa fortalecer de fato os objetivos da qual ela

pretende ter.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Lembrando que

uma conferência nacional não se faz só com os povos indígenas, a política

indigenista é formada pela bancada indígena, indigenista e governo. Bianca

Bianca Moura – SESAI – Ministério da Saúde: Bom dia, tudo bem

gente? Que bom! Só para entender, depois desse relato a gente vai voltar no

debate ou a gente já entra no debate porque nossa comissão de saúde nos

discutimos também um pouco sobre a conferência, aí eu quero saber como

vai ser a metodologia relacionada a esse tema, porque eu vejo que ele tem

hoje e tem amanhã também, porque é extenso; Qual vai ser o momento que

a gente vai estar contribuindo? Para estar amadurecendo e encaminhando

principalmente. Para operacionalização de fato.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Correto! Bianca,

eu acho que como o Dr. Cesar Baldi está chegando, seria importante nós

deixarmos para quando comentar o debate da conferência tocar direto.

Bianca Moura – SESAI - Ministério da Saúde: Foi um informe de como

foi pra que a gente tomasse conhecimento.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Quanto ao

documento que foi tirado na comissão e no Grupo Executivo da

conferência, que mandaríamos para o ministro José Eduardo Cardozo e

para o ministro Gilberto Carvalho, gostaria de dizer que no dia seguinte a

Secretaria-Executiva já mandou, já encaminhou, a presidente Maria

Augusta assinou e eu gostaria de ler o conteúdo, porque a primeira proposta

era trazermos o documento aqui para ser aprovada em plenária. Só que em

virtude do tempo a gente achou melhor encaminharmos, a secretaria

executiva elaborou, a Presidente assinou, foi encaminhada direto para

conseguir já avançar. Eu gostaria de ler um deles porque os dois são

parecidos, mas para que vocês tomassem conhecimento do conteúdo e

espero que seja aprovado por todos.

“Ao Ministro José Eduardo Cardoso

Assunto: Conferência Nacional de Política Indigenista

Sr. Ministro, cumprimentando cordialmente venho através do presente

encaminhar a vossa excelência a proposta da Comissão Nacional de

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Política Indigenista da realização da 1ª Conferência Nacional de Política

Indigenista. A realização da 1ª Conferência Nacional está prevista no

decreto sem número, de 22 de Abril de 2006 e no Regimento Interno da

CNPI por meio da portaria nº 1396 de 15 de Agosto de 2007 conforme

abaixo (aqui é transcrito o decreto aonde fala da conferência e o regimento

interno):

Na 22ª Reunião Ordinária da CNPI em que Vossa Excelência, juntamente

com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República

coordenaram os trabalhos, esse tema foi ponto de pauta tendo sido

amplamente discutido, em reuniões subseqüentes os representantes

indígenas e indigenistas e governamentais da comissão de forma

consensual elaboraram proposta de formato para realização da conferencia

que segue sugerida abaixo:

1. Um seminário nacional de mobilização a ser realizado no 2º semestre de

2014 em Brasília;

2. Etapas locais preparatórias a serem realizadas em 2015 nos locais definidos

pela comissão organizadora;

3. 37 etapas regionais preparatórias a serem realizadas em 2015 nas cidades

em que estão localizadas as coordenações regionais da FUNAI;

4. Uma etapa nacional de Conferencia de Política Indigenista em Brasília em

2015 em data a ser definida pela comissão organizadora.

O temário e o número dos participantes das etapas da conferencia serão

discutidos e propostos pela comissão organizadora. A comissão também

sugere que a conferência seja convocada por meio de portaria conjunta

entre o Ministério da Justiça e a Secretaria-Geral da Presidência da

República . No ensejo de contarmos com vosso deferimento despedimo-nos

com votos de estima e consideração. Atenciosamente, Maria Augusta

Assirati”.

Essa foi a correspondência então enviada ao Ministro José Eduardo e ao

Ministro Gilberto Carvalho. Neste momento eu passo os trabalhos e dou

boas-vindas a nossa Presidente que acaba de chegar.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Bom dia a todas e a

todos, tivemos uma questãozinha a resolver antes de vir pra cá, por isso que

eu me atrasei e queria começar já anunciando que o Dr. Cesar do

Ministério Público Federal já está presente, está aqui conosco. Tudo bom?

Bom dia Dr. Cesar! Por favor, queria convidá-lo então a vir pra cá na mesa.

Queria consultar a plenária se nós podemos então aproveitando já a

presença do Ministério Público Federal dar início a nossa apresentação e

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discussão sobre o projeto de lei que ficamos de discutir como pauta de hoje

pela manhã. Temos acordo? Então podemos passar para o Dr. César.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Bom dia. Na

realidade eu não sou do Ministério Público, sou assessor Jurídico da 6ª

Câmara, como eu fiz o parecer da PEC 320, o Saulo Feitosa e outras

pessoas me convidaram para fazer uma apresentação. Como vocês tinham

proposto, fazer uma apresentação das linhas gerais do projeto e da

discussão jurídica, é isso? Como vocês tinham planejado?

O projeto foi apresentado pela frente parlamentar indígena, e prevê o

seguinte, o objetivo diz assim: Ampliar a participação de indígenas no

sistema democrático representativo mediante previsão de regras específicas

para eleição de deputados federais que o representem. Só trata da questão

de deputados federais, não fala nunca de questão de senadores. A proposta

foi apresentada em Outubro de 2013, é uma proposta de emenda

constitucional e ela na realidade altera o capítulo do artigo 45 e três

parágrafos do artigo 45. Tem inclusive uma sugestão de redação por conta

do Caput porque o Caput ficou assim:

“A câmara dos deputados compõe-se de representantes do povo

eleitos pelo sistema proporcional em cada estado, em cada território e no

Distrito Federal e de representantes indígenas. Depois eu faço uma

observação porque o próprio substitutivo da Câmara prevê alteração dessa

redação porque fica parecendo que representantes indígenas não são

representantes do povo, então na realidade se sugere uma alteração.

O parágrafo terceiro associa a totalidade das comunidades indígenas

a tratamento análogo de território elegendo 4 deputados indígenas em

processo eleitoral, abrangendo todos eleitores com domicílio eleitoral em

comunidades indígenas. Eu estou lendo a proposta.

O parágrafo quarto fala assim: Quando do alistamento eleitoral os

indígenas domiciliados em comunidades indígenas poderão optar por votar

nas eleições gerais ou por votar nas eleições específicas para candidatos a

representação especial destinada aos povos indígenas.

Parágrafo quinto, a distribuição geográfica das vagas especiais para

deputado federal destinadas aos povos indígenas assim como as normas

relativas ao processo eleitoral nas comunidades indígenas serão

estabelecidas em lei. Na realidade dá possibilidade de 4 representantes

indígenas, estabelece a questão da regulamentação da distribuição

geográfica das vagas por meio de lei, quer dizer, submete ao processo

legislativo e fala do alistamento eleitoral. Os indígenas podem optar por

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votar em eleições específicas para candidatos de representação especial ou

pra questão geral”.

Observo que essa redação do parágrafo quarto ela é comum em vários

outros países que adotaram alguma forma de representação indígena, por

exemplo na Noruega e na Finlândia (ainda ontem fui verificar essas

situações de noite para conferir de novo) que tratam das minorias CIMI,

prevê o mesmo tipo de participação, as minorias étnicas no caso a CIMI

optam por votar em um sistema geral ou em um sistema específico,

conforme a representação.

Eu fiz a prescrição basicamente da questão da constitucionalidade e

algumas questões envolvendo tratados internacionais, por que? Primeiro

porque era uma proposta de emenda constitucional e tinha que verificar se

ela era constitucional. Porque a redação altera o 45? Primeiro porque o

artigo 14 da constituição estabelece como condições para se tornar elegível

o alistamento eleitoral, o domicílio e a filiação partidária. Pela redação do

45 não fala nada da questão da filiação partidária, consequentemente

permitiria candidaturas avulsas, o que é uma novidade no sistema eleitoral

brasileiro, então consequentemente a redação do 45 é justamente para

evitar algum conflito com o 14. Eu observo também no parecer que eu

apresentei para a Câmara dos deputados que apesar de toda mobilização

indígena que teve desde 1988 pra cá a gente praticamente só teve o Mario

Juruna como representante, a gente não tem nenhum Senador. Eu faço um

levantamento no parecer de número de prefeitos e municípios que

elegeram, dou dados do IBGE, eu posso deixar o parecer inclusive a

disposição da presidenta da FUNAI no sentido de que nós temos, por

exemplo, pelo último senso do IBGE 80% dos municípios tem população

indígena, são 896 mil habitantes, são 305 etnias e falam 274 idiomas, pelo

menos registrados, fora a questão dos povos “não contatados” que

poderiam aumentar um pouco mais ainda a questão da diversidade étnica

ou cultural.

A segunda proposta apresentada, o tratamento dispensado a totalidade das

comunidades indígenas equipara-se àquele reservado a territórios. Observa

a proposta apresentada agora pela frente parlamentar indígena não é igual

uma anterior que transformava em um território indígena, ele associa pura e

simplesmente para fins de equiparação. Porquê? Por que os estados têm

número mínimo de 8, máximo de 70 deputados e os territórios seriam pela

constituição 4, quatro deputados, então na realidade ele só faz uma

equiparação a territórios para fins de quantitativo de indígenas para

estabelecer um percentual mínimo, então eu também não vejo nenhuma

inconstitucionalidade com relação a isso. A questão é puramente de

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equiparação por conta desses detalhes, tinham que estabelecer um

parâmetro e se estabeleceu por esse, de qualquer forma a própria expressão

comunidades indígenas ela já está presente na constituição no artigo 232,

210 e consequentemente o próprio texto da PEC ele não apresenta nenhuma

inovação com relação a isso.

Com relação a eventual violação ao princípio federativo eu também

saliento jurisprudência do supremo dizendo que o princípio federativo, essa

cláusula da redação da questão da federação, ela permite determinados

arranjos da federação desde que não se toque nos núcleos essenciais de

identificação, então é possível fazer determinados arranjos. De qualquer

forma eu saliento que a questão da equiparação a território é pura e

simplesmente para fins de número mínimo e consequentemente me parece

que ele está dentro da conformação legislativa e o legislativo pode

estabelecer, se ele quisesse estabelecer 5, 6 ou 3. Em outros países tipo a

Colômbia estabeleceu 2 vagas para indígenas e 3 para outras minorias

étnicas, outras minorias étnicas no caso da Colômbia é a Raizales e as

comunidades negras, consequentemente também não vejo violação à forma

federativa.

Com relação a questão do voto direto secreto universal e periódico que é

outra cláusula pétrea da constituição, também a redação me parece

tranquilamente afeiçoada a essa situação e mais do que isso ela está dentro

da possibilidade de ampliação da cidadania que está no 14, porque o 14 da

constituição quando fala de formas de soberania popular, plebiscito,

referendo e iniciativa popular, não proibiu outras formas de

democratização, nenhuma outras formas de pluralização ou de

reconhecimento da diversidade. Inclusive a constituição federal é pródiga

no sentido de que em vários artigos ela fala da diversidade e da questão do

pluralismo. Eu cito no parecer o artigo 210, 215, 216, 231, 232 e lá no 3º da

constituição estão como princípios fundamentais além da dignidade da

pessoa humana, também a questão do pluralismo, não fala só pluralismo

político, fala o pluralismo em geral e o próprio supremo já reconheceu por

voto do Ministro Aires Brito em diversas ocasiões que a questão do

pluralismo é central dentro da constituição federal.

Na realidade eu saliento que não teria nenhuma redação por conta do 60

parágrafo 42, mais do que isso também se a gente pensar politicamente essa

questão está dentro daquela sincera e também nesse contexto político

envolvendo as manifestações que tem acontecido pelo mundo no sentido de

pressionar as questões da representação popular, se a gente lembrar que

teve Occupy, que teve Indignados e que teve as manifestações de Junho,

elas foram o sentido de alargamento da democracia e de ampliação dos

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canais de comunicação entre os governos, entre os representantes e os

representados.

Então até por conta desse momento político eu acho que também

pontuando teria que lembrar. No fim, saliento também no parecer 3 pontos

principais porque são os compromissos internacionais. Eu sempre que faço

algum parecer lá na 6ª Câmara eu sempre destaco que a gente não está

ilhado e a gente sempre está vinculado a compromissos internacionais que

a gente assumiu. E o caso do Brasil que depois de 1988 e até pela abertura

constitucional do artigo 5º da Constituição que permite a incorporação dos

tratados internacionais, hoje inclusive com status de emenda constitucional

assumiu uma série de compromissos internacionais. Eu destaco no parecer

a convenção 169, porque fala que foi internalizada pelo Brasil pelo decreto

5051 diz que os indígenas têm o direito de conservar seus costumes e

instituições próprias devendo ser estabelecidos procedimentos para se

solucionar os conflitos que possam surgir na aplicação desse princípio.

Saliento também a declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Povos

Indígenas, que assegura tomada de decisões por meio de representantes

pelos indígenas eleitos, de acordo com os procedimentos, e mais do que

isso, no artigo 38, fala em: os estados adotarão medidas legislativas para

alcançar os fins pretendidos. Tem toda uma discussão jurídica se a

declaração da ONU tem caráter vinculante ou não tem, se ela é uma mera

declaração. O Supremo no caso Raposa Serra do Sol deu por determinados

votos uma orientação de que teria caráter de mera carta de intenções, mas

eu saliento que a corte interamericana tem salientado cada vez mais o

caráter jurídico da declaração dos povos indígenas inclusive pela redação

do artigo 38 e pelo 42, pela fiscalização do foro permanente dos povos

indígenas e também porque se vocês olharem em relação a outras

declarações os verbos estão todos no imperativo “os estados adotarão, os

estados farão” é diferente da enunciação da declaração de 48.

Por fim eu destaco também um precedente da própria corte interamericana

e eu recordo que o Brasil desde 1998 assumiu compromisso de aceitar

jurisdição da corte interamericana, que é justamente um caso da Nicarágua,

é o caso Yatama em Nicarágua que é de 2005. O caso é interessante para

discussão, primeiro porque nesse caso não se trata de um partido político e

sim de uma organização indígena, organizada de acordo com as regras

tradicionais indígenas da Nicarágua e a lei eleitoral da Nicarágua vedava a

participação, eles entraram em juízo, a corte Nicaraguense não reconheceu

e eles foram até a corte interamericana que fazendo uma leitura da própria

declaração americana democrática, que eu cito aqui a carta democrática

interamericana, que é de 2001, casualmente 11 de setembro de 2001 e da

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própria questão da evolução da jurisprudência da corte interamericana, foi

salientando que quando se falava em representação política envolvendo

partidos políticos, mas também aquilo que na carta democrática

interamericana fala em outras organizações políticas, observe, a carta

democrática fala outras organizações políticas, não fala outras organizações

partidárias, e com base nisso a corte interamericana entendeu que se

procurava facilitar a participação de setores específicos da sociedade como

pode ser o caso dos povos indígenas.

No meu parecer eu cito vários votos, porque foi um caso super discutido

dentro da corte interamericana, eu cito votos de vários juízes da corte, para

mostrar que eles concorreram as suas vontades e foram aderindo a uma

série de argumentos no sentido de que tinham que estabelecer alguns

mecanismos de representação que permitissem como diz o próprio voto o

exercício dos direitos políticos dos membros das comunidades indígenas de

maneira que eles sejam em verdade tão cidadãos quanto outros cidadãos e

que a lei, reformada de forma a assegurar participação dos membros de

comunidades indígenas nos processos eleitorais de forma efetiva e tomando

em conta suas tradições, usos e costumes. Observo também no parecer duas

situações, primeiro que a corte já salientou várias vezes que o Brasil e

todos os países que aderiram a jurisdição da corte, eles não aderiram

somente a questão dos julgados específicos, mas também todos os julgados

que a corte faz, isso abrange executivo, legislativo e inclusive judiciário.

Tem um caso inclusive do Chile que a corte interamericana sugeriu

alteração da constituição por conta da questão da censura e a suprema corte

do Chile teve que alterar não só o julgamento, mas o Chile acabou

alterando a constituição por conta disso. Cito também no parecer um artigo,

a previsão constitucional da Colômbia, justifico porque é da Colômbia,

porque a constituição da Colômbia é de 1991, a nossa é de 1988, a

composição étnica da Colômbia é similar, a população da Colômbia tem

cerca de 40% de população negra e cerca de 2% é indígena e

consequentemente é muito similar a nossa própria configuração étnica e

também porque a constituição da Colômbia salienta muito a questão da

diversidade e tem uma jurisprudência muito reconhecida nos países da

região no sentido da diversidade cultural étnica e política.

Por fim ali eu saliento também no parecer que está dentro de uma lógica de

jurisprudência do próprio STF, porque o STF vem assumindo uma revisão

do princípio da igualdade não só em termos de igualdade formal, mas

também em termos de igualdade substancial e nesse sentido ele já assumiu

em vários julgamentos, o PROUNI, a questão das cotas para universidade,

o sentido de que o princípio da igualdade era também um princípio de

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igualdade substancial, consequentemente era permitido pela constituição e

aqui com mais razão ainda se eu fizer por emenda constitucional a questão

de medidas afirmativas para corrigir determinadas questões de

desigualdade ou de desiquiparação.

Além disso, a gente tem que recordar, até pelo precedente que eu comentei,

o único precedente que tem de representante indígena é antes da

Constituição de 1988 esse déficit de representação e o próprio caso Yatama

que eu citei da Nicarágua fala dos custos das eleições e das dificuldades

que determinadas minorias tem pra questão da representação, então

consequentemente eu sustento no parecer (eu não sabia se vocês tinham

cópia ou não) essas questões, a questão de adequação às cláusulas pétreas

da constituição, a adequação aos compromissos internacionais que o Brasil

firmou adequação a jurisprudência que o supremo tem firmado no sentido

de alargamento do princípio da isonomia, da igualdade e consequentemente

dentro de um princípio de representação política que vem tendo cada vez

mais manifestações no sentido de alterar essas representações.

Se alguém tiver interesse também, depois eu posso passar, eu fiz um

levantamento de outros países, porque a gente vai dizer “Não, são só países

da América Latina! Não”! A Dinamarca prevê situações similares, a

Finlândia, a Noruega, a Suécia, a Rússia, o México, as Filipinas e a África

do Sul, eu tenho todo levantamento aqui, alguns com assentos específicos,

outros com assentos diferenciados conforme a questão da população,

independente de terem firmado tratados internacionais como a convenção

169, alguns inclusive por lei eleitoral posterior, tipo a Noruega e a Suécia,

que é de 1987. Se alguém tiver interesse eu também tenho esse

levantamento aqui, fiz um levantamento de pelo menos 10 países da

Europa, porque às vezes as pessoas fazem essa discussão “mas isso só

serve para a América Latina” Não! Tem países da Europa, tem África do

Sul, tem uma série de outros países e tem as Filipinas que é da Ásia. Então

fiz esse levantamento também. Basicamente é essa minha apresentação.

Obrigado!

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Dr. César,

foi bastante esclarecedor o detalhamento do parecer, queria realmente

ressaltar que todos os membros da comissão estão com cópia e acho que

seria bastante proveitoso também depois a gente poder circular esse

material a que o senhor se refere que é o levantamento dos países e o

regime de como foi montado, o número de assentos em cada um dos países

para a gente poder também conhecer esse material e circular entre os

membros da comissão. Então eu abro a palavra para quem tiver algum

comentário? Perguntas? Dúvidas? Quer falar Capitão?

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Capitão Potiguara – Nordeste/Leste: Bom dia a todos e a todas. Capitão

Potiguara Nordeste/Leste. Eu queria só um pouco de esclarecimento, não

ficou bem claro pra mim com relação as assembléias de estado, como a

gente vai justamente trabalhar isso, se essas vagas vão servir também para

deputados estaduais ou precisa de uma emenda com projeto para ver se

consegue essas vagas nos estados?

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Não! Pela proposta

de emenda constitucional é só para deputados federais, por isso que eu

salientei no início que não falava nada de senadores também, e o senado é

sempre um pouco mais complicado até pelo peso de só três representantes

por estado, mas isso não impediria essa discussão, me parece também

porque a gente tem sempre a leitura de que pelo menos tem a

jurisprudência do supremo no sentido da questão do princípio da simetria,

então os estados também se organizam de acordo com determinados

parâmetros da federação. Então talvez a partir da alteração da redação do

45 seja possível pensar na questão das representações estaduais por

simetria, eu pensaria assim imediatamente, mas a proposta não fala nem

para senado, só fala para deputados federais.

Capitão Potiguara – Nordeste/Leste: Mas o projeto pode servir para o

estado se tiver interesse em implantar nos estados também, nas

assembléias?

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Me parece que não

teria vedação! Me parece que não.

Capitão Potiguara – Nordeste/Leste:Mas a emenda constitucional? Um

deputado estadual pode fazer a apresentação.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Essa emenda aqui só

para âmbito federal em princípio, mas volto a dizer me parece que uma vez

aprovada a emenda constitucional não impediria que se fizesse não só essa

questão da associação do princípio da simetria e me parece também que

não tem vedação em bases estaduais. Observo bem que a proposta é só para

câmara dos deputados, qual é a lógica me parece que a frente parlamentar

fez, a lógica do nosso sistema representativo é de que o senado representa

os estados e a câmara dos deputados é de representantes eleitos pelo povo e

consequentemente me parece que é dentro dessa lógica que a proposta foi

apresentada, para ampliar participação popular na questão da câmara dos

deputados, justamente por essa lógica que a gente tem, senado representa

estado e câmara tem os representantes do povo. Tanto que a redação, até

não comentei aqui, mas está no parecer, tem um substitutivo do deputado

Molon para evitar essa associação que tem na redação original de

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representantes do povo e representantes indígenas, inclusive ela fica

parecida com a proposta que tem lá na Colômbia, porque a Colômbia fala

assim: São 83 senadores eleitos da seguinte maneira, 78 em circunscrição

nacional, 2 em circunscrição nacional especial por comunidades indígenas,

3 em circunscrição nacional especial de minorias políticas.

A redação substitutiva fica próximo disso, porque como salientei o

parágrafo 3º e 4º da redação falam que os indígenas da mesma forma que a

Colômbia pode optar se eles votam na circunscrição nacional ou na

específica, conforme a legislação eleitoral estabelecer.

Manoel Moura Tukano – Amazônia: Queria entender, é mais claro

assim, onde nós não teria direito de participar nenhum partido indígena,

seria mais questão de movimento, de organização, não seria necessário

partido.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Pela redação da

emenda constitucional fala que o alistamento, diz assim: “os indígenas

domiciliados em comunidades indígenas poderão optar por votar nas

eleições gerais, tudo bem que conforme o procedimento que vai ser

estabelecido em lei, mas não tem nenhum engessamento específico pela

redação original à vinculação partidária. Por isso que eu fiz a observação.

Hoje em dia se a gente pegar alguns partidos como Equador e a Bolívia

apesar da maioria da população ser indígena, os indígenas optaram por

fundar um partido indígena, o Pachakutik no caso, por exemplo, nos países

ali e fazer a representação via partido indígena. Na Colômbia e pela

proposta da emenda constitucional independe da questão de filiação a um

partido indígena ou a um partido específico, é conforme a circunscrição

eleitoral indígena. Agora como é que vai ficar essa questão das 4 vagas

dentro da diversidade cultural que tem as comunidades indígenas, isso fica

pra legislação específica eleitoral, mas pelo menos dá essa abertura para 4

vagas.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas:É estado que tem

essas 4 vagas ou nível nacional? É isso que eu queria entender melhor.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Eu volto a dizer na

realidade ficou assim. Parágrafo 5º diz assim: A distribuição geográfica das

vagas, bem como as normas relativas ao processo eleitoral serão

estabelecidas em lei, então isso quer dizer, isso vai ser pela emenda

constitucional, é outra discussão posterior. Porque teria que ver a própria

conformação e a própria questão das comunidades indígenas pensarem

algum modelo como é a distribuição, se ficam mais vagas para a

Amazônia, pro sul? Pela proposta da emenda constitucional, não! Isso vai

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ser disciplinado por lei. Na realidade a proposta da emenda constitucional é

um guarda-chuva razoavelmente amplo que possibilita a participação

indígena com 4 vagas mas ao mesmo tempo ela joga para a legislação

ordinária, quer dizer com quorum menor porque a emenda constitucional a

gente precisa de 3/5 em dois turnos nas duas casas e a legislação ordinária a

gente precisa só de maioria simples então a discussão para questão das

regras fica um pouco mais facilitada, mas a distribuição geográfica pela

própria redação fica disciplinada por lei. Ou eventualmente se não tiver lei

o Tribunal Superior Eleitoral tem feito cotidianamente essa questão das

regulamentações à falta de lei.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: O próximo inscrito é o

Daniel.

Daniel Pierre - CTI: Primeiro eu queria agradecer e parabenizar por esse

parecer que é muito importante para a discussão que a gente estava fazendo

aqui, essa proposta parece até uma luz no fim do túnel, considerando tantas

propostas no sentido contrário aos direitos indígenas que a gente tem visto

ultimamente. César queria pedir para você se for possível, lendo o parecer

eu vi que tem uma discussão interessante sobre como essa proposta se situa

dentro de uma perspectiva de descolonização e a gente estava discutindo

isso aqui, um pouco para pensar a conferencia, que a gente está construindo

aqui. Então queria saber se você tem mais coisa para falar sobre isso, esse

ponto do parecer tocar ele com um pouco mais de detalhe e se tem

exemplos de como nesses outros países tem-se trabalhado essa perspectiva

teórica da descolonização.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Você falou

especificamente naqueles pontos que eu trato na página 9, é isso?

Daniel Pierre - CTI: Eu acho que é. Eu estava procurando aqui e não

achei.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Vê se não são as

constituições mais recentes do Equador e da Bolívia, não é isso? Deve ser

isso. Eu respondo? Não sei teu nome? Daniel. A gente separa determinados

pontos e daí as pessoas que lêem separam outros pontos, é muito engraçado

isso; a gente faz um recorte imaginando que pegou os pontos principais e as

pessoas dizem “mas tem aqui um pontinho pequenininho que eu quero que

você desenvolva”. Bom aqui dentro do parecer eu cito a Raquel Farrardo

que, aliás, vai estar em Brasília dia 13 de Maio para uma banca de

Doutorado na UNB, ela vai dar duas palestras inclusive na UNB; ela é uma

expert na convenção 169 e é também uma expert do processo todo

constitucional do Equador e da Bolívia. Eu cito ali a questão das duas

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constituições porque foram as duas constituições que nos últimos tempos

tiveram a maior participação indígena e elas também tiveram maiores

alterações da própria questão da configuração. A Bolívia estabeleceu um

tribunal plurinacional, consequentemente com participação indígena.

O Equador tem participação de magistrados indígenas na corte nacional.

Semana retrasada a gente teve um evento no Ministério Público, na semana

de 23 a 25 de Abril e a magistrada que veio aqui a Mariana Iumbai é

magistrada Quechua da corte nacional do Equador. Tanto o equador quanto

a Bolívia estabeleceram inclusive dentro dos tribunais participação de

magistrados indígenas também, não só por conta da questão da própria

configuração étnica também, mas porque nessas duas novas constituições

eles trabalharam todo um processo de descolonização, como o Daniel falou

do próprio vocabulário. Se você pega a constituição do Equador e da

Bolívia e você tem lá: Sumac Causai e Buen Vivir, Pachamama como

sujeitos de direitos não é direitos da natureza e sim direitos da Pachamama

como ser vivo, aliás, se a gente pegar a jurisprudência da corte

interamericana, não precisa nem ir à questão da Constituição do Equador e

da Bolívia, na jurisprudência da corte interamericana no caso Saraiaco vs

Equador e no caso Saramaca vs Suriname, dois casos recentes, o Saraiaco é

de 2012, os próprios levantamentos que a corte faz dos pareceres vocês vão

ver que as comunidades indígenas falam da questão da Pachamama, dos

Três Espaços, da questão do reconhecimento da natureza como um ser

vivo, isso está dentro da jurisprudência da corte interamericana inclusive.

Então esse processo que o Daniel comentou da questão da descolonização

do vocabulário e de trabalhar outras lógicas, ele está presente na

constituição do Equador e da Bolívia, mas ele tem entrado na

jurisprudência da corte interamericana, o que não parece ter entrado é na

discussão do próprio supremo, o supremo é meio refratário, ele trabalha

dentro de uma lógica de diversidade cultural e dentro de um paradigma de

pluralismo daquele multiculturalismo dos Estados Unidos de guetos e

situações que as pessoas ficam ou apartadas ou elas ficam reconhecidas

desde que não atrapalhem desde que não tencionem a discussão.

O Equador e a Bolívia eles tencionam essa discussão no sentido de que os

tribunais são plurinacionais, consequentemente a jurisprudência tem que

ser intercultural, se a gente pega a constituição do Equador e da Bolívia,

inclusive os princípios para a interpretação da constituição no sentido de

interculturalidade, reconhecimento dos povos indígenas e a questão de

verificação das diversas comunidades que tem, então tem um bom trabalho

por fazer ali. Não sei se respondi no geral, eu posso dar mais alguns

exemplos, eu saliento que não são só as duas constituições, a gente pode

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pegar inclusive algumas decisões da corte interamericana recentes e elas

também vão nesse sentido, a corte do Brasil que está um pouquinho

refratária a essa discussão.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada. Agora é o

Saulo.

Saulo Feitosa – CIMI: Bom dia a todos. Também quero agradecer essa

disponibilidade do Cesar, porque durante a reunião da bancada

indígena/indigenista alguns indígenas trouxeram o interesse em conhecer a

PEC 320 e de fato acho que essa PEC recoloca uma discussão que era já

feita pelo movimento indígena durante o processo constituinte porque o

movimento indígena chegou a reivindicar, apresentou uma proposta

durante a Assembléia Constituinte para que pudesse ser assegurado a

eleição de deputados indígenas constituintes sem se submeter a via

partidária. E na época a comissão Afonso Arinos que era encarregada de

elaborar os pareceres entendeu que não seria possível, inclusive havendo

argumentos absurdos de que os índios já seriam representados pela FUNAI

porque eram tutelados então não necessitaria... E agora passado esse tempo

toda a questão pode ser recolocada, pode ser rediscutida e nesse contexto

como Daniel lembrou, nesse contexto de conjuntura bastante adversa aos

direitos já assegurados.

Nesse momento então conjuntural o surgimento da proposta e já o

ministério público federal e a 6ª Câmara se dispondo apresentar um parecer

a gente acha muito importante para suscitar o debate. Nós tivemos também

a informação que haveria também uma nota técnica sendo construída na

FUNAI, inclusive com algumas críticas que a gente achava interessante já

pudesse ter o parecer que o César trouxe a nota técnica da FUNAI que é

para gente analisar inclusive quais são as críticas, mas depois ficamos

sabendo que ainda não estava concluída. Mas o que é importante é isso, que

nós já temos dois instrumentos, este parecer da 6ª Câmara, essa nota

técnica da FUNAI e a CNPI abrindo o espaço para discussão dessa PEC do

bem, porque o tempo todo a gente discute as PEC’s do mal.

Por mais críticas que a gente tenha e por mais ajustes que sejam

necessários, inclusive o Capital Potiguara chegou aqui no meu ouvido

cochichando já querendo discutir a PEC, colocando algumas questões, mas

o que eu acho importante é o seguinte as informações como foram trazidas

e as questões que o César apresentou, em linhas gerais elas já nos mostram

os aspectos positivos da proposta e já também nos convocam a ficar atentos

sobre as outras questões que aqui foram apresentadas que devem ser depois

explicitadas em uma lei específica, eu acho que essa é uma discussão que a

gente poderia começar também a travar. O que é que se pretende com tudo

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isso que é deixado para ser apreciado por uma lei específica. Independente

do processo agora e do processo depois, eu também fazendo monção ao

que o Daniel falou, essa discussão ela pode também ser posta dentro da

preparação da Conferencia Nacional de Política Indigenista, nesse sentido

César você também está contribuindo com um processo que está sendo

iniciado, que é a discussão da política indigenista.

E nessa perspectiva que é a Conferencia Nacional da Política Indigenista a

gente tem na discussão da PEC 320 uma discussão da própria constituição,

porque o que a gente percebe é que houve toda uma mobilização da

sociedade brasileira e do movimento indígena dentro desse contexto da

sociedade para se conquistar direitos na constituição, depois disso a

constituição começou a ser atacada, a gente ficou na defensiva e a gente

não começou si quer, a gente não teve mais fôlego si quer para começar a

disputa pela interpretação do texto constitucional.

Nesse sentido e quando você faz a questão do pluralismo tem uma

discussão que pra nós é importante durante a conferência que é a

conformação pura e nacional do Brasil, então esse pluralismos que a

constituição reconhece ele se aplica também as nações, às 305 nações fora

aquelas não contatadas, então discutir essa PEC 320, não querendo entrar

no mérito da PEC, mas é discutir também o que representa o texto

constitucional para a sociedade brasileira e para os povos indígenas e eu

destaco nessa discussão que a gente tem que começar a enxergar e a dar

visibilidade a realidade do estado plurinacional que também é o Brasil

assim como a Bolívia e o Equador, embora a nossa constituição não diga

que o estado brasileiro é um estado plurinacional mas na prática nós temos

várias nacionalidades e isso o texto constitucional reconheceu no momento

que reconhece a existência de povos, comunidades e reconhece os seus

usos, costumes, tradições, formas próprias enfim acho que é o momento pra

gente projetar o debate paralelo inclusive da PEC 302.

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Até porque a gente

tem o artigo 215 e 216, tem uma abertura bem ampla pra questão do

conceito de cultura. Porque o conceito de cultura até a constituição de 1988

ele está muito vinculado a questão de patrimônio histórico cultural naquela

história do monumento, e ali quando abre no 215, 216 pra forma de fazer

viver, dá uma abertura muito maior pra questão, inclusive outras disputas

que a gente talvez tivesse que fazer em relação a essas questões do que é o

interesse cultural. Inclusive o Daniel Bonilha salientou nesse evento que a

gente teve da convenção 169, que hoje em dia a corte constitucional

colombiana entende que a questão da diversidade cultural também faz parte

do interesse público.

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Então quando se discute o que é interesse público também está em jogo a

questão da diversidade cultural, então para mostrar que essa discussão do

projeto de nação está relacionado com a questão da diversidade cultural, ele

salientou isso, quem tiver interesse todos esses vídeos estão disponíveis no

YouTube, tem três dias intensos de 21 horas de discussão, a palestra do

Daniel Bonilha foi na sexta feira dia 25 e ele salienta justamente isso a

questão da diversidade cultural como componente do interesse público

também.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada. O próximo

inscrito Anastácio.

Anastácio Peralta – Kaiowá: Bom dia. Sou Anastácio Peralta - Kaiowá,

Mato Grosso do Sul. Primeiro eu quero agradecer a proposta, de tantas

propostas que veio aí, conseguimos chegar em uma melhor aqui, eu estava

brincando com o Daniel um pouco “Não a 303 e Sim a 320”. Eu acho que

esse é o caminho da democracia quando você começa a valorizar um povo

que sempre teve aqui, sempre trabalhou aqui e que faz parte desse país,

principalmente a comunidade indígena, o povo indígena e eu sempre falo

que mandaram embora os pais do colonizador, mas os filhos ficaram com a

mesma cabeça. O estado é colonizador.

Quando a gente traz uma proposta dessa a gente está tentando descolonizar

um pouco o nosso estado brasileiro, porque na constituição a gente tem

garantido o nosso direito a terra, a cultura, a língua, só que na prática a

gente tem muitas dificuldades porque o próprio país foi educado para

colonizar a gente e como está na constituição a pluriética do povo a gente

não tem pluriética política, a gente tem apenas a política de igual para todos

e talvez para algum setor, não pro setor indígena, pro meio ambiente e que

nós indígenas pensamos numa política do bem viver; o que é bem viver? O

que é ser feliz, ser alegre? A gente está num país de valor econômico, quem

tem mais dinheiro manda mais e é mais feliz e não tem essa... eu chamo de

“tecnologia espiritual”.

Como é que se trabalha essa tecnologia espiritual da felicidade, do

alimento, porque nós indígenas não somos um problema pro estado

brasileiro, nós somos solução, o problema é que eles tomaram nossos

conhecimentos e estão pondo outros conhecimentos de fora pra gente

seguir, a própria educação é colonizadora, então nós indígenas mesmo se

forma numa educação, mas também a gente acaba querendo colonizar os

nossos parentes depois, então eu vejo que nós tem que quebrar esse muro, o

estado brasileiro se é democrático tem que quebrar esse muro e buscar os

valores intercultural, que é o conhecimento da ciência nossa, nossos

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remédios, nossa história, nossa geografia, como vive, nós não vive a 500

anos aqui, nós vive a milhares de anos e como buscar isso?

A gente sabe que a monocultura não resolve o problema, ela cria muito

mais problema do que resolve talvez investir mais nos nossos

conhecimentos que é possível continuar esse planeta, cuidar do meio

ambiente, dos remédios, dos rios, então eu vejo essa proposta como uma

diretriz pro próprio país, mostrar que é possível, junto com a constituição

federal e também a conferência, acho que traz rumo para a conferência

indigenista, como apontar caminhos, porque se for fazer conferencia do

jeito que faz aí vai ser a mesma coisa das outras.

Como pensar diferente? Então a gente tem que destruir aquilo que tá dentro

de nós primeiro e fazer uma discussão e um bom debate. Era isso!

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Você é Guarani?

Kaiowá! Só salientando o que o Daniel tinha feito a pergunta antes, a

condição da Bolívia, as pessoas têm mania de sempre falar que ela

reconheceu a terminologia que é Chu-Aymara mas ela põe entre os

objetivos fundamentais da Constituição Boliviana também o “niende-deco”

a “terrafemal” e outros princípios Guarani, as vezes a gente esquece que os

Guaranis também estão mais representados lá na Constituição da Bolívia

do que no Brasil que é a maior população indígena.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI:Obrigada Dr. César,

obrigada Anastácio. Não temos mais nenhum inscrito, pergunto se alguém

mais quer comentar ou fazer alguma pergunta sobre esse tema? Bom o

nosso próximo ponto de pauta aprovado seria a continuação da discussão

sobre a preparação da Conferencia Nacional. Acontece que nós acabamos

de ter aqui uma informação de que amanhã vamos ter que mudar um

pouquinho a ordem dos nossos pontos de pauta.Porque as 11:30h a gente

tinha previsto a apresentação pelo MEC sobre o plano de trabalho da

educação escolar indígena.

Tivemos a informação de que a secretária Macaé nossa representante aqui

do MEC foi convocada pelo Ministro para uma reunião às 11:00h, então ela

está pedindo pra gente inverter a pauta da educação para a tarde, amanhã. E

aí pergunto se ao invés de reiniciarmos a discussão sobre a conferência e

termos que parar para a hora do almoço que vai ser já, ou deixarmos essa

discussão para se mais continuada após o lançamento da chamada durante a

tarde para a gente não precisar interromper a discussão sobre a conferência.

Então estou sugerindo que a gente passe para agora a aprovação das

recomendações das subcomissões sobre turismo em terra indígena e se tiver

mais alguma outra que precise eventualmente ser discutida aqui, a gente já

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poderia fazer essa deliberação nesse momento, sobre principalmente as

oficinas do turismo. De acordo? Então tá.

Pergunto se tem alguém aqui da subcomissão de etino-desenvolvimento

que estava presente na reunião de ontem? Ninguém? Então assim, das de

etino o pessoal também não está aqui, porque essa pauta estava marcada

para amanhã, então como eu sei o que aconteceu, eu vou procurar relatar de

uma maneira bem geral, mas aí passo a palavra para o Titiah fazer a fala

pelos indígenas pra gente poder avanças.

Bom, a FUNAI tinha se comprometido na última reunião apresentar uma

proposta sobre uma metodologia informativa do que estamos trabalhando

em relação a normatização interna de turismo em terra indígena, estamos

trabalhando ainda no âmbito de uma instrução normativa, não é nem uma

regulamentação que extrapole o âmbito da FUNAI.

Apresentamos e discutimos isso ontem na subcomissão de etino-

desenvolvimento e a nossa proposta foi a realização de 5 oficinas regionais

para fazer a discussão dos termos da instrução normativa e depois fazer um

último momento nacional em Brasília que juntasse todo mundo para

discutir. Durante a discussão da subcomissão ontem foi aventado e muito

bem colocado pelos indígenas que estavam presentes que talvez seria mais

interessante a gente fortalecer mais as etapas regionais, ainda que a gente

tivesse que diminuir um pouco o tamanho do momento de reunião aqui em

Brasília, o mais importante é que essa discussão, com essas informações

cheguem quanto mais na ponta for possível.

Nós tivemos pleno acordo com essa proposta, achamos que é mais

importante fortalecer as discussões na ponta e como a gente não tem um

orçamento muito vasto previsto pra isso, realmente de fato a gente precise

diminuir um pouco o tamanho do momento nacional que vai ser feito aqui

em Brasília, então ficou aprovado na subcomissão esse formato, essa

proposta que foi apresentada e estamos trazendo aqui na plenária para

deliberação da plenária da comissão. Quero passar um pouco pro Titiah

para ele falar um pouco sobre isso.

Luiz Vieira Titiah – Região Nordeste/Leste: Bom dia a todos. Presidenta

é o seguinte, o Junior da FUNAI ficou de fazer uma arrumada na escrita da

Ata pra estar representando aqui, mas assim, isso que a presidenta acabou

de colocar aí realmente a gente discutiu, mas assim, a gente achamos entre

nós, na nossa discussão, nós tiramos alguns encaminhamentos e fizemos

algumas mudanças, principalmente na questão do total de participação na

base, nas oficinas regionais, que foi representado pela FUNAI que se fosse

participar 20 representantes, nós achamos muito pouco e por isso nós teve

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essa idéia de fortalecer mais lá na ponta de que cá mais na oficina nacional,

então foi proposto por todos participação de 100 pessoas lá na ponta e de lá

seja escolhido de uma a duas pessoas pra estar participando na conferência

nacional.

Outra coisa que nós avaliamos lá que pra isso acontecer a FUNAI tem que

ter uma conversa com a CR nas regiões, pra quem tiver lá na ponta da

FUNAI se empenhar pra isso realmente de fato seja realizado e nós pelo

que foi levantado da questão do orçamento a gente achamos também que

em alguns estados, buscar parceria dos estados e dos municípios. Porque

com esse conteúdo de visita em terras indígenas muitas ações políticas vai

pra dentro dos municípios e dos estados nós achamos a importância de ter a

participação dos representantes do movimento indígena lá na ponta pra

fazer a articulação de base pra estar visitando as comunidades passando a

importância dessa conferencia, qual é o papel do representante que vai pra

essas oficinas regionais pra estar discutindo e contribuindo nas suas

colocações. Essa liderança precisa do apoio da FUNAI em cada região pra

estar fazendo essas atividades nas comunidades.

Outra coisa a gente encaminhamos também de pedir um conteúdo de

informações pra gente ta levando pra base, passando para os caciques as

lideranças para os representantes que participar já saber mais ou menos

qual vai ser a discussão. A outra coisa é dentro da própria questão do

orçamento, a gente achamos assim, que as despesas nas regionais, não vai

ser muitas despesas altas, se a gente pegar algumas parcerias, vamos

reduzir a nacional porque a nacional só vai enxugar o conteúdo que foi

discutido nas regionais. Por isso que nós achamos importante reforçar mais

as bases na ponta, então foi essa idéia de encaminhamento que a gente teve.

Antes das conferencias regionais a gente marcar uma conversa, ter uma

reunião com os representantes regionais das CNPI e o representante

indígena de cada região junto com os representantes da FUNAI pra nós

alienar as informações e fazer os controles de informações pra quando for

pra base saber de fato o que vai informar pra comunidade. Então ficou

prevista essa reunião, o Júlio da FUNAI passou pra gente que na proposta

deles que na primeira semana de junho ia ter a primeira oficina no estado

de Cuiabá, onde vai juntar Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e

Goiás. Foi o que foi passado pra gente.

A nossa preocupação que nós também avaliamos é esse período da copa do

mundo aonde aumenta essa questão de passagem, etc., as despesas ficam

muito altas, mas mesmo assim o que ficamos preocupados é que tem um

prazo, e o prazo que está previsto é que essas atividades sejam realizadas

até Setembro desse ano. Então vai ser uma correria muito grande pra nós

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estar se organizando. Mas os representantes que participou dessa comissão,

nós deixamos amarrados com os representantes do governo que nós

estamos aí disponibilizado, ajudando, contribuindo mas nós também

precisa desse apoio da FUNAI na ponta pra nós tá realizando essas

atividades na base pra essas oficinas regionais dar certo.

Contribuindo com o conteúdo que foi da oficina de Janeiro e com algumas

experiências que nós vemos de algumas regiões que tá funcionando visita

de turismo de terras indígenas, principalmente de alguns parentes da região

do Rio de Janeiro, a gente fizemos essa breve avaliação e achamos que vai

ser importante estar discutindo isso e uma coisa interessante que o próprio

Chico Apurinã fez um lembrete na nossa reunião é que essa discussão já

vem dentro do movimento indígena também e avaliando essa questão da

visita do turismo em territórios indígenas. Eu queria se a Simone tivesse aí

eu queria que ela contribuísse também porque ela foi uma das

coordenadoras do grupo, mas o Luiz Fernando também participou com a

gente se pudesse dar uma contribuição aí.

Luís Fernando Machado – MDA: Bom, Titiah fez uma explanação que

eu acho que atingiu, abarcou tudo que foi discutido sobre a questão da

visita em terra indígena, além disso, nós discutimos dois pontos a mais, a

questão da DAPII, não foi bem uma discussão foi mais um informe, nós

realizamos na quinta-feira passada uma nova reunião envolvendo a FUNAI

área de TI, nossa área de TI que foi ali que se instaurou o gargalo logo

depois da publicação da portaria, nós reafirmamos a DAPII como um

instrumento fundamental para inclusão dos povos indígenas nas políticas

públicas federais de um modo geral no MDA a partir da real emissão, do

início da emissão dessa data, vai possibilitar a inclusão desses povos em 14

políticas públicas só do nosso ministério, então isso é significativo, o

gargalo é técnico, uma vez que nós estamos tendo problema com a questão

do sistema, a FUNAI não teve a real responsabilidade no atraso por conta

do início da emissão dessa DAPII, o ministério do movimento agrário, não

demos conta de avançarmos mas agora após essa reunião com essas duas

equipes de TI trabalhando juntas a gente quer acreditar ainda durante o

segundo semestre de 2014, a gente coloque de pé esse instrumento e a

DAPII comece a rodar, isso foi também uma coisa que a gente discutiu lá.

