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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LOURES BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS ISSN 1646-7027 Edição Especial n.º 10 25 de abril de 2016 ASSEMBLEIA MUNICIPAL Sessão Solene comemorativa do 42.º Aniversário do dia 25 de abril de 1974

272 10, de 25 de ABRIL de 2016 BASE convertido.doc) · EDIÇÃO ESPECIAL N.º 10 25 de ABRIL de 2016 5 ASSEMBLEIA MUNICIPAL DELIBERAÇÕES 1.ª Sessão Extraordinária, realizada

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LOURES

BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

ISSN 1646-7027

Edição Especial n.º 10 25 de abril de 2016

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Sessão Solene comemorativa do 42.º Aniversário

do dia 25 de abril de 1974

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DIRETOR: Presidente da Câmara Municipal de Loures, Dr. Bernardino José Torrão Soares

PERIODICIDADE: Quinzenal PROPRIEDADE: Município de Loures EDIÇÃO ELETRÓNICA DEPÓSITO LEGAL n.º 148950/00 ISSN 1646-7027 COORDENAÇÃO, ELABORAÇÃO, LAYOUT E PAGINAÇÃO

GABINETE LOURES MUNICIPAL

Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 Diário da República, 1.ª série, n.º 17, de 25 de janeiro de 2011

Toda a correspondência relativa a LOURES MUNICIPAL

deve ser dirigida a

CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

LOURES MUNICIPAL BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

RUA MANUEL AUGUSTO PACHECO, 6 - 4º

2674 - 501 LOURES

TELEFONE: 21 115 15 82 FAX: 21 115 17 89

http://www.cm-loures.pt e-mail: [email protected]

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ÍNDICE

Pág. ASSEMBLEIA MUNICIPAL 1.ª Sessão Extraordinária 5 Sessão Solene Comemorativa do 42.º Aniversário do dia 25 de abril de 1974

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL

DELIBERAÇÕES

1.ª Sessão Extraordinária, realizada em 25 de abril de 2016

Sessão Solene

Comemorativa do 42.º Aniversário do dia 25 de abril de 1974

Sessão realizada no Pavilhão da Escola Secundária Arco-Íris,

Portela

SUBSTITUIÇÃO DE REPRESENTANTES

Carlos Manuel Carmo Gomes, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Deolinda Maria Gil e Sousa Ribeiro. Pedro Manuel Alves Pedroso, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Beatriz Nogueira Matias. Orlando de Jesus Lopes Martins, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por João Filipe Ramos Neves. Filipe Vítor dos Santos, Presidente da Junta da União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho, pelo substituto legal António Anastácio Gonçalves.

INTERVENÇÕES

A Sr.ª Presidente da Assembleia Municipal, Fernanda Maria Cardoso Santos, apresentou as boas-vindas e agradeceu a todas as entidades envolvidas, designadamente à Escola Secundária Arco-Íris, à Junta da União das Freguesias de Moscavide e Portela e aos funcionários da Câmara Municipal de Loures, que tornaram possível a realização da Sessão Solene Comemorativa do 42.º Aniversário do dia 25 de abril de 1974.

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Antecedendo as intervenções dos Representantes eleitos pelas diferentes forças partidárias com assento na Assembleia Municipal, houve lugar à atuação do Grupo Contrastos (Escola Fort’aplauso), que interpretou três temas de José Afonso – “Canção Longe”, “Vejam Bem” e “Venham Mais Cinco”.

Seguiram-se as intervenções produzidas pelos Representantes eleitos pelas diferentes forças políticas com assento na Assembleia Municipal.

PCTP – MRPP Partido Comunista

dos Trabalhadores Portugueses

João Mendes Alexandre

Senhora Presidente, Senhor Presidente da Câmara, Senhores Vereadores, Exmos. Convidados, Senhores Deputados Municipais, Minhas Senhoras e meus Senhores, as minhas saudações.

As nossas saudações a todos os presentes e uma saudação especial a todos os trabalhadores, democratas, revolucionários e verdadeiros comunistas que, neste concelho e no país, travaram um duro combate e, muitos deles, sacrificaram as suas próprias vidas, pelo derrube do regime fascista e a todos os que, após a queda da ditadura colonial-fascista de Salazar e Caetano, nunca guardaram ilusões sobre o novo regime pseudo-democrático surgido após o golpe de estado de 25 de abril de 1974, nem sobre a patranha traidora da Aliança Povo-MFA e prosseguiram até hoje incansavelmente a luta pela emancipação dos explorados e oprimidos, pelo socialismo e pelo comunismo. Quando se assinala a data de 25 de abril de 1974, cada classe tem naturalmente a sua posição e interpretação sobre os acontecimentos e o período histórico dessa altura. Para a classe operária e os trabalhadores em geral e para o PCTP/MRPP que me orgulho de representar, nesse dia o que ocorreu não foi uma revolução, mas um golpe de estado realizado por um movimento de capitães que surgiu em torno de reivindicações corporativas, que derrubou um regime a cair de podre, minado e acossado por um movimento revolucionário e popular em ascensão e pela luta de libertação dos povos das colónias e, ao mesmo tempo, abandonado por um setor mais esclarecido da classe dos capitalistas que via no regime um entrave à intensificação da exploração. Porque nunca foi o seu objetivo fazer uma revolução, o MFA antecipou mesmo a data do golpe para o dia 25 de abril para que não se corresse o risco de coincidir com o 1.º de maio, nessa altura a ser objeto de uma vasta campanha de mobilização clandestina a nível nacional, levada a cabo pelo MRPP. Seja como for, nunca seria possível confiar a militares de um exército colonial-fascista a realização e direção de uma revolução pela emancipação dos trabalhadores. Ora o que se passou foi que um partido que se arrogava de ser comunista - o PCP - em lugar de aproveitar a queda da ditadura para levar o movimento revolucionário até ao fim, traiu os trabalhadores apelando não a uma aliança operária camponesa mas à aliança Povo-MFA, acabando ele próprio por ser vítima dos militares que apoiara, com o seu chefe militar a ter que se refugiar na embaixada checoslovaca no dia 25 de novembro.

