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25° Encontro Nacional do Movimento 25° Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil. Interfóruns de Educação Infantil do Brasil. Educação Infantil no cenário Educação Infantil no cenário latino-americano: avanços e latino-americano: avanços e retrocessos. retrocessos. Roselane Fátima Campos Roselane Fátima Campos NUPEIN/CED/UFSC NUPEIN/CED/UFSC

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25° Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de 25° Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil.Educação Infantil do Brasil.

Educação Infantil no cenário latino-Educação Infantil no cenário latino-americano: avanços e retrocessos.americano: avanços e retrocessos.

Roselane Fátima CamposRoselane Fátima CamposNUPEIN/CED/UFSCNUPEIN/CED/UFSC

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Educação Infantil no cenário latino-americano: avanços Educação Infantil no cenário latino-americano: avanços e retrocessose retrocessos

Objetivos da pesquisa Políticas educativas para a Primeira Infância no Políticas educativas para a Primeira Infância no Cone Sul – entre o público e o privadoCone Sul – entre o público e o privado Desenvolvimento da pesquisa

Pressupostos da pesquisa: reformas educacionais na América Latina e seus desdobramentos na educação infantil.

Os três países que estudamos apresentam diferenciações e convergências significativas nas concepções e orientações adotadas na educação infantil, o que parece traduzir a eficácia dos acordos regionais realizados no âmbito do bloco econômico – MERCOSUL, ou de instâncias organizativas como a OEI, OEA.

Papel dos organismos multilaterais – UNESCO, UNICEF, OEI

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Relatório da UNESCO (2009), entre 1999 e 2006, o número de

crianças matriculadas na pré-escola na América Latina e no Caribe

aumentou de :

16,4 milhões para 20,3 milhões.

Esses números, referentes às taxas de matrículas na pré-escola, ou

seja, das crianças entre 4 e 5 anos.

As situações entre os países da região são desiguais: assim, se

México, Cuba e algumas ilhas do Caribe se encontram perto da

universalização, em outros países como Bolívia, Colômbia e alguns

países da América Central, como Honduras e Guatemala, as taxas são

inferiores a 60% de assistência às classes pré-escolares.

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URUGUAI - Lei Geral de Educação 18. 437, aprovada em 12 de dezembro de 2008

ARTIGO 24 (Da Educação Inicial). – A educação inicial era como obrigação estimular o desenvolvimento afetivo, social, motor e intelectual dos meninos e meninas de três, quatro e cinco anos. Se promoverá uma educação integral que fomente a inclusão social do educando, assim como o conhecimento de si mesmo, de seu entorno familiar, da comunidade e do mundo natural.  ARTIGO 38 (Da Educação da Primeira Infância). – A Educação da Primeira Infância compreenderá o ciclo vital desde o nascimento até os três anos de idade, e constituirá a primeira etapa do processo educativo de cada pessoa, ao longo de toda a vida. Terá características próprias e específicas quanto aos seus propósitos, conteúdos e estratégias metodológicas, no marco de educação integral. Promoverá a socialização e o desenvolvimento harmônico dos aspectos intelectuais, sócio-emocionais e psicomotores em estreita relação com a saúde física e mental.

a) educação da primeira infância – destinada às crianças de 0 – 3 anos de idade, localiza-se no âmbito da educação não-formal e não tem caráter de obrigatoriedade;b) educação inicial – destina-se às crianças entre 3 -5 anos de idade, localiza-se no âmbito da educação formal, e é obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos de idade. Suas funções são assim definidas:

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Taxas de cobertura são menores nas regiões rurais e pequenas cidades;Montevidéu registra taxas de matriculas das crianças de 4 anos inferior a média do país;

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Argentina, Lei de Educação Nacional nº 26.206/2006

A Educação Inicial constitui uma unidade pedagógica e compreende as crianças desde os quarenta e cinco (45) dias até os cinco (5) anos de idade inclusive, sendo obrigatório o último ano (ARTIGO 18)

Do ponto de vista da unidade e especificidade pedagógica, atribui-se a educação infantil à função do cuidado integral das crianças pequenas, com vistas a garantir o acesso aos espaços de aprendizagem, o seu desenvolvimento social, cultural, emocional, intelectual e físico. Reconhece a criança como um sujeito de direitos, partícipes ativos de seu processo de formação integral (Artigo 20). Reconhece a importância da participação da família tanto nos cuidados como na tarefa educativa, destacando a necessidade da comunicação, de respeito mútuo e cooperação entre as instituições de educação infantil e as famílias das crianças que atende.