Coronel Rodrigo Martins Prates - Ministério da Defesa: Eu estive fora

dessa discussão aí da questão do turismo em terras indígenas então não sei

se outros aqui também não tenham acompanhado desde o início essa

concepção então foi tratado mais ou menos a metodologia que vai ser

seguida eu agradeceria se pudesse esclarecer mais alguma coisa de quem

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foi a iniciativa, qual é o propósito, qual é as condicionantes, se for possível

quem pudesse fazer isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: O Coronel está

propondo que a gente amplie a discussão então isso na verdade não vai nos

permitir fazer a aprovação do encaminhamento proposto pela subcomissão,

vamos então manter na pauta de amanhã uma discussão mais ampliada

sobre o turismo em terra indígena a pedido do Coronel Prates. Simone quer

falar.

Simone Karipuna – Região Amazônica: Bom dia a todos e a todas. Eu

queria justificar nossa ausência nesse momento de apresentação da

subcomissão de etino-desenvolvimento porque a gente estava finalizando

ali em cima o relato da subcomissão, estava eu Júlio, Teresinha foi lá nos

chamar e viemos correndo. A gente havia na subcomissão dado como

encaminhamento, nós discutimos alguns pontos da IN, mas a gente entende

que no momento do relato da subcomissão não haveria a possibilidade de ir

para um detalhamento maior então gostaria de pedir para toda essa plenária

para que a gente pudesse garantir o encaminhamento da subcomissão de ter

amanhã um momento de poder fazer a CGETI, de não poder fazer essa

apresentação aqui para todo mundo para a plenária até porque necessita de

um tempo maior para essa apresentação, eu gostaria de pedir também

presidenta para que a gente pudesse expor os encaminhamentos da

subcomissão, a gente só teve um pequeno probleminha em imprimir o

documento a gente não está conseguindo, está gravado aqui no Pen-drive, e

a gente acha de suma importância trazer o relato da subcomissão para esse

plenário.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Simone. Só

queria esclarecer porque na verdade a proposta foi minha, porque como vai

ter algumas inversões aqui de ponto de pauta amanhã e como me pareceu

que estava bastante encaminhado a história das 5 oficinas já pela

subcomissão, achei que era uma questão mais fácil da gente aprovar em

plenária aproveitando agora esse momento antes do almoço. Mas estou

vendo que existe uma demanda para que se discuta isso de uma forma mais

densa então estou propondo pra gente voltar o tema das subcomissões acho

que tanto da saúde quanto do etino para amanhã e a gente fazer uma

discussão um pouco mais detalhada sobre tudo que as subcomissões

discutiram e que precisará ser aprovado pela plenária.

Duas pessoas pediram inscrição, o Capitão Potiguara e o Seu Manoel, e aí

eu peço pra gente já ir então refletindo se a gente encerra pro almoço agora

e tenta voltar mais cedo, se reabre a discussão da conferencia, enfim para

gente poder, um pouco encaminhar porque acho que a gente tem pouco

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tempo para fazer a discussão da conferencia, vamos ter que parar pro

almoço que me parece que representaria um corte na discussão e acho que é

um tema denso e também não vejo aqui algum outro assunto que a gente

possa esgotar de maneira mais rápida. É questão de ordem Saulo? É

questão de ordem Lourenço? Questão de ordem e já passo para as duas

pessoas inscritas. Quer discutir a saúde agora? Só encaminha a saúde.

Saulo Feitosa – CIMI: Outro tema também que eu penso que poderia ser

antecipado é o informe da assessoria parlamentar da FUNAI que está aqui

sobre o andamento das outras PEC’s, é um informe rápido também.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Temos então a

proposta de encaminharmos a saúde que vai ser rápida e o informe dos atos

normativos que estão tramitando.

Capitão Potiguara – Nordeste/Leste: Presidenta, eu faltei a reunião que

teve sobre turismo em Janeiro eu estava de férias, só que a Paraíba, Bahia,

são outra área turística, praia e nós fomos contemplados com a rota da copa

do mundo, nós estamos justamente preocupados como nós vamos discutir.

Eu queria sugerir que nós tivéssemos uma discussão com a comunidade,

com os caciques porque nós tivemos problemas sérios na gestão anterior

governamental, quando o governo quis abrir uma estrada cortando a área

indígena e nós paramos um pouco, ia levar essa estrada até o Rio Grande

do Norte, e ele ia cortar a estrada e não dava condições do nosso povo

permanecer, não dava segurança, então essa discussão acho que vai ser

levada a frente também e é uma preocupação dos caciques, queria chamar a

atenção disso daí, porque o turismo quando ele vem, ele vem justamente

que não sabe se de uma maneira que vai ajudar ou atrapalhar a vida da

comunidade.

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Era o encaminhamento mesmo,

porque eu prefiro que pare e depois a gente continua por que da conferência

mesmo temos muita coisa a discutir.

Manoel Moura: Eu queria só reforçar a palavra do Coronel, esse assunto

turismo é muito amplo, é grande, principalmente quando o se toca a

questão da Amazônia. Os líderes da Amazônia, tem que ser muito bem

preparados para receber o turismo porque a questão de não índio dirigir aos

turistas eles dão mal informações sobre a Amazônia, isso não pode

acontecer dentro das nossas comunidades de dar a más informações, então

por isso tem que ser muito bem discutido para se preparar muito bem para

não dar nenhum tipo de erro, de margem de erro, a questão de faixa de

fronteira de onde nós habitamos, então quando a gente veio discutir eu

participei da oficina mas a dois dias não sei que a coordenação me mandou

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embora faltando dois dias mandaram de volta não terminei a discussão.

Então isso também ficou muito difícil pra mim. Obrigado!

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigado Seu Manoel.

Só lembrando não sei se ficou muito claro para todo mundo o que a gente

vai aprovar e foi discutido nas subcomissões é uma proposta pro início do

debate na ponta sobre o tema do turismo.

Luiz Vieira Titiah: Questão de ordem. Como faço parte da comissão de

arte e desenvolvimento eu acho que a discussão, é por isso que nós

queremos que nasce as oficinas regionais para que as discussões ser lá na

ponta com os caciques as lideranças, etc. Agora eu acho que tinha de votar

o esclarecimento que o Coronel pediu aí né? (Já está votado) Um

esclarecimento mais aberto para as lideranças que não participou do debate.

A comissão, Obrigado!

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Titiah, na

verdade o seguinte, a gente aprovou o que o Coronel colocou e definimos

que amanhã a gente terá o debate mais amplo, mas acho que é importante

que todo mundo já venha com a compreensão do que o que nós vamos

discutir amanhã e aprovar é um cronograma de oficina nas pontas

regionalmente para discutir o turismo, então a gente vai aprovar uma

metodologia e um conjunto de ações na ponta para fazer a discussão mais

detalhada sobre realmente o mérito da questão do turismo e os atos

normativos que estão em tramitação, em discussão e que precisam avançar

para que a gente possa regulamentar essa matéria. Mais algum inscrito

sobre esse tema? Subcomissões, a saúde quer colocar uma questão para ser

aprovada e deliberada.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Mais uma vez

bom dia. Só o encaminhamento de dois pontos que nós discutimos sobre

comissão e acabamos levando pra cá pra ser aprovado. Primeiro é referente

ao seguro especial da previdência para os não indígenas e indígenas

também, essa discussão nós levamos para cá para ser aprovado para ser

discutida na próxima reunião como pauta, então queria explicar melhor do

porque tem um monte de questionamento também que só para esclarecer

um pouco para quem não fez parte da comissão de saúde que foi

apresentado pela FUNAI os não indígenas convivem no meio das

comunidades indígenas e as vezes na hora de buscar seus direitos o

programa social, como o auxílio maternidade somos invisível para o

estado, tem dificuldade de adquirir os benefício. E outros programas dentro

que tenha o direito como cidadão e as vezes tem muita dificuldade. Essa

discussão a gente queria propor aqui na próxima reunião estar apresentando

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pra comissão e pra subcomissão pra estar discutindo para realmente estar

dando o parecer, essa é uma pauta.

A outra é a questão de uma nota técnica do conselho nacional de secretaria

de saúde que foi formalmente apresentado em reunião em Manaus com a

participação de alguns representantes indígenas do CONDISI só foi falado

e depois procuraram e encontraram essa nota técnica aonde fala como

proposta ou já está encaminhando coma transferência do recurso de saúde

indígena para os municípios, nós estamos tentando organizar agora a Saúde

dentro da SESAI com a maior dificuldade, tentando equilibrar veio outra

interesse, não interesse em saúde, mas interesse em dinheiro querem

desorganizar de novo a saúde do índio no Brasil, e nós sugerimos que se

faça uma moção aqui contra essa nota técnica do conselho nacional da

secretaria da saúde, então esse encaminhamento que nós queria propor.

Lindomar Xokó: Só para acrescentar o colega rapidinho. Dizendo que a

própria presidente do conselho estava lá em Manaus e nós cobramos a

nossa participação já que nós somos alvo, então queremos deixar bem claro

que não foi discutido com as populações indígenas, sabemos qual é a

obrigação tanto dos municípios quanto dos estados que não vem

cumprindo, essa é a verdade mas para o nosso entendimento o alvo é outro,

o que nós queremos é discutir com eles e eles possam cumprir as

obrigações deles. Obrigado!

Dr. César Baldi – Assessor Jurídico da 6ª Câmara: Eu só pedi a fala de

novo aí porque o questionamento que ele fez da questão do salário

maternidade de mães não indígenas de crianças indígenas, eu estou com

uma série de processos lá na 6ª câmara justamente para dar o parecer e

verificar a situação porque eu comecei a verificar que isso tem acontecido

em várias comunidades, então a antropologia da 6ª câmara já fez um

parecer e ontem chegou pra mim pra apreciar isso, depois eu vou submeter

para a Dra. Débora para verificar a questão, mas de qualquer forma o

ministério público já está sabendo, já tem vindo informação, Lajeado – RS,

alguns casos no Amazonas, tem 3 processos pelo menos lá na minha mesa

que chegaram ontem todos ele juntos envolvendo isso, então a antropologia

já fez um parecer e eu estou para analisar a parte jurídica para ver quais são

os procedimentos, pelo que eu estou entendendo tem uma portaria do INSS

que tem uma leitura meio enviesada por conta disso, mas eu ainda não

fechei questão, acho que dentro de uns 15 dias eu faço o parecer e submeto

para Dra. Débora na 6ª Câmara. Só para dar a informação.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada pela

informação. As propostas que estão sendo feitas pelo Lourenço

representando a Subcomissão de Saúde são: que a gente inclua na próxima

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plenária, na próxima pauta de plenária da próxima reunião a CNPI essa

discussão sobre a Presidência, porque algumas coisas inclusive têm que ser

deliberadas realmente. A gente precisa inclusive de alguns subsídios

enquanto FUNAI para poder se manifestar em processos que já estão

andando também. E que se faça, se realize uma moção em relação a esse

posicionamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

Participante fala sem microfone.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Ao CONASS. O

CONASS. Ótimo. Perfeito, ficou mais claro. Pela sigla a gente sempre

consegue entender quem é. Então, eu queria propor que a Subcomissão

apresentasse uma proposta de moção, que já trouxesse o texto amanhã para

a gente ler e poder deliberar sobre em plenária. Certo? Mais alguma coisa

da saúde? Questão de ordem da Simone ou da Rosa?

Rosa da Silva Souza Pitaguary: Só porque assim, como a Solange vai

falar sobre a questão das PEC, ontem nossa Subcomissão de Assuntos

Legislativos também ficou para que o Gustavo fizesse um relato. Se eles

dois pudessem já que aí eu fecharia o assunto só.

Participante fala sem microfone.

Rosa da Silva Souza Pitaguary: A nossa Subcomissão é de assuntos

legislativos. A Solange vai falar um pouco sobre isso. E o Gustavo ontem

ficou de fazer um relato também da nossa Subcomissão. Que ele também

aproveitasse esse momento para tá fazendo isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Ótimo. Então, eu

tenho acordo ou tem alguma divergência em relação a essa proposta?

Gustavo acho que a Solange foi a algum lugar e não chegou ainda. Já está

aí? A palavra está com vocês dois. Gustavo e Solange da Assessoria

Parlamentar da FUNAI.

Gustavo Cruz: Boa tarde. Vou fazer um relato breve sobre o que a gente

discutiu ontem na Subcomissão de Assuntos Legislativos e eu acho que

encaixa bem com o relato que a Sol tem para dizer. Ontem a gente discutiu

longamente em que estavam presentes a Rosa Pitaguary, Saulo e o

Anastácio e o Coronel Rodrigo Martins Prates. E a gente fez uma discussão

mais solta um pouco. Dei uma análise sobre como estava acontecendo os

dados, os fatos da PEC 215, que a Sol vai explanar. Como as audiências

estão acontecendo, como está o clima geral nesse contexto do Congresso.

Acabei falando um pouco da PEC 320 também. A gente discutiu um pouco

algum conceito que estava lá e essa apresentação do Cesar nos recheou do

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conteúdo que eu havia tentado induzir na conversa. Eu acho que foi uma

conversa franca e a gente conseguiu entender um pouco do cenário de

como pode ser positiva a 320 para ter comissões. Comissão ano que vem

que decida o conteúdo dela e que possa trazer a participação indígena de

maneira mais efetiva, mais permanente, mais estratégica no próximo ano,

assim que a constitucionalidade for aceita.

Então, a gente conversou bastante sobre qual seria também a intenção final

da Conferência dentro da estrutura legislativa. A gente sabe que as

conferencias têm um foco de promover políticas públicas, de produzir em

conjunto com a participação coletiva e, a gente conversou bastante se

valeria a pena a gente entrar em eixos de discussão da política pública. Se a

gente discutiria as questões que estão colocadas à gente pelo cenário

político refratário aos direitos indígenas, ou se a gente como primeira ação,

como a Portaria de demarcação, PEC, PEC 215, como esses outros ataques

que os direitos indígenas estão recebendo. Ou se a gente levantaria uma

lista de propostas positivas que a gente teria a aportar para a Conferência.

Alguns direitos que ainda não foram regulamentados, a dificuldade do

estado de chegar, a dificuldade de que as representações indígenas sejam

entendidas institucionalmente pelo ordenamento jurídico nacional.

Então, a gente acabou concluindo que a gente ia acabar limitando o

trabalho de reflexão sobre como o estado deve atender propriamente os

povos indígenas. Se a gente traçasse eixos ou itens de debate que venham

calcados no cenário refratário que tem hoje, então a gente pensou que esse

formato deve ser o mais livre possível para que a base, as comunidades

tenham possibilidades de inovar no ordenamento. Acho que a Conferência

tem tido esse caráter até agora, de que a diversidade é o principal. A

diferença de trabalho, de jeito como se constituem as discussões vai ser o

diferencial. Então, a gente chegou nesse momento e que a base pode ter

aporte de maneira mais efetiva do que a gente está passando. A gente

discutiu bastante sobre que tipo de preparação a gente poderia dar aos

povos indígenas para atender o arcabouço do legislativo, para que com isso

possa aportar novidades.

A gente não chegou no consenso de qual seria o melhor formato para isso e

a discussão foi longa nesse sentido. A gente pensou bastante sobre os

instrumentos do estatuto dos Povos Indígenas pelo fato de ele ser amplo e

poderia ser um pedaço de onde partiriam as idéias para inovação no sistema

jurídico em face aos direitos indígenas. Porque ele tem um acumulado de

discussão que foi muito bem recebido tanto pela CNPI quanto pelos povos

indígenas e um processo que incluiu alguns desses temas que já estão dados

até nesse cenário refratário. Ainda não tem uma clareza, uma estratégia

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muito ampla de fazer ele vingar. Ele já foi tema de pauta da Comissão de

Assuntos Legislativos nas últimas reuniões que eu participei nos últimos

dois, três anos. Então, a gente vislumbra que ele poderia ser um dos

começos, um dos inícios se agente for precisar de uma base por onde

começar. Massa gente aventou em grupo e eu queria que o resto do grupo

me corrigisse e complementasse caso esteja faltando alguma coisa na

minha observação. Que a liberdade de criação é o que vai fazer a diferença

nas propostas que vai surgir da Conferência.

Que as pessoas pudessem ter essa autonomia de trabalhar fora dessa caixa

do contexto refratário, que é na qual a gente tem trabalhado a todo o

momento e, que tem reduzido as possibilidades de avanço nas

determinações legislativas da pauta dos povos indígenas e, esse foi o que o

grupo consensuou. Por favor, Coronel me complemente.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Alguém da

Subcomissão gostaria de complementar? Subcomissão de assuntos

Legislativos? Coronel.

Coronel Rodrigo Martins Prates – Ministério da Defesa: Longe de

querer corrigir o que falou o Gustavo aqui, mas no intuito e complementar

e falar também sobre um aspecto que eu acho relevante. Concordo

plenamente com essa questão que ele falou da necessidade de liberar o

máximo possível as bases para apresentar as questões. E não engessar a

discussão. Isso vale para todos os aspectos. Também no âmbito do grupo

foi discutida a questão, por exemplo, na área de saúde, de valorizar e dar

espaço para a medicina tradicional. A questão da cultura. Não vir nada

imposto de cima para baixo. Mas considerando que a diversidade e a

riqueza que tem a cultura indígena para somar à cultura nacional. Estar

aberto para realmente ouvir e valorizar essas iniciativas das bases.

Mas eu queria falar sobre outra vertente. A gente percebe que a defesa é

muito sensível a isso, que muitos dos conflitos que hoje estão acontecendo

no país inteiro decorrem de imprecisões e lacunas jurídicas. Quer dizer, a

constituição veio como uma conquista. O marco constitucional representa

uma conquista para os povos indígenas, mas há imprecisões. Há coisas para

serem regulamentadas, para serem reguladas e, começa desde a

demarcação, passando por proteção, pelo aproveitamento de recursos

minerais. Discutimos também por esse lado. E sobretudo a relação que tem

que ser revista. A relação estado com os indígenas. Nessa relação estado-

povos indígenas é importante a questão e que não foi falada porque é da

FUNAI não é? Mas o órgão indigenista tem um papel fundamental.

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Houve uma reorganização em 2009/10, no entanto eu acho que está claro

para todos que não está dando conta. Não sei se é uma questão conjuntural,

ou se é estrutural, mas o fato é que tem ser revista qual a estrutura que se

espera que seja realmente eficaz de instrumentalizar o mecanismo de

relação povos indígenas com o estado. Eu acho que o debate tem que ser

por esse lado também. Eu imagino que essa Conferência vai

inevitavelmente se dar dentro de eixos temáticos. Mas lembrando que é

importante em cada um desses eixos temáticos, que seja, que tenha essa

vertente de qual a situação e o que se espera em termos de direcionamento,

encaminhamento e em termos normativos. Revisão de legislação. Que essa

institucionalização se faça por meios mais fáceis, porque a gente sabe qual

é a dificuldade.

Mais convênios, articulação das políticas públicas, saúde, educação, etc.

mas só para concluir, eu acho importante completar essas lacunas e ter o

esforço, uma visão para evitar que essas lacunas continuem gerando

conflitos pelo Brasil afora. Obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Mais alguém da

Subcomissão de Assuntos legislativos? Então, passamos de imediato para a

Solange, que é Assessora Parlamentar da FUNAI que vem atendendo a um

pedido da bancada indigenista para passar informações sobre as PECs e

PLs em andamento no Congresso.

Solange Alves: Boa tarde a todos e a todas. Entes de eu começar, nós nos

comprometemos de estar enviando a pauta para vocês das proposições que

estão sendo discutidas semanalmente no Congresso. Quem é que não está

recebendo a pauta? 5. Vocês também não? De qualquer forma, depois

procurar a Teresina para verificar o que está acontecendo com vocês,

porque a conversa vai partir das proposições que estão em andamento no

Congresso. De qualquer forma, cumprindo esse acordo que nós tivemos, as

pautas estão sendo mandadas semanalmente das proposições que estão

sendo discutidas na Câmara e no Senado.

Tem projetos que diz diretamente relacionado à questão indígena e, tem

outros que é indiretamente ligados à questão indígena, tem projetos essa

semana que trata sobre licenciamento e que não está diretamente ligado à

terra indígena, mas vai ter consequência depois para as terras indígenas. A

gente faz uma varredura, porque são muitas proposições que passam

semanalmente e, aí a gente faz essa filtragem. Então, vários projetos que

vão estar na pauta e que te relação para você estar a par, porque de uma

forma ou de outra ele se cruza com nossa temática. E ai seria interessante

vocês mandarem alguma sugestão, perguntarem sobre, trocar figurinha com

a gente porque isso ajuda na discussão com o Congresso, com os

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deputados, senadores, dizendo que tal liderança e tal região está

questionando isso ou aquilo, enfim.

Nosso mecanismo de atuação, lógico que é limitado. Têm alguns aliados

que de repente pede vista, de repente faz uma emenda e é legal vocês

acompanharem, porque ela, a questão política de estado. Isso posto, o que

eu queria trazer para vocês de informe bem rápido é o seguinte: a PEC 320

estava em votação. Quem recebeu a pauta vai perceber que na Comissão de

Constituição e Justiça ela ia ser votada essa semana. Na CCJ. É como o

Cesar falou, para uma PEC passar, ter legitimidade e se tornar lei, ela passa

por vários processos. Ela passa por diversas comissões. A CCJ é

obrigatória, que é a Comissão de Constituição e Justiça e que vai analisar

os aspectos jurídicos dessa proposição. Ela estava em pauta para essa

semana ser votada e, como nós vimos que o grupo que estava lá seria

contrário, então foi feito todo um arranjo regimental para a gente tentar

tirar essa proposição de pauta. Toda uma conversa com os deputados. Ela

foi retirada de pauta e a idéia, nós combinamos com o Deputado Molon,

que é o relator da proposta, que não se coloque em votação nessa próxima

semana, que automaticamente ela estaria entrando essa semana, essa

próxima semana. Para esperar o acampamento. Porque vai ter dia 28 a

concentração e então, esperar que as próprias lideranças possam fazer um

pouco essa discussão. Ou caso necessário, faça alguma mobilização de

apoio à aprovação da PEC.

Conversando com o pessoal do CIMI a gente achou que seria mais

estratégico uma mobilização maior porque se passa agora, se ela entra em

votação na CCJ, ela muito provavelmente seria rejeitada. Porque a maioria

contraria. O número de deputados contrários é maior e nós perderíamos

essa proposta na CCJ essa semana. Estrategicamente foi feito essa

discussão e conseguimos retirar de pauta. E o acordo com o Deputado

relator foi nesse sentido. Provavelmente a PEC 320 retorna na pauta

quando do acampamento que vai ter aqui e vai ter lideranças maiores. E

recuperando um pouco o que o Saulo falou, no momento atual nós temos

um cenário adverso no Congresso com muitos votos contrários à pauta

indígena, mas temos poucos aliados. E essa PEC foi apresentada por esses

poucos aliados. Então, mesmo quando ele coloca essa legislação posterior

ou para regulamentar ou para trazer outros dados, foi nesse sentido de abrir

esse momento, conseguir essas vagas e depois na regulamentação como vai

se dar e fazer essa discussão mais ampliada.

Em relação à PL, só para vocês entenderem como está o cenário hoje nosso

no congresso. Temos 520 deputados e se tirarmos lá desses 520 uns 50 que

têm uma bandeira mais ou menos definida com a nossa pauta. Então,

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qualquer proposição mais polemica que vá para o plenário ou comissão, é

grande a chance de nós perdermos se não tiver uma articulação muito

azeitada com os outros parceiros. Possivelmente hoje nós temos de

proposição, de projetos de lei que trata sobre a temática indígena ou

correlatas, de 130 a 150 a Projetos de Lei. E eu posso garantir para vocês

que a maioria desses projetos de lei são projetos contrários. Pedido de

questão de mineração, questão de licenciamento, hidrelétrica em terras

indígenas, enfim. E a gente precisa ficar muito atento. Por isso eu peço a

vocês esse cuidado de ver a pauta, porque é um trabalho árduo e que a

gente tem que fazer semanalmente para poder não perder mais espaço do

que nós temos.

O PDC, nós temos de 30 a 50. PDC – Projeto de Decreto Legislativo. Isso

quer dizer que ele anula em alguns casos ações do executivo. Portarias,

decretos, portarias não, decretos. E os decretos, a demarcação foi feita por

decretos e temos de 30 a 50 decretos hoje em tramitação pedindo alteração,

revisão de áreas já demarcadas. Eu estou falando de números aproximados

e PDC. Não são números exatos porque a gente vai precisar fazer todo um

levantamento para dar números mais precisamos. Esse é um levantamento

que fizemos ano passado, mas hoje pode ter aumentado ou diminuído, mas

diminuído muito pouco porque não lembro de nenhum que tenha sido

arquivado. Nós temos em pauta e quem recebeu a pauta e olhou, nós temos

em pauta hoje na Comissão de Agricultura um PDC para alterar as terras

dos Kaingang. Possivelmente vamos perder nessa comissão e estamos

articulando para entrar na Comissão de Direitos Humanos tentar conseguir

um relator. O Deputado Nilmario se propôs a relatar esse projeto na outra

Comissão para poder dar um parecer contrário ao PDC.

Então, o PDC pede para revisar e anular o ato do ex-ministro Thomaz

Bastos que decretou a área dos Kaingang. Isso é para vocês verem a

gravidade do que é isso. Nós temos outro PDC no Plenário e também

conseguimos e é um trabalho que a assessoria está fazendo, conseguimos

junto com o governo retirar de pauta de prioridade do Plenário outro PDC

que também revisa outra área Kaingang. Tem o pessoal do sul aí. Fiquem

ligados. Isso para vocês verem como nós estamos em relação ao Congresso.

Requerimento, temos cada semana em todas as comissões. Porque eu posso

depois até trabalhar com vocês sobre como se desenha essa história do

Congresso, como passa por comissão. Como é esse processo legislativo,

essa questão mais regimental.

Requerimento toda semana aparecem, muitos requerimentos. Só essa

semana apareceu um requerimento e convocação do Ministro Cardozo e o

Gilberto Carvalho. Convocação o Ministro não pode deixar de ir. Quando

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passa requerimento de convocação, o Ministro pode até marcar a data, mas

ele não pode deixar de ir sob pena de sofrer exceções... sob pena de sanções

penais. Isso em implicação jurídica e corre o risco até de ser preso caso

insista em não ir. O Congresso tem essa atribuição de convocar. Convocou

o Ministro para poder explicar a questão de mortes no sul essa semana. E

foi na Comissão de Agricultura. De forma muito ofensiva o Deputado

Heinze fez uma fala sempre contra a questão indígena, sempre contra os

direitos indígenas e querendo explicação porque essa questão fundiária está

dando tantas mortes, tantos problemas, porque os pequenos estão tendo

prejuízo em detrimento aos direitos indígenas, enfim. Isso essa semana.

E outro requerimento que passou a semana passada também constava na

pauta o pedido do Deputado Quartiero de Roraima para rever a posição do

governo na Convenção da OIT, da 169. Ele quer questionar e está

começando um movimento com o pessoal do agronegócio, os ruralistas

para convencer o governo a se retirar da Convenção. Tirar sua assinatura,

tira a sua posição no tratado da convenção. Porque tem esse ano, tem um

ano que uma das partes pode se retirar caso entenda que o acordo não lhe

interessa mais. Eles estão nesse momento tentando articular para que o

governo brasileiro retire sua assinatura do tratado. Essa semana também

esse mesmo Deputado apresentou outro nome para essa discussão da

Audiência da OIT 169. Então, essa semana ele apresentou requerimento e

passou e, essa semana ele apresentou outro requerimento para chamar outra

pessoa, um antropólogo para ir para essa audiência. Está em fase de

audiência. Então, está querendo um movimento de discussão no Congresso

para pressionar o governo.

Eu estou falando calminha aqui porque são espaços, senão eu posso

acelerar. Está claro? Então, são essas. Tem o PL, o PDC e o Requerimento.

Requerimento normalmente é para informação, requerimento de

convocação, de explicação, de audiência. Então, esse requerimento entra

toda semana em diversas comissões. E também a gente está mandando para

vocês. Bem rápido agora, de mineração houve uma conversa com o relator

e que ele ia apresentar o projeto de mineração, mineração em terras

indígenas. Ele parece que está meio tranqüilo e não apresentou relatório.

Então, por enquanto está meio parado. E estamos nesse esforço, e a Casa

Civil está nesse esforço para que ele não apresente o relatório nesse

momento porque pode tencionar as discussões. O relatório do Código Civil

de Mineração traz um artigo e quem tem acesso dá uma olhada,

principalmente as entidades. O Artigo 109 trata de mineração em terras

indígenas. O Código de Mineração, que é outro Código. E isso a CNPI vai

ter que discutir, porque isso é prejuízo para a gente.

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Então, tem dois problemas com mineração: Código de Mineração em Terra

Indígena e Código Civil de Mineração, que também está trazendo para si

essa matéria e requer um cuidado maior. Depois se vocês quiserem a gente

faz essa discussão mais pautada. A PEC 215. A posição do governo é

contraria. O relator, o relator não, o Presidente, como ele é do PT,

Deputado Afonso Florence nas artimanhas regimentais está tentando

segurar a discussão e tem evitado discussões gerais, mas ele ontem esteve

com a Presidente, ele e o relator e está muito difícil segurar as reuniões

ordinárias da comissão. Nós tivemos duas reuniões ordinárias e ele acordou

com o relator fazer umas regionais, essas que vocês também estão

acompanhando. Está tendo sempre a ala dos produtores que estão indo. O

movimento se eximiu de fazer essa discussão nas audiências. Posição da

PIB, enfim, o movimento. Então as comunidades indígenas ligadas ao

movimento não estão indo porque estão entendendo que a PERC já foi

discutida e é inconstitucional. E teve um GT do Congresso que deliberou

sobre. Então, eles não estão querendo legitimar essa discussão.

Aqui o que o Presidente está dizendo é: vamos verificar algumas formas de

conversar porque se a gente não discutir eles vai apresentar o relatório e

eles têm a maioria e vai aprovar. De qualquer forma está nesse cenário de

tentar ganhar tempo para poder não acirrar muito este estado de tensão no

Congresso. A oposição ao governo já passou essa posição que é contra,

mas os deputados têm sua autonomia e está querendo tocar essa pauta.

Ontem o relator, ele insiste que vai apresentar o relatório e a gente vai

tentar algumas audiências aqui com juristas, mas não entrando muito nessas

audiências de competição. Para não tencionar o debate. Mas a PEC na

medida do possível está tentando segurar e eu acho que a CNPI podia fazer

uma nota, enfim, ou para o governo. Como o governo está na CNPI para o

Congresso, enfim, mostrando sua posição em relação à PEC também. Eu

acho que poderia ser uma coisa, teria um peso porque é uma comissão.

Fora disso, no cenário político o Deputado Arlindo Chinaglia foi eleito

Segundo Vice-Presidente, porque o André Vargas renunciou. E o Arlindo

Chinaglia muito próximo ao governo. Então, está com um pouco de

distensionar um pouco essa pauta do governo dentro do Congresso. Acho

que em linhas gerais é isso. Nós tivemos uma audiência na Comissão de

Direitos Humanos semana passada e que a Presidente foi e, eles tiraram da

Comissão o encaminhamento que uma Comissão de Deputados vai até a

Bahia fazer uma diligencia em relação a esses conflitos que estão

acontecendo lá. Antes disso vão tentar uma reunião na Casa Civil para

poder levar algumas coisas concretas para a região. Mas eles estão atentos

ao conflito da Bahia. Só o fato de ir a Comissão de Direitos Humanos que

hoje tem uma linha mais humana, então isso pode ajudar na resolução do

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conflito da Bahia. Possivelmente nesses próximos 15 dias vai sair essa

diligencia para lá de vários deputados. Fora isso eu estou aberta a

perguntas. Tentei ser breve e peço de novo para que vocês deem uma

olhada na pauta e termos uma conversa para a assessoria ser mais dinâmica.

Daniel Pierri - CTI, Só uma proposição em relação a essa pauta, acho que

a maioria não está recebendo se podia passar, se podia passar os e-mails da

bancada direto para a Solange e ela mandar direto para todo mundo.

Facilita essa troca de informações.

Solange Alves: Legal. Porque aí a gente vai trocando informações, vocês

vão dando sugestões, vão puxando a orelha lá na região. Eu acho legal.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Alguém quer se

inscrever? Não. Todo mundo com fome, vamos encerrar nossa reunião

aqui na parte. Voltamos às catorze e trinta? As quinze horas está previsto o

início do lançamento da nossa Chamada Pública do Fundo Amazônia.

Vamos ter os informes e todo o processo da realização da Chamada sendo

compartilhado. Bom almoço para todo mundo e até já.

Dia 08 de maio de 2014 – turno vespertino

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI - Bem vindas e

bem vindos a todos que já estavam aqui no início da reunião da CNPI e,

aquelas e aqueles que chegaram agora para o nosso momento do

lançamento da chamada pública. Eu queria só dar um informe aqui para

todos e todas no sentido de que vamos ter um pequeno atraso no nosso

momento evento aqui, porque o pessoal do BNDES que está vindo para

participar com a gente desse momento teve um problema no vôo. O vôo

sofreu um atraso e eles estão a caminho daqui e, em consequência disso

vamos ter um pequeno atraso aqui no nosso momento de lançamento da

chamada. Queria propor então que a gente aproveitasse esse momento em

que já estamos todos aqui da CNPI tendo retornado do almoço para que a

gente possa dar andamento à nossa agenda, a nossa pauta enfim, com a

discussão da proposta da conferência.

Todo mundo se cumprimentando. Sandro, vamos sentar à mesa. Pessoal,

temos acordo então para a gente reabrir a nossa reunião enquanto

aguardamos a chegada do pessoal do BNDES? Podemos reabrir com a

discussão da Conferência? Pedimos que os membros da CNPI retornem à

mesa para que a gente possa dar andamento à nossa reunião.

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Participante fala sem microfone.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Quer falar? É para

chamar ele? Jaime você está sendo convocado pela Simone Karipuna.

Participante fala sem microfone.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Pessoal, retificando

aqui a proposta de encaminhamento e, conforme a sugestão da Simone, a

Simone está propondo que a gente tenha neste momento uma fala de alguns

representantes do comitê gestor da PNGATI e, que vão inclusive fazer

algumas reflexões em relação ao edital, a chamada e algumas últimas

discussões que aconteceram na reunião do comitê gestor. Temos acordo

com essa proposta de encaminhamento? Então, Simone, estou passando a

palavra para você para que você chame e indique quem vai falar ou faça

uso da palavra.

Simone Karipuna – RegiãoAmazônica: A gente faz parte do grupo que

discute a questão inicial da Conferência Nacional de Política Indigenista e,

que na última reunião a gente teve como incumbência ter uma reunião

preparatória com o comitê gestor da PNGATI. E nos foi passada a

informação que teria nessa reunião de plenária geral da CNPI os

representantes do comitê para trazer a deliberação do comitê da PNGATI.

Então, gostaria de chamar o Marcos Sabarú e acho que o Chico.

Marcos Sabarú – Região Nordeste – APOINME:Como a parenta falou,

ficou deliberado pelo Conselho gestor da pngati, pelas pessoas da CNPI,

pelas pessoas responsáveis de trazer essa resposta, ficou definido as

conferências de política indigenista e da PNGATI, que pelo momento

importante que está, pela atual conjuntura que se passa em relação aos

ataques aos direitos dos povos indígenas, a gente entendeu que seria

importante e o momento de fortalecer a conferência da CNPI, como a gente

chama. E que o tema de gestao de uma política de gestão das terras

indígenas seria de extrema importância ser discutido separadamente para

que o tema não viesse complicar, ou se sobrepor sobre o outro. Então,

qualquer um dos dois lados que não houvesse discussão seria perca para o

movimento. Então, a gente entendeu, assim ficou e aí estamos trazendo

para a CNPI a decisão. Já foi falado, mas a gente está trazendo e esse foi o

trabalho dos dois grupos que se encontrou e tem essa solução. Então, a

gente está trazendo como informação para que a CNPI saiba qual foi a

decisão já que a CNPI tinha designado um grupo para fazer esse trabalho

junto com o conselho gestor da PNGATI e essa é a decisão.

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Como os dois temas são de extrema importância a gente achou melhor,

achou por bem deixar os dois. A conferência da PNGATI pensada para

agosto de 2016. Essa é a data que a gente tem, mas os trabalhos, as câmaras

técnicas não vão parar. Vai continuar acontecendo para que comece a

desenhar o esqueleto e continuar pensando. Isso é o entendimento dos

indígenas, o entendimento do governo. E como as partes se entenderam

assim ficou a decisão. Obrigada a todos.

Simone Karipuna – Região Amazônica:Também a gente na reunião do

Grupo Executivo da CNPI que ficou responsável para fazer essa discussão,

ficou responsável a Chiquinha para trazer para essa plenária os

encaminhamento do que a gente havia passado e ela já colocou. A gente

está passando e aqui na bancada indígena está tendo o resumo dessa

reunião, eu acho que ainda não foi para o outro lado o resumo. Então eu

pediria ajuda aqui para o pessoal fazer o repasse dessa, distribuir aí para o

outro lado, por favor. Na realidade é uma pena... a gente ontem sobre esta...

esse lançamento hoje aqui nós tivemos uma conversa na Subcomissão de

Ética e Desenvolvimento onde a gente tratou de alguns assuntos, inclusive

a gente recebeu informe sobre esse evento hoje. Então, assim a gente não

pode relatar hoje pela manhã porque a gente teve a dificuldade da gente

conseguir fazer impressão do documento. Eu não estou vendo a Presidente

ali, mas estou sem saber se a gente toca nesse assunto agora ou se a gente

mantém o que foi acordado pelo horário da manhã sobre esse informe,

sobre o evento agora. E aí eu precisava consultar e a Presidente não se

encontra aqui, mas eu estou com o relato da Subcomissão. E eu queria

consultar todo mundo se eu posso, pessoal aqui da plenária, bancada

indígena, indigenista e governamental para ver se a gente pode expor um

pouco sobre isso, até porquê... tudo bem?

A gente teve vários pontos da Subcomissão de Ética e Desenvolvimento e

um dos pontos que a gente teve como informe foi sobre o Fundo

Amazônico, que hoje a gente está aqui para assinatura e tudo. Então, hoje é

o lançamento e a informação que chegou até a Subcomissão é que hoje é o

lançamento do edital do Fundo Amazônico e será o que está acontecendo

aqui e, me desculpa se tiver alguém aqui que possa me ajudar. Há um

aporte de 70 milhões do BNDES para elaboração. Tem 30% desse recurso

para elaboração e implementação 70% desse valor que acabei de falar. De

plano de gestão. O modelo da proposta é uma agenda aglutinadora para a

elaboração e implementação que haverá oficinas regionais de divulgação e

capacitação a ser definido a quantidade e locais, porque pela informação

que foi nos levada, ainda é muito novo e estão discutidos os locais e a data

para realização dessas oficinas. Foi isso que chegou até a gente. Não sei se

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tem alguém aqui que possa ajudar na contribuição sobre essa questão.

Mas...

Participante fala sem microfone.

Simone Karipuna – Região Amazônica: E eu queria pedir para o nosso,

citar o nosso colega que levou essa informação até a Subcomissão de Ética

e Desenvolvimento, se puder eu falei certo ou tem alguma coisa que precisa

ser repassada, além disso. É isso mesmo? E assim, o Jaime está ali e eu sei

que ele não ouviu o que eu acabei de colocar, mas está vindo também a

Presidente. Então, eu entendo que essa informação dada aqui não é todo o

relato da Subcomissão. Eu só estou tentando fazer o meio termo aqui da

coisa, porque também foi passado o informe da questão do PDPI, mas isso

amanhã provavelmente a gente pode estar retomando a pauta da

Subcomissão e repassando para vocês na íntegra tudo que foi discutido na

Subcomissão. É isso Presidente?

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Simone.

Acho que o Jaime queria dar uma palavra também, tem mais alguém

inscrito? Jaime.

Jaime Siqueira - FUNAI: Boa tarde a todos e a todas. Desculpe, eu saí na

hora em que a Simone estava falando, mas se é sobre o edital, a chamada

pública do Fundo Amazônico que vamos ter o lançamento daqui a pouco, é

informar que isso foi resultado de um longo processo de discussão do

Ministério do Meio Ambiente, FUNAI, BNDES e com participação da

COIAB em determinados momentos. Ele foi submetido ao COFA, Comitê

Orientador do Fundo Amazônia por duas vezes. Passou por todos os

procedimentos dentro do BNDES, na direção do BNDES para aprovação

dessa chamada pública. E ela provavelmente vai estar disponível no site do

BNDES a partir de hoje á tarde. É possível que agora esse edital já esteja

disponível no site do BNDES, segundo informação do pessoal de lá.No

evento de lançamento, que acontece logo mais alguns detalhes do edital

serão citados. A própria Presidente Guta, os outros parceiros que vão fazer

parte da mesa vão falar mais sobre as características deste edital. Mas ele

basicamente é direcionado para implementação e elaboração de planos de

gestão territorial e ambiental na Amazônia, no bioma amazônico segundo

recorte do próprio Fundo Amazônia. Ok?

São 70 milhões de reais para serem para serem executados. Projetos entre 4

a 12 milhões cada um deles. Então,é um... isso certamente representa uma

mudança de escala em termos de projetos na Amazônia. Sem minimizar a

importância do PDPI que a Simone estava citando agora. CDPI teve um

papel muito importante no fomento de projetos na Amazônia, mas com

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essa chamada pública a gente tem uma mudança de escala bastante

significativa e eu acho que a gente consegue com os objetivos que estão

descritos nesse edital, dinamizar bastante a questão da gestão ambiental nas

terras indígenas na Amazônia. Realmente, nesse sentido ele representa um

avanço bastante importante. E eu acho que a gente deve... não sei qual é o

destaque para essa questão na reunião agora. Eu acho que em termos de

esclarecimento o que eu teria a dizer é isso.

E acho que isso depois pode ser aprofundado no próprio lançamento do

edital. Os representantes da CNPI já receberam a cópia impressa do edital

junto com uma pequena publicação que é essa daqui e que foi feita pela

FUNAI e, que são orientações gerais para elaboração de planos de gestão.

O que não é nenhuma invenção da roda, então são basicamente questões,

uma síntese de questões e metodologias para elaboração de plano de gestão

que já são utilizadas há alguns anos na Amazônia. Isso serve como

referência para elaboração de planos de gestão. Em princípio é isso. Acho

que esse assunto deve ser melhor tratado no próprio lançamento, suponho.

A não ser que isso realmente seja um ponto de pauta aqui.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Estamos adiantando a

discussão Jaime tendo em vista que o lançamento teve um pequeno atraso.

Então, a proposta foi a gente já ir fazendo algumas discussões pertinentes

aqui a chamada, ao edital. Enfim, esclarecer algumas dúvidas.

Jaime Siqueira - FUNAI: Então, aproveitando, dizer o seguinte: também

na nossa perspectiva após o lançamento fazer uma oficina ainda no mês de

junho aqui em Brasília para divulgação do edital. E a partir dessa oficina,

chamando os principais parceiros ou potenciais parceiros ou proponentes

para esse edital, a partir disso definir oficinas regionais na Amazônia para

digamos, capilarisar e difundir melhor os objetivos do edital nas diferentes

regiões da Amazônia. Isso vai ser definido. Essa agenda seria definida

nessa oficina a ser realizada em Brasília ainda no mês de junho, se possível

antes da Copa ainda. Amanhã inclusive temos uma tratativa com o BNDES

para aprofundar isso. Provavelmente a GIZ vai nos apoiar nessas oficinas.

Certo?

Estou vendo que está chegando gente aí. O projeto, a chamada pública

prevê o apoio a até dez projetos. Então, a gente espera, incentiva, estimula

que chegue a um grande enumero de projetos para que a gente tenha uma

espécie de cadastro de reserva de projetos classificados que eventualmente

poderão ser aproveitados em uma segunda chamada. Isso ainda não é uma

possibilidade, mas sempre é uma perspectiva a ser discutida no âmbito do

CUGFAA, a COIAB tem assento no COFA. É o Lucio Flores que

representa lá. Tem vários outros representantes aqui. A Adriana Ramos

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também é representante da sociedade civil no COFA, que onde se discutem

as questões mais estratégicas em relação ao Fundo Amazônia.

Por fim, vale a pena destacar ainda que a maioria dos recursos dos projetos

serão destinados para implementação dos planos de gestão já elaborados.

Certo? Há uma demanda mesmo sabendo que o número de planos de

gestão ainda não é tão grande assim na Amazônia, acho que o Acre tem

uma concentração bastante grande, mas existem outras experiências na

Amazônia, há uma demanda sempre de tirar o plano de gestão do papel. De

tirar os projetos que estão no pano de gestão do papel para a realidade pras

as aldeias, para as terras indígenas. Esse foi o principal enfoque, digamos

assim, dessa chamada. Implementar os planos já elaborados. Pelos menos

2/3 dos recursos serão utilizados para isso. E uma outra terça parte vai ser

utilizada ainda para elaboração de planos de gestão, seja partindo do zero,

de planos que ainda não tem nenhuma discussão, seja complementando

planos que já foram iniciados. Ou seja, atualizando planos que já foram

elaborados há um tempo e que precisam passar por uma atualização, por

uma renovação. Esses são os principais objetivos da chamada.

E tem pelo menos dois temas transversais que são obrigatórios a constarem

nos projetos que são as ações de capacitação e ações de fortalecimento

institucional. Ou seja, todo o projeto a ser encaminhado deve contar

obrigatoriamente ações de capacitação e fortalecimento institucional. A

gente acha isso importante, pois essas ações são as que garantem algum

tipo de sustentabilidade para esses projetos e para novos projetos no futuro.

Eu acho que essas são as principais observações que a gente tem para fazer

da chamada e a gente fica à disposição para questionamentos. O grande

desafio agora é fazer isso rodar nas regiões. E mais do que isso, criar

condições para que organizações indígenas possam elaborar projetos

também. A gente sabe que a estrutura do Fundo Amazônia acaba não

facilitando a participação de organizações que não sejam grandes, que já

tenham boa estrutura, mas eu acho que a gente pode bolar nesses cinco

meses em que o edital vai ficar aberto, trabalhar com essas oficinas de

capacitação para...

Participante fala sem microfone.

Jaime Siqueira - FUNAI: São seis meses? São seis meses, um mês a mais,

onde a gente pode trabalhar bastante no processo de elaboração de bons

projetos e, fazer com que as organizações que não sejam as grandes

organizações da Amazônia, também possam encaminhar seus projetos. Ok?

Eu acho que é isso e a gente fica à disposição para maiores

esclarecimentos.

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Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Jaime.