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Com esse objetivo e utilizando como seu braço armado o COPCON reprimiu greves e ocupações de casas devolutas e combateu todas as lutas operárias que pudessem pôr em causa a democracia burguesa e o aparelho de estado de que se havia apoderado. Lembro também aqui que as principais medidas e conquistas da classe operária e dos trabalhadores tiveram que ser impostas ao MFA, como foi o caso da semana das 40 horas, o salário mínimo e os aumentos salariais. Quando hoje se assinala também o 40.º aniversário da Constituição da República, não podemos aqui omitir que ela foi aprovada numa assembleia designada de constituinte que foi formada a partir de umas eleições - as de 1975 - em que o meu partido, então MRPP, foi proibido de participar, depois de ter sido ilegalizado e visto prender e torturar mais de 4 centenas de militantes e simpatizantes. Foi esta a pseudo-liberdade e a democracia com que se iludiu o povo no 25 de abril. Ao fim de todos estes anos, os operários e trabalhadores estão a pagar o preço dessas ilusões e da traição que os oportunistas criaram e cometeram em 1974 e nos anos que se lhe seguiram. Depois de nos últimos 4 anos termos sofrido uma enorme e brutal exploração e empobrecimento - que não foram interrompidos com o imediato derrube do governo de traição nacional Coelho/Portas - são os mesmos partidos que sabotaram esse objetivo que agora voltam a criar ilusões num governo de direita do PS, como suas muletas. É preciso não esquecer que os operários, trabalhadores e reformados não foram reembolsados do roubo dos seus salários e pensões nem do saque fiscal a que foram sujeitos durante o consulado PSD/CDS e que vão continuar a ter de pagar os milhões de euros que banqueiros amigos de Cavaco roubaram levando à falência bancos como o BPN, BES, BPP e agora o BANIF. Por outro lado, o governo de Costa não deixa margem para dúvidas - os compromissos (leia-se ditames) com Bruxelas e Berlim serão respeitados. O que significa que o povo português vai continuar a ter que pagar uma dívida que não contraiu e a ver sempre ameaçados os seus salários e pensões e a nunca ter serviços públicos e uma vida condignos.

Isto para além de ficarmos expostos a ataques de países oprimidos por imperialismos perante quem este Governo e Presidente da República se ajoelham e com eles participam em ações de agressão e ocupação, decidindo enviar tropas portuguesas para o Mali e a República Centro-Africana ao serviço do imperialismo francês do Monsieur Hollande amigo do senhor Costa. Tudo isto, não se esqueça, com o apoio das muletas PCP e BE. Pela nossa parte continuaremos a lutar pela unidade da classe operária e dos trabalhadores em torno de objetivos políticos, como agora o da semana das 35 horas para todos os que trabalham no setor público e privado, sempre tendo em vista realizar o único ideal justo e certo pelo qual se sacrificaram e deram a vida muitos proletários e comunistas - o da emancipação dos trabalhadores, o fim da exploração do homem pelo homem e o comunismo! O Povo vencerá!

CDS-PP Partido Popular

Lizette Braga do Carmo

Bom dia. Senhora Presidente da Mesa da Assembleia, Senhor Presidente da Câmara, Senhores Vereadores, Senhores Deputados, Excelências, Estimado Público aqui presente.

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Antes de começar a falar, quero agradecer a todos os colaboradores que nos proporcionaram estarmos aqui, não posso deixar de elogiar a bonita decoração (que, penso, a Margarida fez), a todos os secretários, às senhoras da limpeza, às contínuas, enfim a todos aqueles que contribuíram para podermos estar aqui nesta sala, com este conforto e esta decoração tão bonita.

Como é do conhecimento de V. Excia.s, tenho por hábito, nesta data, não fazer um discurso político porque tudo o que havia a dizer sobre o 25 de abril já foi dito ao longo dos anos. Aproveito esta comemoração para falar de um tema que a todos nós diz respeito e para o qual peço o vosso empenho na sua concretização.

Pela melhoria dos cuidados de Saúde e pela Dignidade em fim de Vida

Uma das maiores conquistas do século XX foi seguramente o aumento da longevidade da população, com ganhos inequívocos resultantes quer da melhoria das condições de vida das populações, quer de um sistema de saúde que se centrou no combate às doenças infeciosas, na assistência à gravidez e ao parto e nos bons cuidados pediátricos. Essa maior longevidade, e também a alteração nos estilos de vida, trouxeram consigo um incremento de doenças crónicas não transmissíveis (demências, insuficiências de órgão, cancros, AVC’s, por exemplo), que constituem hoje uma realidade e um verdadeiro desafio para os sistemas de saúde e para as famílias. Os sistemas de saúde do século XX centraram-se nos cuidados curativos, fortemente baseados num modelo de cuidados de base hospitalar e muito dirigidos à doença aguda. Permitiram muitos e bons avanços, mas esse tipo de cuidados não responde aos principais desafios na saúde e demografia dos dias de hoje: o envelhecimento e aumento da longevidade, o incremento das pessoas com doenças crónicas - muitas delas graves e incuráveis - o reduzido número de famílias alargadas que se ocupem dos doentes, a necessidade de cuidados centrados nas pessoas (e não na doença) e nos cuidados de proximidade. Para o CDS o desafio demográfico - tanto nas questões da natalidade como no apoio aos idosos - e o apoio às famílias há muito que constituem uma prioridade, e porque a atualidade e relevância do tema se mantêm, ele vai continuar a sê-lo.