Estabelece ainda a Lei a obrigatoriedade para todas as crianças de cinco anos, prevendo-se a universalizar os serviços educativos para as crianças de 4 anos de idade (Artigo 19).

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Na Argentina, 91% das crianças com idade de cinco anos estão matriculadas em alguma instituição de pré-escola; esse percentual diminui quando se trata das salas de 3 e 4 anos, constatando-se, em 2005, uma cobertura de 30% e 60%, respectivamente.

A obrigatoriedade do último nível da educação inicial – 5 / 6a nos, foi estabelecida já em 1993. Análises dos dados de matrícula demonstram, contudo, a persistência das desigualdades regionais.

Departamentos pertencentes a Região Nordeste (Chaco, Formosa, Misiones e Corrientes), em 2004, apresentam taxas aproximadas de 65% de matrículas na faixa etária de 5 anos.

Também a Região Noroeste ( (Catamarca, Jujuy, Salta, La Rioja, Tucumán y Santiago del Esterero) e a Região de Cuyana (San Juan, Mendoza y San Luis) eram outras que apresentavam indicadores abaixo da média nacional – em torno de 70%.

Além disso, de acordo com informações da CTERA, há situações também de salas superlotadas – mais de 30 crianças e também de listas de espera (CTERA, 2008).

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Perfil social /per capita

Creche Pré-escola

Até ½ SM 10,8% 71,4%

Mais de ½ - a 1SM 18,8% 79,7%

+ 1SM – 2 SM 26,7% 86,3%

+ 2 SM- 3 SM 32 % 90,8%

+ de 3 SM 43,6% 94,7%

Taxas de freqüência a Educação Infantil no Brasil

Fonte: IBGE. Indicadores Sociais, 2008.

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Regiões Até ½ SM

Mais de ½ - a 1SM

+ 1SM – 2 SM

+ 2 SM- 3 SM

+ de 3 SM

Norte 60,8% 74,3% 82,9% 95,5% 86,1%

Nordeste 77,8% 89.9% 95% 96,3% 96,8%

Sudestes 71,4% 83,5% 88,2% 94,1% 95,5%

Sul 54,3% 66,6% 79,9% 84,1% 92,8%

Centro -Oeste

55,5% 66,7% 80% 86,5% 94,9%

Taxas de freqüência a Educação Infantil, de acordo com as regiões

Fonte: IBGE. Indicadores Sociais, 2008.

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Perfil social /per capita 0 a 6 anos

Até ½ SM 42,8%

Mais de ½ - a 1SM 26,5%

+ 1SM – 2 SM 15,1%

+ 2 SM- 3 SM 4%

+ de 3 SM – 5 SM 3%

+ de 5 SM 1,8%

População de 0 a 6 anos no Brasil

Fonte: IBGE. Indicadores Sociais, 2008

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Educação não-formal para crianças de 0 – 3 anosNos três países estudados:

- observamos novas configurações dos sistemas educacionais, marcadamente pela articulação entre as esferas público-estatal e privada, sendo esta última representada pelo amplo espectro das chamadas organizações da sociedade civil, compondo o que alguns denominam de “público não estatal” ou “terceiro setor”. Apesar desta referência genérica, sabemos que não encontramos consensos nem com relação à natureza nem com a tipificação dessas instituições.

- verificamos que as formulações nas legislações educacionais e as políticas de financiamento são indutoras dessa segmentação no atendimento.

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ARGENTINA – o atendimento é realizado por meio de programas e ações vinculados ao Ministério de Desenvolvimento Social. Programa CENTROS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL. Em torno de 82.697 crianças frequentavam diariamente jardins maternais ou de infância que não eram de gestão estatal nem de gestão privada (Província de Buenos Aires).

