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I I g g r r e e j j a a P P r r e e s s b b i i t t e e r r i i a a n n a a d d o o B B r r a a s s i i l l A A l l á á u u l l i i d d a a S S i i l l v v a a O O l l i i v v e e i i r r a a Aracaju 2005

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1. Igreja Presbiteriana do Brasil Aluli da Silva OliveiraAracaju 2005 2. Aluli da Silva OliveiraA imagem e Semelhana de Jesus: O fim da RedenoExegese para exame do Presbitrio de Sergipe conforme CI-IPB art. 120.Aracaju 2005 3. Sumrio INTRODUO .................................................................................................................................................. 4 1DELIMITAO DA PERCOPE ............................................................................................................... 5 Anlise terminolgica ................................................................................................................................ 52CRTICA TEXTUAL .................................................................................................................................. 6 Versculo 28 .............................................................................................................................................. 63TRADUO .............................................................................................................................................. 7 3.1 3.24TEXTO DO GNT .................................................................................................................................. 7 TRADUO ......................................................................................................................................... 7ANLISE LINGSTICO-SEMNTICA ................................................................................................... 8 4.1 LXICO............................................................................................................................................... 8 4.2 ANLISE SEMNTICA ........................................................................................................................... 8 Agrupamento dos termos por afinidade de sentido .................................................................................. 85ESTRUTURA LITERRIA ........................................................................................................................ 96MENSAGEM ........................................................................................................................................... 10 a. Afirmao (v. 28): ................................................................................................................................ 10 a.1 Sabemos que (): ................................................................................................................. 10 a.2 Para os que amam a Deus... para os que so chamados segundo o seu propsito: ................... 10 a.3 Todas as coisas cooperam para o bem: ........................................................................................ 11 a.3.1 Todas as coisas cooperam:......................................................................................................... 11 a.3.2 Para o bem ( ):.............................................................................................................. 12 b. Finalidade (v. 29): ............................................................................................................................... 14 b.1 Pois os que de antemo conheceu, tambm predestinou: ............................................................ 14 b.2 Para serem conformes imagem de seu prprio Filho: ................................................................ 15 b.3 Para que ele (o Filho) seja o primognito entre muitos irmos: ..................................................... 16 c. Explicao: .......................................................................................................................................... 167DADOS DA EPSTOLA .......................................................................................................................... 17 7.1 7.2 7.3AUTOR ............................................................................................................................................. 17 OCASIO .......................................................................................................................................... 18 DESTINATRIOS ................................................................................................................................ 18CONCLUSO .................................................................................................................................................. 20 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................... 22 4. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno4Introduo A percope tratada nesta exegese uma das mais populares das Escrituras Sagradas. Esta popularidade deve-se, principalmente, ao carter confortante que lhe atribumos. Ela particularmente usada naqueles momentos de desesperana, nos quais tudo parece fugir ao controle. Todos ns, algum dia, confortou algum ou foi confortado com estas palavras: todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Contudo, creio que, no poucas vezes, pensamos neste texto de forma equivocada. um reducionismo aplicarmos todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus somente s adversidades cotidianas, como se o nico bem que nos proposto fosse circunstancial e temporal, ou seja, limitado nossa breve existncia. Quando olhamos para este texto, circunstancial e temporalmente, podemos nos confundir, porque nem sempre os reveses da vida produzem um bem que possamos mensurar. Como resultado, ento, seremos tentados a duvidar da bondade de Deus e da veracidade da sua Palavra. Por isso, no devemos reduzir todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus esfera do tempo e das circunstncias. No quero negar que Rm 8.28, de certa forma, abrange tambm o circunstancial e temporal. Todavia, o que pretendo com esta exegese buscar as verdades espirituais que esto contidas na parte mais profunda do texto. Porque um olhar mais acurado e detido nesta percope nos revelar verdades ainda mais confortantes e animadoras, com as quais, poderemos fortalecer nossa esperana em Cristo Jesus. As principais perguntas que tento responder neste trabalho so: a) quem so os que amam a Deus? b) Qual o bem para o que todas as coisas cooperam? Respondendo estas perguntas chegaremos a uma viso mais apropriada do texto bblico. Assim, saberemos como a soberania e a providencia divinas conspiram para que os que amam a Deus alcancem o verdadeiro bem. 5. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno51 Delimitao da Percope A percope proposta est contida no contexto maior do captulo oito de Romanos. Por se tratar de um texto argumentativo, sua delimitao torna-se bastante difcil e subjetiva. Contudo, alguns critrios podem ser observados de modo a facilitar o trabalho de delimitao da percope. Aqui usaremos principalmente a anlise terminolgica visto que esta a que melhor se aplica a textos argumentativos para determinar onde se inicia e onde termina a percope.Anlise terminolgica O tema principal do captulo oito o Esprito Santo e sua obra na vida dos filhos de Deus. As percopes dentro deste captulo apresentam pequenas variaes do assunto principal. Ainda que haja conjunes de natureza conclusiva, o que se observa que no texto h algumas pausas, mas no propriamente concluses. O verso doze comea com a expresso a;ra ou=n que uma construo peculiar do apstolo Paulo. Esta tem sentido conclusivo e tambm expressa conseqncia, mas, embora ela conclua o pensamento que comea no versculo um, a mesma no pe fim ao assunto que continua nos prximos versculos. Da mesma forma, em 8.18 encontra-se a conjuno ga.r que originalmente conclusiva, mas que aqui funciona como explicativa, ou seja, serve para esclarecer o que foi dito anteriormente. Conforme o Thayers Greek Lexicon o termo refere-se asundoxasqw/men1 presente no versculo anterior. Pode-se dizer que os versos 18-25 no trazem uma mudana com relao ao assunto, parcialmente concludo nos versculos 1217, mas prope uma explicao do mesmo. O mesmo acontece a partir de 8.26 onde o uso da expresso de. kai. (mas tambm, e tambm) serve para retomar o assunto Esprito Santo do qual a percope anterior 1Referente natureza da glria que os filhos de Deus compartilharo quando ela se manifestar. 6. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno6(18-25) havia se afastado para trazer uma explicao sobre a glria que os filhos de Deus recebero. Contudo, a partir de 8.28 h uma mudana de sujeito. At o verso vinte seis Paulo fala sobre o Esprito Santo, porm deste ponto e at o final do captulo o sujeito Deus. Nota-se tambm a conjuno coordenativa de.. Esta conforme o Thayers Greek Lexicon, uma metbase, ou seja, serve de passagem de uma idia para outra. E, de fato, Paulo, que na percope anterior (26-27) fala sobre a intercesso do Esprito Santo, passa a falar da providncia de Deus em favor dos seus filhos. Em 8.31 a expresso ti, ou=n evrou/men, bastante freqente no livro de Romanos, usada para dizer que uma coisa necessariamente segue outra, em outras palavras, expressa uma relao inexorvel de causa e conseqncia. Contudo, ainda que o assunto introduzido nos versculos anteriores seja o mesmo, percebe-se que o objeto outro. Em 8.28-30, Deus e sua providencia, mas em 8.31ss a obra de Deus, sua graa e amor em favor dos seus filhos. Portanto, com base no exposto acima, prope-se que a percope em questo compreende os versculos 28-30.2 Crtica Textual Versculo 28sunergei/ (Coopera): Presente do indicativo ativo do verbo sunerge,w: fazer com, trabalhar junto com, cooperar com, ajudar. Texto tido como original, mas com certo grau de dvida. apoiada por: Unciais: (IV); C(V); D(V); F (IX); G(IX); y(VIII/IX). Minsculas: 6(XIII); 33(IX); 104(1087); 256 (XI/XII); 263(XIII); 424(XI); 436(XI); 459 (1092); 1175(XI); 1241(XII); 1319(XII); 1506(1320); 1573(XI/XII); 1739(X); 1852(XIII); 1881(XIV); 1912(X); 1962(XI); 2127(XII); 2200(XIV); 2464(IX); Byz [K L P](VI). 7. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno7Lacionrios: Lect(III). Verses: it(IV)b(V); d(V); f(VI); g(IX); Copbo(XIII); arm(V); geo(V); slav (IX).mon(X); o(VII); vg(405); syrp(V); h(VIII);Pais da Igreja: Clemente(II/III); Orgenes(I); Eusbio(IV); Cirilo de Jerusalm(IV); Teodoro(IV); Didymus Macarius(I); Cyril Hesychius(444); Theodoreto(466); Lcifer Ambrosiato(370/371); Ambrsio(IV); Jernimo(); Pelagio(418); Agustinho(IV).sunergei/ o` qeo,j (Deus Coopera): apoiada por: Papiros: p46(III). Unciais: A(V); B(IV). Minsculas: 81(1044). Verses Latinas: Copsa(IV); eth(VI). Segundo os critrios internos de avaliao as variantes se equivalem. Contudo, no que se refere aos critrios internos a variante sunergei/ preferida por ser a leitura mais difcil e mais curta. Sendo assim, adotaremos o texto do GNT na integra.3 Traduo 3.1Texto do GNT28oi;damen de. o[ti toi/j avgapw/sin to.n qeo.n pa,nta sunergei/ eivj avgaqo,n( toi/j kata. pro,qesin klhtoi/jou=sin29o[ti ou]j proe,gnw( kai. prow,risen summo,rfouj th/j eivko,noj tou/ ui`ou/ auvtou/( eivj to. ei=naiauvto.n prwto,tokon evn polloi/j avdelfoi/j30ou]j de. prow,risen( tou,touj kai. evka,lesen kai. ou]jevka,lesen( tou,touj kai. evdikai,wsen ou]j de. evdikai,wsen( tou,touj kai. evdo,xasen3.2Traduo28Sabemos que, para os que amam a Deus, todas as coisas cooperam para o bem, paraos que so chamados segundo seu propsito.29Pois os que de antemo conheceu,tambm predestinou para serem conformes2 a imagem de seu prprio Filho, para que ele seja o primognito entre muitos irmos. 30e aos que predestinou, a esses tambm chamou e aos que chamou a esses tambm justificou, aos que justificou a esses tambm glorificou.2summo,rfouj: ter a mesma forma; compartilhar a semelhana. 8. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno84 Anlise Lingstico-Semntica Romanos 8.28-30 Nomes para os que a Deus, v. 28. todas as coisas para o bem, para os que segundo seu propsito. Pois os que de antemo v.29v. 304.1conformes a imagem de seu prprio Filho, para que Ele o primognito entre muitos irmos. E, aos que a esses tambm e aos que a esses tambm aos que a esses tambmVerbos Sabemos que, amam cooperam so chamados conheceu, tambm predestinou para serem seja predestinou, chamou chamou justificou, justificou glorificou.Lxico a. Nomes: i. os que: v. 28, 29, 30. ii. Deus: 28. iii. Filho, Ele, primognito: 29. b. Verbos: i. Saber: v. 28. ii. Amar: v. 28. iii. Cooperar: v. 28. iv. Chamar: 28, 30. v. Conhecer: v. 29. vi. Ser: v. 29. vii. Predestinar: v. 29, 30. viii. Justificar: v. 30. ix. Glorificar: v. 30.4.2Anlise SemnticaAgrupamento dos termos por afinidade de sentido Verbos: c. Referentes ao de Deus: Conhecer, predestinar, chamar, justificar, glorificar. d. Referente ao do homem: 9. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno9Amar. e. Referente ao das coisas: Cooperar. f. De finalidade: Ser.5 Estrutura literria a. v.28: Afirmao: os que amam a Deus so os que so chamados segundo e seu propsito. Para esses toda as coisas cooperam a favor. b. v.29: Finalidade: Os que foram chamados, antes foram conhecidos e predestinados para serem conformes a imagem do Jesus Cristo, o Filho de Deus. a. v.30: Explicao: os que por Deus foram chamados tambm foram predestinados, justificados e glorificados. A estrutura, baseada na anlise semntica e no lxico, verifica que o verbo chamar (kale,w) juntamente com o adjetivo chamado (klhto,j) do a orientao do texto. No uso desses termos o apstolo Paulo qualifica os chamados como aqueles que amam a Deus (v. 28) e estes contam com o benefcio da providncia divina que articula todas as coisas para o bem deles. Contudo, o chamado alm dos benefcios traz consigo responsabilidades: porque os que so chamados o so para serem conformes imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo (v. 29). Embora nem o verbo kale,w nem o adjetivo klhto,j estejam presentes no verso 29, pode-se inferir o sentido destes no referido versculo por causa da explicao dada no verso 30. Ou seja, aos que Deus predestinados (proori,zw), verbo que aparece tambm no verso 29 junto com conhecer de antemo ( proginw,skw), a esses tambm chamou, justificou e glorificou. 10. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno610Mensagem a. Afirmao (v. 28): Sabemos que, para os que amam a Deus, todas as coisas cooperam para o bem,para os que so chamados segundo seu propsito.a.1 Sabemos que (oi;damen): 3Paulo usa seis vezes este termo na carta aos Romanos . Em apenas uma delas o termo usado em sentido negativo (cf. 8.26) quando o apstolo diz que no sabemos orar como convm. Fora este caso especfico, todas as outras vezes oi;damen usado pelo escritor da carta para afirmar uma idia lgica, ou uma verdade de domnio universal, ou ainda a nica concluso possvel diante do que fora exposto anteriormente. Paulo usaoi;damen para mostrar algo que faz parte da vivncia ou experincia dos crentes e que tem a ver com o ensino anteriormente ministrado pelo apstolo.a.2 