Foi o CDS que trouxe para a agenda política o debate sobre os Cuidados Paliativos e sobre o fim de vida, e orgulhamo-nos disso. Enquanto cuidados dirigidos às pessoas doentes que têm doenças graves e não se curam, com diferentes diagnósticos, idades e independentemente do tempo que tenham de vida, eles pretendem intervir ativamente nas diferentes dimensões do sofrimento e são extensíveis às suas famílias e cuidadores. São hoje cuidados de saúde imprescindíveis no sistema de saúde, lado a lado com os cuidados hospitalares e os cuidados de saúde primários. Estamos conscientes que alguns avanços aconteceram na oferta de Cuidados Continuados e também nos Paliativos nos últimos anos no nosso país, mas muito ainda há a fazer para garantir uma cobertura aceitável para toda a sociedade que carece deste tipo de cuidados, algumas vezes tidos como menores, quando mais não são do que garante de rigor técnico, humanismo, e eficiência na prestação dos cuidados de saúde. Esse esforço deve concentrar-se designadamente nos cuidados na comunidade, envolvendo aí todos os parceiros que tenham um contributo relevante a oferecer, nomeadamente as autarquias. A problemática delicada do sofrimento em fim de vida e da falta de acesso a bons Cuidados Paliativos tem trazido ao debate diferentes perspetivas de resolução desta questão. Gostaríamos de clarificar que, qualquer que seja a nossa forma de entender o direito à vida, o que está em causa não é opor o direito à eutanásia com o direito aos Cuidados Paliativos, uma vez que estes constituem um direito fundamental de todos/as e não atentam contra a vida humana. Queremos com esta moção, e em sintonia com uma moção sectorial conexa apresentada no último congresso do CDS, sublinhar dois importantes domínios:

• a necessidade de continuar a desenvolver os Cuidados Continuados e os Cuidados Paliativos em Portugal, nomeadamente na comunidade.

• a necessidade de promover um apoio mais estruturado aos cuidadores informais (no hospital e na comunidade).

Com base no que expusemos, gostaríamos de propor o seguinte para o concelho de Loures:

• Se mantenha a nível nacional e local o desenvolvimento sustentado, planeado e progressivo da Rede de Cuidados Continuados, nas suas diferentes tipologias.

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• Se proceda a nível nacional e local à operacionalização da Rede Nacional de Cuidados Paliativos, com reconhecimento da especificidade e autonomia desta área de cuidados, em articulação imprescindível com outras redes assistenciais (CSP e CSH).

• Se dê prioridade ao desenvolvimento e

implementação de uma equipa intra-hospitalar de cuidados paliativos no Hospital Beatriz Ângelo, dotada de recursos humanos suficientes e devidamente preparados, e com alocação do tempo assistencial adequado que permita a consecução dos seus objetivos, nomeadamente o apoio a todos os doentes internados com esta necessidade e a articulação com os recursos da comunidade.

• Se reforce na comunidade o trabalho das

ECCI e se desenvolva uma equipa de suporte em Cuidados Paliativos na comunidade no concelho de Loures, com reforço dos cuidados de proximidade e o apoio das estruturas autárquicas, em moldes a definir.

• Possa existir em todos os serviços

hospitalares e em todos os Centros de Saúde do nosso concelho, informação organizada sobre os direitos sociais e sobre o apoio clínico disponíveis para os pacientes dependentes e seus cuidadores, para facultar aquando do internamento e no seguimento deste tipo de pacientes.

• Se possa reforçar a contratualização com as

instituições de Cuidados Continuados e Paliativos locais, de acordo com as disponibilidades existentes, a possibilidade de internamento para descanso do cuidador.

• Se possa estimular nos Centros de Saúde e

nas instituições da comunidade a criação de grupos de entreajuda e de grupos de voluntariado, enquadrados por profissional adequado, que ajudem a prevenir a exaustão dos cuidadores.

• Se reforce a criação e ampla divulgação de

suportes informáticos que, em colaboração com as associações de doentes das diferentes patologias crónicas, visem esclarecer os doentes crónicos e seus cuidadores sobre os padrões de evolução da doença, sobre o tipo de apoios a que poderão ter direito.

BE – Bloco de Esquerda

Carlos Luís da Costa Gonçalves

Senhor Presidente da Câmara, Senhores Vereadores, Convidados, Público em geral, Deputados e colegas.

Recuperando abril

Hoje, 25 de abril de 2016, é dia de tripla comemoração. Comemoramos os 42 anos da Revolução de abril, comemoramos os 41 anos das primeiras eleições livres e democráticas por sufrágio universal e direto em Portugal e comemoramos os 40 anos da entrada em vigor da Constituição da República Portuguesa. Estas comemorações revestem-se hoje de um significado muito especial. Ao fim de quatro anos de um governo das direitas, apadrinhado nas suas piores políticas por um Presidente da República anti Constituição, foi evidente o empobrecimento da maioria das famílias portuguesas e a degradação da situação social provocada pelo corte nos salários e nas pensões, assim como nos apoios sociais (Rendimento Social de Inserção, Complemento Solidário para os Idosos, abono de família, subsídio de doença, ação social escolar, apoios à infância), tal como os ataques e roubos nos salários e subsídios, ao congelamento das pensões e cortes nos subsídios de férias e de Natal. O ano de 2016 fica, por assim dizer, marcado pelo regresso aos valores de abril, onde a esperança por uma vida melhor, voltou aos corações das portuguesas e dos portugueses.