Cerimônia de lançamento da chamada pública para projetos de

elaboração e implementação de planos de gestão territorial e ambiental

em Terras Indígenas

Mestre de cerimônia: Senhores boa tarde. Damos início à cerimônia de

lançamento da chamada pública para projetos de elaboração e

implementação de planos de gestão territorial e ambiental de terras

indígenas. Convidamos para compor a mesa o senhor Ministro de estado da

Justiça José Eduardo Cardozo. O senhor Ministro de Estado Interino do

Meio Ambiente Francisco Gaetani. A Presidente Interina da Fundação

Nacional do Índio – FUNAI, Maria Augusta Assirati. O senhor Diretor da

Infraestrutura Social, Meio Ambiente, Agropecuária e Inclusão Social do

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social – BNDES,

Guilherme Narciso de Lacerda. E o senhor Coordenador da Coordenação

Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, Maximiliano

Correa Menezes. Podem se sentar.

Também estão compondo a mesa a Ministra Conselheira da Embaixada da

Noruega no Brasil, Sissel Hodne Steen. O senhor Oficial de Programa para

Povos Indígenas no Brasil da Embaixada da Noruega no Brasil, Kristian

Bengtson. O senhor Gerente Sênior de projetos e Florestas Tropicais do

Banco de Desenvolvimento da Alemanha – KFW. E a Diretora do Setor

Florestas Tropicais da GIZ, Katrin Marggraff, neste ato representando a

Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável.

s e senhores, a chamada pública que disponibilizará 70 milhões de reais

provenientes do Fundo Amazônia, foi fruto de estrita articulação e

cooperação entre a finai, o Ministério do Meio Ambiente, a COIAB e o

BNDES. Esta iniciativa reforça as principais iniciativas da PNGATI –

Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental e constitui mecanismo

importante para a sua implementação. Além disso, viabiliza a execução de

planos de gestão das terras indígenas já elaboradas na Amazônia,

contribuindo ainda para a elaboração de planos em terras indígenas que

ainda não contam com este instrumento de gestão.

Teremos agora a assinatura da chamada pública formalizando o ato.

Convidamos para assinar, a Presidente Interina da FUNAI, Maria Augusta

Assirati e o senhor Diretor do BNDES Guilherme Narciso de Lacerda.

Convidamos para fazer uso da palavra a Presidente da finai, Maria

Augusta Assirati.

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Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Boa tarde a todas e

todos. Boa tarde aos nossos companheiros que estão compondo a mesa,

Ministro José Eduardo, ministro em exercício Francisco Gaetani, nosso

querido Guilherme do BNDES e o Maximiliano da COIAB. Queria

agradecer a presença de todas e todos os presentes e dizer da nossa

satisfação de estar vivenciando esse momento de lançamento dessa

chamada pública. Queria começar reforçando um pouco a importância da

ação de promoção ao desenvolvimento sustentável aos povos indígenas no

âmbito da política indigenista, que é uma ação que cada vez mais frente aos

nossos desafios da atualidade vem tenho que se fortalecer no campo da

política indigenista no que diz respeito à promoção do

etnodesenvolvimento com fomento ás atividades produtivas, com o

fomento e subsídio à geração de renda para os povos indígenas, gestão

ambiental, conservação ambiental e ao cesso aos direitos sociais e

cidadania aos povos indígenas.

Eu queria ressaltar que essa chamada pública foi construída em estreita

parceria pela FUNAI, pelo Ministério do Meio Ambiente, pelo BNDES e

pela COIAB. E essa parceria, essa articulação e essa cooperação são

fundamentais, como tenho dito, para que a gente efetive, para que a gente

tenha uma política indigenista efetiva e, integral que possa contar com toda

a oferta de acesso aos direitos dos povos indígenas, por meio da ação da

ação de órgãos públicos federais, estaduais, municipais e organizações da

sociedade civil. E queria reforçar o caráter para o qual essa chamada nos

chama a atenção, que é a importância das terras indígenas nos processos de

conservação da biodiversidade no Brasil.

Essas ações de gestão territorial e ambiental reforçam a capacidade de

proteção das terras indígenas. E sabemos que as terras indígenas por meio

da ação dos povos indígenas, das comunidades indígenas são, sobretudo na

Amazônia, as áreas protegidas que mais contribuem com a conservação

ambiental, com a conservação da biodiversidade brasileira, dos recursos

naturais importantíssimos que as terras indígenas guardam no Brasil. Isso

sem falar que as terras indígenas são áreas que compõe o patrimônio da

união e, a ação dos indígenas na proteção desses territórios, na fiscalização

desses territórios, na conservação desses territórios, na recuperação

ambiental desses territórios representa uma ação fundamental na

cooperação da ação do estado brasileiro por meio desses órgãos públicos

para proteção desse patrimônio da união. E essa chamada, esses planos de

gestão territorial e ambiental justamente reforçam e contribuem para que os

povos das comunidades indígenas possam reforçar essas ações de

fiscalização, de proteção desses territórios.

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Acho que é sempre importante a gente destacar e valorizar o fato de que

esses projetos que poderão ser apresentados via essa chamada pública, eles

podem ser apresentados por entidades, organizações da sociedade civil,

sobretudo as próprias organizações indígenas que reforçam o protagonismo

e autonomia das comunidades dos povos indígenas na gestão territorial e

ambiental de seus territórios, de suas terras indígenas. A gente gosta

sempre de falar também que a PNGATI é uma política que foi construída

de forma extremamente participativa desde sua concepção passando por

sua formulação e, hoje, no seu processo de implementação conta também,

continua contando com esse aspecto, com essa característica participativa,

com a participação das próprias organizações indígenas, de representantes e

lideranças indígenas para que a política seja implementada e, isso é

fundamental para o sucesso de uma política pública.

Então, o processo de implementação dessa política também, e a essa

chamada é um elemento que reforça isso. Ele conta cm a participação das

organizações indígenas e, isso realmente é um aspecto que tem que ser

ressaltado e tem que ser sempre valorizado no âmbito da nossa Política

Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas no Brasil.

Eu queria saudar este momento, saudar essa parceria e dizer que essa ação

que a gente divulga, esse lançamento que a gente divulga hoje é uma ação

exitosa, é uma ação de sucesso e, queria portanto finalizar agradecendo e

parabenizando a ação de todos que se envolveram nesse processo.

Queria na pessoa do nosso Secretario Chico Gaetani cumprimentar e

agradecer e parabenizar a toda equipe do Ministério do Meio Ambiente que

se envolveu sempre, teve toda a dedicação nas tantas reuniões que fizemos

aqui. Estou vendo pessoas que acompanharam, que estão presentes aqui e

que acompanharam o Grupo Executivo que organizou a realização desse

edital dessa chamada. O Ministério do Meio Ambiente teve um

envolvimento fundamental para que a gente pudesse chegar até aqui.

Queria agradecer e parabenizar na pessoa do nosso Diretor Guilherme toda

a equipe do BNDES que também sempre apostou na importância dos

resultados que um projeto como esse podia trazer para a política indigenista

no Brasil, para valorização dessa política de gestão territorial e ambiental

de terras indígenas no Brasil.

Queria parabenizar a agradecer na pessoa do nosso Coordenador-Geral

Jaime Siqueira toda a nossa equipe da FUNAI que trabalhou arduamente

para que a gente pudesse chegar até esse momento. E que certamente

redobrará seu trabalho para que a gente agora de conta de avançar na

análise dos projetos e na consecução e na efetivação desses projetos.

Queria agradecer na pessoa do Max toda a COIAB e todos os

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representantes da COIAB que estiveram também juntos participando das

reuniões, do grupo de trabalho que constituiu e que elaborou esse edital da

chamada pública. E dizer que foi fundamental a participação da COIAB

para que a gente chegasse a um resultado positivo e que pudesse atender

concretamente as demandas do movimento indígena nesse aspecto.

Queria agradecer a todas as organizações da sociedade civil que estão

presentes aqui conosco. Pedir o empenho, a contribuição também da

sociedade civil na divulgação dessa chamada desse edital. O envolvimento

para que as entidades se habilitem, apresentem projetos para que a gente

possa de fato fazer uma implementação participativa e conjunta dessa

política de gestão territorial e ambiental. E queria e parabenizar também a

todas as entidades que contribuem para com os recursos do Fundo

Amazônia, recursos esses que são fundamentais para complementar nossos

recursos orçamentários no sentido de viabilizar, complementar e

concretizar essa Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental. Acho

que esse é o momento que temos que comemorar e, essa comemoração se

deve ao esforço e ao trabalho e ao compromisso e tantas entidades, de

tantos órgãos com os direitos dos povos indígenas do Brasil. Muito

obrigada e boa tarde a todos e todas.

Mestre de cerimônia: Com a palavra o senhor Coordenador da COIAB

Maximiliano Correa Menezes.

Maximiliano Correa Menezes - COIAB: Quero cumprimentar

primeiramente aos parentes que se encontram aqui participando desse

momento importantíssimo. Porque cada um de vocês contribuíram nessa

discussão com toda a certeza. E os demais parentes de outra regiões do

Brasil que estão aqui presentes. Cumprimentar a mesa e todas as

autoridades que se encontram aqui nesse momento. Este é um momento

importante de todos os trabalhos feito em parceria nós povos indígenas com

o estado brasileiro. A gente sabe que é difícil realizar essa forma de

trabalhar e chegar no final o trabalho positivo. Creio que esse é uma das

atividades muito importante que vai estar constando na história dos povos

indígenas do Brasil. Porque o edital com certeza para muitas organizações

indígenas, para muitos povos indígenas vai trazer um grande benefício. Ao

mesmo tempo, para muitos povos indígenas vai ser difícil acessar esse

recurso. Primeiro que nós temos muita dificuldade de entender a parte

técnica de elaboração. A gente sabe que vai ter um período de seis meses,

mas é um período curto para as pessoas que não lidam com a questão

técnica, burocrática, mexer com papel. Mas, peço nesse momento que

todos os parceiros estejam engajados para que realmente este trabalho

esteja voltado para os povos indígenas e, que este edital seja realmente um

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instrumento que possa implementar a questão dessa política de gestão

territorial e ambiental dos povos indígenas.

A gente entende muito bem que os povos indígenas têm a forma de como

gerir a sua terra, como gerir seu território. Agora eu ei que a partir do

momento que passa a ser financiado, de que forma vamos gerir nossas

terras, nós deparamos na questão burocrática. É difícil o home não indígena

entender a parte cosmológica, a parte cosmo visão que o indígena tem da

maneira como ele gere seus territórios. Os povos indígenas vêm gerindo

suas terras há milhares de anos, de forma diferente como cidadão do estado

brasileiro pensa e como ele classificaria nesse sentido.

Agora queria dizer aqui para todos não se trata de gestão territorial se

também não discutirmos a questão da demarcação das terras indígenas. Se

não tivermos nenhum momento pensando em identificar novas terras

indígenas, nenhum momento estar pensando aqui, discutindo a

homologação das terras indígenas. Esse ano não saiu nenhuma terra

demarcada, não saiu em nenhum momento a questão da identificação de

novas terras indígenas. A região do Mato Grosso Guarani-Kaiowá sofrendo

no seu próprio território, buscando um pedacinho para também fazer sua

gestão e fazer progresso a partir do seu conhecimento e contribuir para o

progresso da nação brasileira.

Questões de gestão territorial que trata de demarcação das terras para os

povos indígenas, porque não adianta pensar gerir o seu território se não tem

a terra demarcada. Se não tem uma garantia em que ele vai gerir para o

benefício próprio e para o benefício de seu povo indígena de diferentes

regiões esse Brasil, diferentes regiões da Amazônia brasileira. E necessário

pensarmos em conjunto essa questão. É necessário que realmente esse

recurso possa beneficiar a maior parte das organizações indígenas. E para

isso contarmos com a FUNAI que sempre tem nos dado apoio nessa

construção para chegar nesse momento e fazer esse lançamento e,

queremos continuar essa parceria muito próxima, dialogando e buscando

uma solução de que forma podemos melhorar a condição, a qualidade do

bem viver dos povos indígenas na sua comunidade junto com seu povo.

Todo mundo dirigindo de forma conversada, os parceiros sorrindo e

construindo uma política. Que o Brasil possa enxergar que os povos

indígenas realmente sabem gerir a sua terra, o seu território. É o momento

que eu queria dizer é isso. Dizer a todos obrigado por esse momento

histórico, a COIAB que sempre fez parte das discussões, a FUNAI que

contribui muito, o BNDES com toda dificuldade e compreensão conseguiu

entender esse momento importante, culminar com esse vento

importantíssimo e dizer a todos obrigado pelo esse momento importante.

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Mestre de cerimônia: Ouviremos agora o senhor Diretor do BNDES

Guilherme Narciso de Lacerda.

Guilherme Narciso de Lacerda - BNDES: Boa tarde a vocês. Senhor

Ministro José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça. Senhor Ministro

Chico Gaetani, nosso amigo e que tem dado um apoio muito grande no

nosso trabalho à Superintendência de Meio Ambiente do BNDES.

Cumprimentar a Guta, o Maximiliano, cumprimentar a todos vocês aqui

representantes do CNPI, representantes do governo e da sociedade civil, em

especial queria cumprimentar a todas as lideranças dos povos indígenas

aqui presentes. Meu registro aqui vai ser breve, mas acho relevante, porque

senhores ministros, esse edital que estamos assinando foi construído em um

tempo não tão curto, mas também não tão longo e temos feito um esforço

para ver se reduzimos o tempo de análise, os tempos da tramitação

institucional que se requer e como o Maximiliano da COIAB ressaltou, nós

precisamos realmente fazer um esforço para contribuir na seleção desses

programas, desses projetos.

Nesse sentido eu queria registrar que o Fundo Amazônia, que é um fundo

com doação do governo da Noruega prioritariamente e queria

cumprimentar todos os representantes da Noruega que aqui estão presentes

e, também, com recursos do KFW que tem uma participação conosco

nesses projetos e, da GIZ, entidade alemã que vai estar ajudando a

estruturar, a trabalhar esses planos. Eu acho que é importante valorizar

esses atores. Ressaltar que o Fundo Amazônia tem hoje já uma aprovação

de 54 projetos com 860 milhões já definidos e, desse total temos 18

projetos que tem uma articulação, uma atuação também destinada ás áreas

indígenas. Este ano mesmo já assinamos dois outros projetos aqui no

Ministério do Meio Ambiente com a presença da Ministra Izabella que tem

dado todo o apoio, tem sido uma entusiasta e tem cobrado muitos

resultados de toda a nossa gestão do BNDES, que é o gestor do fundo.

Então, esse edital com 70 milhões vai ter essa destinação para se somar a

esses 18 projetos que nós já temos com um montante recursos em torno de

80 milhões para que chegue realmente para aquele que precisa, para que

chegue realmente nas áreas dos territórios indígenas.

O Fundo Amazônia é um fundo que é uma revelação internacional. É um

fundo que tem tido uma gestão reconhecida internacionalmente em função

da forma que está trabalhando. É um projeto para reduzir a emissão de gás

carbônico, redução do desmatamento e, o projeto de governo da Presidente

Dilma é exatamente esse de tentar dessa marrar todos esses projetos que

nós temos. Queria aqui valorizar muito a articulação feita com a FUNAI. E

com o MMA, Ministério do Meio Ambiente que teve um diálogo muito

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ativo com a equipe técnica do BNDES. Essa equipe técnica tem um

entusiasmo muito grande com esse projeto, senhores ministros. Tem um

entusiasmo grande e, isso fruto dessa boa parceria com a FUNAI. Então, eu

penso para todas as lideranças do CNPI que estão aqui, eu penso que esse

edital não é um fim, mas o inicio de outros projetos que estão por vir e, ele

precisa realmente funcionar como está previsto.

Eu quero dizer a vocês todos que já temos outros projetos com povos

indígenas vinculados à área da Mata Atlântica que não é vinculado ao

Fundo Amazônia, assim como os Pataxó no sul da Bahia e outros projetos.

Mas esse é um projeto de referência no conjunto que estamos colocando

aqui. Então, eu quero agradecer a todos vocês o apoio e dizer que o

BNDES está disponível para tirar as dúvidas e, temos uma preocupação

com a transparência. Por isso que esse evento está sendo importante e o

Ministério da Justiça entendeu e está valorizando junto aqui com a FUNAI,

com a transparência e de esclarecimento para todos vocês de como vai

funcionar este edital, de tal maneira que dentro dos prazos definidos, ele

realmente atinja seus objetivos. Era isso. Muito obrigado.

Mestre de cerimônia: Fará uso da palavra o senhor Ministro de Estado

Interino do Meio Ambiente Francisco Gaetani.

Ministro Interino Francisco Gaetani – Ministério do Meio Ambiente:

Boa tarde a todos e todas. Queria cumprimentar a todos e todas na pessoa

da Guta, Presidente da FUNAI. Saudar o Ministro Eduardo Cardozo, nosso

amigo do BNDES o diretor Guilherme Lacerda, o Maximiliano

representando a COIAB. Dizer em nome da Ministra Izabella Teixeira que

esse é um dia de muita alegria para nós porque estamos começando a fazer

justiça a uma situação que é conhecida, que é a grande contribuição que os

povos indígenas têm dado à preservação da Amazônia.

Se nós observarmos, hoje 21% do território da Amazônia Legal é de

responsabilidade das terras indígenas e só 3% de desmatamento incide

nessas terras, então, o que estamos fazer no contexto da PNGATI, nossa

Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, é

apenas fazer um pouco de justiça e, equilibrar um pouco esse jogo. É um

grande ativo nacional. O Brasil, as palavras da Primeira Ministra,

Chanceler Alemã Angela Merkel tem dado a maior contribuição do ponto

de vista global à redução das emissões de gás carbônico através da redução

do desmatamento da Amazônia. E grande parte dessa redução deve-se ás

populações indígenas que naturalmente trabalham para conservação do

meio ambiente.

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Queria dizer que do ponto de vista do governo, o capital, o recurso mais

escasso que nós temos é o recurso de coordenação. É a coisa mais difícil no

governo. Às vezes nem é a questão do dinheiro, do pessoal, da tecnologia,

mas é sermos capazes de trabalharmos juntos. E aqui eu queria lembrar,

reiterar a fala do Maximiliano, nós estamos falando de mundos diferentes.

De realidades complexas, de cosmologias, de visões de mundo, de culturas

e, que isso exige de nós no governo uma sensibilidade e uma capacidade de

dar suporte à essa política diferenciada. Nossa administração pública

federal é uma administração pública em construção. Vários órgãos

públicos, se formos observar, os concursos públicos datam

fundamentalmente do governo Lula e continuaram no governo Dilma.

O processo de profissionalização da administração pública ainda é muito

recente. Temos instituições que são profissionalizadas há muito tempo

como o BNDES, mas o governo federal está vivendo ainda um processo de

construção de capacidades, do desenvolvimento das nossas instituições. E a

realidade é que certos problemas não podem esperar. Os problemas que as

populações indígenas vivem não são novos, são problemas antigos e

profundos e, cujo enfrentamento agora começa a ser assumido pelo

governo de forma diferenciada, de forma efetiva. E essa iniciativa que

estamos hoje celebrando faz parte desse conjunto de ações para enfrentar

esses desafios. Não são desafios simples. Aqueles de vocês que conhecem a

administração pública, que conhece a realidade dos problemas sabe que é

na implementação que as dificuldades aparecem. É no processamento dos

conflitos, na superação dos obstáculos, é no enfrentamento das dificuldades

e coordenação do governo e, de articulação com estados, municípios,

sociedade civil que as dificuldades aparecem.

Mas estamos muito orgulhosos de estar com vocês aqui hoje nesse

momento. Há uma convergência estratégica importante nos desafios da

política ambiental com a política indigenista. E esperamos que essa

parceria se aprofunde. Nós estamos com o BNDES na gestão do Fundo

Amazônia. O BNDES em especial após o Dr. Guilherme Lacerda assumir

essa diretoria tem passado por uma profunda reestruturação e suas práticas

no sentido a se adequar à realidade do país. E isso está sendo possível em

grande parte pela sensibilidade dos nossos parceiros internacionais. O

governo da Alemanha, o governo da Noruega em especial tem sido em

grande parte responsável pelos trabalhos, pelo enfrentamento dessas

dificuldades. Levando em consideração o diálogo que também se passa no

Brasil e que se passa no mundo.

O mundo inteiro está de olho no Brasil no que diz respeito às atividades

relacionadas a meio ambiente. Nós somos G1: a combinação de florestas

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tropicais, rios, reserva de água doce e biodiversidade transforma o Brasil

em G1. Mas se não formos capazes de preservar e explorar essa riqueza de

forma sustentável vamos perder um dos maiores ativos nacionais. E as

populações indigenistas são grande parte guardiãs desses ativos, desses

recursos e, cabe a nós trabalharmos juntos para que elas não só sejam

guardiãs, mas que se beneficiem do contexto de uma exploração

sustentável dessas riquezas. É essa a mensagem que eu trago em nome da

Ministra Izabella Teixeira. Dar os parabéns a todos, em especial a FUNAI,

ao BNDES, á toda equipe do ministério que trabalhou forte nesse processo,

a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural e, dizer que esses

ministérios, juntamente com a Secretaria Geral, Ministério do

Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social, fazem

parte da ponta de lança do governo na integração com os setores da

sociedade que mais precisam de uma atuação do governo qualificada,

profissional e responsável. Muito obrigado.

Mestre de cerimônia: Com a palavra o senhor Ministro de Estado da

Justiça José Eduardo Cardozo.

Ministro José Eduardo Cardozo – Ministério da Justiça: De início eu

quero saudar sua excelência Ministro Interino do Meio Ambiente Francisco

Gaetani. Também agradecer à Ministra Izabella Teixeira por tudo aquilo

que vem trabalhando em conjunto conosco no Ministério da Justiça.

Também cumprimentar minha querida amiga companheira e muitos anos

Maria Augusta Assirati, Guta, Presidente da FUNAI – Fundação Nacional

do Índio. Saudar a Ministra Conselheira da Embaixada da Noruega no

Brasil, Sissel Hodne Steen. Cumprimentar também o Secretário Executivo

da Secretaria-Geral da Presidência da República Diogo Santana e, também,

meu querido amigo Paulo Maldos, que aqui acompanha os trabalhos.

Cumprimentar o Guilherme Lacerda, Diretor de Infraestrutura Social Meio

Ambiente Agropecuária e Inclusão Social do BNDES. Saudar a Katrin

Marggraff, Diretora do Setor Florestas Tropicais da GIZ,

CooperaçãoAlemã para o Desenvolvimento Sustentável. Cumprimentar o

senhor Kristian Bengtson, Oficial de Programa para Povos Indígenas no

Brasil da Embaixada da Noruega no Brasil. Cumprimentar o senhor Hubert

Eisele, Gerente Sênior de projetos e Florestas Tropicais do Banco de

Desenvolvimento da Alemanha – KFW, e finalmente, cumprimentar o

Maximiliano Correa Menezes Coordenador da COIAB, na pessoa de quem

saúdo todos os integrantes deste encontro da CNPI.

Me recordo que quando nós em junho de 2012 tínhamos pela Presidente

Dilma Rousseff baixado o decreto que instituía a PNGATI, uma pergunta

me foi feita por algumas lideranças indígenas. A pergunta era a seguinte:

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Ministro, tem o decreto, mas e daí, vai sair do papel? E eu não poso negar

que um decreto que estabelece o PNGATI que combina a gestão ambiental

com etnodesenvolvimento realmente é um desafio. Nós todos sabemos as

tensões, as disputas, nós todos os sabemos os desacordos que existem no

nosso campo e por isso, esse desafio se colocou para nós como um ponto

fundamental para se enfrentar. Hoje estamos dando um grande passo e, eu

tenho certeza que o MMA sabe disso. E eu tenho a agradecer sobremaneira

o BNDES pela compreensão, pela sensibilidade social que efetivamente

demonstra neste momento. São 70 milhões de reais que serão destinados à

combinação da gestão ambiental e do etnodesenvolvimento. Por um lado o

respeito á natureza, o respeito ao meio ambiente e, por outro lado, o

respeito aos valores históricos, culturais dos povos indígenas, perfeitamente

harmonizáveis e, com o estado brasileiro se empenhando para que isso seja

concretizado. Esse é um marco histórico.

O estado sempre trouxe lamentavelmente durante muitos anos, a

degradação do meio ambiente e o desrespeito aos valores indígenas.

Sempre trouxe a violência contra os povos indígenas e o não

reconhecimento dos seus direitos e a negação absoluta da necessidade de

equilíbrio ambiental. É, portanto um desafio para o estado brasileiro os

tempos que se seguem à 1988 enfrentar e produzir políticas nesta área.

PNGATI foi um grande avanço. Hoje estamos dando outro avanço. Cada

dia temos como dever e como missão conquistar novos passos. Passos que

sejam discutidos, passos que sejam acordados, passos que sejam

concertados em um processo de superação de divergências e união de um

campo que é único. Campo daqueles que desejam a valorização, o respeito

aos direitos dos povos indígenas, ao mesmo tempo em que querem a

combinação da valorização e o respeito ao meio ambiente brasileiro.

Portanto, eu saúdo aqueles que participaram desse processo, aqueles que

geraram esta política e, até os conclamo a continuarem lutando dentro de

um espírito e paz, harmonia e identidade com esses princípios para que

outros passos se sigam rapidamente, porque o Brasil espera isso. Espera

respeito aos direitos dos povos indígenas e, respeito ao meio ambiente. De

maneira integrada, coesionada em políticas de estado. Muito obrigado e

agradeço a todos que contribuíram com esse processo e que continuarão

contribuindo. Obrigado.

Mestre de cerimônia: Encerramos esta cerimônia agradecendo a presença

das autoridades. Faremos agora um intervalo para o café, retornando em

seguida com as atividades da 23ª Reunião Ordinária da CNPI. Uma boa

tarde a todos.

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Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Boa tarde já

quase noite. Quem por favor estiver nas laterais vamos tomar os assentos.

Convidar o senhor Maximiliano para também vir participar aqui da mesa

conosco. Conforme a programação, continuamos nosso ponto de pauta que

é a Conferência. Chiquinha você toma a frente? A Presidente já retorna

aqui à mesa. Ela deu uma saída rápida e já retorna aqui à mesa.

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Penso que agora a gente pode

continuar nossos trabalhos em relação à nossa agenda de hoje e, fazer

alguns encaminhamentos. Antes de começar eu gostaria aqui, que o

Maximiliano, Lourenço, eu gostaria que... de conversar com vocês aqui,

que vocês têm que estar aqui para a gente discutir um assunto meio

melindroso e meio também constrangida né? constrangimento sobre um

evento que está na mídia, que está rede social, que vai ser realizado no

Brasil envolvendo o nome das mulheres indígenas. Eu mesma já recebi

algumas... questionamentos perguntando se a gente já estava sabendo de

alguma coisa. Não sabia e nem entrei ainda. Eu vi mais ou menos por alto

que alguém me mostrou, mas eu não tinha visto, dado uma olhada mais

apurada sobre o que se trata. Mas o que a gente está, informações que a

gente teve foram que se trata de um evento de nome Miss Indígena 2014.

E esse evento está na mídia, nas redes sociais com comentários mil,

comentários inclusive preconceituosos. Todo o tipo de comentários,

elogiosos ne? E eu achei muito estranho esse tipo de evento estar

acontecendo porque estão dizendo que as mulheres indígenas compartilham

com esse tipo de evento. Então, a gente, nós aqui mulheres conversamos

um pouco com nossos representantes dirigentes das organizações

indígenas, representantes de regiões de base que gostaríamos de saber a

respeito do que eles têm do entendimento disso. Se eles têm conhecimento

de como está sendo tratado isso. Pelo que eu sei, em relação à questão das

mulheres não sei se tem mesmo de fato apoio de mulheres indígenas. As

mulheres de base, as mulheres das aldeias estão concordando com esse tipo

de evento. Então, eu gostaria de passar aqui para o seu Maximiliano, que é

nosso representante da COIAB. Cadê ele? Que o senhor pudesse manifestar

também assim como a gente vai colocar um pouco aqui sobre essa situação,

porque de fato é uma questão constrangedora.

Teresinha G. Maglia- Algum comentário de alguém? Alguém gostaria de

se manifestar? Anastácio.

Anastácio Peralta – Guarani-Kaiowá : Primeiro eu não sei disso, mas

talvez na minha região teve várias município que eles promove esse tipo de

Miss Indígena né. Eu fiquei preocupado que lá em Dourados teve esses dias

em abril na Semana Indígena teve Miss Indígena e também teve pessoas

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que mexe com a Miss em nível de Brasil que teve lá olhando quem é mãos

bonito e quem é mais feio. E eu não sou muito a favor disso porque não

tem gente feio e nem gente... depende muito do olhar de cada um e aí

estava exigindo até tamanho. De um metro e sessenta para cima e eu falei:

não vai passar nenhum Guarani, porque um metro e quarenta e cinco. É

uma coisa bastante discriminatória porque quem vai passar isso aí não é os

indígenas, vai ser os mestiço que tem mais tamanho. Então, acho que até

bom essas discussão e acaba criando um clima de discriminação. A que

ganha sai contente e a que perde sai triste né? Eu vejo assim que a beleza

está no olhar de cada um. Eu sempre falo que quando a pessoa está infeliz

tudo é feio. Mas se tiver feliz tudo é bonito né? Então se tiver alguém

achando eu feio é porque está infeliz. Então, as vez a gente precisa o que é

olhar indígena, o que é beleza indígena. A beleza indígena está na pessoa,

alma, espírito né? Não é essa coisa de disputar moda né? Então, lá teve e

foi bem complicado. Eu acho que a FUNAI tinha que tomar uma

providência sobre isso porque não é nem o índio que tá fazendo. É um

grupo da cidade que tá fazendo e promovendo isso e levando lá para a

comunidade. É isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Anastácio.

Simone.

Simone Karipuna – Região Amazônica: Isso é uma questão que nos

preocupa muito. A gente como mulher na CNPI, como liderança indígena a

gente percebe que as vezes as pessoas acabam colocando certas situações

sem de fato consultar nossas bases. A gente sabe da beleza da mulher

indígena através da sua cultura, através da sua identidade mesmo indígena

e que ela precisa ser valorizada. E para ela ser valorizada não precisa star se

expondo. Eu particularmente não sei e que forma foi construído essa

proposta de ter eventos a nível nacional, porque a gente está vendo que

agora está havendo nas regiões. A gente está vendo que tem empresas que

lidam com a questão de modelos, essas coisas e está aí já correndo atrás das

nossas parentas e temos muitas parentas bonitas, lindas. E a gente precisa

ter muito cuidado quando for trabalhar em relação a isso. Eu não participei

na integra da reunião da Subcomissão de Gênero Infância e Juventude, mas

eu entendo que houve uma discussão nessa Subcomissão sobre essa

questão é que é preocupante. E mais ainda, a gente chegou a ter uma

conversa, inclusive chamamos também o Coordenador da COIAB para ter

uma conversa e, que a gente somos representantes da COIAB nessa

Subcomissão e que a gente se preocupa muito com isso.

Na Amazônia a gente tem a OMIAB, que é a Organização das Mulheres

Indígenas da Amazônia Brasileira que a gente precisa também fazer uma

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conversa em relação a isso. Mas também acho que esta comissão precisa

sair daqui um documento repudiando esse tipo de ato sem de fato ser

construído com aos nossas bases e, sem de fato levar em consideração a

nossa questão cultural. Será que nos nossos antepassados existia isso? Essa

questão de ter modelos indígena e tudo. Na minha cultura não. No meu

povo Karipuna não. E se houver isso que seja construído com muito

respeito. Valorizando a nossa cultura. Então, eu gostaria de deixar

registrado isso nessa plenária e gostaria de pedir o apoio à todos os parentes

aqui homens, gostaria de pedir o apoio a todas as mulheres aqui da bancada

do governo, aos indigenistas e aos homens aqui da bancada governamental

e, Presidente da FUNAI e também Presidente da CNPI que a gente tome as

devidas providências em relação a essa situação. Volto mais uma vez

repudio este ato.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Simone.

Brasílio.

Brasílio Priprá – Santa Catarina: Na verdade eu também tenho uma

grande preocupação. Lembro nós que na sociedade desenvolvida essas

meninas que procura, tenta ser modelo é um desastre muito grande que a

imprensa não mostra. Imagina nossas indígenas saindo das nossas aldeias,

saindo para essas grande metrópole, isso é um grande desastre. Isso é levar

menina e nem vou dizer o nome aqui porque... então, na verdade conhece

bem, a gente sabe de grandes reportagem que tem e que aparece pouco,

mas é um desastre para as menina que vive nas grandes cidade, conhece a

sociedade, vive na sociedade e ainda muitas vezes são... se decepciona.

Agora imagina nós, nossas meninas, todas as mulheres são bonita. É como

disse nosso colega: depende do olhar. Todas elas tem seu valor. Elas têm

seus direitos, devem ser respeitado, mas eu acredito eu como pai, tenho

uma filha de dezesseis anos, eu acho que não precede esse tipo e coisa. Se

alguém quer ajudar essas meninas indígena, converse com elas. Pede para

elas estudar, se formar. Tem muita coisa mais importante de que leva essas

meninas ao desastre. Então, eu remoto essa tentativa, não sei de quem essa

pessoa que está fazendo isso, mas se for um servidor público eu acho que

tem que tomar um processo. O Ministério Público Federal deve tomar

providências também. Eu agradeço e fico muito triste que ainda tem tantas

coisas boa para fazer para a comunidade indígena, querendo levar essas

menina a um lugar que não vai chegar a lugar nenhum. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: O próximo é o

Ak´Jabor e na seqüência, o Max.

Ak´Jabor Kaiapó – Estado do Pará: A questão de miss indígena e, esse

que eu já estudei, pesquisei que aqueles pessoa que está levando as meninas

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para jogos, assim, chama de jogo dos povos indígenas, esses pessoa que

está levando as meninas e coloca nesse cultura e mostrando nesse cultura

para, ensinando nosso povo menina. Então, já que aconteceu lá na minha

aldeia que saiu com o pessoal que saiu, levaram meus parentes, leva lá para

chamar de Miss Kaiapó, e cada imagens do indígena que saiu assim com

discriminação. Que saiu como cantando e imagem saindo. Eu fico muito

vergonha e fico muito triste e ficou bravo. Não sei o nome do cantor que

chama Ai eu te pega, que eles passa, passando imagem e passando imagens

de indígenas. Eu não gostei eu não gostei.

Eu não sei meus parentes se pode continuar esse juiz indígena também, na

minha aldeia, minha região eu proibiu. A prefeitura pediu eu quero que

você faz não. Nós tem jogo tradicional? Tem. Esse aí nos vamo valorizar.

Nós tem dança tradicional? Esse aí que eu vou valorizar. Miss aonde não

sei onde nasceu, esse aí e outra cultura. Eu não vou mostrar não. Aí

prefeitura dispensou e não quer mais fazer. E outra liderança aqui não sabe,

outra liderança aqui não sabe mesmo e fala muita coisa de mim, fala mal de

mim. E falaram para ele: vocês são burro e vocês quer discriminar nosso

povo. Eu não quero não. Assim que eu falo na frente da liderança. Então,

eu contra Miss indígena.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Ak´Jabor .

Max.

Maximiliano Correa Menezes - COIAB: Queria contribuir nessa

discussão em relação á questão da mulher indígena. Sabe que casa cultura é

uma cultura. Nós vivemos aqui como a sociedade que chegaram da Europa

há 514 anos. Nem por isso nos povos indígenas precisamos estar acatando

tudo que acontece na cidade grande. Essa é uma forma de a sociedade se

organizar, apresentar a beleza da mulher através de desfiles. Essa é uma

coisa que nunca aconteceu na nossa sociedade. A sociedade indígena pelo

menos no povo Tukano, a mulher indígena é valorizado e esse valor é

ligado à questão da espiritualidade e a mitologia. Não existe nenhum

momento a questão de machismo na sociedade indígena. É uma maneira de

você tratar diferente o valor que a mulher tem. Eu conheci um grande

conhecedor lá da minha região que dizia assim: a mulher é como se fosse

uma casa que cobre e defende os seus filhos.

No meio desses filhos também ela defende seu esposo, porque ela é aquela

que vai amamentar seus filhos e aquela que dá de comer também ao seu

esposo. Por isso o esposo tem que cuidar muito bem da sua esposa. Porque

é única pessoa que é a primeira a acordar e é a última dormir de tanto

preocupar com bem estar da sua família. Por isso essa mulher tem que ser

valorizada. Nesse sentido nós povos indígenas não podemos permitir que as

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nossas jovens possam estar se inserindo nessa figura de se tratar Miss

Mulher Indígena, ou Miss Jovem Indígena ou outro nome que queira

chamar simplesmente porque quer mostrar sua beleza.

Nós temos formas de achar que a mulher é linda. Eu dizia antes de vim que

não soube dessas informações. Que queria saber quem é que está

articulando isso acontecer esse desfile, inclusive é citado que vai acontecer

em Manaus. Eu queria saber quem é, mas ninguém sabe me responder até o

momento. Foi quando tocaram nesse assunto que eu pude compartilhar

aonde está surgindo essas idéias todas malucas. Nós não precisamos, alias a

nossa cultura não precisa mais ser imposta pelo modelo que existe nas

grandes capitais ou nas grandes cidades. Claro que tudo chega nas nossas

aldeias, mas não precisamos aceitar tudo isso. Nós precisamos continuar

valorizando nosso ser indígena, o ser que está ligado a cosmologia, o ser

que está ligado á natureza, o ser que está ligado à água, o ser que está

ligado ao ar, o ser que está ligado de sangue para sangue com outro povo se

tratando como irmão e por isso se chamamos de parentes.

Nós não podemos permitir num momento desses fatos acontecerem, fatos

tristes que possam por ventura acontecer. De forma coletiva não se pode

acontecer. A gente sabe que existe prostituição de mulheres indígenas em

diferentes cidades do Brasil, mas são fatos isolados. Aquilo que quer

mostrar de uma forma organizada, mostrar como alguém que parte para a

prostituição para o público brasileiro olhar, para europeu olhar e nós ficar

olhando nossas mulheres, eu creio que temos que cortar do início pela raiz

essa iniciativa que não é boa para a imagem dos povos indígenas. Povos

indígenas que são tão massacrados durante todos esses 514 anos. Nós

precisamos fortalecer nossa cultura, valorizando nossas mulheres,

valorizando a cultura porque eu acho dessa forma. Na minha cultura, o

Tukano nunca casou-se com Tukana porque se considera como irmã de

sangue. Ancestralmente somos irmãos. Por isso Tukano sempre buscaram

mulher de outro grupo, ou seja, de outro povo, mas quando você traz essa

mulher para sua comunidade ou para sua aldeia, você não está trazendo ela

como mulher, você está trazendo a cultura dela, a culinária, o conhecer, o

saber dela. Porque vem a língua, vem toda para a minha comunidade.

Porque assim também uma mulher Tukana que sai da minha aldeia leva

todas as raízes dela para também contribuir para crescimento de outro

povo. Se fortalece o povo indígena. Mas no sentido que está sendo pensado

não vai construir a imagem boa da mulher como ela é e até hoje nós

preservamos isso. Eu penso que as mulheres têm essa iniciativa. Apoiamos

sim esse repúdio, um documento que deve sair porque vocês que estão aqui

no CNPI são pessoas credenciadas, foram acreditados para representar a

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nossas comunidades, para representar aquelas pessoas que também

poderiam estar aqui, mas não tem condições de estar aqui para participar

nem que seja como ouvinte. Mas vocês são porta-vozes das nossas

comunidades, do nosso povo que se encontra no interior nas suas

comunidades vivendo da forma como sempre vivemos, felizes apesar do

progresso machucado nossas maneira de sermos, mas é necessário que

tenha esse documento de repúdio para que não continue esse tipo de ação

que ano é bom para os povos indígenas. Muito obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigado Max.

Lourenço.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Eu queria assim

eu soube isso no estado assim que eu tiveram algumas informações, parece

a nível da Amazônia justamente para acontecer em Manaus e tiveram

comunicação algumas lideranças. Eu soube disso, mas pensei que era só

umas informações que estão botando, mas acabei de chegar aqui

confirmando que realmente está realizando em alguns municípios, como o

Peralta falou. Alguns lugares já tá acontecendo por falta de não conhecer a

questão de aproveitamento da venda da imagem as pessoas que estão

envolvidas nessa apresentação.

Então, me preocupo muito porque como nosso coordenador falou, que se

nesse momento na situação que nós estamos está acontecendo no nosso

país, se nem na maioria que estamos vendo que nem respeitado nós

estamos sendo respeitados. Nem nosso próprio direitos que temos garantido

a nível do Brasil e muitos estão desrespeitando. Agora querem aproveitar o

caminho dessa para apresentar a nossas jovens, mulheres para o mundo, na

verdade essa apresentação com certeza já planejaram já nessa meada da

copa para mostrar para o mundo. Eu... cada povo tem sua forma de

organizar seu costume.

Nossas mulheres indígenas como Krikatí, povo, é costuma, mas é na aldeia.

Respeitamos. Na aldeia anda da forma que quiser. De corpo fora, mas

quando é para a cidade é diferente. Temos que ter respeito. Temos que ter

respeito. Então, eu quero nesse momento como liderança que acompanha

todo essa situação a nível do nosso país, o Brasil como representante CNPI

eu quero que nós sabemos que hoje toda a questão discutida do nosso ponto

de vista tem que passar pelo movimento indígena, pelas comunidades. Será

que a comunidade está concordando com isso? Será que os pais estão

sabendo, ou o povo está sabendo o que está acontecendo? Porque às vezes

são alguns manipulados por a necessidade, acaba manipulando por uma

ganância de vou te dar aquilo que você vai crescer junto. Então, acaba

enganando a pessoa.

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Prejudicando mais tarde a pessoa tanto no caráter como no físico, o corpo

também. Então, isso preocupa muito a nós. Eu quero que dizer nós como

representante, a minha pessoa dentro do movimento indígena a nível da

Amazônia brasileira dizer que não sou a favor da forma como está

acontecendo. Que nós povos indígenas, representantes legítimos escolhidos

da base temos que preocupar com a nossa imagem. Não só com nossas

mulheres, mas com o ser humano, respeito a nós população indígena.

Então, precisa realmente fazer esse documento de repúdio, ou essa pessoa

que está fazendo isso e eu sei que não só uma pessoa. Com certeza tem

mais pessoas envolvidas porque é uma rede que com certeza está ligada à

outra. É um comercio que já estão pensando fazer com nossos indígenas e,

tudo vem um custo para eles. E isso se chama interesse e aproveitar nossa

imagem em cima das nossas índias. Concordo que precisamos fazer um

documento e repudiar isso que está acontecendo. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Lourenço.

Se não tiver mais ninguém inscrito para falar sobre esse tema eu queria

pedir licença para me manifestar aqui como Presidente da FUNAI sobre

esse assunto.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da FUNAI: Eu queria dizer que

como Presidente da Fundação Nacional do Índio, como uma pessoa que

tem compromisso com a valorização cultural dos povos indígenas no

Brasil, mas sobretudo como mulher, uma ação como essa me envergonha.

Qualquer concurso de miss a meu ver é uma ação que só serve para

envergonhar a luta das mulheres nesse país, sejam elas indígenas, sejam

elas não indígenas. Nós ontem recebemos a informação de que não

sabemos quem é que está promovendo esse tipo de concurso, mas ontem

recebemos uma informação de que tinha um servidor da FUNAI

divulgando esse concurso, propagando essas informações e usando veículos

da internet para divulgar esse tipo de ação. Esse servidor já foi chamado

ontem para ser repreendido por essa ação e vai certamente responder

administrativamente por seus atos que dizem respeito à vida funcional dele

como profissional e como servidor da Fundação Nacional do Índio. Para,

além disso, e, também foi questionado tendo em vista a participação desse

servidor na divulgação desse tipo de assunto, a gente foi questionado sobre

a participação e eventual apoio da FUNAI em relação a esse tipo de ação.

Já publicamos desde hoje de manhã nos nossos meios de comunicação uma

nota que eu gostaria de ler aqui para vocês e que é bem curta. A Fundação

Nacional do Índio na sua missão de promover e proteger os direitos dos

povos indígenas no Brasil vem a público informar que não promove e nem

apóia iniciativas como Miss Brasil Indígena ou concurso regionais,

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estaduais ou locais de beleza. De acordo com o posicionamento

institucional tais iniciativas não contribuem para a divulgação da

sociodiversidade brasileira, mas reforçam visões preconceituosas sobre as

mulheres, desconstruindo os conhecimentos indígenas e desvalorizando o

simbolismo das mulheres nas distintas sociedades indígenas. Nós

repudiamos atos como esse. A direção da FUNAI não trabalha com base

nesse tipo de diretrizes. Nós achamos que esse tipo de iniciativa apenas

vem a prejudicar a imagem dos povos indígenas do Brasil. Não contribui

em nada para a valorização cultural dos povos indígenas no Brasil e, tratam

as mulheres indígenas e, de modo geral as mulheres nesse país como

objetos.

Vai contrária a toda a luta que hoje as mulheres brasileiras, toda a luta que

as mulheres brasileiras sempre fizeram para ter seu papel enquanto atoras

dos processos políticos de transformação social nesse país e, que precisam,

devem merecem ser respeitadas por toda a sociedade. Não podem ser vistas

como objeto, não põem ser vistas como pessoas bonitas que merecem ser

expostas em fotos, figuras na internet, em imagens para serem cultuadas e

cobiçadas por pessoas que têm interesses que não valem a pena aqui serem

tratados porque é interesses que nada tem a ver com o projeto político de

transformação da sociedade, de formação de uma sociedade que seja

solidária fraterna e que acredite na sociodiversidade, no nosso pluralismo

como falamos tanto hoje de manhã e, na capacidade de cada um dos seres

humanos desse país ser um ator político, um ator social capaz de construir,

capaz de transformar essa sociedade.

Então, eu queria dizer que como Presidente da Fundação e como mulher eu

repudio também essa ação. E queria dizer que a Fundação Nacional do

Índio e a minha posição como Presidente da CNPI também é de pleno

acordo à realização dessa nota de repudio a ser assinada por tosos os

integrantes dessa comissão, se houver acordo dessa plenária. Obrigada.

Mais alguém quer falar? Silêncio significa concordância de todas e todos?

Então, amanhã podemos preparar o texto, ler e finalizar ele para a plenária.

Obrigada. Passando para o nosso próximo ponto de pauta, mas perguntando

se existe disponibilidade, energia dos componentes desta comissão, o nosso

próximo ponto seria a discussão da Conferência. Eu acho que como já são

dezoito horas e vinte e três minutos e já estamos todas e todos cansados, a

gente pode encaminhar para amanhã.