URUGUAI - PLAN CAIF (Centros de Atendimento Integral à Infância e às Famílias). Vinculação ao INAU (Instituto del Niño y Adolescente) 41.216 crianças em todo o território nacional.

BRASIL – dados do MDS apontam para 892.981 crianças que frequentavam entidades que recebiam recursos da FNAS. 13.627 instituições, dentre as quais, 8.859 também constavam da base do INEP.

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Papel do Estado e modos de regulação da relação público-privado nestes países.

Embora tenhamos observado também estratégias e mecanismos reguladores diferenciados, especialmente no que se refere aos modos com que cada local organiza os processos de provimento da Educação Infantil, identificamos uma forte segmentação na gestão da Educação Infantil: atendimento público para as idades acima de três anos de idade e atendimento privado através de organizações da sociedade civil para a chamada primeira infância, ou seja, crianças entre 0 e 3 anos.

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Essa nova conjuntura tem produzido impactos importantes na organização dos sistemas que oferecem atendimento educativo às crianças pequenas: a forte presença das instituições privadas na Educação Infantil nos leva a considerar a coexistência nessa etapa da Educação Básica de duas redes distintas de instituições − as públicas, no sentido estatal, e as privadas, sem fins lucrativos, financiadas com recurso público, designadas como “públicas não estatais”.

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Configura-se, nesse sentido, a emergência de uma nova problemática, posto que essas instituições situadas no limite “entre o público e o privado” se tornam cada vez mais objeto de regulações produzidas nos diversos níveis dos sistemas (federal e municipal, no caso da Educação Infantil brasileira). Por outro lado, essas organizações situadas tendem também a ficar cada vez mais “formalizadas”, por força dos critérios e das exigências estabelecidas nos convênios e/ou acordos para prestação de serviços. Ou seja, parece ficar cada vez mais difícil delimitar o que é “oferta pública” ou “privada” de Educação Infantil, posto que essas organizações passam também a submeter-se cada vez mais à tutela do Estado.

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Integradas formalmente aos sistemas públicos de ensino, essas organizações tendem também a modificar a natureza desses sistemas, que passam a ter uma configuração híbrida dada pela articulação das esferas pública e privada. Valemo-nos aqui do conceito de hibridação proposto por Barroso (2002). Segundo o autor, os processos de regulação do tipo híbrido expressam a utilização, no seio de um mesmo país, de modos de regulação provenientes de ‘modelos’ distintos em particular no que concerne à oposição ‘regulação pelo Estado’ e ‘regulação pelo mercado’. Ainda nessa concepção, assistimos “ao desenvolvimento de estratégias de ‘des-regulação’ da escola pública [...] constatando, simultaneamente, uma intervenção estatal ampliada na regulação das escolas privadas” (BARROSO, 2002, p. 24).

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Vale registrar, no entanto, que encontramos variações importantes nos dispositivos que regulam esses processos. Nessa direção, observamos no Uruguai uma presença mais forte e reguladora do Estado, com planejamento, avaliação e fiscalização centralizados em um organismo estatal, o INAU; contrariamente, no Brasil e na Argentina, esse papel regulador do Estado fica enfraquecido, uma vez que a descentralização administrativa confere elevada autonomia para estados/departamentos e municípios, que recriam, em nível local, as regras e as orientações que direcionam e determinam as condições de credenciamento, fiscalização e acompanhamento desses serviços educativos. De todo modo, as políticas educativas para as crianças pequenas têm reposto a discussão sobre o papel do Estado e as relações entre as esferas pública e privada.

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• Exclusão social é maior para as crianças de 0 – 3 anos de idade – invisibilidade

• Focalização do atendimento nas idades mais próximas da escolarização obrigatória;

• Segmentação do atendimento entre duas esferas – pública e privada, com predomínio de oferta de vagas públicas para as crianças maiores;

• Atendimento das crianças de 0 -3 anos nas chamadas organizações da sociedade civil