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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
ESTIMULAÇÃO DOS NÚCLEOS SUBTALÂMICOS
EM DOENÇA DE PARKINSON
2008
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
2
I – Elaboração Final:
II – Origem: CT de MBE da Unimed Federação-SC. Responsáveis Técnicos pela
Avaliação : Alvaro Koenig e Carlos Augusto Cardim d e Oliveira
III – Tema: Estimulação cerebral profunda para controle dos sintomas da doença de
Parkinson avançada e de difícil controle farmacológico
IV – Especialidades Envolvidas: Neurologia, neurocirurgia e auditoria médica
V – Questão Clínica:
Parte 1: A estimulação cerebral profunda dos núcleos subtalâmicos proporciona
benefícios clínicos relevantes para os pacientes com doença de Parkinson avançada e
de difícil controle farmacológico em longo prazo?
Parte 2: O procedimento é seguro para os pacientes?
VI – Enfoque : Tratamento
VII - Introdução: 1. CONDIÇÃO CLÍNICA
O manejo da doença de Parkinson é predominantemente farmacológico.
Nos primeiros cinco a 10 anos costuma haver controle adequado dos sintomas
com os fármacos antiparkinsonianos (levodopa e agonistas da dopamina).
Com o avanço da doença o efeito da levodopa torna-se
progressivamente mais curto após cada dose (on medication), deixando o
paciente em estado semelhante ao de não-medicação (off medication), com
quadro de flutuação motora.
A discinesia consiste de movimentos involuntários que podem ser
coréicos ou até mioclônicos. Ela ocorre quando o paciente está sob efeito da
levodopa e se connstitui em um dos efeitos adversos mais importantes do uso
crônico da levodopa.
Experimentos animais mostram que a atividade neuronal no núcleo
subtalâmico (STN), globo pálido pars interna (GPi) é exagerada nos casos de
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Parkinson e que o bloqueio ou lesão destes núcleos estão associados com
melhora dos sintomas. Talamotomia, palidotomia e estimulação cerebral
profunda são abordagens cirúrgicas para o controle dos sintomas do
Parkinson.
A estimulação cerebral profunda mimetiza intervenções mais drásticas
como talomotomia ou palidotomia, mas com menor risco de déficits
neurológicos permanentes. Requer, no entanto, ajustes freqüentes no pós-
operatório e manutenção permanente, com risco de infecção e de
complicações no equipamento.
A Academia Americana de Neurologia divulgou as seguintes orientações,
baseadas em evidências, para o uso da estimulação cerebral profunda (DBS)
dos núcleos subtalâmicos (STN-DBS) em pacientes com Parkinson:
1. A STN-DBS pode ser considerada como opção de tratamento para
melhorar a função motora e para reduzir flutuações na parte motora e
discinesia (grau de recomendação fraco).
2. Os pacientes devem ser aconselhados sobre os possíveis riscos e
benefícios do procedimento. Resposta prévia à levodopa é
provavelmente preditiva do grau de melhora após a cirurgia (grau de
recomendação moderado).
3. Menor idade e menor tempo de evolução do Parkinson são possíveis
preditores da resposta à cirurgia (recomendação fraca).
O objetivo desta revisão é avaliar a efetividade e a segurança da
estimulação dos núcleos subtalâmicos no controle dos sintomas oriundos da
doença de Parkinson em si e dos efeitos adversos da terapia medicamentosa
antiparkinsoniana.
2. DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO
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Por métodos estereotáticos e guiado por imagem( ressonância magnética ou
tomografia) o neurocirurgião posiciona os microeletrodos nas áreas desejadas
(núcleos subtalâmicos ou globo pálido). Estes eletrodos são conectados ao
neuroestimulador, usualmente implantado em área subclavicular, por meio de
cabos tunelizados por via subcutânea. Com o paciente acordado é realizada a
estimulação para confirmar a localização mais adequada dos eletrodos,
verificada pela diminuição no tremor de extremidades.