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O caminho da reversão das medidas mais gravosas impostas pelo governo da Troika, da reposição de salários e pensões e do início de políticas anti austeridade, embora se reflita ainda de forma ténue nos bolsos das e dos portugueses, existem condições democráticas em 2016 para continuar a inverter o longo período de ataques à democracia social, económica e cultural. A vontade de pôr fim à agressão aos mais pobres e à classe média tem que ter, obrigatoriamente, medidas concretas que alterem e revertam as decisões que penalizaram a maioria dos portugueses e das portuguesas. O combate à precariedade, a vinculação dos trabalhadores precários no Estado, a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais nos setores público e privado, assim como a urgente necessidade de reverter a erosão dos princípios básicos da relação entre trabalhadores e patrões realizada nos últimos anos e expressas no atual Código do Trabalho são, entre outras, justas reivindicações que os trabalhadores não devem abandonar. Também o governo tem um caminho que deve ser prosseguido, enfrentando a chantagem dos mercados financeiros e de uma Europa que sistematicamente cria obstáculos, à defesa da segurança social pública, à reposição de direitos, liberdades e garantias e ao investimento decisivo na Educação e na Escola Pública. E porque abril também é solidariedade, queremos aqui lembrar a crise dos refugiados, esse drama sem precedentes na história europeia pós-Segunda Guerra Mundial, onde centenas de milhares de pessoas fugindo da guerra, da violência, da fome, da pobreza, da perseguição política e religiosa, procuram nos países da União Europeia apenas uma vida com dignidade, o mais elementar dos direitos humanos. E esta Europa, histórica e culturalmente percursora e defensora dos Direitos Humanos, prefere salvar bancos a salvar pessoas. Mas hoje também é dia de comemorarmos os 40 anos da Constituição da República Portuguesa, essa Lei Fundamental, filha dos ideais de abril. Ao consagrar que Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, deixou bem expresso, a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a

dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Fruto de um amplo e intenso processo de luta popular, ficaram ainda bem vincados um conjunto de direitos económicos, sociais e culturais, como o direito à segurança no emprego, direito ao ensino, à saúde, à habitação e à segurança social, que fazem desta Constituição um documento atual e adequado ao momento que Portugal atravessa. Muito maltratada nestes últimos 4 anos por um governo e por um presidente, esquecidos da nossa Lei fundamental, foi o Tribunal Constitucional chamado a pronunciar-se, inúmeras vezes, sobre as suas decisões políticas, destruidoras dos direitos e penalizadoras da maioria das famílias portuguesas. E foram muitas das suas decisões que vieram dar razão à oposição e à indignação de muitos milhares de portuguesas e portugueses e impediram a concretização de objetivos que contribuiriam de forma mais violenta, para o empobrecimento e agravamento das condições de vida do povo português. O Orçamento de Estado de 2016 é o primeiro orçamento que nestes últimos 4 anos é aprovado não contendo nenhuma inconstitucionalidade. Este é o princípio. A estabilidade constitucional voltou ao país.

Viva o 25 de abril!

Viva o 40.º aniversário da Constituição Portuguesa!

Viva a República!

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Coligação “Loures Sabe Mudar”

Ricardo da Cunha Costa Andrade

Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Loures Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures Exmo.s Srs. Vereadores da Câmara Municipal de Loures Exmo.s Srs. Membros da Assembleia Municipal de Loures Exmo. Público

Começo esta intervenção pública por saudar de forma especial e efusiva toda a população de Loures na pessoa do Senhor Presidente da Câmara Municipal, Dr. Bernardino Soares e por saudar de forma igualmente efusiva e especial, mas também particularmente sentida, a população de Moscavide e Portela, Freguesia onde resido há várias décadas, na pessoa da Senhora Presidente da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela, Dr.ª Manuela Dias a quem envio um cumprimento amigo. É com grande honra que volvidos 42 anos da revolução de abril e 40 do meu nascimento, me encontro aqui, nesta terra que me viu crescer e onde, em família crio o meu filho, exercendo funções políticas, para as quais fui democraticamente eleito, facto só possível por toda a luta e esforço de todos quantos fizeram abril. É com grande honra que me encontro, enquanto ator político, aqui hoje neste espaço onde tantos de nós já vibrámos com as performances ímpares das equipas de Futsal da Associação de Moradores da Portela, essa instituição que hoje é conhecida de Norte a Sul do país pelo seu percurso desportivo mas que outrora e em particular no pós-25 de abril assumiu, localmente, um papel fundamental na luta pelos anseios e expectativas de toda uma população.