Capitão Potiguara: Presidente, questão de ordem.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Claro Capitão.

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Capitão Potiguara: Seria melhor a gente voltar amanhã logo cedo. A

partir de nove horas a gente estar aqui e dar início aos trabalhos que era

bem melhor.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Perfeito. Então,

amanhã os nossos trabalhos serão abertos às nove horas. Nosso primeiro

ponto e pauta é a Conferência Nacional e vamos ter a inversão do horário

da apresentação do MEC como já foi informado aqui. Queria dar um

informe que o Jaime me pediu encarecidamente para não se esquecer de

colocar para vocês que ficou uma dúvida durante o evento de lançamento

da chamada e foi ventilado por algumas pessoas o prazo de seis meses para

elaboração, para apresentação dos projetos via chamada pública, ele me

pediu para dizer que na última discussão com o BNDES o que ficou

pactuado é que o prazo seria de cinco messes. Só para confirmar com vocês

que o edital que já está na página do banco, ele vem com o prazo de cinco

meses para apresentação dos projetos, embora a gente tenha aqui em alguns

momentos tratado isso como prazo de seis meses.

Outra coisa que eu queria complementar em relação a esse último assunto

que a gente discutiu e que foi um pouco tenso, pesado, um assunto difícil,

eu acho que o Lourenço traz uma preocupação importante e que eu queria

também como Presidente da FUNAI de me somar a esse esforço de

informação clara sobre esse tema. Eu acho que para além dessa nota

pública que nós já soltamos, poderíamos também produzir... Além de

circular o texto da nota de repudio, produzir um texto também por parte da

FUNAI informativo sobre os prejuízos, os riscos sobre esse tipo de

atividade. Circular isso entre as nossas coordenações regionais, passar para

os movimentos, enfim a gente conseguir juntos fazer uma campanha contra

esse tipo de iniciativa. Anastácio.

Participante fala sem microfone.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Entendi. Teria que ter

uma ação judicial talvez.

Sandro Tuxá – APOINME: Eu estava comentando muito ontem e a

Chiquinha Pareci estava nervosíssima. Ela perguntando, ela estava igual a

um detetive investigando quem sabia e quem não sabia. De onde surgiu de

onde aconteceu e, sobretudo, comentários maldosos de não índios que são

muitas vezes militantes da causa indígena, indigenistas que quando viu

algumas fotos postadas ficou horrorizado e comentou com a Chiquinha. E

estava lá um representante de liderança indígena e que hoje trabalha no

MEC ou no Ministério dos Esportes e que confirmou tudo isso. A princípio

quando a coisa iniciou era interessante porque mostrava a cultura da índia,

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do índio na comunidade, sua pintura. Mas chegou um momento e no

decorrer da noite fomos observar, as fotos são sinuosas, são fotos que...

mulheres na escada, mulheres segurando seios. Então, assim provocantes.

Isso vulgarizando o que temos de melhor na nossa beleza indígena da

mulher indígena, que é a sua essência de índia. E tudo isso foi tirado da

questão.

Eu falei com a Chiquinha Pareci e parabenizo ela por trazer o ponto. Eu

disse: vocês são mulheres e então vocês que tem se indignar e levar isso

para a CNPI com certeza a representação vai ter apoio. Mas eu acho que

tem que ter algo mais. A organização de mulheres tem que fazer o

manifesto coletivo. Temos organização de mulheres na Amazônia e em

praticamente todos os estados. No nordeste temos o departamento de

mulheres na APOINME também e que deve se manifestar e, somado a isso

nossas organizações. Porque a gente tem que fazer gestão porque a coisa

fica muito solta e, de repente, o que temos de melhor poderá ser mal visto e

mais uma vez como algo feio, algo vulgar e a gente não quer isso,

sobretudo para nossas índias.

Rivelino Macuxí: Sou do Ministério dos Esportes, Coordenador Geral de

Políticas Esportiva Indígena. De fato acontece, é um servidor da FUNAI e

a mesma pessoa tem um pleito junto ao Ministério do Esporte em levar

uma equipe de futebol masculino para a Colômbia representar Brasil. Eu

faço uma sugestão inclusive, no texto uma vez que ele é um servidor

federal, que ele não acesse mais nenhum tipo de financiamento ou qualquer

outro evento a nível nacional, a nível estadual ou municipal para servir de

exemplo. Porque de fato tinha um interesse de e temos inclusive no

orçamento já destinado para essa equipe ir à Colômbia estamos buscando

só parcerias, mas com esse posicionamento das lideranças indígenas,

mulheres e lideranças indígenas, eu me envergonho e não teria coragem de

apoiar, mesmo que fosse outro evento que seria futebol. E temos um oficio

na FUNAI solicitando o posicionamento da FUNAI de 16 de abril quanto a

ida para a Colômbia e até hoje não tivemos resposta. Se possível colocar

isso também nesse sentido. Eu gostaria até me protege para conversar com

ele porque eu não apoio mais nesse sentido. Isso está me levando uma

imagem a público indígena como Coordenador Geral de Política Esportiva

Indígena. Muito obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Rivelino.

Só reforçando mais uma vez que essas propostas de cooperação tiveram

início por iniciativa do próprio servidor e que isso não representa uma

iniciativa da Fundação Nacional do Índio. Obrigada pela informação.

Titiah. Está ligado já. Não?

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Luiz Vieira Titiah: Presidente é o seguinte quando essas falas toda e eu

estava observando aqui e gostei da fala do parente aí e dizer que é um

servidor público que está na FUNAI e a preocupação é onde essa atividade

vai ser representada né? É na Colômbia. Então, eu acharia que esse

conteúdo que a Presidente falou que a FUNAI vai encaminhar, eu acho que

nós podia também para reforçar, como nós temos a organização da

juventude indígena, que esse material das preocupações que esse evento

traz, podia estar se trabalhando dentro dos debate e das discussões das

organizações da juventude indígena.

Porque lá também participa muito jovem e onde eles têm o tema de discutir

o futuro do jovem indígena né? Eu acho que esse é o ponto principal para

estar discutindo e avaliando essas questões. Outra coisa é o seguinte, é

preocupante. Eu mesmo tomei um choque quando foquei sabendo disso

agora né? Eu não estava por dentro disso não, mas é preocupante. Mas eu

acho assim, como o parente Ak´Jabor falou na questão que é isso é

divulgado nos município na questão do esporte, nós tendo conversa no

intervalo com o parente que está aí no Ministério do esporte onde ele tem a

iniciativa de fazer um Fórum para discutir a questão do esporte indígena, eu

acho que temo de estar aí participando o representante do movimento

indígena, discutir um pouco o futuro desses jovens indígena aí como

conduzir e como estar participando desses jogos.

Qual o futuro da participação dos povos indígena dentro desses jogos

indígenas. Então, era isso que eu queria relatar na reunião da CNPI. E

proponho Presidente, que esse encaminhamento não só o documento de

repúdio, mas escrever alguma coisa dizendo as preocupações que esse

evento de Miss Indígena, a preocupação que traz futuramente para dentro a

comunidade. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Titiah. Mais

alguém quer colocar alguma coisa. Então, encerramos nosso primeiro dia

de reunião e nos encontramos amanhã às nove. Boa noite para todo mundo.

________________________________________________________

Dia 09 de maio de 2014 – turno matutino

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Bom dia a todos e

todas... para iniciarmos acho muito importante estarmos com o pessoal da

saúde, aqui hoje. Porque os nossos companheiros da saúde têm uma

experiência muito grande que pode ser compartilhada e nos ajudar a pensar

a nossa Conferência. A gente, também, pensou algumas coisas, já pela

FUNAI, em função de alguns resultados que se tiram daquele grupo que

veio fazer a discussão da Conferência, e acho que poderíamos fechar entre

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nós uma proposta do modelo da Conferência. Eu não sei se a gente começa

ouvindo um pouco as propostas da saúde, para a gente compor a nossa

Comissão organizadora da Conferência. Eu acho que essas são as primeiras

providências que deveríamos tomar. Até para que a gente tenha a

convocatória da Conferência, que é um ato ministerial.

A gente fez uma sugestão para o Ministro da Justiça, para a convocação da

Conferência. Eu acho que era até importante que o Marcelo estivesse aqui

hoje. Mas poderíamos começar, eventualmente se ninguém tiver outra

proposta, ouvindo a saúde, para saber como é que foi essa etapa de

preparação interna, de montagem da Comissão organizadora, quantas

pessoas compunham, como é que foi organizado, para a gente poder

começar a nossa discussão a partir desse modelo que a saúde utilizou.

Acordo? Então Bianca, se você já quiser começar. Está bom. Então vamos

esperar o Dr. Antônio.

Dr. Antônio Alves: Bom dia. A Conferência de Saúde, ela segue um

modelo tradicional das Conferências nacionais. E a nossa de saúde indígena

foi chamada de Conferência Setorial ou Temática. Geralmente quem

convoca é o Governo, mas caso o Governo tenham algum problema em

convocar, o Conselho tem a prerrogativa regimental de fazer a convocação.

A Conferência tem uma Comissão organizadora. Como o nosso conselho é

paritário, ou seja, 50% são usuários do sistema e 50% são divididos em 25

trabalhadores e 25 gestores. A Comissão também tem essa característica

paritária. Nós tivemos uma Comissão de 24 membros. 12 eram

representantes dos usuários, no caso dos indígenas, e os outros 12 divididos

em 6 trabalhadores e 6 gestores. Em ambos tivemos trabalhadores

indígenas. Então 18 dos 24 membros, eram membros indígenas.

A Comissão tem Comissões Temáticas, tipo a Comissão de Comunicação,

Comissão de Infra-estrutura, Comissão de Relatoria, que são todas

aprovadas pelo CNS. Depois o Ministro através de uma portaria, publicada

essa Comissão organizadora. No nosso caso, o nosso presidente foi o

Ministro da Saúde, a vice-presidente foi a Socorro, como presidente do

CNS. E no caso da SESAI com a Coordenação-Geral, com toda a sua

composição. E as suas comissões e subcomissões que são definidas e

aprovadas pela Comissão organizadora. Isso se repetiu em cada distrito.

Cada DSEI teve a sua Comissão Organizadora aprovada no Pleno de cada

CONDISI. Essa Comissão também tinha que ser paritária na estrutura

distrital.

Nós fizemos algumas reuniões preparatórias. Por exemplo, quando

definidos todos os relatores distritais, nós chamamos em Brasília, e fizemos

um alinhamento orientando o trabalho de cada Comissão, tanto de relatoria

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quanto de comunicação. Tivemos os boletins da Conferência durante a sua

organização. E fizemos as chamadas Conferências Locais, Distrital e

Nacional. Foram três etapas, mesmo sendo uma Conferência única. Isso

dependia muito da estruturação de cada DSEI, de cada organização.

Participante não identificada fala fora do microfone.

Dr. Antônio Alves: Sim. O CONDISI definiu onde seriam as Conferências

locais. Se houvesse alguma aldeia com pouca gente e que podia aglomerar,

então, se faria a Conferência. Um conjunto de comunidades, não por aldeia,

e com o envolvimento dos conselhos locais de saúde indígena que são

organizados nacionalmente. Cada distrito fez o planejamento do discurso

da sua etapa, e foi descentralizado o recurso para a realização das etapas.

Foram 306 etapas locais e 34 distritais. Mais ou menos como no nosso

caso. Diferentemente de uma Conferência Multinacional, em que o estado

participa e financia, a nossa é só a união. Então eu acho que é isso. Tem

mais alguma... No nosso caso o Ministério tem uma empresa de eventos, de

onde aluga o espaço, que organiza a parte da logística, da alimentação. E

nós fizemos aqui no Centro de Convenções Internacional, que é um centro

que foi muito bom.

Bianca Moura: Boa tarde a todos e a todas. Só trazendo para cá a primeira

Conferência Nacional de Políticas Indigenista, pelo tempo que nós temos

hoje de estar discutindo e debatendo e fazer os encaminhamentos. Essa

convocatória que o Ministro faz, já fala do temário, do período e também

do orçamento das comissões da estrutura. Que são as comissões que o Dr.

Antônio falou. O Comitê Executivo é o que trabalha no dia a dia a parte

administrativa. Tecnicamente ele encaminha o que a comissão

organizadora decide. E já pensando na parte operacional, estava

conversando com os colegas, eu até trouxe uma proposta já de comissão, de

números. Essa de hoje teve 24 por conta da paridade. Tínhamos que

obedecer a uma paridade. Mas uma CO não pode ser grande. Ela tem que

ser uma comissão que tem a sua composição, a sua representatividade, mas

que ela seja resolutiva também. Não adianta a gente passar dois dias, um

dia reunindo e não decidir, não encaminhar, porque isso acaba atrasando os

trabalhos.

Então pensando nessa parte operacional, eu trouxe uma sugestão de número

de comissão. Obvio que o plenário pode mudar para mais ou para menos.

Essa sugestão é de 16 membros, sendo 8 segmentos do movimento e 8 do

segmento da bancada de governo. Dessa maneira cada região estaria

contemplada e os Ministérios que teriam ações mais direcionadas a política

indigenista, diretamente, também comporia. Isso não quer dizer que os

demais Ministérios que compõe a CNPI não possam participar. Isso

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aconteceu no nosso caso. Do segmento da gestão, eram apenas 6. Dos 6

tinha a FUNAI, a SESAI, os Ministérios que estavam diretamente

envolvidos com a causa indígena. E sempre outros Ministérios eram

convidados a participarem das reuniões da comissão organizadora, como

convidado, participando dos debates. Não estavam no rol dos 6, estavam

como convidados permanentes. A Secretaria-Geral estava como convidada

permanente. Então pensando na parte operacional, que seria no caso a

Secretaria-Geral, o MJ com duas vagas, o MS com uma vaga, o MEC com

uma vaga, o MMA com uma vaga, o MDS com uma vaga, o MDA. Então

essa seria a sugestão da bancada de governo. E os demais Ministérios,

MPOG, Defesa, Secretaria de Segurança Institucional, seriam convidados

permanentes da comissão, uma vez que nós estamos em Brasília. E da

bancada indígena seriam Norte e Nordeste com duas vagas, Sul e Sudeste

com uma, Centro-Oeste uma, CIMI e CTMI com uma vaga cada um.

Porque aí os indigenistas fariam parte da composição da comissão

organizadora. Porque eles também fazem parte da CNPI.

Então estamos sempre nos colocando à disposição para estarmos juntos

contribuindo nessa operacionalização.

Maria Augusta B. Assirati - Presidente da CNPI: Obrigada Dr. Antônio

e Bianca. Bom, está aberto então para a gente comentar.

Marcos Sabaru: É uma sugestão com relação a essa proposta que a Bianca

falou. Os distritos são 34. No caso da CR... Então só porque a gente precisa

aumentar. A FUNAI local é diferente em número. E tem outra questão. Nós

do Nordeste temos o Ceará, tem Nordeste I, II, Paulo Afonso, Alagoas. Se

a gente tivesse vaga para o CR, vamos dizer que fosse dessa forma, o caso

da SESAI, foi porque cada distrito tinha uma... Se a gente fizer por CR, nós

do Nordeste ficamos prejudicados. A gente tem só 4 administrações em

toda aquela terra. Então só temos que ver isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidente da CNPI: A Chiquinha se

inscreveu e eu já vou passar a palavra. Só fazer um comentário em relação

a isso que o Marcos colocou. Eu acho que dos 34 de 6, não foram todos

representados na comissão organizadora. Porque se tinham 6 gestores pela

CON.... Só que uma coisa interessante que eles colocaram, e que eu achei,

no nosso caso é claro, teria ampliado dos 34 para os 37, seguindo o nosso

modelo de organização regional. Somo 37 coordenações regionais. Mas

tinham as comissões organizadoras regionais também. De maneira que

cada uma pudesse contribuir na organização do seu processo. Então eu

acho que esse modelo é bastante interessante. Chiquinha.

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Francisca Navantino Pareci - CNPI: Bom, bom dia a todos e a todas.

Chiquinha Pareci, Mato Grosso. Eu acho muito interessante e bem

distribuído o modelo da saúde. Por exemplo, nós da Educação tivemos a

primeira experiência agora. Mas nós tivemos algumas falhas bem

acentuadas. No meu estado nós tivemos algumas situações de que não

houve... Como eu coloquei anteriormente, que eu acho muito importante,

para nós é fundamental as reuniões, as conferências locais, onde estão

concentradas as aldeias. As comunidades, as terras indígenas, é ali que tem

que se concentrar ao maior número de pessoas envolvidas. Há necessidade

de participantes indígenas efetivos. Nós tivemos casos que ficaram

totalmente a critério da comunidade. Tivemos casos em que conseguiram

resolver tudo, mas tivemos outros casos de locais que não conseguiram

fazer.

No caso da nossa FUNAI, ela tem 37 regionais esparramadas em todo o

território. Para concentrar o maior número de participantes da mobilização,

porque eu acho que de tudo isso, o mais importante é mobilização do

pessoal na ponta. A mobilização dos funcionários envolvidos na FUNAI.

Designar competências e responsabilidades. Atribuições de tarefas. Isso é

fundamental. Quanto mais pessoas envolvidas com essas responsabilidades,

com certeza vai ter êxito. Chegando aqui a nível nacional, não faz diferença

se vai ser muita gente ou não. Mas é o número que saiu da base. Isso que é

importante.

Outra coisa que eu tinha colocado, é que uma das propostas que estamos

encaminhando e discutindo, a importante que tem a capacitação e a

formação desse pessoal. Porque a coisa é você capacitar as pessoas para

fazer uma discussão de saúde, de educação e demais temáticas envolvendo

os indigenistas. Mas outra coisa é você envolver em uma questão muito

mais relevante e está em uma instância muito maior, que é o caso da

política indigenista, que tem dificuldade de entender esse processo. Era

isso. Obrigada.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Chiquinha.

Eu acho que o Lourenço já tinha se inscrito. Capitão, eu já vou inscrever o

senhor.

Lourenço Krikatí – Maranhão: Bom dia a todos. Sou Lourenço Krikatí,

Maranhão, Região Norte. Eu não quero corrigir o passado, mas eu queria se

contribuir um pouco do que o Dr. Antônio acabou de fazer, da Conferência.

Eu fiz parte um pouco da discussão, e também fiz parte, acompanhei não

todas as conferências locais, mas observei nas falhas, não por conta da

forma que veio, mas por conta quem estava lá dentro, houve muita falha a

participação dos indígenas. E também de alguns profissionais que fica

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dentro da comunidade. Isso só para lembrar, para que não venha a

acontecer como que aconteceu no local. Supondo agora a CTL. Quando

aconteceu a saúde foi nos pólos. Não foi a diferença. CTL e a coordenação,

que é o pólo, trabalham hoje vizinho e em alguns lugar trabalham junto. E a

outros lugares não trabalham junto. Então temos que desde agora pensar

nos profissionais que estão lá dentro. A minha preocupação é essa. Das

pessoas que tão lá dentro nas comunidades, na região, no território, por que

ainda temos servidores que não se conversam, não estão namorando para

amanhã casar e tentar ter um fruto melhor do melhor.

Também de agora, foi bom à fala da professora Chiquinha, precisa não só

realmente a capacitar a ação ou qualificação de a gente levar isso com mais

pé no chão, com mais conhecimento para tentar esclarecer isso para as

comunidades, tirar deles opiniões, sugestões, precisamos qualificar também

a base, que está lá na ponta, para estar ajudando também. Porque nem todos

aqui vai ter perna para estar acompanhando. E precisamos também pela

FUNAI, e pela própria Conferência Nacional, mas vai estar envolvendo a

saúde, vai estar envolvendo a educação, vai estar envolvendo a questão...

Isso chama-se não só...

Claro que a Conferência Nacional fez, mas nessa política de construção,

trazer a nível nacional, tem que em conjuntura, precisa de conjuntura de

profissionais na base estarem junto, com o mesmo direção de quererem

construir uma política nova, uma política para o governo brasileiro, e para

o mundo na verdade. Então precisamos ter esse cuidado com os

profissionais na base. Porque eu me senti muito assim na época, ruim sim.

Algumas vezes eu falei do Dr. Antonio, para mim a Conferência Local não

teve legitimidade. Para mim não teve. Até nós fizemos pelo Maranhão uma

nota repudiando, contra a Conferência Locais e não a regionais, mas sim

locais.

Então eu quero assim, da experiência que eu acompanhei como

representante dentro do CNPI, eu acompanhei, tentei alertar muitas

comunidades. Olha não é isso que vem acontecer, é diferente. Então eu

quero desde agora, nós temos que ter cuidado na participação. Quem está à

frente, quem não está ajudando. A comissão que está. Quem são as pessoas

que realmente vai ajudar a construir. Trazer idéia de base. Mas como a

professora Chiquinha falou, realmente tem que ter a coisa bem esclarecida

para as comunidades. Então era essa a minha participação para gente ter

desde agora pensar como é que a gente vai nos organizar. Porque para a

saúde foi muito bem mesmo, a distribuição foi pela participação de todos,

mas em alguns lugares não houve a participação por conta do,

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principalmente no Maranhão, teve um problema sério mesmo. Era isso que

eu queria relatar. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Lourenço. O

próximo inscrito é o Capitão.

Capitão Potiguara – Nordeste/Leste: Eu queria só me solidarizar com a

professora Chiquinha. Dizer que essa é uma oportunidade que os povos

indígenas vão ter para discutir um pouco a reestruturação da FUNAI. Eu

queria pegar o modelo da Conferência de Saúde. Como a terra indígena

potiguara fica em três cidades diferentes, nós fizemos seminários em cada

área para a gente discutir. E eu queria dizer a presidente que quando nós

discutimos o estatuto dos povos indígenas, nós tivemos uma facilidade para

discutir. Pegamos os seminários, distribuímos por região, porque para

discutir fica mais fácil debater em conjunto as lideranças, nossos anciões

participaram e deram a contribuição. Eu acho que é dessa forma justamente

que nós podemos avançar e fazer uma conferência de qualidade. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Capitão.

Próximo inscrito é o Chico Apurinã.

Chico Apurinã: Bom dia. Chico Apurinã, do Comitê Gestor do PNGATI,

representando a COIAB. Levando em consideração o que a Chiquinha

falou e o que o Dr. Antonio apresentou, e acompanhando um pouco da

Conferência de Saúde, eu acho que é um modelozinho legal o processo de

participação. Tanto é que na apresentação que a presidente apresentou para

nós na semana passada, foram 303 conferencias locais. A FUNAI poderá

dar mais por levar em consideração o que a Chiquinha falou. Talvez as

conferencias locais sejam as CTL também. Para ser as 37 regionais pela

coordenação regional da FUNAI. Era essa a minha contribuição.

Teresinha Maglia : Obrigada Chico Apurinã. A próxima inscrita é a

Simone.

Simone Karipuna: Simone Karipuna da região amazônica, estado do

Amapá e norte do Pará. Eu queria tentar pontuar algumas coisas colocadas

pela Chiquinha. Eu gostei da importância de ter uma capacitação pros

membros da CNPI, no sentido do empoderamento mesmo, da discussão da

CNPI. A gente entende como indígena, que o protagonismo da ação da

Conferência Nacional é dos povos indígenas. E agora eu vi na fala da

Chiquinha, a questão de fato, fortalecer as coordenações regionais com a

Conferência Nacional. Mas eu também gostaria de dizer que é um papel

nosso como lideranças indígenas, também fazer parte desse processo lá na

ponta. Eu acho que é interessante que a gente comece a internalizar, nós

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como liderança aqui, justamente a pensar como de que forma a gente vai

fazer para poder fazer com que as regionais consiga dar esse passo. E aí

como é que a gente faz? E eu já gostaria de provocar como vai começar a

levar essas informações para a base, para a ponta.

Eu acho que é bom a gente pensar nesse sentido. Porque o que acontece? A

FUNAI vai ser grande parceira nesse processo, como a SESAI, com outros

Ministérios que estão aqui. Mas o protagonismo é nosso. E a compreensão

tem que vir a 100% nosso. É uma sede dessa realização, dessa Conferência.

Quando a gente olha o modelo, e eu gostaria de parabenizar a forma como

foi conduzida a Conferência Nacional de Saúde Indígena, porque a gente

viu que houve uma participação muito grande, não só da SESAI, não só de

algumas instâncias do governo federal nessas conferências, mas também os

indígenas tiveram uma participação muito grande no todo envolvimento.

Eu participei desde a local até a nacional, e eu percebi que o

empoderamento sobre as discussões foi muito proveitosa pelas lideranças

indígenas nas suas regiões.

Como a gente vê esse resultado positivo de participação e garantia das

propostas para a estadual e também para a nacional, isso aí eu vejo como

um grande ganho, porque teve a questão da informação. Porque eu acho

importante a gente começar a trabalhar isso, viu Teresinha , presidente.

Essa questão de a gente ver, e o Grupo Executivo aí, para já colocar isso

como uma discussão. Mas também me preocupa muito é que a gente

começa a colocar o pé no chão e ver de que forma a gente tem que iniciar

esse processo. Hoje a gente vê que tá em discussão ainda. Mas a gente sabe

que tem um tramite que precisa ser seguido, e que a gente precisa pensar

agora daqui para frente, como vai colocar em prática isso. Ter um

roteirinho que a gente tem que seguir. Eu queria colocar isso com uma

contribuição. Reforçar mais uma vez a necessidade de uma capacitação

para nós, membros da CNPI, para que a gente possa empoderar.

Reforçando não só o que a Chiquinha disse, não só para a bancada

indígena, mas também tem os membros do governo, se sentirem

confortáveis em participar desse empoderamento da questão da política

indigenista. Isso seria muito interessante. Eu gostaria muito de poder

participar para poder ver o processo histórico até aqui. E eu sei que vai ser

um sofrimento também. Porque muitas das coisas acabaram ingerindo sem

poder fazer muito do nosso direito.

E gostaria de propor aqui que a gente já pudesse pensar nessa questão da

construção e do passo a passo para a gente constituir a conferência.

Obrigada.

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Teresinha Maglia: Obrigada Simone. Lindomar.

Lindomar Xokó - Sergipe: Bom dia. Lindomar Xokó - Sergipe. Eu

gostaria como fiz parte da comissão organizadora, como participei das

Conferências Distritais, é preocupante para nós, porque o processo da

saúde se deu com mais facilidade. Não foi fácil tirar todos aqueles pontos,

mas devido ao processo de quatro conferências, e fazendo esse trabalho, se

tornou-se mais fácil. Já existia uma linha a mais que... me preocupa sim a

forma com a gente vai abordar a comunidade, porque nós não vamos só

tratar da saúde, da política para os povos indígenas que vai abranger n e n

coisas. Temos que estar muito mais preparado, nós como liderança, como

participante dessa história, para que a gente possa ir até essa comunidade.

Isso vai levar tempo, compreensão dessas, muito mais perguntas do que

como foi na área, e isso vai trazer um enriquecimento muito grande para

nós e para a comunidade. Temos que ter essa preparação. Temos que ter

um tempo muito especial, tempo para que a gente possa fazer um produto

muito bom para essa conferência. Só era essa a minha participação.

Teresinha Maglia: Obrigada Lindomar. E o próximo é o Senhor Manuel.

Manuel Fernandes Moura: Bom dia. Manuel – Região Amazônica. Eu

queria colaborar a questão prática não em questão ideológica. É porque é

mais fácil a gente entender no trabalho. Na mesa, na discussão, todo mundo

faz. Mas na questão de prática e funcionamento, aí que para as coisas. Por

exemplo, eu tenho que capacitar os membros do CNPI. Está tudo certo. Eu

digo que tem que capacitar também os secretários que vão emitir as

passagens. Porque muitas vezes não chega as passagens lá na base. As

passagens que é emitida entro no sistema e as pessoas que emite a

passagem... a tua passagem já está no sistema, é só entrar lá e pegar. Não

tem login, não tem nada. Não tem mensagem, não tem mensagem. E a

pessoa não sabe nem buscar a origem de onde é. E a pessoas que está tem

uma incapacidade de buscar a origem dessa passagem para dar a

informação. Como se fosse um robô. A pessoa está na frente do

computador como se fosse um robô. Isso torna muito complicado para as

pessoas que estão lá fora. É essa questão que eu queria dizer.

Teresinha Maglia - Obrigada senhor Manuel. Vamos combinar uma coisa.

Mais uma pessoa fala e em seguida o Carlos Antônio e a Maria Augusta, e

depois nós abrimos as inscrições de novo. Pode ser? Então o último inscrito

dessa parte é o Anastácio.

Anastácio Peralta – Guarani-Kaiowá :Bom dia. Anastácio Peralta –

Guarani-Kaiowá . Eu vejo assim, a importância das conferencias, mas

também a importância das formações. As vezes a gente faz a conferência a

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nível de Brasil, fala de saúde indígena, mas o remédio é de branco. E

quando fala de Conferência Nacional de Política Indigenista, a gente tem

que mudar um pouco ou mudar totalmente buscando, talvez, dentro da

Constituição Federal para fortalecer direitos.

A gente já participou de conferências de educação indígena. Foi uma

experiência muito boa. Fala de educação indígena, mas na prática continua

educação colonizadora. Então a gente precisa desestruturar um pouco a

nossa forma de fazer conferência. Como é uma conferência intercultural,

com trabalhar isso? Aí eu acho a importância da formação. Como estudar,

como pensar. Porque às vezes é a mesma coisa que ter um professor

indígena dando aula, mas o material é de branco. Não é uma escola

indígena. A nossa preocupação é de fortalecer a CF, todo direito que a

gente já conquistou, e um pouco assim, descolonizar um pouco a própria

CNPI, como nós também. Descolonizando um pouco o governo também,

porque a nossa mentalidade está muita, eu vejo assim, uma mentalidade

ainda de fora. Não mentalidade da nossa própria terra brasileira. Então a

gente tem que mudar essa mentalidade. E como a gente é um patrimônio

da humanidade, principalmente do Brasil, tem que valorizar tudo isso,

desde a cultura, a língua, até chegar aqui na Conferência Nacional.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Anastácio.

Pessoal, eu acho que todo mundo que falou fez algumas considerações,

avaliou o modelo usado pela saúde e pela conferência. Então temos várias

convergências, que eu acho que já podemos ir transformando em proposta

para encaminhar. Pelo que estou entendendo aqui, todo mundo concordou

que é extremante importante a participação local, na base, na ponta. Porque

é isso que vai trazer sucesso do que vai acontecer nas regionais, que no

nosso caso serão 37. E vamos ter uma etapa nacional. Todo mundo

reforçou muito aqui o ponto que o Antônio Alves destacou. Que foi a

importância da formação das pessoas que vão estar na comissão

organizadora e que vão estar à frente desse processo em sua concepção e

sua implementação.

Nós tínhamos discutido tanto na CNPI quanto ao grupo executivo, que veio

discutir a conferência, a realização de um Seminário Nacional, um pouco

como o momento de disseminações de informações, de mobilização e tudo

o mais. Talvez a gente possa usar esse momento nacional anterior, que a

gente, não sei, poderia ser realizada até ainda esse ano, justamente

fortalecendo esse intuito e esse propósito da formação. Da formação das

pessoas que vão estar na comissão organizadora, do governo e da bancada

indigenista, para que isso possa ser devidamente, depois, transmitido,

enfim, replicado as comissões organizadoras regionais. Eu gostei muito

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dessa idéia da gente adotar o modelo que foi utilizado pela saúde, que é ter

também comissões organizadoras nas regionais. Em cada uma das 37

regionais, a gente montar uma comissão organizadora, porque fica mais

próximo das terras indígenas, da comunidade local, da gente conseguir

avaliar as melhores condições para se preparar, organizar as discussões

locais na ponta e acho que isso pode contribuir bastante.

Eu acho que a gente poderia trabalhar a nossa comissão organizadora da

primeira conferência, a partir da nossa representação aqui na CNPI. Nós

temos 12 membros de governo na nossa CNPI, mais 1 presidente, que é de

governo também, mas membros são 12. Temos 10 membros indígenas na

CNPI com voto, e 2 da bancada indigenista. Eu acho que a gente poderia

fazer paritária, a nossa comissão organizadora tem que ser paritária. Acho

que podemos ter 12 representantes de governo da própria CNPI, não sei, se

o governo assim entender melhor. 2 representantes da bancada indigenista.

É a primeira sugestão para a gente avaliar.

A segunda seria a gente já definir que as nossas etapas regionais serão 37 e

também poderão contar com as suas próprias comissões organizadoras

regionais. E acho que essas comissões organizadoras regionais que podem

nos ajudar que também tem que ser paritárias. As comissões regionais da

FUNAI, de 6 órgãos que estejam ali e de representantes locais. E elas é

quem vão poder nos dar uma melhor orientação de, por exemplo, quantas

etapas nós vamos ter ali naquela regional. Então como disse o Dr. Antonio.

Tem lugar onde eles não fizeram etapas locais em todas as aldeias, em

todas as terras indígenas ou equivalentes a todos os pólos base. Nós

também não precisamos ter 1 por CTL. Vai ter lugar onde a gente vai

conseguir agrupar, outros locais nós vamos ter que fazer separado, a

depender da realidade de cada local, da organização social indígena,

organização da própria FUNAI vai... vários fatores vão nos ajudar a definir

isso. Então eu acho que isso poderia vir de propostas da própria comissão

organizadora.

Outra coisa que a gente teria que definir seria o nosso tema central da

conferência. Os eixos, o subtemas, o que vai depois se desdobrar sobre o

tema central, não precisa estar no ato de convocação da conferência. E a

gente só teria que definir previamente, seria o tema central. Um tema mais

amplo que a gente quer abordar. Só para dar um exemplo para vocês de

como isso foi feito na saúde, o tema central da 5ª Conferência Nacional de

Saúde foi: Subsistema de Atenção à Saúde Indígena e o SUS. É um tema

bastante amplo. Eles ainda colocaram uma continuação no título do tema,

que é: Direito, acesso, diversidade, e atenção diferenciada. E depois desse

tema central, teve como subeixos temáticos: atenção integral e diferenciada

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nas três esferas de governo, controle social e gestão participativa, étnico

desenvolvimento, segurança alimentar e nutricional e saneamento e

edificação de saúdes indígenas. Eles dividiram em quatro eixos temáticos.

Poderiam ser 2, ser 3, ser 5, enfim. Isso quem definiu foi a própria

comissão organizadora.

Então pelo que a gente conversou na reunião do comitê executivo e na

última reunião da CNPI, me parece que aqui também existe um sentimento

favorável a gente discutir o tema na maior amplitude possível. Buscando

pensar na relação macro do estado brasileiro com os povos indígenas. Não

sei se no nosso tema central caberia colocar “Relação estado

brasileiro/povos indígenas após a Constituição de 1988”. Para ter um...

então eu acho que a gente fechando essas questões, a gente já sai daqui com

um acumulo de coisas bastante importantes para que a gente possa

executar. Eu to preocupada, porque já tem umas três reuniões em que a

gente vem debatendo e discutindo esse assunto que é super importante.

Mas eu fico um pouco preocupada de a gente perder tempo. Falei demais,

mas enfim. Chiquinha.

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Bom pessoal, de fato, é uma questão

mais complexa, como eu falei... Por isso que eu digo que é uma conferência

completamente diferente das demais. As demais, a gente sabe que já tem

definido o foco da temática. Saúde, todas as questões da saúde. Educação,

todas as questões da educação. Mas a política indigenista ultrapassa todos

esses temáticos. Porque ela é acima, e isso não foi feito. Eu me lembro de

que na constituinte, das discussões que a gente teve, essa questão foi

colocada. Porque uma coisa é as relações que nós tínhamos antes da CF,

SPI, aqueles tempos. De lá para cá, houve uma mudança, que foi a lei. E

uma das bases e é aí que vem o gargalho, e que eu vejo a grande

problemática, pudéssemos pensar de que forma vamos encaixar essa

discussão, é o Estatuto dos Povos Indígenas. Por quê? Por que na

constituinte... Eu estava lá, era mais jovem, tinha outros pensamentos,

sonhadora, uma vida melhor para o nosso povo. Acreditei na constituinte.

Fui até... Mas olha aí o que aconteceu. E ainda tô apostando, tô

acreditando.

Acredito ainda no diálogo com o governo, com a sociedade... E aí de lá

para cá, o ponto chave da questão e da constituinte também, foi essa

mudança do Estatuto do Índio. Porque naquele Estatuto nos tratavam de um

jeito. E com essa constituinte de 1988, era para ser feito de imediato, criar

um outro estatuto, que é o Estatuto dos Povos Indígenas. Porque a

constituinte diz: Povos indígenas. Sociedades indígenas. Um outro

reconhecimento. O estado reconheceu desse jeito. Então eu acho que é

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nesse foco que a gente vai ter que trabalhar. E eu ainda tenho esperança que

o Estatuto dos Povos Indígenas vai ser aprovado. Porque ele marca uma

nova referência dessas relações todas. E ela não aconteceu. Mas eu tenho

esperança, apesar de tudo. Então eu acho que é em cima disso que temos

que pensar.

Penso eu que a gente pode avançar em alguns aspectos de discussões mais

práticas, como o nosso parente falou. E essas questões serem discutidas no

âmbito dessas comissões para a gente ganhar tempo. Para facilitar um

entendimento mais uniforme para todo mundo. Era isso que eu queria

colocar. É dentro desse pensamento, mais ou menos, que eu compreendo

essa questão. Era isso. Obrigada.

Capitão Potiguara: Presidente, eu não estou me inscrevendo, mas eu só

quero pegar uma parte de Chiquinha. É lembrar que no estatuto nós

tivemos uma dificuldade muito grande com a palavra povo. Foi por essa

palavra povo que o governo não queria aceitar. Ele queria aceitar

sociedade, que nós fossemos tratados como sociedade, e nós insistimos o

tempo todo e colocamos povo. Foi uma das dificuldades que nós tivemos

no estatuto.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Chiquinha, obrigada Capitão.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: É só porque a

Chiquinha colocou uma coisa aqui, e me veio uma frase na cabeça, que me

parece para o tema central, reunir um pouco essas ideias que a Chiquinha

expressou. Eu acho que o que a gente vai tratar nessa conferência, então,

seria a consolidação do paradigma de 1988, na relação entre os estados

brasileiros e os povos indígenas. Porque eu digo isso? Nós estamos ainda

em processo de consolidação. De fato nem tudo o que a constituição coloca

para a relação entre o estado e os povos indígenas estão consolidados, está

acabado, está garantido. Então estamos no meio desse processo. Então eu

acho que a gente trataria na conferência com tema central, seria isso. O

processo de consolidação do paradigma de 1988 entre o estado e os povos

indígenas. É só uma idéia para a gente não perder.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

presidenta. Titiah.

Luiz Vieira Titiah: Bom dia. Luiz Titiah. Presidenta é o seguinte. Com

toda essa fala aí, eu queria só registrar o seguinte. Eu acho que muito

conteúdo para essa discussão, liderança na base tem. Todo dia na luta

enfrentando. Na questão da luta da terra, na questão da demanda, na

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questão das defesas dos direitos da sua comunidade. Eu acho que muitas

lideranças, muitos Caciques tá preparado a ter as idéias deles para essa

discussão. Agora eu acho que de imediato, tem de fechar um conteúdo,

principalmente, para ser mais grosso agora no momento, para nós já estar

começando a trabalhar na ponta, na base dizendo o que vai ser a

conferência, qual é o objetivo. E a outra coisa é que nessa comissão

organizadora da CNPI, eu acho que podia completar mais os coordenadores

executivos de cada organização em cada região. Porque eles têm as idéias

de outras conferências, que pode tá dentro da conferência da comissão,

ajudando a organizar também, dando idéia para somar junto. Eu acho que é

isso. A como presidenta da CNPI e da FUNAI, eu acho que uma coisa que

a gente tem que fortalecer é um trabalho na CR e na ponta. Preparar os

servidores para como trabalhar isso, respeitando, escutando as lideranças,

os representantes do movimento, para tá contribuindo. Eu achei uma

diferença na Saúde. Porque lá nos DCEI, teve a participação não só dos

funcionários, mas também a participação das lideranças que representavam

a saúde dando a sua opinião, a sua contribuição, acompanhando a discussão

até o fim na conferência nacional. Então isso é importante. Eu queria na

minha fala registrar isso aqui.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Titiah. Sabarú.

Marcos Sabarú – APOINME: Bom dia. Sabarú – APOINME. Em relação

ao que a Guta falou, já que a gente vai estar seguindo um modelo que não

precisa ser exatamente igual, mas parecido ao da saúde, aqui como tem o

Secretário, tem a Presidenta. Como tem os DSEI, tem as administrações-

CR’s. Porém, a gente sabe que o distrito, de certa forma, em algum estado,

isso mudando de região, é mais aparelhado. Porque tem os programas das

CTL’s ainda. Então tem que haver um comando muito forte daqui de cima,

para que essa coisa funcione lá. Há uma diferença muito grande entre os

servidores e a organização de base, há um desconhecimento todinho sobre

a temática que é tratada aqui. Na grande maioria, nem os representantes da

CNPI participam dos comitês lá nas suas regiões, porque não são se quer

chamados. Quando se fala em PNGATI é uma raridade, então com isso se

perde a oportunidade deles estar fazendo o repasse de informação e aquelas

pessoas estar absorvendo essa informação. Então tem que ter um comando

muito forte, para que de fato, o negócio não seja atropelado.

A outra coisa é que eu gostaria de ver o governo, por que até agora o

Antônio Alves falou de como aconteceu à conferência, a Bianca falou

nesse sentido. A vossa pessoa tá falando enquanto... A pessoa que tá

presidindo aqui... Assim, a gente não viu o governo... A menina que ajudou

a constituição, todo mundo empolgado, querendo, E a gente precisa saber.

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Porque é muito mais do que o momento de os indígenas estarem junto. É o

momento para o governo, para tentar aparar algumas arestas, tentar ver qual

o caminho mesmo. De fato os povos indígenas são o um problema para o

país ou é algo que pode construir junto? De fato, esse diálogo pode ser

argumentado? Há uma solução? Vamos buscar uma solução. Eu acho que é

o momento importante para o país. Os outros países ao redor têm o Brasil

como espelho. Então isso é uma coisa para se espelhar. Então eu acho que é

um momento importante para todos nós. Os índios tão afoitos. Nós tamo

percebendo nas fala. E a Guta falou que na última reunião tava todo mundo

alegre. Precisa ver o governo. E eu acho que muita das coisas que a gente

está conversando aqui, a comissão pode tratar. E acho que a proposta do

seminário deve sim, ser esse ano Guta. Porque a gente já começa a

desenhar esse esqueleto. Começa a dar prazo e tempo. Por que a SESAI

fez isso. Começou um ano antes. Por isso que deu certo. Então eu acho que

pode dar certo. Desculpe se eu me prolonguei.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Sabarú. Sandro.

Sandro Tuxá – Leste/Nordeste: Bom dia. Sandro – Tuxá pelo

Leste/Nordeste. Eu tava a pensar e estava conversando com o Luiz ontem,

apesar de tudo o que o Sabarú colocou, quanto à fala da Chiquinha e de

todos, eu acho que é importante que nós já possamos passar a cuia. É

importante pensarmos para uma próxima reunião, ver, porque as

expectativas estão dadas. Porque ela precisa ter aporto de outros órgãos e

outros Ministérios. E a gente está falando da coisa, e falando e falando, mas

a coisa para ir para a prática, precisa de orçamento. É preciso financeiro. O

que a Presidência da Republica vai estar fazendo, o que o MPOG vai estar

fazendo. Eu acho que é uma coisa que precisamos tratar. Eu fico temeroso

de a expectativa ser criada e alguém puxar o nosso tapete.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Só uma informação

para a gente também entender o que pode nos tranquilizar com relação a

isso. A Conferência tem que ser convocada por um ato normal, de um

representante do governo, que pode ser um Ministro, pode ser dois

Ministros em conjunta, e que pode ser até a própria Presidenta Dilma.

Quando é convocado, é porque está bancado pelo governo. Então a gente...

O que a gente precisa ter, independente do que a gente aqui se preocupar

com orçamento, eu tenho que preocupar porque é da minha pasta, da minha

atribuição, mas eu acho que vocês, enfim, os outros órgãos, o que tem que

se preocupar é em ter a portaria assinada, conferência convocada. A partir

daí, os recursos vão ser discutidos internamente dentro do governo, se vai

ter participação de mais de um órgão, se vai ser do Ministério, enfim. Eu

queria propor se a gente for passar para alguns outros pontos de pauta, a

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gente já tirar um pequeno grupo, para redigir a minuta de portaria, para ser

assinada para a convocação da conferência. E já tirar entre nós aqui, botar

isso no papel, para a gente aprovar até o final da reunião de hoje, o número

de pessoas da comissão organizadora, que também tem que ser chamado

por uma portaria de quem convoca a conferência, mas a gente já deixa

pronto. E até que essa portaria não saia convocando, essa comissão já pode

ir trabalhando.

Teresinha Gasparin Maglia: Nós temos mais um inscrito ainda. Tem o

Brasilio e em seguida o Coronel.

Brasílio Priprá – Santa Catarina: Bom dia a todas e todos. Brasílio –

Priprá – Santa Catarina. Eu acho que a presidenta falou muito bem. Quase

disse o que eu ia dizer. Quase no final do ano passado, o Ministro Gilberto

Carvalho, ele garantiu que recurso não seria problema. O problema era só

você montar, documentar... Então está gravado. Eu acho que não

precisamos nos preocupar muito com recurso, por que ele é o Ministro e

não ia falar o que não tinha. Acredito na palavra dele, é uma pessoa

responsável. Então eu acho que deve ser encaminhado tudo o que precisa

para uma grande conferência, que é de grande necessidade. É isso que eu

queria deixar, e a Chiquinha falou muito bem, o Sabarú também, parabéns.

Eu acho que disse tudo o que nós queríamos dizer. Obrigado.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigado Brasílio. Cel. Jean.

Coronel Jean J. Arantes Martins – Ministério da Defesa: Coronel Jean,

do Ministério da Defesa. Gostaria de apresentar uma proposta como

contribuição. O MD acompanha com muita atenção, os focos de tensão que

existem atualmente no Brasil. Como todos sabem, as Forças Armadas estão

sendo empregadas atualmente, em dois casos, na garantia da lei e da ordem.

Uma no Rio de Janeiro, no Complexo da Maré e outra no Sul da Bahia, na

questão indígena. Em todas elas, a questão atribuída ao MD, é garantir a

Lei e a Ordem, como o próprio nome é definido, mantendo a paz social.

