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Ano 19 Nº 29 Jul. de 2001

29 2001ORGANIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E … · organização do ensino superior e a avaliação de cursos e instituições, ... (Unama) quando obteve dados e subsídios para opinar

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ORGANIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E QUALIDADE DE CURSOS E INSTITUIÇÕES

Associação Brasileira de Mantenedorasde Ensino SuperiorSCS Quadra 07 – Bloco “A”Torre Pátio Brasil Shopping - Sala 52670 330-911 - Brasília - DFTel.: (61) 322-3252 Fax: (61) 224-4933E-mail: [email protected] page: http://www.abmes.org.br

Estudos : Revista da Associação Brasileira de Mantene-doras de Ensino Superior / ABMES. – v. 19, n.29,(jul. 2001) – Brasília : A Associação, 2001.127 p.

SemestralISSN 1516-6201

1. Instituições de Ensino Superior. 2. Avaliação deCursos. 3. Qualidade do Ensino. I. Título. II. ABMES.

CDU 378

PRESIDÊNCIA

Presidente - Édson Franco

1.º Vice - Gabriel Mário Rodrigues2.º Vice - Manoel Ceciliano S. de Almeida3.º Vice - Antonio Carbonari Netto

CONSELHO DA PRESIDÊNCIA

Ana Maria Costa de SousaAndré Mendes AlmeidaCecílio PintoHermes Ferreira FigueiredoLuiz Eduardo TostesManoel J. F. de Barros SobrinhoMauro de Alencar FecuryPaulo Newton Paiva FerreiraPaulo Vasconcelos de PaulaRoque Danilo BerschTerezinha Cunha

Suplentes

Adonias Costa da SilveiraEda Coutinho B. Machado de SouzaGuy CapdevilleOscar AlvesValdir José Lanza

CONSELHO FISCAL

Cláudio Galdiano CuryGeraldo CasagrandeJorge BastosNey Soares

Paulo Alonso

Suplentes

Gilbert Wesley ArchibaldManoel Bezerra de Melo

DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor GeralDécio Batista Teixeira

Vice-Diretor GeralPedro Chaves dos Santos Filho

Diretor AdministrativoGetúlio Américo Moreira Lopes

Diretor TécnicoFabrício Vasconcelos Soares

Secretária-executivaAnna Maria Faria Iida

AssessoriaAnna Maria Faria IidaCecília Eugenia Rocha HortaFrederico Ribeiro Ramos

ApoioArlete Gonçalves RibeiroLeandro Rodrigues UessugueMarcelo Galdino da Silva

Associação Brasileira deMantenedoras de Ensino Superior

EditorÉdson Franco

OrganizadoraCecília Eugenia Rocha Horta

Conselho EditorialAntônio Colaço MartinsAntônio Máximo FerrazCosme D. MassiMaria Ottília Pires LanzaSylvia Helena Cyntrão

RevisãoWalkyria de Campos

Projeto GráficoGorovitz/Maass Arquitetos Associados

SUMÁRIO

ORGANIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E QUALIDADE DE CURSOS E INSTITUIÇÕES

Apresentação........................................................................

Textos dos Conferencistas

Organização e Avaliação dos Cursos e Instituições do SistemaFederal de Ensino SuperiorNina Beatriz Stocco Ranieri. ..............................................................

Universidades e Centros UniversitáriosCelso da Costa Frauches. ..................................................................

Excelência ou Alta Qualificação para o EnsinoÉdson Franco. .....................................................................................

Comissões de Especialistas:Agenda para Rediscutir Formas de AtuaçãoRaulino Tramontin. .............................................................................

Anexos................................................................................

Medida Provisória n.º 2.143-34, de 28 de junho de 2001. ..........Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001. ......................................Decreto n.º 3.864, de 11 de julho de 2001. ....................................Portaria n.º 1.465, de 12 de julho de 2001. ....................................Portaria n.º 1.466, de 12 de julho de 2001. ....................................

Normas para Apresentação de Originais.....................................

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Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior

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APRESENTAÇÃO ÉDSON FRANCO*

ESTUDOS 29

niversidades, centros universitários, faculdades integradas, faculdades, institutos eescolas superiores, ao iniciarem a jornada no longo caminho da educação, estão sem dúvida,à mercê de obstáculos que os surpreendem, embargando ações, impedindo passos, anulandodecisões.

Foi assim que, a 9 de julho de 2001, toda a comunidade do universo das instituições acadê-micas de ensino superior viram à sua frente o texto do Decreto n.º 3.860, dispondo sobre aorganização do ensino superior e a avaliação de cursos e instituições, tendo em vista o jádisposto nas Leis n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961; n.º 9.131, de 24 de novembro de1995 e n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Naturalmente, pessoas de comprovado comprometimento com o processo educacional, ci-entes e conscientes de sua responsabilidade como porta vozes das entidades submetidas aoque se determina no referido Decreto, manifestaram-se em documentos de grande teoranalítico, buscando esclarecer pontos polêmicos e/ou inconstitucionais.

Eis que, nesta edição da revista Estudos, a Associação Brasileira de Mantenedoras deEnsino Superior (ABMES) reúne sob título “Organização do Ensino Superior e Avaliação deCursos e Instituições” opiniões e questionamentos de especialistas da área da educação.

U

6 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

* Presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

Nina Ranieri analisa, de forma aprofundada, a política pública que orientou a elaboração doDecreto n.º 3.860/01, tendo como base os seguintes eixos básicos: o padrão de centralizaçãoe intervenção do Poder Executivo e o dilema autonomia versus controle. Analisa, ainda, doponto de vista jurídico, os avanços e os retrocessos do Decreto, concluindo que o “o Execu-tivo legisla, numa postura típica do estado interventor, aparentemente respaldo pela neutrali-dade técnica da função de controle da qualidade do ensino. As conseqüências da edição doDecreto não são novas nem originais. Continuamos no jogo sem fim da constante e potenci-almente ilimitada mudanças das normas, que se justifica por padrões de legitimidade, nãoinseridos no sistema jurídico, mas fora dele.”

O tema “ Recredenciamento de Universidades e Centros Universitários” mereceu de Celsoda Costa Fauches um enfático comentário, usando como base um estudo minucioso decomparação, mostrado no quadro analítico do Decreto n.º 3.860/2001, tendo em paralelo osDecretos n.º 2.026/95 e n.º 2.306/97.

Édson Franco estabelece em seu artigo “ Excelência ou Alta Qualidade para o Ensino” umimportante respaldo já que fundamentou seus comentários em pesquisa por ele realizadajunto a alunos, professores, famílias de estudantes, sem caráter científico, ou seja quase queinformal, na Universidade da Amazônia (Unama) quando obteve dados e subsídios paraopinar com propriedade sobre o assunto.

As Comissões de Especialistas compostas com a importante e imprescindível tarefa derealizar a avaliação das instituições, visando ao recredenciamento ou descredenciamentoparecem não ter suas formas de atuação dimensionadas a contento no método e no objetivo.Isso fez Raulino Tramontin elaborar um trabalho de análise investigativa para, no final,propor que haja rediscussão sobre o assunto, evitando-se futuros descontentamentos e injus-tiças.

A ABMES continua no propósito salutar de oferecer às suas filiadas idéias e reflexões paraque elas possam pensar, discutir e preparar-se convenientemente, com pleno juízo, conduzindosuas unidades fortes, saudáveis e, sobretudo, íntegras no mister de elevar o nível da educa-ção no país.

7UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES (*)

ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃODOS CURSOS E INSTITUIÇÕESDO SISTEMA FEDERAL DEENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI*

ESTUDOS 29

Introdução

A recente edição do Decreto n.º 3.860, de9 de julho de 2001, e as alterações da Lei n.º 9.131, de24 de novembro de 1995, introduzidas pela MedidaProvisória n.º 2143-34, de 28 de junho de 2001 (járeeditada sob o n.º 35) traz à discussão duas ordens deconsiderações: uma é relativa ao exercício do poderregulamentar pelo Executivo Federal, no que concerneàs atividades de autorização, reconhecimento,credenciamento supervisão e avaliação de cursos einstituições que integram o seu sistema de ensino; ou-tra se relaciona à política governamental que orientaessas ações.

A análise desses aspectos revela a adoção e a manu-tenção de regras e procedimentos que desrespeitam aordem jurídica, as instituições de ensino superior e asociedade, à medida que, sob a aparente neutralidade

técnica da “garantia do padrão de qualidade”, propiciama articulação do sistema de ensino à margem do Di-reito, de forma subjetiva, cartorial e arbitrária, comgraves prejuízos para a implantação de políticas públi-cas e para a melhoria do oferecimento da educaçãosuperior.

Há retrocessos jurídicos, políticos e institucionais, dosquais se excetuam, em especial, as previsões relativasao direito dos alunos, quanto à prestação da atividadeeducacional pelas instituições de ensino.

A Política Pública

No Decreto e na MP n.º 2143-34/2001, ain-da que, materialmente, algumas competências e proce-dimentos estejam alterados, a política governamentalde centralização e controle dos processos para funcio-namento das instituições de ensino é, coerentemente,mantida e reforçada, revelando-se em três eixos prin-cipais:* Doutora em Teoria Geral do Estudo e Procuradora da Universidade de São Paulo

([email protected])

8 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

1. Centralização e Intervenção do PoderExecutivo

Conserva-se o mesmo padrão de centrali-zação e intervenção do Poder Executivo, em modeloatualizado.

Este padrão vem sendo observado desde a edição dasLeis n.º 9.131/95 , n.º 9.192/95 e 9394/96 (e mesmo navigência integral da Lei n.º 5.540/68).

A atualização do modelo decorre de uma reação doMEC a causas circunstanciais, visando a assegurar aoMinistério o poder de controle dos processos de expan-são e de verificação de qualidade do sistema federal deensino superior. Nesta configuração, a participação doConselho Nacional de Educação em tais processos é ade coadjuvante secundário.

É o que resulta das previsões da MP n.º 2.143-34 relati-vas à alteração do art. 9º, da Lei n.º 4024/61 (que agoratem três artigos com a redação dada pela Lei n.º 9131/95, o 6º, o 7º, e o 8º, e o 9º, em parte com a redação dadapela de n.º 9.131/95 [o §1o], em parte com a redação daMP n.º 2.143 [o §2º]), e do Decreto n.º 3.860/01.

De acordo com essas novas previsões, é interessanteobservar as mudanças radicais que se operam nascompetências normativas e deliberativas da Câmarade Ensino Superior do CNE:

• Quanto às competências normativasda Câmara de Ensino Superior do CNE,exige-se sua atuação nas conseqüênciasda falta de qualidade de ensino, por via

da definição de normas a serem obser-vadas pelo Poder Executivo na suspen-são do reconhecimento de cursos e ha-bilitações oferecidas pelas IES ou nodescredenciamento de centros universi-tários e universidades integrantes do sis-tema federal (art. 9.º, § 2.º ,”d” e “f”, daLei n.º 4.024, com a redação da MPn.º 2.143-34).

• Quanto às competências deliberativas,retirou-se da Câmara de Ensino Superi-or do CNE a deliberação sobre autoriza-ção, credenciamento e recredenciamentode IES, com exceção dos centros uni-versitários e universidades bem comosobre o reconhecimento de cursos e ha-bilitações e a autorização prévia daque-les oferecidos por instituições não uni-versitárias. Hoje, todos esses atos sãode competência do MEC, que poderádelegá-los ao CNE, em caráter excepci-onal (art. 9.º, § 2.º ,”j”, da Lei n.º 4.024,com a redação da MP n.º 2.143-34).

As únicas exceções residem: (a) na deli-beração relativa à criação de cursos deMedicina, Odontologia, Psicologia e Di-reito e, somente, em relação às institui-ções não-universitárias, prevista nosarts. 27 e 28 do Decreto n.º 3.860; (b)nas deliberações relativas ao reconheci-mento e renovação de reconhecimentodesses mesmos cursos (art. 31, par. úni-co, do Decreto n.º 3.860).

9ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

Permanecem na Câmara de Ensino Su-perior do CNE as deliberações referentesa: (a) diretrizes curriculares para a gradua-ção (art. 9.º, § 2.º ,”c”, da Lei n.º 4.024,com a redação da Lei n.º 9.131/95);(b) sobre os relatórios para reconheci-mento dos cursos de mestrado e doutora-do (alínea “g”, do mesmo parágrafo);(c) sobre os estatutos de universidades,centros universitários e respectivas alte-rações (competência retirada da Lein.º 9.131 e incluída nos parágrafos únicosdo art. 21 e do art. 23, do Decreton.º 3.860); (d) à aprovação de critérios eprocedimentos, a serem estabelecidospelo MEC, para credenciamento erecredenciamento de faculdades integra-das, faculdades, institutos ou escolas su-periores; para autorização prévia de cur-sos em instituições não universitárias;para o reconhecimento de cursos supe-riores; e para a elaboração de regimentospelas instituições não universitárias(art. 34, do Decreto n.º 3.860).

Deve ainda a Câmara orientar as IES naforma de tornar públicos os critérios deseleção de alunos de graduação (art. 15,do Decreto n.º 3.860).

Tais competências deliberativas, soma-das à exigência da homologação de to-das as suas decisões pelo Ministro deEstado da Educação para que se tornas-sem efetivas, resultam, em última análi-

se, na retração da participação da socie-dade no aperfeiçoamento da educaçãosuperior, o que era feito por intermédiodo CNE, conforme dispõe o art. 7º,“caput”, da Lei n.º 4.024/61 (com a re-dação da Lei n.º 9.131/95).

O órgão, enfim, perde importância nadefinição dos rumos da educação supe-rior no país.

Apenas o exercício da competência re-lativa à definição de normas de suspen-são de reconhecimento de cursos e dedescredenciamento dos centros univer-sitários e universidades é que podeminimizar esse processo.

2. Dilema Autonomia x Controle

Em segundo lugar e, em parte por decor-rência do primeiro aspecto, acentua-se o dilema auto-nomia x controle que caracteriza as relações entre oEstado e a área do ensino superior.

Pelo aspecto formal, o dilema se revela pelo excessode poder discricionário presente no Decreto. No as-pecto material, há forte ingerência na autonomia dainiciativa privada e na das universidades, além dos limi-tes legais e constitucionais.

Em outras palavras: do ponto de vista jurídico, as dispo-sições do Decreto demonstram que o Poder Executivodesconhece o conceito da autonomia universitária,

10 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

tomando-a por privilégio; ignora o seu âmbito e limitese, bem por isto, fraciona-a por “campi” e cursos, ne-gando-lhe o caráter institucional, ou confunde prerro-gativas didáticas, científicas e administrativas commeros atos administrativos de autorização,credenciamento, recredenciamento etc.

Também na MP n.º 2.143 é notada esta postura. Veja-se a nova redação atribuída à alínea “f”, do §2º, do art.9º, da Lei n.º 4.024, que confere ao CNE competênciapara suspender prerrogativas de autonomia dos cen-tros universitários e universidades.

Para as universidades privadas, sendo tal autonomia deextração constitucional, para que dela houvesse sus-pensão ou supressão, haveria de se descredenciar ainstituição como universidade, o que supõe, no caso defundações, alteração dos estatutos na forma do art. 28,do Código Civil; e, nos contratos, atos constitutivos oucompromissos das associações e sociedades civis,com fundamento no art. 18, do Código Civil. No entan-to, para as universidades públicas, a medida, para nãoser inconstitucional, dependeria de alteração da Cons-tituição Federal.

Em suma: a MP e o Decreto continuam demonstrandoa dificuldade (ou a forte resistência) do Poder Executi-vo em lidar com a autonomia universitária.

3. Postura de Tutor do Poder Executivo

Em terceiro lugar, reafirma-se a postura detutor que o Poder Executivo assume em relação aosistema federal de ensino, regulamentando, emminúcias, os vários procedimentos administrativos, al-

terando-os conforme o curso dos acontecimentos,numa atitude reativa e conservadora.

É uma atitude que revela não ter o Poder Executivo ain-da clara a medida do controle que deve exercer sobre asIES, especialmente as particulares (veja-se, nesse senti-do, a exigência de celebração de termo de compromisso,prevista no art. 25 do Decreto, adiante comentada).

A Análise Jurídica

Com relação ao exercício do poder regula-mentar, constata-se, pela simples leitura do Decreto,que grande parte de suas disposições foram muitoalém dos limites do poder normativo a ser exercidopelo Executivo.

Considerando-se que no Direito brasileiro, os decretosdevem ser expedidos para fiel execução da lei (cf.art. 84, IV, da Constituição Federal2 , fundamento jurí-dico indicado expressamente no preâmbulo do Decreton.º 3.860), haveria o Decreto de limitar-se a comple-mentar a LDB, no que se fizesse necessário, em ter-mos de autorização, reconhecimento, credenciamento,supervisão e avaliação dos cursos e instituições queintegram o sistema de ensino federal.3

2 "In verbis": "Art. 84- Compete privativamente ao Presidente da República: ..IV_ sancionar , promulgar e fazer públicas as leis, bem como expedir decretos e regu-lamentos para sua fiel execução;

3 Com relação aos limites do poder regulamentar, ensina a melhor doutrina (Ferraz,1994; Ferreira Filho, 1994; Di Pietro,1999; Medauar, 1999; Ataliba, 1985; Ban-deira de Mello, 1999; Pontes de Miranda, 1970; Chapus, 1994; Dromi, 1996; Ro-mano, 1977, etc.) que a regulamentação de leis, por meio de decretos, restringe-se àexplicitação de procedimentos e critérios de execução, dentro de uma certa margemde discricionariedade. O âmbito desta discricionariedade está limitado: (a) pelasdefinições já constantes da lei, que não podem ser modificadas ou ab-rogadas (oregulamento não pode dispor ultra ou extra legen); (b) pelo grau de complementaçãoque a lei exige (se a lei esgotou a matéria não há necessidade de regulamento).

11ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

Não é o que ocorre. No Decreto n.º 3.860, o poderregulamentar é usado para criar obrigações de fazer enão fazer, em total desrespeito ao art 5º, II da Constitui-ção Federal (garante só a lei poder inovar na ordemjurídica), e também ao art. 37, “caput”, que obriga aAdministração Pública a obedecer, dentre outros, aosprincípios da legalidade, da impessoalidade e da efici-ência. Além disso, são feridos os artigos 207 (autono-mia das universidades) e 5º, XVII (autonomia das soci-edades e associações) da Constituição Federal.

Por essas razões de ordem jurídica, o Decreto incideem diversas inconstitucionalidades e ilegalidades.

A análise jurídica aqui apresentada não se restringe,porém, apenas a esse aspecto. Apresenta-se ela sobtrês ângulos, o dos avanços, o dos retrocessos e o das“impertinências” ou “obviedades”, que, evidentemen-te, não pretendem esgotar o seu conteúdo.

1. Características Gerais do Decreto

Preliminarmente deve ser indicado que oDecreto se aplica apenas ao sistema federal de ensino.De fato, não se está aqui diante de uma norma geral deeducação (que só poderia ser produzida peloLegislativo, e de forma concorrente entre União, Esta-dos e Distrito Federal, cf. art. 24, IX, da ConstituiçãoFederal) ou de regulamentação de natureza diretivobasilar.

Não tem natureza de diretriz educacional porque nãose volta à coordenação da política de educação ou àarticulação dos diversos níveis e sistemas, nem aponta

metas educacionais a serem alcançadas, além das jádiscriminadas na Constituição Federal e na LDB ( v.g.,qualidade do ensino, CF, art, 206, VII ). Tampoucoaponta bases da educação nacional, no sentido de ga-rantir condições de organização e exeqüibilidade do di-reito à educação, além das já discriminadas na LDB (aconferir) .

O Decreto n.º 3.860, em verdade, é instrumento que serestringe a veicular as competências da União previs-tas no inciso IX, do art. 9.º, da LDB, nomeadamente asde autorização, reconhecimento, credenciamento, su-pervisão e avaliação dos cursos e instituições que inte-gram o sistema de ensino federal. Não se aplica, por-tanto, aos demais sistemas de ensino.

2. Avanços

No que concerne ao Capítulo II, das Enti-dades Mantenedoras, são notados os seguintes avan-ços em relação à regulamentação anterior.

As previsões dos arts. 3.º a 6.º, além de simplificar aregulamentação até então vigente (v. Decreton.º 2.306, art. 2.º, em relação à forma das demonstra-ções financeiras), eliminam algumas das inconsti-tucionalidades e ilegalidades em que incidia aqueleDecreto, em especial as que diziam respeito ao princí-pio da legalidade e da autonomia das sociedades e as-sociações. 4

4 Cf. já manifestado em "Educação Superior, Direito e Estado", pp. 202-6.

12 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

É o caso, v.g., da supressão da exigência de comprova-ção do atendimento de requisitos referentes à adminis-tração de rendas e gestão de negócios paracredenciamento e do recredenciamento das IES (pará-grafo único, do art. 2.º, do Decreto n.º 2.306); e dasexigências relativas aos gastos com pessoal, previstasno art. 2.º, VI, “c”; e o art. 7.º, do mesmo Decreto, quesubmetia as IES particulares, com finalidade lucrativa,ao regime da legislação mercantil, equiparando-as aestabelecimentos comerciais.

• Também, em relação aos centros uni-versitários (art. 11 e §§) é possível afir-mar-se ter havido avanços jurídicos,uma vez que a regulamentação da atri-buição das prerrogativas de autonomia ébastante clara e se atém aos termos do§2.º, do art. 54 da LDB.

O parágrafo acima citado permite que oPoder Público estenda prerrogativas deautonomia aos centros universitáriosquando comprovam alta qualificaçãopara o ensino ou para a pesquisa, combase em avaliação também realizadapelo Poder Público. É o que ocorre noart. 11 do Decreto: o Poder Público des-de logo concede autonomia para a cria-ção, extinção e organização de cursosem sua sede, sem qualquer necessidadede autorização prévia, e bem assim, oremanejamento e a ampliação das vagasnos cursos que oferece; de outra parte,deixa para o ato de credenciamento oude recredenciamento, a possibilidade de

atribuição de novas prerrogativas de au-tonomia, o que efetivamente será feitocom base em avaliação da qualidade doensino.

Segue-se que, em relação aos centrosuniversitários, a suspensão de prerrogati-vas de autonomia, prevista na alínea “f”,do § 2.º, do art. 9.º, da Lei n.º 4.024, e no§ 2.º, do art. 15, está correta. Isso devidoserem atribuídas condicionalmente, emfunção de “alta qualificação” para o ensi-no. Negada a condição, evidentemente,extingue-se o direito, nos exatos termosdo § 2.º, do art. 54 da LDB.

• Outro avanço notado diz respeitoaos institutos superiores de educação(art. 14), que ora poderão ser organiza-dos como unidades acadêmicas de insti-tuições de ensino superior jácredenciadas (c. parágrafo único domesmo artigo). Amplia-se, desta forma,as possibilidades de oferecimento doscursos para a formação de professorespara atuar na educação básica, previstosno Decreto n.º 3.276, de 06/12/99, alémdas hipótese ali previstas (v. art. 4.ºº).

• O art. 15, em especial o seu § 1.º , tam-bém constitui um avanço jurídico, volta-do à proteção do aluno.Note-se que o elenco de informaçõesobrigatoriamente disponíveis aos candi-datos a processos seletivos visam

13ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

adverti-los das reais condições acadê-micas da IES e o do valor dos encargosfinanceiros.

A medida parece referir-se apenas aoscursos de graduação, dada a menção aoart. 44, II. Encontra fundamento jurídicono art. 47, § 1.º, da LDB, que exige dasinstituições o comprometimento comcondições adequadas de oferta de cur-sos e a manutenção das mesmas, medi-ante informação aos interessados.

Esta providência minimiza as responsa-bilidades do Poder Público em hipótesesde não reconhecimento de cursos ou dedescredenciamento da IES.

É o que se confirma no art. 37, em rela-ção às mantenedoras, às quais cabe res-guardar os direitos dos alunos, dos do-centes e do pessoal técnico-administra-tivo (ainda que não estejam claros quaissejam esses direitos, além dos trabalhis-tas, para os últimos, e os de “consumi-dor” para os primeiros, muito emboranão seja o Código do Consumidor apli-cável aos serviços educacionais). Departe do Poder Público, o Decreto ga-rante aos alunos de cursos desativadosou com reconhecimento suspenso aconvalidação dos estudos até o final doperíodo em que estiverem matriculados,para efeito de transferência. Haverá,também, o registro do diploma para os

que tenham concluído o curso ou este-jam matriculados no último período leti-vo, desde que comprovado o aproveita-mento escolar.

No mesmo sentido, a previsão do art. 38,que determina a sustação dos trâmitesde solicitações de credenciamento erecredenciamento de IES, e de autoriza-ção, reconhecimento e renovação de re-conhecimento de cursos, quando asolicitante estiver submetida a processode averiguação de deficiências e irregu-laridades.

Com relação ao § 2.º, do art. 15, porém,devem ser feitas ressalvas no que tange:(a) à supressão de prerrogativas de au-tonomia das universidades, o que nãopoderá ser feito, mas tão somente o seunão credenciamento ou a sua não-reno-vação; (b) o não-credenciamento ou asua não-renovação, em razão de defici-ências identificadas pela avaliação, quepodem levar à intervenção na institui-ção, à suspensão temporária de prerro-gativas da autonomia ou ao descre-denciamento (LDB, art. 46, § 1.º).

Em qualquer hipótese, porém, tratando-se de sanções, supõe-se a realização deprocesso administrativo, com as garanti-as de contraditório e ampla defesa (CF,art. 5.º, LV), para que o processo deavaliação não se transforme em julga-

14 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

mento sem revisão, com penalizaçãoindesejada e arbitrária.

3. Retrocessos

O Decreto n.º 3.860 retrocede em termosjurídicos, políticos e institucionais, por restringir aaplicabilidade e a eficácia da LDB, como se passa ademonstrar.

• No que concerne às entidadesmantenedoras, permanece a previsão dedestinação do seus patrimônios, sem fina-lidade lucrativa, à instituição congênereou ao Poder Público (art. 5.º, § 2.º), de-terminando que se promova, se necessá-rio, a alteração estatutária corresponden-te. Ignora-se o art. 22 do Código Civil5 ,ao arrepio do princípio da autonomia davontade, corolário do princípio da legali-dade e da liberdade de associação (art.5.º, “caput” e XVII, da CF).

Segundo dispõe o citado art. 22, sendoextinta uma associação, apenas ante aomissão de seu estatuto e dos sócios éque a lei civil procura dispor sobre o des-tino de seu patrimônio. Frise-se: somen-

5 "Art. 22 - Extinguindo-se uma associação de intuitos não econômicos, cujos esta-tutos não disponham quanto ao destino ulterior dos seus bens, e não tendo ossócios adotado a tal respeito deliberação eficaz, devolver-se-á o patrimônio sociala um estabelecimento municipal, estadual ou federal, de fins idênticos, ou semelhan-tes. Parágrafo único: Não havendo no Município ou no Estado, em que a associaçãoteve a sua sede, estabelecimento nas condições indicadas, o patrimônio se devolveráà Fazenda do Estado, à do Distrito Federal ou à da União."

6 A indicação de categorias institucionais, baseada em critérios de organização aca-dêmica, não é nova em nosso sistema jurídico. A Lei n.º 5.540 já o fazia, em relaçãoàs federações de escolas (art. 8º).

te no caso de as duas hipóteses anterio-res ocorrerem é que se devolve opatrimônio à instituição públicacongênere. Não é o que se verifica noartigo focado, que suprime a possibilida-de de ocorrência de ambas.

• No que concerne às Instituições deEnsino Superior, o art. 7.º do Decreton.º 3.860/01 insiste na limitação de seiscategorias dos “variados graus deabrangência” das instituições de ensinosuperior, previsto no art. 45 da LDB, de-liberação que não pode ser efetuada porDecreto. 6

Considerados os princípios da legalidadee da separação de poderes, bem como aletra do art. 84, III da Constituição Fe-deral, que limita o poder regulamentardo Executivo, apenas a lei é que poderia,previamente, legitimar a classificaçãodo art. 7.º , exigindo-a. Isto não ocorre.

Em verdade, o Decreto limita o que a leiconcedeu: neste caso, a diversidadeorganizacional que o sistema de ensinosuperior poderia comportar.

Na Lei n.º 9.394/96 não há elementossuficientes ao reconhecimento das

15ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

características básicas dos “diversosgraus de abrangência e especialização”.A simples leitura da lei, em especial dosartigos 16, 19, 20 e 45, evidencia que ne-nhuma regra de competência foi estipu-lada, nem se dispôs sobre os critérios re-guladores da classificação acadêmica.Há apenas um vago delineamento, esta-belecido a partir do art. 52 (que definerequisitos básicos para as universida-des). No texto da Lei n.º 9.131/95 nãohá qualquer menção à matéria. (cf. Edu-cação Superior, Direito e Estado,pp. 206-8).

Por essa razão é que a imposição unila-teral, por via administrativa, da classifi-cação da organização acadêmica dasIES em seis categorias, é inconsti-tucional.

Neste aspecto também é inconsti-tucional e ilegal o art. 4.º, § 4.º, da Porta-ria MEC n.º 1.465, de 12 de julho de 2001,editada com fundamento no Decreto. Aodisciplinar os critérios e procedimentospara o processo de recredenciamentodas IES do sistema federal de ensino, odispositivo faculta à SESu, em caso dedeliberação desfavorável ao recreden-ciamento da instituição, propor à Câmarade Ensino Superior do CNE, o seucredenciamento em outra classifica-ção institucional !

Ora, se a LDB não faz tal classsificação,como poderia a SeSu desclassificar?Com fundamento em que legislação?Com base em que critérios objetivos ?Apenas para argumentar, lembra-seque, se a instituição for pública, somentepor lei é que se poderia supor tal “des-classificação”. Se a instituição for priva-da, como impor a ela novos projetos pe-dagógicos e científicos sem desrespeitaro princípio da autonomia da iniciativaprivada?

• No que concerne às universidades,no § 3.º , do art. 8.º, que limita a criaçãode universidades apenas porcredenciamento de IES já credenciadase em funcionamento regular, observam-se novamente sinais de usurpaçãolegislativa. A LDB não diz isso, nematribuiu competências ao Poder Execu-tivo para tanto.

Veja-se que na esfera pública, a criaçãode universidades dá-se por intermédiode lei, que poderá, ou não, fazê-lo pelocredenciamento de IES já credenciadase em funcionamento regular, com quali-dade comprovada etc.

A compatibilização do citado dispositivoà ordem jurídica vigente, exige que se ointerprete conforme essa mesma or-dem, o que significa entender-se a pala-

16 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

vra “criação” como sinônimo de“credenciamento”, para os fins de apli-cação do Decreto.7

A leitura do § 3.º , do art. 8.º, deve ser,portanto, a seguinte: apenas serãocredenciadas como universidades, porato do Poder Executivo, após manifesta-ção do CNE (cf. art. 9º, da Lei n.º 4.024/61,com a redação da MP n.º 2.143-34 -atualizar) as instituições que se apresen-tem constituídas pela reunião de IES jácredenciadas e em funcionamentoregular, com qualidade comprovadapelo MEC.

A interpretação se confirma pela letrado art. 21, que aponta a necessidade delei para a criação de universidades públi-cas e enfatiza a idéia do credenciamentocomo ato constitutivo.

Se o objetivo é impedir, desde logo, ofuncionamento de uma universidade quetalvez não seja credenciada como tal,evitando-se prejuízos para os alunos,funcionários e para o sistema educacio-nal, haveria de ser uma lei a expressá-loe não um decreto.

• No que concerne à autonomia, o art.10, relativo à criação de cursos fora desede, ainda que aparentemente esteja deacordo com o art. 53, inciso I, da LDB,limita o “caput” desse mesmo artigo (“inverbis”: “no exercício de sua autonomia,são asseguradas às universidades, semprejuízo de outras.....”), e o art. 207da CF . A autonomia didática, científicae administrativa das universidades é to-talmente desrespeitada.

A inconstitucionalidade é realçada no§ 2.º, do mesmo art. 10, que enfatiza tallimitação.

Nas mesmas inconstitucionalidade eilegalidade incide a Portaria MECn.º 1.466, de 12 de julho de 2001, ao es-tabelecer procedimentos de autorizaçãopara cursos fora de sede por universida-des, com fundamento no Decreto.

No § 3.º há uma previsão curiosa: atri-bui-se aos “campi” fora de sede de uni-versidades a manutenção de “prerroga-tivas de autonomia” até o novorecredenciamento da instituição.“Campi” não tem autonomia, quem atem é a universidade, a instituição, nãoimporta de quantos “campi” se compo-nha. Há uma confusão entre autonomiae credenciamento de universidades nodispositivo. As universidades têm auto-nomia por força do art. 207 da Constitui-

7 Credenciamento e recredenciamento constituem atos administrativos unilaterais,vinculados, de natureza constitutiva e de competência do ministro da Educação(LDB, art. 9.º, Lei n.º 9.131/95, art. 2.º, par. único, com a redação da MP n.º 2.143-34)que atestam, periodicamente, a qualificação acadêmica mínima para o funcionamentodas instituições de ensino; no caso de universidades o desempenho individual dasinstituições; o ensino em cada curso de graduação; os programas de mestrado edoutorado; as atividades de pesquisa; a comprovação da produção intelectualinstitucionalizada.

17ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

ção Federal, sendo, portanto,inconstitucional este dispositivo.

• No art. 17, prevê-se que a avaliação de cur-sos e instituições organizada e executadapelo INEP compreenderá, dentre outrasações, a avaliação institucional de desem-penho das IES que levará em conta o “graude autonomia assegurado pela entidademantenedora” (cf. inciso II, alínea “a”).

