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1 Teoria do Crime Culpa - Crime Culposo É o comportamento voluntário, desatencioso, voltado a um determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível que poderia ser evitado. Quando se diz que a culpa é um elemento do tipo, faz-se referencia a inobservância do dever de diligência. A todos, no convívio social, é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não produzir danos a terceiros. É*o denominado cuidado objetivo. A conduta torna-se típica a partir do instante em que não se tenha manifestado o cuidado necessário nas relações com outrem, ou seja, a partir do instante em que não corresponda ao comportamento que teria adotado uma pessoa dotada de discernimento e prudência, colocada nas mesmas circunstancias que o agente. A inobservância do cuidado necessário objetivo é elemento do tipo. Tipo aberto O tipo culposo é um tipo aberto, visto que, em regra, não há descrição da conduta, legislador apenas menciona, sem descrevê-la. Isto porque são infinitas as situações e, caso o legislador enumerasse as condutas culposas, poderia o bem jurídico ficar sem proteção. Compara-se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de uma pessoas de prudência média, haverá culpa. Ex: art. 121, §3°, do Cód. Penal - homicídio culposo. O fato típico é culposo quando o agente dá causa involuntariamente, caso contrário haveria dolo, a um resultado em razão de descumprimento, desatenção, por não observar o dever geral de cuidado. Excepcionalidade do crime culposo 0 art. 18 do Cód. Penal menciona que o crime será culposo ... Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência e imperícia. 1

2ªapostila penal 3º semestre teoria do crime -culpa

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Teoria do Crime

Culpa - Crime Culposo

É o comportamento voluntário, desatencioso, voltado a um

determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não

desejado, mas previsível que poderia ser evitado.

Quando se diz que a culpa é um elemento do tipo, faz-se

referencia a inobservância do dever de diligência. A todos, no convívio

social, é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não

produzir danos a terceiros. É*o denominado cuidado objetivo. A conduta

torna-se típica a partir do instante em que não se tenha manifestado o

cuidado necessário nas relações com outrem, ou seja, a partir do instante

em que não corresponda ao comportamento que teria adotado uma

pessoa dotada de discernimento e prudência, colocada nas mesmas

circunstancias que o agente. A inobservância do cuidado necessário

objetivo é elemento do tipo.

Tipo aberto

O tipo culposo é um tipo aberto, visto que, em regra, não há

descrição da conduta, legislador apenas menciona, sem descrevê-la. Isto

porque são infinitas as situações e, caso o legislador enumerasse as

condutas culposas, poderia o bem jurídico ficar sem proteção. Compara-

se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de uma

pessoas de prudência média, haverá culpa. Ex: art. 121, §3°, do Cód.

Penal - homicídio culposo.

O fato típico é culposo quando o agente dá causa

involuntariamente, caso contrário haveria dolo, a um resultado em razão

de descumprimento, desatenção, por não observar o dever geral de

cuidado.

Excepcionalidade do crime culposo

0 art. 18 do Cód. Penal menciona que o crime será culposo ... Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência e imperícia.

A regra, no sistema penal, é o crime na modalidade dolosa. Só

há culpa quando há previsão expressa na lei, ou seja, se a lei se omitir,

presume-se que não se poderá punir a titulo de culpa (art.

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18, par. ún., do Cód. Penal: Salvo os caos expressos em lei, ninguém

pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica

dolosamente).

Compensação de Culpas

Não existe compensação de culpas. O fato de a vítima ter agido

também com culpa não impede que o agente responsa pela sua conduta

culposa. Somente nos casos em que existir culpa exclusiva da vítima

haverá exclusão da culpa do agente.

Graus de Culpa

Na pena abstrata, não há diferença. Na dosagem da pena, na

primeira fase de sua fixação, é levado em conta o grau da culpa. A culpa

pode ser graduada em grave, leve ou levíssima. Embora o legislador não

as diferencie na cominação em abstraio, o juiz deverá considerá-la no

momento da aplicação da pena.

Participação no Crime Culposo

Parte da doutrina sustenta a impossibilidade de participação no

crime culposo, visto que a participação é uma conduta acessória e no

crime culposo não há descrição da conduta, portanto não se pode

distinguir a conduta principal da conduta acessória. Existe, então, a

coautoria, visto que todas as condutas serão principais.

A outra parte da doutrina sustenta que existe a participação.

Quando o agente pratica o verbo do crime será a conduta principal.

A posição majoritária e a primeira, pois, a culpa é um tipo aberto,

não possuindo, por esse motivo, conduta principal distinta de secundária.

Espécies de culpa

• Culpa inconsciente ou sem previsão: é aquela em que

o agente não prevê o resultado previsível.

