2
25 DE ABRIL DE 1974 NA IMPRENSA Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura”, dizia o jornal República no dia 25 de abril de 1974. Esta é uma das frases icónicas e marcantes da imprensa portuguesa nos momentos que sucederam a revolução de 1974: uma imprensa sem o lápis azul, sem a censura da porta nº 125 da Rua da Misericórdia (sede da censura), e sem o medo de represálias. Esta é uma imprensa que, depois de mais de quatro décadas de censura, vive o seu primeiro dia em liberdade. Liberdade era um objetivo, mas os jornalistas ainda não sabiam como lidar com ela. Houve inclusive editores que, no dia 25 de abril, continuaram a enviar os seus jornais para o “corte e costura” da censura. Como é que os jornalistas da época retraram uma das páginas de ouro da história nacional? Um golpe de estado que se tornou uma revolução? E mais do que isso: como é que lidaram com o novo momento político? Esta exposição propõe-se retratar o derrube da ditadura através da imprensa utilizando para tal as capas de jornais da época. São 18 primeiras páginas de publicações nacionais e internacionais que espelham os primeiros dias da revolução dos cravos até dia 2 de maio, altura em que os jornais noticiam o 1º de maio como o Dia do Trabalhador e da Liberdade, consagrando o triunfo dos capitães sobre a ditadura. Contudo, o que é notícia? O que figura na primeira capa? Para responder a estas questões, esta exposição apresenta publicações da imprensa nacional - A Capital, Expresso, República, Diário Popular, Sempre Fixe e o Jornal de Notícias, de Lisboa, e O Comércio do Porto e O Primeiro do Janeiro, do Porto e publicações da imprensa além- fronteiras A Província de Angola, a revista Time, Paris Match, e a publicação brasileira Manchete.

25 DE ABRIL DE 1974 NA IMPRENSA - static.escs.ipl.ptstatic.escs.ipl.pt/old/pdfs/agenda/expo_25-abril-na-imprensa.pdf · Agradecimentos: Professora Maria Inácia Rezola ; Fátima Costa,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 25 DE ABRIL DE 1974 NA IMPRENSA - static.escs.ipl.ptstatic.escs.ipl.pt/old/pdfs/agenda/expo_25-abril-na-imprensa.pdf · Agradecimentos: Professora Maria Inácia Rezola ; Fátima Costa,

25 DE ABRIL DE 1974 NA IMPRENSA

“Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura”,

dizia o jornal República no dia 25 de abril de 1974. Esta é uma das frases

icónicas e marcantes da imprensa portuguesa nos momentos que sucederam

a revolução de 1974: uma imprensa sem o lápis azul, sem a censura da

porta nº 125 da Rua da Misericórdia (sede da censura), e sem o medo de

represálias. Esta é uma imprensa que, depois de mais de quatro décadas de

censura, vive o seu primeiro dia em liberdade.

Liberdade era um objetivo, mas os jornalistas ainda não sabiam

como lidar com ela. Houve inclusive editores que, no dia 25 de abril,

continuaram a enviar os seus jornais para o “corte e costura” da censura.

Como é que os jornalistas da época retraram uma das páginas de ouro da

história nacional? Um golpe de estado que se tornou uma revolução? E

mais do que isso: como é que lidaram com o novo momento político?

Esta exposição propõe-se retratar o derrube da ditadura através da

imprensa utilizando para tal as capas de jornais da época. São 18 primeiras

páginas de publicações nacionais e internacionais que espelham os

primeiros dias da revolução dos cravos até dia 2 de maio, altura em que os

jornais noticiam o 1º de maio como o Dia do Trabalhador e da Liberdade,

consagrando o triunfo dos capitães sobre a ditadura. Contudo, o que é

notícia? O que figura na primeira capa?

Para responder a estas questões, esta exposição apresenta

publicações da imprensa nacional - A Capital, Expresso, República, Diário

Popular, Sempre Fixe e o Jornal de Notícias, de Lisboa, e O Comércio do

Porto e O Primeiro do Janeiro, do Porto – e publicações da imprensa além-

fronteiras – A Província de Angola, a revista Time, Paris Match, e a

publicação brasileira Manchete.

Page 2: 25 DE ABRIL DE 1974 NA IMPRENSA - static.escs.ipl.ptstatic.escs.ipl.pt/old/pdfs/agenda/expo_25-abril-na-imprensa.pdf · Agradecimentos: Professora Maria Inácia Rezola ; Fátima Costa,

Nesta exposição é ainda possível visualizar alguns jornais originais

da época, e uma projeção com o registo fotográfico dos fotojornalistas

Álvaro Tavares e José Tavares, e cartoons que ilustram o período da

revolução dos cravos.

Em suma, o 25 de abril obrigou os jornalistas e os jornais a

redefinirem-se enquanto media que serve uma sociedade democrática em

vez de uma sociedade dominada por uma ditadura que manipulava a

informação. Os anos seguintes trouxeram progressivamente um aumento da

literacia, um decréscimo do analfabetismo e um crescente interesse pela

política nacional que mudou a imprensa dando origem ao atual panorama

dos media portugueses.

Senhoras e senhores, bem-vindos à liberdade.

FICHA TÉCNICA

Conceção e realização: Joana Moreira, José Morais e Tiago Varzim.

Agradecimentos: Professora Maria Inácia Rezola ; Fátima Costa, Mário Mascarenhas e

Serviços de Audiovisual; Pedro Santos; Associação 25 de Abril.