Ora, se a autonomia das universidadesdecorre de previsão constitucional (art.207) e a dos centros universitários doato administrativo de credenciamento, éevidente que a instituição que detenhaessa prerrogativa seja a de ensino e nãoa mantenedora. Que grau de autonomiadeve ser assegurado? Não está claro oque pretende o Decreto verificar.Conjugada esta previsão com a da alí-nea “c” do mesmo inciso, relativa à in-dependência acadêmica dos colegiadosda IES, parece tratar-se mais de umagarantia do que o reconhecimento deuma eventual prevalência da autonomiacivil da mantenedora sobre a autonomiaacadêmica da IES.

Esta hipótese de prevalência, se confir-mada por via do dispositivo em comento,é inconstitucional. A mantenedora e ainstituição de ensino têm esferas de atu-ação distintas, não sendo possível atri-buir-se autonomia universitária à primei-

ra, embora a IES também tenha autono-mia para atos da vida civil, uma vez quedetém personalidade jurídica própria.

Não fica claro, tampouco, que procedi-mento será desencadeado pelo INEPem relação à mantenedora caso o “graude autonomia” não seja consideradoadequado ou se houver a verificação deque os colegiados não detêm indepen-dência acadêmica, posto que estasações destinam-se a subsidiar os pro-cessos de recredenciamento da IES, ede reconhecimento e renovação de re-conhecimento de cursos superiores.

A propósito, não se nota no Decretomaiores preocupações com o grau deresponsabilidade da mantenedora emrelação às instituições mantidas, nemcom a recuperação das IES que apre-sentem deficiências (além da indicaçãode interventor “pró-tempore”).

• A exigência de manifestação do Conse-lho Nacional de Saúde e da Ordem dosAdvogados do Brasil acerca da criaçãode cursos de Medicina, Odontologia,Psicologia e de direito, respectivamente,nos arts. 27 e 28, não se aplica às uni-versidades, em razão do art. 207 daConstituição Federal. A autonomia didá-tica, científica e administrativa já garan-te essa possibilidade, de restoexplicitada no art. 53,I da LDB.

18 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Não há normas gerais de educaçãoatribuindo tal obrigação aos menciona-dos Conselhos, de forma a limitar a au-tonomia de criação de cursos pelas uni-versidades. Portanto, a previsão cons-tante da Lei n.º 8.906, de 4 de julho de1994 (o Estatuto da Advocacia), emseu art. 51, XV, por não ter essa natu-reza, dirige-se apenas às instituiçõesnão-universitárias.

A restrição não limita, porém, a atuaçãodos Conselhos na garantia das qualifica-ções profissionais exigidas por lei(cf. art. 5º, XIII, da CF), uma vez que osdiplomas acadêmicos apenas atestam aformação recebida pelo seu titular, nãoautorizando o exercício profissional(cf. art. 48, “caput”, da LDB).

Os dispositivos em comento, portanto,alcançam apenas as IES não-universitá-rias, inclusive, no que concerne à delibe-ração prévia da Câmara Superior deEducação do CNE.

Resumindo: a autonomia didática e admi-nistrativa das universidades permite a cri-ação de tais cursos, independentementedas manifestações dos Conselhos.

Nos dispositivos apontados, em relaçãoàs universidades, confunde-se “criaçãode cursos” com “autorização” e “reco-nhecimento”, procedimentos a que es-tão vinculadas as universidades por for-ça do art. 46 da LDB.

• Inconstitucionais as previsões dosincisos II e III, do art. 35, no que se refe-re às universidades, em face do quantoassegura o art. 207 da ConstituiçãoFederal.

O mesmo se diga em relação ao inciso IV(intervenção na instituição) que, confor-me previsto anteriormente no Decreton.º 2.306, atenderia aos princípios daLDB e da Constituição Federal seativesse o descredenciamento da institui-ção, como determina o art. 46 da LDB.

O mesmo se diga a respeito da desig-nação de dirigente pro- tempore paraas universidades privadas (cf. § 2.º,art. 35), que atenta contra a sua capa-cidade para a vida civil. Também aqui, oatendimento da LDB far-se-ia pelodescredenciamento da instituição.

Nas universidades públicas, tratando-se de sanção, a medida apenas poderiaser adotada após processo administra-tivo regular, que demonstra a responsa-bilidade do dirigente relativamente àsdeficiências e irregularidades mencio-nadas no “caput”.

• Faça-se menção, finalmente, à PortariaMEC n.º 1.466, de 12 de julho de 2001,que, ao regulamentar a criação dos cur-sos fora de sede pelas universidades, fazletra morta o art. 207 da ConstituiçãoFederal.

19ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

Conceitualmente, não sabe o que é auto-nomia universitária; juridicamente, des-conhece seu âmbito e limites. Mais queisso, descola-se da ordem jurídica nacio-nal, do Estado Democrático de Direito,revelando enorme e surpreendente faltade conhecimento técnico-jurídico aopretender limitar a garantia constitucio-nal do art. 207.

4. Procedimentos Operacionais

• Não se sabe qual o objetivo e o conteúdodo termo de compromisso previsto noart. 25, a ser celebrado entre amantenedora e o MEC.

Qual o objetivo? Não há qualquer men-ção a propósito. Seria garantir a qualida-de de ensino? Fazer cumprir a lei? Se osobjetivos são esses, não há necessidadeda assinatura de termo!

Quais seriam as cláusulas desse ter-mo? Seriam iguais para todas asmantenedoras? Se não, qual o critériode distinção? Quem o define? Qual oprazo de vigência do termo? O “caput”do art. 25 é arbitrário e fere o princípioda legalidade.

Com efeito, não há qualquer indicação,no Decreto, que permita dirimir essasindagações. Note-se que os incisos doart. 25 referem-se a documentos que,necessariamente, o integrarão não ga-

rantindo que suas cláusulas deixem deexorbitar a matéria educacional.

Se essas se referirem a condições erequisitos já previstos na ConstituiçãoFederal (os princípios do art. 206, porexemplo), ou na LDB, o termo é inócuo.O caráter imperativo da lei independe daassinatura de termo de compromisso(neste aspecto, o art 25 pretenderiarelativizar o princípio da legalidade,condicionando-o à celebração de umtermo?).

Se o conteúdo do termo exorbitar a ma-téria educacional ou dispuser sobre oque a lei não exige, fere o princípio dalegalidade.

Esta previsão, de qualquer ângulo que sea analise, é inócua.

Por conseguinte, é também inócua asanção prevista no art. 35, no que dizrespeito ao descumprimento do Termode Compromisso. Assim sendo, deixa-se de comentar os incisos do artigo,neste aspecto, por desnecessário.

• No art. 36 sente-se que, diante dostermos do art. 9.º, § 2.º, “d” e “f” da Lein.º 9131/95, com a redação da MP 2143-34, conferindo a competência ao CNEpara deliberar sobre normas relativas àsuspensão do reconhecimento de cursose habilitações, ao descredenciamento deuniversidades e centros universitários e

20 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

à suspensão de prerrogativas de autono-mia destes últimos, não basta o MEC“ouvir” a Câmara de Educação Superi-or, mas aplicar as referidas normas.

5. Conclusões Parciais

Diante de todo o exposto, forçoso é con-cluir que o Decreto n.º 3.860 além de regulamentar amatéria educacional, sem autorização legal, repete,ainda, o padrão de controle da atividade econômicaeducacional já observado nos Decretos n.º 2.207 en.º 2.306, com ofensa ao princípio da legalidade e daautonomia da vontade.

E assim, sujeita-se à impugnação, pelas entidades inte-ressadas, por via incidental, em processo cautelar oumandamental (tendo em vista que o STF não permite aimpugnação direta de norma veiculada por decreto,pelo controle abstrato de inconstitucionalidade).

As mesmas conclusões aplicam-se às Portarias MECn.º 1.465 e n.º 1.466/01, na matéria antes apontada.

6. As “Impertinências” ou “Obviedades”

As disposições a seguir apontadas nãocontêm vícios de legalidade ou constitucionalidade,mas revelam falta de técnica regulamentar ou conclu-sões óbvias.

• No Capítulo I – Da Classificação dasInstituições de Ensino Superior - não háregulamentação, só repetição de dispo-sições legais.

O art. 1.º repete a LDB (art. 19. I e II).O intuito aqui é pedagógico, visto ter alei já esgotado a matéria.

O mesmo se diga em relação aos art. 8.º,§ 1.º; art. 18; art. 19; .

• O Decreto pretende dispor apenas emrelação aos cursos seqüenciais e de gra-duação, referidos nos incisos I e II doart. 44, da LDB, apresentando uma limi-tação de objeto no art. 2.º.

Esta limitação se expande, inevitavel-mente, a outros dispositivos. Ao carac-terizar as atividades das universidades,no art. 8.º, § 1.º, indica-se que elas deve-rão contemplar programas de mestradoou doutorado em funcionamento, comavaliação positiva da Capes. Aqui seaponta como fundamento legal da exi-gência, o art. 44 da LDB – que define oscursos superiores. Há, pois, um ato equi-vocado. O fundamento correto é o art.52, quando indica expressamente que asuniversidades deveram ser instituiçõesde formação de quadros profissio-nais de ensino superior e de pesqui-sa, o que já indica a necessidade de ofe-recimento dos cursos de mestrado edoutorado.

O art. 18 enfoca, novamente, que a ava-liação de mestrados e doutorados serárealizada pela CAPES; o que de resto jáse encontrava previsto na Lei n.º 8.405,

21ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CURSOS E INSTITUI-ÇÕES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI

de 09 de janeiro de 1992 e no Decreton.º 524, de 19 de maio de 1992.

O princípio da indissociabilidade entreensino, pesquisa e extensão, previsto noart. 207 da CF, certamente não foi alte-rado pelo art. 8.º do Decreto. O que sequis dizer, por evidente, é que aindissociabilidade supõe a oferta regularde ensino, pesquisa e extensão. Fatoóbvio.

O § 1.º , do art. 8.º, também é óbvio: seas universidades são instituições de for-mação de quadros profissionais deensino superior e de pesquisa, cf. art.52 da LDB, é evidente que devem ofe-recer cursos de mestrado e doutorado.

• Quem representa o órgão do PoderExecutivo que exercerá as competênci-as previstas nos artigos 8.º, § 1.º; 10; 13;21; 23; 24; 26; 31; 32; 33; 35 e 36 doDecreto? O Presidente da República ouo Ministro de Estado da Educação (cf.art. 76, da CF)?A resposta está no art. 40: é o Ministro.Assim, significa dizer que as autoriza-ções, os credenciamentos e osrecredenciamentos de IES não mais se-rão feitas por Decreto, mas por Portariado Ministro; bem como o reconhecimen-to de cursos e habilitações e a autoriza-ção prévia de cursos. Tal competênciaencontra fundamento no art. 87, II, daConstituição Federal.

• Parece ser evidente a disposição doart. 29. Os atos de autorização prévia decursos não se estendem a cursos ofere-cidos fora de sede. Cada curso é umcurso, não havendo qualquer ressalva noart. 46 da LDB quanto a esse aspecto.

Da mesma forma, manifesta-se o pará-grafo único do art. 32. Os atos de reco-nhecimento e de renovação de reconhe-cimento de cursos são individuais. Cadacurso é um curso, repita-se, não haven-do possibilidade legal de estender-se es-ses atos por “espelhamento”.

• Finalmente, é de se notar que das dispo-sições do Decreto e das Portarias de-corre uma certa “reserva de mercado”para as faculdades isoladas, dado opretenso controle sobre a abertura decursos fora de sede para as universida-des. É reserva que se mostra eficaz emrelação à abertura de cursos fora desede pelos centros universitários.

Conclusões

O Executivo legisla, numa postura típica doEstado interventor, aparentemente respaldado pelaneutralidade técnica da função de controle da qualida-de do ensino. Como já manifestado em outra oportuni-dade sobre a doutrina, este padrão cria um paradoxo: aregulamentação nega o que foi concedido pela lei. 8

8Cf. Educação Superior, Direito e Estado, 2000, São Paulo, EDUSP.

22 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

As conseqüências da edição do Decreto n.º 3.860 nãosão novas nem originais: continuamos no jogo sem fimda constante e potencialmente ilimitada mudança dasnormas, que se justifica por padrões de legitimidade,não inseridos no sistema jurídico, mas, fora dele.

De fato, associado o controle do Estado à idéia de “ga-rantia de padrão de qualidade” e, por via de conseqü-ência, à de “democracia” (que traz implícita a noção daigualdade), a mudança apresenta um traço tido,axiologicamente, como positivo e, com isto, justifica-seo jogo sem fim. A intenção final de controle da expan-são do ensino superior, fora dos limites impostos pelosmarcos legais e constitucionais, é assim camuflada, al-cançando-se, sem maiores percalços, o consenso soci-al em torno da meta estatal, seja ela qual for.

As diversas inconstitucionalidades e ilegalidades aponta-das (presentes nos art. 5.º, § 2.º art. 7.º ; art. 10; art. 10,2.º; art. 25; art. 27; art. 28; art. 35), contaminam a eficáciae a efetividade das medidas preconizadas pelo Decreto,com prejuízos para a definição de uma política articuladae, conseqüentemente, para o sistema educacional.

Ainda que se considerem as dificuldades que o PoderExecutivo Federal enfrenta no controle da qualidadeda educação superior; a diversidade e aheterogeneidade das IES que integram o seu sistemade ensino; o número de alunos que atende; bem como acomplexidade de atuar em relação a instituições públi-cas e privadas, com regimes jurídicos diferenciados, aadoção de procedimentos inconstitucionais e ilegaisnão contribuem para a superação dessas dificuldades.Na verdade, exacerba-as.

Era o que de momento tinha a observar.

São Paulo, 8 de agosto de 2001

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São Paulo, 31 de julho de 2000.

23UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES (*)

UNIVERSIDADES E CENTROSUNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES *

Introdução

Nos últimos meses, o Governo editou medi-da provisória, decreto e portaria alterando as normaspara o credenciamento e o recredenciamento de uni-versidades e centros universitários. Nesses atos, sinali-zou com o descredenciamento de instituições e fixouprazos para o início do processo de recredenciamento.

Este artigo pretende contribuir para o melhorentendimento dessas normas, ao tempo em que faz li-geiros comentários a respeito das mesmas.

Breve Histórico

O recredenciamento de instituições de ensino superiorsurge, pela primeira vez, na história da legislação edu-cacional brasileira, na Reforma Universitária de 68.

A Lei 5.540, de 28 de novembro de 68, base da reformauniversitária de 1968, previa o reconhecimento(credenciamento, na Lei n.º 9.394, de 20 de dezembrode 1996) de universidades e estabelecimentos isolados.Segundo o seu art. 49, essas IES estavam sujeitas “àverificação periódica pelo Conselho de Educação com-petente...”, mas não à renovação de reconhecimento.

O Decreto-lei n.º 464, de 11 de fevereiro de 1969 – a“medida provisória” do governo militar instalado em64, um dos chamados “entulhos autoritários” –, contu-do, implantou o que o Congresso não quis, à época – arenovação de reconhecimento (recredenciamento naLei n.º 9.394). Esta determinação está no § 2.º doart. 2.º do mencionado decreto-lei:

“O reconhecimento das universidades e dos estabe-lecimentos isolados de ensino superior deverá serrenovado periodicamente, de acordo com as normasfixadas pelo Conselho Federal de Educação”.

Esse dispositivo “não pegou” e o processo não foi im-plantado, apesar de sucessivas tentativas do antigoConselho Federal de Educação, pelos seguintes atos:

* Consultor do Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma), São Luís (MA), daFaculdade Euro-Americana (Brasília-DF) e do Ilape – Instituto Latino-Americanode Planejamento Educacional (Brasília-DF). ([email protected])

24 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

• Resolução n.º 26, de 29 de março de1974 (Parecer n.º 38/74).A Resolução CFE 33/74 adiou, “portempo indeterminado, a vigência da Re-solução n.º 26-CFE” e, por conseqüên-cia, a implantação do processo de reno-vação do reconhecimento foi esquecida.

• Resolução CFE 8/81 (Parecer CFE476/81). Esta resolução também “nãopegou”.

• Parecer CFE 396/94.

O Parecer n.º 396/94, de autoria do então conselheiroRaulino Tramontin, estabelecendo normas para a reno-vação de reconhecimento das universidades, com aextinção do CFE, em 1994, não foi adotado pelo MEC.O instrumento proposto cobria todas as funções uni-versitárias – ensino, pesquisa e extensão –, a gestãoacadêmico-administrativa e a análise institucional damantenedora e da universidade, recomendando o“desencadeamento imediato do processo de renova-ção de reconhecimento das universidades, listadas, cri-adas à luz da Resolução CFE /83, e que funcionam hámais de cinco anos”.

O Recredenciamento das IES naLei n.º 9.394/96

Antes da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996,que estabelece diretrizes e bases da educação nacional(LDB), a Lei n.º 9.131, de 24 de novembro de 1995 –que aprovou a Medida Provisória n.º 1.126, de 26 desetembro de 1995 (a que extinguiu o CFE) e foi

recepcionada pela citada Lei n.º 9.394 –, já previa, en-tre as atribuições da Câmara de Educação Superior, afigura do recredenciamento institucional.

A Lei n.º 9.131/95 deu nova redação aos arts. 6.º, 7.º,8º e 9.º da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, alte-rando a denominação do Conselho Federal de Educa-ção para Conselho Nacional de Educação, dividido emduas Câmaras, uma para a Educação Básica e outrapara a Educação Superior.

A alínea “e”, do § 2.º, do art. 9.º. da referida Lein.º 4.024, com a nova redação dada pela Lei n.º 9.131,incluiu, entre as atribuições da Câmara de EducaçãoSuperior, a de deliberar sobre o “recredenciamento pe-riódico de instituições de educação superior, inclusiveuniversidades...”. Eis o dispositivo, na íntegra:

“Art. 9.º As Câmaras emitirão pareceres e decidi-rão, privativa e automaticamente, os assuntos a elaspertinentes, cabendo, quando for o caso, recurso aoConselho Pleno.

§ 1.º ...

§ 2.º São atribuições da Câmara de Educação Supe-rior:

a) ...

...............................................................................

e) deliberar sobre a autorização, o credenciamento eo recredenciamento periódico de instituições deeducação superior;”

O art. 20 da Medida Provisória n.º 2.143-34, de 28 dejunho de 2001, alterou a redação dessa alínea “e”, paraadequá-la à terminologia estabelecida pela nova LDB,retirando a expressão “autorização”, que se aplica so-mente para cursos, e definindo a competência da CESapenas em relação a universidades e centros universi-tários que integram o Sistema Federal de Ensino. Eis anova redação, na íntegra:

25UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

“e) deliberar sobre o credenciamento e orecredenciamento periódico de instituições de edu-cação superior integrantes do Sistema Federal deEnsino como centros universitários e universida-des, com base em relatórios e avaliações apresenta-dos pelo Ministério da Educação;”

A Lei n.º 9.394, em seu art. 46, explicitou essa exigên-cia, estabelecendo que a “autorização e o reconheci-mento de cursos, bem como o credenciamento de insti-tuições de educação superior, terão prazos limitados,sendo renovados, periodicamente, após processo regu-lar de avaliação”.

A Câmara de Educação Superior do CNE, a fim de darcumprimento à alínea “e”, § 2.º, art. 9.º, acimareferenciados, designou, em fins de 2000, uma comis-são especial, para sugerir normas de recreden-ciamento de instituições de ensino superior. Comoresultado, a CES/CNE aprovou o Parecer n.º 1.183,em dezembro de 2000.

Esse parecer não foi homologado pelo ministro da Edu-cação, que o restituiu ao Conselho Nacional de Educa-ção, para reexame.

A comissão reexaminou a questão, pelo Parecer n.º577/2001, também não homologado.

O Recredenciamento no Decreton.º 3.860/2001

O ministro da Educação, não concordandocom a decisão da CES/CNE, resolveu deliberar a res-peito, estabelecendo normas gerais pararecredenciamento de universidades e centros universi-

tários, pelo Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001,editado em seguida à MP 2.143-34, em diversos deseus dispositivos (artigos 19, 21, 22, 23, 34, 35, 36 e 37),e pela Portaria n.º 1.465/2001.

O art. 34, inciso I, do mencionado Decreto 3.860, dis-põe que o MEC, “após a aprovação pela Câmara deEducação Superior do Conselho Nacional de Educa-ção, estabelecerá os critérios e procedimentos” para ocredenciamento e recredenciamento de faculdades in-tegradas, faculdades, institutos ou escolas superiores.

O credenciamento e recredenciamento de centros uni-versitários e universidades estarão sujeitos à delibera-ção da CES/CNE. As normas gerais foram expedidaspelo ministro da Educação, pela Portaria n.º 1.465/2001. Os “critérios e procedimentos” serão fixadospelo INEP.

O § 2.º do mesmo artigo dá ao Departamento de Polí-ticas do Ensino Superior, da SESu/MEC, competênciapara, considerando os resultados das avaliações reali-zadas pelo INEP:

“I - a preparação dos atos necessários à execuçãodos procedimentos estabelecidos na forma docaput;

II - a instrução dos processos de deliberação obriga-tória pela Câmara de Educação Superior do Conse-lho Nacional de Educação; e

III - a expedição de notificação ao interessado nahipótese de indeferimento do pleito”.

O descredenciamento de IES, incluindo universidadese centros universitários, está previsto no inciso V doart. 35, cabendo ao MEC, nos termos do art. 36 domesmo decreto, “ouvida a Câmara de Educação Supe-rior do Conselho Nacional de Educação”, estabeleceros procedimentos apropriados.

26 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

A Portaria n.º 1.465/2001

A Portaria MEC n.º 1.465, de 12 de julho de 2001(DOU, Seção 1, n.º 135, de 13 de julho de 2001), esta-belece normas para o processo de recredenciamentode universidades e centros universitários, com base naLei n.º 9.394, de 1996, e no Decreto n.º 3.860, de 2001.O processo será iniciado após noventa dias da publica-ção da portaria, ou seja, em 12 de outubro de 2001, ealcança, imediatamente, todas as universidades reco-nhecidas antes da Lei n.º 9.394-LDB.

As universidades existentes (estatais ou privadas), queintegram o Sistema Federal de Ensino, entrarão emprocesso de recredenciamento a partir de 12 de outu-bro vindouro, à exceção das seguintes, credenciadasem 1997: Universidade do Norte do Paraná (Unopar),de Londrina (PR); Universidade Metodista de SãoPaulo (Umesp), de São Bernardo do Campo (SP);Universidade Severino Sombra (USS), Vassouras(RJ); Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Curitiba(PR); Universidade Salvador (Unifacs), Salvador(BA); Universidade Anhembi Morumbi (UAM), SãoPaulo (SP); e Universidade Cândido Mendes (Ucam),Rio de Janeiro (RJ). Estas deverão requerer o seurecredenciamento em 2002, 180 dias antes do términodo credenciamento.

O Brasil tem, hoje, 149 universidades, sendo 75mantidas pela iniciativa privada e 74 pelo poder públi-co. Destas, 40 são mantidas pela União, 32 por diver-sas unidades da federação e duas por municípios.

O sistema federal de ensino possui, até esta data, 55centros universitários privados, dos quais 32 terão que

requerer o seu recredenciamento até 31 de dezembrode 2001.

Pontos Principais

Da leitura da Portaria n.º 1.465/2001, destacam-se osseguintes pontos, para o recredenciamento:

• As universidades e centros universitári-os deverão apresentar seus pedidos derecredenciamento 180 dias antes dovencimento do prazo fixado nocredenciamento.

• As instituições, com prazo decredenciamento já decorrido, deverãoprotocolar seu pedido derecredenciamento em até noventa dias,a contar da publicação da Portaria, ouseja: 12 de outubro de 2001.

• As universidades e centros universitári-os, sem prazo definido de autorização oucredenciamento, deverão pedirrecredenciamento em até trinta diasapós recebimento de comunicação daSESu. Esta comunicação será feita apóso prazo de noventa dias, ou seja, a partirde 12 de outubro de 2001.

• Ao pedir o recredenciamento, essas ins-tituições deverão apresentar a docu-mentação e informações exigidas peloart. 20 do Decreto n.º 3.860, de 2001, ouseja:

27UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

“I - cópia dos atos, registrados no órgão oficialcompetente, que atestem sua existência e capacida-de jurídica de atuação, na forma da legislação perti-nente;

II - prova de inscrição no Cadastro Nacional dePessoa Jurídica (CNPJ);

III - prova de regularidade perante a Fazenda Fede-ral, Estadual e Municipal;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade So-cial e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;

V - demonstração de patrimônio para manter insti-tuição ou instituições de educação;

VI - identificação dos integrantes do corpo dirigen-te, destacando a experiência acadêmica e adminis-trativa de cada um;

VII - prova de inscrição no cadastro de contribuin-tes estadual e municipal, se for o caso; e

VIII - estatuto da universidade ou centro universi-tário, ou regimento da instituição de ensino semprerrogativas de autonomia”.

• Caberá ao Inep estabelecer os procedi-mentos e critérios e conduzir o processode avaliação.

• A avaliação será realizada no prazo deaté 180 dias, a contar da data da solicita-ção da SESu/MEC.

• O resultado da avaliação realizada peloInep, bem como o conjunto de informa-ções solicitadas, integrará o relatório da

SESu, que será encaminhado para deli-beração da Câmara de Ensino Superior(CES) do CNE.

• A CES poderá determinar à instituição,por intermédio da SESu, o cumprimento,no prazo máximo de doze meses, de exi-gências com vistas ao saneamento dasdeficiências identificadas.

• Cumpridas essas exigências, a SESu en-caminhará à CES novo relatório sobre oprocesso de recredenciamento.

• A deliberação favorável fixará seu pra-zo de validade, a localidade e o endereçoda sede, dos campi e dos cursos fora desede.

• A deliberação desfavorável indicará, sefor o caso, seu credenciamento em ou-tra classificação institucional.

• A homologação ministerial favorável aorecredenciamento dependerá da assina-tura do Termo de Compromisso e ane-xos, previstos no art. 25 do Decreton.º 3.860, de 2001. Integrarão o termode compromisso os seguintes documen-tos, nos termos do referido artigo:

“I - plano de implantação e desenvolvimento deseus cursos superiores, de forma a assegurar o aten-dimento aos critérios e padrões de qualidade para ocorpo docente, infra-estrutura geral e específica eorganização didático-pedagógica, bem como a des-crição dos projetos pedagógicos a serem implanta-dos até sua plena integralização, considerando as

28 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

diretrizes nacionais de currículo aprovadas peloConselho Nacional de Educação e homologadaspelo Ministro de Estado da Educação;

II - critérios e procedimentos editados pelo Minis-tério da Educação, reguladores da organização, su-pervisão e avaliação do ensino superior;

III - descrição e cronograma do processo de expan-são da instituição a ser credenciada, em relação aoaumento de vagas, abertura de cursos superiores,ampliação das instalações físicas e, quando for ocaso, abertura de cursos fora de sede;

IV - valor dos encargos financeiros assumidos pelosalunos e as normas de reajuste aplicáveis durante odesenvolvimento dos cursos;

V - projeto de qualificação da instituição, contendo,pelo menos, a descrição dos procedimentos deauto-avaliação institucional, bem como os de aten-dimento aos alunos, incluindo orientação adminis-trativa, pedagógica e profissional, acesso aos labo-ratórios e bibliotecas e formas de participação dosprofessores e alunos nos órgãos colegiados respon-sáveis pela condução dos assuntos acadêmicos; e

VI - minuta de contrato de prestação de serviçoseducacionais a ser firmado entre a instituição e seusalunos, visando garantir o atendimento dos padrõesde qualidade definidos pelo Ministério da Educaçãoe a regularidade da oferta de ensino superior de qua-lidade”.

• A homologação de parecer desfavorá-vel conduzirá a ato do Poder Executivode descredenciamento da instituição ou,se for o caso, de credenciamento emoutra classificação institucional.

• São assegurados aos alunos de institui-ções descredenciadas:

• a oferta regular dos cursos superioresaté a finalização do período letivo emque ocorra o descredenciamento da ins-tituição;

• a convalidação de estudos até o final doperíodo letivo em que estiverem matri-culados para efeito de transferência;

• o registro do diploma no caso daquelesque tenham concluído o curso ou este-jam matriculados no último período leti-vo, desde que comprovada sua conclu-são com aproveitamento escolar.

• A SESu recomendará à CES orecredenciamento, pelo prazo de cincoanos, das universidades e centros uni-versitários que, na data da publicação daPortaria 1.465, atenderem aos seguintesrequisitos :

• ter obtido conceitos A ou B em mais dametade de seus cursos avaliados nastrês últimas edições do Exame Nacionalde Cursos;

• ter obtido conceitos CMB ou CB emmais da metade de seus cursos avalia-dos nas condições de oferta dos cursosde graduação;

• ter comprovado, no caso de universida-des, a oferta de programa de pós-gradu-ação stricto sensu avaliado com con-ceito igual ou superior a três pela CA-PES e reconhecido pelo MEC;

• ter atendido ao disposto no art. 52 da Lei9.394, de 20/12/1996 :

“I - produção intelectual institucionalizada median-te o estudo sistemático dos temas e problemas mais

29UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

relevantes, tanto do ponto de vista científico e cul-tural, quanto regional e nacional;

II - um terço do corpo docente, pelo menos, comtitulação acadêmica de mestrado ou doutorado;

III - um terço do corpo docente em regime de tempointegral”.

• O Plano de DesenvolvimentoInstitucional (PDI), para um período decinco anos, será obrigatório.

O Decreto n.º 3.860/2001

O Decreto n.º 3.860, de 19 de julho de 2001(DOU, Seção 1, N.º 132, DE 10/7/2001, p. 2), alterousubstancialmente a competência de diversos órgãoscolegiados e executivos do MEC, para reformular oprocesso de credenciamento e recredenciamento deinstituições de ensino superior e a autorização, reco-nhecimento e renovação de reconhecimento de cursossuperiores. Ele surge em seguida à 34.º reedição daMedida Provisória n.º 2.143, que dispõe sobre a organi-zação da Presidência da República e dos ministérios edá outras providências.

O referido decreto dispõe sobre a organização do ensi-no superior, a avaliação de cursos e instituições, revo-gando o Decreto n.º 2.026, de 1996, que estabeleciaprocedimentos para o processo de avaliação doscursos e instituições de ensino superior, e o Decreton.º 2.306, de 1997, que regulamentava, para o SistemaFederal de Ensino, as disposições contidas no art. 10da Medida Provisória n.º 1.477-39, e nos artigos 16, 19,20, 45, 46 e § 1.º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lein.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB).

O Decreto n.º 3.860 disciplina, especialmente, os se-guintes processos:

• Credenciamento, recredenciamento edescredenciamento de universidades,centros universitários e demais IES.

• Autorização de cursos seqüenciais e degraduação para IES não-universitárias.

• Reconhecimento, renovação de reco-nhecimento, suspensão e desativação decursos superiores (seqüenciais e de gra-duação), ministrados por qualquer tipode IES.

• Autorização, reconhecimento e renova-ção de reconhecimento de cursos forade sede, ministrados exclusivamente poruniversidades.

• Suspensão temporária de prerrogativasde autonomia de universidades e centrosuniversitários,

• Intervenção em IES e inquéritos admi-nistrativos.

• Avaliação institucional e de cursos.

A atuação das entidades mantenedoras de IESsofreu algumas alterações, em relação às normasrevogadas. A alteração principal foi a retirada da exi-gência de 60% dos gastos com pessoal, sobre a receitadas mensalidades escolares. Por outro lado, o art. 37joga para as mantenedoras o ônus exclusivo de res-guardar “direitos dos alunos, dos docentes e do pessoal

30 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

técnico-administrativo” dos cursos desativados e dasinstituições descredenciadas, ao tempo em que, por in-termédio da análise de estatutos e regimentos, a SESulimita a participação dos mantenedores na gestão aca-dêmico-administrativa de suas mantidas, particular-mente nos órgãos colegiados, responsáveis pelo plane-jamento, organização, administração e funcionamentode universidades e centros universitários, além das de-mais IES.

A autonomia da universidade, assegurada peloart. 207 da Constituição, volta a sofrer limitações,especialmente nos artigos 10 (cursos fora de sede); 25(exigências de termo de compromisso paracredenciamento e recredenciamento); 27 (criação decursos de medicina, odontologia e psicologia); 28 (cria-ção de cursos de direito); 29 (limitação a cursos demedicina, odontologia, psicologia e direito fora desede); 31 (reconhecimento de cursos de medicina,odontologia, psicologia e direito); 32 e parágrafo único(exigência de reconhecimento e renovação de reco-nhecimento de cursos fora de sede, mesmo quando re-conhecidos os da sede); 33 (exigência de aprovação doCNE aos cursos fora de sede de universidades, emcâmpus já autorizados) e 35 (suspensão das prerrogati-vas da autonomia universitária, intervenção edescredenciamento, sem audiência do Conselho Naci-onal de Educação).

Para os centros universitários sobrou a proibi-ção de criação de cursos fora de sede, mesmo emcampus aprovados no credenciamento. Estes são ex-clusivos de universidades, com aprovação prévia doMEC, mas as universidades não podem exercer suaautonomia nesses campus.

Ação Executiva Centralizadora

Essas medidas demonstram, nitidamente,descontentamento do ministro Paulo Renato Souzacom a atuação do Conselho Nacional de Educação, es-pecificamente da Câmara de Educação Superior, coma conseqüente concentração de poder na área executi-va do MEC. Revela, ainda, uma luta de poder entre aCâmara de Educação Superior, as Comissões de Espe-cialistas e dirigentes do MEC.

Não se trata de uma disputa salutar para a educaçãosuperior brasileira, uma vez que conduz a uma inflaçãode normas – com alguns dispositivos inconstitucionais–, que se sobrepõem, conflitam-se ou anulam-se. Talinflação interfere negativamente no planejamento, nagestão e na avaliação das IES, atingidas, ainda, pelassucessivas alterações dos “padrões de qualidade” doscursos de graduação, mediante simples inclusão no sitedo MEC. São “padrões de qualidade” aprovados pelascomissões de especialistas, sem qualquer discussãocom a comunidade acadêmica e deliberação da Câma-ra de Educação Superior do CNE.