• Culpa consciente ou com previsão: quando o agente

prevê o resultado, que era previsível. Não se pode

confundir a culpa consciente com o dolo eventual.

Tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual o

agente prevê o resultado, entretanto na

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culpa consciente o agente não aceita o resultado, e no

dolo eventual o agente aceita o resultado.

• Culpa indireta ou mediata: quando o agente produz um

resultado e em virtude deste produz um segundo

resultado. Ex: o assaltante aponta uma arma a um

homem que esta parado no ponto de ônibus; o homem

assustado, foge do local correndo e acaba sendo

atropelado. A solução do problema se resolve pela

previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado.

• Culpa imprópria: também chamada de culpa por

extensão, por assimilação, por equiparação ou

discriminante putativa por erro de tipo essencial.

Elementos do Fato Típico Culposo

• Conduta voluntária;

• Resultado naturalístico involuntário;

• Nexo causa;

• Tipicidade;

• Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer

pessoa ter previsto o resultado. A previsibilidade pode ser

objetiva ou subjetiva. Previsibilidade objetiva é a

antevisão do resultado por uma pessoa dotada de

prudência e discernimento; é aquilo que uma pessoa

mediana tem condições de prever. Ausência de

previsibilidade objetiva torna o fato atípico.

Previsibilidade subjetiva aqui se investiga o agente, nas

circunstancias em que estava, tinha condições de antever

o resultado. A ausência de previsibilidade subjetiva exclui

a culpabilidade. O fato é típico, mas nas haverá

culpabilidade (isenção de pena).

• Ausência de previsão: não prever o previsível. Só haverá

na culpa inconsciente, visto que na culpa consciente há

previsão.

• Inobservância (quebra) do dever jurídico de cuidado: é o

dever de cuidar imposto a todos. Existem três maneira de

violar o dever objetivo de cuidar. São as três modalidades

de culpa.

No fato típico culposo exige-se conduta (voluntariedade por parte do agente),

resultado involuntário (não querido e não

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assumido pelo agente) e nexo de casual entre ambos (conduta e

resultado), devendo a hipótese estar prevista como crime (tipicidade).

Além disso, para o fato ser típico exige-se previsibilidade objetiva.

Modalidades de Culpa - art. 18 II do Código Penal

Imprudência: prática de uma fato criminoso. É a culpa de quem

age. Ocorrendo durante a ação. Cria situação de perigo. Ex: imprimir

velocidade excessiva ao veículo.

Negligência: é a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado

antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação. Omissão da

cautela exigida. Ex; deixar arma ao alcance de crianças.

Imperícia: é a falta de habilidade no exercício de uma profissão

ou atividade. Falta de conhecimento técnico, teórico ou prático para o

exercício de profissão ou atividade. Além de haver a falta de habilidade,

não for observada uma regra técnica especifica da profissão, haverá

imperícia qualificada. Difere-se a imperícia de erro medico visto que

este não decorre somente da imperícia, podendo decorrer também de

imprudência ou negligência.

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Teoria do Crime

Preterdolo - Crime preterdoloso

Denomina-se crime preterdoloso ou preterintencional aquele em que o agente quer um resultado (doloso), todavia o resultado vai além (o agente acaba produzindo um resultado mais grave, não desejado, a título de culpa). O agente age com dolo no antecedente e culpa no consequente.

O crime preterdoloso é uma espécie do género crime qualificado pelo resultado (dolo no fato antecedente e culpa no fato consequente).

Crime qualificado pelo resultado é aquele em que o legislador, após definir um crime completo e acabado, com todos os seus elementos (fato antecedente), acrescenta-lhe um resultado (fato consequente). Esse resultado não é necessário para a consumação, visto que já houve a consumação no fato antecedente; ele tem por função agravar a sanção penal. Ex: lesão corporal seguida de morte, art. 129, § 3o, do CP.

Não cabe tentativa no crime preterdoloso, tendo em vista que o resultado (mais grave) é produzido por culpa e não se pode haver tentativa daquilo que não se quer produzir.

Antecedente Consequente

• Dolo Dolo : O agente pratica o crimecomo dolo e depois acrescenta ao crime um resultado tambémdoloso . Ex.: latrocínio - há dolo na prática do roubo e dolo namorte da vítima.

• Culpa Dolo : O agente pratica o crime comculpa e depois acrescenta ao crime um resultado doloso. Ex.: oagente atropela a vítima culposamente e, após, foge, omitindo-se de socorrer a vítima.

•Dolo

• Culpa : O agente pratica o crime como dolo e depoisacrescenta ao crime um resultado culposo. Ex.: o agentedesfere um soco na vítima, que cai, batendo a cabeça e vindoa falecer.

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