Nos estudos sobre tratamento da doença de Parkinson, a escala
unificada de graduação da doença de Parkinson (UPDRS) é um instrumento objetivo
para avaliação de desfechos clínicos. Sua pontuação total vai de 0 (assintomático) a
199 (severamente comprometido pela doença). A escala é dividida em quatro
componentes:
1. Comportamento, humor e capacidade mental – escore de 0 a 16
2. Atividades da vida diária – escore de 0 a 52
3. Exame da função motora – escore de 0 a a 108
4. Complicações da terapêutica na semana anterior – escore de 0 a 23
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VIII - Metodologia:
• Fonte de dados: PUBMED, Biblioteca do Cochrane, National Institute for
Health and Clinical Excellence (NICE), Canadian Agency for Drugs and
Technologies in Health (CADTH), Health Technology Assessment (HTA - NHS)
nas línguas inglês, espanhol e português.
• Palavras-chaves: Parkinson disease; deep brain stimulation
• Desenhos dos estudos buscados: Foram buscadas revisões sistemáticas,
metanálises e avaliações de tecnologia, assim como, ensaios clínicos
randomizados que não estejam contemplados nas avaliações ou metanálises
identificadas anteriormente. Havendo meta-análises e ensaios clínicos, apenas
estes estudos serão detalhadamente descritos. Na ausência de ensaios
clínicos randomizados, foi realizada busca e avaliação da melhor evidência
disponível (estudos não randomizados ou não-controlados).
• Período pesquisado: Últimos 10 anos
• População Incluída: adultos
O grau de recomendação tem como objetivos dar transparência às
informações, estimular a busca de evidência científica de maior força e auxiliar
a avaliação crítica do leitor, o responsável na tomada de decisão junto ao
paciente.
Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - “Oxford Centre for
Evidence-based Medicine” - última atualização maio de 200117
Grau de
Recomendação
Nível de
Evidência
Tratamento/
Prevenção – Etiologia
Diagnóstico
A
1A
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de Ensaios Clínicos Controlados e
Randomizados
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de Estudos Diagnósticos nível 1 Critério
Diagnóstico de estudos nível 1B, em diferentes
centros clínicos
1B Ensaio Clínico Controlado e Randomizado
com Intervalo de Confiança Estreito
Coorte validada, com bom padrão de referência
Critério Diagnóstico testado em um único centro
clínico
1C Resultados Terapêuticos do tipo “tudo
ou nada”
Sensibilidade e Especificidade próximas de
100%
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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B
2A Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de Estudos de Coorte
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 2
2B
Estudo de Coorte (incluindo Ensaio
Clínico
Randomizado de Menor Qualidade)
Coorte Exploratória com bom padrão de
Referência Critério Diagnóstico derivado ou
validado em amostras fragmentadas
ou banco de dados
2C
Observação de Resultados
Terapêuticos
(outcomes research)
Estudo Ecológico
3A Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de Estudos Caso-Controle
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 3B
3B Estudo Caso-Controle
Seleção não consecutiva de casos, ou
padrão de referência aplicado de forma
pouco consistente
C 4 Relato de Casos (incluindo Coorte ou
Caso-Controle de menor qualidade)
Estudo caso-controle; ou padrão de
referência pobre ou não independente
D 5 Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo
fisiológico ou estudo com animais)
IX – Principais estudos encontrados
IX.1 Resumo dos estudos encontrados
Motto C, Tamma F, Candelise L. Deep brain stimulati on of subthalamic
nucleus for Parkinson's disease (Protocol for a Co chrane Review). In:
The Cochrane Library, Issue 2, 2005. Oxford: Update Software.
Nesta revisão sistemática, incluindo 3 ensaios clínicos randomizados, os
autores comparam a eficácia e segurança dos procedimentos neuroablativos
(talamotomia e palidotomia) com a estimulação cerebral profunda no controle dos
sintomas da doença de Parkinson. Não foi possível realizar metanálise dos dados
devido à diversidade de desfechos analisados nos estudos.