A qualidade dos serviços educacionais é diretamenteprejudicada por tais ações, ao contrário do que o MECpossa pretender.

Espera-se que o bom senso prevaleça e o ministro daEducação reveja as normas editadas, simplificando-as.Espera-se que um novo decreto revogue o de n.º 3.860,expurgando-o dos dispositivos inconstitucionais eagressivos à autonomia da universidade, levando har-monia e tranqüilidade à comunidade acadêmica brasi-leira.

31UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

ANEXO

Quadro Analítico do Decreto n.º 3.860/01,em comparação aos Decretos 2.026/95 e 2.306/97

CAPÍTULO I

DA CLASSIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINOSUPERIOR

Art. 1.º As instituições de ensino superior classificam-seem:

I - públicas, quando criadas ou incorporadas, mantidas eadministradas pelo Poder Público; e

II - privadas, quando mantidas e administradas por pesso-as físicas ou jurídicas de direito privado.

Art. 2.º Para os fins deste Decreto, entende-se por cursossuperiores os referidos nos incisos I e II do art. 44 da Lein.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

O art. 5.º do Decreto n.º 2.306 consagrava a mesma classifi-cação das IES, mas apenas para o Sistema Federal de Ensi-no. O Decreto n.º 3.860 estende essa classificação a todasas instituições de ensino superior, não importando o siste-ma de ensino a que estejam vinculadas.

Art. 5º As instituições de ensino superior do SistemaFederal de Ensino, nos termos do art. 16 da Lei n.º9.394, de 1996, classificam-se, quanto à sua naturezajurídica, em:

I - públicas, quando criadas ou incorporadas, mantidase administradas pela União;

II -privadas, quando mantidas e administradas por pes-soas físicas ou jurídicas de direito privado.

Para os fins do Decreto n.º 3.860 são excluídos, como denível superior, os cursos de pós-graduação (lato e strictosensu).

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintescursos e programas:

I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferen-tes níveis de abrangência, abertos a candidatos queatendam aos requisitos estabelecidos pelas institui-ções de ensino;

II -de graduação, abertos a candidatos que tenhamconcluído o ensino médio ou equivalente e tenhamsido classificados em processo seletivo;

III - de pós-graduação, compreendendo programas demestrado e doutorado, cursos de especialização, aper-feiçoamento e outros, abertos a candidatos

Continua....

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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Continuação....

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Continua....

diplomados em cursos de graduação e que atendam àsexigências das instituições de ensino;

IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aosrequisitos estabelecidos em cada caso pelas instituiçõesde ensino.

Essa matéria estava disciplinada, no Decreto n.º 2.306, emseu art. 1.º. A nova redação não faz referência ao inciso IIdo art. 19 da Lei n.º 9.394, mas, na realidade, é uma regula-mentação deste.

O parágrafo único em nada altera, na essência, em relaçãoao parágrafo único do art. 1.º, ora transcrito.

Art. 1.º As pessoas jurídicas de direito privado,mantenedoras de instituições de ensino superior, pre-vistas no inciso II do art. 19 da Lei n.º 9.394, de 20 dedezembro de 1996, poderão assumir quaisquer das formasadmitidas em direito, de natureza civil ou comercial e,quando constituídas como fundações, serão regidas pelodisposto no art. 24 do Código Civil Brasileiro.

Parágrafo único. Quaisquer alterações estatutárias naentidade mantenedora, devidamente averbadas pelosórgãos competentes, deverão ser comunicadas ao Mi-nistério da Educação e do Desporto, para as devidasprovidências.

Essa matéria estava disciplinada no § 2.º do art. 11 doDecreto n.º 2.306.

Incluiu-se o curso, além da instituição. Não se entende, éverdade, a transferência de uma IES para outramantenedora, sem o(s) curso(s) que ministra.

Retira-se do processo a Câmara de Educação Superior doCNE.

§ 2.º A transferência de instituição de ensino superiorde uma para outra mantenedora deve ser convalidadapelo Ministério da Educação e do Desporto, ouvido oConselho Nacional de Educação.

CAPÍTULO II

DAS ENTIDADES MANTENEDORAS

Art. 3.º As pessoas jurídicas de direito privadomantenedoras de instituições de ensino superior poderãoassumir qualquer das formas admitidas em direito de natu-reza civil ou comercial, e, quando constituídas como fun-dação, serão regidas pelo disposto no art. 24 do CódigoCivil Brasileiro.

Parágrafo único. O estatuto ou contrato social da entidademantenedora, bem assim suas alterações, serão devida-mente registrados pelos órgãos competentes e remetidosao Ministério da Educação.

Art. 4.º A transferência de cursos e instituições de ensinosuperior de uma para outra entidade mantenedora deveráser previamente aprovada pelo Ministério da Educação.

33UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Continua....

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 5.º As entidades mantenedoras de instituições de en-sino superior sem finalidade lucrativa publicarão, paracada ano civil, suas demonstrações financeiras certifica-das por auditores independentes e com parecer do respec-tivo conselho fiscal, sendo ainda obrigadas a:

I - manter, em livros revestidos de formalidades que asse-gurem a respectiva exatidão, escrituração completa e regu-lar de todos os dados fiscais na forma da legislação perti-nente, bem assim de quaisquer outros atos ou operaçõesque venham a modificar sua situação patrimonial; e

II - conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, con-tados da data de emissão, os documentos que comprovem aorigem de suas receitas e a efetivação de suas despesas,bem como a realização de quaisquer outros atos ou opera-ções que venham a modificar sua situação patrimonial.

§ 1.º As entidades de que trata o caput deverão, ainda,quando determinado pelo Ministério da Educação:

I - submeter-se a auditoria; e

II - comprovar:

a) a aplicação dos seus excedentes financeiros para os finsda instituição de ensino superior mantida; e

b) a não remuneração ou concessão de vantagens ou be-nefícios, por qualquer forma ou título, a seus instituidores,dirigentes, sócios, conselheiros, ou equivalentes.

§ 2.º Em caso de encerramento de suas atividades, as insti-tuições de que trata o caput deverão destinar seupatrimônio a outra instituição congênere ou ao Poder Pú-blico, promovendo, se necessário, a alteração estatutáriacorrespondente.

Trata-se de nova redação ao art. 2.º do Decreto n.º 2.306,com a exclusão de dois dispositivos:

1 – A alínea “c” do inciso VI, que fixava os gastos compessoal docente e técnico-administrativo em, pelo menos,60% da receita das mensalidades escolares:

c) a destinação para as despesas com pessoal docente etécnico-administrativo, incluídos os encargos e bene-fícios sociais, de pelo menos sessenta por cento dareceita das mensalidades escolares proveniente da ins-tituição de ensino superior mantida, deduzidas as redu-ções, os descontos ou bolsas de estudo concedidas eexcetuando-se, ainda, os gastos com pessoal, encargose benefícios sociais dos hospitais universitários.

2 - E o parágrafo único:

Parágrafo único. A comprovação do disposto nesteartigo é indispensável para fins de credenciamento erecredenciamento da instituição de ensino superior.

Continuação....

34 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 6.º As entidades mantenedoras de instituições de ensi-no superior com finalidade lucrativa, ainda que de naturezacivil, deverão elaborar, em cada exercício social, demonstra-ções financeiras atestadas por profissionais competentes.

Este dispositivo era contemplado no art. 4.º e incisos, doDecreto n.º 2.306. As exigências para as mantenedorascom finalidade lucrativa foram reduzidas: não há mais ne-cessidade de publicação das “demonstrações financeirascertificadas por auditores independentes”. Agora essasdemonstrações financeiras deverão ser “atestadas porprofissionais competentes”. Contadores, por exemplo. Eli-minou-se, por outro lado, a exigência desse tipo de socie-dade “submeter-se, a qualquer tempo, a auditoria pelo Po-der Público”. Eliminou-se, ainda, a referência a entidadesmantenedoras “comunitárias, confessionais e filantrópi-cas ou constituídas como fundações”, previstas no art. 3.ºdo referido decreto.

Art. 3.º As entidades mantenedoras de instituições pri-vadas de ensino superior, comunitárias, confessionais efilantrópicas ou constituídas como fundações, não po-derão ter finalidade lucrativa e deverão adotar os precei-tos do art. 14 do Código Tributário Nacional, do art. 55da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, do art. 1.º doDecreto n.º 752, de 16 de fevereiro de 1993, e da Lein.º 9.429, de 27 de dezembro de 1996, além de atenderao disposto no artigo anterior.

Art. 4.º As entidades mantenedoras de instituições deensino superior, com finalidade lucrativa, ainda que denatureza civil, deverão:

I - elaborar e publicar, em cada exercício social, de-monstrações financeiras certificadas por auditores in-dependentes, com o parecer do conselho fiscal, ouórgão equivalente.

II - submeter-se, a qualquer tempo, a auditoria peloPoder Público.

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Continuação....

Continua....

35UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Continua....

CAPÍTULO III

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Art. 7.º Quanto à sua organização acadêmica, as institui-ções de ensino superior do Sistema Federal de Ensino,classificam-se em:

I - universidades;

II - centros universitários; e

III - faculdades integradas, faculdades, institutos ou esco-las superiores.

Art. 8.º As universidades caracterizam-se pela oferta regu-lar de atividades de ensino, de pesquisa e de extensão,atendendo ao que dispõem os artigos. 52, 53 e 54 da Lein.º 9.394, de 1996.

§ 1.º As atividades de ensino previstas no caput deverãocontemplar, nos termos do art. 44 da Lei 9.394, de 1996,programas de mestrado ou de doutorado em funcionamen-to regular e avaliados positivamente pela Coordenação deAperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – Capes.

§ 2.º A criação de universidades especializadas, admitidasna forma do parágrafo único do art. 52 da Lei n.º 9.394, de1996, dar-se-á mediante a comprovação da existência deatividades de ensino e pesquisa, tanto em áreas básicascomo nas aplicadas, observado o disposto neste artigo.

§ 3.º As universidades somente serão criadas porcredenciamento de instituições de ensino superior jácredenciadas e em funcionamento regular, com qualidadecomprovada em avaliações coordenadas pelo Ministérioda Educação.

Mantém-se a mesma classificação prevista no art. 8.º doDecreto n.º 2.306, para “as instituições de ensino superiordo Sistema Federal de Ensino”, situando, no mesmo nível,contudo, as “faculdades integradas, faculdades, institu-tos ou escolas superiores”.

Art. 8.º Quanto à sua organização acadêmica, as insti-tuições de ensino superior do Sistema Federal de Ensi-no classificam-se em:

I - universidades;

II - centros universitários;

III - faculdades integradas;

IV - faculdades;

V - institutos superiores ou escolas superiores.

Substitui-se “indissociabilidade”, prevista no art. 9.º doDecreto n.º 2.306, por “oferta regular”, embora a“indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”seja uma exigência constitucional (art. 207), somente paraas universidades.

O parágrafo único, que trata de “universidadesespecializadas”, passa a ser o § 2.º, exigindo a comprova-ção da “existência de atividades de ensino e pesquisa, tan-to em áreas básicas como nas aplicadas”. O parágrafo úni-co do art. 52 da Lei n.º 9.394 permite “a criação de universi-dades especializadas por campo do saber”, sem a exigên-cia introduzida pelo § 2.º do art. 8.º do Decreto n.º 3.860.

Inclui-se a exigência de “programas de mestrado ou dedoutorado em funcionamento regular e avaliados positiva-mente” pela CAPES, com uma estranha referência aoart. 44, da Lei n.º 9.394, e uma inovação em relação aoart. 52, da mesma lei. Agora, além de um terço do corpodocente com titulação de “mestrado ou doutorado”, umterço em regime de tempo integral e “produção intelectual

Continua....

Continuação....

36 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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institucionalizada”, exige-se “programas de mestrado oudoutorado”.

Revoga-se, assim, a Resolução CES/CNE 2/98, que, emseu art. 2.º, regulamentava a “produção intelectualinstitucionalizada”, desta forma:

“A produção intelectual institucionalizada será com-provada:

a) por três cursos ou programas de pós-graduaçãostricto sensu, avaliados positivamente pela Capes e/ou(grifo nosso)

b) pela realização sistemática de pesquisas que envol-vam:

I – pelo menos 15% do corpo docente;

II – pelo menos metade dos doutores;

III – pelo menos três grupos definidos com linhas depesquisa explicitadas.

O § 3.º é uma transcrição do art. 1.º da Portaria MEC n.º 637,de 1997, que dispõe sobre o credenciamento de universi-dades, acrescentando a exigência de “qualidade compro-vada em avaliações coordenadas pelo Ministério da Edu-cação”.

Art. 9.º As universidades, na forma do disposto no art.207 da Constituição Federal, caracterizam-se pelaindissociabilidade das atividades de ensino, de pesquisae de extensão, atendendo ainda ao disposto no art. 52da Lei n.º 9.394, de 1996.

Parágrafo único. A criação de universidadesespecializadas, admitidas na forma do parágrafo únicodo art. 52 da Lei n.º 9.394, de 1996, dar-se-á mediantea comprovação da existência de atividades de ensino epesquisa tanto em áreas básicas como nas aplicadas.

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37UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Continua....

Art. 9.º Para os fins do inciso III do art. 52 da Lei n.º 9.394,de 1996, entende-se por regime de trabalho docente emtempo integral aquele que obriga a prestação de quarentahoras semanais de trabalho na mesma instituição, nele re-servado o tempo de pelo menos vinte horas semanais des-tinado a estudos, pesquisa, trabalhos de extensão, plane-jamento e avaliação.

Art. 10. As universidades, mediante prévia autorização doPoder Executivo, poderão criar cursos superiores em muni-cípios diversos de sua sede, definida nos atos legais deseu credenciamento, desde que situados na mesma unida-de da federação.

§ 1.º Para os fins do disposto no art. 52 da Lei n.º 9.394, de1996, os cursos criados na forma deste artigo, organizadosou não em novo campus, integrarão o conjunto da univer-sidade.

§ 2.º A autonomia prevista no inciso I do art. 53 da Lein.º 9.394, de 1996, não se estende aos cursos e campus forade sede das universidades.

§ 3.º Os campi fora de sede já criados e em funcionamentona data de publicação deste Decreto preservarão suas atu-ais prerrogativas de autonomia até a conclusão do proces-so de recredenciamento da Universidade, ao qual estarãoigualmente sujeitos.

Em relação ao art. 10, do Decreto n.º 2.306, a alteração é,apenas, de redação. O conteúdo é o mesmo: regime de tem-po integral exige 40 horas semanais, das quais, no máximo,20 horas podem ser destinadas à ministração de aulas.

Art. 10. Para os fins do inciso III do art. 52 da Lein.º 9.394, de 1996, entende-se por regime de trabalhoem tempo integral aquele com obrigação de prestarquarenta horas semanais de trabalho, na mesma insti-tuição, nele reservado o tempo de pelo menos vintehoras semanais destinado a estudos, pesquisa, traba-lhos de extensão, planejamento e avaliação.

É uma limitação à autonomia universitária, consagrada noart. 207 da Constituição, já limitada pelo art. 53 da Lein.º 9.394, de 1996. É, na realidade, uma regulamentação doreferido art. 53. Pretende atingir todas as universidades,mesmo as que não integram o sistema federal de ensino, aocontrário do art. 11 do Decreto n.º 2.306, que limitava essaação apenas às instituições integrantes desse sistema.

Define o município como sede da universidade. No territó-rio do município-sede, a universidade pode criar cursossuperiores. Por exemplo: no município de São Paulo, umauniversidade tem autonomia para criar cursos superioresem qualquer de seus distritos ou bairros. Essa autonomianão se estende, porém, aos vizinhos municípios de SantoAndré, São Caetano, São Bernardo do Campo, Guarulhos,entre outros.

Há outras limitações. Anteriormente, o extinto ConselhoFederal de Educação, o Conselho Nacional de Educação ea própria Secretaria de Educação Superior entendiam que aautonomia universitária era exercida, também, nas unida-des fora de sede. Agora, essas unidades (cursos) emboraintegrem o conjunto da universidade (§ 1.º), não dispõemde autonomia (§ 2.º). O § 3.º vai além. Cassa a autonomiados campi “já criados e em funcionamento” na data dapublicação do decreto, a partir do recredenciamento dauniversidade, “ao qual estarão igualmente sujeitos”.

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38 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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A criação de cursos fora de sede, por universidades, de-pende de “prévia autorização do Poder Executivo”. Exclui-se, portanto, a audiência do Conselho Nacional de Educa-ção, prevista no citado art. 11 do Decreto n.º 2.306.

Nota: Após a apresentação deste trabalho, foi publicado oDecreto n.º 3.908, de 4 de setembro de 2001, que dá novaredação ao § 3.º do art. 10, restabelecendo a autonomiauniversitária nos campi fora de sede, já implantados:

§ 3.º Os campi fora de sede já criados e em funciona-mento na data de publicação deste Decreto preserva-rão suas atuais prerrogativas de autonomia, sendo sub-metidos a processo de recredenciamento em conjuntocom a sede da universidade.

Os centros universitários seguem sendo classificadoscomo “instituições de ensino superior pluricurriculares”(sic). A “excelência do ensino oferecido” deve ser compro-vada, além do que constava do art. 12 do Decreto n.º 2.306,“pelo desempenho de seus cursos nas avaliações coorde-nadas pelo Ministério da Educação”.

A autonomia permanece a mesma, no essencial (“criar, or-ganizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas deeducação superior, assim como remanejar ou ampliar va-gas nos cursos existentes”).

Essa autonomia, todavia, deverá observar os limites defi-nidos no Plano de Desenvolvimento Instituconal – PDI(§ 3.º), “aprovado quando do seu credenciamento erecredenciamento”. Ou seja: a autonomia está limitada aoque constar do PDI. Trata-se, assim, de autonomia comprogramas e cursos superiores pré-aprovados...

A novidade mais importante vem no § 4.º. É vedada aoscentros universitários a criação de cursos fora de suasede, mesmo as indicadas no ato de credenciamento.Como não há previsão de autorização do MEC para criação

Art. 11. Os centros universitários são instituições de ensi-no superior pluricurriculares, que se caracterizam pela ex-celência do ensino oferecido, comprovada pelo desempe-nho de seus cursos nas avaliações coordenadas pelo Mi-nistério da Educação, pela qualificação do seu corpo do-cente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidasà comunidade escolar.

§ 1.º Fica estendida aos centros universitários credenciadosautonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cur-sos e programas de educação superior, assim comoremanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes.

§ 2.º Os centros universitários poderão usufruir de outrasatribuições da autonomia universitária, além da que serefere o § 1.º, devidamente definidas no ato de seucredenciamento, nos termos do § 2.º do art. 54 da Lein.º 9.394, de 1996

§ 3.º A autonomia de que trata o § 2.º deverá observar oslimites definidos no plano de desenvolvimento da institui-ção, aprovado quando do seu credenciamento erecredenciamento.

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39UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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de cursos fora de sede, como para as universidades, de-duz-se que os centros universitários estão proibidos decriar cursos fora de sede.

O § 5.º é uma transcrição parcial e reformulada do art. 1.ºda Portaria MEC n.º 639/97, que dispõe sobre ocredenciamento de centros universitários, para o sistemafederal de ensino. A alteração significativa é a substituiçãoda oração “que demonstrem excelência no campo de ensi-no” por “qualidade comprovada em avaliações coordena-das pelo Ministério da Educação”, como uma das condi-ções para o credenciamento. Idêntico ao credenciamento deuniversidades, os centros universitários somente podemser criados a partir de IES já credenciadas.

Art. 12 São centros universitários as instituições deensino superior pluricurriculares, abrangendo uma oumais áreas do conhecimento, que se caracterizam pelaexcelência do ensino oferecido, comprovada pela qua-lificação do seu corpo docente e pelas condições detrabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar,nos termos das normas estabelecidas pelo Ministro deEstado da Educação e do Desporto para o seucredenciamento.

§ 1.º Fica estendida aos centros universitárioscredenciados autonomia para criar, organizar e extin-guir, em sua sede, cursos e programas de educação su-perior, assim como remanejar ou ampliar vagas noscursos existentes.

§ 2.º Os centros universitários poderão usufruir de ou-tras atribuições da autonomia universitária, além daque se refere o parágrafo anterior, devidamente defini-das no ato de seu credenciamento, nos termos do § 2.ºdo art. 54 da Lei n.º 9.394, de 1996.

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§ 4.º É vedada aos centros universitários a criação de cur-sos fora de sua sede indicada nos atos legais decredenciamento.

§ 5.º Os centros universitários somente serão criados porcredenciamento de instituições de ensino superior jácredenciadas e em funcionamento regular, com qualidadecomprovada em avaliações coordenadas pelo Ministérioda Educação.

40 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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O Decreto n.º 2.306 não caracterizava as faculdades inte-gradas.

A característica estabelecida no art. 12 inova, em confron-to com os procedimentos até agora adotados para a cria-ção e/ou o credenciamento de faculdades integradas: aexigência de atuação “em mais de uma área de conheci-mento”. Esta exigência não é feita para o credenciamentode centros universitários e nem universidades. Estas IESpodem atuar “por campo do saber”, nos termos do pará-grafo único do art. 52 da Lei n.º 9.394, de 1996. Anterior-mente, exigia-se mais de uma faculdade para a constituiçãode “faculdades integradas”.

Retira-se a participação do Conselho Nacional de Educa-ção do processo de autorização (criação) de cursos supe-riores em IES não-universitárias credenciadas. É uma de-corrência da Medida Provisória n.º 2.143-34, de 28 dejunho de 2001, que alterou atribuições da Câmara de Edu-cação Superior, particularmente neste caso. O CNE seráouvido “em caráter excepcional”, segundo a alínea “j”, doart. 9.º, da Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com anova redação dada pela referida MP.

O Decreto n.º 3.276, de 1999, que dispõe sobre a formaçãoem nível superior de professores para atuar na educaçãobásica, e dá outras providências, em seu art. 4º, diz, nosincisos I e II, que as licenciaturas poderão ser ministradas:

I – por institutos superiores de educação, que deverãoconstituir-se em unidades acadêmicas;

II – por universidades, centros universitários e outrasinstituições de ensino superior para tanto legalmentecredenciadas.

A novidade aparece no parágrafo único, do art. 14, ao per-mitir que os institutos superiores de educação possam serunidades acadêmicas de qualquer tipo de IES. Por exem-

Art. 13. A criação de cursos superiores em instituiçõescredenciadas como faculdades integradas, faculdades,institutos superiores ou escolas superiores depende deprévia autorização do Poder Executivo.

Art. 14. Os institutos superiores de educação criados naforma do Decreto n.º 3.276, de 6 de dezembro de 1999, de-verão definir planos de desenvolvimento institucional.

Parágrafo único. Os institutos de que trata o caput, pode-rão ser organizados como unidades acadêmicas de insti-tuições de ensino superior já credenciadas, devendo nestecaso definir planos de desenvolvimento acadêmico.

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Art. 12. Faculdades integradas são instituições com pro-postas curriculares em mais de uma área de conhecimento,organizadas para atuar com regimento comum e comandounificado.

41UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

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Art. 15. Anualmente, antes de cada período letivo, as insti-tuições de ensino superior tornarão públicos seus critéri-os de seleção de alunos nos termos do art. 44, inciso II, daLei n.º 9.394, de 1996, e de acordo com as orientações doConselho Nacional de Educação.

§ 1.º Na ocasião do anúncio previsto no caput deste arti-go, as instituições de ensino superior também tornarãopúblicas:

I - a relação nominal dos docentes e sua qualificação, emefetivo exercício;

II - a descrição dos recursos materiais à disposição dosalunos, tais como laboratórios, computadores, acesso àsredes de informação e acervo das bibliotecas;

III - o elenco dos cursos reconhecidos e dos cursos emprocesso de reconhecimento;

IV - os resultados das avaliações do Exame Nacional deCursos e das condições de oferta dos cursos superiores,realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e PesquisasEducacionais - INEP; e

V - o valor dos encargos financeiros a serem assumidospelos alunos e as normas de reajuste aplicáveis ao períodoletivo a que se refere o processo seletivo.

§ 2.º O não-cumprimento do disposto no parágrafo anteri-or, bem assim a publicação de informação inverídica, cons-tituem deficiências para os fins do § 1.º do art. 46 da Lein.º 9.394, de 1996.

Esta matéria estava disciplinada no art. 18 do Decreton.º 2.306. As alterações são de conteúdo e de forma, estapara atender às normas de redação parlamentar, ao substi-tuir alíneas por incisos, no § 1.º.

A alínea “a” exigia, apenas, a qualificação do corpo docen-te. O inciso I, que a substituiu, pede a relação nominal dosdocentes e sua qualificação.

O inciso II mantém a mesma redação da alínea “b”, com omesmo “pecado”, ao exemplificar: “..tais como laboratórios,computadores...”. Só faltou o “etc.”...

A alínea “c” foi desmembrada em dois incisos, para de-clarar o INEP como órgão responsável pelas avaliaçõesdo MEC (Exame Nacional de Cursos – ENC e avaliaçãodas condições de oferta de cursos superiores).

O § 2.º traz alteração substancial em relação ao mesmo pará-grafo do art. 18. Enquanto este previa somente inquéritoadministrativo para o não-cumprimento do disposto no arti-go e suas alíneas, o § 2.º do Decreto n.º 3.860 amplia o lequede punições, ao referir-se ao § 1.º do art. 48 da Lei n.º 9.394,de 1996, e incluir a “publicação de informação inverídica”,no catálogo anual, como um delito a ser punido.

O citado § 1.º diz que, “após um prazo para saneamento dedeficiências eventualmente identificadas pela avaliação aque se refere este artigo (art. 48), haverá reavaliação, quepoderá resultar, conforme o caso, em desativação de cur-sos e habilitações, em intervenção na instituição, em sus-pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou emdescredenciamento”.

O citado § 1.º diz que, “após um prazo para saneamento dedeficiências eventualmente identificadas pela avaliação a

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plo: uma Faculdade de Ciências Humanas, já credenciada,pode abrigar um Instituto Superior de Educação, mediantealteração regimental, aprovada pelo MEC, sem necessida-de de credenciamento específico para o Instituto.

42 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

que se refere este artigo (art. 48), haverá reavaliação, quepoderá resultar, conforme o caso, em desativação de cur-sos e habilitações, em intervenção na instituição, em sus-pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou emdescredenciamento”.

Art. 18 Anualmente, antes de cada período letivo, asinstituições de ensino superior tornarão públicos seuscritérios de seleção de alunos nos termos do art. 44,inciso II, da Lei n.º 9.394, de 1996, e de acordo comorientações do Conselho Nacional de Educação.

§ 1.º Na ocasião do anúncio previsto no caput desteartigo, as instituições de ensino superior também tor-narão públicos:

a) a qualificação do seu corpo docente em efetivoexercício nos cursos de graduação;

b) a descrição dos recursos materiais à disposição dosalunos, tais como laboratórios, computadores, acessoàs redes de informação e acervo das bibliotecas;

c) o elenco dos cursos reconhecidos e dos cursos emprocesso de reconhecimento, assim como dos resulta-dos das avaliações realizadas pelo Ministério da Educa-ção e do Desporto;

d) o valor dos encargos financeiros a serem assumidospelos alunos e as normas de reajuste aplicáveis ao pe-ríodo letivo a que se refere o processo seletivo.

§ 2.º O não cumprimento do disposto no parágrafoanterior acarretará inquérito administrativo nos ter-mos do art. 13 deste Decreto.

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43UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

CAPÍTULO IV

DA AVALIAÇÃO

Art. 16. Para fins de cumprimento dos artigos 9.º e 46 daLei n.º 9.394, de 1996, o Ministério da Educação coorde-nará a avaliação de cursos, programas e instituições deensino superior.

§ 1.º Para assegurar processo nacional de avaliação decursos e instituições de ensino superior, o Ministério daEducação manterá cooperação com os sistemas estaduaisde educação.

§ 2.º Para assegurar o disposto no § 3º do art. 80 da Lein.º 9.394, de 1996, o Ministério da Educação coordenará acooperação e integração prevista com os sistemas de ensi-no estaduais.

Para dar cumprimento ao disposto nos artigos 9.º e 46 daLei n.º 9.394, o art. 16 entrega ao Ministério da Educação acoordenação da avaliação de cursos, programas de insti-tuições de ensino superior, de todos os sistemas de ensi-no. Eis, na íntegra, os dispositivos citados:

Art. 9.º A União incumbir-se-á de:

I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo-ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municí-pios;

II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-tuições oficiais do sistema federal de ensino e o dosTerritórios;

III - prestar assistência técnica e financeira aos Esta-dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desen-volvimento de seus sistemas de ensino e o atendimen-to prioritário à escolaridade obrigatória, exercendosua função redistributiva e supletiva;

IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, oDistrito Federal e os Municípios, competências e dire-trizes para a educação infantil, o ensino fundamental eo ensino médio, que nortearão os currículos e seusconteúdos mínimos, de modo a assegurar formaçãobásica comum;

V - coletar, analisar e disseminar informações sobre aeducação;

VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendi-mento escolar no ensino fundamental, médio e superi-or, em colaboração com os sistemas de ensino,objetivando a definição de prioridades e a melhoria daqualidade do ensino;

VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação epós-graduação;

VIII - assegurar processo nacional de avaliação dasinstituições de educação superior, com a cooperaçãodos sistemas que tiverem responsabilidade sobre estenível de ensino;

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44 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar eavaliar, respectivamente, os cursos das instituições deeducação superior e os estabelecimentos do seu siste-ma de ensino.

§ 1.º Na estrutura educacional, haverá um ConselhoNacional de Educação, com funções normativas e desupervisão de atividade permanente, criado por lei.

§ 2.º Para o cumprimento do disposto nos incisos V aIX, a União terá acesso a todos os dados e informaçõesnecessários de todos os estabelecimentos e órgãos edu-cacionais.

§ 3.º As atribuições constantes do inciso IX poderãoser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desdeque mantenham instituições de educação superior.................................................................................

Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,bem como o credenciamento de instituições de educa-ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados,periodicamente, após processo regular de avaliação.

§ 1.º Após um prazo para saneamento de deficiênciaseventualmente identificadas pela avaliação a que serefere este artigo, haverá reavaliação, que poderá re-sultar, conforme o caso, em desativação de cursos ehabilitações, em intervenção na instituição, em sus-pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ouem descredenciamento.

§ 2.º No caso de instituição pública, o Poder Executivoresponsável por sua manutenção acompanhará o pro-cesso de saneamento e fornecerá recursos adicionais,se necessários, para a superação das deficiências.

Já o § 3.º do art. 80 trata da educação a distância, nestestermos:

§ 3.º As normas para produção, controle e avaliação deprogramas de educação a distância e a autorização parasua implementação, caberão aos respectivos sistemasde ensino, podendo haver cooperação e integraçãoentre os diferentes sistemas.

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45UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 17. A avaliação de cursos e instituições de ensinosuperior será organizada e executada pelo INEP, compre-endendo as seguintes ações:

I - avaliação dos principais indicadores de desempenhoglobal do sistema nacional de educação superior, por re-gião e Unidade da Federação, segundo as áreas do conhe-cimento e a classificação das instituições de ensino supe-rior, definidos no Sistema de Avaliação e Informação Edu-cacional do INEP;

II - avaliação institucional do desempenho individual dasinstituições de ensino superior, considerando, pelo me-nos, os seguintes itens:

a) grau de autonomia assegurado pela entidademantenedora;

b) plano de desenvolvimento institucional;

c) independência acadêmica dos órgãos colegiados dainstituição;

d) capacidade de acesso a redes de comunicação e siste-mas de informação;

e) estrutura curricular adotada e sua adequação com asdiretrizes curriculares nacionais de cursos de graduação;

f) critérios e procedimentos adotados na avaliação do ren-dimento escolar;

g) programas e ações de integração social;

h) produção científica, tecnológica e cultural;

i) condições de trabalho e qualificação docente;

j) auto-avaliação realizada pela instituição e as providênci-as adotadas para saneamento de deficiênciasidentificadas; e

l) resultados de avaliações coordenadas pelo Ministérioda Educação; e

Os artigos 17 e 18 dispõem sobre a avaliação de cursos eInstituição de Ensino Superior (IES), matéria antes disci-plinada no Decreto n.º 2.026, ora revogado.

O art. 17 define o INEP como o órgão do MEC encarregadode organizar e executar a avaliação de cursos e de IES. Aavaliação dos cursos de graduação, pelo art. 5.º do Decre-to n.º 2.026, era “conduzida pelas comissões de especialis-tas, designadas pela SESu”.

A avaliação institucional do desempenho individual dasIES, pela Portaria MEC n.º 302, de 1998, era da responsabi-lidade da SESu, “no âmbito do Programa de AvaliaçãoInstitucional das Universidades Brasileiras (PAIUB)”,cujo Comitê Assessor deveria ser “integrado por especia-listas com notória experiência em procedimentos de avalia-ção institucional...”.

O “grau de autonomia assegurado pela entidademantenedora” (alínea “a”, inciso II) passa a ser avaliado,em contraposição à avaliação das “relações entre a entida-de mantenedora e a instituição de ensino”, prevista noinciso I do art. 4.º do Decreto n.º 2.026.

A avaliação do “plano de desenvolvimento institucional”,é outra novidade, não prevista no Decreto n.º 2.026.

A avaliação das condições de oferta, prevista no revoga-do Decreto n.º 2.026, em seu art. 6.º, é mais detalhada, no§ 1.º do novo decreto. Antes deveria ser avaliada apenas a“qualificação do corpo docente”. Agora, a avaliação docorpo docente, considerará, “principalmente a titulação, aexperiência profissional, a estrutura da carreira, a jornadade trabalho e as condições de trabalho”.

O art. 18 repete, na essência, o art. 8.º do Decreto n.º 2.026,mantendo na CAPES o processo de avaliação dos cursose/ou programas de mestrado e doutorado, “de acordo comcritérios e metodologias próprios”.