A vitória da democracia que nos permite estar aqui hoje em Liberdade é uma vitória de todos nós. A vitória da Liberdade advém do esforço de todos e cada um de nós. A vitória do esforço e da dedicação a causas maiores que nós mesmos é também uma marca indelével do nosso Concelho e desta Freguesia. É preciso, em cada momento em que se lembra a história como hoje fazemos, não só invocar o passado e recordá-lo mas, acima de tudo, ter presente que, além de não haver futuro sem memória, não existe nunca nada adquirido. Hoje vivemos em democracia, amanhã podemos não viver. Hoje temos Liberdade, amanhã podemos não ter. Hoje decidimos o nosso futuro, amanhã podem tentar não permitir que o façamos. Esta é a importância de manter viva e bem viva em todos nós e acima de tudo nos mais novos, que não viveram a Revolução dos Cravos, essa chama de abril que nos marca o dia a dia. O que abril representa é fundamental na nossa sociedade e jamais podemos deixar de fazer com que seja recordado e respeitado para que, dessa forma, a democracia se perpetue para todo o sempre. Nesse sentido permitam-me uma nota pessoal de quem, como sabem, tem a Portela num lugar do coração onde só se tem o que é mais especial. Nesse sentido permitam-me saudar, referenciar e homenagear todos os Executivos desta Junta de Freguesia, que conseguiram, ao longo dos anos e de forma por vezes bem difícil, construir um projeto de Freguesia com sentido e com razão de existir, sobejamente apreciado e valorizado no passado, no presente e certamente também no futuro, pela população que aqui reside. Um projeto especial onde a cooperação e a solidariedade nunca foram meras palavras vazias mas sim valores inalienáveis como jamais podia deixar de ser numa autarquia onde os princípios da social-democracia têm sido, ao longo dos anos, o verdadeiro esqueleto de um corpo coeso. Esse projeto como muitos outros não é teórico. Ele é resultado da ação do dia a dia. Ele foi e é fruto da dedicação e esforço de gente abnegada e por isso a todos os Executivos desta Freguesia deixo o meu muito obrigado, como habitante e filho desta terra, por todo o tempo que despenderam e por tudo aquilo que conseguiram não para si mesmos mas para os seus vizinhos e fregueses.

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Em democracia é fundamental a existência da liberdade de escolha. Em liberdade essas escolhas podem sempre ser ou não ser politicamente corretas. Em política o correto deve ser sempre pensar primeiro na população. Para isso é muitas vezes preciso ter coragem. Para isso é preciso sempre ter memória. Para isso é preciso nunca nos esquecermos que devemos aprender a viver com as nossas opções e assumi-las com frontalidade mas com respeito pelas pessoas que nos permitiram estar onde estamos e pelas instituições que representamos e perante as quais também respondemos e que devemos sempre respeitar. Assumirmos as nossas responsabilidades, sabendo que em cada passo estamos sempre sujeitos a escrutínio, é algo que quem exerce cargos públicos não pode nunca olvidar. Sem isso é impossível respeitar o mandato e a confiança que em nós depositaram os nossos pares. Essa confiança e esse respeito passa por defender os princípios e valores de abril sempre e de todas as formas. E porque não defender hoje e no futuro muitos desses valores permitindo que a nossa Constituição seja cada vez mais adequada não apenas aos dias de hoje mas também ao que, verdadeiramente, o espírito de abril de 1974 é hoje para todos os portugueses? Porque não ter a coragem de ajustar o texto constitucional aos dias de hoje sem desrespeitar valores fundamentais de abril como a liberdade e a democracia? Porque não continuar hoje o espírito inovador, dinâmico e empreendedor de abril assumindo a missão de potenciar cada vez mais o empreendedorismo, essa marca tão característica dos portugueses no geral e dos lourenses em particular? Abril deu-nos essas responsabilidades. Abril abriu-nos um oceano de caminhos. Abril depositou em nós essa obrigação. Esse desígnio maior que nos foi confiado não caiu do céu. A revolução não foi apenas um mar de cravos. O percurso que teve um marco em abril de 1974 foi um caminho percorrido (antes e depois) por muitos dentro e fora deste nosso Portugal de formas muitas vezes distintas mas igualmente meritórias. Por muitos que acreditaram que como disse um dia Sá Carneiro: «A democracia é sempre um caminho difícil, mas é o único caminho a seguir.».

Dentro desses muitos estão, como todos sabem, muitos militares envolvidos de forma direta no 25 de abril de 1974. E dentro desses, muitas vezes esquecidos, cabe aqui hoje relembrar também os muitos portelenses e lourenses pertencentes aos diferentes ramos das forças armadas que se envolveram de forma direta e indireta para que todos pudéssemos ter um futuro diferente, julgamos que para melhor. Todos eles são também os nossos heróis. Os nossos heróis do dia a dia. Os nosso heróis de carne e osso. Como os heróis das histórias do nosso imaginário eles fizeram a escolha difícil num momento marcante e como todos os verdadeiros heróis não viraram as costas ao nosso futuro coletivo. É essa a nossa obrigação. É essa a nossa missão. Sermos também heróis e nunca virar as costas ao ontem, ao hoje ao amanhã. Acreditando que juntos podemos saber continuar a construir um mundo melhor. Acreditando que essa é a nossa parte na história de um povo. Assumindo que todos somos donos da nossa história mas que ninguém é dono de abril pois se a democracia tivesse dono ela seria uma ditadura.

Abril Sempre!

Viva a Portela!

Viva Loures!

Viva Portugal!

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PS – Partido Socialista

Miguel Nuno Pedro Cardoso Matias

Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Loures, restante Mesa, os meus cumprimentos. Sr. Presidente da Câmara, Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores, os meus cumprimentos. Senhora Presidente da Junta da União das Freguesias de Moscavide e Portela, Dr.ª Manuela Dias, os meus cumprimentos. Senhora Diretora do Agrupamento de Escolas de Portela e Moscavide, Dr.ª Marina Simão, os meus cumprimentos e agradecimentos por nos receber nesta sua casa. Minhas senhoras e meus Senhores,

25 de abril sempre!

Ouvimos isso em todos os eventos comemorativos como este. E já lá vão 42 anos... Sabemos o que queremos dizer com tal expressão. No entanto, as palavras parecem vazias... Saberemos nós, realmente, ainda hoje, sentir o significado da expressão 25 de abril sempre! Sim, nós! Os que vivenciaram, com idades diversas, abril de 1974.