Os autores concluem que não há dados suficientes para afirmar que a
neuroestimulação seja mais efetiva que os procedimentos neuroablativos no
tratamento das complicações da doença de Parkinson.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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Comentário: Revisão sistemática com alta qualidade metodológica que se limita a
avaliar a efetividade dos 2 procedimentos. A decisão por um deles deve levar em
conta efeitos adversos e o aspecto da irreversibilidade dos procedimentos
neuroablativos.
American Academy of Neurology. Summary of evidence- based guideline for
clinicians. Medical and surgical treatment of Parki nson disease with motor
fluctuations and dyskinesia. 2006. Disponível em : www.aan.com
A estimulação dos núcleos subtalâmicos pode ser considerada como uma
opção de tratamento em pacientes com Parkinson para melhorar a função motora e
reduzir flutuações motoras, discinesias e uso de medicação antiparkinsoniana.(GRAU
C). Os pacientes precisam ser orientados sobre os riscos e benefícios do
procedimento. Pacientes mais jovens e com doennça de menor duração(< 16 anos)
apresentam maior probabilidade de desfechos favoráveis com a neuroestimulação em
comparação com pacientes mais idosos e com doença de longa duração.
Medical Services Advisory Committee Australia. Deep brain stimulation for the
symptoms of Parkinson's disease. Disponível em : www.msac.gov.au
O comitê afirma haver evidências suficientes de segurança e efetividade sobre
a estimulação de núcleos da base no tratamento de pacientes com doença de
Parkinson que não consigam obter resposta satisfatória com o tratamento médico
otimizado e que tenham efeitos colaterias incapacitantes relacionados aos
medicamentos antiparkinsonianos. Recomenda que haja financiamento público deste
procedimento para pacientes bem selecionados.
Kleiner–Fisman G et al. Subthalamic nucleus deep br ain stimulation:
summary and metaanalysis of outcomes. Mov Disorder s 2006: Jun 21
Suppl 14:S290-304
Metanálise com inclusão de 37 estudos de coorte com avaliação da
heterogeneidade dos estudos e verificação de vieses. Foram incluídos estudos
publicados no Medline e Ovid de 1993 à 2004.
Foram estimadas as variações nos escores UPDRS II e III comparando
a avaliação antes do procedimento, com o paciente não sob efeito da
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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medicação (medication off), e após a neuroestimulação, com o paciente sob
estimulação, mas não sob efeito de medicação (stimulation on/medication off).
Os dados de 22 estudos foram incluídos na metanálise.
Resultados:
• Comparando a avaliação pré-operatória sem efeito da medicação
com a fase pós-operatória com estimulação e também sem efeito da
medicação, foi verificada a seguinte redução (melhora) nos escores:
• Atividades da vida diária (UPDRS II) - 13,35 (IC 95% 10,85 –
15,85) – 50%
• Atividade motora – UPDRS III - 27,5 (IC 95% 24,23-30,87) – 52%
• Número de horas diárias sem efeito da medicação (medication
off): 68,2%
• Melhora na qualidade de vida medida por PDQ-39 = 34,5%(DP
15,3%)
• Redução na dose L-dopa: 55,9% (IC 95% 50 – 61,8%)
• Redução da discinesia : 69,1% (IC 95% 62 – 76,2)
Efeitos Adversos:
• Hemorragia intracraniana: 3,9%
Comentário dos revisores:Metanálise de estudos de coorte. Foi verificada
significativa heterogeneidade entre os resultados dos diversos estudos. Os
autores enfatizam a necessidade de ensaios clínicos comparativos,
randomizados e bem delineados.
Nível de evidência moderado.
Hamani C et al. Bilateral subthalamic nucleus stimu lation for Parkinson’s
disease: a systematic review of the clinical litera ture. Neurosugery
2005:56:1313-24.
Revisão sistemática que inclui 38 estudos, dos quais somente 6 eram
ensaios clínicos randomizados.