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46 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

III - avaliação dos cursos superiores, mediante a análisedos resultados do Exame Nacional de Cursos e das condi-ções de oferta de cursos superiores.

§ 1.º A análise das condições de oferta de cursos superio-res referida no inciso III será efetuada nos locais de seufuncionamento, por comissões de especialistas devida-mente designadas, e considerará:

I - organização didático-pedagógica;

II - corpo docente, considerando principalmente atitulação, a experiência profissional, a estrutura da carreira,a jornada de trabalho e as condições de trabalho;

III- adequação das instalações físicas gerais e específicas,tais como laboratórios e outros ambientes e equipamentosintegrados ao desenvolvimento do curso; e

IV - bibliotecas, com atenção especial para o acervo espe-cializado, inclusive o eletrônico, para as condições deacesso às redes de comunicação e para os sistemas deinformação, regime de funcionamento e modernização dosmeios de atendimento.

§ 2.º As avaliações realizadas pelo INEP subsidiarão osprocessos de recredenciamento de instituições de ensinosuperior e de reconhecimento e renovação de reconheci-mento de cursos superiores.

Art. 18. A avaliação de programas de mestrado e doutora-do, por área de conhecimento, será realizada pela CAPES,de acordo com critérios e metodologias próprios.

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O PAIUB, percebe-se, foi abandonado. O “grau de autonomiaassegurado pela entidade mantenedora” (alínea “a”, inciso II)passa a ser avaliado, em contraposição à avaliação das“relações entre a entidade mantenedora e a instituição deensino”, prevista no inciso I do art. 4.º do Decreto n.º 2.026.

A revogação do Decreto n.º 2.026 retira das comissões deespecialistas a competência para estabelecer indicadores epadrões de qualidade, prevista no art. 5.º. Retira ainda acompetência das referidas comissões para conduzir aavaliação dos cursos de graduação (parágrafo único doart. 5.º).

Art. 5.º A avaliação dos cursos de graduação far-se-ápela análise de indicadores estabelecidos pelas comis-sões de especialistas de ensino e levará em considera-ção os resultados dos exames nacionais de cursos e osindicadores mencionados no art. 3.º adequadamenteadaptados para o caso.

Parágrafo único. A avaliação dos cursos de graduaçãoconduzida pelas comissões de especialistas, designa-das pela SESu, será precedida de análise abrangenteda situação da respectiva área de atuação acadêmicaou profissional, quanto ao domínio do estado da artena área, levando em consideração o contexto interna-cional, e o comportamento do mercado de trabalhonacional.

47UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

CAPÍTULO V

DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Art. 19. A autorização para o funcionamento e o reconheci-mento de cursos superiores, bem assim o credenciamentoe o recredenciamento de instituições de ensino superiororganizadas sob quaisquer das formas previstas nesteDecreto, terão prazos limitados, sendo renovados, periodi-camente, após processo regular de avaliação.

O art. 19 pretende regulamentar a autorização e o funciona-mento de cursos superiores para todos os sistemas de ensi-no, ao eliminar a expressão “do Sistema Federal de Ensino”,contida no art. 14 do Decreto n.º 2.306, que tratava da mes-ma matéria. A autorização e o reconhecimento dos cursossuperiores continuam a ter “prazos limitados, sendo renova-dos, periodicamente, após processo regular de avaliação”.

Art. 14 A autorização e o reconhecimento de cursos erespectivas habilitações e o credenciamento das insti-tuições de ensino superior do Sistema Federal de Ensi-no, organizadas sob quaisquer das formas previstasneste Decreto, serão concedidos por tempo limitado,e renovados periodicamente após processo regular deavaliação.

§ 1.º Identificadas eventuais deficiências ou irregula-ridades, quando da avaliação periódica dos cursos e dasinstituições de educação superior do Sistema Federalde Ensino, ou decorrentes de processo administrativodisciplinar concluído e esgotado o prazo para sanea-mento, haverá reavaliação que poderá resultar em sus-pensão temporária de atribuições de autonomia, emdesativação de cursos e habilitações, emdescredenciamento ou em intervenção na instituição,na forma do § 1.º do art. 46 da Lei n.º 9.394, de 1996.

§ 2.º Os procedimentos e as condições para a avaliaçãoe reavaliação, para o credenciamento, descreden-ciamento e recredenciamento das instituições de ensinosuperior do Sistema Federal de Ensino, serão estabeleci-dos em ato do Ministro de Estado da Educação edo Desporto, atendidas as disposições do Decreton.º 2.026, de 10 de outubro de 1996.

§ 3.º Do ato de credenciamento ou recredenciamentodas instituições de ensino superior do Sistema Federal deEnsino, constará o respectivo prazo de validade, a loca-lização da sede e, se for o caso, dos campi fora da sede.

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Continuação....

48 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 20. Os pedidos de credenciamento e derecredenciamento de instituições de ensino superior e deautorização, reconhecimento e renovação de reconhecimen-to de cursos superiores serão formalizados pelas respecti-vas entidades mantenedoras, atendendo aos seguintes re-quisitos de habilitação:

I - cópia dos atos, registrados no órgão oficial competente,que atestem sua existência e capacidade jurídica de atua-ção, na forma da legislação pertinente;

II - prova de inscrição no Cadastro Nacional de PessoaJurídica (CNPJ);

III - prova de regularidade perante a Fazenda Federal, Esta-dual e Municipal;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e aoFundo de Garantia do Tempo de Serviço;

V - demonstração de patrimônio para manter instituição ouinstituições de educação;

VI - identificação dos integrantes do corpo dirigente, desta-cando a experiência acadêmica e administrativa de cada um;

VII - prova de inscrição no cadastro de contribuintes esta-dual e municipal, se for o caso; e

VIII - estatuto da universidade ou centro universitário, ouregimento da instituição de ensino sem prerrogativas deautonomia.

Parágrafo único. O Ministério da Educação definirá, em atopróprio, os requisitos de habilitação aplicáveis às institui-ções federais de ensino superior nos processos de quetrata o caput.

Esta matéria estava contida nas portarias ministeriais quedisciplinavam o credenciamento de IES e a autorização e oreconhecimento de cursos superiores (Portarias 637, 639,640, 641, 877, de 1997), exceto o parágrafo único, exclusivopara as Instituições Federais de Ensino Superior – IFES,mantidas pela União.

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49UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 21. As universidades, na forma disposta neste Decre-to, somente serão criadas por novo credenciamento deinstituições de ensino superior já credenciadas e em funci-onamento regular, e que apresentem bom desempenho nasavaliações realizadas pelo INEP, ou, no caso de institui-ções federais, por lei específica.

Parágrafo único. O credenciamento e o recredenciamentodas universidades, bem assim a aprovação dos respecti-vos estatutos e suas alterações, serão efetivados median-te ato do Poder Executivo, após deliberação da Câmara deEducação Superior do Conselho Nacional de Educação,homologada pelo Ministro de Estado da Educação.

Art. 22. O processo de recredenciamento de universidadesautorizadas ou credenciadas antes da vigência da Lein.º 9.394, de 1996, deverá ocorrer sem prejuízo do estabele-cido no § 2.º do art. 88 da mesma Lei.

O art. 21 repete, inexplicavelmente, o § 3.º do art. 8.º domesmo Decreto n.º 3.860, que diz: “As universidades somenteserão criadas por credenciamento de instituições de ensinosuperior já credenciadas e em funcionamento regular, comqualidade comprovada em avaliações coordenadas pelo Mi-nistério da Educação”, exceto quanto à expressão final “ou,no caso de instituições federais, por lei específica”.

Mantém o poder de deliberação sobre credenciamento erecredenciamento de universidades na área de competên-cia da Câmara de Educação Superior do CNE, em obediên-cia ao disposto na alínea “e” do § 2.º do art. 9.º da Lein.º 4.024, de 1961, com a nova redação dada pela MPn.º 2.143-34, de 28 de junho de 2001.

O § 2.º do art. 88 concede o prazo de oito anos para que asuniversidades cumpram o disposto nos incisos II e III doart. 52, ou seja:

II - um terço do corpo docente, pelo menos, comtitulação acadêmica de mestrado ou doutorado;

III – um terço do corpo docente em regime de tempointegral.

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50 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 23. Os centros universitários, na forma disposta nesteDecreto, somente serão criados por credenciamento deinstituições de ensino superior já credenciadas e em funci-onamento regular, e que apresentem, na maioria de seuscursos de graduação, bom desempenho na avaliação doExame Nacional de Cursos e nas demais avaliações realiza-das pelo INEP.

Parágrafo único. O credenciamento e recredenciamentodos centros universitários, bem assim a aprovação dosrespectivos estatutos e suas alterações, serão efetivadosmediante ato do Poder Executivo, após deliberação da Câ-mara de Educação Superior do Conselho Nacional de Edu-cação, homologada pelo Ministro de Estado da Educação.

Art. 24. O credenciamento das faculdades integradas, fa-culdades, institutos superiores e escolas superiores dar-se-á mediante ato do Poder Executivo.

Art. 25. O credenciamento e o recredenciamento de insti-tuições de ensino superior, cumpridas todas as exigênciaslegais, ficam condicionados a formalização de termo decompromisso entre a entidade mantenedora e o Ministérioda Educação.

Parágrafo único. Integrarão o termo de compromisso deque trata o caput, os seguintes documentos:

I - plano de implantação e desenvolvimento de seus cur-sos superiores, de forma a assegurar o atendimento aoscritérios e padrões de qualidade para o corpo docente,infra-estrutura geral e específica e organização didático-pedagógica, bem como a descrição dos projetos pedagó-gicos a serem implantados até sua plena integralização,considerando as diretrizes nacionais de currículo aprova-das pelo Conselho Nacional de Educação e homologadaspelo Ministro de Estado da Educação;

O art. 23 contém matéria já disciplinada no § 5.º do art. 11,do mesmo decreto, que diz: “Os centros universitários so-mente serão criados por credenciamento de instituições deensino superior já credenciadas e em funcionamento regu-lar, com qualidade comprovada em avaliações coordena-das pelo Ministério da Educação”.

Mantém-se o poder de deliberação da Câmara de Educa-ção Superior do CNE sobre o credenciamento erecredenciamento de centros universitários, obediente aodisposto na alínea “e” do § 2.º do art. 9.º da Lei n.º 4.024,de 1961, com a nova redação dada pela MP n.º 2.143-34, de28 de junho de 2001.

Afasta a competência do CNE do processo decredenciamento das IES não-universitárias, exceto, “emcaráter excepcional”, previsto na alínea “j”, acrescentadaao art. 9º da Lei n.º 4.024, de 1961, com a nova redação dadapela MP n.º 2.143-34, de 28 de junho de 2001.

Esta exigência não é contemplada em nenhum dispositivodo Decreto n.º 2.306. Trata-se de dispositivo que limita aliberdade acadêmica e administrativa das universidades ecentros universitários.

Dá-se relevo ao plano de desenvolvimento institucional,que passa a ser um documento obrigatório para todas asIES, sem exceção.

É um dispositivo polêmico, que poderá conduzir IES e alu-nos a processos judiciais penosos e onerosos, em todosos sentidos.

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51UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

II - critérios e procedimentos editados pelo Ministério daEducação, reguladores da organização, supervisão e avali-ação do ensino superior;

III - descrição e cronograma do processo de expansão dainstituição a ser credenciada, em relação ao aumento devagas, abertura de cursos superiores, ampliação das insta-lações físicas e, quando for o caso, abertura de cursos forade sede;

IV - valor dos encargos financeiros assumidos pelos alu-nos e as normas de reajuste aplicáveis durante o desenvol-vimento dos cursos;

V - projeto de qualificação da instituição, contendo, pelomenos, a descrição dos procedimentos de auto-avaliaçãoinstitucional, bem como os de atendimento aos alunos,incluindo orientação administrativa, pedagógica e profis-sional, acesso aos laboratórios e bibliotecas e formas departicipação dos professores e alunos nos órgãoscolegiados responsáveis pela condução dos assuntosacadêmicos; e

VI - minuta de contrato de prestação de serviços educaci-onais a ser firmado entre a instituição e seus alunos, visan-do garantir o atendimento dos padrões de qualidade defi-nidos pelo Ministério da Educação e a regularidade daoferta de ensino superior de qualidade.

Art. 26. A autorização prévia para o funcionamento de cur-sos superiores em instituições de ensino superior mencio-nadas no inciso III do art. 7.º deste Decreto será formaliza-da mediante ato do Poder Executivo.

§ 1.º O ato de que trata o caput fixará o número de vagas, omunicípio e o endereço das instalações para o funciona-mento dos cursos autorizados.

§ 2.º O disposto no caput e no § 1.º deste artigo aplica-se,igualmente, aos cursos referidos no art. 10.

A fixação de vagas e o endereço das instalações da IEScredenciada e do curso autorizado não eram incluídos noato do Poder Executivo, até a presente data. Especificava-se a denominação da IES, da mantenedora e do município-sede. A fixação do endereço, no ato autorizatório do PoderExecutivo, levará as IES a solicitarem, ao MEC, autorizaçãopara qualquer mudança. Os cursos serão autorizados ereconhecidos com endereço.

Os cursos referidos no art. 10 são os “fora de sede” dasuniversidades.

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52 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 27. A criação de cursos de graduação em medicina, emodontologia e em psicologia, por universidades e demaisinstituições de ensino superior, deverá ser submetida àmanifestação do Conselho Nacional de Saúde.

§ 1.º O Conselho Nacional de Saúde deverá manifestar-seno prazo máximo de cento e vinte dias, contados da datado recebimento do processo remetido pela Secretaria deEducação Superior do Ministério da Educação.

§ 2.º A criação dos cursos de que trata o caput dependeráde deliberação da Câmara de Educação Superior do Conse-lho Nacional de Educação, homologada pelo Ministro deEstado da Educação.

Este dispositivo, que já integrava, com ligeiras alterações,o Decreto n.º 2.306, tem origem, segundo justificativas deseus redatores, no art. 200, inciso III, da Constituição, quediz que “ao sistema único de saúde compete ... ordenar aformação de recursos humanos na área da saúde”. Segun-do o art. 198 da mesma Constituição, “as ações e serviçospúblicos de saúde integram uma rede regionalizada ehierarquizada e constituem um sistema único...” O Conse-lho Nacional de Saúde (CNS) não é referido na Constitui-ção. Ordenar (pôr em ordem; arranjar, dispor; determinar,mandar) não pode ser confundido com “manifestação” doCNS para autorização de alguns cursos da área da Saúde.

O CNS poderia ser competente, no máximo, para sugerir aoMEC padrões mínimos de qualidade para os cursos desti-nados à “formação de recursos humanos na área da saú-de”, em qualquer nível (médio e superior), ou sugerir operfil profissional desejado.

Na prática, o art. 27 cassa a autonomia das universidades,concedida pelo art. 207 da Constituição, para a criação decursos de Medicina, Odontologia e Psicologia.

Contrariamente ao art. 16 do Decreto n.º 2.306, o art. 27 dáo mesmo tratamento a todas as IES.

A alteração fundamental é que o art. 16 do Decreton.º 2.306 somente previa a manifestação da Câmara de Edu-cação Superior quando a avaliação do Conselho Nacionalde Saúde fosse desfavorável, para as universidades e cen-tros universitários. Pelo art. 26 do novo decreto, a criaçãode cursos de medicina, odontologia e de psicologia, mes-mo em universidades e centros universitários, dependeráde deliberação da CES/CNE, a ser homologada pelo minis-tro da Educação.

O art. 16 estabelecia “prévia avaliação” do CNS. O art. 27diz que a criação desses cursos deverá ser submetida à“manifestação” do CNS.

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53UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 16 Em qualquer caso, a criação de cursos de gradu-ação em Medicina, em Odontologia e em Psicologia,por universidades e demais instituições de ensino supe-rior, deverá ser submetida a prévia avaliação do Con-selho Nacional de Saúde.

§ 1.º Os pedidos de criação e implantação dos cursos aque se refere o caput deste artigo, por instituições deensino superior credenciadas como universidade ou poraquelas que detenham a atribuição de autonomia previs-ta no § 1.º do art. 12 deste Decreto, serão submetidosdiretamente ao Conselho Nacional de Saúde, que deverámanifestar-se no prazo máximo de 120 dias.

§ 2.º As instituições de ensino superior nãocredenciadas como universidade ou que ainda nãodetenham as atribuições de autonomia universitáriaestendidas pelo Poder Público nos termos do § 2.º doart. 54 da Lei n.º 9.394, de 1996, e do § 1.º do art. 12deste Decreto, deverão submeter os pedidos de criaçãodos cursos, a que se refere o caput deste artigo, aoMinistério da Educação e do Desporto, que os encami-nhará ao Conselho Nacional de Saúde para análise pré-via, observado o prazo máximo de 120 dias para mani-festação.

§ 3.º Sempre que houver manifestação desfavorável doConselho Nacional de Saúde, ou inobservância do pra-zo estabelecido no § 1.º deste artigo, os processos decriação e implantação dos cursos de que trata este arti-go, apresentados por instituições credenciadas comouniversidade ou por aquelas que detenham as atribui-ções de autonomia previstas no § 1.º do art. 12 desteDecreto, deverão ser encaminhados ao ConselhoNacional de Educação, ouvida a Secretaria de Educa-ção Superior do Ministério da Educação e do Despor-to, que emitirá parecer conclusivo.

§ 4.º Será dispensada a análise do Conselho Nacional deEducação no caso de manifestação favorável do Con-selho Nacional de Saúde nos pedidos formulados por

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54 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

instituições credenciadas como universidade ou poraquelas que detenham as atribuições de autonomia pre-vistas no § 1.º do art. 12 deste Decreto.

§ 5.º O parecer do Conselho Nacional de Educação deque trata o § 3.º deste artigo depende de homologaçãopelo Ministro de Estado da Educação e do Desporto,para que surta seus efeitos legais.

§ 6.º A homologação do parecer do Conselho Nacionalde Educação pelo Ministro de Estado da Educação e doDesporto, de que trata o parágrafo anterior, favorávelà criação e implantação dos cursos relacionados nocaput deste artigo, dispensa a edição de decretoautorizativo, quando se tratar de pedidos formuladospor instituições credenciadas como universidade oupor aquelas que detenham as atribuições de autonomiaconcedidas pelo Poder Público nos termos do art. 54da Lei n.º 9.394, de 1996, e do § 1.º do art. 12 desteDecreto, ficando, porém, os cursos criados sujeitos areconhecimento a posteriori nos termos da legislaçãopertinente.

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55UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 28. A criação e o reconhecimento de cursos jurídicosem instituições de ensino superior, inclusive em universi-dades e centros universitários, deverão ser submetidos àmanifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advoga-dos do Brasil.

§ 1.º O Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil deverá manifestar-se no prazo máximo de cento evinte dias, contados da data do recebimento do processo,remetido pela Secretaria de Educação Superior do Ministé-rio da Educação.

§ 2.º A criação dos cursos de que trata o caput dependeráde deliberação da Câmara de Educação Superior do Conse-lho Nacional de Educação, homologada pelo Ministro deEstado da Educação.

A audiência à OAB, para “criação, reconhecimento oucredenciamento” dos cursos jurídicos é uma exigência doinciso XV, art. 54, da Lei n.º 8.906, de 4 de julho de 1994, quedispõe sobre o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

A prévia “manifestação” da OAB é o termo usado tanto noart. 28 do Decreto n.º 3.860 quanto no art. 17 do Decreton.º 2.306.

Da mesma forma que para os cursos de Medicina, Odonto-logia e Psicologia, também a autorização final dos cursosde Direito depende de deliberação da CES/CNE, a ser ho-mologada pelo ministro da Educação.

Art. 17 A criação e o reconhecimento de cursos jurídi-cos em instituições de ensino superior, inclusive uni-versidades, dependerá de prévia manifestação do Con-selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 1.º As instituições credenciadas como universidade eaquelas que detenham as atribuições de autonomia pre-vistas no § 1.º do art. 12 deste Decreto submeterãodiretamente ao Conselho Federal da Ordem dos Advo-gados do Brasil os pedidos de criação e reconhecimen-to de cursos jurídicos.

§ 2.º No caso das demais instituições de ensino superi-or, os pedidos de criação e reconhecimento de cursos,a que se refere este artigo, deverão ser submetidos aoMinistério da Educação e do Desporto, que os encami-nhará ao Conselho Federal da Ordem dos Advogadosdo Brasil.

§ 3.º O Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil, após o recebimento dos pedidos de criação ereconhecimento de cursos jurídicos de instituições deensino superior, manifestar-se-á, no prazo máximo de120 dias, sobre a viabilidade ou não do pleito.

§ 4.º Será dispensada a análise do Conselho Nacional deEducação no caso de manifestação favorável do Con-

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56 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil nospedidos de criação de cursos jurídicos formalizados porinstituições credenciadas como universidade ou poraquelas que detenham as atribuições de autonomia pre-vistas no § 1.º do art. 12 deste Decreto.

§ 5.º Sempre que houver manifestação desfavorável doConselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,ou inobservância do prazo estabelecido no § 3.º desteartigo, os pedidos de criação e implantação de cursosjurídicos apresentados por instituições credenciadascomo universidade ou por aquelas que detenham asatribuições de autonomia previstas no § 1.º do art. 12deste Decreto deverão ser submetidos ao ConselhoNacional de Educação, ouvida a Secretaria de Educa-ção Superior do Ministério da Educação e do Despor-to, que deverá emitir parecer conclusivo.

§ 6.º O parecer do Conselho Nacional de Educação a quese refere o parágrafo anterior depende da homologaçãodo Ministro de Estado da Educação e do Desporto, parasua plena eficácia.

§ 7.º A homologação do parecer do Conselho Nacionalde Educação, de que trata o § 5.º deste artigo, peloMinistro de Estado da Educação e do Desporto, favo-rável à criação de cursos jurídicos, dispensa a edição dedecreto presidencial autorizativo, quando se tratar depedido formulado por instituições credenciadas comouniversidade ou por aquelas que detenham as atribui-ções de autonomia previstas no § 1.º do art. 12 desteDecreto, ficando, porém, os cursos sujeitos a reconhe-cimento a posteriori nos termos da legislação própria.

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57UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

O art. 29 revoga o entendimento do extinto Conselho Fede-ral de Educação e do atual CNE, segundo o qual a univer-sidade exerce a sua autonomia em todos os seus campus,mesmo os fora de sede.

O art. 30 incorpora o disposto nos §§ 1.º e 2.º do art. 15 doDecreto n.º 2.306.

Art. 15 Os procedimentos e as condições de avaliaçãopara autorização e reconhecimento de cursos de gradu-ação e suas respectivas habilitações, ministrados porinstituições integrantes do Sistema Federal de Ensino,serão estabelecidos em ato do Ministro de Estado daEducação e do Desporto.

§ 1.º Os cursos autorizados na forma do caput desteartigo deverão iniciar suas atividades acadêmicas noprazo máximo de até doze meses, a partir de sua auto-rização, findo o qual será automaticamente revogadoo ato de autorização, ficando vedada, neste período, atransferência do curso autorizado para outra institui-ção ou entidade mantenedora.

§ 2.º Ficarão automaticamente revogados os atos deautorização de novos cursos, concedidos até a data dapublicação deste Decreto, que não forem instaladosdentro do prazo de até doze meses, contados a partirda mesma data, ficando vedada, neste período, a trans-ferência do curso autorizado para outra instituição ouentidade mantenedora.

Art. 29. Os atos de autorização prévia de funcionamentode cursos de medicina, psicologia, odontologia e direitoofertados por universidade, em sua sede, não se estendema cursos oferecidos fora de sua sede.

Art. 30. Os cursos superiores autorizados deverão iniciarsuas atividades acadêmicas no prazo máximo de até dozemeses, contados da data de publicação do ato legal de suaautorização, findo o qual este será automaticamente revo-gado.

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58 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

O parágrafo único é uma exceção à regra, prevendo delibe-ração da CES/CNE nos casos de reconhecimento e renova-ção de reconhecimentos dos cursos de Direito, Medicina,Odontologia e Psicologia, como decorrência da alínea “j”do § 2.º do art. 9.º da Lei n.º 4.024, com a nova redação dadapela MP n.º 2.143-34. Pelo Decreto n.º 2.306 a CES/CNEdeliberava sobre o reconhecimento e renovação de reco-nhecimento de todos os cursos superiores.

Este dispositivo revoga entendimento anterior, segundo oqual o curso era reconhecido na sede da universidade e seestendia aos cursos idênticos, fora de sede, havendo, na-turalmente, avaliação do curso oferecido na sede e foradela. Se uma universidade oferece, por exemplo, um cursode Administração em sua sede e em outros campus, cadaum deles deverá ser submetido ao processo de reconheci-mento e de renovação de reconhecimento, a ser formaliza-do por ato do Poder Executivo.

A autorização de cursos fora de sede, em universidades,também será objeto de deliberação da CES/CNE, sujeita àhomologação ministerial.

O Decreto n.º 2.306 não disciplinava essa matéria.

Art. 31. O reconhecimento e a renovação de reconheci-mento de cursos superiores serão formalizados medianteato do Poder Executivo.

Parágrafo único. O reconhecimento e a renovação de reco-nhecimento de cursos de direito, medicina, odontologia epsicologia dependem de deliberação da Câmara de Educa-ção Superior do Conselho Nacional de Educação, homolo-gada pelo Ministro de Estado da Educação.

Art. 32. O reconhecimento e a renovação de reconhecimen-to de cursos superiores ofertados por universidades, emsua sede, nos termos do artigo anterior, serão formalizadosmediante atos do Poder Executivo, que fixarão o município eos endereços de funcionamento de suas instalações.

Parágrafo único. Os atos referidos no caput não se esten-derão a cursos oferecidos fora da sede da universidade.

Art. 33. A autorização prévia de funcionamento de cur-sos fora de sede, ofertados por universidades, em con-formidade com o disposto no art. 10 deste Decreto, seráformalizada mediante ato do Poder Executivo, após deli-beração da Câmara de Educação Superior do ConselhoNacional de Educação, homologado pelo Ministro deEstado da Educação, que fixará o município e o endereçode seu funcionamento.

Os critérios e procedimentos para credenciamentoinstitucional e para autorização e reconhecimento de cur-sos superiores foram estabelecidos mediante portarias mi-nisteriais, sem manifestação da CES/CNE (Portarias 637,639, 640, 641 e 877, de 1997). O art. 34 devolve essa prerro-gativa à Câmara de Educação Superior, ampliando a com-petência da referida Câmara, limitada, pela MP n.º 2.143-34,neste aspecto, a normas sobre credenciamento,

Art. 34. O Ministério da Educação, após a aprovação pelaCâmara de Educação Superior do Conselho Nacional deEducação, estabelecerá os critérios e procedimentos para:

I - o credenciamento e recredenciamento de instituições deensino superior referidas no inciso III do art. 7.º;

II - a autorização prévia de funcionamento de cursos supe-riores em instituições não-universitárias;

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59UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

III - o reconhecimento de cursos superiores, ressalvadosos que dependem de deliberação individual da Câmara re-ferida no caput; e

IV - a elaboração de regimentos por parte de instituiçõesde ensino superior não-universitária.

§ 1.º Os critérios e procedimentos referidos no caput deve-rão levar em consideração, obrigatoriamente, os resulta-dos da avaliação do Exame Nacional de Cursos e das de-mais avaliações realizadas pelo INEP.

§ 2.º Compete ao Departamento de Políticas do Ensino Su-perior, da Secretaria de Educação Superior do Ministérioda Educação, considerando os resultados das avaliaçõesrealizadas pelo INEP:

I - a preparação dos atos necessários à execução dos pro-cedimentos estabelecidos na forma do caput;

II - a instrução dos processos de deliberação obrigatóriapela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacionalde Educação; e

III - a expedição de notificação ao interessado na hipótesede indeferimento do pleito.

§ 3.º Recebida a notificação de que trata o inciso III do § 2.º,o interessado poderá apresentar recurso ao Secretário deEducação Superior do Ministério da Educação, observadoo prazo de trinta dias contados da expedição da notificação.

§ 4.º Na apreciação do recurso de que trata o parágrafoanterior, o Secretário de Educação Superior do Ministérioda Educação poderá solicitar a manifestação da Câmara deEducação Superior do Conselho Nacional de Educaçãosobre a matéria.

recredenciamento e descredenciamento de universidadese centros universitários.

A área executiva do MEC – a Secretaria de Educação Supe-rior e seus órgãos, como o Departamento de Políticas doEnsino Superior – passa a ter sua competência, nocredenciamento e recredenciamento institucional e na auto-rização e reconhecimento de cursos, claramente definida.

Os recursos sobre decisão da SESu estão previstos e de-vem ser apresentados no prazo de trinta dias da notifica-ção recebida. A manifestação do CNE poderá ser solicita-da pela SESu.

O decurso de prazo, para os processos indeferidos, conti-nua a ser de dois anos, conforme estabelecem as PortariasMEC 640 e 641, de 1997.

§ 5.º No caso de decisão final desfavorável nos proces-sos de credenciamento de instituições de ensino supe-rior e de autorização prévia de funcionamento de cur-sos superiores, inclusive os fora de sede em universida-des, os interessados só poderão apresentar nova solici-tação relativa ao mesmo curso ou instituição após de-corrido o prazo de dois anos, a contar da publicação doato.

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60 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 35. Identificadas deficiências ou irregularidades medi-ante ações de supervisão ou de avaliação e reavaliação decursos ou instituições de ensino superior, nos termos doart. 46 da Lei 9.394, de 1996, ou o descumprimento do dis-posto no termo de compromisso mencionado no art. 25deste Decreto, o Poder Executivo determinará, em ato pró-prio, conforme o caso:

I - a suspensão do reconhecimento de cursos superiores;

II - a desativação de cursos superiores;

III - a suspensão temporária de prerrogativas de autono-mia de universidades e centros universitários;

IV - a intervenção na instituição de ensino superior; e

V - o descredenciamento de instituições de ensino superior.

§ 1.º O baixo desempenho em mais de uma avaliação noExame Nacional de Cursos e nas demais avaliações realiza-das pelo INEP poderá caracterizar as deficiências de quetrata o caput.

§ 2.º O ato de intervenção referido no caput especificarásua amplitude, prazo e condições de execução, e seráacompanhado de designação de dirigente pro tempore.

Art. 36. O Ministério da Educação, ouvida a Câmara deEducação Superior do Conselho Nacional de Educação,estabelecerá os procedimentos para:

I - a suspensão do reconhecimento de cursos superiores;

II - a desativação de cursos superiores;

III - a suspensão temporária de prerrogativas de autono-mia de universidades e centros universitários, observadoo disposto no caput do art. 35;

IV - a intervenção em instituição de ensino superior; e

V - o descredenciamento de instituições de ensino superior

§ 1º Os cursos de graduação que tenham obtido,reiteradamente, desempenho insuficiente na avaliação do

A suspensão de reconhecimento e a desativação de cur-sos superiores, a suspensão de autonomia universitária, aintervenção em IES e o descredenciamento institucionalpassam a ser ato de exclusiva competência do ministro daEducação, sem prévia deliberação ou manifestação doCNE. A este caberá, somente, o estabelecimento denormas para esses processos, na forma do art. 36.

O CNE passa a ter, apenas, participação normativa, nosprocessos de suspensão de reconhecimento edesativação de cursos superiores, suspensão de autono-mia universitária, intervenção em IES e descredenciamentoinstitucional.

O INEP passa a ser peça importante nesse processo, porser o órgão responsável pelas avaliações do ENC e dascondições de oferta de cursos superiores.

O § 4.º prevê a suspensão da autonomia universitária,quando cursos ministrados por universidades ou centrosuniversitários apresentem “desempenho insuficiente” naavaliação do ENC (provão) e “nas demais avaliações”realizadas pelo INEP. Não se define o que é “desempenho

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61UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Exame Nacional de Cursos e nas demais avaliações realiza-das INEP terão seu reconhecimento suspenso medianteato do Poder Executivo.

§ 2.º As instituições de ensino superior de que trata ocaput terão prazo de um ano para solicitar novo reconheci-mento, sendo vedada a abertura de processo seletivo deingresso de novos alunos até que o curso obtenha novoreconhecimento.

§ 3.º Decorrido o prazo de que trata o parágrafo anteriorsem que a instituição tenha solicitado novo reconheci-mento, ou caso o processo de novo reconhecimento iden-tifique a manutenção das deficiências e irregularidadesconstatadas, o curso será desativado.

§ 4.º As instituições de ensino superior credenciadascomo centros universitários e universidades e que possu-am desempenho insuficiente na avaliação do Exame Nacio-nal de Cursos e nas demais avaliações realizadas peloINEP terão suspensas as prerrogativas de autonomia, me-diante ato do Poder Executivo.

§ 5.º As instituições de que trata o § 4.º serão submetidas,nos termos do art. 34, a imediato processo derecredenciamento.

insuficiente” e “como” será apurado. Neste caso, orecredenciamento será instaurado imediatamente, sem ob-servância do prazo estabelecido no credenciamento.

Nota: Após a apresentação deste trabalho, foi publicada aPortaria Ministerial n.º 1.985, de 10 de setembro de 2001, queestabelece critérios e procedimentos para a suspensão doreconhecimento e a desativação de cursos de graduação, edispõe sobre a suspensão temporária de prerrogativas deautonomia de universidades e centros universitários do sis-tema federal de ensino.

Art. 37. No caso de desativação de cursos superiores e dedescredenciamento de instituições, caberá à entidademantenedora resguardar os direitos dos alunos, dos do-centes e do pessoal técnico administrativo.