Nesse dia tinha eu 10 anos. Estava no sítio onde nasci, Angola. Vi e ouvi os adultos brindarem, colados ao rádio, rirem, falarem. Também eu fiquei certamente feliz. Não percebendo nada do que se passava mas por contágio desses adultos. Hoje, nós que temos voz, nós que de alguma forma atingimos ouvidos, dizemos: 25 de abril sempre! Os nossos filhos, os mais novos, todos eles, porém, não sentem a expressão, nem sequer se lembram. Só sabem uma coisa: nesse dia não há escola. Fixe! Eles só sabem daquilo que os adultos falam e daquilo que os adultos fazem. E o exemplo é bom? Vejamos: Abril trouxe democracia e trouxe liberdade! Dizemos nós. Ouvem eles nas notícias: Não há dinheiro! Não há empregos! Estamos presos à troika. Abril trouxe direito de participação política a todos, dizemos nós! Diz-lhes a TV: os políticos são maus. Mal preparados. São sempre os mesmos. Não se preocupam connosco, querem é tacho e honrarias. Belo exemplo! Penso eu... Abril trouxe preocupação com o povo. Educação para todos. Saúde para todos. Estado social. Ouvem eles: Não há dinheiro para as escolas. Não há professores. Não há funcionários. Carreiras congeladas. Hospitais entupidos... camas pelos corredores. Os Médicos são poucos e os que há fogem para o estrangeiro (e até são incentivados pelos próprios políticos). Fulano de tal investigado por suspeita de emitir faturas falsas! Grupos económicos dominam saúde. Faça um seguro, não fique na fila! Que belos exemplos, fico eu a pensar com medo que ele, meu filho, me lance a questão do amigo generoso à cara...

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Abril trouxe liberdade de expressão para todos! Dizemos nós já meio desmoralizados... Ouvem eles: Ministro promete um par de bofetadas a dois cidadãos que exerceram essa mesma liberdade de expressão. Olha Filho, vai mas é estudar que é para poderes ter emprego, um bom futuro e ajudar a mudar as coisas... digo eu, em tom de remate, já sem argumentos...quase KO. Mas, abril vencerá, vem-me à memória! Gostava verdadeiramente que assim fosse. Para isso, estes momentos são importantes. Relembrar a história. A luta que outros por nós e para nós fizeram. Mas, isso só não chega! É preciso cultivar e regar, todos os dias, o cravo da liberdade. É preciso adubar esse cravo com princípios éticos, tais como a responsabilização, a noção de serviço público, a ideia de estar e ser para os outros. A vontade de construir e de crescer. Não em autoestradas, não em parcerias duvidosas, não em delapidação de direitos adquiridos como as pensões de reforma. Não em salários baixos para a generalidade dos trabalhadores e salários opíparos para os gestores. Não em políticos vazios que fazem da carreira uma cadeira.... também ela vazia. É preciso lançar sementes de esperança! É preciso transmitir bons exemplos. É preciso fazer renascer uma verdadeira cultura de ideais políticos que vão para além dos problemas que se nos vão colocando à frente no dia a dia. Uma cultura de Humanismo. Cumprir abril é um dever de todos mas, sobremaneira daqueles que têm responsabilidades políticas! Sejam elas quais forem... É mandatório recordar a história, sempre! Mas é fundamental sensibilizar com o exemplo que vale a pena continuar a celebrar o 25 de abril! Senão ainda corremos o risco de, à cause das grilhetas financeiras uma qualquer outra troika até a liberdade de celebrar abril, nos corte.

E termino, dizendo alto e sentidamente:

ABRIL SEMPRE!

Viva a Portela,

Viva Loures,

Viva Portugal.

Poema

VINTE E CINCO DE ABRIL

Este palácio que me acolhe Atapetado de alcatifas vermelhas Com jarros de porcelana floridos Onde assomam cravos e rosas Na ponta de canos dos fuzis Que escrevem e falam liberdade Desde que a poeira escura do tempo Expulsou as dores da tortura E a mordaça das ideias E as grilhetas das prisões E a carnificina das guerras. Este palácio que me acolhe Continua a ser edificado Por homens puros e firmes Sempre que homens mais frágeis Pusilânimes, cobardes ou agiotas Saudosos de tempos antigos Revertem a marcha do tempo E mancham de raiva A brancura das paredes Ou racham a firmeza dos pilares Deste palácio que me acolhe. Habito há décadas neste palácio Onde coabito com multidões Que ecoam estridentes nas ruas Avenidas e praças deste País Que é o País inteiro Renascido na maternidade de abril. Este palácio que me acolhe É Portugal resgatado Naquele dia histórico De vinte e cinco de abril Por mais vermes que rastejem No subterrâneo da liberdade Que é tão pura e tão livre Que até tolera inimigos Da sua preciosa liberdade.