Para os que amam a Deus... para os que so chamados segundo o seu propsito: O apstolo Paulo chama a ateno para o alvo para o qual se direciona todo favor de Deus: os que o amam. O artigo definido toi/j revela o objeto do verbo sunerge,w (cooperar). Ambas as frases comeas com toi/j que est no acusativo, ambas so objeto indireto do verbo. Significa que o que se segue ao artigo sofre a ao verbal, no caso: os que amam a Deus e os que so chamados segundo o seu propsito. Entretanto, os que amam a Deus e os que so chamados segundo o seu (de Deus) propsito no so alvos diferentes do favor de Deus. Ao contrrio, so do mesmo grupo de pessoas, ou seja, os que amam a Deus so os que foram chamados segundo o propsito deste. No apenas uma mera explicao a respeito de quem so os que amam a Deus, mas sim uma relao de causa e conseqncia, qual seja: os que so chamados (klhtoi/j) segundo o propsito de Deus o amam. Paulo amarra toda sua argumentao nesses trs versculos usando o verbokale,w e o adjetivo klhto,j. A idia de chamamento da parte de Deus patente em toda percope: (v. 28) os chamados amam a Deus; (v. 29) o fim do chamamento para que o chamado seja a imagem do Filho de Deus; (v. 30) o chamado predestinado, justificado e3Rm 2.2; 3.19; 7.14; 8.22; 8.26; 8.28. Das seis vezes que o termo aparece em Romanos, trs destas ocorre no captulo oito. 11. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno11glorificado. Por isso, a afirmao de que os que amam a Deus o fazem porque foram chamados por Ele. Essa afirmao do apstolo significativa quando se observa o contexto da carta os Romanos, sobretudo os captulos anteriores ao oitavo. Desde o captulo primeiro, Paulo argumenta que na nova dispensao, inaugurada por Jesus, o judeu no tem vantagem sobre o gentio. Principalmente no que diz respeito Lei, uma vez que esta coloca todos na mesma condio de pecadores e a ningum justifica, ao contrrio, condena4. Conforme Dunn (1988, p. 480, traduo nossa) aqueles que amam a Deus uma autodesignao caracterstica do judeu piedoso5. A sentena aqueles que amam a Deus e guardam seus mandamentos usada no AT para descrever o tipo de pessoa que alvo da misericrdia de Deus6. Dunn acredita que Paulo toma o cuidado de omitir a segunda clusula da sentena porque pretendia evocar o cristianismo dos judeus ao mesmo tempo em que o separava da sua devoo Torah. Os que amam a Deus uma expresso que em Paulo tornou-se mais abrangente. Ela no se limita mais aos judeus, mas alcana a todos os que foram chamados segundo o propsito de Deus. Por meio do evangelho, Deus no s manifesta sua justia e poder salvfico em Jesus Cristo, mas tambm revela seu propsito, seu plano de salvao, destina todo cristo justificado para compartilhar de sua glria em sua presena.7 (Fitzmyer, 1992, p. 521, traduo nossa). Desta maneira, os que amam a Deus tornou-se a definio de Paulo para cristos8 (Fitzmyer, 1992, p. 522).a.3 Todas as coisas cooperam para o bem: a.3.1 Todas as coisas cooperam: H uma discusso entre os comentaristas quanto ao sujeito desta sentena Champlin (1986, p. 723), por exemplo, no concorda em que todas as coisas seja o sujeito nesta orao, mas entende que a frase faz uma aluso a Deus fazendo-o sujeito que referido no v. 27 como aquele que sonda aos coraes. Segundo Cranfield (1992, p. 195), so quatro as dificuldades para que se defina o sujeito neste versculo: a) h uma leitura variante que inclui Deus ( o` qeo,j); b) todas as coisas (pa,nta) neutro plural e pode ser tanto nominativo quanto acusativo; c) no grego 4Rm 3.19, 20. Those who love God is a characteristic self-designation of Jewish piety. 6 Ex 20.6; Dt 5.10; Dn 9.4 e outros. 7 through the gospel God has not only manifested his uprightness and salvific power in Christ Jesus, but even reveals how his purpose, his plan of salvation, destines all justified Christian for a share of glory in his presence. 8 1Co 2.9; 8.3; Ef 6.24. 5 12. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno12no raro acontecer de um sujeito neutro plural usar uma verbo singular e d) o verbo empregado pode ter variedade de significados. Entretanto, em sua anlise da questo, defende que, considerando as idiossincrasias da lngua grega e a teologia de Paulo a respeito da soberania de Deus, a opo mais fiel seria considerar todas as coisas como o sujeito da sentena. Cranfield e Champlin concordam que a presena de o` qeo,j em leituras variantes trata-se de insero ou glosa. Aceitar todas as coisas como sujeito da sentena no traz nenhum prejuzo compreenso do que o apstolo Paulo est expondo e tambm no se configura em nenhuma heresia. Ainda que os comentaristas divirjam quanto ao sujeito, eles concordam no fato de que o Deus Soberano que age em todas as coisas visando o bem dos que so chamados segundo o seu propsito. De fato, no h dvidas que seja justamente a soberania de Deus que Paulo tem em mente quando diz que todas as coisas cooperam para o bem. Qual , ento, o significado desta afirmao do escritor aos romanos? Deus soberanamente coordena todas as coisas de modo que nada possa prejudicar os que amam a Deus, embora tudo lhes