De certa forma, o tema: a questão indígena, ele é acompanhado por uma

questão especial. Nós sabemos que a questão indígena envolve diversos

conflitos em praticamente todas as regiões do Brasil. E para citar um

exemplo, tivemos a ocorrência de duas mortes no RS, e no passado recente,

muitas outras. Por isso acho que a CNPI pode ser um instrumento para que

a gente reflita a respeito desses conflitos que envolvem a questão indígena

em todo o Brasil. Discutir esse tema é uma responsabilidade nossa, no

desenvolvimento desses trabalhos. O objetivo comum é que os direitos

sejam garantidos, as nossas leis sejam cumpridas, e a paz esteja presente

em todo o território. A solução do dialogo, no meu entendimento, é muito

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importante e cada um tem a sua parcela de responsabilidade nisso. Todos

nós que estamos aqui.

Nesse sentido, eu trago à reflexão de todos, a respeito da parcela de

responsabilidade que todos nós temos, na questão que envolve a questão

indígena e como podemos contribuir de maneira efetiva para eu os conflitos

sejam resolvidos sem crise. Eu acho que passa por um caminho obrigatório.

Uma solução baseada no dialogo, e um entendimento baseado nas soluções.

Porque é assim que se consegue um entendimento verdadeiro. Na prática.

O dialogo é apenas o primeiro passo. É isso.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Cel. Jean. Saulo.

Saulo Feitosa – CIMI: Eu tenho escutado ao longo das reuniões, as falas.

Cada vez mais eu fico motivado para a gente pensar essa conferência. E

justamente pelo desafio que ela coloca. Eu vejo que tem uma expectativa

grande por parte dos povos indígenas e dos próprios representantes

governamentais, e realmente nós não temos muita clareza sobre o ponto de

partida dessa conferência. Do ponto de vista organizacional, eu acho ótimo,

porque a gente já traz a experiência da SESAI com a realização da

Conferência em Saúde Indígena. Esse formato de organizacional é bom. Da

para a gente, de fato, aproveitar uma experiência bem sucedida, e estar

trabalhando na organização da Conferência Nacional da Política

Indigenista.

Já na introdução, Dr. Antonio deixou claro que a nossa conferência se dá

nos modelos das demais conferências. É diferente das políticas

indigenistas. E a gente faz uma conferência temática. E nós aqui temos dois

desafios. Um é que não temos como fugir das questões temáticas, com o

Cel. Jean colocou aqui, essa questão da política de segurança para os povos

e Territórios indígenas. Como é que a gente vai trabalhar isso? Tem como

fugir desse tema? Eu acredito que não. Como o próprio coronel colocou.

Nós temos que pensar a antecipação dos conflitos, a evitação dos conflitos.

Ninguém quer mais conflitos. Agora como essa política vai ser pensada? E

aí, demanda uma questão anterior que tem aparecido muito aqui. Inclusive

o Anastácio, insiste muito na questão da descolonização. Quer dizer, essa

conferência também, tem que ser um marco descolonial. Ela não só tem

que consolidar os direitos, eu concordo, que foram a segurados pela

Constituição Federal, ela tem que, ser o ponta pé inicial, pra gente começar

de fato a descolonizar essa realidade de Brasil, Porque, as vidas foram

colonizadas, nos temos que descolizar nossas vidas, as vidas dos povos

indígenas foram colonizada, como as nossas também. Então, nos chegamos

numa situação hoje, agente tem que repensar a relação de fato do Estado

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brasileiro e povos indígenas, mais pensar descolonialmente. Eu acho ótimo

que essas questões estejam aparecendo aqui.

Ontem durante a fala, o Cel. Rodrigo disse: olha, quando eu fico pensando

nessa conferência, eu fico pensando o seguinte. Quando vai discutir saúde,

tem que pensar na medicina tradicional. Quando ele traz essa questão, quer

dizer, você tem o Cel. que está preocupado com a segurança, mas trouxe

esse ponto. Eu acho que é um ponto importante. Quando a gente for pensar

segurança, temos que pensar também na segurança tradicional. Qual o

conceito que cada comunidade tem de segurança? Nós não sabemos. Nós

nunca perguntamos. Porque a gente propõe uma política de segurança, mas

a gente não constrói conjuntamente a segurança dos territórios e dos povos.

Com esses exemplos. Eu quero dizer o seguinte, na discussão do processo

dessa conferencia, pensar as questões conceituais, foi importante quando o

capitão disse, olha, nos tivemos que discutir o conceito de povos, não ouve

um entendimento, se éramos povos ou não éramos povos, depois a

constituição admitiu que são povos, mas não colocou lá palavra povos, teve

medo, era pluralismo é pluralismo cultural. Então, as culturas, os povos

tem culturas próprias, são nações diferente dentro de um mesmo Estado, o

Estado é único, mais há varias nacionalidades, esse exercício nos não

tivemos tempo para discutir na Assembléia Nacional Constituinte, agente

tinha que discutir tudo que tinha lá. Em função dessa conferencia, eu fui

lendo as propostas que tinha durante a constituinte, tinham propostas, que

eram apresentadas por parte do movimento indígena e indigenista, depois

eram deixadas e apresentava uma outra, porque se corria atrás do que era

mais urgente, em função do tempo, você tinha um período, tinha um prazo,

e se agente também discuti essa conferencia, com tempo, A gente vai ter

que dar tempo pra retomar essas discussões. Então, a gente de fato, eu

estou dizendo aqui, descolonizar a vida, e ai apareceu varias palavras aqui.

A Simone falou sobre protagonismo indígena, ela começa fazer uma

reflexão sobre o que ela entende por protagonismo indígena, essas questões

temos que concensuar, também. Quando a gente quer consolidar os direitos

da constituição, em que perspectiva? né, pode ser numa perspectiva

descolonial ou neocolonizadora, também, por que, se nos não temos

clareza, por que se formos fazer uma avaliar do próprio Estatuto dos Povos

Indígenas que nos trabalhamos na CNPI, se agente for analisar hoje, tem

muita coisa que a gente vai achar ruim, a gente repetiu muita coisa que não

deveriam repetir, por que nos também fomos atropelados, quando a

Chiquinha discuti o Estatuto, o próprio texto nosso, já estar ultrapassado,

tem coisa lá que a gente não concorda mais. Então, a minha fala é só pra

dizer o seguinte, acho que do ponto de vista operacional, ta bem

encaminhado, essa proposta que se traz da conferencia nacional de saúde,

do ponto de vista conceitual, não tem nada encaminhado, a gente não sabe

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por onde começar, agora no momento que a gente definir esse tema, eu

concordo com a proposta da Guta, desde que ela esteja pensando na

perspectiva descolonial, se não for, não vou concordar com ela, mais eu

acho que devemos definir o tema, depois aquele processo de formação que

varias pessoas falaram, eu acho de fato ele é importante, a gente poderia

Guta. Talvez, convidar, parentes de vocês, de outros paises, como

movimento indígena da Bolívia e do Equador, que fez um processo de

descolonização, que reefundou.. eles pra pensar a política Indigenista, eles

fizeram a refundação do estado, nos não estamos ousando tanto, inclusive

conseguiram que seus estados entendessem que eram necessários refazer a

constituição, pra que se pudesse fazer uma proposta de política indigenista

na perspectiva descolonial. A fala do César ontem, foi muito interessante,

eu não sabia, ele traz informações sobre decisões da Corte Pan-americana,

que já contempla essas realidades, ou seja, há um avanço, em termo de

consolidação dos direitos indigenista no continente dos paises vizinhos que

agente desconhece, e agente aqui, estamos se reportando a lei 6001, que é

horrível, né, mais ainda é a melhor que temos, pra nos, que é ela que estar

em vigência, Então, eu acho que de fato, nós vamos ter que construir um

novo paradigma na relação entre o estado brasileiro e os povos indígenas.

Vamos começar com a conferência. Acho que é bom. Incluindo tudo.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Saulo. Brasílio.

Brasílio Priprá – Santa Catarina: Eu acho que mais do que ninguém, a

comunidade indígena está preocupada com isso que acontece. Tanto é que

a gente se preocupou que hoje o povo brasileiro está com 5% das suas terra.

Veio se encolhendo, encolhendo, para não acontecer isso, Coronel. Mas

mesmo assim vem acontecendo isso. Eu sou do Sul. Infelizmente nós

tivemos aquele problema no RS. Mas tenho certa certeza de que se o

governo brasileiro tivesse uma política de demarcação de terra, não

precisaria morrer nem índio e nem não índio. Porque esse Brasil é grande.

Da para todo mundo morar. Agora o que não pode nesse país, os

verdadeiros donos dessa terra, ficar com menos e a pior terra. Todo mundo

sabe no RS, quem conhece Santa Catarina, todo mundo conhece, que as

piores terras tão com os povos indígenas. O qual era dono dessa terra. São

brasileiros. Agora o que o governo brasileiro precisa é ter uma capacidade

de fazer essa política para povos indígenas. Não uma política para

franceses, ingleses, americanos, tailandeses, não. Nós somos brasileiros.

Povos indígenas são diferentes, ele tem um modo de tratar a terra... Na

verdade nós fizemos tudo o que o governo pensa em fazer, nós já fazíamos

a milhares de anos. Sabemos cuidar do meio ambiente, cuidamos da água,

da arvore, dos peixes. Nunca jogou veneno dentro do rio, mas hoje se joga.

Não é índio que faz. E que os nossos netos, seus netos, os netos do povo

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brasileiro vai beber essa água. O que nós precisamos é de uma política de

governo.

Não tem formação quase nenhuma os povos indígenas. Mas temos a

inteligência que Deus nos dá. Aquela que nasce junto. A compreensão, o

respeito, o carinho, a dedicação, é isso que nós temos. A ligação que nós

temos não é com o papel, a ligação que nós temos é Deus, o eterno criador.

Muito obrigado.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Brasílio. O Dr. Antônio pediu a

palavra, antes de passar para o Capitão.

Capitão Potiguara - Nordeste/Leste: Obrigada Dr. Antônio. Capitão

Potiguara – Nordeste/Leste. Eu queria pegar a fala do Saulo, com relação a

convidar parentes e vizinhos de outros países, porque em 2001 nós

realizamos aqui na em Brasília, o primeiro Seminário de Parlamentares

Indígena, e eu era Vereador no período, e foi um sucesso quando nós

trouxemos parentes nosso, vizinhos de outros países, parlamentares, para

justamente nos dá suporte e nos orientar na política partidária. Nós não

tínhamos aquele conhecimento. Isso é muito valido quando o Saulo chama

a atenção. Muito obrigado.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigado Capitão. Dr. Antônio.

Dr. Antônio Alves: Na nossa área setorial de saúde, isso está definido

inclusive na legislação, a conferência ela não aprova política. Aprova

diretrizes que vão depois servir para a construção das políticas. Eu imagino

que tenhamos também que aprovar numa conferência, diretrizes que ou

reafirmarão algumas políticas que já estão aí, como é o caso da saúde e

educação. E apontarão outras que ainda estão sendo construídas e deverão

ser de acordo com o que ficar definido nessa conferência. Essa é a minha

compreensão.

Os povos indígenas, embora vivam na sua grande maioria, em terra da

União, mas essas terras estão nos estados e municípios. Então não dá para

discutir política indigenista isolada da Organização Federativa Nacional.

Não dá. E nós temos este ano mais um período importante na vida política

nacional. É um ano eleitoral. Onde se definirão os dirigentes, tanto do

âmbito federal, quanto nos âmbitos estaduais. Eu acho que talvez pudesse

ser um exercício interessante para a comissão que vai organizar essa

conferência, tentar fazer um debate em cada unidade da federação com as

pessoas que estão disputando lá na ponta, que querem ser governadores. E

saber qual é o compromisso desses candidatos com a política indigenista no

seu estado. Acho que a comissão poderia ter como exercício nesse período,

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agora até outubro, estar fazendo isso com exercício importante. E ver quem

assume o compromisso de apoiar uma política que depois vai ser

implementada, naquela unidade da federação em que ele é dirigente.

E aí só para o Saulo ficar um pouco feliz também, a gente definiu que toda

a nossa construção de posto de saúde em aldeia, nós vamos vincular à

construção de um espaço, que eu não posso chamar de consultório, mas um

espaço para desenvolver as medicinas naturais. Se o Pajé quiser usar aquele

espaço, ele vai ter oportunidade, a parteira, quer dizer, alguém da

comunidade que pratica essas práticas culturais. A gente garante isso, que é

uma forma de a gente cumprir uma determinação da conferência, que é a

integração da nossa medicina natural com as medicinas ocidentais.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Dr. Antônio. Capitão.

Capitão Potiguara - Nordeste/Leste: Dr. Antônio, queria pegar essa sua

fala, e pedir o que eu já discuti a tempo nessa área, porque a SESAI já

construiu tantos postos, em cada aldeia nós temos um posto, mas tudo

fechado. Não sei por quê. E nós temos três prefeituras, e no lugar de usar

esse espaço para a gente utilizar em bem da comunidade, e fazer uma

parceria com a prefeitura, mas tudo fechado. De 15 em 15 dias que vai um

médico. Esse modelo que o senhor está construindo não sei se vai servi.

Porque o nosso que tá lá não tá servindo não. Tá fechado e de 15 em 15

dias um médico.

Teresinha Gasparin Maglia: Bom, não temos mais nenhum inscrito. Eu

fiquei com uma dúvida Dr. Antônio. Vê se o senhor consegue me

responder. Na conferência da saúde, participaram membros do CNS, não é?

Assim como participariam os membros da CNPI.

Dr. Antônio Alves: O controle nacional social é representado pelo CNS.

Na área indígena tem o fórum de presidentes, que é um fórum consultivo,

não é deliberativo, porque o nacional só tem o nacional. Os distritais que

são deliberativos. Quem comandou a conferência junto com o Ministério

foi o CNS. E o fórum teve assento na comissão organizadora da

conferência. Então no caso aqui, a figura correspondente a CNPI seria o

Conselho Nacional de Política Indigenista. Nós seriamos o semelhante.

Aqui não tem a organização que nós temos na saúde, porque os conselhos

indígenas de políticas setoriais como tem na saúde. E não sei como a gente

organiza...

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Em alguns estados tem essa forma

de organizada de colegiados. Por exemplo, na Bahia tem o Fórum Estadual

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de Educação. No Mato Grosso tem o Conselho de Educação e Escolar

Indígena. E assim por diante. Em Manaus tem, no Rio Grande do Sul.

Teresinha Gasparin Maglia: Eu acho que o conselho estadual de povos

indígenas são poucos que tem. Acho que é São Paulo, Bahia, Rio Grande

do Sul, acho que são esses que tem. Seriam 10 representantes indígenas a

participar da comissão organizadora. A comissão de vocês tinha suplente?

Porque aí ficariam 10 titulares e 10 suplentes. Isso engloba os 20 titulares

da CNPI.

Lindomar Xokó: Aproveitando Teresinha , dentro da própria organização,

ainda tinham as subcomissões que era tiradas da comissão maior.

Teresinha Gasparin Maglia: Sim. É aí que eu iria chegar. São 10

titulares e 10 suplentes. Os suplentes do pessoal da CNPI, poderiam se

integrar nas comissões.

Dr. Antônio Alves: Teresinha , o conselheiro nacional não é membro da

mesa organizadora. O conselho indicava os membros da comissão, mas

nem todos eram conselheiros.

Teresinha Gasparin Maglia: Vamos nos tentar agora em ir fechando as

ideias.

Marcos Sabarú – APOINME fala sem microfone.

Teresinha Gasparin Maglia: Obrigada Sabarú. Pois não Anastácio.

Anastácio Peralta – Guarani Kaiowá: Eu vejo isso assim, vamos

começar já a descolonização. Eu acho que tem que envolver... Na nossa

região tem o Atiguaçú. Eu acho que tem que envolver o Atiguaçú, porque

ele agrega todos os Movimentos de Professor, Movimento de Mulher,

Movimento de Jovem. Tem os Conselho do Terena. A FUNAI, as regionais

podem dar apoio para isso. Eu vejo assim. Como a gente não tem

organização escrito, mas tem a própria da comunidade. Talvez envolver

essas organização, Atyguaçú, Conselho, Movimento de Professores,

Movimento de Mulher, Movimento de Jovem.

Rosa da Silva Sousa – Pitaguary:Rosa Pitaguary – Nordeste/Leste com

abrangência APOINME. Vendo e-mails de organização, assim, falando

pelo nordeste, a gente tem uma organização da APOINME e que tem

representante dos seus povos de base, e que depois vai ter mais ou menos

esse tipo de organização. Saindo desde o povo local até chegar no

Coordenador da micro região. Eu acho que a gente poderia trabalhar com

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as organizações dessa forma. Também para que a gente pudesse estar

encaminhando. E eu acho que talvez as outras organizações pudessem

trabalhar dessa mesma forma não for, eu acho que a diferença pouca, mas

dá para a gente.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Titiah.

Luiz Vieira Titiah: Para ajudar, eu tenho algumas discussões aqui que vão

sair lá na ponta. Eu acho que era logo sair daqui fechada uma data, onde a

comissão está para organizar os encaminhamentos da conferência. Agora

assim, eu acho que até marcar essa data e votar essa reunião, eu acho que

dentro da FUNAI tem pessoas compromissadas para está consultando a

CR, consultando as organizações. Porque se jogar um compromisso desse

para a APOINME, ela pode criar uma comissão que participa a saúde,

educação... Porque tudo tá na organização interna de cada povo. E cria a

comissão que fica no lugar do que Sabarú falou. No lugar da Conselho

Distrital e Local.

O que eu estou vendo aí, é que tem que ter cuidado para o compromisso

não ficar muito amarrado só dentro da CNPI, e depois alguma coisa lá na

frente não funciona e eles vem cobrar da gente.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Titiah.

Antônio.

Dr. Antônio Alves: Olha, só uma proposta para encaminhar. A CNPI tem

10 representantes indígenas, 2 indigenistas e 12 de governo. Dá uma

comissão de 24 membros. Tem alguma organização indígena que não tem

assento na CNPI, e que ela estrategicamente seria importante em uma

comissão organizadora? Se tiver, a gente pode fazer uma comissão, não

com 24, mas com 26 digamos. São 12 de governo, e aí cada membro de

governo vai indicar quem é seu representante na comissão organizadora.

Não será o Antonio, por exemplo, que está aqui. Mas o Ministério pode

indicar outro nome, assim como cada um de nós aqui. Da mesma forma,

não é necessariamente alguém que é da CNPI, que tem que ser participante

da comissão organizadora. E não podemos demorar muito, porque já estão

definindo a Lei Orçamentária do ano que vem.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Tinha sido

encaminhado gente, pelo grupo executivo, fazer outra reunião do grupo,

para encaminhar as tarefas pendentes que é elaboração de documento,

propostas... Estas tarefas aqui, já são atribuições da própria comissão

organizadora. Então eu acho que ao invés de fazermos uma nova reunião

do grupo, se conseguimos amadurecer com as indicações, fazer uma

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próxima reunião com os membros da comissão organizadora. Para já

começar a trabalhar nas tarefas e atribuições que a gente tem que avançar,

tem que superar para poder realizar a conferência. Como o Dr. Antônio

falou, é fundamental que a gente consiga garantir a inserção desse recurso

no orçamento de 2015. Para a gente conseguir colocar temos que ter um

parâmetro mínimo do que a gente quer fazer. Acho que a discussão de hoje

já deixou bastante apontado qual o caminho que vamos seguir na

conferência.

Eu gosto dessa proposta de encaminhamento que o Dr. Antônio faz, que é a

de a gente usar esse número de vagas que temos na CNPI, para que cada

um indique os seus representantes. Teríamos 10 vagas para os indígenas, 2

vagas para as organizações indigenistas que compõe a bancada da CNPI, e

12 vagas de governo. E os nomes seriam indicados por cada representante.

Podemos encaminhar dessa forma? Ou querem pensar mais um pouco e a

gente deixa para de tarde isso? Vamos pensar na hora do almoço e a gente

tenta encaminhar à tarde.

Sandro Tuxá - APOINME:Com relação à representação, eu acho que esse

encaminhamento tá dado. Como eu falei anteriormente. Da um tempo,

talvez até o final da reunião, para os indígenas poderem... O governo se

quisesse precisar de mais tempo, por que a Lúcia me falou que , inclusive,

através do grupo que já trabalhou, já tem até uma data para uma reunião de

a comissão poder estar assentando. Então era um tempo necessário para

que todos possam fazer suas consultas, seus ajustes, mas eu acho que de

outra forma a comissão de representação organizar, para mim isso está

claro. É o ideal, é perto do ideal. Agora cabe às representações indígenas e

os demais decidirem se até o final da tarde pode entregar hoje ou não.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Eu acho que tem

coisas que a gente não precisa definir hoje aqui. O que eu acho que gente

precisa definir é número de vagas na comissão organizadora, quantos

membros de cada bancada, os nomes, essa representação vai ter um tempo

para que se indique, para que todas as representações sejam indicadas.

Nesse período a gente teria ou um decreto da presidenta da republica, ou

uma portaria do Ministro convocando a conferência. E convocada, se a

gente já tiver os nomes, no dia seguinte ou no mesmo dia já pode sair uma

portaria indicando os nomes da comissão organizadora de

institucionalidade das representações indicadas.

O que eu acho que a gente tem que definir hoje? O texto da portaria com a

temática mais ampla possível, que vai ser o centro da discussão da nossa

conferência. E aí contemplando essa preocupação do Saulo, que eu achei

válida. E o número de representantes da comissão organizadora. Isso é o

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que a gente tem que definir na reunião de hoje. Estamos de acordo?

Faremos então esse... Assim, o Dr. Antônio está chamando a atenção para o

fato de que seriam 12 titulares e 12 suplentes. Com certeza, cada titular tem

um suplente. A comissão organizadora se for 12/12, vai ter 12 titulares e 12

suplentes. Então pessoal, mais alguma colocação e vamos almoçar e

marcamos as 14h00 para começar às 14h30min, impreterivelmente. Bom

almoço para todos e até de tarde.

Dia 09 de maio de 2014 – turno vespertino

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Boa tarde a todas

e todos. Nossa Presidenta está, no momento, em reunião com o Senhor

Ministro e elaborando a minuta de Decreto sobre a Conferencia Nacional

de Política Indigenista e pediu que nós continuemos nossa pauta nesta

tarde. Vou pedir a todos que tomem seus assentos para a gente já iniciar.

Primeiramente agora a apresentação pelo MEC, a Secretária Macaé já se

encontra aqui e vou pedir que ela, por favor se dirija aqui à mesa. O Tema

será o Plano de Trabalho referente à Educação Escolar Indígena. Então, a

Macaé vai apresentar pelo MEC e o pessoal depois pode tecer suas

considerações. Macaé tenha a bondade. Então, logo a Presidente conclua a

minuta ela estará conosco coordenando os trabalhos. Antes de a Macaé

iniciar eu vou pedir que todos nós sejamos bem objetivos hoje á tarde e,

virtude que a Presidente tem hoje á noite uma viagem para alagoas e ela vai

precisar sair em torno de cinco horas. Então, que nessa tarde a gente seja

bem objetivo nos nossos trabalhos para que a gente consiga concluir os

trabalhos até lá. Macaé, a palavra está contigo.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: Boa tarde a todos e a todas. É

um prazer sempre poder estar participando aqui com vocês das reuniões e

dessa agenda da CNPI. E o que eu queria aqui hoje apresentar para vocês é

um pouco na verdade um diagnóstico, uma avaliação das ações que

estamos desenvolvendo no MEC para a educação escolar indígena. Hoje no

MEC a educação escolar indígena é competência da Coordenação Nacional

de Política de Educação Escolar Indígena. A Coordenadora é a professora

Rita Potiguara e essa coordenação está dentro da SECADI, que é a

Secretaria de Educação Continuada e Alfabetização Diversidade e Inclusão

do MEC. É uma secretaria voltada para a valorização das diferenças e da

diversidade e que tem um objetivo bastante importante, que é trabalhar para

que a gente possa enfrentar os indicadores de desigualdade educacional

âmbito da educação.

Portanto, a SECADI trabalha com políticas voltadas para diferentes

coletivos, populações indígenas, quilombolas, povos tradicionais, com a

educação do campo. Um foco importante na educação de jovens e adultos e

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na juventude e, população cigana no Brasil. Então, temos uma agenda

grande em relação à educação básica, principalmente na construção de

políticas que possam contribuir para a redução de desigualdades. Eu queria

só passar mais um dado geral que eu acho importante para todos terem

ciência. Esse é um dado do censo de 2012, mas em 2012 tínhamos mais de

50 milhões de crianças e adolescentes e jovens matriculados desde a

educação infantil até o ensino médio e, dessas 50 milhões de crianças e

jovens, 6 milhões eram população nas escolas do campo, 149.336 em

escolas quilombola e, 234.869 matriculas na educação escolar indígena.

Na educação superior tínhamos em 2012 mais de 7 milhões de matrículas,

mas eu trago aí um dado comparativo só para vocês verem. Se a gente em

2012 comparasse o acesso da população à educação superior, esse acesso

entre aquelas pessoas que se declaram brancas em 2012, 27.4% tinham

acesso, tinham concluído ou estavam cursando a educação superior. E

quando a gente compara com a população negra 11.3% tinham acesso ou

estavam cursando a educação superior. E quando a gente pensa no acesso,

no ingresso das populações indígenas à educação superior, um dado muito

forte que se apresenta é que boa parte da matrícula na educação superior de

estudantes indígenas, pelo menos até 2012, ela se dava basicamente pelo

ingresso nos cursos de licenciatura interculturais. Eram os cursos

específicos desenvolvidos no âmbito do MEC para a formação de

professores indígenas.

Em 2012 nós tínhamos 3050 escolas indígenas e 16403 professores atuando

nessas escolas. Eu coloco a seguir alguns desafios para a educação escolar

indígena. O desafio de ampliar o atendimento escolar, contemplando as

especificidades socioculturais das populações indígenas, as pedagogias

próprias, a valorização e o uso das línguas indígenas e a sustentabilidade

socioambiental. Desafio este conhecido de todos vocês e já garantidos do

ponto de vista da legislação educacional, não só na Constituição, mas na

Lei de Diretrizes e Base e, depois nas normativas do Conselho Nacional de

Educação para a educação escolar indígena. Expandir a oferta de formação

inicial e continuada de professores e ampliar o acesso a materiais didáticos

específicos, ampliar o tempo dos estudantes em atividades educativas e,

prestar assistência técnica e financeira para o fortalecimento da educação

escolar bilíngue.

No âmbito do ministério hoje desenvolvemos para a educação escolar

indígena o Programa Nacional do Fortalecimento dos Territórios

Etnoeducacionais. O Prolind, que é um Programa de Apoio à Formação

Superior de Professores Indígenas e que provavelmente é o mais conhecido

das comunidades. A formação continuada de professores indígenas, uma

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ação bastante importante que estamos desenvolvendo para o fortalecimento

do ensino da língua indígena como primeira língua nas nossas escolas, que

é a Ação Saberes Indígenas na Escola. Por meio do programa caminho da

Escola a distribuição de ônibus. Na verdade, assistência financeira para

aquisição de ônibus para as escolas indígenas. A reforma e construção de

escolas e, a construção de materiais didáticos para a educação escolar

indígena, pensando sempre no nosso foco de ampliação de escolaridade.

A organização da educação escolar indígena temos trabalhado e é uma

diretriz da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena rumo à

construção do sistema à constituição de territórios etnoeducacionais como

uma maneira de gestão da educação escolar indígena. Hoje, dos territórios

etnoeducacionais nós temos 23 territórios etnoeducacionais pactuados e a

gente gostaria de chegar em 2016 com 44 territórios pactuados. Vamos

ainda nesse mês de maio fazer a pactuação do território indígena Potiron lá

no Ceará. Já está marcado para 22 de maio. Então, a gente vai ter a

pactuação de mais um território. No ano de 2013, 41 secretarias municipais

de educação solicitaram recursos, apoio financeiro por meio do PAR, que é

a nossa ferramenta de assistência financeira a estados e municípios para as

reuniões das comissões gestoras dos TEs e, esses recursos foram solicitados

para financiar 18 reuniões no valor de R$ 1.857.000,00.

Eu quero falar um pouco da questão da educação superior, que eu acho que

é uma questão bastante importante para a gente tratar aqui. Considerando

que na educação superior basicamente tínhamos bolsistas das licenciaturas

e algumas experiências de algumas universidades para garantir o acesso por

meio de vagas suplementares a diferentes cursos de educação superior.Em

2012 tivemos a aprovação da Lei de Cotas. Vou passar mais rápido porque

acho que aqui todo mundo já conhece bem a dinâmica da lei de Cotas que

prevê um percentual de vagas em todas as nossas instituições federais de

educação superior. Mas além da Lei de Cotas, nós tínhamos a seguinte

preocupação: que não adiantava só garantir acesso por meio da Lei e Cotas,

mas que era importante desenvolver algum mecanismo para a permanência

dos estudantes. Desenvolvemos então o Bolsa Permanência.

O Bolsa Permanência é uma bolsa para os estudantes cotistas das nossas

instituições, estudantes cotistas que entram por meio de vagas, estudantes

oriundos de escolas públicas, estudantes negros, indígenas, que residem em

sua maioria em áreas urbanas, eles têm direito a uma bolsa permanência no

valor de R$ 450,00. E o estudante indígena, o estudante quilombola nós

conseguimos no momento da publicação da Bolsa Permanência, na

instituição do programa, já no primeiro momento efetivar que a bolsa para

o estudante indígena fosse uma bolsa de R$ 900,00. Qual é a situação

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atual? A situação de março de 2014? Nós temos, a Bolsa Permanência foi

implementada a partir do primeiro semestre do ano passado, de 2013 e, nós

chegamos em março de 2014 a mil e setecentos indígenas hoje já atendidos

pelo Programa de Bolsa Permanência. O que tem significado, o que foi

pago até o mês de março? R$ 1.530.000,00 em Bolsas.

O cadastramento desses estudantes tem sido um desafio bastante grande.

Algumas pessoas que fazem parte da CNPI, lideranças indígenas já

estiveram conosco no MEC. Isso tem demandado da gente uma grande

articulação e, uma agenda de trabalho mais próxima das instituições de

educação superior, porque apesar e ser um decreto do Ministro da

Educação e ser uma legislação que tem uma conformação e, de certa forma

uma padronização em sua execução nacional, nós ainda enfrentamos

dificuldades no momento da implementação, muitas vezes por uma

incompreensão de gestores locais. Então, esse trabalho de articulação entre

lideranças indígenas, MEC e as instituições federais de educação superior é

bastante importante. E nós temos na nossa coordenação na medida do

possível, acompanhado e feito uma discussão permanente com os reitores

dessas universidades para que a gente possa de fato garantir que a Bolsa

Permanência se efetive para aqueles estudantes indígenas, que hoje estão

matriculados dentro das nossas universidades.

Nós sabemos que temos um número maior de estudantes indígenas

matriculados, mas até então no Bolsa Permanência temos 1700, mas

precisamos trabalhar para que todo mundo tenha acesso, já que é um direito

estabelecido e a Bolsa pode concorrer bastante para que de fato esse

estudante possa se inserir na educação superior e, conseguir ter uma

trajetória bem sucedida dentro da educação superior. Eu queria ainda

destacar e eu trouxe ali e é bem bacana esse cartaz ali, que é o cartaz do

Encontro Nacional de Estudantes Indígenas, que eu acho que na educação

superior esse é um movimento muito bacana. E eu sei que a Organização

dos Estudantes já está aí na luta para construir o Encontro nacional dos

Estudantes Indígenas em 2014 e, nós somos parceiros dessa agenda.

Achamos que é muito importante que os estudantes indígenas se organizem

dentro das nossas instituições, porque apesar de termos avançado com a

instituição da Lei de Cotas com a Bolsa Permanência muito ainda tem que

ser feito para que de fato a gente consiga transformar a nossa universidade

para que ela possa desenvolver de fato uma educação intercultural e, que

dialogue com as populações indígenas.

Eu quero ainda um segundo programa que nós estamos trabalhando para a

educação superior. É o Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias

do Nascimento. Esse programa foi lançado em novembro do ano passado e

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nesse mês de maio nós vamos publicar os primeiros editais desse programa.

Qual é o objetivo do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias do

Nascimento? É que nós estamos preocupados não só com o acesso do

estudante a educação superior, a graduação, mas com o acesso dele após-

graduação. Aos cursos de mestrado e Doutorado. Porque? Porque queremos

também contar com professores indígenas na educação superior. E para que

a gente possa ter professores indígenas na educação superior dentro dos

quadros das nossas universidades desenvolvendo pesquisas, é importante

que esses estudantes, aqueles que querem, que possam também acessar a

pós-graduação, mestrado e Doutorado.

O Abdias do Nascimento inicialmente vai trabalhar com três editais

especificamente. Um edital que ele é um edital que garante às instituições

de educação superior, tanto as instituições federais como as estaduais,

mesmo as municipais ou comunitárias que atuem com estudantes

indígenas. Podem apresentar projetos de extensão para a oferta de cursos

que preparem os estudantes indígenas que estão na graduação para fazer a

seleção para cursos de mestrado e doutorado. Então, esse é um dos editais

que estamos trabalhando do Abdias do nascimento com a SESU, que é a

Secretaria de Educação Superior. Um segundo edital está voltado ao

financiamento de bolsas de graduação sanduíche e Doutorado sanduíche

para estudantes, eu estou falando bem aqui estudantes indígenas, mas só

para contextualizar, o Programa Abdias do Nascimento tem o foco em

estudantes negros, pretos e pardos, estudantes indígenas e estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, ou altas habilidades,

superdotação.

Na verdade, é um edital que trabalha com aquelas populações que temos

trabalhado no âmbito da SECADI para acesso ao mestrado e ao Doutorado.

Então, um edital é de bolsa sanduíche. A ideia que estamos desenvolvendo

e tem uma preocupação muito grande, principalmente quando a gente pensa

a questão dos estudantes indígenas, é que esse não é um projeto de

candidatura individual. Não é o estudante sozinho que se candidata a uma

bolsa de mestrado ou uma bolsa de Doutorado para uma instituição no

exterior. O que o programa vai fazer é financiar projetos de pesquisa que

associe uma universidade brasileira com uma universidade fora do país. E

temos no caso dos estudantes indígenas um grande interesse nas parcerias

de universidades brasileiras com universidades interculturais indígenas de

outros países da América Latina e, dentro do universo desse projeto de

pesquisa, nós poderemos ter com a graduação sanduíche. Ou seja, o

estudante indígena que hoje está na universidade pode fazer uma parte do

seu curso superior em outro país nessa universidade que for parceira da

universidade dele, ou um Doutorado sanduíche. Também ele pode ir para

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outro país para fazer um doutorado sanduíche. Ou seja, uma parte do seu

curso de Doutorado ou uma parte do seu curso de graduação.

E um terceiro edital dentro do programa Abdias do Nascimento é um edital

para garantir missões de estudo para professores. Professores da educação

básica. Então, professores indígenas que atuam nas escolas indígenas da

educação básica que poderão fazer missões de estudos em outros países em

projetos articulados para formação de professores, provavelmente que

vincule uma universidade brasileira e uma universidade intercultural

indígena, por exemplo, fora do país. Esse é o escopo. É um programa que

tem um foco já bastante forte. Cada vez que avançamos em relação à

graduação, mas também queremos avançar preparando nossos estudantes

para que eles possam de fato chegar ao mestrado e ao Doutorado.

Eu quero aqui passar alguns informes sobre a formação continuada e

formação inicial. Temos dentro da formação continuada de professores

algumas ações em curso e que vou dar os números no próximo slide. E na

formação inicial a formação de professores. São duas agendas que nós

temos dentro da SECADI na formação inicial de professores. A formação

inicial de professores indígenas, que é o Prolind e, a formação de

professores da educação do campo, que é o Procampo. No caso da

formação continuada nós temos a ação talvez mais importante que é

saberes Indígenas na Escola. Essa ação foi desenvolvida a partir de um

programa do MEC que é o Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. É a

primeira vez que conseguimos fazer um programa de formação continuada

que garante para o professor indígena que está atuando nos anos inicias do

ensino fundamental, uma bolsa para que ele possa participar dessa

formação. E hoje participando da ação saberes Indígenas na Escola temos

75 povos que falam 82 línguas diferentes.

Temos 22 instituições de educação superior que se organizam em 6 redes.

Temos 1817 professores indígenas dos anos iniciais do ensino fundamental

em formação. E 2868 bolsas de estudo já pagas dentro deste programa por

meio de um sistema que a gente está chamando de Sis indígena, que é o

sistema de monitoramento e acompanhamento das ações desse programa.

Ainda dentro da rede nacional de formação continuada, nós temos também

investido na lei complementar 11645, que é trabalhar para que todas as

escolas brasileiras possam inserir em seus currículos história e cultura dos

povos indígenas. Então, temos vários estados que já foram contemplados

com essa agenda de formação. Aí tem alguns dados: 105 vagas para o

Ceará, Mato Grosso do Sul 300 vagas, 250 vagas em Minas Gerais, 280

para Pernambuco, 250 vagas para Sergipe, 70 vagas para Goiás e, temos

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dentro dessa agenda a formação de professores para implementar a lei

11645.

E também a formação de técnicos para a gestão étnico territorializada da

educação escolar indígena. Que é um curso de aperfeiçoamento para

técnicos que atuam nas secretarias estaduais e municipais de educação e,

que tem o foco de trabalhar para que as pessoas que estão na gestão possam

entender mais o que é fazer uma gestão com base territorial. Ou seja, o que

é pensar e fazer uma gestão com foco nos territórios étnico educacionais. E

também temos formação de formadores e técnico em política linguística.

Um curso de aperfeiçoamento. Esses são os dados do Prolind. Nós temos

hoje 20 instituições que ofertam a licenciatura intercultural indígena. A

nossa meta é ter em 2014 2626 professores em formação. É um

investimento no ano de 2013 de R$ 7.104.000,00 na formação de

professores nesse curso. E, em 2014 R$ 13.518.000,00 porque temos aí

novas turmas começando e o edital de convocação fevereiro de 2013/2014

já tem dez projetos encaminhados. E uma coisa bem interessante é que

temos universidades que até então nunca tinham participado do edital, feito

propostas que estão desenvolvendo propostas para formação de professores

indígenas, o que nos ajuda a ampliar o acesso à formação, às licenciaturas

interculturais no país.

Pensando em um material didático queria destacar o PNBE Temático. Foi o

primeiro edital diferenciado do programa Biblioteca na Escola que fizemos.

Esse edital foi publicado em 2012 e, no ano passado tivemos todo o

processo de seleção e, esse ano o acervo vai chegar nas escolas públicas.

Serão 65 mil escolas públicas contempladas com acervo do PNBE

Temático. Temos atualmente aberto um edital que me parece muito

importante para implementação da Lei 11645, que é o edital do PNBE, que

é o PNBE Indígena. Nós vamos comprar um acervo de 25 obras literárias

destinadas à educação infantil aos anos iniciais do ensino fundamental para

atender 60 mil escolas. O que a gente quer com o PNBE Indígena? Além de

poder incorporar obras de autores indígenas, mas fundamentalmente

incorporar uma literatura indígena, uma literatura que trate das populações

indígenas para as crianças das escolas públicas brasileiras.

Esse é um panorama geral das ações e eu queria ainda destacar uma

demanda que temos de vocês. Queria trazer notícia da demanda relativa à

Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena. Nós já temos uma

proposta de portaria para a criação do Grupo de Trabalho para organização

da II Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena. Essa portaria

hoje está na Assessoria Jurídica do MEC e, nós pretendemos ainda nesse

primeiro semestre de 2014 publicar essa portaria e constituir o Grupo de

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Trabalho para construção da II Conferência Nacional de Educação Escolar

Indígena. É isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Macaé.

Desculpe meu atraso. A gente estava ali finalizando a proposta de

Resolução para a Conferência Nacional de Política Indigenista e queria

abrir então, a palavra para comentários, perguntas para a gente debater um

pouco a proposta que a Macaé está apresentando para a gente hoje.

Olga Novion - MPOG: Eu queria que você me explicasse o que são 25

obras literárias? São coleções? Não entendi a matemática no PNBE

Indígena. Acervo de 25 obras literárias destinadas à educação infantil.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: São livros. Não são coleções

não. São 25 títulos diferentes.

Olga Novion - MPOG: Claro. Nem por número de volume e nem por

escola. Está certo. Obrigada.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Olga.

Anastácio.

Anastácio Peralta – Guarani-Kaiowá : Primeiro eu quero agradecer a

apresentação bastante importante. Até eu faço parte das Bolsa também.

Mas assim, o que mais me preocupa é a politicagem dos estado e dos

município que faz com nossos alunos e principalmente nas aldeia. Hoje tem

uma política dos prefeito tirando os aluno das escola indígena e levando

para a cidade. Outra coisa é a educação à distância. A formação à distância

que os prefeito também tá acho que não sei se por causa de voto esse ano,

eles tão insistindo nessa educação à distância né. E quando fala de

interculturalidade a educação à distância não tem competência para fazer a

interculturalidade. Mesmo nós com técnico que faz pesquisa, professor

formado, Doutorado em questão indígena, a gente ainda tem dificuldade

desse entendimento né? E na nossa região mato Grosso do Sul os prefeito

está investindo em educação à distância e, eu acho isso para resolver podia

já fazer funcionar os território, porque não fica só eles fazendo politicagem.

Vai ter um punhado de parceiro para discutir essa ideia.

Principalmente nós de Dourados Mato Grosso do Sul a gente está passando

por esse aperto. O prefeito vem e que mandar nos alunos. Quer mandar na

universidade. E tem político nosso mesmo acompanhando isso. Então, eu

queria saber do MEC essa situação, porque com muito custo a gente

conseguiu uma faculdade e como é diferenciado, tem uma política para

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desmantelar também essa faculdade. Então, eu queria saber como a gente

age dentro desse momento difícil assim. Era isso.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Anastácio.

Capitão Potiguara.

Capitão Potiguara – Nordeste Leste: Queria parabenizar a professora

pela exposição dela, mas eu queria trazer uma preocupação. Não sei se teve

mudança nas cotas, se foi diminuição, não sei o que aconteceu, mas parece

que tem uma concorrência por cota que eu fiquei acompanhando na nossa

universidade, nossos alunos e não sei se foi também incompetência deles e

foi o ano que tivemos menos alunos entrando pelas cotas. Parece que eles

viam lá que uma tava dentro e uma hora tava fora com relação àquelas

nota. Isso nos deixa preocupado. Na universidade fizemos uma lista acho

que ano passado, ano retrasado, nós tínhamos 102 vagas dentro da

Universidade Federal da Paraíba por cota e cada curso a gente tinha uma

vaga. E agora não. Agora diminuiu. Eu conversando com o Poran e eu

queria passar para o Poran, passar a palavra minha para ele para ele

explicar o que foi que eles fizeram na UnB com relação ás cotas, o que

aconteceu.

Poran Potiguara: Sou estudante da Universidade de Brasília. Professora

recentemente agora, mês passado teve aprovação no CEPE, com é o

Conselho da Universidade para ver se aderia ou não às cotas. A lei de cotas

agora para esse vestibular da UnB. E isso nos exigiu na verdade fazer uma

avaliação a fundo do programa de cotas e percebemos um dado alarmante

em relação à questão indígena e negra lá estabelecido. Como está

estabelecido hoje que se levar em proporção a população indígena e a

população negra do Brasil, na concorrência que está lá hoje pela lei de

cotas, nós só temos direito a 0.05 vagas. Que isso não dá uma vaga quando

vai para a concorrência geral de fato, levando em conta a população

indígena e a população negra. E isso nos deixou bastante preocupado

porque a FUNAI antes tinha alguns convênios, ou existe ainda alguns

convênios com algumas universidades que era porta de entrada dos

estudantes indígenas nas universidades. Um vestibular específico.

E com essa mudança da educação para o MEC e, o MEC assumindo isso,

alguns convênios desse estão se acabando e não está mais acontecendo essa

entrada. Se a gente for concorrer de acordo com a lei de cotas que está dada

hoje, nós vamos sofrer por isso que o Capitão acabou de falar. Vai ter um

acesso menor quando tiver esse acesso. Porque por exemplo, algumas

universidades como a Federal da Paraíba dava uma vaga em cada curso de

30 vagas existente. Uma delas era destinada para indígena. Por isso

tínhamos dois indígenas anuais entrando na universidade por vestibular. E

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eu pergunto à Secretária se o MEC tem interesse também em manter esses

convênios, ou se criar novos convênios vendo que, depois de feita essa

análise de cotas, a gente pode perceber que o nosso acesso foi diminuindo

quando existia o acesso de acordo com a proporção pela porcentagem. É

isso. Obrigado.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: Poran eu acho ótimo vocês

terem feito essa pergunta porque a lei de cotas não incide sobre essas

vagas. Essa é uma coisa que a gente precisa deixar bem clara aqui. Essas

vagas que você falava, por exemplo, lá na Paraíba em que tinha uma vaga

em cada curso, é o que a gente chama de vagas suplementares. Ou seja, ela

era uma vaga para além das vagas usuais que estavam em disputa. A lei de

cotas não está atuando nas vagas suplementares. Ela está atuando vamos

dizer, um exempla a universidade abre anualmente 4 mil vagas para

ingresso de estudantes. As vagas suplementares ela abria especificamente

vamos imaginar, 10%, 40 vagas para estudantes indígenas. Então, ao invés

de abrir 4 mil ela abria 4040. A lei de cotas vai atuar dentro dos 4 mil,

porque dentro dos 4 mil o que acontecia? Não entrava nenhum indígena,

pouquíssimos estudantes negros. Então queremos mexer dentro das 4 mil.

Agora, uma discussão que a gente tem feito com as instituições de ensino

superior é que a implementação da lei de cotas não deve ser em detrimento

das vagas suplementares. Porque a lei não veio para restringir, ela veio para

ampliar o direito e é isso que nós queremos.

Então, eu acho que é muito importante acompanharmos isso, fazermos esse

debate e saber onde isso está acontecendo. Eu posso dar um exemplo. Na

UFMG, a UFMG era uma dessas universidades que tinham convenio com o

MEC e com a FUNAI. E no momento da implementação da lei de cotas os

próprios estudantes nos chamaram em belo Horizonte. Fizemos uma

negociação com a pró-reitoria de graduação e, eles implementaram a lei de

cotas e estão mantendo todas as vagas suplementares. E o MEC está

apoiando a manutenção dessas vagas. Eu acho que precisamos ter bem

claro esse diagnóstico e a gente começar a atuar em relação às instituições

de educação superior. Um aspecto fundamental é a gente permanecer nesse

dialogo e trabalhar, atuar em conjunto porque muitas vezes as pessoas

querem usar a lei para restringir direito e, o sentido não é esse. A gente não

pode deixar que isso aconteça.