Parágrafo único. São assegurados aos alunos de cursosdesativados ou com o reconhecimento suspenso:

I - a convalidação de estudos até o final do período em queestiverem matriculados para efeito de transferência; e

II - o registro do diploma no caso daqueles que tenhamconcluído o curso ou estejam matriculados no últimoperíodo letivo, desde que comprovado o aproveitamentoescolar

O Poder Executivo transfere às entidades mantenedorasde IES a responsabilidade de “resguardar os direitos dosalunos, dos docentes e do pessoal técnico-administrati-vo”, no caso de desativação de cursos superiores edescredenciamento institucional. Ao tempo em que procu-ra afastar a participação da mantenedora – uma entidadeprivada, com ou sem fins lucrativos – nas ações acadêmi-co-administrativa das IES, por intermédio da aprovação deestatutos e regimentos, o MEC transfere às mesmas res-ponsabilidades sobre ações das quais está impedida departicipar. Os estatutos de universidades e centros univer-sitários e os regimentos das demais IES devem passar apermitir uma presença e atuação mais ampla das

Continua....

Continuação....

62 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 38. Será sustada a tramitação de solicitações decredenciamento e recredenciamento de instituições de en-sino superior, e de autorização, reconhecimento e renova-ção de reconhecimento de cursos superiores, quando aproponente estiver submetida a processo de averiguaçãode deficiências ou irregularidades.

Art. 39. Os processos que, na data de publicação desteDecreto, estiverem protocolizados no Conselho Nacionalde Educação serão deliberados pela sua Câmara de Educa-ção Superior e submetidos à homologação do Ministro deEstado da Educação.

Art. 40. Fica delegada ao Ministro de Estado da Educaçãocompetência para a prática dos atos referidos no § 1.º doart. 8.º, nos artigos 10, 13, 21, 23, 24, 26, 31, 32, 33, 35 e 36deste Decreto.

mantenedoras nos órgãos colegiados e diretivos dessasinstituições, para que as mesmas possam serresponsabilizadas, legalmente, por atos das mantidas.

O parágrafo único procura resguardar direitos dos alunos,nesses casos.

Essa punição estava prevista nas portarias do MEC paracredenciamento institucional e autorização de cursos su-periores (637, 639, 640 e 641, de 1997).

Assegura direitos adquiridos.

Este dispositivo delega ao Ministro da Educação compe-tência para:

• Reconhecer programas de mestrado e doutora-do;

• Autorizar a criação de cursos fora de sede,para universidades;

• Autorizar cursos superiores em faculdades in-tegradas, faculdades, institutos superiores ouescolas superiores;

• Reconhecer e renovar reconhecimento de cur-sos superiores;

• Credenciar e recredenciar universidades;

• Credenciar e recredenciar centros universitários;

• Credenciar faculdades integradas, faculdades,institutos e escolas superiores;

Continuação....

Continua....

63UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Decreto n.º 3.860, de 9 de Julho de 2001 Anotações

Art. 41. Ficam revogados os Decretos n.º 2.026, de 10 deoutubro de 1996, e 2.306, de 19 de agosto de 1997.

Art. 42. Este Decreto entra em vigor em 12 de julho de 2001.

• Suspender o reconhecimento de cursos supe-riores;

• Desativar cursos superiores;

• Suspender, temporariamente, prerrogativas deautonomia de universidades e centros univer-sitários;

• Intervir em qualquer IES; e

• Descredenciar qualquer tipo de IES.

São revogados dois decretos – 2.026/96 e 2.306/97 – quenortearam o MEC, nos últimos anos, em suas ações na áreada educação superior, especialmente na avaliação de cur-sos de graduação e IES.

O art. 42, que estabelece a data de vigência do Decreton.º 3.860, foi acrescentado pelo Decreto n.º 3.864, de 11 dejulho de 2001.

Conclusão

64 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

A MP n.º 2.143-34/2001

A Medida Provisória n.º 2.143-34, de 28 dejunho de2001, publicada no DOU de 29 de junho de2001, que dispõe sobre a organização da Presidênciada República e dos Ministérios, reeditada pela 34ª vez,trouxe uma novidade. Em seu novo art. 20, altera o art.9º da Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de1961 (a antigaLDB), que teve nova redação dada pela Lei n.º 9.131,de 24 de novembro de 95 (recepcionada pela novaLDB, a Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de1996), res-tringindo os poderes da Câmara de Educação Superiordo Conselho Nacional de Educação. Por esse dispositi-vo, o Ministro da Educação não necessita mais de “pa-recer do Conselho Nacional de Educação” para “a au-torização para o funcionamento, o credenciamento e orecredenciamento de universidade ou de instituiçãonão-universitária, o reconhecimento de cursos e habili-tações oferecidos por essas instituições, assim como aautorização prévia dos cursos oferecidos por institui-ções não-universitárias...”. Esses atos, agora, “serãotornados efetivos mediante ato do Poder Executivo,conforme regulamento”, naturalmente a ser baixadopor decreto do Presidente da República ou medianteportaria do Ministro da Educação, por delegação decompetência. O CNE somente será ouvido “em cará-ter excepcional”.

A Câmara de Educação Superior do CNE conti-nuará, contudo, a “deliberar sobre o credenciamento eo recredenciamento periódico de instituições de educa-ção superior integrantes do Sistema Federal de Ensino,como centros universitários e universidades, com baseem relatórios e avaliações apresentados pelo Ministé-rio da Educação”. Mas o Ministro da Educação poderádescredenciar centros universitários e universidades esuspender-lhes a autonomia sem ouvir o CNE. Nestecaso, a Câmara de Educação Superior somente vai“deliberar sobre normas a serem seguidas pelo PoderExecutivo”.O quadro seguinte compara os dispositivos da Lein.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, alterada pela Lein.º 9.131, de 24 de novembro de 1995, atingidos pelaMP n.º 2.143-34:

“Art. 9.º As Câmaras emitirão pareceres e deci-dirão, privativa e automaticamente, os assuntos a elaspertinentes, cabendo, quando for o caso, recurso aoConselho Pleno.

§ 1.º São atribuições da Câmara de EducaçãoBásica:.......................................................................................................................................

§ 2.º São atribuições da Câmara de EducaçãoSuperior:......................................................................................................................................

65UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Nova Redação Dada Pela MP N.º 2.143-34 Redação Anterior, Revogada

d) deliberar sobre as normas a serem seguidas pelo PoderExecutivo para a suspensão do reconhecimento de cursose habilitações oferecidos por instituições de ensinosuperior

e) deliberar sobre o credenciamento e o recredenciamentoperiódico de instituições de educação superior integran-tes do Sistema Federal de Ensino, como centros universi-tários e universidades, com base em relatórios e avaliaçõesapresentados pelo Ministério da Educação

f) deliberar sobre as normas a serem seguidas pelo PoderExecutivo para o descredenciamento de centros universi-tários e universidades integrantes do Sistema Federal deEnsino, bem assim a suspensão parcial de suas prerrogati-vas de autonomia, no caso de desempenho insuficiente deseus cursos no Exame Nacional de Cursos e nas demaisavaliações conduzidas pelo Ministério da Educação

d) deliberar sobre os relatórios encaminhados pelo Minis-tério da Educação e do Desporto sobre o reconhecimentode cursos e habilitações oferecidos por instituições deensino superior, assim como sobre autorização prévia da-queles oferecidos por instituições não-universitárias.

e) deliberar sobre a autorização, o credenciamento e orecredenciamento periódico de instituições de educaçãosuperior, inclusive de universidades, com base em relatóri-os e avaliações apresentados pelo Ministério da Educaçãoe do Desporto.

f) deliberar sobre os estatutos das universidades e o regi-mento das demais instituições de educação superior quefazem parte do sistema federal de ensino

.............................................................................................................................

j) deliberar sobre processos de reconhecimento de cursose habilitações oferecidos por instituições de ensino supe-rior, assim como sobre autorização prévia daqueles ofere-cidos por instituições não universitárias, por iniciativa doMinistério da Educação em caráter excepcional, (gn) naforma do regulamento a ser editado pelo Poder Executivo.”(Alínea acrescentada pela MP/2.134-34/2001)

............................................................................................................................

Art. 2.º As deliberações e pronunciamentos do ConselhoPleno e das Câmaras deverão ser homologados pelo Mi-nistro de Estado de Educação e do Desporto.

66 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Nova Redação Dada Pela MP N.º 2.143-34 Redação Anterior, Revogada

Parágrafo único. No sistema federal de ensino, a autoriza-ção para o funcionamento, o credenciamento e orecredenciamento de universidade ou de instituição não-universitária, o reconhecimento de cursos e habilitaçõesoferecidos por essas instituições, assim como a autoriza-ção prévia dos cursos oferecidos por instituições de ensi-no superior não-universitárias, serão tornados efetivosmediante ato do Poder Executivo, conforme regulamento.

NOTA: Nesta redação, a expressão “após parecer do Con-selho Nacional de Educação” foi substituída por “confor-me regulamento”.

Parágrafo único. No sistema federal de ensino, a autoriza-ção para o funcionamento, o credenciamento e orecredenciamento de universidade ou de instituição não-universitária, o reconhecimento de cursos e habilitaçõesoferecidos por essas instituições, assim como a autoriza-ção prévia dos cursos oferecidos por instituições de ensi-no superior não-universitárias, serão tornados efetivosmediante ato do Poder Executivo, após parecer do Conse-lho Nacional de Educação. (grifo nosso).

NOTA: Este parágrafo foi introduzido na Lei 9.131, de 1995,pela art. 46 da Lei n.º 9.649, de 27/5/96.

67UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS POR ANO DE CRIAÇÃO E PRAZO DE RECREDENCIAMENTO(PORTARIA MEC N.º 1.465, DE 12 DE JULHO DE 2001) PARA O SISTEMA FEDERAL DE ENSINO

Continua....

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

1 Universidade Federal doRio de Janeiro UFRJ Rio de Janeiro - RJ Lei n.º 14.343/20 F (*)

2 Universidade de São Paulo USP São Paulo - SP Dec. Est. n.º 283/34 E Sist. Estadual3 Universidade Federal Rural

do Rio de Janeiro UFRRJ Itaguaí - RJ Dec. n.º 6.155/43 F (*) 4 Universidade Federal da Bahia UFBA Salvador - BA Dec.-lei n.º 9.155/46 F (*) 5 Universidade Federal de

Pernambuco UFPE Recife - PE Dec.-lei n.º 9.388/46 F (*) 6 Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro PUC-RJ Rio de Janeiro - RJ Dec.-lei n.º 8.631/46 P (*) 7 Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo PUC-SP São Paulo - SP Dec.-lei n.º 9.622/46 P (*) 8 Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul PUC-RS Porto Alegre - RS Dec. n.º 27.794/48 P (*) 9 Universidade Federal de

Minas Gerais UFMG Belo Horizonte - MG Lei n.º 971/49 F (*)10 Universidade Federal

do Paraná UFPR Curitiba - PR Lei n.º 1.254/50 F (*)11 Universidade Federal do

Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre - RS Lei n.º 1.254/50 F (*)12 Universidade Estadual

do Rio de Janeiro UERJ Rio de Janeiro - RJ Lei n.º 545/50 E Sist. Estadual13 Universidade Católica

de Pernambuco UNICAP Recife - PE Lei n.º 30.417/52 P (*)14 Universidade Presbiteriana

Mackenzie MACKENZIE São Paulo - SP Dec. n.º 30/11/52 P (*)15 Universidade Federal do Ceará UFC Fortaleza - CE Lei n.º 2.373/54 F (*)16 Universidade Federal Rural

de Pernambuco UFRPE Recife - PE Lei n.º 2.524/55 F (*)

68 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

17 Pontifícia UniversidadeCatólica de Campinas PUCCAMP Campinas - SP Dec. n.º 38.327/55 P (*)

18 Universidade Federal do Pará UFPA Belém - PA Lei n.º 3.191/57 F (*)19 Universidade Federal

da Paraíba UFPB João Pessoa - PB Dec. n.º 45.046/58 F (*)20 Universidade Católica de Goiás UCG Goiânia - GO Dec. n.º 47.041/59 P (*)21 Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais PUC-MG Belo Horizonte - MG Lei n.º 3.835/60 P (*)22 Universidade Federal de Goiás UFG Goiânia - GO Lei n.º 3.234/60 F (*)23 Universidade Federal

de Santa Maria UFSM Santa Maria - RS Lei n.º 3.834/60 F (*)24 Universidade Federal

Fluminense UFF Niterói - RJ Lei n.º 3.848/60 F (*)25 Universidade Federal

do Rio Grande do Norte UFRN Natal - RN Lei n.º 3.849/60 F (*)26 Universidade Federal

de Juiz de Fora UFJF Juiz de Fora - MG Lei n.º 3.858/60 F (*)27 Universidade Federal

de Santa Catarina UFSCar Florianópolis - SC Lei n.º 3.849/60 F (*)28 Universidade Federal

de São Carlos UFSC São Carlos - SP Lei n.º 3.835/60 F (*)29 Universidade Federal

de Pelotas UFPel Capão do Leão - RS Dec. n.º 49.529/60 F (*)30 Pontifícia Universidade

Católica do Paraná PUC-PR Curitiba - PR Dec. n.º 48.232/60 P (*)31 Universidade Católica

de Pelotas UCPel Pelotas - RS Dec. n.º 49.088/60 P (*)32 Universidade Católica

de Petrópolis UCP Petrópolis - RJ Dec. n.º 383/61 P (*)33 Universidade Federal

de Alagoas UFAL Maceió - AL Lei n.º 3.867/61 F (*)34 Universidade Federal

do Espírito Santo UFES Vitória - ES Lei n.º 3.868/61 F (*)

Continua....

69UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Continua....

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

35 Universidade de Brasília UnB Brasília - DF Lei n.º 3.998/61 F (*)36 Universidade Católica

de Salvador UCSal Salvador - BA Dec. n.º 58/61 P (*)37 Universidade do Amazonas UA Manaus - AM Lei n.º 4.069/62 F (*)38 Universidade Estadual

de Campinas UNICAMP Campinas - SP Lei Est. n.º 7655/62 E Sist. Estadual39 Universidade do Estado

de Santa Catarina UDESC Florianópolis - SC Dec. n.º 2.802/65 E Sist. Estadual40 Universidade Federal

do Maranhão UFMA São Luiz - MA Lei n.º 5.152/66 F (*)41 Universidade de Itaúna FUI Itaúna - MG Dec.Est. n.º 9387/66 E Sist. Estadual42 Universidade de Caxias do Sul UCS Caxias do Sul - RS Dec. n.º 60.200/67 P (*)43 Universidade Federal

de Sergipe UFS São Cristóvão - SE Dec.-lei n.º 269/67 F (*)44 Universidade Regional

do Nordeste FURNE Campina Grande - PB Lei Mun. n.º 208/68 F (*)45 Universidade Federal do Piauí UFPI Teresina - PI Lei n.º 5.528/68 F (*)46 Universidade de Passo Fundo UPF Passo Fundo - RS Dec. n.º 62.385/68 P (*)47 Universidade Federal do

Rio Grande URG Rio Grande - RS Dec.-lei n.º 774/69 F (*)48 Universidade Federal

de Ouro Preto UFOP Ouro Preto - MG Dec.-lei n.º 778/69 F (*)49 Universidade Federal

de Uberlândia UFU Uberlândia - MG Dec.-lei n.º 570/69 F (*)50 Universidade Federal de Viçosa UFV Viçosa - MG Dec.-lei n.º 570/69 F (*)51 Universidade Federal

de Mato Grosso UFMT Cuiabá - MT Lei n.º 5.647/70 F (*)52 Universidade Estadual

de Londrina UEL Londrina - PR Dec. n.º 69324/71 E Sist. Estadual53 Universidade Gama Filho UGF Rio de Janeiro - RJ Dec. n.º 79.330/72 P (*)

70 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

54 Universidade Estadualde Ponta Grossa UEPG Ponta Grossa - PR Dec. n.º 73.269/73 E Sist. Estadual

55 Universidade de Mogidas Cruzes UMC Mogi das Cruzes - SP Dec. n.º 72.129/73 P (*)

56 Universidade Federal do Acre UFAC Rio Branco - AC Dec. n.º 74.706/74 F (*)57 Universidade Santa Úrsula USU Rio de Janeiro - RJ Dec. n.º 76.793/75 P (*)58 Universidade Metodista

de Piracicaba UNIMEP Piracicaba - SP Dec. n.º 76.860/75 P (*)59 Universidade Estadual

de Maringá UEM Maringá - PR Dec. n.º 77.583/76 E Sist. Estadual60 Universidade Estadual Júlio

de Mesquita Filho UNESP São Paulo - SP Lei Est. n.º 932/76 E Sist. Estadual61 Universidade de Taubaté UNITAU Taubaté - SP Dec. n.º 78.924/76 M Sist. Estadual62 Universidade Estadual do Ceará UECE Fortaleza - CE Dec. n.º 79.172/77 E Sist. Estadual63 Universidade do Rio de Janeiro UNIRIO Rio de Janeiro - RJ Lei n.º 6.655/79 F (*)64 Universidade Federal do Mato

Grosso do Sul UFMS Campo Grande - MS Lei n.º 6.655/79 F (*)65 Universidade Federal

de Rondônia UNIR Porto Velho - RO Lei n.º 7.011/82 F (*)66 Universidade de Fortaleza UNIFOR Fortaleza - CE Port.MEC n.º 350/83 P (*)67 Universidade do Vale do

Rio dos Sinos UNISINOS São Leopoldo - RS Port.MEC n.º 453/83 P (*)68 Universidade Regional do

Noroeste do Estado doRio Grande do Sul UNIJUI Ijuí - RS Port.MEC n.º 497/85 P (*)

69 Universidade São Francisco USF Bragança Paulista-SP Por.MEC n.º 821/85 P (*)70 Universidade de Ribeiro Preto UNAERP Ribeirão Preto - SP Port.MEC n.º 980/85 P (*)71 Universidade Brás Cubas UBC Mogi das Cruzes - SP Port.MEC n.º 1012/85 P (*)72 Universidade Católica

de Santos UNISANTOS Santos - SP Port.MEC n.º 103/86 P (*)73 Universidade Regional

de Blumenau FURB Blumenau - SC Port.MEC n.º 103/86 M Sist. Estadual

Continua....

71UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Continua....

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

74 Universidade do Sagrado Coração USC Bauru - SP Port.MEC n.º 296/86 P (*)

75 Universidade Santa Cecília (2) UNISANTA Santos - SP Port.MEC n.º .../96 P (*)76 Universidade de Guarulhos UNG Guarulhos - SP Port.MEC n.º 857/86 P (*)77 Universidade Estadual

de Feira de Santana UEFS Feira de Santana - BA Port.MEC n.º 874/86 E Sist. Estadual78 Universidade Regional do Cariri URCA Crato - CE Lei Est.n.º 11191/86 E Sist. Estadual79 Universidade do Estado

da Bahia UNEB Salvador - BA Dec. n.º 92937/86 E Sist. Estadual

80 Universidade Federal do Amapá UNIFAP Macapá - AP Lei n.º 7.530/86 F (*)81 Universidade do Oeste Paulista UNOESTE Presidente Prudente SP Port. MEC n.º 83/87 P (*)82 Universidade do Estado

do Maranhão UEMA São Luiz - MA Dec. n.º 94143/87 E Sist. Estadual83 Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia UESB Vitória da Conquista BA Dec. n.º 94250/87 E Sist. Estadual84 Universidade de Marilia UNIMAR Marília - SP Port.MEC n.º 261/88 P (*)85 Universidade de Uberaba UNIUB Uberaba - MG Port.MEC n.º 544/88 P (*)86 Universidade Paulista UNIP São Paulo - SP Port.MEC n.º 550/88 P (*)87 Universidade Estácio de Sá UNESA Rio de Janeiro - RJ Port.MEC n.º 592/88 P (*)88 Universidade de Alfenas UNIFENAS Alfenas - MG Port.MEC n.º 618/88 P (*)89 Universidade Federal

de Roraima UFRR Boa Vista - RR Dec. n.º 98.127/89 F (*)90 Universidade do Sul

de Santa Catarina UNISUL Tubarão - SC Port. MEC n.º 28/89 P (*)91 Universidade da Região

da Campanha URCAMP Bagé - RS Port. MEC n.º 52/89 P (*)92 Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Itajaí - SC Port. MEC n.º 51/89 P (*)93 Universidade São Judas Tadeu USJT São Paulo - SP Port.MEC n.º 264/89 P (*)

94 Universidade Camilo CasteloBranco UNICASTELO São Paulo - SP Port.MEC n.º 374/89 P (*)

95 Universidade Luteranado Brasil ULBRA Canoas - RS Port.MEC n.º 681/89 P (*)

72 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

96 Universidade do Estadode Pernambuco UEPE Recife - PE Por.MEC n.º 964/91 E Sistema

Estadual97 Universidade do Vale

do Paraíba UNIVAP São J. dos Campos SP Port.MEC n.º 510/92 P (*)98 Universidade Regional

Integrada do Alto Uruguaie das Missões URI Erechim - RS Port.MEC n.º 708/92 P (*)

99 Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE Gov. Valadares MG Port.MEC n.º1037/92 P (*)100 Universidade Ibirapuera UNIB São Paulo - SP Port.MECn.º1198/92 P (*)101 Universidade Cidade

de São Paulo UNICID São Paulo - SP Port.MECn.º1578/92 P (*)102 Universidade Veiga de Almeida UVA Rio de Janeiro - RJ Port.MECn.º1725/92 P (*)103 Universidade do Grande ABC UNIABC São Caetano do Sul-SP Port.MECn.º1868/92 P (*)104 Universidade Cruzeiro do Sul UNICSUL São Miguel Paulista-SP Port.MEC n.º 893/93 P (*)105 Universidade de Santa Cruz

do Sul UNISC Santa Cruz do Sul-RS Port.MEC n.º 880/93 P (*)106 Universidade Salgado

de Oliveira UNIVERSO São Gonçalo - RJ Port.MECn.º1283/93 P (*)107 Universidade Iguaçu UNIG Nova Iguaçu - RJ Port.MECn.º1318/93 P (*)

108 Universidade da Amazônia UNAMA Belém - PA Port.MECn.º1518/93 P (*)109 Universidade Católica

Dom Bosco UCDB Campo Grande - MS Port.MECn.º1457/93 P (*)110 Universidade Paranaense UNIPAR Umuarama - PR Port.MECn.º1580/93 P (*)111 Universidade de Cruz Alta UNICRUZ Cruz Alta - RS Port.MECn.º1704/93 P (*)112 Universidade do Tocantins UNITINS Palmas - TO Dec.Est. de 20/4/93 E Sist. Estadual113 Universidade Regional

do Rio Grande do Norte URRGN Mossoró - RN Port.MEC n.º 874/93 E Sist. Estadual114 Universidade Estadual do Piauí UESPI Teresina - PI Dec.Est. de 25/2/93 E Sist. Estadual115 Universidade do Estado

do Mato Grosso UEMAT Cáceres - MT Lei Est. n.º 30/93 E Sist. Estadual116 Universidade Bandeirante UNIBAN São Paulo - SP Port.MEC n.º 48/94 P (*)

Continua....

73UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

Continua....

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

117 Universidade do Grande RioProf. José de Souza Herdy UNIGRANRIO Duque de Caxias-RJ Port.MEC n.º 940/94 P (*)Universidade de Franca UNIFRAN Franca - SP Port.MECn.º1275/94 P (*)

119 Universidade de Sorocaba UNISO Sorocaba - SP Port.MECn.º1365/94 P (*)120 Universidade de Cuiabá UNIC Cuiabá - MT Port.MECn.º1691/94 P (*)121 Universidade Católica

de Brasília UCB Brasília - DF Port.MECn.º1827/94 P (*)122 Universidade do Estado

de Minas Gerais UEMG Belo Horizonte - MG Lei Est.n.º 11539/94 E Sist. Estadual123 Universidade São Marcos UNIMARCO São Paulo - SP Port.MECn.º1832/94 P (*)124 Universidade Castelo Branco UCB Rio de Janeiro - RJ Port.MECn.º1834/94 P (*)125 Universidade Santo Amaro UNISA Santo Amaro - SP Port.MECn.º1832/94 P (*)126 Universidade Federal

de São Paulo UNIFESP São Paulo - SP Lei n.º 8.957/94 F (*)127 Universidade Federal de Lavras UFLA Lavras - MG Lei n.º 8956/94 F (*)128 Universidade Estadual

de Anápolis UNIANA Anápolis - GO Dec.Est. de 21/1/94 E Sist. Estadual129 Universidade Estadual do Pará UEPA Belém - PA Dec.Est. de 4/4/94 E Sist. Estadual130 Universidade Estadual

do Vale do Acaraú UVA Sobral - CE Port.MECn.º 821/94 E Sist. Estadual131 Universidade Estadual

de Montes Claros UNIMONTES Montes Claros - MG Port.MECn.º1116/94 E Sist. Estadual132 Universidade Tiradentes UNIT Aracaju - SE Port.MECn.º1274/94 P (*)133 Universidade Estadual

do Oeste do Paraná UNIOESTE Cascavel - PR Port.MEC n.º 1784A/94 E Sist. Estadual134 Universidade da Região

de Joinville UNIVILLI Joinville - SC Dec.de 14 /8/96 E Sist. Estadual135 Universidade do Oeste

de Santa Catarina UNOESC Chapecó - SC Dec. de 14 /8/96 E Sist. Estadual136 Universidade Metropolitana

de Santos UNIMES Santos - SP Port.MEC n.º 150/96 P (*)137 Universidade para o

Desenvolvimento do Estadoe da Região do Pantanal UNIDERP Campo Grande - MS Dec. de 18/12/96 P (*)

74 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Conclusão....

N.º Nome Sigla Cidade/UF Ato de DP(1) PrazoCredencia- Para

mento RequererRecreden-ciamento

138 Universidade Potiguar UNP Natal - RN Dec. de 19/12/96 P (*)139 Universidade Antonio Carlos UPAc Barbacena - MG Port.MEC n.º 366/97 E Sist. Estadual140 Universidade do Norte

do Paraná UNOPAR Londrina - PR Dec. de 3/7/97 P 3/1/02141 Universidade Metodista

de São Paulo UMESP São B.do Campo - SP Dec. de 3/7/97 P 3/1/02142 Universidade Severino Sombra USS Vassouras - RJ Dec. de 3/7/97 P 3/1/02143 Universidade Tuiuti do Paraná UTP Curitiba - PR Dec. de 7/7/97 P 7/1/02144 Universidade Salvador UNIFACS Salvador - BA Dec. de 18/9/97 P 18/1/02

145 Universidade do ExtremoSul Catarinense UNESC Criciúma - SC Res.CEE/SC n.º 35/97 E Sistema

Estadual146 Universidade Anhembi Morumbi UAM São Paulo - SP Dec. de 12/11/97 P 12/5/02147 Universidade Cândido Mendes UCAM Rio de Janeiro - RJ Dec. de 24/11/97 P 12/5/02148 Universidade do Contestado UNC Caçador - SC Res.n.º 42/97-CESC E Sistema

Estadual149 Universidade do Planalto

Catarinense UNIPLAC Lajes - SC Dec. n.º 312/99 E SistemaEstadual

Continua....

(1) DP = Dependência Administrativa: F = Federal; E = Estadual; M = Municipal; P = Privada

(2) Reconhecida como Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes, pela Portaria MEC n.º 420/86. Em 1996, por uma cisãoautorizada pelo MEC, a instituição foi dividida em duas: Universidade Santa Cecília (Unisanta), e Universidade Metropolitanade Santos (Unimes), pela Portaria MEC n.º 150/96.

(*) Após 12 de outubro de 2001, a SESu comunicará às universidades, sem prazo definido de credenciamento, o início de seuprocesso de recredenciamento (§ 2.° do art. 2.º da Portaria MEC 1.465/2001).

75UNIVERSIDADES E CENTROS UNIVERSITÁRIOS CELSO DA COSTA FRAUCHES

CENTROS UNIVERSITÁRIOS PRIVADOS CREDENCIADOS PELO MEC PELO PRAZO DE TRÊS ANOSE QUE DEVEM REQUERER O RECREDENCIAMENTO ATÉ 12/10/2001

N.º Denominação Cidade UF Decreto DOU

1 Centro Universitário Augusto Motta Rio de Janeiro RJ 27.10.97 29.10.97 2 Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos Campo Grande RJ 29.10.97 30.10.97 3 Centro Universitário Moura Lacerda Ribeirão Preto SP 29.10.97 30.10.97 4 Centro Universitário de João Pessoa João Pessoa PB 30.10.97 31.10.97 5 Centro Universitário do Triângulo Uberlândia MG 30.10.97 31.10.97 6 Centro Universitário de Araraquara Araraquara SP 12.11.97 13.11.97 7 Centro Universitário Newton Paiva Belo Horizonte MG 13.11.97 14.11.97 8 Centro Universitário Nove de Julho São Paulo SP 14.11.97 17.11.97 9 Centro Universitário São Camilo São Paulo SP 24.11.97 25.11.9710 Centro Universitário Salesiano de São Paulo Americana SP 24.11.97 25.11.9711 Centro Universitário de Votuporanga Votuporanga SP 2.12.97 03.12.9712 Centro Universitário Monte Serrat Santos SP 3.12.97 4.12.9713 Centro Universitário Lusíada Santos SP 16.12.97 17.12.9714 Centro Universitário de Barra Mansa Barra Mansa RJ 23.12.97 24.12.9715 Centro Universitário de Rio Preto S.José do Rio Preto SP 5.5.98 6.5.9816 Centro Universitário Barão de Mauá Ribeirão Preto SP 20.5.98 21.05.9817 Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Itu SP 1º.7.98 2.7.9818 Centro Universitário da Grande Dourados Dourados MS 1º.7.98 2.7.9819 Centro Universitário da Cidade Rio de Janeiro RJ 30.9.98 1º.10.9820 Centro Universitário Franciscano Santa Maria RS 30.9.98 1º.10.9821 Centro Universitário Celso Lisboa Rio de Janeiro RJ 23.10.98 26.10.9822 Centro Universitário da Fundação Instituto

de Ensino para Osasco Osasco SP 4.11.98 5.11.9823 Centro Universitário do Norte Paulista S.José do Rio Preto SP 24.11.98 25.11.9824 Centro Universitário Positivo Curitiba PR 17.12.98 18.12.9825 Centro Universitário La Salle Canoas RS 29.12.98 30.12.9826 Centro Universitário Plínio Leite Niterói RJ 5.1.99 6.1.9927 Centro Universitário Ibero-Americano São Paulo SP 18.1.99 19.1.9928 Centro Universitário Campos de Andrade Curitiba PR 11.2.99 12.2.9929 Centro Universitário de Belo Horizonte Belo Horizonte MG 23.2.99 24.2.9930 Centro Universitário de Brasília Brasília DF 23.2.99 24.2.9931 Centro Regional Universitário de Espírito Santo

Espírito Santo do Pinhal do Pinhal SP 23.2.99 24.2.99

76 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

CENTROS UNIVERSITÁRIOS QUE DEVEM REQUERER O RECREDENCIAMENTO EM 2002

N.º Denominação Cidade UF Decreto DOU PrazoReq.

32 Centro Universitário das FaculdadesMetropolitanas Unidas São Paulo SP 23.3.99 24.3.99

33 Centro Universitário UNIVATES Lajeado RS 1º.7.99 2.7.99 2.1.200234 Centro Universitário Capital São Paulo SP 8.7.99 9.7.99 9.1.200235 Centro Universitário Sant’ana São Paulo SP 12.7.99 13.7.99 13.1.200236 Centro Universitário FEEVALE Novo Hamburgo RS 22.7.99 23.7.99 23.1.200237 Centro Universitário Adventista

de São Paulo São Paulo SP 9.9.99 10.9.99 10.3.200238 Centro Universitário de Volta

Redonda Volta Redonda RJ 21.10.99 22.10.99 22.4.200239 Centro Universitário Nilton Lins Manaus AM 22.10.99 25.10.99 25.4.200240 Centro Universitário do Instituto

Mauá de Tecnologia São Caetano do Sul SP 4.1.2000 5.1.2000 5.7.200241 Centro Universitário de Santo André Santo André SP 14.1.2000 17.1.2000 17.7.200242 Centro Universitário do Leste

de Minas Coronel Fabriciano MG 5.6.2000 6.6.2000 6.12.200243 Centro Universitário Carioca Rio de Janeiro RJ 20.6.2000 21.6.2000 21.12.2002

77EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

CENTROS UNIVERSITÁRIOS QUE DEVEM REQUERER O RECREDENCIAMENTO EM 2003

N.º Denominação Cidade UF Decreto DOU PrazoReq.

44 Centro Universitário Assunção São Paulo SP 6.7.2000 7.7.2000 7.1.200345 Centro Universitário Luterano

de Palmas Palmas TO 6.7.2000 7.7.2000 7.1.200346 Centro Universitário de Várzea Grande Várzea Grande MT 7.7.2000 7.7.2000 7.1.200347 Centro Universitário do Maranhão São Luís MA 27.9.2000 28.9.2000 28.3.300348 Centro Universitário do Espírito Santo Colatina ES 2.10.2000 2.10.2000 2.4.200349 Centro Universitário de Ciências

Gerenciais Belo Horizonte MG 2.10.2000 3.10.2000 3.4.200350 Centro Universitário Luterano

de Manaus Manaus AM 26/3/2001 27.3.2001 27.9.200351 Centro Universitário Vila Velha Vila Velha ES 26.3.2001 27.3.2001 27.9.200352 Centro Universitário Filadélfia Londrina PR 24.4.2001 25.4.2001 25.10.200353 Centro Universitário Claretiano Batatais SP 25.4.2001 26.4.2001 26.10.200354 Centro Universitário de Lins Lins SP 4.5.2001 7.5.2001 7.11.200355 Centro Universitário Anhanguera Leme SP 22.5.2001 23.5.2001 23.11.2003

78 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

79EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

Pano de Fundo

A Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional, no § 2.º do artigo 54, declara que “as atri-buições de autonomia universitária poderão ser es-tendidas a instituições que comprovem alta qualifica-ção para o ensino ou para a pesquisa, com base emavaliação realizada pelo Poder Público”.