possa acontecer. Entendemos [...] que nada pode realmente prejudicar [...] os que verdadeiramente amam a Deus, mas que todas as coisas lhe podem acontecer, incluindo coisas to angustiosas como se mencionam no v. 35 (Cranfield, 1992, p. 197). O agir soberano de Deus em todas coisas tem um fim, qual seja, o bem dos que so chamados segundo seu propsito.a.3.2 Para o bem (eivj avgaqo,n): A frase no acusativo no deixa dvidas de que seja o objeto direto do verbosunerge,w. Assim, est indicado o propsito para o qual Deus soberanamente faz com que toda as coisas cooperem: o bem daqueles que o amam, dos que so chamados segundo o seu propsito. Desta forma, convm uma anlise a respeito da natureza deste bem para o qual todas as coisas convergem. Primeiro, h um sentido mais amplo que trata este bem numa esfera terrena e temporal. Sendo assim, ele entendido como o esforo de Deus para fazer com que todas as coisas, mesmos as mais trgicas, promovam o bem-estar daqueles que o amam. Sem dvida este entendimento vlido, porque, de fato, tanto a Bblia quanto a experincia crist mostram que todas circunstncias da vida, quer sejam boas ou ruins, servem para o crescimento e amadurecimento do crente, para o 13. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno13fortalecimento de sua f, para o seu conhecimento de Deus e tambm para o seu gozo. Todas essas coisas promovem o bem dos que amam a Deus enquanto neste mundo e no tempo presente. Contudo, este primeiro entendimento se ressente de uma perspectiva futura e que torne o bem incontestvel. Isso leva a um segundo entendimento a cerca de o bem: a redeno daqueles que amam a Deus. Observando o contexto em que a percope se encontra, sobretudo o captulo oito, nota-se Paulo fazendo com que aqueles crentes de Roma colocassem seus olhos no futuro, qual seja, a glria de Cristo da qual os crentes so participantes (v. 17). Porm, antes deste captulo, o apstolo, no que se refere justia, redeno e reconciliao com Deus, anula a Lei e coloca todos os mritos no Senhor Jesus Cristo. A partir do captulo cinco, Paulo trata da obra sacrificial e vicria de Cristo e seus efeitos na vida dos crentes. no captulo cinco que Paulo introduz a tenso entre a glria futura e as tribulaes do presente. Ele diz que mediante a f em Jesus os crentes entram numa relao de justia e paz com Deus, tm acesso graa e podem se regozijar na esperana da glria de Deus e tambm nas tribulaes do presente (v. 1-3). So estas tribulaes que geram uma esperana que no causa vergonha ou que no decepciona9 (v. 5). Mais ainda, os crentes podem estar certos quanto sua redeno porque Deus prova o seu prprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por ns, sendo ns ainda pecadores (v. 8). Ento Paulo conclui: Porque, se ns, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando j reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Paulo assim faz os de Roma olharem para o futuro, pois, ainda que o presente seja cheio de tribulaes, por causa de Jesus Cristo, ns temos uma glria futura que nos traz regozijo. Voltando a captulo oito, sem perder a perspectiva do sacrifcio de Jesus pelos crentes, Paulo fala sobre a adoo como filhos daqueles que crem no Filho de Deus e que testificada pelo Esprito Santo (v. 14; 16. Cf. 5.5). O escritor da carta, tendo como pano de fundo a adoo, explica: Ora, se somos filhos, somos tambm herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, tambm com ele seremos glorificados. Mais uma vez exposta a tenso entre o sofrimento presente e a glria futura. O v. 18, conforme explicado no item delimitao da percope, refere-se glria dita no v. 17. Esta futura pois ser revelada e no comparvel aos sofrimentos do tempo presente. 9kataiscu,nw: envergonhar, humilhar, desgraar; decepcionar. 14. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno14Neste contexto, Paulo afirma que tanto a natureza, quanto os crentes aguardam a redeno. A natureza aguarda a revelao dos filhos de Deus para ser redimida da corrupo e para a liberdade da glria dos filhos de Deus (v. 21). Os crentes, por sua vez, aguardam a adoo de filhos que a redeno do corpo (v. 23). Assim, o apstolo faz uma exortao a que se conserve a esperana no que no se v (v. 25). Neste contexto, fica claro que o apstolo Paulo tinha em mente no v. 28 muito mais que as circunstncias terrenas e temporais. O bem para qual todas as coisas cooperam a redeno daqueles que amam a Deus. Em outras palavras, Deus faz com que o universo conspire em favor da redeno dos que foram chamados segundo e seu propsito. Uma olhada no v. 30 fortalece ainda mais esta idia: e aos que predestinou, a esses tambm chamou e aos que chamou a esses tambm justificou, aos que justificou a esses tambm glorificou. Percebe-se aqui um plano, na perspectiva divina, j realizado e que na humana tem seu encerramento na glorificao daqueles que foram chamados segundo o propsito de Deus. Champlin (1986 p. 723) expe desta maneira: O prprio Deus opera todas as coisas, visando ao nosso bem. Foi Deus quem traou o plano de redeno e quem enviou tanto a Deus Filho como a Deus Esprito Santo para