Capitão Potiguara: Presidente eu queria voltar a essa discussão. Eu queria

pedir ao plenário mais uma vez que o Tanielson usasse a palavra porque

veio a mim e quer fazer uma justificativa. Quer mostrar que a Paraíba não

está fazendo da maneira que era para ser feito.

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Poran Potiguara: Na verdade eu só quero fazer uma colocação ao Poran e

dizer assim que a algumas universidades está de fato se aderindo da lei de

cotas e utilizando a lei de cotas como único meio de acesso, o que daria

esse percentual que acabei de falar. De fato a gente tem que mapear essas

universidades que estão fazendo isso para de fato manter essa negociação.

Era só para colocar nesse sentido. É mais uma preocupação que uma

justificativa. Obrigado.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Poran. O

próximo inscrito é Wellington Gavião.

Wellington Gavião – Região Amazônica: Gostaria assim de direcionar

minha fala para a Macaé, a Secretária referente a esse programa que é tão

importante e claro que só no papel e só no sistema tão bonita. Mas para

atingir o beneficiário com certeza, no meu ver, no meu entendimento com

certeza eu não vejo implantado vamos dizer assim, para atender as

comunidade indígena que são os principais beneficiário para esse programa

que você está apresentando. Porque tô falando isso? No estado de

Rondônia gente fica tão preocupado referente a questão da formação

continuada que é garantido na lei e também o recurso para oferecer a

formação continuada, também garantido no orçamento. E a produção do

material didático também garantido no orçamento e, a construção da

escola, a reforma delas.E eu acho que nesse momento que estamos

discutindo a questão da educação que é tão importante para

instrumentalizar os povos indígena, o jovem indígena para que ele possa

ser futuramente um profissional que pode ajudar os parente dele. Eu acho

que o que falta e até estava falando para a representante na reunião da

Subcomissão da discussão da educação indígena, o que falta é o MEC

acompanhar ativamente a aplicação de recurso em cada estado. Aonde é

direcionado o recurso para construção de escola, material didático e a

formação continuada.

E eu acho que o MEC tem que se preparar para que tenha uma equipe

especifica para isso, porque não adianta vamos dizer assim, jogar recurso

na mão do estado e não ter acompanhamento durante a execução e

aplicação desse recurso. Eu acho que o que falta é isso para o MEC

começar a se organizar melhor. Ter um planejamento de acompanhamento.

E outra questão que você me deixou tão preocupada é a questão da

pactuação de 23 território educacional. E no estado de Rondônia tem 5 que

foi encaminhado. A implantação de 5 território. No meu entender, eu

entendo assim, não sei se você pode me entender também a minha

preocupação. Eu acho que não é apena criar território apena na lei, no papel

e também fazer um planejamento de criação de trabalho e encaminhar para

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o MEC sobre o sistema que é implantado. O meu entender é isso. E

pactuação para mim é criar, instalar e ter recurso próprio, ter o

planejamento para atender aquela demanda que foi levantado para ser

implantado esse programa que é território educacional, que é importante

também para ajudar os alunos indígena.

E outra questão também que eu queria falar para ti, como implantação dos

programas e voltando um pouco, tão importante a gente perceber que tem

vários programas criado dentro da política âmbito do MEC, mas na prática

para as pessoa que poderia ser atendido não está sendo, esse programa não

está atingindo a ponta que é aldeias, região, estado. Eu acho que tá na hora

de a gente começar a pensar e planejar bem. Como a gente pode implantar

aquele programa que foi implantado aqui em Brasília, que é onde é o ponto

principal que é aprovada a lei, aprovado o programa e a política. Eu acho

que não adianta... sempre meu cacique fala assim: a gente não planta

mandioca e milho só no sistema e no computador. A gente em que planta

mandioca na terra. E é assim que está acontecendo sempre no sistema do

governo: só no papel e só na tela e no computador. Essa sua apresentação é

importante, mas a gente quer ver o fruto desse sistema, dessa política.

Eu acho que a partir de agora e gente tem que começar a pensar de que

forma a gente pode levar esse programa que foi criado para atender aquela

demanda dos povos indígena. Essa é uma questão preocupante da minha

parte, como estou representando 54 povos indígena do estado de Rondônia.

Eu vejo educação escolar indígena ainda não está 100% de qualidade para

atender a demanda dos povos indígena.

Maria Augusta B. Assirati - Presidenta da CNPI: Obrigada Wellington.

Eu queria só fazer um comentário aqui. Temos 4 pessoas inscritas ainda e

queria pedir para a gente se ater, ser bem conciso nas falas, se ater aos

comentários pontuais e duvidas porque a gente ainda tem uma pauta

extensa que é: a apresentação e discussão do ponto do turismo. A gente tem

que aprovar as deliberações de duas subcomissões e, temos resoluções e

moções para assinar, para aprovar, deliberar. Hoje nosso tempo está

bastante apertado. Certo? Então, eu queria que quem fosse se inscrever já

pedisse a inscrição agora e se não tiver mais nenhuma proposta de

inscrição, a gente encerra no Brasílio que é o último que está inscrito aqui.

O próximo a falar é o Lourenço.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Boa tarde. Eu

queria apenas parabenizar a apresentação em si. Como alguns colegas já

falaram, muito bonito no papel, mas preocupa muito a nós. Só reforçando,

nós acompanhamos um pouco, a gente discute muito educação na base, nas

aldeias com os município, com o estado principalmente. Eu vou referir o

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maranhão. O maranhão hoje se encontra no UTI na educação escolar

indígena. Vocês sabem pelas informações, nós encaminhamos e está hoje

na mão do Ministério Público várias questões da educação e começa pelo

transporte escolar. Eu digo aqui, quero declarar que foi um dos autores que

cobrei muito do Ministério Público para fazer ações para impedir um

pouco, parar porque eu acompanhei das analise dos processo. 80% é

transporte escolar e 20% para restante que não se está fazendo nada.

Por conta disso eu venho aqui um dia e falei com a Susana e você não tava,

tava para reunião. Me preocupei e procurei o que está faltando para

realmente anda e aproveitá tudo que está falando questão territorialidade. O

território Timbira porque foi feito pactuação. Quem está na comissão

porque achei muito bonita apresentação, acompanhei, discuti, mas isso se

parou. Como agora a oportunidade está sendo que para realmente venha

acontecer a educação, a discussão desde o início até superior com a

participação dos povos indígena, principalmente dos professores. Então, eu

queria assim, o que está faltando? Eu gostaria de reforçando, se aonde que

tive já iniciaro, já pactuado acho que precisa é andar. Precisa essa comissão

que está dentro, o proprio MEC né, não sei se está esperando por a

comissão de base, eu não se está esperando por outro. Então, eu gostaria

que se a Macaé respondesse para nós o que tá faltando. Para a gente saí

pelo menos, nossa parte nós queremos fazer na base.

O movimento, acompanhá, cobrá, porque nós já acompanhamos como

movimento né? Nós não ficamos dentro da comissão da discussão para

mais, assim como movimento nós acompanhamos para cobrar e que

realmente venha a acontecer. Porque se isso não andarem, como alguns já

falaram, o estado não está levando a sério a educação escolar indígena e,

com certeza os outros estados também. E outra coisa, a questão, alguns

municípios estão levando a educação infantil também para as aldeia. É

muito complicado. Isso quero lembrar que queremos trabalhar dentro da

educação território esse trabalho bonito, com a infantil. Porque os

município tão entrando mesmo com a educação diferente que pode até

mesmo fugir daquilo que está construído na educação territorial. Então, era

isso que eu queria complementar e cobrar que venha realmente nesse

momento o MEC, a Secretaria venha realmente voltar para que realmente

funciona isso. Obrigado.

Participante não identificada: Próximo senhor Manuel.

Manoel: Boa tarde. Obrigado Macaé. Eu agradeço a exposição muito bem

colocado e precisamos encapsular dentro do eu sistema para a gente poder

viabilizar junto com a para desenvolver esse trabalho que a tá fazendo.

Porque no meu ponto de vista, a pouco tempo que veio já tá desenvolvendo

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muita coisa, mas nós precisa entender, encapsular para desenvolver em

conjunto isso. Porque isso que é importante para gente. Porque antes não

existia dentro das universidade, dentro das escola só entrava quem tinha

colarinho branco, daqueles... então, um desses que lutou fui eu, eu tô aqui

vendo o desenvolvimento desse programa de escola elevadíssimo, tá indo.

O índio tá reclamando é porque precisa melhorar alguma coisa.

Mas eu queria falar com a que desse força para gente, para Amazônia,

bolsa para estudante indígena. Não cota indígena. Precisa cota indígena

para quem precisa. Cota indígena para quem precisa porque quando fiz

vestibular eu passei no vestibular diante dos branco tudinho também. Passei

em quarto lugar. Não quero dizer que sou superior, mas eu tive chance.

Não precisei cota. Então, nós precisamos recursos para gente estudar.

Segurança para a gente estudar. Casa para gente morar, moradia e toda para

a gente tê... quando você entra na universidade exige xerox, transporte, não

sei o que, vai exigindo. Esse tipo de coisa que a gente precisa lá dentro.

Porque a Universidade do estado do Amazonas deu abertura preá muitos

índios, mas não tem nenhum órgão que apoia para o estudante indígena.

Eles vão fazendo vestibular e vão passando, vão estudando, mas falta o

apoio.

Quando a gente vai atrás da FUNAI quem pode apoiar? É o prefeito da

cidade. Eu não sei quem mais lá, mas o prefeito da cidade diz vai para a

FUNAI que a FUNAI vai ajudar você. Vai MEC e não sei que tem um

negócio. Então, fica empurrando de barriga. Não precisamos desse tipo de

coisa. Outra coisa. Dentro das universidade do Amazonas, principalmente

UFAM, e UEA, eles tem que ter professores especifico para dar aulas. O

amazonense. Muita gente de fora vem dá aula lá dentro, mas eles querem

tratar a Amazônia como se fosse o estado do Rio de Janeiro, estado de São

Paulo, ou estado de Bahia, ou estado de Minas Gerais, ou a própria

Brasília. Ele tem que adequar outra linguagem com eles. Ele tem que

aprender outra linguagem para poder repassar sabedoria, o que ele tá

querendo dizer.

Então isso eu queria ajudar a pensar nessa discussão de educação indígena.

É importante, é importantíssima a educação indígena. E índio também vai

contribuir quando ele entender, quando ele passar a entender a linguagem

acadêmica, ele vai passar a utilizar essa linguagem acadêmica para poder

passar o seu entendimento, sua sabedoria, passar a linguagem acadêmica

para o branco poder entender. Até agora não tem diálogo. Só contou

história. Obrigado.

Participante não identificada: Obrigada senhor Manoel. Próximo

Chiquinha.

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Francisca Navantino Pereci - CNPI: Boa tarde a todos e a todas. Eu achei

que não estava mais inscrita porque já tinham encerrado as inscrições. Mas

o que eu queria dizer, um pouco o pessoal já colocou, mas eu gostaria de

insistir em duas questões. Primeiro em relação em relação a essa discussão

das cotas das universidades para os indígenas. Penso eu que a maioria das

universidades não compreenderam o processo do ponto de vista político,

onde é que nós queremos chegar. Porque nós temos aí dois entendimentos:

o entendimento da demanda indígena e o entendimento da demanda da

universidade. Então, eu penso que é o momento de a gente conversar com

essas universidades. A gente tem que mapear quais são as universidades

que estão provocando toda essa celeuma dessas problemáticas que a gente

tem visto. Sempre os indígenas reclamando dessa questão das cotas. A

gente tem que mapear e ter um mapeamento de que são essas, essas e essas,

levando em consideração que as universidades têm autonomia para tomar

as suas decisões internas. A gente tem que levar em consideração isso, mas

eu penso que isso é uma questão que temos que discutir.

Outra questão. Chamar a ANDIFE e pôr na mesa para discutir. Isso é

CNEEI vai ter que fazer. Isso aqui é uma pauta para o CNEEI, Comissão

Nacional de Educação Escolar Indígena. Ela tem que levar essa discussão

para lá e nós temos que chamar essas instituições para que a gente de possa

de fato fechar um pacto em relação a essa questão de cota, porque desde o

tempo que já saiu as postarias, que temos aí um certo tempo, uma

experiência acumulada e esses problemas persistem. Eu penso que é um

trabalho para a CNEEI. Outra questão que eu gostaria de colocar é que

durante sua colocação Macaé, quando você apresenta o próprio programa.

O Plano e que você falou uma questão e que me chamou muito a atenção.

Porque na nossa discussão do debate que tivemos na Subcomissão de

Educação Escolar Indígena, nós colocamos isso como uma proposta para

esta plenária. Não sei se vai dar tempo de a gente apresentar todas as

propostas das subcomissões porque a gente vai ter que entrar, se debruçar

na discussão da Conferência, mas eu queria colocar esse ponto porque para

mim me interessa essa questão porque já é uma demanda até reprimida.

Primeiro é a questão mesmo que já está na hora do Brasil implantar uma

Política Nacional de Linguística. Não dá mais para ficar nessa situação.

Olha a diversidade que nós temos com os povos indígenas e, a questão

linguística está ficando em último dos últimos planos. Não é levado em

consideração. Então, acho que é uma discussão que temos que fazer e

temos que implantar de fato essa política e, com mais um adendo nesta

política: que é uma política que apareceu recentemente. Eu vi isso e foi na

nossa Conferência, na I Conferência Nacional que tivemos apareceu como

parte da discussão da educação especial, que é sobre a linguagem de sinais.

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Então, eu gostaria de colocar aí também nessa política linguística a

inserção também de uma política de sinais. Porque temos aí uma demanda

reprimida. Eu conheço alguns pesquisadores que estão avançando as suas

pesquisas, fazendo um levantamento, mapeando no nosso país onde temos

essa clientela. Onde temos essa população indígena que necessita de fato de

uma política de proteção dos sinais, da linguagem de sinais, inclusive

tradicionais.

Não estou falando libra não. Libra a gente sabe que existe, ela tem uma

política toda. Ela é inserida no contexto das escolas. Eu estou falando de

uma língua de sinal tradicional e que cada povo cria para lidar com sua

diversidade especial da linguagem. E eu achei muito bacana porque eu

inclusive a minha pesquisa no Rio de Janeiro eu moro com um pesquisador,

quer dizer, morava assim, somos estudantes, ele é um dos pesquisadores

que está fazendo isso, esse mapeamento. E eu fiquei impressionada quando

eu vi já uma avançada pesquisa mostrando que o povo tal e tal tem sua

própria linguagem de sinais. Os índios criados conforme a tradição não é

uma coisa da libra não, é uma coisa da tradição mesmo, da cultura. Então,

eu acho que isso é uma coisa muito importante que a gente tem que

valorizar. Era isso. Obrigada.

Participante não identificada: Obrigada Chiquinha. O próximo senhor

Brasílio.

Brasílio Priprá – Santa Catarina: Boa tarde. Eu acho que ficou muito

bem o que a nossa companheira explicou. Mas é que nem o meu

companheiro ali disse, todas as coisa que o governo apresenta é bonito no

papel, no computador. Ali tá muito bonito e eu até já peguei um folder

daquele ali e achei bonito. O que me estranha é que na prática não é bem

assim. É isso que precisa trabalhar. Avançou, não vamos dizer que não

avançou. Avançou. De uns anos para cá vem avançando. Mas nós

precisamos ter um pouco mais de cuidado com o pessoal da ponta. O

pessoal que já mora na capital, o pessoal que já mora em cidade grande,

tudo é mais fácil. Mas quando você fala lá na ponta, não é bem assim. Não

é bem assim porque eu sei... por exemplo, essa Bolsa o aluno vai lá e eu tô

falando de uma coisa que eu sei, que me procuraram, a pessoa não recebe,

não tem lugar para fica. Não tem uma programação. Se a pessoa passou no

vestibular como é que ela vai lá. Não tem como pagar. A FUNAI às vezes

puxa de lá, puxa de cá ela também não tem... eu não sei como é que tem

que trabalha isso. Agora, precisa ter uma coisa muito bem... por isso que

muitas vezes os indígena da ponta eles acaba desistindo e não é esse o

objetivo. Eu acho que a coisa tem que andá. Na minha região tem meninas

estudando lá que estão pensando em desistir. Porque depende de pedir para

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os outros para come. É claro que depois que encaminha tudo é ótimo. Não

vou dizer que isso... mas o início não é fácil. Então, precisa melhora.

Na verdade ali tá bem bonito. Parece que eu liguei agora e me atendeu em

cinco segundo, mas não é isso não. Na verdade na prática quando chega

na... porque uma coisa é papel. Você sentá na frente do computador e faz

tudo que você quisé, outra coisa é na prática. Eu falo da prática, aquela

coisa palpada, realmente uma coisa que eu conheço e que eu sei,

acompanho. Moro dentro de uma área indígena. Sou de Santa Catarina e

conheço a região Sul e então eu sei as dificuldade que os universitário tem

no início. Os primeiros seis meses da adaptação da escola por o motivo

dessa Bolsa. Então, precisa melhorar. Precisa encontrar caminho. A própria

FUNAI tem essa liberdade também de acompanhar. E ela ate acompanha,

mas muitas vezes não é aquilo que se precisa. Então, na verdade parabéns

pela apresentação, tá muito bonito. Como eu disse, avançou. Não vamos

aqui dizer que não aconteceu nada. Avançou. Mas precisa em algumas

coisa nós melhorá, pelo menos nesse início que o universitário entra na

faculdade para ter essa garantia que ele pode fica na cidade grande. Por é

que nem o companheiro disse: ele não tem casa para mora, não tem parente

lá, então ele depende desse recurso para ficar na universidade. Era isso que

eu queria comentá. Obrigado.

Participante não identificada: Obrigada senhor Brasílio. O próximo

inscrito é o Selmo.

Senhor Selmo: Boa tarde. Meu nome é Selmo. Sou Xucuru Cariri região

Nordeste Leste. Eu queria chamar a atenção duas coisas fundamental no

setor de educação. Quando a gente fala com a relação à educação é uma

discussão muito ampla. Mas eu quero deixar bem claro que nossos parente

já falou muito bem da questão mais a nível mais amplo. Mas eu quero

deixar claro no sentido da Macaé especificamente no sentido das

construção Macaé. A construção de escola, com relação a reforma das

nossas escola dentro do nosso povo. Eu queria deixar bem claro que nesse

sentido o nosso estado vem sendo muito prejudicado com isso porque a

nível dos projeto e recurso que estão sendo aplicado dentro do nosso

estado, a gente está com dificuldade no sentido de construção. Porque no

sentido de construção? Porque os projeto que se tem quando ele chega nas

nossa área, nossas aldeia eles não vem sendo discutido por lá, nossa região.

O projeto é feito por aqui pelo MEC. E quando chega lá que se encontra o

projeto feito, que vai ser aplicado, se tem um problema porque chega lá nas

aldeia e tem aldeia que é cerrado. E um projeto que é feito aqui pelo MEC

ele está feito em terra plana e, o pessoal da secretaria da educação fala para

a gente que esse projeto não pode aplicar nas aldeia porque o projeto tá

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aqui para área plana. Então, a gente tem problema nesse sentido e eu queria

chamar a atenção porque os demais, os parente já fizeram sua explanação

bem clara. Só isso. Obrigado.

Participante não identificada: Encerradas as inscrições, eu passo apalavra

para a professora Macaé.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: Gente, primeiro eu agradeço

o elogio à apresentação. Está vendo Ritinha? Agradeço aí. Eu queria falar e

alguns pontos aqui apresentados. O primeiro ponto em relação aos

territóriosétnicoeducacionais. Aqueles que estão pactuados e a nossa real

dificuldade na realização das reuniões das comissos gestoras. Aí que queria

explicar um pouco qual o mecanismo que a gente tem hoje para a

realização dessas reuniões. Basicamente, uma transferência de recurso por

meio do PAR para as secretarias de estado de educação e, um convenio

com a FUNAI, no qual o MEC faz uma transferência para a FUNAI para a

realização dessas reuniões das comissões gestores dos territórios. Porque a

gente precisa de fato garantir é que essas reuniões aconteçam. Eu tenho que

dizer que temos uma dificuldade grande no âmbito do próprio MEC na

operação dessas reuniões. Temos feito um esforço interno para discussão

de coisas como: licitação especial, especifica para ter uma empresa que

consiga realizar um evento em área indígena. Coisa que a gente não tem.

A expertise das nossas empresas contratadas é para realizar eventos em

área urbana e não em área indígena. Falou que é área rural, comunidade

quilombola a gente tem dificuldade. Então, hoje dependemos de fato de

uma ação forte das secretarias de estado da educação e dessa parceria,

dessa cooperação com a FUNAI, o que tem nos dificultado. Porque eu

apresentei o dado aqui. Na verdade na apresentação eu fui bem realista.

Não tem nenhum dado que não seja verdade. Nós abrimos adesão para

todos os municípios que têm aldeias indígenas e que participam dos

territóriosétnicoeducacionais e para todas s secretarias de estado da

educação para solicitar ao MEC financiamento para realização das reuniões

das comissões gestoras dos territórios. E nós tivemos só 41 secretarias

solicitando recurso. Tivemos secretaria que solicitou seis mil reais. Logo,

vamos negar porque a gente sabe que seis mil reais não dá para fazer uma

reunião. Certo?

Então, eu acho que a gente precisa ter bastante transparência entre nós para

dizer que estamos empreendendo um esforço, mas essa é uma luta. E ela

uma luta sistemática também das instituições governamentais que querem

avançar na agenda da educação escolar indígena. Porque tanto nós temos

muitos parceiros no âmbito dos estados e dos municípios, quanto temos

algumas regiões do país e, isso eu acho que não é desconhecido, que

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quando a gente tem uma situação de muito conflito, muitas vezes o conflito

não é por causa da escola ou da escola indígena, mas é o conflito por causa

da terra e, isso impacta diretamente na agenda da educação escolar. Eu

estou dialogando aqui com o Anastácio Peralta que ele sabe que a gente

tem feito um esforço de apoio, de chamar secretários municipais de

educação aqui no MEC, fazer uma conversa, mas temos uma estrutura

administrativa no país que fala que o sistema educacional ele ... os sistemas

têm autonomia. Então, o MEC pode prestar assistência financeira, prestar

apoio técnico, criar programas para incentivo aos estados e municípios,

mas não temos competência legal estabelecido para interferir na gestão de

um sistema estadual ou de um sistema municipal.

Então, essa é talvez uma das grandes dificuldades que a gente enfrenta hoje

nessa agenda dos territóriosétnicoeducacionais. Isso vale para as questões

levantadas pelo Wellington de Rondônia, pelo Lourenço Krikatí do

Maranhão. O Brasílio de Santa Catarina que temos dificuldades. Os dados

apresentados aqui, 1800 estudantes indígenas inscritos no Bolsa

Permanência, para nós é bom porque nós saímos de zero e hoje a gente

sabe que estamos em 1800. Agora, sabemos que temos um caminho longo.

Só para alcançar professores indígenas em curso de licenciatura, a gente

tinha que dobrar esse número. E o que a gente vem enfrentando? Muitas

vezes gente, uma serie de mecanismos, eu vou dizer, nós estamos

enfrentando é o racismo. É assim que ele funciona. Nós temos um racismo

institucional no Brasil que faz com que mesmo tendo política, muitas vezes

você tendo direito, você tem que bater muito para que esse direito seja

negativado. Porque vão sendo construídas mil estratégias para negação do

direito. Esse é o nosso embate, essa é a nossa preocupação para

avançarmos com essa pauta.

E aí, Brasílio, eu acho que a nossa preocupação comas escolas indígenas é

muito importante porque temos que pensar na questão da infraestrutura e,

aí só para responder o Selmo, veja como funciona a assistência financeira

do MEC para construção de escolas. Tanto o gestor pode aderir ao modelo

existente no FNDE, quanto a própria secretaria, se ela quiser construir um

modelo próprio, é só ela desenvolver o projeto e apresentar que o projeto

próprio pode ser financiado. Agora, o acordo é o seguinte: o MEC financia

a obra, é contrapartida do município ou do estado fazer a terraplanagem do

terreno. A única coisa que se pede de contrapartida é essa parte da

adequação do terreno. Então, não cabe dizer que não dá para fazer, porque

quando você solicitou, quando o gestor solicita o financiamento para obra,

ele já sabe que a regra. A obra é financiada, mas essa primeira parte de

adequação tem que ser feita ou pelo gestor municipal ou pelo estadual,

aquele que é solicitante. Mas não há impedimento por parte do FNDE de

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financiar projetos desenvolvidos localmente desde que atenda aos critérios

de segurança, aos critérios de custo metro quadrado de obra padronizado

pelo FNDE. Mas pode ter projeto próprio. Não significa que o MEC por

meio do FNDE não financia projeto próprio do município ou do estado.

Senhor Selmo: Eu quero deixar claro que se na minha aldeia tem três

projeto aprovado, mas não tão construído porque o estado diz que não

constrói porque não tem terraplanagem. Sem terraplanagem ele não

constrói. Está lá as aldeia sem as escola construída. As escola que se tem

tão caindo porque não tem reforma. Outras estão sendo construída de palha.

Então, quero deixar bem claro isso. Quero deixar claro para todo mundo

que tá havendo essa situação no estado de Alagoas.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: Na questão de obra eu ainda

queria dizer o seguinte: era uma agenda bem interessante de a gente

aproveitar a CNPI para fazer. Porque eu acho que nós podemos mapear

todos esses casos de obras de vocês, mapear qual é a real situação. Porque

hoje toda essa solicitação é feita por meio do SISMEC. Sabemos dizer

estado por estado, município por município o que foi mesmo solicitado. Por

que às vezes o município, o estado, entra diz que quer construir a escola e

faz só a primeira parte do cadastramento e não faz mais nada. Não vai ser

aprovado nunca porque está faltando documentação. Então, para a gente

não ficar discutindo de maneira genérica, eu gosto sempre de a gente tentar

concretizar. Porque também para a gente contribuir nessa agenda, na gestão

junto ao estado e ao município é bom a gente saber qual é o caso

específico, porque aí a gente consegue dizer qual a providência que precisa

ser tomada. Então, eu já proponho e me disponho a abrir essa agenda junto

ao FNDE para que a gente possa dar uma repassada para a questão geral de

obras dos diferentes territórios.

O que é muito importante? Acho que só as pessoas mandarem para a gente

anteriormente essa lista e a gente faz uma pesquisa prévia e para chegar na

reunião já podendo avançar mais. É uma coisa que a gente pode fazer sem

dificuldade. Inclusive para não ficar essa coisa. Uma vez fizemos com os

Mundurucus e fizemos uma coisa maravilhosa com eles. A gente fez uma

reunião aqui em Brasília e chamamos a equipe da Secretaria para um

encontro virtual. Conversamos todo mundo junto, mesmo que não estava

na mesma sala. E aí a gente tira tudo a limpo. Essa é a melhor forma de a

gente avançar com essas questões, e ver o que de fato pode fazer para

resolver o problema. Não adianta ficar jogando para lá e de lá ficar jogando

para cá. A gente tem que ver a situação e ver qual é a solução que a gente

pode dar. E por fim eu queria aqui falar para a Chiquinha que eu concordo

plenamente com as questões que você apontou.

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Os saberes indígenas eu acho que é um exercício que a gente está fazendo

no sentido de pensar que temos que ter uma agenda na política linguística e

precisamos avançar nessa estruturação. Eu acho que a construção das redes

que estão articulando o programa pode ser um bom começo para a gente

avançar nessa discussão de política linguística. E você toca no ponto

importante, que é o ponto da comunicação e da língua. Comunicação

alternativa de língua e sinais para estudantes surdos, ou estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento nas nossas

comunidades, porque? Estamos trabalhando em uma perspectiva de

inclusão educacional para as escolas brasileira. Então, há que se penar não

é no atendimento à criança com deficiência na escola indígena. O que a

gente precisa fazer para garantir um atendimento adequado também para

este estudante que tem direito à educação.

Foi muito bem pontuado isso e agente pode ir na CNEEI tentar construir

alternativas. Quero agradecer muito todo mundo. Falar que estamos à

disposição, se ligar agora é provável que não vá atender porque a nossa

equipe está praticamente toda aqui e, queria que o pessoal ficasse de pé. O

pessoal da equipe da Coordenação de Educação Escolar Indígena. De cara

já estou vendo 4.

Participante fala sem microfone.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: A começar da Capitã. E

estamos muito felizes. Eu quero destacar que temos índios na equipe da

Coordenação de Educação Escolar Indígena, não só na Coordenação que é

um cargo de livre nomeação do Ministro, não só consultores, mas temos

um quadro efetivo do MEC. O que nos deixa bastante satisfeitos, ter talvez

o primeiro índio no quadro efetivo do MEC. Fica de pé de novo para todo

mundo saber. E que tem ajudado muito desde que chegou. Obrigada gente.

Anastácio Peralta – Guarani-Kaiowá : Só um pouquinho Macaé. Eu só...

que fizesse esforço de ponha em pratica o território. Senão o que fizemos

com 25 anos com 2, 3 anos esse prefeito vai acaba com tudo. Esse esforço

que eu queria.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC: Bom Anastácio, você sabe

que nós somos totalmente parceiros nessa luta. Eu acho que cada vez que a

gente dá um passo à frente. A força contraria também se faz sentir muito

forte. Eu acho que é um pouco isso que estamos sentindo nesse momento.

Nós mesmos com tanta dificuldade a gente tem conseguido avançar. É

claro que a gente sempre vai ter que lidar com aquelas pessoas que querem

desconstruir isso. O que eu acho importante é a organização e, a gente ficar

junto, o MEC, a nossa Coordenação, a gente tem tentado, eu tenho tentado

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comparecer. A nossa equipe tem tentado comparecer especificamente às

muitas agendas do Mato Grosso do Sul. Até porque a gente sabe que a

situação ali não é fácil é a gente precisa apoiar e trabalhar fortemente para a

educação escolar indígena nesse estado, como em muitos outros. Mas tenha

a certeza que a gente tem tentado atuar e, estamos juntos. Certo?

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI:O Sandro não

estava e agora quer fazer uma pergunta para a Macaé. Vamos abrir

exceção? Porque já tínhamos encerrado as inscrições senão não vamos

vencer a pauta hoje. Ok? Vamos ceder um minuto para o Sandro?

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Vamos fazer o

seguinte. Tem duas pessoas pedindo para falar: Sandro e Titiah.

Luiz Vieira Titiah: Só queria fazer uma observação rapidinho.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Então fala Titiah

antes do Sandro.

Luiz Vieira Titiah: Só o seguinte. Na fala que você acabou de colocar a

pouco tempo só queria fazer uma observação. Você falou que o MEC tem o

direito de passar o re curso e tá, mas não tem direito de tá intervindo na

gestão nem do município nem do estado. Mas acho que o MEC tem o dever

do recurso que ele passa para qualquer atividade de fiscalizar para vê se

realmente aquele dinheiro foi aplicado nas comunidade, ou na área que foi.

Porque é aí que a gente vai vê se as demanda foi avançado ou se não foi, ou

se está parado. Só essa observação que eu queria fazê. Obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Vamos lá

Sandro, um minuto.

Sandro Tuxá – Nordeste Leste: Um minuto. Boa tarde. Sandro Tuxá pela

região Nordeste Leste. Primeiro pedi desculpa porque fiquei na

incumbência de ajudar nosso grupo a fazê a moção de apoio ao Movimento

de Indígena de repudio de alguma ação da CONASS em relaçãoàSESAI.

Agradecer antes de mais nada nossa Secretária Macaé pelo compromisso.

Aquela reunião que tivemos por ter vindo e aqui me retratar porque a gente

ficou bastante chateado pela não vinda na reunião passada, mas

entendemos que foi uma questão de agenda. Não foi nenhum problema e já

foi superado...

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Macaé Maria Evaristo dos Santos – MEC:Eu não vim porque me

disseram que não era para vir. Eu só recebi esse recado. A minha pauta

tinha caído. Deixar isso bem claro aqui. Não sei de onde saiu esse recado,

mas chegou para mim: Macaé, não tem e está muito confusa a agenda.

Você não vai. Eu não vim.

Sandro Tuxá – Nordeste Leste: Por isso estamos retratando em relação a

isso. Mas eu queria dizer que eu sei há muitos esforços sendo feito dentro

da Coordenação e, há uma necessidade emergente por parte nossa que foi

colocada na reunião pontual que tivemos com o Secretário executivo do

MEC, que é um dos objetivo de longa data: fortalecer nossa coordenação.

As nossa demandas são maiores, preciso realmente fazer e abraçar o que

temos. A Bahia procurou soluções para fortalecer o território étnico

educacional e o Amazonas também, mas as demandas acabam sendo

enormes para a estrutura que a nossa Coordenação de Educação Escolar

Indígena tem hoje. E eu queria saber da secretária se há um entendimento,

se há algum avanço nessa discussão de criar um departamento com maior

poder de articulação, se há uma diretoria, uma secretaria para atender de

fato as demandas da educação escolar indígena. Porque hoje realmente, a

nossa coordenação apesar do ganho, porque eu lembro do tempo que era o

Kleber Gesteira. Era uma ala com ele, ele mesmo e uma tal de Deusa. Era

um com um. Mas a resolutividade aumentou, mas precisa que realmente se

efetive na ponta. E eu quero saber de forma muito rápida o que está sendo

pensado em relação a esse pleito da Comissão nacional, que é também um

pleito da CNPI. Era isso que eu queria contribuir e mais uma vez agradecer

pela oportunidade.

Macaé Maria Evaristo dos Santos - MEC:Sandro, o Ministro sabe desse

pleito e junto com esse pleito aqui eu dei um informe da Conferência

Nacional que estamos trabalhando para a publicação da Portaria da

Conferência Nacional. Agora, a reestruturação do MEC realmente não se

fará nesse último ano de governo. Nós temos aí seis, sete meses do final do

governo e do mandato. Então, o que a gente tem tentado fazer no âmbito da

Secretaria é começar fortalecendo a Coordenação para manter equipe. A

gente conseguiu ter alguns ganhos de equipe nesse processo de concurso,

mas ainda é pouco. Por exemplo, a gente fez um estudo e estamos

demandando da Secretaria Adjunta de Assuntos Institucionais do MEC em

toda a chegada de quadro funcional para o MEC nós estamos pedindo mais

gente, mais funcionário para a Coordenação, essa é uma ação que a gente

tem feito sistematicamente. Então, toda a vez que chega profissional novo

temos tentado incorporar na Coordenação.

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Agora, a reestruturação, eu acho que essa é uma pauta e vou te dizer de

forma bem sincera e transparente como eu sou, é uma pauta para a próxima

gestão. Porque tem que se pensar em uma reestruturação que para existir

uma, alguma vai ter que desaparecer. Entendeu? Sendo bem sincera. Então,

tem que se pensar na reestruturação total da lógica atual da Secretaria para

a gente avançar com isso. Certo?

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Secretária Macaé. Obrigada por sua presença. Acho que foi muito

importante aqui na reunião do CNPI e esclareceu várias dúvidas. E acho

que vai levar algumas dúvidas que serão resolvidas. Ok gente? Então

continuamos tocando a nossa pauta de hoje entrando no relato da

Subcomissão de Etnodesenvolvimento que discutiu turismo em terra

indígena. Passar para a Simone que coordena essa parte.

Simone Karipuna – Região Amazônica: Boa tarde. Boa tarde a todos e a

todas. Simone Karipuna região Amazônica, COIAB do estado Amapá e

norte do Pará. A gente naSubcomissão de Etnodesenvolvimento, a gente

teve para a discussão vários pontos e a gente discutiu turismo dentro de

terras indígenas, a ADAP Indígena, Selo Indígena de Agricultura familiar e

FundoAmazônico, que ontem a gente viu o lançamento. E o

encaminhamento do GTI. Eu quero só para ficar registrado, que não dá

para fazer o relato de todas as discussões realizada na Subcomissão, mas eu

queria pontuar duas coisas. Inicialmente a agenda do GTI com próxima

data para realizar a reunião será de 16 a 19 e junho de 2014 aqui em

Brasília. Foi essa pactuação que saiu como encaminhamento da reunião da

Subcomissão. E voltar ao ponto que está em discussão, que é Turismo

dentro de Terra Indígena, eu gostaria de convidar o Zé Augusto da

CGETNO para nos fazer presença. Eu estou vendo ali, ele já está a posto,

para a gente poder tratar da questão de turismo dentro de terra indígena. Eu

só queria assim, antes de passar a fala para o Zé Augusto, dizer para a

plenária, bancada indígena, indigenista e governamental, que foi

apresentado na Subcomissão essa IN, essa Minuta de Portaria e, que a

gente deu uma pincelada nela, na apresentação e teve alguns pontos e aí eu

estou jádirecionando, como a gente está com tempo reduzido, para que a

gente focasse justamente, a gente deu uma analisada na proposta aí e, a

gente fez algumas considerações de alguns ponto. E eu gostaria de colocar

para vocês que vieram e o Zé Augusto vai falar, mas eu já vou direcionar.

Veio com uma proposta de 6 oficinas, sendo que 5 oficinas regionais e uma

nacional.

Uma outra questão que a gente entrou no debate que levou quase o dia

inteiro, que é justamente na composição de nossa liderança para participar

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das oficinas regionais. Não foi do entendimento de nós da bancada

indígena lá representada na Subcomissão, a composição e a quantidade de

vagas que estava sendo proposto na IN para as nossa liderança nas regiões.

Então, assim, também uma coisa que a gente tentou fazer o ajuste e isso

vocês vão ver porque aonde teve discordância e teve discussão bem

acalorada, vocês vão ver que tá em vermelho e que o Zé Augusto vai falar.

Então, para que a gente seja bem proativo no sentido de ir para os

encaminhamentos da gente tentar construir. Eu gostaria também de pedir

para Teresinha para que fosse tirado uma cópia para cada um da bancada,

porque eu não tive tempo de fazer relato de outros pontos, para todo mundo

tomar conhecimento. Porque têm questões bem interessantes que precisam

ser levada para base. Zé vamo aí e eu vou te ajudando. Obrigada.

Senhor José Augusto Pereira - FUNAI: Boa tarde. Trabalho na

Coordenação de Etnodesenvolvimento da FUNAI, que é a coordenação que

ficou incumbida a partir do momento dessa gestão da FUNAI, de dar o

tratamento na questão de turismo e visitação em terra indígena. Porque isso

aconteceu? Porqueate um tempo atrás todas as situações concretas que

chegavam à FUNAI chegavam pela presidência, por alguma coordenação e,

dava-se tratamento muitas vezes desconectado das outras coordenações.

Então, foi estabelecido que a CGETNO ia dar o rumo nessa história. O que

a CGETNO fez? Primeiro conheceu o passado e para poder se habilitar em

termos de capacitação técnica para atender á demanda da presidência,

orientação da presidência da direção da FUNAI. A gente reuniu o material

que existia antes, porque já tinha acontecido pelo menos dois grupos de

trabalho, um interno e um interministerial. A gente recuperou esse material.

A gente começou a participar de eventos relativos à turismo e visitação em

terra indígena. A gente identificou algumas situações concretas que

estavam acontecendo e a gente procurou participar e conhecer essas

situações. E um determinado momento a gente já agora no ano de 2013 a

gente propôs uma redação de uma IN que viesse a disciplinar e estabelecer

diretrizes, atribuições e compromissos para os atores que participam dessa

atividade.

Foi redigido uma minuta. Essa minuta foi colocada em discussão em uma

oficina nacional que teve aqui em Brasília no final de janeiro deste ano e

nessa oficina foram tiradas dentre outras, duas importantes deliberações. A

primeira foi o próprio ajuste na redação da minuta proposta pela CGETNO.

Oficina essa que participaram servidores da FUNAI, indígenas que estavam

conduzindo atividades de visitação em terra indígena, parceiros

institucionais, membros de colegiados de interesse dos povos indígenas.

Então, todo esse pessoal fez um trabalho de avaliação da redação, propôs

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alterações e, hoje a gente está finalizando esse trabalho de ajuste da redação

da minuta.

Outra importante deliberação, que é essa que a Simone adiantou, que é a

realização de oficinas regionais, no sentido de que as populações indígenas

pudessem se apropriar melhor dessa temática e, poder discutir, refletir e

tomar decisões em relação a esses assuntos. Foram definidos nessa oficina

a realização de cinco encontros regionais, mais um nacional. Seis eventos

para acontecer agora nesse exercício 2013. Não sei se vai dar para todo

mundo enxergar daí, mas o que está ali é o seguinte: é um retrato da

situação de hoje desses eventos. Foi proposto cinco regiões juntando a

primeira Sul-Sudeste, uma no Nordeste, uma no Centro-Oeste e duas na

Amazônia: uma oriental e uma ocidental. Uma das reflexões de ontem da

Subcomissão de Etnodesenvolvimento foi que a gente fizesse ajuste nesse

recorte regional de forma que os indígenas e suas organizações

conseguissem se ver dentro desse recorte. Vou dar um exemplo. Minas

Gerais por exemplo, a gente tinha colocado na região Sul-Sudeste. Mas a

gente retirou da região Sul-Sudeste e colocou na região Nordeste para

atender o recorte da APOINME, por exemplo. Só para dar um exemplo

nisso.

Aqui estão as regiões. O local onde a gente está propondo que seja a oficina

e quais as unidades regionais que participam. E aqui o contato que já foi

feito com cada uma desses locais sede onde seriam os eventos. A gente

identificou alguns critérios para definir esses locais. Por exemplo, fugir da

agenda da Copa do Mundo, seja no tempo ou no espaço. Então, a gente

identificou algumas regionais. Outro critério foi a capacidade operacional

da regional para executar as operações de logística e deslocamento,

hospedagem, alimentação, essas coisas. E a própria reflexão da unidade

regional no sentido de ela querer também sediar essas oficinas. Então,

forram escolhidos até agora Florianópolis – Coordenação Interior Sul. Eles

ainda estão em processo de discussão e ficaram de dar uma resposta para a

gente ainda. A segunda em Fortaleza, Coordenação Regional Nordeste II,

que se comprometeu a dar o retorno. Está no mesmo processo de reflexão

interna lá para decidir se vai ser lá. Mas já deu uma sinalização positiva.

Cuiabá imediatamente já se colocou à disposição. Já tem um orçamento

previsto, mas um orçamento bem inicial ainda. E já está pronta para fazer

antes da Copa do Mundo, antes de iniciar a Copa do Mundo. Rio Branco

também se colocou àdisposição para fazer. Mas por conta das condições

deles lá, eles solicitaram que fosse após a Copa do Mundo. Então, lá para o

mês, segunda quinzena de julho para frente. Caiapó sul do Pará e Tucumã.

Também se colocou imediatamente à disposição e já estão preparados para

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fazer antes do início da Copa do Mundo. Tudo que está aí foi decisão de

ontem da comissão, Subcomissão de Etnodesenvolvimento. Então, o

primeiro ponto aquele que falei em relação a Minas Gerais, por exemplo. A

gente vai fazer reajuste naquele quadro anterior no sentido de fazer os

recortes sugeridos pela Subcomissão de Etnodesenvolvimento e a gente vai

retrabalhar esse orçamento, quantidade de participantes, etc.

A principal decisão de ontem foi a seguinte: a gente tinha distribuído de

vinte a trinta e cinco participantes nas oficinas regionais, e vou detalhar

melhor isso e, 50 participantes na oficina nacional. Só para... Sul-Sudeste e

Nordeste eram 20 participantes. Centro-Oeste acho que eram 30 e, as duas

da Amazônia 35 e, 50 na nacional aqui em Brasília. Foi feita uma avaliação

no seguinte sentido ontem: pela delicadeza do tema, pela demanda que

existe de algumas populações indígenas, pela desinformação que existe em

muitas comunidades parceiras institucionais e, etc., em relação a esse tema,

por ele ser polemico, a Subcomissão ontem ponderou com a gente no

sentido de que essas oficinas regionais tivessem um número maior de

participantes do que esse proposto inicialmente pela FUNAI. Então, a

Subcomissão em uma avaliação sugeriu que fosse uma média de 100

participantes por oficina regional. De forma que a reflexão fosse maior, que

a representatividade fosse maior em termos de local, regional.

Cada uma dessas regionais iria identificar um ou dois para ser avaliado

para representar aquela oficina regional na nacional, de forma que houve

um acréscimo de participantes em cada oficina regional e, uma diminuição

bastante significativa na nacional que seria com 5 a 10 participantes. Deu

para entender? Essa foi a principal deliberação de ontem. Em decorrência

disso a gente vai ter que fazer toda essa redistribuição e os cálculos de cada

oficina para ver quanto foi feito. Isso a gente já tem o número geral para

vocês verem depois. E essas oficinas regionais, para que elas tenham

sucesso duas questões principais foram avaliadas ontem e que tem que

acontecer. Primeiro é o repasse de informações tanto para as organizações

indígenas maiores e aqueles outras nem tão grandes e, para as unidades

regionais da FUNAI de forma que haja perfeita articulação no nível

regional entre a FUNAI e as organizações indígenas.

Então, isso vai ter que ser feito. Um trabalho muito importante, muito

denso, interativo entre a FUNAI e as organizações indígenas. E o papel de

cada um de nós vai ser preponderante nisso. Aí é só repetindo como foi a

composição da oficina de janeiro onde participaram os técnicos das

coordenações regionais como eu falei, membros da CNPI do Comitê Gestor

da PNGATI, representantes das organizações indígenas. Os indígenas que

participam das experiências de visitação e turismo que existem hoje,

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parceiros governamentais. E outra sugestão de ontem que está em

vermelho, a identificação o mais rápido possível dos pontos focais que vão

trabalhar nas organizações desses eventos. Na FUNAI sede já está

identificado o Coordenador de desenvolvimento que não pode estar aqui

hoje e que está em Roraima, que é o Júlio Cesar. E eu mesmo. Já estamos

indicados. A gente precisa fazer isso com cada coordenação regional da

FUNAI e as organizações indígenas vão ter que indicar seus representantes,

seus pontos focais.

E imediatamente a gente organizar um seminário, uma oficina, algum

evento de forma a reunir essas pessoas. Vai ter que ser feito de forma

imediata isso como deliberação da Subcomissão de ontem. Isso eu trouxe

só para vocês verem em quanto ficou o orçamento na proposta inicial da

FUNAI. Está aí o montante de recurso por oficina regional e pela nacional

e, o quantitativo, o tamanho disso. 20 indígenas, 20, 30, 35, 35, 50. Aqui

também está contabilizado os participantes pela FUNAI da sede e das

unidades regionais. Ficou em torno de 1 milhão cento e poucos. Só por

natureza de despesa para vocês verem o balanço disso em termos globais.

A gente pode destacar que passagem é um componente muito significativo

nesse total. Só para vocês verem de onde está vindo essa conta. Aí é o que

eu falei sobre atribuições e comprometimento de cada participante dessa

história para o sucesso das oficinas.