(José Maria Roque Lino)

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CDU – Coligação Democrática Unitária

Beatriz Goulart da Silva Pinheiro

Senhora Presidente, Senhor Presidente, Senhores Vereadores, Caros Representantes e Excelentíssimo Público

25 de abril

O 25 de abril de 1974 foi um dia que eu não vivi. Na verdade, não vivi todo o negro período de 19 de março de 1933 até 25 de abril de 1974. No entanto, vivo uma herança deixada por todos os homens e mulheres que lutaram por este dia, por todos os trabalhadores, estudantes e democratas que saíram à rua, por todo o povo ávido de liberdade. Os crimes perpetrados durante a ditadura Salazarista, toda a miséria, toda a repressão, os jovens atirados para uma guerra, que não era sua mas que servia para alimentar esse regime podre, esse regime que empunhava ora o lápis azul da censura ora a prisão e a tortura para tentar calar um povo. Mas não conseguiram, pois "há sempre alguém que resiste." E graças a esses inúmeros alguéns, o 25 de abril fez-se! É o dia em que se celebra o (re)nascimento da liberdade, da esperança, da solidariedade, da dignidade e soberania, do desenvolvimento e de sonhos. É o dia em que nasce o direito à educação, o direito à saúde, o direito ao salário mínimo nacional, o direito ao voto para homens e mulheres. É o dia em que se abrem as portas a uma nova e democrática Constituição da República Portuguesa, essa lei fundamental que faz este ano 40 anos.

Uma lei que, embora, a tenham alterado 7 vezes, mantém vincados princípios fundamentais da democracia portuguesa, conquistados com este dia. É o início de um nova era mundial, em que Portugal passa a estar enquadrado num quadro internacional, deixando de ser um país ignorado, atrasado socialmente e culturalmente face a outros povos do mundo. Mas os cravos que abril plantou, depressa os tentaram arrancar. A contrarrevolução nasceu pelas mãos dos que nesse dia perderam o seu império. Iniciaram-se os ataques aos direitos conquistados com a Revolução. Roubaram-se salários e pensões, mutilou-se a produção nacional aumentando a dependência económica e política do estrangeiro, tornou-se difícil o acesso à educação e à saúde, dois pilares fundamentais de uma sociedade desenvolvida. Roubaram-se direitos e dignidade! O poder local democrático foi atingido na sua autonomia e capacidade, bem como na sua democraticidade. Abriu-se mais o fosso entre ricos e pobres, aumentaram-se as desigualdades e tentaram-se fechar as portas que abril abriu. Mas que se desenganem eles, pois as portas que abril abriu, ninguém mais as fechará. Tentaram retroceder o país e ainda hoje se grita por liberdade, pelo fim da opressão levada a cabo pelo sistema financeiro capitalista e monopolista em que hoje vivemos. A Constituição de abril diz claramente que o poder político se sobrepõe ao poder económico. Mas há aqueles que não aceitam a Constituição. Esses, são os mesmos que passaram quatro anos a redigir orçamentos inconstitucionais. O novo quadro político criado após as eleições de 4 de outubro permitiu, aquilo que esperamos ser o início da reversão de políticas destruidoras para o País. Este quadro político admitiu, ainda, a criação do Orçamento do Estado para 2016, Orçamento, este que permite alguma recuperação de rendimentos e direitos, bem como abre caminho para a concretização de reais medidas de conservação da Natureza. Sendo diferente, para melhor, este não é o Orçamento da CDU. É um Orçamento que comporta muitas limitações que resultam de opções ideológicas do Governo PS.

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Uma efetiva resposta aos problemas do país continua a ser contrariada pelo sufoco de encargos de um dívida pública, em grande parte ilegítima, pela constante ingerência da União Europeia à nossa soberania e pelo constante sumiço de dinheiro público na banca. São necessárias verdadeiras políticas que coloquem como prioridade os interesses da população, da juventude, dos trabalhadores e do ambiente e não os interesses dos grandes grupos económicos. Tal como em 1974, o povo tem de tomar nas suas mãos o futuro das suas vidas. E porque faltam recuperar ainda, muitas das conquistas de abril, saímos à rua. Saímos à rua pela defesa da liberdade, pela defesa de uma vida digna e pela defesa da democracia! Pelo fim das ingerências, pela igualdade e solidariedade entre os povos. Sim, o 25 de abril é isso tudo. Eu não vivi o 25 de abril, mas sei o que ele significa. E como eu, são milhares os jovens que sabem o que ele significa e que diariamente lutam pelos seus direitos, porque abril é a raiz e o futuro do País! Porque aquilo que foi conquista da Revolução a todos diz respeito. Pela igualdade de oportunidades, queremos o acesso gratuito à educação, consagrado na Constituição; pela saúde, queremos um real investimento no Serviço Nacional de Saúde, consagrado na Constituição; pela nossa emancipação, queremos leis laborais justas e um salário mínimo nacional que garanta qualidade de vida, consagrado na Constituição. Porque os jovens de 76 lutaram pelas Liberdades e ergueram a bandeira da Constituição, os jovens de 2016 erguem a bandeira da sua defesa e do seu cumprimento. E onde ela não for cumprida, nós estaremos lá, para a fazer cumprir. “Em nome do que passámos Não deixaremos passar O patrão que ultrapassámos e que nos quer trespassar E por onde a gente passa Nós passamos a palavra: cada rua cada praça é o chão que o povo lavra Passaremos adiante

Com passe firme e seguro O passado é já bastante Vamos passar ao Futuro"

Ary dos Santos

Viva o Poder Local Democrático!

Viva o 25 de abril!

Viva a liberdade!

Usou seguidamente da palavra a Presidente da Assembleia Municipal de Loures, Fernanda Maria Cardoso Santos.

Senhor Presidente da Câmara, Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores, Caros eleitos da Assembleia Municipal, das Juntas e Assembleias de Freguesia do nosso Concelho, aqui presentes, Caros Convidados, Minhas Senhoras e meus Senhores Comemoramos hoje mais um aniversário da revolução de abril. O dia inicial que marcou de modo inabalável uma nova etapa da nossa história recente. O dia em que os militares saíram à rua, apoiados de imediato pelo povo, derrubaram o governo fascista que isolava e oprimia Portugal. O dia em que tudo parecia possível, em que os sonhos de uma vida melhor, em circunstâncias de direitos iguais para todos se concretizaram. O dia que tornou possível o direito à habitação condigna, o acesso à saúde e à educação, ao salário mínimo e aos direitos laborais. A tantos e tantas conquistas que muitos hoje tomam por adquiridas e como naturais.