O Decreto Federal n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997,em seu artigo 8.º, estabelecia que “as instituições deensino superior do Sistema Federal de Ensino classifi-cavam-se em:

I – universidades;

II – centros universitários;

III – faculdades integradas;

IV – faculdades;

V – institutos superiores ou escolas superiores”.

“Para os amigos, os favores da lei. Para osinimigos, os rigores da lei.

(Expressão atribuída no Pará ao GeneralInterventor, e depois Governador, Magalhães Barata).

“A legismania tomou conta da Educação”(Do Autor)

“Daqui a vinte anos, a grande empresa maisparecerá um hospital ou uma orquestra sinfônica

do que uma organização industrial típica”.(Peter Ferdnand Drucker)

* Reitor da Universidade da Amazônia e Presidente da Associação Brasileira deMantenedoras de Ensino Superior (ABMES). ([email protected])

EXCELÊNCIA OU ALTAQUALIFICAÇÃO PARA OENSINO ÉDSON FRANCO*

ESTUDOS 29

80 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Mais adiante, no artigo 12, o mesmo Decreto definia oque seriam os centros universitários, seguindo os dita-mes da LDB:

“Art. 12. São centros universitários as instituiçõesde ensino superior pluricurriculares, abrangendouma ou mais áreas do conhecimento, que se caracte-rizam pela excelência do ensino oferecido, compro-vada pela qualificação do seu corpo docente e pelascondições de trabalho acadêmico oferecidas à co-munidade escolar, nos termos das normasestabelecidas pelo Ministro de Estado da Educaçãoe do Desporto para o seu credenciamento”.

Percebia-se, de plano, que tal Decreto havia ido alémda Lei. A Lei pedia alta qualificação para o ensino oupara a pesquisa. O Decreto referia-se à excelência doensino, aduzindo mais dois elementos: comprovadaqualificação docente e condições de trabalho acadêmi-co, oferecidas à comunidade escolar.

Alta qualificação para o ensino induzia à idéia de do-centes e administradores com a titulação mais elevadapossível na vida universitária e com experiência profissi-onal comprovada. Excelência do ensino enfatizava aidéia da qualidade do ensino em sala de aula, levando atodos o sentido da qualificação (titulação) docente. (Aspreposições “para” e “do” não parecem confluir para omesmo intuito do legislador).

O Decreto, entretanto, ia além para falar das condi-ções de trabalho, levando-se a pensar: a) no tempo dededicação dos docentes ao ensino e, b) nas demaiscondições de oferta, representadas por instalações físi-cas, biblioteca e laboratórios, como comumente o

MEC avaliava as instituições, além da organização di-dático-pedagógica.

O Decreto n.º 2.306 já não mais vigora. Foi substituídoe inteiramente refeito pelo Decreto n.º 3.860, de 9 dejulho de 2001, publicado no Diário Oficial de 10 de julhode 2001, que, agora, apenas considera quatro tipos deorganização acadêmica:

• as universidades somente credenciadasem função de instituições educacionaisanteriores já credenciadas;

• os centros universitários também sócredenciados em função de instituiçõeseducacionais anteriores já credenciadas;

• as faculdades integradas com propos-tas curriculares em mais de uma área doconhecimento, organizadas para atuarcom regimento comum e comandounificado;

• as faculdades, institutos ou escolassuperiores, sem maiores definições.

Pano de Boca

Um dos reclamos insistentes do I Seminá-rio Nacional dos Centros Universitários, realizado emLajeado/RS, e do qual tive a honra de também partici-par, era que os centros universitários, até então, so-mente existiam por força de um decreto, mas não havi-am sido erigidos sob a forma de lei.

81EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

Neste II Seminário já não podemos assim reclamar.Por meio de uma Medida Provisória, sob número2.143-34, de 28 de junho último – que revoga uma lei járevogada, a n.º 4.024, e que dá nova redação a umparágrafo antes inexistente ! – eis que surge a figurados centros universitários, alterando a Lei n.º 9.131/96,que instituiu o Conselho Nacional de Educação e o sis-tema de avaliação de qualidade do ensino superior.

Ocorre que, em virtude da mencionada MedidaProvisória e das novas atribuições conferidas aoMEC/SESu/INEP, surge o Decreto n.º 3.860, já aquireferenciado, regulando a organização do ensino supe-rior e a avaliação de cursos e instituições. Em vistadisto, fui obrigado por coerência, a reformular muitodaquilo que havia escrito para este II Seminário, evi-tando, por todas as formas, devido à inoportunidade domomento, questionar essa fúria legiferante que invadiuas mentes dos gestores educacionais do País.

No Decreto, os centros universitários são diversasvezes mencionados, seja no que respeita aocredenciamento e recredenciamento dos mesmos, sejano que respeita à avaliação de qualidade a ser procedi-da, seja, enfim, quanto ao descred0enciamento dessase das demais entidades educacionais.

Para os fins desta hora, tomo de modo particular o ar-tigo 11 do Decreto, combinado com o artigo 17, parapinçar os aspectos centrais nele mencionados a respei-to dos centros universitários:

• são instituições de ensino superior pluri-curriculares;

• devem possuir plano de desenvolvimentoinstitucional, aprovado à ocasião docredenciamento e do recredenciamento;

• caracterizam-se pela excelência doensino oferecido, a qual deve ser com-provada pelos seguintes aspectos: de-sempenho de seus cursos no ExameNacional de Cursos; avaliação das con-dições de oferta do ensino, oferecidaspela instituição educacional (centros) eatravés de seus cursos;

• no que respeita à avaliação institucionalde desempenho dos centros universitá-rios, são considerados os seguintesitens: a) grau de autonomia do centro,assegurado pela entidade mantenedora;b) cumprimento do plano de desenvolvi-mento institucional; c) independênciaacadêmica dos órgãos colegiados dainstituição; d) capacidade de acesso aredes de comunicação e sistemas de in-formação; e) estrutura curricular ade-quada e adaptada às diretrizescurriculares nacionais; f) critérios e pro-cedimentos de avaliação do rendimentoescolar; g) programas e ações deintegração social; h) produção científi-ca, tecnológica e cultural; i) condiçõesde trabalho (regime) e qualificação(titulação) docente; j) auto-avaliação,com saneamento de deficiênciasidentificadas; l) resultados das avalia-ções coordenadas pelo MEC;

82 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

• no que respeita aos cursos superioresem geral, inclusive os dos centros uni-versitários, além dos resultados do ENCe da Avaliação das Condições de Ofer-ta, são considerados os seguintes itens:a) organização didático-pedagógica; b)corpo docente, considerada a titulação,a experiência profissional, a estrutura dacarreira, a jornada de trabalho e as con-dições de trabalho; c) adequação dasinstalações físicas gerais e específicas;d) a biblioteca, considerado o acervo, ascondições de acesso, o regime de funci-onamento e a modernização dos meiosde atendimento; e) os programas demestrado e doutorado, credenciadospela CAPES. (No Decreto não há ex-clusão deste item, relativamente aoscentros universitários).

Julgo que, tanto alta qualificação para o ensino quantoexcelência do ensino, necessariamente não excluemnem a pesquisa, essencial à aprendizagem tampouco aextensão, inerente à condição universitária, embora in-térpretes mais argutos do que eu, excluam a necessi-dade da pesquisa e da extensão no âmbito dos centrosuniversitários. Claro que não penso na pesquisa deponta, apesar de entender que nenhuma instituição deterceiro grau deva excluir de suas atividades a açãosocial efetiva. (Este parágrafo foi escrito antes da pu-blicação do Decreto n.º 3.860. Agora, com a leituragenérica do Decreto, parece confirmar-se a minha in-terpretação).

Como não gostaria de me comprometer com estas úl-timas afirmações, caminho no sentido da alta qualifi-cação para o ensino e/ou no sentido da excelência doensino.

Variadas Maneiras de PensarExcelência do Ensino

Há sem dúvida, diversificados modos de severificar a excelência do ensino oferecido pelas insti-tuições universitárias e, especialmente, pelos centrosuniversitários. São múltiplos os observadores, dentreos quais, o MEC, o mundo empregador, a sociedade, osalunos e os professores.

Pensar na alta qualificação, “para” o ensino significapensar também na qualidade de gerenciamento da ins-tituição educacional como foco central de nossas aten-ções. O Decreto n.º 3.860, no inciso VI, do artigo 20trata dessa matéria, dizendo da “identificação dos inte-grantes do corpo dirigente, destacando a experiênciaacadêmica e administrativa de cada um”. Disto nosocuparemos ao final.

Pensando como o MEC

De tudo quanto se acha explícito e implícitono Decreto n.º 3.860, percebem-se dimensões novasde comprovação da excelência do ensino, antes nãomencionadas na legislação, especialmente:

83EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

• quanto à instituição (centro), em vista deseu desempenho individual;

• quanto aos cursos, no que se refere aosresultados do Exame Nacional de Cur-sos e no que tange à avaliação das Con-dições de Oferta.

A instituição e seus cursos são pois, agora, postos àanálise do MEC para caracterizar a excelência doensino. Nem só os cursos, mas também a instituição.Não basta, assim, os cursos de um centro obterembons resultados no Exame Nacional de Cursos e bonsconceitos na avaliação das Condições de Oferta, vistoque o inciso II, do artigo 17 do novo Decreto exigeoutros elementos para além desses conceitos. Juntan-do todas as alíneas desse inciso II, pode-se dizer quesão requeridos das instituições – não importando se-rem universidades, centros ou outras entidades educa-cionais – alguns novos requisitos, tais como:

• independência entre entidade mante-nedora e instituição mantida, seja pela“autonomia” da instituição mantida emrelação à sua mantenedora seja pelo do-mínio, nos colegiados, de integrantes dainstituição mantida (professores, alunos,funcionários e comunidade);

• existência de um plano de desenvolvi-mento institucional, devidamente auto-avaliado e corrigidos eventuais desviosde execução;

• sintonia da instituição mantida com asredes e sistemas de informação;

• observância, nos currículos, das diretri-zes curriculares nacionais;

• adequação dos procedimentos de avali-ação da aprendizagem;

• programas e ações de integração social;

• produção científica, tecnológica e cul-tural;

• condições de trabalho docente (instala-ções e regime de contratação);

• qualificação docente (titulação).

Interessante notar que, no artigo 22, do Decreton.º 3.860, considera-se que as universidades, assimreconhecidas antes da vigência da LDB, têm assegu-rado o prazo de oito anos para o cumprimento dosincisos II e III do artigo 52 da Lei. Sendo que os cen-tros universitários foram criados a partir da vigênciada LDB, cabe considerar essa falta de isonomiaapontada pelo Decreto. É dos centros universitáriosque se parece exigir mais do que das universidadescriadas antes da LDB.

É importante também refletir, na tentativa de encontraralgo positivo no Decreto n.º 3.860, o fato de o mesmocolocar em condições de igualdade de aferição da qua-lidade dos cursos, o Provão e a avaliação das Condi-ções de Oferta. Menos mal, portanto. Será importante,todavia, que a mídia consiga transmitir este ponto à so-ciedade brasileira, ela que tem primado por dar ênfaseaos resultados do ENC e silenciado em relação aosconceitos resultantes da Avaliação das Condições deOferta.

84 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

A ninguém é lícito desconhecer o trabalho árduo, fe-cundo mesmo, das Comissões de Especialistas doMEC. Entretanto, alguns aspectos são dissonantes noesforço por elas realizado, como bem acentua RaulinoTramontin em trabalho apresentado na ABMES, emjulho corrente, publicado nesta edição. Dele, tomo em-prestado observações dos procedimentos de algumasdessas Comissões:

• estabelecimento, a seu critério, de pa-drões mínimos de qualidade dos cursos.Algumas delas têm mudado com muitafacilidade e freqüência tais padrões, bas-tando consulta sistemática à Internet;

• aplicação de padrões de qualidade deforma individualizada e carreirocêntrica,importando muito pouco a natureza daIES ( universidade, centro universitárioou outra modalidade organizacional);

• desconhecimento do Parecer n.º 1.070/2000 e/ou pouca aplicação de suas reco-mendações. Apesar de homologadopelo Senhor Ministro, esta norma apre-senta-se distorcida na prática ministerial;

• exigência de pesquisa e produção cientí-fica, extrapolando o que prevê a lei;

• interpretação inadequada de itens espe-cíficos da biblioteca – acervo bibliográfi-co, assinatura de periódicos e volume delivros por aluno matriculado;

• visão corporativa;

• descompasso do processo de avaliaçãoentre as fases autorização e reconheci-mento de cursos;

• preenchimento burocrático dos formulá-rios de avaliação, desconsiderado-se es-forços empreendidos pela instituiçãoeducacional com um todo.

Desejo aqui expender um conceito muito pessoal emrelação ao parecer da ilustre Conselheira SilkeWeber* a respeito do inciso I, do artigo 52, da LDB, oqual passou a exigir três linhas de pesquisa e de produ-ção científica consolidadas e/ou três mestrados devi-damente credenciados pela Capes.

O parecer estimulou as instituições educacionais a im-plantarem mestrados acadêmicos tradicionais sem ascondições para tal ou sem que tenham merecido me-lhor consideração por parte da Capes. Dia virá em quese poderão desenvolver no país mestrados dedocência, visando a melhorar e aperfeiçoar o processoensino-aprendizagem e, conseqüentemente, o traba-lhos da sala-de-aula. Dia virá em que a Capes conside-rará os esforços das instituições educacionais, da mes-ma forma como acolheu mestrados e doutorados reali-zados por sérias instituições de países do exterior, mos-trando, inclusive, soluções para a consolidação de estu-dos dos professores que cursaram mestrados naquelasinstituições.

* Parecer CES-CNE n.º 533, de 8 de outubro de 1997 (www.mec.gov.br/cne) que deuorigem à Resolução CES-CNE n.º 2, de 7 de abril de 1998. (www.abmes.org.br).

85EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

Causa estranheza o pensamento do MEC, expresso noDecreto: a) o tratamento diferenciado entre institui-ções públicas e particulares; b) o sentido autoritáriocom que se pretende exigir a qualidade do ensino ou aexcelência de parte das instituições particulares e, so-bremaneira; c) a declarada desconfiança com que sãotratadas as instituições privadas de ensino superior.

O parágrafo único do artigo 20 e o artigo 21, do Decre-to n.º 3.860 demonstram o tratamento diversificadoentre instituições educacionais públicas e privadas.

Por todo o teor do Decreto, percebe-se o tomintimidatório e autoritário de quem o formulou, visando aalcançar alguma instituição educacional para servir deponte na mídia e para justificar ameaças anteriores. Im-plicitamente, quer o decreto alcançar uma instituiçãopara puni-la exemplarmente. Esqueceu-se o carátereducativo, característica precípua da avaliação de quali-dade, preferindo-se o temor e a fórmula única de proce-dimento na avaliação das instituições educacionais.

É tamanha a desconfiança de procedimentos em rela-ção às instituições particulares que se chega a exigirtermo de compromisso por parte das mesmas, como setudo o que fizessem não passasse de meromascaramento ou engodo.

Pensando como o Mundo Empregador

O mundo empregador não adota os mes-mos indicadores ou critérios do MEC. Não exigefiligranas burocráticas, que sempre poderão ser sub-

metidas ao julgamento generoso ou radical. O mundoempregador já sabe que diploma é uma bobagem. Di-ploma e nada é a mesma coisa para as empresas. Oque o mundo empregador quer é gente que esteja per-manentemente interessada em aprender, como afirmaMarcelo Almeida, do Unicentro Newton Paiva, emmatéria inserida no O Estado de Minas, edição de 26de junho último.

Aprendendo com Júlia Ferrero, em Seminário daMicrosoft, recentemente realizado em São Paulo, en-tendi que as empresas distinguem as pessoas, o conhe-cimento por elas obtido e as habilidades e competênci-as que devem possuir quando da identificação da qua-lidade de trainees e de formandos, nos recrutamentosdiretos ou indiretos que realizam. Assim, das pessoasque buscam emprego, o mundo empresarial requer:

• visão estratégica do negócio para o qualse candidatam;

• capacidade analítica e comparativa;

• orientação empreendedora, apesar dacandidatura ser para emprego;

• liderança e influência social, comofacilitadores de processos de trabalho;

• adaptabilidade e capacidade para apren-der sempre.

Quanto aos conhecimentos, as empresas querem queos candidatos demonstrem:

86 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

• bom domínio do Inglês;

• idem do Espanhol;

• capacidade de redação própria;

• bom domínio da linguagem oral;

• amplo conhecimento de Informática;

• raciocínio lógico;

• amplo conhecimento da atualidade.

No que concerne às habilidades e às competências,exigem-se dos candidatos a emprego, especialmentenas entrevistas e testes:

• espírito de iniciativa;

• energia, ou seja, fortaleza para os emba-tes do trabalho;

• trabalho em equipe;

• criatividade;

• relacionamento interpessoal efetivo;

• habilidade analítica;

• boa comunicação.

As empresas não mais admitem jovens de comporta-mento passivo ou pessoas mal informadas. Recusamhistóricos acadêmicos pobres. Querem gente entusias-ta e determinada. Odeiam a imaturidade; o excessivointeresse por segurança e benefícios; expectativas ir-reais e apresentação pessoal de má qualidade. As

empresas gostam de quem sabe tomar notas. “Muitosexecutivos de sucesso tomam notas. Richard Branson,fundador da Virgin Airways e da Virgin Music, identifi-cado como um espírito livre, é conhecido por levar seuanotador para todos os lados e seu anotador é nadamais nada menos do que uma Palm Pilot, portanto umaagenda eletrônica que substitui qualquer perda de me-mória”, como nos dá conta o portal Bumeran Brasil,em recente edição pela Internet.

Lamentavelmente, bem sabemos, estes requisitos nãoestão muito presentes entre os indicadores e critériosdefinidos pelo MEC já que ele, na verdade, vale-se dedados materiais para consagrar um curso superior, semconseguir, muitas vezes, valorizar a essência do cursoe da instituição.

Entendo que as instituições educacionais e, especial-mente os centros universitários, deveriam se preocu-par, em relação ao mundo do trabalho com:

• as disciplinas e atividades complementa-res que possibilitem a real integraçãoentre teoria e prática profissional noscursos superiores, valendo como partede um currículo expresso, de um lado, e,oculto, de outro, que não se encontramuito explicitado em estruturascurriculares regimentais;

• um serviço permanente de acompanha-mento dos antigos alunos (tenho evitadoa expressão ex-alunos, por motivos ób-vios) de modo a lhes auscultar as neces-

87EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

sidades sentidas no emprego ou comoempreendedores, podendo inclusive, vira favorecê-los com a oferta do aperfei-çoamento permanente, na educaçãocontinuada;

• os estágios supervisionados e não-su-pervisionados, procurando a instituiçãoeducacional contar com instrumentos eserviços de recrutamento de vagas paratal finalidade;

• as atividades de extensão, relacionando ainstituição educacional com a sociedadena qual se insere, de tal maneira que de-monstre efetivamente seu compromissosocial e o compromisso dos seus antigosalunos, numa postura ética e responsável.

A responsabilidade social pela qual devem se pautaras instituições educacionais – inclusive os centrosuniversitários – não facilita aliar os critérios de exce-lência do ensino fixados pelo MEC aos anseios domundo empresarial. Contentar o MEC não significanecessariamente contentar o mundo empresarial evice-versa.

Pensando como as Famílias dos Alunos

Pesquisei muito sobre o que pensam as fa-mílias sobre os cursos superiores, atualmente oferecidosno país. Claro está não ter sido uma pesquisa científicae, sim, localizada. Vali-me de entrevistas e conversas

soltas, para entender o que pensam a respeito do quese tem proporcionado aos jovens no ensino superior.

De plano, as famílias fazem uma grande distinção entreas instituições públicas e as particulares. Nas primeiras,aceitam tudo ainda que com tristeza, reconhecendo aimpotência para reclamar de insatisfações eventuais.Nas particulares, almejam descontos e prazos maioresde pagamento das mensalidades. Algumas famílias ain-da discutem no país, por exemplo, a cobrança de mensa-lidades em períodos de férias! Querem que os filhos te-nham uma boa formação (embora não saibam, em geral,identificá-la plenamente); boa formação que lhes permi-ta acesso mais fácil e mais rápido ao mundo do trabalho.Pretendem, inclusive e se possível, que haja atuaçãoparcial de trabalho durante o curso, de tal maneira quepossam ser “aliviadas” as despesas do lar. Querem queos filhos estagiem, se possível desde o ingresso no ensi-no superior, ainda que em outras áreas profissionais,contanto que possam se preparar melhor para o traba-lho. Abominam as faltas dos professores, comentadaspelos filhos e jovens, que retornam cedo aos lares. Ad-mitem que o nome (marca) da instituição na qual estu-dam os filhos tem enorme influência na obtenção do em-prego. A preferência pelas instituições públicas de ensi-no superior, segundo consegui apurar, decorre mais damarca do que da qualidade intrínseca do ensino ou dagratuidade que as mesmas proporcionam.

É evidente a ausência de uma noção mais precisa oumais clara do que seja excelência ou qualidade do ensi-no. Contam os pais com suposições apenas; algumasmuito justificadas mormente em função do seu poderaquisitivo.

88 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Pensando como os Estudantes

Encontrei-me com 72 representantes evice-representantes de cursos da área das CiênciasHumanas, questionando-os sobre o significado dequalidade ou excelência do ensino. Dei-lhes uma pe-quena folha de papel, tamanho 6x6cm, quase um car-tão, de tal sorte que não pudessem escrever senãouma frase a respeito do assunto. Permiti que traba-lhassem em dupla. Resumindo as respostas, constateique os estudantes querem qualidade do ensino. Elesentendem muito claramente que excelência do ensinosignifica:

• superação de expectativas com as quaisingressam nas instituições universitári-as;

• cooperação de todos da instituição paracom os objetivos do curso;

• trabalho de equipe daqueles que fazem ainstituição, professores e dirigentes;

• comprometimento de toda a instituiçãocom aquilo que promete oferecer;

• ação bem feita do que têm as institui-ções de fazer para os alunos;

• professores qualificados e com boa di-nâmica de trabalho;

• interrelacionamento entre academia esociedade e sociedade e ciência;

• comprometimento dos professores coma qualidade do processo ensino-aprendi-zagem, com as aulas em suma;

• integração entre professores, alunos edirigentes.

Daí, planejei conversas em grupos com os represen-tantes estudantis e obtive outras respostas ainda maisespecíficas:

• aulas tão bem ministradas que possamescolher melhor no que se aprofundar;

• professores estimuladores da aprendiza-gem, dinâmicos, entusiasmantes;

• conforto ambiental e bom atendimentopor parte da instituição;

• bibliografia disponível, pois que hoje asbibliotecas têm também um papel socialimportante para os jovens, devido às di-ficuldades para adquirirem livros;

• avaliações facilitadoras da integraçãodo conhecimento obtido;

• clima propício à vivência universitária.

Questionando o que abominam nas aulas e o que cen-suram a respeito dos professores, obtive:

• não gostam de professores sem entusi-asmo;

89EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

• não aceitam professores deficientes emtermos de conteúdo da matéria que mi-nistram ou que embora saibam muito,não conseguem ensinar;

• não querem professores que não sabemavaliar, que não usam tecnologias edu-cacionais e que não tenham compromis-so com o que ensinam.

Pensando como os Doutores daInstituição

Imaginava receber uma robusta contribui-ção de professores-doutores a respeito da excelênciado ensino. O tempo de solicitação talvez tenha sidoexíguo. As contribuições, por conseguinte, não forammuito grandes, mas me apontaram, por exemplo, a difi-culdade de conceituar excelência do ensino, em virtudeda realidade dinâmica do processo educativo e da cer-teza de a excelência do ensino ser um exercício deconquista, de construção permanente, implicando ne-cessariamente um processo constante de pesquisa ede produção do conhecimento novo. Qualificar os pro-fessores para o processo ensino-aprendizagem contaimensamente, assim como a responsabilidade socialquanto à educação oferecida.

Alguns me disseram que somente se consegue exce-lência do ensino quando se realiza a produção acadê-mica induzida ou voluntária; quando se procura cons-truir a cidadania entre os estudantes; quando se conce-be democraticamente um adequado projeto pedagógi-co para o curso e quando se o concretiza de forma

articulada. Outros se voltaram para a necessidade decontar a instituição educacional com um corpo discen-te qualificado, com máxima integração entre professo-res e alunos e com um ambiente (clima) que favoreçaa aprendizagem.

Gestão Oganizacional e Qualidadede Ensino

Muitas já são as pesquisas que atestam sera qualidade do ensino decorrente, em grande parte, daqualidade de gestão da instituição educacional, seja elade que nível for.

Peter Ferdinand Drucker, de quem sempre me valhopela sua demonstração do caráter visionário em rela-ção às organizações, em Gestão do Conhecimento, pu-blicado pela Editora Campus, São Paulo, 2001, afirmaque “daqui a vinte anos, a grande empresa mais pare-cerá um hospital ou uma orquestra sinfônica do queuma organização industrial típica”. Aquela organiza-ção hierarquizada do tipo militar tenderá a desapare-cer. A organização de comando e controle parece terseus dias contados.

Ainda estamos longe de conhecer a verdadeira insti-tuição educacional baseada na informação, no conhe-cimento. Muitas vezes, lamentavelmente, em nossasorganizações escolares contamos com uma profusãode dados, mas não com informações reais que nospermitam a tomada de decisões. Informação é umdado investido de relevância e de propósito. “A orga-nização baseada em informações, no conhecimento,exige, em geral, muito mais especialistas do que as

90 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

empresas tradicionais do tipo comando e controle”,diz Drucker.

Num hospital, há departamentos especializados, mastodos trabalham ou devem trabalhar em harmonia. Odepartamento de Nutrição sabe o que fazer com ospacientes, conforme as doenças diagnosticadas. O de-partamento de radiografia e tecnologia da imagemsabe como deve proceder diante de pacientes em ca-sos de exames que sejam exigidos para cirurgias.Numa orquestra, pode ser que o maestro jamais saibatocar como o primeiro violino, mas saberá, como maes-tro, fazer com que todos os músicos, inclusive os violi-nos, toquem juntos exemplar e harmonicamente nassuas especialidades instrumentais. “As organizaçõesbaseadas em conhecimento demandam objetivos níti-dos, simples e comuns que se traduzem em ações es-pecíficas”.

As organizações baseadas em conhecimento sabemque todos devem assumir as responsabilidades pelasinformações e, por isso caminham para o alcance dasmetas e dos objetivos estabelecidos.

O paradigma vigente nas instituições que desejamcrescer é o do conhecimento generalizado e crescen-te, é o da organização ávida por permanente apren-dizagem.

A liderança dos dirigentes só se concretiza à medidaque eles possuam e usem melhor o conhecimento.

Há estágios para transformar uma organização de co-mando e controle em uma organização baseada no co-nhecimento. O primeiro estágio é o da socialização do

conhecimento. O segundo estágio é o da articulação daequipe visando ao estabelecimento de um plano co-mum de desenvolvimento. O terceiro é o da combina-ção de esforços no sentido da padronização do conhe-cimento, através de manuais e livros de instrução paracada produto. Finalmente, o último estágio é o dainternalização pela qual os integrantes da organizaçãojá realizam automaticamente suas tarefas, sem perdado sentido humano a permear, necessariamente, as re-lações empresariais.

Isto pode e deve ser aplicado em nossas instituições,de tal maneira que, pela liderança dos dirigentes, consi-gam superar os atuais índices de qualidade.

A entidade educacional, seja ela de que porte for, não épositivamente uma máquina. Ela, enquanto criadora doconhecimento, deve conviver harmonicamente comideais e com idéias para construir permanentemente oseu desenvolvimento.

Considerações Finais

Imaginando qualidade e excelência para osefeitos deste Seminário como algo semelhante, acredi-tamos que haja, pelo menos, três tipos de excelência(ou qualidade) a serem considerados:

• qualidade burocrática, que, emborafundada em critérios e indicadores, aca-ba sendo identificada num “relatório”governamental. Claro está ser este tipode qualidade ou excelência fundamentalpara manter vivas as instituições educa-

91EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

cionais especialmente numa “hora dacaneta”, ou a “hora da guilhotina”, comovivemos;

• qualidade acadêmica, baseada numaorganização fundada no conhecimento,na qual dirigentes, professores e funcio-nários, densos de idéias e de ideais, comintegral dedicação institucional, procu-ram construir os cidadãos e os profissio-nais que demandam o ensino superiornas nossas entidades educacionais;

• qualidade social, integrando a organi-zação educacional na solução dos pro-blemas sociais pela consistente produ-ção científica, tecnológica e cultural epelas atividades de extensão, vinculandoa ação da entidade aos programas soci-ais em desenvolvimento.

Estas três dimensões da qualidade ou da excelêncianecessitam ser consideradas por todas as instituiçõesde educação superior, sejam elas universidades, cen-tros universitários, faculdades integradas, ou faculda-des, institutos e escolas superiores.

Quando um grupo de instituições criou a FundaçãoNacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Par-ticular (Funadesp), teve o lídimo intuito de favorecer asinstituições, dentre outros, com dois “produtos” alta-mente importantes para a construção da excelência ou

da qualidade do ensino. O primeiro produto é o daauto-avaliação, um importante e vigente objeto detrabalho em algumas instituições de educação superiordo país. O segundo produto é o da construção do planode desenvolvimento institucional, capaz de contribuirpara a transformação da organização educacional emorganização baseada no conhecimento.

Ambas estas idéias foram propostas pelos centros uni-versitários perante o MEC, em vista dorecredenciamento e elas parecem ter sido aceitas, dealgum modo, no Decreto n.º 3.860. Pena que ele de-monstre no seu todo ter sido concebido com algumrancor.

Pensando nos alunos, no que dizem, aqui traduzido sin-teticamente, sou por reconhecer a necessidade de con-vencermos a comunidade científica do país, especial-mente as agências formadoras, de que deveremos ter,além dos mestrados e doutorados acadêmicos, alémdos mestrados profissionais, os mestrados emdocência, que formem professores para as salas deaula e que, pela atuação da organização educacional,possam ser complementados e aperfeiçoados com acontinuidade permanente de atualização. Com o nívelde expansão do ensino superior em termos de matrícu-las, em 2.010 haverá seguramente quase 8 milhões deestudantes. No entanto, o crescimento das vagasofertadas, percentualmente, supera em muito a forma-ção dos docentes que, nos mestrados tradicionais, la-mentavelmente não se faz, de maneira específica, paraas nossas salas de aula.

92 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

93EXCELÊNCIA OU ALTA QUALIFICAÇÃO PARA O ENSINO ÉDSON FRANCO

COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIRFORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN*

Introdução

No universo dos atores que atuam no de-senvolvimento do ensino superior, detêm grande impor-tância as Comissões de Especialistas cuja ação diretaé responsável, em grande parte, pelo processodecisório das autorizações e reconhecimentos, pormeio dos relatórios de avaliação.

• Como situar as Comissões de Especia-listas no universo dos diferentes atoresque participam ativamente no desen-volvimento do ensino superior citados aseguir?

- Conselho da Ordem dos Advogados;

- Conselho Nacional de Saúde;

- Secretaria da Educação Superior;

- Centros Universitários e demais Institui-ções de Ensino Superior;

- Demais Instituições da Sociedade orga-nizada que trabalham nos diferentes se-tores produtivos ou não e que empregampessoas.

• Qual o papel, atribuições e competên-cias das Comissões de Especialistas?

• Quem exerce o poder moderador frenteà ação das Comissões de Especialistas?

• Como o Conselho Nacional de Educaçãorecebe as contribuições das Comissões deEspecialistas, tendo presentes suas com-petências? (principalmente a Câmara deEducação Superior - Lei 9.131/95 - Artigo9º - § 2.º - letras “a” até “i”)

• Como as Instituições de Ensino vêemo trabalho das Comissões de Especia-listas?

ESTUDOS 29

* Doutor em Educação e consultor da CM Consultoria. ([email protected])

94 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

• Quais os limites à ação destas Comis-sões?

• Qual a importância do trabalho das Co-missões de Especialistas?

• Como melhorar a sistemática de traba-lho das Comissões?

• Quais as perspectivas de atuação dasComissões frente aos novos desafios?

• Como analisar a atuação de diferentesComissões?

As Comissões de Especialistas esuas Atribuições Legais

A Portaria n.º 972/97 diz o seguinte:

“Art. 1.º - As comissões de especialistas de ensinotêm como objetivo assessorar a Secretaria de Edu-cação Superior do Ministério da Educação e doDesporto nas seguintes ações:

I - analisar e verificar in loco o mérito das propostasde autorização de novos cursos e credenciamentode faculdades integradas, faculdades, institutos su-periores ou escolas superiores nos termos das Por-tarias n.º 640 e 641 de 1997;

II - atualizar, periodicamente, os critérios de quali-dade e indicadores de oferta e demanda para os cur-sos da área de atuação;

III - propor diretrizes e organização curricularesdas respectivas áreas;

IV - verificar in loco as condições de funcionamentodas instituições e dos cursos de nível superior, in-clusive para fins de seu reconhecimento, sempreque solicitadas pela Secretaria de Educação Superi-or do MEC;

V - opinar, mediante solicitação da Secretaria de Edu-cação Superior, em assuntos de sua especialidade.

Art. 2.º - As comissões de especialistas serão cons-tituídas por docentes de alto nível de formação aca-dêmica, ou renomada atividade profissional, comreconhecida experiência de atuação no ensino degraduação.

Art.3.º - As comissões de especialistas, constituí-das por área de conhecimento, terão no mínimo trêse no máximo cinco integrantes.

Art. 4.º - O processo de escolha dos membros dacomissão de especialistas, para uma determinadaárea de atuação, se dará por indicação das coordena-ções dos cursos de graduação reconhecidos das ins-tituições que também ofereçam programas de pós-graduação stricto sensu, na mesma área de atuaçãoda comissão.

§ 1.º - Para as áreas nas quais o número de cursos depós-graduação stricto sensu existentes for inferior adez, serão aceitas indicações provenientes de uni-versidades e centros universitários credenciadosque possuam apenas, na área em questão, cursos degraduação reconhecidos.