O material que a gente tem hoje para trabalhar essa informação e essa

reflexão nas unidades regionais é o próprio texto da IN que eu vou mostrar

daqui a pouco e, o resultado da oficina de janeiro, onde está detalhado

todas as discussões que aconteceram lá. O processo dessa história que a

gente avaliou ontem é a divulgação bem feita desse material. E a troca de

informações entre as organizações indígenas ea FUNAI. Foi também

pensado na FUNAIparalelementeàs oficinas presenciais nas regiões, a

gente trabalhar uma... eu estou com receio de usar este termo consulta por

conta da Convenção da OIT, mas vou utilizar consulta, mas sem o rigor da

OIT, por favor. Fazer uma consulta via internet. A FUNAI ainda não

experimentou esse tipo de trabalho, essa forma, esse mecanismo de fazer

esse trabalho via internet, mas a gente avaliando com parceiros, o

Ministério do Turismo, informática da FUNAI e, o entendimento nosso é

que a gente conseguiria fazer isso pela internet também. E isso ampliaria a

possibilidade de cidadãos brasileiros e até do exterior contribuírem para o

processo.

A gente pode detalhar isso depois se for o caso. Mas a gente já pensou em

regras de acesso àpágina da FUNAI, cadastramento, validação das

propostas é importante. A pessoa só poderia fazer essa sugestão de

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alteração da minuta a partir de um cadastramento dela na página da

FUNAI. Então, tem todo um cuidado para se fazer isso. A gente poderia

fazer também uma estatística sobre essas consultas. Por exemplo, quantas

etnias no país sugeriram proposta? Por região, por etnia, idade, quantas

organizações indígenas propuseram alterações, quantas não propuseram.

Então, esse tipo de coisa poderia ser interessante para a gente. E já teve

nesse período todo, alguns contatos com o Ministério do Turismo. Eles se

colocaram inteiramente à disposição para contribuir com esse processo em

termos de fornecer, por exemplo, moderação e relatoria para as oficinas

regionais e para a nacional. Uma participação técnica mesmo de conteúdo

das propostas, eventualmente indicar locais para se fazer essas oficinas e,

suporte técnico para estruturar essa consulta via internet.

Eu só quero mostrar aqui a planilha com o orçamento. Está ruim para ver

ali, mas essa aí é a primeira proposta que a gente fez inicialmente com 190

participantes no total. Somado todos os indígenas participantes das oficinas

regionais e da nacional daria esse montante de 1 milhão e 182 mil. Nessa

proposta que foi trabalhada ontem na Subcomissão de

Etnodesenvolvimento no sentido de alterar o quantitativo por regional para

100 pessoas e para dez pessoas na oficina nacional esse montante subiu

para 1 milhão e 500 mil. Então, essa foi... eu queria que vocês olhassem

esse número com cuidado porque isso foi feito de forma apressada, é

estimativo e isso precisa ser confrontado com as realidades locais de cada

coordenação local da FUNAI. Por exemplo, uma unidade regional pode

conseguir emprestado o local para fazer o evento. Então, esse custo de

locação do imóvel aqui vai cair, vai diminuir porque se conseguir de graça

não precisa pagar, então, a gente tem que olhar com cuidado esses

números, mas é um bom indicativo da dimensão desses eventos.

E a última coisa que eu queria dizer é o seguinte: a direção da FUNAI

colocou para a CGETNO o prazo de setembro de 2014 para a gente ter esse

trabalho concluído. Então, eu vou encerrar por aqui e estou aberto para

discussão, avaliação.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Alguém do

grupo gostaria de concluir... concluir não, acrescentar? Ok. Simone.

Simone Karipuna – Região Amazônica: Então, na realidade é só para

voltar a colocar para vocês que para a gente foi muito difícil e, também não

foi fácil para a equipe da CGETNO da FUNAI para fazer esse contraponto

com a gente dentro da Subcomissão. Porque? A gente participou do

seminário em janeiro e muita liderança aqui presente participaram, como a

proposta inicial da IN. E aí quando a gente se deparou já com o trabalho

apresentado pela equipe para gente sobre o número de lideranças que o

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Júliosempre fala delegados para participar das conferencias regionais, a

gente já tem uma perca muito grande no sentido de não ter nas regiões

quando se divide cada território nosso, de ter uma discussão mais sólida, de

nivelamento de informações e tudo para as nossa comunidade indígena. E

aí de repente se depara com um seminário a nível regional com 5 lideranças

sem ter esse nivelamento de informação na ponta. E a gente foi para esse

contratempo porque a gente entende que a questão do direito de consulta, o

direito da gente poder opinar, da gente poder construir esse processo. Então

foi diante desse argumento que a gente tentou fazer e sensibilizar os dois

colegas que tavam lá para ver se a gente conseguia ampliar esse número.

Então, diante de toda discussão a gente não abriu mão de garantir nas

Conferência regionais a participação de 100 lideranças indígenas.

E aí eu queria que o Luíscolocasse...

Participante fala sem microfone.

Simone Karipuna – Região Amazônica: Desculpa. Jose Augusto

colocasse lá na planilha que se divide as regiões por favor. Se divide as

oficinas regionais. Por favor. E aí quando a gente viu, por exemplo, cada

região e isso a gente já tem bem mapeado, a gente consegue entender e aí

Zé o Lourenço vai falar, mas vou reiterar, que a gente pediu para que fosse

colocado em cada região onde vai ocorrer os seminários, que fosse

colocado os estados a qual vai fazer a composição né? Por exemplo, centro-

Oeste. Quais são os estado que vão participar e de que forma vai se dar a

divisão dessa cem liderança indígena. E teve um questionamento outro;

como a gente vai fazer para que essas cem liderança que vão participar das

conferencias regionais, como ela vão estar preparadas para discutir a

questão dessa minuta? Teve vários questionamento em relação do

entendimento disso.

Mas quem tava lá disse que não tinha recurso para que a gente tivesse essas

preparatórias antes das conferencias das oficinas regionais.E aí a gente

argumentou que cada CR tem sua maneira como o Zé, sua maneira de

articular e pode muito bem diminuir o custo. Quando a gente propôs

também que fosse as cem liderança por região, a gente também propôs que

vindo da FUNAI a proposta era garantir 50 lideranças indígena na nacional.

50 lideranças. E aí o custo era bastante alto. Só de passagem seiscentos e...

Não precisa entrar, mas só para vocês vê,e aí foi tentar barganha isso junto

a eles no sentido: a gente incha nas oficinas regionais e aí a gente pensa em

cada oficina regional sair duas lideranças para que fosse na nacional, vista

que a gente vai tentar trabalhar bem e fazer com que a nossas liderança

tenha uma boa discussão nas regionais para que sai de lá duas liderança

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para vir pra a Conferência nacional, vista que consolidar as proposta das

regiões.

Foi o que a gente tentou arduamente fazer para que gente chegasse no

denominador comum que foi complicado. E agente também tentou amarrar

de como vai se dar esse processo dessa construção inicial das preparatória

pras oficinas regionais. Porque? A gente viu que tem regiões que já tem o

turismo dentro de terra indígena, já tem o que precisa da regulamentação.

Mas têm regiões que ainda não iniciou a discussão, mas e nelas está

acessado o direito de participar das oficinas para poder ter o direito de

querer ou não querer participar, masprecisa participar desse processo.

Então, só para dizer para vocês o quanto foi difícil a gente está, trabalhar e

fazer a somatória. Era isso.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Simone. E passando às inscrições, eu só gostaria de justificar a ausência da

Presidente aqui na mesa porque o Ministro chamou ela e ela subiu para

uma reunião com o Ministro. Ok? O primeiro inscrito para falar é o

Lourenço.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Eu queria mais

uma vez tenta corrigir na verdade, corrigir daqui já né a representação do

estado pelas organizações indígena. Sabemo que nós queremos tira essa

colonização e descolonização agora. Isso que nós tamo conversando agora

né? A organização indígena se hoje estamos trabalhando governo e

organização indígena, a organização nacional foi criada as organizações

para representá através das regiões. Então,na Amazonas nós temo nove

estados. Então, nove estados do qual hoje faz parte dentro dos estados,

temos o Amazonas, temos só para o Augusto e começa a consertar e sair

corrigido daqui, estou falando como COIAB também, como Vice-

Coordenador da COIAB, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso,

Tocantins, Pará e maranhão. Então não podemos dividir nesse agora, pelo

menos nós do movimento aceita, concordar com o geográfico brasileiro.

Porque nós temos as organização indígenas na parte geográfica.

Então, o que nós tinha conversado no início lá? Que sempre trabalhamos

para fortalecer entre as organizações indígena de base, trabalhou Tocantins,

Maranhão, Pará e Amapá. Porque essa é nossa organização hoje, é assim

que nós trabalhamos hoje e representamos hoje aqui no CNPI. Então queria

que começasse desde agora a correção para que possamos dar sequência de

um trabalho porque já vem discutindo desde a nossa organização para

fortalecer nessa luta. Só para questão de corregimento. Outra coisa e

questão de como a própria a colega Simone falou. A participação dos

números dos indígenas dentro das oficinas regionais. Então, eu tinha

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participado de uma parte pela manhã e eu sempre diz: questão turisma é

interesse não só para população indígena, mas interesse dos municípios e

dos estados também. Porque não cada regiões depende muito da articulação

que os municípios com certeza tem interesse, porque os benefício que vem

não vai ser para os indígenas se acontecer. Mas sim para os municípios

antes de chegar, que vem de fora, antes de chegar as pessoas, chega no

estado e no município.

Vem toda economia chega antes indígena chega nos estado e municípios

para chegar nas comunidade. Porque não fazer essa parceria e diminuir a

despesa do qual foi apresentado para nós né na oficina regionais. Tem

alguns município que tem interesse sim e os estados. Porque não contribuir

com a logística digamos com alimento, local e diminuir custo. E mais a

participação ou de, o proprio deslocamento depende das regiões a

facilidade, se for por terra, ou aéreo, fluvial, depende muito da articulação

de contribuir para essa parte para realmente tem mais a participação não só

o número de cem, mas mais participação para se melhor o entendimentos

das populações indígena na região no qual vai acontecer as oficinas.

Então, eu queria assim nesse momento reforçando mais uma vez ideias. Se

for, por exemplo, digamos exemplo bem prático, se for para a participação

dos povos indígena do estado do maranhão que aonde que foi determinada

a oficina, é claro que vamo articular com os municípios e com o estado.

Queremos participar porque isso todos esse resultado depois de toda essa

discussão voltarão para o estado e município. Porque não? Então essa

minha eu hoje eu penso isso. Não pode ficar de fora municípios e estado.

Começa esse trabalho para também ter contribuição para participar nesse

oficina. Pode ser um representante, mas que venha representante mãos

indígena nas oficina de base que assim poderemos legitimar esse número

de representante a nível nacional, legitimar pela base. Com a escolha que

realmente a pessoa que for realmente representar dos 10, que venha bem

mais legitimada por a base para tá representando na nacional. Era isso.

Obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Lourenço. Próximo inscrito Titiah.

Luiz Vieira Titiah: É o seguinte, na fala da parente Simone eu acho que

nós tem que fechar aqui e assegurar para a oficina regional quantas pessoa,

quantas liderança vai participar. Mas nisso não quer dize que algum estado,

algum município querer ir lá por conta dele participar, é um encontro

público. E ir participa para contribuir. E assim, outa visão que tenho que

discuti dentro da reunião é que tem comunidade que já está acontecendo

essas visita e tem comunidade que não aceita. Por isso que a oficina vai ser

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importante a discussão mais profunda lá na ponta de que a gente avaliamo a

questão que aqui a nível nacional. Porque se a discussão e o conteúdo que

for elaborado para discuti na oficina regional e as pessoa que participá

entender qual é o tema está se discutindo, as pessoa que escolhe na oficina

regional só vem aqui na nacional para está enxugando o encaminhamento

que veio da ponta para de fato virá a política para o tema que seja

discutido.

Mas mais assim reforçando também, eu queria deixar registrado aqui que

acho que tem o dever de casa para isso se acontecer. Premero a gente tinha

que sai daqui Zé Augusto também com a data fechada da reunaio

preparatória para essa pessoa. Já tem um mês que vai acontece uma oficna

na região, que as pessoa que vai se sentá para se preparando para estar na

ponta trabaiando as informações dessa oficina. É uma das ideia. Outra coisa

é a FUNAItrabaiá nas regionais, que foi um ponto muito avaliado por nós.

Onde tem CR e ainda não tem por dificuldade de infraestrutura, não tem

condições nenhuma para a gente está visitando as comunidade e fazendo

esse trabalho. Né?

E a outra coisa é que tá ali: a garantia de cada região que os membro da

CNPI teja presente participando dessa articulação e dessa organização para

a Conferência regionais. E para encerrar também que euria lembrar uma

coisa que foi discutido, foi dentro da reunião da Subcomissão e fugindo um

pouco disso aí, foi a questão da DAP Indígena. Que a gente

fizemoavaliação sobre a DAP Indígena. Outra coisa foi o Selo Indígena de

Agricultura Familiar que foi um ponto informado por Luís Fernando, que

dentro da reunião da Subcomissão foi um ponto interessante. E para ajudar

a SSubcomissao que tava tendo algumas avaliação, coisa importante que a

gente também fechamos foi a data da próxima reunião do Grupo do GTI

dentro do MDA onde faz parte eu e Simone e, o Priprá e Anastácio que no

próximo estamos sentando para dar continuidade ao grupo de trabalho.

Então, Teresinha era isso que eu queria está ajudando na discussão.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada Titiah.

O próximo inscrito é o Saulo.

Saulo Feitosa – CIMI: Essa questão foi colocada hoje à tarde por

solicitação do Coronel Rodrigo. Ela ia ser discutida ontem de manhã e ia

ser só a nível de informe e eu lembro que fosse para hoje para que fosse

colocada em outra perspectiva. Eu imaginei quando ele faliu e eu

concordei, embora não tenha me manifestado, é que ela sobre a discussão

da motivação da realização dessa discussão. O que eu posso imaginar como

preocupação dele e a minha também, é que no momento em que você

promove a discussão, como o Titiah falou, tem comunidade que não tem

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interesse.Mas o próprio fato de você promover a discussão isso pode gerar

uma propagando positiva para o turismo em terra indígena. Eu acho que

isso era uma preocupação do Coronel. E principalmente quando a gente

está falando de todas consequências, sobretudo nas regiões fronteiriçasque

tipo de visitante vai chegar nessa terra indígena. Qual vai ser a

consequência?

Esse é um aspecto que deve ser considerado. E esse aspecto deve ser

considerado, sobretudo, quando a gente fala de realizar consulta. Porque a

consulta ela é posta em uma condição de livre informada. Então, a minha

preocupação é a seguinte: essa questão de turismo já começou a muito

tempo e não estou dizendo vamos parar de discutir, mas talvez eu tivesse

dito isso antes, ou deveria ter dito isso antes, mas ontem quando o Coronel

falou eu fiquei pensando nessas coisas. É só o seguinte a gente ter cuidado

para que essas oficinas não sejam convertidas em propaganda pró-turismo,

porque dependendo da metodologia que a gente faz, pode produzir efeito

contrário, a outra questão é quando a gente fala da consulta ouviu Zé

Augusto. Talvez esse uso que é importante a gente usar os recursos

disponíveis, talvez o recurso da internet seja posto sugestão. Quer dizer,

uma página para que se possa fazer sugestões. Porque se a gente diz que é

consulta a gente corre o risco de confundir com a consulta que você

observou bem. Não é a consulta que está prevista na 169. E se não é a

consulta que está prevista na 169, vamos colocar um site para receber

sugestões. Porque a consulta que está posta na 169 tem sido a

regulamentação dessa consulta, tem sido objeto de grande discussão entre o

movimento indígena e o governo brasileiro. Justamente porque o

movimento indígena entendeu que o governo brasileiro não estava

entendendo o que era a consulta. Queria regulamentar a toque de caixa.

E na internet eu entendo que a gente não pode realizar uma consulta porque

a internet não possibilita a informação correta e, nem esse...

Participante fala sem microfone.

Saulo Feitosa – CIMI: Exatamente. E nem essa condição de ser uma

consulta livre. Livre de pressão e de tudo. Então, a minha proposta é que

colocasse sugestões, uma página de sugestão e, que em cada encontro

pudesse haver um momento na perspectiva que o Coronel Rodrigo. De

colocar as preocupações... ele não externou isso, mas eu estou entendendo

que quando ele disse que era para aprofundar e ele infelizmente não está

hoje, é que fosse colocado para que a comunidade se posicionasse, é que

todos os riscos fossem colocados para que informação correta... e acho que

até levando exemplos, porque até mesmo essas comunidades onde já tem

esse turismo e vocês sabem muito bem, a droga entra desenfreadamente, o

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aliciamento de meninas e meninos. Enfim, não vouestar aqui repetindo. Eu

acho que nessas oficinas deve se colocar as mais experiências para que a

gente não influencie a estar fazendo uma propaganda por uma coisa que é

muito ruim e que causa muito prejuízo aos povos indígenas.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada Saulo.

Próximo inscrito Capitão.

Senhor Sandro Tuxá: Eu gostaria de fazer um pedido, uma questão de

ordem.

Teresinha Gasparin Maglia: Questão de ordem para o Sandro.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME:Ontem estávamos

com uma expectativa muito grande que nós teríamos oportunidade de na

apresentação do programa que houve aqui...

Participante fala sem microfone.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME: Desculpa, tô

ansioso. Bem, nervoso. Ontem estávamos bem empolgados achando que

íamos ter a oportunidade de sentarmos com o Ministro e poder externar

algumas preocupações relacionadas ao movimento indígena. Sobretudo

questões que nos debatemos na Subcomissão de Justiça e Segurança e

Cidadania. Mas como era um momento impar e todos estavam com agenda,

isso por parte do movimento indígena claro, mas ontem como a gente viu

que o Ministro estava com uma agenda e veio fazer a apresentação etal,

acabou que não conseguimos traduzir nossos questionamentos por toda a

fala do nosso representante da COIAB, no qual nos representou muito bem,

que é o nosso Coordenador Maximiliano.

Bem, mas qual era a nossa preocupação e aqui nós queremos registrar. Que

mais uma vez é frustrante a situação que ocorre no sul do Brasil, agora

nesse momento, em especial no Rio Grande do Sul. Temos um

representante nosso aqui companheiro de luta Deoclides que veio algumas

vezes na nossa capital junto com suas delegações pedindo, clamando que o

problema da comunidade dele fosse resolvida. Ele trouxe o caso pontual

diante dos caso das terras indígenas que lá se encontra dos Kaingang nessa

questão. E por muitos anos tentaram se resolver as questões para minimizar

todo e qualquer conflito, apaziguar qualquer questão, tirar dúvidas. Criou-

se a mesa de diálogo, pactuou, se repactuou, vieram a Brasília, voltaram

para as comunidades, pensaram em uma reunião estratégica pelo Ministro

quando os índios descobriram que o Ministro não tinha intenção de resolver

o problema pactuado das terras. Se recusaram a sentar com o Ministro.

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Nessas andanças, idas e vindas acabou levando à morte e alguém, de

ocupantes da área. E liderança indígenas estão sendo ameaçadas e nós

noticiamos. Veiculamos isso nas redes e acabamos de descobrir que dez de

nossas lideranças estão presa e uma delas provavelmente possa ser nosso

companheiro Deoclides.

Então, assim nós temos a obrigação...

Participante fala sem microfone.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME:É. Deoclides.

Confirma. Deoclides.O BrasílioPriprá conformando que é o Deoclides. E

nós estávamos ontem até discutindo com o nosso representante sobre a

possibilidade de criarmos alguma aparato feito pela CNPI para debater

futuras ações que pudessem até ter a questão da segurança do Deoclides.

Mas enfim, eu estou querendo aqui como um desabafo salientar que fique

registrado aqui que nós não podemos protelar mais esses problemas

fundiários. Onde a mesa de diálogo não consegue mais avançar tem que se

cumprir a lei. A lei que regulamenta os processo de demarcação de terra

que está em vigência.

O decreto 1775 está em vigência e a lei que regula e tem os prazos e

tramites legais. A terra que o nosso Deoclidevive gente ele vive há poito

anos embaixo de lona. Oito anos embaixo de lona. E não só ele como sua

comunidade em geral, os Guarani em geral. Até quando vamos ver nosso

parentes enfrentando esses conflitos? Não só eles sendo aprisionados,

mortos, mas também os pequenos. Porque a falta da operação do governo

acaba tendo conflito de pequenos contra pequenos. E a resposta que estão

sendo dada é o grandes ruralista, e os latifundiários instigando esse conflito

do menor para o menor. É o caso que ocorreu lá. Somos testemunhos e

dizendo aqui para bancada indígena da CNPI que o cacique Deoclides

conversou com os pequenos proprietários um a um. Eles resolveram aceitar

as propostas que estavam colocadas para receberem e aceitar a demarcação

de terra e os grandes foram lá instigar um a outro para conspirar conta as

lideranças, colocando na cabeça de pessoas que não aceitassem. Inclusive

ameaçando essas pessoas que foram a favor de dar o direito. Inclusive

tocaram fogo na casa do morador, como nós, que aceitou a proposta dos

indígena.

Como eu que moro lá no Nordeste na terra do chão rachado consigo saber

disso e a Comissão Nacional através do Ministério da Justiça não consegue

saber disso e não consegue apurar e a solução é prender nosso parente.

Olha, isso é um protesto que faço agora. É um protesto da minha parte, da

bancada indigenista, que nosso Ministério da Justiça tem que ser mais ágil,

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mas não contra os indígenas, mas sim pela demarcação das terras. E a

agilidade está em prender nosso parente como foi corrido com Babau e

agora com nossa liderança. Muito obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Seu Brasílio.

Senhor Brasílio Priprá – Santa Catarina: Em respeito a povo Kaingang

a qual tenho sangue também e vou levantar de pé. É uma vergonha nesse

país se tiver que me prender pode me prender, aqui mas vou falar a

verdade. Como falei de manhã. Esse governo precisa ter vergonha. Cadeia

não foi feita para home, mas se tiver que ir eu vou em defesa de um povo,

em defesa do sangue, porque a gente pensa de briga a gente não pode só

pensar na comunidade indígena, a gente em que pensar naqueles pequenos

agricultores que estão lá. Isso está acontecendo por irresponsabilidade do

governo. Isso não é de hoje. É um problema de estado. Isso é uma pouca

vergonha. Nós estamos aqui dentro do Ministério da Justiça aonde não se

resolve, aonde os companheiro vieram muitas vezes aqui pedindo,

clamando, procurando a Advocacia-Geral da União, mas ninguém atendê-

los. Hoje caíram em uma emboscada recentemente e forampreso.

Que pelo Ministério da Justiça nós tamo aqui tem a casa, mas o problema

do não índio não é a sinceridade, é o papel. Papel aceita tudo viu? Hoje os

companheiro lutador que tão lutando pelas suas terra, pelas sua terra por

aquelas pessoa que tão lá e que é culpa do estado brasileiro e não é culpa

nem dos colono. É culpa do estado brasileiro que não tem responsabilidade,

não tem política para esse povo brasileiro. E não é para os índio, é para

toda massa brasileira. Tem política para alguns. 5% do povo brasileiro,

europeu, grande empresa, multinacionais, aí tem justiça. E cadê a justiça

para o verdadeiro brasileiro que morou em cima dessa terra que não se

resolve o problema. Até quando vamochorá isso. Outra coisa que eu queria

dizê. Eu gostaria de deixa aqui meu apelo à segurança dessas oito pessoas

que estão preso. Será que não ser morta por aqueles pessoas?

Será que vai ter que morrer mais alguém para prender outros? Não vai

resolver. Temos que ter uma política, uma política brasileira, desse povo

brasileiro? Se precisa ser preso, eu posso se preso, mas pelo menos eu vou

evitar a morte e alguém, é isso que temos que ter caráter, ter

responsabilidade. O governo tem força para isso e não faz porque não quer.

É a segunda vez de todo esse tempo que to na CNPI que eu levanto de pé,

mas eu levanto pelo um povo, pelo um povo. O povo Kaingang a qual

tenho sangue, falo a língua. Não só da área deles. Moro na área Xogleng no

vale do Itajaí, mas conheço a realidade não só deles, mas dos três estado do

Brasil. E to aqui para defende-lo. Se tiver que me prende se to falando a

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verdade me prende. Hoje estamos vivendo uma ditadura. Disse que a

ditadura passou, mas é mentira. É verdade. Ela não passou. Ela tá aqui.

Antigamente usava arma, hoje usa caneta que é bem mais bonita e bem

mais leve. Isso nós precisamo mudar. Temos que ter consciência enquanto

que índios estão morrendo, colonos estão morrendo, isso ninguém faz nada.

E se pode fazer sim. Pode fazer que nem os colono e nem os indígena pode

ser prejudicado. Tem meios legais sim. Precisa cumprir a lei, precisa

cumprir a Constituição federal, isso que não está sendo cumprido. Porque

não rasga ela se não é para cumprir. É muito fácil negociá, negociá o que é

dos outro. Eu quero ve acertar as coisa para que ninguém saia machucado.

Eu tenho respeito pelos colono porque são gente trabalhador, agora os índio

também tão defendendo o direito deles que é a terra é deles. E não de

ontem, comprada há vinte ano, trinta ano não. É milhares de anos que se

passaram ali. Isso é uma pouca vergonha. Quando se faz uma Copa do

Mundo se gasta milhões de reais, milhões foge por aí. Agora quando é para

faze cumpri a lei não se cumpre. Eu fico aqui muito triste. Um dos dias

mais triste da minha vida é ve um companheiro lutando pela suas terra e

daqui a pouco não tem nem onde se enterrado. Porque negam a terra dele, a

verdadeira terra dele.

Eu gostaria que o Ministro estivesse aqui para ouvir se vai dá segurança,

será que não vai morre nenhum desses outro que está dentro da cadeia?

Porque os policiais que tão lá, seja militar seja civil da Polícia federal tem

parente, te amigo lá dentro, juiz. Mas é só mais um índio que morre. Já

morreram cinco milhões. É uma pena. Um Brasil tão bonito desse com

espaço tãogrande, mas airresponsabilidade é bem maior. Muito obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Brasílio. E antes de passar a palavra para o Titiah que pediu a palavra,

dentro desse tema da questão de ordem, a Lucia em nome da Presidência da

FUNAI gostaria de usar a palavra para alguns esclarecimentos para uma

mensagem da Presidente.

Lucia Oliveira – FUNAI: A Teresinha que Guta teve que se retirar para

uma reunião com o Ministro. E essa reunião foi para falar desse assunto e,

a Presidente teve que ir para a FUNAI. Por isso ela se retirou para tentar

achar uma solução via FUNAI para minimizar esse problema. E foram

presos dois indígenas e não oito como o parente falou. Ela pediu ainda para

dizer para vocês que ela está à disposição se vocês quiserem conversar

mais sobre esse assunto com ela lá na FUNAI. Estamos aguardando

informações. Ela já pediu informações ao Ministério da Justiça e não temos

ainda a confirmação.

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Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada Lucia.

Vamos seguir as inscrições dentro desse tema. Voltamos ou encerramos a

questão do turismo em terra indígena? Eu só gostaria de ver com vocês:

estamos com um lanche preparado e eu sei que é chato falar sobre isso

principalmente nesse momento. Então, vamos fechar essa parte. Ok. Então,

Titiah e Anastácio.

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Mas dentro do

turismo ou dentro desse tema?

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Então, eu vou

passar a palavra para... na sequência era Capitão, Fernando MMA e o

Coronel do Ministério da Defesa. Zé Augusto, acha que justifica isso? Zé

Augusto em nome da CGETNO aqui.

Senhor José Augusto Pereira - FUNAI: Eu estava só dizendo aqui para a

Teresinha que a CGETNO coloca à disposição da CNPI, da bancada

indígena e dos membros de governo em relação ao assunto visitação para

outro momento se for do entendimento de vocês que há uma prioridade

momentânea que precisa ser dada tratamento especifico.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Consultando a

bancada: continuamos o assunto ou interrompemos? Titiah.

Luiz Vieira Titiah: Teresinha questão de ordem. Eu acho que esse

momento, o desabafo e da fala do parente aquiqueria deixar registrado na

CNPI que o que está acontecendo na região e queria que a Presidente da

FUNAI tivesse aqui, o Ministro tivesse aqui e tivemo aquela comemoração

tão bonita ontem e, a estratégia dele sair e ir para um lanche, mas queremo

registrar os fato que tá acontecendo Teresinha e, que eu fosse a bancada

indígena nós parava. Parava para discuti esses assunto de interesse político

e resolve o problema. Aí eu vou pontua Teresinha . Questão Tupinambá

quase toda semana tá morrendo índio, a prisão de Babau e veio confrito no

extremo sul da Bahia aonde os pistolero aturou no carro da saúde, aonde o

filho do cacique foi baleado semana passada. Aí vem a questão pontuado

pelo Dr. Antônio aqui na reunião da CNPI, a situação e a morte dos parente

Guarani-Kaiowá na região por falta de uma política implantada no estado e,

agora por último vem a questão e ainda fala: não foi oito não, só foi dois

que foi preso. Isso pesa para a gente, mas é dois pai de família, é índio.

Está na luta para conquistar seu direito.

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Eu não sei meus parente se vocês tem a mesma opinião minha, mas eu acho

que nós podia ou retirar da reunião, ou nós fazer um repudio aqui pedindo

providencia imediata da situação. Porque não dá para discutir e dialogar

uma política aonde lá nas ponta está acontecendo esses fato Teresinha .

Vou ser sincero porque o que está acontecendo vai acontecer mais, por mês

nos Tupinambá tá morrendo dois, três, cinco indígena. Não tem crima não

Teresinha . Não tem crima porque passei aqui, regisrei aqui as minha

ameaça, outras liderança que já passou, o que foi levantado aqui pelo

Cacique Babau nessa reunião e, simpresmente nós só sabe de uma noticia:

o processo tá aqui dos Tupinambá. É uma vergonha nós passa o abril

indígena e o governo nem pubricá uma terra e nem assiná uma terra para os

povos indígena. O primeiro ano e o primeiro governo que passa sem dar

uma resposta. Principalmente um governo que ajudamos a construir. Então,

meu parente, eu estou com você principalmente você Brasílio, com o apoio

lá de nós da Bahia e por repudio. Eu mesmo não tenho clima mais para

discutir e encaminhar questão para a política para os povo indígena, não dá

clima não.

Ou o Ministro sentasse aqui com a gente ou a Guta viesse dissesse aqui

para a gehteuqla o encaminhamento de fato está tomando não só pela

prisão desse parente de hoje, mas da situação. O que o Ministro mais ela já

sentou para resolver o problema, aonde está a questão do relatório dos

Tupinambá. O que está acontecendo por não se publicar. Qual foi a

providencia tomada no carro que foi atingido por bala no extremo sul. Nós

precisamo de um levantamento desse. O que tá de encaminhamento, de

providência. Eu encerro minhas palavra aqui na CNPI que eu mesmo

sinceramente não tem clima mais não para se discutir nada não.

Capitão Potiguara: Teresinha , eu queria dar minha solidariedade ao meu

companheiro que eu assisti a entrevista dele semana passada

preocupadíssimo, o Deoclides. E queria dizer que essa comissão tem que

ter coragem do que vai fazer. Foram registrados várias vezes nessa casa

assassinato e ameaça e até agora não temos nenhuma pessoa presa. Vou

citar o estado da Paraíba onde derrubaram a casa do cacique. Aníbal.

Deram sete tiros. E até hoje não temos o inquérito concluído. Vai fazer dois

anos agora em julho que mataram o cacique na aldeia Brejinho e a polícia

não tem inquérito concluído. Então, o que a gente está fazendo nessa casa?

Enquanto eu conversava com o Dr. Marcelo Veiga e perguntava: porque o

governo não trouxe uma, duas terra para assinar ao invés deter trazido só

esse projeto da Amazônia. Ele disse que o governo ia fazer. Passaram dia

19 e não fizeram nada o que vão fazer depois do dia 19?

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Então, eu me solidarizar com a palavra de Titiah e pedi que a bancada

indígena pare os trabalho para a gente ter pelo menos uma conversa nossa e

dizer que a gente não pode continuar nessa casa trabalhando em benefício

de nosso povo, porque tem que ter uma resposta dentro da comunidade para

dar ao nosso povo. Quando chega lá na base eles querem saber do que está

produzindo aqui. Então queria deixar minha nota de repudio e pedir à

bancada que se solidarizasse com a fala do Titiah.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME:Questão de ordem.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Questão de

ordem concedida.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME:Obrigado, eu

entendo a nossa indignação, eu entendo o que está acontecendo e estou

igual a vocês. Mas antes de parar as atividades e conversar com a

Presidente, a Presidente já sinalizou e que no final da tarde podemos sentar

com ela. Mas já tivemos outros debates e vimos que algumas coisas

precisam ser encaminhadas, moções para serem feitas nessa casa e que

foram acordadas inclusive junto coma Presidente da FUNAI, a questão do

que foi abordado pelo cacique Ak´Jabor também. A moção relacionada á

questão da interinidade da Presidente, porque nós queremos que chegue um

basta nisso. Ela é Presidente ou não? Tem a questão da moção de repudio

junto ao CONASS, que tomou uma decisão de lançar uma nota pública sem

que as lideranças indígenas, nossas organizações tenha participado do

processo. Então, há outras questões que a gente tem que sermos frio. Não

sei se é frio, mas sermos mais práticos nesse sentido. Não escondendo

nosso sentimento, porque a angustia é grande. Eu cansei de ver Deoclides

chorar nessa casa aqui pedindo apoio a esse governo e isso nunca foi dado,

o que mais chegou foi essa questão da mesa de diálogo que nunca decolou.

Mas acho que a gente deve continuar. Esse é um apelo que eu faço. Dar

continuidade os trabalhos que fizemos ao longo do dia e ficar as coisas

inconclusa.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Diante dessa

sugestão do Sandro seria de nós concluirmos com a votação das moções.

Mas antes disso tem mais uma pessoa inscrita que eu devo passar a palavra.

É o Coronel Jean.

Coronel Jean: Queria ratificar aqui o entendimento que o Saulo falou das

palavras do Coronel Rodrigo ontem. Na verdade, o Saulo foi muito feliz na

observação a respeito da atividade do turismo em terra indígena. Eu acho

que ele esgotou o assunto. A nossa ideia é exatamente a que foi falada.

Precisamos saber exatamente qual é o objetivo para que se pense em uma

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estratégia que seja útil e favorável aos interesses das terras indígenas, aos

indígenas de maneira geral. Então, nós temos experiências no Brasil em

que nem todo o tipo de turismo no Brasil teve um resultado favorável. Nós

podemos citar vários exemplos. Por isso nessas oficinas devemos entender

isso de maneira muito clara para que venha a atender exatamente as

necessidades.

O assunto que mudou o foco foi a respeito dessa situação e me parece que

aquilo que abordei na parte da manhã parece até que estava adivinhando.

Mais uma vez eu falo da necessidade que temos que ter, da consciência que

temos que ter, todos, principalmente as lideranças indígenas, a respeito do

equilíbrio, da intenção de se manter um diálogo para que se consiga um

entendimento e, principalmente nas falas que todos usaram agora há pouco,

chegue com metas estabelecidas, com as autoridades competentes no que

diz respeito ao governo. O Ministério da Defesa acompanha, como falei de

manhã, com muita atenção, os focos de tensão torcendo para que eles sejam

resolvidos de maneira equilibrada e justa, atendendo os direitos de todos,

mas principalmente com equilíbrio de modo que não haja conflitos ou

tensão que venha a causar mais prejuízo do que já tem causado no passado

recente.

Então, todos nós que estamos aqui temos, como falei de manhã, uma

parcela de responsabilidade no entendimento dessa questão. E de maneira

muito especial eu falo a respeito disso com as lideranças indígenas para que

tenham essa noção e possam ter esse diálogo de maneira sincera, objetiva

atendendo exatamente o que foi falado pelos últimos companheiros. Só

isso.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Anastácio você

mantém a palavra ou retira?

Anastácio Peralta – Guarani-Kaiowá :O meu é coisa, é o mesmo

problema de terra. Então, lá na nossa região foi feito, venceu o prazo de

reintegração de posse. E dia 7 e ate agora a FUNAI não entrou com

recurso. A gente também tá preocupado com isso. É no município de

Dourados aldeia Apicaí. A terra indígena, então, quando o estado se

distanceia do pobrema pode te esses pobrema. Mas também quero lembra

do Deocride, que os Guarani-Kaiowá tá com ele. Ele tá preso, mas nós

tamo com eles e sabemo que no nosso país quando a gente revendica nosso

direito a gente é recepcionado pela polícia. Então, a gente precisa mais

depressa descolonizar esse país, porque você vai preso por reivindicáseus

direito. Que país é esse que nós tá? Quando você reivindica seus direito

você é preso? Isso é democracia? Então, tá muito pior que era antes.

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Então, a gente precisa mudar o [inaudível]. Acho que nós não tem que

desanimar não. Nós não tem que deixar o bastão que nós tá... tem que

continuar enfrentando esse povo aqui. Porque eu acho que nós tem que

reeducar esse povo. O que é ser humano, o que vem ser pessoa, gente. As

pessoas que faz assim ele não pensa no filho dele. O juiz que decretou essa

prisão decerto ele não pensa, não tem alma, espirito, não tem nada. Porque

uma pessoa que tá debaixo da lona lutando pelo seu povo agora vai preso.

Tantos bandido solto e ninguém vai preso. Mas uma pessoa que

revendicaseus direito no Brasil é condenado e, nós tem que mudar, e vai

mudar com nosso conhecimento indígena, o nosso jeito de mostrar que é

possível ter outro Brasil. Muito obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Anastácio. O Ak´Jabor pediu a palavra. Bem ligeiro Ak´Jabor ? Porque o

pessoal está pedindo que a gente meio que encerre a reunião votando as

resoluções e recomendação, moção de repúdio. Temos várias coisas ainda e

o pessoal do coffee break está aguardando. Ou decidimos fazer o lanche ou

então ele vai recolher porque tem um prazo curto para ficar aqui. Essa

decisão temos que tomar, mas acho que a gente podia... quem quiser pegar

um lanchinho... o pessoal vai lá pega e volta para a mesa. Vamos fazer

assim? Não fica lá conversando porque vai ser muito importante a votação

e não pode esvaziar na votação de resolução, recomendação e moção.

Ak´Jabor .

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Mas que vá de

dois em dois.

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: vamos esperar

dez minutos então. Vamos deixar o Ak´Jabor terminar de falar e vamos

votar as moções. Ok? Dr. Marcelo já chegou aqui à mesa. A sugestão é a

gente terminar aqui para depois irmos para lá.

Senhor Ak´Jabor Kaiapó – Estado do Pará: Agora pode? A questão

desse turismo na terra indígena. Que nós tem que estudar muito porque tem

bom, muito bom para receber o recurso com turismo, mas pelo outro lado é

muito perigoso também. Pega as folha, plantas, minérios e podem levar

escondido. Então, esse que nós tem que pensar direito o estudo. Bom, já

que foi falaram que meus parente colocou agora que para os probrema

deles. O probrema deles é grave para nós e não é só dele não. É nós. É nós

que tamo com probremasério e nós tamo aqui no Brasil não tem juízo não.

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Por isso que está contecendo esses probrema com a gente. Eu acabou de

falar com assessora da Presidente da FUNAI porque recebeu ligação agora,

que aquele tempo, mês trasado foi e levaram, meus guerrero foi leva e

vendê castanha para sobrevivença e mataram um. Assaltante chegô e mato

um meus guerrero. E guerrero voltou e matou três assaltante. Três tá preso

e outro que tá ameaçando o povo ainda. Isso que eu quero registrar aqui

também.

Então, já foitrês preso e tem mais pessoa que tá lá ameaçando meu povo.

Hoje mesmo que saiu barco de São Felix até a minha aldeia e pessoal que

foi corrê atrás do meu povo e mata eles. Então ainda bem que eles sai com

a voadera mais rápido e chega entra na área e não mataram ales ainda.

Então, hoje mesmo meu guerrero já tá preparado para ir lá para acabar com

essas fazenda tudo. Então é o seguinte: está fazendo isso e eu pedi para não

ir. Pedi para a Presidente da FUNAI com eles que eles podemandá Polícia

Federal que resolva isso aí. Procura as pessoa e até um parente do

assaltante que mararam parente, os parente que mataram assaltante, família

de assaltante que tá ameaçando meu povo lá também.

Priprá nós tamo junto. Nosso companheiro tá preso, então por isso que nós

tamo aqui pedindo pro governo, esse governo que tá aqui, que o nome de

três poderes, Congresso Nacional, tem vários, o governo que comandando

o Brasil aqui não tem coração e não pensa. Ontem que eu falei com

nossos... eu fico muito bravo com Deputado Federal que a nossa região

que, eu pedi para mim ajuda eles para ser negocia a PEC 215. Eu falei

muita coisa para eles. Aquele tempo que ajudei você, aquele tempo que

ajudei Lula, aquele tempo que ajudei Dilma, aquele tempo que to ajudando

com minha imagem e hoje não. Hoje não quero ajuda nem o candidato

mais não, nem ajuda mais não. Então, porque vocês quisé candidato vai

para a Europa e candidata lá. Vai se Deputado lá. Aqui não. Porque aqui

ameaçaram muito meu parente e foi preso, meus parente, to junto. Era isso

que eu quero registrar aqui no CNPI.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Ak´Jabor . Não temos mais ninguém inscrito e Dr. Marcelo está aqui agora

conosco. Dr. Marcelo queria usar a palavra ou queria... Brasílio.

Senhor Brasílio Priprá – Santa Catarina:Infelizmente Dr. Marcelo o

senhor está provavelmente representando o Ministro da Justiça ao qual

estamo nessa casa como pessoas responsável lutando pelo direito do seu

povo cada um de nós, com uma grande responsabilidade. A nossa

diferença, a nossa luta não é só pela razão, é pelo coração. Isso que muita

gente não tem e que precisaria ter. agora nós temos a informação que o

nosso companheiro Deoclides e mais um pelo que consta, forampreso. Eu

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fico muito triste Dr. Marcelo. Eu conheço a área do Deoclides. Eu moro em

Santa Catarina, mas visitei ele. Mora debaixo e uma lona litando pelos seus

direito. Quantas criança tem ali e não tem agua encanada. Tem um lago ali

para eles. Uma região fria.

Não só fria no tempo, mas frio de coração, frio de pensamento. Falta de

responsabilidade e respeito. Provavelmente esse juiz não pensa nada.

Porque quem não tem amor a si próprio não pode ter amor aos outros.

Encontramo nosso agora, nosso grande companheiro Deoclides, ao qual por

essa casa passou muitas vezes pedindo apoio ao Ministério da Justiça. Não

do Ministério da Justiça, mas de todo o governo e agora por lutar por um

direito dele, pela uma terra dele, ali está seus mortos, mas vai ser preso por

isso, está preso. Eu gostaria que o Ministério da Justiça, ao qual tem uma

grande responsabilidade, tanto um poder político e jurídico, eu gostaria o

que que vai fazer agora.

Porque Dr. Marcelo, nós comunidade indígena não somos contra os colono,

porque eles também são humano. Eles tem família, tem responsabilidade,

são gente trabalhadora das mão calejada. É isso que n´[os precisamos. Não

é tocar os colono, não é prende os índios e nem matar colono, mas sim

encontra um caminho legal cumprindo a Constituição para que atenda esse

povo brasileiro tanto os colono como comunidade indígena. Então, nós

lamentamos. Eu lamento. Um dos dias mais triste que o senhor vai vê meu.

Mais triste da minha vida. É saber que um companheiro Dr. Marcelo que

lutou aqui ó, tá ´preso. Provavelmente não tá no sofá, ele tá ´preso como

qualquer cidadão, como qualquer bandido.

É uma pena que nesse país quem luta pelos seus direito acaba sendo preso.

Que diz os filhos deles. Eles têmos menino pequeno. Seu pai foi preso.

Porque? Porque ele tá lutando pelo direito do seu povo, pelo seu direito,

direito dos seus avos que aqui ficaram e aqui tão enterrado. Aquele tapete

verde do Rio Grande do Sul que não foios índio que acabaram, o senhor

conhece melhor do que eu, inicia o paraná, cruza o oeste de Santa Catarina

e todo o Rio Grande do Sul e não foi os índios que limparam. Mas hoje os

índio não tem direito nem das terra que eles originariamente tem, que a

Constituição garante. Eu lamento. É uma Constituição bem feita por

pessoas de responsabilidade, de caráter que foi feito em 88 aqual quando

Ulisses Guimaraes falou aquele dia de noite no Jornal nacional sobre o

artigo 231 e 232. Eu vinha de Chapecó e parei em um restaurante para

ouvi-lo e fiquei muito feliz. Depois de 20 e poucos anos essa Constituição

não é cumprido. É triste e vergonhoso. Mas não paro por aqui. Nós vamos

luta. Porque ainda acima de qualquer coisa nesse mundo, eu acredito em

Deus porque Deus é que tem alma, Deus é que tem coração, Deus que tem

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poder, Deus que é humano, Deus que tem sinceridade e, Deus é fiel. E um

dia nesse país esse povo indígena vai vencer. Eu posso não vê, mas o meu

coração sente que Deus o criador do céu e da terra, ele é por nós. Muito

obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Brasílio. Saulo.

Saulo Feitosa – CIMI: Aproveitando já a presença do Marcelo, é

importante para a gente esclarecer as informações porque eu recebi um

telefonema de...

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Saulo fala um

pouco mais alto que está muito baixo.

Saulo Feitosa – CIMI: Melhorou? Acho que a bateria está acabando

mesmo.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Acho que é a

bateria.

Saulo Feitosa – CIMI: ... Para a gente verificar as informações. Primeiro

o contexto da prisão. Porque o que a comunidade informa é que foi traída

por ter sido convocada para uma reunião na prefeitura e essa reunião na

verdade se tratava de uma emboscada. Esse é o relato da comunidade e que

chegando lá nessa reunião estava presente também servidor da FUNAI e

não sei se um ou mais de um e, que chegando a esse local teriam sido

presos: Deoclides de Paula, Milson de Oliveira,Daniel Forres, Adilson de

Paula, Cleonor Fortes, Lorinaldo da Silva, Lazaro Fortes e Belinho de

Oliveira. E aí a informação que chegou ao Ministério segundo a Lucia

foram apenas duas prisões. Era importante a gente verificar essas

informações e o contexto porque essas pessoas não estão na comunidade, a

comunidade está percebendo a ausência delas e seria importante verificar

onde se encontram as outras seis pessoas. A Rosane está pedindo, está

dizendo que tem informações a complementar e está pedindo para

complementar informação.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok. Rosane.