execut-lo. Portanto, ele rene todos os esforos e os coordena, visando o grande propsito de cumprir a total redeno dos eleitos, de modo que venham a participar da natureza moral e metafsica do prprio Cristo. [...] Este o bem que ordenado e controlado por Deus, o elevado destino dos homens. Portanto, em nossa popularizao do versculo no devemos olvidar que o contexto se refere, especialmente, glria celeste, pois esse o grande bem para todos os homens que crem.b. Finalidade (v. 29): Pois os que de antemo conheceu, tambm predestinou para serem conformes imagem de seu prprio Filho, para que ele seja o primognito entre muitos irmos.b.1 Pois os que de antemo conheceu, tambm predestinou: O adjetivo klhto,j (chamado) e o verbo kale,w (chamar) so as expresses que formam o fio da meada desta percope. No v. 28, todas as coisas cooperam para o bem daqueles que so chamados segundo o propsito de Deus. No v. 30, os chamados foram tambm predestinados, justificados e glorificados. Como visto anteriormente a glorificao ou redeno bem maior para o qual todas as coisas cooperam. Contudo, no v. 29, nem klhto,j , nem kale,w so usados pelo apstolo Paulo. No obstante a isso, a idia de chamamento continua patente. Os dois verbos desta expresso, proginw,skw (conhecer de antemo) e proori,zw (predestinar), mostram que 15. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno15o escritor ainda tinha os chamados em seu pensamento. Proori,zw aparece tambm no v.30 juntamente com kale,w. Ambos esto numa lista de verbos que se refere quele que foi chamado. Desta forma, embora chamar e chamados no apaream no v. 29, o contexto nos permite inferir que os que de antemo conheceu, tambm predestinou refere-se aos chamados segundo o propsito de Deus.b.2 Para serem conformes imagem de seu prprio Filho: O adjetivo su,mmorfoj (ter a mesma forma) no acusativo indica a primeira de duas finalidades para as quais Deus chamou aqueles que de antemo conheceu e predestinou: serem conformes imagem de seu prprio Filho. Ento, do chamado espera-se que ele seja igual a Cristo. Pela observao do contexto, no fica difcil concluir que neste ponto exatamente que Paulo quer chegar: a santificao dos que foram chamados segundo o plano eterno de Deus. Paulo explica que o plano eterno de Deus visa redeno do pecador e realizado por Jesus o Filho de Deus por meio de sua morte e ressurreio10. Por meio do sacrifcio de Cristo o pecador justificado (v. 5.1) e tambm libertado da escravido do pecado e feito servo da justia (v. 6.6, 18). Portanto, aquele que cr no Filho de Deus no serve ao pecado, mas justia. Ainda merece nota a questo da unio com Cristo. Paulo afirma que o pecador remido se une a Cristo tanto na semelhana de sua morte quanto na semelhana de sua ressurreio. Qual o significado disso? Na morte do Filho de Deus, foi crucificado o velho homem, em outras palavras, o remido morre para o pecado (v. 6.6). Quanto ressurreio, o remido ressuscita para uma nova vida em Deus. O apstolo explica desta maneira: Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim tambm vs considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus (v. 6. 10,11). Aps expor o plano redentor de Deus que, por meio de seu Filho, liberta o pecador do pecado e o faz servo da justia. O escritor aos romanos faz exortaes a que se siga a justia cujo fim a santificao (v. 6.19). Paulo encerra o captulo seis admoestando os crentes a terem como propsito de suas vidas a santificao e em ultima instncia a vida eterna. Agora, porm, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificao e, por fim, a vida eterna; porque o salrio do pecado a morte, mas o dom gratuito de Deus a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. 10Conferir captulos 5-8. 16. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno16O v. 29, sob a luz do contexto que se apresenta, entendido como uma exortao santidade. Serem conformes imagem de seu Filho ser santo. Quando Paulo faz a comparao entre Jesus e Ado (v 5.12-20), ele estabelece ali dois modelos: 1) Ado, modelo de desobedincia que seguido pelos que no amam a Deus, ou seja, no foram chamados segundo o seu propsito; 2) Cristo, modelo de obedincia incondicional que deve ser o modelo de todos os que foram chamados por Deus. Deus conheceu de antemo e predestinou os chamados para que eles no sirvam mais ao pecado, mas para que busquem ser iguais ou conformes imagem de seu Filho. Isto se d por meio da santificao.b.3 Para que ele (o Filho) seja o primognito entre muitos irmos: Comentaristas como Champlin e Cranfield afirmam que o outro propsito de Deus em seu plano eterno de predestinar os eleitos no deixar seu Filho Primognito sozinho no gozo dos privilgios da filiao. Mas fazer dele o Cabea de uma multido de irmos. (Cranfield, 1992, p. 199). Isto se confirma no fato de que Deus faz do remido co-herdeiro com Cristo por meio da adoo. Em adio a esse entendimento diz Dunn Cristo ressuscitado o primeiro de uma nova humanidade de ultima gerao, o primognito (dos mortos) da nova raa do povo escatolgico no qual o desgnio de Deus do inicio da criao se realiza (1988, p. 484, traduo nossa)11. Sem dvidas as afirmaes de Paulo no v. 29 e em toda percope tm fundo escatolgico o que se confirma nos captulos seguintes ao oitavo.c. Explicao: E aos que predestinou, a esses tambm chamou e aos que chamou a esses tambm justificou, aos que justificou a esses tambm glorificou. Paulo conclui a percope retornando claramente a questo do chamado. Todos os verbos neste versculo esto no aoristo o que determina ao pontual e acabada: predestinou, chamou, justificou e glorificou. O sujeito da ao verbal Deus e os que a sofrem so os chamados. Partindo da perspectiva divina as quatro aes acontecem ao mesmo tempo, de uma s vez. O significa que o plano de Deus para o chamado j est realizado e acabado. Mas numa perspectiva humana este mesmo plano segue uma cronologia: Deus conheceu11resurrected Christ as the pattern of the new humanity of the last age, the firstborn (of the dead) of a new race of eschatological people in whom Gods design from the beginning of creation is at last fulfilled. 17. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno17de antemo e ento predestinou; num determinado tempo histrico Deus chama eficazmente aquele a quem predestinou; e a este tambm justifica e por fim glorifica. Quando as duas perspectivas se unem percebe-se que este um plano infalvel. Uma vez que para Deus est acabado e para o chamado de realizao inevitvel. Cada uma dessas etapas ir inevitavelmente se cumprir a seu tempo na histria daquele que foi chamado segundo o propsito de Deus. Sendo assim, para o chamado o plano de Deus lhe revelado no momento do seu chamamento, aquele lhe responde positivamente pela f em Cristo. Por meio desta, o chamado entra numa relao de justia com Deus e assim reconciliado com seu Criador (v. 5.1, 11). Por fim, o supremo anelo de todo aquele que ama a Deus se realizar, a redeno completa, a glorificao, sempre numa perspectiva futura. Ao olhar para o v. 30 sob a luz do v. 29, percebemos que a glorificao, mesmo sendo futura, se inicia no momento do chamamento. O propsito deste que o chamado seja conforme a imagem do Filho de Deus ou, como visto anteriormente, santificao. Paulo em 8.23-25 fala da esperana na qual o crente salvo: a redeno do corpo. Ou seja, a total libertao da corrupo da carne para a plenitude de uma nova natureza incorruptvel que a glorificao12. A redeno uma nova criao que comeou com a ressurreio de Cristo de entre os mortos, sendo ele o primeiro de muitos irmos chamados a serem conformes sua semelhana, serem santos. O processe de santificao atinge sua plenitude quando, semelhana de Jesus, o remido ressuscita glorificado para viver eternamente no novo cu e na nova terra.7 Dados da epstola 7.1Autor No h duvidas de que Paulo o autor da carta aos romanos (1.1). As idiasdiscordantes so to raras e infundadas que no so dignas de notas. Sabe-se, porm, que na igreja primitiva era unnime a opinio de que a carta aos Romanos era de autoria do apstolo (BERKER, 2003, p. 1917). Tambm no sc. II, a carta j era citada e catalogada tendo Paulo como autor (BBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 1999, p. 1316). Murrey (2003, p. 11) afirma que devemos reconhecer a importncia da autoria paulina, quando a relacionamos ao contedo da carta. Os assuntos tratados na epstola se revestem de autoridade ainda maior porque Deus, em sua providncia, iluminou o 12Ver 1Co 15.35-58. 18. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno18apstolo Paulo para ser o escritor de Romanos. Murrey (2003) destaca alguns fatores que fazem o relacionamento entre o autor e contedo da epstola crucial para o bom entendimento do texto. O principal desses fatores a nfase na graa e na justificao pele f somente. Paulo era um fariseu que buscava por meio do zelo religioso ser aceito diante Deus. Em Romanos, o apostolo nega sua religio e proclama o evangelho da graa. Paulo faz isso como algum que conhecera plenamente, nas profundezas de sua prpria experincia e devoo, o carter daquela piedade que agora, na qualidade de servo de Jesus Cristo, se via obrigado a caracterizar como religio do pecado e da morte (MURREY, 2003, p. 12). A anttese graa e lei, f e obras foi vivida pelo prprio apstolo e a estrada de Damasco foi o divisor de guas que o levou da lei para graa e das obras para a f.7.2Ocasio Conforme as evidncias escritursticas e a opinio de vrios comentaristas comoMurrey, Berker, Champlin e outros, Paulo escreveu a carta aos romanos em Corinto na segunda metade da dcada de 50 d.C. A opinio mais comum que o apstolo a tenha escrito na primavera de 58 d.C. quando Paula estava em sua terceira viagem missionria.7.3Destinatrios No se sabe como surgiu a igreja em Roma. Uma das possibilidades maiscelebradas que por ocasio do Pentecostes (At 2) muitos dos que creram eram oriundos da capital do imprio. Estes, por professarem a mesma f, reunirem-se formando a igreja crist em Roma. Uma outra possibilidade que, por causa da perseguio em Jerusalm, muitos judeus convertidos tenham fugido para Roma. Sendo esta uma metrpole populosa a f crist poderia ser professada sem maiores problemas. O que se pode afirmar que a igreja em Roma formada por judeus e gentios convertidos. Provavelmente, os judeus tenham sido os pioneiros e os disseminadores do evangelho naquela cidade, contudo ensinavam tambm que a Lei deveria ser guardada. Da, j nos primeiros captulos, Paulo tratar justamente sobre justificao pela graa mediante a f somente. Pelo contedo da carta, sobretudo a partir do captulo sete, percebemos que os irmos de Roma passavam por momentos de grande aflio. Notamos tambm que Paulo trabalha uma relao entre o sofrimento presente e a glria porvir (Rm 8.17, 18 e outros). Estas so evidncias de que o momento ento vivido pela a igreja em Roma era difcil e angustiante. 19. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno19A percope tratada nesta exegese revela-se, no contexto da carta, como um renovar da esperana e um alento para aqueles que, por causa da f, estavam sendo perseguidos e mortos. A esperana que Rm 8.28-30 naquilo que est por vir: a glria a ser revelada em ns. 20. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno20Concluso A verdade revelada no texto de Rm 8.28-30 extremamente confortadora para os crentes: tanto os de Roma, quanto para os nossos dias. Diferentemente do que muitos falsos profetas do neo-pentecostalismo pregam, o texto sagrado nos enche de esperana, mas no nos deixa iludidos. Paulo, como autor sagrado inspirado pelo Esprito Santo, busca encher os irmos de Roma, no de falsas esperanas, mas de uma esperana verdadeira ou, como diz o apstolo Pedro, uma viva esperana (1Pe 1.3). A esperana a que Paulo se refere afirmada quando ele diz: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. O apstolo no est afirmando de maneira alguma que os crentes no passam por dificuldades. Muito menos Paulo est, com esta afirmao, dando uma resposta para o problema do sofrimento. Mas, o que o autor sagrado est ensinando igreja de Cristo de todos os tempos isto: Deus age soberanamente em todas as coisas, inclusive naquelas que nos fazem sofrer, para promover o bem daqueles que o amam. A esperana verdadeira porque est posta, no nas situaes ou no homem, mas naquele que o Senhor da histria humana como um todo, mas tambm da histria de cada pessoa individualmente. O Deus que est assentado no trono, o soberano Senhor de toda a terra tem um plano eterno. Neste, aprouve a ele fazer bem queles que o amam. Ns o amamos porque ele nos amou primeiro (1Jo 4.19). O bem reservado aos que amam a Deus maior que qualquer bno que possamos gozar neste mundo. O bem que nos est proposto e para o qual todas as coisas cooperam desde a fundao do mundo a redeno dos que foram amados por Deus e que agora tambm o amam. O verdadeiro significado da redeno est no versculo 29 desta percope: Porquanto aos que de antemo conheceu, tambm os predestinou para serem conformes imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primognito entre muitos irmos. Este o versculo e a idia central em todo captulo oito. Tudo que tem acontecido no mundo e na vida dos crentes proporciona que, ao final, estes sejam igual a Cristo. Esta a glria que nos est reservada. Este o bem que nos est preparado. Esta a recompensa para os que amam a Deus: ser tal qual Cristo . Em outras palavras, seremos novamente a imagem e semelhana de Deus e viveremos num mundo tambm redimido. O apstolo Joo descreve assim onde os redimidos vivero: Vi novo cu e nova terra, pois o primeiro cu e a primeira terra passaram, e o mar j no existe. Vi tambm a cidade santa, a nova Jerusalm, que descia do cu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 21. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno21Ento, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernculo de Deus com os homens. Deus habitar com eles. Eles sero povos de Deus, e Deus mesmo estar com eles. E lhes enxugar dos olhos toda lgrima, e a morte j no existir, j no haver luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que est assentado no trono disse: Eis que fao novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras so fiis e verdadeiras (Ap 21.1-5).Com esta realidade em mente os crentes que amam a Deus podem descansar, pois nada acontece ao acaso ou por um capricho do destino ou porque, podem pensar alguns, Deus seja um sdico que sente prazer em nossos sofrimentos. Mas todas as coisas so soberanamente ordenadas pelo nosso Pai Celeste para o nosso bem, nossa redeno. Nenhum fim seria mais nobre para a criao e, principalmente, para os eleitos Deus do que a gloria dele mesmo. 22. A imagem e semelhana de Jesus: o fim da Redeno22Bibliografia BERKER, Kenneth (Org.). Bblia de Estudo NVI. So Paulo: Vida, 2003. 2424 p. BIBLE WORKS for Windows. Version 5.0.038s: BibleWorks, LCC, 2001. 1 CD-ROM. BBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. So Paulo: Cultura Crist; Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 1999. 1728 p. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado. V. III. So Paulo: Milenium, 1986. 887p. CRANFIELD, C.E.B. Carta aos Romanos. So Paulo: Paulinas, 1992. 364p. 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