§ 2.º - A indicação será feita à Secretaria de Educa-ção Superior, nos prazos e pelos meios de comuni-cação a serem determinados pela mesma Secretaria.

95COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIR FORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN

§ 3.º - Cada instituição de ensino superior poderáindicar até dois nomes, podendo ser um da própriainstituição, acompanhados dos respectivos currí-culos.

§ 4.º - As indicações mencionadas no caput desteartigo integrarão a lista a ser submetida à apreciaçãodo Secretário de Educação Superior do MEC, parafins de escolha dos nomes dos membros de cadacomissão, com base na análise dos currículos, ouvi-da a Câmara de Educação Superior do ConselhoNacional de Educação.

§ 5.º - Os membros das comissões de especialistasterão mandato de dois anos, contados a partir doato de nomeação, sendo admitida uma únicarecondução.

Parágrafo único - Os atuais membros das comissõespoderão ser reconduzidos para um único mandato.

Art. 6.º - Cada comissão deverá indicar, dentre seusmembros, um coordenador.

Art. 7.º - A Secretaria de Educação Superior doMEC convocará as comissões ordinariamente, combase em planejamento de atividades e, extraordina-riamente, sempre que necessário.

Art. 8.º - A Secretaria de Educação Superior doMEC promoverá o apoio administrativo e financei-ro para o funcionamento das comissões”1.

O que Acontece com as Comissõesde Especialistas?

Ninguém duvida da importância do trabalhode Comissões de Especialistas na elaboração de subsí-dios para alimentar os decisores dos diferentes proces-sos. Todavia, entre subsidiar os órgãos do MEC, comoa Secretaria de Educação Superior e o Conselho Naci-onal de Educação, nos assuntos definidos na Portarian.º 972/97 e a forma de fazê-lo, assumindo, por algunsaspectos o poder deliberativo em assuntos curricularesou de padrões e indicadores mínimos, existe uma dis-tância. É por isso que, embora reconhecendo seu meri-tório e indispensável trabalho para pontualizar e traçargrandes linhas de atuação, é possível ainda fazer asseguintes observações para reflexão e análise:

• Cada uma estabeleceu, a seu critério, ospadrões mínimos de qualidade de avalia-ção de cursos de graduação;

• Cada Comissão aplica os padrões dequalidade de forma individualizada paraseu curso numa visão excessivamentecarreirocêntrica;

• Os critérios e padrões mínimos em suaforma paradigmática exigem obediênciafática para fins de enquadramentoavaliativo em categorias rígidas que nãolevam em conta a visão do conjunto dainstituição, suas prioridades e investi-mentos. Vê-se, muitas vezes, a IES pa-rada; não em franco desenvolvimento,em crescimento, em mudanças, que sãofatos incontestes.

1 PORTARIA n.º 972, de 22 de agosto de 1997. In: ABMES op.cit.p.199

96 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

• Exigências acima da realidade com rela-ção à qualificação docente, tendo emvista os prazos estabelecidos pela LDBpara atingimento de percentuais detitulação e nos parâmetros do Parecern.º 1.070/2000.

O não cumprimento desses parâmetros deixa a insti-tuição em situação de débito para fins de reconheci-mento de cursos e, mesmo de autorização. Essas exi-gências obrigam a instituição a fazer arranjosinstitucionais que não refletem a realidade. Exemplo:professores atuaram durante quatro anos em deter-minado curso, mas na hora do reconhecimento, sãosubstituídos para enquadramento e cumprimento dasnormas mínimas. E os alunos que durante 3 ou 4 anostiveram aulas com esses professores como ficam? Oque se está avaliando é o futuro ou o passado e opresente?

• Exigências individualizadas por cursoquanto ao regime de trabalho sem a vi-são de conjunto da Instituição, fugindo-se aos padrões mínimos da LDB;

• Exigência com relação à pesquisa deforma individualizada por curso, per-dendo-se a perspectiva de área na IESou a visão de conjunto com eleição deáreas prioritárias. Neste caso,inviabiliza ou mesmo atrapalha o plane-jamento das IES na consolidação deNúcleos Temáticos que abrangem áre-as de conhecimento ou um conjunto decursos;

• Exigências, em alguns casos, de periódi-cos específicos para divulgação de pes-quisas e produção científica do curso,novamente se perdendo a visão de con-junto da IES, principalmente se for uni-versidade onde deve prevalecer a visãointegradora de não duplicar meios parafins idênticos ou equivalentes. A ques-tão de periódicos é problema muito com-plexo, considerando-se a infra-estruturaexigida para sua periodicidade e pereni-dade. Não adianta a IES publicar um oudois números para satisfazer exigênciasda Comissão e, logo em seguida, morrerde inanição, por falta de massa crítica ede material para divulgação;

• O projeto pedagógico é tarefa coletivada IES, já que os componentescurriculares são elementos fundamen-tais. Todavia, as exigências de algumasComissões inviabilizam a identidade doprojeto pedagógico de cada curso, poistodos terão a mesma feitura, mesma lin-guagem, mesmo perfil, mesmos instru-mentos etc. (caso contrário não serãoautorizados ou reconhecidos). Ao finalde tudo cabe a pergunta: O projeto pe-dagógico é da Comissão de Especialis-tas ou da Instituição? Há exemplos daexcessiva uniformização de certos pro-jetos que são por demais “ certinhos”,sendo impossível não se observá-loscomo não se observa obra de engenha-ria extra-instituição, não discutida com

97COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIR FORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN

os professores. Muitas Comissõesexorbitam ao tentar impor sua feituranos Projetos Pedagógicos.

• Visão corporativa por parte de algumasComissões que analisam característicasde sua área descontextualizada das de-mais carreiras. O curso X ou Y estarsaturado é ainda, um argumento fre-qüente para inviabilizar projetos. Tam-bém, colocam exigências de clínicas eoutros equipamentos de forma antecipa-da, que inviabilizam o projeto,inexoravelmente.

• Falta de visão sistêmica por parte demuitas Comissões. Vale dizer, vêemapenas uma faceta da situação-curso desua área, esquecendo-se de que o mes-mo faz parte de um mosaico onde cadapeça é importante.

• Os critérios ou padrões mínimos, em al-guns casos, foram construídos de tal for-ma que o enquadramento de um projetoexige treinamento ou “ visitas” préviasde “especialistas” para ajudar a institui-ção a enquadrar o curso, onerando aindamais seus custos. As IES se submetema esse rito de passagem porque é ummal menor no cipoal de normas, procedi-mentos, exigências etc. em que se trans-formou o processo burocrático da admi-nistração do ensino superior particularbrasileiro. Faz-se esta observação, pro-

positadamente em particular, pois esteautor não conhece como isto funcionana área pública. Nesse contexto, conse-guir uma Comissão com um pouco maisde “abertura” é pedido freqüente no uni-verso das IES.

• A visão excessivamente burocratizadado processo impede, muitas vezes, devalorizarem-se os trabalhos em desen-volvimento dentro de uma IES. Exemplomarcante é a questão da titulação do-cente. Para efeito de enquadramento,valem apenas a titulação completa e aposse de diploma. Os especialistas es-quecem-se de que a instituição possuimuitos professores em processo demestrado e doutorado, tornando a avali-ação injusta, inapropriada, pois nemsempre titulação representa qualifica-ção. A produção científica vale maisque um diploma. Um livro publicadopode valer mais que um título.

• A visão mecanicista de aplicar-se umformulário padrão, contendo um progra-ma de enquadramento com atribuiçãode notas por item analisado não permite,em áreas onde os indicadores não sãoquantitativos (questão da organizaçãodidático-pedagógica), uma visão maiscrítica e reflexiva. Com certeza, se aomesmo projeto fossem enviadas diver-sas comissões, poder-se-ia obter con-

98 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

ceitos e enquadramentos diferentes, re-velando a subjetividade de certos proce-dimentos que, não raro, proíbem umacontestação. Pegar um disquete comum programa e, ao final, ter um “A” “B”“C” “D” ou “E” pode não representar esignificar ou mesmo revelar o que acon-tece na prática pedagógica do curso quefoi objeto de análise.

• A cobrança na área do acervo biblio-gráfico em alguns casos apresenta si-nais de exagero dada a mutação rápidada área. A IES não pode, a cada ano,desprezar um acervo comprado no anoanterior e adquirir tudo novo. Todavia,para fazer justiça às Comissões, a áreade Biblioteca no Brasil apresenta-se,via-de-regra, defasada, pois durantemuitos anos não mereceu atualizaçãonem quantitativa nem qualitativa. Ascorreções, porém, devem acontecer deforma objetiva e viável. Não é boa a po-lítica de comprarem-se livros por metroquadrado.

• As mudanças freqüentes de procedi-mentos e exigências formais por partede Comissões obriga as IES a consulta-rem permanentemente a Internet, de-monstrando claramente exageros e faltade um ponto de equilíbrio em alguns ca-sos. É descabido exigir formato, cor, ta-manho , preenchimento de tabelas naforma e na cor que os caprichos da Co-

missão ou de membros cismam paraoferecer o beneplácito do nihil obstat.

• A falta de visão integradora das Co-missões de Especialistas é constante.Vale dizer, porém, da necessidade depadrões e critérios mínimos gerais quepossam ser aplicados a todos os cursos,indistintamente, como mínimos. As di-ferenças de cada curso são asespecificidades a serem trabalhadas deforma individualizada.

A visão da avaliação carreirocêntrica( por curso) pode criar isolamentos e pe-quenos currais dentro das IES. Cursosde maior status adquirem maior poderde barganha nos investimentos.

• A falta de validação geral dosparâmetros e padrões mínimos, por meiode amplo debate junto aos interessados,aliado ao comportamento um poucoagressivo e arrogante por parte de al-guns “especialistas” certamente criaáreas de atrito e de resistência que obom senso recomenda devam rapida-mente ser sanadas.

Ao Conselho Nacional de Educação - órgão democrá-tico de representação dos diversos segmentos da edu-cação - caberia no papel moderador para (uso umapalavra um pouco forte e como é freqüentemente usa-do sem, contudo ser ditador ou forçar qualquer atitude)enquadrar e fazer as Comissões de Especialistas se-

99COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIR FORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN

rem mais participativas na tarefa de assessorar a Se-cretaria de Educação Superior. Sabe-se que ela tem-serevelado omissa e pouco permeável às constantes re-clamações de certos desvios no funcionamento de al-gumas Comissões. Ao que parece, o comportamentoadministrativo da atual administração do ensino superi-or não é gratuito e reflete o pensamento centralizadordisfarçado que quem comanda o processo. Por outrolado, há uma nítida mediocridade em alguns setoresque a arrogância e a vaidade não deixam transparecer.Enquanto as Comissões detêm o poder, os clientes oupor opção ou por não terem alternativa procuram cum-prir as regras do jogo esperando pacientemente que ogoverno passe e que os novos dirigentes sacudam a“árvore de jabotis”. Todos sabem que jabotis não sobemem árvores e, portanto, alguém lá os colocou. O que osdirigentes dos órgãos do MEC devem saber é que nãoestão lidando com pessoas ingênuas, desinformadas,mas profissionais que vivem da e pela educação, poropção e gosto, o que muitas vezes não ocorre com quemdetém o poder. Aí talvez resida o comportamento azedoque se observa em certos setores.

À guisa de Conclusão

Avanços e Ganhos no Processo deAvaliação

• Ninguém pode negar os avanços signifi-cativos que têm ocorrido na área educa-cional a partir da nova LDB, mormenteno que tange à implantação de mecanis-mos de avaliação dos diferentes níveis emodalidades de ensino.

• Na educação superior, pode-se citar oExame Nacional de Cursos, a Avaliaçãodas Condições de Oferta de Cursos deGraduação, a partir da regulamentaçãodo sistema nacional de avaliação peloDecreto n.º 2.026/96, da Lei n.º 9.131/95, Decreto n.º 2.306/97 e demais Por-tarias regulatórias.

• No contexto do ensino superior, o funci-onamento e a atuação das Comissões deEspecialistas somaram ganhos significa-tivos. Sem entrar na análise de mérito dediferentes visões, tendências ideológi-cas, pontos-de-vista e outras questõesrelacionadas à sistemática de trabalho,deve-se reconhecer que o estabeleci-mento dos padrões mínimos de qualida-de para avaliação da graduação foi e éum passo importante e necessário parao aperfeiçoamento dos mecanismos demedição e aferição do desempenho deinstituições e cursos no processo deavaliação de qualidade;

• A existência de padrões e critérios míni-mos para avaliação dos cursos de gra-duação representam um instrumento im-portante para as IES no próprio proces-so de auto-avaliação, pois, independen-temente dos problemas tópicos de umaou outra Comissão, de certos exagerosformalistas, é a primeira vez que as re-gras do jogo estão abertas e possibilitama cada interessado fazer análise prévia,

100 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

reprogramar, reformular, mudar derumo, decidir investimentos, promovermudanças etc. O exame prévio sinalizapara as IES seu estado da arte, facilitan-do a ela a interface externa das Comis-sões de Verificação;

• De outra parte, é a primeira vez que, nacomposição das Comissões de Especia-listas, foi feita uma chamada ampla, ge-ral com a participação das IES, indican-do profissionais qualificados para con-correr à nomeação. Entretanto, não sepode esquecer de que na primeira Por-taria, a participação de representantesdas IES particulares foi mais ampla e nasegunda, mais reduzida. Hoje, a maioriaabsoluta das Comissões de Especialistasé formada por professores de IES públi-cas. Por outro lado, a rotatividade dascomposições de membros, certamentepermitirá acumular experiências positi-vas quanto a comportamentos profissio-nais mais adequados para interlocução.

• Os primeiros resultados divulgados doprocesso de avaliação, sem dúvida, pos-suem mais acertos do que erros. É certoque nenhum processo de avaliação con-segue captar in totum os diferentes as-pectos que envolvem o funcionamentode uma IES. É praticamente impossíveltambém fazer avaliações completas,pois está-se trabalhando com uma gamamuito grande de variáveis. Algumas

quantitativas outras qualitativas; cadauma, porém, com suas características epeculiaridades, exigindo tratamentos dife-renciados. Não se pode esquecer tam-bém de que se está avaliando uma ativi-dade extremamente subjetiva com valo-res, normas e ideologias diferentes. Cer-tamente, cada avaliação poderá captaruma ordem de fenômenos que a anteriornão conseguiu apreender. Ressalvas àparte, os resultados da avaliação permiti-ram movimentos extremamente positivosde repensarem-se caminhos, fazerem-sereengenharias institucionais, promove-rem-se mudanças metodológicas, mu-danças de estratégias de planejamentoacadêmico e outras e, principalmente, re-fletir sobre a questão do papel e da quali-ficação de recursos humanos que atuamna educação superior. Só isso já teria va-lido a pena.

Limites e Possibilidades

• Apesar dos ganhos significativos ocorri-dos no sistema de ensino superior com anova ordem instalada, persistem estran-gulamentos e comportamentos que con-tradizem o discurso oficial liberalizante,além de provocar dúvidas, apreensões emesmo choque de opiniões.

• A sistemática de avaliação de cursos degraduação, a partir dos padrões e critéri-

101COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIR FORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN

os mínimos de qualidade, de forma indivi-dualizada, pode gerar conseqüências dediversas ordens: primeiro, podem-se per-der os ganhos obtidos ao longo do tempo— no caso das universidades — com aaplicação dos princípios unidade,organicidade, integração, coordenaçãoetc. Já, as funções de ensino, pesquisa eextensão devem ser organizadas efuncionarem de forma integrada, harmô-nica e interdependentes. A visãocarreirrocêntrica pode enfraquecer avisão de conjunto das funções de umauniversidade que não é uma mera forma-dora de graduados em cursos de gradua-ção e de forma compartimentalizada.À medida que a análise privilegia as par-tes sem o panorama do todo, a universi-dade perde densidade. Tanto isso é ver-dade que os problemas da falta de visãoconjunta causa sérios prejuízos funcio-nais às universidades. Como administrarcursos que começam a se tornar estrutu-ras independentes? A pesquisa deixa deser pensada em linhas prioritárias da uni-versidade para descolar-se para cadacurso; os periódicos a serem publicadostambém deixam de representar a visãoconjunta da produção da Universidadepara enfatizar um curso e assim por dian-te. O quadro docente é contratado paraatuar na instituição e em seus diferentesserviços e não apenas para um curso.

• Quando o objetivo maior é a avaliaçãode qualidade, tudo favorece a melhoriado sistema. Porém, quando entra “ava-liação para recredenciamento”, a pos-sibilidade ainda que remota de rebaixa-mento nas categorias institucionais, pu-nição, ou mesmo descredenciamento,tudo isso ofusca a avaliação e a trans-forma, mesmo, em controle para o exer-cício do poder.

• Quando a avaliação não vê um plano dehorizonte de pelo menos cinco anos; quan-do não examina o cronograma de metasgraduais; quando exige que todo curso te-nha um mínimo de professores titulados eem tempo integral muito maior que a LDBexige; quando só o público pode avaliar oparticular com olhos estatais, alguma coi-sa, com certeza não vai bem.

• Ademais, fica no ar a pergunta: Quemavalia o trabalho das Comissões de Es-pecialistas? O CNE, a SESU ? Quemavalia os avaliadores?

Sugerindo....

Dentro do terreno das possibilidades, é pos-sível sugerir, entre outras medidas:

• Seminários regionais e nacionais paradiscussão ampla, aberta e participativados indicadores e padrões mínimos de

102 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

qualidade dos cursos de graduação, parasua validação. Não é possível continuaradmitindo-se que cada Comissão atuede forma isolada e independente. Sãonecessários indicadores, critérios,parâmetros mínimos que possam seraplicados a todos os cursos como regrageral e somente os específicos seriamobjeto de sinalização à parte. Ninguémquestiona a necessidade da existênciade padrões mínimos que possam evoluire serem aplicados de forma diferencia-da e gradual. Não se pode esquecer deque, além da função credencialista,fiscalizatória, avaliativa, há uma funçãonão menos importante que é a pedagógi-ca, de análise da proposta, de quem con-duz, de que forma conduz, com que âni-mo, com que diretrizes e perspectivas detempo e espaço.

• O período de transição dos oito anosprevisto pela LDB poderia merecer ori-entações, por parte do CNE às Comis-sões de Especialistas. E mais, se aoCNE cabe deliberar em muitos assun-tos, nos termos do poder conferido pelaLei n.º 9.131/95, a ele cabe fixar orien-tações para que as Comissões de Espe-cialistas possam melhor exercitar suascompetências de forma mais produtivae adequada sem os laivos de certos sur-tos de corporativismo inadmissíveis nasociedade de hoje. Avançou-se muito,

mas ainda há resquícios esquisitos po-luindo a boa atmosfera do trabalho edu-cacional.

• As IES que não tiveram oportunidade decumprir o que determina o artigo 19 doDecreto n.º 2.306/97 ( Art.19 - No prazode um ano, contado da publicação da Lein.º 9.394, de 1.996, as universidadesapresentarão à Secretaria de EducaçãoSuperior do Ministério da Educação e doDesporto plano de cumprimento das dis-posições constantes do artigo 52 damencionada Lei, com vistas aos dispostono §2 do seu artigo 88), talvez, pudes-sem enviar à SESU seus planos de qua-lificação docente e de regime de traba-lho. É preciso ter um horizonte de comocada instituição pretende cumprir os“mínimos” que são mesmo mínimos pre-vistos na LDB. Esperar o oitavo ano édecisão arriscada, pois as experiênciaspassadas de prazos foram sempre de-sastrosas.

• Do mesmo modo que os padrões míni-mos devem merecer amplo debate nacomunidade acadêmica, e mesmo foradela, assim também e de modo conjunto,deve-se discutir a implantação das dire-trizes curriculares no ensino superior,tendo presente a flexibilidade por elasproposta e a forma de atuação das Co-missões de Especialistas. Por certo, não

103COMISSÕES DE ESPECIALISTAS:AGENDA PARA REDISCUTIR FORMAS DE ATUAÇÃO RAULINO TRAMONTIN

será tarefa fácil mesmo porque haveráresistência de algumas Comissões acos-tumadas a impor seus pontos-de-vista.Por isso, esses estudos devem caminharde forma conjunta e paralela para har-monizar posições e legitimar socialmen-te sua adoção.

• Como fica a Universidade no sistema deavaliação, atualmente implantado? A vi-são profissionalista e carreirocêntricaque esconde o processo de avaliação decada curso não deve prevalecer sobre opapel maior da Universidade. Neste ter-reno, todo o cuidado é pouco. Do con-trário, estar-se-á abastardando o papelda Universidade. Alguém disse num diadesses: “Para que Universidade? Achoque ser Centro Universitário é menosoneroso”. Será esse o destino de nossasUniversidades?

• Sugere-se que a SESU/MEC explicitenas Portarias que nomeiam Comissõesde Verificação suas funções para evita-rem-se conflitos e exorbitância de com-portamentos, pressões, exigências, ame-aças. Com relação aos prazos para visi-tas às IES e apresentação de relatórios.Muitas Comissões marcam,desmarcam, estouram prazos e as con-seqüências ficam com as IES.

No Caso da Autorização

• Exame do Projeto Pedagógico em ter-mos de coerência, fundamentação,cumprimento das diretrizes curricularese previsão de cumprimento dos padrõesmínimos de qualidade.

• Exame da infra-estrutura existente eprevista em termos de recursos materi-ais e humanos e factibilidade doscronogramas.

No Caso de Reconhecimento

• Exame do projeto pedagógico executa-do em termos de coerência, fundamen-tação, obediência às diretrizescurriculares e cumprimento dos padrõesmínimos de qualidade;

• Exame da adequação de instalações, la-boratórios, bibliotecas e demais meiosinstrucionais;

• Exame da qualificação e regime de tra-balho dos docentes.

• Sugere-se, então, que em todas as Co-missões haja, no mínimo, um membroproveniente de IES privada.

104 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

105 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Medida Provisória n.º 2.143-34,de 28 de junho de 2001

Altera dispositivos da Lei n.º 9.649, de 27 de maiode 1988 que dispõe sobre a organização da Presi-dência da República e dos Ministérios, e dá outrasprovidências.

..........................................................Art. 20. O art. 9.º da Lei n.º 4.024, de 20 de dezembrode 1961, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“ Art. 9.º.................................................................................................................................................

§ 2.º ......................................................................................................................................................

d) deliberar sobre as normas a serem seguidas peloPoder Executivo para a suspensão do reconhecimentode cursos e habilitações oferecidos por instituições deensino superior;

e) deliberar sobre o credenciamento e orecredenciamento periódico de instituições de educa-ção superior integrantes do Sistema Federal de Ensinocomo centros universitários e universidades, com baseem relatórios e avaliações apresentados pelo Ministé-rio da Educação;

f) deliberar sobre as normas a serem seguidas peloPoder Executivo para para o descredenciamento decentros universitários e universidades integrantes doSistema Federal de Ensino bem assim a suspensãoparcial de suas perrogativas de autonomia, no caso dedesempenho insuficiente de seus cursos no ExameNacional de Cursos e nas demais avaliaçõesconduzidas pelo Ministério da Educação;

..............................................................................

j) deliberar sobre processos de reconhecimento e cur-sos e habilitações oferecidos por instituições de ensinosuperior, assim como sobre autorização prévia daque-les oferecidos por instituições não-universitárias, por

ANEXOS

ESTUDOS 29

106 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

iniciativa do Ministério da Educaçõa em caráter ex-cepcional, na forma do regulamento a ser editado peloPoder Executivo” (NR)...............................................................................

Art. 22. O art. 2.º da Lei n.º 9.448, de 14 de março de1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

“ Art. 2.º O Inep será dirigido por um Presidente e seisdiretores, e contará com um Conselho Consultivo com-posto por nove membros, cujas competências serão fi-xadas em decreto.” (NR)

Art. 23. Ficam convalidados os atos praticados combase na Medida Provisória n.º 2.143-33, de 31 de mar-ço de 2001.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOPedro Parente

(Diário Ofícial, Brasília, 29-06-2001, Seção 1, p. 4.)

107 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Decreto n.º 3.860, de 9 de julhode 2001

Dispõe sobre a organização do ensino superior, aavaliação de cursos e instituições, e dá outras provi-dências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, daConstituição, e tendo em vista o disposto nas Leisn.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, 9.131, de 24 denovembro de 1995, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996,

Decreta:

Capítulo I

Da Clasificação das Instituições de EnsinoSuperior

Art. 1.º As instituições de ensino superior classificam-se em:

I - públicas, quando criadas ou incorporadas,mantidas e administradas pelo Poder Público; e

II - privadas, quando mantidas e administradas porpessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

Art. 2.º Para os fins deste Decreto, entende-se porcursos superiores os referidos nos incisos I e II do art.44 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Capítulo II

Das Entidades Mantenedoras

Art. 3.º As pessoas jurídicas de direito privadomantenedoras de instituições de ensino superior pode-rão assumir qualquer das formas admitidas em direitode natureza civil ou comercial, e, quando constituídascomo fundação, serão regidas pelo disposto no art. 24do Código Civil Brasileiro.

Parágrafo único. O estatuto ou contrato social da enti-dade mantenedora, bem assim suas alterações, serãodevidamente registrados pelos órgãos competentes eremetidos ao Ministério da Educação.

Art. 4.º A transferência de cursos e instituições deensino superior de uma para outra entidademantenedora deverá ser previamente aprovada peloMinistério da Educação.

Art. 5.º As entidades mantenedoras de instituições deensino superior sem finalidade lucrativa publicarão,para cada ano civil, suas demonstrações financeirascertificadas por auditores independentes e com pare-cer do respectivo conselho fiscal, sendo ainda obriga-das a:

I - manter, em livros revestidos de formalidades queassegurem a respectiva exatidão, escrituraçãocompleta e regular de todos os dados fiscais naforma da legislação pertinente, bem assim dequaisquer outros atos ou operações que venham amodificar sua situação patrimonial; e

108 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

II - conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos,contados da data de emissão, os documentos quecomprovem a origem de suas receitas e aefetivação de suas despesas, bem como a realiza-ção de quaisquer outros atos ou operações que ve-nham a modificar sua situação patrimonial.

§ 1.º As entidades de que trata o caput deverão, ainda,quando determinado pelo Ministério da Educação:

I - submeter-se a auditoria; e

II - comprovar:

a) a aplicação dos seus excedentes financeiros para osfins da instituição de ensino superior mantida; e

b) a não remuneração ou concessão de vantagens oubenefícios, por qualquer forma ou título, a seusinstituidores, dirigentes, sócios, conselheiros, ou equi-valentes.

§ 2.º Em caso de encerramento de suas atividades, asinstituições de que trata o caput deverão destinar seupatrimônio a outra instituição congênere ou ao PoderPúblico, promovendo, se necessário, a alteraçãoestatutária correspondente.

Art. 6.º As entidades mantenedoras de instituições deensino superior com finalidade lucrativa, ainda que denatureza civil, deverão elaborar, em cada exercíciosocial, demonstrações financeiras atestadas por profis-sionais competentes.

Capítulo III

Das Instituições de Ensino Superior

Art. 7.º Quanto à sua organização acadêmica, as insti-tuições de ensino superior do Sistema Federal de Ensi-no, classificam-se em:

I - universidades;

II - centros universitários; e

III - faculdades integradas, faculdades, institutos ouescolas superiores.

Art. 8.º As universidades caracterizam-se pela ofertaregular de atividades de ensino, de pesquisa e de ex-tensão, atendendo ao que dispõem os arts. 52, 53 e 54da Lei n.º 9.394, de 1996.

§ 1.º As atividades de ensino previstas no caput deve-rão contemplar, nos termos do art. 44 da Lei 9.394, de1996, programas de mestrado ou de doutorado em fun-cionamento regular e avaliados positivamente pela Co-ordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de NívelSuperior – Capes.

§ 2.º A criação de universidades especializadas, admi-tidas na forma do parágrafo único do art. 52 da Lein.º 9.394, de 1996, dar-se-á mediante a comprovaçãoda existência de atividades de ensino e pesquisa, tantoem áreas básicas como nas aplicadas, observado o dis-posto neste artigo.

109 ANEXOS NORMAS LEGAIS

§ 3.º As universidades somente serão criadas porcredenciamento de instituições de ensino superior jácredenciadas e em funcionamento regular, com quali-dade comprovada em avaliações coordenadas peloMinistério da Educação.

Art. 9.º Para os fins do inciso III do art. 52 da Lein.º 9.394, de 1996, entende-se por regime de trabalhodocente em tempo integral aquele que obriga a presta-ção de quarenta horas semanais de trabalho na mesmainstituição, nele reservado o tempo de pelo menos vintehoras semanais destinado a estudos, pesquisa, traba-lhos de extensão, planejamento e avaliação.

Art. 10. As universidades, mediante prévia autoriza-ção do Poder Executivo, poderão criar cursos superio-res em municípios diversos de sua sede, definida nosatos legais de seu credenciamento, desde que situadosna mesma unidade da federação.

§ 1.º Para os fins do disposto no art. 52 da Lein.º 9.394, de 1996, os cursos criados na forma desteartigo, organizados ou não em novo campus, integra-rão o conjunto da universidade.

§ 2.º A autonomia prevista no inciso I do art. 53 da Lein.º 9.394, de 1996, não se estende aos cursos ecampus fora de sede das universidades.

§ 3.º Os campi fora de sede já criados e em funciona-mento na data de publicação deste Decreto preserva-rão suas atuais prerrogativas de autonomia até a con-clusão do processo de recredenciamento da Universi-dade, ao qual estarão igualmente sujeitos.

Art. 11. Os centros universitários são instituições deensino superior pluri-curriculares, que se caracterizampela excelência do ensino oferecido, comprovada pelodesempenho de seus cursos nas avaliações coordena-das pelo Ministério da Educação, pela qualificação doseu corpo docente e pelas condições de trabalho aca-dêmico oferecidas à comunidade escolar.

§ 1.º Fica estendida aos centros universitárioscredenciados autonomia para criar, organizar e extin-guir, em sua sede, cursos e programas de educaçãosuperior, assim como remanejar ou ampliar vagas noscursos existentes.

§ 2.º Os centros universitários poderão usufruir de ou-tras atribuições da autonomia universitária, além daque se refere o § 1.º, devidamente definidas no ato deseu credenciamento, nos termos do § 2.º do art. 54 daLei n.º 9.394, de 1996

§ 3.º A autonomia de que trata o § 2.º deverá observaros limites definidos no plano de desenvolvimento dainstituição, aprovado quando do seu credenciamento erecredenciamento.

§ 4.º É vedada aos centros universitários a criação decursos fora de sua sede indicada nos atos legais decredenciamento.

§ 5.º Os centros universitários somente serão criadospor credenciamento de instituições de ensino superiorjá credenciadas e em funcionamento regular, com qua-lidade comprovada em avaliações coordenadas peloMinistério da Educação.

110 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Art. 12. Faculdades integradas são instituições compropostas curriculares em mais de uma área de co-nhecimento, organizadas para atuar com regimento co-mum e comando unificado.

Art. 13. A criação de cursos superiores em institui-ções credenciadas como faculdades integradas, facul-dades, institutos superiores ou escolas superiores de-pende de prévia autorização do Poder Executivo.

Art. 14. Os institutos superiores de educação criadosna forma do Decreto n.º 3.276, de 6 de dezembro de1999, deverão definir planos de desenvolvimentoinstitucional.

Parágrafo único. Os institutos de que trata o caput,poderão ser organizados como unidades acadêmicasde instituições de ensino superior já credenciadas, de-vendo neste caso definir planos de desenvolvimentoacadêmico.

Art. 15. Anualmente, antes de cada período letivo, asinstituições de ensino superior tornarão públicos seuscritérios de seleção de alunos nos termos do art. 44,inciso II, da Lei n.º 9.394, de 1996, e de acordo com asorientações do Conselho Nacional de Educação.

§1.º Na ocasião do anúncio previsto no caput desteartigo, as instituições de ensino superior também torna-rão publicas:

I - a relação nominal dos docentes e sua qualificação,em efetivo exercício;

II - a descrição dos recursos materiais à disposição dosalunos, tais como laboratórios, computadores, aces-so às redes de informação e acervo das bibliotecas;

III-o elenco dos cursos reconhecidos e dos cursos emprocesso de reconhecimento;

IV-os resultados das avaliações do Exame Nacionalde Cursos e das condições de oferta dos cursossuperiores, realizadas pelo Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacionais – Inep; e

V - o valor dos encargos financeiros a serem assumidospelos alunos e as normas de reajuste aplicáveis aoperíodo letivo a que se refere o processo seletivo.

§ 2º O não-cumprimento do disposto no parágrafo an-terior, bem assim a publicação de informaçãoinverídica, constituem deficiências para os fins do § 1.ºdo art. 46 da Lei n.º 9.394, de 1996.

Capítulo IV

Da Avaliação

Art. 16. Para fins de cumprimento dos arts. 9.º e 46 daLei n.º 9.394, de 1996, o Ministério da Educação coor-denará a avaliação de cursos, programas e instituiçõesde ensino superior.

§ 1.º Para assegurar processo nacional de avaliação decursos e instituições de ensino superior, o Ministério daEducação manterá cooperação com os sistemas esta-duais de educação.

111 ANEXOS NORMAS LEGAIS

§ 2.º Para assegurar o disposto no § 3.º do art. 80 daLei n.º 9.394, de 1996, o Ministério da Educação coor-denará a cooperação e integração prevista com os sis-temas de ensino estaduais.