Rosane: Na verdade meu povo tá ligando que houve uma reunião em

Porto Alegre nessa semana do governo e que o Marcelo esteve, inclusive.

Na reunião fizeram uma reunião fechada entre governo e fizeram uma

reunião aberta na qual os índios não estavam. Entre fechada, fomos

informados que estavam tratando de 27 mandatos de prisão. E nós

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sabíamos que eles estavam informando que eles iam ser presos. Inclusive o

delegado da Polícia Federal esteve lá semana passada dizendo: eu tenho

cinco mandados de prisão para prender vocês hoje. Isso na quarta-feira da

semana passada. Aí os índios falaram: então vamos esperar né? O fato é

que nossos parentes estavam começando um diálogo com o governo, seja

ele quem for. E foi traído. E agora se o governo teve a oportunidade de

dialogar e sentar com todos, para ver a situação, perdeu seu tempo, perdeu

o timing e agora enfureceu o povo Kaingang. E agora traídos dessa forma,

npos eles informaram agora, não tem mais dialogo. Se é para chamar para o

diálogo e chamar para Brasília, inclusive, acabou. Não tem mais dialogo.

Assim como fizeram com o Babau, assim como prenderam a Glicéria no

aeroporto, nós povos indígenas estamos sendo criminalizado por lutar por

nossas terras, por trancar rodovia.

Então, 8 sim, levaram os 8 para Passo Fundo, não sabemos para onde

levaram eles. FUNAI estava presente, governo de estado. Como é que

governo pede três colonos e três índios para dialogar em uma prefeitura

anti-indígena? Então para nós se existia certa credito ainda no governo,

para nós prova mais uma vez que nós índios não temo que tê confiança em

branco. E agora é o povo Kaingang que está enfurecido e aí quebrou o

diálogo. O Ministro da Justiça é o culpado por isso tudo, a Presidente

Dilma é a culpada disso tudo. Mas não tem problema não pessoal, que nós

temos outras armas para luta. Nós temos nossa espiritualidade também. E

agora engraçado aí o Ministério da Justiça vai dizer para nós: mas mataram

dois agricultores. Nós não... mata-se todo dia índio tanto na Bahia como no

Mato Grosso do Sul, lá no sul do Brasil são mais de 45 mortos na BR 277

de propósito. Acelera o carro quando vê um índio.

São tiros que uma levou semana passada e a Polícia Federal vendo

atirarem sem faze nada. Mais uma vez se levanta outra comunidade e diz:

aqui não vai morrer ninguém. Então, não entra nem sai mais ninguém. E

dizer para nós, nós estamos vivendo uma ditadura velada. A ditadura não

acabou não gente. Se a Dilma vai fazer uma medida provisória para não

faze manifesto, desta casa também vai sair que houve uma manifestação

sobre isso do movimentosem terra, sem teto, então, minha gente, povo

Kaingang encerra o dialogo por aqui.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Rosane.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME:Por favor, aproveitá

a fala da Rosane, mas uma pergunta para o Dr. Marcelo Veiga. Pergunta

para o Dr. Marcelo Veiga e quem sabe ele nos traz boa notícia, porque todo

mundo ficou muito chocado com o que aconteceu. Mas na verdade eu

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quero fazer uma pergunta. Eu presenciei alguns momentos do clamor do

companheiro Deoclides. Eu falei agora a pouco, até choro dele aqui

pedindo apoio. E sobretudo, ao nosso ministro e ao próprio Dr. Marcelo

Veiga. Dizendo que ia te conflito, que as situações estavam se acirrando,

estava insustentável, eles estavam sendo ameaçado e tal. E que deverão

tomar uma atitude enérgica. Por muitas vezes avisou isso. Eu sou

testemunha. Houve a necessidade dessas reuniões para ocorrerem. Não sei

quantas reuniões foram adiadas para resolver de uma vez esse problema.

Eu pergunto: o que levou a adiar essas reuniões, o que levou a não ocorrer

uma resposta, porque o governo não pode negar que foi avisado. Isso eu

queria fazer essa pergunta para o Dr. Marcelo Veiga.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok. Vou passar

a palavra ao Dr. Marcelo então.

Dr. Marcelo– Ministério da Justiça: Boa tarde a todos e a todas. Assim

como vocês eu lamento muito o que foi ocorrido. Vocês podem ter certeza

que as palavras do Brasílio e as palavras de cada um de vocês são uma

lição para mim para o resto da vida. O Deoclides é um companheiro nosso

daqui e, independentemente de qualquer coisa ele dialoga, conversa.

Conversamos diversas vezes essa semana buscando os caminhos e com

outras lideranças indígenas Kaingang também. Eu quero deixar aqui

registrado que todas elas, todas com quem eu falei, falei com o Roberto de

Rio dos Índios, Deoclides de VotoruKandóia, falei com p Leonir de Passo

Grande e é obvio que todos eles mostrando bastante dúvidas e querendo

saber informações desses diálogos. Quero deixar aqui registrado a extrema

boa vontade e o desejo de dialogo dessas três lideranças com quem eu

conversei durante essa semana, duramente esses últimos três dias. Passei

horas com eles no telefone explicando todo o processo. Eles entenderam, se

comprometeram a vir aqui para Brasília. Eles tinham dado essa confiança e

isso faz crer que eles estavam muito bem intencionados e eu creio

intensamente nisso.

Mais do que o que agente conversou durante essas três semanas por essa

trajetória dessa relação que a gente tem nesses últimos três anos. Assim

como cada um de vocês, vou Brasílio, você não estava aí, você pode ter

certeza que as suas palavras não vão se apagar tão facilmente assim da

minha memória. Assim como é a convivência que a gente tem com vocês.

Mas independente de qualquer coisa, eu acho que muita coisa começa

sendo falada e eu gostaria de esclarecer alguns pontos específicos. Essas

prisões foram realizadas em função de um conflito que houve semana

passada na área, no município de Faxinalzinho. Vocês sabem que houve

duas mortes nesse conflito, então, essas prisões são decorrentes dessas duas

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mortes. É obvio que essas pessoas não estão condenadas ainda. Essa foi

uma decisão do judiciário. A gente não tem ingerência nenhuma sobre

decisão de judiciário. A Polícia Federal tem que cumprir esses mandados

de prisão sob pena de depois responder por não ter cumprido essas prisões,

enfim. E eu gostaria de enfatizar uma coisa para vocês também. O

Ministério da Justiça não tem conhecimento sobre os inquéritos. A Polícia

Federal é completamente autônoma e é bom que não tenhamos

conhecimento e ciência desses inquéritos. Eu acho que o estado

democrático de direito funciona dessa forma. A Polícia Federal é uma

polícia de estado e não de governo. Por isso não temos ciência do que

ocorre no inquérito policial.

Não sabemos os nomes das pessoas que estão no inquérito e não somos

informados dessas operações. A Polícia Federal tem total autonomia para

cumprir esses mandados de prisão. A notícia que eu tive é de que 5 pessoas

foram presas e a Polícia Federal me passou esses nomes: Nelson de

Oliveira, Daniel Fortes, Celinho de Oliveira, Deoclides de Paula, e Romil

de Paula. Essas são as cinco pessoas e eu gostaria que vocês confirmassem

esses nomes. É obvio que a presidência da FUNAI já está em contato com

sua procuradoria para que a assistência jurídica seja prestada a essas cinco

pessoas. Eu não sei há mandados de prisão para mais pessoas ou não. Há

uma boataria que são 8, 10, 20. A gente não sabe e não pode nem saber

dessas informações. Mas a presidência da FUNAI já está mobilizando e

pediu à procuradoria para atuar junto a esses casos. Paralelamente a pedido

do Ministro a Polícia Federal foi instada a se deslocar para o local, porque a

possibilidade de novos conflitos também é grande e é importante que nesse

momento a gente garanta a segurança das pessoas.

Cada vez mais é o momento que a gente tem que buscar essa segurança. A

procuradoria da FUNAI está fazendo todas as analises, os locais mais

apropriados onde eles devem ficar. A gente deve garantir o mínimo de

dignidade para essas cinco pessoas. A FUNAI está vendo qual a melhor

forma e qual o melhor local para que essas pessoas fiquem. E enfim, essas

pessoas terão que ser apresentadas em juízo, enfim, vão ter que ali prestar

os esclarecimentos ao juiz. E aí a gente vai vendo... depois tem habeas

corpus, ter todas as medidas necessárias para cuidar da integridade física e

também da liberdade dessas pessoas. Então, essas são as informações que

eu tenho para passar para vocês. Eu não sei se tem mais algum

questionamento. Por favor Capitão.

Capitão Potiguara: Ontem quando eu conversava com o senhor eu

chamava justamente a atenção dessa situação. Que o governo trazia para cá

um convenio para ser assinado e ao invés disso ele podia ter trazido terras

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indígenas. Agora uma coisa que me surpreende na sua fala é o senhor dizer

e eu não sei se entendi bem ou mal, mas é o Ministério da Justiça, o

Ministro não tem acesso aos inquéritos da Polícia Federal? E a Polícia

Federal é subordinada a quem? Me deixa essa dúvida. Se o Ministro não

tem acesso a esses inquérito, porque na Paraíba nós temo uma morte que

vai fazê dois ano e não tem inquérito concluído e nem sabemo como tá.

Nós temo de 4 ano, foi 2009, mais de cinco ano quase, o atentado do

cacique Aníbal e eu vou a Procuradoria e não tem inquérito concluído. A

gente não sabe quem recorrer.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: É importante a sua pergunta

capitão. A própria legislação impede que as pessoas tenham conhecimento

desses inquéritos. Os inquéritos são sigilosos. Quando a gente fala que é

sigiloso é sigiloso para todo mundo, inclusive para o Ministro da Justiça. E

nesse caso é mais importante ainda porque o Ministro da Justiça tendo

acesso a esses inquéritos poderia em algum momento ser acusado de ter

manipulado para um lado ou para outro. Então, justamente a legislação é

construída para que quem tenha acesso a essas informações seja a

autoridade policial. É o delegado que preside o inquérito. Ele é a pessoa

investida pela lei para tocar o inquérito policial. E mais ninguém pode

interferir, nem a Presidente da República pode interferir no inquérito, muito

menos um Ministro ou muito menos qualquer pessoa em qualquer outra

situação. A gente só é informado dessas operações quando a legislação

permite que seja informado. É justamente para isso, para que aja uma

lisura, que não aja interferência de ações políticas e de agentes políticos

nesses inquéritos.

Você vê que existem diversas ações da Polícia Federal envolvendo pessoas

no país inteiro, imagina se algum agente político sabe dessas operações, o

que ele poderia fazer. Não estou falando que vai fazer ou não, mas um

agente político mal intencionado poderia fazer uso equivocado dessas

informações. Inclusive falar para as pessoas que estão sendo investigadas

que elas são investigadas. Isso representa um risco para a

investigação.Então com base nisso a legislação vedou qualquer tipo de

repasse de informação. Então, os inquéritos são sigilosos e sigilosos para

todo mundo. Inclusive para a gente, principalmente para a gente não ser

acusado de qualquer privilégio, enfim. Certo?

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada Dr.

Marcelo. Saulo está inscrito.

Saulo Feitosa – CIMI: Eu volto a tratar dessa diferença sobre o número

de pessoas. Depois de sua fala eu voltei a entrar em contato com a

comunidade e eles dizem que os 8 que foram levados pela Polícia Federal

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não retornaram. Se a polícia só prendeu 5, ela tem a obrigação de levar de

volta para garantir a integridade física dos três outros. Vou repetir os

nomes...

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Os três que não estão nessa lista.

Saulo Feitosa – CIMI: Vai me dizendo os seus para ver o que falta.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Nelson de Oliveira. Daniel Fortes.

Saulo Feitosa – CIMI: Isso.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Celinho de Oliveira.

Saulo Feitosa – CIMI: Sim.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Deoclides de Paula. E Romil de

Paula.

Saulo Feitosa – CIMI: Adilson de Paula não está na sua lista?

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Não.

Saulo Feitosa – CIMI: Lorinaldo da Silva.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Pera aí. Pera aí. Adilson de Paula.

Próximo.

Saulo Feitosa – CIMI: Lorinaldo da Silva. E Lazaro Fortes. Acho que são

os três...

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: O último qual é?

Saulo Feitosa – CIMI: Lázaro Fortes.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Está bom. Esses três nomes, a

comunidade informa que eles também teriam sido detidos?

Saulo Feitosa – CIMI: Além dos cinco esses três teriam sido levados pela

Polícia Federal. Pode acontecer que só cinco ficaram presos, então a Polícia

deveria trazer os três de volta.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: De qualquer forma a Polícia Federal

vai se manifestar formalmente sobre esses episódios e eu vou pedir para

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incluir essas informações. Eu acho que é de extrema relevância e é uma

preocupação que todos nós temos. Obrigado Saulo.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada Saulo.

Lourenço.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Eu queria assim

só... eu gosto muito e é mais um lembrança para mim como fosse agora

para nós aqui está se aplicando concretizando a Portaria 203. 303. Isso

realmente está acontecendo, mas eu quero perguntar para o Marcelo que

nesse momento como está aqui representando o ministro, eu me preocupo

muito. Eu sei que tem questão legais, questão que corre, questão da prisão

que se apura isso, mas pela toda luta pelo território sempre venha as

pessoas que tão à frente. Que defende seus direito, luta pelo território, são

as pessoas mais indicada, são que tão à frente como liderança. E todos nós

sabemo que nós que tá á frente pagamos. Ás vezes não somo as pessoas

responsáveis que aconteça. Eu quero só lembrar família. Na sua família

memo como Marcelo, dentro da sua família você bom negociador tenta

negociá, mas existe dentro da família pessoa que não qué nem sabê. porque

ele tá lutando pelo seu direito e cansô. Cansô de espera e acaba

desesperando. Em qualquer sociedade acontece isso. E nós somo sempre

culpado que acontece isso.

Eu sei que isso vai sê apurado, mas eu queria pedi para ti Marcelo, como

acabô de falar que tá aprendendo, tá sensibilizando, eu gostaria de ti como

ser humano, como pessoa que tá representando, tá convivendo com nós.

Nós indígena em toda nossa falas nós lamentamo, pedimos apoio,

passamos informações às vezes são resolvidas e às vezes não. Mas eu quero

pedi que você como assessor do Ministro sensibilizasse Ministro. Porque

eu estou preocupado. Não sei qual população dos Kaingang e eu não

conheço bem a organização. Mas pelas informações pode cada dia as coisas

acontecerem piores. Isso preocupa nós. Então, nesse momento eu peço para

você Marcelo, que nós precisamo, o governo com o Ministro tem que

tomar uma medida de segurança para nós lideranças indígenas. Não para

estar defendendo quem está ali por interesse. Porque tá acontecendo em

todos os lugares está acontecendo.

Os interesse dos ruralista, os interesse político locais, eu sei que eles tem

força. Tem força na parte econômica, tem força para pagá alguém, tem

força política no meio e estamopagando nós. Então, queria pedir com

delicadeza. Eu estou aqui calmo e temo que ter nesse momento ter cautela

para busca uma solução para resolvê esse problema. A minha preocupação

é porque lá como aconteceu nas regiões, na prisão sempre tem mandante.

Não é pessoa que vai, mas quem vai liquidá a pessoa. Então, minha

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preocupação nesse momento agora é com nosso colega que estão preso.

Não conheço os outro, só Deoclides, mas é indígena, ser humano e temos

que tê muito cuidado com isso. Então, quero pedi as providencias e que

busca e bota alguém de confiança que realmente que dê essa segurança

para eles. É isso que eu quero pedi para ti. Obrigado.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Obrigado pelas palavras. Eu acho

que a nossa preocupação maior nesse momento é essa agora. Por isso que a

FUNAI já está traçando a estratégia junto com sua procuradoria para ver

desde as formas para que eles tenham acesso a uma justa defesa e

competente até o local adequado para que eles possam ficar. Essa é a nossa

preocupação e também da Polícia Federal. Acabei de receber uma ligação e

eles também estão preocupados com isso e estão dando todo o suporte

necessário caso haja junto com a FUNAI, a partir dessa avaliação, do

melhor local que eles possam ficar. É fundamental isso mesmo. Com

relação à sua sugestão de acharmos uma solução, realmente, hoje eu

participei de uma reunião com o Ministro e ele falou para um dos

interlocutores que estava lá de que a questão indígena hoje é a que mais

preocupa ele aqui nesse Ministério. E olha que a gente tem diversas ações

em diversas áreas e realmente essa é a que mais preocupa ele, a que mais

preocupa, a que mais nos preocupa coletivamente.

Existem algumas alternativas. Eu acho que avia do conflito é sempre a pior

alternativa possível. Pessoas com algum tipo de lesão, pessoas mortas é

sempre o pior dos cenários. Pessoas presas também é o pior dos cenários.

Agora, a gente já tem visto nos últimos anos, nos últimos 7, 8 anos que a

via da mediação é a via necessária para a gente atuar. Não há mais espaço

para a gente combater, não há mais espaço para se impor um direito ou

outro, seja ele de quem for, não há mais espaço para se impor a vontade de

um a outro. Não estou fazendo crítica e nem valoração a qualquer uma das

partes envolvidas. Só estou falando que hoje o mundo em que a gente vive

é um mundo onde as pessoas acham que podem impor seus valores a outros

e a gente só consegue sair dessa dicotomia, dessa encruzilhada se a gente

partir para atuação específica desse instituto chamado mediação. Esse é um

instituto usado no mundo inteiro Lourenço. Esse instituto dá certo na

África do Sul, na Austrália. Vocês sabem melhor do que eu. Vocês têm

muitos estudiosos aqui na universidade e que sabem dessas experiências.

Na Europa existem esses modelos também. A gente não pode abrir dessa

que talvez seja nossa única saída.

A gente defende e continua defendendo o diálogo. A gente defende e

continua defendendo a mediação como alternativa mais saudável para esse

conflito. E a gente continua aberto para esse diálogo e para essa mediação.

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Quando a gente fala mediação a gente não fala em indígena em abrir mão

de direito, a gente sempre fala isso. Ninguém est[a pedindo para índio abrir

mão de direito. É só para que a gente crie uma estratégia conjunta com

todos, inclusive com nossos adversários para que a gente consiga efetivar

os direitos indígenas e, também, por outro lado, ao efetivar os direitos

indígenas conseguir minimamente os direitos das outras partes.

Convenhamos que em muitas situações eu tenho pessoas muito mal

intencionadas, mas em outras situações eu tenho, nessa questão fundiária

principalmente, eu tenho pessoas que têm títulos e as famílias estão nas

terras há mais de cem anos.

A questão é: será que retirar essas pessoas das terras pagando só pelas

benfeitorias é justo também com elas? É justo que eu tenha que colocar os

índios lá e devolver a terra e é isso que a gente vai fazer. Mas agora qual

alternativa eu tenho que dar para essas pessoas que precisam sair, sendo

que eu tenho a Constituição que veda indenização. Então, verifique em qual

encruzilhada a gente está. Eu tenho que garantir os direitos, mas dentro do

ordenamento ainda tenho limitações que são muito grandes. Então, eu

tenho alternativas dentro do ordenamento jurídico sem desrespeitar a lei.

Mas enfim, isso é só para dar uma resposta para o Lourenço que acho que

bem claro nas falas. Acho que tem mais companheiros ali que querem se

manifestar.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Marcelo. Temos dois ainda. Lindomar e senhor Manuel Moura.

SenhorLindomar Xokó – Sergipe: Eu estou aqui a todo momento calado,

triste porque em quase todas as reuniões da CNPI nós se confrontamo com

situações dessa forma. Eu acho que em invés de ser criminalizado lá os

parente, que deveria ser criminalizado é o governo federal e o próprio

Ministério da Justiça. Porque a todo o momento nós vem dizendo: olha os

ponto de risco, olha a situação do Mato Grosso, a situação dos Kaingang, a

situação da Bahia. E o governo acha que é só conversando. E não se

discute direito, se cumpre. E eu não quero aqui esconder. Vai continuá

morrendo índio e branco. Vai continuá. Enquanto o governo agir dessa

forma vai continuá. Então, o que está acontecendo o culpado é o governo

federal e o Ministério da Justiça porque não cumpre o que deve ser

cumprido. Por exemplo, eu gostaria de trazer aqui o caso Galdino. Nosso

companheiro que foi queimado dormindo no ponto de ônibus. Sabemos que

há pouco tempo foi anunciado o concurso público que um dos matante do

Galdino passou. E há pouco tempo sabemo também que o delegado que

prendeu os criminosos foi expulso faltando dois mese para ser aposentado

da corporação porque prendeu os bandido que mataram o Galdino.

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Então, não dá para confira na justiça. Prendeu o filho do juiz não é isso?

Então, sabe Marcelo tem que ser muito claro. Então, defendemos

construímos esse governo junto, mas não dá para ficar calado vendo os

parente morre. E eu quero dizer publicamente aqui que vai continuar

morrendo, porque é melhor morre lutando pela terra do que morre se

acabando como está se acabando os Kaingang debaixo das lona. Muito

obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada

Lindomar. Seu Manoel.

Manoel Moura Tukano – Amazônia:Eu gostaria de ser breve para doto

Marcelo, para os companheiro todo indígena. Nós como povos indígenas

lamentamos os acontecimentos que vem acontecendo. E o que nós tamo

assistindo e não lamentamo o que aconteceu anteriormente porque a gente

não assistiu. Eu vejo que é um país que merece uma estrutura melhor, uma

estrutura de lei melhor. Porque a lei atual que eu vejo, que a lei é feita por

bandidos, pros ladrões, pros assaltantes, por um elemento falso, verificando

a sua palavra douto Marcelo. Porque vejo que você mesmo tá dizendo que

você não tem acesso, então já tá preparado para isso que ele vãofaze aquilo.

Já tá preparado para, a lei já tá montada. Já tá montada para defende

bandido, para ele se esconde. Ele faz as coisas e a lei já não mostra para

autoridade. Ministério da Justiça não tem autoridade. Não tem autoridade.

Então, precisa o que precisa? Educação. Educação para essa turma de

empresários que não tem coração. Eles precisam de muita educação, ética,

respeito para eles tomaram conhecimento que existe outros povos, outros

seres humanos, outra sociedade diversificada no país. Isso que precisa. Nós

tamo verificando no país várias mobilizações, muita mobilizações. Onde a

Polícia federal, onde a polícia, onde o próprio exército não tem como

prender essa turma, se esconde. Então inserida lá dentro, não tem como

punir. As cadeia tão cheia, tão lotada. Então, para onde está dirigindo esta

sociedade brasileira? A gente tá vendo que tá se suicidando. Grande parte

da população brasileira eu tenho certeza que não vai chega em 2020 pelo

que eu vejo. A mobilizações, todos ladrões de banco, todos esse cara, todas

as pessoa que estão destruindo a infraestrutura do país e vem mexer nas

comunidade indígena que não tão mexendo nada.

É o governo que tem que refletir isso como é que, quais proposta que ele

vai montar em cima disso. Está vindo Copa do Mundo, onde vai fabricá

mais um bandido, sem planejamento. Isso eles não estão prevendo e

futuramente isso vai causa muito pobrema. A gente viu dentro da nossa

comunidade, São Gabriel da Cachoeira, quando o exército brasileiro

chegou. Exército brasileiro veio com boa proposta: construção de uma

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cidade melhor. Ela tem boa proposta, mas quando veio ela trouxe monte de

bandidos que não respeitava ninguém. Então, essa turma foram logo

agarrando as menina e foram produzindo. Hoje São Gabriel da Cachoeira

existe muito mestiço que não atende nenhum tipo de educação, nenhum

tipo de educação. Então, a sociedade brasileira está crescendo dessa forma.

Está crescendo no meio da prostituição e esses filho de prostituição não vão

obedecer ninguém. Nem Ministro da Justiça, nem governo, nem ninguém.

Não vai obedecer. Isso que eu queria falar para nação brasileira. Obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigada. OK...

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Questão de

encaminhamento.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Então, Lourenço

propondo encaminhamento.

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Se terminou e

não temais encaminhamento eu faço encaminhamento para pode dá

sequência porque tem documento para encaminhá. Certo? Era isso.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Marcelo, se

você quiser falar mais alguma coisa depois vamos para os documentos.

Dr. Marcelo – Ministério da Justiça: Aas informações são essas que eu

passei para vocês. Acabei de passar os três nomes que o Saulo me passou

para a Polícia Federal para que eles averiguem essas informações e, para

que a gente já se manifeste também oficialmente com relação a isso. Bom,

é o que eu tenho a dizer a vocês nesse momento. Vocês têm meu telefone e

podem me ligar a qualquer momento, sábado, domingo, noite, dia, eu estou

a postos para passar qualquer tipo de informação para vocês que seja

necessária. E agora é trabalhar para garantir a integridade desses

companheiros. Garantir que eles fiquem num local adequado, dignidade e a

defesa. Uma justa defesa para eles para que eles... é um direito básico de

qualquer cidadão e eles têm direito e é o que a FUNAI está fazendo neste

momento. Quero agradecer e junto com vocês lamentar esses últimos fatos.

Lamentamos também e não está sendo fácil para a gente, mas a gente vai

conseguir superar mais este obstáculo. Muito obrigado a todos. Boa noite.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Obrigado Dr.

Marcelo pelos esclarecimentos. E acho que de imediato a gente passa para

a nossa pauta. Temos várias resoluções, recomendações, moções, resolução

e lembrando que a pauta que ficou em aberto, que é de turismo, voltamos

com ela na próxima reunião. E também todas as subcomissões que focaram

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de apresentar hoje à tarde e também os encaminhamentos focaram

prejudicados em virtude do tempo, mas não podemos deixar de votar esses

documentos. Vamos ficar assim? Na próxima reunião apresentar as

subcomissões? Ou vocês preferem agora apresentar? Na próxima reunião?

Isso é unanime? Alguém contra?

Francisca Navantino Pareci - CNPI: Teresinha , é o seguinte:ficou

algumas subcomissões de tratar dos assuntos que foram discutido nessas

comissões. Não vai dar tempo e eu acho que a gente tinha que fechar pelo

menos alguma coisa em relação à Conferência e, depois encerrar. Porque

temos uma agenda com a própria Presidente. Como vai ficar? O tempo já

está esgotado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Sim. Vamos

fazer o seguinte...

Lourenço Krikatí – Maranhão – COIAB – Amazonas: Teresinha ,

propor questão de subcomissão. Eu não sei se nós lá na regimento interno

eu acho que a subcomissão se não me engano, mas não espera para reunião

extraordinária. Poderia muito bem organiza e acontecer fora da reunião

extraordinária e ordinário. Não tem isso para depender dos ministério. Se

organiza para acontecer subcomissão para realmente venha não fica só

durante reunião e tem pouco tempo para discuti e não tem como realizar

essa subcomissão fora dessas data? Depende da organização que tive quem

tá dentro da subcomissão?

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Lourenço eu não

tenho de cabeça, mas pelo que eu tenho de lembrança a subcomissão se

reúne pelo regimento interno anterior à reunião ordinária ou extraordinária.

Principalmente ordinária. Mas eu posso dar uma olhada novamente e, ver

se é possível reunir a subcomissão em outro momento que não seja

antecedendo as reuniões ordinárias certo? Posso responder. Titiah queria

falar? E eu ia sugerir enquanto o Titiah liga o microfone, eu ia sugerir que

cada subcomissão, que cada coordenador de subcomissão encaminhasse

para nós no email da CNPI a memória de sua ata e a gente reencaminha

para todo mundo, junta todas elas e reencaminha para cada um de vocês a

memória de cada subcomissão. Pode ser assim? Titiah tem outra sugestão?

Luiz Vieira Titiah: Não. Teresinha só queria aproveitá e deixa aqui como

encaminhamento que essa questão da comissão para organizar a

Conferência Nacional de Política Indigenista fosse incluído também para

ajudar no debate, nos encaminhamento à secretaria executiva da CNPI. Que

fizesse para também tá contribuindo nos encaminhamento da Conferência

Nacional de Política Indigenista.

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Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Lembrando que

tínhamos ficado de acertar até o final da reunião quem comporia a

comissão organizadora e não fechamos isso. Não é? O Titiah sugere a

inclusão da secretaria executiva da CNPI na comissão organizadora.

Francisca Navantino Pareci - CNPI:Teresinha , a gente... o Titiah tá

falando, massa gente reforça isso. Tem aqui o representante do Ministério

da Justiça. Espero que atenda esse pedido agora da bancada. Senhor

Marcelo, por favor. A gente aqui tá fazendo o encaminhamento da plenária

da CNPI e, a gente tá aqui no assunto sobre a Conferência Nacional de

Política Indigenista e pelo horário da manhã a gente havia feito uma

conversa que quando voltasse no final da plenária a gente iria já passar o

número de pessoas que vão participar da comissão organizadora da

Conferência. E nós da bancada indígena e eu provavelmente indigenista e

governamental, não abrimos mão da nossa secretaria executiva para

acompanhar todos os seminário nas regiões. Certo? A gente coloca isso

como uma questão de prioridade para que ela possa tá nos apoiando em

todas as instâncias.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI:Lembrando o

seguinte: hoje de manhã foi votado que seriam 12 representantes

governamentais, um por ministério, dois do Ministério da Justiça...

desculpe, essa era a primeira proposta. A proposta dos representantes dos

ministérios, dez representantes indígenas e duas ONGs. Acho que a

Presidente Maria Augusta se esqueceu que a FUNAI também faz parte da

CNPI e não são 12, são 13. Sim?

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Isso. 12 titulares

e 12 suplentes. 12 titulares da bancada civil e 12 suplentes. Não é? Então,

ficou também para inclusão da FUNAI, que a FUNAI nessa história dos 12

ministérios iria ficar de fora.

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Não pode.

Teremos que incluir também a FUNAI. Afinal de contas a Presidente da

CNPI é a Presidente da FUNAI e deverá ser senão a Presidente da

Conferência, a Vice-Presidente. O normal é o Ministro ser o Presidente e a

Presidente do Conselho ou da Comissão ser a Vice-Presidente da

Conferência. Capitão.

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Capitão Potiguara: Teresinha quando nós discutimos isso aí é justamente

pegando o modelo do estatuto dos povos indígena, quando a comissão fez

parte diretamente para a gente abrir as discussões das regiões. Por isso que

a gente pautamo chama o Ministro, o Ministério para que a comissão faça

parte diretamente da secretaria. A secretaria toda para trabalhar conosco

por região.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Está ok então.

Eu vou rediscutir isso com a Presidente em virtude de 13...

Capitão Potiguara: Foi a decisão aqui do colegiado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Eu digo a

inclusão da secretaria. Vou colocar para ela, mas também a inclusão da

FUNAI.

Capitão Potiguara: Mas a FUNAI tá dentro já.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: A secretaria

executiva. Então, eu converso com ele e coloco que foi votado aqui, foi

deliberado aqui e acho que bancada governamental deve concordar com

isso, que a FUNAI não pode ficar de fora, é logico, e a secretaria executiva

até por uma questão operacional...

Participante não identificado: Desculpe interromper, mas uma questão de

ordem. A gente se recorda para a gente pode ter um link de aproximação

com as coisas e tá sempre alinhado que nós de alguma maneira somos...

perdão, perdão. Está bom, obrigado. De alguma maneira somos parte das

nossas organizações, representando nossas organizações também, mas seria

interessante já registrar no caso pensando na Presidente, pelo menos já

registrar nessa comissão além dos convidados que vamos pensar também,

mas uma representação para nossa organização nacional que é APIB. Eu

acho que deveríamos registrar a Articulação Nacional dos Povos Indígenas

do Brasil, que é um marco de abrangência nacional e estávamos lembrando

nosso Lourenço Krikatí. E lá quando as comissões forem criadas, quando

vários temas forem abordados através de comissão de segurança e tudo o

mais, nós trazemos como convidado nossas organizações regionais assim

como liderança da PNGATI e outras coisas mais. Era essa minha

contribuição a dar.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok. Obrigada

pela contribuição. Eu acho que a gente já passa de imediato então para a

votação das moções e resolução. Vou iniciar pela Resolução 001 de 09 de

maio de 2014. Dispõe sobre a convocação da I Conferência Nacional de

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Política Indigenista. A Presidente da Comissão Nacional de Política

Indigenista – CNPI, no uso de sua competência que lhe confere o Inciso III

do Artigo 28 do seu regimento interno, conforme a Portaria 1396 de 15 de

agosto de 2007 que dispõe sobre a política nacional indigenista e,

considerando o disposto no Artigo 2º Inciso II do Decreto de 22 de março

de 2006 que institui a Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI,

definindo como um de suas atribuições acompanhar e colaborar na

organização e realização da I Conferência Nacional de Política Indigenista

e, considerando os detalhes e trabalhos realizados por ocasião das últimas

reuniõesordinárias e extraordinárias dessa comissão, bem como da Reunião

do Comitê Executivo designado para essa finalidade, resolve: aprovar

proposta para o ato convocatório da I Conferência Nacional de Política

Indigenista conforme os termos previstos no Artigo 1º da presente

Resolução. Brasília, 09 de maio de 2014. Maria Augusta Assirati –

Presidente da CNPI.

Aqui eu tenho o Anexo I citado na resolução aonde temos o modelo de

Minuta de Portaria que eu acharia interessante ser lida para que seja

aprovada essa Minuta de Portaria.Ou se for Decreto. Ok? Posso ler?

Anexo 1º – Portaria número tal de tal data que depois é complementado,

convoca a I Conferência Nacional de Política Indigenista e dá outras

providencias. O Ministro de Estado da Justiça... desculpe, um parêntese,

isso se for por Portaria apenas do Ministro de Estado da Justiça. Nós temos

três opções: uma só pelo Ministro da Justiça, uma pelo Ministro da Justiça

e pelo Ministro da Secretaria-Geral da Presidência e a terceira sugestão é

pela Presidência da República, pela Presidente.

Então, vamos ler a Minuta que está como se o Ministro fosse assinar,

lembrando que se for com os dois ministros ela será adaptada e, se for por

Decreto ela também será adaptada. Mas da mesma forma como estaria

aqui, claro que passando pelas consultorias jurídicas dos ministérios.

Voltando então: o Ministro de Estado da Justiça, no uso de suas atribuições

legais e considerando o princípio do respeito à diversidade étnica e cultural

e, a organização social, costumes, línguas, crenças, tradições e direitos

indígenas decorrente do disposto no Artigo 231 da Constituição Federal de

1988 considerando o Decreto nº 5051 de 10 de abril de 2004, que promulga

a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre

povos indígenas e tribais, o qual determina consulta aos povos interessados

mediante procedimento apropriado de boa-fé para que haja acordos e

consentimentos acerca de medidas propostas que o afetem e, para que

determinem sus prioridades, considerando o Artigo 2º, Inciso II do Decreto

de 22 de março de 2006, que institui a Comissão Nacional de Política

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Indigenista – CNPI, definindo como uma de suas atribuições acompanhar e

colaborar na realização da I Conferência Nacional de Política Indigenista,

considerando a legislação e as diretrizes que atualmente regem a política

indigenista como política democrática a ser amplamente debatida com os

povos indígenas, órgãos gestores das políticas públicas, instituições

indigenistas, instituições cientificas relacionadas à temática indígena e

instituições comprometidas com as garantias plenas de direitos aos povos

indígenas resolve:

Artigo 1º – fica convocada a I Conferência Nacional de Política Indigenista

a realizar-se até o mês de dezembro de 2015 sob a coordenação da

Fundação Nacional do Índio, com o objetivo de avaliar a ação indigenista

do estado brasileiro, reafirmar as garantias reconhecidas aos povos

indígenas do Brasil e propor diretrizes para construção e consolidação da

política nacional indigenista.

§ Único – a Conferência será realizada pelo Ministério da Justiça e

organizada pela Fundação Nacional do Índio junto com os representantes

dos povos indígenas e, com as demais instituições governamentais e não

governamentais que compõe a Comissão Nacional de Política Indigenista.

Artigo 2º – a Conferência Nacional terá como tema central a consolidar o

paradigma da Constituição Federal de 1988 no que tange a relação do

estado brasileiro com os povos indígenas no Brasil, na perspectiva de

iniciar um processo de descolonização das relações assimétricas e

historicamente constituídas, considerando o texto base a ser produzido e, os

temas específicos definidos pelos membros da Comissão organizadora da

Conferência.

Artigo 3º– a Conferência Nacional será presidida pelo Ministro de estado

da Justiça e terá como Vice-Presidente o/a Presidente da Comissão

Nacional de Política Indigenista.

Artigo 4º - a Conferência Nacional antecedida deste seminário de

formação, etapas locais e 37 etapas regionais a serem realizadas no âmbito

da jurisdição das coordenações regionais da FUNAI.

§ 1º - o seminário de formação, aqui deverá ser § Único, o seminário de

formação será realizado no mês de novembro de 2014 e as etapas locais e

posteriormente regionais terão início a partir de janeiro de 2015.

Artigo 5º - caberá a uma comissão organizadora em âmbito nacional a ser

nomeada por meio de Portaria do Ministro da Justiça a promoção e

desenvolvimento das atividades de organização e preparação da

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Conferência Nacional de Política Indigenista, bem como a expedição de

orientações e supervisão das atividades da Conferência, incluindo sus

etapas preparatórias.

§ Único – serão constituídas e nomeadas pela comissão organizadora

nacional comissões em âmbito regional para promoção e desenvolvimento

das atividades de organização e preparação das etapas regionais no âmbito

de suas jurisdições.

Artigo 6º - o Ministro de estado da Justiça expedirá ato aprovando o

regimento interno da Conferência Nacional a ser elaborado pela comissão

organizadora, referido no Artigo 5º desta Portaria, que disporá sobre a

organização e funcionamento da Conferência.

Essa é a Minuta de Portaria que convocaria a Conferência. Alguém tem

alguma dúvida, alguma coisa a acrescentar, diminuir. Coloco em votação.

Então se aprovado a Resolução nº 001 como seu anexo. Alguém contrário?

Lembrando que a bancada governamental não está, mas temos quórum para

isso. Porque temos 4 do governo, mas a bancada indígena praticamente está

em peso aqui. Ok. Aprovada então a Resolução nº 001 de 2014.

Tenho mais duas aqui. Uma moção, manifestação da plenária e uma moção

de repúdio. Começo pela moção de repúdio que é mais curtinha e já falei

demais não é? Vamos lá então.

Moção de Repúdio.

Os membros da Comissão Nacional de Política Indigenista vêm a público

repudiar o evento denominado Miss Brasil Indígena 2014. Isso foi

discutido ontem certo? O respectivo evento não contribui para valorização

e o respeito á cultura dos povos indígenas e, ao papel indígena como

protagonista da proteção de seu povo. Solicitamos que os organizadores

sejam punidos conforme as regras da lei, já que o concurso não foi

discutido nem construído com as organizações das mulheres indígenas do

Brasil. Brasília, 09 de maio de 2014.

Então, essa sugestão é que seja assinada por toda a bancada governamental

e indígena da CNPI em virtude do que foi discutido ontem, amplamente

discutido e, que é um desrespeito. Coloco em votação a Moção de Repúdio.

Alguém contra? Então, eu pediria que agora ela seja passada para colher as

assinaturas de todos vocês enquanto eu leio a segunda, a manifestação

certo? Lembrando que o Anastácio leu e como ele tinha que se retirar

porque tinha uma palestra na UnB, ele já deixou assinada a moção se

aprovada. Se não fosse aprovada a gente retiraria.

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Manifestação da plenária da Comissão Nacional de Política Indigenista.

Excelentíssimo senhor Ministro de estado da Justiça José Eduardo

Cardozo,

Os membros da Comissão Nacional de Política Indigenista reunidos

durante a 23ª ReuniãoOrdinária queremos manifestar nossa preocupação

em relação á prolongada condição de interinidade em que se encontram as

Presidências da FUNAI e da CNPI, ambas exercidas pela Maria Augusta

Boulitreau Assirati, que desde o dia 10 de junho de 2013 assume

interinamente o cargo de Presidente do órgão indigenista e,

consequentemente da CNPI. Nos últimos anos a conjuntura política

brasileira tem se revelado bastante desfavorável aos interesses dos povos

indígenas do Brasil, de maneira particular destacamos a violenta ofensiva

deflagrada pela bancada ruralista do Congresso Nacional Brasileiro, com a

finalidade de desconstruir direitos arduamente conquistados através de

lutas e mobilizações dos povos indígenas do Brasil, sobretudo durante a

realização da Assembleia Nacional Constituinte.

Em decorrência dessa realidade muitos ataques são promovidos pelos

inimigos históricos dos povos indígenas contra a finai com o objetivo de

enfraquecer a atuação do órgão no exercício de suas atribuições. Nesse

contexto, a condição de interinidade da Presidente a deixa em uma situação

de fragilidade e limita sua capacidade de reagir aos ataques dirigidos ao

órgão que ela representa. Além do mais, já se encontra em andamento o

processo de preparação da I Conferência Nacional de Política Indigenista,

acontecimento de grande relevância para a vida dos povos indígenas, cuja

coordenação compete à presidência da FUNAI. Diante disso, e

considerando a já comprovada competência da Maria Augusta Assirati

durante esse período em que encontra na administração da FUNAI,

solicitamos que seja agilizada sua efetivação na presidência da FUNAI.

Brasília, 09 de maio de 2014.

Em votação. Alguém tem algo contra ou a acrescentar ou retirar? Bancada

governamental, bancada indigenista? Aprovada em tão por unanimidade.

Também passo para colher as assinaturas. O Sandro tem mais uma moção.

Acho que é uma resolução não é? Então, por favor Sandro. Sandro chegou

até mim, mas acho que são as cópias que eu disse que só seriam...não. Não

é não. Desculpem. Só um minuto que o Sandro está procurando a cópia.

Resolução nº 002 de 09 de maio de 2014. Dispõe sobre Nota Técnica do

CONASS. A Presidente da Comissão Nacional de Política Indigenista no

uso de sua competência que lhe confere o Inciso III do Artigo 28 do seu

Regimento Interno conforme Portaria 1396 de 15 de Agosto de 2007 que

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dispõe sobre a política nacional indigenista e, considerando que a CNPI é o

espaço de participação e diálogo entre os diferentes órgãos do governo

federal e os povos indígenas, tendo como missão e construção e o

acompanhamento das políticas indigenistas do estado brasileiro, e

considerando que a Convenção 69 da Organização Internacional do

Trabalho – OIT assegura aos povos indígenas o direito àconsultaprévia,

livre e informada, considerando que tomamos conhecimento de uma Nota

Técnica do CONASS – Conselho Nacional de secretários de saúde datada

de 22 de março de 2014, considerando a manifestação dos membros

indígenas da CNPI de que a mesma põe em risco o subsistema de saúde

indígena, que representa uma importante conquista dos povos indígenas do

Brasil, embora reconheçam que várias críticas formuladas na referida Nota

são procedentes e, merecem uma apreciação cuidadosa por parte de todos

os atores governamentais, em nível federal, estadual e municipal, resolve:

Recomendar que o CONASS estabeleça um diálogo direto com as

organizações indígenas, com a SSISE e como Fórum de Presidentes dos

Condisis na perspectiva de envolver os interessados diretamente ao tema,

para criar ações mais ágeis e eficazes para que venha contribuir com a

melhor assistência da saúde indígena, fortalecendo com isso o Subsistema

Nacional de Saúde Indígena SasiSUS/SESAI. Brasília, 09 de maio de 2014.

Maria Augusta Assirati Presidente da CNPI.

Então, em votação também essa Resolução em que a bancada indígena da

CNPI, indígena e indigenista, propõe essa Resolução a ser encaminhada ao

CONASS. Em votação. Alguém contrário? Alguém discorda, acréscimo?

Então, aprovada a Resolução nº 002 de 2014. Acho que vencemos a nossa

pauta dentro da medida do possível. Sabemos que poderia ter sido melhor

senão houvesse impedimentos. Mas lembrando que a nossa

próximareuniãoestá prevista para o final de julho, após a Copa. E que está

prevista uma reunião do grupo executivo. Enquanto nós não tivermos a

Portaria indicando toda a comissão organizadora da Conferência, o Grupo

Executivo escolhido por vocês continua trabalhando e já encaminhando

algumas coisas. Nós tínhamos previsto uma reunião para o começo de

junho, na primeira semana, mas a representante do Ministério da Saúde, a

Bianca, pediu que a gente não faça nesse dia. Acho que vocês também

fazem parte Coronel, o MMA também faz parte do grupo executivo. Então,

ela pediu que não fosse na primeira semana. Ela não pode se fazer presente

porque ela vai star em um seminário fora de Brasília e ela pediu que a gente

mudasse a data ou para a semana anterior ou para a semana posterior. Seria

a última semana de maio.

Participante fala sem microfone.

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Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Então, segunda

semana de junho. Lembrando que na segunda semana de junho é a semana

que inicia a Copa, mas como são só dois dias então fica fechado a segunda

semana de junho.

Participante fala sem microfone.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Não. É a reunião

do Grupo Executivo que vai tratar da Conferência. Lembrar quem são:

Simone, Rosa, Deoclides, Chiquinha, e Daniel do CTI. Esse é o Grupo

Executivo pela CNPI e, o grupo pelo governo para discutir então a

Conferência. Ok? Sandro.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME: É só para a questão

de aclarar e que não gere dúvida e fique registrado em ata. Pelo que ficou

acordado a comissão organizadora da Conferência Nacional de Política

Indigenista estará sendo composta por 12 integrantes do governo mais a

Presidente da FUNAI. Por 12 integrante da bancada indigenista mais a

representação da APBI. Tendo acompanhamento direto em todas as

instancia dessa Conferência, na ponta também, da secretaria executiva da

CNPI. Isso ficou acordado para que registre em ata, assim como o capitão

falou né? Que é preciso de uma pessoa que tenha um link, um elo com as

base para estar acompanhando e não perder o foco das anotações, para que

realmente possa conduzir o trabalho que traga o que nós realmente

precisamos, que é o resultado e transformador. Muito obrigado. Era isso

que eu queria contribuir.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Lindomar tinha

pedido a palavra? Gente, então nada mais a tratar encerramos a nossa

presente reunião e até a próxima 23ª em julho.

Sandro Tuxá – Região Leste Nordeste - APOINME: Na execução dos

trabalho. Perdão. Secretaria não é só acompanhar. Na execução dos

trabalho viu Teresinha Maglia? Logística é tudo. Tem que ajudar a gente

também. Assim como o governo está nos ajudando vocês também têm a

incumbência de nos ajudá. Meu muito obrigado.

Teresinha G. Maglia – Secretária-Executiva da CNPI: Ok. Gente boa

noite a todos. Bom retorno às suas casas. Uma boa viagem a todos.