Não foi realizada avaliação da qualidade metodológica dos estudos
incluídos.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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Foram calculadas as reduções médias aos 6,12, 24 e 60 meses após a
neuroestimulação subtalâmica para os seguintes aspectos:
− atividades da vida diária (UPDRS II)
− disfunção motora (UPDRS III)
− dose de levodopa
− escores de discinesia, tremor, marcha, rigidez e instabilidade
postural.
Resultados:
Cinco anos após à neuroestimulação os pacientes apresentaram
melhora nos seguintes itens, sob efeito ou não da medicação (off/on
medication) , respectivamente:
UPDRS II (atividades da vida diária): 42% e 48%
UPDRS III (exame motor): 49% e 58%
Dose de levodopa: 59%
Foram observadas as seguintes complicações com a neuroestimulação:
Mortalidade – 0,4%
o Depressão – 4,7%
o Confusão – 13,7%
o Hemorragia IC – 2,8%
Comentário dos revisores: Metanálise com critérios bem definidos para
exclusão e inclusão dos estudos. Busca restrita ao Medline.
Dos 38 estudos incluídos apenas 6 eram ensaios clínicos randomizados, sendo
que destes apenas 2 compararam a neuroestimulação com outras
intervenções. Não foi avaliada a qualidade metodológica dos estudos incluídos.
A maioria dos estudos comparou escores antes e após a neurocirurgia no
mesmo grupo de pacientes.
Nível de evidência de moderado a baixo.
Schüpbach WMM et al. Neurosurgery at an earlier sta ge of Parkinson
disease. Neurology 2007; 68: 267-71
Ensaio clinico randomizado, financiado pelos fabricantes, com 20
pacientes com idade inferior a 55 anos, duração da doença de Parkinson entre
cinco e 10 anos e com sintomas leves e moderados do Parkinson.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Randomização aos pares para neuroestimulação subtalâmica ou
tratamento clinico otimizado, pareados por idade, duração e sintomatologia da
doença.
Desfechos avaliados: mudanças na avaliação da qualidade de vida entre
os dois grupos após 6,12 e 18 meses.
Resultados:
A qualidade de vida permaneceu estável no grupo clínico e melhorou em
24% (p<0,05) nos pacientes cirúrgicos, principalmente em função de melhora
nas atividades da vida diária.
O escore do exame motor (UPDRS III) após a estimulação e não sob
efeito de medicação (stimulation on/medication off) teve redução de 28% após
18 meses, com melhora significativa em rigidez, tremores e bradiscinesia.
As alterações motoras decorrentes do uso de levodopa (UPDRS IV)
foram significativamente menores no grupo cirúrgico, bem como as dosagens
de levodopa necessárias
Não foram observados efeitos colaterais graves associados ao
procedimento.
Comentário dos revisores : Estudo com cálculo de tamanho de
amostra. Randomização e alocação adequadas. Não houve perdas.
Mensuração por escalas validadas(UPDRS II,III e IV) mas com avaliadores
não-cegados. Evidência de bom nível.
Deuschl G et al. A randomized trial of deep-brain s timulation for
Parkinson’s disease N Engl J Med 2006:335:896-908.
Ensaio clinico randomizado, aberto, com 176 pacientes com doença de
Parkinson de evolução ≥ 5 anos, com idade ≤ 75 anos e que apresentaram
sintomas motores ou discinesias que limitavam suas atividades diárias quando
em tratamento medicamentosos otimizado.
Intervenções: Tratamento farmacológico otimizado x cirúrgico.
Os desfechos primários foram as mudanças nos escores de qualidade
de vida (PQD-39) e nos escores de disfunção motora com o paciente sem
efeito da medicação (UPDRS II e III) após 6 meses.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Resultados:
• Houve melhora em ± 25% nos escores de qualidade de vida e
função motora dos pacientes em neuroestimulação.
• Não houve melhora na cognição e comunicação.