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Dois anos depois, em abril de 1976, é aprovada a Constituição da República Portuguesa na qual esses sonhos, esperanças e direitos ficaram consagrados. Apesar das sucessivas revisões que a tentaram desvirtuar, em vez de aperfeiçoar, os princípios fundamentais continuam lá vertidos e a nortear a nossa vida enquanto cidadãos. Apesar dos sucessivos atropelos cometidos nos últimos quatro anos por um dos governos a quem esta mais incomodou, apoiado por um Presidente da República que a tinha jurado cumprir, o progresso que a nossa Constituição simbolizou existe. Este ano cumprem-se igualmente quarenta anos da realização das primeiras eleições autárquicas. Quando o Poder Local Democrático foi igualmente um dos alvos do governo anterior, quando foi apontado como sendo uma das origens da malfadada dívida, como um exemplo de más práticas e de má gestão, cumpre-nos a nós, todos nós, enquanto autarcas, continuar a rebater essa ideia e a demonstrar o quanto estava errada. Foi o Poder Local Democrático que, imediatamente a seguir ao 25 de abril, com as Comissões Administrativas as Freguesias e nos Concelhos, apoiaram por e com a população organizada em Associações de Moradores ou simplesmente em grupos de voluntários, deitou as mãos à resolução dos problemas que mais os afetavam. Foi graças às autarquias que o saneamento e o abastecimento de água chegaram a muitos milhares de pessoas pela primeira vez. Que estradas e ruas foram alcatroadas, que muitos milhares começaram a ter habitação condigna, que escolas, bibliotecas, equipamentos desportivos e culturais foram construídos. Isto convém não esquecer! Foi através do Poder Local que o acesso à cultura e ao desporto se democratizaram. Quer diretamente através das autarquias quer através do apoio que estas prestaram e prestam ao movimento associativo. Apoio esse de que o Estado Central pura e simplesmente se tem demitido, ao longo demais, destes quarenta anos. Permitindo deste modo que inúmeras pessoas, entre as quais eu me incluo, tivessem o seu primeiro contacto com o Teatro, com a Música, com o Desporto.

É ainda o Poder Local que está à frente dos anseios das suas populações, apoiando as lutas e os direitos dos seus munícipes ou fregueses, como é o caso no nosso Concelho, e são apenas meros exemplos da constante reivindicação pelos Centros de Saúde em Santa Iria de Azóia, em Santo Antão do Tojal, em Unhos e na Apelação, em Camarate, pela reabertura do centro de Emprego e da Segurança Social em Sacavém, encerrados pelo governo anterior por meras razões economicistas e que, graças à insistência do Município, parece ser finalmente possível, a julgar pelo compromisso recentemente assumido por este governo. Por transportes públicos que sirvam efetivamente a população e melhorem as condições de mobilidade no nosso Concelho. Na defesa intransigente de manutenção dos serviços de tratamento de resíduos pela Valorsul e de esgotos pela Simtejo na esfera pública. E muitas outras que, ao longo destes anos, tiveram os seus frutos porque quem luta pode não ganhar mas quem não luta perde sempre. Avizinha-se agora um novo período de debate sobre a questão das Freguesias, as tais que segundo o famoso memorando de entendimento, assinado pelo PS, PSD e CDS, estavam a mais. No ano em que se comemoram os quarenta anos das primeiras eleições autárquicas, e quando estamos a pouco mais de um ano das próximas eleições, não podem existir lapsos de memória, novas tentativas de rearranjo do mapa autárquico ao sabor de conveniências político-eleitorais. A experiência vivida por muitos milhares de autarcas, com esta reorganização, com o afastamento que isso ditou da população e do acompanhamento e apoio mais próximo que esta necessita, têm de servir para que se perceba que alterações com base em mapas e critérios duvidosos não têm em conta a realidade local e a vontade da população e dos autarcas que esta elegeu. Não serão, portanto, exemplos a repetir. Em Loures, onde sempre nos manifestámos de modo unânime, contra a reorganização, teremos de aprender com essa experiência e defender de modo intransigente a nossa população, ouvindo-a sobre esta matéria e ouvindo, igualmente, os órgãos autárquicos. Sem ideias pré-concebidas, sem mapas já feitos, porque a reversão desta reorganização era e deve continuar a ser o nosso objetivo.

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Mas chegou também a altura de exigir que, uma vez por todas, sejam cumpridas as promessa feitas ao longo dos tempos de mais competências e respetivos meios para as autarquias. Que a Lei das Finanças Locais seja não só efetivamente cumprida, mas devidamente revista. Que parem de uma vez por todas as ingerências na autonomia das autarquias e no modo como estas gerem o Pessoal, o Orçamento, os meios que colocam ao serviço das populações. Porque de tudo o que abril nos trouxe, as autarquias foram, sem dúvida, uma das maiores conquistas, ao porem ao serviço da população um conjunto de meios inimagináveis há mais de quarenta anos. Por tudo isto,

Viva o Poder Local Democrático!

Viva Loures!

Viva abril!

A Sessão encerrou com a atuação do Grupo Coral da Portela, que interpretou o tema “Acordai” de Fernando Lopes Graça e José Gomes Ferreira e dois temas de José Afonso – “Vejam bem” e “Grândola Vila Morena”.