Art. 17. A avaliação de cursos e instituições de ensinosuperior será organizada e executada pelo Inep, com-preendendo as seguintes ações:

I - avaliação dos principais indicadores de desempe-nho global do sistema nacional de educação supe-rior, por região e Unidade da Federação, segundoas áreas do conhecimento e a classificação dasinstituições de ensino superior, definidos no Sistemade Avaliação e Informação Educacional do Inep;

II - avaliação institucional do desempenho individualdas instituições de ensino superior, considerando,pelo menos, os seguintes itens:

a) grau de autonomia assegurado pela entidademantenedora;

b) plano de desenvolvimento institucional;

c) independência acadêmica dos órgãos colegiados dainstituição;

d) capacidade de acesso a redes de comunicação esistemas de informação;

e) estrutura curricular adotada e sua adequação comas diretrizes curriculares nacionais de cursos de gra-duação;

f) critérios e procedimentos adotados na avaliação dorendimento escolar;

g) programas e ações de integração social;

h) produção científica, tecnológica e cultural;

i) condições de trabalho e qualificação docente;

j) a auto-avaliação realizada pela instituição e as provi-dências adotadas para saneamento de deficiênciasidentificadas; e

l) os resultados de avaliações coordenadas pelo Minis-tério da Educação; e

III - avaliação dos cursos superiores, mediante a análi-se dos resultados do Exame Nacional de Cursos edas condições de oferta de cursos superiores.

§ 1.º A análise das condições de oferta de cursos supe-riores referida no inciso III será efetuada nos locais deseu funcionamento, por comissões de especialistas de-vidamente designadas, e considerará:

I - organização didático-pedagógica;

II - corpo docente, considerando principalmente atitulação, a experiência profissional, a estrutura dacarreira, a jornada de trabalho e as condições detrabalho;

III- adequação das instalações físicas gerais e específi-cas, tais como laboratórios e outros ambientes eequipamentos integrados ao desenvolvimento docurso; e

112 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

IV - bibliotecas, com atenção especial para o acervoespecializado, inclusive o eletrônico, para as condi-ções de acesso às redes de comunicação e para ossistemas de informação, regime de funcionamentoe modernização dos meios de atendimento.

§ 2.º As avaliações realizadas pelo Inep subsidiarão osprocessos de recredenciamento de instituições de ensi-no superior e de reconhecimento e renovação de reco-nhecimento de cursos superiores.

Art. 18. A avaliação de programas de mestrado edoutorado, por área de conhecimento, será realizadapela Capes, de acordo com critérios e metodologiaspróprios.

Capítulo V

Dos Procedimentos Operacionais

Art. 19. A autorização para funcionamento e o reco-nhecimento de cursos superiores, bem assim ocredenciamento e o recredenciamento de instituiçõesde ensino superior organizadas sob quaisquer das for-mas previstas neste Decreto, terão prazos limitados,sendo renovados, periodicamente, após processo regu-lar de avaliação.

Art. 20. Os pedidos de credenciamento e derecredenciamento de instituições de ensino superior ede autorização, reconhecimento e renovação de reco-nhecimento de cursos superiores serão formalizadospelas respectivas entidades mantenedoras, atendendoaos seguintes requisitos de habilitação:

I - cópia dos atos, registrados no órgão oficial compe-tente, que atestem sua existência e capacidade jurí-dica de atuação, na forma da legislação pertinente;

II - prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pes-soa Jurídica (CNPJ);

III - prova de regularidade perante a Fazenda Federal,Estadual e Municipal;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Sociale ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;

V - demonstração de patrimônio para manter institui-ção ou instituições de educação;

VI - identificação dos integrantes do corpo dirigente,destacando a experiência acadêmica e adminis-trativa de cada um;

VII - prova de inscrição no cadastro de contribuintesestadual e municipal, se for o caso; e

VIII - estatuto da universidade ou centro universitário,ou regimento da instituição de ensino sem prerro-gativas de autonomia.

Parágrafo único. O Ministério da Educação definirá,em ato próprio, os requisitos de habilitação aplicáveisàs instituições federais de ensino superior nos proces-sos de que trata o caput.

Art. 21. As universidades, na forma disposta neste De-creto, somente serão criadas por novo credenciamentode instituições de ensino superior já credenciadas e em

113 ANEXOS NORMAS LEGAIS

funcionamento regular, e que apresentem bom desem-penho nas avaliações realizadas pelo Inep, ou, no casode instituições federais, por lei específica.

Parágrafo único. O credenciamento e o recreden-ciamento das universidades, bem assim a aprovaçãodos respectivos estatutos e suas alterações, serão efe-tivados mediante ato do Poder Executivo, após delibe-ração da Câmara de Educação Superior do ConselhoNacional de Educação, homologada pelo Ministro deEstado da Educação.

Art. 22. O processo de recredenciamento de universi-dades autorizadas ou credenciadas antes da vigênciada Lei n.º 9.394, de 1996, deverá ocorrer sem prejuízodo estabelecido no § 2.º do art. 88 da mesma Lei.

Art. 23. Os centros universitários, na forma dispostaneste Decreto, somente serão criados porcredenciamento de instituições de ensino superior jácredenciadas e em funcionamento regular, e que apre-sentem, na maioria de seus cursos de graduação, bomdesempenho na avaliação do Exame Nacional de Cur-sos e nas demais avaliações realizadas pelo Inep.

Parágrafo único. O credenciamento e recreden-ciamento dos centros universitários, bem assim a apro-vação dos respectivos estatutos e suas alterações, se-rão efetivados mediante ato do Poder Executivo, apósdeliberação da Câmara de Educação Superior do Con-selho Nacional de Educação, homologada pelo Minis-tro de Estado da Educação.

Art. 24. O credenciamento das faculdades integradas,faculdades, institutos superiores e escolas superioresdar-se-á mediante ato do Poder Executivo.

Art. 25. O credenciamento e o recredenciamento deinstituições de ensino superior, cumpridas todas as exi-gências legais, ficam condicionados a formalização determo de compromisso entre a entidade mantenedora eo Ministério da Educação.

Parágrafo único. Integrarão o termo de compromissode que trata o caput, os seguintes documentos:

I - plano de implantação e desenvolvimento de seuscursos superiores, de forma a assegurar o atendi-mento aos critérios e padrões de qualidade para ocorpo docente, infra-estrutura geral e específica eorganização didático-pedagógica, bem como adescrição dos projetos pedagógicos a serem im-plantados até sua plena integralização, consideran-do as diretrizes nacionais de currículo aprovadaspelo Conselho Nacional de Educação e homologa-das pelo Ministro de Estado da Educação;

II - critérios e procedimentos editados pelo Ministérioda Educação, reguladores da organização, supervi-são e avaliação do ensino superior;

III -descrição e cronograma do processo de expansãoda instituição a ser credenciada, em relação ao au-mento de vagas, abertura de cursos superiores,ampliação das instalações físicas e, quando for ocaso, abertura de cursos fora de sede;

IV - valor dos encargos financeiros assumidos pelosalunos e as normas de reajuste aplicáveis durante odesenvolvimento dos cursos;

V - projeto de qualificação da instituição, contendo,pelo menos, a descrição dos procedimentos de

114 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

auto-avaliação institucional, bem como os de aten-dimento aos alunos, incluindo orientação adminis-trativa, pedagógica e profissional, acesso aos labo-ratórios e bibliotecas e formas de participação dosprofessores e alunos nos órgãos colegiados res-ponsáveis pela condução dos assuntos acadêmi-cos; e

VI - minuta de contrato de prestação de serviços edu-cacionais a ser firmado entre a instituição e seusalunos, visando garantir o atendimento dos padrõesde qualidade definidos pelo Ministério da Educa-ção e a regularidade da oferta de ensino superiorde qualidade.

Art. 26. A autorização prévia para o funcionamentode cursos superiores em instituições de ensino superiormencionadas no inciso III do art. 7º deste Decreto seráformalizada mediante ato do Poder Executivo.

§ 1.º O ato de que trata o caput fixará o número devagas, o município e o endereço das instalações para ofuncionamento dos cursos autorizados.

§ 2.º O disposto no caput e no § 1.º deste artigo aplica-se, igualmente, aos cursos referidos no art. 10.

Art. 27. A criação de cursos de graduação em medici-na, em odontologia e em psicologia, por universidades edemais instituições de ensino superior, deverá ser sub-metida à manifestação do Conselho Nacional de Saúde.

§ 1.º O Conselho Nacional de Saúde deverá manifes-tar-se no prazo máximo de cento e vinte dias, contadosda data do recebimento do processo remetido pela Se-

cretaria de Educação Superior do Ministério da Educa-ção.

§ 2.º A criação dos cursos de que trata o caput depen-derá de deliberação da Câmara de Educação Superiordo Conselho Nacional de Educação, homologada peloMinistro de Estado da Educação.

Art. 28. A criação e o reconhecimento de cursos jurí-dicos em instituições de ensino superior, inclusive emuniversidades e centros universitários, deverão sersubmetidos à manifestação do Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil.

§ 1.º O Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil deverá manifestar-se no prazo máximo de centoe vinte dias, contados da data do recebimento do pro-cesso, remetido pela Secretaria de Educação Superiordo Ministério da Educação.

§ 2.º A criação dos cursos de que trata o caput depen-derá de deliberação da Câmara de Educação Superiordo Conselho Nacional de Educação, homologada peloMinistro de Estado da Educação.

Art. 29. Os atos de autorização prévia de funciona-mento de cursos de medicina, psicologia, odontologia edireito ofertados por universidade, em sua sede, não seestendem a cursos oferecidos fora de sua sede.

Art. 30. Os cursos superiores autorizados deverão ini-ciar suas atividades acadêmicas no prazo máximo deaté doze meses, contados da data de publicação do atolegal de sua autorização, findo o qual este será automa-ticamente revogado.

115 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Art. 31. O reconhecimento e a renovação de reconhe-cimento de cursos superiores serão formalizados medi-ante ato do Poder Executivo.

Parágrafo único. O reconhecimento e a renovação dereconhecimento de cursos de direito, medicina, odon-tologia e psicologia dependem de deliberação da Câ-mara de Educação Superior do Conselho Nacional deEducação, homologada pelo Ministro de Estado daEducação.

Art. 32. O reconhecimento e a renovação de reconhe-cimento de cursos superiores ofertados por universida-des, em sua sede, nos termos do artigo anterior, serãoformalizados mediante atos do Poder Executivo, quefixarão o município e os endereços de funcionamentode suas instalações.

Parágrafo único. Os atos referidos no caput não seestenderão a cursos oferecidos fora da sede da univer-sidade.

Art. 33. A autorização prévia de funcionamento decursos fora de sede, ofertados por universidades, emconformidade com o disposto no art. 10 deste Decreto,será formalizada mediante ato do Poder Executivo,após deliberação da Câmara de Educação Superior doConselho Nacional de Educação, homologado pelo Mi-nistro de Estado da Educação, que fixará o município eo endereço de seu funcionamento.

Art. 34. O Ministério da Educação, após a aprovaçãopela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacio-nal de Educação, estabelecerá os critérios e procedi-mentos para:

I - o credenciamento e recredenciamento de institui-ções de ensino superior referidas no inciso III doart. 7.º;

II - a autorização prévia de funcionamento de cursossuperiores em instituições não-universitárias;

III - o reconhecimento de cursos superiores, ressalva-dos os que dependem de deliberação individual daCâmara referida no caput; e

IV - a elaboração de regimentos por parte de institui-ções de ensino superior não-universitária.

§ 1.º Os critérios e procedimentos referidos no caputdeverão levar em consideração, obrigatoriamente, osresultados da avaliação do Exame Nacional de Cursose das demais avaliações realizadas pelo Inep.

§ 2.º Compete ao Departamento de Políticas do EnsinoSuperior, da Secretaria de Educação Superior do Mi-nistério da Educação, considerando os resultados dasavaliações realizadas pelo Inep:

I - a preparação dos atos necessários à execuçãodos procedimentos estabelecidos na forma docaput;

II - a instrução dos processos de deliberação obrigató-ria pela Câmara de Educação Superior do Conse-lho Nacional de Educação; e

III - a expedição de notificação ao interessado na hipó-tese de indeferimento do pleito.

116 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

§ 3.º Recebida a notificação de que trata o inciso III do§ 2.º, o interessado poderá apresentar recurso ao Se-cretário de Educação Superior do Ministério da Educa-ção, observado o prazo de trinta dias contados da ex-pedição da notificação.

§ 4.º Na apreciação do recurso de que trata o parágra-fo anterior, o Secretário de Educação Superior do Mi-nistério da Educação poderá solicitar a manifestaçãoda Câmara de Educação Superior do Conselho Nacio-nal de Educação sobre a matéria.

§ 5.º No caso de decisão final desfavorável nos proces-sos de credenciamento de instituições de ensino superiore de autorização prévia de funcionamento de cursos su-periores, inclusive os fora de sede em universidades, osinteressados só poderão apresentar nova solicitação re-lativa ao mesmo curso ou instituição após decorrido oprazo de dois anos, a contar da publicação do ato.

Art. 35. Identificadas deficiências ou irregularidadesmediante ações de supervisão ou de avaliação ereavaliação de cursos ou instituições de ensino superior,nos termos do art. 46 da Lei 9.394, de 1996, ou odescumprimento do disposto no termo de compromissomencionado no art. 25 deste Decreto, o Poder Execu-tivo determinará, em ato próprio, conforme o caso:

I - a suspensão do reconhecimento de cursos superio-res;

II - a desativação de cursos superiores;

III - a suspensão temporária de prerrogativas de auto-nomia de universidades e centros universitários;

IV - a intervenção na instituição de ensino superior; e

V - o descredenciamento de instituições de ensino su-perior.

§ 1.º O baixo desempenho em mais de uma avaliaçãono Exame Nacional de Cursos e nas demais avaliaçõesrealizadas pelo Inep poderá caracterizar as deficiênci-as de que trata o caput.

§ 2.º O ato de intervenção referido no caput especifi-cará sua amplitude, prazo e condições de execução, eserá acompanhado de designação de dirigente protempore.

Art. 36. O Ministério da Educação, ouvida a Câmarade Educação Superior do Conselho Nacional de Edu-cação, estabelecerá os procedimentos para:

I - suspensão do reconhecimento de cursos superiores;

II - a desativação de cursos superiores;

III - a suspensão temporária de prerrogativas de auto-nomia de universidades e centros universitários,observado o disposto no caput do art. 35;

IV - a intervenção em instituição de ensino superior; e

V - o descredenciamento de instituições de ensino su-perior .

§ 1.º Os cursos de graduação que tenham obtido,reiteradamente, desempenho insuficiente na avaliaçãodo Exame Nacional de Cursos e nas demais avaliações

117 ANEXOS NORMAS LEGAIS

realizadas Inep terão seu reconhecimento suspensomediante ato do Poder Executivo.

§ 2.º As instituições de ensino superior de que trata ocaput terão prazo de um ano para solicitar novo reco-nhecimento, sendo vedada a abertura de processo se-letivo de ingresso de novos alunos até que o curso ob-tenha novo reconhecimento.

§ 3.º Decorrido o prazo de que trata o parágrafo an-terior sem que a instituição tenha solicitado novo re-conhecimento, ou caso o processo de novo reconhe-cimento identifique a manutenção das deficiências eirregularidades constatadas, o curso serádesativado.

§ 4.º As instituições de ensino superior credenciadascomo centros universitários e universidades e que pos-suam desempenho insuficiente na avaliação do ExameNacional de Cursos e nas demais avaliações realizadaspelo Inep terão suspensas as prerrogativas de autono-mia, mediante ato do Poder Executivo.

§ 5.º As instituições de que trata o § 4.º serão submeti-das, nos termos do art. 34, a imediato processo derecredenciamento.

Art. 37. No caso de desativação de cursos superiorese de descredenciamento de instituições, caberá à enti-dade mantenedora resguardar os direitos dos alunos,dos docentes e do pessoal técnico administrativo.

Parágrafo único. São assegurados aos alunos decursos desativados ou com o reconhecimentosuspenso:

I - a convalidação de estudos até o final do períodoem que estiverem matriculados para efeito detransferência; e

II - o registro do diploma no caso daqueles que tenhamconcluído o curso ou estejam matriculados no últi-mo período letivo, desde que comprovado o apro-veitamento escolar

Art. 38. Será sustada a tramitação de solicitações decredenciamento e recredenciamento de instituições deensino superior, e de autorização, reconhecimento erenovação de reconhecimento de cursos superiores,quando a proponente estiver submetida a processo deaveriguação de deficiências ou irregularidades.

Art. 39. Os processos que, na data de publicação des-te Decreto, estiverem protocolizados no Conselho Na-cional de Educação serão deliberados pela sua Câma-ra de Educação Superior e submetidos à homologaçãodo Ministro de Estado da Educação.

Art. 40. Fica delegada ao Ministro de Estado da Edu-cação competência para a prática dos atos referidosno § 1.º do art. 8.º, nos arts. 10, 13, 21, 23, 24, 26, 31,32, 33, 35 e 36 deste Decreto.

Art. 41. Ficam revogados os Decretos n.º 2.026, de 10de outubro de 1996, e 2.306, de 19 de agosto de 1997.

Brasília, 9 de julho de 2001; 180º da Independência e113º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOPaulo Renato Souza

(Diário Oficial, Brasília, 10-07-2001, Seção 1, p. 2.)

118 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

Decreto n.º 3.864, de 11 de julhode 2001

Acresce dispositivo ao Decreto n.º 3.860, de 9 de ju-lho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensinosuperior e a avaliação de cursos e instituições.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso dasatribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,da Constituição, e tendo em vista o disposto nas Leisn.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, 9.131, de 24de novembro de 1995, e 9.394, de 20 de dezembrode 1996,

Decreta:

Art. 1.º O Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001,passa a vigorar acrescido do seguinte dispositivo:

“Art. 42. Este Decreto entra em vigor em 12 de julhode 2001.” (NR)

Art. 2.º Este Decreto entra em vigor na data de suapublicação.

Brasília, 11 de julho de 2001; 180º da Independência e113º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOPaulo Renato Souza

(Diário Oficial, Brasília, 12-07-2001, Seção 1, p. 1.)

119 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Portaria n.º 1.465, de 12 de julhode 2001

O MINISTRO DA EDUCAÇÃO, no uso de suasatribuições e tendo em vista a necessidade de estabe-lecer critérios e procedimentos para o processo derecredenciamento de instituições de educação superiordo sistema federal de ensino, observado o disposto naLei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e no Decreton.º 3.860, de 09 de julho de 2001, resolve:

Art. 1.º O processo de recredenciamento de universida-des e centros universitários, credenciados ou regular-mente autorizados, terá início no prazo de noventa dias,contados a partir da data de publicação desta Portaria.

Parágrafo único. O credenciamento das instituições deque trata o caput vigorará até a conclusão do processode recredenciamento previsto nesta Portaria.

Art. 2.° As instituições de que trata o art. 1.° deverãoapresentar à Secretaria de Educação Superior, SESu,do Ministério da Educação, MEC, pedido derecredenciamento 180 dias antes do vencimento doseu prazo legal de credenciamento, atendendo aos re-quisitos de habilitação estabelecidos no art. 20 do De-creto n.º 3.860, de 2001.

§ 1.° As instituições com prazo de credenciamento jádecorrido, deverão protocolizar em noventa dias, acontar da publicação desta Portaria, pedido derecredenciamento.

§ 2.° Decorrido o prazo de que trata o art. 1° destaPortaria, a SESu comunicará às instituições regular-mente constituídas, sem prazo definido de autorização

ou credenciamento, o início de seu processo derecredenciamento.

§ 3.° A partir do recebimento da comunicação de quetrata o parágrafo anterior, as instituições deverão, noprazo de trinta dias úteis, protocolizar na SESu pedidode recredenciamento.

Art. 3.° Observado o disposto no artigo anterior, aSESu solicitará ao Instituto Nacional de Estudos e Pes-quisas Educacionais, Inep, a realização de avaliação nainstituição em processo de recredenciamento.

§ 1.° Os procedimentos e os critérios da avaliação deque trata o caput, serão estabelecidos em portaria doInep.

§ 2.° A avaliação será realizada no prazo de até 180dias a contar da data da solicitação da SESu.

§ 3.° O resultado da avaliação realizada pelo Inep, bemcomo o conjunto de informações solicitadas, integraráo relatório da SESu.

Art. 4.° O relatório da SESu será encaminhado paradeliberação da Câmara de Ensino Superior, CES, doConselho Nacional de Educação, CNE.

§ 1.° A CES poderá determinar à instituição, por inter-médio da SESu, o cumprimento, no prazo máximo dedoze meses, de exigências com vistas ao saneamentodas deficiências identificadas.

§ 2.° Cumpridas as exigências de que trata o parágrafoanterior a SESu encaminhará à CES novo relatório so-bre o processo de recredenciamento da Instituição.

120 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

§ 3.° A deliberação favorável ao recredenciamento dainstituição fixará seu prazo de validade, a localidade e oendereço da sede, dos campi e dos cursos fora de sededa instituição.

§ 4.° A deliberação desfavorável ao recredenciamentoda instituição indicará, se for o caso, seucredenciamento em outra classificação institucional.

Art. 5.° A homologação ministerial de deliberação fa-vorável ao recredenciamento dependerá da assinaturado Termo de Compromisso e anexos, previstos noArt. 25 do Decreto n.º 3.860, de 2001, e será efetivadomediante ato do Poder Executivo.

Art. 6.° A homologação de parecer desfavorável con-duzirá ato do Poder Executivo de descredenciamentoda instituição ou, se for o caso, de credenciamento emoutra classificação institucional.

Parágrafo único. São assegurados aos alunos de insti-tuições descredenciadas:

I - a oferta regular dos cursos superiores até afinalização do período letivo em que ocorra odescredenciamento da instituição;

II - a convalidação de estudos até o final do períodoletivo em que estiverem matriculados para efeitode transferência;

III- o registro do diploma no caso daqueles que tenhamconcluído o curso ou estejam matriculados no últi-mo período letivo, desde que comprovado sua con-clusão com aproveitamento escolar.

Art. 7.º A SESu recomendará à CES o recreden-ciamento, pelo prazo de cinco anos, das universidadese centros universitários que, na data de publicaçãodesta Portaria, atenderem aos seguintes requisitos :

I - ter obtido conceitos A ou B em mais da metade deseus cursos avaliados nas três últimas edições doExame Nacional de Cursos

II - ter obtido conceitos CMB ou CB em mais da meta-de de seus cursos avaliados nas condições de ofer-ta dos cursos de graduação;

III - ter comprovado, no caso de universidades, a ofer-ta de programa de pós-graduação stricto sensuavaliado com conceito igual ou superior a três pelaFundação Coordenação de Aperfeiçoamento doPessoal de Nível Superior, Capes e reconhecidospelo MEC;

IV - ter atendido ao disposto no art. 52 da Lei 9.394, de20/12/1996.

Parágrafo único. As instituições de que trata o caputdeverão apresentar pedido de recredenciamento àSESu, acompanhado de seu plano de desenvolvimentoinstitucional para um período de cinco anos.

Art. 8.º Esta Portaria entra em vigor na data de suapublicação, revogadas as disposições em contrário.

PAULO RENATO SOUZA

(Diário Oficial, Brasília, 13-07-2001, Seção 1, p. 36.)

121 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Portaria n.º 1.466, de 12 de julhode 2001

O MINISTRO DA EDUCAÇÃO, no uso de suasatribuições, considerando o disposto na Lei n.º 9.131,de 24 de novembro de 1995, na Lei n.º 9.394, de 20 dedezembro de 1996, e no Decreto n.° 3.860, de 09 dejulho de 2001, e considerando ainda a necessidade deestabelecer procedimentos de autorização de cursosfora de sede por universidades, resolve:

Art. 1.º As universidades, mediante prévia autoriza-ção do Ministério da Educação, MEC, poderão criarcursos superiores em municípios diversos da sede defi-nida nos atos legais de seu credenciamento, desde quesituados na mesma unidade da federação.

§1.º Para os fins do disposto no art. 52 da Lei n.º 9.394,de 1996, os cursos criados na forma deste artigo inte-grarão o conjunto da universidade.

§2.º Os cursos fora de sede autorizados funcionarão emlocalidade e em endereços determinados, circunscritos àunidade da federação da sede, indicada expressamentena publicação do ato ministerial de autorização.

Art. 2.º A autonomia prevista no inciso I do art. 53 daLei n.º 9394, de 1996, não se estende a cursos oucampus fora de sede de universidades.

Art. 3.º A universidade deverá possuir, quando do plei-to de cursos fora de sede, pelo menos, um programa demestrado ou doutorado avaliados positivamente pela

Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento do Pes-soal de Nível Superior, Capes e regularmente autoriza-dos, bem como adequado desempenho de seus cursosde graduação nas avaliações coordenadas pelo Minis-tério da Educação.

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, a to-talidade dos cursos de graduação submetidos a avalia-ção deverão ter obtido, pelo menos, 50% de conceitosA, B e C no mais recente Exame Nacional de Cursose, pelo menos, 50% de conceitos CMB (condiçõesmuito boas), CB (condições boas) e CR (condições re-gulares) na avaliação das condições de oferta de cur-sos de graduação.

Art. 4.º Os pedidos de autorização de cursos superio-res fora de sede deverão ser apresentados ao Protocoloda Secretaria de Educação Superior, SESu, do MEC,acompanhados de projeto do qual deverá constar, nomínimo, os seguintes tópicos:

I - da universidade proponente:

a) descrição do estágio atual de desenvolvimento dainstituição e da necessidade de sua expansão;

b) justificativa da criação do curso fora de sede, noâmbito do planejamento de atividades acadêmicas dauniversidade proponente;

c) relatórios de auto-avaliação, quando houver;

d) plano de desenvolvimento institucional da universi-dade e planejamento acadêmico dos cursos fora de

122 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

sede, detalhando o projeto de expansão e melhoria daqualidade do ensino por um período mínimo de cincoanos;

e) compromisso de alteração do estatuto da instituição,promovendo as adaptações necessárias, indicando alocalidade e o endereço de funcionamento do novocurso;

f) comprovante da entrega das informações referentesao censo de ensino superior, do ano em curso, ao Insti-tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais,Inep.

II - do projeto:

a) caracterização da localidade ou região de influênciaonde os cursos serão instalados;

b) planejamento administrativo e financeiro do proces-so de implantação do novo curso;

c) caracterização dos cursos a serem oferecidos, ob-servando a legislação vigente que trata da abertura decursos superiores, destacando especialmente, sua or-ganização curricular, número e qualificação dos docen-tes, número de vagas e de turmas;

d) indicação de recursos, quando houver, além dos pro-venientes de receitas com mensalidades e anuidades,para o desenvolvimento de atividades de pesquisa eextensão;

e) definição, quando for o caso, das áreas de pesquisaa serem integradas ao novo curso.

Art. 5.º Atendido o disposto no artigo anterior a SESusolicitará ao Inep, informações sobre as avaliações re-alizadas na instituição proponente do curso.

Parágrafo único. A SESu designará comissão de espe-cialistas para verificar as condições iniciais de ofertado curso.

Art. 6.º Os resultados da verificação, bem como oconjunto de informações solicitadas, integrarão o rela-tório da SESu que será encaminhado para deliberaçãoda Câmara de Educação Superior, CES, do ConselhoNacional de Educação, CNE.

Parágrafo único. A deliberação de que trata o caputdeverá indicar o número de vagas e o endereço defuncionamento do curso fora de sede e será encami-nhada ao MEC para homologação do Ministro daEducação.

Art. 7.º Os cursos fora de sede autorizados e implan-tados de acordo com o trâmite previsto nesta Portariaserão submetidos a avaliação conjunta com a universi-dade.

Art. 8.º Os atos de reconhecimento e renovação dereconhecimento de cursos superiores ofertados nasede da universidade não se estendem aos cursos forade sede.

Parágrafo único. Os atos de autorização prévia defuncionamento de cursos de medicina, psicologia,odontologia e direito ofertados por universidade, emsua sede, não se estendem a cursos oferecidos forade sua sede.

123 ANEXOS NORMAS LEGAIS

Art. 9.º Será sustada a tramitação de solicitações eautorizações de que trata esta Portaria, quando a pro-ponente ou sua mantenedora estiver submetida asindicância ou inquérito administrativo .

Art. 10 Fica revogada a Portaria n.º 752 de 2 de julhode 1997.

Art. 11 Esta Portaria entra em vigor na data de suapublicação.

PAULO RENATO SOUZA

(Diário Oficial, Brasília, 13-07-2001, Seção 1, p. 36.)

124 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

125PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA ABMES ÉDSON FRANCO

NORMAS PARAAPRESENTAÇÃO DEORIGINAIS

Associação Brasileira de Mante-nedoras de Ensino Superior (ABMES), por meio da re-vista Estudos, organizará e publicará textos de confe-rências apresentadas nos seminários realizados sobretemas específicos, acompanhados de conclusões e deanexos.

A revista poderá, ainda, publicar trabalhos (ensaios, ar-tigos de pesquisa, textos de referência e outros) sobretemas e questões de interesse específico das institui-ções de ensino superior associadas, os quais deverãoser submetidos à aprovação da Diretoria da ABMES edo Conselho Editorial.

Em ambos os casos, os trabalhos deverão ser inéditose enviados para a publicação exclusiva da revista Estudos.

Apresentação dos originais

Os trabalhos obedecerão à seguinte estru-tura básica:

Título acompanhado do subtítulo, quando for o caso,claro, objetivo e sem abreviaturas;

Nome do autor e colaboradores por extenso, em itáli-co e negrito, com chamada (*) para rodapé, onde serãoindicadas credenciais escolhidas pelo autor;

Duas cópias digitadas em espaço duplo, sem emen-das, acompanhadas do respectivo disquete, versãoWindword 6.0 ou superior. Salvo casos absolutamenteexcepcionais e justificados, os originais não devem ul-trapassar o limite de 15 a 20 páginas digitadas.

Resumo de 10 linhas, que sintetize os propósitos, méto-dos e principais conclusões.

Dados sobre o autor – nome completo, endereço, te-lefone, fax, e-mail, vinculação institucional, cargo, áreade interesse, últimas publicações etc.

Notas exclusivamente de natureza substantiva, nume-radas seqüencialmente e datilografadas em folhasseparadas. As menções a autores, no correr do texto,devem subordinar-se à forma – autor/data – como no

A

ESTUDOS 29

126 ESTUDOS 29 JULHO DE 2001

exemplo: (Santos, 1997). Diferentes títulos do mesmoautor, publicados no mesmo ano, devem ser diferencia-dos adicionando-se uma letra depois da data. Exem-plos: (Santos, 1997a), (Santos, 1997b).

Ilustrações complementares – quadros, mapas, gráfi-cos e outras – apresentadas em folhas separadas dotexto, com indicação dos locais onde devem serinseridas, numeradas, tituladas e com a indicação dafonte. Sempre que possível, devem estar confecciona-das para a sua reprodução direta.

Siglas e abreviações registradas entre parênteses,seguidas de suas significações. As siglas de mais detrês letras formando palavras devem aparecer em cai-xa alta e baixa. Exemplo: Unesco.

As citações de até quatro linhas devem ser destaca-das no parágrafo, entre aspas, sem alteração do tama-nho de letra. As citações maiores devem ser destaca-das em espaços recuados à esquerda e à direita, emtipo menor, e sem aspas. deve-se evitar o uso de cita-ções em negrito e em caixa alta. As palavras e/ou ex-pressões em língua estrangeira devem aparecer emitálico.

As referências bibliográficas, apresentadas ao finaldo artigo, devem aparecer em ordem alfabética, obe-decendo às normas da ABNT, conforme exemplos:

1. Livros

DIAS, Gonçalves. Gonçalves Dias: poesia. Organi-zada por Manuel Bandeira; revisão crítica porMaximiano de Carvalho e Silva. 11. ed. Rio deJaneiro: Agir, 1983.

2. Artigos em revistas

MOURA, Alexandrina Sobreira de. Direito de habita-ção às classes de baixa renda. Ciência & Trópi-co, Recife, v.11, n.1, p.71-78, jan./jun. 1983.

METODOLOGIA do Índice Nacional de Preços aoConsumidor - INPC. Revista Brasileira de Esta-tística, Rio de Janeiro, v. 41, n. 162, p. 323-330,abr./jun. 1980.

3. Artigos em jornais

COUTINHO, Wilson. O Paço da Cidade retorna seubrilho barroco. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,6 mar. 1985. Caderno B, p.6.

BIBLIOTECA climatiza seu acervo. O Globo, Rio dejaneiro, 4 mar. 1985. p.11, c. 4.

127NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE ORIGINAIS

4. Leis, decretos e portarias

BRASIL. Decreto-lei n° 2423, de 7 de abril de 1998.Estabelece critérios para pagamento de gratifica-ções e vantagens pecuniárias as titulares de car-gos e empregos da Administração Federal diretae autárquica e dá outras providências. Diário Ofi-cial [da República Federativa do Brasil], Brasília,v. 126, n.66, p.6009, 8 abr. 1998. Seção 1, pt.1.

5. Coletâneas

ABRANCHES, Sérgio Henrique. “Governo, empresaestatal e política siderúrgica: 1930-1975”, in O .B. Lima & S. H. Abranches (org.), As origensda crise, São Paulo, IUPERJ/Vértice, 1987.

6. Teses acadêmicas

VON SIMSON, Olga de Moraes. Brancos e negrosno carnaval popular paulistano. Tese de Dou-torado. FFLCH/USP, 1989.

7. Autores repetidos

O autor de várias obras referenciadas, sucessivamen-te, deve ser substituído por um travessão nas referên-cias seguintes à primeira.Os artigos recebidos, aceitos ou não para publicação,não serão devolvidos aos seus autores.

O envio de trabalhos implica cessão de direitos auto-rais para a revista.

Serão fornecidos, ao autor principal de cada artigo, cin-co (5) exemplares do número da revista em que seuartigo foi publicado.

Os textos assinados são de responsabilidade de seusautores.

Esta obra foi composta em Times New Roman eimpressa nas oficinas da Athalaia Gráfica e EditoraLtda, no sistema off-set sobre papel off-set 90g/m2,com capa em papel couchê fosco 240g/m2, para aAssociação Brasileira de Mantenedoras de EnsinoSuperior (ABMES), em julho de 2001.