• As maiores mudanças ocorreram nos escores de atividades
diárias, mobilidade e bem estar. (UPDRS II e III)
• Os efeitos adversos sérios foram mais freqüentes no grupo
cirúrgico com 3 mortes (1 no grupo com medicamento).
Comentário dos revisores: Ensaio clínico randomizado e aberto. Análise por
intenção de tratar e cálculo de tamanho de amostra adequado. Avaliação dos
desfechos não-mascarada mas com escalas bem validadas. Tempo de
seguimento curto.
Nível de evidência moderado.
Smeding HMM et al. Neuropsychological effect of bil ateral stimulation in
Parkinson disease. Neurology 2006;66:1830-6.
Estudo com 2 coortes, acompanhadas e avaliadas após seis meses.
103 pacientes com estimulação de núcleo subtalâmico foram
comparados com grupo controle de 36 pacientes.
O grupo com neuroestimulação tinha diagnóstico de Parkinson há mais
tempo (dois anos a mais) que o grupo controle.
Após seis meses, o grupo com neuroestimulação apresentou piora
significativa nas medidas de fluência verbal, atenção seletiva e memória verbal,
além de aumento na labilidade emocional e nas queixas cognitivas. .
Por outro lado, o grupo com neuroestimulação apresentou melhora
significativa na função motora(34%) e reduziu a dose necessária de levodopa.
Complicações psiquiátricas foram mais comuns no grupo com
estimulação(9 x 3%).
Comentário dos revisores: Estudo de coorte prospectivo. Acompanhamento por
6 meses, com poucas perdas. Mensuração dos desfechos por escalas
validadas. Resultados apresentados sem intervalos de confiança.
Nível de evidência moderado
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Krack P et al. Five-year follow-up of bilateral sti mulation of the
subthalamic nucleus in advanced Parkinson’s disease . N Engl J Med
2003; 349:1925-34
Coorte de 49 pacientes analisados cinco anos após o implante de
eletrodos em núcleo subtalâmico bilateral e estimulação cerebral profunda.
Os pacientes foram avaliados no pré–operatório e um, três e cinco anos
após a cirurgia. Desfechos primários foram os escores das atividades de vida
diária e exame motor (UPDRS II e III).
Os desfechos secundários foram os sub-escores: tremor, rigidez,
postura, fala, marcha e discinesia, as avaliações neuropsicológicas e as
dosagens de levodopa.
Resultados:
• Na avaliação dos pacientes com estimulação, mas sem efeito da
medicação (off medication), todos os desfechos, exceto a fala,
apresentaram melhora significativa após 05 anos.
• Quando avaliados sob efeito da medicação antes da cirurgia (on
medication) e sob efeito da medicação + estimulação (on
medication/on stimulation) após cinco anos, os escores totais do
exame motor e das atividades de vida diária pioraram
significativamente (acinesia, fala e marcha).
• Ganho de peso (média de 3 kg) e a apraxia na abertura dos olhos
foram os efeitos adversos mais freqüentes.
• Os resultados dos testes neuropsicológicos para demência,
depressão e funções do lobo frontal após 5 anos, forma
semelhantes aos do pré-operatório.
Comentário dos revisores: Estudo de coorte com comparações antes e depois
no mesmo grupo. Avaliadores dos desfechos não mascarados. Tempo de
seguimento longo.
Nível de evidência moderado
Rodrigues-Oros MC et al. Bilateral deep brain stimu lation in Parkinson’s
disease: a multicentre study with 4 years follow-up . Brain 2005;128:2240-
9.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Estudo de coorte com 69 pacientes submetidos à neuroestimulação e
com seguimento de quatro anos.
Desfecho primário: Diferença entre os escores motores (UPDRS III)
basais não sob efeito da medicação (off medication) antes e após a cirurgia.
Desfechos secundários: efeitos adversos e diferença pré e pós-cirúrgica
em tremor, acinesia, rigidez, fala e discinesia.
Resultados: 159 pacientes receberam o implante dos eletrodos. Apenas
69 deles foram avaliados entre três e quatro anos após o procedimento. Os
escores motores (UPDRS III) tiveram redução de 50% com a estimulação após
4 anos, quando o paciente foi avaliado em estado sem efeito da medicação
(medication-off) e 31% com o paciente sob efeito dos medicamentos
antiparkinsonianos. Tremor, rigidez e discinesia também apresentaram melhora
significativa, enquanto que a fala e estabilidade postural pioraram.
Eventos adversos foram observados em 53% dos pacientes e incluíram
depressão, declínio cognitivo e dificuldade de fala, de marcha e de equilíbrio.
Comentário dos revisores: Estudo financiado, desenhado e monitorado pelo
fabricante do neuroestimulador. Pacientes de apenas alguns centros foram
avaliados após 3-4 anos. Estudo com vieses que comprometem os resultados.
Ford B et al. Subthalamic nucleus stimulation in ad vanced Parkinson’s
disease: blinded assessment at one year follow-up. J Neurol Neurosurg
Psychiatry 2004;75:1255-9.
Estudo de coorte com 30 pacientes com doença de Parkinson severa
sem controle adequada com terapia medicamentosa.
Intervenção: Implante de neuroestimulador em núcleo subtalâmico.
Desfechos avaliados: diferenças nos escores motores da escala
unificada de classificação de doença de Parkinson (UPDRS) antes do
procedimento e um ano após.
Resultado: Foram avaliados 28 dos 30 pacientes. A redução média nos
escores motores após 1 ano foi de 29,5%. Doze pacientes (40%)
apresentavam redução da discinesia em 52,5% e 10(30%) tiveram redução
entre 10 e 30%. Os 6 restantes permaneceram não tiveram benefício.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Houve redução significativa, após 1 ano, na dose necessária de
levodopa, e, consequentemente, na severidade da discinesia.
A avaliação da qualidade de vida não apresentou melhora
significativa.
Cinco(5) pacientes tiveram complicações sérias:
− AVC isquêmico – 1
− Hematoma subdural – 2
− Hemorragia intracerebral – 1
− Infecção – 3
Comentário dos revisores: Estudo de coorte prospectivo, com pequeno número
de pacientes. Mensuração dos desfechos foi mascarada.
Nível de evidência moderado
Tabbal SD et al. Safety and efficacy of subthalamic nucleus deep brain
stimulation perfomed with limited intraoperative ma pping for treatment of
Parkinson’s disease. Neurosurgery 2007; 61: 119-129 .
Estudo de coorte com inclusão de 110 pacientes que apresentavam
discinesia incapacitante associada ao uso de levodopa.
Intervenção: Implantação de eletrodos subtalâmicos bilaterais com
mapeamento intraoperatório limitado.
Desfechos avaliados:
1. Segurança do procedimento (taxas de complicações) até cinco anos
após o procedimento.
2. Eficácia do procedimento avaliada nos primeiros três a 12 meses pela
escala motora da UPDRS.
Resultados:
Eficácia foi avaliada em 72 pacientes com seguimento de 3 a 12 meses,
comparativamente à avaliação pré-operatória. Houve redução de:
o 74% nos tremores em repouso,
o 58% na rigidez
o 37% na discinesia
Os efeitos adversos observados foram:
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
− Hemorragia intracraniana – 1
− Infecção cirúrgica – 2
− Confusão ou psicose – 6
− Problemas com os eletrodos – 5
Comentário dos revisores: Evidência de baixa qualidade pelo caráter não-
comparativo e não-controlado do estudo.
XI – Conclusões:
� A estimulação cerebral profunda dos núcleos subtalâ micos em pacientes
com doença de Parkinson avançada e de difícil contr ole farmacológico
apresenta os seguintes resultados:
• Melhora nos escores de atividades diárias e motrici dade (UPDRS II
e III) – 2B
• Redução na dose diária de levodopa com consequente redução da
discinesia – 2B
• Melhora na qualidade de vida – 2B
• Piora das funções cognitivas e de fala – 2B
• Os efeitos acima são mantidos por até cinco anos – 2B
� O procedimento está associado com efeitos adversos graves – 2B
• Aumento de mortalidade
• Infecções relacionadas ao procedimento
• Hemorragia intracraniana
• Distúrbios psiquiátricos
• Confusão mental
As evidências de benefícios provêm de estudos de q ualidade
metodológica moderada a baixa. Apenas alguns aspect os das manifestações da
doença de Parkinson melhoram, embora sejam sintomas que interfiram nas
atividades diárias e na independência do paciente. Fala e cognição não são
beneficiados pela neuroestimulação e continuam a de teriorar no curso da
doença.
Não há evidências suficientes de que os benefícios superem os
riscos da neuroestimulação dos núcleos subtalâmicos para poder recomendar o
tratamento de modo indiscriminado. É necessário que o procedimento seja
realizado somente em pacientes com Parkinson de dif ícil controle e com
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
manifestações adversas incapacitantes da terapia me dicamentosa devido aos
seus potenciais efeitos colaterais.
XII - Avaliação de custo Valores cadastrados na Tabela de Materiais de Santa Catarina
7.997.235-7 - Neuro-estimulador cerebral p/ controle de movimentos anormais bilateral. Fabricante: Medtronic Interventional – EUA Valor: R$ 48.580,00 7.997.234-9 - Neuro-estimulador cerebral p/ controle de movimentos anormais Fabricante: Medtronic Interventional – EUA Valor : R$ 35.285,00
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
XIII. Recomendação final:
1. A neuroestimulação dos núcleos subtalâmicos pode ser considerada como
modalidade terapêutica somente para pacientes com doença de Parkinson
de longa duração(> 10 anos) e que tenham efeitos adversos incapacitantes
pelo uso crônico de altas doses de levodopa (flutuação motora e discinesia)
Recomendação de grau B
2. Pela alta incidência de efeitos adversos graves há necessidade de
consentimento informado pré-cirúrgico do paciente e seus
familiares(Recomendação de Grau B)
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Referências
1. Motto C, Tamma F, Candelise L. Deep brain stimul ation of
subthalamic nucleus for Parkinson's disease (Proto col for a
Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2005. Oxford:
Update Software.
2. Kleiner–Fisman G et al. Subthalamic nucleus deep brain
stimulation: summary and metaanalysis of outcomes. Mov
Disorders 2006: Jun 21 Suppl 14:S290-304
3. Hamani C et al. Bilateral subthalamic nucleus st imulation for
Parkinson’s disease: a systematic review of the cli nical literature.
Neurosugery 2005:56:1313-24.
4. Schüpbach WMM et al. Neurosurgery at an earlier stage of
Parkinson disease. Neurology 2007; 68: 267-71
5. Deuschl G et al. A randomized trial of deep-brai n stimulation for
Parkinson’s disease N Engl J Med 2006:335:896-908.
6. Smeding HMM et al. Neuropsychological effect of bilateral
stimulation in Parkinson disease. Neurology 2006;66 :1830-6.
7. Krack P et al. Five-year follow-up of bilateral stimulation of the
subthalamic nucleus in advanced Parkinson’s disease . New Engl J
Med 2003; 349:1925-34
8. Rodrigues-Oros MC et al. Bilateral deep brain st imulation in
Parkinson’s disease: a multicentre study with 4 yea rs follow-up.
Brain 2005;128:2240-9.
9. Ford B et al. Subthalamic nucleus stimulation in advanced
Parkinson’s disease: blinded assessment at one year follow-up. J
Neurol Neurosurg Psychiatry 2004;75:1255-9.
10. Tabbal SD et al. Safety and efficacy of subthal amic nucleus deep
brain stimulation perfomed with limited intraopera tive mapping for
treatment of Parkinson’s disease. Neurosurgery 2007 ; 61: 119-129.
Contatos com:
Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Viviam Siqueira Goor
Fone: (11) 3265-9794
e-mail: [email protected]